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EVANGELHOS SINÓTICOS 1. A Questão Sinótica 2. O Evangelho de Marcos 3. O Evangelho de Mateus 4. O Evangelho de Lucas 1. A Questão Sinótica: teorias antigas... Antes de apreciarmos a teoria das duas fontes que, atualmente, recebe maior crédito, olhemos brevemente às teorias precursoras. Há diversas teorias que procuram explicar o complexo fenômeno do incontestável “fato sinótico”. Como explicar as marcantes semelhanças e importantes diferenças, a concordia discors, entre os evangelhos sinóticos? Detenhamo-nos em três delas: a) A teoria da Ordem Canônica – No De Consensu Evangelistarum, Santo Agostinho ocupou-se da questão. Segundo ele, Mt é o evangelho mais antigo que Mc abreviou ao passo que Lc fez uma síntese de ambos. b) A teoria do Evangelho Fundamental – Preconizada por Lessing (séc. XVIII), esta teoria entende que o Evangelho Fundamental (também chamado Evangelho dos Nazarenos) é um escrito apostólico, em aramaico, do qual os três sinóticos teriam tido origem. c) A teoria da Dependência Mútua – Esta teoria proposta por Griesbach, também no séc. XVIII, afirma ser Mt o evangelho mais antigo, do qual Lc depende. Mc, por sua vez, teria feito síntese dos outros dois. Ainda hoje aceita em âmbitos anglo- saxões, fora acolhida pela Escola de Tübingen porque apoiava a tripartite divisão do cristianismo antigo: Mt, evangelho da tradição petrina, judeu-cristã; Lc, evangelho da tradição paulina do cristianismo gentílico-paulino; Mc, evangelho da solução católica de síntese. A Teoria das Duas Fontes Passemos, agora, à Teoria das Duas Fontes. Proposta independentemente em meados do séc. XIX, por Wilke e Weisse. Depois foi reelaborada e tornou-se quase dogma em alguns ambientes, sobretudo alemães.

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Page 1: EVANGELHOS SINÓTICOS 1. A Questão Sinótica: teorias antigas · e original de Jesus através de tradições próprias (Para todo bloco relativo à “Questão Sinótica”, cf

EVANGELHOS SINÓTICOS

1. A Questão Sinótica 2. O Evangelho de Marcos 3. O Evangelho de Mateus 4. O Evangelho de Lucas

1. A Questão Sinótica: teorias antigas... Antes de apreciarmos a teoria das duas fontes que, atualmente, recebe maior crédito, olhemos brevemente às teorias precursoras. Há diversas teorias que procuram explicar o complexo fenômeno do incontestável “fato sinótico”. Como explicar as marcantes semelhanças e importantes diferenças, a concordia discors, entre os evangelhos sinóticos? Detenhamo-nos em três delas: a) A teoria da Ordem Canônica – No De Consensu Evangelistarum, Santo Agostinho ocupou-se da questão. Segundo ele, Mt é o evangelho mais antigo que Mc abreviou ao passo que Lc fez uma síntese de ambos. b) A teoria do Evangelho Fundamental – Preconizada por Lessing (séc. XVIII), esta teoria entende que o Evangelho Fundamental (também chamado Evangelho dos Nazarenos) é um escrito apostólico, em aramaico, do qual os três sinóticos teriam tido origem. c) A teoria da Dependência Mútua – Esta teoria proposta por Griesbach, também no séc. XVIII, afirma ser Mt o evangelho mais antigo, do qual Lc depende. Mc, por sua vez, teria feito síntese dos outros dois. Ainda hoje aceita em âmbitos anglo-saxões, fora acolhida pela Escola de Tübingen porque apoiava a tripartite divisão do cristianismo antigo: Mt, evangelho da tradição petrina, judeu-cristã; Lc, evangelho da tradição paulina do cristianismo gentílico-paulino; Mc, evangelho da solução católica de síntese.

A Teoria das Duas Fontes Passemos, agora, à Teoria das Duas Fontes. Proposta independentemente em meados do séc. XIX, por Wilke e Weisse. Depois foi reelaborada e tornou-se quase dogma em alguns ambientes, sobretudo alemães.

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O que diz a Teoria das Duas Fontes? Mc é o evangelho mais antigo e o criador do gênero literário “Evangelho”. Este texto serviu de referência para Mt e Lc. Contudo, Lc e Mt possuem material comum, inexistente em Mc. Donde provém? Os estudiosos convencionaram chamar de Fonte Q (do alemão, “Quelle”) a outra fonte comum a Mt e Lc. Seria um escrito contendo sobretudo uma coleção de palavras, os ����� (lóghia = ditos) de Jesus.

