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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Produção e Controle Farmacêuticos
Estudo e desenvolvimento de sistemas de esterilização por plasma
Adir José Moreira
Dissertação para obtenção do grau de MESTRE
Orientadora: Profa. Dra. Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
São Paulo
2006
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos
Área de Produção e Controle Farmacêuticos
Estudo e desenvolvimento de sistemas de esterilização por plasma
Adir José Moreira
Dissertação para obtenção do grau de
MESTRE
Orientadora: Profa. Dra. Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
São Paulo
2006
Adir José Moreira
Estudo e desenvolvimento de sistemas de esterilização por plasma
Comissão Julgadora da
Dissertação para obtenção do grau de Mestre
Profa. Dra. Terezinha de Jesus Andreoli Pinto
orientadora/presidente
Profa. Dra. Telma Mary Kaneko 1o Examinador
Prof. Dr. Ronaldo Domingues Mansano 2º Examinador
São Paulo, 15 de Setembro de 2006.
V
Dedico
Aos meus pais Acir e Apparecida (in memorian), pelo exemplo de vida e
perseverança para lutar todos os dias, sem esmorecer frente aos obstáculos
existentes em nossas vidas.
À minha esposa Zoraide, e às minhas filhas Ana e Nicolle, fontes de inspiração constantes, para poder prosseguir nesse caminho.
VI
Agradecimentos
A Deus, sem o qual nada disso seria possível. À Professora Doutora Terezinha de Jesus Andreoli Pinto, pela orientação, confiança, e oportunidade de desenvolvimento deste trabalho, sempre incentivando e mostrando o caminho a ser seguido. Ao Professor Doutor Ronaldo Domingues Mansano, pelas informações a mim prestadas durante todo o trabalho, bem como por seu apoio durante os momentos mais necessitados. À FAPESP ( Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo), pelo apoio financeiro, essencial para a execução e conclusão do presente trabalho. Ao Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP por permitir o uso de toda sua infra estrutura. Aos amigos do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica da USP. Nelson Ordonez, companheiro de todas as horas e primeiro incentivador para iniciar essa nova fase de minha vida e pelo apoio técnico no desenvolvimento de projetos relativos à construção de novos dispositivos. Alexandre Marques Camponucci pelo apoio técnico, sempre pronto a resolver todos os problemas relacionados à área eletrônica vinculados aos equipamentos utilizados neste trabalho, bem como operação do Microscópio Eletrônico de Varredura, equipamento de vital importância para o bom andamento da conclusão do trabalho. José Antônio Rodrigues Porto pela operação do equipamento de raios –X, utilizado neste trabalho, bem como por apoiar a parte técnica de sala limpa. Elisio José de Lima pelo apoio técnico fornecido na área mecânica, sempre pronto a ajudar com sua desenvoltura e conhecimentos de mecânica, fazendo peças sempre precisas para utilização nos experimentos que se seguiram neste trabalho. Rubens de Alcântara Pereira pela ajuda essencial na finalização deste trabalho.Noemi Fonseca da Cruz pela atenção prestada aos amigos e colaboradores deste presente trabalho. Ao Professor Nilton Itiro Morimoto pela pronta compreensão, e apoio para seguir em frente com esse trabalho, liberando parte do tempo para execução do mesmo. Aos amigos do Laboratório de Controle Biológico de Qualidade, Medicamentos e Cosméticos José e Aline, pela atenção e ajuda, fundamentais para se conseguir obter os resultados aqui alcançados. À amiga Janice C. De Azevedo pela pronta ajuda no desenvolvimento inicial deste trabalho. Ao amigo Juliano de Morais Ferreira Silva, por seu companheirismo e profissionalismo, sempre pronto a ajudar com seus conhecimentos, tornando-se uma peça fundamental para o bom andamento deste trabalho.
VII
À amiga Michelle Rigamonte Boscariol, pelo companheirismo e amizade mostrado durante todo o percurso. À amiga Débora Cristina de Oliveira, pelo companheirismo, pela amizade e contribuições relevantes, tão importantes para execução deste trabalho. Ao Instituto de Física da USP nas pessoas da Professora Doutora Maria Cecília Barbosa da Silveira Salvadori responsável pelo Laboratório de Filmes Finos do Instituto de Física da USP pela permissão da utilização do Microscópio Eletrônico de Varredura, na parte conclusiva do experimento, e a técnica Fernanda Teixeira de Sá pela atenção e operação do Microscópio Eletrônico de Varredura. Ao IPEN ( Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares), pela utilização de sua infra-estrutura. Nas pessoas do Dr. Cláudio Rodrigues Superintendente do IPEN pela liberação do uso da infra estrutura. Sra. Elizabeth S. Ribeiro Somessari, responsável pelo setor de irradiação do IPEN, Sr. Carlos Gaia da Silveira e Sr Hélio Antônio Paes responsáveis pelos procedimentos de exposição das amostras ao processo de irradiação por raios gama e acelerador de elétrons. Ao Sr Flávio Betti do laboratório de dosimetria Termoluminescente pelas medidas da dose de radiação recebidas em equipamento de raios-X, análise importante para se poder chegar às conclusões finais referentes à esse trabalho. Ao Sr. Matias pelas suas informações, referentes aos processos de irradiação por raios – X. À amiga Mônica Valero da Silva, por sua atenção e apoio, durante a fase inicial deste trabalho. Ao Professor Doutor Luis da Silva Zambon, pela compreensão e ajuda nos momentos primordiais, sem o qual o trabalho poderia ficar comprometido. A Ronaldo Ruas, por todo apoio fornecido no inicio do trabalho. Ao Professor Doutor Patrick Bernard Verdonck pela ajuda no desenvolver deste trabalho com suas sugestões sempre construtivas. À Professora Doutora Telma Mari Kaneko por seu apoio durante o desenvolver deste trabalho. A Leila Bonadio pela rvisão bibliográfica contidas nessa obra. Enfim a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuiram para o êxito deste trabalho e que aqui não foram mencionados deixo minha mais profunda gratidão.
VIII
“Se um homem tem um talento e não tem capacidade
de usá-lo, ele fracassou. Se ele tem um talento e só
usa a metade deste ele fracassou parcialmente . Se
ele tem um talento e de certa forma aprende a usá-lo
em sua totalidade, ele triunfou gloriosamente e obteve
uma satisfação e um triunfo que poucos homens
conhecerão.”
Thomas Wolfe
IX
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia da esterilização por plasma, utilizando como sensor o indicador biológico, esporos deBacillus subtilis. Nesse estudo foram utilizados reatores constituídos de acoplamento capacitivo modo RIE (Reactive Ion Etching) e acoplamento indutivo modo ICP (Inductively Coupled Plasma),sendo esse último classificado em dois tipos, cilíndrico e Planar. A diferença entre esses equipamentos está basicamente na forma de geração do plasma, sendo que no sistema RIE a potência de RF é aplicada nos eletrodos. No sistema ICP cilindrico, a potência é aplicada em uma bobina. No sistema planar que pode ser considerado como um sistema híbrido, a potência de RF é aplicada na bobina e nos eletrodos, fazendo assim com que se obtenha um plasma de alta densidade. Todos os experimentos envolvendo plasma foram desenvolvidos à temperaturas mais baixas quando comparadas com os processos esterilizantes a calor (por volta de 55 ºC), o que garante a possibilidade de aplicação em materiais poliméricos e ópticos (endoscópios, etc.). Os estudos de letalidade dos processos foram realizados utilizando esporos de Bacillus subtilis, veiculados em lamínulas de vidro, os quais foram submetidos a combinações de parâmetros de processo, permitindo a obtenção de dados comparativos quanto a sua letalidade e resistência, e, conseqüentemente, informações quanto à efetividade do processo de esterilização por plasma. Na utilização do sistema RIE os resultados obtidos mostraram-se bastante promissores, quando se utilizou potência de 150 W, pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm, e tempo de 20 minutos, reduzindo a carga microbiana para próximo de zero nesse intervalo de tempo. Para potência de 100 W, utilizando todos os outros parâmetros, a carga microbiana foi reduzida com tempo de 60 minutos, não sendo este um resultado ideal, porém, ainda aceitável. Para o sistema ICP cilíndrico, os resultados foram também promissores, visto que se conseguiu reduzir a carga microbiana para próximo de zero, com 20 minutos de processo, sob pressão de 330 mTorr, potência de 350 e 400 W, e vazão do gás de 100 sccm. No sistema ICP Planar os resultados também foram muito bons, pois se conseguiu reduzir a carga microbiana para próximo de zero em 12 minutos, utilizando potência de 150 W, pressão de 100 mTorr, e vazão de 200 sccm. Esses resultados alcançados tanto para O2 puro quanto para O2 + H2O2, mostram a possibilidade da aplicação de ambos sistemas na esterilização de materiais hospitalares em geral, sendo entretanto necessários maiores estudos. Os resultados obtidos no trabalho possibilitarão projetar sistemas específicos que podem ser empregados em ambiente hospitalar e em estações de processamento de material cirúrgico.
X
Abstract
The objective of this work was to evaluate the effectiveness plasma of the sterilization, using the biological indicators with spore’s sensors Bacillus subtilis.. For this, the reactors of capacitive constituted of coupling had been used way RIE (Reactive Ion Etching) and inductive coupling was ICP (Inductively Coupled Plasma) which being the last classified in two types, cylindrical and glide. The differences between this equipment are basically in generation of plasma form, being these in systems RIE the RF power is applied in a coil. In the to glide system it can be considered with a hybrid systems, the RF power are applied in the bobbin and the electrodes which make with that it gets a high density of plasma. All the experiments involving plasma had been developed to the temperature near environment (for return of 55º C), which the possibility of application in polymeric and optic materials (the possibility of application in polymeric and optics materials (endoscopies, etc.). The studies of mortality of the process had been carried using the biological indicators constituted with spore’s sensors Bacillus subtilis, together in blade of glass, which had been subdue the combinations of parameters process, allowing get information comparative such as mortality and resistance, and consequently effectiveness process the of the sterilization information. In the use of RIE systems the results had get showed many promising when it used 150W power, 100 mTorr pressure, 200 sccm leak, 20 minutes time, reducing the microbial load near at zero in this interval time. For 100 W powers, using all the other parameters, microbial load were reduced at 60 minutes times, this results are not being ideal, but can be acceptable. To ICP cylindrical systems, the results had been promising, since it was get to reduce the microbial load near to zero, with 20 minutes of process, under 330 mTorr pressure, 350 e 400 W power and 100 sccm gas leak. In ICP glide systems the results also had been very good, because it was obtained to reduce the microbial load near to zero at 12 minutes, using 150 W power, 100 mTorr pressure and 200 sccm leak. These results reached in such way for 02 pure and to 02 + H202, in general both of the sterilization systems of hospital environment showed the possibility of the application, however was being necessary greater studies. The results will make possible the project of specific systems that can be used in hospital environment and stations of processing of surgical material
XI
Lista de figuras Figura 1 - Fluxograma evidenciando o experimento, desde a
preparação dos esporos até a contagem do número de sobreviventes. 40
Figura 2 - Fluxograma mostrando as etapas seguidas para obtenção
dos lotes de suspensão de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372. 41
Figura 3 - Distribuição das lamínulas contendo esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 acondicionados em placas de petri de vidro. 44
Figura 4 - Fluxograma mostrando as etapas realizadas para obtenção
dos esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372. 45 Figura 5 - Preparação dos suportes para exposição das amostras
contendo papel inoculado com esporos de Geobacillus sterothermophillus com carga de 1 x 106 UFC/suporte ao processo de plasma. 49
Figura 6 - Esquemático do Sistema de plasma modo RIE com
acoplamento capacitivo, mostrando o posicionamento da placa de petri dentro da câmara. 50
Figura 7 - Placa de petri contendo lamínulas de vidro de 18 X 18 mm
em triplicata inoculadas com esporos de B. Subtilis var. niger ATCC. 9372 com carga inicial de 2 x107 UFC/suporte, posicionada sobre o eletrodo, dentro do reator de plasma. 51
Figura 8 - Fluxograma evidenciando as etapas do processo de plasma.
53 Figura 9 - Fluxograma geral das etapas de liberação dos esporos. 54 Figura 10 - Fluxograma das etapas de liberação dos esporos após
processo de esterilização realizado nos dois tipos de indicadores esporos de B. subtilis e B. stearothermophillus. 54
Figura 11 - Gráfico da sobrevivência de esporos de Geobacillus
stearotehrmophillus inoculados em tiras de papel de 50 x 5 mm, com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/suportes submetidos à esterilização por plasma em sistema RIE, utilizando tubos de ensaio tipo pyrex com dimensões de 150 x 25 mm, com tampa de PVC possuindo orifício de 4mm de diâmetro para entrada do gás de processo e filtro de 0,5
XII
µm. Utilizando potência de Rádio frequência de 100 W, 330 mTorr de pressão e 500 sccm de vazão de oxigênio 4.8. 58
Figura 12 - Posicionamento das amostras contendo esporos de
Geobacillus stearothermophillus inoculados em tiras de papel com dimensões de 5 x 50 mm e carga inicial de 1 x 106 UFC/suporte sobre o eletrodo dentro da câmara de plasma de volume 7,45 litros. 60
Figura 13 - Gráfico da sobrevivência de esporos de Geobacillus
stearothermophillus inoculados em tiras de papel submetidos à esterilização por plasma em sistema RIE, com potência de RF aplicada de 100 Watts pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio com grau de pureza 4.8 e tempo de 30 minutos utilizando placas de petri de vidro sem tampa. 60
Figura 14 -Eletromicrografia evidenciando a degradação do suporte
celulósico, com dimensões de 5 x 50 mm, exposto ao processo de plasma RIE por tempo de 30 minutos, pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 4.8, e potência de 100 Watts. 61
Figura 15 - Espectrofotômetro utilizado nas avaliações dos ciclos de
esterilização por plasma. 62 Figura 16 - Microscópio eletrônico de varredura (SEM Scan Electronic
Microscopy) Phillips SEM 515. 62 Figura 17 - Exemplo de um espectro de plasma de oxigênio com
duração de 15 segundos, pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm e potência de 100 Watts. 63
Figura 18 -Evolução da raia de oxigênio durante o processo de
esterilização por plasma modo RIE, utilizando esporos de Geobacillus stearothermophillus inoculados em tiras de papel de 5 x 50 mm, com carga inicial de 1 x 106 UFC/suporte, sob as condições de 330 mTorr de pressão, 500 sccm de vazão de oxigênio 4.8, 100 Watts de potência e tempo de 30 minutos. 63
Figura 19 - Eletromicrografia de esporos de Geobacillus
stearothermophillus inoculados em tiras de papel de 5 x 50 mm com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/mL, expostos ao plasma modo RIE, sob as seguintes condições: Pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 4.8, potência de RF de 100 Watts e tempo de 10 minutos. 64
Figura 20 - Eletromicrografia de esporos de Geobacillus
stearothermophillus inoculados em tiras de papel de 5 x 50
XIII
mm com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/mL, após a esterilização por autoclave, por tempo de 15 minutos à 121 °C e 1 atm. 65
Figura 21 - Autoclave vertical Lutz Ferrando. 65 Figura 22 - Eletromicrografia de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte antes de sofrer processo de esterilização por plasma. 66
Figura 23 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempo de 30 minutos, pressão de 330 mTorr, vazão de 200 sccm de oxigênio 4.8. 68
Figura 24 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempo de 30 minutos, pressão de 50 mTorr, vazão de 81 sccm de oxigênio 4.8. 69
Figura 25 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempo de 30 minutos, pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm de oxigênio 4.8. 69
Figura 26 - Eletromicrografia de esporos de esporos de B. subtilis var.
niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, após a exposição ao plasma modo RIE por tempo de 20 minutos, potência de 150 Watts, pressão de 100 mTorr e vazão de 200 sccm de oxigênio 4.8. 70
Figura 27 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempos de 20 a 120 minutos, e potências de 25 a 150 Watts, pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm de oxigênio 4.8. 72
Figura 28 - Análise espectrofotométrica para processo de 30 minutos
com 150 Watts de potência, 200 sccm de vazão de oxigênio 4.8 e 100 mTorr de pressão Utilizando esporos de B. subtilis
XIV
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte. 72
Figura 29 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B.subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 180 sccm de oxigênio 4.8 e 20 sccm de peróxido de hidrogênio em solução 30% estabilizada. 74
Figura 30 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 170 sccm de oxigênio 4.8 e 30 sccm de peróxido de hidrogênio em solução 30% estabilizada. 74
Figura 31 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 20 e 30 sccm de de peróxido de hidrogênio puro em solução 30% estabilizada. 75
Figura 32 - Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as
amostras de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 160 sccm + 40 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. 76
Figura 33 - Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as
amostras de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 180 sccm + 20 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. 77
Figura 34 - Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as
amostras de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 190 sccm + 10 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. 78
XV
Figura 35 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 160 sccm de oxigênio 4.8 e 40 sccm de peróxido de hidrogênio. 80
Figura 36 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis e Geobacillus stearothermophillus, inoculados em papel, expostas a uma potência de 150 Watts, 30 minutos e pressões de 12, 100 e 330 mTorr para as vazões de 20,200 e 100 sccm respectivamenteem plasma modo RIE. 81
Figura 37 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis, inoculados em lâmínula de vidro, expostas a uma potência de 150 Watts, 30 minutos e pressões de 12, 100 e 330 mTorr para as vazões de 20, 200 e 100 sccm respectivamente. 82
Figura 38 - Equipamento de plasma tipo ICP cilindrico. 83 Figura 39 - Esquema do sistema ICP cilindrico. 84 Figura 40 - Tubo de quartzo do sistema ICP cilindrico. 84 Figura 41 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 85
Figura 42 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 150 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 85
Figura 43 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas fora da bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 86
XVI
Figura 44 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas fora da bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 86
Figura 45 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potências de 200 e 250 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 89
Figura 46 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 300, 350 e 400 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 4.8 e pressão de 330 mTorr. 89
Figura 47 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 95 sccm de oxigênio + 5 sccm de peroxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr. 90
Figura 48 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 90 sccm de oxigênio + 10 sccm de peroxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr. 91
Figura 49 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 80 sccm de oxigênio + 20 sccm de peroxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr. 92
Figura 50 - Distribuição das placas de Petri dentro do reator de
plasma. 93
XVII
Figura 51 - Vista interna do dispositivo de acoplamento indutivo (posição da bobina). 94
Figura 52 - Vista lateral do dispositivo, conexões de água de
refrigeração e Rádio Frequência. 94 Figura 53 - Esquemático do sistema ICP (Inductivelly Coupled Plasma)
planar. 95 Figura 54 - Equipamento de plasma existente (RIE - Reactive Ion
Etching). 95 Figura 55 - Gráfico do logaritimo do número de esporos de B. subtilis
var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP planar, utilizando oxigênio 4.8 na vazão de 200 sccm, e pressão de 100 mTorr. 96
Figura 56 - Espectro evidenciando os comprimentos de onda do
Ultravioleta. 97 Figura 57 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, expostos à irradiação por UV, com tempo máximo de 60 minutos e dose de radiação de 0,84 a 50,4 j/cm². 97
Figura 58 - Eletromicrografia de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372, inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte após exposição ao UV por 60 minutos. 98
Figura 59 - Equipamento de raios-X modelo URD6 da Zeiss Zena com
tubo de Cu. 99 Figura 60 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de raios-X, por tempo de 30 minutos. 99
Figura 61 - Equipamento de raios gama, Gamacell, modelo C6-220 da
Atomic Energy. 100 Figura 62 - Cone de varredura do acelerador de elétrons modelo DC.
1500/25/4-JOB188 da Radiation Dinamics. 100 Figura 63 - Esquema básico de um acelerador de elétrons. 101
XVIII
Figura 64 - Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de radiação por raios gama, submetidos à dose de radiação de 5,10 e 25 KGy. 102
Figura 65 -Gráfico do logaritimo do número de sobreviventes de
esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínulas de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de radiação por acelerador de elétrons submetidos à dose de radiação de 5,10 e 25 KGy e corrente de feixe de 2,8,5,6 e 7,1 mA. 103
Figura 66 -Comparação dos processos esterilizantes dos indicadores
biológicos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, expostos a diferentes processos esterilizantes, e em diferentes condições. 105
XIX
Lista de Tabelas Tabela 1- Preparação das culturas de esporos. 42
Tabela 2- Parâmetros de processo utilizados na primeira fase. 52
Tabela 3- Parâmetros de processo utilizados na segunda fase. 52
Tabela 4- Leitura da temperatura dos processos em sistema RIE. 71
Tabela 5- Calibração da vazão de peróxido de hidrogênio em
função da vazão do oxigênio. 79
Tabela 6- Temperatura de processo em sistema ICP cilíndrico. 88
Tabela 7- Comparação das doses recebidas pelas amostras
submetidas ao processo de esterilização por raios-X, em
função da potência aplicada. 98
Tabela 8- Parâmetros utilizados nos processos de radiação gama. 102
Tabela 9- Parâmetros utilizados nos processo de radiação por
acelerador de elétrons. 103
Tabela 10- Comparação dos valores D obtidos nos processos de
esterilização nos diferentes equipamentos. 106
XX
Lista de Abreviações
RF Rádio Frequência sccm standard cubic centimeter W Watts Pot. Potência P. Pressão Vaz. Vazão Conc. Concentração RIE Reactive Ion Etching ICP Inductivelly Coupled Plasma SEM Scan Electronic Microscopy B. bacillus min. Minuto seg. segundo t. tempo log. Logaritmo MFC Mass Flow Controller atm Atmosfera mm milímetro
µm micrometro nm nanometro IB Indicador biológico UV Ultra violeta UR Umidade relativa RPM Rotações por minuto g grama mL mililitro mTorr miliTorr PPM Parte por milhão MHz Megahertz
XXI
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 22
2. REVISÃO DE LITERATURA 27
3. OBJETIVOS 37
4. MATERIAIS E METODOS 38
4.1. MATERIAL 38
4.2. METODO 40
4.2.1. REPIQUES DE MANUTENÇÃO 41
4.2.2. OBTENÇÃO DE ESPOROS 41
4.2.3. RECOLHIMENTO E LAVAGEM DOS ESPOROS 43
4.2.4. PADRONIZAÇÃO DAS SUSPENSÕES DE ESPOROS 43
4.2.5. PREPARAÇÃO E INÓCULO DOS SUPORTES LAMINULARES 44
4.2.6. MÉTODO DE LIBERAÇÃO EM AGITADOR VORTEX 46
4.2.7. ACOMPANHAMENTO DA LETALIDADE E RESISTÊNCIA 47
4.2.8. CICLOS LABORATORIAIS DE EXPOSIÇÃO AO PLASMA 47
4.2.9. MECANISMO DE GERAÇÃO DE PLASMA 48
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 58
6. CONCLUSÕES 107
7. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 109
8. DERIVADOS 113
22
1. INTRODUÇÃO
As características de efetividade e segurança, quanto à nível de esterilidade, a
ciência médica tem evoluido rapidamente possibilitando o desenvolvimento de
novas tecnologias. Essas implicam no desenvolvimento de métodos esterilizantes
que utilizem temperaturas relativamente baixas, com processos químicos gasosos,
e que possam ser aplicadas a materiais termossensíveis [CHAIGNEAU, 1983].
De um modo geral, os métodos esterilizantes podem ser divididos em físicos,
químicos e físico-químicos.
Os processos físicos são principalmente o calor úmido ou seco de vapor
saturado, radiação / raios gama. Os métodos químicos são banhos ou lavagens que
utilizam glutaraldeído, formaldeído e ácido peracético [RUSSEL,HUGO,AYLIFFE,
1982; RUTALA,1995].
Os métodos físico-químicos (no geral considerados simplesmente químicos)
envolvem principalmente processos onde se tem a ação dos dois fatores utilizados
nos métodos anteriores, tal como ocorre no uso de esterilizador por óxido de etileno,
vapor a baixa pressão e formaldeído, assim como na utilização de processos com
gases ionizados (plasma) [YOUNG, 1997].
O método de calor úmido, na forma de vapor saturado sob pressão, é o mais
usado [RUTALA, 1996]. Este método apresenta como vantagem a baixa toxidade, o
baixo custo, a ausência de resíduos, o elevado poder esporicida e a compatibilidade
com a maior parte dos materiais empregados em unidades hospitalares. Os
principais mecanismos da esterilização neste caso são: a coagulação e denaturação
irreversível de proteínas e enzimas celulares e a expansão adiabática das moléculas
de água no interior dos organismos que promovem, desta forma, a ruptura de sua
23
membrana biológica durante o ciclo de descompressão das câmaras da autoclave
[RUTALA, 1996] .
O uso de calor seco também é bastante empregado, mas diferentemente dos
processos em autoclave, não proporciona a transmissão de calor latente nem o
aumento da pressão. Assim, utiliza temperaturas mais altas. O mecanismo principal
de esterilização é dado pela oxidação dos constituintes dos organismos vivos.
O principal problema destes métodos consiste nas altas temperaturas que
podem alterar os materiais poliméricos utilizados em cateteres e outros materiais
sensíveis à temperatura. As limitações abrangem materiais empregados em
endoscopias, e em grande diversidade de outros materiais hospitalares, plásticos e
elastoméricos, a serem utilizados em vasta gama de técnicas clínicas, terapêuticas e
cirúrgicas [HOLY, 2001].
As técnicas de esterilização por plasma oferecem grandes vantagens em
relação aos outros métodos utilizados, pois são bastante efetivas quanto à redução
da carga microbiana, além de se desenvolverem em temperatura ambiente e não
utilizarem gases tóxicos. Enquanto o processo de esterilização por óxido de etileno
por exemplo, liberam resíduos tóxicos e pode envolver diluentes que contribuem
para destruição da camada de ozônio [ROWLAND, 1998], os processos de
esterilização por plasma eliminam apenas oxigênio, água e CO2, podendo assim
serem considerados como ambientalmente corretos. Além disso sua instalação não
requer níveis de segurança avançado como por exemplo no caso de sistemas de
esterilização por raios gama.
Todos esses fatores associados proporcionam segurança ao ambiente e aos
operadores [HERMELIN, ET AL, 1998; LEROUGE, ET AL, 2000].
24
Características ideais para um processo de esterilização a baixa temperatura
envolvem: alta eficácia, ação rápida, grande poder de penetração, compatibilidade
com o maior número de materiais, não utilização ou geração de produtos tóxicos,
eficiência mesmo em presença de material orgânico, facilidade de adaptação em
qualquer ambiente (hospitalar ou industrial), possibilidade de ser monitorado e
facilidade de operação [HOEFEL, 2002].
O processo empregando plasma tem como vantagens o fato de realizar
reação química com as unidades celulares muito rapidamente, viabilizando o
processo de esterilização em curto espaço de tempo; o fato de a ativação do gás de
peróxido se dar por alguns minutos e depois voltar ao estado normal sem deixar
resíduos e, no final do processo, ter como produto de degradação oxigênio e água,
não dispensa a necessidade de período de aeração. Além disso, o processo não
requer equipe específica, nem controle ou monitoração exaustiva.
O plasma de peróxido de hidrogênio não deve ser utilizado para derivados de
celulose, devido a ação da celulase. A esterilização por esse método exige
embalagens que não contenham em sua formulação celulose. São utilizados
embalagens de Tyvek siliconizado ( poliolefinas), Mylar ( polietileno em tripla
camada) e um polipropileno 100% repelente a líquido , com características de
resistência, penetração e impermeabilidade específicos. Os indicadores biológicos
utilizados para avaliação do processo também requerem atenção especial, pois
originalmente são feitos com fita de celulose impregnados com esporos de bacillus
O Plasma é um estado físico da matéria definido como uma nuvem de íons,
elétrons e partículas neutras, as quais são altamente reativas. É um estado diferente
25
dos demais conhecidos (líquido, gasoso e sólido) e vem sendo chamado de quarto
estado da matéria.
Durante os processos de plasma os elétrons de um átomo ou molécula
podem ganhar energia suficiente para passar para um nível mais energético, onde
ficam em órbita durante um certo intervalo de tempo e em seguida decaem para um
nível de menor energia. Durante o processo de decaimento ocorre perda de energia
por parte desse elétron, sendo que essa energia pode ser emitida em forma de
fótons. Assim sendo, os processos de plasma podem ser caracterizados por meio de
um sistema de espectrometria de emissão, a qual é baseada na emissão de fótons
das espécies excitadas (a espectroscopia de emissão é uma técnica não intrusiva
pois não promove contato com o plasma, permitindo ainda realizar medidas em
tempo real). A técnica de espectroscopia de emissão é muito utilizada para
caracterizar processos de plasma em geral como deposição ou ataque químico de
diversos materiais cerâmicos e poliméricos [D’AGOSTINO, 1990].
Os equipamentos atuais utilizam a etapa de plasma para eliminar os resíduos
tóxicos gerados pelos métodos de esterilização com peróxido de hidrogênio ou por
ácido peracético, já que a etapa de plasma só é efetuada no final do ciclo de
esterilização [HAYAKAWA, 1998].
Assim como inexiste a disponibilidade do emprego de um processo específico
utilizando plasma para a efetiva esterilização, também não foi desenvolvido qualquer
equipamento comercial que permita utilizar este método de esterilização [MOISAN
ET AL, 2001].
26
Adicionalmente, sabe-se de limitações possíveis quanto aos aspectos de
validação, seja no que tange a limitações dimensionais da câmara esterilizante, seja
na configuração do produto. Encontram-se como causas destas preocupações a
distribuição homogênea de plasma formado, assim como a meia vida de suas
entidades sabidamente instáveis [MOISAN ET AL, 2001].
Em processo de plasma que envolve materiais orgânicos pode haver
acompanhamento da evolução do oxigênio e seus compostos como o dióxido de
carbono, permitindo obter informações ao menos qualitativas sobre como está
ocorrendo o ataque químico [CHAU ET AL, 1996].
Desta forma durante o processo de esterilização espera-se observar a
composição química do plasma, conseguindo acompanhar tanto a absorção das
espécies reativas do plasma pelo material biológico dos esporos, quanto à emissão
de material devido à degradação da membrana dos esporos. Do ponto de vista
químico todo material biológico provocará alterações no plasma sendo possível sua
caracterização através desta técnica [D’AGOSTINO, 1990].
Torna-se fundamental portanto, minucioso estudo das diferentes variáveis
físicas, e de como podem afetar os endosporos microbianos, de forma a viabilizar o
emprego amplo da esterilização por plasma de artigos médico-hospitalares.
27
2. REVISÃO DE LITERATURA
O conceito de esterilização surgiu em meados do século XIX, quando foi
constatada que para o uso seguro de artigos médico–hospitalares haveria a
necessidade de eliminação total dos microrganismos [HUGO, RUSSEL, 1983].
Conceitualmente, um método de esterilização tem por finalidade remover ou
destruir todas as formas de vida microscópicas, saprófitas ou não, presentes no
produto considerado e com capacidade de desenvolvimento durante os estágios de
armazenamento e utilização dos mesmos. Entretanto, seria incorreto afirmar que
para métodos esterilizantes ocorra a morte de todos os microrganismos, significando
que sempre há a possibilidade de se encontrar alguns microrganismos que não
sofreram ação do processo esterilizante, permanecendo assim intactos. Podemos
dizer que o processo esterilizante visa minimizar essa possibilidade, procurando
assim atingir o nível de segurança de esterilidade pré-definido “sterility assurance
level” (SAL). Isso faz com que o procedimento esterilizante selecionado para atingir
o SAL estabelecido para um determinado produto dependa da natureza e utilização
desse produto e da carga microbiana inicial presente no mesmo [DENYER, BAIARD,
1990].
