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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Estudo de reabilitação de um viaduto Nuno Henrique Pinto Vieira Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Professor Doutor António José da Silva Costa Júri Presidente: Professor Doutor Luís Manuel Coelho Guerreiro Orientador: Professor Doutor António José da Silva Costa Vogal: Professor Doutor Rui Vaz Rodrigues Outubro de 2016

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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

Estudo de reabilitação de um viaduto

Nuno Henrique Pinto Vieira

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Professor Doutor António José da Silva Costa

Júri Presidente: Professor Doutor Luís Manuel Coelho Guerreiro Orientador: Professor Doutor António José da Silva Costa

Vogal: Professor Doutor Rui Vaz Rodrigues

Outubro de 2016

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Agradecimentos

A realização deste trabalho não seria possível sem o apoio prestado das várias pessoas que me

acompanharam durante esta etapa final.

Antes de tudo, os meus profundos agradecimentos ao Professor António Costa, por me ter concedido

a possibilidade de escolher o presente tema de dissertação, facultando-me acesso ao caso de

estudo, pela disponibilidade demonstrada e pelos esclarecimentos prestados ao longo da elaboração

deste trabalho.

A todos os meus colegas, pela partilha de conhecimento e pela motivação que me prestaram um

sincero agradecimento. De todos os colegas não posso deixar de destacar o Pedro Preto, Matos,

Viana, Edu, Macedo, Filipa, Inês (Chicharito), Patrícia, Catarina e muitos outros que neste último ano

tiveram presentes nesta etapa final do meu percurso académico.

Aos meus amigos dos quais destaco Luís Vaz e André Vieira (companheiros do “d2”), João Tojal

(companheiro do FM), e Barão (o velhote) que me ajudaram com bons conselhos e me

proporcionaram momentos de lazer que em muito contribuíram para melhorar o meu estado de

espírito na realização deste trabalho.

Ao meu amigo e colega de treino do ginásio Afonso, que muito contribuiu para a minha excelente

forma física ao longo de todos estes anos de estudo.

Apesar de não ter tido o final desejado, gostaria de agradecer a todos os meus amigos e colegas do

União Desportiva Ponte Frielas. De todos não posso deixar de destacar o “Pai Sorre” que demonstrou

uma qualidade quase tão boa como a minha.

Ao meu pai, mãe e irmã por todo o apoio incondicional e financeiro ao longo de todos os estes anos.

Ao meu Tio Zé pelos bons conselhos.

À minha avó Eduarda que sempre me apoio e me deu ânimo para acabar os meus estudos. Assim

como agradeço à minha avó, não posso deixar de destacar o meu avô Eduardo que por infelicidade

da vida não me pode acompanhar até ao fim desta etapa. Agradeço pelo homem que foi, pelos bons

conselhos, por todo o carinho demostrado e por ter sido dos principais responsáveis pela minha

educação.

Por fim, um grande e especial obrigado à minha namorada Catarina que se juntou nesta caminhada

recentemente, mas representou um papel fundamental na minha felicidade. Agradeço todos os

momentos partilhados e todo o carinho demonstrado.

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RESUMO

Actualmente o parque de construções existentes é muito vasto requerendo um elevado esforço de

manutenção e reabilitação estrutural. Com isto, é cada vez mais importante o desenvolvimento e

implementação das técnicas de reparação e/ou reforço de estruturas.

A reabilitação de uma estrutura tem como objectivo repor as condições iniciais de segurança para as

quais foi projectada, ou, se a utilização da estrutura mudar, elevar os níveis de segurança da

estrutura estrutural para as novas exigências funcionais.

O tipo de intervenção a implementar implica um estudo pormenorizado da estrutura existente, quer ao

nível do seu estado de degradação, quer ao nível do seu comportamento estrutural.

O reforço estrutural da estrutura representa a fase final da intervenção. Resumidamente, a

intervenção de reforço engloba protecção, reparação e reforço, sendo que os dois primeiros têm

como principal objectivo proteger e prevenir a evolução da deterioração.

Desta forma, um projecto de reabilitação de estruturas de betão armado requer uma estratégia

adequada à especificidade da estrutura em causa. A qualidade de um projecto de reabilitação

relaciona-se com a metodologia de avaliação do estado da estrutura e com conhecimento prévio das

matérias relativas à reparação e reforço estrutural.

Com o referido nos parágrafos anteriores, procurou-se, nesta dissertação, desenvolver os principais

passos de um projecto de reabilitação, nomeadamente, causas e efeitos da deterioração relacionada

com o ambiente onde a estrutura se insere, avaliação da degradação da estrutura em estudo,

desenvolvimento das várias etapas de um projecto de reabilitação e por último, o dimensionamento

dos elementos a reforçar.

No dimensionamento dos elementos a reforçar, desenvolvem-se várias técnicas como:

encamisamento de betão armado, colagem de chapas metálicas e colagem de CFRPs. Para as

várias técnicas apresentam-se os modelos de dimensionamento ao estado limite último dos

elementos a reforçar e algumas disposições regulamentares.

Palavras-chave: Reforço de estruturas de betão armado, Durabilidade, Reabilitação, Encamisamento

de betão armado, Chapas metálicas, CFRPs.

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ABSTRACT

Currently the amounts of existing constructions are very large requiring a high maintenance effort and

structural rehabilitation. With this, the development and implementation of repair or strengthening is

becoming increasingly important.

The rehabilitation of structures aims to restore the initial security conditions for which it was designed,

or if the use of the structure changes, there is a need to verify the safety levels of the structure for the

new function requirements.

The type of intervention to implement involves a detailed study of the existing structure, both in terms

of degradation state and structural behavior.

The structural reinforcement of the structure can be the final phase of the intervention. In summarily,

the reinforcement measure includes protection, repair and reinforcement. The first two are primarily to

protect and prevent the evolution of deterioration.

Therefore, a rehabilitation project of concrete structures requires a proper strategy to the specific

nature of the structure in question. The quality of a rehabilitation project is related to the condition

assessment methodology of the structure and prior knowledge of matters relating to the repair and

structural reinforcement.

Based on the information shared on the previous paragraphs, this document tries to develop the

main steps of a rehabilitation project, in particular, causes and effects of deterioration related to the

environment where the structure is located, assessment of degradation of the structure under study,

the development of various stages of a rehabilitation project and finally, the design of the elements to

be strengthened.

In the dimensioning of the elements to strengthen, various techniques are developed, such as:

strengthening with reinforced concrete, strengthening of concrete structures using externally bonded

steel plates and strengthening using CFRPs. For the various techniques, there are presented design

models to the ultimate limit state of the elements to be strengthened and some regulations.

Keywords: Strengthening of reinforced concrete structures, Durability, Rehabilitation, Strengthening

with reinforcement concrete, Strengthening of concrete structures using externally bonded steel

plates, CFRPs.

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Índice

1 Introdução ......................................................................................... 1

1.1 Enquadramento do tema ......................................................................................................... 1

1.2 Motivação e Objectivos ........................................................................................................... 3

1.3 Organização do trabalho ......................................................................................................... 3

2 Durabilidade de estruturas expostas a ambiente marítimo .......... 5

2.1 Deterioração de estruturas expostas a ambiente marítimo .................................................... 5

2.1.1 Processos Químicos ........................................................................................................ 7

2.2 Penetração dos cloretos .......................................................................................................... 8

2.2.1 Mecanismos de transporte .............................................................................................. 9

2.3 Corrosão ................................................................................................................................ 12

2.3.1 Processo de corrosão .................................................................................................... 15

3 Reabilitação de estruturas de betão armado ............................... 17

3.1 Introdução .............................................................................................................................. 17

3.2 Métodos de protecção contra a corrosão .............................................................................. 20

3.2.1 Métodos electroquímicos ............................................................................................... 20

3.2.2 Inibidores de corrosão ................................................................................................... 24

3.2.3 Substituição do betão contaminado .............................................................................. 25

3.3 Preparação da superfície de betão ....................................................................................... 27

3.3.1 Betão existente .............................................................................................................. 27

3.3.2 Armaduras ..................................................................................................................... 28

3.3.3 Tratamento de fendas ................................................................................................... 29

3.3.4 Protecção superficial ..................................................................................................... 30

3.4 Técnicas de reforço estrutural ............................................................................................... 32

3.4.1 Encamisamento de betão .............................................................................................. 32

3.4.2 Chapas metálicas .......................................................................................................... 40

3.4.3 Laminados CFRP .......................................................................................................... 46

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4 Avaliação Estrutural do viaduto ................................................... 55

4.1 Descrição do viaduto ............................................................................................................. 55

4.1.1 Descrição das anomalias .............................................................................................. 56

4.2 Análise estrutural ................................................................................................................... 57

4.2.1 Propriedades mecânicas dos materiais ........................................................................ 57

4.2.2 Vigas e travessas .......................................................................................................... 57

4.2.3 Laje ................................................................................................................................ 57

4.2.4 Estacas .......................................................................................................................... 58

4.2.5 Validação do modelo ..................................................................................................... 59

4.3 Avaliação de segurança ........................................................................................................ 60

4.3.1 Acções e combinações .................................................................................................. 60

4.3.2 Fase construtiva ............................................................................................................ 63

4.3.3 Fase serviço .................................................................................................................. 65

5 Reforço do viaduto......................................................................... 71

5.1 Introdução .............................................................................................................................. 71

5.2 Opção de reforço com encamisamento ................................................................................ 71

5.3 Opção de reforço com recurso a chapas metálicas .............................................................. 73

5.4 Opção de reforço com laminados CFRP ............................................................................... 76

6 Considerações finais ..................................................................... 79

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 2.1 – PRINCIPAIS FACTORES QUE INFLUENCIAM A DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS (ADAPTADO DE [7]).

.............................................................................................................................................. 5

FIGURA 2.2 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UMA ESTRUTURA DE BETÃO ARMADO EXPOSTA À ÁGUA DO

MAR (ADAPTADO DE [8]). .......................................................................................................... 6

FIGURA 2.3 – ATAQUE QUÍMICO NO BETÃO [21]. ................................................................................ 7

FIGURA 2.4 – PRINCIPAIS FACTORES QUE ENVOLVEM O TRANSPORTE DE CLORETOS (ADAPTADO DE [11]).

.............................................................................................................................................. 9

FIGURA 2.5 - REPRESENTAÇÃO DA PERMEABILIDADE (BETÃO SUBMERSO) (ADAPTADO DE [12]). ......... 10

FIGURA 2.6 - REPRESENTAÇÃO DA SUCÇÃO CAPILAR NO BETÃO (ADAPTADO DE [12]). ....................... 10

FIGURA 2.7 - REPRESENTAÇÃO DO TRANSPORTE DE CLORETOS POR DIFUSÃO DE IÕES (ADAPTADO DE [12]).

............................................................................................................................................ 11

FIGURA 2.8 – MECANISMOS DE TRANSPORTE RELEVANTES NA PENETRAÇÃO DE CLORETOS AO NÍVEL DAS

ARMADURAS (ADAPTADO [3]). ................................................................................................. 12

FIGURA 2.9 – PROTECÇÃO DAS ARMADURAS NO BETÃO (ADAPTADO DE [7]). ..................................... 13

FIGURA 2.10 – DESPASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS – INÍCIO DA CORROSÃO (ADAPTADO DE [7]). .......... 13

FIGURA 2.11 – DESPASSIVAÇÃO DA PELÍCULA DE ÓXIDO DE FERRO E “RECICLAGEM” DOS CLORETOS

(ADAPTADO DE [15]). ............................................................................................................. 14

FIGURA 2.12 – MODELO SIMPLIFICADO DO PROCESSO DE CORROSÃO (ADAPTADO DE [15]). ............... 15

FIGURA 2.13 – CORROSÃO “NEGRA” [21]. ....................................................................................... 16

FIGURA 3.1 – ÂNODO DE SACRIFÍCIO EMBEBIDOS (ADAPTADO DE [27]). ............................................. 21

FIGURA 3.2 – ESQUEMA DA PROTECÇÃO CATÓDICA POR ÂNODO DE SACRIFÍCIO (ADAPTADO DE [15]). . 21

FIGURA 3.3 – ESQUEMA DA APLICAÇÃO DA PROTECÇÃO CATÓDICA POR CORRENTE IMPRESSA (ADAPTADO DE

[25]). .................................................................................................................................... 22

FIGURA 3.4 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA DESSALINIZAÇÃO (ADAPTADO DE [25]). ................. 23

FIGURA 3.5 – APLICAÇÃO DE INIBIDORES (ADAPTADO DE [28]). ......................................................... 25

FIGURA 3.6 – FORMAÇÃO DO ÂNODO INCIPIENTE DEPOIS DA REPARAÇÃO (ADAPTADO DE [15]). .......... 26

FIGURA 3.7 – MÉTODOS DE REMOÇÃO DE BETÃO (ADAPTADO DE [23 E 27]). ..................................... 27

FIGURA 3.8 – MÉTODOS DE LIMPEZA (ADAPTADO DE [22 E 30]). ....................................................... 28

FIGURA 3.9 – PERDA DE SECÇÃO DEVIDO À CORROSÃO (ADAPTADO DE [27]). ................................... 28

FIGURA 3.10 – MATERIAL DE REPARAÇÃO DE FENDAS (ADAPTADO DE [27]). ...................................... 29

FIGURA 3.11 – TÉCNICAS DE PROTECÇÃO SUPERFICIAL – IMPREGNAÇÃO (ADAPTADO DE [23]). .......... 30

FIGURA 3.12 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DA PROTECÇÃO SUPERFICIAL POR REVESTIMENTO [27]. . 31

FIGURA 3.13 – TELAS BETUMINOSAS [27]. ....................................................................................... 31

FIGURA 3.14 – REFORÇO DE VIGA A FLEXÃO POR ENCAMISAMENTO DE BETÃO [31]. ........................... 32

FIGURA 3.15 – REFORÇO DE VIGAS À FLEXÃO E AO ESFORÇO TRANSVERSO (ADAPTADO DE [29]). ...... 32

FIGURA 3.16 – ESPESSURA A BETONAR EM FUNÇÃO DO TIPO DE MATERIAL (ADAPTADO DE [29]). ....... 35

FIGURA 3.17 – VERIFICAÇÃO DA LIGAÇÃO BETÃO-BETÃO NOVO – ENSAIO PULL-OFF (ADAPTADO DE [30]).

............................................................................................................................................ 37

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FIGURA 3.18 – MODELO DE CÁLCULO DE UMA VIGA REFORÇADA À FLEXÃO POR ENCAMISAMENTO DE BETÃO.

............................................................................................................................................ 37

FIGURA 3.19 – MODELO DE CÁLCULO DE VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA DA LIGAÇÃO. ......................... 38

FIGURA 3.20 – ALTURA ÚTIL DO REFORÇO PARA O CÁLCULO DO ESFORÇO TRANSVERSO RESISTENTE

(ADAPTADO DE [29]). ............................................................................................................. 40

FIGURA 3.21 – REFORÇO ESTRUTURAL POR COLAGEM DE CHAPAS METÁLICAS [34]. .......................... 40

FIGURA 3.22 – REFORÇO À FLEXÃO COM DIMENSÕES RECOMENDADAS (ADAPTADO DE [36]). ............. 42

FIGURA 3.23 – REFORÇO AO ESFORÇO TRANSVERSO COM DIMENSÕES RECOMENDADAS (ADAPTADO DE [36]).

............................................................................................................................................ 42

FIGURA 3.24 - CHAPAS METÁLICAS [23]. ......................................................................................... 43

FIGURA 3.25 – MODELO DE CÁLCULO PARA APLICAÇÃO DO REFORÇO POR COLAGEM DE CHAPAS METÁLICAS.

............................................................................................................................................ 44

FIGURA 3.26 – DIAGRAMA DE FORÇAS NA INTERFACE DO ELEMENTO A REFORÇAR (ADAPTADO DE [36]).45

FIGURA 3.27 – FORMAS PRINCIPAIS DOS FRPS [37 E 38]. ............................................................... 46

FIGURA 3.28 – REFORÇO DE VÁRIOS ELEMENTOS COM CFRPS (ADAPTADO DE [39]). ........................ 47

FIGURA 3.29 – S&P LAMINADO DE FIBRA DE CARBONO [41]. ............................................................ 48

FIGURA 3.30 – REFORÇO À FLEXÃO POR COLAGEM DE CFRPS. ....................................................... 49

FIGURA 3.31 – TÉCNICAS DE CONTROLO DA APLICAÇÃO [38]. ........................................................... 51

FIGURA 3.32 – MODOS DE ROTURA NO REFORÇO POR CFRPS [39]. ................................................ 51

FIGURA 3.33 – MODOS DE ROTURA EM ESTRUTURAS REFORÇADAS À FLEXÃO COM LAMINADOS/MANTAS

(ADAPTADO DE [39]). ............................................................................................................. 52

FIGURA 3.34 – MODELO DE CÁLCULO PARA O DIMENSIONAMENTO DO REFORÇO À FLEXÃO POR COLAGEM DE

LAMINADOS CFRPS. ............................................................................................................. 52

FIGURA 4.1 – VIADUTO DE LIGAÇÃO AO ESTALEIRO NAVAL (ADAPTADO DE [18]). ................................ 55

FIGURA 4.2 – CORTE TRANSVERSAL DO VIADUTO (ADAPTADO DE [18]). ............................................. 55

FIGURA 4.3 – FENDILHAÇÃO DA VIGA LATERAL. ................................................................................ 56

FIGURA 4.4 – DELAMINAÇÃO DA VIGA LATERAL DO LADO POENTE. .................................................... 56

FIGURA 4.5 – FENDILHAÇÃO DA TRAVESSA. ..................................................................................... 56

FIGURA 4.6 – DETERIORAÇÃO DA PINTURA DOS GUARDA-CORPOS [19]. ............................................ 56

FIGURA 4.7- PAVIMENTO DO VIADUTO. ............................................................................................ 56

FIGURA 4.8 – ELEMENTOS DE BARRA LINEARES (VIGA, TRAVESSA E ESTACA). ................................... 57

FIGURA 4.9 – MODELO COM AS VIGAS E TRAVESSAS A COINCIDIR COM O TOPO DA LAJE. .................... 57

FIGURA 4.10 – DISCRETIZAÇÃO DAS MOLAS NAS ESTACAS. .............................................................. 58

FIGURA 4.11 – PORMENOR EM PLANTA E EM CORTE DA PRÉ-LAJE (ADAPTADO DE [18]). ..................... 64

FIGURA 4.12 – CORTE DA VIGA (ADAPTADO DE [18]). ....................................................................... 65

FIGURA 4.13 – DEFORMAÇÕES NA LAJE DO TABULEIRO. ................................................................... 67

FIGURA 4.14 – CORTE DA VIGA (ZONA DO APOIO A), ZONA DO VÃO B)) (ADAPTADO DE [18]). ............... 67

FIGURA 4.15 – ENVOLVENTE DOS MOMENTOS FLECTORES. .............................................................. 68

FIGURA 4.16 – ENVOLVENTE DOS ESFORÇOS TRANSVERSOS. .......................................................... 69

FIGURA 5.1 – PORMENORIZAÇÃO DA SOLUÇÃO A APLICAR NO VIADUTO. ............................................ 73

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FIGURA 5.2 – PORMENORIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE REFORÇO POR CHAPAS METÁLICAS. ...................... 74

FIGURA 5.3 – PORMENORIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE REFORÇO COM DOIS CONECTORES. ...................... 76

FIGURA 5.4 – VIGA REFORÇADA COM DOIS LAMINADOS (AF=2,24 CM2). ............................................ 76

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 2.1 – COMPOSTOS QUÍMICOS DE ELEVADA ALCALINIDADE. ............................................................. 12

TABELA 3.1 – PRINCÍPIOS DE REPARAÇÃO (ADAPTADO DE [27]). ................................................................. 19

TABELA 3.2 – EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE REPARAÇÃO DEPENDO DO TIPO DE ANOMALIA

(ADAPTADO DE [27]). ....................................................................................................................... 19

TABELA 3.3 – MÉTODOS DE REMOÇÃO DE BETÃO (ADAPTADO DE [32]). ....................................................... 34

TABELA 3.4 – MÉTODOS DE LIMPEZA DA SUPERFÍCIE DE BETÃO (ADAPTADO DE [32]). .................................. 34

TABELA 3.5 – COEFICIENTES QUE DEPENDEM DA RUGOSIDADE DA SUPERFÍCIE (ADAPTADO DE [45]). ........... 39

TABELA 4.1 – GRANDEZAS DO COEFICIENTE NH EM FUNÇÃO DO TIPO DE SOLO (ADAPTADO DE [20]). ............. 58

TABELA 4.2 – RIGIDEZ DAS MOLAS NAS ESTACAS NOS ENCONTROS. ........................................................... 59

TABELA 4.3 – RIGIDEZ DAS MOLAS NAS RESTANTES ESTACAS DO VIADUTO. ................................................. 59

TABELA 4.4 – CALCULO DAS REACÇÕES VERTICAIS DEVIDO AO PESO PRÓPRIO. ........................................... 60

TABELA 4.5 – FREQUÊNCIAS OBTIDAS ATRAVÉS DO MODELO. ..................................................................... 60

TABELA 4.6 – MATERIAIS PRESENTES NO VIADUTO .................................................................................... 62

TABELA 4.7 – PESO PRÓPRIO E RESTANTES CARGAS PERMANENTES DO TABULEIRO. ................................... 62

TABELA 4.8 – CARACTERÍSTICAS DOS ESPECTROS CONSIDERADOS NA ANÁLISE SÍSMICA. ............................ 63

TABELA 4.9 – MOMENTOS RESISTENTES DAS PRÉ-LAJES. ........................................................................... 64

TABELA 4.10 – ESFORÇOS RESISTENTES DAS VIGAS PRÉ-FABRICADAS. ...................................................... 65

TABELA 4.11 – MOMENTOS RESISTENTES DA LAJE EM AMBAS AS DIRECÇÕES. ............................................. 66

TABELA 4.12 – MOMENTOS ACTUANTES NA LAJE EM AMBAS AS DIRECÇÕES. ............................................... 66

TABELA 4.13 – ESFORÇOS RESISTENTES NA ZONA DO APOIO E DO VÃO. ..................................................... 68

TABELA 4.14 – MOMENTOS MÁXIMOS. ....................................................................................................... 68

TABELA 4.15 – ESFORÇOS TRANSVERSOS MÁXIMOS. ................................................................................. 69

TABELA 5.1 – MATERIAIS UTILIZADOS NO REFORÇO POR ENCAMISAMENTO. ................................................. 71

TABELA 5.2 – PRESSUPOSTOS UTILIZADOS NO CÁLCULO DA ARMADURA EQUIVALENTE. ............................... 71

TABELA 5.3 – MATERIAL UTILIZADO NO REFORÇO POR COLAGEM DE CHAPAS METÁLICAS. ............................ 73

TABELA 5.4 – PRESSUPOSTOS UTILIZADOS NO CÁLCULO DA ARMADURA EQUIVALENTE. ............................... 73

TABELA 5.5 – CARACTERÍSTICAS DO CONECTOR. ...................................................................................... 74

TABELA 5.6 – CARACTERÍSTICAS DOS CONECTORES. ................................................................................. 75

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Abreviaturas e símbolos

Acrónimos

ACI – American Concrete Institute, Detroit (USA)