Teoria das Duas Fontes (1) A Teoria das Duas Fontes conhece várias expressões, sintetizáveis em três, muito parecidas: � Na origem de tudo, encontra-se o “Evento Jesus”. A partir dele, começa a pregação apostólica que, por sua vez, é recolhida em tradições primeiro orais e depois escritas. Destas tradições teriam surgido dois textos: a Fonte Q (± 50 – 60 d.C.) e o atual Evangelho de Marcos (± 64 – 70 d.C.). Destes dois textos, Mt (anos 80) e Lc (anos 80) teriam encontrado grande parte de seu material, além de ter acesso ao “Evento Jesus” mediante fontes particulares.

A Teoria das Duas Fontes (2) � A outra versão também remete suas origens ao “evento Jesus” do qual se origina a pregação apostólica, desdobrada em tradições orais e escritas. Junto à Fonte Q, esta versão crê ter existido um texto evangélico original, o de Mateus Aramaico. Estes dois textos teriam servido de fonte para os atuais evangelhos de Mc, Mt e Lc. Os três, porém, além dessas fontes comuns, teriam acessado ao evento primordial

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e original de Jesus através de tradições próprias (Para todo bloco relativo à “Questão Sinótica”, cf. Aguirre Monastério, R., e Rodrigues Carmona, A., Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos, p. 59-77).

O Evangelho de Marcos

Introdução Por muito tempo, o Evangelho de Marcos foi considerado um resumo de Mateus e, por isso, posterior. Foi relegado a segundo plano. Voltou a receber mais atenção quando se descobriu ser o primeiro dos atuais quatro Evangelhos. É o mais breve dos Evangelhos, com 680 vv. (Mt: 1.068 vv.; Lc: 1.149vv.) e o único que se apresenta sob tal título (Mc 1,1). Antiga tradição atribui o segundo evangelho a Marcos, embora seu nome não apareça, pois se trata de um texto anônimo.

1. Autor e destinatários, local e data do Evangelho de Marcos Quem é Marcos? Seria o João Marcos que aparece em At, filho de Maria, em cuja casa a comunidade de Jerusalém se reunia e para onde se dirigiu Pedro após sua miraculosa libertação (cf. At 12,12-17)? Talvez seja ele o discípulo

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anônimo de Mc 14,51. Sabemos que Marcos era primo de Barnabé (cf. Cl 4,10). Foi companheiro dele e de Paulo, na primeira viagem missionária (cf. At 12,25; 13,5). Por sua causa Barnabé e Paulo se desentenderam (cf. At 15,36-39). O certo é que mais tarde João Marcos aparece ao lado de Paulo. Em Cl 4,10 o autor que se coloca nas vestes de Paulo o recomenda à comunidade de Colossas. Fm 1,24 menciona-o como cola-borador de Paulo. Em 2Tm, o autor pede que Timóteo leve Marcos a Roma porque lhe seria útil no ministério.

Mc: escrito em Roma? A presença de Marcos em Roma também é confirmada por 1Pd 5,13. A partir deste testemunho tornou-se opinião comum que Marcos tenha escrito seu evangelho para os cristãos de Roma, em base à pregação de Pedro (de acordo com Pápias, séc. II). Essa opinião recebeu muitos adeptos devido aos múltiplos barbarismos latinos que se encontram em Mc. Na mesma época, porém, também Paulo se encontra em Roma. Pelo texto de Rm sabemos que a comunidade de Roma já existia bem antes de Paulo e Pedro chegarem à capital do Império e tinha destaque entre as comunidades (cf. Rm 1,8; 16,19). O local das liturgias eram as casas (cf. Rm 16,3-5.10-11.14-15) e o ministério era exercido também por mulheres (cf. Rm 16,1.6). Existe, também, a hipótese de que uma 1ª redação do Evangelho de Marcos tenha sido escrito na Galiléia, por volta do ano 68. A comunidade de Roma, bem como o cristianismo palestinense, passava por sérias turbulências na época da redação final de Mc. Tiago, líder de Jerusalém, fora martirizado em 62 e os romanos arrasariam Jerusalém no ano de 70. No recrudescimento da perseguição de Nero, contra os cristãos em Roma (64-67), foram martirizados Pedro e Paulo. As incertezas eram grandes. Esperava-se o imediato retorno de Jesus (Mc 9,1), o que justificava acentuado desprendimento (cf. Mc 1,17; 2,14-15; 3,13; 6,8-9; 10,21). Em tal contexto o autor instrui a comunidade acerca de Quem é Jesus e Como ser discípulo de Jesus, a partir dos gestos e palavras do Mestre, espalhados em vários documentos. Dessa forma, surgiu um jeito inédito de

