Eventos climáticos extremos: Cartografia da ocorrência de tornados no Centro-Sul do Brasil no período de 1980 a 2008 - João Endrigo Alonso Rodrigues

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    UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

    FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

    Eventos climáticos extremos: Cartografia da ocorrência de

    tornados no Centro-Sul do Brasil no período de 1980 a 2008

    João Endrigo Alonso Rodrigues

    Trabalho de Graduação Individual,apresentado ao Departamento deGeografia da Universidade de São Paulopara obtenção do título de Bacharel emGeografia.

    Orientador: Prof. Dr. Emerson Galvani

    São Paulo

    Junho de 2011

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    Eventos Climáticos Extremos: Cartografia da

    Ocorrência de Tornados no Centro-Sul do Brasil noPeríodo de 1980 a 2008.

    João Endrigo Alonso Rodrigues

    Universidade de São Paulo

    São Paulo

    Junho de 2011

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    Dedico este trabalho a todos aqueles a quedevo meus conhecimentos, bem como a todas

    as vítimas dos eventos naturais extremos. 

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    Agradecimentos

    Quero agradecer primeiramente a todos os meus professores ao longo da vida, poisde nada me valeriam as asas se não tivesse tido quem me ensinasse a voar. Esse trabalho é

    fruto da escalada passo a passo que fiz até chegar à Universidade e, neste momento,

    concluí-la, e é a todos eles que devo isso.

    O professor a quem agradeço especialmente neste momento é evidentemente meu

    orientador, Professor Doutor Emerson Galvani, cuja paciência, dedicação e admirável

    simplicidade foram as qualidades que permitiram o melhor aproveitamento possível dos

    brilhantes conhecimentos que me transmitiu para a correta execução deste trabalho.

    Não poderia deixar de fora a família e os amigos, maior suporte que uma pessoa

    pode precisar na vida para realização de qualquer meta. A eles devo uma gratidão muito

    maior do que um parágrafo jamais seria capaz de expressar.

    Aos colegas de trabalho do excepcional Laboratório de Geoprocessamento da

    Procuradoria do Patrimônio Imobiliário de São Paulo, que, além dos bons momentos com

    quem dividi, muito me ensinaram acerca das ferramentas que possibilitaram a execução

    deste trabalho. Um agradecimento especial ao Eduardo Dutenkefer, chefe e amigo que

    cedeu seu tempo ao ensinamento de enorme parte das habilidades em Sistemas de

    Informação Geográfica que possuo hoje. Outro enorme obrigado a quem primeiro me

    introduziu esses conceitos ainda em meu primeiro estágio, a ex-chefe e amiga Patrícia

    Santana.

    Por fim, agradeço aos pesquisadores Rafael Marques e Ney Francalacci

    Bittencourt Filho, da Universidade Federal de Santa Catarina, pela contribuição à minha

    pesquisa com os contatos prontamente respondidos.

    Espero não ter aqui deixado ninguém de lado, pois é com satisfação que redijoessas palavras de gratidão e dedico esse trabalho, que espero ser digno de todo o apoio que

    recebi.

    João Endrigo Alonso Rodrigues

    Junho de 2011

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    Vento que passasNos pinheirais

    Quantas desgraçasLembram teus ais.

    Quanta tristeza,Sem o perdão

    De chorar pesaNo coração.

    E ó vento vagoDas solidões

    Traze um afagoAos corações.

    À dor que ignoras

    Presta os teus ais,Vento que choras

    Nos pinheirais.

    Fernando Pessoa, 1912 

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    Resumo

    Este trabalho sintetiza e analisa as ocorrências de tornados no Centro-Sul do Brasilno período de 1980 a 2008, fazendo uso de ferramentas de geoprocessamento para tentar

    identificar os padrões espaciais e temporais desses episódios. Através de análises temáticas,

    tais ocorrências puderam ser divididas por estações do ano, discutindo os periodicidade e

    espacialidade de sua formação.

    Em um segundo momento, foi feita a análise da concentração demográfica nas

    regiões onde ocorreram, de modo a discutir a idéia de que suas ocorrências têm aumentado,

    onde se pode questionar se não foi o número de registros, e não precisamente de episódios

    que aumentou.

    A relação e espacialização desses fenômenos no País pode subsidiar outros

    trabalhos na área de desastres naturais, bem como melhorar estratégias de planejamento,

    prevenção e gestão, para mitigar os prejuízos decorrentes de sua ocorrência.

    Palavras-chave:  Climatologia, Desastres Naturais, Tornado, Sistema de Informações

    Geográficas, Cartografia Temática, Análise Espacial.

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    Índice

    1. Introdução......................................................................... 10

    2. Justificativa....................................................................... 11

    3. Objetivos........................................................................... 13

    3.1 Objetivos Gerais........................................................ 13

    3.2 Objetivos Específicos................................................ 13

    4. Referencial Teórico.......................................................... 14

    4.1 Os Tornados.............................................................. 14

    4.2 A ocorrência de tornados no mundo.......................... 18

    4.3 A ocorrência de tornados no Brasil............................ 20

    5. Materiais e Procedimentos............................................... 22

    5.1 Revisão Bibliográfica................................................ 23

    6. Resultados e Discussão................................................... 26

    6.1 Ocorrências de tornados no Centro- Sul

    do Brasil de 1980 a 2008...................................................... 26

    6.2 Distribuição Sazonal das Ocorrências de Tornado..... 30

    6.3 Análise populacional das regiões atingidas

    por tornados..........................................................................36

    7. Considerações Finais....................................................... 39

    Referências Bibliográficas.................................................... 41

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    Lista de Figuras

    Figura 4.1 – Formação de um tornado na base de uma nuvem cumulunimbus.....15

    Figura 4.2 - Comparação de antes e depois da passagem de um F1 em abril

    de 2011, no estado de Missouri – EUA................................................................. 16

    Figura 4.3 – Mapa de ocorrência de tornados no mundo...................................... 18

    Figura 4.4 – Tornados em áreas agrícolas do mundo........................................... 19

    Figura 4.5 - Tornado registrado em Indaiatuba – SP, em 2005............................. 21

    Figura 4.6 – Destruição causada por tornado registrado em Criciúma em 2005.. 21

    Figura 6.1 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil................................... 28

