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SWECO & Associados Governo da República de Moçambique Governo da República do Zimbabwe Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (Asdi) DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PUNGOÉ RELATÓRIO DA MONOGRAFIA ANEXO IX ESTUDO SECTORIAL: PESCA VERSÃO FINAL Abril 2004

ESTUDO SECTORIAL: PESCA - elmed-rostov.ru CD/Reports/por/Monograph... · DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GIRH Relatório da Monografia DA BACIA DO RIO PUNGOÉ

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SWECO & Associados

Governo da República de Moçambique Governo da República do Zimbabwe Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (Asdi)

DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA CONJUNTA PARA A GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PUNGOÉ

RELATÓRIO DA MONOGRAFIA ANEXO IX ESTUDO SECTORIAL: PESCA

VERSÃO FINAL Abril 2004

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P:/1113/1116/1150447000 Pungue IWRM Strategy - Sida/Original/Monograph Report/Annex IX/Portuguese/Annex IX.doc

Cliente: Governo da República de Moçambique Governo da República do Zimbabwe Agência Sueca para o Desenvolvimento

Internacional (ASDI) Projecto: DESENVOLVIMENTO DA ESTRATÉGIA

CONJUNTA PARA A GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO PUNGOÉ

Titulo do relatório: Relatório da Monografia Subtítulo: Anexo IX Estudo Sectorial: Pesca Fase do relatório: Definitivo N. Projecto da SWECO: 1150447 Data: Abril 2004 Equipa de Projecto: SWECO International AB, Suécia (líder) ICWS, Holanda OPTO International AB, Suécia SMHI, Suécia NCG AB, Suécia CONSULTEC Lda, Moçambique IMPACTO Lda, Moçambique Universidade Católica de Moçambique Interconsult Zimbabwe (Pvt) Ltd, Zimbabwe

Aprovado por:

Lennart Lundberg, Director do Projecto

SWECO INTERNATIONAL AB

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O Projecto Pungoé

O Desenvolvimento da Estratégia Conjunta para a Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH) da Bacia do Rio Pungoé, mais conhecido por Projecto Pungoé, é um esforço de cooperação entre os Governos de Mocambique e Zimbabwe para criar um quadro de gestão equilibrada e sustentável e de desenvolvimento e conservação dos recursos hídricos na bacia do rio Pungoé, com o objectivo de aumentar os benefícios sociais e económicos para as populações que vivem ao longo da bacia. Um dos elementos chave para o desenvolvimento desta estratégia pelo Projecto está associado à capacitação institucional para a sua implementação e actualização, que permita facilitar uma efectiva gestão participativa envolvendo tanto as autoridades como os stakeholders. O rio Pungoé é um curso de água partilhado pelos dois países.

O Projecto Pungoé é financiado pela Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional (ASDI) através de um acordo com Zimbabwe e Moçambique.

O Projecto está a ser implementado sob os auspícios do Departamento de Desenvolvimento de Águas (DWD), do Ministério dos Recursos Rurais, Desenvolvimento de Água e Irrigação (MRRWD&I) no Zimbabwe e da Direcção Nacional de Água (DNA) e do Ministério das Obras Publicas e Habitação em Mocambique, como representantes dos dois governos. As agências de implementação do projecto são o Zimbabwe National Water Authority (ZINWA) através do Save Catchment Manager’s Office (ZINWA Save) no Zimbabwe e a Administração Regional de Águas do Centro (ARA-Centro), em Moçambique.

O Projecto Pungoé teve o seu início em Fevereiro de 2002 e será implementado nas quatro fases seguintes:

Fase 0 – Fase Inicial

Fase 1 – Fase da Monografia

Fase 2 – Fase de Desenvolvimento de Cenários

Fase 3 – Fase da Estratégia Conjunta para a GIRH

A Fase da Monografia

Durante a Fase da Monografia, o Consultor em conjunto com as Agências Implementadoras em Moçambique e Zimbabwe redobraram os seus esforços

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para aumentarem o conhecimento de base necessário para o desenvolvimento dos recursos hídricos da bacia, através de vários estudos sectoriais. Estes estudos descrevem a situação actual da bacia no que se refere aos recursos hídricos, ambiente e poluição, procura de água, infra-estruturas e socio-economia.

Também se efectuaram actividades para avaliar e reforçar as capacidades legais e institucionais das agencias de implementação. Estas actividades estão ainda a decorrer no Projecto e incluem entre outras, o desenvolvimento, aquisição de tecnologia e treino no uso do GIS e a utilização de ferramentas de modelação hidrológica.

Divulgação de informação acerca do Projecto, bem como a realização de consultas com os grupos de Stakeholders da bacia de forma a aumentar o seu conhecimento do Projecto e facilitar a participação dos Stakeholders na GIRH da bacia do rio Pungoé.

Lista de Documentos

O Relatório da Monografia inclui os seguintes documentos:

Relatório Principal

Anexo I Estudo Sectorial: Recursos Hídricos Superficiais

Anexo II Estudo Sectorial: Redes Hidrometeorológicas

Anexo III Estudo Sectorial: Qualidade dos Dados Hidrológicos e Modelação

Anexo IV Estudo Sectorial: Recursos Hídricos Subterrâneos

Anexo V Estudo Sectorial: Barragens e outras Obras Hidráulicas

Anexo VI Estudo Sectorial: Qualidade da Água e Transporte de Sedimentos

Anexo VII Estudo Sectorial: Necessidades de Água para Abastecimento e Saneamento

Anexo VIII Estudo Sectorial: Necessidades de Água para Irrigação e Floresta

Anexo IX Estudo Sectorial: Pesca

Anexo X Estudo Sectorial: Fauna, Áreas de Conservação e Turismo

Anexo XI Estudo Sectorial: Infra-estruturas

Anexo XII Estudo Sectorial: Socio-economia

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ÍNDICE

1 SUMÁRIO EXECUTIVO 1

2 INTRODUÇÃO 4 2.1 Antecedentes 5 2.2 Objectivos 5

3 PANORAMA DA FAUNA PISCÍCOLA E DA PESCA 6

4 ESPÉCIES ENDÉMICAS E EM PERIGO DE EXTINÇÃO 8

5 A FAUNA PISCÍCOLA DO RIO PUNGOÉ 11 5.1 Zona 1: Troços de montanha 13 5.2 Zona 2: Troços intermédios 15 5.3 Zona 3: Planícies de inundação 16

6 PESCAS E PESCA POTENCIAL 19 6.1 Produtividade pesqueira 20 6.2 Camarão 21 6.3 Gestão e aspectos de conservação 22 6.3.1 Regime de caudais 23 6.3.2 Transporte de sedimentos 24 6.3.3 Qualidade da água 25 6.3.4 Agricultura 25 6.3.5 Florestas 26 6.3.6 Urbanização 27 6.3.7 Infra-estruturas hidráulicas 28

7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 29

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 APÊNDICE 1 Os peixes do sistema do rio Pungoé

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1 SUMÁRIO EXECUTIVO

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Baseado no conhecimento existente em rios semelhantes na região, a composição geral da fauna piscícola no rio Pungoé pode se considerar bem conhecida. Contudo, há falhas significativas quando se procura obter uma informação detalhada sobre distribuição e preferências de habitat para as diferentes espécies. Existe no rio Pungoé algumas espécies endémicas, outros raras e outras vulneráveis. Estas espécies são principalmente encontradas nas partes altas do rio. As espécies de água fria predominam nas partes altas, onde a água é maioritariamente limpa e de baixa produtividade. Contudo, algumas destas áreas são mais povoadas e a actividades agrícola e de mineração afectam a qualidade da água. As espécies de água quente e marinhas são as mais comuns nas zonas baixas do rio.

O habitat nas zonas média e baixa do rio é fortemente influenciado pelos altos caudais sazonais, que podem ser mais de cem vezes superiores aos caudais baixos. Como consequência disso o leito do rio é instável e o ambiente demasiado variável para fornecer suporte para a maioria das plantas aquáticas. A planície de inundação apresenta um elevado grau de variação, pois é influenciada pelas águas do oceano e pela salinidade. Os níveis oceânicos podem chegar a atingir 65 km para o interior do rio, durante os caudais baixos. A fauna piscícola das planícies de inundação durante as cheias são predominantemente de espécies de mar. O estuário da Beira é também um habitat para camarões jovens e pré-adultos apesar de não existirem dados disponíveis para avaliar a importância do estuário como maternidade para as reservas de camarão existentes ao longo da costa e no banco de Sofala. Não há igualmente nenhuma informação disponível sobre os locais no estuário para a pesca de camarão de pequena escala ou sobre a captura do camarão jovem para aquacultura.

