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ESTUDO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA TRENS DE ALTA VELOCIDADE NO TRAJETO RIO DE JANEIRO-CAMPINAS (REGIÃO DE ITATIAIA) Felippe Teixeira de Mendonça Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jules Ghislain Slama Rio de Janeiro – RJ, Brasil Março de 2014

ESTUDO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA TRENS DE ALTA VELOCIDADE NO TRAJETO ... · estudo desses níveis em áreas próximas à linha do trem na região de Itatiaia e o uso de barreiras

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ESTUDO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA TRENS DE ALTA

VELOCIDADE NO TRAJETO RIO DE JANEIRO-CAMPINAS (REGIÃO DE

ITATIAIA)

Felippe Teixeira de Mendonça

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jules Ghislain Slama

Rio de Janeiro – RJ, Brasil

Março de 2014

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ

ESTUDO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA TRENS DE ALTA

VELOCIDADE NO TRAJETO RIO DE JANEIRO-CAMPINAS (REGIÃO DE

ITATIAIA)

Felippe Teixeira de Mendonça

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________ Prof. Jules Ghislain Slama, DSc

________________________________________________ Prof. Fernando Augusto Noronha Castro Pinto, Dr. Ing

________________________________________________ Prof. Ricardo Eduardo Musafir, DSc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2014

ii

Mendonça, Felippe Teixeira de. Estudo de Barreira Acústica para Trens de Alta Velocidade no Trajeto Rio de Janeiro-Campinas (Região de Itatiaia) / Felippe Teixeira de Mendonça. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2014. VIII, 56 p.: il.; 29,7 cm. Orientador: Jules Ghislain Slama, DSc Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia Mecânica, 2014. Referências Bibliográficas: p. 55-56.

1. Ferrovias. 2. Trem de Alta Velocidade. 3. Ruído Ferroviário. 4. Simulação computacional 5. Barreiras Acústicas I. Felippe Teixeira de Mendonça II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Estudo de Barreira Acústica para Trens de Alta Velocidade.

iii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção de grau de Engenheiro Mecânico.

ESTUDO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA TRENS DE ALTA VELOCIDADE NO

TRAJETO RIO DE JANEIRO-CAMPINAS (REGIÃO DE ITATIAIA)

Felippe Teixeira de Mendonça

Março/2014

Orientador: Jules Ghislain Slama Curso: Engenharia Mecânica Neste trabalho, serão analisados os regulamentos e normas no que diz respeito aos níveis de ruído referente ao transporte ferroviário, para em seguida abordar de forma mais detalhada o estudo desses níveis em áreas próximas à linha do trem na região de Itatiaia e o uso de barreiras acústicas de modo a mitigar esse efeito. Serão feitas estimativas dos níveis de ruído, tanto pelo método matemático como por simulações através do uso de programa computacional. Finalmente, será feita uma comparação desses níveis e aqueles aceitos pela legislação brasileira para em seguida simular o uso de barreiras acústicas para que esses níveis de ruído possam se adequar a essa legislação.

Palavras Chave: Ferrovias, Trem de Alta Velocidade, Ruído Ferroviário, Simulação Computacional, Barreiras Acústicas.

iv

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. Study of Noise Barrier for High Speed Trains on the route Rio de Janeiro – Campinas (Itatiaia

Area)

Felippe Teixeira de Mendonça

March/2014 Advisor: Jules Ghislain Slama Course: Mechanical Engineering In this paper, the regulations and standards regarding railway noise levels will be analyzed. The noise levels in areas near the railroad in Itatiaia and the use of noise barriers to mitigate these effects will be discussed in detail. The estimates of these levels will be made, both by mathematical method and by simulations using computer software. Finally, we will compare these noise levels with the accepted by Brazilian legislation and simulate the use of noise barriers so them can be adapted to such legislation.

Key Words: Railway, High Speed Train, Train Noise, Computational Simulation, Noise

Barriers.

v

AGRADECIMENTOS

À minha família, por me apoiar e acreditar sempre em mim.

Ao professor Jules e a equipe do LAVI, pela paciência, orientação e toda ajuda sempre que

necessário.

À Isabel Aché que me apoiou e incentivou de forma decisiva na parte final do processo.

vi

SUMÁRIO

1 Introdução................................................................................................................................1

2 Revisão Bibliográfica..............................................................................................................3

3 Estudo da Propagação do Som...............................................................................................10

4 Ruído Ferroviário...................................................................................................................19

5 Materiais e Métodos...............................................................................................................33

6 Simulações dos Níveis de Ruído............................................................................................34

7 Seleção de Material para Barreiras........................................................................................50

8 Conclusão...............................................................................................................................53

9 Referências Bibliográficas.....................................................................................................55

1

1 INTRODUÇÃO

O trajeto do Trem de Alta Velocidade entre as cidades do Rio de Janeiro e

Campinas-SP tem como objetivo interligar os aeroportos do Galeão, Guarulhos e

Viracopos às suas regiões metropolitanas, além de conectar as duas principais cidades

do país.

Um estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública (IBOPE,

2013) mostra que 79% dos entrevistados concordam que o trem de alta velocidade é

necessário para modernizar o transporte de passageiros no país. Ao serem questionados

se optariam por esse meio de transporte, 86% dos entrevistados disseram que

escolheriam o trem em comparação a outros meios de transporte.

As ferrovias, desde a fase de construção até a operação, são equipamentos

modificadores do meio ambiente. Um dos impactos mais perceptíveis às pessoas no que

se refere à operação de trens de alta velocidade é o ruído.

Para mitigar os efeitos do ruído ferroviário, alguns procedimentos podem ser

adotados, como o uso de janelas acústicas em casas próximas à linha férrea, adequação

do sistema de absorção sonora do motor, compressores e exaustores da locomotiva,

diminuição da corrugação na superfície dos trilhos e das rodas, utilização de

absorvedores de vibração nas rodas e o uso de barreiras acústicas.

A motivação para este trabalho foi a demanda pela empresa Alstom, companhia

líder mundial em infraestrutura para geração e transmissão de energia e transporte

ferroviário, para a escolha do lugar de implantações de barreiras acústicas no trajeto do

trem de alta velocidade Rio de Janeiro–Campinas.

O objetivo deste trabalho foi estudar o uso de barreiras acústicas a fim de se

reduzir a exposição ao ruído de pessoas que residam no entorno da linha do trem de alta

velocidade, através da análise do trajeto definido pela Agência Nacional de Transportes

Terrestres - ANTT (estudo realizado pela Halcrow Group Ltd e a Sinergia Estudos e

Projetos LTDA), da verificação de áreas onde possivelmente haveria impacto sonoro

ocasionado pela passagem do trem e da estimativa dos níveis de ruído provenientes de

trens de alta velocidade na região escolhida (Itatiaia).

2

O trabalho foi desenvolvido em duas etapas. Primeiro, foi feita uma revisão

bibliográfica dos principais temas pertinentes para o desenvolvimento desse estudo, no

que tange o ruído ferroviário e seus efeitos na saúde. Na segunda etapa do projeto,

foram estimados os níveis de ruído a que estarão expostos os moradores de áreas

próximas à linha do trem na região escolhida com e sem o uso de barreiras acústicas.

3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo a revisão da literatura necessária ao estudo desenvolvido é apresentada. Da descrição de ruído, aos seus efeitos na saúde das pessoas, passando pelos métodos de medição e estimação de seus níveis e pelas legislações quanto aos limites estabelecidos.

2.1 ACÚSTICA AMBIENTAL

Segundo a Organização Mundial de Saúde (Berglund, Lindvall, Schwela, 1999),

o ruído ambiental (também chamado de ruído residencial, ruído doméstico ou ruído

comunitário) é definido como o ruído emitido por todo tipo de fontes, com exceção do

ruído dentro de locais industriais.

Dentre as principais fontes de ruído ambiental estão o ruído proveniente de

construções, do trabalho público, da vizinhança (restaurantes, cafeterias, boates,

estacionamentos, parques, entre outros) e do tráfego aéreo, rodoviário e ferroviário (este

último, sendo o escopo desse trabalho).

2.2 EFEITOS DO BARULHO NOCIVOS À SAÚDE

O controle do ruído ambiental é importante, pois a exposição a um nível elevado

pode afetar a capacidade de se realizar atividades, de lidar com o estresse do dia-a-dia,

de trabalhar produtivamente e de poder assim contribuir com sua comunidade, de

acordo com a própria Organização Mundial de Saúde (OMS). Em “Mental Health:

Strengthening Our Response”, de 2010, a instituição define a saúde como um completo

estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou

enfermidade.

Além do efeito na saúde mental das pessoas, como alterações no sono, aumento

no nível de estresse, interferência na comunicação e no comportamento social,

irritabilidade e ansiedade, níveis de ruído elevados também causam problemas na saúde

física, podendo desencadear problemas cardiovasculares e perda de audição.

2.2.1 NÍVEIS DE RUÍDO, PERPECPÇÃO, INCÔMODO E SAÚDE

Estamos constantemente recebendo estímulos sonoros provenientes de

diferentes fontes ao redor de nós. Porém, nem todos esses estímulos são prejudiciais à

4

saúde humana. O sistema auditivo e seu mecanismo de percepção do som são

importantes, por exemplo, para controlar nosso sistema de alerta e vigília, além de ser

fundamental para a comunicação. Por outro lado, existem sinais sonoros que em níveis

elevados ou trabalhando junto com diferentes fontes, podem ser prejudiciais à saúde, à

perfeita comunicação e ao conforto das pessoas, entre outros.