CFRP – Carbon fiber reinforced polymer

EBR – Externally-bonded reinforcement

EC2 – Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de Betão

FIB – Federation Internationale du Béton

FRP – Fiber reinforced polymer

LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil

RAA – Reacção álcali-agregado

REBAP – Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado

Letras Latinas maiúsculas

As – Área da secção transversal da armadura ordinária de tracção

Af – Área da secção transversal do laminado

As,eq – Área equivalente de reforço (varões e reforço externo)

As,i – Área da secção transversal da armadura inicial

As,r – Área da secção transversal da armadura de reforço (varões e reforço externo)

As,tot – Área total de aço da armadura longitudinal

Asw/s – Área de armadura de esforço transverso por metro linear

Asw/si – Área de armadura de esforço transverso por metro linear inicial

Asw/sr – Área de armadura de esforço transverso por metro linear de reforço

Ainf – Área de influência

B – Diâmetro da estaca

D – Comprimento da estaca

Ef – Módulo de elasticidade do reforço FRP a utilizar no reforço

Efu – Módulo de elasticidade na rotura

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Fc – Força de compressão no betão

Fsi – Força de tracção nas armaduras iniciais

Fsr – Força de tracção no reforço

Fsd – Força na chapa metálica correspondente ao valor de cálculo

Fr – Força resistente de tracção no apoio

Ft – Força de tracção

K – Rigidez do terreno

K(Z) - Módulo de reacção horizontal do terreno, função da profundidade z

L – Comprimento de transmissão de tensões

Linf – Comprimento de influência

Llaje – Comprimento da pré-laje

Mcr – Momento de início de fendilhação

Mrd – Momento flector resistente

Mserv – Momento flector em condições de serviço

M(x) – Variação do momento ao longo do elemento

N – Esforço axial

Nfa,max - Força máxima de tracção do laminado

P – Perímetro da estaca

Pp – peso próprio

Psd – Valor de cálculo das solicitações actuantes

Rd – Valor de cálculo inicial de resistência do conector

SEk – Valor característico da acção sísmica. Para esta acção não se considera nenhum coeficiente

parcial de segurança visto que o espectro de resposta respectivo já vem majorado de acordo com o

Eurocódigo 8

Sc – Sobrecarga construtiva

Sd – Valor de cálculo do esforço actuante

SGi,k – Valor característico de cada esforço correspondente às acções permanentes

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SQi,k – Valor característico de cada esforço correspondente à acção variável base

SQi,k – Valor característico de cada esforço correspondente às acções variáveis acompanhantes

Vsd – Valor de cálculo de esforço transverso actuante

VRd – Valor de cálculo de esforço transverso resistente

VRdi – Valor de cálculo de esforço transverso resistente inicial

VRdr – Valor de cálculo de esforço transverso resistente do reforço

VRdmax

– Valor de cálculo de esforço transverso resistente máximo

VRd,b – Valor de cálculo de resistência ao corte dos conectores

Z – Profundidade do terreno

Letras Latinas Minúsculas

al – translação do diagrama de forças

br – Largura da secção reforçada

bi – Largura da secção antes do reforço

bf – Largura da lâmina de reforço de FRP

bs – Largura da chapa de aço de reforço à flexão

c – Parâmetro relacionado com a rugosidade da superfície

c1 – Constante interveniente na expressão de Nfa,max que pode ser obtida por teste de calibração

c2 – Constante interveniente na expressão de Nfa,max que pode ser obtida por teste de calibração

d – Altura útil da secção

deq – Altura útil equivalente da secção reforçada

di – Altura útil da secção reforçada relativamente à armadura existente

dr – Altura útil da secção reforçada relativamente à armadura de reforço

e - espessura

fa – Factor de redução da resistência dos conectores referente ao espaçamento

fb – Factor de redução da resistência dos conectores referente à classe de betão

fcbd – Valor de cálculo da tensão de aderência do betão

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xix

fcd – Valor resistência da cálculo tensão de rotura à compressão do betão

fck – Valor característico da tensão de rotura à compressão do betão

fcm – Tensão de rotura à compressão média de provetes cilíndricos de betão

fctk – Valor característico da tensão de rotura à tracção do betão

fctm – Tensão de rotura à tracção média do betão

ffd – Valor de cálculo da tensão do FRP

fyd – Valor de cálculo da tensão de cedência de tracção da armadura

fydi – Valor de cálculo da tensão de cedência de tracção da armadura existente

fydr – Valor de cálculo da tensão de cedência de tracção da armadura de reforço

hlaje – espessura da laje

kb – Factor que tem em conta a influência da geometria da zona de ancoragem de um sistema

FRP

kc – Factor que tem em conta as condições de execução do reforço da FRP

kh,fuste – Rigidez horizontal das molas inseridas ao nível dos nós da estaca

kv,fuste – Rigidez vertical das molas inseridas ao nível dos nós da estaca

kv,ponta – Rigidez vertical da mola inserida na ponta da estaca

ls – Representa a distância da secção de esforço máximo à extremidade da chapa

lb,max – Comprimento de amarração máximo

n – número de conectores

nh – Taxa de variação do coeficiente de reacção do solo em profundidade

tf – Espessura da fibra de FRP

tg – Espessura da resina de colagem

ts – Espessura da chapa de reforço

x – Posição do eixo neutro

zi – Braço de uma secção de betão relativamente à armadura existente

zr – Braço de uma secção de betão relativamente à armadura de reforço

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xx

zeq – Braço equivalente de uma secção reforçada

Letras Gregas

α – Coeficiente redutor para ter em conta a influência das fendas de corte na resistência de aderência

c – Extensão do betão

cu2 – Extensão última do betão

s – Extensão efectiva do aço

sy – Extensão de cedência do aço existente

is – Extensão nas armaduras existentes

rs – Extensão nas armaduras de reforço

f,min – Extensão mínima no laminado de FRP

f,e – Extensão efectiva do FRP

fk,e – Extensão efectiva característica do FRP

fd,e – Extensão efectiva de cálculo do FRP

δ – coefiente de redistribuição

ΔTeq – Temperatura equivalente

f – Coeficiente de minoração das propriedades resistentes do material FRP

g – Coeficiente parcial relativo à acção permanente;

q – Coeficiente parcial relativo à acção variável;

Ψ0 – Coeficiente para a determinação do valor de combinação de acção variável.

Ψ1 – Coeficiente para a determinação do valor frequente de acção variável.

Ψ2 – Coeficiente para a determinação do valor quase permanente de acção variável.

n,M – Coeficiente redutor do monolitismo de estruturas reforçadas à flexão

n,V – Coeficiente redutor do monolitismo de estruturas reforçadas ao esforço transverso

ρ – Taxa de armadura

ρf – Percentagem de reforço com FRP

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xxi

c – Tensão de compressão do betão;

1 – Tensão tangencial na secção do betão existente

2 – Tensão tangencial entre o betão de adição e o betão inicial

b – Tensão de corte na ligação FRP/Betão

rd – tensão tangencial resistente

rd,ec2 – tensão tangencial resistente segundo eurocódigo 2

μ – Parâmetro relacionado com a rugosidade da superfície

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xxii

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1

1 Introdução

1.1 Enquadramento do tema

Actualmente, o investimento em novas obras de engenharia tem cada vez menos expressão dentro

do sector da construção. Em Portugal, este sector incidia muito na realização de construções novas,

mas tendo em conta a situação actual do país e consequente afectação deste mercado [1], a

reabilitação tem assumido maior importância, levando ao desenvolvimento e implementação das

técnicas de reparação e/ou reforço de estruturas existentes.

A utilização de técnicas de reparação e reforço em estruturas existentes está frequentemente

relacionada com a sua deterioração, perdendo as características iniciais para o qual foram

dimensionadas. O grau de degradação deve-se, diversas vezes à falta de manutenção, muitas vezes

combinada com acções de acidente ou sismos, bem como erros associados à construção e/ou

projecto deficiente [2].

Frequentemente a combinação de deterioração com a mudança de funcionalidade da estrutura pode

levar à necessidade de reparação, com aplicação de reforço estrutural para poder desempenhar com

segurança as novas funções.

Com o intuito de estudar a aplicação das técnicas de reforço aplicadas ao longo dos anos, nesta

dissertação é analisado um viaduto de ligação ao estaleiro da Mitrena onde se estudam várias

alternativas de reparação e reforço a aplicar no caso em estudo.

De um modo geral, as pontes são projectadas para um tempo de vida útil que poderá ser

compreendido entre 50 ou 100 anos. No entanto, devido às razões já referidas nos parágrafos

anteriores, poderão mostrar deterioração condicionante em poucos anos de utilização. Essa

deterioração pode estar relacionada com o ambiente onde está inserida e/ou aumento do volume de

tráfego, ou até mesmo a mudança de regulamentação (EC2 e REBAP).

No caso em estudo a estrutura encontra-se exposta a um ambiente marítimo, extremamente

agressivo para estruturas em betão armado. Quando as estruturas estão expostas a este tipo de

ambiente, a deterioração das mesmas está relacionada, em geral, com o ataque dos cloretos.

Quando a estrutura está sujeita ao ambiente marítimo, os iões cloreto podem penetrar para o interior

do betão e alcançar as armaduras, atingindo um valor crítico que, juntamente com a presença de

oxigénio, leva a corrosão das armaduras.

A deterioração por corrosão pode ter duas consequências: com a corrosão das armaduras, estas

aumentam de volume e podem originar fendas no betão ou levar à delaminação da camada de

recobrimento; outra consequência passa pela perda da capacidade resistente da estrutura para a

qual foi dimensionada. A corrosão devido aos cloretos é um fenómeno que não esta limitado ao

nosso país, apresentando sérias consequências financeiras a nível mundial.

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2

Assim, de modo a manter a vida útil da estrutura para o qual foi projectada e evitar custos extras

relacionados com a manutenção/reparação da mesma, deve-se restringir a penetração dos cloretos.

Como a corrosão é um fenómeno que se propaga a grandes velocidades, quanto mais tarde se der o

seu início, menos sujeita estará a estrutura a uma possível deterioração.

A penetração dos cloretos no interior do betão apenas acontece em meio líquido. Assim sendo, se os

poros não estiveram preenchidos com água, não existirá penetração [5]. O transporte dos cloretos

pode ocorrer através de vários mecanismos, influenciados por uma série de factores que serão

mencionados mais à frente neste documento.

Antes de se proceder à aplicação de uma determinada solução de reabilitação é necessário fazer

uma recolha de informação pormenorizada acerca da estrutura existente. Como o levantamento da

estrutura existente não corresponde ao objectivo do presente trabalho, tirou-se partido do

levantamento de anomalias realizado em 2010 [18].

Com base nesse levantamento e para melhor compreender a resposta às cargas a que o viaduto está

sujeito, procedeu-se à modelação da estrutura utilizando o programa de cálculo automático [43], onde

se pode analisar o seu comportamento, permitindo assim uma avaliação mais rigorosa do seu

desempenho. Este estudo prático prendeu-se com a necessidade de, face às exigências do mercado

e à complexidade do processo de reabilitação, o autor desenvolver as suas competências como

engenheiro de estruturas.

Posto isto, uma vez aferida a necessidade de reparação e/ou reforço da estrutura, estudam-se as

possíveis técnicas de reforço a implementar no viaduto em estudo. Ao longo dos vários anos têm sido

aplicadas diferentes técnicas, sendo que para o caso em estudo, as técnicas a aplicar se enumeram

em seguida: o encamisamento de betão, uma técnica eficiente, tanto para reforço como protecção da

estrutura, embora envolva uma quantidade de trabalho significativa e condicione o funcionamento da

estrutura; o reforço por colagem de chapas metálicas, uma técnica simples e também eficiente,

contudo apresenta como principal desvantagem a dificuldade da ligação das chapas ao betão e a

corrosão das chapas, sendo necessário aplicar uma protecção contra a corrosão.

Em alternativa ao reforço com das chapas metálicas, pode-se optar por aplicar os CFRPs, pois estes

não apresentam problemas de corrosão, tornando a solução mais fácil de ser aplicada. No entanto o

problema de ligação do reforço ao betão é um aspecto importante a equacionar. Apesar de grandes

vantagens em termos de execução, os CFRPs necessitam de protecção contra incêndio e aos raios

UV [4].

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3

1.2 Motivação e Objectivos

Uma vez que, actualmente, o parque de construções existentes é muito vasto, cada vez há mais

interesse em reabilitar as estruturas. Assim, esta dissertação tem como objectivo principal o estudo

das diferentes fases de um projecto de reabilitação, dando especial ênfase a três técnicas de reforço

estrutural.

Com base no objectivo principal a metodologia seguida no presente trabalho pode ser sintetizada nas

seguintes fases:

- Descrição das principais anomalias e as suas causas da deterioração em estruturas expostas a

ambiente marítimo.

- Descrição das principais etapas de um projecto de reabilitação e desenvolvimento dos sistemas e

técnicas de reparação e reforço de estruturas de betão armado.

- Avaliação do estado do viaduto de ligação.

- Dimensionamento das três técnicas de reforço estrutural estudadas, incluindo os métodos de cálculo

e disposição de armaduras.

1.3 Organização do trabalho

A presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos, referências bibliográficas e um

conjunto de anexos que contêm cálculos e informações complementares ao texto principal.

Seguidamente, descrevem-se sumariamente os referidos capítulos.

- No primeiro, faz-se uma pequena introdução que procura contextualizar os objectivos propostos no

presente trabalho. Neste capítulo apresentam-se também as motivações e objectivos e a estrutura da

presente dissertação.

- No segundo, é feita uma descrição das principais anomalias e causas da deterioração de estruturas

em estruturas expostas a ambiente marítimo. Neste capítulo é ainda estudado a penetração dos

cloretos e a consequente corrosão das armaduras.

- No terceiro, apresentam-se as principais fases de um projecto de reabilitação de estruturas. Neste

capítulo são estudadas as principais técnicas de protecção, reparação e reforço estrutural.

- No quarto capítulo descrevem-se as principais patologias detectadas no caso de estudo e é feita

uma avaliação de segurança.

-No quinto, são dimensionadas as soluções estudadas e referenciadas no capítulo três, onde é

apresentado os métodos de cálculo e disposições das armaduras para cada solução.

- Por último, no sexto capítulo retiram-se as conclusões acerca do trabalho desenvolvido.

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4

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5

2 Durabilidade de estruturas expostas a ambiente marítimo

2.1 Deterioração de estruturas expostas a ambiente marítimo

Apesar de o betão armado apresentar grandes vantagens em termos de durabilidade e custos de

execução, quando associado a estruturas expostas a ambiente marítimo requer alguns cuidados

especiais no que se refere à protecção da estrutura (ver Figura 2.1), uma vez que se encontra num

ambiente muito agressivo. Essa agressividade deve-se a múltiplos agentes existentes no ambiente

em questão, devido à constante presença de sais dissolvidos na água que causam diversos

mecanismos de deterioração nas estruturas de betão. Estas condições adversas podem condicionar

a vida útil da estrutura provocando na maioria das estruturas expostas níveis de degradação

significativos nos primeiros anos de utilização. Contudo, a principal causa da degradação nas

estruturas de betão expostas a este tipo de ambiente passa pela deficiente avaliação das acções

provenientes do ambiente em questão. Este tipo de exposição tem vindo a ser uma problema

mundial, uma vez que os custos de reparação e/ou manutenção são elevados e têm apresentado

grande impacto na economia dos países.

Figura 2.1 – Principais factores que influenciam a durabilidade das estruturas (adaptado de [7]).

Durabilidade

Projecto de Estruturas:

- Cofragem

- Pormenorização

Materiais:

- Betão

- Aço

Execução:

- Performance dos operários

Cura:

- Humidade

- Calor

Natureza e Distribuição dos

poros

Mecanismos de transporte

Deterioração do betão

Deterioração das armaduras

Física

Química e Biológica

Corrosão

Desempenho Resistência Rigidez

Condições superfíciais

Segurança Funcionalidade Aspecto

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É importante perceber que as estruturas expostas a este tipo de ambiente podem ser susceptíveis a

um número variado de acções que dependem das condições de exposição da estrutura. Com a acção

do vento este ambiente pode estender-se até grandes distâncias da costa, dependendo também das

condições climáticas. No ambiente marítimo podem considerar-se 4 zonas de exposição: zona

atmosférica, zona de rebentação, zona de maré e zona submersa. A estas zonas microclimáticas

estão normalmente associados os mecanismos de deterioração (ver Figura 2.2).

Figura 2.2 – Representação esquemática de uma estrutura de betão armado exposta à água do mar (adaptado de [8]).

Como se pode ver pela Figura 2.2, a zona atmosférica não se encontra em contacto directo com a

água do mar. Contudo o betão, pela acção do vento e da rebentação das ondas, fica exposto à acção

dos sais. Esta zona pode afectar estruturas afastadas da costa, que apesar da distância podem ficar

expostas aos agentes agressivos da água do mar. O principal mecanismo de deterioração é a

corrosão das armaduras associada à elevada concentração de cloretos. A corrosão da armadura

pode também ser provocada pela carbonatação, embora, em comparação com os cloretos, esta

apresente uma agressividade muito inferior.

O microclima seguinte, que se situa abaixo da zona anterior denomina-se por zona de rebentação.

Nesta zona o betão está sujeito a ciclos de molhagem e secagem da água do mar, criando-se assim

um ambiente de exposição onde a corrosão das armaduras se desenvolve com maior velocidade e a

erosão do betão pode ser significativa. A erosão está associada ao impacto das ondas e ao facto de,

por vezes, a água transportar materiais sólidos.

Mais uma vez, tendo em conta a Figura 2.2, a zona seguinte denomina-se zona de maré. Esta zona

também expõe o betão a ciclos de molhagem e secagem, embora este permaneça grande parte do

Condições de exposição

Mecanismos de Deterioração

Corrosão das armaduras

Corrosão das armaduras

Erosão do betão

Corrosão das armaduras

Ataque químico e biológico

Erosão do betão

Ataque químico

Ataque biológico

Zona atmosférica

Zona de rebentação

Zona de maré

Zona submersa

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dia submerso, estando praticamente saturado. A deterioração do betão ocorre devido à presença dos

sais agressivos, corrosão das armaduras, impacto da água (ondas ou outras substâncias em

suspensão) e microorganismos marinhos. Estas condições provocam o ataque químico e biológico no

betão, bem como a erosão do mesmo.

Por último, tem-se a zona submersa onde o betão está completamente submerso, logo encontra-se

saturado e não terá problemas relevantes de corrosão. Nesta zona, a degradação do betão deve-se a

ataques químicos (sulfatos e magnésio) e, tendo em conta a presença dos microorganismos, a

ataques biológicos [8].

Assim, é necessário que o betão apresente a qualidade necessária de modo a garantir uma

capacidade resistente às acções impostas pelos agentes presentes, possibilitando que a estrutura

alcance a vida útil para o qual foi projectada. As acções associadas a estes agentes actuam

normalmente em simultâneo, onde a água salgada é o principal responsável pelos processos físicos e

químicos que prejudicam o desempenho da estrutura. Nos subcapítulos seguintes explicam-se os

problemas associados ao processo mais relevante para o caso em estudo.

2.1.1 Processos Químicos

Como já foi referido anteriormente, a deterioração do betão em ambiente marítimo deve-se à

agressividade do meio, que conduz a vários tipos de reacções químicas a que a pasta de cimento é

sujeita. Este fenómeno resulta da interacção da água do mar com os vários constituintes da pasta de

cimento.

Os sais que se encontram dissolvidos na água do mar são os principais responsáveis pela

agressividade química que pode dar origem à redução da resistência do betão e à corrosão das

armaduras (ver Figura 2.3). Como elementos químicos mais prejudiciais podem-se considerar os

cloretos, sulfatos e iões de magnésio [9].

Figura 2.3 – Ataque químico no betão [21].

2.1.1.1 Ataque pela água do mar

O betão sofre deterioração quando em contacto com água do mar devido à grande quantidade de

iões agressivos (Cl-, Na

+, K

+, etc.) presentes na água. Essa deterioração deve-se às reacções

químicas que ocorrem entre os iões agressivos e a pasta de cimento. Essa reacção pode originar

uma diminuição de resistência do betão e a corrosão das armaduras [7].

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2.1.1.2 Ataque dos sulfatos

A presença de sulfatos de sódio, cálcio ou magnésio, quer no solo na forma sólida, quer em solução

nas águas freáticas, é muito comum no ambiente marítimo. Os iões sulfato presentes na solução são

os responsáveis pelo ataque no betão.

As reacções relacionadas com os sulfatos podem ter origem interna, devido à existência de sulfatos

no exterior e com os sulfatos presentes no próprio betão (composição da pasta de cimento).

As reacções químicas que resultam da combinação dos sulfatos com os aluminatos da pasta de

cimento originam uma reacção muito expansiva, formando-se sobretudo etringite e algum gesso,

provocando o aumento de volume do betão e causando o aparecimento de fendas e/ou delaminação

do betão [6]. Contudo, o ataque de sulfatos em ambiente marítimo não apresenta a mesma gravidade

em comparação com os outros casos. Isto deve-se à presença dos cloretos que inibem as reacções

expansivas, uma vez que, numa solução com cloretos, o gesso e a etringite são mais solúveis [7].

2.1.1.3 Reacções com os álcalis

As reacções dos álcalis com alguns tipos de agregados são reacções expansivas, embora com uma

ligeira diferença face ao caso anterior. A deterioração do betão não acontece devido ao

enfraquecimento da pasta de cimento, mas sim, através de um gel que se forma no agregado

provocando o aumento de volume e consequente degradação do betão.

Alguns dos agregados do betão contêm sílica (Na2SiO3 ou K2SiO3), solúvel em soluções de elevado

teor alcalino, que ao reagirem entre si, podem originar um gel capaz de absorver uma quantidade de

água considerável, que provoca a sua expansão originando a fendilhação no betão [13]. Este

fenómeno pode não ser suficiente para causar problemas estruturais associados a deformações ou

perdas de capacidade resistente, contudo ao causar a fendilhação no betão permite a rápida

penetração dos elementos agressivos que atacam a pasta de cimento e as armaduras [8].

É de importância referir que o problema associado aos ataques químicos depende principalmente de

uma fase inicial, a penetração dos agentes agressivos no interior do betão. Depois dessa fase

ocorrem as reacções com os produtos hidratados da pasta de cimento. Assim, a permeabilidade do

betão tem particular importância, influenciando a velocidade de penetração.

2.2 Penetração dos cloretos

A principal causa da deterioração do betão em ambiente marítimo é a contaminação do betão por

cloretos que provoca a corrosão das armaduras. Como já foi referido no capítulo anterior, a

degradação das estruturas no ambiente marítimo é um problema mundial que conduz a elevados

custos de reparação, o que levou a uma investigação mais aprofundada nos últimos anos.

Para perceber a evolução da degradação das estruturas é preciso compreender que existem duas

fases importantes: a fase associada ao início da penetração dos cloretos no interior do betão e a

propagação para as armaduras, causando a corrosão das mesmas. No ambiente marítimo a primeira

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9

fase é a que condiciona a vida útil da estrutura de betão, uma vez que as velocidades de corrosão

são geralmente muito elevadas [3].