Existe uma certa actividade de pesca em pequena escala a decorrer ao longo do rio Pungoé, mas não existem dados disponíveis sobre estas capturas. Algum peixe é vendido nos mercados locais mas a maior parte do pescado é para alimentação de subsistência. Durante o tempo das cheias os esforços de pesca aumenta dramaticamente e a receita da venda do peixe fornece um rendimento significativo para os envolvidos. No entanto, não existem dados disponíveis acerca das quantidades de peixe captado no rio. Para a fase seguinte do Projecto, sugere-se que valores de capturas para diferentes troços do rio possam ser calculados com base no Método de Avaliação Rápida. Baseado em informações de outros rios tropicais, pode-se calcular que a produtividade pesqueira da planície de inundação do rio Pungoé (4 500 km2), possa ser na ordem de 4 a 6 toneladas por km2 ou seja aproximadamente 20 000 toneladas. Isto é provavelmente muito superior ao que é pescado hoje.

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A fauna piscícola e a produtividade de pesca no rio Pungoé estão já adaptados às extremas variações ambientais, causadas pelas cheias e pelas secas sazonais. Contudo, o ambiente é influenciado pelas actividades humanas ao longo do rio em si e na sua vasta área de drenagem. As variações no tempo das cheias sazonais, os elevados valores de argilas e de sedimentos na água, a concentração de fertilizantes, de adubos e de matérias orgânicas, bem como os poluentes persistentes irão influenciar a fauna piscícola e a sua produtividade. Também, a regularização dos caudais dos rios causada por hipotéticas barragens irá afectar a pesca de ambos os lados do rio, isto é a montante e a jusante da secção onde se localizar a barragem. É possível fazer previsões do desenvolvimento das populações piscícolas no rio, quando forem conhecidas a localização, dimensão e condições de operação de possíveis novas barragens no rio Pungoé. Alguns dados foram recolhidos de outros rios na África Oriental e Austral, rios onde os caudais foram afectados pela construção de barragens.

Baseado no resultado da presente avaliação, podemos concluir que informação adicional é necessária recolher, no que se refere a:

i) Habitat para o peixe e o camarão e a fauna piscícola e a pesca nos troços do Baixo Pungoé, incluindo o estuário da Beira;

ii) as quantidades de capturas de peixe nos principais troços do rio;

iii) as características socio-económicas e a importância da pesca nos troços do Médio e Baixo Pungoé.

Recomendamos que estes estudos podem ser efectuados durante a próxima fase do Projecto.

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2 INTRODUÇÃO

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2.1 Antecedentes Este capitulo do relatório resume a informação disponível acerca da fauna piscícola e da produtividade da pesca do rio Pungoé. O texto relata a biodiversidade pesqueira e aquilo que é conhecido sobre a pesca no rio. Este capitulo discute como a diversidade e a produtividade são afectadas pelos seguintes factores:

• cheias e sazonalidade;

• chuvas e escoamento das zonas envolventes;

• turbidez e níveis de nutrientes;

• influencias oceânicas sobre o ecossistema.

As possíveis mudanças nas planícies de inundação serão avaliadas, bem como as previsões dos seus impactos na produtividade da pesca.

Foi realizada uma análise de dados através de informação bibliográfica. Em complemento, foram consultados alguns peritos. Informações recolhidas de investigações efectuadas para noutros sistemas hidrográficos na África Oriental foram usadas como dados de referência, de que é exemplo dados dos rios Rufiji e Zambeze.

2.2 Objectivos Os objectivos desta área de estudo são os seguintes:

• Estabelecer a distribuição de espécies piscícolas e da sua ecologia, bem como as características da pesca, no que se refere à sua produtividade e à sua importância para as comunidades locais.

• Avaliar as prováveis consequências para as populações de peixes e para as comunidades piscatórias das futuras alterações ao regime do rio, como resultado de futuros desenvolvimentos, com particular atenção para a área da foz do rio.

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3 PANORAMA DA FAUNA PISCÍCOLA E DA PESCA

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A fauna piscícola do sistema do rio Pungoé é essencialmente similar ao sistema do Rio Zambeze devido às semelhanças fisiográficas históricas entre os dois sistemas. Estas ligações tem ocorrido várias vezes no passado, nomeadamente nos períodos glaciares quando o nível do mar tem sido baixo e os dois rios tenham sido provavelmente ligados um ao outro algures fora da costa (Skelton 1994). Interligações podem também ter ocorrido mais recentemente, especialmente em anos muitos húmidos, através dos terrenos baixos o que ocorrem ao longo da costa e no seu interior.

A fauna piscícola do Pungoé tem muito em comum com o Médio/Baixo Zambeze (exemplo. A jusante de Victoria Falls). O primeiro tem 77 espécies de água doce (excluindo aquelas, como a enguia, que tem uma origem marinha), enquanto a segunda tem 61 espécies, com 57 em comum para ambos. As diferenças notáveis entre os dois sistemas inclui a ausência do grande mussopo (catfish) Heterobranchus longifilis no sistema do Pungoé e o killifish Nothobranchius spp. no Zambeze. Para o Sul, o rio Save é também semelhante ao rio Pungoé. Tem 39 espécies, 35 das quais são comuns para ambos. O sistema do Limpopo inclui muitas das mesmas espécies do Pungoé, mas tem mais umas espécies adicionais, cuja origem é do Sul. Tem 48 espécies no total, 30 das quais também ocorrem no Pungoé (Skelton 1994).

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4 ESPÉCIES ENDÉMICAS E EM PERIGO DE EXTINÇÃO

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Daquilo que sabe, há somente três espécies endémicas no sistema da bacia do rio Pungoé.

A espécie Gorongosa kneria, Parakneria mossambica, pertence ao grupo dos peixes que vivem em águas límpidas e correntes. Tem sido somente apanhada nas linhas de águas que correm da montanha de Gorongosa, no entanto a sua distribuição, biologia e número é pouca conhecida.

O formão chiselmouth do Pungoé, Varicorhinus Pungoéensis, é um peixe ciprinídio relativamente grande peixe, que também vive em águas límpidas correntes, em troços rochosas, com grandes pedras. Reproduz-se nos troços do Alto e Médio Pungoé, mas provavelmente não ocorrem nos troços do Baixo Pungoé, onde o habitat das planícies de cheia não é suficientemente estável para ele.

A última espécie é o Beira killifish Nothobranchius kuhntae, que têm sido somente capturada numa localidade da planície de inundação do rio Pungoé, não constando nada sobre a sua biologia ou dimensão.

Algumas das outras espécies encontradas no Pungoé tem distribuições muitos restritas e podem ser consideradas como “pró-endémicas”. Algumas destas espécies são consideradas vulneráveis ou em perigo de extinção (Skelton 2001).

O barbo amarelo, Barbus manicensis, também ocorre nas cabeceiras do sistema do rio Búzi e em alguns tributários das Terras Altas do Zambeze, nas Terras Altas Orientais do Zimbabwe. Esta espécie parece ser relativamente abundante conforme os números apresentados no estudo de Avaliação do Impacto Ambiental do Projecto de Transferência de Água do Pungoé (Interconsult Zimbabwe, 1998).

O peixe gato de montanha Natal, Amphilius natalensis, que tem sido referenciado em alguns locais dos tributários nas Terras Altas do Pungoé, também ocorre numa pequena área ao longo das montanhas Drakensberg na África do Sul. Esta espécie é agora considerada em perigo de extinção porque a sua população tem sido substancialmente reduzida pela truta exótica. O mesmo se aplica à população piscícola do Zimbabwe, que é ainda mais pequena do que a população da África do Sul, estando em grande risco de extinção.

O peixe gato Pongola rock, Chiloglanis emarginatus, aparece numa área restrita do sistema do rio Pongola na província Kwazulu-Natal da África do Sul, onde foi considerado uma das espécies em perigo de extinção (Kleynhans, 1997). Uma espécime foi capturado num local do sistema de drenagem do Pungoé na área de Nyanga, e outra num tributário do rio Gwayi

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a Este do Zimbabwe. Não há informações sobre a população desta espécie, que poderá estar em risco de extinção no país.