Nos próximos itens, será descrita a relação entre os níveis de ruído e suas ações

em diferentes situações para que seja possível analisar o quanto um ruído pode ser

prejudicial.

a) SAÚDE FÍSICA DO APARELHO AUDITIVO

Segundo a “ISO Standard 1999” (ISO 1990), as situações abaixo descritas

podem causar perdas auditivas:

1) Picos de pressão de 140 dBA (no caso de crianças, esse nível seria de 120 dBA)

2) Exposição contínua à níveis de pressão acima de 80 dBA (se combinado com

vibrações ou com o uso de algumas drogas, como alguns antibióticos e antidepressivos,

ou produtos químicos prejudiciais para o ouvido, como n-butanol, monóxido de

carbono, manganês, entre outros, esse nível cai para 70 dBA)

O aparelho auditivo consegue tolerar níveis de ruído em torno de 90 dBA por no

máximo duas horas. A 100 dBA, danos já podem ser percebidos em apenas 15 minutos

de exposição contínua. Apenas 1 minuto de exposição contínua é suficiente para causar

perdas auditivas, quando o nível de pressão atinge 110 dBA. Níveis de ruído superiores

a 120 dBA podem levar à dor física, causadas pelo impacto das ondas sonoras no

aparelho auditivo. Acima de 140 dBA, danos instantâneos podem ocorrer no nervo

vestibulococlear.

b) SONO

Para a OMS, no cenário ideal, onde não haja qualquer distúrbio para a qualidade

de sono das pessoas, o nível de ruído constante no interior do cômodo não deve

ultrapassar 30 dBA e não deverá ter picos de pressão acima de 45 dBA.

5

c) COMUNICAÇÃO

Como dito anteriormente, os ruídos podem causar interferência na comunicação

das pessoas. Para a OMS, uma conversa pode ser totalmente clara com um nível de

ruído de 35 dBA no segundo plano e razoavelmente entendida com 45 dBA de fundo.

Se o nível de ruído for em torno de 65 dBA, será necessário um aumento no esforço

vocal dos envolvidos para que a comunicação seja eficaz.

Na tabela 2.1 os valores considerados ideais para a OMS em cada tipo específico de ambiente podem ser analisados:

TABELA 2.1 – DIRETRIZES PARA RUÍDO AMBIENTAL - Berglund, Lindvall e Schwela

AMBIENTE EFEITO CRÍTICO À SAÚDE

dBA TEMPO (HORAS)

PICO

Área ao ar livre Incômodo Intenso Incômodo Moderado

55 50

16 16

- -

Residência Dificuldade na Comunicação Incômodo Moderado Distúrbio no Sono

35 35 30

16 16 8

- -

45 Escolas Dificuldade na Comunicação 35 Durante as

aulas -

Hospital Dificuldade de repouso e recuperação de pacientes

Mínimo possível

Indústria, comércio, shoppings e áreas de trafego

Perda auditiva 70 24 110

Cerimônias, festas e eventos

Perda Auditiva (5x ao ano) 100 4 110

Música utilizando headphones

Perda Auditiva 85 1 110

Ruídos Impulsivos (Fogos, armas de fogo, brinquedos)

Perda auditiva - - 140

2.2.2 EXPOSIÇÃO AO RUÍDO

A extensão dos efeitos do ruído ambiental é grande e segundo a OMS, na União

Europeia 40% da população está exposta ao ruído originado pelo tráfego rodoviário com

um nível de pressão sonora que pode ultrapassar 55 dBA durante o dia. Desses 40%,

6

metade estaria exposta a níveis mais elevados, em torno de 65 dBA (Lambert & Vallet,

1994). Considerando-se todos os ruídos provenientes dos sistemas de transporte europeu

(rodoviário, ferroviário e aéreo), mais da metade da população vive em áreas que não

asseguram conforto acústico aos residentes.

Os efeitos do ruído ambiental gerados pelo transporte são ainda mais sentidos

no período da noite, dado que um ambiente com baixos níveis de ruído é essencial para

um bom sono e, consequentemente, uma boa qualidade de vida. Segundo a OMS, 30%

da população europeia está exposta a níveis superiores a 55 dBA, níveis esses que são

prejudiciais ao sono.

Nos países em desenvolvimento esses números são ainda mais alarmantes, uma

vez que a regulação sobre o barulho é menos respeitada que nos países desenvolvidos.

Mais pessoas estão expostas à níveis elevados de ruído, ainda pior, níveis muito

superiores que os citados. Um estudo feito nas áreas de entorno de rodovias muito

utilizadas em cidades de países em desenvolvimento mostrou que a exposição pode

chegar a 80 dBA, durante 24 horas por dia (Mage & Walsh, 1998).

Um exemplo específico brasileiro é o aeroporto de Congonhas. Localizado na

área central da metrópole de São Paulo, é densamente povoado em toda a área ao redor

de sua posição. Segundo reportagem da Folha de São Paulo (“Barulho de Congonhas

em nível inaceitável afeta 31 mil”, 2011), estudos mostram que em alguns casos o pico

de ruído é de 96 dBA.

2.3 NORMAS NACIONAIS

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui duas normas

principais que regulam os níveis aceitáveis de ruído. Vale ressaltar que esses níveis

considerados pela ABNT são independentes da existência de reclamações.

NBR 10151 - Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da

comunidade – Procedimento

Na tabela 2.2 constam os valores do nível de critério de avaliação NCA (Níveis

externos).

7

TABELA 2.2 - NBR 10151 – ACÚSTICA – AVALIAÇÃO DO RUÍDO EM ÁREAS HABITADAS,

VISANDO O CONFORTO DA COMNUNIDADE - PROCEDIMENTO

Tipos de áreas Diurno

(dBA)

Noturno

(dBA)

Áreas de sítios e fazendas 40 35

Área restritamente residencial urbana ou de hospitais ou de

escolas

50 45

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55

Área mista, com vocação recreacional 65 55

Área predominantemente industrial 70 60

Se o nível de ruído ambiente (Lra), for superior ao valor da tabela 2.3 para a área

e o horário em questão, o NCA assume o valor do Lra.

Como no Brasil não existem leis específicas para tratar de ruído ferroviário

(ruído em sistemas lineares de transporte em geral), a Resolução do CONAMA Nº 1/90,

que trata de ruídos em geral, para qualquer tipo de fonte, é utilizada. Essa resolução

estabelece os parâmetros fixados por essa norma, NBR 10151, e por isso será utilizada

para analisar os níveis de ruído provenientes do sistema ferroviário calculados nesse

projeto com os limites por ela estabelecidos.

TABELA 2.3 - NBR 10152 – NÍVEIS DE RUÍDO PARA CONFORTO ACÚSTICO EM AMBIENTES

DIVERSOS

Locais dBA

Hospitais

Apartamentos, enfermarias, berçários, centros cirúrgicos

Laboratórios, áreas de uso público

Serviços

35-45

40-50

45-55

Escolas

Bibliotecas, salas de música, salas de desenho

Salas de aula, laboratórios

Circulação

35-45

40-50

45-55

8

Hotéis

Apartamentos

Restaurantes, salas de estar

Portaria, recepção, circulação

35-45

40-50

45-55

Residências

Dormitórios

Salas de estar

35-45

40-50

Auditórios

Salas de concerto, teatros

Salas de conferência, cinemas, salas de uso múltiplo

30-40

35-45

Restaurantes 40-50

Escritórios

Salas de reunião

Salas de gerência, salas de projeto e de administração

Salas de computadores

Salas de mecanografia

30-40

35-45

45-65

50-60

Igrejas e Templos 40-50

Locais para Esportes

Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas

45-60

2.4 NORMAS INTERNACIONAIS

Com a finalidade de comparação das diferentes leis internacionais, serão

mostradas nesse item algumas normas de diferentes países que regulam os níveis

aceitáveis de ruído.

De acordo com a Câmara Municipal de Brisbane, Austrália, os níveis aceitáveis

de ruído na cidade são:

TABELA 2.4 – NÍVEIS DE RUÍDOS ACEITÁVEIS

Local dBA

Residência 20-30

Rua residencial (Diurno) 35-45

Escritório 50-60

9

Já segundo o Conselho da cidade de Reading, Inglaterra, esses seriam os valores

aceitáveis de ruído para que seja respeitado o conforto acústico dos residentes da cidade.

TABELA 2.5 – RUÍDO E PLANEJAMENTO DE PROCESSOS

Local dBA

Residência

Quarto

Sala de estar

Jardins e varandas

30-35

30-40

50-55

O sistema de regulamentação e leis nos Estados Unidos é diferente em cada

estado. Na tabela 2.6 podem ser verificadas as médias, de todos os estados do país, dos

níveis aceitáveis para os Estados Unidos.

TABELA 2.6 – MÉDIA DOS NÍVEIS ACEITÁVEIS PARA OS ESTADOS UNIDOS

AMBIENTE EFEITO CRÍTICO À SAÚDE

dBA TEMPO (HORAS)

PERÍODO

Residência (Quarto)

Incômodo e distúrbio do sono

30 8 Noturno

Residência (Sala de Estar)

Incômodo e interferência na comunicação

50 16 Diurno

Escolas Dificuldade na Comunicação

35 8 Diurno

Hospital Dificuldade de repouso e recuperação de pacientes

30-35 8 Diurno e Noturno

10

3 ESTUDO DA PROPAGAÇÃO DO SOM

A propagação do som se dá através de ondas mecânicas em meios materiais

(gasosos, líquidos e sólidos). Essas ondas viajam tridimensionalmente no meio e de

forma longitudinal.

O som pode ser caracterizado por diversas características, dentre elas: tipo,

amplitude, frequência, comprimento de onda, pressão sonora, intensidade e potência.

Nesse capítulo, o foco se dará nas características mais importantes para o presente

trabalho.