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evangelizar, atribuído a João Marcos, sob o título de “Evangelho”. Estudiosos preferem situar Marcos em ambientes antioquenos, onde teria sido escrito entre 64 e 70. O estudo de Mc recebeu grande impulso nos anos 60 do século passado, com a História da Redação (Redaktionsgeschichte). Mc possui 16 capítulos (Mc 1,1 – 16,8), a saber que o texto de Mc 16,9-20 é um apêndice posterior, acrescentado antes do ano 150. A tradição cristã mostra Marcos ligado a Pedro que o considera filho espiritual (1Pd 5,13) e o seu Evangelho teria sido escrito a partir da pregação e de informações do mesmo Pedro. É o mais antigo dos quatro Evangelhos canônicos, escrito ao final dos anos de 60 d.C. Segundo a tradição, depois das missões em Chipre e Roma, foi para a Alexandria e martirizado em 74. Em 829 suas relíquias foram levadas de Alexandria para Veneza, onde Foi construída uma basílica em sua memória. Sua Festa litúrgica é 25 de abril.

3. Chaves de leitura ou temas importantes de Mc 3.1. A Boa Nova: Jesus Cristo é a Boa Nova; 3.2. O Messias, anunciador do Reino de Deus; 3.3. O Filho de Deus; 3.4. O segredo Messiânico; 3.5. O discipulado; 3.6. O conflito na vida de Jesus.

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Os momentos altos da proclamação de fé em Jesus

u Mc 1,1: “Começo da Boa Notícia de Jesus, o Messias, o Filho de Deus”; v Mc 8,29: “Tu és o Messias!” w Mc 15,39: “De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!”

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3. O Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus

3.1. Quem é Mateus? A comunidade de Mateus foi constituída por maioria de judeu-cristãos, mas separada do judaísmo e em polêmica com ele: Só neste contexto explicam-se textos como Mt 21,43 e Mt 27,24-25; Mateus, portanto, é um Evangelho da comunidade cristã cuja maioria veio do judaísmo, com relevante presença de judeu-helenistas que também acolhe fiéis provindos do paganismo; A comunidade estava separada do judaísmo e em aberto conflito com ele; A mesma comunidade, porém, também tem seus problemas internos como: pouca fé, falsos profetas, e escândalos; Pelo uso que faz da Escritura e da Tradição judaica, o autor é um rabino convertido que estaria bem retratado em Mt 13,52 (Veja as notas da BJ e TEB).

3.2. Onde e quando situar a comunidade que produziu o Evangelho de Mateus?

Provavelmente é Antioquia, nos anos 80 d.C., o berço de Mt. A cidade tem uma importante colônia judaica, marcada pelo helenismo. Mas há que se considerar várias fases do processo redacional.

3. Chaves de leitura para a compreensão de Mateus (1) j Jesus é Emanuel, “Deus conosco”. Em Mt 1,23 Jesus é assim anunciado, antes de nascer.

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Ao longo do Evangelho o autor mostra de que jeito, em Jesus, Deus está conosco (Mt 18,20). Ao final do Evangelho, nos discurso missionário e de despedida (Mt 28,20), Jesus garante que estará sempre conosco. k Jesus é o Messias. Anunciado pelas Escrituras e aguardado pelo povo, ei-lo presente, realizando as Escrituras, salvando o povo de todas as suas misérias. Ele é o Ungido/Messias de Deus, Filho de Deus. É o filho de Abraão e o herdeiro de Davi (Mt 1,1). l Jesus é o anunciador e semeador do Reino. O Reino já está próximo (Mt 3,2; 4,17). É o próprio Jesus que está sempre conosco, disponível, acolhedor. m Jesus é o novo Moisés. Moisés foi salvo das águas, Jesus do massacre; Moisés deu a Lei na montanha do Sinai, Jesus deu a Lei nova na montanha das bem-aventuranças; Moisés tinha o rosto resplandecente, Jesus foi transfigurado (Ex 34,29-30; Mt 17,2). n Jesus é o comprometido com os pobres. Aos pobres é, primeiramente, anunciado o Reino (Mt 5,3). Quando os pobres forem evangelizados, o Reino terá chegado (Mt 11,5). Os pobres são mais sensíveis do que os sábios e ricos (Mt 11,25). Neles Jesus está particularmente presente (Mt 10,42; 25,35-46). oA comunidade dos discípulos é herdeira do destino e da missão de Jesus. Os discípulos são companheiros na missão, da qual as multidões são destinatárias. As incompreensões ou as compreensões parciais e imperfeitas são ocasião para Jesus ensinar.