As últimas espécies pró-endémicas são as knerias do sul, Kneria auriculata, que têm sido capturadas nas cabeceiras do rio Pungoé por Temple e Payne (Relatório não publicado), mas que não foram observadas durante o estudo de Avaliação do Impacto Ambiental do Projecto Pungoé (Interconsult, Zimbabwe, 1998). Esta espécie foi também encontrada nas cabeceiras dos rios Odzi e Runde no Zimbabwe e também existe uma pequena população na África do Sul. A população da África do Sul é considerada como espécie em extinção (Skelton 2001) devido aos efeitos adversos da truta e de outros predadores introduzidos eà destruição do habitat através da construção de barragens, de assoreamento e das abstracções de água. Pouco se conhece sobre as espécies zimbabueanas, mas também podem estar em risco.

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5 A FAUNA PISCÍCOLA DO RIO PUNGOÉ

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Sendo a composição geral da fauna piscícola do Pungoé bem conhecida, há muita pouca informação sobre a sua distribuição ou preferencias de habitat. É possível tirar algumas inferências acerca da sua distribuição, baseada na informação disponível noutros sistemas. Numa perspectiva ictiológica, o rio Pungoé pode ser dividido nas seguintes zonas ictiologias:

• Troços de montanha (Zona 1);

• Troços intermédios (Zona 2);

• Planície de inundação (Zona 3).

As zonas acima mencionadas não estão separadas pelas características geográficas tais como as Quedas de Vitória no Zambeze, ou as Quedas de Kapachira no Shire, que divide ambos os rios em distintas regiões geográficas. Consequentemente deve haver algum espaço maior entre elas. O oceano influencia grandemente a planície de inundação. Como resultado, a salinidade nesta parte do rio varia entre uma parte do rio com água totalmente doce e uma parte do rio com uma concentração de salinidade idêntica à salinidade do oceano.

Figura 1 Zonas ictiologicas no rio Pungoé

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5.1 Zona 1: Troços de montanha O rio Pungoé drena a parte sul do maciço de Inyangani nas terras altas orientais do Zimbabwe, nascendo perto do cume do Monte Inyangani, o ponto mais alto do Zimbabwe (2 592 m). A maior parte da bacia do rio Pungoé no Zimbabwe é escassamente povoada, pois localiza-se em parques nacionais ou áreas florestais, com excepção do vale do Honde, que tem uma população densa de agricultores de subsistência. As zonas rochosas que se podem ver são maioritariamente de granito e do maciço antigo (Gondwana e post-Gondwana), cujas superfícies são facilmente degradáveis, deixando pelo caminho os iões dissolvidos. Como resultado, a água é excepcionalmente pura com fraca conductividade, à volta de 10 µS cm-1, como foi medida numa amostra recolhida em Agosto 2001. Esta zona estende-se desta a nascente do Pungoé até aproximadamente à confluência dos rios Pungoé e Rwera, na secção onde o rio deixa o território zimbabueano. Esta zona pode ser dividida nas três sub-zonas, como se segue:

1. Secção Alta

Esta secção inicia-se na nascente do rio Pungoé nas encostas ocidentais do Monte Inyangani e termina nas quedas do Pungoé, aprox. 20 km para o sul. A altitude cai de cerca de 2500 m junto à nascente para cerca de 1650 m no começo das quedas, a que corresponde um declive médio de 42,5 m por quilómetro. O rio corre em zona de vegetação rasteira de montanha, com invasões de pinheiros exóticos e acácias mimosas. O leito do rio é geralmente pedrogoso com ravinas e pedras de grande dimensão em algumas secções. Noutros locais o rio corre em zonas planas, onde as espécies semi-aquáticas tais como “sedges e grasses” tem local propenso a desenvolver-se. No entanto não há vegetação submersa no próprio rio, devido à ausência de sedimentos acumulados. A maioria da bacia de drenagem está localizada dentro do Parque Nacional de Nyanga onde há poucos sedimentos proveniente da falta de actividade agrícola. As quedas do Pungoé actuam como se fossem uma barreira geográfica e não há espécies indígenas encontradas nesta secção do rio. A espécie exótica truta Rainbow, Oncorhynchus mykiss tem sido preservada nesta secção e um pequeno tributário suporta uma pequena população de Truta Castanha Salmo truta.

Esta secção inclui também as cabeceiras de alguns tributários tais como o rio Honde, que nasce a Sudoeste, o Rwera que drena as encostas orientais do Maciço de Inyangani e outros pequenos rios que se escoam pelas montanhas em direcção a este, para Moçambique. Como o Pungoé, estes rios em geral têm uma corrente de água limpa, sem vegetação, com pouca acumulação de sedimentos. A maioria dos tributários contém peixes, excepto os que correm através de cascatas do Pungoé Gorge.

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2. A Secção Média

Esta secção tem o seu inicio nas Quedas do Pungoé e termina no desfiladeiro do Pungoé. Ao longo desta secção, o rio cai da altitude de 1650 m para 700 m, com um gradiente médio de 47.5 m por quilómetro. O rio corre através de uma garganta declivosa, coberta por uma floresta montanhosa indígena. O leito do rio é rochoso com pedras redondas e pedregulhos, apesar de ter algumas lagoas naturais profundas. Acredita-se que as trutas que vivem em algumas destas lagoas passam para a secção abaixo das quedas assim como outras espécies de peixe indígena. Pouco se conhece acerca das populações de peixe existentes no desfiladeiro do Pungoé devido a dificuldade de acesso, visto que são predominantemente espécies de águas frias.

3. A Secção Baixa

Esta secção inicia-se na foz do desfiladeiro prolongando-se até à secção onde o rio deixa o território zimbabueano. A altitude da cascata é aproximadamente de 700 m a 550 m, com um gradiente médio de 2.9 m por quilómetro. Nesta secção, o rio corre através de um território comunal densamente povoado onde os agricultores têm acabado com a vegetação natural. Na maioria dos sítios o rio corre num canal extremamente profundo com troços em rocha e zonas pedregosas em vários sítios. Existe alguma acumulação de sedimentos, tendo aparecido em várias secções do rio um fundo de areia, bem como muito pouca vegetação aquática na linha de água principal. Outrora, as margens do rio tinham uma galeria florestal bem desenvolvida, tendo sido devastada a maior parte, sobrando apenas algumas árvores actualmente. Todas as espécies conhecidas do Pungoé poderiam ser esperadas aqui, apesar de não ser claro, até aonde os peixes de água quente poderão ter chegado, como é o caso do peixe tigre Hydrocynus vittatus, que pode se ter estendido para montante. Não há evidência das trutas sobreviverem nesta secção, mas apenas alguns peixes de boca grande Micropterus salmoides, que existem numa grande albufeira de uma empresa de chá no Zimbabwe. Não se sabe se este peixe escapou da albufeira e passou a habitar no rio.

Há somente 10 espécies indígenas conhecidas da Zona 1 e elas estão maioritariamente preparadas para se adaptarem a viver em águas de baixa produtividade. Muitos deles tem tendência para terem uma distribuição localizada e alguns são aparentemente muito raros. Espécies que são restritas nesta zona incluem barbo amarelo, Barbus manicensis relativamente numeroso, e outras duas espécies muito raras e restritas, o peixe gato de montanha, Amphilius natalensis e o peixe gato Pongolo rock, Chiloglanis emarginatus.

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O northern barred minnow, Opsaridium zambezenze, o Pungoé chiselmouth Varicorhinus Pungoéensis e o peixe gato de montanha, Amphilius uranoscopus são relativamente numerosos nos próprios habitats e provavelmente existem para jusante dentro da próxima zona.

A enguia africana, Anguilla bengalensis é um notável numeroso nativo nestas torrentes montanhosas Estas espécies são apenas as únicas de peixes predaceous indigenous lá encontrados. As outras espécies de enguias, the long-finned eel A. mossambica e a enguia de Madagáscar, A marmorata podem ser encontradas nestas linhas de água, mas são espécies possivelmente muito raros, com tendência para ser mais numerosas nos rios para o sul (para sul do rio Limpopo).

