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ESTUDO DE VIABILIDADE TCNICA,
ECONMICA E AMBIENTAL DA HIDROVIA DO
RIO PARAGUAI
VOLUME 5
ASPECTOS JURDICOS
2015
U58
Universidade Federal do Paran. Instituto Tecnolgico de Transporte e
Infraestrutura
Hidrovia do Rio Paraguai: Estudo de Viabilidade Tcnica, Econmica e
Ambiental: Aspectos Jurdicos / Instituto Tecnolgico de Transportes e
Infraestrutura. Curitiba: UFPR/ITTI, 2015. (5. v.).
79f. : il.; tabs.
Relatrio Final.
Contedo: Volume 1 Relatrio do Estudo EVTEA; Volume 2 Relatrio dos
Estudos e Projetos dos Melhoramentos Cotejados; Volume 3 A Estudos
Hidrulicos, Hidrodinmicos, de Balizamento e Sinalizao; Volume 3 B Relatrio
dos Estudos de Macroeconomia, Socioeconmica, Macro logstica e Viabilidade
Econmica; Volume 3 C Diagnstico Ambiental; Volume 4 Custos; Volume 5
Aspectos Jurdicos.
Inclui Bibliografia
1.Hidrovias. 2.Estudo de Viabilidade. 3.Bacia do rio Paraguai. I Ttulo
CDD 625.7
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 7
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 8
LISTA DE QUADROS ............................................................................................... 8
1 APRESENTAO ..................................................................................... 9
IDENTIFICAO DO EMPREENDEDOR ................................................ 10
IDENTIFICAO DO COOPERANTE ..................................................... 10
DADOS DA EQUIPE TCNICA MULTIDISCIPLINAR ............................. 11
2 INTRODUO ......................................................................................... 15
3 LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO ................................................ 16
4 LEGISLAO APLICVEL ..................................................................... 19
O PLANO NACIONAL DE VIAO E AS HIDROVIAS ............................ 20
O ORDENAMENTO DO TRANSPORTE HIDROVIRIO ......................... 23
A LEGISLAO PORTURIA .................................................................. 24
4.3.1 Portos e Meio Ambiente ........................................................................... 24
4.3.2 Trabalho Porturio .................................................................................... 26
4.3.3 Portarias da Secretaria dos Portos ........................................................... 27
4.3.4 Resolues da ANTAQ - Navegao Interior ........................................... 27
4.3.5 Resolues da ANTAQ - Portos e terminais............................................. 29
4.3.6 Decreto n 7.860, 06/12/2012 ................................................................... 30
4.3.7 Decreto n 7.861, 06/12/2012 ................................................................... 31
4.3.8 Lei de Criao da Secretaria Especial de Portos SEP .......................... 32
4.3.9 Decreto de criao da COMPORTOS ...................................................... 32
RECURSOS HDRICOS E MEIO AMBIENTE .......................................... 32
4.4.1 Lei 9.433/97 .............................................................................................. 32
4.4.2 As resolues do Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH ...... 33
4.4.3 As leis estaduais de recursos hdricos ..................................................... 35
5 BASES LEGAIS E ADMINISTRATIVAS, FUNDAMENTOS E
LEGISLAO BRASILEIRA SOBRE O TRANSPORTE HIDROVIRIO
INTERIOR ................................................................................................ 37
TRANSPORTE HIDROVIRIO INTERIOR E A LEGISLAO BRASILEIRA
............................................................................................................... 37
A MARINHA DO BRASIL E A LESTA (LEI DE SEGURANA DO
TRFEGO AQUAVIRIO) ...................................................................... 38
AS NORMAS DA AUTORIDADE MARTIMA PARA A NAVEGAO
INTERIOR .............................................................................................. 39
A ANTAQ, A ANTT E O DNIT E AS ADMINISTRAES HIDROVIRIAS41
O TRANSPORTE HIDROVIRIO INTERIOR E O MEIO AMBIENTE ...... 42
5.5.1 O PNMA e o SISNAMA ............................................................................ 42
5.5.2 A gesto ambiental na esfera federal ....................................................... 43
5.5.3 Ministrio dos Transportes ....................................................................... 44
5.5.4 Ministrio do Meio Ambiente .................................................................... 44
5.5.5 Marinha do Brasil (Ministrio da Defesa) .................................................. 44
5.5.6 Ministrio das Relaes Exteriores .......................................................... 47
5.5.7 Ministrio da Sade .................................................................................. 47
5.5.8 Ministrio do Trabalho e Emprego ............................................................ 48
5.5.9 Ministrio Pblico Federal ........................................................................ 48
5.5.10 Fundao Nacional do ndio ..................................................................... 49
5.5.11 Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional ............................... 49
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA HIDROVIA ....................................... 49
6 ACORDOS E TRATADOS INTERNACIONAIS NA HIDROVIA ............... 54
O ACORDO DA HIDROVIA ...................................................................... 55
6.1.1 Implicaes com a segurana da navegao ........................................... 56
6.1.2 rgos pertencentes ao Acordo ............................................................... 57
6.1.3 Elementos fundamentais do Acordo da Hidrovia ...................................... 58
SITUAO DOS RGOS RESPONSVEIS PELA APLICAO DAS
REGRAS DO ACORDO DA HIDROVIA PARAGUAI-PARAN .............. 61
6.2.1 Metas e perspectivas ................................................................................ 62
7 ACORDO DE TRANSPORTE FLUVIAL PELA HIDROVIA PARAGUAI-
PARANA .................................................................................................. 64
8 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................... 74
9 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................ 76
7
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 3.1 HIDROVIA PARAGUAI-PARAN. ..................................................... 17
FIGURA 3.2 TRECHO BRASILEIRO DA HIDROVIA DO RIO PARAGUAI. ........... 18
8
LISTA DE TABELAS
TABELA 4.1 RELAO DESCRITIVA DA HIDROVIA DO PLANO NACIONAL DE
VIAO ..................................................................................................................... 21
TABELA 4.2 INTERLIGAO DE BACIAS DO PLANO NACIONAL DE VIAO . 23
TABELA 6.1 - INTERNALIZAO DE REGULAMENTOS........................................ 59
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1.1 - EQUIPE TCNICA MULTIDISCIPLINAR ......................................... 11
QUADRO 6.1 - ACORDOS INTERNACIONAIS RELACIONADOS HIDROVIA
PARAGUAI-PARAN. ............................................................................................... 54
9
1 APRESENTAO
O Volume 5 do Estudo de Viabilidade Tcnica, Econmica e Ambiental
(EVTEA) da Hidrovia do Rio Paraguai refere-se aos Aspectos Jurdicos. O Projeto
fruto de um Termo de Cooperao celebrado entre o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Universidade Federal do Paran (UFPR)
(Termo de Cooperao UFPR/DNIT: 096/2014), a qual realizou os estudos atravs
do Instituto Tecnolgico de Transportes e Infraestrutura (ITTI).
O presente volume apresenta as principais leis, decretos, portarias e
resolues que estabelecem o arcabouo jurdico-legal das atividades que se
desenvolvem na Hidrovia, com especial destaque para os aspectos de transporte e
de meio ambiente para o trecho brasileiro do Rio Paraguai, localizado nos estados
de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, em uma extenso de projeto de 1.270 km,
sob jurisdio do Ministrio dos Transportes Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT) Diretoria de Infraestrutura Aquaviria (DAQ).
____________________________
Prof. Dr. Eduardo Ratton
Coordenador Geral
CREA 7657-PR
10
IDENTIFICAO DO EMPREENDEDOR
Empreendedor: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT
CNPJ: 04892707/0001-00
Telefone: (61) 3015-4101
Endereo: SAN Q.03 Bl. A Ed. Ncleo dos Transportes
CEP: 70.040-902 Braslia/DF
Pgina na internet: http://www.dnit.gov.br
Registros no Cadastro Tcnico Federal (IBAMA): 671360
IDENTIFICAO DO COOPERANTE
Nome: Universidade Federal do Paran UFPR
CNPJ: 75.095.679/0001-49
Endereo: Rua XV de Novembro, 1299
CEP: 80.060-000 CURITIBA - PR
Telefone: (041) 3360.5012
Representantes legais: Prof. Prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho - Reitor
CPF: 350.063.759-53, RG 1.439.536/SSPR;
Endereo: Rua XV de Novembro, 1299, CEP: 80.0060-140 Curitiba - PR
Pessoa de contato: Prof. Dr. Eduardo Ratton
CPF: 354.092.589-91 RG 1.037.832-SSPR
Endereo: Departamento de Transportes UFPR
Telefone: (41) 3226-6658
E-mail: [email protected]
Registro no Cadastro Tcnico Federal (IBAMA): 274192
11
DADOS DA EQUIPE TCNICA MULTIDISCIPLINAR
Os estudos foram realizados pelo Instituto Tecnolgico de Transportes e
Infraestrutura (ITTI), do Departamento de Transportes/Setor de Tecnologia, da
UFPR Universidade Federal do Paran, sob a coordenao do Prof. Dr. Eduardo
Ratton, sendo a equipe tcnica de nvel superior composta pelos seguintes
profissionais (Quadro 1.1).