    Figura 6.2 – Gráfico de distribuição temporal das ocorrências de tornado no Brasil

    entre 1980 e 2008................................................................................................. 29

    Figura 6.3 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil por estações do ano. 30

    Figura 6.4 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no inverno................. 31

    Figura 6.5 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil na primavera............. 32

    Figura 6.6 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no outono.................. 33Figura 6.7 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no verão.................... 34

    Figura 6.8 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil x Densidade

    Demográfica por Município.................................................................................... 37

    Figura 6.9 – Gráfico de distribuição de episódios de tornado no Centro-Sul do

    Brasil por densidade demográfica dos municípios................................................ 38 

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    Lista de Tabelas

    Tabela 4.1 – Escala Fujita-Pearson de intensidade de tornados.......................... 15

    Tabela 6.1 – Ocorrência de tornados no Centro-Sul do Brasil no período de

    1980 a 2008........................................................................................................... 26

    Tabela 6.2 – Distribuição temporal da ocorrência de tornados no Centro-Sul

    do Brasil no período de 1980 a 2008..................................................................... 29 

    Tabela 6.3 – Tabela de distribuição de episódios de tornado no Centro-Sul do

    Brasil por densidade demográfica dos municípios................................................ 38

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    1. Introdução

    Os tornados estão entre os mais destruidores eventos climáticos conhecidos, e secaracterizam por uma coluna de ar giratória, derivada de uma nuvem cumulunimbus, com

    ventos em velocidade suficiente para causar danos na superfície (MARCELINO, 2003).

    Seu grau de intensidade é medido mais comumente pela escala de Fujita, variando de F0 a

    F5 de acordo com a magnitude de seus ventos e, decorrente deles, seu poder de destruição.

    Seu mecanismo de formação ainda é pouco conhecido, de modo que diversos

    pesquisadores têm se empenhado em verificar as correlações existentes entre a superfície e

    a atmosfera na formação de tais episódios, havendo grandes probabilidades de correlação

    entre relevo, hidrografia e mesmo elementos meteorológicos de escala sinótica

    (MARCELINO, 2006; NUNES, 2009). São conhecidas e mapeadas as áreas do globo onde

    ocorrem com maior freqüência, sendo essas freqüentemente áreas planas e em regiões

    subtropicais, onde o encontro de massas de ar de naturezas distintas é favorecido (FUJITA,

    1981).

    O que o presente estudo realiza é uma reunião dos dados de ocorrência desse

    fenômeno no Centro-Sul do País entre 1980 e 2008, onde está concentrada boa parte dos

    episódios de tornados, contando ainda com a espacialização desses fenômenos e

    tematização por estações do ano e concentração populacional, de modo a verificar padrões

    predominantes e analisar a idéia corrente no meio científico de que esse fenômeno tem se

    tornado cada vez mais comum no Brasil.

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    2. Justificativa

    O olhar geográfico sobre a Climatologia se dá através do estudo das interações dasdiversas escalas meteorológicas com os elementos da superfície terrestre, propiciando

    assim melhor previsibilidade e planejamento de mitigação de impactos após a ocorrência de

    fenômenos dessa natureza. Os estudos mais recentes têm demonstrado cada vez mais as

    correlações existentes entre a superfície e a atmosfera na formação de eventos extremos,

    havendo grandes probabilidades de correlação entre relevo, hidrografia e mesmo elementos

    meteorológicos de escala sinótica (MARCELINO, 2006; NUNES, 2009).

    A Região Centro-Sul do Brasil é uma das que mais têm sido atingidas por

    desastres naturais, causadores de grandes prejuízos econômicos e sociais. Alguns dos

    eventos extremos mais comuns nessa região do Brasil são as inundações, escorregamentos,

    vendavais e tornados (SAUSEN, 2008), sendo este último o foco deste trabalho por, em

    grande parte das vezes, resultar em todos os danos anteriores, graças à velocidade dos

    ventos e volume de chuva associados. Além dos fatores sócio-econômicos, autores como

    Nunes (2008) e Sausen (2008) associam este aumento no registro de número de desastres

    naturais também às alterações climáticas globais.

    Estudos indicam que, somente no estado de Santa Catarina, onde se concentram

    50% das ocorrências de tornados no País, prejuízos da ordem de US$ 1.800.000 foram

    estimados em algumas ocorrências, entre perdas de construções, plantações e estruturas de

    transmissão elétrica, telefônica e hídrica (MARCELINO, 2003). Da parte social, já foram

    registradas 11 mortes e 294 feridos (MARCELINO et al., 2002). Outro trabalho conjunto

    de Marcelino, Marcelino e Sausen (2008) estimou um prejuízo próximo a R$ 3.000.000 em

    um único evento no município de Muitos Capões-RS, além de 16 pessoas feridas e 80

    famílias desalojadas.Dada a magnitude dos desastres decorrentes desse fenômeno, a presente pesquisa

    vem reunir e espacializar os dados extraídos de trabalhos publicados na área, passando por

    artigos, dissertações e teses em que são tratadas as ocorrências de tornado no país,

    facilitando assim a consulta e identificação dos locais e datas de episódios deste fenômeno

    que, conforme se revelará ao longo do trabalho, vem aumentando significativamente seus

    registros de ocorrência no país.

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    Através do uso de ferramentas de georreferenciamento, espera-se poder

    verificar a existência de padrões espaciais de ocorrência dos tornados, correlacionando-os a

    outros fatores físicos como a geomorfologia e a hidrografia - o que acompanha a atual linha

    de pesquisa de estudiosos brasileiros no assunto, como Marcelino e Nunes, demonstrando

    as diferentes interações entre atmosfera e superfície que podem resultar na formação dos

    tornados.

    Até o momento, não há trabalhos no meio científico reunindo dados de todas as

    ocorrências de tornado no País, de modo que esta pesquisa visa reunir esses dados no

    período de 28 anos em que se concentrou esse estudo; com o auxílio do mapeamento

    realizado, fica clara a distribuição espacial e temporal desse fenômeno, bem como podesubsidiar outras análises para um melhor entendimento do porquê de sua ocorrência no País

    e, inclusive, do aumento de episódios verificado nesse período.

