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Suzana Cordeiro da Silva – Mestranda UFF Maria Inês Couto de Oliveira - MEB/UFF Vânia Matos Fonseca - IFF/FIOCRUZ ÉTICA E CIDADANIA: CONHECIMENTO DAS PARTURIENTES DE 5 HOSPITAIS AMIGOS DA CRIANÇA ACERCA DA REALIZAÇÃO DO TESTE RÁPIDO ANTI-HIV POR OCASIÃO DO PARTO, RIO DE JANEIRO, 2006. ÉTICA E CIDADANIA: CONHECIMENTO DAS PARTURIENTES DE 5 HOSPITAIS AMIGOS DA CRIANÇA ACERCA DA REALIZAÇÃO DO TESTE RÁPIDO ANTI-HIV POR OCASIÃO DO PARTO, RIO DE JANEIRO, 2006.

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Suzana Cordeiro da Silva – Mestranda UFF

Maria Inês Couto de Oliveira - MEB/UFFVânia Matos Fonseca - IFF/FIOCRUZ

ÉTICA E CIDADANIA: CONHECIMENTO DAS PARTURIENTES DE5 HOSPITAIS AMIGOS DA CRIANÇA ACERCA DA REALIZAÇÃO DO

TESTE RÁPIDO ANTI-HIV POR OCASIÃO DO PARTO, RIO DE JANEIRO, 2006.

ÉTICA E CIDADANIA: CONHECIMENTO DAS PARTURIENTES DE5 HOSPITAIS AMIGOS DA CRIANÇA ACERCA DA REALIZAÇÃO DO

TESTE RÁPIDO ANTI-HIV POR OCASIÃO DO PARTO, RIO DE JANEIRO, 2006.

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Introdução

• A epidemia do HIV/AIDS entre mulheres em idade reprodutiva vem crescendo, aumentando o risco da transmissão vertical.

• O pré-natal é o melhor momento para se rastreamento do HIV, para que possam ser instituídas medidas oportunas de prevenção da transmissão vertical (MS-PHPN, 2000).

• O Ministério da Saúde vem somando esforços para garantir a cobertura do pré-natal e de seus exames (Portaria nº 570/GM,2000).

• Deve ser oferecido o teste rápido anti-HIV para as mulheres que não fazem pré-natal ou o iniciam tardiamente e não recebem seu resultado antes da internação para o parto.

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• O trabalho de parto, como todas as situações de atenção à saúde, deve ser abordado com ética profissional, desde a adequada identificação da equipe de saúde até o respeito à intimidade e à privacidade da parturiente.

• A palavra ética tem como significado primordial o de guarita, abrigo de terceiros com sentido de proteção. Se refere sempre a práticas humanas que envolvem seres vivos, os quais podem ser “agentes” ou “pacientes” morais, isto é, atores que agem sobre os outros ou que sofrem conseqüências dos atos dos primeiros. A proteção visa dar aos indivíduos as condições necessárias para adquirir a competência da autonomia e poder exercê-la (Schramm & Kottow, 2001).

• A cidadania expressa um conjunto de direitos que dão à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida. Quem não tem cidadania está marginalizado e excluído da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (Dallari 1998).

Introdução

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• No Brasil, a primeira experiência oficial de orientação sobre modos de prevenção do HIV ocorreu em 1988 com a implantação do primeiro Centro de Orientação e Apoio Sorológico (COAS).

• Atualmente, o aconselhamento é uma das prioridades do PN-DST/AIDS que tem como meta a incorporação dessa prática, nas atividades assistenciais existentes nos serviços de saúde (MS,1999).

• O aconselhamento pauta-se na escuta ativa do cliente, por meio do contato direto, em que o profissional busca promover ou estabelecer uma relação de confiança com ele, oferecendo estratégias que lhe facilitem reconhecer-se como sujeito de sua própria condição de saúde.

Introdução

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O Manual de Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (2006) ressalta a importância do aconselhamento pré-teste e aborda aspectos éticos que precisam ser respeitados:

• reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações;

• trocar informações sobre o significado dos possíveis resultados do teste anti-HIV e o impacto na vida de cada usuário;

• explicar os benefícios do diagnóstico precoce na gravidez, tanto para o controle da infecção materna, quanto para prevenção da transmissão vertical;

• oferecer o teste anti-HIV e solicitá-lo, com o consentimento do usuário.

