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Agosto de 2019 ESTUDO DE UM SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR SOLAR FOTOVOLTAICO COM ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA E SELEÇÃO DE SEUS COMPONENTES Breno Miquelino Amorim Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador(es): David Alves Castelo Branco Rodrigo Milani Rio de Janeiro

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Agosto de 2019

ESTUDO DE UM SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR SOLAR

FOTOVOLTAICO COM ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA E

SELEÇÃO DE SEUS COMPONENTES

Breno Miquelino Amorim

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador(es): David Alves Castelo Branco

Rodrigo Milani

Rio de Janeiro

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AGOSTO DE 2019

ESTUDO DE UM SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR SOLAR

FOTOVOLTAICO COM ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA E

SELEÇÃO DE SEUS COMPONENTES

Breno Miquelino Amorim

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Examinado por:

Prof. David Alves Castelo Branco, D.Sc

Prof. Pedro Rua Rodriguez Rochedo, D.Sc

Rodrigo Milani, M.Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

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Amorim, Breno Miquelino

Estudo de um sistema de condicionamento de ar solar

fotovoltaico com armazenamento de energia térmica e seleção

de seus componentes / Breno Miquelino Amorim. – Rio de

Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2019.

VIII, 120 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: David Alves Castelo Branco

Rodrigo Milani

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso

de Engenharia Mecânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 109-114.

1. Condicionamento de ar. 2. Energia solar fotovoltaica. 3.

Armazenamento de energia térmica. I. Alves Castelo Branco,

David, et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Estudo de um

sistema de condicionamento de ar solar fotovoltaico com

armazenamento de energia térmica e seleção de seus

componentes.

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Agradecimentos

Aos meus pais, Rosane e Helio, pelo amor e conhecimento fundamentais à minha

formação humana e acadêmica. Ao meu irmão Igor, pelo apoio incondicional e

companheirismo com o qual conto desde sempre, até nas horas mais dificeis.

À minha família e aos meus amigos, com os quais pude compartilhar momentos

importantes, tanto de alegria quanto de tristeza, e foram essenciais para tornar a minha

caminhada mais prazerosa e significativa.

Aos meus orientadores, David e Rodrigo, por terem me apresentado e confiado

este projeto, pela orientação, paciência e conhecimento compartilhados comigo no

desenvolvimento deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Estudo de um sistema de condicionamento de ar solar fotovoltaico com armazenamento

de energia térmica e seleção de seus componentes

Breno Miquelino Amorim

Agosto de 2019

Orientadores: David Alves Castelo Branco

Rodrigo Milani

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho dimensionou um sistema de condicionamento de ar solar fotovoltaico com

armazenamento de energia térmica.. Para elaborar tal sistema, este projeto é divido em

duas partes: A primeira é um estudo sobre as principais tecnologias que compoem o

sistema geral, ou seja, sistemas de ar condicionado solares, sistemas solares fotovoltaicos,

e sistemas de armazenamento de energia. A segunda parte consite, primeiro, no cálculo

da carga térmica para o ambiente a ser climatizado proposto, um futuro laboratório do

PPE – COPPE/UFRJ, realizado através do software EnergyPlus, tendo como base um

arquivo meteorológico contendo informações climáticas e de irradiação solar para a

localidade de 1973 até 2018. Seguidamente, é feita a seleção dos componentes que

integram o sistema de condicionamento de ar solar proposto. Para isso, o sistema geral é

dividido em sistemas menores especificados pelas suas funções, e seus componentes são

selecionados através de metodologias próprias, as quais são apresentadas nas seções de

cada subsistema. Ao final, foi feito um modelo no programa Excel para simular a

performance do sistema, o qual verificou a capacidade do sistema de climatizar o

ambiente proposto com uso exclusivo de irradiação solar, validando as metodologias de

seleção empregadas.

Palavras-chave: Condicionamento de Ar, Energia Solar Fotovoltaica, Armazenamento de

Energia Térmica.

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Abstract of Undergraduate Project presented to Poli/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineer.

The study of a solar photovoltaic air conditioning system with thermal

energy storage and the selection of its components

Breno Miquelino Amorim

August of 2019

Advisor: David Alves Castelo Branco

Rodrigo Milani

Course: Mechanical Engineering

This work developed a solar photovoltaic air conditioner combined with thermal energy

storage. In order to design it, this paper is divided in two parts: the first part is a study of

the main technologies that compose the overall system, i.e., solar powered air conditioners,

solar photovoltaic systems, and energy storage. The second part begins with the thermal

load calculation for the environment to be air conditioned, a forthcoming PPE –

COPPE/UFRJ laboratory, performed by the software EnergyPlus. For this computation, it

is employed a file containing weather and solar radiation data for the location from 1973 to

2018. Next, the components which integrate the proposed solar air conditioner system are

selected. For this purpose, the overall system is subdivided in smaller systems determined

by their functions, and their respective components are selected through specific

methodologies presented in the sections of each subsystem. In the end, the software Excel

is used to create a computational model to simulate the air conditioner performance. The

simulation verified the system capacity for air conditioning the environment solely by solar

energy, validating the selection methodologies employed.

Keywords: Air Conditioning, Solar Photovoltaic Energy, Thermal Energy Storage.

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Sumário 1. Introdução ......................................................................................................................................... 9

1.1 Motivações .................................................................................................................................. 9

1.2 Objetivos ................................................................................................................................... 11

2. Sistemas de Condicionamento Solares .......................................................................................... 13

2.1 Sistemas de refrigeração ........................................................................................................... 13

2.1.1 Ciclo de refrigeração ideal .............................................................................................. 13

2.1.2 Ciclo de refrigeração real ................................................................................................ 14

2.1.3 Primeira lei da termodinâmica e coeficiente de performance ......................................... 15

2.2 Aparelhos de ar condicionado solares ....................................................................................... 17

2.2.1 Sistema de ar condicionado solar térmico ...................................................................... 17

2.2.2 Sistema de ar condicionado fotovoltaico ........................................................................ 21

2.2.3 Curvas de cargas típicas .................................................................................................. 22

3. Sistemas Fotovoltaicos e Armazenamento .................................................................................... 25

3.1 Radiação Solar .......................................................................................................................... 25

3.1.1 Tipos de radiação solar ................................................................................................... 25

3.1.2 Geometria Sol – Terra .................................................................................................... 26

3.1.3 Softwares de fornecimento e tratamento de dados ......................................................... 28

3.1.4 Localização e disponibilidade de irradiação solar .......................................................... 29

3.2 Sistema Fotovoltaico ................................................................................................................. 31

3.2.1 Efeito Fotovoltaico ......................................................................................................... 31

3.2.2 Células Fotovoltaicas ...................................................................................................... 32

3.2.3 Sistemas Fotovoltaicos ................................................................................................... 33

3.2.4. Módulos fotovoltaicos .................................................................................................... 35

3.2.5. Principais fatores que alteram as características dos módulos........................................ 37

3.2.6. Associação de módulos fotovoltaicos ............................................................................. 38

3.2.7. Inversores ........................................................................................................................ 40

3.3 Armazenamento de Energia ...................................................................................................... 41

3.3.1 Benefícios do Armazenamento de Energia ..................................................................... 41

3.3.2 Métodos de Armazenamento de Energia ........................................................................ 41

3.3.3. Armazenamento em energia mecânica ........................................................................... 41

3.3.4 Armazenamento em energia química ............................................................................. 44

3.3.5 Armazenamento em energia térmica .............................................................................. 45

4. Sistemas Propostos.......................................................................................................................... 51

4.1 Sistema de ar condicionado solar fotovoltaico.......................................................................... 51

4.2 Sistema fotovoltaico .................................................................................................................. 52

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5. Dimensionamento do Sistema de Condicionamento de Ambiente ............................................. 54

5.1 Carga Térmica ........................................................................................................................... 54

5.1.1 Cálculo da Carga Térmica .............................................................................................. 54

5.1.2 Resultados da Carga Térmica ......................................................................................... 62

5.2 Sistema de Armazenamento Térmico ....................................................................................... 63

5.2.1 Meio armazenador .......................................................................................................... 63

5.2.2 Tanque de Armazenamento ............................................................................................ 68

5.3 Sistema de Resfriamento do Ar ................................................................................................ 73

5.3.1 Resfriador de Ar ............................................................................................................. 73

5.3.2 Verificação do Líquido Refrigerante .............................................................................. 81

5.3.3 Bomba de Circulação ...................................................................................................... 83

5.3.4 Resumo dos Investimentos ............................................................................................. 84

5.4 Sistema de Refrigeração............................................................................................................ 85

5.4.1 Unidade Condensadora ................................................................................................... 86

5.4.2 Evaporador – Trocador de calor submerso ..................................................................... 89

5.4.3 Válvula de expansão ....................................................................................................... 93

5.4.4 Resumo dos Investimentos ............................................................................................. 95

5.5 Sistema Fotovoltaico ................................................................................................................. 96

5.5.1 Painel Fotovoltaico ......................................................................................................... 96

5.5.2 Inversor ........................................................................................................................... 98

5.5.3 Resumo dos investimentos ........................................................................................... 100

6. Simulação e Resultados ................................................................................................................ 101

6.1 Simulação de Desempenho ..................................................................................................... 101

6.2 Resultados da Simulação ........................................................................................................ 102

6.3 Resumo dos Investimentos e Análise Econômica ................................................................... 106

7. Conclusão ...................................................................................................................................... 109

Referência Bibliográfica .................................................................................................................... 110

Anexos – Catálogos Técnicos ............................................................................................................ 116

Tanque armazenador ....................................................................................................................... 116

Resfriador de Ar ............................................................................................................................. 117

Bomba de Circulação ...................................................................................................................... 122

Unidade Condensadora ................................................................................................................... 123

Válvula de Expansão ...................................................................................................................... 127

Módulo Fotovoltaico ...................................................................................................................... 129

Inversor ........................................................................................................................................... 130

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1. Introdução

1.1 Motivações As fontes alternativas de energia sustentável já são uma realidade prática no mundo

atual. Em 2017, a capacidade instalada de fontes renováveis foi de 2.179.448 MW [1],

correspondendo a cerca de 3,6% do consumo de energia primária no mundo [2]. Os avanços

tecnológicos na área permitiram não só a implementação de projetos em larga escala, e

progressivamente vem permitindo a introdução do uso de tais fontes em aplicações de médio e

pequeno porte, em estabelecimentos comerciais e residenciais, o que pode ocasionar aos poucos

a substituição de fontes não renováveis ou de grande impacto ambiental por outras renováveis

e de menor impacto. A figura 1.1 ilustra o avanço na utilização de fontes renováveis na última

década.

Figura 1.1: Participação em porcentagem do consumo mundial de energia por fonte

Fonte: [2].

O uso de combustíveis fósseis, associado ao avanço da urbanização, é um dos

responsáveis pela emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, que causam as chamadas

mudanças climáticas globais. Como consequência deste fenômeno, verifica-se um aumento na

ocorrência e no valor das temperaturas extremas da atmosfera terrestre [3]. Segundo uma

recente pesquisa da International Energy Agency (IEA), o emprego de aparelhos de ar

condicionado e de ventiladores elétricos vem crescendo nas últimas décadas, tendência que

pode ser observada na figura 1.2 abaixo, e contabiliza cerca de 6% de toda a energia elétrica

consumida em edificações no mundo, equivalendo a aproximadamente 10% de toda a

eletricidade consumida ao redor do globo [4].

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Figura 1.2: Consumo de energia global para climatização em edificações

Fonte: [4].

Portanto, conclui-se a importância do desenvolvimento de sistemas de condicionamento

de ar abastecidos por fontesrenováveis, de modo a suprir a necessidade mundial de climatização

de ambientes sem contribuir para o agravamento das mudanças climáticas.

Para tanto, se faz necessário um estudo da localidade em que será instalado o sistema,

com o intuito de identificar uma fonte alternativa capaz de suprir a demanda de energia

requerida pela climatização. O Brasil tem enorme potencial para explorar energia solar, como

mostra a figura 1.3 abaixo, tendo inclusive, em qualquer região, uma irradiação solar global

horizontal média no ano (1500 – 2500 kWh/m²) superior aos países europeus como Alemanha

(900 – 1250 kWh/m²), França (900 – 1650 kWh/²) e Espanha (1200 – 1850 kWh/²), onde

projetos que visam à exploração desse tipo de energia são largamente disseminados, com grande

incentivo do governo [5].

Figura 1.3 – Irradiação solar global horizontal média no mundo

Fonte: [6].

Esse potencial, porém, não é aproveitado pelo país. A tabela 1.1 mostra a potência

instalada em projetos em operação no Brasil a partir de diversas fontes energéticas, assim como

o percentual respectivo em relação à potência instalada total.

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Pode-se observar que a geração de potência elétrica de origem solar fotovoltaica tem

uma representação reduzida no âmbito nacional, de apenas 0,78% da potência instalada total,

permanecendo baixa inclusive em comparação com outras fontes alternativas, como a eólica

com 7,73% e a biomassa com 8,83%.

Fontes utilizadas no Brasil - Fase: Operação

Origem Quantidade de Plantas Potência Outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) %

Fóssil 2.453 27.441.625 25.969.033 16,12

Biomassa 566 14.923.870 14.856.033 8,77

Nuclear 2 1.990.000 1.990.000 1,17

Hídrica 1.352 108.543.875 105.895.071 63,78

Eólica 615 15.106.789 15.079.493 8,88

Solar fotovoltaica 2.545 2.175.428 2.172.428 1,28

Undi-elétrica 1 50 50 0,00

Total 7.534 170.181.637 165.962.108 100

Tabela 1.1 – Potência produzida por fontes energéticas no Brasil

Fonte: [7].

1.2 Objetivos Tendo em vista os argumentos trazidos anteriormente, o projeto aqui abordado será o

desenvolvimento de um sistema de ar condicionado solar fotovoltaico com armazenamento de

energia térmica. Será explorado o uso de uma fonte alternativa renovável de baixo impacto

ambiental e abundante no Brasil, aplicada a uma atividade cotidiana gradativamente mais

relevante no mundo.

Este projeto é continuação do trabalho realizado em um laboratório do Programa de

Planejamento Energético (PPE) da COPPE/UFRJ, de autoria de Rodrigo Milani e Tássio

Simioni, com o título: Sistema de Armazenamento Térmico para Condicionamento de Ambiente

através de Fontes Renováveis [8]. O trabalho consistiu na apresentação do sistema de ar

condicionado fotovoltaico com armazenador de energia térmica e teve como objetivo principal

o selecionamento do material armazenador através das metodologias desenvolvidas.

Com a finalidade de desenvolver um sistema de ar condicionado semelhante ao descrito

no parágrafo anterior, o projeto aqui realizado empregará o conceito do aparelho de ar

condicionado e a metodologia utilizada no armazenador térmico que são apresentados e

elaborados no trabalho.

O sistema de ar condicionado será dimensionado para a implementação em um futuro

laboratório do PPE, em estágio atual de construção, de modo que se possa testar posteriormente,

na prática, este projeto.

A organização e conteúdo dos próximos capítulos estão dispostos da seguinte maneira:

• O capítulo 2 faz um breve estudo da teoria termodinâmica dos ciclos de

refrigeração, de modo a introduzir posteriormente os diferentes tipos de

sistemas de ar condicionado solares.

• O capítulo 3 reserva-se aos conceitos do sistema fotovoltaico e do sistema

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armazenador de energia. Para isso, abrange um estudo sobre a radiação solar e

sua disponibilidade na superfície terrestre, seguido por uma apresentação dos

principais componentes constituintes do sistema, introduzindo também as

diferentes configurações de conexão dos sistemas fotovoltaicos. Ainda neste

capítulo, são apresentadas as tecnologias de armazenamento de energia,

prevalecendo o foco no método de armazenamento de energia térmica, o qual

tem a aplicação proposta neste projeto. Por último, é então apresentado o

sistema de ar condicionado proposto a ser projetado.

• Após o estudo dos assuntos e conceitos indicados acima, o capítulo 4 apresenta

o sistema de condicionamento de ar solar fotovoltaico com armazenamento de

energia térmica proposto.

• O capítulo 5 diz respeito à seleção dos componentes do sistema proposto, a

começar pelo cálculo da carga térmica do laboratório. Este é seguido pelo

dimensionamento do sistema de armazenamento térmico, e posteriormente pela

seleção dos equipamentos constituintes do sistema de ar condicionado, como o

resfriador de ar, os trocadores de calor, as unidades condensadoras etc. Por fim,

são determinados os painéis fotovoltaicos e os inversores, que compõem o

sistema fotovoltaico.

• O capítulo 6 visa simular o desempenho do sistema projetado para um ano

típico de funcionamento e apresenta os resultados obtidos e suas análises.

• Finalmente, o capítulo 7 apresenta a conclusão do trabalho como um todo e

indica possíveis futuros estudos relacionados a este projeto.

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2. Sistemas de Condicionamento Solares Este capítulo tem como objetivo apresentar os sistemas de ar condicionado solares.

Primeiro, porém, será estudada a teoria e os conceitos termodinâmicos referentes aos ciclos de

refrigeração, e base da modelagem e cálculos a serem realizados neste projeto, durante o

dimensionamento do sistema proposto.

2.1 Sistemas de refrigeração

2.1.1 Ciclo de refrigeração ideal

O ciclo de refrigeração por compressão de vapor é baseado no princípio de transferência

de calor, 𝑄, de uma fonte de temperatura mais baixa, 𝑇𝐶, para uma fonte de temperatura mais

alta, 𝑇𝐻, através da adição de trabalho, 𝑊, ao sistema [9]. Um esquema desse princípio é

ilustrado na figura 2.1 abaixo:

Figura 2.1 – Princípio dos ciclos de refrigeração

Fonte: [10].

O ciclo ideal de refrigeração possui 4 estágios básicos. Na figura 2.2 estão ilustrados

esquematicamente, à esquerda, os estágios e os principais equipamentos do ciclo. O mesmo

processo é representado, à direita, sob a perspectiva das transformações termodinâmicos

sofridas pelo refrigerante durante o ciclo, com o auxílio da Curva de Saturação para a

substância, representado em um diagrama T-S (temperatura por entropia). A curva identifica e

delimita os diferentes estados em que o refrigerante pode se encontrar durante o ciclo. Os pontos

da curva representam o estado de substância saturada. Ao lado esquerdo do ponto mais alto da

curva, conhecido como o ponto crítico, é compreendida a região de líquido comprimido. À

mesma maneira, a região à direita do ponto crítico representa a região de vapor superaquecido.

A área contida abaixo da curva representa a região de mistura bifásica líquido-vapor [9].

Tendo isso em vista, podemos representar o ciclo de refrigeração ideal através dos

seguintes processos no diagrama T-S: No ponto 1, o refrigerante entra no compressor como

vapor saturado e tem sua pressão elevada até alcançar o ponto 2, isentropicamente. A seguir,

entra como vapor superaquecido no condensador, onde irá trocar calor de forma isobárica até

condensar, entre os pontos 2-3. Entrará em 3 como líquido saturado onde sofrerá uma expansão

isentálpica até o ponto 4, resultante do seu escoamento através de uma válvula de expansão.

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Por fim, trocará de calor isobaricamente até alcançar o ponto 1 como vapor saturado, no

evaporador, fechando o ciclo.

Figura 2.2 – Esquema e diagrama T-S do ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor

Fonte: [9].

Há alguns comentários adicionais importantes a serem feitos a respeito do ciclo e do

diagrama T-S. O ciclo alternativo representado pelos pontos 1’-2’-3-4’-1’ é o ciclo de

refrigeração de Carnot, o mais eficiente para um processo ocorrendo entre duas determinadas

temperaturas 𝑇𝐶 e 𝑇𝐻. Porém, tal ciclo é impraticável devido a questões técnicas relacionadas

aos equipamentos, como a impossibilidade de se comprimir mistura líquido-vapor através de

um compressor, necessário na etapa 1’-2’ (durante o processo de compressão são formadas

gotículas do líquido que se rompem devido ao aumento de pressão e danificam as paredes do

equipamento [9]).

No ponto 3, o refrigerante sai do condensador como líquido saturado, sendo assim o

processo de expansão ocorrerá sobre uma mistura bifásica constituída, principalmente, por

líquido, e consequentemente pouco trabalho poderia ser gerado nesta etapa. Por isso, em vez de

uma turbina se utilizam válvulas ou tubos de pequeno diâmetro para levar o fluido do estado de

alta pressão para o de baixa pressão [9].

2.1.2 Ciclo de refrigeração real

O ciclo de refrigeração real se distancia do ciclo ideal por diversas maneiras. As

principais razões são queda de pressão associada ao escoamento do fluido, transferência de

calor com a vizinhança e irreversibilidades nos processos de expansão e compressão. A figura

2.10 mostra uma provável configuração para o ciclo real.

Figura 2.3 – Esquema e diagrama T-S do ciclo real de refrigeração por compressão de vapor

Fonte: [9].

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Os efeitos desses desvios são os seguintes [9]: o refrigerante no ponto 1 estará no estado

de vapor superaquecido, e ao longo da compressão de 1 para 2, haverá irreversibilidades e

transferência de calor entre o refrigerante e a sua vizinhança1, o que faz com que a entropia do

refrigerante aumente. A pressão do líquido deixando o condensador no ponto 4 será menor que

a pressão do vapor que entrou no ponto 3, e a temperatura do líquido no ponto 4 é menor que a

de saturação, e pode decair ainda mais no fluxo de 4-5; Há uma queda de pressão durante o

fluxo 6-7 e no processo de 7-8, e o refrigerante poderá sair do evaporador em 8 superaquecido;

Finalmente, no fluxo de 8-1 haverá aumento de temperatura por trocas térmicas com a

vizinhança, o que resultará em perda de eficiência do ciclo, já que mais trabalho terá que ser

feito pelo compressor, uma vez que o refrigerante entrará em 1 com um volume específico

maior do que no ponto 8.

Para os cálculos termodinâmicos referentes aos ciclos reais é considerado que o

refrigerante percorre um ciclo ideal e, então, há a introdução de eficiências, normalmente

designadas pela letra grega 𝜂, para cada equipamento do ciclo, ou seja, para os trocadores de

calor, válvula e compressor, com a finalidade de adicionar as perdas e as divergências

explicitadas acima ao ciclo idealizado e corrigir os resultados obtidos para mais próximos do

ciclo real simulado [9].

2.1.3 Primeira lei da termodinâmica e coeficiente de performance

Antes de avançar para o próximo tópico, é necessária a apresentação de alguns conceitos

relevantes nos cálculos termodinâmicos e energéticos a serem feitos posteriormente. A primeira

lei da termodinâmica aplicada a volumes de controle é a principal ferramenta utilizada nos

cálculos realizados sobre os processos do ciclo, permitindo a obtenção dos valores do calor

transferido e do trabalho realizado nas diferentes etapas do ciclo. A primeira lei para um volume

de controle pode ser apresentada a partir da equação 2.1 [9]:

𝑑𝐸𝐶.𝑉.

𝑑𝑡= ��𝐶.𝑉. − ��𝐶.𝑉. + ∑ 𝑚𝑖 (ℎ +

𝑉𝑖

2

2+ 𝑔𝑧𝑖) − ∑ 𝑚𝑒 (ℎ +

𝑉𝑒

2

2+ 𝑔𝑧𝑒) (2.1)

Em que,

𝑑𝐸𝐶.𝑉.

𝑑𝑡 = Variação de energia dentro do volume de controle [J/s];

��𝐶.𝑉. = Taxa de calor trocado com o volume de controle [J/s];

��𝐶.𝑉. = Potência realizada através do volume de controle [J/s];

��𝑖/𝑒 = Vazão mássica de entrada/saída no volume de controle [kg/s];

ℎ = Entalpia específicade entrada/saída no volume de controle [J/kg]

𝑉𝑖/𝑒 = Velocidade de entrada/saída da massa no volume de controle [m/s]

𝑔 = Aceleração da gravidade

𝑧𝑖/𝑒 = Altura da seção de entrada/saída do volume de controle [m]

1 Vizinhança aqui refere-se a qualquer material ou substância em contato térmico com o

refrigerante tornando possível troca de calor entre eles.