Mt: Evangelho do Pai?... Enquanto Mc é mais mais cristológico e Lc é o Evangelho do Espírito Santo, Mt dá grande ênfase ao Pai. Muitas vezes Jesus fala de Deus como do Pai nosso (21 vezes contra 5 de Lc); o seu Pai (18 vezes, contra 6 de Lc e 3 de Mc). Veja: Mt 10,29 (cf. Lc 12,6); Mt 10,20 (cf. Lc 12,12); Mt 20,23 (cf. Mc 10,40). Algumas parábolas exclusivas de Mt, são verdadeiras “parábolas do Pai”: a parábola do servo infiel (18,23-35, cf. v. 35), a parábola dos trabalhadores na vinha (20,1-12), a parábola das bodas reais (22,1-14; cf. Lc 14,16-24), a parábola dos dois filhos (21,28-31), a parábola do joio e do trigo (13,24-30; cf v. 27).

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Mt: Evangelho da justiça... Mt é o Evangelho da Justiça:

Mt 3,15; 5,6; 10,20; 6,1.33; 21,32... j Jesus nasce no ambiente de um homem justo (1,19); k As primeiras palavras de Jesus neste Evangelho são: “deixe como está, pois convém que cumpramos toda a justiça” (3,15); l A busca fundamental nossa deve ser “o reino dos céus e sua justiça” (6,33); m O julgamento de Deus será pela justiça e misericórdia que praticamos (25,31-46); n O tema da “recompensa” aparece muitas vezes.

Pai Nosso em Mateus e em Lucas Mt: Pai nosso, que estás no céu, 1 santificado seja o teu Nome, 2 venha o teu Reino; 3 seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 4 O pão nosso de cada dia dá-nos, hoje. 5 Perdoa-nos as nossas dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores. 6 E não nos submetas à tentação, 7 mas livra-nos do maligno. (Amém). Lc: Pai, 1 santificado seja o teu Nome; 2 venha o teu Reino; 3 Dá-nos a cada dia o pão cotidiano; 4 perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; 5 e não nos deixes cair em tentação.

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Mt 18, 1 – 35: ensaio de sociedade alternativa (Reinado de Deus x Império Romano)

Mt 18,1-5: Quem é o maior? É aquele que se faz pequeno, que serve (Mt 20,24-28). Será a comunidade capaz de vencer as tentações (prestígio, poder, riqueza), como Jesus (cf. Mt 4,1-11)? ���� ou �������: criança, pequeno, servo; ���� ����... Mt 18,6-7: Não fazer tropeçar ou escandalizar. Ortodoxia e ortopráxis têm que coincidir, andar juntas, “bater”… Escândalo é ensinar uma coisa (como deve ser) e viver outra (como faz a sociedade discriminadora). Por isso o discípulo deve mudar radicalmente o modo de ver, agir, caminhar. Ver Mt 11,25-30. Mt 18,8-9: É preciso arrancar o mal pela raiz: extirpar a raiz do ver errado (olho), do agir falso (mão), do caminhar pela estrada perversa (pé). Mt 18,10-14: Cuidado mútuo… Aqui trata-se de quem é escandalizado. Comunidade que escandaliza x fiel, pequeno escandalizado. O pequenino reencontrado dá mais alegria que os 99 que o escandalizaram. Quem mais precisa de ajuda num dado momento é o mais importante e cuja reabilitação dá maior alegria. O v. 12 fala, não de quem se perdeu, mas de quem é perdido (��������, 3ª p. sg., Aor. Subj. Pas. de ������) ≠ Lc 15,4-7… Mt 18,15-18: Agora fala-se do escandalizador que precisa ser admoestado e reabilitado na comunidade. Todos podem errar e, mesmo assim, merecem manter o bom nome, a boa fama. Por isso, a recuperação respeita o triplo itinerário: a) falar a sós, sabendo que o interlocutor tem direito a não aceitar; b) intervir com uma ou duas testemunhas; c) recorrer à comunidade. Caso não acolha a posição da comunidade, dela se exclui. Ainda assim, a comunidade deverá continuar a procurar reabilitá-lo (cf. Mt 18,11). Confrontar Mt 16,19 e 18,18... Mt 18,19-20: A genuína oração em comum é capaz de manter a harmonia da comunidade ou de reconstruí-la. Quando nos reunimos em nome do Senhor e operamos com seus critérios, não há como incorrer na injustiça e, então, Jesus se faz presente e nos atende. Mt 18,21-22: O perdão reiterado e incessante. Sempre há falhas que sempre precisam ser perdoadas para que a