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    3. Objetivos

    3.1 – Objetivos Gerais

    A presente pesquisa vem reunir e espacializar os dados extraídos de trabalhos

    publicados na área de ocorrência de tornados no Brasil, passando por artigos, dissertações e

    teses em que são tratadas, facilitando assim a consulta e identificação dos locais de

    episódios. Espera-se, com isso, subsidiar a compreensão acerca da distribuição espacial e

    temporal desse fenômeno, bem como as diferentes formas através das quais a Climatologia

    geográfica pode contribuir com proposições de planejamento e prevenção de danosocasionados por eventos extremos, sobretudo em áreas densamente povoadas. 

    A elaboração de mapas de ocorrência de episódios de tornado no centro-sul do

    Brasil entre os anos de 1980 e 2008 visa permitir a visualização da ocorrência desses

    fenômenos através dos dados coletados, subsidiando assim a análise de sua distribuição no

    Centro-Sul do País.

    3.1 – Objetivos Específicos

    A tematização dos mapas de ocorrência dos episódios de tornado no País deve dar

    um panorama de sua distribuição por estações do ano, e em que regiões isso se deu com

    maior freqüência.

    Em um segundo momento, uma análise combinada com a densidade demográfica

    dos municípios onde ocorreram esses fenômenos visa lançar luz á idéia de que o número de

    ocorrências de tornados no País tem aumentado; no entanto, como é preciso considerar que

    a ocorrência de um tornado ocorre em escala local e só pode ser atestada no caso de haver

    testemunhas – o fenômeno não é visível em imagens de satélite, como no caso dos ciclones,

    por exemplo -, é possível que, no passado, outros episódios de tornado tenham ocorrido

    sem que se soubesse disso. O maior espalhamento da população pode explicar o maior

    número de flagrantes do fenômeno e, assim, permite o questionamento se o número de

    episódios de tornado de fato tem aumentado, ou apenas o número de registros desses

    episódios é que se tornou mais corrente.

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    4. Referencial Teórico

    Frequentemente associados a mudanças climáticas na atualidade, “os eventosclimáticos extremos têm sido reportados com cada vez mais frequência ao longo das

    últimas décadas” (MARCELINO, 2004; MARCELINO, 2007). 

    Estudos recentes têm se empenhado em compreender melhor o mecanismo de

    formação e dispersão de tornados e, assim, identificar as possíveis causas do aumento do

    registro de ocorrências desse fenômeno no Brasil - sobretudo em sua região meridional -,

    bem como prever sua trajetória e, assim, minimizar seus danos.

    Desta forma, a pesquisa que se segue pretende reunir os principais estudos

    relacionados às ocorrências de tornados no Brasil, proporcionando uma cartografia das

    regiões onde houve registros de sua passagem e demonstrando sua trajetória e intensidade

    de devastação sempre que os dados disponíveis tornarem possível a análise.

    4.1– Os Tornados

    Variadas definições de tornados podem ser encontradas na literatura: Hushcke

    (1959) o define como uma violenta coluna de ar giratória, pendente de uma nuvem

    cumulunimbus, visualizado como uma nuvem em forma de funil (figura 4.1). De acordo

    com Fujita (1981), o tornado é um misociclone com rápida rotação, acompanhado por

    ventos destruidores próximo ao solo, e normalmente observado como uma nuvem funil

    pendente de uma nuvem mãe. Posteriormente, Doswell (2001) afirmou que o tornado é uma

    nuvem em forma de funil que liga a base de um cumulunimbus à superfície, sendo o ventoe não a nuvem o fator constituinte do tornado. Acrescenta ainda que os ventos associados à

    coluna giratória de ar devem ser suficientes para causar danos à superfície para que se

    possa caracterizá-lo como um tornado. Quando o tornado toca uma superfície aquosa, passa

    a ser denominado tromba d’água (MARCELINO, 2003).

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    Figura 4.1 – Formação de um tornado na base de uma nuvem cumulunimbus.

    Fonte: Marcelino, Marcelino e Sausen (2007)

    A escala criada por Fujita em 1973 para a classificação da intensidade dos

    tornados é até hoje consagrada como principal parâmetro para esse tipo de classificação

    atualmente, classificando os tornados de F0 a F5 de acordo com parâmetros como a

    velocidade dos ventos e os danos que podem ser provocados (tabela 4.1).

    Tabela 4.1 – Escala Fujita-Pearson de intensidade de tornados

    Classificação CategoriaVelocidadedos ventos

    (km/h)

    Comprimentoda trilha (km)

    Largura datrilha (m)

    Danosprovocados

    F0 Fraco 65-116 0-1,6 0-16 LevesF1 Fraco 119-177 1,6-5 16-50 ModeradosF2 Forte 180-249 5,1-15,9 51-160 ConsideráveisF3 Forte 252-332 16-50 161-508 Severos

    F4 Violento 335-418 51-159 540-1400 DevastadoresF5 Violento 421-512 161-507 1600-5000 Incríveis

    Fonte: Adaptada de Fujita e Pearson (1973) in Marcelino (2003)

    O tornado é, portanto, uma categoria de tempo severo ou evento climático

    extremo, capaz de causar graves prejuízos sociais e econômicos por onde passa – ainda

    mais perceptíveis em áreas povoadas como os centros urbanos – “sendo um dos principais

    agentes responsáveis por desastres naturais” (MARCELINO, 2003).

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    A figura 4.5 mostra fotos comparativas de uma região no estado do Missouri –

    EUA, após a passagem de um tornado tipo F1, considerado um dos mais brandos segundo a

    escala de Fujita. Nota-se que os danos materiais já são suficientemente severos para

    derrubar árvores e construções.

    Figura 4.2 - Comparação de antes e depois da passagem de um F1 em abril de 2011, no estado de Missouri –

    EUA. Fonte: http://www.reddit.com/r/pics/comments/hj29r/beforeafter_pic_from_missouri_tornado/  

    (acessado em 03/06/2011)

    A intensa energia acumulada no interior das nuvens convectivas dos quais derivam

    fazem com que o episódio seja freqüentemente associado a ocorrências de forte

    precipitação de chuva e/ou granizo; assim, mesmo quando não são diretamente atingidas

    pelos tornados, diversas cidades sofrem com outros eventos extremos associados, também

    freqüentemente causando grandes transtornos à população. Ferreira (2006) cita como

    decorrências indiretas a elevação dos rios com conseqüentes enchentes, provocadas pelas

    fortes chuvas, os destelhamentos das casas provocados pela intensidade dos ventos e,

    eventualmente, do granizo, e a destruição parcial ou total de áreas de cultivo.

