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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Heberton Júnior dos Santos Evolução da Avaliação de Impacto Ambiental para Empreendimentos Rodoviários: Uma Análise Descritiva e Aplicada Passo Fundo 2010

Evolução da Avaliação de Impacto Ambiental para …usuarios.upf.br/~engeamb/TCCs/2010-2/HEBERTON DOS SANTOS.pdf · Figura 9: Unidade Patamares Escalonados do Sul Capixaba, município

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Heberton Júnior dos Santos

Evolução da Avaliação de Impacto Ambiental para Empreendimentos Rodoviários: Uma Análise Descritiva e

Aplicada

Passo Fundo 2010

1

Heberton Júnior dos Santos

Evolução da Avaliação de Impacto Ambiental para Empreendimentos Rodoviários: Uma Análise Descritiva e

Aplicada

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Ambiental, como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Engenheiro Ambiental. Orientadora: Profª Ms. Simone Fiori.

Passo Fundo 2010

ARCO E FLECHA

Do arco que empurra a flecha

quero a força que dispara;

da flecha que penetra o alvo

quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado

quero o que se fez desejado;

do desejo que busca o alvo

quero o amor por razão.

Só assim não terei armas;

só assim não farei guerras

e assim fará sentido

meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha;

sou o todo em metades;

sou as partes que se mesclam

nos propósitos e nas vontades.

(...)

Buscai o melhor de mim

e terás o melhor de mim;

darei o melhor de mim

onde precisar o mundo.

MARINA SILVA

1

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e da sabedoria;

À minha família, pelo apoio incondicional e por compreender minhas ausências;

Ao Setor de Meio Ambiente da Ecoplan Engenharia LTDA, pela camaradagem com

que me receberam e acreditaram no meu trabalho;

À Professora Simone Fiori, pela orientação e aos demais professores do Curso de

Engenharia Ambiental pelos ensinamentos e formação profissional;

Aos colegas do Curso de Engenharia Ambiental, por compartilhar e contribuir com a

melhor fase da minha vida;

Aos grandes amigos da Turma do Trago que se tornaram minha família durante os

últimos cinco anos, pelos momentos de alegria e descontração produtiva;

Aos camaradas do Movimento Estudantil, Diretório Central dos Estudantes e Diretório

Acadêmico da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, por me ajudarem a descobrir um novo

mundo;

Aos mantenedores de utopia e meus heróis pessoais, por me fazerem acreditar no

potencial de transformação do indivíduo e da sociedade.

2

Dedico este trabalho à memória de

Leide Daiane dos Santos e José Aristides Vogel dos Santos

3

RESUMO

4

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação dos componentes do Desenvolvimento Sustentável. ........................14

Figura 2: Interface entre as áreas de influência direta e indireta. .............................................20

Figura 3: Modal de transportes no Brasil. ................................................................................24

Figura 4: Fluxograma do Processo da Avaliação de Impacto Ambiental ................................35

Figura 5: Sequencia simplificada do processo de licenciamento ambiental. ...........................36

Figura 6: Fluxograma de etapas dos Estudos Ambientais........................................................40

Figura 7: Unidade Colinas e Maciços Costeiros (ao fundo), com caracterização dos mares de

morro..................................................................................................................................54

Figura 8: Unidade Colinas e Maciços Costeiros (ao fundo), próximo ao Complexo

Penitenciário de Viana. ......................................................................................................54

Figura 9: Unidade Patamares Escalonados do Sul Capixaba, município de Marechal Floriano.

...........................................................................................................................................54

Figura 10: Sedimentos arenosos inconsolidados nas proximidades da cidade de Viana. ........54

Figura 11: Trecho da estrada em encosta. ................................................................................55

Figura 12: Dragas na margem do rio Jucu................................................................................55

Figura 13: Queimada próxima à rodovia..................................................................................55

Figura 14: Detalhe da vegetação graminóide nos metros iniciais da BR-262/ES....................55

Figura 15: Área rural no município de Domingos Martins. .....................................................56

Figura 16: Acesso ao município de Marechal Floriano, tráfego intenso de veículos de passeio

e carga e fluxo de pedestres. ..............................................................................................56

Figura 17: Prática da agricultura familiar, Domingos Martins.................................................56

Figura 18: Estação Férrea onde funciona a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura em

Marechal Floriano..............................................................................................................56

Figura 19: km 47,2 margem direita da rodovia BR-262/ES, ponte sobre o Rio Jucu Braço Sul.

...........................................................................................................................................57

5

Figura 20: Igreja Nossa Senhora d’Ajuda e as ruínas jesuítas em primeiro plano...................57

Figura 21: Número de impactos identificados na BR-262/ES para cada meio. .......................62

Figura 22: Modificações ocorridas na magnitude dos impactos ambientais antes e depois das

medidas. .............................................................................................................................78

Figura 23: Modificações ocorridas na importância dos impactos ambientais antes e depois das

medidas. .............................................................................................................................78

Figura 24: Modificações ocorridas na duração dos impactos ambientais antes e depois das

medidas. .............................................................................................................................79

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Visões da Política Ambiental brasileira ..................................................................16

Quadro 2: Estrutura cronológica dos principais instrumentos legais sobre meio ambiente no

Brasil. .................................................................................................................................21

Quadro 3: Parâmetros de Avaliação .........................................................................................48

Quadro 4: Comparação de métodos de avaliação de impactos. ...............................................61

Quadro 5: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio físico previstos na

implantação e operação da BR-262/ES. ............................................................................63

Quadro 6: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio biótico previstos

na implantação e operação da BR-262/ES.........................................................................66

Quadro 7: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio antrópico

previstos na implantação e operação da BR-262/ES. ........................................................68

Quadro 8: Resultados do cálculo do Índice de Avaliação Temporal para os impactos

identificados para a BR-262/ES.........................................................................................69

Quadro 9: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos impactos

identificados no meio físico para a BR-262/ES.................................................................70

6

Quadro 10: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos

impactos identificados no meio biótico para a BR-262/ES ...............................................72

Quadro 11: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos

impactos identificados no meio antrópico para a BR-262/ES. ..........................................75

Quadro 12: Caracterização e valoração dos impactos ambientais identificados com a

implantação das medidas de compensação, mitigação e potencialização para a BR-

262/ES................................................................................................................................76

Quadro 13: Resultados do cálculo do Índice de Avaliação Temporal para os impactos da BR-

262/ES após as medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras. .....................77

7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................9

2 DESENVOLVIMENTO....................................................................................................12

2.1 Contextualização Histórica e Política ........................................................................12

2.2 Conceitos e Definições ..............................................................................................17

2.3 Aspectos Legais .........................................................................................................20

2.4 Componente Ambiental em Empreendimentos Rodoviários.....................................23

2.5 Atividades relacionadas à implantação de rodovias e impactos associados ..............25

2.5.1 Instalação, Operação e Desmobilização do Canteiro de Obras ..........................25

2.5.2 Abertura de Acessos e Caminhos de Serviço .....................................................25

2.5.3 Remoção da Cobertura Vegetal e Limpeza do Terreno .....................................26

2.5.4 Implantação e Exploração de Jazidas e Caixas de Empréstimos........................26

2.5.5 Instalação e Operação de Usinas de Asfalto, Central de Concreto e Britagem..27

2.5.6 Cortes e Aterros..................................................................................................27

2.5.7 Bota-Foras ..........................................................................................................28

2.5.8 Contenção de Taludes.........................................................................................28

2.5.9 Drenagem............................................................................................................28

2.5.10 Obras de Terraplenagem.....................................................................................29

2.5.11 Obras de Pavimentação ......................................................................................29

2.5.12 Obras de Arte Corrente e Especiais....................................................................29

2.5.13 Desmonte de Rochas e Pedreiras........................................................................30

2.5.14 Operação de Máquinas e Equipamentos.............................................................30

3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ..............................................................31

3.1 Conceitos, Origem e Fundamentação Legal ..............................................................31

3.2 O Licenciamento Ambiental e o Estudo de Impacto Ambiental ...............................36

8

3.3 Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais........................................................41

3.3.1 Métodos “Ad Hoc” .............................................................................................42

3.3.2 Listagens de Controle ou “Checklist” ................................................................42

3.3.3 Método Batelle ...................................................................................................43

3.3.4 Matrizes de Interação..........................................................................................44

3.3.5 Superposição de Cartas.......................................................................................44

3.3.6 Redes de Interação..............................................................................................46

3.3.7 Método de Sondheim..........................................................................................47

3.3.8 Matriz de Leopold ..............................................................................................47

3.3.9 Matriz de Leopold Reformulada por L. Bianchi ................................................48

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS....................................................................................51

4.1 Síntese do EIA BR-262/ES........................................................................................53

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................................58

5.1 Motivações para o Surgimento da Avaliação de Impacto Ambiental........................58

5.2 Comparação entre os Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental ........................59

5.3 Resultados da Avaliação de Impacto Ambiental pelo Método de L. Bianchi para a

BR-262/ES ............................................................................................................................62

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................82

ANEXOS..................................................................................................................................88

9

1 INTRODUÇÃO

O planejamento da produção, projetos e empreendimentos, era exercido até

recentemente, com base quase exclusiva em objetivos econômicos. Atualmente, a divulgação

e consciência públicas dos crescentes problemas ambientais decorrentes de tal prática tem

conduzido a uma reformulação desse pensamento econômico. O componente ambiental passa

assim a exercer a adequada consideração como elementos de análise no multi e

interdisciplinar processo de planejamento.

A desconsideração do homem como elemento componente do ecossistema e sua

dinâmica, tende a ser revista através de políticas e posturas ambientais necessárias inclusive

para a continuidade do crescimento econômico. Neste contexto, surgiu a prática de avaliação

de impactos ambientais. No Brasil, instituída legalmente através da resolução CONAMA

01/86, que estabeleceu a exigência de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de atividades causadoras de

significativas modificações adversas no ambiente. A resolução CONAMA 01/86 é

apresentada no Anexo A.

Assim com para outros empreendimentos, o componente ambiental de projetos de

infraestrutura rodoviárias é regido pelas diretrizes legais e pelas exigências mínimas dos

órgãos ambientais. Segundo Fogliatti et al (2004), por ser estratégico para o desenvolvimento

do país, o setor rodoviário posiciona-se com destacada e relevante função de indutor ao

desenvolvimento socioeconômico e em fator de integração político-administrativa.

Desta forma, a implantação e/ou recuperação de empreendimentos rodoviários é uma

das atividades para as quais a Avaliação de Impacto Ambiental deve ser realizada da forma

mais abrangente possível, não só pela exigência legal, mas pelo seu grande potencial de

impacto. O Brasil ainda não possui elevado conhecimento em Avaliação de Impacto

Ambiental, a despeito dos grandes projetos de infraestrutura desenvolvidos e em

desenvolvimento em um país com dimensões continentais e com características

socioeconômicas, naturais, culturais, étnicas e demográficas tão variadas (BRASIL, 2006;

ECOPLAN, 2010).

Apesar disso, este tema ainda é pouco conhecido e discutido no meio acadêmico,

científico e até mesmo pelos órgãos ambientais e empresas privadas. As ferramentas

tecnológicas de avaliação de impacto ambiental ainda são pouco difundidas e utilizadas, o que

torna os estudos realizados, em muitos casos, um exaustivo levantamento de informações sem

10

a reflexão necessária sobre a verdadeira utilidade das informações para a implantação do

empreendimento.

De maneira geral, os órgãos ambientais no Brasil não possuem estrutura física,

recursos humanos e financeiros adequados para impulsionar de maneira efetiva o processo de

avaliação de impacto ambiental. Desta forma, as empresas responsáveis pela elaboração dos

estudos, geralmente não aprofundam a avaliação dos impactos identificados, utilizando-se dos

métodos mais simplificados.

Os métodos mais comumente utilizados para avaliação de impacto ambiental possuem

alto grau de subjetividade, limitando-se a análise qualitativa dos impactos sem a realização de

uma análise integrada.

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de observações genéricas dos estudos de

impacto ambiental elaborados pela Ecoplan Engenharia LTDA para empreendimentos

rodoviários. As avaliações de impacto ambiental realizadas pela empresa baseiam-se quase

que exclusivamente em métodos de caráter qualitativo.

Como referencia para a aplicação de uma metodologia mais objetiva, possibilitando

uma análise quantitativa, tomou-se como referencia um projeto de duplicação e melhorias da

BR-262, localizada no estado do Espírito Santo.

O estudo da evolução da avaliação de impactos ambientais justifica-se pela

necessidade de aumentar o conhecimento e difusão desta importante ferramenta no meio

acadêmico e empresarial.

Desta forma, objetiva-se com este trabalho analisar criticamente a Avaliação de

Impacto Ambiental para empreendimentos rodoviários no Brasil. São definidos como

objetivos específicos:

a. Descrever as motivações para o surgimento da avaliação de impacto ambiental;

b. Comparar os diferentes métodos de Avaliação de Impacto segundo critérios

objetivos;

c. Aplicar um método quantitativo de Avaliação de Impacto Ambiental para um

empreendimento rodoviário e determinar sua viabilidade ambiental com as

medidas de compensação/mitigação propostas;

O presente estudo encontra-se estruturado em seis capítulos, incluindo a introdução. O

capitulo 2 traz a contextualização histórica e política do surgimento da AIA, conceitos e

definições importantes, aspectos legais e o componente ambiental de empreendimentos

rodoviários.

11

No capitulo 3 encontra-se uma abordagem sobre a Avaliação de Impacto Ambiental, o

processo de licenciamento ambiental e os métodos de avaliação disponíveis.

No capitulo 4 é detalhada a metodologia utilizada no trabalho, inclusive os resultados

sintetizados do Estudo de Impacto Ambiental desenvolvido pela Ecoplan Engenharia LTDA

para duplicação da BR-262/ES.

No capitulo 5 são apresentados os resultados obtidos neste trabalho e as discussões

pertinentes. Finalmente, no capitulo 6 são abordadas as conclusões mais importantes deste

estudo.

12

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Contextualização Histórica e Política

A partir da revolução industrial no século XVIII, a exploração dos recursos naturais

para a produção de bens de consumo cresceu vertiginosamente. Da mesma forma, os avanços

da tecnologia, medicina e na produção de alimentos possibilitaram um aumento extraordinário

da população mundial. Estava instaurada a era da sociedade consumista, da produção e

descarte.

No século XX, com duas grandes guerras mundiais, foram empregados grandes

esforços no sentido tecnológico de produção bélica, de alimentos, bens e serviços. Este

esforço continuou no período pós-guerra, aproveitando-se a capacidade industrial instalada.

Neste contexto conturbado, a humanidade presenciou um salto tecnológico sem precedentes

que incrementou o ciclo de crescimento da população mundial a níveis insustentáveis, tendo

em vista a exigência de bens de consumo, os recursos naturais e ecossistema que os suporta.

Se o desenvolvimento tecnológico que presenciamos permitiu, por exemplo, chegar

até a Lua e explorar recantos cada vez mais longínquos do universo, por outro lado,

verificam-se historicamente, uma convergência de processos críticos que alteram a ordem

socioeconômica e não permitiram alcançar um nível de desenvolvimento equitativo, pois

ainda se verificam grandes contradições na repartição dos benefícios da sociedade moderna; a

violência social é gritante e as classes continuam a dividir a sociedade.

Assim, o ciclo de desenvolvimento pós-segunda guerra acentuou os conflitos sociais e

aumentou a pressão sobre os recursos naturais. Este nível de exploração ultrapassou a

capacidade de recuperação da natureza, colocando em risco a continuidade do

desenvolvimento econômico e social, além da própria vida na Terra na forma como a

conhecemos.