5.2 Zona 2: Troços intermédios A secção central do Pungoé estende-se aproximadamente desde a confluência do rio Rwera a 550 m de altitude até um pouco a jusante da secção de Bué Maria, onde as planícies de inundação começam a uma altitude de 50 m, dando um gradiente médio de cerca de 2.5 m por quilómetro. Apesar das suas margens serem relativamente inclinadas, nos troços mais altas desta zona, o rio começa rapidamente a descer por um largo vale com uma galeria ribeirinha florestal e uma zona plana susceptível de ser inundada. A deposição de sedimentos é mais extensa nesta secção com zonas onde o rio tem um escoamento entrelaçado (pelo menos para os caudais baixos), e corre através de bancos de areia com lagoas naturais aparecendo atrás dos barramentos. Devido ao rio ser extremamente sazonal, com os caudais altos cerca de cem vezes superiores aos caudais baixos, existe relativamente uma pequena vegetação aquática neste sector. De um modo geral o leito do rio é muito instável e o ambiente também muito variável para a maioria das plantas aquáticas, apesar de algumas aparecerem em zonas privilegiadas de águas. Reeds, Phragmites mauritianum, são uma excepção para esta generalização porque têm uma raiz muito forte e própria para se desenvolver nos bancos de areia. Estas plantas ajudam a estabilizar os bancos de areia e permitem o crescimento de semi-aquatic shrubs, sedges e capim.

Nesta secção a área de bacia algumas vezes suporta um denso bosque de miombo (Brachystegia), pontualmente com áreas florestais. Contudo, os agricultores que vivem da agricultura de subsistência tem dizimado bastante e resta apenas áreas reduzidas de floresta natural. Algumas destas podem ainda ser apreciadas na zona de Bué Maria onde a população humana ainda está relativamente dispersa. Estas actividades agrícolas devem ser concerteza as responsáveis por uma parte da erosão do solo e pela produção de sedimentos, a qual deverá aumentar com o crescimento populacional na área de bacia (a maior parte deveu-se à migração para a estrada principal durante e guerra civil em Moçambique). No entanto, os efeitos da exploração

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artesanal das minas de ouro nas linhas de água principais de alguns dos tributários do Pungoé preocupam muito mais, devido ao seu impacto na qualidade da água. Um exemplo dramático pode-se ser visto na ponte da estrada entre Chimoio - Tete onde os rios carregam sedimentos muito pesados e são provavelmente impróprios para o consumo humano. Outro assunto concernente é que os garimpeiros têm usado mercúrio para a extracção do ouro e por conseguinte contaminado o rio.

A fauna piscícola desta zona é mais variada que na zona de montante, com cerca de 44 espécies conhecidas, que por ali aparecem. A maior parte são espécies típicas de água quente que se adaptaram aos rios sazonais e incluem tipos conhecidos tais como espécies mormyrid , characids (incluindo o peixe tigre (Hydrocynus vittatus), peixe gato e cichlids. Quanto ao número de espécies, e em termos de relativa abundância, a Cyprinidae é a família dominante, bem como na maioria dos rios não regularizados da região. Existe uma considerável diversidade de Cyprinidios incluindo sete espécies de Barbo, o de largas escamas peixe amarelo, Labeobarbus marequensis, e algumas espécies labeos. Dois deste últimos são enormes, exímios nadadores (Labeo altivelis e L. congoro) capazes de nadar contra a corrente durante o seu período migratório. Outras espécies são tipicamente descobertas em fortes correntes do rio incluindo o nkupe e chessa (Distichodus mossambicus and D. schenga).

A diversidade dos peixes cíclica é relativamente baixa, com um registo de apenas três espécies. Ocorrem também provavelmente em pequeno numero. É típico de rios sazonais irregulares, exemplo: antes da construção do Lago Kariba no Zambeze (Jackson 1961), esta família tendia a ser mais abundante em águas paradas tais como lagos e lagoas das terras inundadas. Três membros de uma grande família marítima a Gobiidae, vem também viver e reproduzir-se em água doce na África Austral. Todas elas aparecem nesta secção do sistema do Pungoé, sendo a mais numerosa delas a tank goby Glossogobius giuris, a qual ocorre em considerável número, quando tem um habitat apropriado. As outras duas espécies são menos numerosas mas podem ocorrer em qualquer lugar desta secção do rio.

5.3 Zona 3: Planícies de inundação A planície de inundação do rio Pungoé cobre uma área de cerca 450 000 ha (Hughes and Hughes 1992), começa precisamente em Bué Maria e daqui estende-se até à costa. Tem um gradiente médio de cerca de 0.4 m por quilometro. Esta parte do rio inclui o estuário onde a água apresenta por vezes salinidade semelhante às concentrações marinhas. As planícies de inundações a norte estendem-se ao longo do rio Urema, que se estende ao longo da parte sul do vale do rift africano dentro do Parque Nacional da Gorongosa. Esta parte da bacia nunca excede 50 m acima do nível do mar, com o rio apresentando elevações distintas. No inverno o seu leito pode se

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apresentar arenoso e seco com algumas linhas de torrente. A própria planície está coberta por uma vegetação rateira (maioritariamente Phragmites) a qual pode ter 1-3 m de altura em áreas de inundação e cerca de 1 m altura nas margens. Assim como noutras planícies de inundação, este é um habitat extremamente variável, desde extensamente inundado durante a estação chuvosa até completamente seco durante o inverno. O canal principal do Pungoé é influenciado pelas marés durante um longo troço e nas épocas secas, a água do mar pode penetrar rio adentro até à estacão de bombagem da Beira, a 65 km de distância do Oceano Indico.

As espécies piscícolas características desta zona fazem parte dos seguintes dois grupos:

a) Espécies típicas encontradas nas terras de inundação

b) Espécies marinhas que ocasionalmente penetram no rio

O primeiro grupo inclui espécies anfíbias, tais como o lungfish Protopterus annectens (o qual tem pulmões) e percas saltadoras, Microctenopoma intermedium e Ctenopoma multispine qual tem guelras alteradas) e favorece-as viver em áreas húmidas com pouco oxigénio. O lungfish adapta-se a sobreviver nas secas submergindo-se no lodo e hibernando até as chuvas seguintes. O killifish Nothobranchius kuhntae e N. rachovii são também capazes de sobreviver em seca, mas neste caso, devido as ovas resistentes que sobrevivem a longos períodos de dessecação, enquanto os adultos tem um período curto de vida cíclico que lhes permite apenas reproduzir em poucas semanas após a desovação.

Outra característica das espécies das planícies inundação inclui algumas carpas da costa oriental (Barbus viviparus, B. toppini and B. macrotaenia), e um barbo que de qualquer jeito aparece nas áreas de inundação n Alto Zambeze (B. haasianus). O characid Hemigrammopetersius barnardi e o cichlid Oreochromis placidus são outras espécies da costa oriental tipicamente encontradas em planícies de inundação.

Existe um grande número de espécies marinhas que se infiltram nas águas salobras das partes baixas do sistema do Rio Pungoé. Algumas destas espécies podem manter-se longos períodos no rio e no ambiente estuarino. Cerca de 18 espécies marinhas penetram nas zonas de água doce deste sistema, mas a maioria delas não entra muito no interior, com excepção de três espécies (Awaous aeneofuscus, Glossogobius giuris e G. callidus) que podem penetrar 1200 km em alguns sistemas e reproduziram-se em águas doce, bem como salgada ou marinha. Estas espécies podem ser encontradas em qualquer parte do sistema do Pungoé, talvez com excepçõ das águas frias de montanha, onde o rio nasce. O bull shark Carcharhinus leucas e o tarpon Megalops cyprinoides são conhecidos por penetrarem no Zambeze até a um

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ponte tão distante como a garganta de Cahora Bassa, cerca de várias centenas de quilómetros rio adentro, mas não está confirmado que se reproduzem em água doce.

Estima-se que algumas destas espécies apareçam no Baixo Pungoé mas não foi possível estabelecer se já foram ou não capturados lá. Baseando nas observações dos outros rios da região, incluindo o Zambeze, Rufiji e o Save, bem como observações durante a nossa própria visita à área, certas espécies carangid foram confirmadas em como tem aparecido nas partes baixas do Pungoé. Especialmente durante as inundações os numero de pré-adultos de carangids tem tendência a aumentar. Os carangids jovens são provavelmente uma das espécies mais importantes de origem marinha nesta secção do rio. Inclui também anchovas (Enggraulidae), soapies e ponyfish (Leiognathidae) e herrings (Clupeidae) que são espécies marinhas de importância comercial no Baixo Pungoé. Estes são pescados e habitualmente secados antes da venda ou usados para consumo, mas também são comerciados frescos.

