estudo_biblico_ECMarcos

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  • 8/3/2019 estudo_biblico_ECMarcos

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    de So Marcos

    Estudo Bblico dirigido por

    Pe. Mrio Zuchetto, CSS

    sobre o Evangelho de So Marcos,

    versculo a versculo (Mc 1,1 a 16,19-20)

    Edio Eletrnica: Dezembro, 2007

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS DADOS DO AUTOR 2 / 183

    Pe. Mrio Zuchetto css

    Pertence Congregao dos Estigmatinos. Exerceu oministrio sacerdotal em diversos lugares principalmente emCasa SP, onde nasceu (1918), diocese de Almenara, Vale doJequitinhonha. Incumbiu-se da formao dos seminaristas doseu Instituto religioso na Provncia de Santa Cruz, SP, da qualtambm foi superior. Desde 1967 continua liberado paradedicar-se inteiramente a Retiros Espirituais, Cursilhos deCristandade em Campinas, SP, e especialmente aos Encontros

    de Casais com Cristo e assistncia a comunidades ligadas Renovao Carismtica Catlica.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS DADOS DA OBRA 3 / 183

    Dados da Edio Impressa:

    Dados para Catalogao:

    Zuchetto css. Pe. MrioEvangelho Completado

    MarcosCampinas: Editora Komedi, 2007.

    304 p.

    ISBN:978-85-7582-372-9

    Projeto e ProduoEditora Komedi

    Rua lvares Machado, 460, 3andar13013-070 Centro - Campinas - SP

    2007Impresso no Brasil

    ***

    Dados da Edio Eletrnica:

    Digitalizao eletrnica:

    Pe. sio Fernando Juncioni css

    Dezembro 2007

    ***

    Copyright by Pe. Mrio Zuchetto css, 2006

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS CONSIDERAES 4 / 183

    Os evangelistas foram sbrios na transmisso damensagem crist. Por isso, nem sempre fcilcompreend-los. Este livro procura resolver este problemacompletando o pensamento do autor, Marcos, e deixando-o claro. Este no um texto oficial; no substitui oEvangelho dos atos litrgicos.

    Livro particularmente til para meditao pessoal, trazsempre lies prticas para a vida e a orao final. tilpara grupos de reflexo bblica, grupos de orao,catequistas e, para a preparao de palestras sobre aPalavra de Deus.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS NDICE 5 / 183

    ndice

    Pgina

    Primeira parteMinistrio de Jesus na Galilia: cap. 1a 9

    Captulo 1 81-8 Preldio messinico. Misso de Joo Batista 89-13 Batismo e tentao de Jesus 1214-15 Sntese da pregao fundamental de Jesus na Galilia 1316-20 Vocao dos primeiros quatro discpulos 1721-22 Em Cafarnaum. Ensina 1723-28 Liberta um possesso 1929-31 Cura a sogra de Pedro 2032-34 Outras curas 2035-39 Ora, prega e liberta 2240-45 Cura um leproso 23

    Captulo 2 26

    1-12 Um paraltico. Primeira controvrsia: perdoar pecados 2613-17 Vocao de Levi. Segunda controvrsia: Jesus com os pecadores 2818-22 Terceira controvrsia: o jejum. O Esposo da Nova Aliana.

    Renovao total.30

    23-28 Quarta controvrsia: o sbado 32Captulo 3 35

    1-6 Quinta controvrsia: ainda o sbado. Cura da mo atrof iada. 357-12 Prega e cura 3713-19 Vocao dos apstolos 3820-21 Receio dos parentes de Jesus 4122-30 Pecado imperdovel 4231-35 A nova famlia de Deus 44

    Captulo 4 46

    1-9 Parbola da semente nos diversos terrenos 4610-12 A compreenso fruto da f 4613-20 Expl icao da parbola: Obstculos ao Reino de Deus; maneiras de

    ouvir; graus de produo em terra boa.47

    21-25 Parbolas da luz e da medida para pregadores e ouvintes 4926-29 Parbola da semente que cresce por fora prpria 5130-32 Parbola do gro de mostarda: crescimento exterior do Reino 5133-34 Concluso sobre as parbolas 5135-41 A tempestade 53

    Captulo 5 55

    1-20 O possesso de Gadara 5521-43 Hemorro ssa curada. Filha de Jairo revive 58Captulo 6 62

    1-6 Rejeitado em Nazar 627-13 Misso dos Doze 6414-16 Herodes e Jesus 6517-29 Mart rio de Joo Batista 6630-44 Volta dos apstolos. Pr imeira multiplicao do po 6845-52 Caminha sobre o mar 71

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS NDICE 6 / 183

    53-56 Curas em Genesar 72

    Captulo 7 741-23 A verdadeira pureza e impureza 7424-30 Pag que cr em Jesus 7731-37 O surdo-mudo 79

    Captulo 8 82

    1-10 Segunda multiplicao dos pes 8211-21 O lvedo dos fariseus 8322-26 O cego de Betsaida 8527-33 Pedro professa a f na messianidade de Jesus. Primeiro anncio da

    Paixo87

    34-39 Despojar-se de si 90Captulo 9 93

    2-13 A transfigurao 9314-29 O epiltico 9730-32 Na Galilia, segundo anncio da paixo 9933-37 Quem o maior? 100

    38-41 Tolerncia 10242-50 Riscos para a f 103Segunda parte

    Jesus na Judia e JerusalmCaptulo 10 106

    1-12 Matrimnio 10613-16 Crianas 10817-22 Um homem rico 11023-27 O perigo da riqueza 11028-31 Recompensa extra para o seguimento radical de Jesus 11332-34 Terceiro anncio da morte 11335-45 Ambio de Tiago e Joo 115

    46-52 O cego de Jeric 117Captulo 11 120

    1-11 Entrada messinica em Jerusalm 12012-14 Figueira amaldioada 12215-19 Pur ifica o templo 12220-26 Lio da figueira, f, orao, perdo 12427-33 Autoridade de Jesus controvertida 125

    Captulo 12 1281-12 Parbola da vinha 12813-17 Segunda controvrsia: o imposto devido a Csar e a Deus 12918-27 Terceira controvrsia: a ressurreio 13228-34 O maior mandamento 13335-37 O Messias, f ilho e Senhor de Davi 13538-40 Professores da Lei julgados por Jesus 13641-44 A oferta da viva 136

    Captulo 13 1391-8 Destruio do Templo. Incio do Discurso Escatolgico. Falsos

    profetas. Guerras139

    9-13 Perseguies e mart rios 14114-19 Profanao do Templo e tribulaes 142

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS NDICE 7 / 183

    20-23 Desorientao 14324-27 Runa de Jerusalm, imagem do f im dos tempos 14428-31 O sinal da figueira 14532-37 O tempo dos dois acontecimentos (f im de Jerusalm e fim dos

    tempos). Vigilncia143

    Terceira parte

    Paixo e morteCaptulo 14 147

    1-2 Decidem mat-lo 1473-9 Uma mulher o unge 14710-11 Traio tramada 14812-16 Preparat ivos da Pscoa 15017-21 Denncia da traio 15022-25 Instituio da Eucaristia 15226-31 Jesus prediz a negao de Pedro 15432-42 No Getsmani 15543-52 Trado, preso, abandonado 15853-65 Perante o tribunal religioso 159

    66-72 A negao de Pedro 162Captulo 15 165

    1-15 Processo civil diante de Pilatos. Barrabs. condenado 16516-24 Zombarias. Crucif icado 16725-38 Agonia. Escrnios. Expira 17039-47 O centurio. Mulheres. Sepultamento 173

    Captulo 16 1771-8 Ressurreio. Misso dos apstolos 1779-11 Aparece a Maria Madalena 17912-13 Aparece a dois discpulos 18014-18 Aparece e envia os apstolos 180

    19-20 Ascenso 180

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 8 / 183

    Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos

    Primeira parteMinistrio de Jesus na Galilia: captulos 1 a 9

    CAPTULO 1

    Mc 1,1-8

    Preldio messinico. Misso de Joo Batista

    Mt 3,1-12; Lc 3,1-18; Jo 1,23-30

    (1) O comeo da Boa Nova que tem por objeto Jesus Cristo na qualidade de Filho deDeus este, (2) conforme est escrito no profeta Isaas 40,3: "Eis que eu (Deus)envio tua frente ( Messias) o meu mensageiro (Joo Batista), a fim de preparar oteu caminho para o corao, dos homens. (3) Ele uma voz que clama no deserto:preparem o caminho do Senhor, o rei messinico, endireitem suas veredas" (cf Ml3,1; Mt 11,10; Lc 7,27). (4) Joo, o batizador, apareceu no deserto que confina com o

    rio Jordo, longe da agitao dos homens e lugar de colquio com Deus, pregandoum batismo ou banho de arrependimento, sinal exterior da converso interior commudana de mentalidade, que dispunha as pessoas a obter de Deus o perdo dospecados. (5) A figura proftica de Joo impunha-se tanto, que saam ao seu encontropara ouvi-lo todos os habitantes da provncia da Judia, inclusos os moradores deJerusalm, o centro religioso, onde era mais forte a influncia dos chefes judeus,sem excluir os no judeus. E eram balizados por ele com imerso nas guas do rioJordo, confessando verbalmente os seus pecados. (6) Joo vestia-se rudementecom um pano tecido com pelos de camelo e trazia um cinturo de couro em tornodos rins; alimentava-se de gafanhotos e de mel que as abelhas depositam nasaberturas das rochas. Veste e alimento dos pobres e dos profetas. (7) E pregava

    dizendo: "Depois de mim est para chegar outro profeta mais poderoso do que eu,diante do qual eu no sou digno de me prostrar como escravo para lhe desatar ascorreias das sandlias. (8) Eu batizei vocs apenas em gua, mas ele batizar vocsna virtude e dons do Esprito Santo" (At 1,5; 2,4; 11,16; 19,4).

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 9 / 183

    Questionrio

    - Apresente Marcos:Marcos (At 15,39) ou Joo Marcos (At 12,12.25) ou Joo (At 13,5.13) morava

    em Jerusalm, filho de certa Maria, em cuja casa aconteceu a ltima Ceia e os

    cristos continuaram a reunir-se. Envolto num lenol assistiu priso de Jesus (Mc14,51-52). Companheiro de Paulo e Barnab na primeira viagem deles (At 13,13).Atravs do bispo Ppias (80-163), discpulo do apstolo Joo, sabemos que Marcos,balizado por Pedro (1Pe 5,13) e seu intrprete, a pedido dos cristos de Romaescreveu o Evangelho que esse apstolo lhes pregou; destinou-o aos cristos no

    judeus que no conheciam a terra e os costumes de Israel; Por isso d minuciosasinformaes geogrficas e topogrficas; explica usos e ritos judaicos; traduz asexpresses aramaicas (3,17; 5,42; 7,11.34; 10,40; 14,36; 15,54); no traz aspalavras de Jesus sobre as diferenas entre a antiga e a nova lei, nem as polmicascom os fariseus e as parbolas baseadas em costumes judeus, porqueinteressavam menos aos cristos oriundos do paganismo.

    Finalidade. Mostrar que o Jesus, que se sujeitou ao "escndalo" da cruz, oFilho de Deus (1,1; 14,62; 15,39); Deus e verdadeiro homem com todos ossentimentos do nosso corao (1,41; 3,5; 6,6; 10,14; 14,33); a Paixo e Morte deJesus no so uma derrota, mas vitria sobre o pecado, e sua ressurreio, vitriasobre a morte; ele voltar para o julgamento universal (13,26-27).

    Lngua. Escreveu em grego, lngua que os romanos entendiam. Em gregoeram os mais antigos documentos da Igreja romana, assim como todo o NovoTestamento, menos Mateus, que escreveu para cristos judeus.