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A equação 2.1, entretanto, pode ser simplificada ao assumir-se certas hipóteses

aplicáveis em situações de uso recorrente nas engenharias. Neste caso, usaremos as

simplificações mais convenientes e utilizadas nas aplicações da primeira lei nos ciclos de

refrigeração [9].

Primeiro, na grande maioria dos processos relacionados ao ciclo de refrigeração, a

diferença entre a energia cinética e potencial gravitacional antes e depois do volume de controle

são negligenciáveis se comparados aos ganhos e perdas de entalpia podendo-se, assim, remover

os termos da energia cinética e potencial gravitacional da equação 2.1. Além disso, também

em grande parte das aplicações voltadas à engenharia, a hipótese de processo em regime

permanente é utilizada. Para que ela seja atendida, são necessárias, segundo [9], as seguintes

condições:

1. O volume de controle não se move em relação ao sistema de coordenadas

referencial

2. O estado da massa de fluido em cada ponto no volume de controle não deve

variar com o tempo

3. O fluxo de massa também deve ser invariável com o tempo através do volume

de controle

Satisfeito o regime permanente, podem ser feitas as seguintes reduções: o lado esquerdo

da equação 2.1 torna-se zero, devido à invariância no tempo. Como o fluxo de massa deve ser

constante através o volume de controle, o fluxo de massa que entra deverá ser igual ao que sai

através da superfície de controle, e assim podemos dividir todos os termos da equação pelo

termo de fluxo de massa, obtendo propriedades por massa, ou seja, específicas, representadas

por letra minúsculas [9]. Rearranjando os termos temos a equação 2.2:

𝑞 − 𝑤 = 𝛥ℎ (2.2)

Sendo:

𝑞 = Calor específico trocado com o volume de controle [J/kg];

𝑤 = Trabalho realizado através do volume de controle [J/kg];

𝛥ℎ = Diferença da entalpia específica de saída e entrada do volume de controle [J/kg];

Por último, é apresentado o coeficiente de performance (COP, em inglês), que mede o

desempenho do ciclo de refrigeração. Quanto maior o COP, mais eficiente o ciclo é, ou seja,

precisa consumir menos energia para retirar uma determinada quantidade de calor da fonte fria.

O COP é definido na equação 2.3 [9]:

𝐶𝑂𝑃 = 𝑞𝐿

𝑤𝑐 (2.3)

Onde:

𝑞𝐿 = Calor específico retirado da fonte fria [J/kg];

𝑤𝑐 = Trabalho específico realizado pelo compressor do ciclo [J/kg]

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2.2 Aparelhos de ar condicionado solares Neste tópico serão apresentados os principais sistemas condicionadores de ar solares

usados em aplicações de escala semelhante à proposta nos objetivos do tópico anterior.

No caso do presente estudo, relativo a climatizações de pequeno a médio porte, ou seja,

sistemas com capacidade de refrigeração entre 15 a 250W [11], há dois tipos de equipamentos

de ar condicionado movidos à energia solar, classificados de acordo com o seu funcionamento:

o elétrico, que se utiliza da conversão da radiação solar em eletricidade, e o térmico, que

aproveita a radiação solar para produzir calor [12].

2.2.1 Sistema de ar condicionado solar térmico

Os aparelhos de ar condicionado solar térmico podem ser subdivididos em duas

categorias, os sistemas termomecânicos e os sistemas com transformação de calor. [13]

Os sistemas termomecânicos operam transformando o calor gerado pelos coletores

solares em trabalho mecânico, através de uma máquina térmica, que gera eletricidade e aciona

o compressor de vapor de um ar-condicionado convencional. As principais aplicações desse

tipo de sistema se dão através dos ciclos de compressão de vapor de Rankine, steam jet e ciclo

de Vuilleumler [12].

Os sistemas térmicos com transformação de calor operam pelo princípio básico

demonstrado na figura 2.4, em que calor é provido por uma fonte quente (coletores solares),

que aciona o processo de retirada de calor de uma fonte fria (ambiente a ser climatizado), e

ambas descartam calor em uma fonte de temperatura intermediária (ambiente externo).

Figura 2.4 – Esquema básico do funcionamento de sistemas térmicos com transformação de

calor

Fonte: [14].

Há três tipos de ar-condicionado solar térmico que são classificados de acordo com o

processo físico-químico característico de cada um em sistema de absorção, adsorção ou

dessecantes [15]

Os sistemas de refrigeração por absorção são os sistemas térmicos mais usados no

mundo [15]. Neste sistema, a compressão térmica do refrigerante é alcançada pela utilização de

uma solução líquida de refrigerante e absorvente e uma fonte quente. A compressão mecânica

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18

do ciclo é realizada por uma bomba, sem que o refrigerante tenha que ser levado até a região

superaquecida, reduzindo o consumo de energia em relação ao ciclo tradicional que opera com

um compressor [9]. No caso dos sistemas solares, a fonte quente é água aquecida a elevadas

temperaturas através de irradiação solar captada em coletores solares. Para temperaturas acima

de 0ºC, como é no caso da climatização de ambientes, a solução líquida mais usada é uma

mistura de água e brometo de lítio (LiBr). [16]

O sistema de absorção solar pode ser dividido em dois conjuntos, o de produção de

calor, com os principais componentes sendo o coletor solar, o reservatório térmico (back-up) e

as tubulações hidráulicas, e o de geração de frio, representado pelo "chiller" de absorção, a torre

de resfriamento e o sistema de frio no interior da área a ser climatizada. O back-up é necessário

para armazenar calor e fornecê-lo quando a disponibilidade de radiação solar for pouca ou

interrompida, permitindo que a refrigeração continue sem interrupção. A figura 2.5 mostra um

esquema do sistema como um todo:

Figura 2.5 – Esquema do ar-condicionado solar por absorção

Fonte: [17].

Os ciclos refrigeradores por absorção são baseados no fato do ponto de ebulição da

mistura refrigerante-absorvente ser maior que o correspondente para o refrigerante puro. As

figuras 2.6 e 2.7 apresentam o esquema simplificado do chiller de absorção e o ciclo

refrigerante:

Figura 2.6 – Esquema do chiller de absorção

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Fonte: [16].

Figura 2.7 – Ciclo de refrigeração por absorção

Fonte: [17].

A climatização do ambiente, para o caso do sistema de absorção com o par água

(refrigerante) e brometo de lítio (absorvente) 2é obtida através da troca térmica entre o ar a ser

condicionado e água gelada. As etapas desses ciclos são resumidas a seguir [15]: O refrigerante

evapora no evaporador extraindo calor do ambiente a ser resfriado Ele prossegue, então, para o

absorvedor, onde é absorvido pelo absorvente. Como o calor latente de condensação e o calor

de mistura precisam ser extraídos para um meio, o absorvedor é normalmente resfriado por

água proveniente de uma torre de resfriamento. A solução é bombeada para os componentes

conectados à fonte de calor (gerador), onde é aquecida acima de seu ponto de ebulição, fazendo

vapor de refrigerante seja liberado a alta pressão. A solução concentrada retorna ao absorvedor.

Ao final, o refrigerante condensa no condensador, resfriado por água vinda da torre de

resfriamento, que descarta calor para o ambiente externo. A pressão e a temperatura do

refrigerante condensado são reduzidas à medida que ele flui para o evaporador através de uma

válvula de expansão, encerrando o ciclo.

O sistema de adsorção funciona pelo mesmo princípio, mas em vez de uma solução

líquida usa-se um material sólido que adsorve, em um primeiro compartimento, o refrigerante

na fase gasosa, atraindo as moléculas do vapor sobre a superfície por força química ou física,

não mudando de forma no processo [15]. Calor, em um segundo compartimento, é então

adicionado ao material resultando na liberação do vapor de refrigerante a pressões mais

elevadas. O restante do ciclo é análogo ao de absorção. Um esquema do chiller pode ser visto

abaixo:

2 Para sistemas de absorção que se utilizam do par água-amônia, é a água que desempenha função de absorvente

e a amônia é o refrigerante [15].

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20

Figura 2.8 – Esquema do chiller de adsorção

Fonte: [16].

Diferentemente do ciclo fechado dos sistemas de absorção e adsorção, nos quais a

climatização se dá através da troca de calor com um refrigerante que ocorre em um trocador de

calor,, no sistema dessecante o ar condicionado é resfriado em contato direto com o refrigerante

(água), caracterizando-o como um ciclo aberto.

Resumidamente [15], em referência à Figura 2.9 abaixo, o sistema funciona

desumidificando o ar retirado do ambiente externo através de um processo de adsorção na roda

de 1 para 2. O ar sai aquecido devido ao processo de adsorção e por isso passa por uma roda de

troca de calor em que é pré-resfriado pelo contra fluxo de ar retirado do ambiente interno, de 2

para 3. Por último, o ar passa por um umidificador para que alcance o valor desejado de umidade

além de ser resfriado mais uma vez, antes de ser entregue ao ambiente interno, de 3 para 4. No

contra fluxo, o ar retirado do ambiente interno é resfriado quase ao ponto de saturação, de 7

para 8, e aquece removendo calor do ar de entrega de 8 para 9. Em seguida, recebe calor

proveniente da radiação solar capturada nos coletores, de 9 para 10, que aquecerá o material

adsorvente, de 10 para 11, liberando vapor de água no ar que será descartado no ambiente

externo, de 11 para 12. O Aquecimento de 4 para 5 só é usado no caso de aquecimento e não

refrigeração do ar interno.

Os sistemas dessecantes são menos usados e de aplicação mais específica, sendo

utilizados em locais em que se há uma demanda maior por ventilação e desumidificação do ar

[13].

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Figura 2.9 – Esquema e ilustração do sistema de climatização dessecante

Fonte: [13].

2.2.2 Sistema de ar condicionado fotovoltaico

Os sistemas elétricos são aqueles que funcionam convertendo diretamente energia solar

em elétrica através de painéis fotovoltaicos. Existem diversas tecnologias desenvolvidas que

utilizam esse princípio, como sistemas Peltier fotovoltaicos e sistemas de resfriamento

evaporativo, porém, os sistemas de compressão de vapor são os mais utilizados atualmente [15].

Sendo assim, o presente projeto abordará este último sistema, que é composto de um ar-

condicionado convencional de compressão de vapor, constituído basicamente por dois

trocadores de calor (evaporador e condensador), uma válvula de expansão e um compressor,

que neste caso está integrado e é alimentado pelos painéis fotovoltaicos. A figura 2.10 abaixo

ilustra esse esquema básico:

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22

Figura 2.10 – Esquema ar-condicionado solar fotovoltaico de compressão de vapor

Fonte: [13].

2.2.3 Curvas de cargas típicas

Ainda, se faz necessária uma análise acerca do uso do ar-condicionado solar

fotovoltaico. Como visto anteriormente, o uso de sistemas solares é interessante pois o período

de disponibilidade de energia pela fonte, a princípio, coincide com um momento em que se é

esperada uma demanda maior por tais aparelhos: dias ensolarados que, por consequência,

costumam apresentar temperaturas mais elevadas. Porém, se faz extremamente relevante

compreender o intervalo de demanda por climatização em relação ao intervalo de

disponibilidade de energia solar, quando para o desenvolvimento de aparelhos que visem não

só um atendimento específico e eventual, atuando assim em conjunto com aplicações

convencionais, mas principalmente para implantação de sistemas que procuram substituir os

convencionais em prol do emprego da fonte solar como a principal. Neste último tipo de

configuração, é indispensável que se projete meios de armazenamento de energia que evitem a

interrupção do ar-condicionado devido a condições climáticas adversas, ou mesmo a utilização

do aparelho em horários em que não haja disponibilidade de luz solar.

A figura 2.11 apresenta uma curva de insolação diária para as regiões sudeste e centro-

oeste do Brasil, retirada de [18], que reuniu dados de 26 cidades brasileiras durante cinco anos,

fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Como este projeto consiste no

desenvolvimento de um ar-condicionado que ficará situado na cidade do Rio de Janeiro, foi

aqui utilizado o gráfico de insolação para a região sudeste, que ainda contém diferenciação para

as estações climáticas do ano.

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Figura 2.11 – Curva de insolação para o sudeste e centro-oeste do Brasil

Fonte: [18].

Na figura 2.12, é apresentada curva de carga típica para residências brasileiras, com o

pico se iniciando às 17h, coincidindo com o término do horário comercial e com o retorno da

maioria das pessoas para as suas residências. Ainda de maior interesse é a figura 2.13, simulação

da curva de carga para aparelhos de ar condicionado residenciais, através da utilização do

programa SINPHA disponibilizado no site do PROCEL [19], baseada em pesquisas com

diversas residências de todas as regiões do Brasil durante um período de cinco anos.

Comparando as figuras 2.12 e 2.13com a figura 2.11, tem-se a noção da importância do

armazenamento de energia de modo a se utilizar essa fonte energética para climatização, que

apesar de abundante encontra-se defasada em relação ao período de maior demanda. Enquanto

o intervalo de maior solicitação dos aparelhos de ar condicionado ocorre entre as 18h e as 7h,

uma maior disponibilidade de energia sola se encontra justamente fora desse período, entre 10h

e 17h.

Figura 2.12 – Curva de carga típica do setor residencial

Fonte: [20].

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Figura 2.13 – Curva de carga para ar-condicionado região sudeste do Brasil

Fonte: Elaborado a partir de [19].

A figura 2.14 mostra uma situação mais favorável ao uso direto da energia solar, pois o

horário do setor comercial coincide com o intervalo de maior disponibilidade solar. Porém, é

de extrema importância para esses estabelecimentos a não interrupção do condicionamento de

ar, tendo em vista a característica do setor de prestar serviços. Logo a climatização e a

renovação do ar se demonstram fundamentais para a qualidade de funcionamento deles, que

costumam receber diversas pessoas durante o horário comercial. Portanto, se faz necessário um

sistema de armazenamento de energia que garanta a continuidade do funcionamento do ar-

condicionado mesmo em condições climáticas adversas, que poderiam prejudicar a

disponibilidade de luz solar.

Figura 2.14 – Curva de carga típica do setor comercial

Fonte: [20].

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25

3. Sistemas Fotovoltaicos e Armazenamento Este capítulo busca, primeiro, apresentar de maneira geral os conceitos, teorias e

aplicações fundamentais dos diferentes tipos de sistemas fotovoltaicos e métodos de

armazenamento de energia e, posteriormente, focar no método de armazenamento e

fotovoltaico específicos do sistema de condicionamento de ar proposto.

3.1 Irradiação Solar Como apresentado no tópico 2.2.2, a irradiação solar é a fonte de energia dos sistemas

fotovoltaicos e, portanto, é necessário o entendimento de conceitos básicos relacionados a essa

fonte. A seguir um breve estudo da radiação solar com tópicos relevantes aos sistemas

fotovoltaicos.

3.1.1 Tipos de irradiação solar

A energia solar chega à Terra sob a forma de radiação eletromagnética e é a principal

fonte energética do planeta, sendo essencial para manutenção da vida e da biosfera terrestre

[21]. A potência incidente, por unidade de área é definida como irradiação solar (em W/m² no

S.I.). Dados da WMO (World Meteorological Organization) indicam um valor médio de

irradiação solar que chega à superfície da atmosfera terrestre de 1367 W/m² (conhecida como

Constante Solar) [22].

A irradiação solar é uma das referências mais importantes em projetos fotovoltaicos,

pois é a partir dela que se determinará a carga que será convertida em eletricidade, e ela pode

ser diferenciada a partir dos seguintes tipos:

• Constante Solar:

É a medida da potência solar por unidade de área incidente na camada mais

superficial da atmosfera terrestre. A medição é feita perpendicular aos raios incidentes,

sendo assim, representa o máximo de irradiação que chega à Terra, livre das dispersões

e absorções pelas moléculas da atmosfera e sem a influência dos ângulos derivados da

geometria entre o Sol e a Terra. O valor dessa irradiação varia durante o ano por causa

da variação de distância entre o Sol e a Terra devido ao movimento de translação, porém

como indicado acima, possui valor médio de 1367 W/m² [22].

• Irradiação Normal Direta:

É a irradiação medida na superfície da Terra, a partir de uma superfície

perpendicular aos raios incidentes, ou seja, é a Constante Solar considerando as perdas

para a atmosfera.

• Irradiação Horizontal Difusa:

É a irradiação medida a partir de um elemento horizontal na superfície da Terra,

e representa a irradiação da luz dispersada pela atmosfera e refletida pela superfície

terrestre.

• Irradiação Horizontal Global:

É a soma da Irradiação Horizontal Difusa com a componente perpendicular da

Irradiação Normal Direta à superfície terrestre, representando a irradiação total que

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26

chega a uma superfície horizontal na Terra. Ela pode ser captada por um plano inclinado

de modo a obter-se um melhor aproveitamento da irradiação solar.

Figura 3.1– Tipos de radiação solar

Fonte: [23].

Portanto, é essencial que se saiba a irradiação horizontal global incidente no local de

qualquer projeto fotovoltaico, pois ela que determinará a carga que o sistema poderá entregar.

3.1.2 Geometria Sol – Terra

Outro parâmetro importante na determinação da disponibilidade de irradiação solar de

uma certa localidade é a geometria entre o Sol e a Terra. A incidência de irradiação varia ao

longo do ano em função dos movimentos de translação e rotação que a Terra realiza, o primeiro

em torno do Sol e de trajetória elíptica, e o segundo em torno do seu próprio eixo.

Ainda, o plano normal ao eixo da Terra forma uma inclinação com o plano da elipse da

translação, denominado de Declinação Solar (δ) e a qual provoca variações na duração dos dias

ao longo do ano. A declinação pode ser calculada a partir da equação 3.1 [19]:

𝑠𝑒𝑛(𝛿) = −𝑠𝑒𝑛(23,45)𝑐𝑜𝑠[(360

365,25)(𝑛 + 10)] (3.1)

Em que 𝑛 representa o dia juliano, ou seja, contado a partir do primeiro dia de janeiro e

progredindo de 1 até 365.

O Sol e a Terra ainda formam entre si outros ângulos. Entendendo alguns desses

diferentes ângulos é possível calcular o melhor posicionamento dos painéis de acordo com a

movimentação diária do Sol, tornando-se possível projetar uma posição e angulação que

permitam o máximo de aproveitamento na hora de pico solar. A seguir, os principais ângulos

[24]:

• Ângulo Zenital (𝜽𝒁):

É o ângulo formado entre os raios de sol e a vertical local (Zênite).

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• Altura ou Elevação Solar (𝜶):

A altura solar é o ângulo compreendido entre os raios do sol e a projeção deles

no plano horizontal.

• Ângulo Azimutal do Sol (𝛄𝑺):

É o angulo entre a projeção dos raios solares no plano horizontal e a direção

Norte-Sul (horizonte do observador, ver figura 3.3 abaixo). O deslocamento angular é

tomado a partir do Norte (0º) geográfico, sendo, por convenção, positivo quando a

projeção se encontrar à direita do Sul (a Leste) e negativo quando se encontrar à

esquerda (a Oeste), fazendo com que o ângulo varie entre -180º e 180º.

• Ângulo Azimutal da Superfície (𝛄):

Análogo ao anterior, porém a projeção tomada não é a dos raios solares, mas sim

do vetor normal a uma superfície de captação 3(ver figura 3.3 abaixo). O ângulo é

tomado entre essa projeção e a direção Norte-Sul (horizonte do observador). Obedece

às mesmas convenções do anterior.

• Inclinação da Superfície de Captação (𝛃):

É o ângulo entre o plano da superfície e o plano horizontal

• Ângulo de Incidência (𝛉):

É ângulo formado entre os raios solares e a normal à superfície de captação.

• Ângulo Horário do Sol ou Hora Angular (𝝎):

É o ângulo formado pelo movimento na direção Leste-Oeste do meridiano do

sol em relação ao meridiano local. Sendo negativo pela manhã e positivo pela noite, e

cada hora solar (H𝑆) sendo igual ao deslocamento de 15°.

ω = 15º(H𝑆 − 12) (3.2)

Figura 3.2 – Ângulos entre a posição do Sol e o plano de horizonte do observador

3 Superfície de Captação refere-se ao elemento que receberá a irradiação solar para aplicações em energia

renovável, como por exemplo, módulos fotovoltaicos e concentradores solares [24].

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28

Fonte: [24].

Figura 3.3 - Ângulos entre uma superfície qualquer e a posição do Sol

Fonte: [24].

A partir dos ângulos zenital (𝜃𝑍) e incidência (θ) é possível calcular a componente direta

da irradiação que incide normalmente a um plano horizontal ou a qualquer superfície inclinada,

desde que conhecida a componente direta da irradiância incidente na superfície terrestre [24].

Os ângulos podem ser calculados respectivamente pelas equações 3.3 e 3.4:

𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑍) = 𝑐𝑜𝑠(𝛿) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜔) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜙) + 𝑠𝑒𝑛(𝛿) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜙) (3.3)

𝑐𝑜𝑠(𝜃) = 𝑐𝑜𝑠(β) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜙) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜔) + 𝑠𝑒𝑛(𝛿) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜙) ∗ 𝑐𝑜𝑠(β)

+ 𝑠𝑒𝑛(β) ∗ 𝑠𝑒𝑛(γ) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜔) + 𝑠𝑒𝑛(β) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜙) ∗ 𝑐𝑜𝑠(γ) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜔) (3.4)

− 𝑠𝑒𝑛(β) ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝛿) ∗ 𝑐𝑜𝑠(γ) ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝜙)

3.1.3 Softwares de fornecimento e tratamento de dados

É prática comum a utilização de softwares no cálculo da disponibilidade de irradiação

incidente em determinada localidade. Há diversos desses programas computacionais acessíveis

na internet, os quais se utilizam de bancos de dados meteorológicos de concepção própria ou

encontrados em vasta quantidade também na rede. Essa diversidade de informação e meios de

tratamento de dados torna confiável o cálculo da estimativa de carga através de tais ferramentas,

permitindo a geração de perfis típicos mensais, diários ou até horários de irradiação para certo

local durante um ano, com margens de erro seguras para uso em projetos de engenharia.

A seguir, alguns desses softwares disponíveis gratuitamente para acesso ou download

na internet:

• SAM (System Advisor Model):

Desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados

Unidos (National Renewable Energy Laboratory – NREL) com recursos do

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Departamento de Energia do país (U.S. Department of Energy), conta com diversas

ferramentas para cálculo e simulações para diferentes tipos de projetos em energia

renovável. Tem acesso ao banco de dados próprio do NREL, mas também aceita dados

de bancos externos se formatados de acordo com as especificações do programa [25].

• Meteonorm:

Desenvolvido pela empresa Meteotest, é uma fonte de dados de energia solar

amplamente usada e aceita na indústria, com mais de 30 anos no mercado. Possui uma

versão gratuita de demonstração de período ilimitado que permite consultar e salvar

dados de forma restrita [26].

• Sundata:

Desenvolvido pelo CRESESB (Centro de Referência para as Energias Solar e

Eólica Sérgio de S. Brito), é uma ferramenta para o cálculo da irradiação solar diária

média mensal em qualquer localidade do território brasileiro. Utiliza dados do

CENSOLAR, 1993 (Valores Medios de Irradiacion Solar Sobre Suelo Horizontal do

Centro de Estudos de la Energia Solar) contendo valores de irradiação solar diária

média mensal no plano horizontal para cerca de 350 pontos no Brasil e em países

limítrofes, e do Atlas Brasileiro de Energia Solar – 2ª Edição, produzido a partir de um

total de 17 anos de imagens de satélite e com informações de mais de 72.000 pontos em

todo o território brasileiro [27].

• Radiasol2:

Desenvolvido pelo LABSOL – UFRGS (Laboratório de Energia Solar da Escola

de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), utiliza dados do Atlas

Brasileiro de Energia Solar e do programa SWERA (Solar and Wind Energy Resource

Assessment), parceria internacional para fornecer dados em energia renovável para

localidades ao redor do mundo, concluído em 2011 [28].