3.1 TIPO

O som pode ser caracterizado dependendo de sua distribuição no tempo e da

diferença entre seu nível de intensidade.

3.1.1 RUÍDO CONTÍNUO

É aquele que se mantém em um nível com pouca variação ao longo do tempo.

FIGURA 3.1 - RUÍDO CONTÍNUO

3.1.2 RUÍDO INTERMITENTE

É aquele que apresenta variações significativas ao longo do tempo, em intervalos

de tempo bem definidos.

65,00

66,00

67,00

68,00

69,00

70,00

71,00

72,00

73,00

74,00

75,00

Nív

el

de

In

ten

sid

ad

e S

on

ora

(d

B)

Tempo

11

FIGURA 3.2 - RUÍDO INTERMITENTE

3.1.3 RUÍDO IMPULSIVO

É aquele que apresenta grandes variações em curtíssimos períodos de tempo

(menores que um segundo).

FIGURA 3.3 - RUÍDO IMPULSIVO

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

65,00

70,00

75,00

80,00

85,00

Nív

el

de

In

ten

sid

ad

e S

on

ora

(d

B)

Tempo

67,00

72,00

77,00

82,00

87,00

92,00

Nív

el

de

In

ten

sid

ad

e S

on

ora

(d

B)

Tempo

12

3.2 FREQUÊNCIA

Quantidade de vezes que uma onda é repetida, por certa unidade de tempo. A

unidade mais utilizada de frequência é o Hertz (Hz) e expressa o número de ciclos por

segundo.

3.3 PRESSÃO SONORA

A pressão sonora pode ser descrita como a diferença entre a pressão média do

meio por onde o som está viajando e a pressão da onda sonora.

( )t 0P P P t= + (3.1)

onde:

Pt – Pressão total

P0 – Pressão atmosférica local do ambiente

P(t) – Desvio da pressão sonora

3.3.1 PRESSÃO SONORA EFICAZ

É a raiz quadrada da média quadrática da pressão da onda sonora, medida em um

certo ponto durante um certo intervalo de tempo.

2

1

1t 2

2ef

2 1 t

1p p (t)dt

t t

= − ∫ (3.2)

3.3.2 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (NPS)

Ernst Heinrich Weber foi a primeira pessoa a mostrar, de uma maneira

quantitativa, a resposta humana em relação a um estímulo físico. Weber descobriu que a

diferença notável para humanos entre duas medidas não deveria ser medida diretamente

pela diferença em si, mas a pela proporção dessa diferença em relação às medidas.

13

dEdP k

E= (3.3)

onde:

dP é a diferença na mudança de percepção

k é o fator estimado empiricamente

dE é o aumento diferencial no estímulo

E é o estímulo

Integrando-se esta fórmula e considerando-se que no caso da percepção P

(percepção)=0 para o E0 (limite onde o estímulo é imperceptível), chega-se à fórmula

3.4.

0

EP kLn

E= (3.4)

onde:

P é a percepção do estímulo

k é o fator de proporcionalidade

E é o estímulo

E0 é o limite onde o estímulo é imperceptível

No caso da percepção sonora, então, é utilizado o Nível de Pressão Sonora

(NPS), que é a medida logarítmica da pressão sonora eficaz de um som relativamente a

um valor de referência. O valor de referência utilizado como “zero” de pressão sonora

(E0) no ar é de 20 µPa (10-6 Pa) RMS, sendo este nível considerado o limite da audição

humana (a 1 kHz). O NPS, finalmente, é igual a dez vezes o logaritmo decimal da

relação quadrática entre a pressão sonora eficaz e a pressão de referência, calculado pela

fórmula 3.5.

14

2ef ef

10 1020 0

p pNPS 10log 20log

p p

= = (3.5)

onde:

NPS é o nível de pressão sonora

pef é a pressão sonora, medida em Pascal (Pa)

p0 é a pressão de referência (20 µPa, ou 0,00002 Pa)

3.3.3 ADIÇÃO DE DIFERENTES PRESSÕES SONORAS (NÍVEL DE

PRESSÃO SONORA COMPOSTA)

No caso de diversas fontes sonoras independentes, o cálculo da soma de níveis

de pressão sonora não é feito algebricamente. É necessário fazer a relação da soma das

energias sonoras e depois retornar à fórmula de nível de pressão sonora.

2 2 2 2n1 2 3 n

10 2i 1 0

22 2 231 2 n

10 2 2 2 20 0 0 0

p p p ... pNPS 10log

p

pp p p10log ...

p p p p

=

+ + + + = = + + + +

∑ (3.6)

Temos que, pela fórmula (3.5), iNPS2

i 1020

p10

p

= , logo:

31 2 nNPSNPS NPS NPSn

10 10 10 1010

i 1

NPS 10log 10 10 10 ... 10=

= + + + + ∑ (3.7)

3.4 NÍVEL DE POTÊNCIA SONORA

É uma medida de potência sonora de uma fonte.

w 100

WL 10log

W

= (3.8)

15

onde:

Lw é o nível de potência sonora

W0 é a potência sonora de referência (10-12 Watts)

W é a potência sonora da fonte

3.5 INTENSIDADE SONORA

É descrita como a potência sonora recebida por uma certa unidade de área

(perpendicular à direção do fluxo da onda).

WI

A= (3.9)

onde:

I é a intensidade

W é a potência

A é a área

3.5.1 NÍVEL DE INTENSIDADE SONORA

Mede a relação entre a intensidade sonora e a intensidade sonora de referência,

pela seguinte fórmula:

I 100

IL 10log

I

= (3.10)

onde:

LI é o nível de intensidade sonora

I0 é a intensidade sonora de referência (10-12 Watts/m2)

I é a intensidade sonora da fonte

16

3.6 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA EQUIVALENTE (LAeq)

Segundo a norma NBR 10151, é o “Nível obtido a partir do valor médio

quadrático da pressão sonora (com a ponderação A) referente a todo o intervalo de

medição” e é o parâmetro utilizado pelas principais normas brasileiras.

O sinal sonoro emitido por trens numa certa área é intermitente, apresentado

apenas no momento da passagem do trem. O Nível de Pressão Sonora Contínua

Equivalente é o nível de um sinal contínuo hipotético com energia equivalente ao nível

flutuante que está sendo calculado para cada passagem de trem ao longo do dia. Abaixo

está exposto graficamente o Nível de Pressão Sonora emitida por trens ao longo de um

período de tempo e o Nível de Pressão Sonora Contínua Equivalente.

FIGURA 3.4 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA FLUTUANTE E SEU NÍVEL DE PRESSÃO SONORA

CONTÍNUA EQUIVALENTE

3.7 DIFRAÇÃO POR BARREIRAS

Obstáculos como barreiras acústicas que interceptam a trajetória do som entre a

fonte e o receptor reduzem os níveis sonoros aos quais esse receptor está exposto. A

fórmula de Kurze-Anderson quantifica essa atenuação, se utilizando do número de

Fresnel (N1), conforme abaixo:

11 1

R ' R kN (R ' R )

2

−= = −λ π

(3.11)

64

66

68

70

72

74

76

78

80

82

1

12

23

34

45

56

67

78

89

10

0

11

1

12

2

13

3

14

4

15

5

16

6

17

7

18

8

19

9

21

0

22

1

23

2

Nív

el

de

Pre

ssã

o S

on

ora

(d

BA

)

Tempo

Nível de Pressão Sonora

Nível de Pressão Sonora

Contínua Equivalente

17

onde:

R’ = rs+rr

λ é o comprimento de onda

k é o número de onda correspondente ao seu comprimento = 2 π/ λ

FIGURA 3.5 - DIFRAÇÃO DO SOM POR UMA BARREIRA

A fórmula de Kurze-Anderson (Kurze, 1968), para estimar a atenuação

causada pela instalação de uma barreira, pode ser representada matematicamente por:

1

1

2 NAt 5 20log

tanh 2 N

π = + π (3.12)

3.8 CURVAS DE COMPENSAÇÃO

Conforme discutido anteriormente, o aparelho auditivo não responde

linearmente ao estímulos sonoros e suas diversas frequências. Um estudo feito por

Fletcher e Munson, em 1933, resultou no que é conhecido como Curvas Isoaudíveis ou

Isofônicas. Elas introduziram o conceito de Curvas de Compensação, que são utilizadas

pelos instrumentos de medição de som, a fim de simular a percepção do aparelho

auditivo. No gráfico de curvas de compensação, existem quatro filtros sonoros, sendo

que o mais utilizado é o filtro A e sua unidade relacionada é o dB(A) ou dBA. A escala

18

é ligada ao risco de danos e possíveis perdas auditivas e por isso utilizada oficialmente

em medições de ruídos ambientais e industriais.

FIGURA 3.6 - CURVAS ISOFONICAS, FONTE: ISO 226:2003

FIGURA 3.7 CURVAS DE COMPENSAÇÃO, FONTE: Peter J Skirrow (WIKIPEDIA)

19

4 RUÍDO FERROVIÁRIO

Nesse capítulo o foco se dará nos ruídos provenientes de ferrovias, suas fontes,

atenuações e projeções de níveis de intensidade, a fim de que seja possível estudar

métodos de mitigar seus efeitos.

4.1 FONTES

A primeira fonte que vem à cabeça quando se pensa em transportes de uma

maneira geral é proveniente dos sistemas de propulsão, seja ele o motor de um

caminhão ou a turbina de um avião. Esse é, em grande parte dos casos, realmente a

principal fonte de ruído. Mas não é a única. Em casos de transporte de alta velocidade,

outro importante fator é o ruído gerado pelo fluxo de ar criado pela passagem do trem,

por exemplo, chamado de ruído aerodinâmico. Por fim, no caso de transportes

rodoviários e ferroviários, há mais uma fonte importante de ruído, que consiste na

interação das rodas do veículo com o meio pelo qual ele trafega, como os trilhos no caso

ferroviário ou o asfalto no caso rodoviário.