A exposição de um artigo a um agente esterilizante, não garante a segurança do
processo, uma vez que esta depende de limpeza eficaz. A eleição do método de
esterilização dependerá do tipo de artigo a ser esterilizado. Estes métodos poderão
ser físicos, químicos ou físico-químicos [PINTO, SAITO, 1992].
Métodos físicos são aqueles que utilizam calor em diferentes formas e alguns
tipos de radiação para esterilizar artigos. Nas centrais de esterilização hospitalares o
método mais utilizado e factível é a autoclavação por vapor saturado sob pressão.
Outro método igualmente conhecido, porém tendendo ao desuso no ambiente
28
hospitalar pelas dificuldades operacionais e pelo avanço da tecnologia das
autoclaves a vapor, é o calor seco (estufa).
A esterilização por radiação impõe manipulação restrita às industrias que
recebem a orientação/capacitação do CNEN (Conselho Nacional de Energia
Nuclear). O uso de radiação ultravioleta para esterilização de artigos é proibido pelo
Ministério da Saúde (Portaria n. ° 674, de 31.12.97).
Dentre os métodos esterilizantes disponíveis atualmente, o mais empregado
é o método de calor úmido por apresentar como características: ausência de
toxicidade, ausência de resíduos, baixo custo, fácil controle, elevado poder
esporicida e compatibilidade com vasta gama de materiais, porém só podendo ser
aplicado para materiais resistente ao calor e umidade [HOLY, 2001].
O seu mecanismo de ação consiste em coagulação e denaturação
irreversíveis de proteínas e enzimas celulares, conduzindo à características de
esterilidade em tempo de cerca de 20 minutos. Um fator importante para a morte
microbiana, é o aumento rápido da temperatura. Isso ocorre devido à pressão
adotada nesse tipo de processo [HOLY, 2001].
O processo envolvendo calor seco exige temperaturas mais elevadas para
atingir o nível de esterilidade, pois não envolve transmissão de calor latente . Ele
inativa esporos de bactérias e microrganismos vegetativos por processo de
oxidação, ou seja, a morte microbiana se dá através da oxidação de constituintes
celulares. [RUTALA, 1996; RUSSEL, HUGO, AYLIFFE, 1999].
O calor seco é utilizado em materiais que não podem ser processados por
calor úmido, devido a possíveis danos nos mesmos, como por exemplo, materiais
que possam sofrer oxidação, produtos oleosos, pós, etc. Possui como vantagens:
alto poder de penetração, poucas variáveis a controlar e baixo custo, porém requer
29
utilização de temperatura e tempos elevados para se atingir níveis de esterilidade
desejáveis [RUTALA, 1996; RUSSEL, HUGO AYLIFFE, 1999]. No entanto não é
aplicáveil a materiais termolábeis, cabendo a esses, outras tecnologias.
Desta forma, o grande impasse surgido nas últimas décadas quanto à
esterilização de materiais termossensíveis foi valioso na busca de novos desafios. A
situação apresentava-se sob controle, a despeito das limitações da irradiação (seja
por cobalto ou elétron acelerado). Europa e Estados Unidos divergiam quanto à
esterilização, a primeira deslocando-se para formaldeído e vapor a baixa pressão e
peróxido de hidrogênio, o segundo, com elevadíssimo consumo, para óxido de
etileno, mas problemas ocupacionais e ambientais provocaram grandes mudanças
[DEN ELZEN, SWART, ROTMANS, 1992; RUTALA WEBER, 1996]. Os controles
tornaram-se mais rígidos e o atendimento a questões legais, com regulamentações
severas direcionou à pesquisas de substâncias e processos alternativos.
Vários estudos têm mostrado que a radiação ionizante é um poderoso
processo para inativação de vários tipos de microrganismos, podendo ser usada
para esterilização de produtos médicos, farmacêuticos e também para outros
produtos termolábeis, substituindo as técnicas tradicionais de esterilização térmica
[RUSSEL, HUGO AYLIFFE, 1999]. Essa técnica age como esterilizante por produzir
modificações no DNA das células, provocando lesões estruturais, o que acarreta
alterações funcionais graves por difusão de radicais livres na célula microbiana,
mas também no material submetido ao processo [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001].
A radiação ionizante é geralmente classificada em dois grupos:
eletromagnética e particulada. A radiação eletromagnética pode ser exemplificada
por raios-Gama, raios-X, ultravioleta e luz visível. Os raios infravermelhos e energia
de microondas são não particulados e viajam na velocidade da luz.
30
Radiações particuladas podem ser exemplificadas por partículas Alfa,
partículas Beta, nêutrons, elétrons e protons, as quais possuem menor poder de
penetração que a eletromagnética como raios –Gama e raios-X. Na prática somente
raios-Gama e aceleradores de elétrons têm encontrado uso em métodos de
esterilização [RUSSEL, HUGO AYLIFFE, 1999].
Os raios Gama, geralmente são emitidos por isótopos radioativos de 60Co,
137Ce e 182Ta. A forma mais utilizada é a radiação gama, cujo elemento mais
utilizado é o 60Co, que possui grande poder de penetração nos materiais. É utilizado
principalmente em implantes. O tempo de permanência do material frente à bomba
de cobalto é calculado a partir da distância do material à fonte, das condições de
atividade da fonte e da natureza do material a esterilizar. O processo é monitorado
por painel eletromecânico que avalia os riscos, ou seja, os níveis de radiação no
equipamento. Cada lote de artigos é monitorado por dosímetros que controlam a
quantidade de radiação recebida [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001].
Esse processo apesar de ocorrer a baixas temperaturas, nem sempre é
recomendado para materiais médico-hospitalares de natureza polimérica, devido a
formação de radicais livres, ligações cruzadas e duplas ligações, as quais
ocasionam alterações mecânicas e visuais [SHINTANI,1995]. Materiais
termossensíveis são em sua maioria susceptíveis a alterações moleculares quando
submetidos a processo de irradiação, fazendo com que esse tipo de processo seja
potencialmente inadequado. Devido a isso, deve-se realizar estudo de estabilidade e
investigação toxicológica, a fim de verificar a segurança dos produtos processados.
A opção então para esterilização desse tipo de material consiste no emprego
de agentes químicos na forma gasosa. Dentre os agentes químicos na forma
31
gasosa, as maiores aplicações recaem sobre o óxido de etileno e plasma de
peróxido de hidrogênio.
O óxido de etileno é um gás incolor, de alto poder virucida, esporicida,
bactericida, micobactericida e fungicida. A ação do ETO (óxido de etileno) é
atribuída à alquilação das proteínas dos microrganismos. Essa ação depende dos
parâmetros de concentração, temperatura, umidade relativa e tempo de exposição
ao gás. Sua indicação de uso é para os artigos termossensíveis. É altamente
explosivo e facilmente inflamável, devendo ser utilizado em equipamentos
específicos.
O processo empregando óxido de etileno tem sido o mais freqüentemente
utilizado como de baixa temperatura. Alguns estados americanos têm requerido
redução da emissão de óxido de etileno de 90 a 99% [36] pelos seus efeitos
nocivos.
No Brasil sua utilização encontra-se regulamentada pela Portaria
Interministerial n.o 482, de 16 de abril de 1999. Nesta Portaria encontram-se as
condições exigidas para instalação, processamento, embalagem, transporte de
artigos, saúde e segurança ocupacional.[MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999].
A exposição ao gás pode resultar em câncer, anomalias do sistema
reprodutor, alterações genéticas e doenças neurológicas caso não se respeitem às
condições de segurança estabelecidas [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999].
O ciclo de esterilização ocorre em 5 fases: pré-umidificação – umidade em
torno de 40% admissão do gás; tempo de exposição – 3 a 4 horas; Exaustão do
gás; Aeração – tem por finalidade a remoção dos resíduos tóxicos e seus
subprodutos [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001].
32
Aliado às diversas características de elevada difusibilidade e volatilidade, que
respondem pela eficácia e segurança biológica do processo esterilizante por óxido
de etileno, a facilidade com que sempre se contornou suas características negativas
(flamabilidade, com a adoção de misturas inertes ou em plantas planejadas para
conferir a necessária segurança; toxicidade, com o emprego de equipamentos de
proteção individual-EPI’s e coletiva – EPC’s), tornou este o processo esterilizante de
maior opção, particulamente dentre os fabricantes de artigos médicos-hospitalares
[OLIVEIRA, 2000].
No reprocessamento de materiais médico-hospitalares, aspecto que se
constitui em grande preocupação nos hospitais, o óxido de etileno tem sido o
esterilizante de escolha. Entretanto, a frequente inexistência de instalações
adequadas, seja no próprio hospital ou em empresas que oferecem serviços de
terceirização, tem acarretado a busca de novas alternativas [RUTALA, GERGEN,
WEBER, 1998].
Uma das grandes possibilidades, a mais promissora e revolucionária,
consiste no emprego do plasma como processo esterilizante [SHINTANI, 1995,
JACOBS, 1994]. Embora já se tenha nos últimos anos divulgado, e inclusive
comercializado, equipamentos atrelados ao emprego do plasma, com ênfase para o
Plazlyte® (Abtox) [CHAU ET AL, 1996] e Sterrad® (Jhonson & Jhonson)
[HERMELIN ET AL, 1998], há controvérsias a serem esclarecidas.
No âmbito da tecnologia, há que se estudar o efeito da composição do gás na
letalidade dos esporos [HERMELIN ET AL, 1998], já que nos equipamentos
comercialmente disponíveis o plasma é mero agente complementar, de
detoxificação do agente ativo principal H2O2, ou ácido peracético [KREBS ET AL,
1998; KUCHMA ET AL, 1996].
33
O uso desta técnica está sendo considerado para esterilização de certos
dispositivos médicos, devido a suas vantagens com respeito a compatibilidade do
material, comparado com os processos de esterilização existentes [RUSSEL,
HUGO, ALYFFE, 1999].
Comunicação de Rutala et al. [RUTALA, GERGEN, WEBER, 1999] apresenta
resultado satisfatório do processo atrelado ao plasma quanto à letalidade de
esporos de B. stearothermophilus em lúmens de formas tubulares com 1 mm, 2 mm
e 3 mm de diâmetro. Entretanto, Alfa e colaboradores [ALFA ET AL, 1996], em
estudo amplo e comparando a eficácia esterilizante do óxido de etileno (12:88) e
plasma, em tubos de plástico de 125 cm e 3,2 mm de diâmetro interno, trabalhando
com diferentes cepas microbianas, constatarem falha na eficácia do processo por
plasma de peróxido de hidrogênio.
Há dificuldades que certamente poderiam ser resolvidas com padronização
de condições de processo e validação [WERNER, 1995].
Addy [ADDY, 1991] apresenta premissas associadas ao gás precursor, ao
efeito da temperatura e embalagem. Suportes contendo ou não adição de soro e de
sais são possíveis fatores de influência [ALFA ET AL, 1996]. A importância da
umidade, fica entre questões operacionais e de eficácia [PENNA ET AL, 1999].
O plasma, considerado o quarto estado da matéria, (diferente dos estados
sólido, líquido e gasoso) é definido como uma nuvem de íons, elétrons e partículas
neutras, altamente reativas. A geração de um campo eletromagnético pela energia
de radiofreqüência induz a formação do plasma [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001]. O
campo acelera as partículas carregadas e os elétrons, uma vez que os íons são
muito mais pesados, sendo que a energia é tranferida ao plasma através das
colisões entre ambos. As entidades altamente reativas formadas respondem
34
diretamente pelo ataque e reação com os sítios nucleofílicos dos microrganismos
presentes no processo, seja ao nível da membrana celular ou do material genético
dos mesmos, promovendo sua inativação [MOISAN ET AL, 2001; RUSSEL, HUGO,
AYLIFFE, 1999 ].
Os radicais livres gerados no plasma de peróxido de hidrogênio apresentam-
se com cargas negativas e positivas, que excitados tendem a se reorganizar,
interagindo com moléculas essenciais ao metabolismo e reprodução microbianos,
ligando-se de maneira específica às enzimas, fosfolipídeos, DNA e RNA. Essa
reação química é extremamente rápida, viabilizando o processo de esterilização em
curto espaço de tempo [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001]. O processo empregando
plasma é indicado para esterilização de artigos termossensíveis. O ciclo de
esterilização dos equipamentos atuais ocorre em torno de 1 hora. É compatível com
a maioria dos metais, plásticos, vidros, borrachas, acrílicos e incompatível com
celulose. O produto final é água, dióxido de carbono, e oxigênio, não oferecendo
portanto toxicidade para os profissionais e usuários dos produtos. [MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2001]
O processo consiste em expor os materiais contendo microrganismos a
espécies reativas geradas pela ionização de um gás, utilizando-se para isso campos
eletromagnéticos [LEROUGE ET AL, 2000; RUTALA, GERGEN WEBER, 1999;
OSHIMA ET AL, 1997; HERMELIN ET AL, 1998].
Os ciclos de esterilização por peróxido de hidrogênio tipicamente
compreendem: vácuo, injeção, difusão, plasma e ventilação [RUSSEL HUGO,
AYLIFFE, 1999].
35
Quanto aos invólucros, as dimensões dos pacotes dependerão do
equipamento utilizado na esterilização, sendo fundamental o registro do seu
conteúdo, data de esterilização e prazo de validade.
O empacotamento dos artigos para esterilização pode se dar por meio da
utilização de embalagens diversas cujos requisitos conforme a Associação
Americana de Enfermeiros de Centro Cirúrgico (Association of Operating Room
Nurses – AORN) são: ser apropriada para as instalações e método de esterilização;
proporcionar selagem adequada e resistente, proporcionar barreira adequada; ser
compatível e resistir às condições físicas de esterilização; permitir adequada
remoção de ar; permitir penetração e remoção do agente esterilizante; proteger o
conteúdo do pacote de danos físicos; resistir a punções e rasgos; apresentar
ausência de furos; não conter ingrediente tóxico; não gerar partículas; apresentar
custo x benefício positivo; ser usada de acordo com as instruções descritas pelo
fabricante. Os tipos de embalagens podem ser tecidos, não tecidos, papel grau
cirúrgico, papel crepado, “containers” rígidos [MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001].
A validação e controle de rotina dos processos de esterilização usando
sistema de plasma ainda não estão regulamentados [RUSSEL, HUGO AYLIFFE,
1982].
Uma vez que o objetivo de qualquer processo esterilizante é a morte dos
microrganismos presentes no produto, o mecanismo mais adequado para constatar
a eficácia do processo é traduzido pela letalidade do processo, sendo os esporos
bacterianos, os sensores, e principais constituintes dos indicadores biológicos. Eles
são capazes de integrar todos os parâmetros envolvidos: tempo, concentração do
agente ativo, temperatura, umidade relativa, pressão, além de condições de
36
embalagem, uma vez que podem ser alocados internamente às embalagens dos
produtos a serem esterilizados [OLIVEIRA, 2000].
A resistência dos esporos bacterianos dos indicadores biológicos deve ser
obrigatoriamente superior à dos microrganismos originalmente presentes no material
a ser esterilizado, em geral formas vegetativas bacterianas, chamados de carga
natural do produto ou “bioburdem” [KRISTENSEN, 1970].
A cepa microbiana empregada na monitoração do processo esterilizante deve
preferencialmente apresentar determinadas características, como: elevada
resistência frente a particular processo esterilizante, ausência de patogenicidade,
fácil identificação, condições específicas de crescimento, não ser produtora de
pirogênio e permitir fácil padronização. É também desejável que apresente alguma
característica que a distingua de contaminações acidentais [PINTO, 1991].