A penetração dos cloretos para o interior do betão pode ocorrer por diferentes mecanismos

dependendo do ambiente a que a estrutura está exposta, bem como o teor de humidade do betão,

onde os mecanismos podem actuar isoladamente ou combinados (ver Figura 2.4). De modo a

perceber este problema temos que compreender os vários mecanismos de transporte.

Figura 2.4 – Principais factores que envolvem o transporte de cloretos (adaptado de [11]).

2.2.1 Mecanismos de transporte

Em estruturas como pontes e viadutos, o betão da infra-estrutura está constantemente exposto a

ciclos de molhagem e secagem, e nestas condições a penetração dos cloretos ocorre

maioritariamente por absorção e difusão. A penetração dos cloretos é fortemente influenciada pela

sequência e duração dos ciclos de molhagem e secagem, onde as condições do ambiente são muito

importantes no grau de secagem. Posto isto, o transporte dos cloretos apenas acontece no meio

liquido, através da estrutura porosa do betão, mais concretamente através dos poros capilares e/ou

fendas [3 e 10].

Como mecanismos mais comuns podem-se considerar a permeação, absorção e difusão. Em pontes

e viadutos, na zona atmosférica, a estrutura está sujeita a ciclos de secagem e molhagem com a

água da chuva, sendo mais comum que os cloretos cheguem ao interior do betão inicialmente por

absorção e, posteriormente por difusão [10].

Posto isto, será referido nos parágrafos seguintes mais em pormenor como ocorrem os mecanismos

de transporte.

2.2.1.1 Permeação

O transporte de cloretos ocorre por permeação quando a estrutura está sujeita ao contacto de

líquidos sobre pressão hidrostática. Tal pode acontecer em zonas submersas em ambiente marítimo

onde a pressão é elevada. A permeabilidade depende da porosidade do betão, do tamanho, forma e

distribuição dos poros (ver Figura 2.5). Assim, a permeabilidade depende dos factores que

Transporte de:

Água, Iões, Gases

Influenciado por:

Superficie de betão

Rede Porosa

Conectividade

Dimensão

Fendas Espessura

Exposição ambiental

Agentes Agressivos

Temperatura e Pressão

Poros Saturados

Mecanismo de

transporte

Permeabilidade

Absorção

Difusão

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10

influenciam a estrutura da pasta de cimento, como a razão água/cimento, cura, tipo e dosagem de

cimento, agregados, tipo e granulometria, compactação e protecção [6].

Figura 2.5 - Representação da permeação (betão submerso) (adaptado de [12]).

Sendo as pontes estruturas de betão que não se encontram em contacto com água sobre pressão

elevada, a permeação não é um dos mecanismos mais importantes.

2.2.1.2 Absorção

O transporte de líquidos em superfícies de betão não saturado, devido a forças capilares que

resultam da diferença de pressão entre a superfície livre de água no exterior e a superfície nos poros

capilares, denomina-se absorção. A absorção ou sucção capilar no betão não está apenas

relacionada com a porosidade do betão, mas também com o teor de humidade na pasta de cimento

[6].

Com a constante exposição aos ciclos de molhagem e secagem, aumenta a concentração de cloretos

nos poros do betão. Durante o período de secagem, a água evapora-se, permanecendo os cloretos

no interior dos poros (ver Figura 2.6). Por outro lado, no período de molhagem, a água é absorvida

provocando o aumento do teor de cloretos no interior do betão.

Pode dar-se ainda uma lavagem dos cloretos junto à superfície por acção da água das chuvas.

Figura 2.6 - Representação da sucção capilar no betão (adaptado de [12]).

A absorção como mecanismo de transporte tem maior significado, em ambiente marítimo, na zona de

rebentação, onde a estrutura se encontra exposta a períodos alternados de secagem e molhagem. A

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11

penetração dos cloretos por absorção vai ser fortemente influenciada pela duração dos períodos de

secagem e molhagem, humidade do betão e a sua porosidade [3].

2.2.1.3 Difusão

A difusão é um mecanismo de transporte onde os iões se deslocam por gradientes de concentração.

Esta só ocorre quando existe uma diferença de concentração de cloretos entre o exterior e o interior

do betão. Os iões são transportados das zonas de concentração elevadas para as zonas de

concentração mais baixas (ver Figura 2.7). Ao contrário da absorção e permeação, a penetração não

está associada ao transporte de água para interior do betão, mas sim ao movimento de iões na

solução dos poros do betão.

Figura 2.7 - Representação do transporte de cloretos por difusão de iões (adaptado de [12]).

Mais uma vez, para ocorrer este mecanismo é necessário que os poros contenham água. Quando o

betão se encontra saturado, onde o teor de humidade no interior do betão é suficiente para criar uma

rede contínua de capilares total ou parcialmente preenchidos água, o transporte predominante é a

difusão de iões. A difusão é fortemente influenciada pelo teor de humidade do betão, sendo máxima

em ambientes saturados, e reduzida ou mesmo nula em ambientes secos. Apesar do teor em água

ser o parâmetro que mais influencia a difusão, outros também tomam significado, como a dimensão e

continuidade da rede porosa [3].

A difusão como mecanismo de transporte tem maior significado em zonas submersas de ambiente

marítimo. A penetração de cloretos por difusão diminui gradualmente de importância nas zonas de

maré, rebentação e atmosférica.

Em estruturas onde as condições de exposição podem variar, uma vez que os elementos estruturais

podem estar ou não em contacto com água contaminada, é expectável que ocorra combinação de

mecanismos. Essas combinações envolvem a difusão, que pode ser combinada com a absorção e/ou

permeabilidade.

A difusão pode ocorrer com a absorção em condições não saturadas, onde ocorre a penetração por

absorção nas camadas superficiais e, posteriormente, a penetração dos cloretos nas camadas

interiores ocorre por difusão.

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A penetração de cloretos por permeação e difusão ocorre em condições saturadas, onde a estrutura

se encontra em contacto com água sob pressão e, uma vez que não existem forças capilares, a

penetração não ocorre por absorção.

Para além dos parâmetros já mencionados, como as condições de humidade e estrutura porosa, a

qualidade e espessura do betão de recobrimento das armaduras tem grande influência no fenómeno.

(a) (b)

Legenda 1 – Recobrimento

2 - Armadura

Figura 2.8 – Mecanismos de transporte relevantes na penetração de cloretos ao nível das armaduras (adaptado [3]).

Com base na Figura 2.8, verifica-se que o mecanismo predominante de transporte até às armaduras

varia com o tipo de recobrimento. Se a camada de recobrimento do betão for porosa e pouco

espessa, o mecanismo que tende a controlar a penetração dos cloretos ao nível das armaduras é a

absorção (ver Figura 2.8 (a)). Quando a camada é pouco porosa e com espessura elevada, a

penetração dos cloretos ao nível das armaduras é controlada pela difusão, uma vez que absorção é

apenas nas camadas superficiais (ver Figura 2.8 (b)).

2.3 Corrosão

O betão não contaminado normalmente fornece uma protecção às armaduras eficaz contra corrosão,

devido em grande parte à elevada alcalinidade do meio (ver Tabela 2.1). Essa alcalinidade deve-se

às reacções de hidratação da pasta de cimento que origina uma solução porosa, constituída por

hidróxido de cálcio e, em menor quantidade, de sódio e potássio. Por outro lado, o betão protege

também as armaduras através do recobrimento das mesmas, uma vez que funciona como barreira

contra a penetração dos agentes agressivos do ambiente onde se inserem as estruturas.

Tabela 2.1 – Compostos químicos de elevada alcalinidade.

Hidróxido de cálcio

pH 12,5 a 13,5 Hidróxido de sódio e potássio

Nestas condições é formada, na superfície das armaduras, uma camada microscopicamente fina de

óxido de ferro (γFe2O3) que protege as armaduras contra a corrosão. A essa camada dá-se o nome

Humidade no betão

Humidade no betão

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de película passiva (ver Figura 2.9). Contudo, a película pode ser destruída, ocorrendo a

despassivação das armaduras. Esse fenómeno pode ocorrer quando o pH da solução dos poros ao

nível das armaduras diminui para valores inferiores a 10-11, ou o teor de cloretos ultrapassa o valor

crítico (ver Figura 2.10). A redução do pH ocorre devido a carbonatação do betão.

Figura 2.9 – Protecção das armaduras no betão (adaptado de [7]).

Figura 2.10 – Despassivação das armaduras – início da corrosão (adaptado de [7]).

Embora a carbonatação não tenha tanto significado no ambiente marítimo como o ataque dos

cloretos, uma vez que em estruturas inseridas neste ambiente os cloretos normalmente penetram no

betão e causam a corrosão das armaduras muito antes da carbonatação, é importante fazer uma

breve descrição do fenómeno.

Película passiva (γ Fe2O3)

pH ≥ 12,5

Armadura

Corrosão não é possível

Dissolução da película passiva

Corrosão é possível

Cloretos

Cl- > valor crítico

Carbonatação

pH < 9

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A carbonatação é um processo no qual o dióxido de carbono presente na atmosfera penetra no

interior do betão e reage com os produtos alcalinos da pasta de cimento. Como outros gases, o

dióxido de carbono dissolve-se na água formando um ácido (ver equação 2.1). Este ácido neutraliza

os álcalis presentes na solução porosa (ver equação 2.2).

(2.1)

(2.2)

A reacção consome os produtos alcalinos (Ca(OH)2) e, por conseguinte, reduz o pH da água presente

nos poros da pasta de cimento. A presença dos hidróxidos de cálcio na solução dos poros do betão

permite manter o pH geralmente na ordem dos 12,5 e 13,5 (ver Tabela 2.1). Quando os hidróxidos de

cálcio reagem com o dióxido de carbono o pH diminui para um valor de cerca de 8,3 (inferior a 9).

Quando o pH em torno da superfície das armaduras atinge esse valor, a camada fina de óxido de

ferro é destruída e a corrosão pode ocorrer, desde que haja oxigénio e humidade suficiente para que

ocorram as reacções de corrosão [15 e 42].

Um dado importante a ter em conta na carbonatação é que, em ambiente marítimo, para além de

contribuir para o início da corrosão, tem influência na penetração dos cloretos. A carbonatação limita

a capacidade de fixação dos cloretos pela pasta de cimento, tendo um efeito negativo, uma vez que

origina o aumento do teor de cloretos livres na solução dos poros, acelerando a penetração dos

cloretos para o interior de betão, o que conduz a velocidades de corrosão mais elevadas [8].

No ataque dos cloretos é importante perceber a origem dos mesmos. Estes podem existir já na

mistura de betão ou podem penetrar para o interior do betão por difusão. Os cloretos podem estar

presentes no betão quando se usa água contaminada (água do mar) e/ou agregados contaminados

no fabrico do mesmo.

A despassivação da película protectora das armaduras devido ao ataque dos cloretos é diferente da

referida anteriormente relativa à carbonatação. Os iões de cloreto atacam a película passiva, mas não

existe diminuição do pH. Os cloretos actuam como um catalisador da corrosão quando existe uma

concentração suficiente de cloretos na superfície das armaduras capaz de destruir a película

protectora. Durante a despassivação, os cloretos não são consumidos no processo mas ajudam a

destruir a película passiva de óxido de ferro e assim permitindo que a corrosão aconteça com maior

rapidez (ver Figura 2.11).

Figura 2.11 – Despassivação da película de óxido de ferro (adaptado de [15]).

A presença de uma quantidade pequena de iões de cloretos não destrói a película protectora, por

isso o teor crítico de cloretos para activar o mecanismo da corrosão tem sido objecto de investigação

desde há muitos anos. A quantidade mínima de cloretos para se dar a despassivação das armaduras

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é função da razão entre cloretos e hidróxidos presentes na solução dos poros. Um valor normalmente

citado em literaturas obtido por Hausmann [16] para a razão entre os cloretos e os hidróxidos é de 0,6

para que a corrosão se inicie [15]. O valor de 0,4% de massa de cimento e 0,05 de peso de betão são

também valores muitas vezes mencionados e a ter em conta.

2.3.1 Processo de corrosão

O processo de corrosão ocorre quando a película passiva é destruída (despassivação). Uma vez

ocorrida a despassivação, tanto na carbonatação como no ataque dos cloretos, as reacções químicas

são as idênticas e originam o aparecimento de ferrugem na superfície das armaduras. Na maioria dos

processos de corrosão, o ataque químico das armaduras é habitualmente por acção electroquímica,

podendo ser comparado ao funcionamento de uma pilha, gerando um diferença de potencial.

Quando as armaduras no betão sofrem corrosão, o aço é dissolvido na solução dos poros e liberta

electrões (ver equação 2.3).

(2.3)

Os electrões libertados no ânodo têm de ser consumidos para se manter o equilíbrio eléctrico, não

sendo possível a acumulação de uma grande quantidade de carga eléctrica na superfície das

armaduras. Assim a armadura funciona como um condutor eléctrico, encaminhando os electrões para

que outra reacção possa ocorrer (ver equação 2.4).

(2.4)

No cátodo, os electrões reagem com a água e oxigénio, sendo gerados iões de hidróxido que

aumentam a alcalinidade e, por conseguinte, aumentam a resistência da película passiva.

As reacções anódicas e catódicas são apenas as primeiras etapas no aparecimento de corrosão nas

armaduras (ver Figura 2.12). Contudo, estas reacções são extremamente importantes para

compreender o processo de corrosão e a sua prevenção.

Figura 2.12 – Modelo simplificado do processo de corrosão (adaptado de [15]).

Se o processo fosse apenas limitado à dissolução do aço (o ião Fe2+

da equação 2.3), não seria

possível observar a fendilhação e delaminação do betão de recobrimento. Muitas outras etapas

Fe →Fe2+ + 2e-

Corrente iónica

Corrente eléctrica

Cátodo

Ânodo

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devem acontecer para se formar a “ferrugem”. Estas etapas podem ser expressas em várias

maneiras, dependendo das condições de humidade e disponibilidade de oxigénio.

Uma das etapas consiste na combinação de iões de hidróxido com os iões de ferro para formar

hidróxido de ferro (ver equação 2.5), que, quando oxidado origina o aparecimento de ferrugem (Óxido

de ferro hidratado - ver equações 2.6 e 2.7).

(2.5)

(2.6)

(2.7)

Os produtos de corrosão originam um grande aumento de volume. O óxido férrico não hidratado

apresenta um volume, aproximadamente, duas vezes maior que o volume do aço e quando hidratado

pode aumentar o seu tamanho para duas a dez vezes mais [15]. Isto leva ao aparecimento de

tensões no interior do betão muito elevadas que acabam por fendilhar, delaminar e destacar o betão

de recobrimento das armaduras.

A ferrugem aparece nas armaduras em forma de escamas, de cor acastanhada/avermelhada.

Contudo, existe uma situação em que a ferrugem toma outras características. Se o ânodo e o cátodo

estiverem muito separados e o ânodo apresentar escassez de oxigénio, os iões de ferro vão se

manter na solução dos poros do betão. Tudo isto indica que não vão existir forças expansivas

capazes de fendilhar o betão, logo a corrosão não será detectada. Isto origina uma situação muito

agravosa, uma vez que não existe indicação da corrosão visível e as armaduras poderão apresentar

uma perda elevada de secção. Este tipo de corrosão é normalmente denominado por “ferrugem negra

ou verde” (ver Figura 2.13) [[16] e [8]].

Figura 2.13 – Corrosão “negra” [21].

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3 Reabilitação de estruturas de betão armado

3.1 Introdução

As estruturas de betão armado apresentam, em geral, uma boa funcionalidade e durabilidade durante

a vida útil. Contudo, exibem muitas vezes necessidade de serem reparadas e/ou reforçadas, uma vez

que estas perdem as características iniciais para o qual foram projectadas. Isto deve-se

essencialmente à falta de manutenção, muitas vezes combinada com acções de acidente ou sismos,

bem como erros associados à construção e/ou projecto deficiente.

No caso das pontes e dos viadutos, a reparação e/ou reforço está relacionada, mais concretamente,

com os efeitos das cargas dos veículos que, quando combinadas com a agressividade do ambiente

onde se encontram, podem apresentar uma deterioração significativa nos primeiros anos de serviço.

Essa deterioração prematura deve-se frequentemente à corrosão das armaduras provocada pelo

ataque dos cloretos quando a estrutura está exposta ao ambiente marítimo.

Antes de se proceder à intervenção na estrutura é fundamental compreender o seu funcionamento

estrutural. Para tal é necessário fazer uma recolha de informação, usualmente, através de elementos

de projecto, como as peças escritas e desenhadas, ou até mesmo, realizar um levantamento da

geometria actual da estrutura.

Com base nessa recolha de informação procede-se à avaliação do estado da estrutura, analisando e

registando os defeitos visíveis nos elementos estruturais, a deterioração do betão (fendilhação e

delaminação) e do aço, etc. Nesta fase analisa-se ainda o comportamento estrutural face às

exigências de utilização. A avaliação do estado da estrutura desenvolve-se no capítulo 4, onde se

verifica o comportamento estrutural e a deterioração dos elementos, para se poder aplicar as técnicas

de reabilitação discutidas neste capítulo.

Uma vez definidos os objectivos a atingir na estrutura em questão e averiguada a necessidade de

intervir, equaciona-se que tipo de metodologia é a mais apropriada. Na reabilitação e reforço de uma

ponte pode equacionar-se várias soluções. Neste trabalho opta-se por estudar algumas técnicas de

reforço que podem ser implementadas nos elementos estruturais do viaduto estudado, bem como os

trabalhos de reparação que antecedem o reforço, que têm como objectivo proteger a estrutura e

prevenir a evolução da deterioração.

No projecto de reabilitação é fundamental que a estratégia de intervenção a adoptar seja baseada no

conhecimento das causas e extensão da deterioração, permitindo implementar a melhor solução,

quer em termo técnicos como económicos, mais apropriada a cada situação. A intervenção na

estrutura pode ser de três tipos: protecção, reparação e reforço. [23] A protecção resume-se,

essencialmente, no aumento das defesas contra os agentes agressivos e consequentemente uma

diminuição das condições de degradação. Usualmente, a protecção é superficial e por meio de

revestimentos ou impregnantes. Na reparação pretende-se restaurar as características iniciais dos

elementos estruturais, colmando falhas de betão (reparação superficial) ou até mesmo substituição

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do betão contaminado (reparação profunda). A finalidade do reforço é aumentar a capacidade

resistente, sendo que o mesmo pode ser aplicado por um variado número de técnicas. A temática da

presente dissertação debruça-se apenas sobre três técnicas de reforço: o encamisamento de betão, a

colagem de chapas metálicas e CFRPs.

Com os objectivos definidos deve-se ainda ter em consideração dois factores importantes:

económicos e dificuldades técnicas. Os factores económicos relacionam-se com os custos de

realização da obra e as dificuldades técnicas com a disponibilidade de mão-de-obra especializada,

matérias e equipamentos e a eficiência da intervenção [22].

Um aspecto importante a referir passa pela regulamentação a ser utilizada. As técnicas mencionadas

são objecto de normalização europeia – EN1504. A norma europeia EN 1504 - “Produtos e Sistemas

para a Protecção e Reparação de Estruturas de Betão” estabelece os princípios gerais para o uso

desses sistemas e produtos [44].

A norma EN 1504 [44] define 37 métodos de reparação relacionados com 11 princípios que permitem

a prevenção e estabilização dos processos de deterioração físicos ou químicos do betão e a corrosão

das armaduras. E alguns casos, a combinação dos vários métodos pode ocorrer, embora seja

necessário tomar precauções para que a combinação destes não provoque novos danos na estrutura.

Com isto, na Tabela 3.1 e na Tabela 3.2, indicam-se, respectivamente, os princípios de reparação e

as situações onde estes devem ser utilizados.

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Tabela 3.1 – Princípios de reparação (adaptado de [27]).

Princípio Definição Método Breve Descrição

P1 Protecção contra Substâncias agressivas

M1.1 M1.2 M1.3 M1.4 M1.5 M1.6 M1.7

Impregnação hidrófoba Selagem dos poros do betão Revestimento de fendas com membrana Preenchimento de fendas Alterar a fenda para uma junta Protecção da estrutura com barreira exterior Protecção superficial com pintura

P2 Controlo de humidade no betão

M2.1 M2.2a M2.2b M2.3 M2.4

Protecção com impregnação hidrófoba Protecção superficial por selagem dos poros Protecção superficial com pintura Protecção da estrutura com barreira exterior Desumidificação electroquímica

P3 Substituição do betão deteriorado

M3.1 M3.2 M3.3 M3.4

Argamassa colocada à colher Betão moldado Argamassa ou betão projectado Substituição de elementos estruturais

P4 Reforço de elementos

M4.1 M4.2 M4.3 M4.4 M4.5 M4.6 M4.7

Substituição/complementação de armaduras Introdução de armadura em furos Reforço com armadura exterior: chapas metálicas ou fibras de carbono Encamisamento com betão ou argamassas Injecção de fendas e vazios Preenchimento por gravidade de fendas e vazios Pré-esforço exterior

P5 Aumento da resistência do betão ao desgaste

M5.1a M5.1b M5.2

Aplicação de uma superfície de desgaste Aplicação de membranas Impregnação da superfície do betão

P6 Aumento da resistência química

M6.1a M6.1b M6.2

Aplicação de uma superfície de desgaste Aplicação de membranas Aplicação de um selante

P7 Repassivação das armaduras

M7.1 M7.2 M7.3 M7.4 M7.5

Aumento do recobrimento com betão ou argamassa Substituição do betão contaminado Realcalinização electroquímica Realcalinização passiva Dessalinização electroquímica

P8 Aumento da resistividade eléctrica do betão

M8.1

Controlo da humidade do betão com revestimentos superficiais

P9 Controlo das zonas catódicas das armaduras

M9.1a M9.1b

Controlo da penetração de oxigénio por saturação do betão Controlo da penetração de oxigénio por membranas

P10 Protecção catódica das armaduras

M10.1a M10.2b

Protecção catódica passiva Protecção catódica activa

P11 Controlo das zonas anódicas das armaduras

M11.1 M11.2 M11.3

Protecção das armaduras com pinturas de sacrifício Protecção das armaduras com pinturas de barreira Inibidores de corrosão para reparação

Tabela 3.2 – Exemplos de aplicação dos princípios de reparação dependo do tipo de anomalia (adaptado

de [27]).

Deterioração/Anomalia

Princípio

Deterioração do betão Corrosão das armaduras

Penetração de substâncias agressivas: cloretos, ,

químicos, … P1; P6 P1

Fendas devidas a cargas, retracção, temperatura, …

P1; P4

Carbonatação P1 P7; P8; P10

Reacções álcalis-agregados P2; P3

Erosão, abrasão, … P3; P5

Corrosão de armaduras P3; P4 P7; P8; P9; P10; P11

Recobrimento reduzido P7

Betão contaminado (cloretos, carbonatação)

P7

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3.2 Métodos de protecção contra a corrosão

Como foi referido neste documento, a principal patologia associada ao ambiente marítimo que afecta

as estruturas de betão armado, como pontes e viadutos, é a corrosão das armaduras devido à

penetração dos cloretos. Nestas condições, é recomendado adoptar medidas adicionais para

proteger as armaduras contra a corrosão.

As medidas adicionais mais comuns a serem utilizadas enumeram-se em seguida: os métodos

electroquímicos, como a protecção catódica, dessalinação e a realcalinazação; a utilização de

pinturas inibidoras de corrosão e a substituição, parcial ou total, do betão de recobrimento

contaminado por outro de melhor qualidade.