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convivência seja possível e o testemunho eficaz. Agora não se trata de pecado público mas ofensa pessoal. Para os judeus, perdoar 4 vezes era o máximo. Pedro dá um passo generoso: dispõe-se a perdoar 7 vezes (perfeito objetivamente, mas limitado). Jesus olha para a vida: sempre se peca e, por isso, sempre é preciso perdoar (7x70). Ver Gn 4,24: perdoar proporcional ao desejo de vingança... Mt 18,23-25: Aqui considera-se o fato da dívida para com Deus que perdoa sempre, e muito. 10.000 talentos (talento equivale a ± 34 quilos de ouro) são, aproximadamente 340.000 quilos de ouro. Eis uma cifra fantástica, astronômica. É uma dívida impagável, nada e ninguém é capaz de saldá-la. Mt 18,26-27: Em decorrência do episódio precedente vem, agora, o mais espantoso e surpreendente, em duas versões: a) ao perdão implorado, o rei se compadece e perdoa tudo. Assim, o perdão recebido, dever ser repartido, estendido. O perdão fraterno decorre do perdão que cada qual já recebeu de Jesus. Em nome do seu perdão, Deus nos deu o direito, o dever e o poder de também perdoar. Ver Lc 7,47-48. Mt 18,28-34: Novamente espantoso! O devedor de muito é também credor de pouco (uma soma irrisória se comparada àquela da qual foi perdoado): 100 denários equivalem ao salário de 100 dias de trabalho. Talvez seja o retrato da comunidade quando não sabe perdoar como o Mestre. Conclusão (Mt 18,35): Deus é critério e nós o fazemos tal... Mt 6,12 (5,48; 7,12 + Jo 13,34; 15,12).

Evangelho da Infância em Mt Pelo anúncio a José, Jesus é (Mt 1,18-25): u Obra do Espírito (1,20); v Salvador (1,21); w Cumprimento da Escritura (1,22); y Emanuel. Os magos... Gaspar, Melchior, Baltasar; Oferecem: Ouro ao Rei, Incenso a Deus, Mirra ao Homem.

Olha os Magos chegando... Jesus nasceu em Belém e no distante Oriente os Magos viram a Estrela do seu aparecimento. A cidade de Jerusalém, que abolira as estrelas, nada percebeu.

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Quando, porém, os Magos chegaram, foi aquele alvoroço: Quem são? Donde vem? O que desejam? Procuram o Rei, pensando que se encontrava na casa do rei. Mas o rei só tem presente, não sonha futuro. Carrega coração de pedra, não dança com as estrelas. Fica apavorado, e Jerusalém com ele. Tem as Escrituras que, no entanto, estão esquecidas, como se estivessem sumidas. Mas elas vivem e sabem, podem informar. E falam! Mas é preciso ouvir, ler e perscrutar; seguir, aprender, vivenciar. “Vão!...” Mal intencionado, Herodes não quer sair, mas deixa partir... E a Estrela, fora do espaço proibido, volta a brilhar para conduzir os peregrinos ao encontro da Luz. Em Belém, na “Casa do Pão” (לחם בית / Bet léhem), agora já tem casa e sobra pão. Ah! Lá também tem estrelas... O Menino é encontrado, com Maria sua Mãe e o fiel e justo José. Os magos oferecem o que tem e professam o significado que contém. Gaspar lhe presenteia ouro, reconhecendo-o Rei; Melchior oferece-lhe incenso, para reverenciar seu Deus; Baltasar lhe entrega mirra, lembrado de sua humanidade. O que nós vamos oferecer? Talvez não tenhamos o precioso rei dos metais, mas temos o amor que vale mais. Ofereçamo-lo! Vivamo-lo! O incenso que é para liturgias especiais pode ser substituído pela fé que ilumina as situações mais banais. Alimentemo-la! Testemunhemo-la! O Menino é encontrado, com Maria sua Mãe e o fiel e justo José. Os magos oferecem o que tem e professam o significado que contém. Gaspar lhe presenteia ouro, reconhecendo-o Rei; Melchior oferece-lhe incenso, para reverenciar seu Deus; Baltasar lhe entrega mirra, lembrado de sua humanidade. O que nós vamos oferecer? Talvez não tenhamos o precioso rei dos metais, mas temos o amor que vale mais. Ofereçamo-lo! Vivamo-lo! O incenso que é para liturgias especiais pode ser substituído pela fé que ilumina as situações mais banais. Alimentemo-la! Testemunhemo-la!