Podemos, então, dividir o ruído ferroviário em três grandes grupos: ruído de

propulsão, ruído aerodinâmico e ruído mecânico/estrutural da interação das rodas sobre

os trilhos, como pode-se verificar na figura 4.1 (Hanson, Ross and Towers , 2012).

FIGURA 4.1 - FONTES DE RUÍDO FERROVIÁRIO

20

4.1.1 RUÍDO DE PROPULSÃO

É a principal fonte de ruído quando o trem se encontra em baixa velocidade (até

96 km/h), no regime de aceleração, saindo de sua posição estacionária. Nesse caso, o

trem ainda não tem velocidade para proporcionar um nível de ruído aerodinâmico

significativo e o ruído mecânico é muito inferior ao ruído de propulsão.

Atualmente, a maior parte dos trens de alta velocidade são elétricos e, portanto,

o ruído de propulsão é proveniente dos motores elétricos (ou eletromagnéticos) e dos

exaustores (utilizados para diminuir a temperatura do maquinário). Esses exaustores são

a principal fonte de ruído quando o trem está parado, uma vez que permanecem ligados

para controlar a temperatura dos motores.

4.1.2 RUÍDO MECÂNICO/ESTRUTURAL

Após sair da inércia, movido pelos motores elétricos, que geram grande parte

dos ruídos no primeiro momento, os trens passam para o segundo regime de viagem,

quando estão ainda em velocidade intermediária (entre 100 e 270 km/h) e acelerando

para que possam, enfim, chegar às suas velocidades de cruzeiro. Nesse momento muito

ruído é gerado pela interação das rodas do trem sobre os trilhos sobre os quais trafega.

Rugosidades nas superfícies das rodas e dos próprios trilhos geram as vibrações que

radiam esses ruídos. No caso do momento em que os trens estão desacelerando, os

freios são mais uma fonte de ruído mecânico/estrutural além dessa interação roda-trilho.

4.1.3 RUÍDO AERODINÂMICO

Ao atingir sua velocidade de cruzeiro (no caso dos trens de alta velocidade,

acima de 270 km/h, podendo atingir até 350 km/h), o ruído aerodinâmico passa a ser a

principal fonte sonora radiada pelos trens. Esse é causado pelo fluxo de ar passando,

principalmente, no início e na parte final dos trens. No entanto, os elementos estruturais

do trem (descontinuidade na superfície do trem, espaço entre os vagões e no sistema que

alimenta o trem com a energia elétrica, montada na parte superior do trem) e a camada

turbulenta gerada ao longo da superfície do trem também são significativas no ruído

aerodinâmico.

21

4.2 ATENUAÇÕES

O terreno por onde o trem viaja pode, por si só, reduzir um pouco o impacto do

ruído ferroviário sentido pelos receptores. Além, logicamente, da distância entre os

trilhos e os receptores ser importante na redução desses níveis de ruído. Diferenças de

níveis do terreno podem servir como barreiras acústicas, reduzindo a exposição sonora.

A tabela 4.1 mostra como esses desníveis podem reduzir o ruído ao longo da

propagação do som. O regime A é quando o trem se encontra saindo da inércia (onde o

ruído de propulsão é a principal fonte), enquanto o regime B é quando ele já se encontra

em uma velocidade intermediária (ruído mecânico exercendo o principal papel na

geração de ruídos) e, finalmente, o regime C seria o regime de velocidade de cruzeiro

do trem (onde a principal fonte geradora é o ruído aerodinâmico).

TABELA 4.1 - ATENUAÇÕES

TERRENO REGIME

REDUÇÃO

(dBA)

Trilhos em um corte raso

A 0

B 10

C 3

Trilhos em um corte profundo

A 10

B 15

C 10

Trilhos em uma estrutura elevada

A -4

22

B -4

C -2

Trilhos em um aterro

A 0

B 5

C 0

Barreira

A 0

B 10

C 5

4.3 EXPOSIÇÃO SONORA

4.3.1 ESTIMATIVA DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA

EQUIVALENTE (MÉTODO AMERICANO)

Nesse item será descrito como estimar o nível de pressão sonora contínua

equivalente, segundo o estudo High-Speed Ground Transportation Noise and Vibration

Impact Assessment (Avaliação do Impacto do Ruído e Vibração do Transporte Terrestre

de Alta Velocidade) produzido pela área de administração federal de ferrovias do

Departamento de Transporte Americano (FRA – Federal Railroad Administration).

Para se calcular o NPS (à uma distância de 15,25 metros da fonte sonora),

precisamos de alguns parâmetros, conforme mostrados na tabela 4.2.

23

TABELA 4.2 – VALORES DE REFERÊNCIA PARA O CÁLCULO

Parâmetro Sigla Regime Valores

NPS de Referência NPSref A (até 96 km/h) 86 dBA

B (entre 96 e 272 km/h) 93 dBA

C (acima de 272 km/h) 99 dBA

Coeficiente de Velocidade K A 3

B 17

C 47

Velocidade de Referência Vref A 32 km/h

B 144 km/h

C 192 km/h

Comprimento de

Referência

Lref A 21 m

B 202 m

C 21 m

Para estimar, então, o NPS produzido por um trem a 15,25 metros, usamos a

seguinte fórmula:

ref 10 10ref ref

V LNPS NPS K log 10log

V L

= + + (4.1)

onde:

NPS é o nível de pressão sonora

NPSref é o nível de pressão sonora de referência (vide tabela)

K é o coeficiente de velocidade (vide tabela)

V é a velocidade do trem

Vref é a velocidade de referência (vide tabela)

L – No Regime A é o comprimento da locomotiva

24

No Regime B é o comprimento do trem

No Regime C é o comprimento da locomotiva

Lref é o comprimento de referência (vide tabela)

Segundo o estudo, o LAeq (para uma distância de 15,25 metros) é calculado pela

fórmula 4.2, apresentada abaixo.

( )Aeq 10L NPS 10log F At 35,6= + + − (4.2)

onde:

NPS é o nível de pressão sonora

F é o fluxo (número de trens por hora)

At são as atenuações (conforme detalhado mais a frente)

O fluxo ferroviário durante o período diurno é usualmente superior se

comparado ao período noturno. Isto por que é durante o dia que a maior parte da

população está se movimento para o trabalho ou saindo/chegando de viagem. Assim,

podemos calcular diferentes valores de LAeq para o dia e para a noite, alterando-se o

parâmetro F.

Para ajustar o valor de LAeq para uma distância superior a 15,25 metros, deve-se

utilizar a seguinte fórmula:

Aeq Aeq 10

xL (x) L (15,25) 15log

15,25

= −

(4.3)

onde:

x é a distância entre a fonte sonora e o receptor

25

4.3.2 ESTIMATIVA DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA

EQUIVALENTE (MÉTODO EUROPEU)

Aqui será descrito como é calculada a estimativa de nível de pressão sonora

contínua equivalente, segundo o trabalho Reken- en Meetvoorschriften

Railverkeerslawaai (Cálculo e medição de Controle de Tráfego Rodoviário).

A fórmula para calcular o LAeq por esse método está exposta abaixo:

8Leq,i/10

Aeqi 1

L 10log 10∆

=

= ∑ (4.4)

O valor de Leq,i para cada banda de oitava pode ser calculado segundo a fórmula

4.5.

eq,i E geo atm grd bar metL L L L L L C 58,60= +∆ −∆ −∆ −∆ − − (4.5)

onde:

LE é o nível de emissão de ruído

∆Lgeo é a divergência geométrica

∆Latm é a atenuação devida à absorção atmosférica

∆Lgrd é a atenuação do solo

∆Lbar é a atenuação da barreira acústica

Cmet é a correção meteorológica

A seguir, serão mostrados os coeficientes e fórmulas referentes a cada uma

dessas variáveis.

Nível de emissão de ruído

A fórmula utilizada para o cálculo dessa variável é apresentada abaixo.

b,cc

9 9E /10E /10

E 10c 1 c 1

L 10log 10 10= =

= + ∑ ∑ (4.6)

26

onde:

Ec é o nível de emissão de trens sem frenagem

Eb,c é o nível de emissão de trens com frenagem

Esses níveis de emissão podem ser calculados pela fórmula 4.7.

x x x 10 10E a b log (V) 10log (F) C= + + + (4.7)

onde:

ax e bx são as constantes referentes à categoria do trem (valores na tabela 4.3,

abaixo)

V é a velocidade do trem

F é o fluxo horário de trens

C é a correção referente ao trilho (valores na tabela 4.4, abaixo)

TABELA 4.3 – CONSTANTES REFERENTES À CATEGORIA DO TREM

Categoria ac bc ab,c bb,c

1 14,90 23,60 16,40 25,30

2 18,80 22,30 19,60 23,90

3 19,50 19,60 19,50 23,90

4 24,30 20,00 23,80 22,40

5 46,00 10,00 47,00 10,00

6 19,50 19,60 19,50 19,60

7 18,00 22,00 18,00 22,00

8 25,70 16,10 25,70 16,10

9 22,00 18,30 22,00 18,30

27

TABELA 4.4 – CORREÇÃO REFERENTE AO TRILHO

b=1 b=2 b=3 b=4 b=5 b=6 b=7

Categoria 1 0 2 4 6 3 0 2

Categoria 2 0 2 5 7 5 0 3

Categoria 3 0 1 3 5 2 0 2

Categoria 4 0 2 5 7 4 0 2

Categoria 5 0 1 2 4 4 0 2

Categoria 6 0 1 3 5 2 0 2

Categoria 7* 0 1 - - - - -

Categoria 8 0 2 4 6 3 0 2

Categoria 9 0 2 4 6 3 0 2

*Pesquisas ainda sendo feitas

Abaixo seguem as descrições sobre as categorias de trem e de trilho.