    Entre os evangelistas, Marcos quem mais apresenta Pedro no que maiscontribui para humilh-lo e omite o que o exaltaria. Assim, no nos transmite o andarsobre as guas (Mt 14,28-32), o primado (Mt 16,17-19; Jo 21,15-19), o tributo pago

    milagrosamente (Mt 17,24-26), o mandato de confirmar na f seus irmos (Lc22,31...), as pescas milagrosas (Lc 5,1-11; Jo 21,1-14). Mas narra com detalhes asnegaes (14,66-72), a repreenso severa que recebeu de Jesus (8,33).

    Fraquezas humanas. Marcos acompanhou Paulo e Bamab em Chipre ePanflia, mas, talvez no suportando a energia de Paulo, deixou-os e voltou paraJerusalm (At 13,13). Isto contrariou Paulo a ponto de no aceit-lo na segundaviagem missionria, e de se desentender com Barnab, primo de Marcos (At 15,37-40; Cl 4,10). Mais tarde Paulo chamou Marcos de volta para o trabalho apostlico

    juntos (2Tm 4,11; Fm 1,24).

    Diviso do seu Evangelho:

    1,1-13 - Introduo, o Batista, batismo e tentaes de Jesus.1-9,49 - 1parte: Minis trio pblico na Galilia

    10,1-13,37- 2a parte: Minis trio na Judia

    14 e 15 - 3 parte: Paixo e morte16 - 4a parte: Ressurreio e misso dos apstolos

    1a - Que significa o termo Evangelho?

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    Boa Nova, Alegre Notcia. No tanto o livro escrito, mas o seu contedo: avinda do Reino de Deus, o anncio de que Deus comeou a remir a humanidade apartir da pessoa de Jesus Cristo, o qual, de anunciador, torna-se o anunciado nestelivro; de mensageiro torna-se o objeto sublime do Evangelho, que jamais cessar deser anunciado.

    1b - Quem o principal autor do Evangelho?Os Evangelhos so parte da pregao oral dos apstolos transmitindo as

    palavras e obras de Jesus. O Esprito Santo foi quem inspirou a alguns discpulos oque convinha escrever para todas as geraes. O principal autor dos Evangelhos,como de toda A Bblia, portanto, Deus, por ao de Jesus e do Esprito Santo (Hb1,1-2; Ef 1,9; Cons tituio Dogmtica "Dei Verbum" n 2 e 4).

    1c - Que significam os termos Jesus Cristo?Jesus nome prprio; significa "Salvador" ou "Deus salva". Cristo, em

    hebraico Messias, significa "ungido", isto , Senhor e Rei investido por Deus damisso de remir-nos. termo de reconhecimento do Salvador da humanidade. Eram

    ungidos, para a sua misso especial, os reis e o sumo sacerdote. Jesus o Rei eSacerdote por excelncia.

    1d - Que se entende aqui por Filho de Deus?No no sentido geral, como quando dizemos que todos somos filhos de

    Deus por graa, por adoo. Aqui Jesus "o Filho de Deus" por natureza, Deuscomo o Pai e o Esprito Santo. O objetivo de Mc provar a divindade de Jesus.

    1e - Por que Mc omite a infncia de Jesus?Mc props-se escrever o que ouviu de Pedro, o qual no pregava sobre o

    nascimento e infncia de Jesus porque deles no foi testemunha.

    2 - Ml 3,23 diz que, antes do Messias, o mensageiro enviado ser "o profeta Elias".Joo Batista seria a reencamao de Elias?

    As palavras de Mt 11,14, "ele o Elias que estava para vir", so mais clarasem Lc 1,17: "Joo Batista ir frente diante do Messias com o esprito e o poder deElias", isto , com a fora moral, o ardor pela causa de Deus, com as qualidades deElias; numa palavra, ser um segundo Elias. Que no h reencamao est claroem Hb 9,27: "Est determinado que os homens morram uma s vez, e depois distovem o juzo". Mais claro ainda na Transfigurao (Mt 17,1-3; Mc 9,4; Lc 9,30), ondeapareceu do cu Elias em pessoa, mostrando no estar no Batista. At nos trajes oBatista imita Elias, que, em 2Rs 1,8, descrito com "manto de plos" e "cinturo decouro". At o arrebatamento de Elias deu-se no lugar onde Joo batizava (Jo 1,28).

    4 - O batismo de Joo era o nosso de hoje?Era um rito de imerso na gua, conferido uma nica vez e s pelo Batista.

    Exprimia o arrependimento dos pecados, a converso interior que obtinha de Deus operdo. Como a gua lava o corpo, o arrependimento limpa a conscincia. Obatismo cristo foi institudo mais tarde (Mt 28,19); superior ao do Batista, umsacramento para comunicar o Esprito Santo que como fogo purifica dos pecados(Ez 36,25-29), nos confere a adoo de filhos de Deus participantes da naturezadivina (2Pd 1,4), nos insere em Cristo como ramos da Videira (Jo 15,1-8) e nos torna

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    uma s famlia de irmos, isto , a Igreja (Jo 14,23). Passamos a viver duas vidas: ahumana da ordem natural, e a sobrenatural da unio com Deus, o estado de Graa,O maior tesouro!

    5 -A confisso de Joo era a nossa de hoje?Essencialmente sim, porque a confisso consiste no reconhecimento dos

    prprios pecados com a vontade implcita de um retorno ao cumprimento da vontadede Deus (converso). Hoje um sacramento, e Jesus passou Igreja o poder deperdoar (Jo 20,23). Os israelitas praticavam a confisso pblica, como se v em 2Cr6,37: "se se arrependerem e te suplicarem dizendo: 'Somos pecadores, estamos emfalta, somos culpados'... perdoa a teu povo que pecou contra ti"; At 19,18: "Umamultido de fiis vinha fazer em voz alta a confisso de suas prticas(supersticiosas)", Joo no perdoava os pecados mas dispunha as pessoas areceberem de Deus o perdo.

    6 - Joo comia s gafanhotos e mel?Os gafanhotos daquelas terras so maiores que os nossos. Fritos, so um

    prato comum em lugares carentes (Lv 11,22). At hoje os bedunos do desertocomem gafanhotos tirando a cabea, as asas e a cauda. Havia o mel das abelhas ede vespas produzido nas fendas das rochas e no oco das rvores. Tambm eraalimento o mel vegetal: uma resina muito doce do tronco de certas rvores doJordo. No eram os nicos alimentos do Batsta, mas os mais frequentes, como osde gente pobre.

    7 - Que virtudes revela aqui o Batista?Profunda humildade e franqueza num homem que muitos julgavam j ser o

    Messias.

    Lies de vida

    1 - Notcia Alegre todo o ensinamento espalhado pelos apstolos, e deve sertambm de todos os que pregam o Evangelho. "Eu evangelizo" deve sempresignificar "eu trago uma alegre notcia: implanto Jesus no seu corao.

    2 - Mc comea pela atividade do Batista como Pedro fazia em suas catequeses: At1,21-22; 10,37. A Boa Nova comea com o cumprimento das profecias de Ml 3,1 e Is40,3; Mc s cita este ltimo por ser quem mais preanunciou a salvao atravs doMessias.3 - Quando um rei se dirigia a uma cidade, era anunciado dias antes pormensageiros escolhidos. Os habitantes consertavam os caminhos e enfeitavam acidade. A misso de anunciar e preparar o povo para a chegada do Rei dos reis de

    Joo Batista, o ltimo profeta do Antigo Testamento, j atuando no limiar do Novo.Antes de Jesus chegar ao corao de algum, sempre quer que vamos sua frentecomo mensageiros. Nobre misso!

    4 - Deserto no tem s um sentido geogrfico, nem s de lugar longe do rebolio dacidade. Aqui adquire o significado religioso de lugar da presena de Deus, adequadopara o retiro espiritual, orao e meditao de que todos necessitamos.

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    4b - A converso vem do arrependimento dos pecados com a mudana dementalidade e uma vontade sincera de mudar de comportamento, pois tudo quefazemos comea na maneira de pensar.

    8 - Joo batizava imergindo a pessoa nas guas do Jordo. Ao dizer que Jesusbalizar no Esprito Santo, d a entender que o batsmo cristo uma imerso no

    mar do Esprito Santo, o princpio purificador, santificador e fortalecedor (Is 44,3; Gl3,1; Zc 12,10).

    Orao

    Meus Deus, peo a humildade e franqueza de semprereconhecer meus erros a fim de nunca me familiarizar comeles, que so o nico obstculo para que o Reino da Graase instale por completo no meu corao. Agradeo o ternascido depois do Batista. Assim eu pude receber oinestimvel Dom do batismo que me mergulhou no oceanodo Esprito, fonte da Vida no amor. Que sua fortaleza diviname conduza fortemente a ser, como o Batista, um intrpidomensageiro da chegada de Jesus no cotao dos outros.Amm.

    Mc 1,9-13

    Batismo e tentao de Jesus

    Cf Mt 3,13-4,11; Lc 3,21-22; 4, 1-13; Jo 1,31-34

    (9) Naqueles dias aconteceu que, de Nazar da Galilia, veio Jesus e foi batizado porJoo Batista no rio Jordo, no por necessitar pessoalmente de alguma purificao,

    mas por estar, indissoluvelmente associado humanidade pecadora e necessitadade converso e penitncia. (10) No momento em que Jesus saa das guas, ele eJoo (Jo 1,32-34) viram os cus no mais fechados como dantes, mas agoraabertos para dar a todo ser humano a possibilidade de acesso a Deus (Is 63,19).Viram descer o Esprito Santo em forma de pomba sobre Jesus, numa clarademonstrao de que ele o Messias prometido, sobre o qual o profeta Isaas (11,2e 61,1) predisse que viria o Esprito do Senhor. (11) E ouviram distintamente do cu avoz do Pai declarando: "Tu s meu Filho eterno, nico e muito amado". (12) Emseguida o Esprito Santo que reside todo em Jesus tornado Servo de Jav, numimpulso seguro o impeliu ao deserto para um perodo de orao e penitncia. (13) Apermaneceu 40 dias. Quando o viu passar fome e fisicamente debilitar-se, o

    demnio o tentou. Esteve todo esse longo espao de tempo em lugar ermo,habitao prpria de animais selvagens. E os anjos o confortaram (1Rs 19,5-8). Ataqui a introduo vida pblica de Jesus. Agora ele passa a anunciar o Evangelho.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 13 / 183

    Mc 1,14-15

    Sntese da pregao fundamental de Jesus na Galilia

    (14)

    Jesus deteve-se um tempo na Judia (Jo 2, 13). Depois que Joo Batista foipreso por Herodes Antipas, filho de Herodes Magno (Mt 14,3), dirigiu-se para aGalilia, onde pregava o Evangelho do Reino de Deus que ele veio instaurar naterra. (15) Proclamava abertamente a todos: "Est comeando o tempo da salvaoanunciado pelos profetas e suspirado pelos patriarcas. Completou-se o tempo daespera, o prazo prefixado por Deus, cujo Reinado est porta dos coraes. Comono um Reino poltico ou terreno, e sim espiritual e eterno, h duas condiesindispensveis para se ter parte nele: arrepender-se dos pecados e ter f; querdizer, mudem de mentalidade e creiam no Evangelho!"

    Questionrio

    9 - Que razo levou Jesus, sem pecado, a receber o batismo de penitncia doBatista, sinal de arrependimento e de converso?

    Pessoalmente Jesus no necessitava de purificao alguma. Mas, pelaEncarnao, solidarizou-se conosco tornando-se o Homem-Universal, a novaCabea de um gnero humano mergulhado no pecado desde a primeira cabea,Ado. Fazendo-se homem, tomou-se indissoluvelmente associado ao homempecador. Penitenciou-se para purificar a humanidade (2Cor 5,21).

    10a - O que voc v no fato de os cus se abrirem?O pecado da humanidade foi um rompimento com Deus, uma quebra da alianaoriginal, com esta consequncia desastrosa: impossibilidade de o homem chegar

    finalidade suprema de sua existncia: o cu, desde ento fechado enquanto nohouvesse a Redeno. No seu batismo Jesus aparece como a reconciliao dahumanidade com Deus. Nele recuperamos os direitos perdidos pelo pecado. Querdizer: os cus esto novamente abertos!