Apesar de estas serem as medidas mais utilizadas, para a corrosão das armaduras devido à

presença dos iões cloreto, as reparações mais utilizadas nestas condições são a reparação

localizada e os métodos electroquímicos. Contudo, a reparação localizada, em estruturas

contaminadas por cloretos, é pouco eficaz a longo prazo, sendo os métodos electroquímicos aqueles

que, em geral, melhores resultados apresentam, quer em termos de eficácia como económicos [25].

Embora os métodos electroquímicos apresentem melhores resultados, faz-se uma breve descrição de

todas as medidas acima mencionadas.

3.2.1 Métodos electroquímicos

A corrosão ocorre quando se dá o movimento da carga eléctrica do ânodo (zona no aço onde este se

está dissolver) para o cátodo (zona no aço onde o oxigénio e a água geram iões hidróxido). Assim, o

processo desenvolve-se tanto quimicamente como electricamente, ou seja, processo electroquímico.

Os métodos electroquímicos funcionam através da aplicação de uma corrente eléctrica, entre um

elemento externo (ânodo) à estrutura e as armaduras, tornado assim o aço das armaduras num

cátodo. A principal vantagem destes métodos consiste no facto de não ser necessário remover o

betão contaminado.

Os métodos mais conhecidos são a protecção catódica, a dessalinização e a realcalinização. O

primeiro tem como objecto reduzir a corrosão das armaduras, impondo uma corrente contínua

externa, durante todo a vida útil da estrutura. Os outros pretendem eliminar o agente agressor através

da aplicação temporária de um campo eléctrico.

3.2.1.1 Protecção catódica

A protecção catódica é o método mais conhecido e que melhores resultados apresenta para

“combater” a corrosão das armaduras. Esta permite controlar a corrosão, utilizando uma circulação de

corrente contínua entre o ânodo exposto ao ambiente e as armaduras do betão (cátodo). Com isto,

permite baixar o potencial das armaduras para um nível onde a velocidade de corrosão é zero ou

muito reduzida.

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Uma outra definição, segundo Mears e Brown [26], explica que a protecção catódica efectiva consiste

na supressão das reacções anódicas, através da aplicação de uma corrente oposta, forçando as

zonas catódicas locais a serem polarizadas ao potencial das zonas anódicas, eliminado, assim, o

fluxo de corrente entre as zonas anódicas e as catódicas [25].

A protecção catódica pode ser aplicada de duas formas: utilizando ânodos sacrificiais ou imposta por

uma corrente eléctrica. Na primeira, o ânodo de sacrifício (ver Figura 3.1 a)) vai gradualmente

libertando electrões, gerando assim corrente eléctrica entre ele e as armaduras (ver Figura 3.2). O

fluxo de corrente é originado devido à diferença de potencial existente entre as armaduras e o ânodo

escolhido.

a) b)

Figura 3.1 – Ânodo de sacrifício embebidos (adaptado de [27]).

Figura 3.2 – Esquema da protecção catódica por ânodo de sacrifício (adaptado de [15]).

Os dois metais devem apresentar potencial de eléctrodo o mais afastado possível, uma vez que isto

irá implicar uma maior diferença de potencial, e por conseguinte, um melhor funcionamento do

sistema de protecção.

Um aspecto importante a ter em conta é a resistividade do betão, que pode por em causa a

passagem de corrente entre o cátodo e o ânodo, sendo necessário garantir uma baixa resistividade

para não opor resistência à passagem de corrente. Esta é a principal razão pela qual este método

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não apresenta, segundo vários autores, bons resultados no betão armado não saturado (elevada

resistividade). Sendo o segundo método mais eficaz e consequentemente mais utilizado [25].

Neste segundo método, utiliza-se um ânodo inerte juntamente com uma fonte exterior de alimentação

de corrente (ver Figura 3.3).

Figura 3.3 – Esquema da aplicação da protecção catódica por corrente impressa (método permanente) (adaptado de [25]).

Com base na figura, pode-se verificar os componentes básicos de um sistema de protecção catódica

por corrente impressa. Estes são o ânodo, as armaduras (cátodo), o betão e a fonte de alimentação.

A fonte de alimentação faz passar uma corrente suficiente que impede a libertação de electrões no

ânodo, passando assim a ocorrer apenas a reacção catódica na superfície das armaduras.

No cátodo ocorre a produção de iões de hidróxido que permite aumentar a alcalinidade do betão e

restaurar a película passiva na superfície das armaduras que tinha sido destruída pelo ataque dos

cloretos.

Contudo, outra reacção pode acontecer se o potencial se tornar muito negativo, levando à libertação

de hidrogénio.

Porém, deve-se ter especial atenção à libertação de iões de hidrogénio, pois isso pode causar

enfraquecimento do aço devido à penetração do hidrogénio atómico no metal. Embora este problema

seja desprezável em aços normais, deve-se ter um especial cuidado na aplicação de protecção

catódica em aço de alta resistência [15].

Com a passagem de corrente eléctrica, ocorrem alterações na composição química do betão. A

circulação de corrente iónica no betão permite encaminhar os iões positivos presentes na solução dos

poros para junto das armaduras e os iões negativos (Cl-) para junto do ânodo, contribuindo na

restauração da película passiva com a diminuição do teor de iões de cloretos junto às armaduras.

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Na interface ânodo/betão a principal reacção que ocorre é a oxidação da água para formar oxigénio.

Contudo, dependendo do tipo de ânodo aplicado, outras reacções podem ocorrer. Estas reacções

estão relacionadas com a acidificação do betão na interface com o ânodo, que pode levar à

destruição da pasta de cimento assim que a alcalinidade seja consumida [15].

Em suma, a aplicação de protecção catódica não resulta apenas na eliminação ou redução da

corrosão, mas também no aumento da alcalinidade e redução do teor de iões de cloreto junto das

armaduras, possibilitando assim a formação da película passiva na superfície das armaduras. Este

método requer monotorização contínua durante a vida útil da estrutura [25].

Este tipo de protecção encontra-se definido na norma EN1504 de acordo com o Principio 10 – M10.1

b.

3.2.1.2 Dessalinização

A dessalinização é um processo electroquímico com a finalidade de remover os iões de cloreto do

betão contaminado. Este processo é temporário e consiste na aplicação de uma corrente eléctrica

contínua, entre o ânodo provisório (incorporado na superfície do betão e embebido numa solução

electrolítica – como a água) e as armaduras, promovendo a migração de iões de cloreto das

armaduras para o ânodo (ver Figura 3.4) [25].

Figura 3.4 – Representação esquemática da dessalinização (adaptado de [25]).

Com a presença de corrente eléctrica, os processos físicos-químicos mais comuns de ocorrer são a

electrólise e electromigração. No primeiro ocorre a formação de iões de hidróxido junto às armaduras.

O segundo resulta na migração dos iões de cloreto e dos iões de sódio, potássio e cálcio, onde os

primeiros migram para junto do ânodo e os restantes para junto do cátodo (armaduras).

Assim, os iões de cloreto são removidos do betão e ao mesmo tempo, junto à superfície das

armaduras, os iões de hidróxido originam um ambiente alcalino, que conduz à repassivação das

armaduras. A duração do tratamento varia consoante o teor inicial de cloretos presente no betão, com

a qualidade do betão, com a distribuição das armaduras e com a própria geometria da estrutura. Essa

Ânodo externo

Electrólito temporário

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duração pode ir de semanas a vários meses, até que o teor de cloretos juntos às armaduras seja

inferior ao crítico.

A dessalinização é um método eficaz em estruturas contaminadas com cloretos por via externa, onde

os danos causados por corrosão não sejam muito extensos. Contudo, em semelhança ao já referido

na descrição da protecção catódica, a presença de hidrogénio em aços de alta resistência, pode levar

ao seu enfraquecimento. O aumento de alcalinidade deve-se ter em conta, uma vez que com a

presença de agregados reactivos pode originar reacções alcalis-agregado (RAA).

Após aplicação do método, devem ser implementadas medidas de protecção adicionais para evitar

futura contaminação por cloretos, particularmente a aplicação de sistemas de protecção de superfície

[24].

Este tipo de protecção define-se na norma EN1504 de acordo com o princípio 7 – M7.5.

3.2.1.3 Realcalinização

A realcalinização, à semelhança da dessalinização, é um método electroquímico temporário

apropriado para estruturas de betão armado danificadas por mecanismos de corrosão originados por

carbonatação.

Mais uma vez, este método aplica uma corrente eléctrica entre as armaduras (cátodo) e um ânodo

envolvido por uma solução de carbonato de sódio (ou outro metal alcalino) temporariamente colocado

na superfície exterior do betão. A penetração do electrólito alcalino (carbonato de sódio) e a produção

de iões de hidróxido induz, ao nível das armaduras, um aumento de pH para valores acima dos 13,5.

A corrente fornecida permite que os iões de hidróxido se aproximem das armaduras, aumentando a

zona realcalinizada num prazo relativamente curto (alguns dias a algumas semanas) [24].

No final do tratamento o circuito é interrompido, sendo removidos o ânodo e o electrólito para se

aplicar medidas de protecção contra futura carbonatação (pintura ou revestimento final).

Este tipo de protecção define-se na norma EN1504 de acordo com o princípio 7 – M7.3.

3.2.2 Inibidores de corrosão

Os inibidores de corrosão são produtos químicos que permitem diminuir a velocidade de corrosão.

Estes podem ser fornecidos em pó, gel ou líquido e geralmente, em concentrações adequadas,

atrasam o processo corrosivo, prolongando a vida útil das estruturas. O princípio da maioria dos

inibidores consiste na formação de uma camada muito fina de compostos químicos, na superfície das

armaduras, que inibe a corrosão [15].

Os inibidores de corrosão podem ser utilizados em estruturas novas e em estruturas existentes. Nas

estruturas novas, podem ser introduzidos na mistura original do betão, servindo de medida

preventiva, evitando ou atrasando o início da corrosão. Nas estruturas existentes, onde a

delaminação do betão já se iniciou, os inibidores estão presentes na argamassa de reparação,

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25

aplicados na superfície do betão ou instalados em furos realizados na sua superfície (ver Figura 3.5)

com o objectivo de acelerar a difusão através da camada de recobrimento das armaduras [25].

a) Zona delaminada. Início da corrosão. b) Inibidor incorporado na argamassa/betão

de reparação

Figura 3.5 – Aplicação de inibidores (adaptado de [28]).

Embora possível, a aplicação de inibidores de corrosão na superfície do betão não mostra muita

eficiência. Como referido no capítulo 2, a difusão dos iões de cloreto (Cl-) para o interior do betão é

um processo lento e as moléculas do líquido inibidor são maiores que as do Cl-, é expectável que a

difusão do inibidor seja ainda menor. Esse baixo coeficiente de difusão através do betão não permite

que o inibidor atinja o nível das armaduras [15].

3.2.3 Substituição do betão contaminado

A substituição do betão contaminado é uma técnica bastante utilizada na reabilitação de estruturas

contaminadas por cloretos que provocam a corrosão das armaduras. Contudo, seja parcial ou total, a

substituição do betão contaminado nem sempre é a técnica mais adequada, uma vez que se revela

ser pouco eficaz a longo prazo.

Esta técnica envolve a remoção do betão superficial contaminado e posterior substituição por um

betão novo de melhor qualidade, com o objectivo de diminuir a propagação da deterioração da

estrutura, com uma maior protecção contra a penetração dos agentes agressivos.

Quando contaminada por cloretos, a estrutura requer uma especial atenção, uma vez que ao se

proceder à substituição do betão com betão novo ou argamassa de reparação, esta pode acelerar a

corrosão noutra zona. Isto deve-se ao facto de se parar a reacção anódica e, por conseguinte, a

geração de iões de hidróxido pára no cátodo. Portanto, as zonas reparadas e agora protegidas contra

a corrosão, funcionam como cátodo e as zonas adjacentes, podendo não apresentar sinais de

Betão Betão

Reparação

Armadura

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26

deterioração exterior, podem estar contaminadas por cloretos, acima do teor crítico, funcionam como

ânodo, dando início à corrosão. Estas zonas adjacentes designam-se por ânodos incipientes (ver

Figura 3.6)

a)Corrosão antes da reparação b) Corrosão depois da reparação

Legenda:

e- - Representa a troca de electrões.

Figura 3.6 – Formação do ânodo incipiente depois da reparação (adaptado de [15]).

Este tipo de protecção define-se na norma EN1504 de acordo com o princípio 7 – M7.2.

Cát

od

o

Ânodo

Ânodo

Cátodo Ânodo

e-

e-

e-

e-

Cátodo

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27

3.3 Preparação da superfície de betão

A preparação da superfície deteriorada consiste na remoção dos defeitos superficiais do betão, como

sujidades, revestimentos por pintura, poeiras, óleos e microorganismos, que possam comprometer a

aderência do material de reparação a ser implementado na estrutura de betão. Também tem como

objectivo garantir uma textura da superfície que melhore a aderência entre o betão e o sistema de

reparação.

Antes de se aplicar os métodos de protecção referidos no subcapítulo anterior, a superfície deve ser

tratada, de acordo com o método pretendido.

Quando utilizados métodos electroquímicos, apenas existe a necessidade de reparar o betão

danificado, especialmente se se encontrar delaminado ou fendilhado. Em relação às armaduras, a

superfície das mesmas deve ser limpa, nomeadamente se estiver corroída. Contudo, apenas se

executa uma reparação mínima, uma vez que os métodos combatem a corrosão.

Sempre que existe a necessidade de se remover o betão contaminado, devem-se ter alguns aspectos

em conta. A remoção de grandes áreas de betão pode comprometer a segurança da estrutura e um

aumento de custos significativos na intervenção.

O betão deteriorado deve ser removido de acordo com o Princípio 3 e um dos Métodos 3.1, 3.2 ou

3.3, escolhido de entre os indicados na Norma NP ENV 1504-9.

Assim, de uma forma resumida, a preparação da superfície de betão é uma das primeiras etapas da

reparação de estruturas, que, resumidamente, envolve 3 passos. A limpeza da superfície de betão,

seguida da limpeza das armaduras e por fim, a aplicação da protecção da superfície.

3.3.1 Betão existente

O primeiro passo na preparação da superfície a reparar consiste na limpeza de toda a superfície

deteriorada. A limpeza da superfície, de modo a garantir uma boa aderência ao material de

reparação, deve estar livre de óleos, poeiras, todo o tipo de sujidade que prejudique uma boa

aderência.

Contudo, antes de se efectuar a limpeza da superfície, deve ser feita uma inspecção visual da

superfície e detectar se existir a necessidade de remover o betão degradado. Para tal, e dependendo

do grau de degradação do betão, podem-se utilizar martelos pneumáticos ou hidráulicos, ou

decapagem por jactos de água, de ar ou areia. (ver Figura 3.7).

a) Martelos pneumáticos b) Jacto de água

Figura 3.7 – Métodos de remoção de betão (adaptado de [23 e 27]).

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28

Uma vez realizada uma limpeza cuidada da superfície de betão (utilizando jacto de ar comprimido,

jacto de areia, jacto de água ou jacto a vapor (ver Figura 3.8 a) e b)), deve-se assegurar uma boa

aderência entre o betão e o material utilizado na intervenção. A técnica mais comum implica a criação

de rugosidade no betão através de equipamento mecânico de impacto, como o martelo de agulhas

(ver Figura 3.8 c)).

a) Jacto de ar comprimido b) Jacto de areia

c) Martelo de agulhas

Figura 3.8 – Métodos de limpeza (adaptado de [22 e 30]).

3.3.2 Armaduras

Uma vez preparada a superfície de betão, deve-se proceder à limpeza das armaduras que ficaram

expostas ao se retirar o betão deteriorado. A maioria dos métodos de protecção e reparação impõem

que a superfície de aço seja limpa, principalmente se estiver corroída.

A limpeza das armaduras pode ser feita utilizando as técnicas já referidas na limpeza do betão, como

a utilização de jacto de areia da Figura 3.7 b). Toda a ferrugem deve ser removida para promover

uma melhor ligação do material de reparação à superfície da armadura. A remoção dos cloretos da

superfície das armaduras pode ser obtida com água sob pressão [44].

Com a limpeza das armaduras é possível identificar as áreas de armadura afectadas, isto é, aquelas

onde os varões apresentam redução de secção que podem comprometer a segurança da estrutura.

Nesta situação faz-se uma avaliação dos varões. Se estes apresentarem uma perda de secção

transversal superior a 25% (ver Figura 3.9), deve-se, geralmente, proceder ao reforço da armadura

[27].

Figura 3.9 – Perda de secção devido à corrosão (adaptado de [27]).

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29

Quando existe a necessidade de reforço das armaduras, um dos seguintes métodos pode ser

aplicado [27]:

- A utilização de um varão suplementar, colocado paralelamente ao varão afectado, sobre o

comprimento da zona atingida pela corrosão.

- Substituição total do varão afectado.

3.3.3 Tratamento de fendas

A fissuração do betão pode comprometer a durabilidade da estrutura, uma vez que esta pode ficar

mais susceptível a entrada de agentes agressivos, resultando na corrosão das armaduras e,

possivelmente, perda da capacidade resistente da estrutura.

De um modo geral, apenas as fendas que apresentem uma abertura superior a 0,3 mm devem ser

reparadas, contudo, por vezes pode-se assumir um valor de abertura de fenda maior, dependo do

estabelecido em projecto.

Antes de se proceder à reparação das fendas é necessário analisar o seu tipo e as suas causas, uma

vez que a reparação das mesmas pode originar novas tensões de tracção excessivas no betão

provocando novas fendas no mesmo local, ou noutro próximo dele.

Deste modo deve-se classificar as fendas antes de se proceder à reparação. Estas podem ser activas

ou inactivas. Quando inactivas, as fendas já não apresentam movimento e/ou a origem da sua causa

deixa de existir. Se o contrário acontecer as fendas classificam se como activas [23].

A reparação das fendas tem como principais objectivos melhorar a aparência da estrutura,

impermeabilizar a estrutura protegendo-a contra a penetração dos agentes agressivos e

aumentar/repor a capacidade estrutural do elemento.

De um modo geral, faz-se a reparação das fendas com injecção de resina epóxida ou caldas de

cimento, dependendo da abertura (fendas inactivas, ver Figura 3.10) ou preenchimento das mesmas

com um material de enchimento elástico ou plástico (fendas activas).

a)Injecção de calda de cimento b)Injecção com resina epóxi

Figura 3.10 – Material de reparação de fendas (adaptado de [27]).

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30

3.3.4 Protecção superficial

Em estruturas de betão armado, os danos apresentados resultam, muitas vezes, da penetração de

substâncias/agentes, líquidas ou gasosas, prejudicais. Esses agentes agressivos (já referidos

anteriormente) penetram no interior do betão sendo responsáveis pela sua deterioração.

Para reduzir a penetração desses elementos, a norma EN1504, define sistemas e métodos a utilizar

na protecção dos elementos estruturais. A aplicação destes sistemas ocorre quando a preparação da

superfície de betão a proteger terminar.

Tendo em conta o objectivo, existem várias técnicas de protecção de estruturas de betão, tais como:

impregnação, revestimentos e ou membranas.

3.3.4.1 Técnicas de protecção superficial

Impregnação

Este tipo de protecção consiste no tratamento do betão, reduzindo a sua porosidade (impregnação

simples – ver Figura 3.11 a)) ou obtendo uma superfície repelente à água (impregnação hidrofóbica -

Figura 3.11 b)). Na primeira, os poros são preenchidos, totalmente ou parcialmente. Na impregnação

hidrofóbica, os poros e a rede capilar do betão não se encontram preenchidos, mas sim revestidos

com um material hidrofóbico. Esse material funciona através da redução da tensão superficial da

água, prevenindo a sua passagem através dos poros (repele a água/humidade) [14].

a) Impregnação simples b) Impregnação hidrofóbica Figura 3.11 – Técnicas de protecção superficial – impregnação (adaptado de [23]).

Na impregnação simples utilizam-se silicatos e algumas resinas (epoxídicas ou acrílicas). Na

impregnação hidrofóbica aplicam-se silanos, siloxanos e silicones.

Esta técnica apresenta como campo de aplicação [23]:

- Protecção contra cloretos;

- Protecção contra carbonatação (mas menos eficaz);

- Protecção contra ciclos de gelo/degelo.

Revestimentos

Os revestimentos superficiais consistem na aplicação de uma película continua na superfície de betão

(ver Figura 3.12) ou na aplicação de uma camada uniforme e relativamente espessa de um material,

aumentando o desempenho e resistência da superfície face às influências externas [14].

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Estes revestimentos podem ser compostos por pinturas acrílicas, epoxídicas, vinílicas, poliuretano ou

borracha clorada (ver Figura 3.12). No revestimento superficial pode-se utilizar cimento ou ligantes

aéreos como a cal hidratada. Estes dois combinados garantem uma melhor resistência, baixa

permeabilidade e uma melhor aderência do revestimento.

Figura 3.12 – Esquema representativo da protecção superficial por revestimento [27].

Este tipo de técnica apresenta o mesmo campo de aplicação da anterior e ainda permite a protecção

contra o ataque químico no betão. Quando o revestimento apresenta uma boa espessura permite

uma melhor protecção mecânica [23].

Membranas

Esta técnica consiste na aplicação de uma membrana, liquida ou em rolo, sobre a superfície do betão

de forma a protegê-la ataques ou penetração de agentes agressivos [14].

As membranas podem ser constituídas por produtos pré-fabricados (como as telas betuminosas – ver

Figura 3.13), ou por produtos manufacturados in situ (produtos líquidos/pastosos, cimentos especiais)

[23].

Figura 3.13 – Telas betuminosas [27].

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3.4 Técnicas de reforço estrutural

A aplicação de uma técnica de reforço deve-se à necessidade de melhorar a resistência da estrutura.

Essa melhoria pode passar por aumentar a resistência à compressão, ao corte, à flexão, ou até

mesmo uma combinação das anteriores. São várias as técnicas de reforço de estruturas de betão

armado, contudo, neste documento estudam-se três das técnicas mais aplicadas.

3.4.1 Encamisamento de betão

O reforço estrutural por encamisamento de betão consiste no aumento da secção transversal pela

adição de uma camada de betão e armadura suplementar (ver Figura 3.14). Esta nova camada

envolve a secção inicial, onde se inserem as novas armaduras, com o intuito de melhorar a

capacidade resistente da secção, e, eventualmente reparar a superfície deteriorada.

Figura 3.14 – Reforço de viga a flexão por encamisamento de betão [31].

O campo de aplicação desta técnica está relacionado com as suas características. Esta técnica

permite aumentar a resistência de zonas comprimidas e traccionadas, aumentar a rigidez e garantir

boa protecção ao fogo das armaduras.

O reforço por encamisamento aplica-se em vigas, pilares e lajes. Esta técnica, quando aplicada nas

vigas, permite melhorar a resistência à flexão e ao esforço transverso devido ao aumento de área de

armadura resistente (ver Figura 3.15).

a) b)

Figura 3.15 – Reforço de vigas à flexão e ao esforço transverso (adaptado de [29]).