QUADRO 1.1 - EQUIPE TCNICA MULTIDISCIPLINAR
NOME REGISTRO PROFISSIONAL
FORMAO PROFISSIONAL FUNO
EDUARDO RATTON CREA: PR 7.657/D
Eng. Civil MSc. e Dr. Geotecnia
Coordenador Geral
MRCIO LUIZ BITTENCOURT CRBio: PR 03157/07
Bilogo Esp. Cincias Florestais
Coordenador Executivo
TOBIAS BLENINGER Eng. Civil Dr. Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Coordenador Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
PHILIPE RATTON CREA: PR 108.813/D
Eng. Civil M.Sc. Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental Doutorando em Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
GUSTAVO PACHECO TOMAS CREA: SC 107.305-9/D
Eng. Civil M.Sc. Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental Doutorando em Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
HECTOR GUILHERME BARSOTTI CREA: PR 136.933/D
Eng. Civil
Balizamento e Sinalizao nutica
HENRIQUE GUARNERI CREA: PR 150.339/D
Eng. Ambiental Mestrando Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos, Geodsia e Geoprocessamento
RENATA CORREIA CREA: PR 144081/D
Eng. Ambiental. Mestranda Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
FLVIA ALINE WAYDZIK CREA: PR 141030/D
Eng. Civil Mestranda Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
DURVAL NASCIMENTO NETO CRBIO: 28816/07
Biologia M.Sc. Agronomia
Estudos Ambientais
MAURICIO FELGA GOBBI CREA: PR 93591/D
Eng. Civil MSc. Eng. Ocenica Dr. Eng. Costeira
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
CARLOS AURLIO NADAL CREA: PR 7.108/D PR
Eng. Civil M.Sc. e Dr Cincias Geodsicas
Coordenador Estudos Cartogrficos
12
NOME REGISTRO PROFISSIONAL
FORMAO PROFISSIONAL FUNO
GILZA FERNANDES BLASI CREA: PR 9.279/D
Eng. Civil M.Sc. Infraestrutura e Gerncia Viria
Engenharia de Transportes
JOS GERALDO MADERNA LEITE CREA: PR 3041/D
Eng. Civil M.Sc. Desenv. Econmico e Transp, Dr. Eng. Florestal
Coordenador Estudos Econmicos Viabilidade Econmica
EVERTON PASSOS CREA: PR 11461/D
Geografia M.Sc. Cincias do Solo Dr. Engenharia Florestal Especialista em Geoprocessamento
Geografia e Geoprocessamento
SONY CORTESE CANEPARO CREA: PR 11509/D
Geografia Esp. Geoprocessamento M.Sc. Cincias Geodsicas Dr. Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Geografia e Geoprocessamento
SANDRA MARTINS RAMOS CRBio: PR 66547/07D
Biologia M.Sc. Ecologia e Conservao Doutoranda em Geologia Ambiental
Estudos Ambientais
CINTHIA MARIA DE SENA ABRAHO
Economia M.Sc. Histria da Econmica Dr. Geografia
Socioeconomia
EDUARDO TEIXEIRA DA SILVA CREA: MG 54037/D
Eng. Agrcola. Ms.C. Dr. Engenharia Agrcola
Uso da Terra
JONATHAN DIETER CREA: PR 94.414/D
Eng. Agrcola MSc. Dr. Eng. Agrcola
Estudos Hidrolgicos e Hidrodinmicos
ROBSON ANDR ARMINDO CREA: PR 114.057/D
Eng. Agrcola Msc. Dr. Irrigao e Drenagem
Uso da Terra
LUS AUGUSTO KOENIG VEIGA CREA: PR 27.628/D
Eng. Cartogrfica MSc. Dr. Eng. de Transportes
Cartografia e Geodsia
ANTONIO OSTRENSKI NETO Oceanologia M.Sc Dr. Zoologia
Meio Ambiente Aqutico
ELISANDO PIRES FRIGO CREA PR 7.108/D
Eng. Agrcola M.Sc. Eng. Sist. Industriais
Uso e ocupao do Solo
DONIZETI ANTONIO GIUSTI CREA SP 6.397/D
Geologia M.Sc. Geocincias (Recursos Minerais e Dr. Hidrogeologia
Geologia e Geomorfologia
DARTAGNAN BAGGIO EMERENCIANO CREA: PR 7.497/D
Eng. Florestal M.Sc. Dr. Engenharia Florestal
Vegetao e fitogeografia
NILTON JOS SOUZA CREA: PR 25.401/D
Eng. Florestal M.Sc. Engenharia Florestal
Vegetao e fitogeografia
MARCOS AURLIO T. DA SILVEIRA CREA: PR 23.135/D
Geografia MSc. Turismo / Dr. Geografia Humana
Coordenador da rea de Turismo
JOS EDUARDO PCORA JUNIOR Matemtica M.Sc. Matemtica Aplicada. Dr. Administrao de Empresas
Coordenador Estudos Logsticos
MARIO HENRIQUE FURTADO CREA: PR 124.50/D
Eng. Civil MSc, Engenharia de
Engenharia de Transportes
13
NOME REGISTRO PROFISSIONAL
FORMAO PROFISSIONAL FUNO
Transportes
CASSIUS TADEU SCARPIN CREA: PR123.294/D
Eng. de Produo e Matemtica M.Sc. e Dr. Pesquisa Operacional
Logstica e Transportes
MARCELO LUIZ CURADO CORECON: PR 5.922-6
Cincias Econmicas M.Sc. Desenvolvimento Econmico Dr. Poltica Econmica
Estudos Econmicos
RUY ALBERTO ZIBETTI OAB: 17.951/PR
Direito Esp. Direito Ambiental. Doutorando Direito Intl.
Coord. Jurdico - Relaes Institucionais
CRISTHYANO CAVALI DA LUZ CREA: PR 109.275/D
Eng. Civil MSc. Cincias Geodsicas
Estudos Cartogrficos
RODRIGO DE CASTRO MORO CREA: PR 137.730 /D
Eng. Cartogrfica e Agrimensura
Estudos Cartogrficos, Geodsia e Geoprocessamento
ALEXANDRE BRGEL GUARNERI CREA: PR 146.733/D
Eng. Ambiental Estudos Ambientais
VILMA MACHADO Biblioteconomia Reviso Bibliogrfica
LUIZ OCTAVIO OLIANI CREA: PR 115.775/D
Eng. Cartogrfica e Agrimensura MSc. Cincias Geodsicas
Cartografia e Geoprocessamento
EDU JOS FRANCO CREA: PR 25802/D
Eng. Civil M.Sc. Eng. de Rec. Hdricos e Ambiental
Procedimentos Executivos e Estimativas de Custo
ESTAGIRIOS - GRADUANDOS
AUGUSTO SCHRITKE DE JESUS Geografia Cartografia e Geoprocessamento
LEONARDO DE MARINO TREML Eng. Florestal Estudos Ambientais
MARCEL NEVES DA SILVA Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
BRUNA MARCELI CLAUDINO BUHER
Geografia Cartografia e Geoprocessamento
GUSTAVO YURI MINE MISAEL Geografia Socioeconmica
KARLA DUARTE MARINHO FREIRE Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
LEONARDO KOPPE MALANSKI Economia Logstica
LETICIA TABORDA RIBAS SCREMM
Administrao Logstica
MARIA ELIZA TUREK Eng. Ambiental Estudos Ambientais
MAURO CANTON NICOLAO Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
14
NOME REGISTRO PROFISSIONAL
FORMAO PROFISSIONAL FUNO
MICHELE ALVES MACHADO Administrao Logstica
OTACLIO LOPES DE SOUZA DA PAZ
Geografia Cartografia e Geoprocessamento
RAQUEL PAPILE Administrao Socioeconomia
PRISCILA NEGRO Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
RENAN ALVES DO NASCIMENTO Eng. Civil Logstica e Transportes
RENAN CARVALHO MATOS GUEDES
Eng. Civil Estudos e projetos
RODRIGO YUIUTI IZUMI Eng. Ambiental Estudos Ambientais
VANESSA GUIMARES DE AGUIAR Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
VINICIUS ANDR BOESE Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
LEONARDO MIRANDA Geografia Cartografia e Geoprocessamento
RODRIGO JARDIM RAGAZZI Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
FLVIA CRISTINA ARENAS Eng. Cartogrfica Cartografia e Geoprocessamento
MASSIMO VIKTOR KARLY Eng. Civil Estudos e projetos
ALEXANDRE SAMUEL RAMALHO Eng. Civil Estudos e projetos
LUCAS RICARDO VALENTIN Eng. Civil Estudos e projetos
JONATAN RAFFO DA SILVA Eng. Civil Estudos e projetos
FELIPE JOS GASPARIN Eng. Civil Estudos e projetos
THAIS NOGUEIRA DE REZENDE Eng. Civil Estudos e projetos
ANA PAULA BARBOSA ALMEIDA Eng. Civil Estudos e projetos
FONTE: UFPR/ITTI, 2015.
15
2 INTRODUO
A utilizao de um rio como uma hidrovia comercialmente navegvel
requer uma srie de cuidados e medidas que venham a contribuir para o uso
harmnico dos recursos naturais na rea de influncia do evento. A navegao
interior sempre apresentou uma legislao e regulamentao dispersas advindas
ou derivadas do transporte martimo que continham uma srie de impropriedades,
por no considerarem convenientemente as particularidades das guas interiores,
gerando problemas na implantao, manuteno, operao, controle das
mesmas. A legislao pertinente navegao abrange uma srie de leis, decretos,
portarias, instrues, normas e resolues, sujeitas a alteraes pelos rgos
intervenientes envolvidos.
Se, por um lado, as leis eram advindas da legislao martima, a
administrao do transporte hidrovirio interior, quase sempre esteve atrelada s
administraes do setor porturio no pas, conforme pode ser observado no
histrico de rgos administrativos:
Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais, criada em 1911;
Departamento Nacional de Portos e Navegao, criado em 1933;
Departamento Nacional de Portos, Rios e Canais, criado em 1933;
Departamento Nacional de Portos e Vias Navegveis, criado em 1943;
Empresa de Portos do Brasil PORTOBRS, criada em 1976;
Departamento de Portos e Hidrovias, criado em 1993;
Secretaria de Transportes Aquavirios, com a criao de trs
departamentos subordinados a esta secretaria, o Departamento de
Marinha Mercante (DMM), o Departamento de Portos (DP) e o
Departamento de Hidrovias Interiores (DHI) criado em 1995;
Agncia Nacional de Transportes Aquavirios (ANTAQ), criada em 2001.
H, entre os atos legais relativos navegao interior, a Constituio
Federal, e as portarias e normas do Ministrio dos Transportes e da Marinha do
Brasil, alm de acordos e convenes internacionais, estabelecidos entre os pases
vizinhos na regio da Hidrovia do Rio Paraguai.
16
3 LOCALIZAO DA REA DE ESTUDO
A Hidrovia Paraguai-Paran um dos mais extensos e importantes eixos
continentais de integrao poltica, social e econmica da Amrica do Sul. Ela corta
metade da Amrica do Sul, iniciando no municpio de Cceres, em Mato Grosso, e
terminando em Nova Palmira, no Uruguai, como mostra a Figura 3.1.
Segundo a Ahipar (2015a), so 3.442 km que servem a cinco pases: Brasil,
Bolvia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Sua rea de influncia representa cerca de
700.000 km, atingindo uma populao de 25 milhes de habitantes e divide-se em
quatro trechos:
Tramo I: Rio Paraguai (eminentemente brasileiro) de Cceres a
Corumb (680 km);
Tramo II: Rio Paraguai de Corumb a Assuno (1.113 km);
Tramo III: rios Paraguai e Paran de Santa F a Assuno (1.040
km);
Tramo IV: Rio Paran/Rio da Prata de Santa F foz (Buenos
Aires) (aproximadamente 590 km).
De acordo com o Termo de Referncia, os trechos de interesse deste estudo
so o Tramo I (Cceres a Corumb) e o Tramo II (Corumb foz do rio Apa), que
representam o trecho brasileiro da Hidrovia do Rio Paraguai, com aproximadamente
1.270 km. A Figura 3.2 ilustra a regio de interesse do Estudo.
17
FIGURA 3.1 HIDROVIA PARAGUAI-PARAN. FONTE: UFPR/ITTI, 2015.