    10b - O que indica essa vinda do Esprito Santo?Mostra que Jesus o Messias prometido, sobre o qual repousa o Esprito do

    Senhor, esprito de sabedoria e discernimento de Salomo, esprito de prudncia ede bravura de Davi, esprito de conhecimento e temor de Deus dos patriarcas eprofetas para anunciar a Boa Nova e libertar os homens cativos (Is 11,1-2; 61,1).

    10c - S Jesus viu os cus se abrirem?

    Em Jo 1,32-34 o prprio Joo assevera ter tambm visto o cu se abrir e oEsprito Santo descer sobre Jesus na figura de pomba da paz.

    10d - O que insinua a pomba?A pomba sempre foi smbolo da paz, da reconciliao, da aliana entre Deus

    e a humanidade (Gn 8,10-11). Jesus veio para restabelecer em nosso favor a pazcom Deus ao preo de seu sangue!

    10e - Foi neste momento que Jesus recebeu o Esprito Santo e a fliao divina?

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    No. Ele possua o Esprito Santo desde a Encarnao como homem, e detoda a eternidade como Deus. O mesmo se diga da sua fliao divina. Aqui houve amanifestao dessa posse e da sua messianidade. O Esprito Santo o selo damisso de Jesus e de sua Igreja.

    10-11 - Que mistrio de nossa f se revelou no batismo de Jesus?

    Revelou-se o maior mistrio da f crist, a Santssima Trindade. A voz do Paiapresentando o Filho Jesus, enquanto o Esprito Santo aparece em forma depomba. Jesus ligou-se a ns e nos liga Trindade!

    11 - Estaspalavras do Pai s se dirigem a Jesus?As palavras consoladoras do Pai se estendem a todos os que aderem a Jesus

    pela f e o batismo, elevados condio inigualvel de filhos adotivos do Pai,irmos de Jesus e se deixam conduzir pelo Esprito Santo. Jesus plenacomplacncia ou total agrado do Pai porque veio cumprir o plano do Pai de dar avida pela salvao da humanidade: supremo gesto de amor.

    12-13- Em que lugar do deserto Jesus se retirou? e para qu?

    A tradio crist deu-lhe o nome de Monte da Quarentena, a noroeste deJeric. Foi preparar-se para o trabalho da implantao do Reino de Deus no mundoatravs da pregao do Evangelho. Para tanto, orou e jejuou durante 40 dias, evenceu as tentaes.13a - Que costume cristo nasceu daqui?

    Daqui procedem os 40 dias de quaresma com mais orao e penitncia paraa purificao dos pecados, em preparao vida nova da Pscoa. que Jesuspassou essa temporada no deserto orando, jejuando e vencendo as tentaes.

    13b - Quantos dias temos de jejum preceituado?Apenas quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa. Mas principalmente depois

    das revelaes de N. Senhora em Medjugrie, h um sem nmero de pessoas jejuando a po e gua todas as quartas e sextas-feiras do ano. Em lugar dosgrandes jejuns antigos, o bom catlico, em homenagem Paixo do Senhor, todasexta-feira renuncia a alguma coisa agradvel, por exemplo, diminuindo o fumo, acomida, a bebida, a televiso, a impacincia, o sono, orando ou meditando mais,confessando-se, praticando um gesto de caridade...

    13c - Por que jejuar?O jejum e a penitncia purificam a conscincia, do domnio sobre os impulsosinstintivos e as paixes. Quem no sabe privar-se de algo lcito, no tem fora paravencer uma tentao que alicia para o mal. A penitncia por amor nos solidariza com

    os sofrimentos de Cristo e de tantos nossos semelhantes. Um jejum bem controlado,uma ou duas vezes por semana, beneficia at a sade corporal e aumenta acapacidade de orao e de meditao.

    13d -Tentao pecado?S pelo fato de sentir a tentao a pessoa no peca. Seno Jesus no

    poderia ser tentado. A tentao uma atrao agradvel, mas maligna para opecado; obedece a este processo: comea com uma sugesto, depois vem odeleite, finalmente a deciso da vontade que pode ser de consentimento ou no.

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    Somente nesta terceira fase, do consentimento da vontade, comea o pecado depensamento ou desejo, ou ter lugar uma vitria virtuosa se a pessoa repelir asugesto. Ningum tentado acima das foras (1Cor 10,13).

    13e - "'Entre feras". Jesus ficou no meio de animais selvagens?Significa que permaneceu em lugar mais prprio de animais selvagens.

    14 - Quem prendeu Joo e por qual motivo?Filho de Herodes Magno, matador das crianas em Belm (Mt 2,16), Herodes

    Antipas prendeu e decapitou Joo Batista, que o repreendia por viver com acunhada (Mt 14,3-4 e 10).

    15a - "Cumpriu-se o tempo". Que tempo?O tempo da expectao determinado por Deus para cumprimento de sua

    promessa de mandar-nos o Salvador. O tempo suspirado pelos patriarcas eanunciado pelos profetas chegou ao clmax, plenificou-se (Ef 1,10; Gl 4,4). Ento oVerbo entrou a fazer parte de nossa histria, e assim comea o tempo da Graa, aoferta da salvao, o Reino de Deus (Ef 1,10) j presente e posto ao alcance detodos.

    15b - O Reino de Deus no poltico como esperavam?Percebe-se logo que esse Reino no o poltico desejado, porque as duas

    condies indispensveis para se pertencer ao novo Reino so a f na Palavra deDeus e o arrependimento dos pecados, bens de que no cuidam os governosterrenos. Reino espiritual e eterno.

    Lies de vida

    9 - Este batismo o ponto culminante da misso de Joo Batsta. Jesus foi batizadodepois do povo porque no tinha faltas a confessar. O contato do corpo de Jesus

    deu s guas fora vivificante: tornou-as instrumento apto a comunicar a graapurificadora do nosso batismo institudo hoje, mas promulgado mais tarde em Mt28,19. Jesus ter um segundo batismo, o de sangue (Mc 10,38; Lc 12,50) na cruz. Oprimeiro batismo s ter significado pleno no segundo. Nosso batismo um vnculovivo com Jesus (Jo 15,5).

    10 - Esta teofania ou manifestao de Deus foi necessria para Joo (para ns), nopara Jesus. Assim o Batista certificou-se definitivamente de que Jesus era o Messiasmandado por Deus; e ns nos certificamos de que, por Jesus, em nosso batismoentramos a participar da vida da Santssima Trindade. A descida do Esprito Santoassinala o ato de consagrao de Jesus para o incio de seu ministrio pblico: sua investidura messinica oficial. Assim o cristianismo, continuao de Jesus,

    iniciar sua misso entre os homens s aps a vinda do Esprito Santo emPentecostes (At 2,1-4).

    11 - Jesus prodigiosamente declarado com toda a solenidade o Filho de Deus pelavoz do prprio Pai, que evoca o SI 2,7 e Is 42,1. A grande Boa Nova do Pai apessoa do Verbo, sua Palavra Eterna que ele nos oferece e que se inseriu nahistria da humanidade; no uma figura mtica. Por ele o Pai mantm seu grandedilogo conosco.

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    18 - As tentaes de Jesus foram o incio de uma guerra inexorvel entre Jesus peloReino de Deus e satans, que tudo faz para desviar Jesus de sua misso salvadora.As tentaes de Jesus s podiam vir de um agente externo; uma pessoa ou odemnio. No do inlterior, como pode dar-se conosco, porque, pela sua unio com oVerbo Eterno ou segunda pessoa da Trindade, Jesus era isento de concupiscncia ede qualquer desequilbrio psquico. S podia ser tentado em sua sensibilidade e naimaginao por ser passvel em sua natureza humana. Mediante a imaginao atentao chega ao intelecto, onde o ser humano toma conscincia, e decide resistir(e ento adquiri mrito) ou acolher a tentao (e ento peca). Jesus rechaou atentao, ensinando assim que com sua graa, com orao, com jejum venceremosqualquer atrativo ao maL A pessoa que alicia algum a pecar faz as vezes dodemnio, seu instrumento (Mc 8,33; Mt 16,23). Quando os inimigos de Jesus lhepediam "um sinal do cu" para que pudessem crer, eram tentaes vindas doshomens (Mc 8,11; Mt 12,38; 16,1; Lc 11,16.19); assim tambm na hora suprema (Mc14,38; Lc 22,46), e as mais provocantes, desafiando-o a descer da cruz (Mc 15,29-32) ignorando que Jesus havia escolhido o caminho do SACRIFCIO TOTAL! O s inalmximo que Jesus ofereceu foi sua ressurreio. "Porque sofreu e foi tentado queele pode socorrer os que so tentados" (Hb 2,18). Pessoa muito tentada podercrescer mais em Deus do que outra no tentada. Ado cedeu tentao e pecou;Jesus, o Novo Ado, vence o demnio.

    15 - Jesus comeou na Galilia a pregao do Reio de Deus com as palavras doBatista. Assim confirmou o que seu precursor ensinava e acrescentou a f noEvangelho. Por isso a nossa resposta fundamental ao anncio do Evangelho aconverso e a f. Os sinais do Reinado de Deus no mundo so: primeiro a pessoade Jesus, depois a pregao do Evangelho aos humildes, o perdo dos pecados, acura dos enfermos e a expulso do demnio. O Reinado de Deus comea dentro dens pela f e o batismo, que,nos tornam propriedade sua. a realidade interior que

    se irradia em todas as dimenses da condio humana: na vida social, econmica,cultural, poltica... S propaga a f quem a vive como fermento transformador (Mt13,33), porque no se transmite uma ideologia ou uma teoria, sim uma experincia.Dentro da sociedade a Igreja deve ser sinal e instrumento do Reinado de Deus, quese completa na Cidade Eterna. Converso e f esto vinculados. F adeso eentrega total de si mesmo a Deus e confiana absoluta na pessoa de Jesus, omodelo proposto por Deus a todo ser humano. O Reino um dom de Deus, masdepende do acolhimento que lhe dou.

    Orao

    Senhor, eu gostaria de ter a capacidade de lhe dar em grau

    infinito minha ao de graas, por nos ter aberto a porta deentrada na casa do Pai; por nos ter trazido o dom doEsprito Santo e a paz que havamos perdido na quedaoriginal. Obrigado pela revelao do mistrio da SantssimaTrindade, da qual nos tornamos morada preferida epartidpantes de sua vida. O Senhor se solidarizou conosco,fez-se nosso irmo e se responsabilizou pela quitao danossa dvida de pecado. Abraou voluntariamente a

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 17 / 183

    penitncia por mim. Que eu aprenda a privar-me de algumacoisa em benefcio de quem necessita. Venha em mimamplamente esse Reino de amor. Amm.

    Mc 1,16-20

    Vocao dos primeiros quatro discpulos

    (Mt 4,18-22; Lc 5,1-11)

    (16) Passando ao longo do mar da Galilia viu Simo e Andr, seu irmo,trabalhando: lanavam as redes ao mar, pois eram pescadores profissionais. (17)Jesus interpelou-os:

    - Venham em meu seguimento: vou fazer de vocs pescadores de homens (Jr16,16) para o Reino de Deus."(18) Imediatamente eles deixaram as redes no barco e o seguiram em carter

    definitivo.

    (19)

    Poucos passos adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e Joo, seu irmo,consertando as redes em seu barco, pois tambm eram pescadores profissionais.Chamou-os logo com as mesmas palavras. (20) Decididamente eles deixaram nobarco o pai, Zebedeu, com os empregados, e o seguiram como discpulos ecolaboradores.

    Mc 1,21-22

    Em Cafarnaum. Ensina.