O encamisamento de betão tem como principal vantagem garantir uma melhor protecção ao fogo e à

corrosão das armaduras suplementares com aplicação da nova camada de betão, apresentando

geralmente custos moderados e não necessita de mão-de-obra especializada. Contudo, essa nova

camada implica um aumento de secção que pode ter implicações arquitectónicas e/ou causar

restrições no funcionamento da estrutura, e requer uma preparação de superfície cuidada.

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33

Quando se aplica esta técnica na reparação/reforço de uma estrutura, um dos primeiros passos

consiste na remoção do betão deteriorado e limpeza ou remoção das armaduras corroídas. Este

processo implica uma redução da capacidade resistente da estrutura, sendo necessário se proceder

à remoção das sobrecargas aplicadas na estrutura, aplicando ainda um escoramento de modo a

evitar danos ou mesmo o colapso da estrutura [29].

Para além da possível redução da capacidade resistente, deve-se ainda ter em conta a

compatibilidade dos materiais. É importante que exista compatibilidade entre o material usado na

reparação e o original, uma vez que esta compatibilidade afecta o comportamento da estrutura.

De uma forma resumida, a aplicação desta técnica consiste [32]:

- Remoção do betão deteriorado (fendilhado ou delaminado);

- Limpeza ou remoção das armaduras corroídas;

- Preparação da superfície;

- Colocação eventual de agente de colagem;

- Colocação da nova camada de betão e das armaduras suplementares.

3.4.1.1 Material

O material utilizado deve ser de baixa retracção, elevada resistência à compressão, ter boa

aderência, boa trabalhabilidade, módulo de elasticidade e coeficiente de dilatação térmica

semelhantes ao original [32]. Quando se pretende reforçar a estrutura, o material utilizado deve

apresentar propriedades e características superiores ao original.

Se a estrutura estiver inserida num ambiente agressivo (presença de cloretos), o reforço deve ser

realizado com materiais à base de cimento. A pasta de cimento apresenta reservas alcalinas que

protegem a estrutura contra o ataque dos cloretos.

3.4.1.2 Preparação da superfície

Para se garantir uma boa ligação entre o material existente e o de reforço, é necessário se realizar

uma preparação da superfície.

Antes de se aplicar a nova camada de betão existe a necessidade de limpar e eliminar o betão

contaminado. A superfície deve ser limpa, ficando livre de poeiras e qualquer tipo de sujidade. Com a

remoção do betão contaminado e deteriorado deve-se garantir rugosidade da superfície para uma

melhor adesão da nova camada de betão.

Remoção do betão contaminado ou deteriorado

As técnicas de remoção escolhidas dependem de um número variado de factores, como custos,

restrições do local, tempo de execução, eficiência e área a remover. Assim, tendo em conta os

diversos factores, as técnicas mais comuns apresentam-se na Tabela 3.3.

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Tabela 3.3 – Métodos de remoção de betão (adaptado de [32]).

Técnica de remoção de betão Principio Vantagens Desvantagens

Hidro-demolição

Jacto de água a alta pressão a partir de uma unidade móvel. Pressões na ordem dos 800 a 1200 bares.

Eficiente, selectiva, não afecta as armaduras

Custos, manuseamento da água, dificuldade de aplicação a temperaturas muito baixas

Martelos

Percussão mecânica com martelos eléctricos, pneumáticos ou outros com energia de impacto adequada

Simplicidade de utilização, eficiente

Pode prejudicar as armaduras e a superfície de betão

A remoção do betão deve ser mínima, afectando o mínimo possível o betão são. Ao se retirar o betão

contaminado deve-se expor as armaduras para se proceder à sua limpeza e/ou reparação.

Limpeza da superfície de betão

A limpeza do betão (ver Tabela 3.4) tem como objectivo garantir uma melhor ligação entre o betão

existente e o material aplicado na reparação, eliminando as partículas soltas e pó resultantes da

remoção do betão.

Tabela 3.4 – Métodos de limpeza da superfície de betão (adaptado de [32]).

Técnica de limpeza do betão Princípio de execução Comentários

Lavagem com água

A lavagem deve ser realizada a partir do topo da estrutura para baixo. Se a água não for suficiente para realizar a lavagem pode ser combinada com sabão, amoníaco ou vinagre. Pressões na ordem dos 150 a 200 bares.

Um pulverizador é recomendado.

Limpeza a vapor O vapor é bastante adequado para remover a sujidade de origem atmosférica

Oneroso

Lavagem a alta pressão

A pressão pode variar entre 150 a 1000 atm, realizando testes para determinar o valor da pressão óptima. A água pode ser aquecida ou incluir aditivos para maximizar os efeitos.

Necessita de mão-de-obra qualificada. A água deve estar livre de impurezas. Rápido e de custo baixo.

Limpeza a jacto de areia (areia seca)

O jacto de areia remove a sujidade presente no betão e ao mesmo tempo o betão degradado.

Necessita de mão-de-obra qualificada. Gera poeiras. Abertura de poros na superfície de betão.

Limpeza a jacto de areia (areia húmida)

Mesma aplicação que o anterior, com uma pequena diferença. A areia é molhada com água antes de sair do tubo.

Gera menos poeiras que o anterior. Menos rápido que o anterior. Necessita de limpeza acrescida.

Após a limpeza, deve-se garantir rugosidade na superfície utilizando se necessário, por exemplo, um

martelo de agulhas, facilitando a ligação entre os dois materiais, existente e novo.

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Limpeza das armaduras

Não é boa prática restaurar a geometria da secção sem antes eliminar ou neutralizar a corrosão das

armaduras.

As armaduras devem estar livre de poeiras, areias, ou qualquer tipo de partículas que diminuam a

aderência do aço ao material de reparação. A limpeza das armaduras pode ser efectuada com jacto

de areia, de ar, ou água sob pressão de modo a remover todas as poeiras. Toda a superfície das

armaduras deve ser limpa e os produtos da corrosão removidos, existindo a possibilidade de ser

necessário substituir o varão afectado ou utilizar uma varão suplementar (figuras anteriores) se este

apresentar uma perda de secção transversal acima do limite aconselhável (superior a 25%) [29].

Uma vez efectuada a limpeza e reparação das armaduras deve-se aplicar uma protecção contra a

corrosão. Os métodos mais utilizados, quando a agressividade do ambiente é determinante para a

durabilidade da estrutura, referem-se no subcapítulo 3.2.

3.4.1.3 Aplicação da nova camada de betão (betonagem)

Depois de preparada a superfície do elemento a reforçar, colocam-se as armaduras suplementares e

procede-se à betonagem da nova secção.

No encamisamento pode-se utilizar na betonagem argamassas ou betão. Para uma boa adesão entre

o betão existente e os materiais de reparação (argamassa ou betão), o substrato deve-se manter

húmido por dois dias. Contudo, no momento de aplicação da nova camada de betão, a superfície

deve-se encontrar seca. Com a superfície seca, pode-se melhorar a ligação do betão novo com o

existente, com aplicação de uma camada de resina epoxídica na superfície do substrato. Embora a

aplicação deste tipo de pintura requer uma especial atenção, uma vez que depois da secagem, as

resinas formam uma superfície vitrificada, apresentando o efeito contrário ao pretendido (aderência

diminuta). Assim, é aconselhável a utilização de uma resina com “pot life” elevado. O “pot life” de uma

resina é o tempo, após aplicação, em que a colagem é eficaz [32].

A escolha entre a utilização de argamassas ou betão novo na nova camada do elemento pode-se

justificar tendo em conta a espessura pretendida (ver Figura 3.16). Normalmente a utilização de

argamassas ocorre quando se pretende espessuras reduzidas (inferiores a 60 mm) [29].

Legenda:

emin ⇒ {

50 mm betão projectado

75 a 100 mm betão normal cofrado

40 a 60 mm argamassa especial

Figura 3.16 – Espessura a betonar em função do tipo de material (adaptado de [29]).

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O método de aplicação do novo betão mais utilizado na betonagem da nova secção é a colocação

com bombagem. Contudo, outras tecnologias de aplicação podem ser utilizadas, como o betão

projectado ou aplicado directamente.

Na aplicação do novo betão, a vibração devido ao tráfego do viaduto deve ser reduzida ao mínimo,

até que o betão esteja em condições de utilização de serviço.

A reparação da superfície requer muitas vezes o uso de cofragem. A cofragem deve permitir uma

compactação fácil do betão, bem como um fácil preenchimento da secção. Quando aplicada a

cofragem, a secção nova deve ser o mais semelhante possível à secção original.

O betão deve ser vibrado para assegurar homogeneidade e um melhor contacto com a superfície

existente. Muitas vezes, para um melhor assentamento do betão, deve-se vibrar mais do que uma

vez [32].

3.4.1.4 Cura

A cura depende do material escolhido e das condições atmosféricas, admitindo-se um valor

recomendável de 5 dias para se obter uma maior resistência e aderência. Durante os períodos de

cura, a superfície reparada não deve secar, sendo necessário molhagens sucessivas ou aplicação de

membranas de cura [29].

No final, e com intuito de aumentar a durabilidade da superfície reparada, pode-se aplicar uma

protecção superficial. Dependendo do objecto pretendido, na secção 3.3.4 deste documento,

apresentam-se os métodos de protecção superficiais que se podem aplicar no elemento.

3.4.1.5 Controlo de qualidade

Durante aplicação da solução

Antes de se proceder a execução da nova secção de betão, a área a reparar deve ser verificada em

relação a uma possível delaminação através de pequenas batidas com o auxílio de um martelo

pequeno.

O estado da superfície a reparar deve estar livre de poeiras ou todo o tipo de partículas que

prejudiquem a reparação.

O controlo de qualidade na moldagem da nova camada de betão deve ser, no mínimo, garantido

através dos seguintes parâmetros [32]:

- Temperatura do substrato, 5-30º C;

- Compactação;

- Tempo de cura.

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Após aplicação da solução

Com a aplicação de um novo material no elemento, é de grande interesse verificar a aderência do

mesmo ao substrato. A qualidade da aderência tem grande importância no sucesso da aplicação do

reforço por encamisamento.

Para um melhor controlo de qualidade e assim melhorar a durabilidade e verificar a eficiência da

aplicação do reforço deve-se realizar ensaios de tracção, por arrancamento (pull-off) [30]. Estes

ensaios consistem na execução de carotes que se devem estender a uma profundidade para além da

interface para avaliar a resistência da aderência (ver Figura 3.17).

Figura 3.17 – Verificação da ligação betão-betão novo – ensaio pull-off (adaptado de [30]).

3.4.1.6 Dimensionamento do reforço - Viga

Os cálculos e verificações de segurança necessários para se proceder ao dimensionamento da

solução de reforço para os estados limites últimos apresentam-se em seguida.

Dimensionamento à flexão

O modelo de comportamento no estado limite último de flexão de uma secção reforçada apresenta-se

na Figura 3.18. O dimensionamento da secção pode fazer-se pelo método dos coeficientes globais,

admitindo um coeficiente de monolitismo para a flexão de .

Figura 3.18 – Modelo de cálculo de uma viga reforçada à flexão por encamisamento de betão.

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A determinação do momento flector resistente Mrd (ver equação 3.1) realiza-se assumindo que a

secção tem comportamento monolítico, isto é, que existe uma aderência perfeita. Com base neste

pressupostos, o cálculo do dimensionamento assemelha-se ao de uma secção de betão armado,

considerando as duas camadas de armadura.

( )

(3.1)

De onde se pode calcular a área de armadura equivalente (As,eq):

(3.2)

Admitindo z ≈ 0,9d, tem-se:

( ) (3.3)

(3.4)

Sabendo qual o momento actuante, recorre-se às tabelas correntes de dimensionamento e

determina-se o valor de área de armadura equivalente. Com base nesse valor pode-se calcular o

valor de armadura de reforço tirando partido da equação 3.2.

(3.5)

Ligação betão existente/betão novo

O reforço por encamisamento deve também garantir a segurança da ligação entre o betão existente e

o betão novo (ver Figura 3.19). O funcionamento e a eficiência deste tipo de reforço dependem

essencialmente da aderência entre os materiais.

Figura 3.19 – Modelo de cálculo de verificação de segurança da ligação.

Os valores de tensão tangencial calculam-se com base nas equações seguintes:

(3.6)

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(3.7)

(3.8)

(3.9)

Onde:

c e μ – parâmetros relacionados com a rugosidade da superfície;

fctd – resistência à tracção do betão mais fraco;

ρ – Taxa de armadura

fydr – Tensão de cálculo do aço.

O eurocódigo 2 propõe os seguintes valores de c e μ dependendo da rugosidade da superfície (ver

tabela 3.5).

Tabela 3.5 – Coeficientes que dependem da rugosidade da superfície (adaptado de [45]).

Tipo Superfície c μ

Muito lisa Superfície moldada por aço, plástico ou por moldes de madeira especialmente

preparados. 0,25 0,50

Lisa Superfície extrudida ou executada com moldes deslizantes ou executada sem

cofragem e não tratada após a vibração. 0,35 0,60

Rugosa

Superfície com rugosidades de pelo menos 3mm de altura e espaçadas cerca

de 40mm, obtidas por meio de raspagem, jacto de água, ar ou areia ou por meio

de quaisquer outros métodos de que resulte um comportamento equivalente.

0,45 0,70

Indentada Superfície com recortes em conformidade com a Figura 3.20. 0,50 0,90

Figura 3.20 – Superfície indentada (adaptado de [45]).

Dimensionamento ao esforço transverso

O reforço por encamisamento também pode aumentar a resistência ao esforço transverso. Este tipo

de técnica permite aumentar a resistência associada às tensões de compressão nas bielas inclinadas

do modelo de treliça uma vez que o encamisamento implica um aumento da largura da alma e um

aumento da resistência ao esforço transverso através da introdução de novos estribos [29].

O cálculo do dimensionamento baseia-se igualmente no método dos coeficientes globais, podendo

fazer diferenciar o valor de altura útil dependendo da hipótese escolhida (ver Figura 3.21).

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40

Figura 3.21 – Altura útil do reforço para o cálculo do esforço transverso resistente (adaptado de [29]).

Posto isto, apresentam as equações seguintes que permitem dimensionar a viga ao esforço

transverso [33].

(3.10)

(3.11)

(3.12)

Sendo recomendado que

[29].

Como coeficiente de monolitismo pode assumir-se o seguinte valor (Eurocódigo 8 – parte 1.4, 1995):

3.4.2 Chapas metálicas

O reforço estrutural por adição de chapas metálicas (ver Figura 3.22) implica a colagem, normalmente

com resina epóxi, de chapas na superfície do elemento de betão onde se pretende aplicar o reforço.

A colagem das chapas é geralmente complementada com conectores metálicos, uma vez que é

preferível considerar métodos de transmissão mecânicos.

Figura 3.22 – Reforço estrutural por colagem de chapas metálicas [34].

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41

Esta técnica utiliza-se quando existe deficiência nas armaduras existentes. Esta solução tem como

principal objectivo aumentar a capacidade resistente à flexão simples e ao esforço transverso do

elemento, sendo particularmente vocacionada para o reforço de vigas e lajes.

O reforço por chapas metálicas é uma técnica de fácil e rápida execução que permite a possibilidade

de reforço sem ser necessária a interrupção do trânsito do viaduto, uma vez que as vibrações

causadas pelo tráfego não são suficientes para prejudicar adesão das chapas. A técnica apresenta

vantagens estéticas, uma vez que a secção reforçada possui apenas pequenas alterações de

geometria. Apesar de ser uma técnica bastante utilizada apresenta como principais desvantagens a

necessidade de mão-de-obra especializada, protecção contra o fogo e corrosão da chapa e a

deterioração da resina de colagem, que pode levar ao descolamento. Tendo em conta que o

ambiente marítimo é um dos temas discutidos neste documento, deve-se ter especial cuidado na

aplicação desta técnica, sendo debatidos os principais aspectos mais em pormenor no decorrer desta

secção.

A aplicação desta técnica requer uma cuidadosa preparação da superfície do betão e das chapas

com o intuito de estabelecer boas condições de ligação entre a chapa e o betão existente [35].

3.4.2.1 Material

Chapas de aço

Em geral, são utilizadas chapas de aço com valores de resistência não muito elevados, sendo

preferível o uso de S235. O uso de aços de elevada resistência não traz benefícios, uma vez que o

módulo de elasticidade é o mesmo dos aços de média de resistência e a exploração da tensão

cedência do aço obriga a maiores deformações das secções [35].

Betão

Na superfície de betão devem-se realizar ensaios para determinar a adequabilidade da mesma na

aplicação das chapas por colagem. Para tal existem vários ensaios disponíveis, sendo o mais comum

a ser utilizado o ensaio pull-off que envolve a colagem de um disco de metal na superfície de betão e,

posteriormente procede-se ao seu arrancamento.

Adesivo de ligação

A resina epóxi tem sido muito utilizada na ligação das chapas metálicas. A sua durabilidade tem sido

constatada em aplicações com idades de 50 anos. Contudo, a sua aplicação requer alguma atenção.

Os fabricantes normalmente fornecem uma resina e um endurecedor em recipientes separados para

uma futura mistura. O endurecedor é misturado na resina a baixa velocidade por um misturador

mecânico. Quando a mistura é realizada a velocidades elevadas, pode deixar ar na mesma,

prejudicando a sua eficiência. A resina e o endurecedor devem ser de cores diferentes, e quando

misturados adquirir uma cor uniforme que indique que a mistura está adequada [36].

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42

A colagem com resina pode ser complementada ou não com conectores metálicos (ver Figura 3.23 e

Figura 3.24). Os conectores metálicos permitem uma melhor ligação da chapa ao betão (ligação

mecânica), aumentar a resistência por aderência, diminuem a deformabilidade da ligação e reduzem

o risco de rotura frágil. A utilização de conectores permite ainda uma reserva de resistência à acção

do fogo [23].

Legenda:

tg ≤ 2 mm ts ≤ 4 mm 300 ≥ bs ≥ 50 mm

As,r ≤ 3

4 As,i

ΔMRd,r ≤ 0,5 ΔMRd,i

tg ≤ 2 mm ts ≤ 12 mm 300 ≥ bs ≥ 80 mm ΔMRd,r ≤ ΔMRd,i

a) Sem conectores metálicos b) Com conectores metálicos

Figura 3.23 – Reforço à flexão com dimensões recomendadas (adaptado de [36]).

Legenda:

tg ≤ 2 mm ts ≤ 3 mm dr ≥ 100ts

tg ≤ 2 mm ts ≤ 8 mm dr ≥ 100ts

a) Sem conectores metálicos b) Com conectores metálicos Figura 3.24 – Reforço ao esforço transverso com dimensões recomendadas (adaptado de [36]).

3.4.2.2 Preparação da superfície

Limpeza do betão

A superfície de betão encontra-se usualmente contaminada e com imperfeições, por conseguinte,

deve-se retirar o betão degradado e as impurezas depositadas na superfície. O método normalmente

Resina epóxi

Chapa de aço

Chapa de aço

Resina epóxi

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utilizado para este tipo de limpeza é o jacto de areia. Caso exista deterioração deve-se realizar a

reparação antes de aplicar o reforço. Por último, deve-se dar alguma rugosidade, em geral, através

da utilização de um martelo de agulhas (ver Figura 3.8) [36].

As fendas com abertura significativa devem ser injectadas com resina.

Chapas metálicas

As chapas (ver Figura 3.25) devem, após o fabrico, ser decapadas e protegidas com uma película

plástica para o seu transporte e manuseamento. A película deve ser apenas removida imediatamente

antes da aplicação das chapas. Caso se utilize um primário na superfície de ligação da chapa ao

betão este deve ser compatível com a resina e aplicado de acordo com o especificado pelos

fornecedores, com o intuito de não prejudicar a aderência das chapas. Os manobradores das chapas

devem utilizar luvas para não contaminar as chapas com sujidade [35].

Figura 3.25 - Chapas metálicas [23].

Colagem das chapas

Após a preparação da superfície das chapas procede-se a colagem das mesmas por injecção de

resinas e adição de conectores metálicos. Uma ligeira pressão deve ser exercida na colagem das

chapas. Com a preparação da superfície das chapas realizada, estas posicionam-se através

conectores introduzidos em furos previamente efectuados. Apesar de o uso de conectores ser mais

comum, quando estes não são utilizados, podem-se aplicar as chapas com o uso de prumos ou outro

tipo de sistema de posicionamento.

Em seguida, procede-se a selagem da zona a injectar através da aplicação de uma resina epóxi com

uma carga no contorno da chapa e sobre a cabeça dos conectores. Na aplicação da resina deixam-se

tubos de pequeno diâmetro para a injecção da resina e saída de ar [36].

No final, as chapas devem ser protegidas contra a corrosão (especialmente em ambientes agressivos

como o marítimo) e a acção do fogo. Essa protecção pode ser garantida, por exemplo, utilizando

pinturas, betão projectado ou outros materiais com capacidade de protecção contra a corrosão e

contra acção do fogo.

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44

3.4.2.3 Controlo de qualidade

O controlo de qualidade deve ser realizado por uma entidade independente e qualificada. Essa

entidade deve examinar o método de execução e os materiais escolhidos pelo empreiteiro.

O controlo da aplicação deve ser feito antes e após a execução do reforço. Como referido

anteriormente, o reforço por chapas metálicas exige uma preparação de superfície cuidada. A própria

chapa deve ser submetida a uma inspecção cuidada antes da sua aplicação, devendo estar livre de

sujidade, ferrugem ou outro tipo de contaminantes.

Posto isto, deve-se assegurar que existe uma boa ligação entre a chapa e o betão existente,

utilizando-se materiais de ligação adequados (resinas). A norma EN1504-4 estabelece requisitos para

o controlo de qualidade e de conformidade para a colagem estrutural.

À semelhança do ensaio descrito na secção 3.4.1.5, deve-se verificar através de ensaios de ligação

resina-betão se o valor de tensão de aderência é suficiente para garantir a durabilidade e eficiência

do reforço. Esses ensaios realizam-se em amostras, no mesmo local de aplicação do reforço, para

uma melhor aproximação das condições e assim obter resultados mais fiáveis. Tendo em conta a

aplicação da chapa, a ligação chapa-resina também deve ser alvo de ensaios de ligação,

denominados ensaios pull off (de arrancamento por tracção – ver Figura 3.32 a)), bem como se fazer

uma verificação de vazios através de testes acústicos (ver Figura 3.32 b)). Este último é muito

semelhante ao ensaio que se descreve mais à frente neste documento (secção 3.4.3.3), uma vez que

a aplicação de laminados e chapas apresentam enumeras semelhanças nos processos de colagem.

3.4.2.4 Dimensionamento do reforço

Os cálculos e verificações seguem os mesmos pressupostos da técnica referida na secção 3.4.1

deste documento. Contudo, no dimensionamento do reforço através de chapas metálicas a

verificação de segurança entre o material de reforço e o elemento a reforçar tem maior importância,

uma vez que é esta verificação que garante a eficácia do reforço.

Dimensionamento do reforço à flexão

O modelo de comportamento no estado limite último de flexão de uma secção reforçada apresenta-se

na Figura 3.26. O dimensionamento da secção faz-se pelo método dos coeficientes globais,

admitindo um coeficiente de monolitismo para a flexão de .

Figura 3.26 – Modelo de cálculo para aplicação do reforço por colagem de chapas metálicas.

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45

Com base no modelo de cálculo determina-se o momento flector resistente MRd seguindo, à

semelhança do encamisamento de betão, a equação 3.1, não se considerando necessário reescrevê-

la.