Outros grupos que aparecem no ambiente marinho e foram observados durante a nossa visita incluem mojarras (Gerridae), goatfish (Mullidae) e jovens snappers (Lutjanidae).

Tendo em conta o tipo de estuário e os troços do rios do Baixo Pungoé, essas áreas consideram-se privilegiadas e de suma importância como viveiros de camarões jovens e pré-adultos. No entanto, na há informação detalhada sobre o seu habitat, vegetação ou sequer da presença dos estados jovens destas espécies.

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6 PESCAS E PESCA POTENCIAL

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6.1 Produtividade pesqueira A população pesca ao longo de todo o sistema do rio Pungoé. Contudo não há registos indicando a quantidade do pescado ou a sua importância para as comunidades locais. Os utensílios utilizados na pesca incluem redes, armadilhas, barras, linhas o mesmo que noutras partes da região. Supõe-se que todas as espécies são capturadas, apesar de haver preferências por determinadas espécies. Algumas delas superam em qualidade ou tamanho, as mais populares, tais como tilapias, que serão concerteza vendidas nos mercados locais ou viajantes ao longo das estradas principais. Contudo, não foi possível obter informações sobre a quantidade vendida e os preços aplicados.

Esta sendo difícil calcular o potencial do sistema mas algumas estimativas podem ser feitas através das relações dadas por (Welcomme 1985). Ele verificou, que analisando as capturas em 20 rios tropicais com pesca de moderada a intensa, que existe uma boa correlação entre a área da bacia de drenagem (km2) e o total pescado (toneladas) de acordo com a seguinte equação ou formula:

C = 0.03A0.97 (r = 0.91)

onde C = captura

e A = área.

Se a área da bacia do Pungoé é de 29 500 km2 (Vanden Bossche e

Bernacsek, 1990)

O potencial da bacia estima-se em cerca de 650 t ou 0.02 t/km2. Este valoe parece-nos ser um calculo muito baixo, mas deve-se recordar que a maior parte da bacia não tem tendência a produzir muito peixe. Todos os pequenos tributários, por exemplo, tendem a secar após as chuvas e podem a seguir sustentar uma pequena população de peixes num período relativamente curto. O mesmo se aplica ao canal principal do rio que tem tendência a ser improdutivo devido as variações das estações e mais também pelo comprimento do seu caudal através das rochas ou bancos de areia sem vegetação.

A mais interessante e mais produtiva parte do sistema é sem dúvida a planície de inundação. Informações tiradas de 25 planícies tropicais com pesca intensiva moderada, mostram a correlação entre a área de inundação e a captura total:

C = 4.23A1.005 (Welcomme, 1984).

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Se a planícies de inundação tem uma área de 4 500 km2 esta relação

pressupõe que a captura é na ordem de 19 853 tons (equivalente a 4.41 t/km2) pode ser possível. Este valor confere com os cálculos recentes de que as planícies de inundações tem geralmente um campo de 4.0 to 6.0 toneladas por km2

(Welcomme, 1985), e apresenta um cenário dramático da produtividade potencial destes sistemas comparado com a largura dos rios. É improvável que a captura de peixe do sistema do rio Pungoé apresente sempre este nível devido a que nas planícies de inundações e no sistema no seu total, parece haver muito pouca pesca realizada.

A captura de peixe nas planícies de inundação parece ser fortemente influenciada pela intensidade das cheias. (Welcomme 1985) apresenta certas ligações entre as inundações intensivas e a pesca em alguns rios. No rio Kafue, por exemplo, a redução de 50% na inundação intensiva passou para 40% de redução na captura. No rio Shire 50% de redução na inundação resultou em 30% de diminuição na captura. No delta central do Níger a relação era mais linear e houve uma descida de 50% na intensidade de inundação para 50% redução na tomada. Lamentavelmente, tais relações não podem ser aplicadas no Pungoé devido a falta de informações hidrológicas e informações sobre a pesca.

6.2 Camarão A baixa continental de Moçambique é em algumas áreas estreita e noutras relativamente larga. Na zona da Beira esta baixa tem cerca de 90 km de largura. O banco de Sofala domina uma área de águas pouco profundas na baixa continental, ao longo de parte da costa central de Moçambique. Ele é igualmente uma das mais importantes áreas de pesca na África Oriental, famoso pela sua larga reserva de camarão. A pesca em Moçambique é maioritariamente efectuada por pescadores artesanais, capturando uma estimativa de 80% do total de capturas, qualquer coisa como 100 000 toneladas por ano. Cerca de 60 mil pescadores estão definidos como pescadores artesanais e o emprego neste sector está estimado em cerca de 90 000. A pesca comercial para o camarão captura cerca de 10 000 toneladas ano e os principais campos de pesca são no banco de Sofala. Fora deste valor, cerca de 10% é capturado em barcos semi-industriais. A exportação do camarão constitui cerca de 85% do total do valor do peixe exportado. A contribuição do sector das pescas no GDP é entre 5 a 10%.

O material do leito do mar no banco de Sofala consiste em depósitos sedimentares e de material aluvionar, que tem sido transportado para o Oceano por muitos dos maiores rios moçambicanos (Kauru e Nyandwi 1997). Cerca de 80%.destes rios entram no oceano junto ao banco de Sofala e os seus sedimentos são depositados nas zonas baixas do banco e os nutrientes e material orgânico contribuem para a alta produtividade desta área. O rio Zambeze que é de longe o maior rio da região é o contribuinte dominante de

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sedimentos, nutrientes e de volume de água doce. O rio Zambeze contribui com 70% do total dos caudais dos rios de Moçambique (Roald e Jorge da Silva 1982).

Na costa da Beira pratica-se uma pesca de camarão de grande envergadura. Existem também relatórios indicando a presença de pesca de camarão semi-industrial e de pequena escala na Beira e no estuário do Pungoé. Nós não estamos capacitados a apresentar qualquer informação sobre esta última. Também, porque não temos informações sobre o habitat no estuário do Pungoé. Contudo, considerando a larga população de camarão nas águas costeiras incluindo o Banco de Sofala (ver embaixo) o estuário funciona propriamente como um viveiro para camarões pequenos e pré-adultos.

A pesca industrial de camarão no Banco de Sofala tem sido detalhado por (Hogane 2000). A produção anual desceu de 10 000 toneladas na década de 70 para cerca de 6 000 toneladas na década de 80. Ultimamente a captura aumentou e foi de 9 000 tons no ano 2000. Este valor foi apontado como ter sido devido a um esforço de pesca dramaticamente incrementado durante os últimos 20 anos, de 10 000 horas de pesca na década 70 para cerca de 20 000 na década de 90. Durante o mesmo período houve uma mudança nas espécies predominantes na pesca do camarão. Nos anos 70 predominavam os Penaeus indicus nas capturas mas desde os anos 80 os Metapenaeus monoceros tornaram-se nas espécies mais procuradas.

No Banco de Sofala existe também uma pesca comercial para o finfish tal como scads e mackerel. Na orla marítima existe uma importante pesca artesanal de peixe e crustáceos, base de sobrevivência e sustento das populações da costa. No entanto informação acerca desta pesca não se encontra ainda disponível.

6.3 Gestão e aspectos de conservação Os rios são componentes dum grande sistema. A bacia e as comunidades do rio são influenciadas não só pelas actividades que acorrem dentro do leito do rio, mas também pelos factores externos. A chuva caindo sobre a bacia encontra naturalmente o seu caminho para dentro do rio, através de caudais superficiais ou sub-superficiais, carregando consigo uma variedade de dissolventes, matérias suspensas ou outras substancias. As mudanças das condições dentro da bacia podem levar a variações na qualidade ou quantidade de água, ou no depósito de sedimentos, que por sua vez podem determinar a forma do leito. Estas circunstancias podem causar variações no ambiente fluvial. As espécies aquáticas do rio adaptam-se por sua vez às mudanças que se vão efectuando no tempo. Os peixes são particularmente expostos à dinâmica das alterações nos sistemas hidrográficos. A migração dos peixes em rios tropicais e sua relação com as planícies de inundação podem criar ligações entre a rede alimentar na hierarquia da escala espacial

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(Winemiller and Jepsen 1998). A acção do homem é talvez o agente de mudança mais importante dentro das bacias hidrográficas. Esta secção está orientada para avaliar o impacto dessas actividades no sistema do rio Pungoé.