    (Lc 4,31-32)

    (21) Entraram em Cafamaum. Logo ao sbado Jesus entrou na sinagoga para o cultopblico e, convidado pelo presidente da assemblia, ps-se a explicar a Palavra daEscritura. (22) Extasiaram-se com sua doutrina porque ensinava em nome prprio,com interpretaes pessoais da Lei de Moiss, com novo conceito da vontadedivina, como quem autor da Lei, investido de autoridade independente e deconhecimentos superiores a todos os mestres, e no como os professores da Bbliaque s ensinavam citando as interpretaes dos velhos mestres m ais renomados, eperdendo-se em tantas minuciosas prescries exteriores que tornavam insuportvelo peso da Lei de Moiss (Mt 23,4).

    Questionrio

    16-20 - Estes quatro pescadores tomaram-se apstolos desde esse momento?Este primeiro chamamento f-los discpulos. Sero apstolos no segundo

    chamado de 3,13-17.

    16a - Esta a primeira vez que Jesus se encontrou com Andr e Pedro?J havia se encontrado com eles conforme Jo 1,35-42.

    16b - Outros nomes do mar da Galilia e suas dimenses.

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    Chama-se tambm Lago de Genezar (Lc 5,1) e Mar de Tiberades (Jo 6,1;21,1). Est a 208 metros sob o nvel do Mediterrneo; longo 21 e largo 11quilmetros, com at 45 metros de profundidade.

    21a - Alguns dados sobre Cafarnaum.O termo vem de Kefer Nahum = vila de Naum, personagem desconhecido;

    hoje denomina-se Tell-Hn. No territrio governado por Herodes Antipas, situa-se acinco quilmetros a oeste da desembocadura do rio Jordo. Centro comercialflorescente ligando Sria e Israel pelo "caminho do mar" que, partindo de Damasco(Sria), passava por Gaza e chegava at o Egito. Contava com um posto aduaneiro emilitar, pois erac onsidervel porto do mar da Galilia. Hoje se reduz a runas. Asparedes da sinagoga so posteriores que existia no tempo de Jesus. Cafarnaumfoi o centro da irradiao messinica de Jesus, hspede na casa de Pedro e Andr(1,29).

    21b - Que era a sinagoga?O termo significa assemblia, reunio, comunidade. Uma sala retangular

    disposta de tal maneira que as pessoas ficassem voltadas para o Templo deJerusalm. Quase todas as vilas possuam sua sinagoga para as oraescomunitrias, a leitura e explicao da Bblia todos os sbados. O responsvelcostumava convidar um escriba ou outra pessoa versada na Escritura para aexplicao do trecho lido. Jesus aproveitava dessa oportunidade para completar oAntigo Testamento com a novidade do Evangelho. Para 30 mil habitantes emJerusalm no tempo de Jesus, havia 480 sinagogas. Eram utilizadas tambm comotribunal de justia (Lc 2,11; 21,12).

    22 - Quem eram os escribas?Tambm chamados rabinos, eram os intrpretes oficiais da Lei de Moiss e

    especialistas na Escritura em geral. No formavam um partido parte, maspertenciam ao dos saduceus ou ao dos fariseus. Eram os guias espirituais do povo,que os venerava.

    Lies de vida

    Os quatro discpulos chamados abandonaram a profisso e tudo o que osprendia, para seguirem o Mestre sem reserva. Tal separao fsica vai criandoprofunda comunho espiritual entre eles e o Mestre, modelo original no aprendizadoda vida. Um dia Jesus lhes garantir que no abandonaram para perder, mas paraalgo superior a tudo que deixaram (10,28-31). Cortar com o passado reveladisponibilidade de seguir o Senhor incondicionalmente, compartilhar sua vida e seudestino. Com os discpulos Jesus est comeando a organizar a comunidade do

    novo povo de Deus. Quando ele chama, a nossa resposta s pode ser um simpronto e irrevogvel para o trabalho de pescar para o Reino de Deus, dispostos aarcar com as consequncias deste seguimento, at mesmo a dar a vida por ele.Quem diz "sim", torna-se como ele um homem para os outros. A iniciativa dochamado de Deus porque ele o senhor da vida. A fraqueza humana e os defeitospessoais no so obstculos para Jesus nos chamar!22 - Jesus falava com simplicidade, com naturalidade, com clareza e profundidadedos mistrios de Deus, porque falava s do que viu, como ele disse a Nicodemos:

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    "Ns falamos do que conhecemos e damos testemunho do que vimos" (Jo 3,11).Nossa evangelizao s fecunda se comunicamos o que experienciamos.

    Orao

    Senhor, faa-me viver na Palavra, para que eu possa serapstolo dela. Porque ama Palavra que devo anunciar eno a minha, venha o Senhor mesmo exprimir em tudo oque digo, fao e sou, o que o Senhor quer dizer a meusirmos. Inspire meu pensamento a fim de que a se revele asabedoria do Senhor. Conduza minha expresso para queela traduza a mensagem do Senhor. Santifique minha vidapara que ela realize a Palavra do Senhor e eu sejatestemunha do seu amor. Amm.Senhor, fico at confundido de sentir-me chamado paracolaborar na difuso do Reinado de Deus, uma vez quevejo minhas limitaes, meus defeitos e meus pecado. Estclaro que o Senhor no convida s os dignos, os santos,para que a gente no atribua s prprias qualidades o xitodo nosso trabalho apostlico. Alis, at as nossas virtudesso um dom semeado no terreno do nosso corao. Peo agraa de primeiro ver o que devo transmitir aos outros,para que eu imite o Senhor falando com simpricidade, comnaturalidade, com clareza e profunda convico o quecreio. Amm.

    Mc 1,23-28

    Liberta um possesso

    (Lc 4,33-37)

    (23) Entre eles na sinagoga achava-se um homem dominado por um demnio, ditocomumente esprito impuro por contraposio aos anjos, que so espritos puros aservio de Deus. Ele se ps a gritar como quem, em nome dos demnios, proclamauma oposio radical:(24) - Que temos a ver uns com o outro, que quer de ns, Jesus Nazareno? O Senhorveio ao mundo para destruir o nosso reinado e tirar-nos o poder? Sei quem o Senhor: no um profeta como os outros, mas o Santo de Deus por excelncia, o Messiasenviado a salvar o mundo (cf Mt 8,29).(25) Jesus, rejeitando o testemunho do maligno, deu-lhe uma simples ordem em tomde comando:

    - "Cale-se, acabe com esse louvor estril e saia desse homem! Minha palavra,minhas obras e minha ressurreio que devem revelar que sou o Filho de Deus."(26) - Ento o esprito impuro, depois de o sacudir convulsivamente como expressode sua raiva, saiu dando espantoso grito de derrotado. (27) Todos os presentes foramtomados de forte estupor e perguntavam uns aos outros: - "Que prodgio esse que

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    estamos vendo!? Que novo modo de ensinar esse, com tanta autoridade!? Ele dordem aos demnios com poder pessoal e eles so forados a obedecer! Nonecessita de longas oraes e esconjuraes como os exorcistas!" (28) Com isto suafama divulgou-se logo por toda a regio da Galilia.

    Mc 1,29-31Cura a sogra de Pedro

    (cf Mt 8,14-15;Lc 4,38-39)

    (29) No mesmo sbado, saindo da sinagoga, dirigiu-se com Tiago e Joo para a casade Pedro e Andr, onde residia desde que deixou Nazar. (30)A sogra de Simoestava de cama com febre. Imediatamente falaram-lhe dela pedindo que acurasse.(31) Aproximou-se, tomou-a pela mo e levantou-a. A febre a deixou nomesmo instante. Ela sentiu-se to bem, que foi logo preparar a mesa da refeio eservi-los, sem a debilidade prpria de uma convalescente.

    Mc 1,32-34

    Outras Curas

    (cf Mt 8,16-17; Lc 4,40-41)

    (32) Ao cair da tarde, quando o sol se ps e surgiram as primeiras estrelas dandoincio ao novo dia til, trouxeram a Jesus todos os enfermos e possessos. (33) Quasetoda a cidade estava reunida junto porta. (34) Jesus curou muitos enfermosacometidos de diversas doenas, e expulsou muitos demnios que sabiam quem Ele

    era (cf Lc 4,41); mas Ele no pemitia que o revelassem como o Messias, para evitarque o povo se confirmasse na falda idia de um Messias poltico e triunfalista.

    Questionrio

    24-25 - Por que Jesus desdenhou essa declarao to certa do demnio?Por ser um testemunho no nascido de verdadeira f. Causaria ambiguidade

    na mente das pessoas: acabariam vendo o demnio tambm como autor daverdade, sendo ele o pai da mentira (Gn 3,4-5; Jo 8,44). Jesus pareceria ter algo emcomum com o demnio, que aqui no seria to feio como pintam. Segundo: Jesusnecessita levar o povo a uma revelao gradativa do sigilo messinico, isto , doverdadeiro sentido de sua pessoa e misso humano-divina atravs de suas

    palavras, obras e ressurreio, e no atravs do seu adversrio. Terceiro: o povoformaria um falso conceito de Jesus, tomando-o como o Messias nacionalista emarcial que esperavam. Quarto: para evitar atrito com as autoridades romanasdominadoras. Quinto: boca impura no deve testemunhar Jesus, mas s o pode"quem nele cr com o corao" (Rm 10,10), isto , quem o ama.

    30 - Estado civil de Pedro.

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    Por ter sogra, era casado. Mas como nunca se menciona a esposa, h quemo julgue vivo. Outros, baseados em tradies, afirmam que Pedro tinha esposa euma filha em Betsaida e que, por interesse profissional, possua com Andr umacasa em Cafarnaum cuidada pela sogra (Mt 8,14; Lc 4,38).

    31 - Asogra de Pedro teve trabalho no preparo do almoo?

    Tratava-se apenas de apresentar a comida j toda pronta, pois todos deviampreparar na vspera as refeies do sbado, dia de repouso absoluto que comeavadepois do pr-do-sol da sexta-feira (Ex 20,8-11; 35,2-3).

    33"Jesus curou "muitos". Ento alguns no foram curados?O sentido este: os que ele curou foram "muito numerosos"; no se trata de

    um termo com sentido restritivo, como se ele tivesse deixado de curar algum. Alis,Mt 8,16 esclarece: "curou todos". A compaixo de Jesus no sofre limites.

    Lies de vida

    23-24 - Certas doenas graves que superavam os conhecimentos cientficos do

    tempo eram tidas como possesso diablica. Mas o Evangelho faz distino entredoentes e possessos.

    O demnio se perturba s simples presena de Jesus. O homem grita. Avoz dele, mas as palavras so do demnio que dele se serve como uminstrumento privado de vontade prpria. A demonstrao de conhecer Jesus (seunome e sua natureza) no constitui nenhuma profisso de f do demnio. Namentalidade do tempo, revelar a identidade de um desconhecido era como umrecurso mgico que pretendia mostrar superioridade e desarmar o adversrio; aquitem por finalidade anular os efeitos do exorcismo. Mas Jesus no se abala comnada e domina o maligno com uma simples palavra, sinal de que o Reino de Deusentrou no mundo. De nada vale conhecer a Deus especulativamente sem am-lo: o

    demnio tambm o conhece (Tg 2,19). A oposio demonaca manifestou-se natentao do deserto, tornou-se violenta nos endemoninhados e total na Paixo, que "a hora e o poder das trevas" (Lc 22,53), mas a vitria de Jesus a ressurreio.

    25 - Jesus no discute com o demnio. Afasta-o logo. Quem discute com a tentaoao invs de logo afast-la, enreda-se nela.

    27 - O povo des cobriu em Jesus um homem de Deus, mas ainda no v nele o Deusfeito homem para nos salvar.29 - Aquele que nos deu a terra inteira, no reservou para si um pedacinho onderesidir. Morava na casa de Pedro.