18
FIGURA 3.2 TRECHO BRASILEIRO DA HIDROVIA DO RIO PARAGUAI. FONTE: UFPR/ITTI, 2015.
19
4 LEGISLAO APLICVEL
Este captulo apresenta as principais leis, decretos, portarias e resolues
que estabelecem o arcabouo jurdico-legal das atividades que se desenvolvem nas
hidrovias, com especial destaque para os aspectos de transporte e meio ambiente.
Para melhor acesso e consulta, os diversos dispositivos legais foram
organizados em cinco grupos principais:
Os Ordenamentos Gerais ressaltando como legislao principal o Plano
Nacional de Viao PNV, e suas modificaes e aperfeioamentos,
incluindo-se nesta parte a Lei das Concesses, por sua aplicabilidade ao
setor;
O Ordenamento do Transporte Hidrovirio a partir da Lei n 9.432, de
08/01/1997, que ordena e estabelece os marcos principais para a regulao
do transporte hidrovirio, seguindo-se a Lei n. 10.233, de 5 de junho de
2001, que criou o Conselho Nacional de Integrao de Polticas de
Transporte - CONIT, a Agncia Nacional de Transportes Terrestres- ANTT, a
Agncia Nacional de Transportes Aquavirios ANTAQ, e o Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT.
A Legislao Porturia com destaque para os marcos principais,
especialmente a nova Lei 12.815/2013;
A Legislao Ambiental direcionada atividade porturia tratada com a
apresentao das leis e decretos principais, seguindo-se das resolues da
Anvisa e do Conama.
Os temas se sucedem, passando a tratar do trabalho porturio, da
segurana, com a apresentao das portarias da SEP acerca dos sistemas VTS e
das diretrizes gerais para a elaborao dos PDZ e as resolues da ANTAQ,
classificadas conforme tratem de questes porturias ou de navegao interior.
A questo hidroviria tambm objeto da legislao compulsada neste
relatrio, mostrando-se tanto a legislao bsica sobre os recursos hdricos e o meio
ambiente, desde a lei principal (lei 9.433/97), acompanhada das resolues do
Conselho Nacional de Recursos Hdricos CNRH, indo legislao especfica dos
estados cortados pela Hidrovia do Rio Paraguai.
20
A consolidao completa-se com as Normas da Autoridade Martima as
NORMAM direcionadas ao espao hidrovirio, tratando das embarcaes, dos
profissionais aquavirios, das disposies acerca das atividades de dragagem,
sinalizao, entre outros temas pertinentes, as quais so apresentadas na seo
5.3.
O PLANO NACIONAL DE VIAO E AS HIDROVIAS
A Lei n 5.917, de 10 de setembro de 1973, aprovou o Plano Nacional de
Viao PNV e seu objetivo essencial permitir o estabelecimento da infraestrutura
de um sistema virio integrado e as bases para planos de transporte que atendam
s necessidades do Pas, sob os aspectos sociais, econmicos, polticos e militar.
Dentre seus princpios e normas fundamentais desta lei, aplicveis
navegao hidroviria, destacam-se:
O artigo 3, letra f estipula que a execuo das obras referentes ao Sistema
Nacional de Viao, especialmente as previstas no Plano Nacional de
Viao, dever ser realizada em funo da existncia prvia de estudos
econmicos, que se ajustem s peculiaridades locais, que justifiquem sua
prioridade e de projetos de engenharia final.
Na letra i do mesmo artigo, as disposies se completam ao estabelecer que
tanto os investimentos na infraestrutura como a operao dos servios de
transportes reger-se-o por critrios econmicos; ressalvam-se apenas, as
necessidades imperiosas ligadas Segurana Nacional, e as de carter
social, inadiveis, definidas e justificadas como tais pelas autoridades
competentes, vinculando-se, porm, sempre aos menores custos, e levadas
em conta outras alternativas possveis.
Alm disso, nessa lei, o artigo 9 diz: O Plano Nacional de Viao ser, em
princpio, revisto de cinco em cinco anos.
O anexo referida lei descreve todo o Sistema Nacional de Viao o
Sistema Rodovirio Estadual, o Sistema Ferrovirio, o Porturio (com a Relao
Descritiva dos Portos Martimos, Fluviais e Lacustres) e o Sistema Hidrovirio
Nacional, cuja definio inclui rios, lagos e canais, suas instalaes e acessrios
21
complementares, bem como as atividades e meios estatais diretos de operao da
navegao hidroviria. So cerca de 40 mil km de hidrovias e nove interligaes,
previstas para efeito de continuidade da navegao.
A Tabela 4.1 apresenta a relao descritiva das hidrovias do Plano Nacional
de Viao, atualizada pela lei n 6.630, de 1979, e a Tabela 4.2 apresenta as
propostas de interligaes de bacias apresentadas nesse mesmo plano.
TABELA 4.1 RELAO DESCRITIVA DA HIDROVIA DO PLANO NACIONAL DE VIAO
Rio Pontos Extremos dos Trechos
Navegveis
Extenso (km)
BACIA AMAZNICA
Amazonas Foz/Benjamim Constant 3.180
Negro Manaus/Cucu 1.210
Branco Foz/Confluncia Urariguara/Tacutu 577
Juru Foz/Cruzeiro do Sul 3.489
Tarauac Foz/Tarauac 660
Embira Foz/Feij 194
Javari Foz/Boca do Javari-Mirim 510
Japur Foz/Vila Bittencourt 721
I Foz/Ipiranga 368
Purus Foz/Sena Madureira (no rio Iaco) 2.846
Acre Foz/Brasilia 796
Madeira Foz/Confluncia Mamor/Beni 1.546
Guapor Foz/Cidade de Mato Grosso 1.180
Tapajs Santarm/Itaituba 359
Xingu Porto Moz/Altamira (Belo Monte) 298
Tocantins Belm/Peixe 1.731
Araguaia Foz/Balisa 1.800
Mamor Foz/Confluncia com Guapor 225
BACIA DO NORDESTE
Mearim Foz/Barra do Corda 470
Graja Foz/Graja 500
Pindar Foz/Pindar-Mirim 110
Itapicuru Foz/Colinas 565
Parnaba Foz/Santa Filomena 1.176
Balsas Foz/Balsas 225
BACIA DO SO FRANCISCO
So Francisco Foz/Piranhas 208
22
Cachoeira Itaparica 2.207
Paracatu Foz/Buriti 286
Velhas Foz/Sabar 659
Paraopeba Foz/Florestal 240
Grande Foz/Barreiras 358
Preto Foz/Ibipetuba 125
Corrente Foz/Santa Maria da Vitria 95
BACIA DO LESTE
Doce Foz/Ipatinga 410
Paraba do Sul Foz/Jacare 610
BACIA DO SUDESTE
Ribeira do Iguape Foz/Registro 70
Jacu Foz/Dona Francisca 370
Taquari Foz/Mussum 205
Ca Foz/So Sebastio do Ca 93
Sinos Foz/Pacincia 47
Gravata Foz/Gravata 12
Jaguaro Foz/Jaguaro 32
Camaqu Foz/So Jos do Patrocnio 120
Lagoa Mirim Pelotas/Santa Vitria do Palmar 180
Lagoa dos Patos Porto Alegre/Rio Grande 230
BACIA DO PARAGUAI
Paraguai Foz do Apa/Cceres 1.270
Cuiab/So Loureno Foz/Rosrio do Oeste 785
Taquari Foz/Coxim 430
Miranda Foz/Miranda 255
BACIA DO PARAN
Piracicaba* Foz/Paulinea*
Paran Foz/Iguau/Confluncia
Paranaba/Grande
808
Paranapanema Foz/Salto Grande 421
Tiet Foz/Mogi das Cruzes 1.010
Pardo Foz/Ponto da Barra 170
Ivinheima Foz/Confluncia Brilhante 270
Brilhante Foz/Pto. Brilhante 67
Inhandu Foz/Pto. Tupi 79
Paranaba Foz/Escada Grande 787
Iguau Foz/Curitiba 1.020
23
BACIA DO URUGUAI
Uruguai Barra do Quara/Ira 840
Ibicui Foz/Confluncia do Santa Maria 360
TOTAL GERAL 39.904
*trecho includo pela lei n 6.630, de 1979. FONTE: LEI N 5.917, DE 1973.
TABELA 4.2 INTERLIGAO DE BACIAS DO PLANO NACIONAL DE VIAO
Interligao Trecho a ser tornado navegvel
Paraguai-Guapor Foz do Jaur-Cidade de Mato Grosso
Paran-Paraguai Rio Paran-Coxim
Paranaba-So Francisco Escada Grande-Buriti (Rio Paracatu)
Tiet-Paraba do sul Mogi das Cruzes-Jacare
Taquari-Araguaia Coxim-Balisa
Ibicui-Jacu Vacaca-Ibicu
Canal do Varadouro Baa de Paranagu-Baa de Canania
Canal Santa Maria Rio Sergipe-Rio Vaza-Barris
Canal Tartaruga-Jenipapocu e Arari Na Ilha de Maraj
FONTE: LEI N 5.917, DE 1973.
O ORDENAMENTO DO TRANSPORTE HIDROVIRIO
Lei de N 9.432 de 08/01/1997
Esta lei ordena e estabelece os marcos principais para a regulao do
transporte hidrovirio atravs dos seus diversos captulos.
A Marinha do Brasil, como autoridade martima responsvel especialmente
pela segurana da navegao, editou as diversas normas que regulamentam estes
dispositivos da lei, como se verifica na parte pertinente desta Consolidao.
A Agncia Nacional de Transportes Aquavirios ANTAQ, por sua vez e
com base nesta lei, baixou as resolues reguladoras relativas navegao interior
e aos portos e terminais hidrovirios como sero tratados no espao prprio.
Lei n. 10.233, de 5 de junho de 2001
Esta lei dispe sobre a reestruturao dos transportes aquavirio e terrestre,
cria o Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transporte - CONIT, a
Agncia Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, a Agncia Nacional de
24
Transportes Aquavirios ANTAQ, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes - DNIT, e d outras providncias.
A LEGISLAO PORTURIA
Lei dos Portos 12.815/2013 (1)
Trata-se do mais recente marco regulatrio do setor porturio e de
navegao interior; revoga a Lei 8.630/93 e a Lei 11.610/2007, e lana novas bases
para o desenvolvimento do setor porturio nacional com o objetivo de promover
maior participao da iniciativa privada nos investimentos e na operao dos
terminais.
Lei dos Portos 12.815/2013 (2)
Conhecida como o marco regulatrio do setor porturio, a legislao definiu
novos termos para explorao de Terminais de Uso Privado - TUP, Estaes de
Transbordo de Carga - ETC, Instalaes Porturias de Turismo - IPT e Instalaes
Porturia de Pequeno Porte - IP4.