Trem Categoria 1 – Trem de passageiros convencional elétrico com freio de bloco

Trem Categoria 2 - Trem de passageiros convencional elétrico com freio de bloco e a

disco

Trem Categoria 3 - Trem de passageiros convencional elétrico com freio a disco

Trem Categoria 4 - Trem de carga com freios de bloco

Trem Categoria 5 - Trem de passageiros convencional a diesel com freio de bloco

Trem Categoria 6 - Trem de passageiros convencional a diesel com freio a disco

Trem Categoria 7 – Metrô, bondes e veículos leves sobre trilhos com freio a disco

Trem Categoria 8 – Trem de passageiros moderno elétrico com freio a disco

Trem Categoria 9 – Trens de alta velocidade

Trilho Categoria 1 - Trilho continuamente soldado / Dormentes de concreto (b=1)

Trilho Categoria 2 - Trilho continuamente soldado / Dormentes de madeira (b=2)

Trilho Categoria 3 - Trilho com Juntas (50 metros de comprimento) (b=3)

Trilho Categoria 4 – Trilho em placas sem leito de cascalho (b=4)

Trilho Categoria 5 - Trilho em placas com leito de cascalho (b=5)

Trilho Categoria 6 - Trilho ajustável com leito de cascalho (b=6)

Trilho Categoria 7 - Trilho moldado/embutido (b=7)

28

Divergência geométrica

geo 10

sen( )L 10log

d

φ ν ∆ = (4.8)

onde:

φ é o ângulo de visão do segmento da fonte

ν é o ângulo horizontal entre o caminho de propagação e o segmento da fonte

d é a distância entre a fonte e o receptor

Atenuação devida à absorção atmosférica

atm iL d∆ =α (4.9)

onde:

d é a distância entre a fonte e o receptor

α é o coeficiente de absorção do ar em dB/m (valores na tabela 4.5, abaixo)

i é o índice da banda de oitava

TABELA 4.5 – COEFICIENTE DE ABSORÇÃO DO AR

Índice da banda de oitava

(i)

1 2 3 4 5 6 7 8

Centro da banda de

oitava (Hz) 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000

αi (dB/m) 0 0 0,001 0,002 0,004 0,010 0,023 0,058

Atenuação do solo

A atenuação do solo pode ser calculada utilizando-se a tabela 4.6 e as fórmulas

abaixo.

29

TABELA 4.6 – ATENUAÇÃO DO SOLO

Índice da

banda de

oitava (i)

Centro da

banda de

oitava

(Hz)

∆Lgrd

1 63 -3γ0(hb+hw,r0)-6

2 125 [Sb γ2(hb,r0)+1]Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+[Sw γ2(hw,r0)+1]Bw-2

3 250 [Sb γ3(hb,r0)+1]Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+[Sw γ3(hw,r0)+1]Bw-2

4 500 [Sb γ4(hb,r0)+1]Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+[Sw γ4(hw,r0)+1]Bw-2

5 1000 [Sb γ5(hb,r0)+1]Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+[Sw γ5(hw,r0)+1]Bw-2

6 2000 Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+Bw-2

7 4000 Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+Bw-2

8 8000 Bb-3(1-Bm) γ0(hb+hw,r0)+Bw-2

onde:

0

x(x, y) 1 30

yγ = − para y ≥ 30x (4.10)

0 (x, y) 0γ = para y < 30x (4.11)

2 6 2 2y0,12(x 5) 2,8*10 y 0,09x50

2 (x, y) 3[1 e ]e 5,7[1 e ]e−−

− − − −γ = − + − (4.12)

2y0,09x50

3(x, y) 8,6[1 e ]e−

−γ = − (4.13)

2y0,46x50

4 (x, y) 14[1 e ]e−

−γ = − (4.14)

2y0,90x50

5 (x, y) 5[1 e ]e−

−γ = − (4.15)

onde:

hb é a altura da fonte acima do nível médio do solo

hw é a altura do receptor acima do nível médio do solo

30

r0 é a distância horizontal medida entre a fonte e o receptor

Bb é o coeficiente de absorção da área da fonte

Bm é o coeficiente de absorção da área central

Bw é o coeficiente de absorção da área do receptor

x e y são variáveis conforme tabela 4.6

Atenuação da barreira acústica

i 1

bar t f pL min[0,25h 2 ;1]fN C−∆ = − (4.16)

onde:

ht é a altura da barreira (m)

i é o índice da banda de oitava (1-8)

f(Nf) é a função do número de difração de Fresnel (sem unidade)

Cp é a correção de perfil

É necessário agora, definir a distância ε, para que se possa calcular a função do

número de Fresnel.

FIGURA 4.2 – DISTÂNCIAS UTILIZADAS NO CÁLCULO DA FUNÇÃO DO NÚMERO DE

DIFRAÇÃO DE FRESNEL

31

p,sb p,br

p,sb p,br

d dh

26(d d )∆ =

+ (4.17)

T Ld dε= − para Zt ≥ Zk (4.18)

T L2d d dε = − − para Zt < Zk (4.19)

A fórmula para o cálculo de Nf está mostrada a seguir.

i 1fN 0,37 2 −= ε (4.20)

Finalmente, para o cálculo da função do número de difração de Fresnel, a tabela

4.7 deverá ser utilizada.

TABELA 4.7 – FUNÇÃO DO NÚMERO DE DIFRAÇÃO DE FRESNEL

Nf f(Nf)

de até

-∞ -0,314 0

-0,314 -0,0016 -3,682-9,288log10(|Nf|)-4,482log102(|Nf|)-1,170 log10

3(|Nf|)-0,128

log104(|Nf|)

-0,0016 0,0016 5

0,0016 1 12,909+7,495log10(Nf)+2,612log102(Nf)+0,073log10

3(Nf)-0,184

log104(Nf)-0,032 log10

5(Nf)

1 16,1845 12,909+10 log10(Nf)

16,1845 +∞ 25

Finalmente, é preciso especificar a correção de perfil. Essa correção é aplicada a

barreiras que não podem ser consideradas barreiras idealmente delgadas. Vale ressaltar

que construções, como casas e prédio e as barreiras acústicas, são consideradas

idealmente delgadas.

Uma correção de perfil de 2dB deve ser atribuída nos seguintes casos:

32

- À beira de um aterro ferroviário elevado

- Declive de terra com um ângulo superior entre 70 ° e 165 °

- Barreiras delgadas no topo de um aterro de terra, se a altura total é superior a duas

vezes a altura da barreira

- Qualquer borda de uma plataforma da estação ferroviária

- Qualquer borda de uma ponte ferroviária ou viaduto, exceto para os casos listados

abaixo.

Nos casos a seguir, uma correção de perfil de 5dB devem ser atribuída.

- Zona reflexiva de uma plataforma de estação ferroviária

- Pontes ferroviárias de concreto sem absorção

Correção Meteorológica

s rmet 0

0

h hC max C 1 10 ;0

r

+ = − (4.21)

onde:

hr é a altura da fonte acima do nível médio do solo

hs é a altura do receptor acima do nível médio do solo

r0 é a distância horizontal medida entre a fonte e o receptor

C0 é a constante que depende de estatísticas meteorológicas*

* O valor de C0 estipulado pelo método europeu para condições meteorológicas favoráveis à propagação do som é de 3,50. Valores

diferentes para condições alternativas podem ser analisadas em “Commission Recommendation 2003/613/EC for strategic noise

mapping in the framework of the END”

33

5 MATERIAIS E MÉTODOS

O primeiro passo no estudo foi a escolha da região a ser analisada quanto aos

níveis de ruído a que estaria exposta. Diversas localidades estarão próximas à linha do

TAV, desde a cidade do Rio de Janeiro a Campinas, tanto em áreas urbanas como em

áreas rurais. O trajeto proposto pelo estudo elaborado pelo Consórcio Halcrow-Sinergia

(utilizado pelo governo e disponível no site da ANTT - http://www.antt.gov.br) foi

analisado, utilizando-se o software Google Earth, disponível gratuitamente na internet.

Segundo os pontos descritos mais detalhadamente na próxima seção, ficou-se decidido

que seria estudada a cidade de Itatiaia. Mais especificamente, a região sul da cidade,

onde a linha passará bem próxima a uma área residencial.

Em seguida, o LAeq foi estimado para a região analisada por dois métodos. Sendo

o primeiro, o método matemático americano utilizado pela Federal Railroad

Administration (Departamento de Transporte Americano) e o segundo, o método

utilizado pelos países europeus (RMR 2002) com a utilização do software Soundplan.

O Soundplan é um programa de modelagem de ruídos. O software trabalha com

simulações computadorizadas de ruído e contaminação do ar. O programa simula desde

ruído de tráfico rodoviário, ferroviário e aeroviário a simulações de ruído industrial,

residenciais e comerciais, tanto no aspecto externo como interno.

O software foi disponibilizado pelo LAVI (Laboratório de Acústica e Vibrações

da Universidade Federal do Rio de Janeiro) para que se pudesse fazer as simulações

necessárias para o desenvolvimento desse projeto.

Outro programa empregado para o progresso do estudo foi o SketchUp. Ele

possui uma versão básica disponível gratuitamente para download e uso educacional. O

programa é utilizado para criação e modelagem 3D em computadores e nos ajudou a

criar as curvas de nível e as edificações utilizadas nas simulações com o Soundplan.

