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Estudo de Caso Pronto Trab. Final Curso (Salvo Automaticamente)

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Introdução

“A meta principal da educação é criar homens e mulheres que sejam capazes de fazer coisas novas, não somente repetindo o que outras gerações já fizeram.”

Jean Piaget

Superdotados ou Portadores de Altas Habilidades são aquelas pessoas que

possuem um grau de habilidade significativamente maior do que a maioria da

população. Os superdotados geralmente possuem grande facilidade e rapidez para

aprender, possuem um elevado grau de criatividade, são muito curiosos, possuem

grande capacidade para analisar e resolver problemas, além de possuírem um senso

crítico bastante elevado. Como na grande maioria das demais áreas da vida humana, a

discussão científica sobre o talento tem sido permeada por defesas da herança biológica

e da estimulação ambiental. Da mesma forma que nos demais casos, é muito difícil

poder apontar com exatidão quanto de determinação cabe a um e a outro. Entretanto,

pode-se afirmar, com razoável segurança, que ambos contribuem para o processo de

desenvolvimento de uma pessoa dotada de altas habilidades/Superdotação, e que um

ambiente estimulador favorece a manifestação de suas características. No Brasil, a

educação especial para alunos com altas habilidades/Superdotação ainda é uma

modalidade de educação em estruturação. Ações mais incisivas a respeito do

reconhecimento da modalidade começaram a ser tomadas a partir da Lei de Diretrizes e

Bases (1996). Dados do Censo Escolar referentes ao ano de 2005 informam que apenas

0,003% dos alunos matriculados na educação básica foram classificados como

portadores de altas habilidades (BRASIL, 2006). Reconhecer esta modalidade de ensino

como de grande importância, e investir na mesma implicará na identificação de novos

indivíduos portadores de altas habilidades, assim como no proporcionar de um ensino

mais adequado a estes jovens. Valorizar a educação especial para alunos com altas

habilidades/superdotação significa garantir o direito destes sujeitos a ter suas

capacidades e habilidades desenvolvidas, a ter oportunidades de expandir seus

potenciais, e em conseqüência disso ter a possibilidade de aumentar sua qualidade de

vida. Além disso, nenhuma sociedade moderna pode se dar o luxo de ignorar seus

talentos (IZQUIERDO, 1996 in GONZALEZ, 2007), haja vista que estes indivíduos

podem vir a dar contribuições expressivas à humanidade. Em 2006, com apoio do

Governo Federal, que incentivou a implantação das unidades, foram instalados os 26

Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação”, os chamados NAAH/S, 

nos Estados Brasileiros e 1 núcleo no Distrito Federal. Em sua maioria, as sedes foram

instaladas nas capitais dos Estados, com algumas exceções. A proposta da instalação

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dos NAAH/S é desenvolver plenamente as potencialidades dos estudantes superdotados

e melhorar a qualidade de vida escolar como um todo, pela disseminação de

conhecimento sobre o tema, adoção de currículos escolares flexíveis e atividade s e

práticas pedagógicas diversificadas.

Com base no seguinte relato de caso sobre a aluna A. M. de doze anos de idade,

matriculada no 7º ano em uma escola da rede pública estadual, foi indicada para o

processo de identificação de alunos com altas habilidades/Superdotação no Núcleo de

Atendimento de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação. Durante o período de

observação constatou-se a intersecção dos Três Anéis conforme teoria de Joseph

Renzulli, adotada pelo MEC. Os objetivos deste trabalho foram relacionar os conceitos

estudados sobre Renzulli e Gardner com as características apresentadas pela aluna em

questão, a importância do AEE para o aluno com AH/SD a fim de potencializar os tipos

de inteligências identificadas, orientar o professor a lidar com os superdotados, tomando

as medidas necessárias para o bom desenvolvimento da capacidade dos mesmos.

Desenvolvimento

Segundo o conceito proveniente da Política Nacional de Educação Especial do

Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial (BRASIL, 1994b), entende-se

por Superdotação/altas habilidades toda criança e adulto que apresente desempenho

acima da média ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados

ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento

produtivo ou criativo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade

psicomotora.