    32-34 - Jesus retira-se casa para descansar, mas se esquece de si diante dos

    necessitados. o homem para os outros! Muitos s o procuravam para livrar-se dedoenas. Assim no chegaram ao principal: descobrir o mistrio da pessoa de Jesuscomo salvador. Ainda hoje corre o mesmo risco quem s se dirige a Deus paralivrar-se de incmodos. Nem devemos mostrar-nos passivos diante de doenas esofrimentos, pensando que "Deus quis assim". necessrio lutarmos contra osmales fsicos, morais e espirituais, lanando mo dos meios naturais e sobrenaturaisao nosso alcance.

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    Orao

    Senhor, concede-me "crer com o corao" (Rm 10,10) paraque eu merea testemunh-lo com ardor. No acontea que

    eu adquira do Senhor um conhecimento terico, queestude a Escritura s com finalidade cultural. Tambm,Senhor, que eu no me detenha nas insinuaes malficasda tentao a fim de no sucumbir aos seus atrativos, masque eu as afaste to logo percebidas e me agarre aoSenhor pela prece. Reconheo que muitas das minhasoraes objetivam alcanar favores materiais. O Senhorpor sua bondade sem limites me tem ouvido. Mas perceboque sou chamado a aprimorar meu relacionamento ntimocomDeus, procurando mais agradecer e glorificar a Deusdo que pedir. Necessito entender que mais do que alcanaruma cura fsica importante a cura interior dos malesespirituais e vital para mim deixar-me penetrar pelaPalavra do Evangelho. Concede-me abrir a elainteiramenteo corao, Senhor. Amm.

    Mc 1,35-39

    Ora, prega e liberta

    (Lc 4,42-44)

    (35) De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se e saiu sozinho da cidade sem ser

    notado. Retirou-se a um lugar deserto e ali se entregou orao. (36) Simo e os trscompanheiros, Andr, Tiago e Joo, quando o povo comeou a aglomerar-se emfrente casa, foram sua procura. Queriam persuadi-lo a permanecer emCafarnaum para no perder uma grande oportunidade. (37) Quando o encontraram,disseram-lhe:

    - Todos o esto procurando tomados de admirao!"(38) Mostrando que no se deixa levar pela onda tentadora do entusiasmo popular,Jesus foi pronto em responder-lhes:

    - "Vamos para outra parte, para os povoados vizinhos, a fim de pregar a elestambm a Boa Nova da Salvao, pois para isso fui enviado ao mundo e por isso

    que sa de Cafarnaum" (Lc 4,43).(39 E percorreu toda a Galilia pregando de maneira especial nas sinagogasenquanto no tinha contra si a hostilidade dos escribas e fariseus, e expulsando osdemnios.

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    Mc 1,40-45

    Cura um leproso

    (Mt 8,1-4; Lc 5,12-16)

    (40) Um leproso, incurvel no tempo, contrariando a lei veio ter com ele, caiu dejoelhos e suplicou-lhe esperanoso:- "Se quiser, o Senhor pode purificar-me!"(41) Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mo, tocou nele sem medo decontaminao nem de impureza legal, e disse:

    - "Sim, eu quero, fique limpo!"(41) No mesmo instante a lepra o deixou e ele ficou inteiramente curado. (43) Jesuslogo o despediu e em tom severo recomendou:(44) - "No diga nada a ningum, mas antes de ir para casa vai primeiro mostrar-se ao

    sacerdote que estiver em exerccio conforme o turno, e oferece por esta suapurificao o sacrifcio de ao de graas estabelecido por Moiss (Lv 14,19) a fimde servir de testemunho."(45) Mas assim que se retirou, o felizardo no se conteve e se ps a proclamar edivulgar em toda parte o que lhe acontecera, a ponto de Jesus no poder maisentrar publicamente em cidades. Para evitar a agitao popular que tenderia a faz-lo um chefe poltico capaz de restaurar o reino terreno de Israel, ficava fora, emlugares menos frequentados. Mesmo assim, de todas as partes, muitos iam procur-lo.

    Questionrio

    35-38 - Que aprendemos de Jesus aqui?As atividades dirias de Jesus eram entretecidas de intensa e fervorosa prece

    (Lc 3,21; 6,12; 9,18 e 28; Mc 6,41; 14,32 e 35; Mt 26,39) em lugar apartado ondepudesse demorar-se falando ao Pai sem ser perturbado por ningum. Ia buscarforas para desempenhar bem a misso que recebera. Belo exemplo, porque todosnecessitamos das luzes do Esprito Santo para o bom desempenho dos deverespessoais. Mais do que aos m ilagres, Jesus d preferncia pregao que suscita af (1Cor 1,21; Rm 10,17; Mc 16,15). No centro de seus interesses Jesus coloca opovo carente e no a si mesmo. Por isso no se deixa prender pela estima popularadquirida em Cafarnaum. Modelo dos pregadores do Evangelho.

    44- Por que mostrar-se ao sacerdote?Para submeter-se s purificaes rituais, para oferecer um sacrifcio de ao

    de graas e receber o atestado oficial de cura com o direito de reintegrar-se nafamlia e na sociedade, como preceituava o Levtco 14. A lepra verdadeira eracontagiosa e incurvel. Excludo da sociedade e dos atos de culto, o doente era vistocomo um grande pecador castigado por Deus (Dt 28,35). A cura, s atribuda aDeus, comparava-se ressurreio de um morto e vinha a ser um sinal proftico doMessias (Is 35,8; Mt 10,8; 11,5).

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 24 / 183

    44b - Por que imps silncio?Para evitar fcil exaltao popular de sentido poltico. Tambm para no ser

    tomado como taumaturgo; que ele deve ainda manter secreta sua messianidade esua dignidade divina at ressurreio, ocultando-se dentro dos limites do Servohumilde de Jav.

    44c - "Servir de testemunho". Testemunho de qu?Testemunho ou prova inconfundvel para todos de que Deus est agindo

    visivelmente em Jesus, e de que Jesus respeita a lei de Moiss. S o conseguenegar o cego voluntrio.

    Lies de vida

    40 - Belo exemplo de confiana e resignao. No exige, no fora. Abandona-se vontade de Deus, como a dizer: "Se o Se nhor no quiser purificar-me, eu continuareicarregando o peso desta cruz!"

    A lepra imagem do pecado. Se algum se reconhece pecador e pede aoSenhor que o limpe da culpa, ouvir: "Vai mostrar sua lepra espiritual ao sacerdote".Este, constatando a verdadeira contrio do penitente, lhe dir: "Eu o absolvo dosseus pecados em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo". Se os pecados noso graves, suficiente pedir perdo ao Senhor com sincero arrependimento e coma reparao do mal causado. Para isso temos os ritos penitenciais.

    Por lei o leproso era excludo da famlia e da sociedade. Passava a morar emcavernas como um animal. Ao se aproximar uma pessoa s, ele devia gritar."Impuro, impuro", para que dele fugisse. Jesus no recua um passo deste leproso;sim estende-lhe a mo e toca nele como amigo, mostrando de maneira clara queesse contato no acarreta nenhuma impureza, antes, expresso de amor efraternidade. A cura imediata a uma simples palavra prova de algo agindo em

    Jesus acima das leis da natureza e no por auto-sugesto. E o curado transformou-se em arauto de Jesus.

    Orao

    Senhor, aumenta em mim a inclinao para orar. Que entreas ocupaes dirias eu saiba priorizar a mais nobreatividade humana; falar com Deus. Concede-me chegar aosabor da orao para que eu saiba criar tempo de medemorar com Deus, mesmo subtraindo-me provisoriamenteao convvio humano, como o Senhor quer se ocultava emlugar reitirado.

    Senhor, o leproso mostrou as chagas a quem podia cur-loe pediu o remdio com humildade e confiana, resignando-se at a no receber a graa to ardentemente desejada. Eunecessito e peo to santas disposies. Reconheo queno as tenho, porque minha f se abala quando no vejominha orao atendida como eu queria. Obrigado, Senhor, por todas as vezes que me limpou dalepra espiritual e pelas graas sem-nmero que recebi sem

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 1 25 / 183

    as ter pedido e que so as maiores ao longo da vida. Tenhomuito mais de que agradecer do que de pedir. Amm.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 2 26 / 183

    CAPTULO 2

    Mc 2,1-12

    Um paraltico. Primeira controvrsia: perdoar pecados

    Mt 9,1-8; Lc 5,1-17-26

    (1) Acabada sua primeira viagem missionria, voltou a Cafarnaum, centro deirradiao de sua atividade. Passados alguns dias, espalhou-se a notcia de que seencontrava na casa de Pedro. (2) Juntou-se tanta gente dentro e fora de casa, quenem mesmo nas imediaes da porta havia lugar. Ele anunciava a Palavra do Reinode Deus. (3) Vieram trazer-lhe um paraltico transportado por quatro homens. (4)Como no conseguissem lev-lo presena de Jesus pelo obstculo da multidoque o assediava, carregaram-no pela escada at o teto, fizeram uma aberturatirando lajes e arriaram o catre com o paraltico at onde se encontrava Jesus. (5) Ao

    ver o empenho e a f dos cinco homens, sensibilizou-se Jesus e, usando de suasatribuies divinas, disse ao paraltico:- "Filho, seus pecados esto perdoados!"(6) Ora, entre os assistentes havia escribas que se puseram a pensar consigomesmos:(7) - "Como que esse homem tem coragem de dizer isso? Indiretamente eleblasfema atribuindo-se um poder divino, pois quem pode perdoar pecados senoDeus?" (SI 103,3; Is 43,25)

    Comearam assim os chefes do povo a criar no corao resistncia a Jesus, a seusensinamentos e sua ao renovadora. (8) Vendo Jesus em sua oniscincia o que

    eles pensavam, interpelou-os:- "Por que esses pensamentos maldosos no seu corao? (9) Digam-me, na opiniode vocs qual destas duas coisas mais fcil: dizer ao paraltico 'seus pecadosesto perdoados' ou mandar 'levante-se, tome seu catre e ande? Vocs crem queeu fiz a parte mais fcil porque no pode ser averiguada. (10) Pois bem, parasaberem que o Filho do Homem tem aqui na terra o poder de perdoar os pecados,(disse ao paraltico:) (11) ordeno a voc: 'levante-se, tome o seu catre e v para a suacasa'!"(12) No mesmo instante aquele homem ps-se de p, tomou seu catre e saiu vistade todos, de sorte que, com exceo dos escribas fechados num silncio calculado,todos os presentes se encheram de assombro e glorificavam a Deus, dizendo:

    - "Nunca vimos coisa igual: um ser humano perdoar pecados, res tituir a sade numinstante e ler os pensamentos do corao!"

    Questionrio

    4 - Como puderam descer o doente pelo teto?As casas eram baixas. Uma escada externa dava acesso ao teto em forma de

    terrao feito de lajes de madeira e barro batido misturado com palha. Com no

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 2 27 / 183

    pequeno trabalho foi possvel retirar algumas lajotas e com cordas arriar o catre como doente at onde se encontrava Jesus.

    5 - Qpe f tinham em Jesus?Essa f era uma convico de seu poder vindo de Deus e confiana ilimitada

    em sua bondade. Mas ainda no haviam descoberto que Jesus Deus.

    5-11 - Quantos sinais exclusivos de Deus se evidenciam em Jesus neste trecho?Trs: perdoa pecados, cura instantaneamente e l os pensamentos.

    6- Quem so os escribas?

    Cf 1,22. Eram como que os telogos e juristas no judasmo, doutores da Lei,formados no estudo e explicao da Bblia, particularmente do Pentateuco.Respeitados como mentores da vida espiritual do povo.

    8 - "Pensar no corao" est correio?Para ns o corao a sede dos sentimentos; na conceituao semita era a

    sede das faculdades intelectivas e das decises.

    10 - Que se entende por "Filho do Homem"?Expresso frequente nos Evangelhos (69 vezes, em Mc 14), vem de Dn 7,13

    com sentido de um Homem vindo do cu (o Messias), que, embora conservando ahumilde e sofredora condio assumida na Encarnao (Is 53), voltar com todo opoder e glria para julgar o mundo (Mc 13,26) e receber um Reinado eterno. Ez2,1-3 emprega essa locuo no sentido de um ser puramente humano.