Finalmente, também com a aplicação do Soundplan, foi simulado o uso de

barreiras acústicas com o fim de se mitigar os efeitos do ruído causados pela passagem

dos trens de alta velocidade pela região examinada nesse projeto.

34

6 SIMULAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO

6.1 TRAJETO DO TAV RIO DE JANEIRO-CAMPINAS

Aqui será apresentada uma visão geral do trajeto projetado para o trem de alta

velocidade que ligará a cidade do Rio de Janeiro à Campinas.

FIGURA 6.1 – TRAÇADO TAV, Consórcio Halcrow – Sinergia, Projeto TAV Brasil.

6.2 ESCOLHA DA REGIÃO

Foram levados em consideração, os quatro pontos destacados no “Procedimento

para Medição de Níveis de Ruído em Sistemas Lineares de Transporte”:

1- Receptores Potencialmente Críticos - receptores localizados em áreas residenciais

habitadas lindeiras ao sistema viário, com ocupação regular e demais receptores

representativos do impacto sonoro como hospitais, unidades básicas de saúde, unidades

educacionais, portanto, onde devem ser realizadas as avaliações dos níveis de ruído.

2- Área Não Edificante - área contígua à faixa de domínio, com largura de 15 m, em que

se proíbem edificações.

35

3- Faixa de Domínio - faixa para a construção do sistema viário entre as cercas que

separam o sistema viário dos imóveis marginais.

4- Ocupação Regular – ocupação por edificações e outras atividades em conformidade

com a legislação de uso e ocupação do solo e outras regulamentações vigentes.

Sendo assim, a prioridade foi escolher uma área por onde o trajeto passaria no

que é, hoje, uma área residencial. Ou seja, aonde haveria de se fazer desapropriações e

onde as primeiras construções residenciais fora da Faixa de Domínio estariam no limite

estabelecido.

Outro fator considerado foi a não proximidade das principais vias de tráfego,

para que não houvesse interferência nos níveis de ruído.

Foi buscada, então, uma região de área residencial, de preferência numa cidade

que não fosse tão grande (para evitar interferência de outras fontes sonoras) e onde se

pudesse estimar com maior clareza a área a ser estudada.

Assim, ficou decidido que seria estudada a cidade de Itatiaia, no estado do Rio

de Janeiro. Mais especificamente, na parte sul da cidade, onde o trajeto planejado passa

por dentro de uma área residencial. Podemos visualizar melhor a região escolhida nas

fotografias abaixo, retiradas do projeto oficial e com imagens do Google Earth.

FIGURA 6.2 - ITATIAIA - CIDADE ANALISADA (VISÃO GERAL)

36

FIGURA 6.3 - REGIÃO ANALISADA

FIGURA 6.4 - DETALHE DA REGIÃO ANALISADA

Agora será especificada mais detalhadamente a área a ser estudada, para que

possamos entender melhor todas as faixas estipuladas pelo manual da Cetesb

(Procedimento para Medição de Níveis de Ruído em Sistemas Lineares de Transporte).

Na imagem abaixo, podemos ver uma linha em cor vinho (que delimita a região

sombreada). Esta área delimita os limites das estruturas da obra. Já as linhas vermelhas

claras, que estão a uma distância de 11 metros da área sombreada, é a chamada Faixa de

Domínio. Esses 11 metros são uma faixa de segurança em relação ao limite das

37

estruturas da obra que podem ser utilizadas para instalações temporárias e permanentes.

Já a linha verde (distante 15 metros da linha vermelha clara) define a Área Não

Edificante. Ou seja, todas as edificações contidas dentro da Faixa de Domínio e da Área

Não Edificante (nesse caso, entre as linhas verde e a vermelha clara inferior) terão de

ser desapropriadas, restando apenas as edificações localizadas acima da linha verde.

FIGURA 6.5 - DISTÂNCIAS UTILIZADAS

Por fim, como podemos ver na imagem, a distância (linha amarela na imagem)

das edificações mais próximas à linha férrea (linha laranja na imagem) é de

aproximadamente 34 metros.

6.3 ESTIMATIVA DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA

EQUIVALENTE (LAeq) SEM O USO DE BARREIRA ACÚSTICA

6.3.1 PARÂMETROS

Para uma ampla simulação dos níveis sonoros em cada ponto da área estudada, a

fim de se encontrar o ponto crítico, é necessário que se faça simulações em computador,

pois existem muitas variáveis diferentes para cada pequena parte da região. Nesse

tópico será estimado o nível sonoro do ponto mais próximo à linha férrea, com o

propósito de se comparar esse valor com o valor estimado na simulação computacional.

38

Para que possamos estimar o LAeq na área aonde se encontram as primeiras

edificações após a Área Não Edificante, edificações essas que são as mais impactadas

pelo ruído ferroviário, é preciso, como visto no item 4.3.1, estimar primeiro o NPS a

uma distância de 15,25 metros da linha férrea, calcular o LAeq para a mesma distância

considerando o fluxo de trens por hora e, então, usar a fórmula 4.3 para estimar o LAeq

na distância do ponto mais próximo ao trilho do trem (34 metros).

Os parâmetros necessários para o cálculo são velocidade, comprimento do trem,

nível do fluxo de trens e tipo de trem. Como os fornecedores e as tecnologias do trem

ainda não foram estabelecidos, serão utilizados os mesmos parâmetros do estudo da

ANTT.

No caso do comprimento, foi considerada a moda dos comprimentos dos trens,

de todos os fornecedores, nos países que já trabalham com trens de alta velocidade,

conforme o Volume 4 Pt.2 do relatório final obtido do site da ANTT. Uma grande parte

dos trens de alta velocidade que circulam em países como França, Japão, Alemanha

entre outros que têm uma cultura de transporte por ferrovias apresentam um

comprimento de 200 metros. Aqui vale lembrar que, nesse caso do trem de alta

velocidade Campinas-Rio de Janeiro, as construções de plataformas, por exemplo,

estarão preparadas para acomodar trens de até 400 metros de comprimento.

Em relação à velocidade aplicada, foi utilizada a velocidade máxima de operação

prevista para o projeto. Isto por que, apesar de Itatiaia estar localizada a apenas 10

quilômetros de Resende (aonde é prevista uma estação) e, portanto, os trens que sairão

de Resende ainda não apresentaram a velocidade máxima de operação no momento que

passarem por Itatiaia, existe o serviço expresso do trem. Nesse tipo de viagem, não

haveria a parada na estação de Resende e o trem passaria por Itatiaia em sua velocidade

máxima de operação. Logo foi considerada uma velocidade de 300 km/h, para que se

pudesse avaliar o cenário mais crítico. É importante ressaltar a diferença entre

velocidade máxima de projeto (350 km/h) e a velocidade máxima de operação. Segundo

o relatório oficial do trem de alta velocidade:

“Velocidade Máxima de Linha ou Via. Isto se refere à velocidade máxima de linha

ou velocidade de projeto da linha, como usada no trabalho de otimização do traçado

previsto no Volume 2, seção 3.5.6. Entre os parâmetros geométricos especificados

estão o raio horizontal (via) mínimo e gradientes máximos permissíveis para

39

operação a 350 km/h. Se não for obedecido o raio mínimo da via, isto é, são

necessárias curvas mais fechadas, então a velocidade máxima da linha deverá ser

reduzida, e imposta uma restrição de velocidade; e

Velocidade Máxima de Operação: Isto está relacionado com as características

técnicas de trem, como previstas na Tabela 2-1, e da forma em que os trens são

operados. É afinal limitada pela velocidade máxima da linha ou via. Conquanto a

velocidade máxima da linha possa ser 300 km/h, isto não significa que o trem seja

capaz de atingir ou manter esta velocidade em todas as seções. Por exemplo, na

Serra das Araras, foram usados gradientes máximos e curvaturas que impactam o

desempenho do trem. Assume-se que a velocidade máxima de operação seja 300 km/h.”

Como não existe ainda uma grade horária fixada para as operações dos trens de

alta velocidade, foi empregada a previsão de frequência do TAV por estação utilizada

nos estudos de viabilidade do projeto (Tabela 2-3 da parte 1 do Volume 4 do relatório

utilizado pelo governo). A tabela mostra o número previsto de paradas por estação para

o horário de pico entre as duas estações que envolvem a região estudada (Volta

Redonda/Barra Mansa e São José dos Campos). A mais movimentada é a de São José

dos Campos, com 6 trens por hora por sentido, o que representa um fluxo de 12 trens

por hora pela região analisada no horário de pico.

O item 2.3.13 do Volume 4 Pt.1 do relatório utilizado pela ANTT mostra que

têm-se trabalhado com trens de 10 carros (8 vagões e 2 locomotivas), de 20 metros cada

em média.

Logo, os parâmetros-base para o cálculo do nível de pressão sonora contínua

equivalente são:

Comprimento do trem – 200 metros

Velocidade – 300 km/h

Fluxo de trens (F) – 12 trens/hora

Número de vagões por trem – 8

Número de locomotivas por trem – 2

Comprimento médio de cada carro – 20 metros

40

6.3.2 ESTIMATIVA DE LAeq PELA NORMA AMERICANA

Precisamos, agora, observar na Tabela 4.2 os outros parâmetros NPSref, K, Vref e

Lref (respectivamente: Nível de pressão sonora de referência, Coeficiente de velocidade,

Velocidade de referência e Comprimento de referência).

NPSref – 99 dBA

K – 47

Vref – 192 km/h

Lref – 21 metros

Lembrando a fórmula 4.1 e substituindo-se os valores:

10 10

300 20NPS 99 47log 10log 107,9dBA

192 21

= + + =

Assim foi obtido, então, um NPS de 107,9 dBA.