E não se trata de catastrofismos de crise civilizatória sobre a real situação imposta

desde então, visto a limitada capacidade de suporte da natureza e a finitude dos recursos

naturais. Assim, surge a necessidade de se analisar os processos produtivos, criando-se

consciência ambiental como autodefesa para o desequilíbrio que se antevê (GUERRA &

CUNHA, 2001; BRASIL, 2006).

13

Este desequilíbrio fica evidente nos acidentes ambientais de grandes proporções, como

o vazamento tóxico em Bophal na Índia, o desastre nuclear de Chernobyl na Ucrânia, a

contaminação por mercúrio da Baia de Minamata no Japão, o acidente com o Césio-137 no

Brasil, os vazamentos de petróleo como no recente acidente com a plataforma da British

Petroleum no Golfo do México e tantos outros, que sistematicamente e em um ciclo

assustador, nos impõe a lembrança do preço pago pelo modelo de desenvolvimento adotado

(CARSON, 1964; GASKIN, 1990; QUARANTELLI, 1992; SAGAN, 1993; RODRIGUES,

2000, OLIVEIRA, 2010; ANDRIOLI, 2010).

Em consequência destes problemas e desafios, ainda em 1968, um grupo de líderes,

personalidades e cientistas conhecido como Clube de Roma alertou à sobre os riscos de um

crescimento econômico contínuo, com base nos recursos materiais esgotáveis, elaborando um

relatório denominado “Limites do Crescimento” (publicado em 1972), através de modelos

matemáticos. Este documento foi o sinal de alerta, para conscientizar a sociedade para os

limites dos recursos materiais do planeta (MARIANO, 2005; BRASIL, 2006).

O nível alarmante de desequilibro dos ecossistemas provocaram a mobilização de

algumas políticas públicas que estabeleceram uma nova filosofia no sentido de regulamentar

atividades que possam afetar o meio ambiente como a National Environmental Policy Act –

NEPA, nos Estados Unidos (USA, 1969).

Evidencia-se então, desde a década de 60, com o surgimento do movimento

ambientalista, que a sociedade passou a cobrar dos governos e empresas, atitudes que

minimizam os impactos ambientais.

Em junho de 1972, em Estocolmo na Suécia, durante a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente, foi criada uma comissão com a incumbência de reexaminar

as questões críticas do meio ambiente e de desenvolvimento, com o objetivo de elaborar uma

nova compreensão do problema, através de propostas com abordagem realistas e adequadas a

um contexto global.

Vários são os modelos e conceitos desenvolvidos desde então, sendo que o de

Desenvolvimento Sustentável, formalizado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) é o mais aceito e difundido atualmente. Segundo o Relatório

“Our Common Future”, apresentado pela CMMAD (1987), Desenvolvimento Sustentável é

“aquele que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem

comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as

14

suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora

e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e

econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo

tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as

espécies e os habitats naturais”.

Desta forma, a questão ambiental passa a ser entendida como uma necessidade e não

como uma barreira ao desenvolvimento. A preservação ambiental passa a ser uma

impulsionadora do desenvolvimento.

Nesta lógica, o conceito de ambiente é vinculado principalmente ao ecossistema, com

uma forte tendência para a consideração dos fatores socioculturais e de interação social,

econômico e político, conforme a Figura 1, o que ampliou substancialmente o conceito inicial,

que definia meio ambiente apenas sob o ponto de vista natural.

Figura 1: Representação dos componentes do Desenvolvimento Sustentável.

Segundo Jacobi (2003), a preocupação com o desenvolvimento sustentável representa

então, a possibilidade de garantir mudanças que não comprometam os sistemas ecológicos e

sociais que sustentam as comunidades.

Vinte anos após a conferência na Suécia, realizou-se no Brasil em 1992, a maior

reunião com fins pacíficos da história da humanidade, com a presença de mais de 180 chefes

de estado, cientistas, lideranças políticas e religiosas, celebridades e curiosos. Conhecida

15

como Rio 92, a II Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano ajudou na

construção de pactos universais sobre a qualidade de vida futura no planeta.

Esses pactos, representados principalmente pela Agenda 21 e Convenção do Clima e

Biodiversidade, na prática, apresentaram poucos resultados, visto que exigem mudanças nas

práticas e costumes de todos os povos, em especial, daqueles em que a luta pela sobrevivência

não é digna, o que faz da questão ambiental uma discussão estéril e estranha, em face da

miséria reinante (BARBIERI, 2003; BRASIL, 2006).

Em 2002, foi realizada em Johannesburgo, África do Sul, a Rio +10. Essa conferência

objetivou dar continuidade à discussão iniciada pela ECO-92. A discussão incidiu sobre ações

mais voltadas à erradicação da pobreza, à globalização e às questões energéticas, tais como o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o Protocolo de Kyoto, bem como às

mudanças climáticas, entre outros (AMERICA CHAMBER, 2004; RIGOTTO, 2005).

A evolução destas discussões e os acordos firmados nas conferencias contribuíram

para a adoção de medidas através de programas e políticas governamentais na busca do

Desenvolvimento Sustentável. Entretanto o alcance destas medidas frente à convergência dos

problemas enfrentados ainda é deficiente, pois a efetividade das políticas ambientais, na

maioria dos casos, está sustentada por soluções superficiais e paliativas.

O que se verifica, a nível mundial, é que os países, em sua grande maioria, não estão

dispostos aos sacrifícios econômicos necessários para as mudanças no modelo de

desenvolvimento, principalmente no que se refere à difusão de tecnologias e restrições à

poluição. Na prática, as nações desenvolvidas não querem, e tudo indica que em curto prazo

não o farão, assumir suas responsabilidades frente aos desafios impostos para a preservação

ambiental e atendimento equitativo das necessidades humanas.

O desenvolvimento tecnológico brasileiro possui basicamente, duas visões da política

ambiental e períodos distintos de atuação destas, estritamente vinculados com o cenário

político: a visão neoclássica ou liberal e a visão eco desenvolvimentista ou intervencionista

(BUBLITZ, 1999; FOGAÇA, 2006; FELIPE, 2007; RAMOS et al, 2008; DE NEGRI &

KUBOTA, 2008; ABRAMOVAY, 2010)

Segundo Pomeranz (1992), o desenvolvimento de projetos deve priorizar as múltiplas

racionalidades, identificando e considerando-as para a fundamentação do processo de tomada

de decisão. Estas múltiplas racionalidades possuem uma interface muito grande com as bases

do desenvolvimento sustentável, que considera aspectos econômicos, sociais e ecológicos.

Bublitz (1999) considera que o desenvolvimento humano neste novo milênio deve ser

garantido por meio de uma política ambiental intervencionista, conforme Quadro 1.

16

Quadro 1: Visões da Política Ambiental brasileira

TEMA VISÃO INTERVENCIONISTA VISÃO LIBERAL

Causa dos problemas ambientais

Atual estilo do desenvolvimento Imperfeições de mercado

Solução Novo estilo de desenvolvimento Ajuste no mecanismo de preços, incorporando as externalidades

Principal instrumento Planejamento participativo Taxa de poluição, venda de licenças para

poluir.

Política Ambiental

Incluir diferentes aspectos no meio ambiente. Interação com as demais

políticas setoriais de desenvolvimento do país

Sinônimo de política de controle da poluição

Fonte: Adaptado de Bublitz, 1999

Neste contexto, o cenário do desenvolvimento brasileiro caracteriza-se pela

consolidação das ações locais, que adquirem importância significativa, face às políticas

setoriais específicas para o meio ambiente, como nos programas de redução do

desmatamento, criação e unidades de conservação, combate às mudanças climáticas e geração

de energias limpas, valorização das comunidades tradicionais e fortalecimento dos órgãos de

fiscalização e controle.

Essa busca pelo equilíbrio entre os “meios necessários” e os “fins” almejados, segundo

Brasil (2006), se configura no controle ambiental dos processos produtivos e de consumo e,

posteriormente, na gestão da qualidade ambiental dos mesmos, na qual se busca o controle

dos serviços, produtos e atividades para a prevenção dos danos ambientais gerados.

O tratamento dispensado ao controle ambiental varia de acordo com as especificidades

de cada empreendimento, sendo as diretrizes estabelecidas pelas normas legais e órgãos

governamentais. Assim, na forma do disposto na legislação específica, o empreendimento

rodoviário e as ações inerentes à infraestrutura viária e operação da rodovia, devem se

enquadrar nas premissas do desenvolvimento sustentável.

O tratamento ambiental neste caso consiste em buscar a eliminação, mitigação ou

compensação de efetivos ou potenciais impactos ambientais negativos em decorrência do

processo construtivo e posterior operação da rodovia (BRASIL, 2006).

17

2.2 Conceitos e Definições

Os diversos ramos da ciência desenvolveram terminologia própria, dando às palavras

um significado o mais exato possível, eliminando ambiguidades e reduzindo a margem para

interpretações de significado. A área ambiental, ao contrário, utiliza vários termos do

vocabulário comum. Palavras como “impacto”, “avaliação”, e mesmo “ambiente” ou “meio

ambiente”, por exemplo, foram apropriadas do vernáculo e fazem parte do jargão dos

profissionais desse campo (TOMASI, 1994; SÁNCHES, 2006). Por isso, é necessário

estabelecer com clareza os conceitos e definições dos termos utilizados neste trabalho,

estabelecendo a base terminológica utilizada.

A seguir, com base na literatura específica e na legislação ambiental, apresentam-se

conceitos e definições dos principais termos empregados na área ambiental e neste trabalho.

a. Aspecto Ambiental – Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma

organização que pode interagir com o meio ambiente (SÁNCHES, 2006).

b. Avaliação de Impacto Ambiental – Instrumento de política ambiental, formado

por um conjunto de procedimentos, capaz de assegurar, desde o início do

processo , que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma

ação proposta e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de

forma adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por

eles sejam considerados (Moreira, 1992, p. 33).

c. Degradação Ambiental – Qualquer alteração adversa dos processos, funções ou

componentes ambientais, ou alteração adversa da qualidade ambiental

(SÁNCHES, 2006, p. 27).

d. Diagnóstico Ambiental – Descrição das condições ambientais existentes em

determinada área no momento presente. Descrição e análise da situação atual

de uma área em estudo feita por meio de levantamento de componentes e

processos do meio físico, biótico e antrópico e de suas interações (SÁNCHES,

2006; ECOPLAN, 2010).

e. Estudo de Impacto Ambiental – Documento integrante do processo de

avaliação de impacto ambiental , cuja estrutura e conteúdo devem atender aos

requisitos legais e estabelecidos pelo sistema de avaliação de impacto

ambiental em que esse estudo deve ser realizado e apresentado. Estudo ou

18

relatório que examina as consequências ambientais futuras de uma ação

proposta (SÁNCHES, 2006, p. 462).

f. Impacto Ambiental - qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I - a

saúde, a segurança e o bem estar da população; II - as atividades sociais e

econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais (RESOLUÇÃO

CONAMA 001/86, art. 1º).

g. Licenciamento Ambiental - procedimento administrativo pelo qual o órgão

ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a

operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,

consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob

qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as

disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso

(RESOLUÇÃO CONAMA 237/97, art. 1º, I).

h. Medidas Compensatórias – Ações com a finalidade de compensar a perda de

um bem ou função que será perdido em decorrência do projeto em análise

(SÁNCHES, 2006, p. 348).

i. Medidas Mitigadoras – Ações com a finalidade de reduzir a magnitude ou a

importância dos impactos adversos (SÁNCHES, 2006, p. 338).

j. Medidas Potencializadoras – Ações propostas com a finalidade de realçar a

magnitude ou a importância dos impactos benéficos (SÁNCHES, 2006, p.

355).

k. Meio Ambiente - é o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de

ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas (Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art3º, I).

l. Poluição - A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que

direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da

população, criem condições adversas às atividades socioeconômicas, afetem

desfavoravelmente a biota, afetem condições estéticas ou sanitárias do meio

ambiente e lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos (Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art.

3º, III).

19

m. Prognóstico ambiental – Projeção da provável situação futura do ambiente

potencialmente afetado, caso a proposta em análise seja implementada.

Também se pode fazer um prognóstico ambiental considerando que a proposta

em análise não seja implementada. (MÜLLER-PLANTENBERG &

AB'SÁBER, 1988; SÁNCHES, 2006, p. 464).

n. Recuperação Ambiental – Aplicação de técnicas de manejo visando tornar o

ambiente degradado apto para um novo uso produtivo, desde que sustentável

(SÁNCHES, 2006, p. 464).

o. Relatório de Impacto Ambiental – Documento que sintetiza as conclusões do

Estudo de Impacto Ambiental e apresenta as informações em linguagem

simples e acessível ao público não especializado (VERDUM, 2006;

ECOPLAN, 2009 a).

p. Resiliência - Capacidade de um ecossistema retornar à condição original de

equilíbrio após suportar alterações ou perturbações ambientais (TOMASI,

1994, p. 16 apud HOLLING, 1973; MAIA, 2001).

Uma questão extremamente importante é que o conceito de impacto ambiental, assim

como o de poluição, é basicamente um conceito antropocêntrico; estão calçados nos efeitos

das ações humanas sobre os ecossistemas e envolvem, também, os efeitos sobre a própria

sociedade humana e economia. Assim, devemos entender que não há poluição natural e que,

impacto ambiental se refere a ações antrópicas (TOMASI, 1994; MAIA, 2001).

Destaca-se ainda a interface entre as áreas de influência do empreendimento,

chamadas de área direta e indireta. Em ambas, modificações ambientais, permanentes ou

temporárias, são provocadas modificações que afetam as relações físico-químicas, sociais e

biológicas do ambiente. Estas transformações constituem os impactos ambientais, conforme

Figura2.

20

Fonte: Fogliatti et al, 2004.

Figura 2: Interface entre as áreas de influência direta e indireta.

2.3 Aspectos Legais

Os aspectos legais considerados neste trabalho, envolvem principalmente estratégias

desenvolvidas para a busca da sustentabilidade. Em nível de Brasil, a questão ambiental está

contemplada em nove artigos da Constituição Federal promulgada em 1988, entre os quais, o

artigo 225 estabelece que

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).

Entretanto, é interessante observar que anteriormente ao advento da Constituição

Federal, o tratamento ambiental passou a se revestir da maior ênfase a partir da Lei Federal nº.

6.938/81 que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente e criou a estrutura para sua

implementação, definindo as responsabilidades e instituindo a obrigatoriedade do

licenciamento ambiental de todas as atividades potencialmente causadoras de impacto através

do Estudo de Impacto Ambiental (BRASIL, 2006; MIRRA, 2006).

21

Desde Então, o arcabouço institucional relacionado a Legislação Ambiental vem

sendo consideravelmente ampliado e já se constitui em um vasto e amplamente diversificado

elenco de instrumentos de cunho legal/regulamentador/normativo (compreendendo Leis,

Decretos, Normas, Portarias e Resoluções) e que em seu conjunto buscam fornecer o

embasamento de todos os fundamentos que atendem à proteção do meio ambiente.

Estes dispositivos legais e, particularmente a Lei 6.939/81, introduziram a

obrigatoriedade da incorporação ao Projeto de Engenharia Rodoviária, da variável ambiental

(BRASIL, 2006; MIRRA, 2006).

A seguir, apresenta-se o escopo da Legislação Ambiental Básica no Brasil,

abrangendo todos os aspectos relativos à proteção do patrimônio natural, ordenação territorial

e mecanismos de controle e fiscalização. Cronologicamente, a legislação ambiental brasileira

está estruturada conforme o Quadro 2.

Quadro 2:Estrutura cronológica dos principais instrumentos legais sobre meio ambiente no Brasil.