    Lies de vida

    1 - Os cinco episdios seguintes, at 3,6, formam uma coletnea de controvrsiasde Jesus com seus adversrios. Cada uma culmina com um pronunciamentosapincial de Jesus (2,10.17.19.28; 3,4), uma sentena inovadora fechando aquesto mas acarretando o dio gratuito dos oponentes.3 - Admirvel esprito de doao e perseverana desses quatro homens, nomedindo esforos para transportar decididamente o paraltico at Jesus. Chegaramcansados. No conseguindo abrir passagem entre a multido que ouvia estticaJesus, optaram por alternativa inesperada e corajosa: transportar o doente escadaacima com incalculvel dificuldade e abrir o teto sem dar ouvidos a queixas. Nada osdeteve. E o bem que buscavam no era para si prprios. Fazem-nos refletir se nodesistimos de santas empresas por bem menos! Podemos receber graas pela f deoutra pessoa, e nossa f pode atingir a muitos.

    5 - Na atitude de Jesus purificando primeiro a conscincia do paraltico temos

    importante ensinamento: buscamos com cuidado a cura dos males corporais, muitasvezes sem a preocupao pela cura da paralisia espiritual do pecado! Jesus,perdoando o pecado, foi direto aonde estava o maior mal. O poder de perdoarrecebido de Cristo, a Igreja o usa no batismo, na celebrao eucarstica e nosacramento da penitncia (a confisso).

    7- O ponto alto desta primeira disputa dos mestres da Lei : - "Quem pode perdoarpecados seno s Deus?" e a resposta de Jesus: "...o Filho do Homem tem poderde perdoar pecados na terra!". Com tais palavras ele revelou sua identidade divina.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 2 28 / 183

    Antes de curar o paraltico, ele poderia ter-lhe dito: "Voc chegou na frente deDeus!".

    Orao

    Senhor, eu tambm encontro dificuldades diante deproblemas meus e dos outros. Que eu no me deixeintimidar por eles. Que nunca ceda ao desnimo. Que euno desista e no tema o impacto das crticas negativas. Eque eu nunca seja o derrotista diante de planos ousadosdos que sonham alto.Obrigado, Jesus: o Senhor j tinha demonstrado seu podere bondade libertando da lepra e do demnio; agoramostrou seu poder e misericrdia libertando interiormenteo homem da paralisia espiritual. Liberte-me, Jesus, de tudoo que tente impedir-me de chegar sempre mais perto doSenhor e que o Esprito Santo possa agir livremente nomeu ntimo. Amm.

    Mc 2,13-17

    Vocao de Levi. Segunda controvrsia: Jesus com os pecadores.

    Mt 9,9-13; Lc 5,27-32

    (13) Saiu Jesus da casa de Pedro e dirigiu-se de novo para as margens do Lago deGenezar. Toda a multido ia ao seu encontro e ele ensinava a todos ao ar livre.(14)Enquanto caminhava viu Levi, tambm chamado Mateus (Mt 9,9), filho de Alfeu,sentado no posto de cobrana de impostos, pois era coletor. E chamou-o:

    - "Venha comigo!"E ele, sem titubear, levantou-se e o seguiu como discpulo, abandonandodefinitivamente a rendosa profisso. (15) Para despedir-se, para festejar oacontecimento e como gratido a Jesus, Levi deu um almoo em sua casa. Jesus eseus discpulos estavam mesa. Muitos publicanos e pecadores, colegas deprofisso de Levi, convidados, puseram-se mesma mesa com Jesus, pois j eramnumerosos a segui-lo (Lc 3,12). (16) Os escribas do partido dos fariseus sabiam queesses funcionrios pblicos a servio do governo cometiam, as maiores injustias,cobrando mais que o lcito para se enriquecer; por isso consideravam-noscarregados de todos os vcios e da maior impureza legal pelo contato obrigatrio

    como pagos; odiavam-nos, tornando j o termo publicano sinnimo de pecadorpblico. Vendo Jesus comer ao lado dessa classe, perguntaram escandalizados aosdiscpulos dele:

    - "Por que ele come com publicanos e pecadores contraindo impureza legal?"(17) Jesus, que tudo ouviu, respondeu-lhes comeando com um provrbio:

    - "No quem tem sade que necessita de mdico, mas o enfermo. Eu no vim aomundo para chamar a mim os que se consideram justos; vim como mdico embusca dos pecadores para cur-los a fim de que se salvem!" (1Tm 1,15).

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 2 29 / 183

    Questionrio

    14 - Outro nome de Levi. Mateus, autor do primeiro Evangelho. Era frequente um segundo nome

    indicando a misso da pessoa; Jac-Israel, Simo Pedro, Joo-Marcos, Saulo-Paulo, Jos-Caifs...

    14b - Levi tomou-se apstolo agora?Este primeiro chamado para o discipulado, entre 72, dos quais ir escolher

    12 apstolos mais tarde (Lc 6,13).

    15 - Quem eram ospublicanos e pecadores?Publicanos eram os funcionrios do fisco, coletores de impostos para o poder

    pblico. Alm das taxas legais cobravam quantias arbitrrias em favor de si prprios.Por is to eram mal-vistos como ladres e pecadores profissionais. Eram expulsos dassinagogas e proibidos de figurar como testemunhas. Pecadores eram no s estes,mas os judeus sem interesse pela observncia da Lei de Deus, vivendo comopagos.

    17 - De que "justos" est falando Jesus? bem provvel que esteja falando em sentido irnico. Um dia ele disse aos

    fariseus: "Vs quereis passar por justos aos olhos dos homens" (Lc 16,15), eensinou uma parbola aos que "confiavam muito em si mesmos tendo-se por justose desprezando os demais" (Lc 18,9). Conheciam a Lei em suas prescries rituais eexternas, mas no conheciam o corao de Deus. Consideravam-se salvos; por issofechavam o corao Palavra "Convertei-vos" ou "Arrependei-vos" (Mc 1,15),rejeitando a graa de Deus oferecida por Jesus, que chamava a todos converso.Esses falsos justos condenavam Jesus, enquanto os pecadores se convertiam.

    Lies de vida

    14 - Admirvel a graa divina que convoca como discpulo um desprezado cobradorde impostos. A nossa condio de pecadores no obstculo para Deus noschamar. Admirvel a prontido de um endinheirado para acolher um chamado queimplica renncia completa fonte de lucro de sua profisso. Percebe-se que Levi jdevia ter-se deixado tocar fundo pela Palavra de Jesus. Renunciou a tudo, menos aotinteiro e pena.

    16 - Aqui temos a segunda controvrsia, motivada pela atitude de Jesuscontrariando o ensinamento e a praxe de segregao dos pecadores, e convidando-os ao banquete do Reino.

    17 - Jesus o mdico espiritual para a cura dos pecadores. lgico que ele procure

    os que so vtimas do pecado. No fugir deles como os fariseus. Mostrar que oscompreende mesmo quando erram. Assim eles compreendero seus pecados evoltaro para Deus. Jesus aproxima-se do pecador no porque aprova seus erros,mas para que ele mude de conduta e se salve.

    Admitir um publicano no nmero de seus discpulos afigurava-se para osfariseus uma monstruosidade sem precedentes, que comprometia o bom nome doMestre. Jesus no considera a concepo corrente de pureza legal, porque ele no

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 2 30 / 183

    se contamina em companhia dos pecadores; so estes que se purificamaproximando-se do Senhor, porque passam a ver por dentro. Ai do "justo" que nov erro em si mesmo.

    Orao

    Jesus, eu fico encantado por ver que o Senhor ama at opecador; que o Senhor no o rejeita; que o Senhor no sesente constrangido em t-lo em sua companhia; pelocontrrio, continua confiando e crendo nele, porque,mesmo que no seu comportamento ele perca a semeIhanade Deus, nunca deixar de ser sua imagem. confortantesaber que meus erros meus defeitos e minhas limitaesno constituem um obstculo para o Senhor me amar e mequerer entre os seus queridos. Mdico da alma e docorao, peo a graa da alegre prontido e generosidadede Mateus no atendimento aos chamados comocolaborador na difuso do Reino de Deus no meio ondevivo. Amm.

    Mc 2,18-22

    Terceira controvrsia: o jejum. O Esposo da Nova Aliana. Renovao total.

    (cf Mt 9,14-17; Lc 5,33-39)

    (18) Os fariseus e os discpulos do Batista estavam jejuando. Vieram perguntar aJesus, ainda na casa de Mateus:

    - "Como que os seguidores de Joo e os dos fariseus praticam fielmente o jejum

    tradicional, e os do senhor no?"(19) Jesus, a quem o Batista havia chamado de "Esposo em bodas" (Jo 3,29), lhesrespondeu:

    - "Primeiro. Os convidados, como acompanhantes do noivo, podem jejuar durante ossete dias da festa de npcias, enquanto o esposo est com eles? claro que,enquanto eles tm em sua companhia o noivo, no lhes cabe jejuarinoportunamente. Jejuem vocs, discpulos do Batista, porque j lhes foi tirado omestre.(20) Quanto a estes meus discpulos, dias viro em que lhes arrebataroviolentamente o Esposo. A partir de ento, eles jejuaro at a sua volta gloriosa. (21)Segundo. O que ensino como um tecido novo. Ningum costura um pedao de

    pano cru, ainda no molhado, numa roupa velha; pois o remendo novo ao molhar-seencolhe e leva consigo mais um pouco do velho; assim o rasgo se tornar maior.(22) E ningum deita em barris velhos o vinho novo ainda no fermentado, porque afermentao romperia os barris j mais fracos, e se perderiam vinho e barris. Ovinho novo deve fermentar em barris novos. Assim meus discpulos no jejuamagora porque mudaram sua mentalidade: pertencem ao novo modo derelacionamento com Deus, que no cabe nas formalidades da Lei velha, nem nospreconceitos dos fariseus. Doutrina renovada no remendo; sim exige mentalidade

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    nova, feita de vida interior e de amor. Esprito fariseu roupa velha, feita deexterioridades. O Evangelho, roupa nova. Intil refazer o velho com o novo. O velho

    judasmo com todas as suas minuciosas prescries, sem ser abandonado, nosuportar a fora fermentadora do Evangelho. E o esprito novo que o Messias traz,no pode ser fechado no barril das leis velhas. Para vinho novo, barris novos pordentro!"

    Questionrio

    18a - De que jejum se trata aqui?Alm do jejum prescrito pela lei de Moiss para o dia da Expiao dos

    Pecados (Lv 16,29; 23,27-28), que Jesus e os apstolos praticavam, os fariseusacrescentaram um jejum por devoo, em cada segunda e quinta-feira da semana(Lc 18,12). Tornou-se tradicional, e, segundo eles, obrigatrio. Os seguidores doBatista tambm o cumpriam. deste jejum que aqui se trata (cf falso jejum Is 58,3-7).

    18b - Quais os dias de jejum para ns hoje?

    Quarta-feira de cinzas e sexta-feira santa. Em vista do aumento da fome nomundo, Paulo VI reduziu a dois os dias de jejum, mas em compensao estabeleceuque cada um de ns faa mortificao espontnea em toda sexta-feira do ano, emmemria da Paixo de Jesus. .

    19 - Quem eram os companheiros do esposo?Chamados tambm acompanhantes ou amigos do noivo, filhos do esposo ou

    da sala nupcial, eram jovens convidados pelo noivo a acompanh-lo no cortejo casa da noiva e a conduzi-la festivamente residncia do novo casal. Competia-lhesfomentar a alegria durante os sete dias da festa nupcial. No presente caso, osacompanhantes so os apstolos e todos os que seguem Jesus; o esposo o

    prprio Jesus, que est realizando a unio mstica de Deus conosco (Os 2,18.21; Ap19,7-9). Os discpulos de Joo deviam entender o que Jesus acaba de dizer, porqueJoo chamou a si mesmo "amigo do Esposo"; chamou Jesus de "Esposo"; e acomunidade dos que crem em Jesus, "a esposa" (Jo 3,28-29).