Introdução

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Objetivo Geral

• Verificar se os preceitos éticos e de cidadania envolvidos na realização do teste rápido anti-HIV são respeitados

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Objetivos específicos

• Identificar o grau de conhecimento das mulheres sobre a realização do teste rápido anti-HIV no período de internação para o parto.

• Analisar como as mulheres se sentiram fazendo o teste rápido anti-HIV.

• Identificar em que momento as mulheres receberam o resultado do teste rápido anti-HIV em relação ao momento do parto.

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• Trata-se de um estudo transversal que faz parte do projeto de pesquisa “Gênero, Poder e Cidadania: a mulher é sujeito no processo decisório da amamentação ao nascimento quando o status de HIV é ignorado pelo serviço?” financiado pelo CNPq –Edital 045/2005 - Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos.

• Este projeto de pesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do IFF/FIOCRUZ e da SMS-RJ.

Método

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Método

População de Estudo

• Todas as mulheres que realizaram teste rápido anti-HIV por ocasião do parto e permaneceram em alojamento conjunto.

Cenário:

• 5 Hospitais Amigos da Criança do Sistema de Gestação de Alto Risco do Município do Rio de Janeiro entre 11 de setembro e 11 de dezembro de 2006.

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Fontes de dados:

• Levantamento diário, no livro do laboratório, das mães submetidas ao teste rápido anti-HIV

• consulta aos prontuários das mães

• entrevistas com as mães

Coleta de dados:

• Feita por acadêmicos de enfermagem ou enfermeiros treinados e supervisionados pelos pesquisadores.

Método

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MétodoInstrumentos:

1) mapa diário para verificação dos critérios de elegibilidade e coleta de dados dos prontuários das mães

2) questionários semi-estruturados contendo perguntas relativas a condições sócio-econômicas, reprodutivas e de assistência à saúde;

Todos os questionários foram aplicados mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme Resolução 196/96.

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Critérios de inclusão:

• Mães que permaneceram em alojamento conjunto com seus bebês

Critérios de exclusão:

• Mães de bebês que nasceram com APGAR <7 no 5º min

• Mães ou bebês que ficaram internados em Unidade Intensiva por qualquer período de tempo.

Método

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Método

Neste estudo entende-se que as mulheres foram aconselhadas e que os preceitos éticos e de cidadania foram respeitados quando:

1- a mulher foi informada da realização do teste rápido anti-HIV;

2- a mulher recebeu explicações sobre o porquê da realização do teste rápido anti-HIV;

3- a mulher recebeu o resultado do teste rápido anti-HIV.

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Perfil Geral das Mães (11set a 11dez 2006)

N %

88,9%955Total de mães entrevistadas

3,9%42Total de recusas

23,1%322Total de excluídas

7,2%

100 %

28,5%

38,1%

61,9%

100%

1396Total de mães que fizeram teste rápido anti-HIV

1074Total de mães elegíveis

3030Total de partos normais

77Total de perdas

1865Total de partos cesáreos

4895Total de partos

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Resultados

Características das Mães que fizeram teste rápido anti-HIV (n=955)

Escolaridade

34,3%

6,9%2,2%

3,8%

52,8%

Nenhum

1 a 3

4 a 7

8 a 11

12 e mais

Idade

26,6%

64,6%

8,8%

13 a 19

20 a 34

35 ou mais anos

Cor24,0%

27,4%

45,1%

3,5%Branca

Parda

Preta

Outra Cor

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ResultadosPerfil de Pré-Natal das Mães que fizeram teste rápido anti-HIV (n=955)

Início de Pré-Natal (n=951)

8,6%

35,1%45,1%

11,2%

Não Fez Pré-Natal

1º Trimestre

2º Trimestre

3º trimestre

Fizeram exame Anti-HIV

(n=873)

85,1%

12,7% 2,2%

Sim

Não

Não Sei

Resultado do exame (n=745)

0,4%

20,5%

79,1%

Negativo

Positivo

Não sabe

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ResultadosMS: o teste só deve ser feito mediante aconselhamento e consentimento verbal da mulher.