A sobre-exploração dos recursos piscícolas marinhos e costeiros em quase todos os níveis em Moçambique tem sido identificado como um tema prevalecente em vários estudos feitos recentemente (GIWA 2002, GEF MSP 2002). Desde então 40% da população humana vive na zona costeira e a sua sobrevivência depende grandemente dos recursos marinhos e costeiros e por estas razoes as consequências socio-económicas desta sobre-exploração é muito considerável. A redução na captura do peixe reduz por sua vez a dieta alimentar, em particular no seu conteúdo proteico, o qual pode ter futuras sequelas na saúde das populações. Além disso, a redução da captura do peixe tem um impacto negativo no emprego e na economia. A pesca do camarão é uma das maiores fontes de entrada de divisas no País.

A sobre-exploração da pesca é acompanhada por uma degradação acelerada do ecossistema, porque as técnicas destrutivas de pesca são as mais utilizadas frequentemente (GEF MSP 2002). Aumentaram os incidentes de atravessar os recifes de corais e as superfícies de plantas aquáticas, de acordo com os dados registados. Além disso o uso de dinamite e veneno na pesca tem sido praticados ao longo da costa. Nos estuários, as redes não apropriadas têm sido usadas frequentemente. As consequências não se restringem à produtividade do ecossistema que foi afectado mas também outras espécies pouco procuradas que podem também ser reduzidas ou mesmo extintas. Isto é confirmado, pela mudança na composição das reservas de camarão no banco de Sofala. Apesar de não haver informação disponível, impactos análogos tem por sua vez acontecido em outras áreas e também em relação a outras espécies.

6.3.1 Regime de caudais

O caudal da maior parte dos rios da África Austral é altamente variável, dependendo da natureza sazonal da precipitação. Apesar do rio Pungoé nascer numa área relativamente de grande pluviosidade, mantém ainda uma considerável variabilidade dos caudais. No Pungoé Causeway em Zimbabwe, o caudal médio no período 1970-2001 foi de 120 milhões de m3 por ano. O caudal maior foi de 2.22 vezes o valor médio, enquanto o caudal mais baixo foi de 20% do valor médio. O maior valor de caudal foi 66 vezes maior que o caudal mais baixo. Esperava-se que valores semelhantes possam ser obtidos em qualquer lugar da rede hidrográfica.

As espécies de peixe que vivem em tais sistemas adaptam-se às extremas variações ambientais, apesar de que grandes alterações nos caudais dos rios, possam afectar o crescimento, reprodução e produtividade. Isto foi

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claramente demonstrado pela informação no delta do Níger e outros rios do Sara, onde os efeitos das secas severas, foram bem documentados (Dansoko, Breman e Daget 1976), (Neiland, Goddard e Reid 1990) e (Lae 1995). Como resultado, é importante considerar o impacto das alterações dos caudais na biologia piscícola, antes que programas de desenvolvimento sejam implementados.

Mesmo que os caudais normais se mantenham relativamente inalterados, as nos tempos de ocorrência de cheias deverá ter grande impacto no peixe, especialmente para aquelas espécies que proliferam simultaneamente com as cheias. Geralmente o sucesso da sua reprodução está ligado a vários factores, nos quais o período de cheias é um deles. Se o peixe for forçado a desovar tardiamente em relação à sua época, por exemplo, ele pode não ter tamanho suficiente para escapar aos predadores uma vez que são forçados a regressar ao sistema principal do rio devido à descida do nível das águas.

Estas preocupações foram apresentadas em relação ao projecto de abastecimento de água à cidade de Mutare, que capta água a partir das Quedas do Pungoé e faz a sua adução através de uma conduta até Mutare. O volume da água retirada desta bacia é provavelmente muito reduzido ao ponto de afectar o caudal do rio no seu total, no entanto alguns problemas podem ocorrer em anos de seca rigorosa, se determinada proporção de caudal for retirada durante a época seca.

6.3.2 Transporte de sedimentos

Todos os rios transportam determinadas volumes de sedimentos cuja quantidade depende de factores tais como o geologia da bacia, os padrões de chuva, a forca da corrente e a vegetação natural. Certas actividades do homem causam o aumento de sedimentos transportados pelo rio, geralmente com efeitos nocivos para o ecossistema. Pequenas partículas argilosas poderão formar uma extensa capa e sufocar o substrato, para depois eliminar os invertebrados rheophilic que normalmente vivem nesses habitats. Por seu turno estes sedimentos reduzem a alimentação destinada aos peixes, contribuindo portanto para a redução destes. Os sedimentos também afectam a disseminação dos habitats para as espécies de peixes que necessitam de um substrato límpido para desovarem.

Quando o leito do rio tem uma inclinação baixa e a velocidade da água é baixa, os sedimentos argilosos são depositados providenciando assim um porto para as plantas, o que facilita o bloqueio para os pequenos caudais e por conseguinte abre novos leitos. Os lagos profundos no rio e lagoas nas planícies de inundação, fornecem refúgio para muitas espécies durante a estação seca, mas quando estão cheios de sedimentos contribuem para a redução da produtividade.

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A sedimentação trata-se de um problema crucial em algumas partes da bacia do Pungoé, especialmente para aqueles que vivem junto à fronteira com o Zimbabwe, onde a mineração do ouro tem causado um aumento de carga de sedimentos Este é um problema imediato comparado com a produção de sedimentos pela erosão dos solos na agricultura de subsistência. Por outro lado, ambos os factores terão consequências significativas a longo termo. Ainda não está claro nesta fase, como é que os sedimentos afectam o rio ou ambiente a jusante, tais como as planícies de inundação, o estuário ou o Porto da Beira. Estudos urgentes deverão ser efectuados no que diz respeito a estes problemas.

6.3.3 Qualidade da água

A maior parte dos desperdícios produzidos encontra inevitavelmente o seu caminho para dentro da rede hidrográfica, aumentando a poluição da água. A grande maioria dos rios tem uma grande capacidade regeneradora, dispersando, diluindo ou degradando os poluentes, quando o seu volume não é significativo em relação ao volume da água do rio que o recebe. Quando a capacidade do rio de recuperar destes poluentes for excedida origina a poluição, mudanças da biótica e perdas da produtividade dos peixes. Há pequenas evidências de poluição na bacia do Pungoé, em particular em certos locais a jusante das cidades e vilas. Há suspeitas de ter havido mudanças significativas na qualidade da água. De qualquer forma, as autoridades locais devem exercer esforços no sentido de examinar a situação e ter competência para controlar a poluição antes que esta se torne num problema grave e dispendioso para sua resolução.

6.3.4 Agricultura

Provou-se que a agricultura é uma das principais causas da perda da biodiversidade devido à destruição dos diversos sistemas naturais e à sua substituição pela monocultura. A agricultura afecta os sistemas aquáticos pela mudança do regime de caudais nos rios através da devastação da terra e da construção de barragens, aumentando a sedimentação e poluição por fertilizantes ou compostos agro-químicos.

A agricultura na bacia do Pungoé parece ser dominada pela cultura de subsistência, a qual provoca sedimentação através da erosão dos solos, mas não é a causa provável da poluição. A cultura de subsistência, como qualquer outra forma de agricultura, pode ser sustentável através de medidas apropriadas no que concerne ã conservação dos solos e da água. Enquanto poucas medidas para a conservação tem sido praticadas actualmente, torna-se necessário que estes sistemas agrícolas estejam preparados para serem sustentáveis. Uma apropriada conservação irá certamente facilitar a manutenção global do meio ambiente e a produtividade no rio.

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Uma ameaça eminente para o Pungoé é a expansão da agricultura de grande escala para as planícies de inundação. Um bom exemplo, do que se pode ver em várias partes do mundo, consiste na transformação das planícies de inundação em terras propicias para a agricultura intensiva, através de obras de drenagem e da canalização das linhas de água com diques. Enquanto esta forma, pode levar ao aumento da produtividade agrícola a curto prazo, os seus efeitos a longo prazo podem ser a aridez e salinização dos solos, com um declínio da sua fertilidade, devido à perda de nutrientes ricos dos sedimentos que não mais são depositados nas terras de inundação, mas sim levados através dos canais.