Número Data Assunto

Decreto nº 24.643 10/07/1934 Decreta o Código de Águas

Decreto-Lei nº 25 30/11/1937 Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

Lei nº 3.924 26/07/1961 Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos

Lei nº 4.771 15/09/1965 Institui o Código Florestal

Lei nº 5.197 03/01/1967 Dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras providências

Decreto-Lei nº 227 28/02/1967 Código de Mineração

Decreto nº 84.017 21/09/1979 Aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.

Lei nº 6.766 19/12/ 1979 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, e dá outras providências

Lei nº 6.938 31/08/1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências

Lei nº 9.605 12/02/1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências

Lei nº 9.433 08/01/1997 Institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Recursos Hídricos

Decreto nº 88.821 06/10/1983 Aprova o Regulamento para a Execução de Serviço de Transporte Rodoviário de Cargas ou Produtos Perigosos, e dá outras providências

Decreto nº 89.336 31/01/1984 Dispõe sobre Reservas Ecológicas e Áreas de Relevante Interesse Ecológico, e dá outras providências.

22

Número Data Assunto

Lei nº 7.347 24/07/1985

Disciplina a Ação Civil Pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e dá outras providências.

Lei nº 7.661 16/05/1988 – Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências

Decreto nº 96.044 18/05/1988 Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências

Decreto nº 97.632 10/04/1989 Regulamenta o artigo 2º, inciso VIII, da Lei nº. 6.938, de 31/08/1981, que dispõe sobre a recuperação de áreas degradadas

Decreto nº 97.633 10/04/1989 Dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção à Fauna – CNPF, e dá outras providências.

Lei nº 7.797 10/07/1989 Cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências

Decreto nº 99.274 06/06/1990

Regulamenta a Lei nº. 6.902, de 27/04/1981, e a Lei nº. 6.938, de 31/08/1981, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

Decreto nº 24 04/02/1991 Dispõe sobre as ações visando à proteção do meio ambiente em terras indígenas

Decreto nº 750 10/02/1993 Dispõe sobre o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica, e dá outras providências.

Lei nº 9.795 27/04/1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

Lei nº 9.985 18/07/2000 Regulamenta o artigo 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e dá outras providências

Decreto nº 3.420 20/04/2000 Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas – PNF e dá outras providências (alterado pelos Decretos nº. 4.864, de 24/10/2003, e nº. 5.794, de 05/06/2006).

Decreto nº 4.339 22/08/2002 Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Biodiversidade

Decreto nº 4.340 22/08/2002

Regulamenta artigos da Lei nº. 9.985, de 18/07/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, e dá outras providências.

23

Número Data Assunto

Decreto nº 5.092 21/05/2004

Define regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente.

Decreto nº 5.746 05/04/2006 Regulamenta o artigo 21 da Lei nº. 9.985, de 18/07/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC.

Decreto nº 5.758 13/04/2006 Institui o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e estratégias, e dá outras providências.

2.4 Componente Ambiental em Empreendimentos Rodoviários

O transporte surgiu na fase de organização humana conhecida como sociedade pré-

industrial, pela necessidade de facilitar a distribuição do excedente alimentar (FOGLIATTI,

2004, RODRIGUES, 2007). Com a revolução industrial, os meios de transportes passaram a

atender deslocamentos mais extensos, devido ao aumento populacional.

Lisboa (2002) argumenta que a seleção dos traçados no planejamento de rodovias, até

pouco tempo, somente considerava aspectos geométricos e geotécnicos, baseados no mínimo

custo para a construção com um relativo retorno financeiro do investimento.

No Brasil, o incentivo ao transporte individual, com a popularização do veículo

trouxeram incremento no número de veículos trafegando nas vias com consequências diretas

na queda da qualidade ambiental.

Segundo Fogliatti (2004), as discussões ambientais relativas à implantação e operação

de sistemas de transportes são bastante abrangentes, visto que cada um desses influência o

ambiente em que se insere de maneira diferente.

No Brasil, conforme Figura 3, a matriz de transporte de passageiros e cargas é

composta, em sua grande maioria, por rodovias e, segundo BRASIL (2006), a razão desta

prevalência atribuída aos seguintes fatos:

a. Grande ampliação e modernização das redes rodoviárias federal e estaduais,

com muitos dos eixos principais pavimentados;

24

b. Estagnação relativa, e até declínio, dos meios ferroviários e aquaviário por

várias décadas, cuja recuperação, iniciada na segunda metade da década de 60,

veio a ter a sua continuidade comprometida, face ao vulto dos recursos

financeiros exigidos – os quais sistematicamente não foram disponibilizados;

c. Notada flexibilidade e segurança do transporte rodoviário que, aliadas à

relativa rapidez e às boas condições de operação, possibilitam tarifas e fretes

competitivos com os preços finais das outras modalidades;

d. Evolução da indústria automobilística com aumento de capacidade média e

produtiva da frota nacional de veículos rodoviários de passageiros e de cargas,

com ênfase para estes últimos;

e. Expansão da produção agrícola sazonal em novas e amplas fronteiras com

maior utilização efetiva da frota de caminhões;

f. Grande desenvolvimento econômico e urbanização acentuada, gerando

crescente demanda de transportes de cargas diversificadas;

g. Aumento da participação do modo rodoviário no transporte integrado, em face

do próprio desenvolvimento nacional e, em particular, pelo incremento das

exportações.

Fonte: ANTT, 2006.

Figura 3: Modal de transportes no Brasil.

25

Os projetos rodoviários são classificados em três tipos:

a. Projetos de implantação (construção) – permitem a ligação entre determinados

pontos ou cidades entre os quais ainda não existe uma estrada pioneira;

b. Projetos de melhoramento – permitem a adaptação da rodovia já existente às

novas condições de tráfego. O traçado é determinado pela via já existente,

podendo sofrer pequenas alterações geométricas, deslocamento de eixo,

mudanças na seção transversal e até implantação de uma faixa adicional;

c. Projetos de restauração – consiste na renovação do pavimento existente quando

a vida útil deste estiver esgotada, mantendo-se a mesma categoria da rodovia,

sem alterar o eixo nem o greide da mesma.

2.5 Atividades relacionadas à implantação de rodovias e impactos associados

2.5.1 Instalação, Operação e Desmobilização do Canteiro de Obras.

Os canteiros de obras consistem na infraestrutura básica necessária para a demanda de

obras de engenharia previstas. Compreendem instalações administrativas (escritórios,

oficinas, postos de abastecimento, ambulatórios, etc.), instalações de produção (carpintaria,

laboratórios e outros equipamentos), instalações comunitárias (alojamentos, vestiários,

refeitórios, sanitários, etc.) e instalações industriais (britadores, usinas de asfalto e depósitos).

A instalação, operação e desmobilização dos canteiros de obras podem causar

alterações na qualidade da água superficial e subterrânea, efeitos sobre o solo como processos

erosivos e assoreamento, impactos sobre a flora e fauna, geração de efluentes, proliferação de

vetores e doenças, alterações no quadro demográfico e acidentes.

2.5.2 Abertura de Acessos e Caminhos de Serviço

Os caminhos de serviço são abertos com o objetivo de permitir o tráfego de máquinas

e veículos no período em que não for possível pela plataforma sobre a qual se implantará a

26

rodovia. Geralmente, são feitos dentro da faixa de domínio da rodovia, evitando nascentes e

cursos d’água.

A remoção da cobertura vegetal pode acelerar os processos erosivos e assoreamento,

além de impactar espécies vegetais e animais. Ruídos e poluição atmosférica podem ser

provocados em função dos equipamentos utilizados, que também podem provocar acidentes.

2.5.3 Remoção da Cobertura Vegetal e Limpeza do Terreno

As atividades de desmatamento consistem na remoção da cobertura vegetal da faixa de

domínio da rodovia, vias de acesso, jazidas, unidades de apoio e entroncamentos (Fogliatti,

2004 apud Sá, 1996).

Segundo DNER (1996), é muito comum a alteração dos limites de desmatamento

definidos no projeto de engenharia, devido à dificuldade dos operadores de máquinas em

acompanhar a linha sinuosa que delimita os offsets de terraplanagem, principalmente em

regiões de vegetação densa. O desmatamento passa então, a ser delimitado por segmentos de

reta, aumentando significativamente a área desmatada e consequentemente, a agressão ao

meio ambiente.

2.5.4 Implantação e Exploração de Jazidas e Caixas de Empréstimos

A implantação de jazidas consiste na adequação de um local para deposição de

materiais utilizados para a construção das obras. Caixas de empréstimo são locais onde se

realiza a apropriação de recursos naturais (saibro, areia, cascalho, argila).

A exploração tanto de jazidas quanto de caixas de empréstimo envolve escavações e

desmonte, que tendem a causar processos erosivos e assoreamentos, modificações da rede de

drenagem natural, proliferação de insetos, poluição atmosférica e alteração na paisagem

natural.

27

2.5.5 Instalação e Operação de Usinas de Asfalto, Central de Concreto e Britagem.

Nas usinas de asfalto é produzida a massa asfáltica necessária à pavimentação. É

composta em geral por sistemas de alimentação de agregados virgens, sistemas de secagem e

misturador, sistema de exaustão e recuperação de finos, sistema de estocagem, unidade de

comando e operação, sistema de asfalto e óleo combustível, tanque de armazenamento, filtros

e sistemas de carregamento.

A central de concreto visa fornecer material para a construção de obras de arte,

drenagem e outros serviços e a central de britagem produz a brita utilizada na pavimentação.

Estas instalações provocam impactos, dentre os quais podem-se destacar a poluição

sonora e atmosférica, geração de efluentes, contaminação do solo e água e possíveis

acidentes.

2.5.6 Cortes e Aterros

Os cortes consistem na escavação, remoção do solo e desmonte de rocha com a

finalidade de preparar o terreno para a implantação da rodovia, colocando o eixo estradal nas

cotas topográficas estabelecidas nos projetos.

Os aterros são realizados com a finalidade de preparar o terreno para recebimento da

infraestrutura, constituindo-se em deposição do material, distribuição, compactação e

acabamento. O material utilizado para aterros é proveniente dos cortes ou áreas de

empréstimos específicos.

Os cortes e aterros podem causar alterações na drenagem natural, influenciam a

qualidade da água, aceleram os processos erosivos, aumenta os riscos de acidentes, perda de

espécies vegetais e animais, podendo também causar a desestabilização de fundações e

edificações próximas.

28

2.5.7 Bota-Foras

São áreas nas quais são depositados os materiais imprestáveis como entulhos de obras,

restos de formas, material de limpeza, excedentes de cortes, etc. Os impactos decorrentes dos

bota foras são os mesmos citados para jazidas e caixas de empréstimos.

2.5.8 Contenção de Taludes

São obras que visam evitar ou atenuar processos de escorregamentos, deslizamentos e

queda de blocos instáveis. Existem diversos tipos de obras de contenção, como muros de

arrimo, gabiões, cortinas atirantadas, que envolvem basicamente a reconstrução de aterros e

bota-foras, implantação de sistemas de drenagem e proteção vegetal.

Podem ocasionar alterações da paisagem e do sistema de drenagem natural, mas tem

em geral, efeito positivo, uma vez que procuram reduzir os impactos sobre o solo e as águas,

provocadas por outras atividades.

2.5.9 Drenagem

São obras que conduzem as águas superficiais ou subterrâneas quando o fluxo natural

delas sofre consequências das intervenções humanas, como abertura de trilhas e acessos,

cortes e aterros, exploração de jazidas, desmatamento, etc., que afetam a ocupação e uso do

solo e criam obstáculos e interrupções ao escoamento espontâneo das águas (FOGLIATTI,

2004).

Podem ser usadas sarjetas, valetas de proteção, drenos, camadas drenantes, grama e

outras soluções para proteção das superfícies expostas à processos erosivos e no controle de

águas pluviais.

Assim como a contenção de taludes, as obras de drenagem também têm efeitos

positivos, pois reduzem muitos dos impactos negativos, provocados por diversas obras, no

solo e na água.

29

2.5.10 Obras de Terraplenagem

Constituem-se pelas operações de escavação, carga, transporte, descarga, compactação

e acabamento, ou seja, serviços de movimentação de terra executados para planar o terreno no

qual será implantado a rodovia.

Os principais impactos decorrentes desta atividade são a aceleração de processos

erosivos e assoreamento, contaminação das águas, aumento da poluição sonora, atmosférica e

dos ricos de acidentes, desestabilização de fundações, e alteração da saúde da população.

2.5.11 Obras de Pavimentação

A pavimentação é executada após a regularização do leito estradal. Os possíveis

impactos são os mesmos apresentados na terraplenagem, porém a contaminação dos recursos

hídricos pode ser maior em função da toxidez do produto usado nesta atividade.

2.5.12 Obras de Arte Corrente e Especiais

As obras de arte corrente são baseadas nos resultados dos estudos hidrológicos

desenvolvidos e consistem na implantação de tubos e galerias para transposição de cursos

d’água ao longo do traçado da via. As obras de arte especiais consistem em pontes e

passagens superior e inferior de pessoas, veículos e animais.

Essas atividades têm como principais impactos a alteração dos sistema de drenagem

natural. A destruição da vegetação nas margens dos rios, a deterioração da qualidade da

paisagem, desvios de tráfego, rebaixamento do lençol freático, desestabilização do solo, perda

de espécies e aumento no risco de acidentes.

30

2.5.13 Desmonte de Rochas e Pedreiras

Essa atividade em geral é feita com auxilio de explosivos, sendo necessária para a

implantação do corpo estradal e para a obtenção de material de construção. Sua execução

eleva os riscos de acidentes, poluição atmosférica e sonora, provocando também a alteração

da paisagem.

2.5.14 Operação de Máquinas e Equipamentos

Os principais impactos decorrentes da operação de máquinas e equipamentos durante a

implantação de um empreendimento rodoviário consistem no aumento da poluição sonora e

atmosférica, aumento dos riscos de acidentes e de possíveis problemas de circulação.

31

3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

3.1 Conceitos, Origem e Fundamentação Legal.

A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) pode ser considerada o processo de

avaliação dos impactos ecológicos, econômicos e sociais que podem advir da implantação de

atividades antrópicas e de monitoramento e controle desses efeitos pelo poder público e pela

sociedade (BRASIL, 2006).

É um instrumento de política ambiental, formada por um conjunto de procedimentos

capaz de assegurar, desde o início do processo, um exame sistemático dos impactos

ambientais de uma ação proposta e de suas alternativas.

Em síntese, a AIA é o conjunto de procedimentos necessários e suficientes para

avaliação dos prováveis impactos ambientais de novos projetos e adoção das medidas para

proteção do meio ambiente.

A Avaliação de Impacto Ambiental foi instituída inicialmente nos Estados Unidos

através da National Environmental Policy Act aos projetos governamentais e

empreendimentos privados que dependiam de autorização ou financiamento do governo.

A Alemanha adotou o sistema de Estudo de Impacto Ambiental em 1971. Seguiu-se

entre outros, Canadá em 1973, a Irlanda e a França em 1976, a Holanda em 1981. Hoje,

mesmo países subdesenvolvidos adotaram, com adaptações locais, algum tipo de avaliação

ambiental, de modo que adaptaram sua legislação e processos de planejamento aos princípios

da AIA, utilizando-os, ainda que sem exigências formais quanto à aprovação dos estudos à

tomada de decisões (MOREIRA, 1989; TOMASI, 1993; SÁNCHES, 2006).