Uma conceituação atualmente aceita por vários autores sobre o que seja a pessoa

superdotada é a de Renzulli (2004) considerando dois tipos de superdotados: acadêmico

e produtivo-criativo, onde o primeiro é o mais facilmente encontrado nos testes

padronizados de capacidade, são sujeitos que focalizam as habilidades analíticas em

lugar das habilidades criativas ou práticas. Já o segundo tipo surge da Concepção de

Superdotação dos Três Anéis (Renzulli 1978, 1982b, 1986 apud Renzulli 2004), que

leva em consideração criatividade e comprometimento com a tarefa, além da capacidade

acima da média, a superdotação produtivo-criativa tende a ser contextual e específica de

apenas um domínio. No seu Modelo dos Três Anéis, segundo este pesquisador, o

comportamento do superdotado consiste na interação entre os três grupamentos básicos

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dos traços humanos: habilidades gerais e/ou específicas acima da média, elevados níveis

de comprometimento com a tarefa e elevados níveis de criatividade.

Habilidade acima da média: referem-se aos comportamentos observados, relatados ou demonstrados que confirmariam a expressão de traços consistentemente superiores em qualquer campo do saber ou do fazer. Assim, tais traços apareceriam com freqüência e duração no repertório de uma pessoa, de tal forma que seriam percebidos em repetidas situações e mantidos ao longo de períodos de tempo.

Criatividade: são os comportamentos visíveis por intermédio da demonstração de traços criativos no fazer e no pensar, expressos em diferentes linguagens, tais como: falada, gestual, plástica, teatral, matemática, musical, filosóficas ou outras.

Envolvimento com a tarefa: relacionam-se aos comportamentos observáveis por meio de expressivo nível de interesse, motivação e empenho pessoal nas tarefas que realiza. Um dos aspectos que Renzulli dá ênfase em sua concepção é o motivacional. Esse aspecto inclui uma série de traços, como: perseverança, dedicação, esforço, autoconfiança e uma crença na sua própria habilidade de desenvolver um trabalho importante.

Observa-se que a aluna em questão apresenta claramente essas três características: possui habilidade acima da média ao ser capaz de resolver situações complexas, ser criativa ao fazer análise e associações, se envolver com a tarefa ao ser persistente e ter facilidade em aprender, caracterizando o tipo acadêmico.

Na visão de Gardner (1995) a modalidade refere-se não especificamente a altas habilidades, mas à manifestação das várias inteligências de um individuo, enfatizando a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos, afastando o conceito de uma inteligência única e geral. Segundo ele, o ser humano é dotado de inteligências múltiplas que incluem as dimensões lingüística, lógico-matemática, espacial musical, cinestésico-corporal, naturalista, interpessoal, e intrapessoal. Com isso entende-se que as altas habilidades podem e devem ser consideradas uma modalidade ao alcance de todos os alunos, já que se encontram em pleno processo de desenvolvimento de suas atividades e aptos a desenvolverem sua potencialidades ,uns demonstrando sua capacidade de uma maneira e outros de outra,porém todos evidenciam capacidades ou habilidades.

Múltiplas inteligências e suas habilidades específicas

Inteligência lingüística: É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiência vivida.

Inteligência musical: habilidade para perceber temas musicais, sensibilidades para ritmos, texturas, e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música.

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Inteligência lógico-matemática: É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los.

Inteligência espacial: É a habilidade para manipular para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrios e composição numa representação visual ou espacial.

Inteligência cinestésica: É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza.

Inteligência interpessoal: habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas.

Inteligência intrapessoal: habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para descriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais.

A aluna do nosso estudo de caso apresenta com clareza inteligência

lingüística uma vez que domina a comunicação e o uso da língua, a capacidade de

análise e associação, boa memória, a capacidade de concentração e de fazer analogias.

Também há características de inteligência interpessoal como senso de justiça e humor,

atitude cooperativa, habilidade nas relações e intensidade emocional liderança, atitude

cooperativa, sociabilidade expressiva e capacidade de resolver situações complexas.