    20 - Que d a entender "o esposo lhes ser tirado"? a primeira aluso que Jesus faz de sua condenao morte violenta.

    21-22 - Que significam estas duas parbolas?"Remendo novo", ou a doutrina de Jesus, no assenta bem no "tecido velho"

    da vida e mentalidade que nos fariseus no se renova inteiramente para acolher oEvangelho todo. "Odres velhos" so a mentalidade superada dos fariseus. "Odres

    novos" so a renovao total do Evangelho que requer mentalidade nova, coraoaberto Palavra de Deus. "Vinho velho" a mentalidade de quem se fixa emprticas exteriores. "Vinho novo" a renovao total, que faz cons istir a perfeio davida humana no amor do corao. S. Paulo recomenda: "Caminhemos numa vidanova" (Rm 6,4); "servimos (a Deus) num esprito novo e no segundo a leiantiquada" (Rm 7,6); "passou o que era velho; eis que tudo se faz novo" (2Cor 5,17).

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    Lies de vida

    Os cristos jejuam para se privarem de algo em benefcio dos maisnecessitados, para se purificarem, para dominarem tendncias instintivas, parasubordinarem o fsico ao espiritual (1Cor 9,27) e para se associarem a Jesuscrucificado.

    As bodas so o smbolo do tempo da salvao (fa 62,5). O estado de espritodos tempos novos (vinho novo) de alegria. Por isso os primeiros cristoscelebravam a Eucaristia com alegria de corao (At 2,46), embora a ausncia visvelde Jesus os fizesse jejuar suspirando pela sua volta. J um "novo cu e uma novaterra" (Is 65,17; 66,22). A presena de Jesus na vida de quem nele cr realiza asnpcias que o Pai quer do Filho com cada um de ns. Por isso o cristo devemanifestar o jbilo da salvao: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos"(Fl 4,4). Cris tianismo o vinho novo das bodas de Can (Jo 2,1-11).

    Quando a Igreja d um passo de volta s fontes de liturgia, o demasiadoapego a velhos costumes pode fazer-nos repetir a atitude dos fariseus.

    OraoSenhor, peo a graa de tomar conscincia da presenaviva de Deus em mim, pela graa que me ligou para semprea Jesus Cristo e, por ele Santssima Trindade. Unio toprofunda, que a Palavra revelada a denomina npciasmsticas entre pessoas que se amam incondicionalmente enas quais Deus o Esposo e cada um de ns a esposa.Senhor, entre os que vivem o matrimnio ningum suportaa infidelidade. Que eu no tolere em mim a idia de serinfiel a Quem me quis sem mrito meu. E, como os que

    vivem a vida esponsal, que eu me empenhe por crescersempre mais na intimidade de vida com o Senhor e lhe d ocorao sem reserva. Amm.

    Mc 2,23-38

    Quarta controvrsia: o sbado.

    (cf Mt 12,1-8; Lc 6,1-5)

    (23) A lei do descanso semanal era j severa por si mesma; no permitia sequeracender o fogo (Ex 34,21). Mas os fariseus a tornaram insuportvel, formando uma

    tradio de novas prescries, como dar ou desatar um n, temperar a comida...Como a lei proibia qualquer colheita ao sbado (Ex 20,10), concluramarbitrariamente que nem colher umas espigas era lcito.

    Certa ocasio, atravessando Jesus uma plantao de trigo num sbado, osdiscpulos, andando, comearam a arrancar punhados de espigas e debulh-las namo para matar a fome, o que a lei previa como lcito (Dt 23,25). (24) Os fariseus

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    imediatamente os acusaram de estar violando um preceito sabtico, e perguntarama Jesus:- "Veja, como que eles fazem no sbado o que no permitido?"(25)

    Ele, por sua vez, retrucou-lhes:

    - "Nunca leram o que fez o rei e profeta Davi quando premido pela necessidade e

    passando fome ele e os que o acompanhavam? (1Sm ou 1Rs 21,1.3.6).(26) "Ele entrou na Casa de Deus, quando Abiatar, que teve grande ascendncia noreinado de Davi, estava prestes a suceder a seu pai Aquimeleque no pontificado;pediu e recebeu deste os pes da Proposio, que, por serem consagrados ao culto,s aos sacerdotes era permitido comer. Davi comeu deles e os deu tambm aosseus acompanhantes. Ora, se Davi, que tanto vocs admiram, relativizou severa leido culto para que seus homens no passassem fome, como podem agora vocsnegar que, para matar a fome, se comam umas espigas de trigo s por ser diasantificado?"(27) E terminou:

    - "O dia do descanso semanal foi feito para o bem fsico e espiritual do homem, eno o homem para ser til a esse dia como se fosse um fim. No se deixa umacriatura passar fome por respeito ao dia santificado. (28) E, para dizer tudo, bomsaber que o Filho do Homem senhor tambm do dia santificado; portanto, podedispor dele segundo as exigncias prticas da vida, considerando mais o esprito dalei, que a misericrdia, do que a letra; e o nico que lhe pode dar o verdadeirosentido de culto a Deus e de caridade para o prximo."

    Questionrio

    23 - Os judeus guardavam o sbado (Gn 2,3). Onde o Novo Testamento mostra osjudeus-cristos santificando j o domingo?

    At 20,7: "No primeiro dia da semana, estando ns reunidos para Partir oPo..." 1 Cor 16,2: "No primeiro dia da semana, cada um de vs ponha de parte, emsua casa, o que tiver podido poupar". Quando se reuniam para partir o Po, faziamtambm a coleta de mantimentos para os mais necessitados. Ap 1,10: "E fuiarrebatado em esprito no DIA DO SENHOR". Entre os primeiros cristos, o domingoe no mais o sbado era o Dia do Senhor. Eles ainda frequentavam o culto judaicodo sbado, e reuniam-se para a Eucaristia no domingo em casas particulares. Noano 85 a perseguio recrudesceu: foram proibidos de entrar nas sinagogas. Deu-seento a separao total entre sinagoga com o sbado, e cristianismo com o Dia doSenhor.

    24 - O que era permitido colher de seara alheia?

    Para matar a fome em viagem, era permitido colher e comer espigas de trigo,o tanto que coubesse na mo cheia (Dt 23,25).

    25-26a - Que eram os Pes da Proposio?Eram 12 pes, em duas pilhas de seis, renovados cada sbado na mesa

    recamada de ouro, feita para este fim (Ex 25,23-30; Lv 24,5-9; Nm 4,7). Cada poera a oferta das 12 tribos de Israel como agradecimento perene a Deus, por lhes terdado a terra que lhes fornecia o sustento.

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    25-26b - No comportamento de Davi, o que Jesus provou?Se o grande Davi relativizou severa lei do culto para matar a fome de seus

    soldados, muito mais podiam os apstolos de Jesus em igual premncia, isentar-sede uma proibio feita pela arbitrariedade dos fariseus, que chegaram a elencar 39atividades proibidas ao sbado. Dt 23,25 permite colher uma mozada de trigo em

    campo alheio, mas os fariseus no admitiam que isto se fizesse em dia santificado.Escravos da letra, perdiam o sentido da lei feita para o homem e no em desfavor dohomem.

    28 - Que "Filho do Homem"? uma expresso da lngua aramaica que s significa pessoa humana. Mas

    Jesus designa a s i mesmo com esse ttulo (que aparece 69 vezes nos Evangelhos)com o sentido que lhe d Dn 7,13-14 de Homem-celeste (Messias) que ter umreinado eterno e que todos os povos ho de servir.

    Lies de vida

    Um dever urgente, a conservao da vida ou da sade, suspende qualquer

    preceito do culto. Por amor ao dia santificado, no se pode permitir que algumsofra. Jesus coloca o homem acima da lei e faz a caridade prevalecer sobre o culto.Jesus o senhor absoluto do dia santificado: s ele pode dar-nos uma interpretaosegura da vontade do Pai. Apresentando-se como senhor do dia santo, afirma-seDeus. O dia santificado proporciona ao homem o ensejo de cuidar do sobrenaturalpara no cair no materialismo, para pr ordem na conscincia e na vida, parasantificar-se mediante o culto de Deus, as obras de caridade e gozar o descansofsico no aconchego da famlia.

    Orao

    Senhor, que eu no me torne mesquinho na interpretao

    de leis e normas de conduta, mas saiba subordin-las aoamor de Deus e do prximo. Obrigado, Senhor, pelo dia dedescanso semanal que nos proporciona um tempo derepouso, de paz, de alegria e de bem espiritual. Que eusaiba fazer do domingo o dia do Senhor, tornando acaridade, a orao e principalmente a santa missa, a maisenriquecedora experincia de Deus. Amm.

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 3 35 / 183

    CAPTULO 3

    Mc 3,1-6

    Quinta controvrsia: ainda o sbado. Cura da mo atrofiada.

    (cf Mt 12,9-15; Lc 6,6-11)

    (1) Em outro sbado, como era seu costume, novamente entrou na sinagoga para oculto da Palavra e orao comunitria. Achava-se l um homem que tinha uma dasmos atrofiada. (2) Os fariseus e escribas espiavam Jesus com m f para ver se iriacur-lo ao sbado; pretendiam nesse caso desacredit-lo diante do povo, acusando-o de violao da lei do descanso, que, segundo eles, proibia qualquer tipo deatendimento mdico, fora a emergncia de salvar uma vida. (3) Jesus, para que oacontecimento fosse evidente, e dando mais valor pessoa humana do que ao diasantificado, disse ao homem da mo seca:

    - "Levante-se e venha aqui para o meio."(4) Ento perguntou a eles:

    - "Qual das duas coisas vocs acham que se deve fazer no dia santificado: praticarum bem que nos vem mo ou omitir-se de faz-lo? salvar uma vida no sentidomais amplo da palavra praticando uma cura ou deixar que continue na triste situaode doente incurvel?"

    Eles, embaraados, calaram-se; no tinham como responder. (5) Ento, relanceandosobre eles um olhar de indignao, e interiormente contristado com a durezacalculada de seus coraes ou cegueira espiritual, violou propositalmente o preceitodeles dizendo ao homem:

    - "Estenda a mo."

    Ele a estendeu completamente curada, prova da segurana do que Jesus afirmava.(6) Os adversrios perderam o pretexto que procuravam para acusarem Jesus; nopodiam dizer que dar uma ordem, como Jesus fez, fosse um trabalho proibido emdia santificado; logo saram dali e se reuniram no primeiro concilibulo com osherodianos (seus mais ferrenhos inimigos polticos, favorveis aos dominadoresromanos) para tramarem como haveriam de liquid-lo.

    Questionrio

    1 - Qual das mos era atrofiada?A direita (Lc 6,6).

    2 -Aponte um defeito dos fariseus no qual tambm ns podemos cair.A preveno contra algum agua a vista somente para os seus defeitos e

    induz a interpretar-lhe mal as intenes. Preconceito gera dio.

    4 - O que Jesus quer dizer com estas duas perguntas?Em linguagem mais clara: permitido no dia santificado fazer um benefcio ou

    lcito deixar de faz-lo s por ser dia santificado? permitido livrar algum dumgrave incmodo no dia santo ou lcito omitir-se s por ser dia santo?

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 3 36 / 183

    5 - E sempre errado indignar-se?Indignar-se contra um mal que prejudica o ser humano virtude. Os profetas

    se indignavam contra os males sociais e os denunciavam severamente. Quem calaquando devia falar, omisso.

    6 - Quem eram os herodianos?

    Pertencentes ao partido poltico de Herodes Antipas, governador da Galilia,contrrios aos fariseus e favorveis aos romanos.

    Lies de vida

    Novamente Jesus sobrepe os deveres de caridade s leis (2,27) e normasdo culto, e coloca a omisso do bem como j a prtica de um mal. Cristianismo verdadeiro humanismo.