• POWER Project:

Desenvolvido pela NASA (National Aeronautics and Space Administration), é

um banco de dados em forma de mapa interativo que oferece informações climáticas e

meteorológicas coletadas pela instituição para regiões no mundo todo [29].

3.1.4 Localização e disponibilidade de irradiação solar

Para a coleta de dados de irradiação através das fontes apresentadas no tópico acima,

foram utilizadas informações de localização da região do aeroporto do Galeão (22º48’ S 43º14’

W), devido à riqueza e diversidade de dados oferecidos para essa área e sua proximidade em

relação ao Fundão (cerca de 6km), onde encontra-se o laboratório de interesse deste projeto.

Empregando-se os recursos coletados, foram obtidos perfis de irradiação diária média

(kWh/m²) por mês para cada fonte consultada, como podem ser vistos na tabela 3.1 e na figura

3.4 a seguir:

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30

Sundata Nasa Meteonorm SWERA – Radiasol ATLAS – Radiasol Média

Jan 6,04 5,53 6,03 6,11 5,49 5,84

Fev 6,22 6,06 5,23 6,36 5,34 5,84

Mar 5,06 4,90 5,40 5,61 5,06 5,21

Abr 4,36 4,37 4,07 4,70 4,09 4,32

Mai 3,59 3,71 3,97 3,79 3,54 3,72

Jun 3,35 3,52 3,23 3,49 3,00 3,32

Jul 3,34 3,62 3,93 3,47 3,39 3,55

Ago 4,20 4,33 4,20 4,34 3,97 4,21

Set 4,43 4,62 4,23 4,72 4,60 4,52

Out 5,11 4,90 5,03 5,47 4,71 5,04

Nov 5,14 4,91 5,27 5,68 5,33 5,27

Dez 5,93 5,40 5,80 5,89 5,50 5,70

Média 4,73 4,65 4,70 4,97 4,50 4,71

Tabela 3.1: Irradiação solar diária média (kWh/m².dia) na região do Galeão

Fonte: Elaboração do autor a partir de dados das fontes indicadas acima.

Figura 3.4: Perfil de irradiação solar diária média obtido por fonte

Fonte: Elaboração do autor a partir de dados das fontes indicadas acima.

Uma análise inicial revela informações importantes quanto à disponibilidade de

irradiação ao longo do ano para a localidade, apresentando altas de outubro a março (~ 5 a 5,8

kWh/m².dia) e baixas principalmente nos meses de maio a julho (~3,3 kWh/m².dia). Ainda,

levando em conta as diferentes fontes, tem-se uma média de irradiação de 4,71 kWh/m².dia.

Por fim, nota-se que a disposição do perfil está de acordo com as características

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climáticas de verão e inverno predominantes na cidade do Rio de Janeiro.

3.2 Sistema Fotovoltaico

3.2.1 Efeito Fotovoltaico

O processo de criação de voltagem e corrente elétrica em um material através da

exposição à luz é denominado de efeito fotovoltaico [24].

Figura 3.5 - Estrutura de bandas de energia em (a) condutores, (b) semicondutores e (c)

isolantes.

Fonte: [24].

O Silício é o elemento semicondutor mais predominante na fabricação de células

fotovoltaicas devido a sua abundância na natureza. Para que o efeito fotovoltaico ocorra, é feito

durante a fabricação das células o processo de dopagem do Silício, que consiste na adição de

outros elementos de forma a alterar as características elétricas do material [24].

Há duas espécies de dopagem, a do tipo N e P. No primeiro tipo, o Silício, que possui

quatro elétrons na camada de valência, é combinado, na maioria das vezes, ao Fósforo, com

cinco elétrons na camada de valência. Essa ligação deixa um elétron fracamente ligado aos

átomos, conferindo ao conjunto uma carga negativa. No segundo, o elemento de ligação mais

usado é o Boro, o qual contém três elétrons de valência e ao se combinar ao Silício resulta em

uma lacuna energética, concedendo ao par uma carga positiva [24].

Na combinação de uma placa de material com dopagem N e outra de dopagem P,

denominada junção PN, há a criação de um campo elétrico devido à separação das cargas

negativas e positivas aprisionadas na banda de valência dos átomos (A junção PN é uma

idealização. Na prática a dopagem é feita na mesma célula). Incidindo radiação com energia

suficiente para excitar os elétrons mais fracamente ligados para além da banda proibida, é

obtido uma corrente na banda de condução no sentido de ocupar as lacunas positivas, que pode

ser aproveitada se conectada a um condutor externo, caracterizando o princípio de

funcionamento das células fotovoltaicas [24].

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Figura 3.6 – Estrutura básica de uma célula fotovoltaica de silício

Fonte: [24].

3.2.2 Células Fotovoltaicas

As células fotovoltaicas mais usadas no mercado podem ser classificadas em:

• Células de Silício Cristalino:

Tem como matéria-prima principal o silício com pureza de 99,9999%, também

utilizado na indústria eletrônica (porém com pureza maior de 99,9999999%), e

representavam mais de 90% da receita do mercado mundial de energia fotovoltaica em

2016 [30]. Segundo [24], o silício usado na fabricação das células pode ser

monocristalino ou policristalino. O primeiro é obtido pelo método Czochralski que

resulta na formação de um único cristal. Esse tipo apresenta uma melhor eficiência se

comparada ao policristalino, porém seu custo do processo de fabricação é maior que a

policristalino. O segundo é obtido por um método produtivo mais simples, resultando

em um bloco com pequenos cristais que serão cortados em lâminas e utilizados na

produção das células, que são mais baratas, mas apresentam menor eficiência que as de

monocristal. Possuem em média eficiência de conversão, isto é, a razão entre a potência

elétrica gerada e a potência incidente de irradiação solar, em 17% [24]. A figura 3.7

apresenta as duas alternativas.

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Figura 3.7 – Células de silício cristalino

Fonte: [31].

• Filmes Finos:

São células bastante finas e de alta absorção ótica, formadas por camadas de

poucos micrômetros de diferentes materiais semicondutores depositados

sucessivamente sobre superfícies rígidas ou flexíveis, com produção em larga escala.

Essa não limitação de forma, flexibilidade e fácil produção representam as maiores

vantagens desse tipo de célula. O principal material utilizado na fabricação dos filmes é

o silício amorfo, ou seja, que não possui estrutura cristalina, ainda que preserve as

características semicondutoras. A principal desvantagem desse material é a menor

eficiência (cerca de 10%) se comparado aos cristalinos e a problemas de estabilidade

que resultam na degradação rápida (6 a 12 meses) do seu rendimento quando expostas

à radiação solar [24].

Figura 3.8 – Células de filme finos

Fonte: [32].

3.2.3 Sistemas Fotovoltaicos

Os sistemas fotovoltaicos são geralmente classificados em dois grupos: sistemas

isolados e sistemas conectados à rede. Dentro dessas duas categorias, ainda podem

receber a denominação de híbrido, quando funcionam interligados a outras fontes

geradoras de energia além da fotovoltaica. Este é geralmente mais complexo,

necessitando de algum tipo de controle que integre e otimize a energia fornecida pelos

diferentes geradores, que podem ser, por exemplo, grupo geradores a diesel e/ou

aerogeradores [24].

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• Sistemas Isolados:

São aqueles que não são conectados com a rede de distribuição de energia

elétrica pública. Por dependerem substancialmente da fonte solar ou, no caso do híbrido,

de outras fontes, pode haver grande possibilidade da disponibilidade e da necessidade

de carga não coincidirem em determinados períodos tempo, o que resulta na

conveniência do uso de alguma forma de armazenamento de energia, de forma a lidar

com a variabilidade do recurso solar. O tipo mais comum de armazenamento é através

de baterias, mas dependendo da aplicação pode se armazenar de diferentes maneiras

como: energia potencial gravitacional bombeando água para um reservatório em altura

elevada; volantes de inércia; ar comprimido; energia térmica [24]. Esses sistemas de

armazenamento serão vistos na seção 3.3, a seguir.

Os sistemas isolados devem ter uma unidade responsável pelo controle e

condicionamento da potência composta por um inversor e um controlador de carga. Eles

ainda podem ser individuais, atendendo apenas uma unidade consumidora, ou em

minirrede, atendendo a um pequeno grupo geograficamente próximo [24].

Figura 3.9 – Representação de uma configuração básica do sistema isolado

Fonte: [24].

• Sistemas Conectados à Rede:

São os sistemas conectados ao grid. A energia gerada pode ser consumida

diretamente por uma carga específica ou injetada na rede elétrica convencional para ser

utilizada pelas unidades consumidoras conectadas ao sistema de distribuição. Sendo

assim, possuem a vantagem de poder dispensar meios de armazenamento de energia,

com a rede pública fornecendo eletricidade em períodos de escassez de geração, e

também, no caso dos países que adotam o sistema de compensação, de economizar na

conta de eletricidade em momentos de excesso de produção, com o excedente

direcionado para a rede e tornando-se crédito para uso futuro ou redução no valor da

conta. O Brasil é um dos países que adota esse sistema [24].

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Figura 3.10 - Representação de uma configuração básica do sistema conectado à rede

Fonte: [24].

Nos tópicos a seguir serão apresentados os principais componentes dos sistemas fotovoltaicos.

Outras configurações mais complexas, porém, podem conter diversos outros componentes que

não serão abordados aqui por não fazerem parte do escopo do projeto.

3.2.4. Módulos fotovoltaicos

O módulo fotovoltaico é um conjunto de células fotovoltaicas agrupadas em um arranjo

e encapsuladas de modo a garantir uma potência elétrica. Abaixo, na figura 3.11, uma

representação esquemática de um módulo fotovoltaico.

Figura 3.11 – Representação de um módulo fotovoltaico

Fonte: [33].

A seguir, algumas das características elétricas determinadas durante testes em condições

padrões (STC, do inglês Standard Test Conditions, AM 1.5, 1000 W/m² e 25º na superfície da

célula), responsáveis pela especificação e identificação dos módulos [24]:

• Tensão de Circuito Aberto (𝑽𝑶𝑪):

Maior tensão gerada pelo módulo, medida por um voltímetro quando o módulo

está desconectado, ou seja, não há nenhuma carga sendo suprida.

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• Corrente de Curto-Circuito (𝑰𝑺𝑪):

Maior corrente gerada pelo módulo, quando este está desconectado, medida com

auxílio de um amperímetro

• Curva I x V:

Curva de corrente por tensão característica do módulo, traçada com o módulo

nas condições padrões e com o auxílio de uma fonte de tensão variável. Para cada tensão

submetida é possível identificar a corrente fornecida correspondente, como pode ser

visto na figura 3.12 abaixo.

• Curva P x V:

Curva de potência por tensão, traçada através do produto das coordenadas

corrente e tensão (I,V) correspondentes aos pontos da curva I x V apresentada acima.

Apresenta a potência gerada por tensão submetida para a condição de operação,

ilustrado na figura 3.12 abaixo. É fundamental para a análise do comportamento dos

módulos, e de onde pode-se extrair o ponto da máxima potência (𝑃𝑀𝑃) que o módulo é

capaz de fornecer. Esse ponto, corresponde ao produto da corrente de máxima potência

(𝐼𝑀𝑃) com a tensão de máxima potência (𝑉𝑀𝑃).

Os valores de 𝑃𝑀𝑃, 𝑉𝑀𝑃, 𝐼𝑀𝑃, 𝑉𝑂𝐶 e 𝐼𝑆𝐶 são os cincos parâmetros que especificam

o módulo sob dadas condições de radiação, temperatura de operação de célula e massa

de ar.

Figura 3.12 – Exemplo de curvas I x V e P x V para um módulo fotovoltaico

Fonte: [24].

• Fator de Forma:

É a razão do produto de 𝑉𝑀𝑃 e 𝐼𝑀𝑃 com o produto de 𝑉𝑂𝐶 e 𝐼𝑆𝐶 . Representa o

quanto a curva característica se aproxima da forma do retângulo de lados 𝑉𝑂𝐶 e 𝐼𝑆𝐶 e,

como o produto desse par é sempre maior que 𝑃𝑀𝑃 (pois, como explicado anteriormente,

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é o ponto em que não há solicitação de carga para o módulo), quanto mais próximo do

retângulo, maior o 𝑃𝑀𝑃 e melhor a qualidade do módulo. A relação pode ser vista na

figura 2.28 abaixo.

𝐹𝐹 = 𝑉𝑀𝑃∙ 𝐼𝑀𝑃

𝑉𝑂𝐶∙ 𝐼𝑆𝐶 (3.5)

Figura 3.13 – Representação gráfica do fator de forma

Fonte: [24].

• Eficiência:

Indica o quanto da energia solar é transformada em eletricidade e pode ser

calculada pela razão entre a potência máxima 𝑃𝑀𝑃 e o produto da área do módulo, 𝐴𝑀,

com a irradiação incidente no módulo, representada por 𝐺. Quando determinada na

condição-padrão de teste a irradiação tem o valor de 1000 W/m² indicado anteriormente.

𝜂 = 𝑃𝑀𝑃

𝐴𝑀∙𝐺 (3.6)

3.2.5. Principais fatores que alteram as características dos módulos

Os módulos fotovoltaicos estão sujeitos a diversos fatores externos que alteram o seu

desempenho, como mudanças atmosféricas locais e a consequente variação de irradiação,

temperatura, sombreamento, entre outros. A seguir, os principais fatores que alteram as

características elétricas descritas no tópico anterior [24]:

• Efeito da Irradiação Solar:

A corrente elétrica gerada pelo módulo aumenta com o crescimento da irradiação

solar incidente, o que acarreta um igual aumento da potência fornecida por ele. Isso pode

ser observado na figura 3.14, em que se ilustra o aumento linear da corrente de curto-

circuito com a irradiação.

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Figura 3.14 – Efeito da irradiância solar incidente sobre o módulo em sua curva característica

Fonte: [24].

• Efeito da Temperatura:

A incidência de radiação solar e mudanças nas condições climáticas locais

implicam em uma variação na temperatura do módulo. A tensão é inversamente

proporcional à temperatura do módulo, o que significa que um aumento de temperatura

diminui a tensão fornecida, e consequentemente diminuindo a potência gerada pelo

módulo. A figura 3.15 demonstra esse efeito.

Figura 3.15 – Efeito da temperatura do módulo na sua curva característica

Fonte: [24].

3.2.6. Associação de módulos fotovoltaicos

Os módulos podem ser conectados em série, paralelo, ou ambos, formando sistemas de

painéis com potência mais elevada, fornecendo corrente e tensão necessárias para atender

determinada aplicação. É apresentada uma breve explicação dessas configurações a seguir [24]:

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• Associação em Série:

Consiste na conexão do terminal positivo de um módulo ao terminal negativo de

outro, e assim sucessivamente. Quando feita em dispositivos idênticos submetidos às

mesmas condições, a associação resulta em uma tensão conjunta que é a soma das

tensões individuais, enquanto a corrente permanece igual às individuais. Quando feita

com módulos de características diferentes, a corrente do conjunto fica limitada a do

módulo com menor corrente individual [24]. A figura 3.17 mostra a curva característica

de uma associação em série.

Figura 3.16 – Esquema de uma associação em série

Fonte: [34].

Figura 3.17 – Curva característica de uma associação em série

Fonte: [24].

• Associação em Paralelo:

Formado quando se ligam os terminais positivos dos módulos entre si, e

repetindo o procedimento para os terminais negativos. Nesse caso, a corrente do

conjunto é a soma das correntes individuais, enquanto a tensão do conjunto permanece

igual à individual. A figura 3.19 ilustra a curva característica da associação.

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Figura 3.18 – Esquema de uma associação em paralelo

Fonte: [34].

Figura 3.19 – Curva característica de uma associação em paralelo

Fonte: [24].

3.2.7. Inversores

Um inversor é um dispositivo eletrônico que converte em corrente contínua (c.c.) a

energia elétrica em corrente alternada (c.a.) gerada por uma determinada fonte [24]. Eles são

fundamentais nos sistemas fotovoltaicos, pois os módulos entregam eletricidade em c.c., sendo

que a maioria das aplicações e equipamentos alimentados funcionam à c.a. A tensão c.a. de

saída deve ter amplitude, frequência e conteúdo harmônio adequados às cargas a serem

fornecidas. Adicionalmente, no caso de sistemas conectados à rede elétrica, a tensão de saída

do inversor deve ser sincronizada com a tensão da rede.

No caso de sistemas fotovoltaicos, os inversores podem ser divididos em duas categorias

com relação ao tipo de sistema de trabalho, aqueles para sistema fotovoltaicos isolados e os de

sistema conectado à rede. Embora ambos compartilhem os mesmos princípios gerais de

funcionamento, os últimos possuem características específicas para atender as exigências das

concessionárias de distribuição em termos de segurança e qualidade de energia injetada na rede,

e devido a isso costumam ser mais caros do que o outro tipo [24].

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3.3 Armazenamento de Energia

3.3.1 Benefícios do Armazenamento de Energia

É possível concluir através dos capítulos abordados até aqui que o armazenamento de

energia é fundamental para o desenvolvimento do projeto. O sistema de armazenamento

otimizará o uso da energia solar, conservando parte do recurso natural que não seria aproveitado

quando o sistema de condicionamento de ar não é solicitado ou a carga solicitada é menor que

a oferta, permitindo assim que esse “excesso” de energia possa ser utilizado posteriormente

quando houver maior demanda de resfriamento ou escassez de luz solar.

Entretanto, as tecnologias de armazenamento de energia estão gradativamente

conquistando um alcance mais amplo em aplicações práticas de engenharia que não só o caso

supracitado, consequência dos variados benefícios resultantes do seu emprego, como:

economizar na conta de eletricidade, acumulando energia em períodos de menor demanda e

vendendo ou utilizando-a nos horário de pico quando a tarifa é mais cara; auxiliar sistemas de

geração de energia dependentes de recurso sazonal; auxílio em sistemas com cogeração;

reaproveitamento de calor rejeitado para processos de aquecimento, entre outros [35].

No tópico a seguir serão apresentados de maneira geral os principais modos de

armazenamento de energia em aplicações de engenharia, e mais especificamente dos tipos de

acumulação de energia térmica, os quais exibem maior relevância para o presente estudo.

3.3.2 Métodos de Armazenamento de Energia

Diversas tecnologias de armazenamento de energia já estão disponíveis para uso, assim

como novas aplicações vem sendo desenvolvidas. A figura 3.20 esquematiza as principais

categorias e tecnologias de armazenamento de energia com aplicabilidade no âmbito das

engenharias:

Figura 3.20: Classificação dos métodos de armazenamento de energia

Fonte: Elaborado a partir de [35].

3.3.3. Armazenamento em energia mecânica

Este tipo de armazenamento pode se dar através do acúmulo em energia cinética, de um

objeto em movimento linear ou rotativo, em energia potencial, de um objeto disposto a um

diferencial de altura, e em energia de compressão de um gás [35].

• Volante de Inércia:

Por maiores facilidades técnicas, o acúmulo em energia cinética apresenta-se

predominantemente na forma de movimento rotativo, através de um dispositivo

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chamado volante de inércia. O volante é composto por uma massa giratória em seu

interior, que é acelerada por um motor e assim armazena energia na forma cinética. Ao

acionar-se um gerador acoplado à massa, ela é desaceleradaconvertendo a energia

cinética de volta em elétrica.[35].

Apesar de apresentarem utilidade para distintas aplicações, inclusive com sua

portabilidade permitindo o emprego em veículos (conservando parte da energia que

seria dissipada em calor no processo de frenagem), o atrito a que são submetidos os

volantes ainda não permitem que essa seja uma tecnologia de armazenamento para

longos períodos de tempo, sendo normalmente usados em aplicações que requerem

armazenamento em intervalos de algumas horas. Entretanto, esse é método bastante

promissor e numerosos estudos estão sendo realizados na área para aprimorar os

materiais constituintes da massa, com o intuito de acumular mais energia de forma mais

compacta e segura, e dos rolamentos, visando diminuir o atrito e aumentar a eficiência

o que resultaria em períodos de armazenagens mais longos [35].

Figura 3.21: Volante de Inércia

Fonte: [36]

• Hidroacumulação:

Consiste no bombeamento de água de um determinado reservatório para outro

localizado a uma altura superior, armazenando energia em forma potencial nos períodos

fora de pico ou de excesso de geração. Nos períodos de pico ou demanda de geração, há

produção de eletricidade pelo escoamento da água armazenada através de uma turbina

hidráulica, no fluxo de volta do reservatório superior para o inferior.

A hidroacumulação é um dos métodos mais bem estabelecidos de armazenagem

de energia e tem a vantagem de permitir aplicações em grade escala, encontrando assim

vasta utilização na indústria de geração de energia, principalmente em usinas

hidrelétricas [35].

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Figura 3.22: Esquema de uma planta de hidroacumulação

Fonte: [35].

• Armazenamento em Ar Comprimido:

Ar é comprimido e armazenado em reservatórios subterrâneos artificiais ou

formações naturais, como cavernas, domos de sal, poços de óleo e gás desativados e

construções de minas abandonadas, nas horas fora de pico, sendo liberado

posteriormente para acionar turbinas geradoras a gás em horário de pico [35].

A principal vantagem desse tipo de armazenamento é a capacidade de estocar

grandes quantidades de energia por longos períodos sem perdas significativas de

eficiência [35]. Estudos primários indicam que o custo desses sistemas são comparáveis

aqueles dos sistemas de hidroacumulação, mas a demanda por reservatórios de vastas

dimensões limita a utilidade dos mesmos a regiões onde grandes cavernas naturais

existem ou são facilmente formadas, como em domos de sal. Uma outra restrição que

pode fazer com que esse método seja menos atrativo é que algumas aplicações ainda

precisam do uso auxiliar de combustíveis fósseis para tornar-se economicamente viável

[35].

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Figura 3.23: Representação de sistema de armazenamento de ar comprimido

Fonte: [37].

3.3.4 Armazenamento em energia química

O método consiste no armazenamento de energia em compostos químicos que

absorvem/liberam energia quando reagem, podendo essas reações serem ocasionadas por

eletricidade, caracterizando o método de armazenamento eletroquímico, ou pela temperatura

dos reagentes, definindo o método de armazenamento termoquímico [35].

• Armazenamento Eletroquímico:

Os dispositivos mais usados para esse tipo de armazenamento são as baterias,

em que ocorrem reações químicas provocadas por energia elétrica, e as quais também

produzem eletricidade quando revertidas. Essa é uma forma estável de armazenamento

e proporciona alta densidade energética e de potência. As baterias de chumbo-ácido já

estão estabelecidas há bastante tempo, com sua descoberta datando do século 19.

Recentemente, células de combustível4 tem demonstrado aptidão para atuar em

armazenamentos de escala industrial como baterias [35].

Existem três categorias de aplicações promissoras para as baterias, são elas:

armazenamento e gerenciamento da carga em redes elétricas; veículos elétricos e

armazenamento de carga para sistemas de energia renovável (como eólica e solar). Elas

são comercializadas em diferentes categorias e tamanhos, e apesar do tipo mais comum

disponibilizado ser o chumbo-ácido, outros materiais estão sendo desenvolvidos com

distintas aplicações e aprimoramentos, como as baterias de lítio-ferro, sódio-enxofre e

níquel-hidreto metálico. Entretanto, as baterias disponíveis atualmente não são

recomendadas para maior parte dos usos em escala industrial devido a seu peso, custo e

performance [35].

4É uma célula eletroquímica que converte a energia potencial química do combustível e do agente oxidante em

eletricidade. Diferem das baterias pois requerem um fluxo contínuo de combustível e agente oxidante para

manter a reação acontecendo [38].