A aluna identificada necessita de atividades de enriquecimento que

potencializem suas habilidades. Tais atividades podem ser desenvolvidas na Sala de

AEE da Unidade Escolar em que está matriculada ou em outra Unidade Escolar da Rede

Estadual de Ensino. As salas de recursos multifuncionais para os alunos com altas

habilidades/superdotação constituem espaços para atendimento às suas necessidades

educacionais especiais, uma vez que esses apresentam características diferenciadas de

aprendizagem ao longo de sua vida escolar. O atendimento educacional especializado

nessas salas tem a função de viabilizar a suplementação curricular para que os alunos

explorem áreas de interesse, aprofundem conhecimentos já adquiridos e desenvolvam

habilidades relacionadas à criatividade, à resolução de problemas e ao raciocínio lógico.

Também são espaços para o desenvolvimento de habilidades sócio emocionais, de

motivação, de aquisição de conhecimentos referentes à aprendizagem de métodos e

técnicas de pesquisa e de desenvolvimento de projetos. O desenvolvimento da

criatividade e da motivação dentro da área de interesse e ou de habilidade do estudante,

vem ampliar as possibilidades de que o aluno tenha sucesso e satisfação pessoal. Nesta

definição, os três anéis não precisam estar presentes ao mesmo tempo e nem na mesma

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intensidade, mas é necessário que interajam em algum grau para que possam resultar em

um alto nível de produtividade. No trabalho em salas de recursos multifuncionais é

importante buscar essas três dimensões, destacando os comportamentos e habilidades já

evidentes e desenvolvendo outros para o sucesso na área de habilidade. Dessa forma, a

sala de recursos multifuncionais para alunos com altas habilidades/superdotação deve

oferecer:

• estratégias de ensino planejadas para promover altos níveis de aprendizagem,

produção criativa, motivação e respeito às diferenças de cada aluno;

• oportunidades para a descoberta do potencial dos alunos nas diversas áreas de ensino;

• identificação e realização de projetos do interesse, áreas de habilidade e preferências

dos alunos;

• atividades de enriquecimento incluindo estudos independentes, pequenos grupos de

investigação, pequenos cursos e projetos envolvendo métodos de pesquisa científica;

• desenvolvimento de projetos de acordo com as necessidades sociais da comunidade,

com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento local por meio de sugestões para

a resolução de problemas enfrentados pela população;

• procedimentos de aceleração que possibilite o avanço dos alunos nas séries ou ciclos.

Atribuições do professor da sala de recursos para alunos com altas habilidades/superdotação

• Garantir o suprimento de materiais específicos para o desenvolvimento das habilidades e talentos, conforme as necessidades dos alunos;

• promover ou apoiar a realização das adequações, complementações ou suplementações curriculares ao processo de ensino e de aprendizagem, por meio de técnicas e procedimentos de enriquecimento, compactação ou aceleração curricular;

• promover ou apoiar a realização de cursos, participação em eventos, seminários, concursos e outros;

• orientar quanto ao uso de equipamentos e materiais específicos e ou estabelecer parcerias para esse fim, quando se tratar de assuntos especializados.

No modelo triádico de enriquecimento sugere a inserção de atividades de enriquecimento de três tipos: atividades do tipo I, atividades do tipo II e atividades do tipo III.

As atividades de enriquecimento do tipo I são experiências e atividades exploratórias ou introdutórias destinadas a colocar o aluno em contato com uma ampla

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variedade de tópicos ou áreas de conhecimento, que geralmente não são contempladas no currículo regular. Todos os alunos podem se envolver nesse tipo de atividade que deve ser planejada, sempre, a partir do interesse deles, ou ainda que seja de um único aluno, com a finalidade de fomentar a curiosidade, responder a questionamentos, aprofundar uma discussão etc. Tais atividades ser estimulantes e dinâmicas e podem envolver: o contato com profissionais e especialistas por meio de palestras, painéis, troca de experiências e oficinas; visitas à instituições, feiras, bibliotecas, museus e eventos culturais; acesso à literatura; viagens; simulações; filmes; Internet. Devem ser fascinantes e atraentes, abarcarcando tópicos e metodologias pouco utilizados na escola.