No Brasil, a AIA foi adotada por exigência de organismos multilaterais de

financiamento, como o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial

– BIRD, devido às repercussões internacionais dos impactos ambientais causados pelos

empreendimentos de porte implantados na década de 1970 e, também, nas recomendações dos

desdobramentos da Conferência de Estocolmo, em 1972, para que os países incluíssem a AIA

nos processos de planejamento e decisão de programas e projetos de desenvolvimento

(MOREIRA, 1985; ANDREAZZI & MILWARD-DE-ANDRADE, 1990; DIAS, 2001;

BRASIL, 2006).

32

A primeira avaliação ambiental realizada no Brasil ocorreu em 1972, para a barragem

e usina hidroelétrica de Sobradinho, na Bahia, por exigência do Banco Mundial para o

financiamento do empreendimento. Em 1973, elaborou-se o parecer técnico ambiental sobre o

projeto de extensão da Tibrás – Titânio do Brasil S.A. – e em 1975, o EIA para o lançamento

no mar por barcaças, dos resíduos provenientes da fábrica de dióxido de titânio, para o Centro

de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia.

Após algumas adaptações e aprimoramentos, a AIA consolidou-se como processo

institucional a partir da década de 1980, com avanços nas discussões sobre sua concepção e

fases de execução, principalmente no que se refere à participação da sociedade nas diferentes

fases do processo de avaliação.

Especificamente no Brasil, a Lei nº 6938, de 31/8/1981, que dispõe sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 9º, inciso III, estabelece os instrumentos de

aplicação, entre eles a avaliação de impactos ambientais.

Segundo a Resolução CONAMA 01/86, art. 3º, a licença ambiental para

empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de

significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e

respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA). O EIA é um dos

instrumentos e faz parte da Avaliação de Impacto Ambiental.

Entre as várias etapas que compreendem a AIA, uma das mais importantes é o Estudo

de Impacto Ambiental, que organiza os estudos para a implantação do empreendimento,

propondo várias análises da região (diagnóstico e prognóstico), aspectos diferenciados para

cada tipo de situação (inclusive a não implementação do empreendimento), sistematizando os

dados disponíveis, avaliando os impactos ambientais e propondo um planejamento ambiental

para mitigar, compensar e monitorar os impactos ambientais avaliados.

IAIA (2009) considera que a Avaliação do Impacto Ambiental deve ser pautada por

algumas diretrizes e procedimentos, entre as quais destacam-se:

a. Útil - o processo deve informar a decisão e resultar em níveis adequados de

proteção ambiental e de bem-estar da comunidade.

b. Rigorosa - o processo deve aplicar as melhores metodologias e técnicas

científicas praticáveis e adequadas ao tratamento dos problemas em causa.

c. Prática - o processo deve produzir informação e resultados que auxiliem a

resolução de problemas e sejam aceitáveis e utilizáveis pelo proponente.

33

d. Relevante - o processo deve fornecer informação suficiente, fiável e utilizável

nos processos de desenvolvimento e na decisão.

e. Custo-eficaz - o processo deve atingir os objetivos da AIA dentro dos limites

da informação, do tempo, dos recursos e das metodologias disponíveis.

f. Eficiente - o processo deve impor um mínimo de custos financeiros e de tempo

aos proponentes e aos participantes, compatível com os objetivos e os

requisitos da AIA.

g. Focalizada - o processo deve concentrar-se nos fatores chave e nos efeitos

ambientais significativos; ou seja, nas questões que têm de ser consideradas na

decisão.

h. Adaptativa - o processo deve ser ajustado à realidade, às questões e às

circunstâncias das propostas em análise sem comprometer a integridade do

processo, e deve ser iterativo, incorporando as lições aprendidas ao longo do

ciclo de vida da proposta.

i. Participativa - o processo deve providenciar oportunidades adequadas para

informar e envolver os públicos interessados e afetados, devendo os seus

contributos e as suas preocupações ser explicitamente considerados na

documentação e na decisão.

j. Interdisciplinar - o processo deve assegurar a utilização das técnicas e dos

peritos adequados nas relevantes disciplinas biofísicas e socioeconômicas,

incluindo, quando relevante, a utilização do saber tradicional.

k. Credível - o processo deve ser conduzido com profissionalismo, rigor,

honestidade, objetividade, imparcialidade e equilíbrio, e ser submetido a

análises e verificações independentes.

l. Integrada - o processo deve considerar as inter-relações entre os aspectos

sociais, econômicos e biofísicos.

m. Transparente - o processo deve ter requisitos de conteúdo claros e de fácil

compreensão; deve assegurar o acesso do público à informação; deve

identificar os fatores considerados na decisão; e deve reconhecer as limitações

e dificuldades.

34

n. Sistemática - o processo deve resultar na consideração plena de toda a

informação relevante sobre o ambiente afetado, das alternativas propostas e

dos seus impactos, e das medidas necessárias para monitorar e investigar os

efeitos residuais.

Para melhor entendimento, na Figura 4, é apresentado um fluxograma do processo de

Avaliação de Impacto Ambiental, com o Estudo de Impacto Ambiental e a Avaliação de

Impacto Ambiental propriamente dita identificados em negrito.

35

Planejamento e estudos iniciais para desenvolver projeto

Contatos com órgãos ambientais (envolvidos no licenciamento) e agências reguladoras

Contratação de empresa de consultoria para realização dos estudos

Elaboração do Termo de Referência

Estudos ambientais preliminares

Elaboração do EIA/RIMA

Audiência Pública

Obtenção da LP

Diagnóstico Prognóstico

AIA Análise

Conclusão

Desenvolvimento do PBA (Projeto Básico Ambiental)

Obtenção da LI

Construção do Empreendimento

Obtenção da LO

Início da Operação do Empreendimento

Env

olvi

men

to d

a P

opul

ação

atin

gida

Fonte: Stamm, 2003

Figura 4: Fluxograma do Processo da Avaliação de Impacto Ambiental

36

3.2 O Licenciamento Ambiental e o Estudo de Impacto Ambiental

No Brasil, o sistema de licenciamento ambiental foi introduzido inicialmente no estado

do Rio de Janeiro, em 1978, pela FEEMA (Fundação Estadual de Engenharia do Meio

Ambiente), através do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (ALMEIDA,

2002, p.45).

O licenciamento ambiental é um dos instrumentos definidos pela Política Nacional de

Meio Ambiente no Brasil e dá-se mediante a concessão de três tipos de Licenças. Estas são

denominadas: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, as quais podem

ser expedidas isoladamente ou sucessivamente. Isto dependerá da natureza, características e

fase da atividade impactante em análise. A Figura 5 apresenta a sequencia simplificada do

processo de licenciamento ambiental para empreendimentos rodoviários no Brasil.

Figura 5: Sequencia simplificada do processo de licenciamento ambiental.

A Licença Prévia constitui a primeira fase do licenciamento ambiental. Esta deve ser

requerida na etapa preliminar de planejamento do empreendimento e, ou, atividade. A licença

será concedida mediante a análise da localização e concepção do empreendimento; a

apreciação dos requisitos básicos a serem atendidos nas próximas fases e a observância dos

planos municipais, estaduais ou federais para a área de abrangência do empreendimento e, ou,

atividade.

A Licença de Instalação, que corresponde a segunda fase do licenciamento

ambiental, é concedida mediante a análise e aprovação dos projetos executivos de controle de

poluição. Esta licença permite a instalação e, ou, ampliação de um empreendimento. O que

permitirá a implantação do canteiro de obras, movimentação de terra, construção de vias,

edificação de infraestruturas e instalações de equipamentos.

37

A Licença de Operação autoriza a operação do empreendimento e, ou, a realização da

atividade impactante. Isto se dá após a verificação do efetivo cumprimento do que consta as

Licenças Prévia e de Instalação.

Especificamente, no Brasil, a Lei nº 8.028, de 12/04/1990 estabeleceu a

obrigatoriedade dos “estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras

ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente, nas áreas consideradas

patrimônio nacional”.

Anteriormente a esta lei, a Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986,

estabeleceu que “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo

relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual

competente e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras

do meio ambiente”. No artigo 5º, inciso II, a Resolução estabelece que o estudo de impacto

ambiental, além de atender à legislação, deverá identificar e avaliar sistematicamente os

impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade.

Assim, a Resolução CONAMA nº 01/1986 constitui o instrumento legal para

orientação do processo de avaliação de impacto ambiental e, cronologicamente, a

Constituição Federal de 1988 veio estabelecer, através do artigo 225, inciso IV, a

obrigatoriedade do poder público exigir o Estudo Prévio de Impacto Ambiental para a

instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio

ambiente.

A autorização para as atividades relacionadas nesta resolução dependem da elaboração

de EIA, sendo que empreendimentos rodoviários se enquadram no Art. 2º, I.

A exigência do estudo de impacto ambiental também foi fundamentada pelo artigo

225. § 1º, IV da Constituição Federal de 1988 declarando que, “para instalação de obra ou

atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo

prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade”.

Como apontaram Sánchez (2006) e Verdum & Medeiros, (2006), o EIA deve preceder

à instalação do projeto, para que os efeitos adversos que possam ser induzidos, possam ser

evitados ou reduzidos a níveis aceitáveis.

Sánchez (2006) considera que o EIA é o documento mais importante de todo o

processo de avaliação de impacto ambiental. É com base nele que serão tomadas as principais

decisões quanto à viabilidade ambiental de um projeto, quanto à necessidade de medidas

mitigadoras e o alcance dessas medidas.

38

Para a elaboração destes estudos, os órgãos licenciadores (estaduais ou o IBAMA à

nível federal) estabelecem um roteiro denominado Termo de Referência, no qual conta o

conteúdo mínimo necessário ao atendimento da Resolução CONAMA 01/86 para fins de

licenciamento dos projetos. O Termo de Referência (ou escopo) é o documento orientador

para elaboração de qualquer tipo de projeto.

O escopo identifica os assuntos mais prováveis a serem analisados durante a

elaboração dos estudos de impacto ambiental. De acordo com Jackson (1997, p.55), o escopo

não deve ter por objetivo apenas o Estudo de Impacto Ambiental, mas deverá incluir uma

descrição de todos os processos que compõem o empreendimento.

O resultado final da fase de escopo pode ser expresso em um documento formal, com

assuntos a decidir, ou pode ser um documento mais informal com uma estrutura de escopo a

ser revisada pelo empreendedor. Se formal ou informal, o teste para a estrutura do escopo é

sua utilidade e robustez, como demonstrado ao longo das sucessivas fases do Estudo de

Impacto Ambiental.

Segundo Stamm (2003), a vantagem da fase de escopo é que se apresenta como uma

oportunidade para um diálogo aberto entre os empreendedores e o público. Tais discussões

podem conduzir frequentemente a uma solução dos problemas percebidos. As desvantagens

são a demora, o custo e o gasto com recursos de força de trabalho e necessidade da

cooperação dos empreendedores.

A Resolução CONAMA 01/86 fornece a orientação básica para a elaboração do

EIA/RIMA, estabelecendo definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais.

De acordo com o artigo 5º da resolução, além de atender a legislação e os princípios e

objetivos expressos na Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, deve obedecer as

seguintes diretrizes gerais:

a. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto,

confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

b. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases

de implantação e operação da atividade;

c. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos

impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os

casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

d. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em

implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade com o

projeto proposto.

39

O EIA deve contemplar, no mínimo as seguintes atividades técnicas (Resolução

CONAMA 01/86, art. 6º):

a. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e

análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a

caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto;

b. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de

identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos

prováveis impactos relevantes;

c. Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os

equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a

eficiência de cada uma delas;

d. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento, os impactos

positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados.

VERDUM & MEDEIROS (2006) afirmam que o EIA possui um caráter público e de

envolvimento de todos os setores da sociedade que possuem algum tipo de envolvimento com

o empreendimento, seja direta ou indiretamente. É o documento que servirá de base para as

negociações entre empreendedor, governo e partes interessadas. A participação da sociedade

no processo de tomada de decisões é essencial para atingir os objetivos da AIA e envolve

várias etapas, conforme Figura 4 apresentada anteriormente.

Tomasi (1994) exemplifica que, um ecologista poderá ver muito mais os efeitos sobre

um ecossistema do que um planejador ou legislador, mas há imperiosa necessidade de

entrosar suas competências para avaliar os vários significados dos efeitos ambientais,

benéficos ou adversos. Essa avaliação deve, também ser realizada pela comunidade,

devidamente consciente de que não é possível adotar ecologismos e nem tecnologismos

exagerados, visto que não é possível avaliar todos os possíveis efeitos ambientais de um

projeto (TOMASI 1994; MAIA 2001; ECOPLAN, 2009 b).

Há duas perspectivas bem diferentes para a elaboração de um EIA no que se refere a

parte de diagnóstico, a abordagem exaustiva e a abordagem dirigida. A abordagem exaustiva,

mais usual no Brasil, tende a descrever detalhadamente os mais variados componentes do

meio. Essa situação é muito comum nos estudos, pois essa etapa não é vista como a junção de

descrição e análise e não há um esforço da equipe de elaboração em realizar reflexões e

40

sínteses sobre o estado do meio ambiente, supondo-se assim, que quanto mais se dispõe de

informação, melhor será a avaliação (SÁNCHES, 2006; GOMES et al, 2008).

Por outro lado, a abordagem dirigida, pressupõe que só faz sentido levantar dados que

serão efetivamente utilizados na análise dos impactos e úteis para a tomada de decisões. A

desdém de mera compilação de informações, essa abordagem busca o entendimento das

relações entre o empreendimento e o meio.

Dentro de uma perspectiva dirigida, o EIA deve ser feito adotando-se uma sequencia

lógica de etapas, estritamente vinculadas (Figura 6), sendo disponíveis atualmente inúmeras

publicações sobre o assunto (MOREIRA, 1985; TOMASI, 1994; GUERRA & CUNHA,

2001; FOGLIATTI et al, 2004; BRASIL, 2006; SÁNCHES, 2006).

A implantação de empreendimentos rodoviários abrange ações inerentes à

infraestrutura viária e operação da rodovia e deve se enquadrar nas premissas do

desenvolvimento sustentável. Para tanto, em termos práticos, e considerando os componentes

básicos do meio ambiente em toda a sua abrangência (físico, biótico e antrópico), consiste no

estabelecimento ou definição de medidas de caráter corretivo, mitigador ou compensatório

com base na previsibilidade de ocorrência de impactos (FOGLIATTI et al, 2004; BRASIL,

2006).

Figura 6: Fluxograma de etapas dos Estudos Ambientais

Um bom entendimento dos objetivos da avaliação de impacto ambiental, assim como

das possibilidades e limites deste instrumento, é essencial para que se possa obter o máximo

de sua aplicação (TOMASI, 1994; SÁNCHES, 2006). Desta forma, o trabalho da equipe

responsável, preparada e capacitada nestes temas, possibilitará que a melhor alternativa em

discussão seja implantada com sustentabilidade.

41

3.3 Métodos de Avaliação de Impactos Ambientais

Os métodos de avaliação de impacto ambiental são mecanismos estruturados para

coletar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais da

implantação de um empreendimento, incluindo os meios para a apresentação escrita e visual

dessas informações ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão (BISSET, 1982).

Em síntese, os métodos são um sequencia de passos recomendados para colecionar e

analisar os efeitos de uma ação sobre a qualidade ambiental e a produtividade do sistema

natural e avaliar seus impactos no meio natural e socioeconômico (FOGLIATTI et al, 2004).

Segundo Sánchez (2006), há diversos tipos de ferramentas para auxiliar na tarefa de

identificar os impactos ambientais. A aplicação destes instrumentos necessita de grande

conhecimento da equipe executora do EIA e demanda principalmente:

a. Razoável domínio dos conceitos subjacentes;

b. Compreensão detalhada do projeto analisado e de todos os seus componentes;

c. Razoável entendimento da dinâmica socioambiental da região potencialmente

afetada.