Delegao de Portos
A Lei n 9.277, de 10 de maio de 1996, autoriza a Unio a delegar aos
municpios, estados da federao e ao distrito federal a administrao e explorao
de rodovias e portos federais e foi regulamentada pelo Decreto n 2.184, de 24 de
maro de 1997.
4.3.1 Portos e Meio Ambiente
Decreto n 2.508, de 4 de maro de 1998
A legislao bsica acerca das questes do meio ambiente porturio tem
como referncias a Conveno Internacional para a Preveno da Poluio
Causada por Navios MARPOL adotada pelo Brasil atravs do Decreto n 2.508, de 4
de maro de 1998, que a promulgou.
25
Lei n 9.605 de fevereiro de 1998
Esta lei dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Lei n 9.966, de 28 de abril de 2000
Dispe sobre a preveno, o controle e a fiscalizao da poluio causada
por lanamento de leo e outras substncias nocivas ou perigosas em guas sob
jurisdio nacional.
Decreto n 4.136, de 20 de fevereiro de 2002
Este Decreto dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s
infraes s regras de preveno, controle e fiscalizao da poluio causada por
lanamento de leo e outras substncias nocivas ou perigosas em guas sob
jurisdio nacional, prevista na Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000.
Resoluo ANVISA RDC n 72, de 29 de dezembro de 2009
Dispe sobre o Regulamento Tcnico que visa promoo da sade nos
portos de controle sanitrio instalados em territrio nacional, e embarcaes que por
eles transitem.
Resoluo ANVISA RDC n 217, de 21 de novembro de 2001
Esta resoluo aprova o Regulamento Tcnico para a promoo da
vigilncia sanitria nos Portos de Controle Sanitrio instalados no territrio nacional,
embarcaes que operem transportes de cargas e ou viajantes nesses locais, e com
vistas promoo da vigilncia epidemiolgica e do controle de vetores dessas
reas e dos meios de transporte que nelas circulam.
Resoluo CONAMA n 5, de 5 de agosto de 1993
Esta resoluo estabelece as normas mnimas para tratamento de resduos
slidos oriundos de servios de sade, portos e aeroportos, bem como a
necessidade de estender tais exigncias aos terminais ferrovirios e rodovirios.
26
Dispe sobre o gerenciamento de resduos slidos gerados nos portos,
aeroportos, terminais ferrovirios e rodovirios e revoga as disposies que tratam
de resduos slidos oriundos de servios de sade pela Resoluo CONAMA n
358/05.
Resoluo CONAMA n 6, de 19 de setembro de 1991
A Resoluo CONAMA n 6 de 1991 dispe sobre o tratamento de resduos
slidos provenientes de estabelecimentos de sade, portos e aeroportos.
Resoluo CONAMA 306 de 19 de setembro de 1991
Estabelece os requisitos mnimos e o termo de referncia para realizao de
auditorias ambientais
Resoluo CONAMA n 398, de 11 de junho de 2008
Esta resoluo dispe sobre o contedo mnimo do Plano de Emergncia
Individual, para incidentes de poluio por leo em guas sob jurisdio nacional,
originados em portos organizados, instalaes porturias, terminais, dutos, sondas
terrestres, plataformas e suas instalaes de apoio, refinarias, estaleiros, marinas,
clubes nuticos e instalaes similares, e orienta a sua elaborao revoga a
Resoluo CONAMA n 293/01.
Considera a necessidade de estabelecer estratgias de preveno e gesto
dos impactos ambientais, gerados no Pas por portos organizados, instalaes
porturias ou terminais, dutos, plataformas e suas respectivas instalaes de apoio.
4.3.2 Trabalho Porturio
A legislao apresentada abrange a Conveno OIT 137. Este convnio
comenta as repercusses sociais dos novos mtodos de manipulao de cargas nos
portos, que est em vigor desde 24 de julho de 1975 e segue-se com a Lei n 4.860,
de 26 de novembro de 1965, tambm conhecida como lei dos dois turnos, que
dispe sobre o regime de trabalho nos portos organizados. Seguida da Lei n. 9.719,
de 27 de novembro de 1998, que dispe sobre normas e condies gerais de
proteo ao trabalho porturio, institui multas pela inobservncia e seus preceitos.
27
4.3.3 Portarias da Secretaria dos Portos
As portarias: n 87, de 24 de fevereiro de 2010, estabelecem os requisitos
mnimos a serem considerados para a implantao de sistema de gerenciamento e
monitoramento de navios nos portos e a Portaria n 414, de 30 de dezembro de
2009, que estabelece as diretrizes, os objetivos gerais e os procedimentos mnimos
para a elaborao do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento Porturio PDZ.
4.3.4 Resolues da ANTAQ - Navegao Interior
Resoluo n 1864 ANTAQ, 04/11/2010
A Resoluo n 1864 aprova a Norma para disciplinar o afretamento de
embarcao para operar na navegao interior, tanto para transporte de carga
exclusiva, como transporte misto de passageiros e cargas.
Resoluo n 2160 ANTAQ, 22/07/2011
Esta resoluo altera a Resoluo de n 1864, de 04/11/2010 que aprovou a
Norma para disciplinar o afretamento de embarcao para operar na navegao
interior, para incluir o captulo VI-A, o qual descreve sobre os procedimentos para
incluso do registro do contrato de afretamento de embarcao brasileira no Sistema
Mercante.
Resoluo n 2780, 07/02/2013
Esta resoluo aprova a proposta de Norma para outorga de autorizao
para prestao de servio de transporte de passageiros, veculos e cargas na
navegao interior de travessia por microempreendedores individuais.
Resoluo n 2781, 07/02/2013
Esta resoluo aprova a proposta de norma que altera a Resoluo n
1274/09 ANTAQ, que dispe sobre outorga de autorizao para a prestao de
servio de transporte de passageiros, veculos e cargas na navegao interior de
travessia.
28
O objeto desta norma estabelecer critrios e procedimentos para a
autorizao para prestao de servios de transporte de passageiros, veculos e
cargas, na navegao interior de travessia interestadual, internacional ou em diretriz
de rodovia ou ferrovia federal.
Resoluo n 1558, 11/12/2009
Esta resoluo aprova a norma para outorga de autorizao para prestao
de servio de transporte de cargas na navegao interior de percurso longitudinal
interestadual e internacional.
Resoluo n 2025, 20/04/2011
A Resoluo n 2025, de 20 de abril de 2011, altera o artigo 8 da norma
aprovada da Resoluo n 1558/11 ANTAQ, que, por sua vez, aprova a norma
para outorga de autorizao para prestao de servio de transporte de cargas na
navegao interior de percurso longitudinal interestadual e internacional.
Resoluo n 2444, 04/04/2012
A Resoluo n 2444, de 04 de abril de 2012 da ANTAQ, altera o artigo 6
da Resoluo n 912, de 23 de novembro de 2007 ANTAQ.
Nela fica em vigor a seguinte redao:
III ter contrato de afretamento a casco nu de pelo menos uma embarcao
autopropulsada ou conjunto de empurradora-barcaa de bandeira brasileira,
adequado navegao pretendida e em condies de operao, com prazo de
vigncia superior igual ou superior a um ano, celebrado com o proprietrio.
Resoluo n 2886, 29/04/2013
A Resoluo n 2886, de 29 de abril de 2013 ANTAQ, altera as resolues
de n 912/07, 1274/09, 1558/09 e 1864/10 da ANTAQ.
Resoluo n 2047, 02/05/2011
Esta resoluo altera o inciso I do artigo 2, o artigo 8, o anexo B, e inclui
o anexo D, da Resoluo n 1274/09, que aprova a norma para outorga de
29
autorizao para prestao de servio de transporte de passageiros, veculos e
cargas na navegao interior de travessia.
4.3.5 Resolues da ANTAQ - Portos e terminais
Resoluo n 1390, 16/07/2009
A Resoluo n 1390, de 16 de julho de 2009, altera o inciso I do art. 10, do
Anexo da Resoluo n 858-ANTAQ, de 23 de agosto de 2007, que aprovou a
norma sobre a fiscalizao das atividades desenvolvidas pela administrao
porturia na explorao de portos pblicos.
Resoluo n 1556, 11/12/2009
Esta resoluo aprova a norma para outorga de autorizao para
construo, explorao e ampliao de terminal porturio de uso privativo de
turismo, para movimentao de passageiros.
Resoluo n 1642, 10/03/2010
A Resoluo n 1642-ANTAQ, de 10 de maro de 2010, institui o sistema
informatizado, obrigatrio para a elaborao e apresentao de Estudos de
Viabilidade Tcnica e Econmica EVTE, relativos a projetos de arrendamento de
reas e instalaes porturias e d outras providncias.
Resoluo n 1660, 08/04/2010
Esta resoluo aprova a norma para outorga de autorizao para a
construo, a explorao e a ampliao de terminal porturio de uso privativo.
Resoluo n 2190, 28/07/2011
Aprova a norma para disciplinar a prestao de servios de retirada de
resduos de embarcaes e aplica-se aos servios prestados em instalaes
porturias de uso pblico e terminais porturios de uso privativo.
30
Resoluo n 2239, 15/09/2011
A Resoluo de n 2239-ANTAQ, de 15 de setembro de 2011, aprova a
Norma de Procedimentos para o trnsito seguro de produtos perigosos por
instalaes porturias situadas dentro ou fora da rea do porto organizado.
Resoluo n 2240, 04/10/2011
Esta resoluo aprova a norma que regula a explorao de reas e
instalaes porturias sob gesto das administraes porturias no mbito dos
portos organizados.
Resoluo n 2389, 13/02/2012
Esta resoluo aprova a norma que estabelece parmetros regulatrios a
serem observados na prestao dos servios de movimentao e armazenagem de
contineres e volumes em instalaes de uso pblico, nos portos organizados.
Resoluo n 2390, 16/02/2012
Esta resoluo aprova a norma para outorga de autorizao para
construo, explorao e ampliao de instalao porturia pblica de pequeno
porte.
Resoluo n 2520, 20/06/2012
A Resoluo n 2520 da ANTAQ, de 20 de junho de 2012, aprova a norma
para outorga de autorizao para construo, explorao e ampliao de estao de
transbordo de cargas.