Os passos seguintes para o cálculo do valor da área de armadura de reforço são os mesmos que os

descritos na secção 3.4.1.6 deste documento, sendo a única diferença a utilização de chapas de aço,

em vez de armadura ordinária, não se considerando necessário repeti-los.

Verificação da segurança de ligação

A ligação entre a chapa e o substrato garante-se por colagem, sendo necessário avaliar a

transmissão de esforços entre o betão e a cola, e a cola e a chapa. Na utilização de conectores,

deve-se ainda considerar a resistência ao corte dos mesmos.

Na verificação de segurança da ligação com conectores considera-se, em geral, uma distribuição

plástica uniforme de tensões de corte dada a ductilidade deste tipo de ligação (ver Figura 3.27).

Figura 3.27 – Diagrama de forças na interface do elemento a reforçar (adaptado de [36]).

A tensão de corte é determinada por equilíbrio através da seguinte expressão:

(3.13)

Onde:

L – Representa o comprimento de transmissão de tensões

bs – largura da chapa.

A verificação da segurança, considerando a participação na resistência dos

conectores e da resina, é realizada de acordo com a seguinte expressão [36]:

(3.14)

Onde:

– Representa a resistência garantida pelos conectores;

– Adesão resina/betão;

– Tensão de aderência mobilizada na ordem de 0,5 MPa [35].

L

τsd

Fsd

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Dimensionamento do reforço ao esforço transverso

O dimensionamento do reforço realiza-se, uma vez mais, recorrendo à técnica dos coeficientes

globais (ver equações 3.15 a 3.17):

(3.15)

(3.16)

(3.17)

Como coeficiente de monolitismo[35] tem-se:

3.4.3 Laminados CFRP

À semelhança da técnica de reforço por chapas metálicas, o reforço recorrendo a sistemas FRPs

permite melhorar a capacidade resistente do elemento quando existe deficiência nas armaduras

existentes.

Este método combina três componentes, o substrato, o adesivo e o laminado de FRP. A sigla FRP

significa “Fiber Reinforced Polymer” que se traduz para português Polímeros Reforçados por Fibras.

Os FRPs são materiais compósitos constituídos por uma matriz polimérica reforçada por fibras que,

devido às suas propriedades e características, em termos de aplicações estruturais, os tornam

bastante atractivos.

O sistema mais comum para aplicação do reforço por FRPs denomina-se EBR (Externally bonded

reinforcement). A utilização dos FRPs implica colagem dos mesmos no elemento a reforçar,

normalmente com resina epóxi.

Esta técnica, tal como as chapas metálicas, tem como principal objectivo aumentar a capacidade

resistente ao esforço transverso e de flexão das vigas e lajes, podendo ainda ser utilizada como

reforço a compressão nos pilares por confinamento do betão. A disposição dos FRPs depende da

distribuição de tensões de tracção no elemento onde se pretende aplicar o reforço, podendo-se

utilizar laminados (ver Figura 3.28 a)) ou mantas (ver Figura 3.28 b)).

a) b)

Figura 3.28 – Formas principais dos FRPs [37 e 38].

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De um modo geral, destacam-se as fibras de vidro, aramida e de carbono, como as mais utilizadas

em sistemas de reforço estrutural. Contudo, tendo em conta a temática deste documento, estuda-se

aplicação das fibras de carbono (CFRP) como técnica de reforço.

As fibras são compostas por filamentos contínuos extremamente finos, tornando a sua manipulação

individual muito difícil. Por este motivo, as fibras comercializam-se em diferentes formatos. Neste

sistema de reforço, as fibras são responsáveis pela capacidade resistente e rigidez do compósito e,

por sua vez, a matriz garante a transferência de tensões entre fibras e é responsável pela protecção

das fibras contra agentes exteriores [39].

Os sistemas de CFRPs têm como uma das principais vantagens não apresentarem corrosão. Os

CFRPs apresentam ainda algumas características que facilitam a sua aplicação no ramo da

Engenharia Civil, nomeadamente no reforço de estruturas (ver Figura 3.29). São materiais leves e

com espessuras reduzidas, com boas propriedades mecânicas (rigidez e resistência), fáceis de

transportar e manusear, pequena exigência ao nível de equipamentos, disponibilidade quase ilimitada

em termos de geometria, bom comportamento à fadiga e ao choque, permite a aplicação directa de

pintura. Contudo, apesar das várias vantagens, também apresentam alguns pontos negativos. As

desvantagens a ter em conta na aplicação desta técnica devem-se à sua reduzida resistência aos

raios UV e ao fogo, ao seu funcionamento apenas numa direcção (laminados unidireccionais), não

apresentam reserva plástica de deformação (comportamento frágil) e ligação deficiente em ambientes

húmidos [23].

a)Reforço de vigas b)Reforço de Pilares

c)Reforço de lajes

Figura 3.29 – Reforço de vários elementos com CFRPs (adaptado de [39]).

A aplicação dos laminados de CFRP segue várias recomendações, nomeadamente o FIB (2001)

“Externally bonded FRP reinforcement for RC structures” e ACI (2006) “ACI 440.1R-06 - Guide for the

Design and Constructionof Structural Concrete Reinforced with FRP Bars”.

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3.4.3.1 Material

Substrato

Apesar da utilização dos sistemas FRPs se aplicarem a diferentes tipos de substrato, nas secções

seguintes trata-se unicamente superfície de betão. As condições iniciais da superfície de betão em

termos de carbonatação, imperfeições, desníveis, fendas, tipo de corrosão, humidade, nível de iões

de cloretos devem ser conhecidos [40].

Laminados CFRPs

Os laminados são sistemas pré-fabricados em lâminas finas (espessura de 1,0 a 1,5 mm),

semelhante às chapas metálicas. Para este tipo de sistema, o adesivo garante a ligação entre o

laminado e a superfície de betão [40]. Neste documento estuda-se a aplicação de laminados pré-

fabricados em fibras de carbono (ver Figura 3.30) [41].

Figura 3.30 – Laminado de fibra de carbono [41].

Os S&P Laminates CFK são usados para reforço à flexão e ao esforço transverso de elementos

estruturais em betão armado.

Adesivo/Resina

O adesivo deve garantir uma ligação adequada para o reforço que cumpra todos os requisitos

especificados. Para sistemas pré-fabricados (laminados) a colagem deve ser efectuada com um

adesivo tixotrópico de elevada viscosidade [40].

3.4.3.2 Preparação da superfície

A preparação da superfície para aplicação do reforço com CFRPs segue os pressupostos definidos

no bulletin 14 do FIB (2001) e as recomendações dos fabricantes de modo a estabelecer um conjunto

de especificações que permita um bom desempenho do sistema de reforço.

Limpeza do betão

Semelhante ao reforço de chapas metálicas, a superfície de betão deve estar livre de impurezas que

possam prejudicar aderência e o betão degradado deve ser reparado. Caso exista deterioração deve-

se realizar a reparação antes de aplicar o reforço. A preparação da superfície pode ser realizada com

os métodos de limpeza referidos na secção 3.4.2.2 das chapas metálicas, garantindo sempre que o

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betão não é danificado. A aplicação dos laminados permite alguma irregularidade na superfície, uma

vez que são colados com um adesivo tixotrópico de elevada viscosidade que permite atenuar essas

irregularidades. Apesar de permitirem alguma margem de manobra na sua aplicação, a irregularidade

da superfície deve ser minimizada. Quando se pretende o envolvimento das secções a reforçar deve-

se tratar as arestas vivas das secções arredondando-as com um raio mínimo de 10 mm [40].

A superfície de betão deve ser marcada onde se pretender aplicar o reforço. Esta deve, normalmente,

encontrar-se seca. Contudo, algumas resinas permitem a sua aplicação em ambientes húmidos.

As aberturas de fendas superiores a 0,4 mm devem ser reparadas com uma resina compatível e o

valor de resistência à tracção do betão obtida por pull-off deve ser superior a 1,5 MPa [40].

Por último, aplica-se ou não, um primário, normalmente especificado pelo fabricante do adesivo, para

não comprometer adesão.

Preparação do laminado

Os laminados (sistemas pré-fabricados) devem ser fornecidos no local de acordo com as

especificações indicadas no projecto e cortados com as dimensões pretendidas. Eles devem estar

livres de qualquer tipo de contaminação, como poeiras, óleos, pó, etc. Quando os laminados são

fornecidos com uma película protectora, garantindo a limpeza da superfície, esta deve ser removida

imediatamente antes da aplicação e a superfície de aderência não deve ser tocada com as mãos. Se

os laminados forem fornecidos sem película protectora, com a superfície pronta a colar, deve-se ter

um cuidado extra [40].

Colagem do laminado

Nos sistemas pré-fabricados, os laminados, a colagem assegura-se através aplicação de um adesivo

tixotrópico de elevada viscosidade (ver Figura 3.31).

Legenda:

1 – Adesivo/Resina; 2 – Laminado CFRP.

a)Colagem de uma lamina b)Colagem de duas ou mais lâminas

Figura 3.31 – Reforço à flexão por colagem de CFRPs.

As informações em termos de temperaturas admissíveis, humidade relativa, fracção de mistura,

tempo de mistura, tempo de execução, tempo útil de utilização, aspectos relacionados com o impacto

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ambiental e tempo de cura devem ser fornecidos pelo fabricando e tidas em conta na execução da

colagem.

A temperatura ambiente e a humidade relativa devem estar de acordo com os limites estipulados pelo

fabricante de adesivos ou resinas. A aplicação deve ser completada dentro de 80% do tempo de

utilização útil (aplicação do adesivo) e tempo de execução da colagem do adesivo na temperatura

dominante.

Depois da aplicação e cura do laminado, este deve estar praticamente sem irregularidades (superfície

côncavas podem resultar no descolamento do material) [40].

Adesivo

O adesivo deve ser aplicado como uma fina camada sobre a superfície de betão logo após a mistura.

O adesivo aplica-se também sobre o laminado (para uma largura de laminado de 100 mm implica

uma altura máxima de adesivo cerca de 5 mm), apresentando uma maior espessura no centro do

laminado, reduzindo o risco de formação de vazios quando aplicado o reforço sobre a superfície de

betão. O laminado coloca-se, aplicando uma determinada pressão, na superfície de betão com ajuda

de um rolo de borracha de modo a garantir um melhor contacto. De seguida, deve-se remover o

excesso de adesivo ao longo dos bordos do laminado. O adesivo deve apresentar uma espessura

final uniforme ao longo do comprimento de colagem (espessura mínima do adesivo: 1,5mm a 2,0mm).

Usualmente, a aplicação dos laminados faz-se numa só camada [40].

No final, deve ser aplicado um tipo de acabamento, que pode ser apenas aplicado por razões

estéticas ou como crucial para manter a integridade a longo prazo da estrutura reforçada. Estas

camadas devem ser aplicadas segundo as especificações dos fabricantes, protegendo o laminado

contra incêndios, possíveis danos, e contra os raios UV.

3.4.3.3 Controlo de qualidade

O Controlo de qualidade em obra revela-se extremamente importante uma vez que influencia a

durabilidade e eficiência do reforço.

Para garantir a eficiência do reforço devem-se proceder a inspecções durante a execução,

relacionadas com o adesivo e o laminado. Os ensaios realizam-se em amostras no local para uma

melhor aproximação das condições de execução, devendo ser tratadas nas mesmas condições de

exposição. O adesivo deve ser sujeito a controlo de espessura e estado da cura e deve-se realizar

ensaios de arrancamento por tracção (ver Figura 3.32 a)) – pull off – para verificar a ligação

Resina/laminado.

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a) Ensaio de arranque – pull off b) Teste acústico – verificação de vazios após

a cura

Figura 3.32 – Técnicas de controlo da aplicação [38].

Ainda referente à ligação (colagem), deve-se analisar o seu estado, isto é, proceder-se a uma

inspecção com o intuito de detectar vazios (ver Figura 3.32 b)), imperfeições geométricas ou

anomalias, para se aplicar as correcções necessárias.

3.4.3.4 Dimensionamento do reforço

O dimensionamento do reforço por colagem de sistemas FRPs segue a mesma metodologia das

técnicas referidas nas secções anteriores. No dimensionamento deve-se analisar todos os modos de

rotura possíveis na verificação da resistência última do elemento. Quando se utiliza a técnica EBR

com FRP podem ocorrer os seguintes modos de rotura [39]:

- Rotura do FRP;

- Destacamento do sistema de reforço (ver Figura 3.33).

Figura 3.33 – Modos de rotura no reforço por CFRPs [39].

Contudo, em estruturas reforçadas à flexão com laminados ou mantas pode ainda se obter os

seguintes modos de destacamento (ver Figura 3.34):

- Modo 1: Destacamento no final do laminado ou manta;

- Modo 2: Destacamento intermédio devido a fendas de flexão;

- Modo 3: Destacamento devido a fendas de corte;

- Modo 4: Destacamento devido a irregularidades da superfície do betão.

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Figura 3.34 – Modos de rotura em estruturas reforçadas à flexão com laminados/mantas (adaptado de [39]).

O sistema utilizado no reforço deve manter a ductilidade, garantindo que a capacidade resistente ao

esforço transverso não controla a rotura [2].

Dimensionamento do reforço à flexão

Uma vez mais, de modo semelhante à colagem de chapas metálicas, o dimensionamento do reforço

tem como base o modelo de cálculo ilustrado (ver Figura 3.35).

Figura 3.35 – Modelo de cálculo para o dimensionamento do reforço à flexão por colagem de laminados CFRPs.

Com base no modelo de cálculo tem-se novamente as seguintes equações que permitem chegar ao

valor de laminado necessário para o reforço.

(3.19)

Sabendo qual o momento actuante, recorre-se às tabelas correntes de dimensionamento e

determina-se o valor de área de armadura equivalente. Com base nesse valor pode-se calcular o

valor de armadura de reforço tirando partido da equação 3.2.

(3.20)

O boletim FIB 14 [40] apresenta três metodologias de dimensionamento do reforço à flexão.

A metodologia mais simples recomenda que no cálculo do dimensionamento do reforço seja

considerado um valor de f,min= 0,65 a 0,85 % de modo a evitar o descolamento prematuro dos

laminados.

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Verificação da zona de ancoragem

Esta verificação consiste no cálculo da força máxima de tracção do laminado para não se dar a rotura

da ligação com o betão na zona da amarração do laminado. O FIB [40] define a seguinte expressão

para o cálculo dessa força:

√ (3.21)

Onde:

bf – Largura do laminado;

Ef – Módulo de elasticidade do laminado;

tf – Espessura do laminado;

fctm – Tensão de rotura média à tracção do betão;

α – Coeficiente redutor para ter em conta a influência das fendas de corte na

resistência de aderência;

c1 e c2 – são factores obtidos por calibração a partir de resultados de ensaios;

kb – Factor que tem em conta a influência da geometria;

kc – Factor que tem em conta as condições compactação do betão.

Esta força tem como comprimento de amarração, segundo o FIB [40], o valor obtido de:

O FIB [40] define estas verificações como uma das abordagens possíveis. A verificação da zona de

ancoragem segue abordagem 1 do FIB.

Contudo, neste documento estuda-se a abordagem 3 que consiste na verificação da abordagem 1,

complementando-a com a verificação da zona de flexão. Nesta zona analisam-se as tensões de corte

na ligação sendo necessário verificar as seguintes situações:

(3.22)

(

)

(3.23)

(3.24)

Armadura fora da cedência: s < yd Armadura na cedência: s > yd

A tensão resistente de aderência resulta da equação 3.25.

(3.25)

Dimensionamento do reforço ao esforço transverso

O esforço transverso resistente calcula-se através da seguinte equação.

(3.26)

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54

Onde Vrdi representa a resistência garantida pelos estribos presentes na viga (ver equação 3.27).

(3.27)

E Vrdr representa a resistência garantida pelo reforço com os laminados. Este reforço pode ser

contínuo (ver equação 3.28) ou espaçado (ver equação 3.29).

(3.28)

(3.29)

A extensão efectiva de cálculo obtém-se da seguinte expressão:

(3.30)

Sendo que para laminado tem-se γf = 1,20 e para mantas γf = 1,35.

O FIB [40] permite calcular o f,e a partir das seguintes expressão:

(

)

(3.31)

Reforço envolvendo a secção

[ (

)

(

)

] (3.32)

Reforço em forma de U

Por último, devido à reduzida informação sobre a máxima extensão, o FIB [40] recomenda um factor

de redução, k, igual a 0,8.

(3.33)

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55

4 Avaliação Estrutural do viaduto

4.1 Descrição do viaduto

A estrutura em estudo é um viaduto de ligação a um estaleiro naval situado em Setúbal com um

desenvolvimento de 33,8 m e uma largura total de 10,0 m, sendo constituído na direcção longitudinal

por 4 vãos com 8,25 m de comprimento (ver Figura 4.1).

a)

b)

Figura 4.1 – Viaduto de ligação ao estaleiro naval (adaptado de [18]).

A obra em estudo é constituída por elementos estruturais em betão armado, apresentando um

tabuleiro em laje vigada apoiado em estacas. O tabuleiro é constituído por uma laje de 0,30 m de

espessura apoiado em 4 vigas longitudinais, espaçadas de 2,47 m na direcção transversal (ver Figura

4.2). A laje do tabuleiro foi executada com pré-lajes com espessura de 0,15 m, e posteriormente,

foram colocados mais 0,15 m de betão in situ, formando assim os 0,30 m de espessura.

Figura 4.2 – Corte transversal do viaduto (adaptado de [18]).

As vigas longitudinais são pré-fabricadas com 0,60 x 1,00 m2 de secção e apoiam-se em travessas

betonadas in situ sobre as estacas. As travessas apresentam dimensões de 1,50 x 0,80 m2, sendo

que por cada alinhamento transversal, existem 4 estacas de betão armado, com 0,60 m de diâmetro,

que apoiam as travessas, contabilizando um total de 20 estacas no viaduto.

O viaduto trata-se de uma obra integral, não apresentando juntas de dilatação. Os encontros são

constituídos por travessas apoiadas em estacas que recebem as vigas longitudinais do tabuleiro [19].

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56

4.1.1 Descrição das anomalias

As anomalias que se detectam no viaduto estão associadas à deterioração de alguns dos seus

elementos.

Vigas longitudinais

A deterioração destes elementos está relacionada com a corrosão das armaduras. Em geral, todas as

vigas apresentam fendilhação significativa, sendo observados casos de abertura de fendas com

elevado valor devido a corrosão acentuada das armaduras (ver Figura 4.3). Dos elementos em causa,

o que se encontra mais afectado é a viga extrema poente onde se verifica uma delaminação extensa

da zona inferior da viga (ver Figura 4.4).

Figura 4.3 – Fendilhação da viga lateral.

Figura 4.4 – Delaminação da viga lateral do lado

poente.

O nível de deterioração observado, tendo em conta a idade da obra, indica que o betão é de baixa

resistência à penetração dos cloretos, potenciando o desenvolvimento mais rápido da corrosão das

armaduras quando atingidas pelos cloretos.

Travessas

Ao se examinar estes elementos é possível observar algumas zonas com deterioração por corrosão

ainda de reduzida dimensão (ver Figura 4.5). Sendo as travessas betonadas in situ, é expectável que

o betão utilizado seja de melhor qualidade tendo atrasado a penetração dos cloretos.

Figura 4.5 – Fendilhação da travessa.

Figura 4.6 – Deterioração da pintura dos guarda-corpos [19].

Figura 4.7- Pavimento do viaduto.

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Lajes

Estes elementos não apresentam deterioração significativa.

Restantes elementos

Nos restantes elementos não é possível observar deterioração significativa. O pavimento apresenta-

se em estado razoável e os guarda-corpos não apresentam sinais de corrosão. Contudo, observa-se

degradação na pintura dos guarda-corpos (ver Figura 4.6 e Figura 4.7) [19].

4.2 Análise estrutural

Antes de se proceder à aplicação das técnicas de reparação e/ou reforço, realiza-se uma avaliação

estrutural do viaduto descrito no subcapítulo anterior.

Para tal, foi efectuada a modelação do viaduto utilizando o programa de cálculo automático [43], com

base no levantamento estrutural e de anomalias do viaduto realizado pelo projectista da reabilitação

no ano 2010 [18].

4.2.1 Propriedades mecânicas dos materiais

Na modelação do viaduto considera-se um betão C20/25 em todos os elementos de betão de acordo

com o que foi especificado no projecto.

Para simular a interacção da travessa com as estacas, utilizam-se troços rígidos, aos quais se

atribuiu um módulo de elasticidade elevado simulando a indeformabilidade dos mesmos.

4.2.2 Vigas e travessas

As vigas e travessas da estrutura definem-se por elementos de barra lineares verticais e horizontais

(ver Figura 4.8).

Figura 4.8 – Elementos de barra lineares (viga, travessa e estaca).

Figura 4.9 – Modelo com as vigas e travessas a coincidir com o topo da laje.

4.2.3 Laje

Para simular as lajes foram utilizadas elementos de casca e, na sua modelação, recorre-se à função

area section com a espessura pretendida.

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De salientar que, na modelação da laje, considera-se constante o seu eixo médio, fazendo baixar as

vigas e as travessas, de modo a fazer coincidir o topo das secções (ver Figura 4.9).

De modo a representar melhor o comportamento destes elementos, procede-se ao refinamento das

lajes num maior número de elementos, a partir da função de divisão de áreas compatibilizando todos

os nós da laje com os restantes elementos (viga e travessa).

4.2.4 Estacas

Para a modelação das estacas utiliza-se elementos de barra lineares. Contudo, uma vez que o

comportamento das estacas é influenciado pelo terreno envolvente realiza-se também a modelação

do mesmo. A modelação do terreno consiste na colocação de apoios elásticos (molas) horizontais e

verticais, fazendo variar o valor das reacções com a profundidade das estacas para simular um

comportamento elástico e linear, tendo como base o modelo de Winkler (ver Figura 4.10). Como não

se conhece a profundidade máxima das estacas do viaduto, assume-se a relação D/B>=10 (fundação

indirecta), onde D representa a profundidade da estaca e B o seu diâmetro.

Figura 4.10 – Discretização das molas nas estacas.

As molas introduzem-se ao nível dos nós, segundo os eixos x,y e z, considerando um parâmetro K

(módulo de reacção que cresce com a profundidade) – (equação 4.1) que permite simular o

comportamento e as propriedades do solo.

(4.1)

K(Z) – Módulo de reacção horizontal do terreno, função da profundidade Z;

nh – taxa de variação do coeficiente de reacção do solo em profundidade;

z – profundidade medida a partir do terreno.

Para os valores nh, uma vez que a informação sobre o terreno é muito limitada, consideram-se os

valores da Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Grandezas do coeficiente nh em função do tipo de solo (adaptado de [20]).

Tipo de Solo nh (kN/m

3)

Solo Seco Solo submerso

Areia Compacta 2500 1500

Areia muito compacta 7000 5000

Areia muito compacta 20000 12500

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Com base no valor de K, calcula-se a rigidez das molas inseridas ao nível dos nós seguindo as

expressões seguintes (ver 4.2 a 4.4) [17]:

(4.2)

(4.3)

Linf – altura de influência do nó;

P – Perímetro da estaca;

B – Diâmetro da estaca.