Nas atividades de enriquecimento do tipo II são utilizados métodos, materiais e técnicas instrucionais que contribuem para o desenvolvimento de níveis superiores de pensamento (analisar, sintetizar e avaliar), de habilidades criativas e críticas, de habilidades de pesquisa (por exemplo, como conduzir uma entrevista, analisar dados e elaborar um relatório), de busca de referências bibliográficas e processos relacionados ao desenvolvimento pessoal e social (habilidades de liderança, comunicação e desenvolvimento de um autoconceito positivo). O objetivo deste tipo de enriquecimento é desenvolver nos alunos habilidades de “como fazer”, de modo a instrumentá-los a investigar problemas reais usando metodologias adequadas à área de conhecimento e de interesse dos alunos. Estas atividades podem ser realizadas em grupos ou individualmente, de acordo com os interesses, habilidades e estilos de aprendizagem de cada aluno envolvido. Quanto à duração, dependerá do nível de complexidade do tópico ou do nível de aprofundamento que se queira atingir. Em alguns casos, o grupo poderá se reunir no turno contrário ao de sala de aula regular para receber o treinamento necessário. É possível que algumas dessas atividades possam As atividades de enriquecimento do tipo III visam a investigação de problemas reais, por meio da utilização de métodos adequados de investigação, a produção de conhecimento novo, a solução de problemas ou a apresentação de um produto, serviços ou performances. Estas atividades têm ainda como objetivo desenvolver habilidades de planejamento, gerenciamento do tempo, avaliação e habilidades sociais de interação com especialistas, professores e colegas. O aluno, após passar por este tipo de experiência, deverá ser capaz de agir, sentir e produzir como um profissional de uma área específica do conhecimento. Os problemas e tópicos para este tipo de atividade devem ser selecionados pelo(s) aluno(s). Este tipo de atividade requer altos níveis de envolvimento dos alunos em projetos, geralmente, de médio e longo prazo. A aprendizagem e o desenvolvimento de cada atividade do tipo III são personalizados e, geralmente, implementados individualmente ou em grupos pequenos. Envolve a produção criativa e apresentação de resultados obtidos em grupos de audiências variadas (colegas de sala, feiras culturais, concursos, reuniões de professores, jornais, empresas, comunidade escolar e outros). As atividades de enriquecimento do tipo I, II e III encorajam a ação produtiva dos alunos uma vez que possibilitam diferentes ações baseadas em interesses e necessidades desenvolvidas por meio de diferentes estratégias, materiais e recursos. Estas atividades podem ser executadas tanto na sala de aula regular como nas salas de recursos e programas de atendimento ao aluno com altas habilidades/superdotação. Elas propiciam a participação ativa dos alunos na construção de conhecimentos, produtos e

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serviços. O professor tem o papel de facilitador e mediador neste processo. É importante ressaltar que as atividades do tipo I, II e III não obedecem a um procedimento linear.

O vínculo entre a Educação Especial e a Educação Inclusiva, através da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, do Decreto nº 7.611 de 17 de novembro de 2011, permite complementar e/ou suplementar a formação dos sujeitos ditos com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação. Assim, o professor do AEE deve ensinar a cada um e a todos. Dito de outra maneira, pelo ensino, o professor pode promover a aprendizagem e a participação, deve ensinar a desejar.

Considerações finais

Com base no seguinte relato de caso sobre a aluna A. M. de doze anos de idade, matriculada no 7º ano em uma escola da rede pública estadual, foi indicada para o processo de identificação de alunos com altas habilidades/Superdotação no Núcleo de Atendimento de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação.

Após observação constatou-se, a partir da teoria de Renzulli, que a estudante se encaixa dentro da teoria dos Três Anéis, sendo considerada do tipo acadêmico; uma vez que o foco dela é mais direcionado para leitura e para o estudo acadêmico.

Em Gardner, sobre as inteligências múltiplas, a aluna apresenta os seguintes tipos de inteligência: Inteligência lingüística e interpessoal. Para o desenvolvimento dessas habilidades, deverá ser encaminhada ao NAAHS/GO para que sejam desenvolvidas atividades exploratórias do potencial da aluna, afim de que sua produção individual, ou mesmo em grupo, possa contribuir positivamente para a comunidade escolar na qual está inserida ou mesmo para a sociedade.