4.3.6 Decreto n 7.860, 06/12/2012
O Decreto n 7.860 cria a Comisso Nacional para Assuntos de Praticagem
com o objetivo de elaborar propostas sobre regulao de preos, abrangncia das
zonas e medidas de aperfeioamento relativas ao servio de praticagem.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.860-2012?OpenDocument
31
4.3.7 Decreto n 7.861, 06/12/2012
O Decreto n 7.861 institui a Comisso Nacional das Autoridades nos Portos
- CONAPORTOS dispe sobre a atuao integrada dos rgos e entidades pblicos
nos portos organizados e instalaes porturias, e d outras providncias. Nele,
destaca-se o artigo 3 que cita as competncias a CONAPORTOS:
I - Promover a integrao das atividades dos rgos e entidades pblicos
nos portos organizados e nas instalaes porturias;
II - Promover, em conjunto com seus membros e respeitadas as
competncias de cada um deles, alteraes, aperfeioamentos ou revises de atos
normativos, procedimentos e rotinas de trabalho que otimizem o fluxo de
embarcaes, bens, produtos e pessoas, e a ocupao dos espaos fsicos nos
portos organizados, para aumentar a qualidade, a segurana e a celeridade dos
processos operacionais;
III - Estabelecer e monitorar parmetros de desempenho para os rgos e
entidades pblicos nos portos organizados e instalaes porturias, propondo sua
reviso quando necessrio;
IV - Estabelecer mecanismos que assegurem a eficincia na liberao de
bens e produtos para operadores que atendam aos requisitos estabelecidos pelos
rgos e entidades pblicos nos portos organizados e instalaes porturias;
V - Propor medidas adequadas para implementar os padres e prticas
internacionais relativos operao porturia e ao transporte martimo, observados
os acordos, tratados e convenes internacionais de que o Pas seja signatrio;
VI - Propor e promover, no mbito dos portos organizados e instalaes
porturias, medidas com o objetivo de:
a) aperfeioar o fluxo de informaes e os processos operacionais;
b) possibilitar o compartilhamento dos bancos de dados e a integrao
dos sistemas informatizados dos rgos e entidades pblicos;
c) capacitar os agentes dos rgos e entidades pblicos para a melhoria
da eficincia de suas atividades;
d) padronizar as aes dos rgos e entidades pblicos;
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.861-2012?OpenDocument
32
e) viabilizar os recursos materiais e financeiros para a atuao eficiente
dos rgos e entidades pblicos;
f) aperfeioar os critrios para as atividades de fiscalizao, com base
em anlise de risco; e
g) normatizar os procedimentos para atender a requisitos de segurana,
qualidade e celeridade;
VII - Expedir normas sobre instituio, estrutura e funcionamento das
comisses locais das autoridades nos portos, e acompanhar, monitorar e orientar
suas atividades; e
VIII - Avaliar e deliberar sobre as propostas encaminhadas pelas comisses
locais.
4.3.8 Lei de Criao da Secretaria Especial de Portos SEP
Trata-se da Lei n 11.518, de 5 de setembro de 2007, que acresce e altera
dispositivos das leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 10.233, de 5 de junho de
2001, 10.893, de 13 de julho de 2004, 5.917, de 10 de setembro de 1973, 11.457, de
16 de maro de 2007, e 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, para criar a Secretaria
Especial de Portos.
4.3.9 Decreto de criao da COMPORTOS
O Decreto n 1.972, de 30 de julho de 1996, altera a redao do art. 2 do
Decreto n 1.507, de 30 de maio de 1995, que cria a Comisso Nacional de
Segurana Pblica nos Portos, Terminais e Vias Navegveis.
RECURSOS HDRICOS E MEIO AMBIENTE
4.4.1 Lei 9.433/97
A legislao referente utilizao dos recursos hdricos tem como marco
principal a Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das guas, a
qual instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos.
33
Nela, diversos artigos tratam direta e indiretamente da questo, com a
afirmao da necessidade da manuteno de condies adequadas ao transporte
aquavirio nos corpos de gua, como se verifica nas disposies seguintes:
O art. 1, IV, elege como um dos fundamentos dessa poltica que a
gesto dos recursos hdricos deve sempre proporcionar o uso mltiplo
das guas;
O art. 2, II, estabelece como um dos objetivos da Poltica Nacional de
Recursos Hdricos a utilizao racional e integrada dos recursos
hdricos, incluindo o transporte aquavirio, com vistas ao
desenvolvimento sustentvel;
O art. 13 e pargrafo nico destacam que toda outorga estar
condicionada s prioridades de uso estabelecidas nos Planos de
Recursos Hdricos e dever respeitar a classe em que o corpo de
gua estiver enquadrado e a manuteno de condies adequadas
ao transporte aquavirio, quando for o caso. A outorga de uso dos
recursos hdricos dever preservar o uso mltiplo destes;
O art. 15, VI, estabelece que a outorga de direito de uso de recursos
hdricos poder ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou
por prazo determinado, na seguinte circunstncia: necessidade de
serem mantidas as caractersticas de navegabilidade do corpo de
gua.
4.4.2 As resolues do Conselho Nacional de Recursos Hdricos - CNRH
O Conselho Nacional de Recursos Hdricos o rgo mais expressivo do
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos SNGREH, a quem
cabe promover a integrao do planejamento e a regulao do uso dos recursos
hdricos no nvel nacional, regional e estadual. Sua ao se estende articulao
com os diversos setores usurios.
Cabe s resolues da CNRH estabelecer as diretrizes complementares
para levar a prtica a Poltica Nacional de Recursos Hdricos e a aplicao de seus
instrumentos de gesto. Duas delas, em especial, relacionam-se com a navegao.
34
A primeira a Resoluo CNRH n 37, de 26 de maro de 2004, que
estabelece as diretrizes para outorga de recursos hdricos para a implantao de
barragens em corpos de gua de domnio dos Estados, do Distrito Federal ou da
Unio.
O 4 do artigo 3, inclui a chamada manifestao setorial entre os
documentos a serem apresentados pelo interessado em implantar uma determinada
barragem: para as novas barragens, cada setor governamental competente deve
emitir um ato administrativo especfico acerca daquele novo empreendimento.
Entretanto, a ausncia de manifestao setorial, devidamente justificada,
no poder constituir impeditivo para o encaminhamento do requerimento e anlise
de outorga de recursos hdricos, cabendo autoridade outorgante adotar medidas
que forem adequadas para a continuidade da tramitao do processo.
A segunda a Resoluo CNRH N 145, de 12 de dezembro de 2012, que
revogou e substituiu a Resoluo CNRH n 17, de 29 de maio de 2001, onde se
estabelecem as diretrizes para a outorga de recursos hdricos para a implantao de
barragens em corpos de gua de domnio dos Estados, do Distrito Federal ou da
Unio. Entre outras disposies pertinentes, o pargrafo segundo do artigo dispe
que:
2 Os estudos tcnicos visam compatibilizar a finalidade, caractersticas
da barragem e sua operao com os Planos de Recursos Hdricos, observando os
usos mltiplos, os usos outorgados, as acumulaes, captaes, derivaes ou
lanamentos considerados insignificantes e a manuteno das condies
adequadas ao transporte aquavirio, quando for o caso.
Dessa forma, fica claro que na concepo dos planos de recursos hdricos
fundamental levar em considerao os planejamentos setoriais, de todos os setores,
inclusive do setor hidrovirio. Para isso, esse setor tem de estar presente nas
discusses dos diversos planos de bacia em que a navegao possui planejamento
e apresentar suas propostas.
35
4.4.3 As leis estaduais de recursos hdricos
A Constituio preconiza que a administrao pblica manter Plano
Estadual de Recursos Hdricos e instituir, via lei, sistema de gesto desses
recursos, reunindo rgos estaduais, municipais e a sociedade civil.
Partindo dessa premissa, entrou em vigor a Lei n 2.406/2002 que instituiu a
Poltica Estadual dos Recursos Hdricos e criou o Sistema Estadual de
Gerenciamento dos Recursos Hdricos de Mato Grosso do Sul tendo por finalidade,
conforme preconizado em seu art. 2:
I. Assegurar, em todo o territrio do Estado, a necessria
disponibilidade de gua, para os atuais usurios e geraes futuras,
em padres de qualidade e quantidade adequados aos respectivos
usos;
II. Promover a compatibilizao entre os mltiplos e competitivos usos
dos recursos hdricos, com vistas ao desenvolvimento sustentvel;
III. Promover a preveno e defesa contra os eventos hidrolgicos
crticos, de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos
recursos naturais, que ofeream riscos sade e segurana pblica
ou prejuzos econmicos ou sociais;
IV. Incentivar a preservao, conservao e melhoria quantitativa e
qualitativa dos recursos hdricos.
O referido Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hdricos
objetiva promover a execuo da Poltica Estadual de Recursos Hdricos e a
elaborao, atualizao e aplicao do Plano Estadual de Recursos Hdricos,
reunindo rgos estaduais, municipais e a sociedade civil. Devido hierarquia das
leis, o referido sistema, poltica e plano devem seguir queles princpios constantes
na Constituio do Estado de Mato Grosso do Sul e da Lei n 9.433/1997.
No ano de 2004, o estado de Mato Grosso do Sul regulamentou, por meio do
Decreto 11.621/2004, o artigo da Lei 2.406/2002, que trata do Conselho Estadual de
Recursos Hdricos.
36
Este decreto regulamentou o Conselho Estadual de Recursos Hdricos
CERH-MS, e definiu a sua composio, que dever ter representantes do poder
pblico, sociedade civil organizada e representante de usurios de recursos hdricos.
Nela, destaca-se o artigo 2 que fala sobre os objetivos da Poltica Estadual
de Recursos Hdricos:
I. Assegurar atual e s futuras geraes a necessria disponibilidade
de gua, em padres de qualidade adequados aos diversos usos;
II. Promover a utilizao racional e integrada dos recursos hdricos,
incluindo o transporte aquavirio, com vistas ao desenvolvimento
sustentvel;
III. Prover a preveno e a defesa contra eventos hidrolgicos crticos de
origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos
naturais;
IV. Garantir a boa qualidade das guas, em acordo a seus usos
mltiplos;
V. Assegurar o florestamento e o reflorestamento das nascentes e
margens de cursos hdricos;
VI. Estimular a capacidade regional em cincia e tecnologia para o
efetivo gerenciamento dos recursos hdricos;
VII. Desenvolver o setor hdrico do Estado, respeitando os ecossistemas
originais, em conformidade com a legislao ambiental;
VIII. Disciplinar a utilizao racional das guas superficiais e
subterrneas;
IX. Difundir conhecimentos, visando a conscientizar a sociedade sobre a
importncia estratgica dos recursos hdricos e sua utilizao
racional;
X. Viabilizar a articulao entre a Unio, o Estado, os Municpios, a
sociedade civil e o setor privado, visando integrao de esforos
para implementao da proteo, conservao, preservao e
recuperao dos recursos hdricos;
XI. Compatibilizar o desenvolvimento econmico e social com a proteo
ao meio ambiente.