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Diversos parâmetros são usados para distinguir as características das baterias em

aplicações práticas, sendo essas significantes na determinação do tipo de bateria

indicada para uma aplicação particular. É importante ter em mente que algumas delas

são conflitantes, ou seja, o aprimoramento de uma acarreta o detrimento de outra, logo

é fundamental determiná-las de acordo com seu emprego. Cinco desses termos são:

energia específica; densidade de energia; densidade de potência; vida útil; e custo [35].

Figura 3.24: Esquema de uma bateria de chumbo-ácido

Fonte: [35].

• Armazenamento Termoquímico:

Há reações químicas que são termicamente ativadas e é possível utilizá-las para

armazenar energia. As chamadas reações endotérmicas são aquelas que absorvem calor

para acontecerem, e, portanto, podem ser aproveitadas para armazenar energia térmica.

Quando posteriormente, a reação é revertida e a energia armazenada é liberada. Esse

tipo de armazenamento é considerado para aplicações térmicas solares, porém ainda se

encontra em estágio de desenvolvimento [35].

Ainda, qualquer reação química reversível pode ser considerada para constituir um

dispositivo de armazenamento de energia, acumulando quando ativadas, principalmente por

energia elétrica ou térmica, e liberando energia quando a reação é revertida [35].

3.3.5 Armazenamento em energia térmica

A energia térmica pode ser armazenada pela alteração da temperatura de uma

substância, pela mudança de sua fase, ou pela combinação dos dois. As aplicações para esse

tipo de armazenamento têm sido ampliadas de modo crescente recentemente, com o

desenvolvimento de novas tecnologias [35].

Exemplos de usos estabelecidos desse método são: acúmulo de energia solar para

aquecimento noturno; acúmulo de calor durante o verão para uso no inverno; acúmulo de frio

no inverno para resfriamento no verão; e produção de calor ou frio gerado eletricamente fora

do horário de pico para subsequente uso nas horas de alta demanda. Também pode ser um

importante método para corrigir o desencontro entre a disponibilidade e a demanda de energia

de um sistema, como em alguns casos de aproveitamento de energia solar [35].

O armazenamento térmico tem recebido atenção principalmente nas áreas de

aquecimento, resfriamento, e condicionamento de ar. O desenvolvimento desse método tem

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potencial para tornar o uso de equipamentos térmicos mais efetivo, substituindo os elétricos, e

facilitar a mudança de fontes convencionais por renováveis em escala industrial de modo

economicamente viável.

O armazenamento sensível é aquele que depende do calor específico sensível e da

variação de temperatura do material. O latente, por sua vez, resulta da troca de calor associada

com a mudança de fase do material, que ocorre a temperatura constante e depende do calor

específico latente. Materiais para sistemas armazenadores de calor sensíveis mais comumente

usados são rochas, entre os meios sólidos, e água, dos meios líquidos. Para os sistemas latentes

há uma variada gama de materiais em utilização, sendo um dos mais populares a água. A

mudança de fase predominante é a de sólido-líquido. O armazenamento se dá através do

resfriamento, aquecimento, solidificação, derretimento ou vaporização do material

armazenador e, quando o processo é revertido, a energia térmica armazenada torna-se

disponível [35].

Dentre os múltiplos benefícios da implantação de um armazenador térmico estão:

aumento da capacidade de geração de energia elétrica ou térmica; melhora nas operações em

plantas de cogeração; mudar a aquisição de energia para períodos de baixo custo; aumentar a

confiabilidade de sistemas térmicos ou elétricos [35].

Figura 3.25: Curva téorica de calor latente e sensível para transição sólido-líquido

Fonte: [39].

No que tange a diferenciação entre os distintos sistemas de armazenamento térmico

possíveis, uma das características de importância responsáveis por essa distinção é a duração

do armazenamento, podendo essa ser de curto, médio ou longo prazo. Esse é um dos fatores

determinantes que se leva em consideração no momento da escolha de um sistema para se

adequar a uma certa aplicação. Por exemplo, o armazenamento de curto período é utilizado na

maioria das vezes para resolver cargas de potência de pico. Já as de médio e longo prazo são

normalmente empregados para otimizar o aproveitamento de cargas sazonais ou calor residual

[35].

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• Armazenamento em Calor Sensível:

A energia é armazenada pela variação de temperatura de um meio acumulador

como água, rochas, óleos, areia, entre outros. A quantidade de energia transferida ao

armazenador é proporcional à diferença de temperatura inicial e final dele, à massa do

material acumulador, e a seu calor específico. Cada material é apropriado para diferentes

aplicações de acordo com suas características, as quais podem representar vantagens ou

desvantagens dependendo da situação empregada. Por exemplo, o calor específico da

água é aproximadamente o dobro dos de rochas, tornando tanques de água uma escolha

lógica para sistemas acumuladores que operam no intervalo de temperatura necessário

para sistemas condicionadores de ar. A baixa capacidade calorífica das rochas, porém,

é compensada em algumas aplicações pelas grandes variações possíveis de temperatura

desses materiais, e por suas relativamente altas densidades [35].

Nos armazenadores de calor sensível não ocorre mudança de fase, assim a

quantidade de calor acumulado em uma certa massa de material pode ser expressa por

[35]:

𝑄 = 𝑚𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝜌𝑐𝑝 𝑉𝛥𝑇 (3.7)

Em que ∆𝑇 é a variação de temperatura do armazenador e 𝑐𝑝, 𝑚, 𝑉, 𝜌 são

respectivamente o calor específico, a massa, o volume e a densidade do material

acumulador. A capacidade de acumular calor sensível depende fortemente da

quantidade 𝜌𝑐𝑝. Adicionalmente, para ser atrativo como acumulador, um material

também deve ser barato e ter uma alta condutividade térmica. Água, por exemplo, se

encaixa nessas características o que a torna uma excelente escolha como meio

armazenador [35]. A seguir, alguns materiais utilizados em sistemas de armazenamento

de calor sensível e seus calores específicos:

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Tabela 3.2: Calores específicos de alguns materiais a 20º C

Fonte: [35].

• Armazenamento em Calor Latente:

A transferência de calor que ocorre quando uma substância muda de uma fase

para outra é chamado de calor latente. Para um mesmo meio, o ganho de calor latente

costuma ser muito maior que o ganho sensível, o que está relacionado com a diferença

de magnitude entre o calor específico latente e o sensível [35].

Por isso, a principal vantagem desse método de armazenamento em relação ao

sensível são as maiores capacidades de acúmulo energético por unidade de massa.

Ademais, trabalham em intervalos pequenos de temperatura, já que a troca de calor

acontece a temperatura constante, o que consequentemente o torna um método bastante

promissor de armazenamento térmica.

Como citado acima, o calor liberado ou absorvido em qualquer mudança de fase

ocorre a uma mesma temperatura, e é dado pela seguinte equação [35]:

𝑄 = 𝑚𝐿 (3.8)

Sendo 𝑚 𝑒 𝐿, respectivamente, a massa e o calor específico latente da substância

em mudança de fase. O calor específico latente representa a quantidade de energia

necessária para mudar de fase um quilograma da substância. Cada material tem um calor

específico latente próprio para cada mudança de fase.

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Figura 3.26: Esquema de calor latente e sensível x temperatura para um mesmo material

Fonte: [40].

Entretanto, apesar das grandes vantagens apresentadas em relação aos sistemas

sensíveis, atualmente a maioria dos sistemas práticos usando materiais de mudança de

fase como acumulador de energia são constituídos de soluções de sais em água,

acarretando em alguns problemas como: sobrearrefecimento do material de mudança de

fase em vez de cristalização durante liberação de calor; dificuldade em construir

trocadores de calor capazes de lidar com a aglomeração de cristal de variados tamanhos

que flutuam no líquido; e sistemas que não conseguem reverter completamente a

operação [35].

Dentre os materiais de mudança de fase a temperatura constante, os mais

adequados para constituírem armazenadores são aqueles que realizam a transição de

fase entre os estados sólido-líquido ou sólido-sólido5. As transições sólido-gás, apesar

de possuírem altos calores latentes, apresentam a desvantagem de ocorrer grandes

alterações de volume [35].

Os critérios mais importantes a serem alcançados pelo material acumulador de

mudança de fase com transição sólido-líquido ou sólido-sólido são: alta entalpia de

transição por unidade de massa; habilidade de reverter completamente a transição;

temperatura de mudança de fase adequada à situação; estabilidade química com o

reservatório; variação de volume devido à transição limitada; não toxicidade; e baixo

custo [35]. A seguir alguns materiais utilizados e suas propriedades térmicas:

5 As transições sólido-sólido correspondem às mudanças na estrutura cristalina de um sólido, de uma rede cristalina

fixa para outra, a temperatura constante. Podem envolver calores latentes comparáveis aos das transições sólido-

líquido e podem ser usados para constituir materiais armazenadores de mudança de fase [35][41].

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Tabela 3.3: Propriedades termofísicas de alguns materias de mudança de fase

Fonte: [35].

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4. Sistemas Propostos Após abordar o ciclo de refrigeração, os aparelhos de ar condicionado solares, a

tecnologia fotovoltaica e os métodos de armazenamento de energia, será apresentado neste

capítulo o sistema de ar condicionado solar fotovoltaico a ser dimensionado.

Sendo assim, no primeiro tópico será exposto de maneira geral o sistema, explicando os

principais equipamentos e funções. Em um segundo tópico, será apresentado resumidamente o

sistema fotovoltaico proposto a ser dimensionado posteriormente.

4.1 Sistema de ar condicionado solar fotovoltaico Finalmente é apresentado o sistema de estudo, constituído pelo aparelho de ar

condicionado solar fotovoltaico demonstrado em tópicos anteriores, mas no qual,

diferentemente daqueles exemplos em que há o condicionamento do ar pela troca de calor com

o líquido refrigerante (ou seja, o fluido que percorre o ciclo de refrigeração), neste caso o ciclo

de refrigeração irá resfriar um tanque contendo um meio armazenador de energia térmica, que

por sua vez irá resfriar o ar a ser condicionado quando a climatização for acionada. Assim, a

energia elétrica gerada no sistema fotovoltaico e fornecida ao compressor, durante a

disponibilidade de radiação solar, será acumulada termicamente no tanque e transferida

posteriormente para o ar de ventilação quando solicitado, mesmo quando não houver luz solar.

O esquema do sistema como um todo é ilustrado na figura 4.1 abaixo:

Figura 4.1 – Esquema do sistema de condicionamento solar proposto

Fonte: Elaboração do autor.

O sistema de condicionamento de ar proposto pode ser divido em subsistemas, a partir

da caracterização da função de cada um deles dentro do todo. A seguir os subsistemas, suas

funções e seus respectivos componentes:

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• Sistema armazenador:

Responsável por armazenar o frio gerado no sistema de refrigeração, é

constituído pelo tanque de armazenamento, fluido de armazenamento e trocador de

calor.

• Sistema de refrigeração:

Responsável por produzir frio pelo ciclo de refrigeração, é constituído por uma

ou mais unidades condensadoras de acordo com a necessidade de carga do ambiente.

Uma unidade condensadora, por sua vez, contém os elementos essenciais do ciclo: um

compressor, um condensador, uma válvula de expansão e um evaporador.

• Sistema de resfriamento:

Responsável pela climatização do ambiente, onde o fluido de armazenamento

removerá calor, através de um trocador de calor, do ar soprado pelo duto de ventilação.

Constituído pela bomba de recirculação, trocador de calor, ventilador, duto de

ventilação e sistema de controle.

O tanque armazenador deverá ser isolado termicamente para minimizar as trocas de

calor com a vizinhança, o que acarretaria perdas de energia térmica. A bomba de recirculação

será acionada quando o resfriador de ar for ligado, e permitirá a troca de calor entre o fluido de

armazenamento e o ar ambiente, resultando no efeito de refrigeração.

Ainda, é importante também a determinação do período de demanda por climatização

do ambiente. Para sistemas solares com armazenamento de energia solar, a curva de carga mais

apropriada é a residencial, pois, como visto no tópico 2.2.3, há uma defasagem entre essa curva

de demanda e a curva de incidência de irradiação solar diária, o que ocasiona no período de

solicitação do sistema de condicionamento não coincidir com o da recarga de energia térmica.

Ou seja, em um primeiro momento é feita o armazenamento de energia térmica durante as horas

de incidência solar, e em um segundo momento essa carga acumulada é utilizada quando a

climatização for solicitada.

Porém, como explicado na introdução, este projeto objetiva uma aplicação prática em

um laboratório do PPE, o que acarreta uma curva de carga alinhada ao horário comercial. Sendo

assim, para efeitos de dimensionamento e simulação, a curva de carga considerada para o

sistema proposto terá um perfil semelhante ao do setor de serviços, significando que o período

de armazenamento de energia térmica coincidirá com o período de demanda por climatização

do ambiente.

4.2 Sistema fotovoltaico O sistema fotovoltaico proposto visa o fornecimento direto da energia gerada à unidade

condensadora mencionada no tópico anterior. Logo, tendo em vista o caráter de suprimento

direto de uma carga específica por energia gerada diretamente pelos painéis, o sistema

fotovoltaico sugerido configura-se, a princípio, do tipo isolado, como visto no tópico 3.2.3.

Entretanto, levando em consideração que o projeto pretende testar o sistema na prática

empregando-o em um laboratório, como mencionado no tópico anterior, mostra-se fundamental

a garantia de energia elétrica em todos os níveis disponíveis. Por isso, considerando a relevância

da não interrupção do fornecimento de energia elétrica, será proposta a conexão do sistema

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fotovoltaico à rede pública de energia, com o intuito de fornecer eletricidade caso, por

consequência de longos períodos de radiação solar insuficiente, o sistema de armazenamento

não supra a carga térmica solicitada. O controle da necessidade de energia proveniente da rede

será feito com o auxílio de um termostato, o qual acionará a rede convencional quando a

temperatura do tanque de armazenamento alcançar uma temperatura crítica, a ser estimada em

capítulo posterior deste documento, a qual prejudicaria o desempenho do sistema de

resfriamento.

É importante ressaltar, entretanto, que do ponto de vista térmico o foco e o interesse

deste estudo são a elaboração de um sistema fotovoltaico que forneça energia diretamente ao

sistema de refrigeração do equipamento de ar condicionado proposto, a conexão à rede servindo

como precaução em vista da importância na continuidade do funcionamento do resfriamento.

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5. Dimensionamento do Sistema de

Condicionamento de Ambiente No presente capítulo serão elaborados e selecionados os elementos do sistema

projetado. Primeiramente, será calculada a carga térmica a ser retirada do ambiente, a qual é a

estimativa fundamental no desenvolvimento de sistemas de ar condicionado. Em seguida, será

projetado o tanque de armazenamento de frio. A partir destes cálculos, serão selecionados os

componentes do sistema de resfriamento do ar. Finalmente, os componentes do sistema

fotovoltaico serão escolhidos de acordo com a área disponível para implantação e pesquisa de

mercado.

5.1 Carga Térmica A carga térmica sobre uma edificação é o somatório do calor transmitido ao ambiente,

seja por radiação, convecção, condução etc. Essas cargas classificam-se em externas ou internas

de acordo com sua origem em relação ao interior da edificação. Exemplos da primeira são:

temperatura do ar exterior; radiação solar através de janelas; condução através de paredes

externas, teto e solo; ar de ventilação e infiltrações. As internas têm como principal origem as

conduções por paredes internas e forros; o calor metabólico humano; as potências dissipadas

por equipamentos e pela iluminação [42]. A seguir, durante a apresentação do cálculo da carga

térmica, serão detalhadas as cargas sobre o laboratório e as premissas utilizadas na estimativa

delas.

Figura 5.1: Cargas térmicas sobre uma edificação

Fonte: [43].

5.1.1 Cálculo da Carga Térmica

O cálculo da carga térmica é de grande complexidade, levando-se em conta a

diversidade de fatores envolvidos como: o cálculo dos coeficientes de troca térmica das

diferentes superfícies; as mudanças de condições climáticas; a elaboração dos perfis de

ocupação e atividades realizadas no prédio; a determinação da potência dissipada pelos

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equipamentos e pela iluminação do ambiente; determinação das infiltrações e do ar de

ventilação, entre outros. Devido a isso, foram desenvolvidos métodos que visaram simplificar

esses cálculos, permitindo que estimativas a respeito da carga térmica fossem realizados

manualmente.

Porém, ainda que uteis hoje em dia, as estimativas obtidas por esses métodos têm caráter

rudimentar do ponto de vistas de projetos de engenharia que requerem um cálculo mais

refinado. Por exemplo, tais métodos permitem apenas a estimativa da carga térmica de pico ou

de um dia típico do ano, sendo inviáveis na elaboração de perfis de cargas para diversos dias e

meses do ano. Portanto, pensando em agilizar os cálculos e refinar os resultados e seus alcances,

foram elaborados ao programas computacionais capazes de realizar tais tarefas.

Atualmente existem inúmeros softwares dedicados à área de climatização e

refrigeração de edificações, dispondo de diversos recursos e baseados em diferentes métodos

de cálculo de carga e parâmetros de condicionamento de ar e conforto. Para a estimativa da

carga térmica deste projeto foi utilizado o software gratuito EnergyPlus [44], desenvolvido pelo

Departamento de Energia dos Estados Unidos, Department of Energy (DOE), que utiliza as

metodologias e recomendações estipuladas pela Sociedade Americana de Engenheiros de

Condicionamento de Ar, ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-

Conditioning Engineers), em concordância com a norma da ABNT NBR 16401 [44], a qual

estipula que as estimativas feitas por programas computacionais devem seguir os métodos

estipulados pela ASHRAE.

A seguir, serão apresentados os dados de entrada fornecidos ao programa para a

composição da carga térmica horária transmitida ao laboratório durante o período de um ano

típico. Os dados serão dispostos em categorias conforme a organização do software.

• Condições Climáticas:

Os dados climáticos empregados são os obtidos no banco de dados do site

Climate.OneBuilding [45], através do arquivo EPW de nome completo

BRA_RJ_Rio.de.Janeiro-Galeao-Jobim.Intl.AP.837460_TMYx.

Os arquivos EPW são documentos do programa Bloco de Notas do Windows

formatados de acordo especificações do EnergyPlus contendo dados meteorológicos de

uma determinada região, e que podem ser utilizados também em outros programas.

O EPW citado acima fornece dados climáticos horários para a região do

aeroporto do Galeão como temperatura do ar, humidade relativa e radiação solar

incidente durante o período de 1973 até 2017. A partir dessas informações o software é

capaz de produzir um ano meteorológico típico para a localização e que será usada

posteriormente nas simulações e cálculos.

Local Rio de Janeiro - Galeão

Latitude -22,809

Longitude -43,244

Elevação 8,5

Temperatura do ar média 24,3ºC

Irradiação solar global média 230,2 W/m²

Humidade relativa 76,7%

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Tabela 5.1: Informações geográficas e meteorológicas do local

Fonte: Elaboração do autor a partir de [45].

• Arquitetura do prédio:

O próximo passo é fornecer as principais dimensões e construções do prédio. Na

tabela 5.2 e na figura 5.2 são apresentados os dados de entrada utilizados na modelagem

do prédio.

As dimensões da figura 5.2 estão em mm. Na mesma ilustração, os elementos

em azul de dimensão 260mm são colunas de aço estruturais de sustentação do teto. O

pé direito é de 3,5 m.

Laboratório Área [m²]

Parede 1 14,00

Parede 2 32,28

Parede 3 22,51

Parede 4 9,01

Parede 5 8,40

Janelas 3,00

Porta 1 14,46

Porta 2 9,01

Tabela 5.2: Áreas para dimensionamento do laboratório

Fonte: Elaboração do autor.

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Figura 5.2: Principais dimensões do laboratório

Fonte: Elaboração do autor.

• Estrutura das construções:

É preciso definir o material do qual é composta as construções da edificação

como paredes, portas, piso, teto e janelas. As propriedades dos materiais foram definidas

de acordo com a norma ABNT NBR 15220 [46] ou indicados pela ASHRAE [47].

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Construção Material

Calor específico

(J/kg.K)

Condutividade térmica (W/m.K)

Massa específica

(kg/m³) Espessura

(mm)

Parede Tijolo 840 0,73 1.922 200

Teto Tijolo 840 0,73 1.922 200

Argamassa 1.000 1,15 1.800 80

Colunas Aço 460 55 7.800 100

Porta Ferro 460 55 7.800 50

Piso Concreto 1.000 1,75 2.400 200

Tabela 5.3: Propriedade dos materiais das construções

Fonte: Elaboração do autor a a partir de [46] e [47]

O material das janelas foi importado da biblioteca do programa, a qual utiliza

uma base de dados com propriedades indicadas pela ASHRAE, sendo selecionada uma

espessura de 3mm para todas as janelas.

• Cargas Internas:

As cargas internas simuladas para o laboratório correspondem àquelas

originadas por pessoas, equipamentos e iluminação artificial do ambiente. Para chegar

aos números estimados na Tabela 3.4 abaixo, correspondente ao dados de entrada

fornecidos ao software, foram levadas em consideração os valores indicados pela norma

ABNT NBR 16401 [48], principalmente os relacionados a ambientes residenciais e

escritórios, e também as indicações do próprio EnergyPlus, o qual possui definições de

cargas para diferentes tipo de ambiente como pequenos, médios e grandes escritórios.

Foi considerado uma média de 5 pessoas ocupando o laboratório diariamente.

Carga Taxa de dissipação de calor

Pessoas 130 W/pessoa

Equipamentos 16,2 W/m²

Iluminação 12 W/m²

Tabela 5.4: Cargas internas do laboratório

Fonte: Elaboração do autor a partir de [48]

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Tabela 5.5: Taxas típicas de calor liberado por pessoas

Fonte: [48].

Tabela 5.6: Densidade típica de carga de equipamentos para diversos tipos de escritório

Fonte: [48].

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Tabela 5.7: Taxas típicas de dissipação de calor pela iluminação

Fonte: [48].

• Infiltração:

É o fluxo de ar através de frestas e aberturas não intencionais, e devido ao uso

das portas localizada nas faixadas. Por ser de difícil mensuração, foram considerados os

valores indicados no EnergyPlus para diferentes tipos e tamanho de ambientes e

escritórios, sendo empregado como dado de entrada o valor de 0,0002 m/s por área de

superfície externa da construção.

• Condições do ambiente e conforto:

Finalmente, é necessário definir as condições do ar interno do laboratório de

acordo com parâmetros de temperatura e umidade que produzam uma sensação de

conforto térmico aos frequentadores do laboratório.

A temperatura de bulbo seco e a umidade relativa estipuladas para gerar conforto

térmico foram respectivamente de 23º C e 50%. Esses valores se encontram dentro da

zona de conforto térmico delimitada pela norma ABNT NBR 16401 [48], a qual indica

os parâmetros ambientais suscetíveis a satisfazer termicamente 80% ou mais das

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pessoas. De acordo com [48], para o verão: “Temperatura operativa e umidade relativa

dentro da zona delimitada por 22,5ºC a 25,5ºC e umidade relativa de 65% e 23,0ºC a

26,ºC e umidade relativa de 35%” e para o inverno: “Temperatura operativa e umidade

relativa dentro da zona delimitada por 21,0ºC a 23,5ºC e umidade relativa de 60% e

21,5ºC a 24,0ºC e umidade relativa de 30%” A figura 5.3 ilustra a zona de conforto

térmico.

Figura 5.3: Zona de temperatura e umidade aceitáveis em ambientes de atividade sedentárias

Fonte: [47].

• Perfis das cargas internas:

Os valores indicados para as cargas internas citadas anteriormente correspondem

aos valores padrões máximos delas. Com o intuito de estimar de forma mais precisa esse

ganho de calor ao longo do dia, o programa permite o desenvolvimento de perfis

horários de variação da carga interna durante um dia padrão. A figura 5.4 ilustra os

perfis adotados:

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Figura 5.4: Perfis de variação da carga interna

Fonte: Elaboração do autor

5.1.2 Resultados da Carga Térmica

Determinados todos os dados de entrada, o programa calcula a carga térmica horária

total e sua parcela sensível para todos os dias de um ano típico. A seguir, são apresentados

alguns resultados obtidos através dos dados fornecidos pelo software. Para o dimensionamento

do sistema de ar condicionado, entretanto, será utilizado a carga térmica de pico6 estimada que

o sistema terá que entregar, apresentada na tabela 5. 8, sendo informados também o dia e horário

em que ocorrerá a demanda.