Dentre os microrganismos mais estudados para validação deste processo, o
esporo de B. subitilis é o mais empregado, por apresentar maior resistência
comparativamente a um grande número de microrganismos, sejam eles
enterobactérias, gram-positivos, vírus, fungos, etc.
Ao se entender melhor os mecanismos de geração do plasma, pretende-se
buscar um agente esterilizante ideal, que seja de alta eficácia, atividade rápida,
penetrabilidade, compatibilidade, atoxicidade e custo efetivo, podendo vir a ser bem
aceito, tanto no âmbito da indústria como do conhecimento científico [RUTALA,
1996].
3. Objetivos
O objetivo deste trabalho é avaliar a eficácia da esterilização por plasma,
utilizando indicadores biológicos constituídos por esporos de Bacillus Subtilis , em
diferentes combinações de parâmetros, quando submetidos a ciclos sub-letais
37
envolvendo geração de entidades reativas a partir da aplicação de campo
eletromagnético sobre diferentes gases ou misturas de gases, propondo assim um
método de esterilização, eficaz e seguro, tanto para os operadores como para o
ambiente.
38
4. Material e Metodos.
Foram objetos deste estudo distintas combinações de parâmetros
envolvendo a formação do plasma, a saber: modo de geração do plasma, eficiência
dos gases utilizados, pressão, vazão de gás, umidade relativa, temperatura,
potência de rádio frequência e tempos de exposição ao plasma, identificação e
isolamento do fator esterilizante. Paralelamente foram realizados testes de
esterilização em equipamentos de raios-X, raios-Gama aceleradores de eletrons,
autoclave e óxido-etileno, além de irradiação por ultravioleta com o propósito de
comparar esses métodos em relação ao plasma. A evolução do gás de processo foi
monitorada por espectrofotometria ou espectrometria de emissão, e a análise do
material esterilizado foi feita empregando microscópio eletrônico de varredura.
4.1 Material
Foram utilizados como indicadores biológicos esporos de B. subtilis var.niger
ATCC 9372, produzidos e padronizados. Além desses foram utilizados também,
indicadores biológicos de esporos de Geobacillus stearothermophillus com carga de
1x106 UFC/suporte, fabricados por Steris Corporation, inoculados em tiras de papel
com dimensões de 5 mm x 50 mm.
O equipamento de estudo deste experimento foi um sistema tipo RIE
(Reactive Ion Etching) com câmara de volume de 7,45 Litros. Testes adicionais
foram realizados em um sistema tipo ICP (Inductively Coupled Plasma) cilíndrico
com tubo de quartzo de 1200 mm de comprimento X 150 mm de diâmetro, ICP
planar com câmara de 7,45 litros. Os geradores de rádio freqüência utilizados
nesses equipamentos são RFX600 com frequência de 13,6 MHz da Advanced
Energy.
39
Outros equipamentos utilizados para esterilização neste trabalho foram:
Difratômetro de Raios-X modelo URD6, fabricado por Zeiss Jena, em 1989 sendo
utilizado tubo de Cobre , (figura 59). Equipamento de raios-Gama, Gamacell, modelo
C6-220 Type B, fabricado por Atomic Energy of Canada Ltda, Otawa - Canada, em
1974, Recarregado com fonte de 60Co em 1997 (figura 61). Acelerador de eletron
Modelo DC. 1500/25/4-JOB188,com energia de 0,5 a 1,5 MEV, corrente de feixe de
0,3 a 25 mA, varredura de 48 polegadas (0,6 metros a 1 metro), potência de 150 KW
e potência máxima de feixe de 32,5 KW, fabricado por Radiation Dinamics inc.,
Westburg , NY, ano 1978 (figuras 62 e 63), Autoclave vertical Lutz Ferrando, com
potência nominal de 5 KW, produção de vapor de 6Kg/h,(figura 21) e Esterilizador
por Oxido-etileno, da SERCON Indústria e Comércio de Aparelhos Médicos
Hospitalares LTDA, modelo HS E 39/40HETO 3000, com controle automático e
câmara horizontal de 76 Litros de capacidade, 40 cm de diâmetro e 60 cm de
profundidade.
Os ciclos de esterilização por plasma foram monitorados por um
espectrofotômetro da Princeton Instruments Inc, modelo ST-120 (figura 15), e as
amostras constituidas pelos indicadores biológicos foram observadas por
microscopia eletrônica de varredura através de um SEM, marca Phillips, modelo
SEM515 (figura 16), localizado no Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola
Politécnica da USP. E um Microscópio Eletrônico de varredura 6460LV, com
resolução nominal de 3nm para alto vácuo e 4nm para baixo vácuo, aumento de 8 a
300.000 X com Detector de elétrons retroespalhados, Detector de elétrons
secundários (alto e baixo vácuo), Sistema de EDS (Energy Dispersive Spectroscopy)
e Modo baixo vácuo - pressão ajustável de 10 a 270 Pa (0,1 a 2,7 mbar)
40
4.2 Metodos
O procedimento iniciou-se com a preparação dos esporos, sua padronização e
confecção de indicadores biológicos, sendo os mesmos em seguida expostos aos
processos esterilizantes, para enfim serem analisados quanto a morfologia e nº de
sobreviventes, conforme figura 1
Figura 1: Fluxograma evidenciando o experimento, desde a preparação dos esporos até a contagem do número de sobreviventes.
Para possibilitar os estudos de letalidade citados anteriormente, foi
desenvolvido preliminarmente em laboratório trabalho completo de obtenção de
lotes de suspensão de esporos de Bacillus subtilis var. niger ATCC 9372,
padronizados quanto à carga microbiana, veiculados em suportes constituídos de
lamínulas de vidro de 18 mm x 18 mm, e acondicionados em pequenas placas de
petri do mesmo material, constituindo assim os indicadores biológicos, os quais
foram utilizados para todos os experimentos que se seguiram posteriormente (figura
2).
Exposição das amostras ao UV
Exposição das amostras ao acelerador de elétrons
Exposição das amostras ao raio gama
Exposição das amostras ao raio-X
Análise em microscópio eletrônico de varredura Recuperação dos microrganismos viáveis
Análise dos resultados
Contagem do número de sobreviventes
Exposição das amostras no reator de plasma comanálise espectrofotométrica
Inoculação em lâmínulas de vidro
Preparação dos esporos
41
Figura 2– Fluxograma mostrando as etapas seguidas para obtenção dos lotes de
suspensão de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, dos indicadores biológicos e desafios com agente esterilizante.
4.2.1 Repiques de manutenção:
Foi utilizada cepa padrão do microrganismo anteriormente descrito, cujos
repiques de manutenção foram feitos em tubos de ensaio contendo ágar para
dosagem de antibióticos nº 1 (MerckR) incubados a 35 ±2 °C por um periodo de 24
horas, sendo a massa microbiana obtida transferida para caldo caseína soja (DifcoR)
e incubada nas mesmas condições.
4.2.2 Obtenção de esporos:
Da suspensão anterior, 5 mL foram inoculados em cada garrafa de Roux
contendo 200 mL de ágar para esporulação, composto de extrato de levedura, caldo
nutriente, sulfato de manganês tetrahidratado, cloreto de cálcio hexahidratado, agar
e água destilada. As garrafas de Roux foram incubadas a 35 ± 2 °C por cerca de 12
Análise dos resultados
Exposição aos processos de esterilização
Acondicionamento em placas de petri de vidro
Preparação e inóculo dos suportes laminulares
Padronização das suspensões de esporos
Recolhimento e lavagem dos esporos
Obtenção de esporos
Repiques de manutenção
42
a 15 dias e acompanhadas diariamente com relação ao seu grau de esporulação
através de coloração específica utilizando solução de verde malaquita e safranina .
Este procedimento, sempre envolvendo 8 garrafas de Roux (R), foi efetuado
em 5 réplicas, ao final das quais originaram os grupos de esporos de G1 a G5, que
foram reunidos num único grupo e submetido à padronização, resultando na
suspensão padronizada S1. Procedimento idêntico foi repetido para a obtenção do
segundo e último grupo S2, sendo ambos utilizados para a execução das fases de
combinações de parâmetros I a III e IV a VI, respectivamente, conforme descrito na
tabela 1 a seguir:
Tabela 1: Preparação das culturas de esporos
GRUPOS DE
SUSPENSÃO
PADRONIZADA
GRUPOS DE
GARRAFAS (G)
Nº DE
GARRAFAS
G1 08
G2 08
G3 08
G4 08
S1
(fases I a III)
G5 08
G6 08
G7 08
G8 08
G9 08
S2
(fases IV a VI)
G10 08
43
4.2.3 Recolhimento e lavagem dos esporos:
A massa celular resultante foi recolhida de cada garrafa com 30 mL de água
destilada estéril, com o auxílio de 12 gramas de pérolas de vidro. A suspensão
resultante sofreu centrifugação a 3000 rpm durante 60 minutos para completa
separação, tendo sido a seguir submetida a tratamento térmico em banho-maria a
70 ± 2 ºC durante 30 minutos a fim de eliminar possíveis microrganismos na forma
vegetativa.
4.2.4 Padronização das suspensões de esporos:
A cada grupo de 5 cultivos utilizando 8 garrafas para cada um (G1 a G5, e G6
a G10) foram obtidas 5 suspensões, as quais foram reunidas em um único frasco
originando, então, “pool” de esporos S1 e S2. O procedimento de padronização foi
iniciado com o descongelamento e a promoção de choque térmico (70 ºC por 15
minutos), seguindo-se diluições decimais em água destilada estéril, sendo as
diluições de 10-6 a 10-11 submetidas à contagem, em triplicata, pela técnica de
semeadura em profundidade “Pour Plate” [ USP; 1981]. Após a padronização,
ambos os frascos contendo o “pool” de esporos S1 e S2 foram subdivididos em
alíquotas iguais de 10mL, as quais foram congeladas à temperatura de –4 °C, sendo
que as mesmas se destinaram a posterior diluição de 10 vezes e confecção dos
respectivos indicadores biológicos a serem utilizados nos estudos de letalidade
frente ao processo esterilizante por plasma. Ainda, o número obtido na
padronização foi representativo para todas as alíquotas, tendo em vista a condição
de uniformidade entre as mesmas.
44
4.2.5 Preparação e inóculo dos suportes laminulares:
Para os estudos posteriores, cada fração padronizada de 10 mL obtida
anteriormente foi descongelada e diluída na proporção de 1mL de suspensão para 9
mL de água destilada estéril, perfazendo o total de 10 novos tubos contendo a
solução diluída de 10 vezes, os quais foram utilizados para inóculo simultâneo de
grupo de indicadores biológicos, perfazendo o total de cerca de 800 unidades
inoculadas. O inóculo foi executado sob fluxo laminar utilizando pipeta automática
na razão de 0,1 mL por suporte [PINTO, CRUZ; 1996; PINTO, SAITO, IOSIF; 1994].
Estes suportes constituidos de lamínula de vidro foram por sua vez acondicionados
em triplicatas em placas de petri de vidro de 3” de diâmetro (figura 3) constituindo
então, os indicadores biológicos, os quais foram submetidos a grupos de desafios
sub-letais frente aos processos de esterilização propostos nesse trabalho. As etapas
seguidas para obtenção dos esporos são mostradas na figura 4.
Figura 3- Distribuição das lamínulas contendo B. subtilis var. niger ATCC 9372
acondicionados em placas de petri de vidro.
45
Fração padronizada e pronta para inoculação
Diluição de 10 vezes
Congelamento a -4 °C
Subdivisão do "pool" de esporos em alíquotas de 10 mL
Contagem por técnica de semeadura em profundidade
Diluições decimais
Choque térmico a 70 ºC
Descongelamento
"Pool" de esporos
(a)
(b)
(c)
(d)
Avaliação do grau de esporulação por cerca de 15 dias
Incubação a 35 ºC
Inoculação em garrafas de roux
Retirada de 5 mL dos lotes de suspensão
Preparação de 200 mL de ágar para esporulação em garrafas de roux
Obtenção dos lotes de suspensão
Incubação por 24 horas a 35 ºC
Tranferência da massa microbiana para caldo caseína soja
incubação por 24 horas a 35 ºC
Inoculação de cepa padrão
Tubos de ensaio contendo ágar
Tratamento térmico a 70 ºC
Centrifugação a 3000 rpm por 60 minutos
Recolhimento da massa celular
46
(e)
Figura 4 – Fluxograma mostrando as etapas realizadas para obtenção dos esporos
de B. subtilis var. niger Atcc 9372. (a) Repiques de manutenção, (b) Obtenção de esporos, (c) Recolhimento e lavagem dos esporos,(d) Padronização da suspensão de esporos, (e)Preparação e inóculo dos suportes laminulares, com obtenção dos indicadores biológicos.
4.2.6 Método de liberação mecânica dos esporos em agitador vortex
O procedimento de extração dos esporos de B. subtilis foi realizado por
processo de lavagem / liberação sob agitação mecânica e sob tempo de 1 minuto. A
técnica foi iniciada com a colocação de triplicata de indicadores biológicos
submetidos aos ciclos sub-letais a plasma sob capela de fluxo laminar vertical, onde
as placas de Petri foram abertas utilizando-se procedimento asséptico. Com o
auxílio de pinça estéril, cada unidade foi introduzida em tubo de ensaio de 20 x 150
mm e os esporos ressuspensos em 10 mL / suporte de água destilada estéril. A
liberação dos esporos provenientes dos suportes laminulares foi obtida utilizando-se
agitador orbital de tubos tipo vortex, marca IKA, modelo MS1, ao qual foi mantida
agitação na velocidade máxima (3000 rpm) por tempo previamente definido de 1
minuto. No processo de extração dos esporos de B. stearothermophillus foram
adicionadas aos tubos contendo 10 mL de água destilada estéril 20 g de pérolas de
Acondicionamento em placas de petri de vidro
Inoculação nos suporte sob fluxo lâminar
Diluição na proporção de 1 mL para 9 mL de água destilada estéril
Descongelamento de 10 mL da fração padronizada
47
vidro ocorrendo a liberação dos esporos após 10 minutos de agitação na veloxidade
máxima (3000 rpm).
4.2.7 Acompanhamento da letalidade e resistência
Após quebra do vácuo dentro da câmara utilizando nitrogênio com grau de
pureza de 99,5% (H2O < 5 ppm e O2 < 5 ppm), os indicadores biológicos
provenientes dos ciclos a plasma foram armazenados a temperatura ambiente
também por aproximadamente 24 horas.
Após decorrido o período citado acima, as amostras foram deslocadas para
capela de fluxo laminar, removidas das placas de petri e os esporos liberados das
lamínulas através de técnica de liberação de esporos ( conforme ítem 5.2.6).
As suspensões resultantes foram submetidas a tratamento térmico em banho
termostatizado a 70 ± 2 ºC durante 15 minutos. Após esse processo foram
efetuadas diluições decimais, sendo aquelas de 10-1 a 10-8 submetidas à contagem,
em triplicata, pela técnica de semeadura em profundidade “Pour Plate”, usando
cerca de 15 mL de ágar caseína – soja (Difco) estéril por placa. Após solidificação,
adicionou-se superficialmente camada extra de 5 mL do mesmo meio de cultura
estéril, de forma a originar um selo ou “overlay”. A incubação das placas manteve-se
na posição invertida em estufa a 35 ± 2 ºC, durante 72 horas, seguindo-se a
contagem do número de UFC (Unidades Formadoras de Colônias). Seguiu-se então
com as construções das curvas de letalidade e estudos estatísticos pertinentes.