Os impactos deste tipo de desenvolvimento são compreensíveis, mas o mais evidente, é a perda da diversidade do habitat, a que se segue uma perda da variedade de peixes e produtividade resultando ainda sérias consequências para as comunidades locais que deles dependem. A população também utiliza os recursos naturais, entre eles algumas plantas das planícies de inundação para a sua dieta alimentar e para outras utilizações como artesanato, cestaria. Deste ponto de vista, o sistema do Pungoé apresenta-se relativamente intacto. Por outro lado, planos para a expansão do cana do açúcar e projectos para o desenvolvimento de irrigação, são planos que poderão causar um elevado impacto ambiental no futuro.

6.3.5 Florestas

As florestas permitem conservar a água, o solo e os nutrientes, tendo por conseguinte, uma influência conservativa no sistema hidrográfico a jusante. A desflorestacao por sua vez, produz impactos imediatos no regime de caudais nos rios, associando-se a mudanças na disponibilidade de água e a mudanças no tempo e na duração do escoamento e na geração de sedimentos. Outras mudanças implicam perdas crescentes de nutrientes, mudança da temperatura da águas e do pH e outros óbvios menores impactos.

A desflorestacao de uma bacia hidrográfica tende igualmente a modificar as características das cheias que possam ocorrer no sistema. Os caudais de ponta são mais elevados e tendem a ter uma menor duração, pois as chuvas são quase de imediato, convertidas em escoamento. Em áreas florestadas, a água é retida pela vegetação e pela terra. Quando há perda de vegetação e o solo desaparece através da erosão, nada consegue deter o movimento da águas ao longo das encostas. Como consequência as cheias tornam-se extremamente agrestes e imprevistas e os caudais baixos da época seca são ainda mais reduzidos. Isto pode afectar as espécies piscícolas, as quais requerem um regime mais regular de transição entre as cheias e os períodos de seca.

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Grande parte da bacia do Pungoé, fora das planícies de inundação, era antigamente circundada por florestas ou bosques densos conforme revelam fotografias tiradas há cinquenta ou 100 anos atrás. Uma grande proporção desta vegetação foi recentemente devastada, apesar de alguma ainda prevalecer para comprovar como era a vegetação anteriormente. Não se conhece qual o efeito causado pela redução da vegetação no regime de caudais no rio Pungoé, devido a falta de dados de longo termo. Todavia parece razoável assumir que o padrão dos caudais mudou e que mais sedimentos foram gerados e conduzidos para o rio. Os efeitos disto não são conhecidos. Apesar de tudo, alguns esforços deveriam ser feitos para instituir uma gestão adequada dos recursos florestais para assegurar que estas mudanças no rio e nas populações piscícolas possam ser controladas.

6.3.6 Urbanização

Vilas e cidades aumentam a áreas impermeáveis na bacia e isto pode alterar o regime dos caudais nos rios (Paul & Meyer, 2001). Exceptuando os casos de grandes cidades, este fenómeno tem tendência a ser localizado e geralmente tem um pequeno impacto no padrão de caudais nas bacias de grande dimensão. Nenhuma das vilas da bacia do Pungoé são suficientemente grandes para ter algum impacto no padrão dos caudais nos cursos de água que passam por elas durante o seu percurso.

Em todo o mundo as planícies de inundação tem sido invadidas pelas cidades. A consequente perda do ambiente das planícies de inundação tem efeitos imediatos na produtividade dos peixes bem como em certos tipos de cultura agrícola, tais como o desenvolvimento de arrozais lá praticados. Parte das cidades localizadas nas planícies de inundação podem ser alagadas e por isso necessitam da construção de estruturas hidráulicas tais como diques, levadas ou canais de irrigação. Estas estruturas podem levar à perda do habitat de extensas planícies de inundação. Afortunadamente este tipo de situação não se passou com as planícies de inundação do rio Pungoé. A cidade da Beira e as pequenas cidades tais como Dondo estão localizadas na foz do sistema. Pouco tem sido feito para controlar a água das cheias. Estas cidades tem provavelmente um pequeno impacto nas planícies de inundação e torna-se improvável de ter isto em conta para o futuro próximo, uma vez que são centros urbanos relativamente pequenos.

Outras actividades que tem podem causar efeito nos habitat dos rios, tem a ver com a necessidade crescente de energia eléctrica, que pode levar à construção de barragens na bacia do rio Pungoé. Bué Maria situado no Pungoé é um local que pode ter uma barragem futuramente. Existem também probabilidade de em outros cursos de água tanto em Moçambique como no Zimbabwe, podem ser construídas barragens para gerar energia, o qual pode afectar regime de caudais no rio. As cidades também aumentam a produção de substancias orgânicas e inorgânicas que produzem poluição e aumentam

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os níveis de eutrofização. Há muitos locais de poluição pelo rio abaixo desde cidades a vilas na área da bacia do Pungoé mas é pouco provável que haja actualmente algum problema de alastramento da poluição ou eutrofização. Estes problemas poderão se agravar no futuro. Consequentemente, medidas deverão ser tomadas para controlar as descargas orgânicas, à medida que as cidades se vão estendo.

6.3.7 Infra-estruturas hidráulicas

O controle das inundações é crucial para a defesa e protecção das cidades, das comunidades rurais e das terras agrícolas. Pelo mundo fora, rios e planícies de inundação tem sofrido alterações dramáticas pela gestão do seu regime de cheias. Os tipos de infra-estruturas hidráulicas para controle de cheias são as barragens, diques e canais os quais podem ser utilizados separadamente ou em simultâneo. A construção destas infra-estruturas de controle e gestão dos rios podem provocar a grandes perdas no habitat das planícies de inundação, juntamente com perdas na produção actual ou na produção potencial de peixes.

Welcomme (1985) dá alguns exemplos da extensão das planícies de inundação destruídas em algumas partes do mundo. Por exemplo, 67% das terras com propensão para se inundar ao longo do rio Missouri foram perdidas entre 1879 e 1967, enquanto o rio Illinois perdeu metade da sua planície de inundação em 17 anos. Planos para eliminar as cheias desde o todo o delta do Mekong (49 560 km2) enquanto o rio Senegal perderá quase todos os 5 000 km2 da sua superfície de inundação, quando as barragens planeadas a montante forem construídas. Estas perdas também significam que a produção de peixe será muito reduzida, com impactos sérios para as comunidades locais que sobrevivem da pesca.

O sistema do Pungoé ainda não foi afectado por infra-estruturas hidráulicas, contudo, projectos para a construção de barragens foram já elaborados, sendo um destes projectos, a barragem de Bué Maria, com grandes potencialidades de ser construída no futuro. Esta barragem terá definitivamente grande influencia no curso do rio e na ecologia das planícies de inundação. Estes factores de influência necessitarão de ser cuidadosamente estudados, antes da sua construção.

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7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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A fauna piscícola da rio Pungoé pode ser comparado com rios semelhantes existentes na região, tais como os rios Zambezi, Rufiji, Save e Limpopo. Consequentemente a composição geral da fauna piscícola é bem conhecida embora existam falhas quando se trata de informação sobre a sua distribuição ou o habitat preferencial para cada uma das diferentes espécies existentes. O rio Pungoé é o sistema ideal para certas espécies endémicas e para outras mais raras, que se podem considerar como vulneráveis ou em perigo de extinção e que são geralmente encontradas nos troços de montante do rio. As espécies de águas fria dominam as partes altas do rio, onde as águas, são na sua maior parte, límpidas e de baixa produtividade, apesar de algumas secções do rio serem densamente povoadas e com intensa actividade agrícola e de mineração de ouro, o que afecta a qualidade de água do rio. As espécies de águas quentes e marinhas são mais comuns nas zonas baixas do rio Pungoé. O habitat nas partes médias e baixas do rio é fortemente influenciado pelas altos caudais sazonais, os quais podem ser centenas de vezes mais elevados que os caudais baixos. Consequentemente, o leito do rio torna-se instável e o ambiente é demasiado variável para fornecer substracto para a maior parte das plantas aquáticas.

A planície de inundação é gradualmente influenciada pelas águas oceânicas e pela salinidade, podendo a água do rio atingir valores elevados de salinidade até 65 km no seu interior, em época de caudais baixos. A fauna piscícola na partes baixas da planície de inundação, é dominada pelas espécies marinhas e brackfish. O estuário da Beira é também o habitat para os camarões jovens e pré-adultos apesar de não haver dados suficientes que permitam realizar um estudo sobre a importância do estuário como viveiro para as reservas de camarão existentes ao longo da costa e no banco de Sofala. Não existe igualmente informação disponível quanto à pesca de camarão de pequena escala no estuário ou a captura de camarão pequeno para a aquacultura.