Por último, determina-se o valor da mola vertical na ponta da estaca seguindo a expressão seguinte:

(4.4)

Ainf – área de influência da estaca

Tendo em conta as expressões anteriores, apresenta-se as seguintes tabelas resumo do valor das

molas em cada nó (espaçados de 1 m):

Tabela 4.2 – Rigidez das molas nas estacas nos encontros.

Estacas dos encontros

Fuste

Nó Rigidez (K) Horizontal (kN/m) Vertical (kN/m)

1 1500 1500 4712

2 3000 3000 9425

3 4500 4500 14137

4 6000 6000 18850

5 7500 7500 23562

6 9000 9000 28274

7 10500 10500 32987

Ponta 16500 7775

Tabela 4.3 – Rigidez das molas nas restantes estacas do viaduto.

Estacas do tabuleiro

Nó Rigidez (K) Fuste

Horizontal (kN/m) Vertical (kN/m)

1 1500 1500 4712

2 3000 3000 9425

3 4500 4500 14137

4 6000 6000 18850

5 7500 7500 23562

6 9000 9000 28274

Ponta 16500 7775

4.2.5 Validação do modelo

Após a realização do modelo, há que proceder à sua validação.

Nesta validação, compara-se o somatório de reacções verticais do tabuleiro, com os valores das

reacções retirados do SAP2000 (ver Tabela 4.4).

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Tabela 4.4 – Calculo das reacções verticais devido ao peso próprio.

Peso Próprio do tabuleiro (kN/m)

Reacções no topo da estaca (kN/m) (SAP2000)

Laje 2475

Viga 1980

Travessa 1500

Total 5955 Total 5953,25

A partir dos valores da Tabela 4.4, conclui-se que se obteve uma diferença de, aproximadamente, 2

kN (0,03%).

No modelo construído, correu-se a análise modal com o intuito de obter as frequências dos diversos

modos de vibração, bem como a participação da massa em cada modo. Os factores de participação

modal permitem saber a contribuição de cada deslocamento para cada modo e, assim, perceber qual

o movimento predominante.

No anexo A apresentam-se as características dos 12 modos de vibração por serem os que estão

associados aos movimentos de translação segundo X, translação segundo Y e torção.

Na Tabela 4.5 observam-se os valores de frequência para os primeiros 3 modos de vibração. Tendo

em conta as dimensões da estrutura era de esperar que esta tivesse uma frequência na ordem de 1

Hz, facto que se verificou.

Tabela 4.5 – Frequências obtidas através do modelo.

Modo Frequência

(Hz) Período

(s)

1 0,999 1,000

2 1,01 0,988

3 1,244 0,803

4.3 Avaliação de segurança

Neste subcapítulo pretende-se verificar a segurança da estrutura para os estados limites últimos de

resistência e estados limites de utilização, considerando todos os materiais e cargas existentes na

obra.

Os presentes cálculos justificativos referem-se apenas ao tabuleiro do viaduto, onde se pretende

implementar as soluções de reforço.

4.3.1 Acções e combinações

O presente trabalho, de forma a quantificar as acções para uma correcta análise e dimensionamento

do viaduto, respeita a filosofia imposta pelas normas europeias em vigor - os Eurocódigos - tal como

já foi referenciado no capítulo da introdução.

De acordo com estes regulamentos, definem-se combinações de acções relativamente aos Estados

Limite Últimos e Estados Limite de Utilização. As directrizes definidas para cada Estado Limite

apresentam-se separadamente.

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4.3.1.1 Estados Limite Últimos

Os Estados Limite Últimos correspondem a situações de colapso da estrutura e a sua verificação é

feita segundo o princípio de que os esforços actuantes são inferiores aos esforços resistentes.

A combinação de acções preconizada pela EN 1990 – Bases para o Projecto de Estruturas, para uma

situação de projecto persistente ou transitória, é dada pela seguinte expressão:

[ ∑

]

Para situações de Projecto sísmicas, a expressão anterior toma a seguinte forma:

Os coeficientes e que permitem reduzir as acções variáveis, tomam valores recomendados

pelo Eurocódigo.

4.3.1.2 Estados Limite de Utilização

A verificação aos Estados Limite de Utilização pretende assegurar um bom desempenho em serviço

da estrutura, ou seja, garantir que todos os elementos estruturais cumpram adequadamente os

objectivos para os quais foram projectados.

Existem três combinações de acções possíveis para a verificação destes Estados, em função da

duração que uma dada acção pode ter ao longo da vida útil da estrutura, sendo dadas pelas

expressões seguintes:

Combinação Frequente

∑ ∑

Combinação quase-permanente

∑ ∑

Combinação rara

∑ ∑

A verificação de segurança relativamente a estes Estados, para o caso da obra em estudo, incide-se

nos estados limites de fendilhação e deformação.

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4.3.1.3 Materiais

Os materiais estruturais são o betão e o aço.

Na Tabela 4.6 apresentam-se a classe de resistência do betão e propriedades do aço do viaduto em

estudo.

Tabela 4.6 – Materiais presentes no viaduto

Betão B25

fcd (MPa) 13,33

fck (MPa) 20

Ecm (GPa) 30

fctm 2,2

Aço A400

fyd (MPa) 348

E (GPa) 200

4.3.1.4 Acções Permanentes

As acções permanentes são assumidas como valores constantes ao longo da vida útil da estrutura.

No presente trabalho consideram-se como cargas permanentes o peso próprio do tabuleiro e o peso

próprio dos restantes elementos não estruturais do tabuleiro (ver Tabela 4.7).

Tabela 4.7 – Peso próprio e restantes cargas permanentes do tabuleiro.

Peso Próprio (kN/m3) 25

Betuminoso (e=0,12m) (kN/m3) 24

Passeio (kN/m) 3

Guarda Corpos (kN/m) 0.5

Para além das acções já mencionadas, considerou-se também a retracção do betão, admitindo os

seguintes valores:

εcs = -3x10-4

O efeito da retracção pode ser avaliado impondo uma variação de temperatura equivalente à

estrutura. Para o valor de extensão admitido, tem-se (α=10-5

/oC):

ΔTeq= -30ºC

Contudo, o efeito da fluência e da fendilhação reduzem os esforços induzidos pela retracção.

Considera-se que este efeito corresponde a definir-se um módulo de elasticidade equivalente igual a

um terço do módulo de elasticidade do betão. O mesmo equivale a reduzir o valor da variação

equivalente de temperatura para um terço.

ΔTeq= -10ºC, no modelo.

4.3.1.5 Acções variáveis – Sobrecarga Rodoviária

De forma a considerar os efeitos do tráfego rodoviário, a parte 2 do Eurocódigo 1 recomenda a

utilização de um modelo de carga LM1 (Load Model 1) que simula a posição dos veículos sobre a

ponte através da aplicação de cargas concentradas e uniformemente distribuídas.

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4.3.1.6 Acção sísmica

A EN1998 representa a acção sísmica por meio de espectros de resposta elásticos definidos para

dois tipos de sismo. A acção sísmica Tipo 1 está associada a sismos de magnitude elevada, com

maior duração, frequências baixas e grande distância focal. A acção sísmica Tipo 2 caracteriza-se por

sismos de magnitude moderada, menor duração, frequências elevadas e pequena distância focal. O

viaduto em estudo localiza-se em Setúbal, obtendo-se os valores de referência de aceleração do solo

e tipo de terreno de fundação presentes na Tabela 4.8, considerando um coeficiente de

comportamento igual a 1,5.

Tabela 4.8 – Características dos espectros considerados na análise sísmica.

Acção tipo 1 – AS1

Ag (m/s2) 1,5

Acção tipo 2 – AS2

Ag (m/s2) 1,7

Tipo de solo

AS1 C

AS2

4.3.2 Fase construtiva

Numa primeira análise, uma vez que a estrutura possui vigas e lajes pré-fabricadas, procedeu-se às

verificações necessárias para a fase construtiva.

Para tal, considera-se um modelo simples de uma viga simplesmente apoiada e de um painel de laje

simplesmente apoiado com flexão cilíndrica, respectivamente, na análise das vigas e lajes do

tabuleiro.

4.3.2.1 Laje do tabuleiro

As pré-lajes (ver Figura 4.11 a)) encontram-se apoiadas nas vigas longitudinais e são descontínuas

longitudinalmente na face inferior, impossibilitando o funcionamento nessa direcção. Sendo assim, a

análise das lajes nesta fase é realizada apenas segundo a direcção transversal para momentos

positivos.

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64

a)

b)

Figura 4.11 – Pormenor em planta e em corte da pré-laje (adaptado de [18]).

Nesta fase, a laje encontra-se condicionada pelo peso próprio do betão colocado in-situ e sobrecarga

construtiva. De seguida, apresentam-se os cálculos efectuados:

Dimensões

hlaje = 0,15 m

Llaje = 1,99 m

d = 0,084 m, c = 0,06 m

Acções

Pp = (0,15 + 0,15) x 25 = 7,5 kN/m2

Sc = 1 kN/m2

Psd = 1,5 (7,5 + 1) = 12,75 kN/m2

Esforços (modelo simples)

Msd = 6,31 kNm/m

Vsd = 12,69 kN/m

Na Figura 4.11 observa-se as quantidades de armadura existentes na pré-laje. Com isso, obtiveram-

se os seguintes esforços resistentes (ver Tabela 4.9).

Tabela 4.9 – Momentos resistentes das pré-lajes.

As (cm2) ω μ Mrd (kNm/m)

Ø12//10 11,31 0,351 0,277 26,03>Msd

4.3.2.2 Vigas

Na análise das vigas tem-se em conta a Figura 4.12, onde se quantificam as armaduras.

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Figura 4.12 – Corte da viga (adaptado de [18]).

De seguida, apresentam-se as dimensões e cálculos referentes às vigas pré-fabricadas na fase

construtiva.

Dimensões

hlaje = 0,7 m

Llaje = 7,65 m

d = 0,614 m, c = 0,06 m

Linf = 2,535 m

Acções

Pp = 0,7 x 0,6 x 25 = 10,5 kN/m2

Rcp = 0,2 x 25 x 2,535 = 19,01 kN/m2

Sc = 1x 2,535 = 2,535 kN/m2

Psd = 1,5 (10,5+2,535) = 48,07 kN/m2

Esforços (modelo simples)

Msd = 351,66 kNm/m

Vsd = 183,87 kN/m

Os respectivos esforços resistentes expõem-se na Tabela 4.10:

Tabela 4.10 – Esforços resistentes das vigas pré-fabricadas.

As (cm2) ω μ Mrd (kNm)

7Ø25 + 2Ø20 40,65 0,287 0,238 716,99>Msd OK

Asw/s (cm2/m) Θ (º) z.cotg θ Vrd (kN)

Ø10//0,10 31,40 30 0,957 1045,40>Vsd OK

4.3.3 Fase serviço

Para a verificação da fase de serviço procede-se à utilização do programa de cálculo automático

SAP2000. Com o objectivo de averiguar a necessidade de reforço no tabuleiro realiza-se a análise da

situação mais condicionante, isto é, aferir quais as vigas mais solicitadas e a necessidade, ou não de

reforço.

4.3.3.1 Laje do tabuleiro

Depois de se calibrar o modelo final, averigua-se em serviço o comportamento dos restantes

elementos. Como referido no início deste capítulo, as pré-lajes são descontínuas na direcção

longitudinal, o que leva à necessidade de, no modelo, diminuir a sua rigidez nessa direcção com o

intuito de “encaminhar” os esforços para a direcção transversal. Após várias iterações, os esforços

condicionantes são obtidos quando se posiciona o veículo-tipo na consola lateral, seguindo o modelo

de carga LM1 do Eurocódigo 1.

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Estados limites últimos

Primeiramente, apresenta-se a Tabela 4.11 com os momentos resistentes da laje em ambas as

direcções para a combinação fundamental.

Tabela 4.11 – Momentos resistentes da laje em ambas as direcções.

Direcção transversal As (cm2/m) ω μ Mrd (kNm)

M-

ø12//0,10 11,31 0,126 0,117 85,07

M+

ø12//0,10 11,31 0,126 0,117 85,07

Direcção longitudinal

As (cm2/m) ω μ Mrd (kNm)

M-

ø10//0,10 7,86 0,092 0,087 63,42

M+ ø10//0,20 3,93 0,046 0,044 32,65

Em seguida, observam-se na Tabela 4.12 os valores dos momentos actuantes na laje, apresentando-

se em anexo as tabelas detalhadas dos mesmos (ver Anexo B).

Tabela 4.12 – Momentos actuantes na laje em ambas as direcções.

Direcção transversal

Msd- (kNm/m) 84.16

Msd+ (kNm/m) 86,10

Direcção Longitudinal

Msd- (kNm/m) 29,95

Msd+ (kNm/m) 40,29

Tendo em conta as tabelas anteriores (ver Tabela 4.11 e Tabela 4.12), conclui-se que, devido ao

processo construtivo, na direcção longitudinal, a resistência da laje deve ser garantida pela armadura

superior, colocada in situ. Contudo, a resistência da armadura superior não é suficiente, sendo

necessário tirar partido de uma pequena parte da resistência inferior da laje na direcção longitudinal.

Estados limites de utilização

A verificação deste requisito regulamentar é avaliado para a combinação frequente de acções.

O deslocamento vertical máximo (ver Figura 4.13) é obtido junto à viga de bordo (zona em consola).

O valor obtido da flecha elástica é de 1,77 mm, que, ao considerar os efeitos de fluência, pode atingir,

aproximadamente, 7 mm. Este valor é inferior ao valor de conforto, sendo comum utilizar L/750 em

pontes.

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Figura 4.13 – Deformações na laje do tabuleiro em metros.

De acordo com os resultados do modelo (ver anexo C), o momento actuante na laje para a

combinação frequente de acções é igual a 20,36 kN.m/m, inferior ao momento de fendilhação (33

kN.m/m), o que indica que a fendilhação não ocorre na laje.

4.3.3.2 Vigas longitudinais

Na fase de serviço, as vigas longitudinais são avaliadas para acção do veículo-tipo na consola lateral,

seguindo o modelo LM1.

Estado limite último

Na verificação de segurança ao Estado Limite Último utiliza-se a combinação fundamental,

apresentando-se, antes de tudo, os esforços resistentes da viga (ver Figura 4.14 a) e Figura 4.14 b))

na

Tabela 4.13.

a) b)

Figura 4.14 – Corte da viga (zona do apoio a), zona do vão b)) (adaptado de [18]).

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Tabela 4.13 – Esforços resistentes na zona do apoio e do vão.

Momentos

As (cm2) b (m) ω μ Mrd (kN.m)

Apoio

5ø25 24,55 0,6 0,116 0,108 728,66

Vão 7ø25+2ø20 40,65 2,449 0,047 0,046 1260,83

Esforço transverso

Asw/s (cm2/m) Θ (

o) Vrd (kN)

Apoio

ø10//0,10 31,4 30 1562,85

Vão ø10//0,20 15,72 30 782,42

Os tramos do tabuleiro sujeitos aos esforços mais elevados são os extremos. A partir do modelo

obteve-se a envolvente de esforços de modo a aferir a necessidade ou não de reforço. Posto isto,

apresentam-se em seguida os esforços (ver Figura 4.15, Tabela 4.14, Figura 4.16 e Tabela 4.15) na

viga condicionante (Alinhamento 4, ver Figura 4.2).

Figura 4.15 – Envolvente dos momentos flectores.

Tabela 4.14 – Momentos máximos.

Momentos condicionantes da viga

Msd(e)- (kN.m) -83,82

Msd(d)- (kN.m)

-546,92

Msd+ (kN.m)

1632,41

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0 2 4 6 8

Mo

me

nto

s (k

N.m

)

Envolvente dos momentos flectores

Esforços máximos

Esforços mínimos

Msd(-)e

Msd(-)d

Msd(+)

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Figura 4.16 – Envolvente dos esforços transversos.

Tabela 4.15 – Esforços transversos máximos.

Esforços transversos condicionantes da viga

Vsd(e)- (kN) -801,79

Vsd(d)+ (kN)

-865,20

Estados limite de Utilização

Para as vigas longitudinais é muito importante controlar a abertura de fendas, uma vez que as vigas

são os elementos mais esforçados da estrutura e o ambiente de exposição é muito agressivo.

O controlo da abertura de fendas é verificado indirectamente, de acordo com o EC2, através do

espaçamento máximo e diâmetro dos varões das armaduras principais traccionadas.

Com base nos valores de tensão calculados e sabendo que a armadura é composta por varões de 25

mm de diâmetro, espaçados, aproximadamente, de 60 mm, é possível averiguar que os limites

impostos pelo EC2 - 7.3.3, são respeitados, tanto para o espaçamento de varões, como para o

diâmetro máximo, aplicando a modificação necessária para um fct de 2,2 MPa

Na avaliação das deformações da viga, o cálculo da mesma encontra-se em pormenor no Anexo D,

onde, através do método dos coeficientes globais, se obtém o valor da flecha a longo prazo.

Nas pontes, verifica-se que o limite máximo de deformação em função do vão da viga:

Redistribuição de esforços

Depois de se obterem os esforços envolventes, pretende-se tirar partido da resistência total da viga.

Para tal, efectua-se uma redistribuição de esforços com objectivo de, caso seja necessário, reforçar

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1000

0 2 4 6 8

Esfo

rço

tra

nsv

ers

o

Envolvente dos esforços transversos

Esforços máximos

Esforços mínimos

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70

apenas a viga para momentos flectores positivos. Analisando a Figura 4.15, a viga não apresenta

capacidade de resistência suficiente para o momento actuante a meio vão. Contudo, este pode

diminuir, fazendo “subir” o diagrama e explorando a folga de resistência nos apoios. Como os

momentos no apoio ainda não ultrapassaram os valores de Mrd, pode-se tirar proveito da sua

capacidade.

Posto isto, apresentam-se, em seguida, os cálculos justificativos que permitem perceber se há ou não

necessidade de reforço.

No apoio de extremidade é possível tirar partido da capacidade resistente das estacas à flexão.

O Eurocódigo 2 estabelece um limite δ para a redistribuição de esforços, dado pela seguinte

expressão:

e

(4.5)

Onde:

k2 = 1,25, para εcu2 = 0,0035;

d – altura útil;

x – posição da linha neutra.

Uma vez verificada a expressão do Eurocódigo 2 é possível fazer uma redistribuição dos esforços

elásticos, isto é, as zonas mais esforçadas apresentam um comportamento suficientemente dúctil de

forma a permitir que as capacidades resistentes das secções se adaptem aos esforços actuantes.

Neste caso, tira-se partido da folga da resistência dos apoios para se proceder ao reforço na zona de

momentos positivos.

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71

5 Reforço do viaduto

5.1 Introdução

No presente capítulo procede-se ao dimensionamento das soluções discutidas no capítulo 3. Depois

de aferida a necessidade de reforço, este capítulo tem como objectivo compreender qual a melhor

solução a adoptar no viaduto, tendo em conta os materiais do viaduto e o ambiente em que este se

encontra inserido.

No viaduto em estudo e com base no que já foi discutido no capítulo anterior, o reforço tem como

objectivo melhorar a resistência à flexão das vigas, apresentando-se, em seguida, os cálculos e

verificações de segurança a efectuar no dimensionamento para o estado limite último.

5.2 Opção de reforço com encamisamento

No reforço por encamisamento começa-se por definir os materiais a utilizar, tendo por base as

prescrições relativas à composição e classe de resistência do betão definidas na especificação LNEC

E464 (ver Tabela 5.1).

Tabela 5.1 – Materiais utilizados no reforço por encamisamento.

Material de reforço

Aço A500

Betão C35/45

Reforço à flexão

Com base no modelo de cálculo da Figura 3.18 e seguindo os pressupostos seguintes (ver Tabela

5.2), procede-se ao cálculo da armadura equivalente (As,eq).

Tabela 5.2 – Pressupostos utilizados no cálculo da armadura equivalente.

Pressupostos

Secção de viga em T

Espessura do novo betão (m) 0,05

b (m) 2,449

di (m) 0,914

dr (m) 0,964

deq (m) 0,92

Asi(cm2) 40,65

β 0,2

γn,M 0,9

Msd (kN.m) 1470,38

Assim tem-se:

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72

Com base na equação 3.5, pode-se calcular o valor necessário de armadura de reforço:

Desta forma, define-se como armadura de reforço 6ø16, ou seja, 12,06 cm2.

Por último, realiza-se uma pequena verificação, para confirmar se o deq utilizado no cálculo é

conservativo. Para tal, tem-se como base a equação 3.4.

Ligação betão existente/betão novo

Na análise estrutural obteve-se o esforço transverso condicionante:

Com as equações 3.6 e 3.7 calculam-se as tensões tangenciais.

Uma vez calculada a tensão tangencial, compara-se essa com a tensão resistente, tirando partido da

expressão definida no EC2 (ver equação 3.9).

0,66 +

Temos:

c = 045 e μ=0,7, assumindo uma superfície rugosa.

Outro dado importante é o facto da parcela responsável pela adesão ser suficiente para

garantir a verificação ( ). Contudo, e para garantir uma solução

mais robusta, aplica-se uma armadura de 3 conectores de ø6//0,3.

Assim temos a seguinte solução (ver Figura 5.1). E no anexo E – desenho nº 2 encontra-se com

maior rigor as pormenorizações da solução.

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73

Figura 5.1 – Pormenorização da solução a aplicar no viaduto.

5.3 Opção de reforço com recurso a chapas metálicas

Mais uma vez, no reforço por colagem de chapas metálicas começa-se por definir os materiais de

reforço (ver Tabela 5.3).

Tabela 5.3 – Material utilizado no reforço por colagem de chapas metálicas.

Material de reforço

Aço S235 Antes de se proceder ao reforço faz-se a seguinte verificação:

{

Neste caso o valor está próximo do limite, deve-se ter em conta o controlo de fendilhação.

Reforço à flexão

Assim, com base nos pressupostos da tabela, pode-se calcular o valor de armadura de reforço.

Tabela 5.4 – Pressupostos utilizados no cálculo da armadura equivalente.

Pressupostos

Secção de viga em T

b (m) 2,449

di (m) 0,914

dr (m) 1,0

deq (m) 0,92

Asi(cm2) 40,65

β 0,2

γn,M 1

Msd (kN.m) 1470,38

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Novamente, recorrendo à equação 3.5 tem-se:

Desta forma, define-se como armadura de reforço uma chapa de 160x8 (mm) (ver Figura 5.2)),

perfazendo uma armadura de 12,8 cm2. Contudo, deve-se ter em conta a furação necessária para a

colocação dos conectores.

Figura 5.2 – Pormenorização da solução de reforço por chapas metálicas.

Verificação da ligação chapa/betão

A equação 3.14 permite verificar a segurança da ligação.

Onde:

l – representa a distância da secção de esforço máximo à extremidade da chapa.

Neste caso, a adesão da chapa já seria suficiente, contudo considera-se a aplicação de conectores

para uma melhor robustez da solução. Para tal, e com base na informação disponibiliza pela ficha

técnica HILTI, aplicam-se conectores M10 com as seguintes características (ver Tabela 5.5).

Tabela 5.5 – Características do conector.

HVA M10

@8

fa 0,82

fb 0,8

Rd 8,5

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75

Comprimento das chapas

Calcula-se em seguida o comprimento das chapas, tendo por base o diagrama de momentos

actuantes (ver equação 5.1).