4.2.8 Ciclos laboratoriais de exposição ao plasma
O desenvolvimento do trabalho abrange duas naturezas de área de
conhecimento, sendo o primeiro (imprescindível para que o próprio desafio tenha
48
sentido), os mecanismos de geração do plasma e de como viabilizá-lo, em desafios
controlados a corpos de prova que se constituem em monitores biológicos do
sistema, também chamados de indicadores biológicos (IB); estes são os agentes
responsáveis pelo segundo segmento, de natureza microbiológica, relativo à eficácia
do processo.
4.2.9 Mecanismos de geração de plasma
Como parte preliminar do trabalho, foram utilizados indicadores biológicos de
Geobacillus stearothermophilus comerciais Steris Corporation, sobre suporte
celulósico (tiras de papel), com carga inicial de 106 UFC/suporte, tendo por objetivo
avaliar os efeitos do plasma de oxigênio sobre o suporte celulósico analisando o
nível de esterilização e os danos causados no suporte; além da influência de uma
barreira à penetração do gás.
Neste experimento as condições de processo foram: tempos de 15 a 75
minutos, e o tempo de difusão de 10 minutos. Foram utilizadas duas potências
diferentes, 100 e 150 W, sendo a maior para tempos de 15 a 30 minutos e a menor
para tempos de 30 a 75 minutos. A pressão foi mantida em 330 mTorr e a vazão em
500 sccm.
Os indicadores biológicos foram inseridos em tubos de ensaio (figura 5a), e
os mesmos foram fechados com tampa de PVC, as quais possuiam orificio de 4 mm
de diâmetro (Figura 5b), de modo que o gás de processo pudesse entrar por ele
atingindo o suporte contendo os microrganismos. A fim de evitar possíveis
contaminações, foram colocados na tampa de PVC, filtros de 0,5 µm ( figura 5c).
Após a montagem do sistema os tubos foram inseridos dentro da câmara sobre o
eletrodo do reator (figura 5d). A pressão foi reduzida até 10-3 Torr por sistema de
vácuo composto de bomba mecânica rotativa e bomba de alta vazão tipo roots. O
49
sistema de circulação de água de refrigeração do eletrodo foi ajustado a 5oC,
mantendo a temperatura durante todo o processo próxima à do ambiente.
a
b c d Figura 5- Preparação dos suportes para exposição das amostras contendo papel
inoculado com Geobacillus sterothermophillus com carga de 1 x 106 UFC/suporte ao processo de plasma. (a) Sistema pronto para processo em plasma, (b) Vista frontal da tampa de PVC, evidenciando o orifício de 4mm de diâmetro para passagem do gás de processo, (c) Vista interna da tampa de PVC, evidenciando a posição do filtro de 0,5 µm, (d) Sistema devidamente montado contendo Geobacillus stearothermophillus em carga inicial de 1,0 x 106 UFC/suporte, posicionado sobre o eletrodo do reator pronto para iniciar processo de plasma (desafio).
Outro estudo preliminar foi para avaliar os efeitos, sobre os indicadores
biológicos, quando submetidos ao plasma obtido em sistema com acoplamento
capacitativo modo RIE (Reactive Ion Etching), sob combinações de parâmetros de
processo do mesmo, tais como pressão e potência RF (rádio frequência), além da
natureza do gás inserido no sistema, responsável pela diversidade de entidades do
plasma. No início do trabalho foram verificados e qualificados os processos de
esterilização por plasma utilizando os indicadores biológicos (Estudo da Eficácia
50
Biológica) no desenvolvimento de processos de plasma em um sistema de
acoplamento capacitivo modo RIE (Figura 6).
.
Figura 6: Esquemático do Sistema de plasma modo RIE com acoplamento capacitivo, mostrando o posicionamento da placa de petri dentro da câmara.
Neste sistema o indicador biológico foi colocado em uma placa de petri sobre o
eletrodo do reator (Figura 7). A pressão no sistema foi reduzida até 10-3 Torr. O
sistema de circulação de água de refrigeração do eletrodo foi regulado a uma
temperatura de 5 ºC. Após a redução da pressão, foi injetado o gás de processo no
interior do reator por meio de controladores de fluxos de massa (mass flow
controllers). Para a realização dos processos de esterilização foram utilizados como
gases de processo, o oxigênio e peróxido de hidrogênio. Sendo o O2 utilizado com
grau de pureza 99,998% fornecido pela White Martins, e o H2O2 solução a 30%
estabilizada da Baker.
51
Figura 7: Placa de petri contendo lamínula de vidro de 18 X 18 mm em triplicata
inoculadas com B. Subtilis var. niger ATCC. 9372 com carga inicial de 2 x107 UFC/suporte, posicionada sobre o eletrodo, dentro do reator de plasma
Os processos foram realizados tanto com oxigênio puro ou com misturas
entre oxigênio e peróxido de hidrogênio (conforme tab. 2 e 3).
Após a injeção dos gases o plasma foi gerado por meio de um gerador de
rádio freqüência (RF) que opera em 13,56 MHz o qual permitiu controlar a potência
aplicada ao processo. Desta forma foram controlados tanto a geração de radicais no
plasma, como o ataque iônico nas amostras.
Os ciclos sub-letais obedeceram a tempos de contato variáveis: 2, 5, 10, 15,
30, 45, 60, e 90 minutos.
O processo de plasma foi executado sob vácuo, mas o carregamento das
amostras foi a pressão atmosférica, temperatura ambiente (22 ºC) com umidade
relativa de 60 ± 5%. Após o posicionamento das amostras no reator, a pressão foi
reduzida e a umidade relativa foi de 30 ± 5%, mantida constante
52
As amostras contendo os indicadores biológicos - em triplicata - foram
colocadas no interior do equipamento, cada qual correspondendo ao seu tempo de
exposição, perfazendo um total de 8 ciclos por potência aplicada no gerador de
plasma. Os processos foram realizados conforme mostrados na figura 8.
As etapas foram divididas conforme tabelas 2 e 3:
Tab. 2 - Parâmetros de processo utilizados na esterilização por plasma de oxigênio
puro com grau de pureza 99,998%.
FASE I Modo Vazão
(sccm) Gás Pressão
(mTorr) Potência
(W) Tempo (min)
U.R (%)
RIE 200 O2 100 100,150 2,5,10,15,30,45,60,90 60-70
Tab. 3 - Parâmetros de processo utilizados na esterilização com mistura de gases. Oxigênio 99,998% e solução de peróxido de hidrogênio a 30%.
FASE II
Modo Vazão (sccm)
Gás Concentração (%)
Pressão (mTorr)
Potência (W)
Tempo (min)
U.R (%)
RIE 200 O2 + H2O2
5,10,20 100 100,150 2,5,10,15,30,45,60,90
60-70
53
Geração do plasma
Aplicação da potência de rádio frequência atraves de geradores de RF
Ajuste da pressão de processo através do controle de vácuo da câmara
Introdução do gás de processo através dos controladores de fluxo de massa
Ajuste dos parâmetros de processo
Redução da pressão para próximo de 1 mTorr
Abertura da válvula de vácuo da câmara
Abertura da válvula da linha de vácuo
Acionamento das bombas de vácuo+ sistema de refrigeração
(a)
(b)
Figura 8 – Fluxograma evidenciando as etapas do processo de plasma (a) Ajuste
dos parâmetros de processo e limpeza da câmara. (b) Inserção das amostras e processo de plasma.
O material processado foi submetido a procedimento em que os esporos
foram após choque térmico, extraídos, transferidos para meio de cultura e em
ambiente controlado para serem submetidos a enumeração das colônias de bacilos
sobreviventes ao processo (figuras 9 e 10). Também foi utilizado um microscópio
Amostra embalada e enviada paralaboratório de controle microbiológicopara contagem do nº de sobreviventes
Com a tampa da câmara semi-abertaé retirada a placa de petri, com o auxiliode uma pinça estéril
Adiçao de nitrogêniopara abertura da câmara
Fechamento da válvula da linhade vácuo e medidor de pressão
Fechamento da válvula de vácuoda câmara
Abertura da válvula de vácuoda câmara para eliminação dogás residual
Interrupção do fornecimentodo gás de processo
Interrupção do fornecimentode potência de RF
54
eletrônico de varredura para verificar variações na morfologia dos esporos
decorrente dos processos de esterilização.
Figura 9 – Fluxograma geral das etapas de preparação de material para liberação e
enumeração dos esporos.
Figura 10- Fluxograma das etapas de liberação dos esporos após processo de
esterilização (desafio) realizado nos dois tipos de indicadores B. subtilis e B. stearothermophillus.
Contagem do número de sobreviventes
Incubação na posição invertida35 ºC por 48 horas
Adição de + 15 mL de ágar caseína -soja
Solidificação
Semeadura em profundidade15 mL de ágar caseína -soja
Diluições decimais
Tratamento térmico70 °C por 15 min.
Centrifugação em equipamento vortex3000 rpm por 1 min.
Lamínulas de vidroTriplicatas em tubos de ensaio com 27 mL de água estéril
Contagem do número de sobreviventes
Incubação na posição invertida45 ºC por 72 horas
Adição de + 15 mL de ágar caseína -soja
Solidificação
Semeadura em profundidade15 mL de ágar caseína -soja
Diluições decimais
Tratamento térmico80 ºC por 15 min.
Centrifugação em equipamento vortex3000 rpm por 10 min.
PapelUnidade em tubo de ensaio com 10 mL de água estéril
adição de 20 g de pérolas de vidro
Liberação dos esporos
Meio de cultura Tubos de ensaio com água destilada Material auxiliar ( pinças, tesouras, etc.)
Esterilização em autoclave
Acondicionamento do material para esterilização em autoclave
Preparação do material para recuperação dos microrganismos viáveis
55
A fim de comparar a eficácia dos processos de esterilização por plasma, com
outros processos esterilizantes, alguns indicadores biológicos contendo esporos de
B. stearothermophillus e B. subtilis, foram expostos a irradiação por U.V; raios–X;
raios-gama, autoclave e aceleradores de elétrons, sendo em seguida feita a
contagem dos sobreviventes. Para isto foram utilizados equipamentos específicos
para cada exposição.
Os processos de plasma foram caracterizados por meio de um sistema de
espectrometria de emissão que é baseada na emissão de fótons das espécies
excitadas.
Durante os processos de plasma os elétrons de um átomo ou molécula
podem ganhar energia suficiente para passar para um nível mais energético, onde
ficam em órbita durante um certo intervalo de tempo e em seguida decaem para um
nível de menor energia. Durante o processo de decaimento ocorre perda de energia
por parte desse elétron, sendo que essa energia pode ser emitida em forma de
fótons. A espectroscopia de emissão é uma técnica não intrusiva pois não há
contato com o plasma, sendo ainda possível realizar medida em tempo real .
Em processo de plasma que envolve materiais orgânicos há um
acompanhamento da evolução do oxigênio e seus compostos como o dióxido de
carbono, possibilitando avaliar de forma qualitativa como está ocorrendo o ataque
químico.
Desta maneira, durante o processo de esterilização espera-se identificar a
composição química do plasma, conseguindo acompanhar tanto a absorção das
espécies reativas do plasma pelo material biológico dos esporos, quanto a emissão
de material devido a degradação das membranas dos esporos. Do ponto de vista
56
químico todo material biológico provocará alterações no plasma, sendo possível sua
caracterização através desta técnica [D’AGOSTINO, 1990].
Testes de esterilização suplementares.
Raios-X – As lâmínulas contendo os indicadores biológicos foram inseridas uma a
uma no porta amostras giratório fazendo um total de três amostras por ciclo; e as
mesmas foram direcionadas frente ao colimador ( fig.59). Após posicionar então as
amostras,a porta do difratômetro foi fechada e aplicada a tensão e corrente
respectiva a cada potência desejada expondo as amostras a tempo de 30 minutos
cada. As potências trabalhadas nese experimento foram de 600 a 1200 Watts. Para
isso foram variadas as correntes de 20 a 30 mA, e as tensões de 30 a 40 Kvolts.
Terminado o tempo de exposição as amostras foram enviadas para contagem do
número de sobreviventes.
Raios Gama – As placas de petri (fechadas) contendo as amostras em triplicata
foram inseridas no porta amostras do equipamento gamacell, modelo C6-220 ( fig.
61), em seguida o porta amostras foi fechado e a placa de petri foi baixada em
direção à fonte de radiação. Como nesse equipamento a dose de radiação é fixa, a
amostra permaneceu por tempos de 86,3 min a 432 minutos a fim de que fosse
obtida as doses de radiação de 5 a 25 KGy. Após esses tempos, as amostras foram
retiradas e enviadas para contagem do número de sobreviventes.
Acelerador de elétrons – as amostras foram colocadas sobre esteiras, as quais
levaram as mesmas até a fonte de radiação (figura 62) a uma velocidade de
6,72m/min para as doses de 5 e 10 KGy, e 3,36 m/min para dose de 25 KGy (tab.
57
9), tendo um contato com o cone de varredura - onde é emitida a radiação- por
tempos de 0,466 segundos para 5 e 10 KGy e 0,892 segundos para 25 KGy (figura
63). Só que nesse caso como o poder de penetração é menor, foi retirada a tampa
da placa de petri e a mesma foi recoberta com um filme plástico, a fim de evitar
contaminação da amostra. Após o término de cada processo as amostras foram
retiradas fechadas novamente com a tampa da placa de petri, embalada e enviadas
para contagem do número de sobreviventes.
58
5. Resultados e discussão
Para verificar a eficácia do plasma como agente esterilizante iniciaram-se os
testes utilizando um tubo de ensaio, no qual foram inseridas tiras de Geobacillus
stearothermophillus. Esse tubo foi fechado com uma tampa de PVC, a qual possuía
um pequeno orifício que dificultava a entrada do gás de processo.
Os resultados obtidos nestes processos não foram satisfatórios (figura 11),
sugerindo que quanto maior o contato da amostra com o plasma, maior será o poder
de esterilização devido aos agentes gerados pelo plasma.
Figura 11: Gráfico da sobrevivência de esporos de Geobacillus stearotehrmophillus inoculados em tiras de papel de 50 x 5 mm, com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/suportes submetidos à esterilização por plasma em sistema RIE, utilizando tubos de ensaio tipo pyrex com dimensões de 150 x 25 mm, com tampa de PVC possuindo orifício de 4 mm de diâmetro para entrada do gás de processo e filtro de 0,5 µm. Utilizando potência de Rádio freqência de 100 W, 330 mTorr de pressão e 500 sccm de vazão de oxigênio com pureza de 99,998%.
0 10 20 30 40 50 60 70 801
2
3
4
5
6 Redução logaritmica Resposta polinomial
loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
59
Admitindo-se isto, analisou-se então a reação dos esporos de Geobacillus
stearothermophilus, quando expostos diretamente sob a ação do plasma. Nos
processos anteriores o tubo de ensaio possuia apenas um pequeno orificio, o que
dificultava a ação direta dos radicais sobre a amostra. Nesta etapa utilizou-se placas
de petri de vidro sem a tampa, a fim de que não formasse a barreira como no caso
anterior, fazendo com que os radicais penetrasse mais facilmente na amostra,
permitindo a ação direta do gás sobre o microrganismo.
O processo nessa etapa se deu da seguinte forma: placas de petri de vidro
(sem tampa), contendo tiras com Geobacillus stearothermophilus foram inseridas no
reator (figura 12). A pressão foi baixada para 10-3 Torr, e inserido o gás de processo.
Os tempos usados nesta fase variaram de 2 a 60 minutos, com potência 100W,
pressão de oxigênio de 0,333 Torr e vazão de O2 igual a 500 sccm.