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    Diversos são os fatores que podem desencadear a formação de um tornado,

    ainda que seu mecanismo ainda não seja considerado perfeitamente conhecido e previsível.

    Stull (2000 apud Marcelino, 2004, p. 32) propõe que a formação de um tornado está ligada

    a características atmosféricas de vorticidade horizontal na baixa troposfera, que tendem a

    passar à posição vertical com as inclinações provocadas pela intensificação dessas correntes

    de ar.

    Marcelino (2003) assinala a importância do estudo da formação desse tipo de

    sistema, incorporando a análise sinótica e da interação com a superfície como fatores que

    incrementam a convecção de ar e umidade.

    Ferreira (2006), analisando episódio ocorrido em 2001 em SC e RS, assinala acombinação de fatores como contraste térmico entre massas de ar de origem polar e

    tropical, áreas de baixa pressão próximas, forte convecção em baixos níveis, advecção em

    altos níveis e presença de grande umidade próxima à superfície; tais fatores resultaram na

    formação rápida de nuvens convectivas bastante profundas, capazes de desencadear o

    episódio de tornado verificado.

    Todos esses fatores tornam extremamente complexa a previsibilidade dos

    tornados, de modo que ambos os autores focam seus trabalhos no sentido de incrementar os

    métodos de análise meteorológica dos fenômenos, combinando informações dados

    coletados em superfície com imagens de satélite. Nunes (2008) também ressalta a

    importância do planejamento urbano e da percepção da população quanto aos riscos

    inerentes aos eventos extremos.

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    4.2– A ocorrência de tornados no mundo 

    Os locais de ocorrência de tornados no mundo são predominantemente a zona

    subtropical e partes da tropical, onde são favorecidos os encontros de massas de ar de

    naturezas distintas (figura 4.3). O potencial para formação de tempestades severas é

    aumentado nesses locais, assim como as chances de que esses eventos evoluam para um

    tornado.

    Figura 4.3 – Mapa de ocorrência de tornados no mundo

    Fonte: Lopes / Funenseg, (2007 - adaptado) 

    Em estudo realizado por Fujita (1983), foi demonstrado que a ocorrência de

    tornados é bem maior em áreas agrícolas, o que se explica pelo autor devido à grande

    presença de umidade e de áreas planas, geralmente com grandes variações de temperatura

    (figura 4.4). Estudos de Marcelino (2004) e Nunes (2008) sugerem ainda que os tornados

    tendem a acompanhar os cursos d’água, tais como rios, bem como demais parâmetros do

    relevo, ainda que, até o momento, não se possa afirmar que os fatores desencadeadores de

    tornados sejam completamente conhecidos.

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    Figura 4.4 – Tornados em áreas agrícolas do mundo.

    Fonte: Fujita apud Brown et al. (2010 - adaptado) 

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    4.3 – A ocorrência de tornados no Brasil

    O tornado é um dos tipos de desastres naturais de que se tem relato no País.Entende-se um desastre natural como a conseqüência da combinação de riscos naturais (um

    evento físico como uma erupção vulcânica, terremoto, deslizamento) e atividades humanas, que

    expõem uma determinada população a menor ou maior vulnerabilidade (GUTJAHR, 2006).

    Assim, apesar de não ser o exemplar de evento extremo mais freqüente no País, são visíveis os

    estragos causados quando de sua ocorrência. 

    A região compreendida entre o sul do Brasil e o norte da Argentina é a segunda

    com maior eventos de tornado no mundo, de acordo com Brooks, Lee e Craven (2002),

    perdendo apenas para a região central dos Estados Unidos (figura 4.3). A Região Centro-

    Sul do Brasil, onde se concentra o maior número de ocorrências desse fenômeno, conta

    ainda com mais de 60% da população brasileira (IBGE, 2010).

    Ainda assim, há um consenso popular de que se trata de um fenômeno raro no

    Brasil. Apenas alguns episódios tiveram maior destaque na grande mídia por terem

    ocorrido próximos a grandes centros urbanos, tais como os de Indaiatuba, em 2005, e Rio

    de Janeiro, em 2009.

    Uma reportagem do jornal G1 (2001) quando dessa ocorrência no Rio de Janeirocomenta também a surpresa dos cariocas, imaginando que o evento se tratasse de um

    ciclone. Outros sites dedicados à questão do meio ambiente, a exemplo do SOS Rios Brasil,

    chamam a atenção para o fato de que esse evento é conseqüência da degradação da natureza

    e das mudanças climáticas daí decorrentes.

    Um dos tornados com maior destaque na mídia dos últimos tempos foi o ocorrido

    no município de Indaiatuba-SP, em 2005 (figura 4.5). Tal formação se deu próxima à área

    urbana do município e pode ser visto pela população local, tendo causado transtornos comoa destruição parcial da rede elétrica e queda de árvores. Outro centro urbano afetado por

    tornados no mesmo ano foi Criciúma, em que sobretudo a população das regiões

    periféricas, com casas em estruturas mais precárias, foi prejudicada (figura 4.6).

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    Figura 4.5 - Tornado registrado em Indaiatuba – SP, em 2005.

    Fonte: http://www.videolog.tv/video.php?id=297010 (acessado em 12/05/2011) 

    Figura 4.6 – Destruição causada por tornado registrado em Criciúma-SC, em 2005.

    Fonte : http://noticias.uol.com.br/ultnot/2005/01/03/ult23u132.jhtm  (acessado em 13/05/2011) 

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    5. Materiais e Procedimentos

    Para a elaboração e execução do trabalho, foi reunida a literatura disponível sobre

    as ocorrências de tornados no país, presentes em dissertações de mestrado e teses de

    doutorado – sobretudo do INPE e UFSC, duas instituições com grupos de pesquisa sobre o

    assunto -, bem como artigos publicados nas edições mais recentes do Simpósio Brasileiro

    de Geografia Física Aplicada (SBGFA), do Simpósio Brasileiro de Climatologia

    Geográfica (SBCG), do Congresso Brasileiro de Meteorologia (CBM) e do Encontro de

    Geógrafos da América Latina (Egal). Também foram utilizadas notícias veiculadas em

    periódicos retratando alguns dos episódios, tais como jornais e telejornais.Nessas pesquisas extraíram-se não somente as datas e locais de ocorrência do

    fenômeno no país, mas também muito sobre a natureza de formação dos tornados e sua

    interação com os diversos estratos geográficos.