37
5 BASES LEGAIS E ADMINISTRATIVAS, FUNDAMENTOS E LEGISLAO
BRASILEIRA SOBRE O TRANSPORTE HIDROVIRIO INTERIOR
TRANSPORTE HIDROVIRIO INTERIOR E A LEGISLAO BRASILEIRA
Este captulo traz o relacionamento do transporte hidrovirio interior, das
hidrovias e dos portos com a legislao brasileira, trazendo normas, decretos,
portarias, resolues e leis da esfera federal dos rgos intervenientes, em termos
de responsabilidades tcnicas, fiscalizao, infraestrutura, segurana no trabalho,
sade, uso e ocupao do solo, uso mltiplo das guas, meio ambiente, etc. Em
termos ambientais traz tambm definio de licenciamento ambiental e tipos de
licenas ambientais, entre outros assuntos.
H, entre os atos legais relativos navegao interior, a Constituio
Federal, e as portarias e normas do Ministrio dos Transportes e da Marinha do
Brasil, alm de acordos e convenes internacionais, estabelecidos entre os pases
vizinhos na regio da Amaznia, do Pantanal e no Sul.
A princpio, pode-se citar a Constituio Federal de 1988 (CF/88) que em
seu artigo 20 estabelece aspectos importantes para as guas interiores e para o
transporte tais como:
So bens da Unio, os lagos, rios e quaisquer correntes de gua
em terrenos de seu domnio, ou que banhem mais de um estado,
sirvam de limite com outros pases, ou se estendam a territrio
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e
praias fluviais.
J o artigo 21 da referida Carta Magna traz que compete Unio:
Instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e
definir critrios de outorga de direitos de seu uso;
Explorar, diretamente ou mediante autorizao, concesso ou
permisso, os servios de transporte aquavirio entre portos
brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de
um Estado e tambm os portos martimos, fluviais e lacustres.
38
Tambm o mesmo artigo ainda traz que compete privativamente
Unio legislar sobre:
Diretrizes da poltica nacional de transportes;
Regime dos portos, navegao lacustre, fluvial, martima, area e
aeroespacial;
Trnsito e transporte.
A MARINHA DO BRASIL E A LESTA (LEI DE SEGURANA DO TRFEGO
AQUAVIRIO)
A Marinha do Brasil e a LESTA estabelecem, por meio da Lei 9.537 de 11
de dezembro de 1997, conhecida como LESTA - Lei de Segurana do Trfego
Aquavirio, os princpios gerais (martimo, fluvial, lacustre), a segurana da
navegao, a salvaguarda da vida humana e a preservao do meio ambiente
hdrico.
Ainda no mbito da Marinha do Brasil foram aprovadas em 1998 as
Normas de Autoridade Martima NORMAN, pela Diretoria de Portos e Costas
DPC, cujas principais de interesse para a navegao interior e para o meio
ambiente so:
NORMAN 02 normas para embarcaes empregadas na navegao
interior;
NORMAN 04 normas para operao de embarcaes
estrangeiras em guas sob jurisdio nacional;
NORMAN 07 normas para atividades de inspeo naval;
NORMAN 11 normas para obras, dragagens, pesquisa e lavra de
minerais sobre as margens das guas sob jurisdio nacional;
NORMAN 13 normas para aquavirios e armadores;
NORMAN 16 normas para estabelecer condies e requisitos
para concesso e delegao das atividades de assistncia e
salvamento de embarcao, coisa ou bem, em perigo no mar, nos
portos ou via navegveis.
39
AS NORMAS DA AUTORIDADE MARTIMA PARA A NAVEGAO
INTERIOR
A Autoridade Martima Brasileira a Marinha do Brasil, representada
especialmente pela Diretoria de Portos e Costas (DPC), a qual conta com as
Capitanias dos Portos e respectivas delegacias e agncias, atuantes nas principais
vias navegveis martimas, lacustres e fluviais do territrio nacional.
Cabe Autoridade Martima exercer a fiscalizao da segurana da
navegao, a salvaguarda da vida humana no mar e a preveno poluio hdrica.
As normas vigentes quanto navegao hidroviria so reguladas por
portarias onde se estabelecem as diretrizes a serem cumpridas.
Destacam-se, com referncia navegao interior, as seguintes normas:
I. NORMAM 02/DPC que trata das normas para embarcaes destinadas
navegao interior, com 12 captulos, listadas a seguir:
Capitulo 1 - Estabelecimento das tripulaes de segurana das
embarcaes;
Captulo 2 - Inscrio, Registros, Marcaes, Nomes e Cores de
Embarcaes, Nmero de Identificao de Navios e Registro Especial
Brasileiro;
Captulo 3 - Construo, Alterao, Reclassificao e Regularizao
de Embarcaes;
Captulo 4 - Material de Segurana para as Embarcaes;
Captulo 5 - Transporte de Cargas;
Capitulo 6 - Borda-Livre, Estabilidade Intacta e Compartimentagem;
Captulo 7 - Determinao da Arqueao, Deslocamentos e Porte
Bruto;
Captulo 8 - Vistorias e Certificaes;
Captulo 9 - Navegao em Eclusas e Canais Artificiais;
Captulo 10 - Navegao de Travessia;
Captulo 11 - Regras Especiais para Evitar Abalroamento na
Navegao Interior;
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Captulo 12 Emisso de Certificado de Responsabilidade Civil em
Danos Causados por Poluio por leo.
II. NORMAM 11/DPC fixa as normas para obras, dragagens, pesquisa e lavra
de minerais sob, sobre e s margens das guas sob jurisdio nacional em
seus trs captulos, a saber:
Captulo 1 - Procedimentos para Solicitao de Parecer para
Realizao de Obras Sob, Sobre e s Margens das guas
Jurisdicionais Brasileiras;
Captulo 2 - Dragagens e Aterros;
Captulo 3 - Pesquisa e Lavra de Minerais.
III. NORMAM 13/DPC destina-se a estabelecer normas de procedimentos
relativos ao ingresso, inscrio e carreira dos aquavirios:
Captulo 1 - Ingresso, Inscrio e Cmputo de Tempo de Embarque
de Aquavirios;
Captulo 2 - Carreira, Grupos, Categorias e Nveis de Equivalncia de
Aquavirios, Rol de Equipagem e Rol Porturio;
Captulo 3 - Inscrio de Militar Inativo da Marinha do Brasil;
Captulo 4 - Atribuies do Comandante e Tripulante a Bordo de
Embarcaes Mercantes Nacionais e Penalidades;
Capitulo 5 - Cadastro de Aquavirios;
Capitulo 6 - Certido de Servios de Guerra e Certido de Tempo de
Servio para Ex-Alunos;
Captulo 7 - Disposies Finais.
IV. NORMAM 14/DPC normatiza os procedimentos para o cadastramento de
empresas de navegao, peritos e sociedades classificadoras.
V. NORMAM 29/DPC destina-se a regular, do ponto de vista da segurana da
navegao, o transporte de cargas perigosas, em cinco captulos
especficos:
Captulo 1 - Transporte de Cargas Perigosas Embaladas;
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Captulo 2 - Transporte de Cargas Slidas Perigosas a Granel;
Captulo 3 - Transporte de Substncias Lquidas Nocivas a Granel;
Captulo 4 - Transporte de Gases Liquefeitos a Granel;
Captulo 5 - Transporte de Combustvel Nuclear Irradiado Embalado,
Plutnio e Resduos de Alto Nvel de Radioatividade.
A ANTAQ, A ANTT E O DNIT E AS ADMINISTRAES HIDROVIRIAS
Em 2001, por meio da Lei 10.233, de 5 de junho, foi criada a Agncia
Nacional de Transportes Aquavirios (ANTAQ), que por definio entidade
integrante da Administrao Federal indireta, submetida ao regime autrquico
especial, com personalidade jurdica de direito pblico, independncia
administrativa, autonomia financeira e funcional, mandato fixo de seus dirigentes,
vinculada ao Ministrio dos Transportes. Entre outras funes, responsvel pela
implantao das polticas do Ministrio dos Transportes e do CONIT
Conselho Nacional de Integrao de Polticas de Transportes e pela Regulao,
superviso e fiscalizao das atividades de prestao de servios de
transporte aquavirio e de explorao da infraestrutura porturia e aquavirio,
exercida por terceiros.
A referida lei tambm criou a Agncia Nacional de Transporte Terrestre
(ANTT) e o Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (DNIT).
Com isso, a partir da lei supracitada, o transporte hidrovirio interior passou
a ser regulado e fiscalizado pela ANTAQ, em substituio a Secretaria de
Transportes Aquavirios (STA) do Ministrio dos Transportes e o DNIT passou a
cuidar das obras e toda infraestrutura dos transportes terrestres (rodovirio e
ferrovirio), hidrovias e portos do Brasil (em substituio ao Departamento Nacional
de Estradas e Rodagem DNER, e a Empresa Brasileira de Portos S. A. -
Portobrs).
H tambm as administraes de hidrovias, rgos que possuam at pouco
tempo duplo comando: institucionalmente estavam subordinadas ao DNIT, mais
especificamente ao seu Departamento de Infraestrutura Hidroviria, e
gerencialmente s Companhias Docas no mbito de suas respectivas jurisdies. A
elas compete, principalmente, promover, desenvolver as atividades de execuo,
42
acompanhamento e fiscalizao de estudos, obras e servios de hidrovias, portos
fluviais e lacustres que lhe venham a ser atribudos pelo Departamento de
Infraestrutura Hidroviria. Atualmente h oito Administraes Hidrovirias no Brasil
vinculadas a quatro Companhias Docas.
O TRANSPORTE HIDROVIRIO INTERIOR E O MEIO AMBIENTE
Com relao ao relacionamento do Transporte Hidrovirio Interior e o Meio
Ambiente, a legislao , ainda, mais esparsa e compreendida em vrios rgos
intervenientes, conforme sero apresentados neste captulo.
H normas e leis para o uso mltiplos das guas regulamentadas e
reguladas pela Agncia Nacional de guas - ANA. Da mesma maneira, o transporte
hidrovirio, os portos fluviais e as empresas de transporte hidrovirio so
regulamentados e fiscalizados pela ANTAQ. H resolues do Conama que
determinam as diretrizes ambientais.
A Constituio Brasileira de 1988 a nica carta magna do mundo que traz
a poltica ambiental em seu escopo.