    Regra de vida crist no dia festivo realizar uma obra boa. Alm de preferir odia de guarda por reunir maior nmero de pessoas, Jesus escolhe quase sempre odia santificado para fazer benefcios aos necessitados, no s em caso grave; assimele ensina que esse dia se torna agradvel a Deus no s pelo culto, mas pelo bemque se fizer ao prximo. O domingo mais favorvel para o bem porque nele aspessoas tm livres as oito horas de suas atividades profissionais.

    Os chefes obstinam-se em rejeitar Jesus. Assim se fecham verdade,endurecem o corao, bloqueiam a mente com preconceitos e condenam-se a siprprios. Pretendem ser fiis ao sbado e opem-se a Deus maquinando umhomicdio. As palavras e aes de Jesus produzem neles efeito oposto (Mt 13,14-15). A cura desse homem marcou a ruptura decisiva das autoridades religiosas comJesus.

    Orao

    Que bom, Senhor, v-lo sensibilizar-se diante dosofrimento de qualquer pessoa. Torne-me mais sensvel,Senhor. Agradeo por me ensinar que o domingo no umdia bem santificado se me limito aos deveres do culto; queeu saiba torn-lo mais de Deus na prtica do interessepelos outros, quer familiares, quer no. Livre-me, Senhor,do preconceito que bloqueia a mente, endurece o coraoe me torna cego para o bem e a verdade. Que eu consigaver quanto de Deus existe em cada criatura. Amm.

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    Mc 3,7-12

    Prega e cura.

    (Mt 4,23-25; Lc 6,17-19)

    (7) Jesus percebendo nos seus adversrios a inteno de lev-lo morte, retirou-seda sinagoga e dirigiu-se com seus discpulos para o Lago de Genesar. Seguiu-oimensa multido vinda da Galilia. (8) Tambm da Judia, de Jerusalm, da Idumia,pas limtrofe ao sul de Israel, das terras do leste ou alm-Jordo, isto , a Peria, edas cercanias de Tiro e Sidnia, na Fencia ao norte, veio a ele grande multidomesmo de pagos, ao ouvir falar dos milagres que ele realizava. (9) Pediu a seusdiscpulos que lhe aprontassem uma barca para ensinar mais livremente sem que amultido o comprimisse, e para subtrair-se quando fosse necessrio. (10) que eletinha curado muita gente, de modo que todos os que padeciam de algumaenfermidade se arrojavam para ao menos tocar nele (11) Os possessos do demnio

    quando o viam prostravam-se diante dele e confessavam-lhe a divindade gritando:- "O senhor o Filho de Deus!"(12) Mas ele proibia-lhes severamente que dessem a conhecer inoportunamente suaverdadeira identidade sem uma adequada preparao, para evitar tumultos e porque estril o louvor na boca de quem no ama. Ele se dar a conhecer pelas suaspalavras e obras, e os homens o aceitaro pela f.

    Questionrio

    8 - Dentre os estados vizinhos da Galilia, o autor no citou a Samaria. Por qu?Havia inimizade poltica e religiosa entre judeus e samaritanos. Uns evitavam

    entrar nas terras dos outros para no serem molestados. Mas depois de

    Pentecostes, os samaritanos foram dos primeiros a abraarem a f crist (At 8,4-17).10 - Por que procuravam toc-lo?

    Segundo a crena do tempo, a virtude curativa e milagrosa dos taumaturgostransmitia-se atravs do toque fsico. Jesus se adapta mentalidade geral, maselogia como mais perfeita a f do centurio que dispensou a presena fsica doSenhor (Mt 8,5-10) (cf Mt 8,3; 9,21.29; 14,36; 20,34; Mc 1,41; 5,28.30; 6,56; 10,13;Lc 5,13; 8,45; 18,15; 22,51).

    12 - Por que no permite ao demnio falar essa verdade?A "profisso de f" em Jesus feita pelo demnio no aceita para evitar

    sensacionalismo e ambiguidade: seria o pai da mentira ensinando a verdade. Entoo demnio no seria to mau como o pintam. A vida e a atividade do demnio noso um testemunho de que Jesus o Filho de Deus. Para ensinar essa verdade preciso viv-la, preciso estar em comunho com Deus (cf Mc 1,25.34).

    Lies de vida

    A busca de Jesus por parte da multido tem muito de interesse pessoalporque visa libertao dos males corporais. Mas inegvel a irresistvel fora deatrao da pessoa do Mestre. Reconhecem nesse homem incomum virtudes divinas

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    EVANGELHO COMPLETADO - SO MARCOS PRIMEIRA PARTE CAPTULO 3 38 / 183

    que acreditam se irradiem como poderes mgicos. De um lado o entusiasmo damultido que se afeioa a Jesus, e, do outro lado, a crescente oposio dosadversrios que lhe tramam a morte. Por sua vez Jesus deixa patente que seu podersobre doenas e demnio est em sua palavra. Quem a acolhe, quem dela seembebe, expulsa o demnio de sua vida. Jesus ser sempre o mdico dahumanidade enferma no ntimo do seu ser.

    Orao

    Que meu interesse em procur-lo, Senhor, no se limite aodesejo de me ver livre de males fsicos ou de problemascruciantes, mas muito mais porque sua Palavra abre ohorizonte de minha vida, porque o Senhor meu nicoSenhor, meu Deus, meu salvador, aquele que me resgatoudo poder do mal. Tenho muito mais a agradecer o que sou,do que a pedir novos favores. Por isso, nunca cessar emminha boca o louvor do Senhor, cuja bondade no temlimites. "Indo e vindo / Trevas e luz / Tudo graa / Deusnos conduz". Amm.

    Mc 3,13-19

    Vocao dos apstolos.

    (Mt 10,1-4; Lc 6,12-16)

    (13) Depois subiu ao monte das Bem-Aventuranas para orar com vistas aochamamento dos apstolos. De manh, como um soberano que escolhe seusministros, ou um senhor que dispe do que lhe pertence, chamou a si, dentre os

    seus discpulos, os que ele quis. Eles responderam livremente ao chamado e forampara junto dele. (14) Sem considerar as diferenas, as categorias, os merecimentosou os defeitos, designou doze para o acompanharem com tempo integral, seremmais cuidadosamente instrudos na Palavra e testemunhas oculares das obras doMestre, e para os enviar, como imediatos colaboradores seus, a pregar, (15) com opoder de expulsar os demnios e confirmar com milagres o anncio da Boa Nova(6,7). (16) Os doze eleitos, ncleo primordial da Igreja, so estes: em primeiro lugarSimo (que significa pedra, rocha, Jo 1,42) em vista da misso particular que lheconferiria como chefe; (17) Tiago Maior e seu irmo Joo, aos quais deu o apelido deBoanerges, ou seja, filhos do trovo; com Pedro compunham o trio predileto deJesus; eram filhos de Zebedeu e Salom. (18) Tambm Andr, originrio de Betsaida

    como seu irmo Pedro. Filipe, tambm de Betsaida, dos primeiros quatro a seguirJesus (Jo 1,43). Bartolomeu, que significa filho de Tolmai, natural de Can daGalilia (Jo 21,2); seu nome verdadeiro Natanael, que quer dizer dom de Deus; foiconduzido a Jesus por Filipe (Jo 1,45). Mateus, o publicano, cognominado Levi (Mc2,14; Lc 5,27). Tom, que significa gmeo (ddimo em grego), de proverbialincredulidade. Tiago Menor, parente de Jesus (6,3), filho de Alfeu (ou Clofas ouClopas, formas diversas do mesmo nome) e de Maria (15,40). Judas, chamadoTadeu (ou Lebeu, do povoado de Lebba na Galilia), irmo de Tiago Menor (At 1,

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    13; Lc 6,16; Jd 1), parente de Jesus. Simo, do partido dos zelotas (que Mt 10,4chama o Cananeu), (19) e Judas Iscariotes (que significa homem da aldeia de Cariot),nico apstolo da Judia e que foi o traidor.

    Questionrio

    13a - Pedro, Andr, Tiago e Joo j tinham sido chamados ao seguimento de Jesus(Mc 1,16-20). Que sentido tem este outro chamado?

    O primeiro chamado tornou-os discpulos (Lc 10,1). Agora, dentre os 72discpulos Jesus chama 12 para serem apstolos. um momento decisivo na vidade Jesus: enquanto os adversrios deliberam a sua morte, ele forma o grupo quecontinuar a sua misso divina entre os homens.

    13b - Deus nos escolhe ou d suas graas segundo os merecimentos de cada um?Se assim fosse, no seria mais graa, isto , dom gratuito, e sim um direito

    que a pessoa teria de receber favores. Deus d independentemente de nossosmritos. D porque Pai. A graa santificante o prprio Deus fazendo-se dom aoshomens para que participem de sua condio divina. O homem, pela maior ou

    menor correspondncia, faz que a graa cresa ou diminua.14-15 - Com base nestes dois versculos mostre o que ser apstolo de Jesus.

    Apstolo ser chamado por Jesus a uma comunho de vida e de destino comele; como companheiro, seguir-lhe os passos todos; como aprendiz, ouvir bem o queele ensina. Ser testemunha de tudo o que ele faz; ser enviado a pregar o Evangelhoprolongando sua misso; e libertar as pessoas de todo o mal. Mais do que combatero mal, Jesus implantava o bem.

    16a - O que nos evoca esse nmero doze?Corresponde aos doze patriarcas do povo de Israel. Jesus est estruturando

    sua Igreja, o povo da Nova Aliana, sobre as doze colunas dos apstolos (Gl 2,9),que continuaro a misso dele de ensinar, santificar e governar o rebanho, vocaoque ultrapassa a de simples discpulo. Os Doze constituem o Colgio Apostlico,grupo estvel at o fim dos tempos (Ap 21,14; Mt 28,20) com um chefe de maiorresponsabilidade entre eles (Jo 21,15-17). Sucessores dos apstolos so os bisposem unio com o sucessor de Pedro, o papa, secundados pelos presbteros. O termo"pedra" no qualifica o carter de Pedro, e sim a funo que Jesus lhe confia. Essacomunidade de Jesus de pecadores; h um publicano (Mt 10,3) que pactua comos romanos; h um zelota (Lc 6,15) radicalmente contrrio aos dominadoresestrangeiros. Nesse elenco dos Doze, Mc isola Pedro de seu irmo Andr e o une aTiago e Joo, porque os trs vo tornar-se as testemunhas privilegiadas deacontecimentos marcantes, como a ressurreio da menina (5,37), a transfigurao(9,2) e a agonia no Getsmani (14,33). Judas ocupa sempre o ltimo lugar,estigmatizado pelo sinete da traio. o tenebroso mistrio da iniquidade, ou seja,do pecado, do qual a Igreja composta de pessoas livres no est isenta, apesar desua Cabea ser o Cristo.

    16b - H outras passagens em que Pedro ocupa lugar destacado acima dos outrosapstolos?

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    Nos quatro elencos dos apstolos, Pedro ocupa sempre o primeiro lugar, posiode preeminncia (Mt 10,1-4; Mc 3,13-19; Lc 6,12-16; At 1, 12-14). Em Mt 16,18-19ele "pedra" de alicerce, recebe "as chaves do Reino" com o poder particular de"ligar e desligar". Em Mt 17,26 Jesus paga imposto por Pedro. Em Lc 5,3 Jesusensina da barca de Pedro, que logo faz pesca milagrosa. Em Lc 22,31 convertido datrplice negao, Pedro recebe a incumbncia nica de confirmar na f os outros.Em Lc 24,34 Jesus ressuscitado aparece em especial a Pedro. Em Jo 21,15-17 feito chefe dos outros apstolos e de toda a grei de Cristo, isto , torna-se o primeiropapa. Em At 1,15-16 dirige como chefe a escolha de outro apstolo; em At 2,14-36faz o primeiro sermo em nome de todos os apstolos; em At 15,7-12 decide oassunto discutido no primeiro Conclio da Igreja.

    16c