    A pesquisa conta ainda com o georreferenciamento dos dados sobre mapas

    disponíveis do Centro-Sul do Brasil, subsidiando no final a análise dos dados organizados,

    de modo a verificar a existência ou não de padrões. Para tanto, foram utilizados:

    - Tabelas do Excel 2003, reunindo os dados disponíveis sobre cada ocorrência nopaís. Foram tabelados a data e o local de ocorrência. Analisando-se esta parte, foi extraída

    a estação do ano em que ocorreram os eventos de tornado.

    - O software ArcGis 9.3, versão mais recente de um dos mais populares sistemas

    de informação geográfica (SIG). Nele foram inseridas as imagens e mapas escolhidos para

    representação dos locais e, sobre eles, foram georreferenciados os pontos correspondentes

    às ocorrências de tornados no país, contendo ainda as informações disponíveis nas tabelas.

    - Uso de dados e bases do IBGE de municípios e unidades federativas, usadas

    também para o cálculo da densidade populacional de cada município, tomando como base

    os dados recentemente divulgados do Censo Populacional 2010. Na geração do mapa

    temático, foram criadas 5 classes usando o método estatístico Quantile.

    - Para a padronização e correto emprego das normas técnicas empregadas na

    elaboração de uma pesquisa científica, foram utilizados como referência o TGI apresentado

    por Prado (2006) e texto elaborado especialmente pelo professor doutor Luís Venturi para

    apoio a pesquisadores iniciantes.

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    5.1 – Revisão Bibliográfica

    As leituras realizas contribuíram para o entendimento dos controles atmosféricos e

    superficiais envolvidos na ocorrência dos tornados, bem como análise pontual de episódios

    – o que também contribuiu para a construção da tabela de ocorrências.

    As definições de tornados estão presentes em Huschke (1959), Fujita (1981) e

    Doswell (2001), detalhadas na parte introdutória deste trabalho. Apesar da definição mais

    recente ser a de Doswell, a escala de Fujita é, ainda hoje, padrão para determinação da

    intensidade desses eventos.

    Os registros de ocorrência de tornados foram obtidos através de textos de Coutinho(2008), Lopes (2007), Oliveira (2000), Marcelino (2003, 2004 e 2007), Nunes (2008) e pelo

    página de autoria de internet de Cruz, acessada em 07/08/2009. Cabe ressaltar que Oliveira

    e Marcelino são a mesma pessoa, sendo o primeiro seu sobrenome de solteira.

    Em dois artigos, Nunes (2008 e 2009) analisa episódios distintos de ocorrências de

    tornado em Campinas e região. Suas análises foram de grande valia para o entendimento de

    correlações entre as condições de superfície e as condições atmosféricas no

    desencadeamento de tornados (muitas vezes acompanhando o curso de rios, vales e relevos

    acidentados), em que tal relação pode ser verificada no episódio em questão. A autora

    defende que a freqüência de eventos climáticos extremos no Brasil está aumentando, o que

    a autora associa com a variabilidade climática (1995 e 2006). As mesmas idéias se

    verificam em Marcelino (2003) e Sausen (2008).

    Marcelino (2003) estuda os episódios de tornados em Santa Catarina e faz

    importantes correlações das ocorrências de tornado com elementos da superfície, mas sua

    análise abrange também aspectos sinóticos da atmosfera que facilitam e intensificam os

    movimentos convectivos responsáveis pelas formações dos mesociclones de onde se

    originam os tornados. O estudo verificou que boa parte das ocorrências de tornados no

    verão foi notadamente sobre a forma de trombas d’água e estavam ligadas a sistemas

    frontais sobre o oceano; nas demais estações, o envolvimento de outros fatores, tais como

    cavado de baixos níveis sobre a Bacia do Prata e escoamento de noroeste. Quanto à

    superfície, verificou o predomínio de episódios de tornado em regiões com grandes

    diferenças de relevo, tais como planícies costeiras próximas a regiões de serra, sobretudo

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    durante o verão, quando boa parte da atividade convectiva se dá pelos ventos úmidos

    vindos do oceano em contraste com a barreira orográfica das serras. Os tornados em regiões

    de planalto em Santa Catarina foram mais comuns nas outras estações, onde são mais

    comuns as massas de ar polar continentais. Marcelino (2003) ainda comenta os prejuízos

    materiais decorrentes de alguns eventos, onde foi possível realizar essa estimativa. Sendo

    natural de Santa Catarina, onde atualmente faz parte do Grupo de Estudos de Desastres

    Naturais (GEDN) da UFSC, Marcelino descreve também inúmeras ocorrências de eventos

    extremos ocorridos no Estado – que, conforme já dito, é de longe aquele que apresenta

    maior número de registros de desastres naturais.

    Hermann (2005, org.) publicou ainda pelo GEDN um Atlas completo de desastresnaturais no Estado e de onde foi possível extrair dados como a variação de temperatura e

    pluviosidade no Estado ao longo das estações e sistemas atmosféricos atuantes na região,

    que podem ser a explicação do número de episódios de tornado tão superior aos demais

    estados brasileiros, bem como sua espacialidade dentro do Estado.

    Valiosas informações puderam ser extraídas dos textos de Fujita (1981), renomado

    pesquisador na área. Não obstante a elaboração da escala de intensidade dos tornados que

    leva seu nome e é referência até os nossos dias, diversos foram os estudos empreendidos

    sobre os tornados nos Estados Unidos, onde viveu, que lhe permitiram verificar uma grande

    correlação entre a ocorrência de tornados e as áreas agrícolas, bem como análises

    detalhadas das condições atmosféricas que desencadearam os principais episódios ocorridos

    no “tornado alley”, maior corredor de tornados do planeta, no interior dos EUA. Com base

    em tais estudos, Brown et al. (2010) fez uma análise dessas ocorrências em áreas rurais,

    demonstrando que a alta umidade e presença de amplos espaços abertos é fator de grande

    importância na formação de tornados.