Data Sensível [W] Total [W]

7 de janeiro 12:00 5.478 6.907

Tabela 5.8: Pico da carga térmica do laboratório

Fonte: Elaboração do autor

A figura 5.6 apresenta o perfil mensal das cargas térmicas total e média calculadas pelo

programa:

6 A carga térmica sensível e latente corresponde, respectivamente, ao calor a ser retirado do ambiente climatizado

de modo a manter sua temperatura e umidade constante. A carga total é a soma dessas duas parcelas.

0

1

2

3

4

5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

mer

o d

e p

esso

as

% d

o t

ota

l

Horas

% equipamento % iluminação nº pessoas

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Figura 5.5: Carga térmica total e média por mês

Fonte: Elaboração do autor

A figura 5.7 apresenta o perfil de carga térmica diário para um dia típico do ano

simulado:

Figura 5.6: Perfil da carga térmica diária

Fonte: Elaboração do autor

5.2 Sistema de Armazenamento Térmico No presente capítulo serão abordados os aspectos práticos referentes ao projeto do

sistema de armazenamento de energia térmica, desde a seleção do meio armazenador até o

dimensionamento do tanque, tratando de aspectos técnicos fundamentais para o

desenvolvimento dos sistemas restantes como carga a ser armazenada, volume necessário do

tanque e intervalo de temperatura de operação.

5.2.1 Meio armazenador

A escolha do fluido armazenador envolve o cumprimento de certos fatores essenciais

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para cada tipo de utilização em específico. A seguir, de acordo com [35], serão apresentados os

critérios para determinação do meio armazenador:

• Calor Específico: Grandeza física que representa a variação de temperatura de

uma substância devido à troca de uma certa quantidade de calor. Em

armazenadores térmicos é desejado substâncias com alto calor específico, o que

significa que, para uma mesma diferença de temperatura de operação, tem-se

uma quantidade maior de energia armazenada em relação às de baixo calor

específico.

• Massa Específica: Definida como a razão entre a massa de uma substância e

seu volume. Como a energia armazenada é diretamente proporcional à massa,

são procurados materiais com alta massa específica, ou seja, que ocupam

menos volume dada uma mesma quantidade de massa.

• Intervalo de Temperatura de Operação: Para armazenamento de calor

sensível em líquidos, o limite inferior deve ser a temperatura de fusão dele,

tendo em vista que não há troca de estado físico. Já o limite superior

normalmente é definido pela aplicação. Por exemplo, no caso do líquido

armazenador ser usado como fluído de operação no trocador, a temperatura

máxima de operação do último será esse limite (para resfriadores de ar a água

gelada, considerados neste projeto, esse valor costuma estar na faixa entre 5 a

15 ºC); Para armazenamentos de calor latente, a temperatura de aplicação deve

coincidir com a temperatura de fusão do material, pois é necessário que haja

mudança de estado físico.

• Acessibilidade e Custo: Foram pesquisados materiais de fácil acesso, ou seja,

amplamente inseridos no mercado e com as menores relações preço/quantidade

(R$/kg) possíveis.

• Estabilidade Química e Não Toxicidade: Levando em conta o interesse deste

projeto em aplicações de escala residencial e comercial.

Levando em consideração os critérios discutidos chega-se a tabela 5.9, que apresenta as

substâncias selecionadas para possível emprego como material armazenador e suas principais

propriedades físicas e térmicas relevantes à aplicação:

Material Concentração

(%)

Massa específica

(kg/m³)

Calor específico

(J/K.kg)

Ponto de fusão (ºC)

Preço (R$/kg)

Estabilidade Química

Água - 1.000 4.219 0 -

Estável

Salmoura (água + sal) 5 a 15 1.035 a 1.111

3.930 a 3.550

-2,77 a -10,5 4

Solução de água com etilenoglicol

10 a 30 1.020 a 1.056

3.940 a 3.550

-3,20 a -14,1 30 a 70

Mistura de água com gelo 10 a 30 1.000 333.000 0 -

Tabela 5.9: Lista de materiais estudados para armazenamento térmico

Fonte: Elaboração do autor com base em [8].

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As concentrações na tabela acima referem-se às frações mássicas entre soluto e solvente

(kg/kg), no caso das soluções, e na mistura água e gelo à fração de congelamento da água. As

propriedades são as avaliadas no ponto de fusão e foram retiradas de [49]. Os materiais são

considerados para armazenamento de calor sensível, excetuando-se a mistura água com gelo

que também armazena calor latente. O etilenoglicol é um composto orgânico de fórmula

química (CH2OH)2 bastante utilizado em misturas anticongelantes, sendo um líquido viscoso

incolor e inodoro [50].

O método comparativo para escolha do material armazenador consistirá em determinar

o volume necessário para se armazenar uma mesma quantidade determinada de energia,

limitando todos os candidatos ao mesmo limite superior de temperatura. Em seguida, será

realizada uma análise econômica e técnica referente à aplicação neste projeto, assim

selecionando o material mais indicado.

Para a água e as soluções em água, o volume será calculado segundo a equação 3.7,

apresentada na seção 3.3.5, referente ao calor sensível trocado por uma substância.

Adicionalmente a essa equação, também será utilizada a equação 3.8, também mostrada na

seção 3.3.5, no cálculo do volume de mistura de água e gelo necessários, devido à parcela de

calor latente absorvida pelo material.

A quantidade de calor considerada como referência a ser absorvida pelo material será a

carga térmica sensível máxima estimada no tópico 5.1.2, no valor de 5478 W, sendo absorvida

constante por 8 horas.

��𝑇𝑒𝑟𝑚𝑡𝑓 = 5.478[𝑊] ∙ 28.800[𝑠] = 157.766.400[𝐽]

Visto que o calor e a massa específicos variam com a temperatura, neste cálculo serão

empregados os valores médios em relação aos intervalos de temperaturas respectivos. As

temperaturas de frio serão os pontos de fusão de cada material. Como indicado acima, para se

ter uma mesma base de comparação, a temperatura quente terá que ser única para todos os

meios armazenadores. Sendo ela é um valor de referência, ou seja, podendo-se escolher

qualquer temperatura acima dos pontos de fusão apresentados na tabela 5.9, será arbitrado o

valor de 10ºC como empregado em [8]. Como será visto na seção 5.3.1, esse valor está próximo

da temperatura quente de projeto que será calculada naquela seção.

É importante lembrar que as temperaturas de frio e quente utilizadas nesta seção fazem

parte da metodologia de escolha do meio armazenador, e serão diferentes daquelas empregadas

na seleção do tanque, a ser feita na seção 5.2.2.

Abaixo a equação 3.7 e a tabela 5.10 com os dados de entrada e os volumes calculados

para os armazenadores de calor sensível.

Como indicado no capítulo 1, o projeto teve como base um trabalho feito previamente

abordando este futuro laboratório do PPE [8], e para esta parte do dimensionamento foram

utilizadas as planilhas de cálculo no software Excel desenvolvidas nele para a realização dos

resultados apresentados nas tabelas 3.10, 3.11 e na figura 5.8.

𝑄 = 𝑚𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝜌𝑐𝑝 𝑉𝛥𝑇 (3.7)

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Fluido Densidade

(kg/m³) Calor específico

(kJ/ºC.kg)

Temp. fria (ºC)

Temp. quente

(ºC)

Calor absorvido

(kJ)

Volume calculado

(m³)

Água 1.000 4,19 0

10 157.766,40

3,77

H2O + NaCl (5%) 1.035 3,93 -2,77 3,04

H2O + NaCl (10%) 1.072 3,72 -6,67 2,37

H2O + NaCl (15%) 1.111 3,55 -10,5 1,95

H2O + EG (10%) 1.020 3,94 -3,2 2,98

H2O + EG (20%) 1.038 3,76 -7,8 2,27

H2O + EG (30%) 1.056 3,55 -14,1 1,74

Tabela 5.10: Dados de entrada e volume calculado dos armazenadores de calor sensível

Fonte: Elaboração do autor com auxílio de [8].

Para a mistura água com gelo o calor de referência será igual as somas da parcela de

calor sensível e calor latente calculados respectivamente pelas equações 3.7 e 3.8, em que 𝑓 é

a fração de congelamento da mistura.

𝑄 = 𝜌𝑉(𝑓𝐿 + 𝑐𝑝 ∆𝑇) (5.1)

Fração de Congelamento

Densidade (kg/m³)

Calor específico (kJ/ºC.kg)

Temp. fria (ºC)

Temp. quente

(ºC)

Calor absorvido

(kJ)

Volume calculado

(m³)

10%

1.000 333 0 10 157.766,40

2,10

20% 1,45

30% 1,11

Tabela 5.11: Dados de entrada e volume calculado do armazenador de calor latente

Fonte: Elaboração do autor com auxílio de [8].

Através do gráfico da figura 5.8 a seguir, elaborado a partir dos dados calculados

apresentados acima, é possível se ter uma ideia geral dos resultados obtidos com a finalidade

de se determinar o melhor meio armazenador para a aplicação.

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Figura 5.8: Volume necessário do material por concentração/fração de congelamento

Fonte: Elaboração do autor com auxílio de [8].

A mistura de água e gelo é a alternativa de menor volume. Porém, considerando o ponto

de vista técnico e prático da aplicação, dois aspectos dificultam o seu emprego como meio de

armazenamento neste projeto. O primeiro refere-se ao fato do meio armazenador também ser o

fluído de resfriamento do ar, o qual será bombeado através de um trocador de calor onde

acontecerá a troca térmica. Isso implica no bombeamento de água no seu ponto de fusão,

podendo ocorrer mudança de fase na tubulação, causando assim uma consequente obstrução no

interior dela ou nas conexões. Adicionalmente, no trocador submerso no tanque para

resfriamento da mistura, será formada uma camada de gelo a qual crescerá de acordo com a

quantidade de calor que é retirada do tanque, diminuindo gradativamente a eficiência do

trocador. Esse problema poderia ser resolvido introduzindo-se um mecanismo de agitação da

água, mas tal solução representaria um grau de complexidade maior para o sistema além de um

custo adicional.

A decisão mais conveniente, do ponto de vista de volume ocupado, é a solução de água

com sal ou a solução de água com etilenoglicol. Do ponto de visto econômico, o preço por peso

de sal é consideravelmente menor que o de etilenoglicol, o primeiro com valor de

aproximadamente R$4,00/kg, enquanto para o segundo o valor varia entre R$30-70/kg.

Levando estes fatores em consideração foi selecionada a mistura de água com sal (salmoura).

Meio armazenador

Concentração (%)

Massa específica médio

(J/K.kg)

Calor específico médio

(J/K.kg)

Ponto de fusão (ºC)

Preço por peso médio

(R$/kg)

Solução de água com sal (NaCl)

5 a 15 1.072 3.720 -2,77 a -10,5 4

Tabela 5.12: Meio armazenador selecionado

Fonte: Elaboração do autor

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5.2.2 Tanque de Armazenamento

Determinado o meio armazenador, o próximo passo é avançar na especificação do

tanque armazenador. Para tal, os fatores determinantes no cálculo do volume do armazenador

são as cargas térmicas que fluem por ele, neste caso resumidas na carga térmica de climatização

e nas perdas para o ambiente. As perdas térmicas se referem às trocas térmicas indesejadas com

o ambiente devido ao diferencial de temperatura do fluido armazenador e do meio, significando

em um ganho de temperatura por parte do primeiro e consequente redução da energia

armazenada. Tais trocas térmicas podem ter natureza convectiva, no caso de vento incidir sobre

o tanque, condutiva, através das paredes do tanque, e radiativa, caso haja incidência de raios

solares. Se mostra necessário, portanto, a determinação do balanço energético do tanque

armazenador, e para isso, será usada a equação 2.1, apresentada no tópico 2.1.3 deste

documento, referente à primeira lei da termodinâmica aplicada a um volume de controle, neste

caso, o próprio tanque.

𝑑𝐸𝐶.𝑉.

𝑑𝑡= ��𝐶.𝑉. − ��𝐶.𝑉. + ∑ 𝑚𝑖 (ℎ +

𝑉𝑖

2

2

+ 𝑔𝑧𝑖) − ∑ 𝑚𝑒 (ℎ +𝑉𝑒

2

2

+ 𝑔𝑧𝑒) (2.1)

Como não há trabalho realizado nem fluxo de massa, abrindo-se o termo do calor

externo ��𝐶.𝑉. sobre o volume de controle, a equação 2.1 toma a seguinte forma:

𝑑𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒

𝑑𝑡= ��𝑇𝑒𝑟𝑚 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 (5.2)

Em que 𝑑𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒

𝑑𝑡 representa a variação de energia armazenada no tanque pelo tempo,

��𝑇𝑒𝑟𝑚 é a carga térmica de climatização solicitada ao tanque e ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 são as trocas térmicas

indesejadas com ambiente explicitadas acima.

Multiplicando a equação 5.2 pelo tempo que ambas as cargas atuam, temos a equação

da energia armazenada no tanque, apresentada a seguir:

𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = ��𝑇𝑒𝑟𝑚𝑡𝑓 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝑡𝑝 (5.3)

Sendo 𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 a energia armazenada no tanque e 𝑡𝑓 𝑒 𝑡𝑝 respectivamente o tempo de

fornecimento de carga térmica ao laboratório e tempo de incidência das perdas, em segundos.

A carga térmica de climatização é a parcela principal do projeto do tanque, pois ela

determina a quantidade de energia que se deseja armazenar. Para o presente projeto, tendo em

vista que não há defasagem entre o consumo e o acumulo de energia, pois a disponibilidade da

fonte energética coincide com o horário de utilização do laboratório, será desenvolvido um

tanque com capacidade volumétrica a fim de possibilitar o fornecimento ininterrupto da parcela

sensível da carga térmica calculada no tópico 5.1 durante o pico de utilização do laboratório,

totalizado em 8 horas. Esse cálculo foi feito na seção 5.2.1 e tem valor de 157.766 kJ, como

indicado na tabela 5.11.

Para o cálculo das parcelas de perda térmica serão assumidas algumas hipóteses.

Primeiro, é desejável que o tanque se encontre em lugar fechado ou protegido do vento,

portanto, a parcela de perda por convecção será desprezada. Além disso, contando com a

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importância do armazenador se encontrar em ambiente sombreado, e de que muitos tanques

armazenadores de água contêm camadas escuras de proteção contra raios UV, a parcela devida

à radiação térmica também será desprezada. Será considerada, então, a parcela de condução de

calor através das paredes do tanque.

Segundo [51], o calor trocado por condução através de uma parede pode ser dado por:

��𝐶𝑜𝑛𝑑 =∆𝑇

𝑅𝑇𝑒𝑟𝑚 (5.4)

Em que ∆𝑇 é a diferença de temperatura entre os meios separados, e 𝑅𝑇𝑒𝑟𝑚 é a

resistência térmica do material constituinte da parede. A resistência térmica é definida de

diferentes maneiras a depender da geometria da parede. Tanques de armazenamento podem ser

encontrados em diversas formas geométricas, e para esta estimativa será determinada que o

armazenador terá forma cilíndrica. Assim, adaptando a resistência térmica para formas

cilíndricas à geometria do tanque, a resistência da parede do armazenador pode ser expressa

por:

𝑅𝑇𝑒𝑟𝑚 =ln(

𝐷 + 2𝑒𝐷 )

2𝜋𝑘𝐻 (5.5)

Sendo 𝐻 e 𝐷 respectivamente a altura e a diâmetro do tanque, 𝑒 a espessura da parede

do tanque, e 𝑘 a condutividade térmica do material.

Antes de realizar o cálculo da perda por condução, porém, é necessário fazer mais uma

consideração. Assumindo que grande parte dos tanques e caixas d’água são fabricados em

espessuras da ordem de 1 a 2cm, e tendo em vista o grande diferencial de temperatura entre os

meios, o interior do tanque mantido abaixo de 0ºC e o exterior podendo passar dos 30ºC, pode-

se considerar a adição de um material isolante em torno do tanque. Isso é facilmente conseguido

juntando à parede externa do tanque blocos de poliestireno expandido, comercialmente

conhecido como isopor, que são excelentes isolantes térmicos e tem ampla disponibilidade no

comércio [52].

Em estruturas constituídas por mais de um material é conveniente a introdução do

conceito do coeficiente global de troca térmica, representado pela letra 𝑈, conjuntamente com

a equação 5.6, a qual determina a taxa de troca de calor através de uma parede composta devido

à diferença de temperatura ∆𝑇 dos meios separados [51].

�� = 𝑈𝐴∆𝑇 (5.6)

O coeficiente 𝑈 é definido de tal forma que o produto 𝑈𝐴 é igual ao inverso das somas

das resistências térmicas em associação:

𝑈𝐴 =1

∑ 𝑅𝑇𝑒𝑟𝑚 (5.7)

Calculando as resistências térmicas para as paredes do isolante térmico e do, é possível,

através das equações 5.6 e 5.7, determinar a perda térmica do meio armazenador para o

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ambiente externo, representada nesta taxa de calor que flui do ambiente para o meio

armazenador.

Após uma pesquisa no mercado, pôde-se reconhecer que um material de predominância

na fabricação de caixas e tanques de água é o polietileno. O polietileno é um composto químico

orgânico representado pela cadeia (CH2-CH2)n, quimicamente inerte, e que por sua alta

produção mundial, é um dos plásticos mais baratos e utilizados do mundo [53].

Como o cálculo das resistências utiliza as dimensões do tanque, uma estimativa deve

ser feita analisando os volumes calculados na tabela 5.10, os quais indicam a necessidade de

tanques da ordem de 3m³. Entretanto, esses cálculos não consideram justamente os ganhos de

calor, nem a temperatura de operação do tanque, por isso o que se pode apreender dessa análise

é que o tanque deverá ter mais que esse valor calculado. Uma rápida pesquisa revela que é

prática comum dos fabricantes produzirem tanques em duas categorias, recipientes com volume

até 3m³ e acima de 5m³. Portanto, para se ter uma estimativa condizente com a realidade prática,

as dimensões estimadas serão tais a simular um tanque de 5m³. O isolamento constituído por

blocos de isopor também será aproximado para a forma cilíndrica de forma a facilitar os

cálculos.

Finalmente, a diferença de temperatura ∆𝑇, entre o ambiente externo e o meio

armazenador, será de 38,5ºC, o que considera o cenário com temperatura do meio externo em

28 ºC, compatível com a temperatura média da cidade do Rio de Janeiro para o período do verão

(dezembro a fevereiro) [54] e [55], e temperaturas do meio interno no ponto de fusão de -10,5

ºC, de modo a estabelecer a máxima diferença de temperatura entre os meios internos e

externos, e consequentemente a máxima perda de calor por condução, assim adotando uma

postura conservadora.

A tabela 5.13 mostra os dados de entrada e os cálculos seguintes até o resultado da taxa

de carga térmica por condução.

Parede condutividade

térmica (W/m.k)

espessura (m)

Diametro (m)

Altura (m)

Resistência térmica (K/W)

Resistência total(K/W)

UA (W/ºC)

ΔT (ºC)

Qperdas7 (W)

Tanque 0,4 0,02 2 1,6 0,002 0,051 19,65 38,5 757

Isolante 0,03 0,03 2,04 1,6 0,048

Tabela 5.13: Dados de entrada e resistências térmicas calculadas

Fonte: Elaboração do autor

Assumindo que a diferença de temperatura de 38,5ºC acontece no horário de pico, em

que há maior incidência de luz solar, para o restante do dia pode-se assumir uma diferença de

30ºC (temperatura média nas outras 16 horas em torno de 20ºC de acordo com [54] e [55]),

com a amenização do clima.

Ainda, poderá haver perdas de energia durante o processo de climatização, devido a

trocas de calor e irreversibilidades na tubulação. A mensuração dessas perdas pode ser feita

dispondo-se da configuração final dos equipamentos do sistema, o que não se tem neste caso,

já que o laboratório não se encontra em estado final de funcionamento. Porém, de modo a não

7 Este é o valor da perda de calor máxima calculado a partir dos dados de entrada apresentados na tabela 5.13

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negligenciar esses tipos de perda, neste projeto será estabelecido uma perda máxima tolerável.

Sendo assim, ao se ter a disposição final dos equipamentos e da estrutura do laboratório, poderá

ser estudado um esquema para o isolamento das tubulações e para as distâncias entre os

equipamentos do sistema de condicionamento de ar com o objetivo de manter essas perdas

abaixo do valor estipulado.

Dadas as características descritas acima, o limite estabelecido para as perdas de

climatização se baseará em dois valores. Primeiro, por se tratar de uma troca de calor indesejada

que ocorre durante o processo de climatização, ela será expressa como uma porcentagem da

carga térmica de climatização. Segundo, tendo em vista que no projeto do tanque leva-se em

consideração esforços para o isolamento do tanque, a perda durante a climatização não poderá

passar aquela calculada para o tanque no valor de 757 W, calculada de acordo com a tabela 5.13

acima. Assim, o valor definido será de 10% da carga térmica de climatização, o que corresponde

a uma perda de 548 W.

Voltando à equação 5.3, teremos que a energia armazenada perdida total será:

��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑡𝑃 + 10% ∙ ��𝑇𝑒𝑟𝑚𝑡𝑓

= 757[𝑊] ∙ 8[ℎ] ∙ 3600 + 757[𝑊] ∙ 3038,5⁄ ∙ 16[ℎ] ∙ 3600 + 15.776.640[𝐽]

= 71.531.256[𝐽]

O cálculo do volume se dará através da substituição da equação 3.7 no termo do lado

esquerdo da equação 5.3, igualmente aos cálculos da tabela 5.10. A concentração da solução

será de 15%, pois esta apresenta um ponto de fusão mais baixo (-10,5°C) que as outras

concentrações, permitindo a utilização do líquido armazenador a temperaturas mais baixas sem

correr o risco de congelamento. O 𝐶𝑝 utilizado será o médio já que haverá variação do mesmo

durante o intervalo de temperatura de operação. Mas, visando calcular o volume máximo

necessário, a massa específica 𝜌 será a menor do intervalo, ou seja, aquela referente à maior

temperatura de operação.

𝑄 = 𝑚𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝜌𝑐𝑝 𝑉𝛥𝑇 (3.7)

𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 = ��𝑇𝑒𝑟𝑚𝑡𝑓 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝑡𝑝 (5.3)

A temperatura de frio é a aquela em que o tanque será projetado para ser mantido. Como

estudado no tópico 5.2.1, por razões práticas é importante evitar o congelamento do meio

armazenador. Ainda segundo o tópico citado, uma das vantagens da utilização da mistura de

água e sal é a possibilidade de alcançar-se temperaturas menores que a de fusão da água pura,

no valor de 0º C. Logo, a temperatura fria deverá estar entre o intervalo de -10,5 e 0ºC.

Sendo assim, a temperatura fria de projeto escolhida será de -4ºC, encontrando-se

próxima ao meio do intervalo térmico citado acima, aproveitando o resfriamento da água para

além do seu ponto de fusão de substância pura e mantendo uma distância térmica do seu novo

ponto de congelamento.

Posteriormente, neste projeto, será estipulada uma temperatura fria limite, menor que -

-4º C e acima de -10,5°C (ponto de fusão) em que será acionado um termostato que forçará o

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desligamento do sistema de refrigeração, indicado no tópico 4.1, evitando o processo de

congelamento do meio armazenador.

Por fim, a temperatura quente indica a temperatura máxima que o meio armazenador

será permitido alcançar, e a partir da qual será acionado o sistema de refrigeração, utilizando

eletricidade fornecida pela rede pública, como mencionado no tópico 4.1, a partir de um

termostato. A definição desta temperatura é feita para evitar o mau funcionamento do sistema

de resfriamento de ar, também indicado no tópico 4.1, e a sua determinação é feita através da

consulta do catálogo do fabricante do resfriador de ar empregado no sistema de resfriamento de

ar. Baseando-se no catálogo da fabricante Carrier [56] para trocadores de calor água gelada-ar,

o valor máximo recomendado de entrada da água é de 9ºC. O cálculo dessa temperatura será

detalhado na seção 5.2.3.