Os métodos de avaliação de impacto ambiental são mecanismos estruturados para

coletar, analisar, comparar e organizar informações e dados sobre os impactos ambientais de

uma proposta, projeto ou empreendimento. À medida que evoluíram as discussões sobre a

aplicabilidade dos diversos métodos desenvolvidos para avaliação dos impactos foi se

tornando claro que, entre as metodologias tradicionais, não há uma técnica que, sozinha,

atenda todos os aspectos envolvidos no processo.

O processo de avaliação de impactos pode ser sintetizado, de maneira geral, em uma

sequência de procedimentos que se inicia com duas vertentes de conhecimento: o

Empreendimento e Diagnóstico Ambiental. A partir do detalhamento das ações efetivamente

necessárias para a implementação do empreendimento e dos descritores ambientais

identificados no diagnóstico, são identificados os impactos ambientais e propostas as medidas

de controle, sejam elas preventivas, mitigadoras, compensatórias ou potencializadoras. Em

etapas posteriores, a aplicação de avaliações de importância, magnitude, significância tratam

de estabelecer hierarquias e prioridades para os impactos.

Nenhum método, isoladamente, pode avaliar de forma completa os impactos de um

projeto ou atividade (TOMASI, 1994; SÁNCHES, 2006; ECOPLAN, 2010). As técnicas

42

utilizadas são, em sua grande maioria, bastante subjetivas, visto a complexidade dos métodos

quantitativos disponíveis. A seguir, são apresentados os métodos mais amplamente utilizados,

com breve discussão sobre suas principais vantagens e desvantagens.

3.3.1 Métodos “Ad Hoc”

Presente em um dos métodos clássicos de avaliação de impacto, a expressão latina “Ad

Hoc” significa “para isto” ou “para este fim” e consiste em reuniões de técnicos e cientistas de

especialidades escolhidas de acordo com as características e a localização do projeto a ser

analisado.

Este método surgiu da necessidade de tomar decisões sobre a implantação de projetos,

não somente levando em consideração razões econômicas ou técnicas, mas também

considerando pareceres de especialistas em cada tipo de impacto resultante do projeto.

São métodos desenvolvidos para projetos específicos e já definidos. Compreendem

técnicas de avaliação rápida que, geralmente, consistem em fornecer, de forma simples, as

informações qualitativas para escolha de alternativas de localização, ou de processos de

operação, de um empreendimento.

Um dos exemplos mais conhecidos do método Ad Hoc, o método Delphi, com a

utilização de várias rodadas com questionários nos quais os especialistas apresentam suas

impressões sobre assuntos levantados anteriormente, até a obtenção de consenso ou não

(RODRIGUES, 1998, p.26). Com a sucessão de rodadas de questionários, os especialistas

passam a tomar conhecimento dos pareceres do grupo. Os pontos onde não existe consenso

são tabelados como tais.

3.3.2 Listagens de Controle ou “Checklist”

As listas de checagem são, provavelmente, o procedimento mais utilizado e mais

antigo para avaliação de impactos ambientais. As primeiras listagens de controle apenas

listavam os fatores ambientais e seus respectivos indicadores de impacto, depois surgiram as

43

listagens descritivas e, posteriormente, as que associavam aos fatores ambientais escalas de

valor e índices de ponderação da importância dos impactos.

As listas de controle podem ter variadas formas. São listas de atributos ambientais que

podem ser afetadas pelo projeto em análise. Variam de simples listas de impactos ambientais

causados pelo projeto até complexos inventários que podem incluir escala e significância de

cada impacto sobre o meio ambiente (UNEP, 2000).

São utilizados para avaliação rápida e de forma qualitativa, onde os impactos são

identificados para os tipos específicos de projetos garantindo, assim, que todos os itens sejam

considerados.

3.3.3 Método Batelle

O Método de Avaliação de Impactos Ambientais Batelle-Columbus, desenvolvido

entre 1969 e 1973 por DEE et al. por encomenda da Environment Protection Agency dos

Estados Unidos, para atender às peculiaridades de projetos envolvendo recursos hídricos.

Constitui-se num método organizado que permite uma sistematização da análise, além

de identificar mudanças críticas através do exame de componentes de qualidade ambiental.

Neste método, os tópicos de interesse são divididos em quatro categorias principais: ecologia,

poluição ambiental, estética e interesse humano e social.

Cada uma destas categorias compreende um conjunto de componentes que, por sua

vez, compreende um conjunto de fatores, totalizando 78 variáveis. Para determinação do

impacto ambiental, as medidas e/ou estimativas dos parâmetros ambientais são transformados

e normalizados, para permitir a comparação dos impactos através de uma unidade comum, o

IQA (Índice de Qualidade Ambiental), o qual varia de 0 a 1. A transformação é feita através

de funções, para cada fator ambiental, as quais são elaboradas com base nas informações

antecipadas da qualidade de cada fator e no julgamento de especialistas no assunto.

Multiplica-se o IQA de cada fator pelo seu peso correspondente. A soma desses

produtos resulta no “valor para o meio ambiente”. Este cálculo é feito para o ambiente sem o

projeto, com as medidas reais dos parâmetros ambientais, e para as várias alternativas, usando

como dados iniciais a previsão de alteração nos parâmetros. O impacto ambiental é, então,

expresso pela diferença do “valor” do ambiente com ou sem o projeto e com as várias

alternativas.

44

3.3.4 Matrizes de Interação

As matrizes consistem em duas listagens, uma com as diversas atividades referentes ao

projeto e a outra com o “checklist” dos fatores ambientais que podem ser afetados por aquelas

atividades. A matriz, constituída desses elementos, dispostos nos eixos horizontal e vertical,

respectivamente, permite identificar os impactos, através de simples cruzamento dos mesmos.

Os aspectos mais relevantes dos impactos identificados são descritos em um texto, que

deve acompanhar a matriz. Neste método, a identificação dos impactos é abrangente, porém

não impede que um impacto seja considerado mais de uma vez, e apenas os impactos diretos

podem ser identificados na matriz.

A matriz de Leopold, descrita detalhadamente mais adiante, é a matriz mais utilizada e

permite derivações e reformulações. A matriz de Leopold pode ser considerada como frágil

quanto à previsão da magnitude dos efeitos ambientais, porque a objetividade na medida de

magnitude é comprometida, devido os critérios de gradação dependerem da equipe de

avaliação, tornando-os subjetivos. Quanto à definição do grau de importância dos impactos,

segue critérios definidos pela equipe de trabalho, ficando caracterizada também a

subjetividade no atributo importância.

Somando-se ao exposto a ausência das opiniões da comunidade na escolha dos fatores

e na sua gradação, pode-se afirmar que os resultados refletirão, sempre, o grau e a

especificidade do conhecimento da equipe técnica de trabalho e a sua capacidade de

julgamento.

3.3.5 Superposição de Cartas

A superposição de cartas “overlay mapping” é um método muito utilizado na

avaliação de impactos ambientais, porém foi criado originalmente para estudos de

planejamento urbano e regional. Consiste na confecção de uma série de mapas temáticos,

sendo uma carta para cada fator ambiental, onde são representados os dados organizados em

categorias. A superposição dessas cartas transparentes produzem a síntese da situação

ambiental da área geográfica.

45

Originalmente, este método consistia na superposição de imagens impressas em

transparências (RODRIGUES, 1998, p.39). A intensificação da cor era entendida como áreas

com impactos ambientais mais intensos. Atualmente com a ajuda da computação gráfica e

informações obtidas por satélites, radares ou fotografias digitalizadas, este método tem se

tornado mais simples, rápido, manipula uma série imensa de informações rapidamente e o

nível de precisão atual é incomparavelmente maior do que os métodos anteriores.

O processamento deste método consiste nas seguintes providências:

a. Elabora-se um inventário, através do mapeamento dos fatores ambientais;

b. Interpreta-se os dados dos inventários, em relação às atividades objeto de

localização, e traduz-se em mapas de capacidade, para cada uma das

atividades;

c. Divide-se a área de estudo em quadrículas geográficas convenientes;

d. Para cada quadrícula, levanta-se as informações sobre os fatores ambientais e

os interesses humanos, agrupados em categorias (econômicas, sociais, etc.);

Os mapas são superpostos, objetivando a identificação visual da melhor condição entre

fatores ambientais – fatores culturais e socioeconômicos – viabilidade técnica do projeto.

As observações mais significativas, detectadas nestes métodos são:

a. O método só permite a introdução de dados que podem ser representados

cartograficamente, o que o torna limitado para a identificação dos impactos;

b. O método é eficaz na identificação de impactos das alternativas de traçado de

empreendimentos rodoviários;

c. O método é eficaz para localização dos aspectos e impactos;

d. O limite para superposição é de dez mapas;

e. O método não é adequado para representação de incertezas;

f. É recomendável para projetos de desenvolvimento regional.

46

3.3.6 Redes de Interação

As redes de interação, “networks”, foram criadas para avaliar os impactos indiretos.

As redes de interação estabelecem a sucessão de impactos ambientais gerados por uma ação,

através de quadros e diagramas, permitindo retraçar, a partir de um impacto, o conjunto de

ações que o causaram.

Tendo em vista que neste método não há a previsão da magnitude dos impactos, sua

utilização torna-se desaconselhável para a avaliação de impactos. Tecnicamente, o método

não é abrangente, pois não se aplica à análise de impactos socioeconômicos e culturais.

As redes de interação são representações em forma de diagrama da sucessão de

impactos, através de conexão entre indicadores. Este tipo de método surgiu a partir dos

estudos de Sorensen, em 1972. Através dos diagramas, os usos do solo são relacionados a

fatores causais (ações que produzem impactos), alterações diretas ou impactos diretos,

alterações indiretas, e finalmente, aos efeitos.

O método de Sorensen utiliza-se de dois quadros e um diagrama. O primeiro quadro

relaciona os usos aos fatores causais e o segundo permite relacionar os fatores e seus

respectivos impactos diretos.

Os usos do solo são selecionados em função de seus conflitos ou degradações por eles

produzidos e de sua compatibilidade com o planejamento regional. A listagem de impactos

diretos é feita verticalmente em seis categorias: água, clima, condições geofísicas, biota,

condições de acesso e estética. A partir da identificação dos impactos diretos, a sucessão de

impactos indiretos, seus respectivos efeitos e as medidas mitigadoras e de controle, são

descritos através do desenvolvimento de um fluxograma, ou seja, uma rede de interações.

Como o método considera apenas os efeitos adversos e conflitos de uso, os efeitos

benéficos devem ser analisados através de outra matriz que relacione compatibilidade entre

usos.

47

3.3.7 Método de Sondheim

Este método é desenvolvido por três grupos de trabalho: o corpo de coordenação, o

painel de classificação e o painel de ponderação. O corpo de coordenação é constituído de

elementos do corpo do órgão, empresa ou instituição, gerenciador do estudo. São responsáveis

pela listagem de “m” alternativas e definição dos “n” aspectos ambientais.

O painel de classificação constitui-se de especialistas que julgarão cada alternativa, de

acordo com seus próprios critérios, e para cada aspecto ambiental. Ao painel de ponderação,

composto de organizações comunitárias, representantes do governo, grupos de interesse e

outras partes interessadas, é destinado a função de avaliar os “n” aspectos ambientais.

Através de cálculos estatísticos, testes de significância, esquemas de classificação

padronizados e esquemas de ponderação, é obtida uma listagem das alternativas de projeto,

em ordem decrescente de preferência (SONDHEIM, 1978).

Verifica-se que, apesar dos aspectos positivos deste método, os fatores ambientais são

analisados isoladamente pelos especialistas do painel de classificação, e a homogeneização

das análises setoriais é realizada através de artifícios matemáticos, o que não traduz a

realidade dialética do meio ambiente. O resultado final limita-se a uma classificação de

alternativas e há ausência de análise mais detalhada das consequências e dos impactos

indiretos.

3.3.8 Matriz de Leopold

A matriz mais conhecida e utilizada é a de Leopold, a partir dela muitas outras foram

formuladas. É um método muito útil no processo de avaliação e descrição, porque possibilita

o confronto entre os componentes ambientais e os componentes de projeto.

Em sua concepção original, a matriz possui 88 linhas e 100 colunas, perfazendo um

total de 8.800 quadrículos ou células matriciais. No ponto correspondente ao cruzamento

entre a linha do componente impactante do projeto e a coluna do componente do meio

ambiente impactado, tem-se uma célula na matriz que representará o impacto ambiental

previsto (LEOPOLD et al, 1971).

48

Estas células matriciais são divididas em quatro campos, destinados à colocação dos

valores dos atributos:

Célula matricial

C = caráter;

M = magnitude;

I = importância;

D = duração.

C I

M D

Para cada parâmetro de avaliação dos atributos corresponderá um símbolo, a ser

lançado no respectivo campo celular. Geralmente são utilizados os seguintes algarismos para

simbologia representativa dos parâmetros de avaliação, conforme Quadro 3, que segue.

Quadro 3: Parâmetros de Avaliação

ATRIBUTO PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO SÍMBOLO

Caráter Benéfico Adverso

1 2

Magnitude Grande Média

Pequena

3 4 5

Importância Significativa Moderada

Não significativa

6 7 8

Duração Curta

Intermediária Longa

9 10 11

Fonte: BRASIL, 2006.

3.3.9 Matriz de Leopold Reformulada por L. Bianchi

A reformulação do Método de Leopold por L. Bianchi permite a introdução de várias

modificações e adaptações. O método descrito a seguir foi originado desse método, com a

reformulação realizada por L. Bianchi, para “Avaliação Ponderal de Impactos Ambientais”.

Estas modificações, em resumo, são as seguintes:

49

a. Substituição dos símbolos 1 e 2, pelo sinais (+) ou (-), para designação dos

impactos benéficos ou adversos, na avaliação do caráter;

a. Acréscimo do caráter indefinido, para os impactos que não podem ser

prontamente qualificados. Utiliza-se o símbolo (±);

b. Utilização de cores (verde, vermelho e amarelo) para melhor visualização do

caráter dos impactos, seja ele benéfico, adverso ou indefinido, respectivamente.

As tonalidades forte, média e clara dessas cores, caracterizam a importância

grande, média ou pequena do impacto;

c. Reformulação da valoração dos atributos:

• Caráter: benéfico (+), indefinido (±), adverso (-);

• Magnitude: grande (3), média (2), pequena (1);

• Importância: significativa (3), moderada (2), não significativa (1);

• Duração: longa (3),intermediária (2),curta (1).

Então, uma célula matricial relativa a um impacto benéfico, de pequena magnitude,

importância moderada e longa duração será:

+ 2

1 3

Em seguida, o “índice de Avaliação Ponderal” é obtido através da avaliação ponderal

dos impactos:

a. Cálculo do peso do impacto ambiental (PIA): Soma dos pesos dos atributos,

tomada com (+), (±) ou (-), de cada célula matricial.

������= +,±,−}���+ ��+ ��

b. Cálculo do peso total dos impactos (PTI): É a soma dos módulos dos pesos de

benefícios, de adversidades e de indefinições. PTI = (PB) + (PA) + (PI), onde

PB é a soma de todos os pesos de impactos benéficos na matriz.

c. Cálculo dos índices de benefícios (IB), adversidades (IA) e de indefinições (II):

São percentuais de benefícios, adversidades e indefinições, ponderados em

relação ao peso total dos impactos.

50

d. O índice de Avaliação Ponderal (IAP) será a razão entre o IB e a soma dos

módulos (IA) + (II). Neste processo de Bianchi, quando o IAP < 1, o

empreendimento fica caracterizado como adverso e/ou mal definido, em relação

aos impactos previstos.