    Ferreira (2006) e Sausen (2008) indicam a dificuldade de se identificar tornadosatravés de imagens de satélite e radares, devido à escala local do evento. Tal questão

    dificulta sua previsibilidade e, conforme foi explorado ao longo do estudo, lança dúvida

    quanto ao número exato de ocorrências de tornado no Brasil e no mundo: não há como

    confirmar uma ocorrência sem que alguém esteja presente no momento para testemunhá-la;

    mesmo a destruição causada após sua passagem possui padrão similar àquela conseqüente a

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    outros eventos extremos, tais como vendavais e microbursts, tornando difícil precisar

    qual deles poderia ter ocorrido.

    Os demais textos pesquisados foram trabalhos apresentados em eventos como o

    Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica (SBCG), a exemplo da contribuição de

    Gutjahr (2006), analisando os desastres naturais no Brasil, os prejuízos decorrentes e sua

    correlação com a ocupação desordenada do espaço.

    O censo populacional de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    (IBGE) foi usado como base para a geração dos mapas temáticos de densidade

    populacional, correlacionada aos episódios de tornado na parte de Resultados.

    Por fim, foi usado o trabalho de conclusão de curso de Prado (2006) comoreferência para a formatação básica deste trabalho. Por também se tratar de pesquisa de

    dados climáticos aliada ao uso de sistemas de informações geográficas, foi de grande valia

    como modelo de evolução da pesquisa, desde sua introdução e modelagem dos dados, até

    as conclusões. Tais modelos de análise estão presentes também em Lacruz e Pardí (2008),

    autores de um caderno didático abordando os desastres naturais e sua representação nos

    SIG, a exemplo do que se fez neste trabalho.

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    6. Resultados e Discussão

    6.1- Ocorrências de tornados no Centro-Sul do Brasil de 1980 a 2008

    No período em que se centra o presente trabalho, de 1980 a 2008, foram

    registradas 60 ocorrências de tornado somente no Centro-Sul do País, onde são mais

    freqüentes.

    A reunião dos dados de tornados no Brasil contou com diversos estudos e notícias

    veiculadas pela mídia, não havendo anteriormente nenhum material que reunisse todos os

    registros de ocorrência no país. Os estudos de Marcelino (2003) reúnem principalmente as

    ocorrências no estado de Santa Catarina; Nunes (2008) dá maior enfoque à região de

    Campinas, descrevendo os episódios de eventos extremos na região. Os demais dados

    foram obtidos através de estudos de caso isolados, a exemplo de Marques e Bittencourt

    Filho (2008), descrevendo um episódio recente em Navegantes-SC e Marcelino (2005)

    descrevendo um outro episódio em Muitos Capões – RS, bem como notícias, muitas vezes

    divulgadas apenas em jornais locais.

    Tabela 6.1 – Ocorrência de tornados no Centro-Sul do Brasil

    no período de 1980 a 2008.

    Data UF Município Estação8/10/1984 SC Maravilha Primavera

    13/5/1987 SC São Joaquim Outono

    15/5/1987 PR Planalto Outono

    15/5/1987 SP Piedade Outono

    7/7/1987 SC Xanxerê Inverno

    15/10/1987 SC Indaial* Primavera

    31/8/1989 MS Ivinhema Inverno

    11/11/1989 SC São Carlos* Primavera11/11/1989 SC Xanxerê* Primavera

    24/11/1989 SC Correia Pinto* Primavera

    24/11/1989 SC Garuva* Primavera

    26/4/1991 SP São Bernardo do Campo Outono

    30/9/1991 SP Itu Primavera

    30/9/1991 SP Jundiaí Primavera

    17/5/1992 PR Almirante Tamandaré Outono

    10/3/1993 SP Cachoeira Paulista Verão

    13/5/1994 SP Ribeirão Preto Outono

    9/1/1995 SC Benedito Novo* Verão

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    24/9/1995 SC Paraíso* Primavera

    28/11/1995 SC Rio dos Cedros* Primavera

    27/1/1996 SC São Francisco do Sul Verão

    27/2/1996 SC Meleiro Verão2/1/1997 SC Itapoá Verão

    7/2/1997 SC Florianópolis Verão

    5/4/1997 SC Piçarras Outono

    7/2/1998 SC Abdon Batista Verão

    26/1/1999 SC Joinville Verão

    26/10/1999 MS Ponta Porã Primavera

    24/11/1999 SC Forquilhinha Primavera

    23/2/2000 SC Florianópolis Verão

    1/3/2000 SC Itapoá Verão

    2/5/2001 RJ Campos dos Goytacazes Outono

    4/5/2001SP Sumaré

    Outono

    24/5/2001 RJ Rio de Janeiro Outono

    20/7/2001 RS Viamão Inverno

    16/2/2002 SP São Sebastião Verão

    8/7/2003 RS São Francisco de Paula Inverno

    25/5/2004 SP Palmital Outono

    3/1/2005 SC Criciúma Verão

    24/5/2005 SP Indaiatuba Outono

    29/8/2005 RS Muitos Capões Inverno

    29/3/2006 SP Piracicaba Outono

    29/3/2006 SP Santa Bárbara d'Oeste Outono

    23/7/2007 SC Campos Novos Inverno

    30/10/2007 SP Campinas* Primavera5/1/2008 RS Maquiné Verão

    17/1/2008 SP Ilha Comprida Verão

    16/2/2008 SC Tubarão Verão

    2/3/2008 SC Tubarão Verão

    24/3/2008 SC Florianópolis Outono

    12/8/2008 SC Cerro Negro Inverno

    12/8/2008 SC Zortéa Inverno

    10/9/2008 RS Coxilha Velha (Triunfo) Inverno

    10/9/2008 RS Pareci Novo Inverno

    10/9/2008 RS Tabaí Inverno

    11/9/2008RS Mato Leitão

    Inverno

    11/9/2008 RS Morro Reuter Inverno

    25/10/2008 SC Abelardo Luz Primavera

    25/12/2008 SP Lins Verão

    31/12/2008 SC Urupema Verão

    *Possíveis ocorrências

    Fonte: Marcelino (2003), Nunes (2008), Lopes (2007), Coutinho (2008), Cruz (2008), Marques e Bittencourt

    Filho (2008), IPMET - Unesp(2008)

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    Devido à diversidade de fontes com informações sobre os tornados, a

    intensidade com que eles ocorreram não foi considerada neste estudo, de modo evitar

    controvérsias com relação a este ponto.