5.5.1 O PNMA e o SISNAMA
A Lei 6.938/81 estabeleceu a Poltica Nacional do Meio Ambiente - PNMA e
criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA com participao de
instituies e rgos das esferas federal, estadual e municipal ligadas proteo
ambiental. A estrutura organizacional do SISNAMA foi alterada por outras leis e hoje
est assim representada:
I. rgo Superior: o Conselho de Governo, com a funo de assessorar
o presidente da Repblica na formulao da poltica nacional e nas
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos
ambientais;
II. rgo Consultivo e Deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (Conama) para assessorar, estudar e propor ao Conselho
de Governo, diretrizes polticas e governamentais para o meio
43
ambiente, e deliberar, no mbito de sua competncia, sobre normas e
padres ambientais;
III. rgo Central: o Ministrio do Meio Ambiente, Recursos Hdricos e da
Amaznia Legal, com finalidade de planejar, coordenar, supervisionar
e controlar, como rgo federal, a poltica nacional e diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente;
IV. rgo Executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renovveis (IBAMA), com finalidade de executar
e fazer executar, como rgo federal, a poltica e diretrizes
governamentais fixadas para o meio ambiente;
V. rgos Setoriais: so os rgos ou entidades integrantes da
administrao federal direta ou indireta, bem como as fundaes
institudas pelo poder pblico, cujas atividades estejam associadas
proteo ambiental ou disciplinamento do uso dos recursos
ambientais;
VI. rgos Seccionais : so os rgos ou ent idades estaduais
responsveis pela execuo de programas, projetos e pelo
controle e fiscalizao das atividades capazes de provocar
degradao ambiental;
VII. rgos Locais: so os rgos ou entidades municipais, responsveis
pelo controle e fiscalizao das atividades similares as dos rgos
seccionais, porm nas suas respectivas jurisdies.
5.5.2 A gesto ambiental na esfera federal
Alm destes rgos, a competncia para a gesto ambiental no Brasil
tambm cabe a outros organismos que so intervenientes ao transporte hidrovirio
interior. Em esfera federal pode- se destacar:
Ministrio dos Transportes;
Ministrio do Meio Ambiente
Marinha do Brasil (Ministrio da Defesa);
Ministrio das Relaes Exteriores;
Ministrio da Sade;
44
Ministrio do Trabalho e Emprego;
Ministrio Pblico Federal;
Fundao Nacional do ndio;
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Ministrio da
Cultura)
5.5.3 Ministrio dos Transportes
O Ministrio dos Transportes atua como rgo empreendedor do transporte
hidrovirio interior por meio da ANTAQ, DNIT e administradoras hidrovirias. Estes
cuidam da infraestrutura das vias e portos e aquela, como j mencionado, da
regulao e fiscalizao do setor.
5.5.4 Ministrio do Meio Ambiente
Este Ministrio atua tanto na gesto dos recursos hdricos por meio da
Secretaria de Recursos Hdricos (SRH) e do Conselho Nacional dos Recursos
Hdricos (CNRH), quanto na gesto ambiental por meio do IBAMA e do Conama.
A prtica do gerenciamento integrado dos recursos hdricos, no Brasil
ainda incipiente, e teve incio com a Portaria 90/78 dos Ministrios das Minas e
Energia e Interior que criou Comits Especiais de Estudos Integrados de Bacias
Hidrogrficas (CEEIBH). De acordo com MOTA (1995), dentre as muitas atribuies
deste comit, destacam-se a manifestao com referncia aos recursos hdricos das
bacias hidrogrficas dos rios federais, aos planos para seu aproveitamento global,
s melhorias de suas condies sanitrias e s medidas de proteo ambiental. A
partir da outros comits foram criados.
5.5.5 Marinha do Brasil (Ministrio da Defesa)
A Marinha do Brasil, no mbito de suas atribuies, exerce o controle e a
fiscalizao sobre as embarcaes que trafegam em guas sob jurisdio nacional,
e sobre as instalaes estacionrias ribeirinhas de produo, armazenagem e
transferncia de produtos poluentes, de modo a garantir que as mesmas estejam
45
em condies satisfatrias, contribuindo preventivamente para a segurana da
navegao, para salvaguarda da vida humana e para a proteo ambiental das
reas costeiras, porturias e interiores. Tambm exerce o controle e a fiscalizao
sobre obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre e s margens das
guas sob jurisdio nacional.
A j citada Lei 9.537, de 11 de dezembro de 1997, conhecida como Lei de
Segurana do Transporte Aquavirio (LESTA), dispe sobre a segurana do
trfego aquavirio em guas sob jurisdio nacional que inclui as guas dos rios,
lagos e canais do territrio nacional.
Alm do registro das embarcaes, umas das atribuies mais importantes
da Marinha a realizao da inspeo naval. De acordo com a LESTA a inspeo
naval :
Uma atividade de cunho administrativo, que consiste na fiscalizao do
cumprimento da lei, das normas e regulamentos dela decorrentes, e de atos e
resolues internacionais ratificados pelo Brasil, no que se refere a salvaguarda
da vida humana e segurana da navegao, no mar aberto e em hidrovias
interiores, e a preveno da poluio ambiental por parte das embarcaes,
plataformas fixas ou suas instalaes de apoio.
Com relao poluio ambiental, a preveno e as providncias frente a
um derramamento de leo ou lanamentos de misturas oleosas em terminais e
portos, a regulamentao dada pela MARPOL 73/78.
Recentemente, a Marinha do Brasil aprovou outras normas tcnicas com
aplicao ao meio fluvial e ao meio ambiente, tais como as Normas Tcnicas
Ambientais (NORTAMs) e as Norma Tcnica de Procedimentos (NORTEC`s), alm
de outras NORMANs, com destaque para:
NORMAN 11 alterada em 2004 pela Portaria 67/DPC;
NORMAN 10 normas para pesquisa, explorao, remoo e
demolio de coisas e bens afundados, submersos, encalhados e
perdidos. (2005);
NORMAN 20 normas para gerenciamento de gua de lastro.
(2005);
46
NORTEC 10 normas para pesquisa, explorao, remoo e
demolio de coisas e bens afundados, submersos, encalhados e
perdidos. (2005);
NORTEC 11 normas para obras, dragagens, pesquisa e lavra de
minerais sobre as margens das guas sob jurisdio nacional;
NORTAM 01 norma para coleta e transporte de amostra de
derramamento de leo e seus derivados.
NORTAM 05 norma para plano de emergncia de navio para
poluio por leo para navios da MB.
A Lei 9.433/97 instituiu a Poltica Nacional de Recursos Hdricos (PNRH),
procurando atender os preceitos da Constituio Federal de 1988 (CF/88) e os
comits sofreram mudanas em suas caractersticas anteriores, com destaque para
uma maior participao dos usurios dos recursos hdricos e da sociedade civil em
suas composies, alm da participao dos governos federal, estadual e
municipal. Esta mesma lei criou tambm o Sistema Nacional de Gerenciamento
Recursos Hdricos (SNGRH), definindo como uma de suas diretrizes gerais de ao
para implementao da PNRH, a integrao da gesto dos recursos hdricos com a
gesto ambiental.
Os fundamentos da PNRH de acordo com o artigo 1 da referida lei so:
I. A gua um bem de domnio pblico;
II. A gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico;
III. Em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos
o consumo humano e a dessendentao de animais.
IV. A gesto de recursos hdricos deve sempre proporcionar o uso
mltiplo das guas;
V. A bacia hidrogrfica a unidade territorial para a implementao
da PNRH e atuao do SNRH;
VI. A gesto dos recursos hdricos deve ser descentralizada e contar
com participao do poder pblico, dos usurios e das comunidades.
Esta lei deu competncia ao poder pblico federal, estadual e municipal
promover a integrao da gesto de recursos hdricos com a gesto ambiental.
47
O SNGRH, cuja finalidade a de coordenar a gesto integrada das guas e
implementar o PNRH, composto pelo CNRH, pelos Conselhos de Recursos
Hdricos dos estados e do Distrito Federal e pelos comits de Bacia Hidrogrfica.
A estes ltimos, alm das atribuies, aprovar e acompanhar a execuo
dos Planos de Recursos Hdricos da Bacia, isto , planos diretores de longo prazo,
com horizonte de planejamento compatvel com perodo de programas e projetos
para determinada bacia hidrogrfica e que visam fundamentar e orientar a
implantao da PNRH e o gerenciamento dos recursos hdricos. Este um aspecto
de fundamental importncia no desenvolvimento de sistemas de transporte
hidrovirio, pois qualquer inteno ou projeto neste sentido, deve estar contemplado
no Plano de Recursos Hdricos das bacias nas quais se insere o projeto.
5.5.6 Ministrio das Relaes Exteriores
Para algumas hidrovias brasileiras, os projetos ou aes podem envolver
mais de um pas, em cursos d gua limtrofes (compartidos ou sucessivos), o
Ministrio das Relaes Exteriores intervm para a realizao de acordos e tratados
que envolvam a navegao interior e a preservao do meio ambiente, fazendo
parte inclusive de Comits Intergovernamentais como no caso da Hidrovia Paraguai-
Paran com cinco pases, onde os acordos internacionais e os aspectos legais de
cada pas devem sempre sujeitar os licenciamentos ambientais, observncia de
requisitos para o uso dos recursos naturais compartilhados.
5.5.7 Ministrio da Sade
Com relao s questes relacionadas com as atividades de vigilncia
sanitria, cabe ao Ministrio da Sade, estabelecer procedimentos para disciplinar
estas embarcaes e reas porturias instaladas no territrio nacional. A Resoluo
206 de 1999 publicada pela Diretoria Colegiada da Agncia de Vigilncia Sanitria
do Ministrio da Sade (hoje Anvisa), que submete consulta pblica uma proposta
de Regulamento Tcnico para Disciplinar a Vigilncia Sanitria de Embarcaes e
reas Porturias.
48
5.5.8 Ministrio do Trabalho e Emprego
A definio de normas para a segurana e sade dos trabalhadores
operrios, martimos, fluvirios e porturios, cabe ao Ministrio do Trabalho e
Emprego. Pode-se destacar a NR-29 Norma Regulamentadora de Segurana e
Sade no Trabalho Porturio cujos objetivos so: regular a proteo obrigatria
contra acidentes e doenas profissionais, facilitar os primeiros-socorros a acidentes
e alcanar as melhores condies possveis de segurana e sade aos
trabalhadores porturios em operaes tanto a bordo como em terra, assim como os
demais trabalhadores que exeram atividades nos portos organizados e instalaes
porturias e retroporturias, situadas dentro ou fora da rea do porto organizado.
A NR-9 Norma Regulamentadora de Programa de Preveno de Riscos
Ambientais, que estabelece a obrigatoriedade da elaborao e implementao, por
parte de todas as instituies que admitam trabalhadores como empregados,
do Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA), visando a preservao
da sade e da integridade dos trabalhadores atravs da antecipao,
reconhecimento, avaliao e consequente controle da ocorrncia dos riscos
ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo
em considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais.