A população local pesca maioritariamente ao longo do rio embora não hajam dados sobre o volume de captura de peixes. O equipamento de pesca utilizado pela população inclui redes de pesca artesanal, armadilhas, canas de pesca e linhas. Algumas espécies como tilapias e jacks são vendidas nos mercados locais mas a maior parte das pescarias aparentam ser apenas ao nível de subsistência. Entretanto, durante a época das inundações os esforços aumentaram significantemente e as vendas de peixe servem geralmente para fornecer uma forma de sustentação para os que dela vivem. Com base nas informações dos outros rios tropicais pode-se calcular a produtividade pesqueira nas planícies inundadas do rio Pungoé (4500 km2) para um teor de 4 a 6 toneladas por km2 ou cerca de 20,000 toneladas. Esta está provavelmente muito acima do que é pescado actualmente.

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Como parte do trabalho da fase seguinte do Projecto recomenda-se que valores de captura nos vários troços do rio sejam avaliadas usando o Método de Avaliação Rápida.

A fauna piscícola e a produtividade pesqueira do rio Pungoé esta bem adaptada às variações extremas causadas pelas inundações sazonais e pelas secas. Contudo, o meio ambiente é influenciado pelas actividades do Homem ao longo do próprio rio e na grande área de drenagem. Variações no tempo das cheias sazonais, a concentração de argila e sedimentos na água, a concentração de fertilizantes e matérias orgânicas, bem como os poluentes persistentes influenciam a fauna piscícola e a produtividade da pesca. A regularização dos caudais do rio provocados pelas barragens afectará também o peixe tanto a montante como a jusante do rio. É possível fazer previsões do desenvolvimento das populações piscícolas no rio, quando forem conhecidas a localização, dimensão e condições de operação de possíveis novas barragens no rio Pungoé. Alguns dados foram recolhidos de outros rios na África Oriental e Austral, rios onde os caudais foram afectados pela construção de barragens.

Baseando no resultado dos estudos realizados são apresentadas as seguintes recomendações:

• Uma avaliação de campo foi organizada afim de recolher dados sobre os habitats dos peixes e camarão, a fauna piscícola e pesca no Baixo Pungoé, incluindo o estuário junto à cidade da Beira. Tais estudos, deveriam avaliar a importância de qualquer pesca local de pequena escala e a importância dos meio ambiente estuarino como viveiro para os camarões pequenos e pré-adultos.

• Será desenvolvida uma investigação usando o Método de Avaliação Rápida para avaliação das captura de peixe nos principais troços do rio;

• Um estudo está a decorrer para avaliar o carácter da pesca nas partes médias e baixas do Rio Pungoé incluindo o estuário da Beira. O estudo deveria focar em particular a importância da pesca para o empresariado local e ponderar sobre as variações de produtividade durante os períodos das pequenas e grandes cheias e a importância da pesca de pequena escala e da pesca semi-industrial no Estuário da Beira. O estudo deverá ser orientado para os seguintes aspectos: (1) o número de pessoas vocacionadas para a pesca e os tipos de técnicas de pesca utilizados pelas diversas categorias de pescadores; (2) o tipo de exploração de pesca, por exemplo, qual dela é consumida localmente, comerciada localmente ou exportadoa; (3) as receitas provenientes da pesca, seu processamento e comercialização; (4) quais os grupos da população que são beneficiários directos ou indirectos; (5) o factor sazonal nas actividades pesqueiras; (6) problemas encontradas pela população ligada

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ao ramos da pesca e ao seu comércio; (7) a ocorrência de quaisquer preferencias na pesca e na captura de peixe.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE 1 Os peixes do sistema do rio

Pungoé

Apêndice 1. Os peixes do sistema do rio Pungoé Segundo (Skelton 2001) e (Scott et al. 2002). Símbolos com o significado seguinte: + - conhecido de existir até estar presente; ? - possível ocorrência, mas sem comprovação de existência M - espécies marinhas que ocasionalmente se alimentam em águas doces = espécies endémicas no sistema do Pungoé.

Família Espécies Nome comum (Inglês)

Zona 1

Zona 2

Zona 3

Protopteridae Protopterus annectens lungfish + Mormyridae Mormyrops anguilloides Cornish Jack + + Mormyrus longirostris bottlenose + + Hippopotamyrus

ansorgii slender stonebasher

? +

Cyphomyrus discorhynchus

Zambezi parrotfish

+ +

Marcusenius macrolepidotus

bulldog + +

Petrocephalus catostoma

northern Churchill

+ +

Megalopidae Megalops cyprinoides oxeye tarpon M Angullidae Anguilla mossambica long-finned eel ? + + A. bicolor short-finned eel + A. bengalensis mottled eel + + + A. marmorata Madagascar

mottled eel ? + +

Kneriidae Parakneria mossambica Gorongoza kneria

?

Cyprinidae Opsaridium zambezense

northern barred minnow

+ +

Barbus annectens broad-striped barb

+ +

B. lineomaculatus line-spotted barb

+ +

B. viviparous bow-striped barb

+

B. toppini east coast barb + B. macrotaenia broad-banded

barb +

B. radiatus Beira barb + + B. haasianus sickle-finned

barb +

B. trimaculatus three-spotted barb

+ +

B. eutaenia orange-finned barb

+

B. paludinosus straight-finned barb

+ +

B. afrohamiltoni plump barb + + B. manicensis yellow barb + Labeobarbus large-scaled + +

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APÊNDICE 1 Os peixes do sistema do rio

Pungoé

Família Espécies Nome comum (Inglês)

Zona 1

Zona 2

Zona 3

marequensis yellowfish Varicorhinus

pungweensis Pungwe chiselmouth

Labeo altivelis Manyame labeo + + L. congoro purple labeo + + L. cylindricus red-eyed labeo + L. molybdinus leaden labeo + Distichodontidae Distichodus

mossambicus nkupe + +

D. schenga chessa + + Characidae Brycinus imberi imberi + + Micralestes acutidens silver robber + + Hemigrammopetersius

barnardi barnard’s robber +

Hydrocynus vittatus tigerfish + + Amphiliidae Leptoglanis rotundiceps spotted sand

catlet +

Amphilius natalensis Natal mountain catfish

+

A. uranoscopus common mountain catfish

+ +

Schilbe intermedius butter catfish + + Clariidae Clarias gariepinus African catfish + + Malapteruridae Malapterurus shirensis electric catfish + + Mochokidae Chiloglanis emarginatus Pongolo rock

catlet +

C. neumanni Zambezi rock catlet

+

C. pretoriae short-spined rock catlet

+

Synodontis zambezensis

brown squeaker + +

S. nebulosus cloudy squeaker + + Aplocheilidae Nothobranchius

orthonotus spotted killifish +

N. kuhntae Beira killifish N. rachovii rainbow killifish + Poeciliidae Aplocheilichthys

johnstoni Johnston’s topminnow

+

A. hutereaui mesh-scaled topminnow

+

A. katangae striped topminnow

+

Cichlidae Astatotilapia calliptera eastern bream + + Tilapia rendalli red-breasted

tilapia + +

Oreochromis mossambicus

Mozambique tilapia

+ +

O. placidus black tilapia + Anabantidae Microctenopoma

intermedium black-spotted climbing perch

+

Ctenopoma multispine many-spined climbing perch

+

Ambassidae Ambasis dussumieri bald glassy M A. producta long-spined

glassy M

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APÊNDICE 1 Os peixes do sistema do rio

Pungoé

Família Espécies Nome comum (Inglês)

Zona 1

Zona 2

Zona 3

Mugilidae Mugil cephalus flat-headed mullet

M

Liza macrolepis large-scaled mullet

M

Valamugil cunnesius long-armed mullet

M

Syngnathidae Microphis fluviatilis freshwater pipefish

M

M. bracyurus short-tailed pipefish

M

Sparidae Acanthopagrus berda river bream M Monodactylidae Monodactylus

argenteus round moony M

M. falciformis oval moony M Eleotridae Eleotris fusca dusky sleeper M E. melanosama broad-headed

sleeper M

Gobiidae Awaous aeneofuscus freshwater goby M M Glossogobius callidus river goby M M G. giuris tank goby M M Carcharinidae Carcharinus leucas bull shark M Pristidae Pristis microdon sawfish M Total 10 44 65