    A espacialização das ocorrências de tornado no Brasil (figura 6.1) permitiu

    verificar sem grande dificuldade que a maior parte das ocorrências de tornado foram

    registradas no estado de Santa Catarina, totalizando 30 episódios (50% do apurado no

    período), ao passo que no estado vizinho do Paraná, por exemplo, há registro de apenas

    duas. As regiões metropolitanas e arredores de São Paulo e Porto Alegre também exibem

    quantidade expressiva de registros, com destaque, em SP, para a região de Campinas.

    Ademais, os estados de Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro tiveram apenas duasocorrências cada, a exemplo do Paraná.

    Figura 6.1 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil.

    Elaboração: João Rodrigues, 2011

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    Tais constatações confirmam os estudos de Dyer (1994), de que a maior

    ocorrência de tornados no Brasil encontra-se nas regiões Sul e Sudeste. Os sistemas frontais

    e áreas de instabilidades são elementos comuns ao clima de Santa Catarina, colocando o

    Estado em primeiro lugar absoluto de ocorrências dessa natureza no país, característica já

    observada por Marcelino (2003).

    Na distribuição temporal, vemos que 11 episódios (18 % do total) ocorreram na

    década de 1980, 18 episódios (30% do total) ocorreram na década de 1990 e 31 episódios

    (52% do total) entre 2000 e 2008. Tal constatação reforça as afirmações de Marcelino

    (2003) e Nunes (2008) de que o registro de ocorrências de tornado tem aumentado no País

    (tabela 6.2 e figura 6.2).

    Tabela 6.2 – Distribuição temporal da ocorrência de tornados no

    Centro-Sul do Brasil no período de 1980 a 2008.

    Período Episódios de Tornado % do Total1980 a 1989 11 18%

    1990 a 1999 18 30%

    2000 a 2008 31 52%

    Total 60 100%Elaboração: João Rodrigues, 2011

    Distribuição Temporal dos Episódios de

    Tornado no Centro-Sul do Brasil entre 1980

    e 2008

    18%

    30%

    52%

    1980 a 1989

    1990 a 1999

    2000 a 2008

     Figura 6.2- Gráfico de distribuição temporal da ocorrência de tornados no Centro-Sul do País entre 1980 e

    2008. Elaboração: João Rodrigues, 2011

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    6.2 – Distribuição Sazonal da Ocorrência de Tornados

    De modo a tentar detectar visualmente padrões sazonais para a ocorrência de

    tornados, o mapa foi tematizado por estações do ano (figura 6.3).

    Figura 6.3 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil por estações do ano.

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

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    Observam-se 13 ocorrências de tornados no inverno, a maior parte nos

    estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul - este último tendo tido apenas uma

    manifestação do fenômeno em outra estação (verão). Houve ainda uma ocorrência no Mato

    Grosso do Sul (figura 6.4).

    Figura 6.4 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no inverno

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

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    Na primavera, o número foi de 14 ocorrências, notadamente nos estados de Santa

    Catarina e São Paulo. Houve ainda uma ocorrência no Mato Grosso do Sul (figura 6.5).

    Figura 6.5 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil na primavera

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

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    No outono, foram registradas 15 ocorrências, 8 delas no estado de São Paulo, 3 em

    Santa Catarina, 2 no Paraná e outras 2 no Rio de Janeiro (figura 6.6).

    Figura 6.6 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no outono

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

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    O maior número de ocorrências, 18, se deu no verão, sendo 13 em Santa

    Catarina, 4 em São Paulo e uma no Rio Grande do Sul (figura 6.7). Tal observação está em

    desacordo com os estudos de Marcelino (2004), que afirma que 40% das ocorrências de

    tornado em Santa Catarina se dá na primavera.

    Figura 6.7 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil no verão

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

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    Alguns padrões temporais e espaciais podem ser encontrados na literatura sobre a

    ocorrência de tornados no Brasil:

    Santa Catarina é o único Estado brasileiro que registrou episódios de tornados nas

    quatro estações do ano; no entanto, a espacialidade desses fenômenos foi diferente. Durante

    o verão, verifica-se uma concentração maior desse fenômeno na a leste do Estado, e no

    inverno, mais a oeste. Tal fenômeno encontra explicações em Marcelino (2003), que

    analisa a ocorrência de tornados no leste do Estado como estando associada à umidade do

    ar vindo do oceano, mais intensa no verão e, combinada com a barreira orográfica da Serra

    do Mar, propicia a presença de nuvens convectivas profundas, potenciais desencadeadorasde tornados. Já a região oeste tem seus tornados mais associados às passagens de sistemas

    frontais e da formação dos Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), presentes com

    maior frequência e intensidade nesta região nos meses de inverno.

    As ocorrências no Rio Grande do Sul seguiram padrão similar: dos 9 episódios

    ocorridos no Estado, 8 se deram no inverno, indicando a possibilidade de que sejam todos

    derivados também de sistemas frontais presentes na região O episódio de 2005 foi

    analisado por Marcelino (2007), onde foi uma frente fria associada a áreas de instabilidade

    a causa de um F3 no município de Muitos Capões. Houve apenas um outro episódio, no

    verão, também próximo ao litoral, possivelmente causado pela convecção característica na

    região nesta época do ano.

    A região Sudeste apresentou a maior parte de seus episódios nos meses de outono.

    Ao analisar os episódios de março de 2006 nos municípios de Piracicaba e Santa Bárbara

    d’Oeste, Nunes (2008) indica que tanto o outono quanto a primavera são épocas

    particularmente propícias à formação de tornados nessa região devido aos distúrbios

    baroclínicos. Adicionalmente, Nunes comenta a influência do choque entre massas de arpolares e tropicais, comum nessa região, fenômenos de mesoescala e jatos de baixos níveis

    transportando umidade pela região. A Depressão Periférica é um tipo de relevo que

    favorece essa formação também, ao formar um corredor com o relevo mais acidentado ao

    redor, do Planalto Ocidental e Planalto Cristalino. Outro fator interessante do relevo é a

    configuração dos rios que cortam o estado no sentido leste-oeste, fornecendo umidade à

    atmosfera nessas situações de instabilidade.