Os resultados da contagem dos sobreviventes, mostraram a esterilização de
forma eficiente (Figura 13), embora com tempos maiores tenha ocorrido degradação
do material celulósico. Essa degradação ocorreu não por aquecimento, pois a
temperatura de processo permaneceu por volta de 50 ºC, mas sim por ataque
iônico/químico ocasionado pelo plasma.
Um modo de evitar a degradação de material celulósico é acompanhar o
processo por meio de um espectrofotômetro. A espectroscopia de emissão é uma
técnica não intrusiva pois não há contato com o plasma sendo ainda possível
realizar medida em tempo real [D’AGOSTINO; 1990] .
Com essa técnica foi possível observar o consumo de oxigênio durante o
processo, tanto do microrganismo, como da degradação do material celulósico
(figura 14). Comparando os resultados, pode-se notar que de 7 a 10 minutos houve
boa taxa de mortalidade, sem que houvesse degradação do papel, já para os
60
tempos de 30 a 60 minutos o ataque do plasma foi intenso sobre o material
celulósico, causando degradação do mesmo.
Figura 12: Posicionamento da amostra de Geobacillus stearothermophillus
inoculados em tiras de papel com dimensões de 5 x 50 mm e carga inicial de 1,0 x 106 UFC/suporte sobre o eletrodo dentro da câmara de plasma de volume de 7,45 litros
Figura 13: Gráfico da sobrevivência de esporos de Geobacillus stearothermophillus inoculados em tiras de papel com dimensões de 5 x 50 mm, com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/ suporte submetidos à esterilização por plasma modo RIE, com potência de RF aplicada de 100 Watts, pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 4,8 e tempo de 30 minutos, utilizando placas de petri sem tampa.
0 10 20 30 40 50 60
0
1
2
3
4
5
6Redução logaritmica Resposta polinomial
loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
61
Figura 14: Eletromicrografia evidenciando a degradação do suporte celulósico com dimensões iniciais de 5 x 50 mm, exposto ao processo ao processo de plasma modo RIE por tempo de 30 minutos, pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 99,998% e potência de Rádio Frequência de 100 Watts.
O consumo de oxigênio durante o processo, foi analisado por
espectrofotômetro (Figura 15), e os danos causados no material que continham a
amostra (tira celulosica), bem como a comparação do microrganismo antes e após o
processo foram analisados por microscopia eletrônica (figura 16).
Por análise espectrofotométrica, foi possível observar o consumo de oxigênio
pelos microrganismos (Figura 17), fazendo o monitoramento do tempo de formação
da raia de 777.5 nm, a qual corresponde a primeira ionização do oxigênio atômico,
permitindo assim observar durante o processo de esterilização a corrosão química
dos microrganismos através do consumo de oxigênio pela redução temporal de
amplitude dessa raia, ocorrendo um aumento dessa amplitude ao final do processo
e um novo ciclo de redução no inicio da degradação do suporte (Figura 18), ou seja
durante o processo os microrganismo sofrem corrosão seguindo um consumo
gradativo até por volta de 7 minutos, quando há então um aumento do consumo de
62
oxigênio até por volta de 10 minutos. Após esse tempo a corrosão aumenta
novamente, mostrando que o processo começa a atacar o material. Com essa
técnica foi possível observar o ponto final da esterilização, fazendo com que à
medida que começasse a aumentar a amplitude da raia de oxigênio, fosse desligado
o gerador de RF, extinguindo o plasma e conseqüentemente evitando a degradação
do material celulósico.
Figura 15: Espectrofotômetro utilizado nas avaliações dos ciclos de esterilização por plasma.
Figura 16 – Microscopio Eletrônico de Varredura SEM 515
63
Figura 17: Exemplo de um espectro de plasma de oxigênio com duração de 15 segundos. Pressão de 330 mTorr , vazão de 500 sccm e potência de 100 Watts. A raia de 777.5 nm corresponde a primeira ionização do oxigênio atômico
Figura 18: Evolução da raia do oxigênio durante o processo de esterilização por plasma modo RIE, utilizando esporos de Geobacillus stearothermophillus inoculados em tiras de papel de 5 x 50 mm com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/mL, sob as seguintes condições: Pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 99,998%, potência de RF de 100 Watts e tempo de 30 minutos.
300 400 500 600 700 800 900 1000
777,5
nm
Inte
nsid
ade(
u.a.
)
comprimento de onda (nm)
0 2 4 6 8 10
0
2
4
6
8
10
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 18001600
1650
1700
1750
1800
1850
1900
1950
2000
2050
Inte
nsid
ade
(a.u
.)
Tempo(s)
0
0
Limite do tempo de processo antes de atacar o suporte celulósico.
Ponto final do processo de esterilização
64
Pode-se observar também por análise microscópica o efeito que o plasma
causa na estrutura do microrganismo, e como ele começa a agir já nos primeiros
minutos, e conforme aumenta o tempo de exposição, o microrganismo vai se
desintegrando, restando no final do processo basicamente o material celulósico
(Figura 19). Isso ocorre provavelmente pela corrosão química sofrida pela amostra
durante o processo, a qual rompe a membrana celular provocando lesões
estruturais, facilitando a entrada dos radicais livres na célula microbiana, e por sua
vez provocando alterações funcionais graves, tornando não mais viáveis mesmo os
esporos não completamente destruídos.
Na figura 20 é mostrado um microrganismo submetido a um processo de
esterilização em autoclave (figura 21), onde o mecanismo de ação consiste em
coagulação e denaturação irreversível de proteínas e enzimas celulares, sendo que
o tempo necessário para atingir o nível de esterilidade no geral proposto é reduzido
da ordem de 15 a 20 minutos e a condição de pressão adotada promove rápido
aumento da temperatura, o qual é importante para morte microbiana [RUTALA,
WEBER;1996].
Figura 19: Eletromicrografia de esporo de Geobacillus stearothermophillus
inoculados em tiras de papel de 5 x 50 mm com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/mL, expostos ao plasma modo RIE, sob as seguintes condições: Pressão de 330 mTorr, vazão de 500 sccm de oxigênio 99,998%, potência de RF de 100 Watts e tempo de 10 minutos.
65
Figura 20: Eletromicrografia de esporo de Geobacillus stearothermophillus
inoculados em tiras de papel de 5 x 50 mm com carga inicial de 1,0 x 106 UFC/mL, após a esterilização por autoclave, por tempo de 15 minutos à 121 °C e 1 atm.
Figura 21 - Autocalve vertical Lutz Ferrando
Comparando os dois processos anteriores pode-se observar que o processo
de plasma foi mais agressivo que o processo em autoclave, conseguindo neutralizar
66
o microrganismo em menor tempo, com menor temperatura e baixa pressão e
conseqüentemente menores danos ao material processado.
Com essa etapa preliminar realizada, a etapa seguinte foi expor as amostras
contendo esporos de Bacillus subitilis inoculadas em lamínulas de vidro, com carga
microbiana de 20 milhões de Unidades Formadoras de Colônias por mL (2,0 x 107
UFC/mL) (figura 22) ao processo de plasma no sistema RIE, utilizando ainda o gás
oxigênio 99,998.
Figura 22: Eletromicrografia de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte antes de sofrer processo de esterilização por plasma.
Os primeiros testes realizados para esse tipo de suporte / indicador foram
feitos utilizando-se os parâmetros dos testes preliminares realizados com
Geobacillus stearothermophillus. Porém, os resultados não corresponderam às
expectativas. Isso ocorreu principalmente devido ao suporte, pois o material
celulósico possui porosidade que facilita a penetração do gás, fazendo com que o
mesmo pudesse interagir mais facilmente com os microrganismos, além disso, ainda
existe o fato de que os microrganismos ficam mais espalhados no suporte, e por fim
67
os Geobacillus stearothermophillus são maiores que os B subtilis, o que
adicionalmente pode facilitar o ataque por parte do plasma. Já para o suporte de
vidro, o plasma atinge somente a superfície da lamínula, interagindo com os
microrganismos presentes na superfície. De uma certa maneira ao inocular a
lamínula, os microrganismos ficam dispostos uns sobre os outros, formando uma
espécie de biofilme. O processo para conseguir destruir esse biofilme deve ser mais
agressivo, o que não era conseguido ao se utilizar os parâmetros preliminares. A fim
de corrigir esse problema realizaram-se então primeiramente testes, variando
pressão e vazão.
O primeiro teste foi com pressão de 330 mTorr e fluxo de 200 sccm potência
de 50, 100 e 150 Watts para tempos de 30 minutos (figura 23). Com essa vazão e
potências tem-se uma quantidade de espécies reativas que mantêm-se dentro da
câmara por mais tempo que nas condições seguintes devido à pressão ser maior, o
que implica em maior ataque ao material a ser estertilizado, podendo em certas
instâncias não ser aplicável a todo tipo de material.
O segundo teste foi com pressão de 50 mTorr, vazão de 81 sccm, potências
de 50, 100 e 150 Watts para tempos de 30 minutos (figura 24). Neste caso a
quantidade de espécies reativas é bem menor que no anterior, e o tempo de
permanência das mesmas, é relativamente curto devido à pressão adotada, isso faz
com que o material sofra menos danos, o que pode implicar em uma possível
aplicação para materiais mais sensíveis a esse tipo de processo por plasma.
O terceiro teste foi com pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm e
potências de 50, 100 e 150 Watts (figura 25). Neste caso as espécies reativas
geradas na mesma quantidade que no primeiro caso, tendem a permanecer por um
tempo menor dentro da câmara, agredindo o material em menor proporção, e
68
possibilitando sua aplicação a uma quantidade de material a ser esterilizado bem
maior. O primeiro e o segundo teste não produziram resultados satisfatórios, sendo
assim descartadas essas condições. Já no terceiro teste os resultados foram
significativos, o que levou a fixar essas condições de pressão, vazão, e variar o
tempo e potência. Observa-se através de análise microscópica, que após processo
de 150 W, 200 sccm, 100 mTorr e 20 minutos, os espaços entre os microrganismos
se acentuaram, e os microrganismos restantes foram deteriorados pelo processo
(figura 26).
Figura 23: Gráfico do logaritmo do número B. Subtilis var. niger ATCC 9372,
inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga inicial de 2,0 x107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo de plasma modo RIE por tempo 30 minutos, pressão de 330 mTorr, 200 sccm de oxigênio 99,998% e potências de RF de 50 100 e 150 Watts.
0 5 10 15 20 25 303,63,84,04,24,44,64,85,05,25,45,65,86,06,26,46,66,87,07,2
50 Watts 100 Watts 150 Wattslo
garít
mo
do n
úmer
o de
sob
revi
vent
es
tempo (min)
69
Figura 24: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger
ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempo de 30 minutos, pressão de 50 mTorr, vazão de 81 sccm de oxigênio 99,998%.
0 5 10 15 20 25 30
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,05,56,06,57,07,5
50 Watts 100 Watts 150 Wattslo
garít
mo
do n
úmer
o de
sob
revi
vent
es
tempo (min)
Figura 25: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempo de 30 minutos, pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm de oxigênio 99,998%.
0 5 10 15 20 25 302,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
50 watts 100 watts 150 wattslo
garít
mo
do n
úmer
o de
sob
revi
vent
e
tempo (min)
70
Figura 26: Eletromicrografia de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, após a exposição ao plasma modo RIE por tempo de 20 minutos, potência de 150 Watts, pressão de 100 mTorr e vazão de 200 sccm de oxigênio 99,998%.
Fixados então a pressão e a vazão (100 mTorr e 200 sccm respectivamente),
as amostras foram expostas por tempos de 40, 80 e 120 (segundos), 3, 6 9, 12, 15,
20, 30, 45, 60, 80, 120 ( minutos), com potências de RF de 25, 50, 100, 150 Watts
para cada tempo. Assim observou-se que para potências de 25 e 50 Watts, a carga
microbiana sofreu pequena redução, mesmo para os tempos maiores (2 horas). Já
para as potências de 100 e 150 Watts, a carga microbiana sofreu redução de 2,0 x
107 para próximo de zero com tempo de 20 minutos aproximadamente (figura 27). O
principal mecanismo de ação desse processo é a dissociação do gás e o ataque
iônico que ocorre sobre a amostra, o qual causa a erosão dos microrganismos
átomo a átomo. Isso ocorre através da produção de espécies reativas, que
promovem o processo de oxidação e degradação do material, transformando a
parede microbiana em produtos voláteis [MOISAN ET AL,2001].
Esses processos foram acompanhados por análise espectrofotométrica a fim
de determinar o ponto final do processo de esterilização (figura 28). Outro
71
procedimento, pensando-se em sua aplicação para materiais termolábeis, foi a
leitura da temperatura de processo, a qual é mostrada na tabela 4.
Tabela 4: Temperatura dos processos em sistema RIE.
Eletrodo refrigerado a
–8 ºC
Eletrodo refrigerado a
5 ºC
Tempo (min)
Temperatura(°C)
Temperatura(°C)
1 25 35 2 26 36 3 27 37 4 28 38 5 29 39 6 30 40 7 32 41 8 33 42 9 35 43
10 36 44 11 37 45 12 38 46 13 39 47 14 41 49 15 42 50 16 43 51 17 44 52 18 45 54 19 46 55 20 47 57
*Potência 150 Watts, Vazão de oxigênio de 200 sccm, e pressão de 100 mTorr
72
Figura 27: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, com tempos de 20 a 120 minutos, e potências de 25 a 150 Watts, pressão de 100 mTorr, vazão de 200 sccm de oxigênio 99,998%.
Figura 28: Espectro de um processo de 30 minutos com 150 Watts de potência, 200 sccm de vazão de oxigênio 99,998% e 100 mTorr de pressão, utilizando B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte.
0 20 40 60 80 100 120
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Redução logaritmica 25 Watts Redução logaritmica50 Watts Redução logaritmica100 WattsRedução logaritmica150 Watts
Resp. polin. 25 Watts Resp. polin. 50 WattsResp. polin. 100 Watts Resp. polin. 150 Watts
loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
1850
1900
1950
2000
2050
2100
2150
inte
nsid
ade
(u.a
)
Tempo (s)
Ponto final do Processo de esterilização
73
A fase II deste projeto consistiu na esterilização dos indicadores biológicos em
equipamento RIE utilizando misturas de oxigênio com peróxido de hidrogênio.A
esterilização é o resultado da combinação da vaporização do peróxido de hidrogênio
e radicais livres gerados do gás durante o processo de plasma
[SPRINGSTORE;1994]
Neste procedimento as amostras de B. subitilis foram expostas a um mistura
de oxigênio e peróxido de hidrogênio nas concentrações de 180 sccm de oxigênio
para 20 sccm de peróxido de hidrogênio, 170 sccm de oxigênio para 30 sccm de
peróxido de hidrogênio e 160 sccm de oxigênio para 40 sccm de peróxido de
hidrogênio, sob uma potência de 50, 100 e 150 Watts nos eletrodos, uma pressão
de 100 mTorr, e tempos de 20, 30 e 40 minutos. Adicionalmente utilizou-se processo
de esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio puro. Os resultados desses
processos mostraram-se pouco eficientes para as potências de 50 e 100 Watts,
reduzindo muito pouco a carga microbiana.
Já para a potência de 150 Watts, os resultados foram satisfatórios, reduzindo
a carga microbiana para próximo de zero em poucos minutos de processo. Os
resultados desses processos são mostrados nos gráficos a seguir (Figuras 29, 30 e
31).
74
Figura 29: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 180 sccm de oxigênio 99,998% e 20 sccm de peróxido de hidrogênio solução 30%.
Figura 30: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger
ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 170 sccm de oxigênio 99,998% e 30 sccm de peróxido de hidrogênio solução 30%.