A tabela 5.14 abaixo resume todos os dados de entrada e projetos estipulados e indica o

volume e massa de solução calculados para que se armazene a carga total desejada (𝑬𝑻𝒂𝒏𝒒𝒖𝒆).

Líquido Armazenador

Massa específica

@ 10ºC (kg/m³)

Cp médio (J/ºC.kg)

Temperatura fria (ºC)

Temperatura quente (ºC)

Qterm (J) Qperdas (J) 𝑬𝑻𝒂𝒏𝒒𝒖𝒆

8

(J)

Volume da

solução (m³)

Massa da solução

(kg)

Solução H2O+Nacl

(15%) 1.113 3.549 -4 9 157.766.400 71.531.256 229.297.656 4,465 4.970

Tabeça 5.14: Dados de entrada e projeto e volume e massas de solução calculados

Fonte: Elaboração do autor.

Para armazenar os 4.465 litros de solução será selecionado um tanque armazenador com

capacidade de 5.000 litros, o menor volume disponível em mercado que atende a necessidade,

como mencionado anteriormente. É possível encontrar na mesma faixa de preço tanques de

renomadas marcas como Acqualimp, Fortlev e Tigre. A figura 5.9 ilustra a caixa d’agua da

Tigre escolhido para o projeto. Mais detalhes e informações técnicas podem ser visas no manual

de instrução presente no anexo deste documento [58].

8 Este termo é a soma das parcelas Qterm e Qperdas utilizado no cálculo do volume da solução, como indicado

na equação 5.3.

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Figura 5.9: Caixa d’agua de 5.000 litros Tigre selecionado para o projeto

Fonte: [57]

A massa de solução calculada foi de 4.970 kg, sendo que 15% destes são de NaCl.

Assim, cerca de 750 kg de sal grosso serão necessários para alcançar a concentração de solução

estipulada.

Por fim, através do catálogo [58] é estimada uma área superficial em torno de 11m².

Essa área deverá ser coberta com isopor com 3cm de espessura de modo a garantir o isolamento

térmico.

A tabela 5.15 resume os investimentos necessários e calculados ao desenvolvimento do

tanque:

Investimento Quantidade Preço por unidade

Preço total

Caixa d’água Tigre 5.000L 1 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00

Sal grosso 750 kg R$4/kg R$ 3.000,00

Isopor 11 m² R$43/m² R$ 473,00

Total R$ 5.473,00

Tabela 5.15: Investimentos para desenvolvimento do tanque armazenador

Fonte: Elaboração do autor

5.3 Sistema de Resfriamento do Ar Neste capítulo serão selecionados os componentes do sistema de climatização do

laboratório: o trocador de calor e a bomba de recirculação. Através das informações

dimensionadas nos capítulos anteriores como intervalo de temperatura de operação e carga

térmica desejada, será escolhido através de informações técnicas e práticas contidas em

catálogos de fabricantes um resfriador de ar que atenda as especificidades do sistema projetado.

Posteriormente, a partir do cálculo da vazão de fluido refrigerante e a perda de carga do sistema

será selecionada a bomba de recirculação.

5.3.1 Resfriador de Ar

O dimensionamento e seleção de trocadores de calor são processos complexos do ponto

de vista técnico. Uma forma de proceder é se debruçar sobre os equacionamentos teóricos e

dimensionar um trocador ideal. A partir desse, então, é construído ou selecionado um fabricado

com características semelhantes.

Apesar da grande aplicabilidade dos métodos teóricos, sistemas com configurações

muito específicas podem tornar o emprego da teoria demasiadamente complexo. No caso dos

resfriadores de ar, em sua maioria, há o uso de aletas para melhorar a eficiência da troca térmica,

o que significa, entretanto, uma complexidade a mais na modelagem teórica. Como pode ser

visto em [51] e [59], a teoria para trocadores compactos, como também são conhecidos esses

equipamentos, é escassa ou de aplicação para sistemas muito específicos. Deste modo, o

selecionamento desenvolvido aqui se baseará em informações técnicas e práticas reunidas e

disponibilizadas pelos fabricantes a fim de se ter um grau de confiabilidade maior nos resultados

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74

obtidos.

A seleção através de um catálogo técnico se dá, primeiramente, na escolha do

equipamento pelo calor total e sensível de resfriamento9 nas condições nominais fornecidas

pelo fabricante. Ou seja, seleciona-se um equipamento que apresenta um calor total e sensível

de resfriamento maior que as cargas térmicas total e sensível calculadas para o ambiente a ser

climatizado. O segundo passo é verificar as tabelas de performance do equipamento

selecionado, também disponibilizadas no catálogo. Essas tabelas fornecem o calor total e

sensível de resfriamento do equipamento para diferentes condições de operação, sendo elas:

temperatura do ar externo ao ambiente a ser climatizado; temperatura inicial do fluido

resfriador10; e a variação de temperatura do fluido resfriador (diferença entre a temperatura final

e inicial do fluido devido o processo de resfriamento). Se os calores de resfriamentos suprirem

a carga térmica do ambiente para as condições de operação desejados, então o equipamento é

selecionado. Se não, procura-se um resfriador com calor de resfriamento nominal maior que o

anterior e repete-se o processo. Exemplos de tabelas de operação nominal e performance são

apresentadas abaixo nas tabelas 5.16 e 5.17.

Este seria o método de selecionamento do resfriador de ar a ser seguido, porém, após

uma pesquisa no comércio, nota-se que o fluido resfriador padrão desses equipamentos

resfriadores de ar é água gelada [56]. Portanto, enquanto as condições de operação das tabelas

de performance fornecidas nos catálogos contemplam temperaturas iniciais para o fluido

resfriador maiores que 0ºC (ponto de fusão da água), a condição de operação neste projeto

apresenta uma temperatura inicial do fluido resfriador (salmoura) em -4ºC, como determinado

no tópico 5.2.2 para a temperatura do meio armazenador no tanque.

O primeiro passo da metodologia aqui empregada será, então, expandir as relações de

calor de resfriamento (total e sensível) por temperatura inicial do fluido resfriador, contidas nas

tabelas de performance do catálogo do fornecedor, para a temperatura de projeto do meio

armazenador no valor de -4ºC, como indicado no parágrafo anterior.

O segundo passo será determinar a variação de temperatura do fluido resfriador pela

análise das relações encontradas e das condições de operação. Obtido esse parâmetro é possível,

através das relações expandidas no primeiro passo, confirmar se a capacidade total e sensível

de resfriamento do resfriador de ar atendem às cargas térmicas total e sensível de operação.

Porém, como é previsto que o tanque opere em temperaturas superiores à de projeto

(no caso de menor disponibilidade de energia solar), é necessário determinar a performance do

resfriador de ar com temperaturas de entrada do fluido resfriador superiores a -4ºC, de modo a

verificar se a carga térmica do ambiente continua sendo atendida pelo equipamento com o

aumento da temperatura do tanque.

Portanto, o terceiro passo da metodologia será a construção de uma tabela de

performance com as temperaturas de entrada do catálogo, indicadas na tabela 5.17, e determinar

a temperatura de entrada para qual o resfriador de ar não atende mais a carga térmica do

ambiente, ou seja, a temperatura de acionamento da rede elétrica pública (apresentada na seção

9 O calor total de resfriamento refere-se à soma das parcelas sensível e latente do calor retirado do ambiente

climatizado pelo resfriador de ar. 10 Fluido resfriador se refere ao fluido frio, no caso deste projeto o meio armazenador (salmoura), que entrará no

resfriador de ar (trocador de calor) de modo a trocar calor e resfriar o ar.

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75

4.1).

As etapas da metodologia são descritas detalhadamente a seguir.

Foi pesquisado no mercado um modelo de resfriador de ar que possuísse dados extensos

de performance e apresentasse calores de resfriamento maiores que as cargas térmicas total e

sensível calculadas para o ambiente, no capítulo 5.1, no valor de 6907 e 5487 W,

respectivamente. O modelo11 selecionado para estudo foi o Fan Coil 42LS da Carrier, pois

como pode ser observado na tabela 5.16, este apresenta diversas unidades12 com calores de

resfriamento nominais maiores que as cargas térmicas mencionadas, também disponibilizando

tabelas de performance para condições de operação variadas [56].

Além disso, esse equipamento apresenta vantagens para além da funcionalidade de

trocador de calor, possuindo controle da temperatura do ar ambiente por sensor integrado, 4

modos de funcionamento (resfria, desumidifica, aquece e ventila), direcionamento do fluxo de

ar, funções turbo e econômica entre outras como expostas no catálogo anexado ao final deste

trabalho, em que também podem ser encontradas informações técnicas e de desempenho do

equipamento.

Tabela 5.16: Informações técnicas nominais do Fan Coil 42LS Carrier

Fonte: [56].

11 Modelo refere-se a um conjunto de equipamentos de mesmo design e funcionalidade, diferenciados pelo calor

de resfriamento específico de cada um. 12 As unidades são os equipamentos resfriadores de ar, englobados no modelo 42LS pela fabricante devido a

semelhanças na sua estrutura e operação, sendo classificados em ordem crescente de calor de resfriamento.

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Tabela 5.17: Exemplo de tabela de performance do Fan Coil 42LS Carrier

Fonte: [56].

Para atender as cargas térmicas total e sensível, mencionadas acima, nos valores

respectivos de 6.907 e 5.478 W, a primeira unidade disponível, baseando-se nos dados nominais

da tabela 5.16, seria o modelo 25, com calor total e sensível de resfriamento respectivos de

8.000 W(6.883 kcal/h) e 5.683 W (4.887 kcal/h) aproximadamente.

Selecionado o modelo, serão analisadas suas tabelas de performance a fim de

determinar as funções dos calores de resfriamento (total e sensível) com as temperaturas de

entrada do fluido resfriador (temperatura de entrada da água na figura 5.17) no equipamento,

sendo estas determinadas para cada variação de temperatura do fluido resfriador disponível no

catálogo (diferencial de água gelada na figura 5.17). Para a análise realizada aqui, a temperatura

de entrada do ar externo foi fixada considerando um dia com temperatura média de bulbo seco

de 28ºC e de bulbo úmido 19ºC, como indicado no tópico 5.2.2, correspondente a um dia típico

de verão no Rio de Janeiro. A vazão de ar é a máxima nominal indicada na tabela 5.16. As

tabelas de performance utilizadas estão disponíveis no anexo deste documento.

Como indicado anteriormente, o primeiro passo da metodologia será expandir as

relações encontradas para a temperatura de entrada de -4ºC. A seguir, nas figuras 5.10 e 5.11,

são mostradas essas relações. Como pode ser observado, o declínio dos calores total e sensível

de resfriamento com o aumento da temperatura inicial do fluido resfriador segue uma tendência

linear. Ainda, também se conclui que há um decréscimo nos calores total e sensível de

resfriamento com o aumento da variação de temperatura do fluido resfriador.

As linhas de tendência foram obtidas com o auxílio do software Excel, o qual também

possui a funcionalidade de expandir a série de dados fornecidos de acordo com a tendência

obtida, permitindo, assim, encontrar os valores dos calores total e sensível de resfriamento do

equipamento para a temperatura de entrada do fluido resfriador de operação no valor de -4ºC.

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Figura 5.10: Calor total de resfriamento x temperatura de entrada da água

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 5.11: Calor sensível de resfriamento x temperatura de entrada da água

Fonte: Elaboração do autor.

O segundo passo é escolher com qual das retas trabalhar-se-á, isto é, qual a variação de

temperatura do fluido resfriador de operação do projeto. Para isso, será feita a análise das

relações obtidas e da influência da vazão de fluido resfriador no desempenho do equipamento.

Retomando a equação 3.7 e observando-a em forma de taxa, ou seja, derivada em relação ao

tempo (equação 5.8 abaixo), torna-se evidente uma relação entre a variação final de temperatura

e a vazão do fluido resfriador pelo equipamento.

�� = ��𝑐𝑝 ∆𝑇 = ��𝑐𝑝(𝑇𝑠 − 𝑇𝑒) (5.8)

Em que �� é a taxa de calor total de resfriamento do trocador, ��, 𝑇𝑒 e 𝑇𝑠 são,

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respectivamente, a vazão mássica e a temperatura de entrada e saída do fluido resfriador.

Utilizando a equação 5.8 e as tabelas de performance chega-se às funções apresentadas

na figura 5.12 abaixo, as quais revelam uma relação inversamente proporcional entre a vazão e

a variação de temperatura. As tendências obtidas são potências na base da variável, neste caso

vazão de fluido resfriador, que convergem para zero, ou seja, são funções de forma 𝑥𝐶 , em que

𝑥 é a variável e 𝐶 é uma constante negativa.

Figura 5.12: Variação de temperatura x vazão volumétrica de água

Fonte: Elaboração do autor.

Através das relações encontradas nas figuras 5.10, 5.11 e 5.12 conclui-se,

resumidamente, que variação de temperatura diminui com o aumento da vazão e os calores total

e sensível de resfriamento crescem com a diminuição da variação de temperatura. Logo, na

lógica de trabalhar com calores de resfriamentos maiores, a melhor escolha seria operar com a

maior vazão de fluido resfriador disponível.

Entretanto, antes é conveniente considerar dois fatos. Com o aumento da vazão do

fluido, crescem as irreversibilidades e as trocas térmicas nas tubulações [60], o que significa

um equipamento de bombeamento mais robusto, e consequentemente mais caro, e maiores

perdas térmicas para o ambiente exterior. Ademais, selecionar um resfriador de ar que satisfaz

a carga térmica do ambiente na menor vazão disponível, garante que, caso seja necessário, ele

poderá atender cargas maiores, o que não seria possível na alternativa contrária.

Portanto, visando estudar o resfriador de ar no cenário mais conservador, ou seja, com

os menores calores de resfriamento, e já pensando no selecionamento da bomba de circulação

e no isolamento das tubulações, será definida como vazão de operação aquela que implica na

maior variação de temperatura do fluido resfriador disponível no catálogo, isto é, no valor de 9

ºC.

Com a variação de temperatura, volta-se às relações expandidas no primeiro passo e são

calculadas as capacidades de resfriamento total e sensível nos valores respectivos de 9.296 W

e 7.139 W para a temperatura de entrada de -4ºC, confirmando que estas são maiores que as

3

4

5

6

7

8

9

0,4 0,9 1,4 1,9 2,4 2,9

Var

iaçã

o f

inal

de

ten

per

atu

ra [

ºC]

Vazão volumétrica [m³/h]

Te=3 Te=5 Te=7 Te=9

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cargas térmicas total e sensível calculadas na seção 5.1 nos valores respectivos de 6907 W e

5487 W .

O terceiro passo da metodologia é produzir uma tabela contendo as capacidades de

resfriamento do equipamento por temperatura de entrada do fluido resfriador. Assim, tem-se o

desempenho do resfriador de ar com o aumento da temperatura do tanque armazenador. A

seguir são detalhadas as etapas desse processo.

A temperatura de entrada de -4ºC e a variação de temperatura em 9ºC determinadas nos

dois primeiros passos implicam em uma vazão de fluido resfriador específica, a qual pode ser

calculada pela equação 5.8. Entretanto, como pode ser observado na figura 5.12, tanto a vazão

quanto a variação de temperatura podem variar com o aumento da temperatura de entrada. Na

construção das tabelas de performance do catálogo, exemplificadas na tabela 5.17, o fabricante

varia a vazão de fluido resfriador de modo a fixar a variação térmica (diferencial de água gelada

na tabela 5.17) com o aumento da temperatura de entrada. No caso do sistema proposto, porém,

é a vazão de fluido que será fixa, pois como visto na seção 4.1, está é determinada pela vazão

da bomba de circulação, a ser selecionada na próxima seção.

A vazão será calculada através da equação 5.8, acima, em que: �� será o calor de

resfriamento total obtido pela extrapolação da reta correspondente à variação de temperatura de

9ºC, da figura 5.10, para a temperatura de entrada de -4ºC (no valor de 9.296 W como indicado

no passo dois); 𝐶𝑃 será o calor específico médio da água entre as temperaturas de entrada e

saída (-4ºC e 5ºC, respectivamente, e correspondente à variação de 9ºC de operação); e ∆𝑇 será

a variação de temperatura de operação da água em 9ºC (determinada no passo dois).

A próxima etapa é obteras relações dos calores de resfriamento por vazão de fluido

resfriador para cada temperatura de entrada do fluido resfriador disponível no catálogo. As

figuras 5.13 e 5.14 ilustram as funções encontradas:

Figura 5.13: Calor total de resfriamento x vazão de água

Fonte: Elaboração do autor.

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Figura 5.14: Calor sensível de resfriamento x vazão de água

Fonte: Elaboração do autor.

As tendências são da forma quadrática, com os calores de resfriamento crescendo

proporcionalmente à vazão do fluido resfriador. Por fim, em posse da vazão de operação

calculada, volta-se às relações das figuras 5.13 e 5.14 e encontra-se as capacidades de

resfriamento que compõem as tabelas 5.19 e 5.20.

Adicionalmente, o catálogo informa a possibilidade de se estimar os calores de

resfriamento para as velocidades de ar média e mínima, além da máxima nominal, de forma

simples. Basta multiplicar a capacidade máxima por 90%, no caso da velocidade média, e 80%,

da velocidade mínima. As tabelas 5.18, 5.19 e 5.20 expõem os resultados obtidos:

Dados de entrada Vazão de água requerida calculada

Temperatura de entrada da água

0,885 m³/h -4ºC

Variação térmica da água

9ºC

Tabela 5.18: Dados de entrada e vazão requerida de água

Fonte: Elaboração do autor.

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Capacidade Total [W]

Te (ºC) Velocidade do Ar

máxima média Mínima

-4 9296 8367 7437

3 7679 6912 6144

5 7084 6376 5667

7 6596 5936 5277

9 6082 5474 4866

Tabela 5.19: Calor total de resfriamento por temperatura de entrada do fluido resfriador

Fonte: Elaboração do autor.

Capacidade Sensível [W]

Te (ºC) Velocidade do Ar

máxima média Mínima

-4 7139,366 6425,43 5711,493

3 6189,611 5570,65 4951,689

5 5907,395 5316,655 4725,916

7 5732,967 5159,67 4586,373

9 5364,734 4828,261 4291,787

Tabela 5.20: Calor sensível de resfriamento por temperatura de entrada do fluido resfriador

Fonte: Elaboração do autor

Analisando as tabelas conclui-se que, variando a velocidade do ar, o trocador tem

capacidade de atender a carga térmica máxima do ambiente até a temperatura do tanque

alcançar 7ºC, no caso da carga total de 6907 W, e 9ºC para a carga sensível de 5478 W, a qual

será definida como a temperatura limite do tanque armazenador e que acionará a rede elétrica

convencional caso seja ultrapassada.

5.3.2 Verificação do Líquido Refrigerante

Devido à tabela de performance e aos dados nominais terem sido obtidos com o uso de

água como líquido refrigerante, se faz necessária uma verificação da dependência do

desempenho do trocador em relação ao fluído de trabalho, pois no projeto em questão a água

será substituída pela solução de sal em água. A dependência da capacidade térmica em relação

pode ser entendida pela equação 5.9 abaixo.

�� = 𝑈𝐴∆𝐿𝑀𝑇𝐷 (5.9)

Em que �� é taxa de calor trocada pelo equipamento, 𝑈 é coeficiente global de troca

térmica, 𝐴 é a área de troca térmica e ∆𝐿𝑀𝑇𝐷 é a diferença de temperatura média logarítmica

entre os fluidos [51]. A influência das características físicas e térmicas do líquido refrigerante

está concentrada no termo do coeficiente global de troca térmica, já que tanto a área quanto a

diferença de temperatura estão relacionadas a aspectos técnicos do equipamento e definições

de projeto.

Recorrendo à equação 5.7 temos que o produto do coeficiente com a área é função das

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resistências térmicas em associação. No caso de variação do líquido refrigerante, mantendo-se

o restante constante, a influência das mudanças das características do fluido se dará no termo

da resistência térmica convectiva interna. Por sua vez, ela é definida como:

𝑅𝑖 =1

ℎ𝑖𝐴𝑖 (5.10)

Sendo ℎ𝑖 o coeficiente convectivo de transferência de calor interno e 𝐴𝑖 a área interna

de troca térmica.

A análise proposta será o cálculo do coeficiente convectivo para os dois líquidos e

comparação dos valores. Não havendo grande discrepância, será assumido que o desempenho

do trocador calculado para água é equivalente para solução. Caso haja grande divergência, uma

análise mais profunda sobre a performance terá que ser realizada.

O primeiro passo para o cálculo de ℎ𝑖 é a determinação dos números de Reynolds e

Prandtl. Ambos são apresentados a seguir:

𝑅𝑒 = 𝜌𝑢𝐷

𝜇 (5.11)

Pr = 𝐶𝑝𝜇

𝑘 (5.12)

Em que 𝜌, 𝑢, 𝜇, 𝑘, 𝐶𝑝 e 𝐷 são respectivamente a massa específica, a velocidade, a

viscosidade dinâmica, a condutividade térmica e o calor específico do fluido e o diâmetro

interno do tubo. A velocidade do fluido em tubo pode ser calculada pela equação:

𝑢 =𝑉

(𝑛𝑡

𝑛𝑝) 𝑎𝑖

(5.13)

Sendo ��, 𝑛𝑡, 𝑛𝑝 e 𝑎𝑖 a vazão volumétrica do fluido, o número de tubos, o número de

passes e a área interna de um tubo respectivamente. Os números de passes e tubos assim como

informações geométricas do tubo podem ser encontrados no catálogo em anexo.

As propriedades são avaliadas na temperatura média de mistura, ou seja, a média

aritmética entre a temperatura de entrada e saída do líquido. Calculando-se os números de

Reynolds e Prandtl é necessário escolher a relação empírica que mais se adequa à situação e

aos números calculados. Em [51] há diversas relações empíricas para diferentes intervalos de

𝑅𝑒 e Pr e escoamentos internos.

Será avaliado o cenário de temperatura de entrada de fluido a -4ºC com a diferença de

temperatura e vazão volumétrica de projetos indicadas na tabela 5.18 de valor 9ºC e 0,885m³/h

respectivamente. A seguir os números calculados:

Fluido Água Salmoura

Re 4.135 3.765

Pr 12,97 14,43

Tabela 5.21: Números adimensionais calculados para os fluidos de trabalho

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Fonte: Elaboração do autor.

O próximo passo é calcular o número de Nusselt através das correlações empíricas

mencionadas. Levando em conta os números de Reynolds e Prandtl e considerando o

escoamento totalmente desenvolvido e turbulento, segue a correlação:

𝑁𝑢 =(𝑓 8⁄ )(𝑅𝑒 − 1000)𝑃𝑟

1 + 12,7(𝑓 8)⁄12 (𝑃𝑟

23 − 1)

(5.14)

𝑓 = (0,709 ln 𝑅𝑒 − 1,64)−2 (5.15)

0,5 ≤ 𝑃𝑟 ≤ 2.000

3.000 ≤ 𝑅𝑒 ≤ 5 × 106

A partir do número de Nusselt é calculado o coeficiente convectivo através da relação:

ℎ =𝑁𝑢 ∙ 𝑘

𝐷 (5.16)

Os números de Nusselt e coeficientes convectivos calculados para ambos os líquidos

são apresentados a seguir:

Fluido Água Salmoura

Nu 40,78 37,98

h (W/m²K) 2.570 2.394

Tabela 5.22: Número de Nusselt e coeficiente convectivo calculados dos fluidos

Fonte: Elaboração do autor.