A partir desse valor de Nível de Pressão Sonora (NPS), pode-se calcular o Nível

de Pressão Sonora Contínua Equivalente (Laeq) para a mesma distância de 15,25 metros.

Como em ambos os casos (diurno e noturno) o valor esperado de LAeq é superior aos

níveis aceitos pelas normas, foram utilizados os mesmos valores de F (fluxo de trens por

hora) para o LAeq (Dia) e LAeq (Noite) apenas para que se tenha uma ideia do nível de

pressão sonora contínua equivalente sem o uso de barreiras acústicas. Mais a frente,

quando forem estimados os níveis de pressão sonora equivalente com o uso de barreiras

acústicas, o valor do fluxo de trens para o LAeq (Noite)será ajustado de modo a corrigir o

seu nível para um valor abaixo dos limites da norma. Então será estimado, novamente, o

valor de LAeq (Noite) ajustado para o novo valor de F. Abaixo, os valores serão

substituídos na fórmula 4.2, apresentada no item 4.3.

( )Aeq Aeq 10L (Dia) L (Noite) NPS 10log F At 35,6= = + + −

onde:

NPS – 107,90 (calculado anteriormente)

F – 12 trens/hora

41

At – O trilho nessa região se encontra em um corte raso. A diferença entre o

nível do trilho e das casas é de aproximadamente 3,30 metros. Logo, segundo a tabela

4.1, temos uma redução de 3 dBA (Regime C).

Logo:

Aeq AeqL (Dia) L (Noite) 80,1dBA= =

Finalmente, é preciso ajustar esse Nível de Pressão Sonora Contínua Equivalente

para uma distância de 34 metros:

Aeq Aeq 10

xL (x) L (15, 25) 15log

15, 25

= −

onde:

LAeq (15,25) – 80,1 dBA

x – 34 metros

Obtemos um LAeq de 74,9 dBA.

6.3.3 ESTIMATIVA DE LAeq PELA NORMA EUROPÉIA

Para outra estimativa do LAeq na área residencial mais próxima à linha férrea

nessa região de Itatiaia, será utilizado agora o programa Soundplan que, por sua vez,

emprega o padrão europeu (RMR 2002) e, na sua versão gratuita para estudantes, a

banda de oitava de 500Hz para seus cálculos.

Os parâmetros empregados nessa estimativa são os seguintes:

Tipo de trem – Categoria 9 (Trens de Alta Velocidade)

Velocidade – 300 km/h

Número de locomotivas – 2

Número de vagões – 8

Fluxo – 12 trens/hora, o que implica em:

42

N(d), N(e) e N(n) para locomotivas – 24 locomotivas/hora

N(d), N(e) e N(n) para vagões – 96 vagões/hora

A figura 6.6 apresentada abaixo mostra a perspectiva da área estudada e a figura

6.7, o resultado da simulação.

FIGURA 6.6 - PERSPECTIVA DA REGIÃO

FIGURA 6.7 - SIMULAÇÃO DOS NÍVEIS DE PRESSÃO SONORA

EQUIVALENTE(LAeq).

43

6.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES SEM O USO DE

BARREIRA

Estimamos anteriormente o LAeq para um receptor localizado a uma distância de

34 metros da linha férrea pelos métodos americano (74,9 dBA) e europeu (entre 74 e 75

dBA). Esses valores são condizentes com a faixa utilizada pelo relatório “Consultoria

para a elaboração dos estudos ambientais de alternativas para o trem de alta velocidade

(TAV)”, relatório Nº3, Volume I. O texto diz:

“Nos casos de TAV em superfície ou viaduto, com ocupação lindeira muito próxima (30-60m) os níveis sonoros equivalentes estão na faixa de 70-80 dB(A).”

Pode-se verificar que ambos os valores calculados são muito próximos e agora

serão comparados com os níveis aceitos pela norma adotada pelo governo brasileiro.

TABELA 6.1 – NÍVEIS ACEITOS PELA NORMA NBR 10151

Tipos de áreas Diurno

(dBA)

Noturno

(dBA)

Área mista, predominantemente residencial 55 50

Verifica-se que os dois valores de LAeq estimados estão acima da norma

brasileira adotada e, logo, para se respeitar os limites quanto ao ruído ferroviário, seria

necessária a instalação de barreiras acústicas ao longo da linha ferroviária nessa área

residencial para se mitigar os efeitos nocivos dessa exposição.

6.5 ESTIMATIVA DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA EQUIVALENTE COM O USO DE BARREIRA ACÚSTICA

Com a ajuda do software Soundplan, será estimado agora o nível de pressão

sonora contínua equivalente (Dia) para as residências mais próximas à linha férrea com

a utilização de barreiras acústicas para reduzir o impacto sonoro nessas construções, de

modo a respeitar os limites estabelecidos pela norma brasileira.

Serão empregados nessa estimativa os mesmos parâmetros utilizados

anteriormente para a linha férrea. Quanto à barreira, existem três parâmetros básicos

para usar no programa: altura da barreira, distância à fonte geradora de ruído e perda na

reflexão devido à absorção.

44

Conforme explicado mais detalhadamente no próximo capítulo, foi necessário

utilizar uma barreira de perda na reflexão devido à absorção de 1 dB.

A seguir estão apresentados os valores de LAeq (Dia) máximos para diferentes

valores de altura e distância à linha férrea, segundo simulações feitas no Soundplan. A

unidade está em dBA.

TABELA 6.2 – VALORES DE LAeq MÁXIMOS

Distância entre a barreira e a linha férrea

2 4 6 8

Alt

ura

da

ba

rre

ira

(m)

2 72-73 72-73 72-73 72-73

4 69-70 68-69 67-68 66-67

6 55-56 54-55 55-56 55-56

Conclui-se que barreiras de 6 metros de altura e a 4 de distância dos trilhos

reduziria os níveis sonoros de modo a se enquadrarem à norma NBR 10151.

A altura da barreira neste caso é elevada, pois as residências nessa região se

encontram muito próximas à linha férrea e em um plano mais elevado que a linha férrea.

Mais uma vez, condizente com o relatório “Consultoria para a elaboração dos estudos

ambientais de alternativas para o trem de alta velocidade (TAV)”, relatório Nº3,

Volume I:

“Nos casos de TAV em superfície ou viaduto, com ocupação lindeira muito próxima (30-60m) os níveis sonoros equivalentes estão na faixa de 70-80 dB(A). Em muitos casos, as barreiras acústicas deverão prover uma atenuação da ordem de 20-25dB(A) para assegurar o atendimento da norma em áreas residenciais lindeiras. Estes níveis de atenuação são muito elevados e devem requerer o uso de barreiras bastante altas, quase que encapsulando a linha.”

Apresentamos agora a perspectiva da área estudada (Figura 6.8) e o resultado da

simulação dos níveis de pressão sonora equivalente (Dia) (Figura 6.9).

45

FIGURA 6.8 - PERSPECTIVA DA REGIÃO

FIGURA 6.9 - SIMULAÇÃO DO LAeq (Dia) PARA BARREIRA A 4 METROS

6.6 ESTIMATIVA DO FLUXO MÁXIMO DE TRENS NO PERÍODO

NOTURNO PARA QUE HAJA RESPEITO AOS LIMITES PARA ESSE

HORÁRIO

Com base na configuração da barreira acústica projetada anteriormente, será

feito agora o ajuste do valor do fluxo de trens noturno de modo que o LAeq (Noite)

respeite o limite de 50 dBA fixado pela norma NBR 10151.

Abaixo seguem os valores de LAeq para diferentes valores de F (fluxo de trens).

46

TABELA 6.3 – LAeq PARA DIFERENTES VALORES DE FLUXO DE TRENS POR HORA

Fluxo (trens/hora) LAeq (dBA)

12 54-55

10 52-53

8 50-51

6 48-49

Analisando o relatório “Consultoria para a elaboração dos estudos ambientais de

alternativas para o trem de alta velocidade (TAV)”, relatório Nº3, Volume I, é possível

verificar que o esse novo valor de fluxo de trens calculado que respeitaria os limites

noturnos de ruído (6 trens por hora) está de acordo com a expectativa de fluxo de trens

noturno, que é estimado em metade do fluxo no horário de pico.

“A norma brasileira de ruído é mais exigente no período noturno (5dB a menos), mas não há definição legal do horário em que ela se aplica. A situação mais restritiva ocorre em parte do horário de pico da tarde / noite, quando o TAV ainda estará circulando na frequência máxima. Uma interpretação mais flexível e razoável (mas que não está escrita) levaria a considerar o período noturno após as 21:00hs por exemplo, quando a frequência de operação cai à metade.”

Vale ressaltar que existe outra opção para se respeitar o limite noturno sem ter

de se reduzir em 50% o tráfego nesse horário. Há a possibilidade de se reduzir a

velocidade dos trens em determinadas regiões, fazendo com que, mesmo com um fluxo

superior a 6 trens por hora, o limite ainda seja respeitado.

A seguir é apresentada a simulação para o LAeq (Noite) com fluxo de 6 trens por

hora.

47

FIGURA 6.10 - SIMULAÇÃO DO LAeq (Noite) COM FLUXO DE 6 TRENS POR

HORA COM O USO DE BARREIRA ACÚSTICA

6.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES COM O USO DE

BARREIRA

Pode-se verificar que com o uso de uma barreira localizada a 4 metros de

distância da fonte sonora, com perda na reflexão de 1 dB e 6 metros de altura os níveis

de ruído dentro ficam dentro dos limites estabelecidos pela norma para o período diurno

com um fluxo de 12 trens por hora e noturno com 6 trens por hora.