Conhecimento das mães sobre a realização do Teste Rápido Anti-HIV

Você recebeu explicação sobre a realização deste exame da AIDS?

100%55,5%42,0%

Total (931)NãoSim

100%22,5%2,5%75,0%

Total (955)Não seiNãoSim

Depois que você entrou no hospital para ter bebê, foi feito o exame da AIDS?

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100,0955Total

1,413Não lembro ou não sei

2,221Outro

3,533Exame vencido

4,240Não fez no pré-natal ou não saiu o resultado

5,048Para o bebê não ter risco

5,452Porque é rotina

7,975Não trouxe exame do pré-natal

15,4147Para poder amamentar

55,1526Não receberam explicação alguma

%N

O QUE EXPLICARAM SOBRE EXAME DA AIDS NO HOSPITAL

Resultados

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100%52,9%0,6%46,5%

TotalNão seiPositivoNegativo

Você sabe o resultado deste exame da AIDS?

0,9%52,9%30,3%15,9%

Não lembro o momentoNão sei o resultadoDepois do PartoAntes do Parto

Quando soube o resultado deste exame da AIDS?

Resultados

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Resultados

20,6197Segurança

31,0296Aceitação sem envolvimento

100955Total

3,735Não informou

8,480Confiante

9,692Ansiedade

12,6120Não informada

14,1135Indiferença

%N

Como a mãe se sentiu fazendo o teste rápido anti-HIV

Sentimento das mães em relação à realização do teste rápido anti HIV na internação para o parto.

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Conclusões

O preceito ético de participação das mulheres como sujeitos na tomada de decisão quanto à realização do teste rápido anti-HIV e de seus direitos em relação ao conhecimento do seu resultado a tempo de serem tomadas medidas adequadas de prevenção da transmissão vertical não foram respeitados no cenário do presente estudo.

O preceito ético de participação das mulheres como sujeitos na tomada de decisão quanto à realização do teste rápido anti-HIV e de seus direitos em relação ao conhecimento do seu resultado a tempo de serem tomadas medidas adequadas de prevenção da transmissão vertical não foram respeitados no cenário do presente estudo.

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Referências • Carvalho RL. et al. Teste rápido para diagnóstico da infecção pelo HIV em parturientes. Revista

Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2004; 26, 325-8.

• Dallari, D. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14.

• De Oliveira, MIC; Alves, WH; Souza, IEO; Souza, MHN; Fonseca, VM; Da Silva, KS; Esteves, TMB. Gênero, Poder e Cidadania: a mulher é sujeito no processo decisório da amamentação quando o status de HIV é ignorado pelo serviço? Edital 045/2005 – Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos, 2005.

• Ekpini ER, Wiktor SZ, Satten GA, Adjorlolo-Johnson GT, Sibailly TS, Ou CY, Karon JM, BrattegaardK, Whitaker JP, Gnaore E, De Cock KM, Greenberg AE. Late postnatal mother-to-child transmission of HIV-1 in Abidjan, Côte d’Ivoire. Lancet.1997;349:1054-9..

• Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde - Secretaria de Atenção à Saúde. Manual normativo para profissionais de saúde de maternidades da Iniciativa Hospital Amigo da Criança -Referência para mulheres HIV positivas e outras que não podem amamentar. Brasília: 2004.

• Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Manual de Controle Doenças Sexualmente Transmissíveis DST. Série Manuais n°°°°68. 4a Edição, Brasília, DF, 2006. da Iniciativa Hospital Amigo da Criança - Referência para mulheres HIV positivas e outras que não podem amamentar. Brasília: 2004.

• Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Pré-Natal e Puerpério: Atenção Qualificada e Humanizada. Manual Técnico. Série A. Normas e Manuais técnicos Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos- Caderno no 5. Brasília 2006.

• Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Princípios e Diretrizes. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília:2004

• Portaria nº 570/GM, 2000.

• Schramm, F. R. & Kottow, M, 2001. Principios bioéticos en salud pública: limitaciones y propuestas, Cadernos de Saúde Pública, 17(4): 949-956