0 5 10 15 20 25 30
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
Redução logaritmica Resposta polinomial
0 10 20 30 40
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,05,56,06,57,07,58,0
Loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
Redução logaritmica 50 Watts Redução logaritmica 100 Watts Redução logaritmica 150 Watts Resp. polin. 50 Watts Resp. polin. 100 Watts Resp. polin. 150 Watts
75
Figura 31: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 20 e 30 sccm de de peróxido de hidrogênio puro solução 30%.
Por análise microscópica foi possível observar os danos causados na membrana
celular dos microrganismos ( figuras 32, 33 e 34), quando expostos a processos por
plasma. Observa-se que a corrosão química sobre os microrganismos é muito
grande, fazendo com que sejam inativados completamente. As figuras com
ampliação de 30000 vezes mostram mais detalhadamente, como foram agredidos
quimicamente pela ação do plasma.
0 5 10 15 20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo (min)
20 sccm H2O2
30 sccm H2O2
76
Figura 32 - Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as amostras de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 160 sccm + 40 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. (a) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 5000 vezes, (b) 150 Watts de potência de RF aplicada, ampliação de 5000 vezes, (c) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000, (d) 150 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000 vezes.
(a) (b)
(c) (d)
77
Figura 33 - Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as amostras de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 180 sccm + 20 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. (a) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 5000 vezes, (b) 150 Watts de potência de RF aplicada, ampliação de 5000 vezes, (c) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000, (d) 150 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000 vezes.
(a) (b)
© (d)
78
Figura 34- Eletromicrografia evidenciando o ataque químico sobre as amostras de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro com carga inicial de 2x107 UFC/suporte, expostas a processos de plasma de oxigênio + peroxido de hidrogênio nas vazões de 190 sccm + 10 sccm respectivamente, com pressão de 100 mtorr e tempo de 15 minutos. (a) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 5000 vezes, (b) 150 Watts de potência de RF aplicada, ampliação de 5000 vezes, (c) 100 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000, (d) 150 Watts de potência de RF, ampliação da micrografia de 30000 vezes.
(a) (b)
© (d)
79
Nas figuras 29, 30 e 31 são mostrados resultados de processo de plasma de
peróxido de hidrogênio, utilizando um Mass Flow Controller para leitura de vazão do
gás. Entretanto devido ao poder biocida do peróxido de hidrogênio esperava-se
resultados melhores que os obtidos com plasma de oxigênio. Tendo-se em conta
que o que estava ocorrendo pudesse ser decorrente de uma contaminação, buscou-
se eliminar possíveis problemas, como contaminação da câmara (que parecia ser o
mais provável), contaminação do eletrodo, procedimento de recuperação dos
microrganismos; enfim foram realizados vários testes objetivando a resolução do
problema. Os testes realizados evidenciaram contaminação no Mass Flow
Controller. Ele foi então retirado e a vazão regulada em função da pressão, por meio
de uma válvula agulha graduada. Calculou-se portanto o fator de correção
correspondente ao gás de processo, gerando então uma tabela onde cada pressão
regulada correspondeu à vazão desejada (tab.5). Desta forma obteve-se boa
reprodutibilidade dos resultados condizentes com o resultado esperado (figura 35).
Tabela 5. Calibração da vazão de peróxido de hidrogênio em função da vazão do oxigênio
Pressão (mTorr)
Vazão de H2O2 (sccm)
Vazão de O2 (sccm)
6,8 10 11 10,6 15 17 12,0 20 22 14,5 25 28 16,6 30 33 18,7 35 39 20,5 40 44 22,6 45 50 24,8 50 56 26,2 55 61 28,2 60 67 29,8 65 72 31,5 70 78 34,9 80 90 37,7 90 100 40,4 100 111
80
Observa-se que com a concentração de peróxido de hidrogênio em 40 sccm,
o tempo de exposição da amostra necessária para da redução da carga microbiana
para próximo de zero foi bem reduzido. Isto significa um menor aquecimento da
amostra, o que pode possibilitar sua aplicação a materiais termossensíveis.
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Tempo(min)
Redução logaritmica Resposta Polinomial
Figura 35: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro de 18 x 18 mm com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, exposto ao processo de plasma modo RIE, pressão de 100 mTorr, vazão de 160 sccm de oxigênio 99,998% e 40 sccm de peróxido de hidrogênio.
Alguns parâmetros foram alterados, a fim de averiguar o comportamento do
processo em relação à sua eficiência, e o que se comprovou é que em outras
condições, esta diminui, ou seja, a redução da carga microbiana é afetada,
caracterizando ineficácia do processo. Como essa condição é mais agressiva que as
demais devido à utilização do peróxido de hidrogênio, o próximo passo seria a
utilização de materiais metálicos, celulósicos, poliméricos, etc., e com isso avaliar a
81
estrutura do corpo de prova após submissão ao processo de esterilização, bem
como avaliar sua eficiência.
Para que se pudesse comparar a eficiência do processo de esterilização do
oxigênio puro (figura 36), com o oxigênio e peróxido de hidrogênio (figura 37), foram
realizados alguns testes com papel inoculado com B. subtilis, e com Geobacillus
stearothermophillus. Para o processo com oxigênio puro o resultado foi bem
satisfatório conforme já foi mencionado, porém com mistura de oxigênio e peróxido
de hidrogênio a carga microbiana sofreu pequena redução, embora não tenha
ocorrido degradação do material celulósico.
Figura 36: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subtilis e
Geobacillus stearothermophillus, inoculados em papel, expostas a uma potência de 150 Watts, 30 minutos e pressões de 12, 100 e 330 mTorr para as vazões de 20,200 e 100 sccm de oxigênio 99,998% ,respectivamente em plasma modo RIE.
Pode-se notar que o melhor resultado é obtido quando aplicada uma pressão
alta em relação à vazão do gás inserido na câmara.
0 50 100 150 200
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
Loga
rítm
o do
núm
ero
de s
obre
vive
ntes
Vazão de Oxigênio (sccm)
Redução logaritmica B. subtilis Redução logaritmica Geobacillus stearothermophillus Resp. Polin. B. subtilis Resp. Polin. Geobacillus stearothermophillus
82
Figura 37: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de B. subitilis ,
inoculados em lâmínula de vidro, expostas a uma potência de 150 Watts, 30 minutos e pressões de 12, 100 e 330 mTorr para as vazões de 20, 200 e 100 sccm respectivamente com concentrações de 20% de peróxido de hidrogênio para 80 % de oxigênio.
Foram realizados ainda testes com indicadores de B. subitilis em plasma tipo
ICP (figura 38), o qual é constituido de um tubo de quartzo de comprimento de 120
cm, com uma bobina de RF de aproximadamente 15 cm envolvendo a entrada do
tubo, (figuras 39 e 40), onde sistema de bombeamento é feito por uma bomba de
vácuo mecânica da Edwards com vazão de 28 m3 por hora. As amostras foram
inseridas sob pressão ambiente na câmara, e posicionadas sobre e fora da bobina
com o auxilio de uma pinça estéril. Após a inserção da amostra, a pressão foi
reduzida para próximo de 1mTorr, a seguir foi injetado o gás de processo , e após
regulagem da pressão de trabalho foi aplicada a potência de RF. Neste
equipamento foi possível analisar o efeito do processo de esterilização em amostras
posicionadas diretamente sobre a bobina de plasma, aplicando potência de 100 e
150 W (figuras 41 e 42), e amostras posicionadas a 22 cm da tampa do reator
0 50 100 150 2006,0
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4
Loga
rítm
o do
núm
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de s
obre
vive
ntes
Vazão (sccm)
Redução logaritmica Resposta Polinomial
83
(aproximadamente 5 cm fora da bobina de plasma), aplicando potência de 100 e
150 W (figuras 43 e 44). O objetivo desse teste foi avaliar a eficiência da
esterilização em ambiente de plasma com menor ataque iônico, para amostras
posicionadas diretamente sobre a bobina, e quando submetida aos radicais livres
gerados pelo plasma de oxigênio, portanto posicionadas fora da região de plasma.
As condições de processo para ambas as posições das amostras foram:
pressão 330 mTorr, vazão de 100 sccm, potências de 100 e 150 Watts, tempo de
9, 15, 20 e 30 minutos.
Figura 38: Equipamento de plasma tipo ICP cilindrico
84
Figura 39: Esquema do sistema ICP cilindrico
Figura 40: Tubo de quartzo do sistema ICP cilindrico
RF
Escudo
Bobina
Tubo de quartzo
~
Gás Plasma
85
Figura 41: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
Figura 42: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 150 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
0 5 10 15 20 25 30
5,6
5,8
6,0
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4 Redução logaritmica Resposta Polinomial
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Tempo (min)
0 5 10 15 20 25 30
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5 Redução logaritmica Resposta Polinomial
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ntes
Tempo (min)
86
Figura 43: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas fora da bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
Figura 44: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas fora da bobina do plasma com potência de 100 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
0 5 10 15 20 25 30
5,6
5,8
6,0
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4 Redução logaritmica Resposta polinomial
Loga
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Tempo (min)
0 5 10 15 20 25 30
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5 Redução logaritmica Resposta Polinomial
Loga
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vive
ntes
Tempo (min)
87
Com o objetivo de se obter melhores resultados aumentou-se a potência de
processo para 200, 250, 300, 350 e 400 W, com tempo fixo de 30 min, pressão de
330 mTorr, vazão de 100 sccm O2. Nestes testes o processo se mostrou eficaz, para
as potências de 300, 350 e 400 Watts, sendo que para 200 e 250 Watts, a carga
microbiana foi pouco reduzida (figura 45). Para se conseguir um resultado
satisfatório o tempo de exposição da amostra deveria ser mais longo, o que
inviabilizaria o propósito deste trabalho.
Feito isto utilizamos as potências de 300, 350 e 400 Watts, com tempos
variáveis, a vazão de Oxigênio de 100 sccm, e a pressão de 330 mTorr.
Os resultados mostraram-se satisfatórios, reduzindo a carga microbiana
próximo a zero (figura 46), porém o tempo de exposição da amostra, se comparado
com o sistema RIE, foi maior. A temperatura dos processos é mostrada na tabela 6,
onde pode verificar que apesar das temperaturas serem altas, o tempo do ciclo de
esterilização é curto, o que significa que a morte microbiana não é somente
ocasionada pela temperatura, mas sim por um conjunto de ações do plasma e
temperatura.
88
Tabela 6: Temperatura de processo em sistema ICP cilindrico
Processo a 150 Watts
Processo a 350 Watts
Processo a 400 Watts
Tempo (min)
Temperatura (°C)
1 37 40 40 2 45 52 54 3 52 61 65 4 59 70 75 5 65 77 85 6 71 85 95 7 76 92 105 8 81 99 112 9 86 106 121 10 90 114 128 11 95 120 132 12 100 125 137 13 104 130 142 14 108 134 149 15 112 138 154 16 115 142 160 17 118 146 165 18 121 150 169 19 124 153 172 20 127 156 175
* Potência de 150 Watts, vazão de oxigênio de 100 sccm, pressão de 330 mTorr
89
Figura 45: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger
ATCC 9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potências de 200 e 250 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
Figura 46: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com potência de 300, 350 e 400 Watts, vazão de 100 sccm de oxigênio 99,998% e pressão de 330 mTorr.
0 5 10 15 20 25 30
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5
Loga
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núm
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ntes
Tempo (min)
200 Watts 250 Watts
0 10 20 30 40 50 60-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
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núm
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Tempo (min)
Redução logaritmica 300 Watts Redução logaritmica 350 Watts Redução logaritmica 400 Watts Resp. Polin. 300 Watts Resp. Polin. 350 Watts Resp. Polin. 400 Watts
90
Além do ciclo com oxigênio foram realizados, também testes de esterilização
utilizando peróxido de hidrogênio nas concentrações de 5, 10 e 20 % para 95, 90 e
80 % respectivamente de oxigênio de um total de 100 sccm de vazão, 300, 350 e
400 Watts de potência, 330 mTorr e tempos de 3, 6 ,9, 12, 15, e 40 minutos.
Para a vazão de 5 sccm de peróxido de hidrogênio, o processo foi eficiente
por volta de 20 minutos ( Figura 47), sendo que a redução da carga microbiana foi
próxima a zero após esse tempo de exposição.
Figura 47: Gráfico do logaritmo do número esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 95 sccm de oxigênio + 5 sccm de peroxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr.
Para a vazão de 10 sccm de peróxido de hidrogênio, houve uma redução um
pouco menor do que ocorreu para a vazão de 5 sccm ( Figura 48).
0 10 20 30 40-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
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Tempo (min)
Redução logaritmica 300 Watts Redução logaritmica 350 Watts Redução logaritmica 400 Watts Resp. Polin. 300 Watts Resp. Polin. 350 Watts Resp. Polin. 400 Watts
91
Figura 48: Gráfico do logaritmo do número de B. subtilis var. Niger ATCC 9372
inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 90 sccm de oxigênio + 10 sccm de peróxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr.
Quando utilizada a vazão de 20 sccm de peróxido de hidrogênio, a eficiência
foi menor ainda em relação aos processos anteriores (Figura 49), contrariando o que
se esperava. Isso se deveu ao fato de se ter utilizado o MFC, contaminado, que
posteriormente foi utilizado também no sistema RIE, onde foi constatado o
problema. De qualquer forma esses resultados apresentados mostraram-se
satisfatórios, quando comparados com os métodos atuais, merecendo maiores
estudos para conhecer sua real eficácia frente aos desafios de natureza biocida.
0 10 20 30 40-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
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Tempo (min)
Redução logaritmica 300 Watts Redução logaritmica 350 Watts Redução logaritmica 400 Watts Resp. Polin. 300 Watts Resp. Polin. 350 Watts Resp. Polin. 400 Watts
92
Figura 49: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP, quando expostas diretamente sobre a bobina do plasma com vazões de 80 sccm de oxigênio + 20 sccm de peroxido de hidrogênio, pressão de 330 mTorr.
Outra possibilidade existente neste sistema é a de posicionar o material fora
da região de alta densidade de plasma, isso faz com que se reduza mais ainda o
ataque iônico sobre o material, permitindo praticamente só a ação dos radicais
livres, os quais interagem com as substâncias celulares como enzimas,
fosfolipideos, DNA, RNA etc, impedindo o metabolismo ou reprodução celular.
Dessa forma as amostras poderiam ser posicionadas ao longo do tubo do reator de
plasma, para que se determine o decaimento da carga microbiana em relação a
distância da bobina de RF. Na figura 50 é mostrado um esquema de como poderia
ser feita essa distribuição dentro do reator.
0 10 20 30 40-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
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Tempo (min)
Redução logaritmica 300 Watts Redução logaritmica 350 Watts Redução logaritmica 400 Watts Resp. Polin. 300 Watts Resp. Polin. 350 Watts Resp. Polin. 400 Watts
93
Figura 50: Distribuição das placas dentro do reator de plasma tipo ICP cilíndrico.
Um outro processo de plasma utilizado neste trabalho, foi um sistema
híbrido, ou seja, a utilização de um sistema capacitivo e um indutivo, onde se pode
aplicar potência de RF, tanto nos eletrodos como na bobina, ou nos dois ao mesmo
tempo. Para isso foi desenvolvido um sistema (figuras 51, 52 e 53), o qual foi
acoplado ao equipamento de plasma RIE (figura 54), já existente. Com isso foi
possível utilizar tanto o ICP como o RIE em um único equipamento. Essa nova
configuração consiste em uma antena de RF, onde foi acoplado um gerador, a fim
de permitir a aplicação da potência e geração do plasma, sendo essa antena
refrigerada a água (para evitar aquecimento excessivo do cabo).
Esse dispositivo permite a aplicação de potência aos eletrodos do sitema RIE
(sistema capacitivo) e na antena (sistema indutivo), produzindo assim um plasma de
alta densidade HDP (High Density Plasma), formando um sistema híbrido
denominado ICP planar. Com isso torna-se possível estudar o efeito do plasma
sobre os indicadores, utilizando combinações de potências sobre a bobina e sobre o
eletrodo.