Tendo que o coeficiente convectivo interno está inserido no contexto de uma associação

de resistências térmicas, que por sua vez tem grande probabilidade de ter como resistência

dominante aquela relativa ao escoamento do ar, e mesmo que a diferença entre os coeficientes

se propague integralmente para o coeficiente global, essa divergência em menos de 10% não

foi considerada suficiente para justificar uma análise maior para correção da performance do

trocador, com base na tabela 5.16 de capacidade nominal dos resfriadores, sendo ele julgado

apto para atender a operação especificada com a solução de água e cloreto de sódio como fluido

de trabalho.

5.3.3 Bomba de Circulação

Bombas de circulação são equipamentos associados a sistemas fechados de vazão de

um fluído, como sistemas de aquecimento, refrigeração, abastecimentos de piscinas, entre

outros. Normalmente são de pequeno porte e aplicação doméstica, com baixas capacidades de

head13 e vazão, e por isso seu selecionamento tende a ser de baixa complexidade.

13 O head da bomba é a potência fornecida pela bomba ao líquido convertida na forma de altura que o líquido

consegue alcançar após sair do equipamento [61].

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Devido ao fato do sistema ser fechado e assumindo que ele está totalmente preenchido

de fluido, por consequência os pontos de entrada e saída do volume de controle coincidem, e

os termos da equação da altura manométrica da bomba [62] relacionados a variações de

grandezas se cancelam, restando apenas o termo de perda de carga. Logo, o head da bomba de

circulação é a perda de carga do circuito.

O head e a vazão escolhidos como parâmetro para selecionamento da bomba serão,

respectivamente, a perda de carga nominal indicada pelo catálogo do resfriador de ar para o

modelo 25 de 3,77 m.c.a. (metros de coluna de água) e a vazão calculada requerida pelo trocador

de 0,885m³/h (aproximadamente 15 l/min).

Foram pesquisados no mercado modelos de bombas de circulação para aplicações

residenciais, de baixo custo, e que atendessem os parâmetros acima explicitados.

Adicionalmente, foi dada prioridade para equipamentos que apresentassem funcionamento em

mais de uma velocidade, pois caso for necessário, pode-se alterar a vazão e o head fornecidos

pela bomba sem trocar de equipamento, dentro dessa margem de opções de velocidades.

O equipamento escolhido foi o modelo GP-250P da fabricante brasileira de bombas

Inova. Essa bomba pode operar em três velocidades (velocidades I, II e III da figura 5.15),

fornecendo na primeira delas, para os 15l/min de operação, um pouco mais que 4 m.c.a.,

suficientes para suprir a perda de carga estimada. Caso seja necessário mais head, devido à

mudança de fluido de trabalho e da condição nominal de operação, ou ainda pelas perdas nas

tubulações, haverá a possibilidade de se trabalhar nas outras duas velocidades, resultando em

heads maiores. A figura 5.15 apresenta a curva de carga da bomba selecionada, retirada do

catálogo do fabricante [63], também em anexo.

Figura 5.15: Curva de carga da bomba de circulação selecionada

Fonte: [63].

5.3.4 Resumo dos Investimentos

Abaixo, as figuras 5.16 e 5.17 ilustram os equipamentos selecionados e a tabela 5.23

indica os investimentos a serem feitos, com os preços médios encontrados após pesquisa no

mercado.

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Figura 5.16: Fan Coil 42LS Carrier

Fonte: [56].

Figura 5.17: Bomba de circulação GP-250P Inova

Fonte: [63]

Investimento Preço

Fan Coil 42LS Carrier R$ 2.300

Bomba GP-250P Inova R$ 1.000

Total R$ 3.300

Tabela 5.23: Investimentos para sistema de resfriamento de ar

Fonte: Elaboração do autor.

5.4 Sistema de Refrigeração Neste capítulo serão apresentadas e detalhadas as metodologias de selecionamento dos

equipamentos constituintes do sistema de refrigeração, como definido no capítulo 4.1. Ao final,

um tópico mostrará os equipamentos selecionados e seus respectivos valores de mercado

encontrados.

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5.4.1 Unidade Condensadora

A unidade condensadora é o equipamento responsável por rejeitar o calor absorvido na

etapa de refrigeração do tanque, por um fluido refrigerante14, através da compressão deste. É

composto de um compressor, um condensador e um motor ventilador, englobando dois

equipamentos do sistema de refrigeração apontados na figura 4.1 (compressor e condensador).

O critério de selecionamento se dá pelo catálogo do fabricante, tendo posse da capacidade de

refrigeração requerida15 e da temperatura de evaporação do fluido refrigerante. As unidades

condensadoras conectadas a um trocador de calor (evaporador) e a uma válvula de expansão

constituem o ciclo termodinâmico apresentado no capítulo 2.1.

O primeiro passo para determinar a capacidade de refrigeração requerida é o cálculo da

taxa de calor necessária a ser retirada do tanque armazenador. Semelhantemente ao estudo

realizado no tópico 5.2.2 para o tanque armazenador, a equação 2.1 será simplificada, porém

neste caso, terá um termo a mais que na equação 5.2, correspondente ao calor retirado pela

unidade condensadora, como mostra a equação 5.17.

𝑑𝐸𝐶.𝑉.

𝑑𝑡= ��𝐶.𝑉. − ��𝐶.𝑉. + ∑ 𝑚𝑖 (ℎ +

𝑉𝑖

2

2

+ 𝑔𝑧𝑖) − ∑ 𝑚𝑒 (ℎ +𝑉𝑒

2

2

+ 𝑔𝑧𝑒) (2.1)

𝑑𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒

𝑑𝑡= ��𝑇𝑒𝑟𝑚 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 (5.2)

𝑑𝐸𝑇𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒

𝑑𝑡= ��𝑇𝑒𝑟𝑚 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 − ��𝑈𝑛𝑖𝑑 (5.17)

O cenário padrão de projeto será aquele em que a unidade condensadora conseguirá

retirar calor suficiente para suprir a carga térmica do ambiente climatizado e as perdas para o

meio externo, portanto, não havendo alteração na energia do tanque. Para isso, a taxa de calor

retirada pela unidade deve ser:

��𝑈𝑛𝑖𝑑 = ��𝑇𝑒𝑟𝑚 + ��𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 (5.18)

Visando selecionar o equipamento de modo que este possa corresponder à expectativa

levantada acima, mesmo nos dias de maior solicitação por refrigeração, a carga térmica será a

carga total calculada para o laboratório e apresentada no tópico 5.1.2 no valor de 6907 W. As

perdas serão calculadas igualmente às do tópico 5.2.2, com uma parcela no valor de 757 W,

referente às trocas entre o meio armazenador e o ambiente externo, e a outra parte como uma

perda limite para as trocas e irreversibilidades atuantes nas tubulações, estipuladas de acordo

com as observações feitas naquele tópico em 10% da carga térmica a ser removida. Logo, a

taxa de calor retirada pela unidade condensadora será:

14 Fluido refrigerante se refere ao fluido que irá percorrer o ciclo de refrigeração, apresentado no tópico 2.1, com

o objetivo de retirar calor do meio armazenador contido no tanque de armazenamento, como indicado no tópico

4.1. 15 Capacidade de refrigeração ou taxa de calor de refrigeração, no contexto deste projeto, é a taxa de calor que o

equipamento consegue retirar do meio armazenador.

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��𝑈𝑛𝑖𝑑 = 6907 [𝑊] + 757[𝑊] + 10% ∙ 6907[𝑊] = 8355 [𝑊]

Esta seria a carga máxima que a unidade condensadora teria que remover do tanque se

ela tivesse conectada a uma fonte ininterrupta de eletricidade. Porém, no caso da fonte de

eletricidade do sistema ser a radiação solar, é preciso contabilizar a dependência horária da

disponibilidade de energia solar, desse modo tem-se a taxa de calor a ser removida do tanque a

qual garante que, durante um dia inteiro, a sua temperatura permaneça inalterada.

A primeira etapa nessa avaliação é calcular a energia total a ser removida do tanque

durante o período de um dia. Isso será alcançado multiplicando-se a carga máxima, calculada

acima, pelo perfil de carga térmica típico do ambiente a ser climatizado, de modo a simular o

perfil de demanda diário de refrigeração do tanque.

O perfil de carga térmica foi elaborado no tópico 5.1.2, sendo ilustrado na figura 5.7. A

tabela 5.24 abaixo lineariza o perfil citado para que seja estimada, aproximadamente, a energia

diária requerida a ser removida do tanque pela unidade condensadora.

Perfil de carga horário (% da carga máxima - 8355 W)

00-07h 08-11h 12h 13-17h 18-23h

30% 95% 70% 95% 30%

Energia requerida diária

112kWh

Tabela 5.24: Perfil de carga linearizado e energia diária requerida de remoção do tanque

Fonte: Elaboração do autor.

Agora, é preciso dividir o valor calculado de 112kWh pelas horas disponíveis de sol,

encontrando assim a taxa de calor de refrigeração para a seleção do equipamento. Nesse sentido,

é conveniente introduzir o conceito de Horas de Sol Pleno (HSP). Esta grandeza é definida

como o número de horas que em que a irradiação solar deve permanecer constante e igual a

1kW/m², de forma que a energia resultante seja equivalente à energia disponibilizada pelo sol

no local em questão, acumulada ao longo de um dia [24]. A partir dessa definição, podemos

calcular as HSP para uma localidade através da sua irradiação média diária.

A tabela 3.1 do tópico 3.1.4 indica, em média, uma irradiação diária média para a região

do Galeão, próxima ao laboratório, no valor de 5,8 kWh/m² para o período do verão (dezembro

a janeiro). Aplicando-o na definição acima temos:

𝐻𝑆𝑃 =5,8 [

𝑘𝑊ℎ𝑚2 ]

1[𝑘𝑊𝑚2 ]

= 5,8 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠

Tem-se, portanto, que a taxa de calor de refrigeração de seleção da unidade

condensadora será:

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��𝑆𝑒𝑙𝑒çã𝑜 =112 [𝑘𝑊ℎ]

5,8ℎ= 19,3𝑘𝑊

Buscou-se no mercado unidades condensadoras capazes de fornecer taxas de

refrigeração maiores que a calculada acima, com preferência por aquelas que o fizessem para

diferentes temperaturas do ambiente externo e de evaporação do fluido de refrigeração,

melhorando a confiabilidade no desempenho do sistema e facilitando, posteriormente, a seleção

dos componentes restantes do sistema de refrigeração (válvula de expansão e evaporador).

Foram selecionadas duas unidades UDB 4.800 da fabricante Elgin, que trabalharão

independentemente uma da outra, com compressor do tipo alternativo, capazes de fornecer,

juntas, a taxa de refrigeração requerida até à temperatura ambiente de 43ºC (1 kcal/h = 1,163

W), e com ampla faixa de temperaturas de evaporação para o fluido refrigerador. A escolha por

duas unidades em vez de uma deu-se pelo melhor custo-benefício e por garantir flexibilidade

na instalação e na operação do sistema. Abaixo, na tabela 5.25, as principais informações de

performance e técnica da unidade. A figura 5.18 ilustra o equipamento. Mais dados são

encontrados no catálogo em anexo a este documento [64].

Tabela: 5.25: Principais informações da unidade condensadora UDB 4800 escolhida

Fonte: [64].

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Figura 5.18: Unidade Condensadora Elgin

Fonte: [64].

5.4.2 Evaporador – Trocador de calor submerso

A troca de calor que define o armazenamento de energia térmica é a de resfriamento do

tanque pela unidade condensadora. Para que isso ocorra, é requerido um trocador de calor

submerso no tanque por onde fluíra o fluido de refrigeração que resfriará a salmoura

armazenada. Dado que o fluido de refrigeração evapora durante esse processo, como visto no

ciclo de refrigeração apresentado na seção 2.1, o trocador de calor também é chamado de

evaporador. A seleção desse equipamento terá fundamento nas fórmulas teóricas e relações

empíricas encontradas na literatura, tendo por base a taxa de refrigeração requerida calculada

na seção 5.4.1 anterior, no valor de 19,3kW.

Por tratar-se de um trocador de calor, será utilizada a equação 5.19 abaixo, característica

desses equipamentos e a qual fornece as suas taxas de troca de calor [51].

�� = 𝑈𝐴∆𝑇𝐿𝑀𝑇𝐷 (5.19)

Em que �� é a taxa de calor, 𝑈 é o coeficiente global de troca térmica (definido no tópico

5.2.2 para a equação 5.6), 𝐴 é a área de troca térmica e ∆𝑇𝐿𝑀𝑇𝐷 é a diferença média logarítmica

de temperatura16 respectivos ao trocador.

Deseja-se através dessa equação calcular a área de troca térmica (𝐴), pois este

determinará, juntamente a outras especificações de projeto, o trocador a ser procurado no

comércio. Como serão utilizadas duas unidades, consequentemente serão requeridos dois

evaporadores. Por isso, a taxa de calor a ser inserida na equação 5.19 será metade daquela

indicada no parágrafo inicial (de 19,3 kW), correspondente à taxa de calor total a ser trocada

nos evaporadores. Assim, o valor de �� será de 9,65 kW.

Os outros termos passarão por simplificações para serem determinados. Primeiro, o

fluido de refrigeração que escoa dentro do evaporador mudará de fase, como explicado

16 A ∆𝑇𝐿𝑀𝑇𝐷 é uma média logarítmica da diferença de temperatura entre as correntes quente e frias nos pontos de

entrada e saída do trocador [51].

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anteriormente, logo não haverá variação de temperatura no interior do equipamento.

Simultaneamente, como o trocador se encontra submerso no meio armazenador, não há

escoamento forçado externo. Consequentemente, este líquido envolvente que troca calor

também se encontra todo a uma só temperatura a cada momento de refrigeração. Deste modo,

a diferença média de temperatura logarítmica se reduz a uma variação térmica convencional

entre a temperatura do fluido externo (meio armazenador) e interno (fluido refrigerante) ao

evaporador. A temperatura do fluido externo será aquela determinada para o tanque, de acordo

com o tópico 5.2.2, no valor de -4ºC. A temperatura do fluido interno é uma determinação de

projeto e para sua seleção é necessário analisar seu impacto sobre o processo.

A partir do ponto de vista da equação 5.19, quanto maior a diferença térmica, menor a

área requerida de evaporador para uma mesma taxa de calor trocada. Adicionalmente, por não

haver convecção externa forçada (convecção natural), a troca térmica entre os fluidos é de baixa

eficiência [51], o que justificaria grandes diferenças de temperatura para compensar esse

prejuízo. Entretanto, observando a tabela 5.25 na seção 5.4.1 anterior, tem-se que a taxa de

refrigeração das unidades condensadoras selecionadas cai com a diminuição da temperatura de

evaporação do refrigerante.

Com esses conhecimentos, e tendo em vista as temperaturas de evaporação disponíveis

para as unidades condensadoras escolhidas [64], a temperatura de mudança de fase do fluido

interno foi estipulada em -25ºC, como mostrado na tabela 5.25 acima.

O cálculo do coeficiente global de troca térmica pode ser simplificado se observadas

algumas considerações. Como demonstrado no tópico 5.2.2, o coeficiente global está

relacionado a associações de resistências térmicas. Nesses casos, pode ser conveniente

introduzir o conceito de resistência térmica dominante. Quando a resistência de uma associação

for muito maior que a soma das outras, essa é considerada dominante no processo de troca

térmica e as demais podem ser desprezadas do cálculo do coeficiente global de troca térmica

sem implicar em grandes erros no resultado [65].

Substâncias em mudança de fase trocam calor mais intensamente (calor específico

latente maior que o sensível [51]), resultando em coeficientes convectivos maiores, o que

significa resistências térmicas menores que aquelas relacionadas à convecção forçada

convencional. Somado a isso, como mencionado anteriormente, a convecção natural é menos

eficiente que a forçada, implicando em uma alta resistência térmica. Finalmente, resistências

térmicas associadas a condução na parede de dutos também costumam ser pequenas devido às

espessuras finas dos tubos e à boa condutividade térmica dos metais.

Assumindo a resistência de convecção natural como dominante, isto é, a resistência de

convecção da parede externa do tubo do evaporador, pode-se retomar a equação 5.7,

apresentada no tópico 5.2.2, e reduzi-la à equação 5.20:

𝑈𝐴 =1

∑ 𝑅𝑇𝑒𝑟𝑚 (5.7)

𝑈𝐴 = 1

𝑅𝑛𝑎𝑡 (5.20)

Em que 𝑅𝑛𝑎𝑡 é a resistência térmica de convecção natural dominante. Ainda, essa

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resistência térmica é definida como o inverso do produto entre o coeficiente de troca térmica

de convecção natural e a área onde ocorre essa troca de calor [51]. A equação 5.21 abaixo ilustra

essa relação:

𝑅𝑛𝑎𝑡 =1

ℎ𝑛𝑎𝑡𝐴𝑒 (5.21)

Sendo ℎ𝑛𝑎𝑡 o coeficiente de troca térmica de convecção natural e 𝐴𝑒 a área externa do

evaporador, superfície na qual ocorrerá esse tipo de convecção.

O próximo passo é calcular o coeficiente de troca térmica. Para isso, será usada a

correlação empírica para convecção natural em tubos cilíndricos apresentado em [51]. Primeiro

são calculados os números adimensionais de Prandtl, pela equação 5.12 apresentada no tópico

5.3.2, e de Grashof:

Pr = 𝐶𝑝𝜇

𝑘 (5.12)

𝐺𝑟 =𝜌2𝑔𝛽(𝑇∞ − 𝑇𝑝)𝐷3

𝜇2 (5.22)

Sendo 𝑔 a aceleração da gravidade; 𝛽 o coeficiente de expansão volumétrica do fluido;

𝑇𝑝 a temperatura da parede do tubo; 𝑇∞ a temperatura do fluido; e 𝐷 o diâmetro do tubo.

A temperatura da parede depende, além da temperatura dos fluidos, da própria taxa de

troca térmica, o que a impossibilita de ser calculada de imediato. Porém, como as temperaturas

dos fluidos são uniformes ao longo do trocador, uma estimativa para ela é a média aritmética

das temperaturas externa e interna [51].

As propriedades dos números de Prandtl e Grashof são avaliadas na temperatura de

filme, definida como a média aritmética da temperatura da parede com a temperatura do fluido

externo [51]. Por último, é preciso definir o número adimensional de Rayleigh:

𝑅𝑎 = 𝐺𝑟 ∙ 𝑃𝑟 (5.23)

A correlação empírica para o número de Nusselt de convecção natural em um tubo

cilíndrico é:

𝑁𝑢 = {0,60 +0,387𝑅𝑎

16⁄

[1 + (0,559 𝑃𝑟⁄ )9 16⁄ ]8 27⁄}

2

(5.24)

𝑅𝑎 ≤ 1012

Em que todas as propriedades são avaliadas na temperatura de filme.

Utilizando a equação 5.16, apresentada no contexto do tópico 5.3.2, obtém-se o

coeficiente de troca térmica de convecção natural. Empregando as equações 5.20 e 5.21 na 5.19,

e rearranjando, chega-se à equação 5.25, a qual será a relação de dimensionamento do trocador.

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𝐴𝑒 =��

ℎ𝑛𝑎𝑡∆𝑇 (5.25)

Realizando uma pesquisa no mercado, observa-se que os trocadores de calor submersos

são constituídos, em sua maioria, de tubos metálicos em forma helicoidal, de forma a compactar

mais comprimento de tubo em menos espaço, aumentando a área de troca térmica e

compensando a ineficiência da convecção natural.

Calcular a área externa e definir certos parâmetros permite calcular o comprimento total

em tubos do trocador, assim especificando o equipamento. A área externa pode ser definida

como:

𝐴𝑒 = 2𝜋𝐷𝑒𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (5.26)

Em que 𝐷𝑒 é o diâmetro externo do tubo e 𝐿𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é o comprimento total de tubo. O

trocador consiste neste tubo de comprimento total em forma de uma serpentina helicoidal. Ao

definir o raio a partir do centro da helicoidal e a altura do trocador, se determina o número de

voltas que o tubo dá em torno do eixo central.

Nas tabelas abaixo são apresentados os dados de entrada e os cálculos subsequentes até

a determinação da área externa requerida de trocador.

Propriedade dos materiais

Massa específica (kg/m³)

Calor específico (J/kg.ºC)

Viscosidade (Pa.s)

Condutividade térmica (W/m.ºC)

Coefic. Expansão Vol. (1°/ºC)

1.118 3.536 0,003298 0,5345 0,00024848

Tabela 5.26: Propriedades do fluido externo avaliadas na temperatura de filme

Fonte: Elaboração do autor a partir de [49].

Dados de entrada

Temperatura de evaporação (ºC)

Temperatura do fluido externo (ºC)

Diâmetro interno do tubo (")

Espessura do tubo (m)

-25ºC -4ºC 5/8 0,001

Tabela 5.27: Dados de entrada para dimensionamento do trocador

Fonte: Elaboração do autor.

Números adimensionais Resultados

Gr Pr Ra Nu h

(W/m².ºC) A

(m²) Ltotal

(m)

11.781 21,82 257.067 9,99 349 1,31 23,46

Tabela 5.28: Resultados cálculados do dimensionamento do trocador

Fonte: Elaboração do autor.

Serpentinas em forma helicoidal para troca térmica são facilmente encontrados no

mercado, para refrigeração de bebidas e líquidos em geral, em diversos tamanhos. A seguir as

especificações da serpentina helicoidal selecionada e o preço do investimento.

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Figura 5.19: Exemplos de serpentinas helicoidais duplas para resfriamento

Fonte: [66].

Serpentina helicoidal dupla

Material Diâmetro do

tubo (") Comprimento

total (m) Preço (R$)

Cobre 5/8 24 600,00

Tabela 5.29: Parâmetros e preço do trocador submerso selecionado

Fonte: Elaboração do autor.

5.4.3 Válvula de expansão

As válvulas de expansão são dispositivos que tem como função provocar a expansão do

fluido refrigerante, reduzindo sua pressão, assim dividindo o ciclo de refrigeração, junto com o

compressor, como visto no capítulo 2.1, nas zonas de alta e baixa pressão.

Sua correta seleção é importante pois ela regula o fluxo de refrigerante para o

evaporador. Caso haja subdimensionamento haverá uma redução na capacidade projetada para

o sistema devido à falta de refrigerante, enquanto um superdimensionamento ocasionará em

entrada de líquido no compressor podendo danificar o equipamento [67].

É necessária uma válvula por unidade condensadora, como visto no ciclo

termodinâmico do tópico 2.1, ou seja, serão requeridas duas válvulas de expansão para este

projeto.

Há diversos tipos de válvula de expansão com diferentes funcionalidades e aplicações.

A válvula a ser selecionada neste projeto será do tipo termostática. As válvulas de expansão

termostáticas são aquelas que controlam o fluxo de refrigerante medindo a temperatura dele no

evaporador através de um bulbo sensor. Se a temperatura aumentar acima daquela de

configuração, a válvula aumenta a vazão de refrigerante de modo até regular com a capacidade

do evaporador. Na situação oposta, a válvula restringe a passagem de fluido de modo a garantir

que apenas vapor saia do evaporador [67].

A seleção desse tipo de válvula passa pela identificação, no catálogo do fabricante, do

dispositivo em questão e mais de um elemento chamado orifício, o qual pode ser fixo à válvula

ou intercambiável.

Os dados de entrada são: o líquido refrigerante utilizado; a temperatura de condensação

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no condensador do ciclo; a temperatura de evaporação; e a taxa de calor de refrigeração

requerida [68]. Os dois primeiros podem ser obtidos, neste caso, no catálogo da unidade

condensadora em anexo [64]. Os dois últimos foram determinados no tópico anterior em -25ºC

e 9,65 kW respectivamente. Dotado dessas informações, encontra-se no catálogo o conjunto

válvula e orifício com a taxa de calor de refrigeração mais próxima à requerida.

O conjunto selecionado foi a válvula TE5 com orifício nº 02 da fabricante Danfoss. A

seguir, os dados de entrada e a tabela de seleção. Mais informações encontram-se no catálogo

do produto em anexo [68].