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Se a mirra nos é desconhecida, bem conhecemos o sacrifício da humana vida. Assumamo-la! Valorizemo-la! A estrela que acorda sonhos, orienta o caminho da chegada; o sonho que acorda estrelas, indica a estrada de partida. Então, é tempo de olhar o céu para descobrir as estrelas. É tempo de sondar o coração para descobrir os sonhos. É tempo de botar o pé na estrada para caminhar, partir, chegar... Fuga para o Egito e morte dos inocentes (Mt 2,13-18); O Anjo do Senhor a José (2,13); O Menino e sua Mãe (2,13); Morte dos inocentes (16-18); Cumprimento da Escritura (2,15.18). Retorno do Egito (2,19-23); O Anjo do Senhor a José (2,19); O Menino e sua Mãe (2,20); Cumprimento da Escritura (2,23).

4. O Evangelho de Lucas Introdução: prólogo de Lc 1,1-4. “Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se passaram entre nós. Elas começaram do que nos foi transmitido por aqueles que, desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra. Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever para você uma narração bem ordenada, excelentíssimo Teófilo. Desse modo, você poderá verificar a solidez dos ensinamentos que recebeu”. O escrito de Lucas não é relato de crônica e de apologia é testemunho e teologia. â Bem ao estilo da época, Lucas começa a sua obra com um prólogo, explicando seu método e intenção. â O Autor, da segunda geração cristã, não foi testemunha ocular dos fatos que narra. Recorre à pesquisa já feita por outros, a documentos já escritos. â Consulta os apóstolos e discípulos da primeira hora: testemunhas oculares e ministros da palavra. A partir disso escreve a Boa Nova de Jesus e sobre Jesus, continuada e testemunhada pela comunidade. Seu objetivo é apresentar um narração bem ordenada, coerente, didática.

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Lucas dedica a obra a Teófilo (���� + ����� (Theós + fílos) = amigo (a), amada(o) de Deus). Quem é Teófilo? u Uma espécie de mecenas, pessoa de posse, que patrocinou a obra? v Autoridade romana, a quem Lc faz uma apologia/defesa do cristianismo? w Os amado(a)s e querida(o)s de Deus, discípulos e discípulas, a quem oferece uma catequese, confirmando-os na fé? O prólogo destaca três etapas de redação: j Os acontecimentos que se verificaram “entre nós” (a vida de Jesus e a da comunidade); k O período de transmissão oral (feita por testemunhas oculares e pregadores da palavra); l A redação escrita (em ato, por obra do autor). O intuito de Lc é: Q Apresentar os feitos dos protagonistas, coisa que outros já tentaram fazer (Mc, Q); Q Oferecer uma exposição ordenada (com o quadro comum aos sinóticos); Q Fazer com que os destinatários verifiquem a solidez dos ensinamentos recebidos no primeiro anúncio. 4.1. Quem é o Autor do Evangelho de Lc-At e a Quem escreve?

Quem está por trás desse que é o maior conjunto de escritos do NT, nada menos de 37.778 palavras? O autor de Lc não se identifica, não assinou sua obra. Desde o final do séc. II é unânime o testemunho da Tradição atribuí-lo a Lucas, colaborador de Paulo: Fm 1,24; Cl 4,14; 2Tm 4,11; Marcião e Irineu... Lucas seria o “amado médico” (Cl 4,14), companheiro de Paulo. A ele, pois, a Igreja atribui o Terceiro Evangelho e o livro de Atos dos Apóstolos. Lucas é discípulo proveniente do mundo pagão (Antioquia?), personalidade cativante e coração delicado. É o único não judeu dos quatro evangelistas. Omite ou acrescenta elementos para não melindrar ou desapontar os leitores, desculpa e poupa os apóstolos (Mc 8,33 e Mt 18,23 ≠ Lc 9,18-22).