6.8 ESTIMATIVA DO NÍVEL DE PRESSÃO SONORA CONTÍNUA

EQUIVALENTE (Noite) SEM O USO DE BARREIRA ACÚSTICA PARA O

NOVO VALOR DE F

Como citado na seção 6.3.2, será realizada agora a simulação dos LAeq (Noite),

via método americano e europeu, sem o uso de barreira acústica com o novo valor de

fluxo de trens.

48

6.8.1 ESTIMATIVA DE LAeq (NOITE) PELA NORMA AMERICANA

Aqui serão empregados os mesmos parâmetros utilizados na seção 6.3.2,

alterando-se apenas o valor do fluxo de trens (F) para ajustá-lo ao valor calculado para o

período noturno na seção 6.6 (6 trens por hora.).

( )Aeq 10L (Noite) NPS 10log F At 35,6= + + −

onde:

NPS – 107,9 (calculado anteriormente na seção 6.3.2)

F – 6 trens/hora

At – O trilho nessa região se encontra em um corte raso. A diferença entre o

nível do trilho e das casas é de aproximadamente 3,30 metros. Logo, segundo a tabela

4.1, temos uma redução de 3 dBA (Regime C).

Logo:

AeqL (Noite) 77,1 dBA=

Finalmente, precisamos ajustar esse Nível de Pressão Sonora Contínua

Equivalente para uma distância de 34 metros:

Aeq Aeq 10

xL (x) L (15,25) 15log

15,25

= −

onde:

LAeq (15,25) – 77,1 dBA

x – 34 metros

Obtemos um LAeq de 71,9 dBA.

6.8.2 ESTIMATIVA DE LAeq (NOITE) PELA NORMA EUROPÉIA

Assim como feito na seção anterior, foram empregados os mesmo parâmetros

utilizados na seção 6.3.3 para a simulação do LAeq (Noite) utilizando-se o novo valor de

fluxo de trens.

49

Abaixo o resultado da simulação dos níveis de pressão sonora equivalente

(Noite) para o novo valor de fluxo de trens podem ser analisados (Figura 6.11). Pode-se

verificar que o valor (70-72) é condizente com o valor calculado pelo método americano

(71,9 dBA).

FIGURA 6.11 SIMULAÇÃO DO LAeq (Noite) COM FLUXO DE 6 TRENS POR HORA

SEM O USO DE BARREIRA ACÚSTICA

50

7 SELEÇÃO DE MATERIAL PARA BARREIRAS

Segundo a norma NBR 14313 (Barreiras acústicas para vias de tráfego -

Características construtivas), a utilização de barreiras absorventes ou altamente

absorventes só será feita em casos quando essas características sejam evidenciadas no

requerido sistema. Caso contrário, se as especificações não requererem expressamente

uma versão absorvente ou altamente absorvente, barreiras acústicas refletoras devem ser

utilizadas impreterivelmente. Analisando o relatório “Consultoria para a elaboração dos

estudos ambientais de alternativas para o trem de alta velocidade (TAV)”, relatório Nº3,

Volume I, produzido pela Prime Engenharia para a ANTT, pode ser verificado que não

há a exigência de barreiras absorventes ou altamente absorventes e respeitando então a

norma brasileira, foram consideradas barreiras refletoras.

Na tabela abaixo, podem ser analisados os valores de perda na reflexão adotados

para cada tipo de superfície, segundo a norma NBR 14313.

TABELA 7.1 – PERDA NA REFLEXÃO (NBR 14313)

Tipo de Barreira Perda na Reflexão

Superfícies Acusticamente Duras – Barreiras Acústicas

Refletoras

Inferior a 4 dBA

Barreiras Acústicas Absorventes Entre 4 e 8 dBA

Barreiras Acústicas Altamente Absorventes A partir de 8 dBA

Já segundo o manual do Soundplan, as barreiras refletoras devem ser

configuradas no software com perdas na reflexão de 1 dBA. Segue abaixo a tabela

apresentada no manual:

TABELA 7.2 – PERDA NA REFLEXÃO (SOUNDPLAN)

Tipo de Barreira Perda na Reflexão

Superfícies Acusticamente Duras – Barreiras Acústicas

Refletoras

1 dBA

Barreiras Acústicas Absorventes 4 dBA

Barreiras Acústicas Altamente Absorventes 8-11 dBA

51

A fim de se respeitar ambas definições de barreiras refletoras, na seção 6.5 foi

utilizado o valor de 1 dBA para esse parâmetro

Para a escolha do material a ser utilizado nas barreiras, devem ser observados os

seguintes requisitos exigidos na norma NBR 14313. As barreiras deve ser:

- Estruturalmente estáveis e manter sua forma;

- Resistentes ou protegidas contra corrosão e envelhecimento;

- Constantes na tonalidade de cor;

- Resistentes a fogo;

- Resistentes a impacto de pedra;

- De fácil manutenção.

A tabela 4 da referida norma apresenta a necessidade de aprovação dos materiais

para resistência ao impacto de pedras, ao fogo e flexão sob calor, assim como a

espessura mínima da barreira para cada tipo de material. A tabela 7.3 apresenta esses

dados.

TABELA 7.3 – MATERIAIS ACEITOS NO PROJETO DE BARREIRAS ACÚSTICA

Material Resistência ao

impacto de pedras

Resistência

ao fogo

Flexão sob

calor

Menor Espessura

mm

Concreto - - - 90,00

Vidro Necessário - - 12,00

Madeira Necessário Necessário - 8,00

Material

plástico

Necessário Necessário Necessário 6,00

Metal leve - - - 1,00

Aço - - - 1,00

Tijolo Necessário - - -

Outros

materiais

Necessário Necessário Necessário -

52

Pode-se verificar na tabela que as barreiras de concreto, metal leve e aço são

resistentes ao impacto de pedras e ao fogo, sem a necessidade de tratamentos extras.

Já em relação à corrosão e envelhecimento, as barreiras de metal leve precisam

ser protegidas contra a corrosão.

Por sua vez, segundo a norma, as barreiras de aço precisam ter pelo menos 1,00

mm de espessura e ser galvanizados a quente.

O concreto, por último, não precisa de tratamentos extras contra corrosão e

envelhecimento e respeita os demais requisitos exigidos pela norma (ser estruturalmente

estáveis e manter sua forma, ser constante na tonalidade de cor e ser de fácil

manutenção). Por isso, pode ser considerado um material viável para utilização nas

barreiras acústicas de modo a mitigar o ruído dos trens de alta velocidade.

53

8 CONCLUSÃO

Este trabalho teve por objetivo simular os níveis de ruído produzidos por trens

de alta velocidade em região próxima a áreas residenciais e estudar barreiras acústicas a

serem instaladas com o propósito de se reduzir o impacto sonoro na localidade, de modo

a serem respeitados os limites propostos pelas normas brasileiras.

Vale destacar que os impactos ao ser humano devido a reações adversas a níveis

de ruídos elevados podem ser extremamente prejudiciais e por isso a importância de se

adequar os níveis de ruído provenientes dos trens de alta velocidade nas regiões

lindeiras para dentro dos limites estabelecidos pelas normas brasileiras.

Ao longo do trabalho, pode-se verificar que em áreas muito próximas a linha do

trem, o impacto sonoro é muito grande e a necessidade de uso de barreiras acústicas é

indispensável. No caso estudado, pôde-se comprovar que, pela proximidade das

residências e seus diferentes níveis de altura em relação à linha férrea, há a necessidade

de utilização de barreiras com altura elevada para que sejam respeitados os limites. A

utilização dessas barreiras resultou em uma atenuação do ruído de tráfego de até 25

dBA, ou seja, segundo a norma NBR 14313, houve isolamento sonoro. Assim, o

objetivo do trabalho de estudar o projeto de barreiras acústicas com a finalidade de

reduzir o impacto sonoro a níveis dentro dos limites das normas brasileiras foi atingido.

Ao longo do trajeto do TAV, existem diversas situações diferentes de exposição

ao ruído ferroviário. Cada caso deve ser estudado separadamente e diferentes barreiras

acústicas deverão ser adotadas a fim de se respeitar as normas. Um dos motivos da

escolha da região estudada foi a extrema proximidade das residências com a linha

férrea, trazendo uma complexidade um pouco maior ao projeto, mostrando que é

possível trazer os níveis de ruído para dentro de graus aceitáveis até em situações

extremas. Contudo, cada cenário poderá apresentar diferentes complicadores à solução

do problema de ruído, dentre os quais podemos citar: áreas residências em ambos os

lados da linha do trem (uma possível solução para esse caso seria a instalação das

barreiras inclinadas, onde o som fosse refletido nessas barreiras num ângulo em que a

reflexão fosse numa direção superior à área afetada), receptores localizados num nível

de elevação mais acima do que no caso estudado (nesse caso, as barreiras poderão ser

instaladas a partir do terreno mais elevado ou poderá se utilizar barreiras de altura ainda

54

maiores que as projetadas), e receptores enquadrados em limites mais rígidos (escolas,

hospitais e igrejas, entre outros).

55

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento. Rio de Janeiro,

2000.

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avaliação do ruído em ambientes internos. Rio de Janeiro, 1987.

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tráfego – Características construtivas. Rio de Janeiro, 1999.

Brasil. CONAMA 001/90, de 8 de março de 1990. Dispõe sobre a emissão de ruído, em

decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas,

inclusive as de propaganda política. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 de abril de

1990.

SLAMA, J. G. Apostila de Curso de Acústica Ambiental. COPPE/ Universidade

Federal do Rio de Janeiro, 2007.

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Switzerland. Edited by Birgitta Berglund, Thomas Lindvall, Dietrich Schwela, 1999.

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56

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