5.5.9 Ministrio Pblico Federal
Este um rgo que apresenta funes institucionais com o objetivo
tambm de garantir a proteo do meio ambiente. O Ministrio Pblico Federal foi
organizado pela Lei Complementar 75/93, sendo uma instituio permanente,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime demogrfico e dos
interesses sociais e individuais indisponveis.
Entre as funes do MPF est a de exercer a defesa nas causas de
competncia de quaisquer juzes e tribunais, dos direitos e interesses das
populaes indgenas, do meio e de bens e direitos de valor artstico, cultural,
histrico e paisagstico, integrantes do patrimnio nacional.
49
5.5.10 Fundao Nacional do ndio
A Fundao Nacional do ndio (FUNAI) foi instituda pela Lei 5.371/67
e possui como principais objetivos estabelecer diretrizes para garantir o
cumprimento da poltica indigenista, conservar e valorizar o Patrimnio Indgena,
promover a prestao da educao e da assistncia mdico-sanitria aos ndios e
exercitar o poder poltico nas reas reservadas e nas matrias pertinentes
proteo do ndio.
Cerca de 11% do territrio so reservas indgenas e muitas destas reas
esto localizadas em reas de interesses para a implantao de projetos de
hidrovias interiores.
5.5.11 Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional
O Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (Iphan), hoje
vinculado ao Ministrio da Cultura, foi criado pela Lei 378/37 e possui como
principais misses a fiscalizao, proteo, identificao, restaurao, preservao
e revitalizao dos monumentos, stios e bens mveis do Pas.
Este Instituto atua principalmente na elaborao de pareceres especficos
em rea de sua competncia, no caso de obras, projetos ou servios em reas de
stios arqueolgicos ou demais unidades de conservao e preservao artstica,
histrica e cultural. O Iphan tem mais de 5 mil stios arqueolgicos cadastrados,
muitos destes, em reas prximas ou mesmo dentro de cursos dgua. A Lei
3.924/61 dispe sobre monumentos arqueolgicos e pr-histricos.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA HIDROVIA
A Lei 6.938/81 que estabeleceu a Poltica Nacional do Meio Ambiente -
PNMA, em seu artigo 10 diz que dependem de prvio licenciamento ambiental, a
construo, a instalao, a ampliao e o funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, causar
degradao ambiental.
50
Houve vrias modificaes introduzidas na PNMA pela Constituio de
1988, e pelas leis e resolues subsequentes. Tais modificaes alteraram e
complementaram o processo de licenciamento ambiental. O artigo 1 da
Resoluo CONAMA 237/97 estabelece as seguintes definies:
Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o rgo
ambiental competente licencia a localizao, a ampliao e a operao
de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais
considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou daqueles que, sob
qualquer forma, possam causar degradao ambiental, considerando as
disposies legais e regulamentares e as normas tcnicas aplicveis ao
uso.
Licena Ambiental: ato administrativo pelo qual o rgo ambiental
competente estabelece as condies, restries e medidas de controle
ambiental que devero ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fsica
ou jurdica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradao ambiental.
Estudos Ambientais: so todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos ambientais relacionados com a localizao, instalao,
operao e ampliao de uma atividade ou empreendimento,
apresentado como subsdio para a anlise da licena requerida, tais
como preliminar, diagnstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperao de reas degradadas e anlise preliminar de risco.
De acordo com o artigo 4 da Resoluo CONAMA 237/97, a competncia
federal para realizar o licenciamento ambiental cabe ao Ibama, sempre que os
empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental se enquadrarem
nas seguintes situaes:
Estiverem localizados ou forem desenvolvidos conjuntamente com
pases limtrofes, no mar territorial, na plataforma continental, na zona
51
econmica exclusiva, em terras indgenas ou em unidades de
conservao e domnio da Unio;
Estiverem localizados ou desenvolvidos em dois ou mais estados;
Nos casos em que os impactos ambientais diretos ultrapassem os
limites territoriais do pas ou de um ou mais estados;
Forem destinados a pesquisas, lavrar, produzir, beneficiar,
transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer
estgio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer um de suas
formas e aplicaes, mediante parecer da Comisso Nacional de
Energia Nuclear - CNEN;
No caso de implantao de bases ou empreendimentos militares,
quando couber, observada a legislao especfica.
O Ibama executa o licenciamento ambiental considerando o exame tcnico
realizado por rgos ambientais dos estados e municpios em que se realizam o
empreendimento, levando em conta, quando for o caso, o parecer dos demais
rgos competentes da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios
envolvidos no procedimento de licenciamento.
Com o fito de pr fim s lacunas da Lei Complementar n 140/2011quanto
definio da autoridade competente para o licenciamento ambiental de obras de
infraestrutura, em 22 de abril de 2015 foi publicado o Decreto Federal n 8.437/2015,
definindo as tipologias de empreendimentos e atividades cujo licenciamento ser de
competncia da Unio.
Conforme disposto no artigo 23 de nossa Constituio Federal, de
competncia comum dos entes federativos Unio, Estados, Distrito Federal e
Municpios, o licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou capazes de causar
degradao ambiental, de modo que cabe aos rgos ambientais nas trs esferas
federativas atuar estabelecendo as condies, restries e medidas de fiscalizao
necessrias a serem aplicadas a cada empreendimento.
Contudo, a ausncia de definio clara dos limites da competncia dos
rgos ambientais envolvidos no processo de licenciamento tem ocasionado
considervel insegurana jurdica aos empreendedores, que constantemente so
52
surpreendidos por questionamentos e, por vezes, at mesmo suspenses de
atividades, em custosas e longas aes civis pblicas.
Com vista ao equilbrio da atuao dos entes federativos, j havia sido
publicada a Lei Complementar n 140/2011, estabelecendo as regras de cooperao
e os limites de ao dos rgos ambientais, com o objetivo de encerrar
definitivamente os conflitos de competncia licenciatria existentes.
No entanto, em que pese o alento que o novo regramento trouxe aos
empreendimentos passveis de licenciamento ambiental, a Lei Complementar no se
mostrou como mecanismo efetivo a evitar as disputas judiciais e conflitos na
definio da autoridade competente.
De fato, o aumento considervel de aes civis pblicas suspendendo
importantes obras no mbito nacional, como, por exemplo, os empreendimentos
hidreltricos no Rio Tapajs (Usina de Belo Monte e Usina de So Luiz do Tapajs),
deflagra a insegurana jurdica que ainda permeia o licenciamento ambiental no
Brasil.
Crticos mais combativos, inclusive, alegam que a Lei Complementar n
140/2011 esvaziou as competncias fiscalizatrias e sancionatrias do Ibama e no
definiu, com clareza, os limites da cooperao entre os entes federativos.
Nesse contexto, e em um momento fortemente marcado pelas novas
concesses de infraestrutura do governo federal, o Decreto Federal n 8.437/2015
surge com o objetivo de suprir as omisses da Lei Complementar, esclarecendo os
limites de atuao da Unio.
Segundo o mencionado Decreto Federal, passa a ser de competncia da
Unio o licenciamento ambiental dos seguintes empreendimentos ou atividades,
observados certos limites de volume de carga ou capacidade instalada: rodovias,
ferrovias e hidrovias federais; portos organizados; terminais de uso privado e
instalaes porturias; explorao e produo de petrleo, gs natural e outros
hidrocarbonetos fluidos em hipteses especficas; e sistemas de gerao e
transmisso de energia eltrica (usinas hidreltricas, termeltricas e elicas, no caso
de empreendimentos e atividades offshore e zona de transio terra-mar).
Nota-se, portanto, que o Decreto Federal buscou definir de forma objetiva e
clara as caractersticas dos empreendimentos e atividades cuja competncia para o
licenciamento pode ficar a cargo do Ibama.
53
No entanto, importante destacar que o Decreto Federal n 8.437/2015 no
pe fim s lacunas relacionadas aos limites de cooperao entre os entes
federativos. Por certo, o aumento significativo dos conflitos relacionados a duplas
autuaes dos agentes pblicos ainda carece de regulamentao pelo poder
pblico, e demonstra a instabilidade, que ainda permeia a titularidade da fiscalizao
ambiental.
Dessa forma, apesar de no pr fim a todas as divergncias de interpretao
da Lei Complementar n 140/2011, a promulgao do Decreto Federal certamente
auxiliar na definio da competncia da Unio no licenciamento ambiental, j que
no s pe fim a inmeros conflitos de competncia, como traz mais segurana
jurdica aos empreendedores com apetite para investir em grandes obras de
infraestrutura no Brasil.
Tal se deu mediante a edio do Decreto n. 8.437/2015, que, apesar de no
excluir as hipteses j lanadas na LC 140/11, especificou a competncia
administrativa da Unio para exercer o licenciamento ambiental em relao a alguns
empreendimentos e/ou atividades especficos, quais sejam, em sntese:
Rodovias federais (no caso de implantao, pavimentao, ampliao
de capacidade com extenso igual ou superior a duzentos
quilmetros, regularizao ambiental de rodovias pavimentadas e
atividades de manuteno, conservao, recuperao, restaurao e
melhoramento em rodovias federais regularizadas);
Ferrovias federais (nos casos de implantao, ampliao e
regularizao ambiental);
Hidrovias federais (nos casos de implantao e ampliao);
Portos organizados, cuja carga em volume seja superior a 450.000
TEU/ano ou a 15.000.000 t/ano;
Terminais de uso privado e instalaes porturias que movimentem
carga em volume superior a 450.000 TEU/ano ou a 15.000.000 t/ano;
Explorao e produo de petrleo, gs natural e outros
hidrocarbonetos fluidos;
Sistemas de gerao e transmisso de energia eltrica (usinas
hidreltricas; usinas termeltricas; e usinas elicas).
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6 ACORDOS E TRATADOS INTERNACIONAIS NA HIDROVIA
Nos dias atuais a busca pela integrao no Mercosul impulsiona as
negociaes em torno da criao da Hidrovia do Paraguai.
No obstante, houve aprofundamento e institucionalizao dos esforos para
a construo da Hidrovia. Para compreender adequadamente a situao atual,
possvel seguir um breve percurso das tentativas de viabilizao da Hidrovia
Paraguai-Paran, especialmente a partir da entrada em vigor do Acordo de
Transporte Fluvial, com o Decreto 2.716, de 10 de agosto de 1998.
Este acordo tem como objetivos a facilitao e manuteno das condies
de segurana do trfego, bem como o incremento da competitividade, em condies
no discriminatrias. Para tanto, foram firmados alguns protocolos, os quais tratam
de segurana, cessao da bandeira e aduana, entre outros temas.
Para o cumprimento das finalid