Como nos demais processos de avaliação, deve-se proceder a análise de cada impacto

e propor-se medidas de proteção ambiental, que deverão passar a fazer parte integrante do

projeto do empreendimento. Este processo de avaliação ponderal permite uma melhor análise

dos critérios de avaliação que foram utilizados, porém como nos demais processos, onde as

grandezas são de naturezas diferentes, persiste o fator de subjetividade na ponderação dos

impactos.

51

4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada neste trabalho foi construída basicamente a partir de uma

interface entre o método dedutivo e indutivo.

Na descrição e análise das motivações para o surgimento da Avaliação de Impacto

Ambiental, utilizou-se de forma mais abrangente o método dedutivo, usando o silogismo para

a formulação de hipóteses baseadas na análise bibliográfica dos fatos históricos e no contexto

geopolítico em nível geral e específico.

A comparação dos métodos de avaliação de impacto ambiental foi fundamentada pelo

método indutivo de pesquisa, através da observação bibliográfica da aplicação concreta destes

métodos. Neste caso, os aspectos subjetivos das constatações particulares ocasionam a

elaboração de generalizações.

Como forma de fundamentar as observações descritivas sobre os métodos de avaliação

de impactos, realizou-se também a aplicação quantitativa da Avaliação de Impacto Ambiental

através do método matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi. Aos impactos ambientais

identificados para um empreendimento rodoviário, foi aplicado este método como forma de

avaliar a viabilidade ambiental do empreendimento.

As informações necessárias para a aplicação desta metodologia foram obtidas com

base nos impactos identificados no EIA desenvolvido pela Ecoplan Engenharia Ltda. para a

BR-262 do Espírito Santo nos municípios de Viana, Domingos Martins e Marechal Floriano.

Não se trata de um novo empreendimento, visto que o processo de pavimentação da rodovia

ocorreu ainda na década de 70. Assim, a avaliação de impacto ambiental está sendo realizada

para o projeto de duplicação e melhorias da rodovia. No Anexo B, encontra-se o mapa de

localização do empreendimento elaborado pela Ecoplan Engenharia.

Para este empreendimento, a elaboração do EIA e suas aprovação junto ao órgão

ambiental licenciador já foi superada. A empresa está na fase de elaboração do Projeto Básico

Ambiental, etapa do processo de avaliação de impacto ambiental que corresponde à

proposição das medidas de mitigação, compensação ou potencialização face os impactos

identificados no EIA.

Os resultados do EIA aprovado pelo órgão ambiental licenciador – neste caso, o

IBAMA – apontaram para a viabilidade ambiental do empreendimento. A avaliação dos

impactos ambientais realizada pela Ecoplan Engenharia utilizou Matriz de Identificação dos

Impactos Ambientais, que apesar de ser um dos métodos mais usuais para este fim no Brasil,

52

possui um elevado grau de subjetividade. Sendo assim, realizou-se novamente a avaliação dos

impactos identificados no EIA pelo método de Leopold reformulado por L. Bianchi para obter

uma análise comparativa e com maior objetividade.

A análise da viabilidade ambiental do empreendimento foi realizada em dois

momentos: primeiramente, a partir dos impactos ambientais identificados e posteriormente,

com base nas características (magnitude, importância duração) dos impactos após a

proposição das medidas de mitigação, compensação e potencialização. A valoração dos

atributos proposta por L. Bianchi foi estabelecida da seguinte forma:

a. Caráter

i. Benéfico [+] – Para àqueles impactos que representam aspectos

positivos da implantação do empreendimento;

ii. Indefinido [±] – Para àqueles impactos que não se pode afirmar

se representam aspectos positivos ou negativos;

iii. Adverso [-] – Para os impactos negativos identificados com a

implantação do empreendimento.

b. Magnitude

i. Grande [3] – Impactos que abrangerão toda a Área de Influência

Indireta (AII);

ii. Média [2] – Impactos identificados em algumas áreas da AII;

iii. Pequena [1] – Impactos que abrangerão apenas a Área de

Influência Direta do empreendimento.

c. Importância

i. Significativa [3] – Quando atinge fortemente os meios (físico,

antrópico e biológico);

ii. Moderada [2] – Quando o impacto atinge de forma razoável os

meios;

iii. Não significativa [1] – Quando atinge fracamente os meios.

d. Duração

i. Longa [3] – Para àqueles impactos que continuarão ocorrendo

após o término das obras (fase de operação);

ii. Intermediária [2] – Impactos que cessarão com o fim do período

de obras (fase de implantação);

iii. Curta [1] – Impactos que ocorrerão apenas em alguma fase de

implantação do empreendimento.

53

4.1 Síntese do EIA BR-262/ES

Os dados apresentados a seguir foram extraídos e sintetizados a partir do Estudo de

Impacto Ambiental elaborado pela Ecoplan Engenharia LTDA para o licenciamento

ambiental das obras de duplicação e melhorias da BR-262, estado do Rio Grande do Sul. A

apresentação destes dados tem por objetivo situar o trabalho e demonstrar os principais

aspectos considerados no EIA.

A rodovia BR-262/ES, com trajeto inicia em Vitória, capital do estado do Espírito

Santo, atravessando todo o território capixaba e os estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato

Grosso do Sul. O EIA em questão refere-se ao projeto de pavimentação corresponde ao trecho

Viana - Vitor Hugo, com uma extensão de 52,62 km, conforme o Anexo B e foi desenvolvido

através de contrato específico com o DNIT pela Ecoplan Engenharia Ltda., de Porto Alegre.

A rodovia BR-262/ES constitui uma das principais vias pavimentadas de ligação entre

os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo. A rodovia assume um papel de comunicação de

diversos pólos produtivos com a Região Metropolitana de Vitória. Neste contexto inserem-se

ainda, como pontos de interface com o modal rodoviário o complexo portuário do Espírito

Santo e o Aeroporto de Vitória. Outra observação é o fato da rodovia estar conectada à BR-

101, um eixo de ligação entre diversas capitais localizadas no litoral brasileiro.

A rodovia constitui-se assim, em um ponto importante, e sua relevância está

intimamente ligada à produção agropecuária local e ao eixo Vitória-Belo Horizonte. O perfil

de uso e cobertura da terra apresentam um mosaico de feições da paisagem relativamente

simplificado, com classes naturais e antrópicas bem definidas. A análise da ocupação da

região indica que o processo de antropização da AII do empreendimento – cuja localização é

apresentada no Anexo B - tende a seguir seu curso, com a substituição das áreas de vegetação

nativa por áreas de atividades agropecuárias. Com relação à ocupação na região do

empreendimento, esta consolidada e com matriz produtiva bem definida.

A seguir, das Figuras 7 a 10, apresentam-se algumas imagens do meio ambiente na

região onde será implantada a rodovia.

54

Figura 7: Unidade Colinas e Maciços Costeiros (ao fundo), com caracterização dos mares de

morro.

Figura 8: Unidade Colinas e Maciços Costeiros (ao fundo), próximo ao Complexo Penitenciário de Viana.

Figura 9: Unidade Patamares Escalonados do Sul Capixaba, município de Marechal Floriano.

Figura 10: Sedimentos arenosos inconsolidados nas proximidades da cidade de Viana.

O município de Domingos Martins destaca-se pela sua extensa área com uma

ocupação do meio rural significativa. As sedes ao longo do trecho, Viana e Marechal

Floriano, apesar de terem suas áreas urbanas juntas à rodovia, não apresentam um perfil de

ocupação que esteja vinculado exclusivamente ao eixo. As áreas urbanas destes municípios

não se desenvolvem exclusivamente ao longo da rodovia, o que ilustra essa independência.

Pode-se afirmar que a ocupação na área do empreendimento encontra-se consolidada,

não constituindo este empreendimento um vetor de atração de migração, ou um vetor de

promoção do desenvolvimento. Evidentemente que a duplicação da rodovia trará consigo

aspectos positivos. No entanto, seu apelo não está embasado na necessidade de

desenvolvimento dos municípios afetados, e sim na adequação da capacidade da rodovia.

Atualmente, o tráfego na rodovia é extremamente perigoso e o índice de acidentes no

trecho é elevado. Assim, a rodovia BR-262/ES necessita de uma readequação de sua

capacidade em função dos aspectos já mencionados e também devido à sua importância

55

estratégica para o Estado do Espírito Santo. A seguir, das Figuras 11 a 14, apresentam-se

algumas imagens do meio ambiente na região onde será implantada a rodovia.

Figura 11: Trecho da estrada em encosta. Figura 12: Dragas na margem do rio Jucu.

Figura 13: Queimada próxima à rodovia. Figura 14: Detalhe da vegetação graminóide nos metros iniciais da BR-262/ES.

Considerando que a rodovia já encontra-se instalada e as obras dizem respeito a

melhorias e duplicação os impactos gerados pelo empreendimento devem se restringir à área

diretamente afetada. Como explicitado anteriormente, não se trata da abertura de uma nova

rodovia, e sim, de uma adequação de um trecho já instalado. Os programas ambientais

sugeridos no estudo ambiental constituem em um arcabouço de medidas e ações que devem

ser implementadas na ocasião das obras, garantindo que a qualidade ambiental da área seja

preservada.

Ainda podem ser elencados aspectos que irão ser solucionados em função do

empreendimento, como a correção de uma série de passivos ambientais ao longo do trecho e a

instalação de dispositivos de passagens de fauna para minimizar os atropelamentos da mesma

que ocorrem principalmente em determinados pontos.

56

Analisando os impactos positivos do empreendimento, pode-se afirmar que as obras de

duplicação de melhorias do trecho irão beneficiar não somente a população local, mas sua

repercussão terá efeitos em nível regional. A não realização do empreendimento acarretará na

manutenção dos atuais níveis de acidentes, na degradação ambiental dentro dos limites da

faixa de domínio com a não recuperação dos passivos ambientais, na continuidade dos

atropelamentos de fauna em diversos pontos do trecho e na dificuldade de tráfego nos

períodos de férias quando o trânsito no trecho é mais intenso.

A seguir, das Figuras 15 a 20, apresentam-se algumas imagens do meio ambiente na

região onde será implantada a rodovia.

Figura 15: Área rural no município de Domingos Martins.

Figura 16: Acesso ao município de Marechal Floriano, tráfego intenso de veículos de passeio e

carga e fluxo de pedestres.

Figura 17: Prática da agricultura familiar, Domingos Martins.

Figura 18: Estação Férrea onde funciona a Secretaria Municipal de Turismo e Cultura em

Marechal Floriano.

57

Figura 19: km 47,2 margem direita da rodovia BR-

262/ES, ponte sobre o Rio Jucu Braço Sul. Figura 20: Igreja Nossa Senhora d’Ajuda e as

ruínas jesuítas em primeiro plano.

Ao contrário, a realização do empreendimento - embora apresente uma série de

impactos negativos - com a devida gestão ambiental, tende a apresentar resultados positivos

significativos, destacando-se principalmente o aumento da segurança e redução dos índices de

acidentes.

O método de avaliação para determinar a viabilidade ambiental utilizado foi a Matriz

de identificação de Impactos Ambientais e, com base nas considerações acima expostas sobre

os efeitos positivos e negativos associados à execução do empreendimento e sua operação,

somadas à proposição de programas ambientais relacionados à fase de obras, segundo os EIA

apresentado pela Ecoplan Engenharia e aprovado pelo IBAMA, apontaram para a viabilidade

ambiental do empreendimento.

58

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Motivações para o Surgimento da Avaliação de Impacto Ambiental

Os avanços ocorridos na área ambiental quanto aos principais atributos para a

construção da estrutura de uma política de meio ambiente (instrumentos técnicos, políticos e

legais), são inegáveis e inquestionáveis. Nos últimos anos, saltos quantitativos foram dados,

em especial no que se refere à consolidação de práticas e formulação de diretrizes que tratam

a questão ambiental de forma integrada.

Nos países desenvolvidos e em alguns em desenvolvimento, como no Brasil, cresce

cada vez mais o interesse e a participação do público nas questões relacionadas à preservação

ambiental e nas tomadas de decisões baseadas na avaliação de alternativas de projetos, onde a

variável ecológica assume importância vital.

O interesse na questão ambiental é demonstrado também por organismos

internacionais, como a Organização das Nações Unidas e bancos de desenvolvimento, como

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Internacional para Reconstrução

e Desenvolvimento (BIRD), que passaram a exigir estudos de impacto ambiental para

financiamento de projetos e obras com potencial poluidor.

Assim, esta exigência, aliada a crescente conscientização da população quanto ao seu

direto de reivindicar a garantia da qualidade de vida, contribuíram para a melhoria técnica

gradativa dos estudos ambientais, que deixaram de ser uma simples formalidade no processo

de solicitação de licenciamento para instalação e operação de empreendimentos (FOGLIATTI

et al, 2004).

Os países desenvolvidos já despertaram para a questão ambiental e, através de

legislação específica, órgãos fiscalizadores e executores das políticas ambientais, têm adotado

ações para a melhoria efetiva da qualidade ambiental utilizando os conceitos do

desenvolvimento sustentável. Os países pobres, na grande maioria dos casos, apesar de

desenvolverem suas políticas e regulamentações, ainda não dispõem de meios para efetivar

suas políticas ambientais.

Entretanto, uma análise mais profunda mostra que, apesar dos grandes avanços

realizados na área de meio ambiente, o desenvolvimento econômico ainda se superpõe ao

desenvolvimento sustentado, tanto nos países ricos como nos países pobres. A visão de gestão

59

ultrapassada que aos poucos se dissolve, diz que é impossível compatibilizar desenvolvimento

econômico e preservação ambiental, como se os dois fossem duas questões contrárias, opostas

ou mesmo adversários a serem conciliados. Ao contrário, a preservação ambiental deve ser a

impulsionadora do desenvolvimento econômico. Se considerarmos ainda que é essencial para

o incremento da qualidade de vida de todos, esta questão torna-se vital.

O licenciamento ambiental é um instrumento importante nessa relação, pois permite

que a inserção da questão ambiental gere benefícios para todos os segmentos da sociedade.

No licenciamento, as empresas cumprem exigências ambientais e, em consequência,

melhoram seu desempenho.

Neste cenário, o processo de Avaliação de Impacto Ambiental pode ser considerado

como um avanço realizado no sentido de manter um meio ambiente mais saudável para as

gerações futuras.

5.2 Comparação entre os Métodos de Avaliação de Impacto Ambiental

Partindo-se da premissa que a Avaliação de Impacto Ambiental, como integrante do

Estudo de Impacto Ambiental, tem o objetivo de identificar e avaliar a significância dos

impactos ocasionados para um determinado projeto com relação ao meio ambiente e

sociedade e que, os métodos disponíveis ainda são pouco conhecidos, faz-se uma análise

genérica dos mesmos.

Os métodos desenvolvidos são resultado da legislação vigente, das exigências dos

órgãos de controle ambiental, dos organismos internacionais de financiamento, muitas vezes

dos próprios empreendedores e até da evolução das técnicas disponíveis.

Concernente aos envolvidos na Avaliação de Impacto Ambiental é imprescindível que

possuam uma profunda compreensão das possibilidades e limitações de cada método.

Os métodos de reuniões ou “Ad Hoc” são amplamente utilizados para avaliação de

impactos ambientais devido à facilidade e rapidez na identificação. Entretanto, não são

configurados os impactos reais sobre as variáveis específicas do meio ambiente, tornando este

um dos métodos com mais alto grau de subjetividade.