Figura 5.20: Válvula de Expansão Termostática

Fonte: [68].

Dados de entrada

Fluido refrigerante - 404 A Taxa de calor de refrigeração requerida

(kW) Temperatura de

condensação (ºC) Temperatura de evaporação (ºC)

55 -25 9,65

Tabela 5.30: Dados de entrada de seleção da válvula de expansão

Fonte: Elaboração do autor

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Tabela 5.31: Tabela de seleção do conjunto válvula – orifício

Fonte: [68].

5.4.4 Resumo dos Investimentos

A seguir, na tabela 5.32, os equipamentos selecionados e os preços encontrados, em

média, após pesquisa no comércio.

Equipamento Quantidade Preço (R$) Total (R$)

Unidade Condensadora UDB 4.800 Elgin 2

8.000 16.000

Válvula TE5 Orifício 02 Danfoss 600 1.200

Investimento total: R$ 17.200

Tabela 5.32: Equipamentos e preços para sistema de refrigeração

Fonte: Elaboração do autor.

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96

5.5 Sistema Fotovoltaico A seleção dos componentes fotovoltaicos consiste, basicamente, no dimensionamento

do painel fotovoltaico e do inversor de frequência. Primeiro, é escolhido e determinado o

número de módulos que irão compor o painel, assim determinando a potência máxima gerada.

A partir desta, e de outros parâmetros correspondentes ao painel como corrente e voltagem de

operação, é selecionado o inversor de acordo.

5.5.1 Painel Fotovoltaico

O primeiro passo é a determinação do módulo fotovoltaico de composição do painel. A

escolha leva em consideração diversos fatores, dos quais os principais utilizados neste projeto

foram: eficiência da célula; relação preço por watt-pico; relação watt-pico por metro quadrado;

e material do módulo.

A partir de uma pesquisa no mercado foi selecionado o módulo fotovoltaico

policristalino de 275Wp da fabricante Elgin [69]. As principais características se encontram na

figura 5.21 a seguir.

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Tabela 5.21: Características de operação do módulo Elgin 275Wp

Fonte: [69]

Escolhido o módulo, consecutivamente é feito o dimensionamento do tamanho do

painel através da determinação da quantidade de energia gerada requerida.

O watt-pico é a unidade que quantifica a potência produzida por um módulo fotovoltaico

submetido a condições de teste padrão (irradiação global de 1000W/m² e temperatura de

operação de 25ºC, como mostrado na figura acima). Sendo assim, está relacionada às horas de

sol pleno (HSP), apresentada no tópico 5.4.1. A partir das definições de watt-pico e HSP, é

possível determinar o número de módulos fotovoltaicos requeridos e a potência de pico do

painel montado.

𝑃𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 =𝐸𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙

𝐻𝑆𝑃= 𝑛𝑃𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 (5.27)

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Sendo 𝐸𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 a energia requerida produzida pelo painel, 𝑛 é o número de módulos

compondo o painel, e 𝑃𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 e 𝑃𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 são, respectivamente, as potências produzidas por um

módulo fotovoltaico e pelo painel solar.

A energia produzida pelo painel deve ser suficiente para alimentar as unidades

condensadoras selecionadas. Através do catálogo das unidades, como pode ser visto na figura

5.25 do tópico 5.4.1, a potência consumida por equipamento é de 7,5 kW, ou seja, no total serão

necessários 15 kW. O cálculo realizado no contexto dessa seleção, porém, levou em conta o

período de maior carga térmica do ambiente a ser climatizado, com a finalidade de obter-se a

maior taxa de calor a ser removida do tanque armazenador. Consequentemente, como indicado

naquele tópico, este também é o período de maior disponibilidade de irradiação solar. Porém,

como o dimensionamento do painel solar considera a produção de energia durante um ano

inteiro, será utilizada a irradiação média da região, o que implica numa potência maior que os

15 kW indicados inicialmente.

A seguir, o cálculo da energia, potência e número de módulos do painel

respectivamente. A HSP utilizada foi calculada a partir da definição apresentada no tópico

5.4.1, para a média da irradiação solar diária média indicada na tabela 3.1 do tópico 3.1.4, para

a região do Galeão (próxima ao laboratório), no valor de 4,71 horas. A potência do módulo é

indicada na tabela 5.21 acima.

𝐸𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 = 15 [𝑘𝑊] ∙ 5,8 [ℎ] = 87 [𝑘𝑊ℎ]

𝑃𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 =87 [𝑘𝑊ℎ]

4,71 [ℎ]= 18,5 [𝑘𝑊]

𝑛 =18,5 [𝑘𝑊]

0,275 [𝑘𝑊]= 68 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

Pela necessidade de fornecimento de eletricidade a duas unidades condensadoras, os 68

módulos serão arranjados em 2 painéis de 34 módulos cada.

5.5.2 Inversor

A seleção do inversor parte das especificações do painel definido. O primeiro critério

diz respeito à otimização da operação do inversor em potências próximas a sua nominal,

evitando sobrecarga. Para que isso ocorra, o chamado fator de dimensionamento do inversor

(FDI) deve se situar entre 0,75 e 1,05 [24]. O fator é definido como:

𝐹𝐷𝐼 =𝑃𝐴𝐶𝑖𝑛𝑣

𝑃𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 (5.28)

Em que 𝑃𝐴𝐶𝑖𝑛𝑣 é a potência de corrente alternada entregue pelo inversor. Esta será a

potência entregue às unidades condensadoras e, portanto, devem estar de acordo com a potência

funcionamento desses equipamentos. Assim, como indicado no tópico acima, para as duas

unidades selecionadas tem-se que a potência total fornecida pelo inversor deverá ser igual a 15

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99

kW.

Aplicando os valores indicados à equação 5.28, das potências determinadas acima, o

FDI do inversor calculado se situa dentro da faixa recomendada, com valor de 0,81. Pela

necessidade do fornecimento a duas unidades condensadoras, serão selecionados dois

inversores de 7,5 kW cada.

Ademais, a voltagem máxima da associação dos módulos deve ser menor que a máxima

de entrada do inversor. Por isso, cada painel será formado por duas filas, associadas

paralelamente, de 17 módulos em série, sendo necessários 110 m² no total para instalação dos

dois painéis.

Por fim, há especificidades na aplicação que requerem atenção na hora da seleção. Os

inversores off-grid, ou seja, aqueles designados para sistemas isolados trabalham conectados a

baterias para armazenamento de energia [24], o que não é previsto neste caso. Além disso, como

indicado no tópico 4.2, é prevista uma conexão com a rede pública de eletricidade, porém os

inversores grid-tie não operam se houver desconexão com a rede, o que seria a situação

operacional deste projeto. Visando contornar essas dificuldades, foi pesquisado um tipo de

inversor conhecido como Solar Pump Inverter (Inversor solar para bombeamento), usado em

aplicações em que o armazenamento de energia solar se dá pelo bombeamento de água para um

reservatório elevado de certa altura, como apresentado no tópico 3.3.3. Esse tipo de inversor

permite não só a ligação direta com o motor do equipamento como também possibilita conexão

com a rede pública. Apesar dessas vantagens, eles ainda não são facilmente encontrados e

fabricados no Brasil, sendo necessário a importação de fabricantes internacionais.

O inversor escolhido foi o SP – 7.5K da fabricante chinesa MPP Solar, as principais

informações se encontram na tabela abaixo:

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Tabela 5.22: Principais especificações do inversor selecionado

Fonte: [70]

5.5.3 Resumo dos investimentos

Os investimentos necessários com os preços em média achados no comércio são

apresentados na tabela 5.23 abaixo:

Equipamento Quantidade R$/unid. Total (R$)

Inversor SP - 7.5K MPP Solar 2 8.000 16.000

Módulo Elgin 275 Wp 68 550 37.400

Total 53.400

Tabela 5.23: Investimentos para o sistema fotovoltaico

Fonte: Elaboração do autor.

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6. Simulação e Resultados

6.1 Simulação de Desempenho O estudo realizado visa determinar o desempenho do sistema de ar condicionado solar

projetado, para tal, calculou-se para um ano típico, de acordo com o arquivo de dados

meteorológicos apresentado no capítulo 5.1, indicadores de performance horários para cada dia.

Os indicadores monitorados, assim como outros parâmetros empregados nos cálculos, são

apresentados a seguir:

• Temperatura ambiente:

Temperatura do meio exterior ao laboratório extraído do arquivo de dados

meteorológicos para a região.

• Carga térmica do laboratório:

Carga térmica calculada no capítulo 5.1 pelo software EnergyPlus, para quando

houver atividade no laboratório, e a ser suprida pelo resfriador de ar. Também considera

a carga sensível necessária para trazer a temperatura do laboratório àquela estipulada no

capítulo 5.1 de 23ºC, na primeira hora de atividade do dia. Esta é estimada sendo a média

da carga sensível atuante sobre o laboratório, calculada pelo software, quando das horas

de inatividade dele.

• Potência gerada pelo sistema fotovoltaico:

Potência horária fornecida pelos inversores às unidades condensadoras,

calculadas através do software apresentado no capítulo 3.1.3, SAM (Software Advisor

Model), com o fornecimento do arquivo de dados meteorológicos, especificações do

módulo e do inversor, e definição dos painéis.

• Potência de refrigeração das unidades condensadoras:

Potência térmica retirada do tanque pelas unidades condensadoras. É calculada

através do coeficiente de performance (COP) da unidade definida na equação 2.3. Com

base nos dados disponibilizados no catálogo (consumo de eletricidade e capacidade de

refrigeração) [64], calculou-se o COP do equipamento em 1,48, o qual será multiplicado

pela potência fornecida pelo inversor resultando na potência frigorífica.

𝐶𝑂𝑃 = 𝑞𝐿

𝑤𝑐

• Potência de refrigeração gerada pela rede pública de eletricidade:

Potência gerada pela rede convencional de eletricidade quando acionada por um

termostato, assim que a temperatura do tanque alcançar àquela crítica estipulada no

tópico 5.2.2 de 9ºC. É equivalente à potência de operação das unidades em plena carga.

• Perdas térmicas:

Calculada através da equação 5.6, acrescida de 10% das potências de

resfriamento e refrigeração, como indicado nos tópicos 5.2.2 e 5.4.1.

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102

�� = 𝑈𝐴∆𝑇 (5.6)

• Carga armazenada no tanque:

Calculada através da equação 3.7, apresentado no tópico 5.2.1. A variação

térmica corresponde à diferença entre a temperatura do tanque de momento e a

temperatura limite superior estimulada em 9ºC, em que a rede convencional passa a

atuar no sistema.

𝑄 = 𝑚𝑐𝑝 ∆𝑇 = 𝜌𝑐𝑝 𝑉𝛥𝑇 (3.7)

• Temperatura do tanque:

É estipulada inicialmente em -4ºC (temperatura de projeto do tanque). Parâmetro

final calculado a partir do emprego das outras definidas acima. É limitada por

termostatos a permanecer dentro de um intervalo de operação, sendo este de -7 a 9 ºC,

para evitar, respectivamente, o congelamento do fluído armazenador (ponto de fusão -

10,6ºC) e queda do desempenho do resfriador de ar. No primeiro caso, quando alcançado

-7ºC, um termostato desarma a conexão das unidades com os inversores evitando a

refrigeração mesmo com energia solar disponível. No segundo caso, outro termostato

faz a conexão entre o inversor e a rede pública fornecendo eletricidade às unidades em

plena carga. É calculada através da equação 6.1 abaixo:

𝑇′𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 =

(��𝑡𝑒𝑟𝑚 + ��𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 − ��𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 − ��𝑟𝑒𝑑𝑒) ∙ ∆𝑡

𝜌𝐶𝑝𝑉+ 𝑇𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 (6.1)

Em que os ��’s são as cargas definidas acima; ∆𝑡 é o intervalo de tempo em

segundos (neste caso, intervalo horário igual a 3600 s); 𝜌, 𝐶𝑝 e 𝑉 são respectivamente a

massa e o calor específico médio para as temperaturas de operação, e o volume do fluido

armazenador; 𝑇𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 é a temperatura inicial do tanque e 𝑇′𝑡𝑎𝑛𝑞𝑢𝑒 é a temperatura

calculada do tanque após o intervalo horário.

A simulação consiste, então, em empregar uma temperatura de tanque inicial,

calcular as cargas presentes e por fim calcular uma nova temperatura de tanque, que será

usada como inicial no próximo intervalo, até fechar o intervalo anual de dados. Esse

processo de repetição foi realizado com o auxílio do software Excel.

6.2 Resultados da Simulação Nas tabelas e figuras a seguir são apresentados os resultados obtidos na simulação. A

primeira verificação importante para avaliar o dimensionamento do sistema de ar condicionado

é o tempo de uso da rede convencional. Foram contabilizados 7 horas de acionamento da rede

por alta na temperatura do tanque, de um total de 8760 horas correspondente ao período de um

ano de simulação, significando uma porcentagem de cerca de 0,08% do tempo total de

simulação. Já o tempo de desativação do sistema para não congelamento do fluido armazenador

foi contabilizado em 764 horas, correspondendo a 8,7% do tempo total de simulação. Dessa

verificação mais geral, pode-se concluir que o sistema de refrigeração dimensionado atende o

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103

emprego requerido, dado o uso quase nulo da rede convencional, assim como há um excesso

de energia produzida pelos painéis fotovoltaicos não aproveitado pelo sistema de

condicionamento, expresso na porcentagem mais relevante do tempo de simulação respectivo

à desativação das unidades condensadoras. Isso indica que o sistema de armazenamento pode

ser aprimorado, aumentando-se o tamanho do tanque ou mudando o meio armazenador de modo

a aproveitar essa parcela de energia desperdiçada, ainda que esta não se demonstre essencial ao

desempenho final do sistema de condicionamento de ar projetado, visto que este satisfaz a

demanda do laboratório com o tanque projetado, nesta simulação. Consecutivamente, outros

parâmetros serão analisados de modo a ter-se um entendimento mais detalhado da performance

do sistema projetado.

A temperatura média do tanque foi avaliada em aproximadamente -2,8ºC, ou seja entre

os 4ºC estipulados de projeto e 0ºC, indicando que o sistema se utiliza, na média, da vantagem

da diminuição do ponto de fusão do meio armazenador previsto no projeto do sistema de

armazenamento térmico, garantindo a performance requerida pelo sistema de resfriamento de

ar.

A temperatura mínima do tanque alcançada foi de -9.71ºC, acima do ponto de fusão do

meio armazenador de -10.5ºC, confirmando a efetividade da temperatura de desativação do

sistema de refrigeração estipulada em 7ºC para evitar o congelamento do meio armazenador. A

temperatura máxima do tanque foi 9,5ºC, acima 0,5ºC da temperatura estipulada para emprego

da rede convencional. Consecutivamente, é importante a análise do perfil das cargas atuantes

no tanque armazenador durante diferentes épocas do ano para entender melhor o desempenho

do sistema e compreender, por exemplo, por que ainda que se tenha excesso de energia

produzida, a rede pública teve que ser acionada.

A tabela 6.1 reúne os principais resultados da simulação citados acima. A figura 6.1

demonstra os perfis médios mensais das cargas atuantes no tanque, sendo: 𝑄𝑓𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜, a taxa de

calor que aquece o tanque proveniente da climatização do laboratório e das perdas respectivas;

𝑄𝑟𝑒𝑡𝑖𝑟𝑎𝑑𝑜, é a taxa de calor que resfria o tanque devido à refrigeração do meio armazenador

pelas unidades condensadoras; e 𝑄𝑎𝑐𝑢𝑚, é a energia acumulada no tanque como indicado no

tópico anterior. A figura 6.2 apresenta o perfil da carga média mensal acumulada junto com a

variação da temperatura média durante o período da simulação. As figuras 6.3 e 6.4 apresentam

perfis horários de um dia típico de verão e inverno respectivamente.

Observando a figura 6.1, tem-se que, excluindo os meses de inverno (maio, junho e

julho), a carga retirada é maior ou igual à fornecida ao tanque, o que corrobora o projeto de

seleção do sistema de refrigeração. A energia média acumulada permanece aproximadamente

constante durante os meses de agosto a dezembro, e começa a decair com a proximidade dos

meses de inverno, como previsto, chegando ao seu mínimo no mês de junho. Esse

comportamento também pode ser visto observando a figura 6.2. Nela, a temperatura do tanque

tem um pico no período do inverno, representando a queda na energia acumulada. As figuras

6.3 e 6.4 são úteis na análise desse acontecimento:

Durante o verão, há uma diferença significativa entre a carga retirada e fornecida ao

tanque das 6h às 18h, o que representa quase a totalidade do período considerado de

funcionamento do laboratório, sendo alcançada a carga máxima conjunta de refrigeração das

unidades condensadoras, avaliada em um pouco mais de 20 kW, no pico da disponibilidade de

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energia solar, ou seja, 12h. Já no inverno, além do perfil da curva de carga retirada do tanque

encurtar e se concentrar próximo ao horário de pico solar, a carga máxima retirada,

aproximadamente no valor de 9 kW, é consideravelmente menor que o máximo possível de 20

kW. Isso indica que, apesar do sistema de refrigeração selecionado ter capacidade de suprir a

carga térmica do laboratório (como acontece no verão), a queda da disponibilidade de energia

solar no período do inverno resulta na necessidade do uso da energia acumulada pelo meio

armazenador.

Concluindo, o sistema de refrigeração selecionado mostra-se suficiente para a operação

empregada e, caso seja necessário melhorar o desempenho do sistema de condicionamento de

ar no inverno, tem-se as alternativas de aumentar o tanque (ou trocar o meio armazenador), com

o intuito de armazenar a energia desperdiçada produzida no verão, e/ou aumentar o número de

módulos dos painéis fotovoltaicos, de modo a captar mais energia solar e gerar mais eletricidade

no inverno, consequentemente aumentando a carga máxima retirada do tanque pelas unidades

condensadoras neste período, reduzindo assim a necessidade do uso da energia armazenada no

tanque.

Indicadores

temperatura do tanque tempo de simulação

máxima 9,5 horas com rede convencional 7

média -2,8 horas com unidades desativadas 764

mínima -9,7 horas totais 8.760

mês Qretirado médio [W] Qfornecido médio [W] Qacum médio [kJ]

jan 3.904 3.858 241.316

fev 4.096 4.061 232.521

mar 3.739 3.690 217.254

abr 3.204 3.169 197.902

mai 2.297 2.426 151.732

jun 1.987 2.004 112.831

jul 2.051 2.104 149.383

ago 2.384 2.371 237.314

set 2.602 2.606 242.446

out 2.958 2.936 246.850

nov 3.356 3.329 246.075

dez 3.736 3.696 244.278

Tabela 6.1: Principais resultados da simulação

Fonte: Elaboração do autor.

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Figura 6.1: Cargas térmicas médias mensais do tanque

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 6.2: Relação da carga acumulada e a temperatura do tanque média mensal

Fonte: Elaboração do autor

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Figura 6.3: Cargas horárias para um dia típico de verão

Fonte: Elaboração do autor.

Figura 6.4: Cargas horárias para um dia típico de inverno

Fonte: Elaboração do autor.

6.3 Resumo dos Investimentos e Análise Econômica Primeiro, são reunidos na tabela 6.2 abaixo os principais investimentos previstos para a

composição do sistema de ar condicionado do projeto:

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Investimentos Quantidade Preço Preço total

Caixa d'água Tigre 5.000L 1 R$ 2.000 R$ 2.000

Sal grosso 750 kg R$ 4/kg R$ 3.000

Poliestireno expandido (isopor) 11 m² R$ 43/m² R$ 473

Fan Coil 42LS Carrier 1 R$ 2.300 R$ 2.300

Bomba GP - 250P Inova 1 R$ 1.000 R$ 1.000

Serpentina de cobre 24 m 2 R$ 600 R$ 1.200

Unidade Cond. UDB 4.800 Elgin 2 R$ 8.000 R$ 16.000

Válvula TE5 Orifício 02 Danfoss 2 R$ 600 R$ 1.200

Módulo Elgin 275 Wp 68 R$ 550 R$ 37.400

Inversor SP - 7.5K MPP Solar 2 R$ 8.000 R$ 16.000

Termostato 2 R$ 340 R$ 680

Total R$ 81.253

Tabela 6.2: Resumo dos principais investimentos para o sistema de ar condicionado

Fonte: Elaboração do autor.

Para realizar a análise econômica do projeto é preciso determinar a energia economizada

pelo sistema. Como apenas em 7 das 8.760 horas de simulação foi utilizada a rede pública, a

energia economizada é praticamente toda a energia elétrica fornecida ao sistema pelos painéis,

calculadas pelo software SAM.

O próximo passo é determinar a tarifa por kWh cobrado na região. As tarifas alternam

de valor de acordo com períodos do dia chamados de pico, intermediário e fora do pico, em que

a tarifa decresce respectivamente. Segundo [71], e observando as figuras 6.3 e 6.4 conclui-se

que os horários de economia de energia se situam, em ordem decrescente de frequência, nos

períodos de fora de pico e intermediário. Com essa informação, acessando [72] é determinado

o valor da tarifa com impostos para estabelecimentos não residenciais em R$ 0,8/kWh.

Finalmente é calculada a economia em um ano de utilização do ar-condicionado

fotovoltaico:

Energia anual fornecido pelo inversor [kWh] Tarifa intermediária [R$/kWh] Economia atual

24.942 0,79 R$ 19.704

Tabela 6.3: Calcula da economia com eletricidade anual

Fonte: Elaboração do autor.

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Figura 6.5: Média mensal da energia economizada com o inversor e do custo associado

Fonte: Elaboração do autor.

A partir da economia anual com eletricidade pode-se determinar o tempo de retorno do

projeto. Através da tabela 6.4 a seguir, compreende-se que a partir do quarto ano de utilização

o projeto paga o investimento inicial feito.

Ano 0 1 2 3 4 5

Investimento -R$ 81.253

Economia R$ 19.704 R$ 19.704 R$ 19.704 R$ 19.704 R$ 19.704 R$ 19.704

Retorno -R$ 61.549 -R$ 41.845 -R$ 22.141 -R$ 2.437 R$ 17.267 R$ 36.971

Tabela 6.4: Retorno do investimento realizado no ar-condicionado

Fonte: Elaboração do autor.

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109

7. Conclusão Este projeto consistiu no estudo do emprego da tecnologia fotovoltaica e de

armazenamento de energia térmica em aplicações de condicionamento de ar de pequeno e

médio porte, com o objetivo de dimensionar os equipamentos de um sistema de ar condicionado

à energia fotovoltaica com armazenamento de energia térmica, e posterior seleção destes após

pesquisa de mercado.

As simulações realizadas no capítulo 6 demonstram que a meta de desenvolver um

aparelho de ar condicionado que funcionasse apenas com energia solar foi alcançada, assim

como gerar uma economia capaz de retornar o investimento inicial requerido.

Ainda, trabalhos futuros podem ser feitos de modo a explorar aplicações em que a

disponibilidade de energia solar se encontre deslocada da demanda energética, como é o caso

dos aparelhos de ar condicionado residenciais. Outros estudos podem envolver configurações

diferentes para o sistema de geração fotovoltaico, assim como a possibilidade de emprego de

outros tipos de meios armazenadores, como materiais de mudança de fase apresentados no

capítulo 3.3.

O campo das fontes alternativas de energia é amplo e comporta muitos estudos e

pesquisas. Especificamente, ainda há pouco material na literatura a respeito de tecnologias de

sistema de ar condicionado à energia fotovoltaica, porém, é uma área em rápido crescimento e

com grande potencial de recompensar os esforços colocados nela, pois abrange aplicações

cotidianas e fundamentais na nossa sociedade e que alcançam empregos de escalas residenciais

a industriais.

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Anexos – Catálogos Técnicos

Tanque armazenador

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Resfriador de Ar

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Bomba de Circulação

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Unidade Condensadora

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Válvula de Expansão

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Módulo Fotovoltaico

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Inversor