94
Figura 51: Vista interna do dispositivo de acoplamento indutivo (posição da bobina).
Figura 52: Vista lateral do dispositivo, conexões de água de refrigeração e Rádio
Frequência.
95
Figura 53: Esquemático do sistema ICP ( Inductivelly Coupled Plasma) planar.
Figura 54: Equipamento de plasma existente (RIE - Reactive Ion Etching).
Os resultados dos processos realizados com o sistema planar são mostrados
na figura 55. Observa-se que o tempo de processo é relativamente curto, o que
implica em menor aquecimento do material. Outra vantagem desse sistema é a
refrigeração do eletrodo, sobre o qual são colocados os materiais a serem
esterilizados, onde a temperatura pode ser reduzida a valores relativamente baixos,
96
fazendo com que o material não aqueça, o que se pressupõe que possa ser
aplicado para materiais termossensíveis. Neste equipamento devido aos dois
sistemas (capacitivo e indutivo), ocorre uma densidade iônica muito grande,
eliminado os microrganismos em um tempo mais curto.
Fig. 55: Gráfico do logaritmo do número de esporos de B. subtilis var. niger ATCC
9372 inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm com carga de 2 x 107 UFC/suporte, sobreviventes ao processo por plasma tipo ICP planar, utilizando oxigênio 99,998% na vazão de 200 sccm, e pressão de 100 mTorr.
Os indicadores biológicos de B. subitilis foram também expostos a radiação
por UV, que possui comprimento de onda de 370 nm a 450 nm (figura 56), em
tempos de 1, 5, 10, 30, 45, 60 minutos, a potência efetiva da lâmpada de 14
mW/cm² e a dose de radiação igual a potência efetiva vezes o tempo de processo,
assim as doses variaram de 0,84 J/cm² a 50,4 J/cm². A carga microbiana foi pouco
reduzida (figura 57).O plasma também emite UV, e por analogia podemos dizer que
a morte microbiana ocorrida durante os processo de plasma, não foi em função
principal da radiação po UV, mas sim por corrosão química. Por análise
0 5 10 15 20 25 30
-0,50,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,05,56,06,57,07,58,0
Loga
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núm
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ntes
Tempo (min)
(A) 150 Watts bobina + 50 Watts Eletrodo (B) 100 Watts bobina + 100 Watts Eletrodo (C) 150 Watts bobina + 100 Watts Eletrodo (D) 200 Watts bobina + 100 Watts Eletrodo (E) 200 Watts bobina + 50 Watts Eletrodo Resp. Polin. (A) Resp. Polin. (B) Resp. Polin. (D) Resp. Polin. (E)
97
microscópica podemos observar como os microrganismos continuaram inalterados
(figura 58), comprovando o resultado da contagem dos sobreviventes.
Figura 56: Espectro evidenciando os comprimentos de onda do Ultra Violeta .
Figura 57: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de esporos de B.
subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte, expostos à irradiação por UV, com tempo máximo de 60 minutos e dose de radiação de 0,84 a 50,4 j/cm².
0 10 20 30 40 50 60
7,00
7,05
7,10
7,15
7,20
7,25
7,30 Redução logaritmica Resposta Polinomial
loga
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ntes
Tempo(min)
300 350 400 450 500 550 600
0
2000
4000
6000
8000
10000In
tens
idad
e (u
.a.)
Comprimento de onda (nm)
98
Figura 58 - Eletromicrografia de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372,
inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte após exposição ao UV por 60 minutos.
Outro procedimento foi submeter as amostras à processo de raios-X,
conforme Tabela 7. Para este teste foi utilizado um sistema de raios-X, modelo
URD6, com tubo de cobre de capacidade de 1000 Watts de potência (figura 59).
Tabela 7: Comparação das doses recebidas pelas amostras submetidas ao
processo de esterilização por raios-X, em função da potência aplicada.
Dosímetro Tempo de exposição
(min)
Tensão (KV)
Corrente (mA)
Dose de radiação
(KGy)
1 30 0,0289 2 25 0,0133 3
40
20 0,0124 4
30 30 20 0,0067
Apesar das potências aplicadas serem altas em relação ao processo de
plasma, as doses de radiação foram muito baixas para qualquer efeito de
99
esterilização (figura 60). Os processos de esterilização por plasma emitem radiação
ionizante, só que em doses bem menores, e os resultados são alcançados em
tempo inferiores ao processo por raios-X, o que significa dizer que a radiação
emitida pelo plasma não é responsável pela letalidade dos microrganismos expostos
ao processo.
Figura 59: Equipamento de raios-X modelo URD6 da Zeiss ena com tubo de Cobre.
Figura 60: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de esporos de B.
subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de raios-X, por tempo de 30 minutos.
0 200 400 600 800 10004,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
7,5 Redução logaritmica Resposta Polinomial
loga
rítm
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núm
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vive
ntes
Potência (watts)
100
Testes de esterilização por raios-gama (figura 61) e aceleradores de elétrons (figura 62), também foram realizados a fim de se pudesse comparar a eficiência dos mesmos em relação ao processo por plasma.
Figura 61: Equipamento de raios gama, Gamacell, modelo C6-220 da Atomic Energy.
Figura 62: Cone de varredura do acelerador de elétrons modelo DC. 1500/25/4-JOB188 da Radiation Dinamics.
101
No processo por raios-gama, as amostras foram inseridas dentro da câmara,
onde ficaram expostas à radiação por 60Co, conforme Tabela 8. Os resultados
encontrados para este processo são mostrados na figura 64.
Os processos utilizando aceleradores de eletrons funcionaram da seguinte
forma: as amostras foram colocadas sobre esteiras, as quais levaram as mesmas
até a fonte de radiação (figura 62) a uma velocidade de 6,72m/min para as doses de
5 e 10 KGy, e 3,36 m/min para dose de 25 KGy (tab. 9), tendo um contato com o
cone de varredura - onde é emitida a radiação- por tempos de 0,466 segundos para
5 e 10 KGy e 0,892 segundos para 25 KGy (figura 63).Os resultados são mostrados
Figura 63: Esquema básico de um acelerador de elétrons
102
Tabela 8: Parâmetros utilizados nos processos de radiação gama
Esterilização em equipamento Gamacell Dosagem
(kgy) Número de
sobreviventes UFC/suporte
Tempo de exposição
(min)
0 2,0 x 107 0 5 3,5 x 10 86,3 10 <10 173 25 <10 432
Figura 64: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de esporos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de radiação por raios gama, submetidos à dose de radiação de 5,10 e 25 KGy.
0 5 10 15 20 25-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8 Redução logaritmica Resposta Polinomial
Loga
rítm
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núm
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ntes
Dose de radiação (KGy)
103
Para redução significativa da carga microbiana no processo de irradiação por
raios Gama, o tempo foi longo, quando comparado com outras técnicas, além de
exigir doses relativamente altas. Outro inconveniente foi a mudança de coloração
ocorrida nas placas de Petri após o processo, o que evidencia restrição na sua
aplicação.
Tabela 9: Parâmetros utilizados nos processo de radiação por acelerador de
elétrons
Dosagem (kgy)
Número de sobreviventesUFC/suporte
Corrente de feixe
(mA)
Dose irradiada
por passada
(KGy)
Tempo de exposição
por passada
(s)
Número de
passada
0 2,0 x 107 - - - - 5 <10 2,8 2,5 0,233 2
10 <10 5,6 5 0,233 2 25 <10 7,1 12,5 0,446 2
Figura 65: Gráfico do logaritmo do número de sobreviventes de esporos de B.
subtilis var. niger ATCC 9372, inoculados em lamínula de vidro 18 x 18 mm, com carga inicial de 2 x 107 UFC/suporte expostos ao processo de radiação por acelerador de elétrons submetidos à dose de radiação de 5,10 e 25 KGy e corrente de feixe de 2,8,5,6 e 7,1 mA.
0 5 10 15 20 25-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8Redução logaritmica Resposta Polinomial
Loga
rítm
o do
núm
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obre
vive
ntes
Dose de radiação (KGy)
104
Os processos de esterilização realizados por acelerador de elétrons, foram
muito eficientes, reduzindo a carga microbiana em poucos segundos, o que
caracterizaria sua aplicação para materiais termossensíveis, porém sua aplicação
fica limitada da mesma maneira que a radiação por raios Gama, devido à mudança
de coloração das placas de petri, além do custo da instalação desse equipamento,
levando-se em conta a escolha do local e segurança.
Na tabela 10, são mostradas todas as técnicas com seus respectivos valores
D, onde podemos observar que a técnica proposta neste trabalho é mais eficiente,
pois o tempo de esterilização é menor em relação à maioria das técnicas, a
temperatura de processo é relativamente baixa, o que caracteriza sua aplicação
para materiais termossensíveis. Adicionalmente não elimina resíduos nocivos ao
meio ambiente e operador e não requer nível de segurança avançado para sua
instalação. A figura 66 mostra uma comparação entre os processos envolvidos
neste trablaho, onde é possível observar a degradação causada nos
microrganismos, quando expostos ao processo de plasma, enquanto nos processos
por outras técnicas, não se observa tal degradação, o que comprova que no
processo por plasma a morte microbiana se dá devido aos ataques químicos
sofridos pelos microrganismos durante os processos.
Pode-se observar que os valores obtidos nos processos de plasma são
relativamente baixos, com maior ênfase para o processo em plasma ICP planar,
onde o resultado foi melhor que o obtido em processo em ETO.
O processo com acelerador de elétrons seria uma excelente alternativa, não fosse o
fato de utilizar radiação para esterilização, o que faz com que esse processo não
seja o mais adequado, embora conduzindo a um valor D tão baixo. A esterilização
por radiação Gama, apresentou bons resultados, embora o tempo do processo
105
tenha sido muito longo, e a dose para redução da carga microbiana tenha sido mais
alta que a utilizada no acelerador de elétrons. Esse tempo de processo de
esterilização por raios gama se deu pelo fato do equipamento utilizado possuir dose
de radiação fixa, ou seja a dose de radiação é obtida em função do tempo de
exposição da amostra. Os processos utilizando UV e raios-X mostraram-se
totalmente ineficazes para as doses aplicadas. Já a esterilização por processo de
autoclavagem foi eficiente, porém seus processos limitam-se a materiais resistentes
à temperatura.
Figura 66 - Comparação dos processos esterilizantes dos indicadores biológicos de B. subtilis var. niger ATCC 9372, expostos a diferentes processos esterilizantes, e em diferentes condições. (a) Amostra antes de sofrer processo de esterilização, (b) Amostra após sofrer processo de esterilização por UV durante 60 min com dose de radiação de 50,4 j/cm², (c) Amostra exposta ao processo de esterilização por plasma durante 15 minutos, com potência de 150 Watts, pressão de 100 mTorr, e vazões de 40 sccm de H2O2 e 160 sccm de O2 . (d) Amostra exposta ao processo de esterilização por plasma durante 15 minutos com potência de 150 Watts, pressão de 100 mTorr, e vazões de 40 sccm de H2O2 e 160 sccm de O2. (e) Amostra exposta ao processo de esterilização em acelerador de elétrons com dose de radiação de 5 KGy durante um intervalo de tempo de 0,466 segundos. (f) Amostra exposta ao processo de esterilização por raios gama, com dose de radiação de 5 KGy, com intervalo de tempo de 86,3 minutos.
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
106
Tabela 10: Comparação dos valores D obtidos nos processos de esterilização nos
diferentes equipamentos.
Processo Valor D
100 Watts 8,21 Plasma RIE (O2)
150 Watts 2,74
350 Watts 2,74 Plasma ICP cilindrico
400 Watts 2,74
100 Watts na bobina + 100 Watts no
eletrodo.
2,74
200 Watts na bobina + 100 Watts no
eletrodo.
2,05
Plasma ICP planar
150 Watts na bobina + 100 Watts no
eletrodo.
1,36
5 KGy 11,18
10 KGy 23,70
Raios Gama
25KGy 59,18
5KGy 0,00095
10KGy 0,00095
Acelerador de elétrons
25KGy 0,002
Autoclave 121 °C 2,05
ETO 2,05
Os resultados deste trabalho mostram que o sistema aqui estudado pode ser
empregado para esterilização de materiais termossensíveis, com menor custo de
equipamento, e segurança, não poluindo o ambiente e com resultados muito
eficientes.
107
7. Conclusões:
Os resultados deste projeto mostram que tanto o ICP quanto o RIE, cada qual
a seu modo podem ser aplicados para esterilização de equipamentos médicos,
levando-se em consideração que maiores estudos devem ser realizados para
validação quanto a diversos tipos de suportes.
No que diz respeito aos materiais termossensíveis, embora tenham
apresentado bons resultados em sistema RIE, maiores estudos devem ser
realizados para que se possa validar tal aplicação. Um outro estudo a ser feito é a
aplicação de plasma em sistema ICP cilindrico na esterilização de materiais
termossensíveis. Seguindo o mesmo plano de pesquisa feito pelo sistema RIE,
acredita-se em um resultado melhor para o sistema ICP, visto que o processo é
menos agressivo que o sistema RIE, pois o material seria esterilizado pela ação dos
radicais livres sofrendo pouco ataque iônico, e conseqüentemente ocorrendo um
menor dano ao mesmo.
Outro sistema muito promissor, principalmente quando se pensa em
esterilização de materiais termossenssíveis, é o ICP planar. Esse sistema possui a
vantagem da refrigeração do eletrodo, o que faz com que o material permaneça em
uma temperatura relativamente baixa durante todo o processo, fazendo com que o
material não sofra danos referentes à temperatura do processo.
Dentre os processos apresentados neste trabalho, o plasma foi o que melhor
se destacou, pois mesmo quando o tempo de processo foi semelhante à autoclave,
a vantagem do plasma foi a temperatura, já para o caso do acelerador de elétrons,
onde o tempo foi bem menor que o plasma, atingindo resultados iguais de redução
108
da carga microbiana, há que se pensar no custo da instalação deste equipamento,
bem como segurança aos operadores a ao meio ambiente, além de outros
problemas inerentes ao processo de radiação. Além disso esse equipamento possui
baixo poder de penetração, o que inviabiliza sua aplicação para materiais de grosso
calibre.
Os testes comparativos de irradiação (raios gama, acelerador de elétrons),
mostraram-se eficazes isoladamente, porém com doses e/ou tempo muito altos, o
que claro é inadequado quando se pensa em segurança e praticidade. Para
irradiação por UV e Raios-X, houve pouca redução da carga microbiana, o que
indica que as doses de radiação devem ser mais altas que as emitidas por esses
equipamentos testados. O plasma emite radiação ionizante em pequena escala, não
atingindo as doses emitidas pelos equipamentos utilizados neste trabalho, portanto
podemos dizer que no processo de esterilização por plasma, o principal agente letal
é a corrosão química.
De forma geral os métodos físico-químicos apresentam como vantagens
serem realizados a baixas temperaturas, e esta é requerida para esterilizaçao de
materiais termossensíveis. O método esterilizante ideal inexiste, pois todas as
tecnologias apresentam limitações.
109
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Resumos publicados em anais de congressos(artigos)
• SILVA, J.M.F ; OLIVEIRA, D. C. ; Boscariol,M.R. ; VITALLI, F.A.P ; MOREIRA, A. J. ; MANSANO, R. D. ; PINTO, T.J. A. . Estudos da eficácia de sistema esterilizante por plasma de oxigênio a baixa temperatura. RBCF, São Paulo-SP, v. 40, p. 84-84, 2004.
Palestras: Palestra proferida no 8º congresso de tecnologia da FATEC-SP com o título: O Plasma e suas Aplicações na Indústria e Pesquisa, em outubro de 2006.