A utilização de listagem de controle ou checklists é o mais usual e rápido método de

avaliação de impactos. É uma avaliação qualitativa e aplicável à grande maioria dos

empreendimentos, pois a larga faixa dessas checklists é de fácil compreensão, facilitando a

60

avaliação das consequências das ações para implantação do empreendimento. Por outro lado,

neste método, o meio ambiente é classificado em compartimentos e de forma fragmentada, o

que não corresponde à realidade, visto as interações multidirecionais entre o meio físico,

biótico e antrópico.

O Método Batelle - listagem de controle mais difundida atualmente - é utilizado para

avaliação da qualidade dos recursos hídricos. A grande objetividade que se imputa ao método

é aparente, pois os valores de qualidade ambiental e a ponderação são baseados no julgamento

subjetivo de especialistas e membros da sociedade. Este cenário tem mudado nos últimos anos

a medida que o método está presente em grande parte dos EIAs elaborados. O comportamento

de alguns parâmetros, os de caráter físico, são em princípio de mais fácil determinação, os de

natureza social e cultural, tornam questionável a aplicação de funções.

A utilização de matrizes de interação apresenta um nível de subjetividade médio, com

a combinação das ações humana e indicadores de impactos em dois eixos, facilitando

principalmente a análise de impactos significativos. Por outro lado, as interfaces e influências

dos meios não são consideradas com grande propriedade.

A avaliação dos impactos identificados no EIA através da superposição de cartas

possui um grande poder de síntese indicando o relacionamento espacial. Neste caso, a

visualização das condições ambientais com e sem a implantação do empreendimento são

facilmente comparáveis. É um método recomendado para seleção de alternativas para grandes

projetos, embora tenha capacidade limitada de análise.

As redes de interação são uma evolução das listagens de controle e relacionam os

fatores ambientais com as ações decorrentes de um projeto, bem como as medidas de

mitigação. As redes viabilizam a identificação de interações entre impactos indiretos e

sinérgicos, entretanto, não consideram aspectos espaciais e temporais. A utilização de

ferramentas computacionais pode dinamizar e difundir a utilização deste método.

O método de avaliação de Sondheim possui um perfil com destaque para a

participação da comunidade atingida pelo empreendimento em análise, pois utiliza

especialistas para a determinação da magnitude e representantes do público para a pontuação

da importância dos impactos. Neste caso, a fragmentação dos componentes ambientais é

reduz a eficiência do método.

O método mais conhecido e usual para avaliação de impactos ambientais, a Matriz de

Leopold possibilita a união entre ação proposta e fator ambiental, considerando a magnitude e

a importância de cada impacto. No Brasil é frequentemente tomada como método padrão para

a elaboração de EIA (ECOPLAN, 2010). O grau de alteração do ambiente provocado pela

61

implantação do projeto caracteriza-se principalmente pela valoração da magnitude objetiva ou

empírica. Por outro lado, a pontuação da importância é subjetiva, pois envolve atribuição de

pesos no âmbito do projeto, o que aumenta a subjetividade do método.

A seguir, no Quadro 4, apresenta-se uma comparação entre alguns métodos, os mais

utilizados para avaliação de impactos ambientais no Brasil.

Quadro 4: Comparação de métodos de avaliação de impactos.

MÉTODOS LEOPOLD IMAGENS BATELLE

Identificação de Impactos Média Média Alta Previsão de Impactos Baixa Baixa Alta Capacidade de Interpretação Baixa Média/baixa Alta Capacidade de Publicidade Baixa Alta Média/alta Monitoramento de Impactos Baixa Média Média/baixa Capacidade de mostrar situações extremas Baixa Baixa Média Replicabilidade dos resultados Baixa Média/baixa Alta Detalhamento da avaliação Sim Sim Sim Detalhamento de Documentação Sim Sim Sim Necessidade de Recursos Financeiros Baixo Baixo/médio Alto Tempo necessário para avaliação Pouco Médio Muito Necessidade de Especialistas Médio Médio Alto Utilização de ferramentas computacionais Baixo Baixo/alto Médio Nível de conhecimento do método Médio Médio Alto Adaptado de Ecoplan, 2010.

Quando da implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, o método mais

utilizado como abordagem era o Ad Hoc. Posteriormente, percebeu-se que as avaliações

elaboradas com este tipo de método frequentemente não identificavam todos os impactos

significantes. Assim, surgiram novos métodos formais e outros foram adaptados ou

melhorados para garantir a efetividade e/ou a eficiência. Alguns foram adaptados para uso em

setores específicos, o que aumentou a eficiência e a precisão do processo de identificação de

impacto.

Não existe um método específico para ser utilizado em cada tipo de empreendimento,

nem mesmo um método com eficiência garantida devido à extensa variedade de tipos de

projetos, as diferentes escalas de cada um, a quantidade de impactos ambientais possíveis de

ocorrer e as suas respectivas quantidades e qualidades de informações (SUREHMA/GTZ,

1992; TOMASI, 1994; BRASIL, 2006).

Conforme demonstrado ao longo deste trabalho, cada método tem pontos fortes e

fracos, com vários tipos de projetos que possibilitam sua utilização de forma mais ou menos

eficiente, da mesma forma que as conclusões de SUREHMA, 1992; MORGAN, 1998;

STAMM, 2003; SÁNCHES, 2006; BRASIL, 2006 e ECOPLAN, 2010. A escolha do método

62

de avaliação, na grande maioria dos casos, depende da capacidade da equipe de trabalho, das

ferramentas e dos recursos disponíveis, o que explica a grande utilização da matriz de

Leopold, pela facilidade e baixos custos de elaboração conforme exposto no Quadro 4.

O método mais adequado deve atender aos requisitos mínimos legais exigidos para a

execução do EIA/RIMA e tornar o mesmo adequado para a apreciação dos técnicos e público

interessados. O método de avaliação dos impactos ambientais precisa contribuir como suporte

para a tomada de decisão, sem comprometer a mesma.

5.3 Resultados da Avaliação de Impacto Ambiental pelo Método de L. Bianchi para a

BR-262/ES

Os impactos identificados no EIA da BR-262, estado do Espírito Santo foram

divididos de acordo com o meio de influência, sendo físico, biótico e antrópico (Figura 21) e

são apresentados a seguir, juntamente com sua valoração.

Figura 21:Número de impactos identificados na BR-262/ES para cada meio.

5.3.1.1 Impactos sobre o Meio Físico

A implantação do trecho rodoviário ocorreu no início do século passado, com a sua

pavimentação tendo sido finalizada em 1970. Nesta época ocorreram os impactos sobre o

meio físico, o que ocorrerá novamente em virtude das intervenções necessárias à implantação

das pistas de rolamento (ECOPLAN, 2010). A seguir, no Quadro 5, são apresentados os

impactos previstos, sua identificação e análise, de acordo com o diagnóstico do meio físico.

63

Quadro 5: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio físico previstos na implantação e operação da BR-262/ES.

Caráter: Magnitude: Importância: Duração:

Número Impacto Benéfico/Indefinido/

Adverso

Grande/Média/

Pequena

Significativa/Moderada/

Não significativa

Longa/Intermediária/

Curta

1 Conflitos minerários e locacionais Adverso Média 2 Moderada 2 Longa 3

2 Geração de ruídos Adverso Pequena 1 Moderada 2 Intermediária 2

3 Propagação de vibração Adverso Pequena 1 Moderada 2 Curta 1

4 Alteração nas características químicas e

físicas dos solos Adverso Pequena 1 Não significativa 1 Longa 3

5 Assoreamento dos cursos d’água Adverso Média 2 Não significativa 1 Intermediária 2

6

Risco de contaminação do solo e recursos

hídricos por combustíveis, óleos, graxas e

produtos químicos.

Adverso Média 2 Significativa 3 Intermediária 2

7 Geração de material particulado (poeira) Adverso Pequena 1 Moderada 2 Curta 1

8

Geração de fumaças e gases provenientes

de veículos e equipamentos com motores a

combustão ou queima de combustíveis

fosseis

Adverso Pequena 1 Moderada 2 Intermediária 2

9 Geração de resíduos sólidos e efluentes Adverso Pequena 1 Moderada 2 Intermediária 2

64

Caráter: Magnitude: Importância: Duração:

Número Impacto Benéfico/Indefinido/

Adverso

Grande/Média/

Pequena

Significativa/Moderada/

Não significativa

Longa/Intermediária/

Curta

10

Risco de contaminação dos solos e

recursos hídricos por acidentes com cargas

perigosas

Adverso Média 2 Significativa 3 Longa 3

11 Interferência no sistema de drenagem

natural Adverso Média 2 Significativa 3 Longa 3

12 Degradação da Qualidade das Águas Adverso Média 2 Significativa 3 Longa 3

13 Alteração no relevo Adverso Pequena 1 Significativa 3 Longa 3

14 Geração de material de descarte Adverso Pequena 1 Não significativa 1 Curta 1

15 Melhoria da qualidade ambiental do meio

Físico Benéfico Pequena 1 Moderada 2 Longa 3

65

5.3.1.2 Impactos sobre o Meio Biótico

Os impactos sobre o meio biótico foram identificados a partir do conhecimento das

características da vegetação e fauna associada, diagnosticadas para as áreas de influência da

BR-262, sobrepostas com as características do empreendimento. A partir desse conhecimento

e cruzamento de informações, foram elencados no Quadro 6, para as fases de implantação e

operação, a descrição de cada impacto identificado (ECOPLAN, 2010).

66

Quadro 6: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio biótico previstos na implantação e operação da BR-262/ES.

Caráter: Magnitude: Importância: Duração:

Número Impacto Benéfico/Indefinido/

Adverso

Grande/Média/

Pequena

Significativa/Moderada/

Não significativa

Longa/Intermediária/

Curta

16 Alteração da cobertura vegetal na Área

Diretamente Afetada (ADA) Adverso Pequena 1 Significativa 3 Longa 3

17

Ampliação da fragmentação dos ambientes

florestais e alteração em corredores

ecológicos

Adverso Média 2 Significativa 3 Intermediária 2

18 Alteração e perda de habitats da fauna na

AID Adverso Pequena 1 Moderada 2 Intermediária 2

19

Exposição dos ecossistemas terrestres e

aquáticos a emissões aéreas, resíduos

sólidos e efluentes líquidos.

Adverso Pequena 1 Significativa 3 Intermediária 2

20 Afugentamento da fauna silvestre Adverso Média 2 Moderada 2 Intermediária 2

21 Aumento do risco da mortalidade de fauna

silvestre Adverso Média 2 Não significativa 1 Longa 3

22 Aumento dos atropelamentos da fauna

silvestre Adverso Pequena 1 Significativa 3 Longa 3

67

5.3.1.3 Impactos sobre o Meio Antrópico

Os impactos sobre o meio socioeconômico foram identificados a partir do

conhecimento das características demográficas, econômicas, culturais e históricas

diagnosticadas para as áreas de influência do empreendimento (ECOPLAN, 2010). A partir

deste conhecimento e da análise das ações previstas em projeto foram elencados no Quadro 7

os impactos para as fases de implantação e operação e a sua descrição.

68

Quadro 7: Lista de identificação e análise dos impactos ambientais no meio antrópico previstos na implantação e operação da BR-262/ES.

Caráter: Magnitude: Importância: Duração: Número Impacto Benéfico/Indefinido/

Adverso Grande/Média/

Pequena Significativa/Moderada/

Não significativa Longa/Intermediária/

Curta 23 Alteração no quadro de saúde Adverso Grande 3 Moderada 2 Intermediária 2

24 Aumento da oferta de emprego direto no

empreendimento Benéfico Grande

3 Significativa

3 Longa

3 25 Dinamização da economia Benéfico Grande 3 Significativa 3 Longa 3

26 Aumento da demanda dos serviços públicos Adverso Grande 3

Moderada 2

Intermediária 2

27 Alteração e/ou destruição de sítios

arqueológicos e patrimônio histórico e cultural

Adverso Pequena 1

Significativa 3

Curta 1

28 Aumento do risco de acidentes de trânsito na

fase de obras Adverso Pequena

1 Não significativa

1 Intermediária

2

29 Redução do risco de acidentes de trânsito na

fase de operação Benéfico Pequena

1 Não significativa

1 Longa

3 30 Alteração no cotidiano da população Adverso Média 2 Moderada 2 Longa 2

31 Interferência com a infraestrutura existente Adverso Média 2

Moderada 2

Longa 3

32 Melhoria da acessibilidade Benéfico Grande 3 Significativa 3 Longa 3

69

Com base na valoração dos impactos ambientais identificados para o empreendimento

e apresentados acima nos Quadros 5, 6 e 7, através do método de Leopold reformulado por L.

Bianchi, calculou-se o Índice de Avaliação Temporal para determinar se o empreendimento é

viável ambientalmente. O peso dos impactos ambientais corresponde à soma de todos os

pesos atribuídos aos impactos em relação à magnitude, importância e duração.

Em seguida, foram calculados o índice de benefícios e adversidades ponderados em

relação ao peso total dos impactos. Por fim, o Índice de Avaliação Ponderal (IAP)

corresponde à razão entre os índices de benefícios e adversidades. Por este método, quando

IAP>1, o empreendimento é viável ambientalmente. Os resultados são apresentados no

Quadro 8.

Quadro 8: Resultados do cálculo do Índice de Avaliação Temporal para os impactos identificados para a BR-262/ES

Atributos Adversos Indefinidos Benéficos Total

Peso dos Impactos Ambientais (PIA) - - - 199

Peso Total dos Impactos (PTI) 162 0 37 199

Índices 81,41 0,0 18,59 100,0

Índice de Avaliação Ponderal (IAP) 0,23

O resultado do índice de Avaliação Temporal para os impactos identificados no

projeto de restauração da BR-262/ES demostra o alto grau de interferência nas relações

ambientais com a implantação do empreendimento, sendo desta forma, inviável

ambientalmente.

É consenso entre especialistas de projetos rodoviários que os impactos benéficos deste

tipo de empreendimento fazem-se sentir quase que exclusivamente no meio antrópico, como

ocorrido no projeto em questão. Os resultados de IAP foram 0,07 para o meio físico, zero para

o meio biótico e 0,67 para o meio antrópico. O resultado final apresentou IAP igual a 0,23.

A partir da análise dos impactos identificados nos Quadros 5, 6 e 7, visto a

inviabilidade ambiental do empreendimento e seguindo as etapas do Processo de Avaliação de

Impacto Ambiental do licenciamento ambiental, propuseram-se as medidas mitigadoras e

compensatórias, realizando novamente a valoração dos impactos pelo método de Leopold

reformulado por L. Bianchi, sendo os resultados apresentados nos Quadros 9 a 11.

A implantação de medidas de mitigação, compensação e potencialização criará um

ambiente favorável ao surgimento de novos impactos benéficos com o empreendimento,

sendo os mesmos são apresentados no Quadro 12, com as características e a valoração pelo

método de L. Bianchi.

70

Quadro 9: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos impactos no meio físico para a BR-262/ES.

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

01 Conflitos minerários e locacionais

M: Cadastro e licenciamento de jazidas. Impacto não significativo

02 Geração de ruídos

M: Restrição de horários para operação em locais urbanizados;

M: Localização criteriosa de britadores;

M: Atenuação de ruídos na fase de operação.

Impacto não significativo

03 Propagação de vibração

M: Planejamento da escavação rochosa;

M: Comunicação dos períodos de interrupção de tráfego;

M: Utilização de métodos de baixa energia;

M: Restrição de horários para operação em locais urbanizados.

Impacto não significativo

04 Alteração nas características químicas e físicas dos solos

M: Procedimentos para movimentação de solo, como: limitação do desmatamento; técnicas de estabilização de áreas de solo exposto; revegetação imediata das áreas desmatadas;

M: Fiscalização durante a execução de cortes e aterros;

M: Medidas preventivas em áreas propensas à erosão quando houver paralisação temporária das obras.