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    6.3 – Análise populacional das regiões atingidas por tornados

    Diversos trabalhos de Nunes (1995, 2008 e 2009) e Marcelino (2006) apontam um

    aumento das ocorrências de tornado, que pode estar ligado ao aquecimento global, o que,

    como já discutido anteriormente, não é consenso no meio científico. No entanto, em

    publicação de 2008, Nunes levanta a possibilidade de que a evolução do fenômeno esteja,

    na realidade, ligada ao maior espalhamento da população e dos equipamentos fotográficos e

    de filmagem (hoje presentes em boa parte dos celulares). Desta forma, o que estaria

    ocorrendo seria um maior número de flagrantes dessa ocorrência, e não necessariamente

    um aumento do número de casos. Cabe ressaltar aqui que tornados não são visíveis emimagens de satélite, sendo realmente necessárias testemunhas para que se ateste com

    certeza a sua ocorrência.

    De modo a verificar a teoria proposta por Nunes, foram gerados mapas

    correlacionando a densidade populacional com as áreas em que os tornados foram

    flagrados, de modo a verificar se os registros de sua ocorrência poderiam de fato ser

    considerados menores em áreas menos densamente povoadas (Figura 6.8).

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    Figura 6.8 – Episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil x Densidade Demográfica por Município.

    Elaboração: João Rodrigues, 2011 

    O que se verifica visualmente é que, de fato, a maior parte das ocorrências de

    tornado registradas (34 entre o total de 60) se deu próxima a áreas densamente povoadas. O

    gráfico com a distribuição desse padrão permite uma melhor visualização dessa idéia, onde

    se verifica que 57% dos registros de tornado se deram possui densidade demográfica

    superior a 64 habitantes por km². Pode-se associar este índice à maior concentração da

    população nesses municípios, assim como facilidade de acesso a aparelhos eletrônicos de

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    registro, como máquinas fotográficas e filmadoras, frequentemente embutidas nos

    aparelhos celulares. Tal idéia já foi anteriormente comentada por Nunes (2009), que

    trabalha com a percepção da população em relação aos eventos extremos, bem como sua

    repercussão na mídia.

    Figura 6.9 – Gráfico de distribuição de episódios de tornado no Centro-Sul do Brasil por densidadedemográfica dos municípios.

    Elaboração: João Rodrigues, 2011

    Tabela 6.3 – Tabela de distribuição de episódios de tornado no Centro-Sul do

    Brasil por densidade demográfica dos municípios

    Hab/km² Nº de Ocorrências % do Total

    Até 9 4 7%

    Entre 9 e 18,7 8 13%Entre 18,7 e 31 5 8%

    Entre 31 e 64 9 15%

    Superior a 64 34 57%

    TOTAL 60 100%

    Elaboração: João Rodrigues, 2011

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    7. Considerações Finais

    Os tornados são fenômenos climáticos extremos e, ao contrário da percepção da

    maior parte da população, são uma realidade freqüente no Brasil. A região compreendida

    entre o sul do Brasil e o nordeste da Argentina ocupa nada menos que a segunda posição no

    ranking mundial de ocorrência de tornados. Deste modo, estudos mais específicos a

    respeito das causas e efeitos da passagem dos tornados se fazem necessários, uma vez que é

    preciso planejar e gerir os locais de sua ocorrência, de modo a prevenir e minimizar os

    danos decorrentes de seus violentos episódios.

    A elaboração desse trabalho foi possível graças à junção de informações oriundas

    de diversas fontes, não havendo, até o momento, nenhum trabalho que reunisse dados sobre

    todas as ocorrências de tornados no País. Apesar de ainda não representar um retrato de

    todos os episódios já registrados - uma vez que apresenta um limite temporal e espacial -,

    espero que o trabalho possa subsidiar estudos diversos nesta área, por reunir esses dados e

    oferecê-los também na forma de mapas temáticos, de modo a tentar tornar mais clara a

    visualização das características inerentes ao fenômeno, tais como distribuição espacial e

    temporal.A análise permitiu correlacionar idéias de autores brasileiros renomados no

    assunto, uma vez que ficaram comprovadas sua distribuição espacial e temporal, como as

    explicadas por Nunes, no caso de São Paulo, e Marcelino, no caso de Santa Catarina.

    Divergiu quanto ao maior número de ocorrências na primavera para o estado de SC, uma

    vez que se notou que a maior parte dos episódios se deu no período de verão.

    Espero também poder subsidiar a reflexão sobre a questão do aumento ou não do

    número de ocorrências do fenômeno no País. Em um contexto de ausência de consensoentre o polêmico termo da variabilidade climática, são comuns os comentários de que um

    possível aquecimento global ao longo dos séculos 19 e 20 estaria tornando as condições

    atmosféricas mais propícias à ocorrência de eventos extremos em áreas antes não atingidas

    por eles; no entanto, há que se considerar que a idéia de desastre natural está intimamente

    ligada à presença humana no local de ocorrência desses fenômenos, e não se pode ignorar

    que a população do Brasil ainda é crescente e ocupa cada vez mais o território através da

    expansão das atividades econômicas. A parte final do trabalho comprova que a maior parte

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    das ocorrências de tornado ocorreu nos municípios mais densamente povoados do Centro-

    Sul do País, o que pode sinalizar tão-somente uma maior possibilidade de flagrante desse

    fenômeno, ainda que estudos mais específicos – como população por setor censitário, por

    exemplo – pudessem esclarecer melhor essa hipótese.

    Muitas áreas do Brasil são, ainda, vulneráveis a eventos extremos que, muitas

    vezes, mesmo com intensidade menor que um tornado, já são capazes de acumular

    prejuízos notáveis. O País, de um modo geral, acumula anos de políticas públicas

    deficientes na área de planejamento, de modo que não é de se espantar que tão pouco seja

    feito ou mesmo comentado sobre a ocorrência dos tornados no País.O uso de novos softwares de geoprocessamento tem subsidiado pesquisas nas mais

    diversas áreas, muitas vezes nem ligadas à Geografia, que pode ainda explorar muito mais

    esse potencial para subsidiar seus estudos. A espacialização de dados pode lançar uma luz a

    questões de difícil solução no País, tais como planejamento e a gestão territorial,

    permitindo assim a prevenção e mitigação de impactos decorrentes da ocorrência de

    eventos climáticos extremos.

    Espero, com este trabalho, poder somar a esses estudos a minha contribuição. 

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