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Note-se, também, as diferentes ênfases de Lucas (At 15,1-35) e Paulo (Gl 2,11-14) na questão dos alimentos e no conflito entre Pedro e Paulo. Viveu por longo tempo em Éfeso. Teria, ali, conhecido Nossa Senhora para obter informações sobre as belas narrativas de Lc 1 – 2?

Comunidades a quem Lucas escreve Uma leitura atenta de Lc-At faz saber quem foram os seus destinatários: * Comunidades urbanas (¹ das rurais palestinenses). A palavra “cidade” ocorre 40 vezes em Lc (26 em Mt, 8 em Mc), ao passo que em At Paulo anda de cidade em cidade. * Comunidades de várias raças e muitas procedências. * Preocupação social, atenção às pessoas. * De pobres e ricos - Lucas é o único evangelista a narrar a conversão de Zaqueu (Lc 19,1-10); - aponta o perigo das riquezas (Lc 3,11; 5,11.28; 6,30; 11,41; 12,33-34; 14,13.33; 16,9; 18,22; 19,8); - mostra o contraste entre ricos e pobres nas Bem aventuranças, com interpelações diretas aos ouvintes (Lc 16,19-31). As comunidades são formadas por cristãos convertidos que continuam ligados ao Império (Lc 7,1-10); publicanos e soldados acorrem à pregação de João Batista (Lc 3,12-14). Jesus, na cruz, pede perdão aos que o matam, pois não sabem o que fazem (Lc 23,34). Lucas não quer criar problemas com o Império que, no momento, não persegue os cristãos. A máquina do Império parece-lhe oportuna para veicular o Evangelho (estradas, correio, navios). Segundo Lucas, Jesus dá especial atenção às mulheres (Lc 7, 36-50; 8,1-3; 10,38-42; 13,10-17; 15,8-10). O relato de Emaús, exclusivo de Lucas, mostra o desânimo e a decepção vividos nas comunidades. Isso foi próprio dos anos 80 – 90.

4.2. Onde e quando foi escrita a Obra de Lc – At? Não sabemos com certeza onde foi escrita a obra de Lucas. O consenso dos estudiosos é que não foi na Palestina nem em Roma. u Uma antiga Tradição retratada pelo Prólogo antimarcionita fala de Corinto (Acaia); v São Jerônimo acredita ter sido em Tessalônica (Beócia); w Há quem indique Filipos (Macedônia),

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uma vez que lá o autor (Lucas?) passa a usar o “nós redacional” (cf. At 16,10); x Hoje, os estudos críticos reconhecem Éfeso como local de redação do escrito lucano.

Quando foi escrito Lc – At ? Partimos dos extremos possíveis: [ Não antes de 62 d.C., época do último episódio relatado por At; [ Não depois de 150 d.C., época do Cânon Muratoriano (lista fragmentária dos livros do NT, em latim) e dos primeiros testemunhos sobre Lc – At. A convicção quase generalizada, entre os estudiosos, é que a obra de Lc – At foi escrita nos anos 80 – 90.

4.3. Objetivos de Lucas e Atos Sem dúvida, a obra de Lucas é de grande valor teológico. Parte de um estudo cuidadoso, de tudo quanto aconteceu desde o princípio, para que os destinatários verifiquem a solidez dos ensinamentos recebidos (cf. Lc 1,3-4). O grande acontecimento é Jesus Cristo. Fazê-lo conhecido, amado e seguido, eis o objetivo de Lc. O autor procura mostrar quem é o Senhor Jesus, o que fez e ensinou, e o que significa segui-lo. Em outras palavras, procura mostrar tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar, desde o princípio (cf. At 1,1), como os discípulos reagiram e lhe corresponderam, além de nos provocar a fazer o mesmo (cf. Lc 10,37). A comunidade de Lucas enfrenta problemas: â Com o Império Romano (≠ proposta de sociedade alternativa); â Com a sinagoga (em processo de ruptura); â Consigo mesma (no enfrentamento das desavenças e crises). Há, pois, a fazer as contas com problemas internos e perseguições externas.