(5.1)

Na zona do apoio deve-se calcular o valor de força de tracção na armadura devida ao esforço

transverso e verificar a sua necessidade ou não de reforço.

(

)

Por último, calcula-se o valor de força de tracção na chapa nas secções a partir das quais é possível

fazer a dispensa das chapas e calculam-se os conectores necessários a aplicar nessa zona para

realizar a amarração.

(

)

(

)

Com base na equação 5.1 de momentos é possível determinar as secções de dispensa.

{

Com o valor de força de tracção, e semelhante à verificação da ligação chapa/betão, verifica-se se é

necessário colocar conectores, ou se a força de adesão é suficiente para resistir.

A aplicação de conectores segue a informação disponibilizada pela HILTI, aplicando se conectores

M16 com as seguintes características (ver Tabela 5.6).

Tabela 5.6 – Características dos conectores.

HVA M16

@11

fa 0,79

fb 0,8

Rd 23,4

Tendo em conta o valor da força de tracção, optou-se por agrupar os conectores (2 conectores – ver

Figura 5.3).

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76

Figura 5.3 – Pormenorização da solução de reforço com dois conectores.

No anexo E – desenho nº 3 encontram-se as pormenorizações da solução com maior detalhe.

5.4 Opção de reforço com laminados CFRP

Utilizam-se laminados CFRP pré-fabricados em fibras de carbono comercializados por S&P

Laminates CFK.

Semelhante ao reforço com chapas metálicas, começa-se por calcular o valor de área equivalente de

armadura, com base no modelo de cálculo da Figura 3.35.

A partir das fichas técnicas da S&P Laminates, escolhe-se um laminado com área igual ou superior à

necessária. Neste caso, opta-se por utilizar dois laminados tipo 200/2000 - 80x1,4, perfazendo uma

área de laminado de 2,24 cm2 (ver Figura 5.4).

Mais uma vez, deve-se verificar a validade do deq adoptado (ver equação 3.4).

Figura 5.4 – Viga reforçada com dois laminados (Af=2,24 cm

2).

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77

Verificação da zona de ancoragem

A verificação da zona de ancoragem é realizada de acordo com a equação 3.21.

Onde:

bf = 80 mm;

Ef = 200000 MPa;

tf = 1,4 mm;

fctm = 2,2 MPa;

α = 1;

kb =1,25 – ver equação 5.8;

kc = 0,85.

Cálculo da envolvente da força de tracção

Com base na equação 5.1 de momentos, já referida na secção 5.3, é possível determinar as secções

de dispensa de laminado e assim calcular o valor de força de tracção no laminado para evitar

problemas de descolagem.

{

Assim tem-se o valor de força de tracção:

{

(

)

Neste caso existe a necessidade de aumentar o comprimento de amarração.

{

(

)

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Tensão de corte na ligação

Para s> syd:

Com Fs=Fyd,

(

)

{

Refazendo as contas, e agora adoptando um comprimento maior de laminado e um valor de módulo

de elasticidade menor obtêm-se os seguintes resultados.

Apesar de o valor de área necessário ser de 2,52 cm2, opta-se por um valor maior, aumentando

assim a largura do laminado. A partir das fichas técnicas da S&P Laminates, escolhe-se dois

laminados tipo 150/2000 - 150x1,4, perfazendo uma área de laminado de 4,20 cm2.

Seguindo a metodologia anterior para o cálculo da força de tracção e tensão de corte tem-se os

seguintes resultados.

{

(

)

{

Contudo, na aplicação dos laminados CFRPs, para tornar a solução mais eficaz, é normal envolver a

viga com tiras de manta do mesmo material, melhorando a resistência ao corte. Assim, como o valor

é muito próximo do limite, esta solução já é aceitável.

Com um maior detalhe, apresentam-se no anexo E – desenho nº4 as pormenorizações da solução.

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6 Considerações finais

Neste capítulo apresenta-se um resumo das principais conclusões, tendo por base os diversos

elementos bibliográficos consultados e o trabalho desenvolvido ao longo da dissertação.

Com a realização deste trabalho pode concluir-se que os objectivos inicialmente propostos foram

parcialmente cumpridos, uma vez que não foram abordadas todas as técnicas de reparação e reforço

de estruturas de betão armado. Isto deve-se ao facto de a matéria relacionada com o tema de

reabilitação de estruturas ser muito extensa. Contudo, foi possível realizar uma descrição geral sobre

o tema em desenvolvimento, dando especial detalhe às três técnicas de reforço adoptadas.

Após a realização deste trabalho constatou-se que a avaliação das condições relativas à deterioração

e segurança estrutural da obra existente é sempre um aspecto muito importante e delicado. A recolha

de toda a informação disponível sobre o projecto e a obra associada à avaliação atrás referida é

fundamental na escolha do tipo de intervenção a implementar na estrutura em causa.

Na avaliação da situação de obras existentes, conclui-se que a principal causa do nível de

degradação das estruturas de betão armado inseridas em ambiente marítimo deve-se à deficiente

avaliação das acções ambientais. Esta falta de cuidado reduz a vida útil das pontes e viadutos,

apresentando deterioração já significativa nos primeiros anos de vida.

Outro aspecto importante da avaliação está relacionado com a modelação da estrutura para

avaliação do comportamento estrutural. Normalmente, a modelação de estruturas novas já envolve

um esforço significativo. A modelação de uma estrutura existente com danos é ainda mais

complicada.

Uma vez aferida a necessidade de intervir existe uma variedade de técnicas possíveis de aplicar. Um

dos objectivos deste trabalho consistiu no estudo de três técnicas de reforço estrutural a aplicar, num

caso particular, no viaduto. A maior parte das patologias detectadas no viaduto deve-se aos efeitos

da elevada agressividade do ambiente associado à utilização de um betão com qualidade

inadequada. Por outro lado, existe a necessidade de efectuar trabalhos de manutenção e

conservação das obras, uma vez que a agressividade do ambiente onde se inserem estas estruturas

tende a diminuir a vida útil das mesmas, sendo indispensável fazer inspecções periódicas e adoptar

uma estratégia de prevenção de modo a controlar a evolução da deterioração invés de se intervir

quando os níveis de deterioração da estrutura já são muito evidentes.

Do ponto de vista da aplicação das técnicas escolhidas, hoje em dia já é possível garantir um elevado

controlo de qualidade e assim garantir um nível de qualidade adequado na sua execução. Porém, é

importante escolher a técnica mais conveniente para cada de tipo de problema, garantido, tanto a

durabilidade e qualidade dos sistemas e materiais a adoptar, como a segurança e durabilidade das

estruturas de betão armado. Contudo, ao nível do seu dimensionamento, ainda não existe uma

regulamentação completa, sendo este o principal problema no reforço de estruturas.

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Relativamente às técnicas adoptadas no reforço do viaduto conclui-se que ambas apresentam

vantagens e desvantagens na sua aplicação. O reforço por encamisamento de betão armado é uma

técnica de simples execução. Contudo requer mais trabalhos preparatórios e interfere na utilização da

estrutura. Para além disso, implica o aumento das dimensões das secções transversais e o tempo de

espera para que o betão atinja a resistência pretendida é também uma desvantagem. Em termos de

execução, a colagem de chapas metálicas ou de CFRPs, apresentam menos dificuldades que o

encamisamento de betão. A colagem de chapas metálicas, sendo mais fácil de aplicar, tem um uso

mais comum e regulamentado. Contudo, em comparação com os CFRPs, para o ambiente marítimo,

apresentam problemas de corrosão e as peças são bastantes pesadas. A colagem de CFRPs,

permite controlar os problemas relacionadas com a corrosão e os laminados são materiais bastante

leves. Porém, como é uma técnica que funciona apenas por colagem, a resistência à tracção do

betão da estrutura existente pode influenciar a sua aplicação levando, como no exemplo de aplicação

considerado neste estudo, a um aumento de área do laminado.

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Anexos

Anexo A

Características dos 12 modos de vibração do viaduto

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Modo Frequência

(Hz)

Período

(s)

Translação X Translação Y Translação Z Rotação Z

% %

Acum. %

%

Acum. %

%

Acum. %

%

Acum.

1 0,999 1,001 0,000 0,000 91,791 91,791 0,000 0,000 0,000 0,000

2 1,012 0,988 91,968 91,968 0,000 91,791 0,000 0,000 0,026 0,026

3 1,245 0,803 0,025 91,993 0,000 91,791 0,000 0,000 89,356 89,382

4 5,077 0,197 0,000 91,993 0,146 91,937 37,946 37,946 0,000 89,382

5 5,232 0,191 0,000 91,993 0,126 92,063 41,510 79,456 0,000 89,382

6 5,588 0,179 0,002 91,995 0,000 92,063 0,000 79,456 0,071 89,453

7 5,777 0,173 0,001 91,996 0,000 92,063 0,000 79,456 0,180 89,633

8 6,872 0,146 0,000 91,996 0,024 92,087 10,452 89,908 0,000 89,633

9 7,080 0,141 0,000 91,996 0,053 92,140 4,845 94,753 0,000 89,633

10 8,422 0,119 0,028 92,024 0,000 92,140 0,000 94,753 0,088 89,721

11 8,601 0,116 0,028 92,052 0,000 92,140 0,000 94,753 0,110 89,831

12 9,710 0,103 0,000 92,052 0,005 92,145 0,080 94,833 0,000 89,831

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Anexo B

Cálculo dos momentos actuantes na laje do tabuleiro do viaduto

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De uma forma simplificada, na avaliação dos momentos flectores actuantes na laje do tabuleiro teve-se em conta que estes devem ser corrigidos, seguindo

os seguintes critérios:

{

| |

| |

Assim, apresenta-se as seguintes tabelas resumo dos momentos flectores para ambas as direcções:

Elemento Ponto M22

(kN.m/m) M12

(kN.m/m) My

+

(kN.m/m)

Msdy+

(kN.m/m) Linf (m)

Msd,y+

(kN.m) Msdy

+

(kN.m) L (m)

Msd+

(kN.m/m) MRD

(kN.m/m)

5882

4688

9,69 13,18 22,86

23,63 0,46 10,87

180,80 2,10 86,10 85,07

5888 9,20 14,31 23,50

5881 9,91 14,58 24,49

5887 9,41 14,23 23,65

5881

3025

53,66 13,00 66,66

70,63 0,42 29,67 5887 54,22 13,94 68,16

5878 53,69 16,48 70,17

5884 54,89 22,65 77,54

5878

4686

136,25 11,47 147,71

161,69 0,42 67,91 5884 153,43 18,81 172,24

5877 136,24 22,78 159,02

5883 153,49 14,30 167,79

5877

3024

70,36 24,51 94,87

90,31 0,42 37,93 5883 70,48 16,72 87,20

5934 69,38 18,98 88,36

5936 69,85 20,97 90,82

5934

4715

67,47 21,40 88,87

95,78 0,36 34,48 5936 79,02 19,50 98,52

5933 68,63 27,25 95,87

5935 80,17 19,70 99,87

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Elemento Ponto M22

(kN.m/m) M12

(kN.m/m) My

-

(kN.m/m)

Msdy-

(kN.m/m) Linf (m)

Msd,y-

(kN.m) Msdy

-

(kN.m) L (m)

Msd-

(kN.m/m) MRD

(kN.m/m)

3666

3097

-25,47 -17,74 43,21

51,06

0,56

28,59

180,10 2,14 84,16

85,07

3669 -28,14 -21,58 49,71

1100 -26,80 -23,23 50,03

1102 -29,46 -31,82 61,28

1100

797

-59,69 -25,47 85,16

84,31

0,36

30,35

1102 -60,84 -33,36 94,20

1099 -58,39 -18,97 77,36

1101 -59,03 -21,50 80,53

1099

3026

-179,35 -15,85 195,20

174,96

0,36

62,99

1101 -177,57 -17,30 194,87

5882 -143,01 -13,04 156,05

5888 -141,61 -12,10 153,71

5882

4688

-60,98 -15,61 76,59

76,34

0,43

32,83

5888 -60,75 -13,99 74,74

5881 -61,57 -15,42 76,98

5887 -61,34 -15,72 77,06

5881

3025

-41,25 -14,86 56,11

59,00

0,43

25,37

5887 -41,16 -14,53 55,69

5878 -41,25 -25,31 66,56

5884 -41,16 -16,49 57,64

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Elemento Ponto M11

(kN.m/m) M12

(kN.m/m) Mx

+

(kN.m/m) Msdx

+

(kN.m/m) Linf (m)

Msd,x+

(kN.m) Msdx

+

(kN.m) L (m)

Msd+

(kN.m/m) MRD

(kN.m/m)

5876

4682

9,02 22,18 31,20

41,04 0,46 18,88

56,40 1,40 40,29 32,65

5870 26,51 13,67 40,18

5869 30,05 16,41 46,46

5875 26,51 19,81 46,32

5878

4585

28,17 19,86 48,03

46,92 0,46 21,58 5876 28,33 17,28 45,60

5875 28,32 20,03 48,36

5877 28,17 17,51 45,68

5878

4686

9,20 11,47 20,67

34,82 0,46 16,02 5884 26,75 18,81 45,56

5877 9,20 22,78 31,99

5883 26,75 14,30 41,05

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Elemento Ponto M11

(kN.m/m) M12

(kN.m/m) Mx

-

(kN.m/m)

Msdx-

(kN.m/m) Linf (m)

Msd,x-

(kN.m) Msdy

-

(kN.m) L (m)

Msd-

(kN.m/m) MRD

(kN.m/m)

5902

4698

-10,51 -17,41 27,92

26,04 0,46 11,98

68,89 2,30 29,95 63,42

5901 -10,48 -17,20 27,68

5908 -3,91 -16,27 20,18

5907 -3,87 -24,50 28,36

5908

4701

-7,04 -24,53 31,56

27,22 0,46 12,52 5910 -10,23 -20,33 30,56

5907 -7,18 -17,14 24,33

5909 -10,38 -12,06 22,44

578

4702

-27,98 -11,92 39,90

43,04 0,46 19,80 5910 -28,29 -18,31 46,60

5909 -28,02 -12,09 40,11

577 -27,69 -17,85 45,54

578

535

-10,29 -11,63 21,92

26,99 0,46 12,42 580 -7,02 -16,95 23,98

577 -10,44 -19,83 30,26

579 -7,16 -24,64 31,80

579

536

-3,92 -17,04 20,95

26,48 0,46 12,18 580 -3,96 -24,28 28,23

585 -10,63 -18,53 29,16

586 -10,65 -16,93 27,58

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Anexo C

Verificação indirecta da fendilhação da laje

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No caso da laje utiliza-se a combinação frequente de acções no cálculo do momento de fendilhação.

Mcr – Momento de fendilhação;

fctm – valor médio da tensão de rotura à tracção do betão;

b – largura da secção;

h – altura da secção.

Posto isto, apresenta-se a tabela resumo do cálculo do momento flector actuante na laje para

combinação acima indicada.

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Elemento Ponto M11

(kN.m/m) M12

(kN.m/m) Mx

-

(kN.m/m)

Msdx-

(kN.m/m) Linf (m)

Msd,x-

(kN.m) Msdy

-

(kN.m) L (m)

Msd-

(kN.m/m) Mcr

(kN.m/m)

5881

4688

1,60 2,75 5,67

4,90 0,46 2,25

42,34 2,1 20,36 33,00

5882 0,89 1,72 4,38

5887 2,19 3,77 5,56

5888 1,51 1,67 3,97

5877

3024

23,39 4,66 28,05

29,41 0,42 12,35 5883 24,47 5,74 30,21

5934 23,86 5,44 29,30

5936 24,51 5,57 30,08

5878

3025

18,39 4,67 23,06

22,25 0,42 9,35 5881 15,72 5,00 20,72

5884 19,72 4,15 23,87

5887 16,18 5,16 21,35

5877

4686

35,05 4,02 39,07

38,85 0,42 16,32 5878 34,59 2,90 37,49

5883 36,59 3,28 39,88

5884 36,21 2,77 38,98

5933

4715

1,69 14,94 5,14

5,78 0,36 2,08 5934 2,71 17,32 6,31

5935 2,51 14,79 5,92

5936 3,52 18,64 5,77

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Anexo D

Verificação de segurança aos estados limite de serviço – Viga

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Cálculo das deformações

Para o cálculo da deformação máxima aplica-se o método dos coeficientes globais. Este possibilita

obter o valor de flecha a longo prazo, tendo em conta o valor de flecha elástica obtido do programa de

cálculo automático. Ao valor de flecha elástica é aplicado um coeficiente de correcção K, que tem em

conta o efeito da fendilhação, das armaduras e da fluência.

Segundo o método acima mencionado a flecha a longo prazo é dado por:

(

)

ac – flecha elástica;

Kt – coeficiente que tem em conta o efeito da fendilhação, das armaduras e da fluência;

η – parâmetro que tem em consideração as armaduras de compressão;

h – altura da secção do elemento;

d – altura útil do elemento.

De forma conservativa, despreza-se o efeito da armadura de compressão. Contudo teve-se em conta

que a flecha no vão depende das curvaturas no mesmo, mas também do que se passa sobre os

apoios.

Assim, o valor de flecha a longo prazo é dado por:

(

)

(

)

Por último, apresenta-se em seguida a tabela com os dados para o cálculo da deformação.

Vão Apoio

Mcr (kN.m) 220

Mf(kN.m)

573,6 296,93

Mcr/Mf 0,38 0,74

As (cm2) 40,65

α.ρ 0,05

φ 2,5

kt 3,5 3,25

ac (mm) 1,206

at (mm) 5,396

L/750 (mm) 11> at → OK

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Anexo E

Pormenorizações

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BETÃO

- Existente B25BD2.1- c= 60 mm

c - Recobrimento nominal mínimo

- Armaduras em Varão: A400NR

5ø20 2ø20+2ø12 5ø20 2ø20+2ø12 5ø20

ESTACAS ø0,60

ESTACAS ø0,60

ESTACAS ø0,60

Est. ø10//0.10 (4Ramos)

1,50

Est. ø10//0.10 (4Ramos)

1,50

Est. ø10//0.10 (4Ramos)

1,50

Est. ø10//0.10 (4Ramos)

1,50

Est. ø10//0.20 (4Ramos) Est. ø10//0.20 (4Ramos)

2ø12 (cada face)5ø25 7ø25 2ø20 5ø25

5ø25

2ø12 2ø12

0,50 0,50 0,50 0,50

2,10 0,60 2,100,60 2,10 0,60 2,100,60

7,65 7,65

AB C

Vigas longitudinais 1, 2, 3 e 4 (1.00x0.60)

Esc. 1:50

1

1

2

2

Corte 1-1

Esc. 1:25

Corte 2-2

Esc. 1:25

2ø12 (cada face)5ø25 7ø25 2ø20 5ø25

0,50 0,50 0,50 0,50

1,00

0,30

0,60

1,00

0,30

0,60

7ø25

2ø20

2ø12 (cada face)

7ø25

2ø20

2ø12 (cada face)

2ø20+2ø12

5ø25

MATERIAIS

AÇO

Nuno Vieira nº 72427

Identificação:

Desenho nº:

Indicadas

Escala:

Tese de Mestrado

1/4

Mestrado integrado em Engenharia Civil

Data:

Outubro 2016

LEVANTAMENTO

Designação:

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

Page 133: Estudo de reabilitação de um viaduto - Técnico Lisboa · (companheiro do FM), e Barão (o velhote) que me ajudaram com bons conselhos e me proporcionaram momentos de lazer que

ESTACAS ø0,60 ESTACAS ø0,60ESTACAS ø0,60

8,25 8,25

AB C

4ø16 4ø16

Vigas longitudinais 1, 2, 3 e 4 (1.05x0.70) - Reforço por encamisamento de betão

Esc. 1:50

1

1

Corte 1-1

Esc. 1:25

MATERIAIS

Nuno Vieira nº 72427

Tese de Mestrado

Escala:

Desenho nº:

Identificação:

Indicadas

2/4

Mestrado integrado em Engenharia Civil

Data:

Outubro 2016

REFORÇO POR ENCAMISAMENTO EM

BETÃO ARMADO

Designação:

Pormenor do betão a remover

Esc. 1:25

0,30

0,60

1,00

0,70

1,05

0,30

4ø16

- Reforço - NP EN 206-1: C35/45 - XS3 - Cl 0.2 - Dmax 25 - S4 - c = 55 mm

c - Recobrimento nominal mínimo

- Superfície rugosa: c=0,45 e =0,70

AÇO

-Armaduras em Varão: Reforço - A500NR SD

2ø12 (cada face)

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

Page 134: Estudo de reabilitação de um viaduto - Técnico Lisboa · (companheiro do FM), e Barão (o velhote) que me ajudaram com bons conselhos e me proporcionaram momentos de lazer que

CONECTORES

AB C

Vigas longitudinais 1, 2, 3 e 4 (1.00x0.60) - Reforço com recurso a chapas metálicas

Esc. 1:50

1,58 4,02

1

1

2

2

Corte 1-1

Esc. 1:25

Corte 2-2

Esc. 1:25

- M10 - Vrd ≥ 5,58 kN

- M16 - Vrd ≥ 15,16 kN

8,25 8,25

Chapa metálica (16x8 cm) Chapa metálica (16x8 cm)

MATERIAIS

0,05

Pormenor

Esc. 1:5

0,30

1,00

0,60

0,30

1,00

0,60

2,30 2,90

Nuno Vieira nº 72427

Tese de Mestrado

Designação:

ESTACAS ø0,60 ESTACAS ø0,60

Identificação:

Escala:

Desenho nº:

Indicadas

Mestrado integrado em Engenharia Civil

3/4Outubro 2016

Data:

REFORÇO POR COLAGEM DE

CHAPAS METÁLICAS

ESTACAS ø0,60

- Chapa metálica: S235

0,160

0,008

0,106

0,012

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCTP

RO

DU

CE

D B

Y A

N A

UT

OD

ES

K E

DU

CA

TIO

NA

L P

RO

DU

CT

Page 135: Estudo de reabilitação de um viaduto - Técnico Lisboa · (companheiro do FM), e Barão (o velhote) que me ajudaram com bons conselhos e me proporcionaram momentos de lazer que

8,25 8,25

AB C

Vigas longitudinais 1, 2, 3 e 4 (1.00x0.60) - Reforço com colagem de laminados CFRPs

Esc. 1:50

0,40 5,60

1

1

Corte 1-1

Esc. 1:25

Pormenor

Esc. 1:5

MATERIAIS

0,30

1,00

0,60

2,00 3,50

2 Laminados (15x0,14 cm) 2 Laminados (15x0,14 cm)

Identificação:

Tese de Mestrado

Nuno Vieira nº 72427

Escala:

Desenho nº:

Indicadas

Outubro 2016

Data:

4/4

Designação:

REFORÇO POR COLAGEM DE

LAMINADOS CFRP

Mestrado integrado em Engenharia Civil

2 laminados (15x0.14 cm)

ESTACAS ø0,60 ESTACAS ø0,60ESTACAS ø0,60

Propriedades

Módulo de elasticidade (médio) 165000 MPa

Resistência à tracção

Laminados

= 8‰

1000 MPa

6‰

1300 MPa

Propriedades Mantas

Módulo de elasticidade 240000 MPa

Força de tracção

140 kN

6‰

1000 MPaResistência à tracção

Manta

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