Sobre a vida de Lucas São Lucas provavelmente nasceu em Antioquia da Síria. Foi educado no paganismo e exerceu a profissão de médico (cf. Cl 4,14). Convertido ao cristianismo, tornou-se amigo e colaborador de Paulo (cf. Fm 24). Homem culto, S. Lucas, é o autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos. Foi missionário entusiasmado do grupo evangelizador de Paulo. Segundo a tradição, foi martirizado na Acaia (região de Corinto).

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Seus restos mortais encontram-se na Basílica de Santa Justina, em Pádua, na Itália. É o santo padroeiro dos pintores, médicos e curandeiros. É celebrado no dia 18 de Outubro. Uma antiga tradição diz que Lucas pintou o primeiro quadro de Maria (Salus Populi Romani). A referida pintura encontra-se na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Hoje sabe-se que é obra artística posterior.

4.4. As Fontes para Lc... Evangelho de Marcos, Fonte Quelle e material próprio.

O Espírito em Jesus e nos discípulos u Jesus, cheio do Espírito: Lc 1,35; 3,22; 4,1.14.18. v Promete o Espírito Santo: Lc 3,16; 11,13; 12,12; At 1,5.8. w Jesus exulta no Espírito: Lc 10,21; x No Espírito Santo escolhe e instrui: At 1,2. y Discípulos exemplares, repletos do Espírito: â Maria (Lc 1,35.28); â Isabel (Lc 1,41); â Simeão (Lc 2,25-27); â Pedro (At 4,8); â Diáconos (At 6,3); â Estevão (At 7,55); â Barnabé (At 11,24); â Paulo (At 13,9); â Vários grupos (At 2,4; 4,31; 8,17; 10,44; 19,6); â As Igrejas (At 9,31).

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Lucas, Evangelho da Misericórdia Na língua portuguesa, a etimologia de misericórdia também nos oferece inspiradores endereços: � miser + cor = ter coração para quem é “mísero” ou menos afortunado; � outro desenvolvimento etimológico aponta à origem a partir do verbo mittere � miteri � miseri (enviar) + cor � cordia (corações) = enviar, disponibilizar o coração à cada nova pessoa encontrada, com um coração original e total para cada qual, como se tivesse tantos corações, quantas são as pessoas encontradas.

O lema do Ano da Misericórdia Misericordiosos como o Pai. Jesus ensina: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). A parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37). As parábolas de Lc 15,1-32...

Oração Senhor Jesus Cristo, misericórdia do Pai maternal feita pessoa humana para nossa salvação; Bom Pastor na Igreja e Bom Samaritano no mundo. Dá-nos sempre o teu Espírito de sabedoria: que ele nos dê lucidez para saber e discernir; que ele nos dê sensatez para saborear e decidir; que ele nos dê intrepidez para testemunhar e assumir.

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Que o Espírito nos conceda, como o fez em Maria, e por sua intercessão, o grande dom da esperança perseverante, o não menor dom da fé ardente e o ainda maior dom do amor constante. Amém!

Evangelho da Infância Lc 1 – 2 apresenta ⓐ Quatro anúncios: u A Zacarias, pelo Anjo (Lc 1,5-25); v A Maria, pelo Anjo (Lc 1,26-38); w Aos Pastores, pelos Anjos (Lc 2,8-14); x A Maria, por Simeão (Lc 2,33-35). ⓑ Quatro hinos: u Zacarias (Lc 1,68-79); v Maria (Lc 1,46-55); w Anjos (Lc 2,14); x Simeão (Lc 2, 29-32).

Oração Eu te rogo e te peço, ó Virgem Santa, que eu receba Jesus daquele Espírito, do qual tu mesma geraste Jesus. Que minh’alma receba Jesus por obra daquele Espírito mediante o qual tua carne concebeu o próprio Jesus. Que eu ame Jesus naquele mesmo Espírito no qual tu o adoras como Senhor e contemplas como Filho.

Anunciação: Paralelo entre a vocação de Gedeão (AT) e Maria (NT)

Jz 6,11-24; Lc 1,26-38. Visitação: semelhanças entre a Arca da Aliança e Nossa Senhora - 2Sm 6,1-23; Lc 1,39-43. Magnificat: O canto de Ana (AT) e o de Maria (NT) - 1Sm 2,1-10; Lc 1,46-55.

Dupla síntese sobre Jesus: u “O Menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40); v “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens” (Lc 2,52). Dupla síntese sobre Maria: u “Maria, contudo, conservava cuidadosamente todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração” (Lc 2,19); v “Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração” (Lc 2,51).