- 1 1 1

05 Assoreamento dos cursos d’água

M: Disciplinar a realização de desmatamentos;

M: Medidas de Controle para movimentação de solo mole;

M: Implantação e manutenção das estruturas de drenagem;

M: Controle da drenagem superficial.

- 2 1 1

06

Risco de contaminação do solo e recursos hídricos por combustíveis, óleos, graxas e produtos químicos.

M: Implantação de sistemas e estruturas;

M: Treinamento dos trabalhadores;

M: Triagem e encaminhamento dos resíduos.

- 1 2 1

07 Geração de material particulado (poeira)

M: Localização criteriosa dos britadores;

M: Cobertura das cargas transportadas;

M: Umidificação de superfície.

Impacto não significativo

71

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

08

Geração de fumaças e gases provenientes de veículos e equipamentos com motores a combustão ou queima de combustíveis fosseis

M: Fiscalização e manutenção preventiva de máquinas;

M: Ações de fiscalização da frota que trafega na rodovia. - 1 2 2

09 Geração de resíduos sólidos e efluentes

M: Disposição adequada de resíduos;

M: Tratamento de efluentes;

M: Orientação dos trabalhadores.

- 1 1 1

10

Risco de contaminação dos solos e recursos hídricos por acidentes com cargas perigosas

M: Elaboração e implantação de PGRA e PAE;

M: Sinalização nas situações de riscos;

M: Implantação de sinalização;

M: Incorporação de estruturas dissipadoras.

- 1 2 3

11 Interferência no sistema de drenagem natural

M: Controle da execução das obras de drenagem;

M: Escolha adequada para áreas de apoio. Impacto não significativo

12 Degradação da Qualidade das Águas

M: Tratamento e descarte de resíduos;

M: Instalação de estruturas. - 1 2 2

13 Alteração no relevo

M: Recuperação das áreas degradadas.

M: Exploração de jazidas por raspagem.

M: Minimização dos impactos visuais.

- 1 1 1

14 Geração de material de descarte

M: Planejamento e fiscalização das ações de corte, aterro, supressão de vegetação, implantação e recuperação dos bota-foras evitando impactos desnecessários e otimizando o uso dos materiais de descarte.

Impacto não significativo

15 Melhoria da qualidade ambiental do meio Físico

P: Segurança dos usuários;

P: Redução dos sítios degradados + 2 3 3

C – Caráter; M – Magnitude; I - Importância D - Duração

72

Quadro 10: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos impactos no meio biótico para a BR-262/ES

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

16

Alteração da cobertura vegetal na Área Diretamente Afetada (ADA)

M: Limitar o desmatamento e a exposição do solo às áreas em que a limpeza do terreno seja realmente imprescindível, controlando esse impacto durante a implantação da rodovia;

C: Recuperar áreas degradadas decorrentes das obras;

C: Realizar o resgate de germoplasma, em especial das espécies ameaçadas, endêmicas e epífitas;

M: Conscientizar os trabalhadores das obras sobre as condutas para minimizar os impactos sobre a vegetação e a fauna nativas, orientando especialmente as equipes de desmatamento quanto aos procedimentos adequados para a limpeza dos terrenos.

- 1 1 2

17

Ampliação da fragmentação dos ambientes florestais e alteração em corredores ecológicos

M: Limitar o desmatamento de fragmentos florestais existentes e a exposição do solo às áreas em que a limpeza do terreno seja realmente imprescindível, controlando esse impacto durante a implantação da rodovia;

C: Recuperar áreas degradadas adjacentes aos cursos d’água em função das obras;

M: Conscientizar os trabalhadores das obras sobre as condutas para minimizar os impactos sobre a vegetação e a fauna nativas, orientando especialmente as equipes de desmatamento quanto aos procedimentos adequados para a limpeza dos terrenos;

M: Implantar passagens de fauna associadas a pontes e bueiros, passagens suspensas para animais arborícolas, passagens secas em áreas com floresta em estágio médio e avançado na ADA, sinalização de advertência e educativa e controladores de velocidade, especialmente no trecho entre os municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano;

M: Conscientizar as comunidades locais e usuários da rodovia sobre a importância dos fragmentos florestais da região, da flora e da fauna locais, visando sua conservação;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna.

- 1 1 3

73

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

18 Alteração e perda de habitats da fauna na AID

M: Limitar o desmatamento de fragmentos florestais existentes e a exposição do solo às áreas em que a limpeza do terreno seja realmente imprescindível, controlando esse impacto durante a implantação da rodovia;

C: Recuperar áreas degradadas adjacentes aos cursos d’água em função das obras;

M: Conscientizar os trabalhadores das obras sobre as condutas para minimizar os impactos sobre a vegetação e a fauna nativas;

M: Conscientizar as comunidades locais e usuários da rodovia sobre a importância dos fragmentos florestais da região, da flora e da fauna locais, visando sua conservação;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna.

- 1 1 1

19

Exposição dos ecossistemas terrestres e aquáticos a emissões aéreas, resíduos sólidos e efluentes líquidos

M: Implantar ações de prevenção à poluição por gases e material particulado, como manutenção periódica dos equipamentos e veículos envolvidos na obra e umidificação de vias e acessos em chão batido;

M: Evitar que os resíduos e efluentes líquidos entrem em contato com os corpos d’água na execução de operações com concreto;

M: Dispor adequadamente os resíduos sólidos e efluentes líquidos;

C: Realizar monitoramento da qualidade das águas superficiais dos rios Jucu, Braço Norte e Braço Sul;

M: Realizar educação ambiental para a população local;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna.

Impacto não significativo

20 Afugentamento da fauna silvestre

M: Restringir a supressão de vegetação a áreas estritamente necessárias;

M: Realizar a manutenção periódica dos equipamentos e veículos envolvidos com a obra, para reduzir os níveis de ruídos dos motores;

M: Acompanhar a fuga dos animais encontrados durante as atividades de supressão da vegetação (resgate brando), orientando-os, caso necessário, para áreas adjacentes com os mesmos habitats;

C: Realizar o monitoramento da fauna de vertebrados terrestres;

- 2 1 1

74

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

M: Realizar educação ambiental para a população local;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna.

21 Aumento do risco da mortalidade de fauna silvestre

M: Restringir a supressão de vegetação a áreas estritamente necessárias;

M: Realizar a manutenção periódica dos equipamentos e veículos motores;

M: Acompanhar a fuga dos animais encontrados durante as atividades de supressão da vegetação (resgate brando), orientando-os, caso necessário, para áreas adjacentes com os mesmos habitats;

C: Realizar o monitoramento da fauna de vertebrados terrestres;

M: Realizar educação ambiental para a população local;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna.

- 2 1 2

22 Aumento dos atropelamentos da fauna silvestre

M: Instalar passagens de fauna associadas a pontes e bueiros, passagens para animais arborícolas e passagens secas (não associadas a cursos d’água), especialmente junto aos corredores ecológicos e áreas com fragmentos florestais em estágio médio e avançado de regeneração;

M: Limitar ao máximo a oferta de alimentos na pista através do recolhimento imediato de toda a matéria orgânica que caia na pista quando do acidente de veículos de carga ou de morte de animais;

M: Instalar sinalização educativa e de orientação para os usuários da via sobre animais silvestres;

M: Reduzir a velocidade de tráfego através da implantação de placas e/ou redutores (pardais, lombadas eletrônicas, etc.), nas proximidades de florestas ciliares e fragmentos de Floresta Atlântica em estágio médio e avançado de regeneração, especialmente no trecho entre os municípios de Domingos Martins e Marechal Floriano;

C: Realizar programa de monitoramento e conservação da fauna;

C: Realizar o monitoramento dos atropelamentos da fauna.

Impacto não significativo

C – Caráter; M – Magnitude; I - Importância D - Duração

75

Quadro 11: Medidas Mitigadoras, Compensatórias, Potencializadoras e valoração dos impactos no meio antrópico para a BR-262/ES

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

23 Alteração no quadro de saúde

M: Realização de exames médicos nos trabalhadores; tratamento adequado da água e demais efluentes; desenvolvimento de atividades de educação em saúde; fiscalização das condições sanitárias dos canteiros de obras.

- 2 1 2

24

Aumento da oferta de emprego direto no empreendimento

P: Priorização da contratação de mão-de-obra local; orientação e treinamento dos trabalhadores. + 3 3 3

25 Dinamização da economia P: Priorização da contratação de mão de obra local; fomento das instituições públicas e privadas às vocações econômicas da região.

+ 3 3 3

26 Aumento da demanda dos serviços públicos

M: Estabelecimento de convênios inter-institucionais; capacitação das municipalidades para a preparação de planos de expansão da rede de serviços e infraestrutura essenciais.

Impacto não significativo

27

Alteração e/ou destruição de sítios arqueológicos e patrimônio histórico e cultural

M: Resgate do patrimônio arqueológico na ADA; execução de ações em Arqueologia Pública; minimização de perda física dos contextos arqueológicos.

Impacto não significativo

28

Aumento do risco de acidentes de trânsito na fase de obras

M: Reforço da sinalização de segurança; execução criteriosa de acessos, desvios e caminhos de serviço; estabelecimento de diretrizes de atendimento a sinistros; comunicação com a população; cuidados com interferência do tráfego em áreas urbanas; respeito aos gabaritos das rodovias.

- 1 1 2

29

Redução do risco de acidentes de trânsito na fase de operação

P: Instalação de sinalização preventiva e de travessia de pedestres próximo às áreas urbanas; fiscalização do trânsito.

+ 2 3 3

30 Alteração no cotidiano da M: Comunicação constante do empreendedor com a população local; planejamento da mobilização da frente - 1 1 1

76

Valoração do Impacto Número Impacto Mitigação (M), Compensação (C) ou Potencialização (P)

C M I D

população de obras para minimizar transtornos; contato com as Prefeituras locais e demais órgãos públicos.

31 Interferência com a infraestrutura existente

M: Correta readequação da infraestrutura afetada; planejamento das obras com as normas vigentes e em comum acordo com os concessionários; abertura de caminhos de serviço e acessos.

Impacto não significativo

32 Melhoria da acessibilidade P: Instalação de sinalização preventiva; instalação de travessias para pedestres e sinalização nas áreas urbanas; fiscalização do trânsito por parte das instituições competentes.

+ 3 3 3

C – Caráter; M – Magnitude; I - Importância D - Duração

Quadro 12: Caracterização e valoração dos impactos ambientais identificados com a implantação das medidas de compensação, mitigação e potencialização para a BR-262/ES.

Caráter: Magnitude: Importância: Duração: Número Impacto Benéfico/Indefinido/

Adverso Grande/Média/

Pequena Significativa/Moderada/

Não significativa Longa/Intermediária/

Curta

33 Melhoria da infraestrutura de serviços públicos Benéfico Grande 3 Significativa 3 Longa 3

34 Redução nos custos de transporte de cargas e passageiros

Benéfico Média 2 Significativa 3 Longa 3

35 Redução no consumo de combustível e da poluição ambiental na fase de operação

Benéfico Média 2 Não significativa 1 Longa 3

36 Salvamento de Sítios Arqueológicos Benéfico Pequena 1 Moderada 2 Curta 1

37 Melhoria da infraestrutura de serviços públicos Benéfico Grande 3 Significativa 3 Longa 3

77

Com base nos Quadros 9 a 12, calculou-se novamente o Índice de Avaliação Ponderal,

considerando assim, as medidas propostas para minimizar e/ou mitigar os impactos

identificados. Os resultados da valoração dos impactos e o IAP do empreendimento são

apresentados no Quadro 13.

Quadro 13:Resultados do cálculo do Índice de Avaliação Temporal para os impactos da BR-262/ES após as medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras.

Atributos Adversos Indefinidos Benéficos Total

Peso dos Impactos Ambientais (PIA) - - - 144

Peso Total dos Impactos (PTI) 65 0 79 144

Índices 45,14 0,0 54,86 100,0

Índice de Avaliação Ponderal (IAP) 1,22

De acordo com o método proposto por L. Bianchi, o IAP igual a 1,22 atesta a

viabilidade ambiental do empreendimento, indicando que os impactos benéficos advindos

com sua implantação serão maiores que os impactos adversos.

Com as medidas propostas, dos 32 impactos previstos inicialmente, 11 serão mitigados

e deixarão de serem considerados significativos, sendo 6, 2 e 3 nos meios físico, biótico e

antrópico, respectivamente.

Da mesma forma que antes da consideração das medidas de mitigação, compensação e

potencialização propostas, o IAP do meio antrópico (igual a 2,92), corresponde a uma valor

bem acima que no meio físico (IAP=0,24). No meio biótico não foram identificados impactos

benéficos.

Os resultados comprovaram que os maiores benefícios com a implantação de

empreendimentos rodoviários se refletem no meio antrópico. No meio físico, houve ligeira

melhora no IPA após as medidas de mitigação, compensação e potencialização, ainda que

abaixo do índice mínimo para viabilidade.

O meio biótico não apresenta índices benéficos com o empreendimento, sendo o meio

onde ocorrem os impactos mais significativos.

Com relação ao comportamento dos parâmetros de avaliação dos impactos antes e

depois da proposição das medidas, conforme a Figura 22, verifica-se decréscimo para

magnitude, indicando que a abrangência dos impactos será menor, restringindo-se ainda mais

à Área de Influência direta da rodovia.

78

Figura 22: Modificações ocorridas na magnitude dos impactos ambientais antes e depois das medidas.

No que se refere à importância dos impactos, pela Figura 23, verifica-se redução nos

parâmetros moderados e significativos e aumento dos impactos de importância não

significativa, indicando que as medidas de mitigação e/ou compensação, colaborarão para a

minimização dos efeitos adversos com a implantação do empreendimento.

Figura 23: Modificações ocorridas na importância dos impactos ambientais antes e depois das medidas.

A Figura 24 apresenta os resultados para os parâmetros de avaliação relativos à

duração dos impactos identificados com a implantação da rodovia, demostrando aumento no

número de impactos com duração curta e diminuição daqueles com duração intermediária e

longa, prevendo-se assim, a grande eficiência das medidas de mitigação e/ou compensação.

79

Figura 24: Modificações ocorridas na duração dos impactos ambientais antes e depois das medidas.

Considera-se ainda que os maiores impactos decorrentes de um empreendimento

rodoviário ocorrem na fase de implantação, porém os decorrentes da operação tendem a

permanecer por um período maior, tornando-se mais significativos.

80

6 CONCLUSÕES

O surgimento do processo de Avaliação de Impacto Ambiental pode ser definido

através de duas vertentes que se complementam. Por um lado, a crescente preocupação com

as questões ambientais surgidas a partir da década de 60 fez com que a população passasse a

cobrar dos governos e empresas a consideração dos impactos ambientais para

empreendimento com alto potencial de gerar impactos adversos.

Pressionados, os governos iniciaram a regulamentação de procedimentos como o

licenciamento ambiental, avaliação de impacto ambiental e estudo de impacto ambiental,

estabelecendo diretrizes mínimas a serem seguidas para aprovação de empreendimentos.

A partir de então, os organismos internacionais de financiamento de projetos, como o

BIRD estabeleceram a AIA como exigência para a concessão de empréstimos e

financiamentos.

Assim, a AIA torna-se um procedimento de suporte para a tomada de decisões,

levando em conta os possíveis efeitos dos projetos de desenvolvimento sobre a qualidade

ambiental e a produtividade dos recursos naturais, além de ser e um instrumento para a coleta

e organização dos dados para fazer com que os projetos se tornem mais sustentáveis e

ambientalmente menos agressivos.

Desenvolveram-se vários métodos para avaliar os impactos, que apresentam, na

grande maioria dos casos, um alto grau de subjetividade e dificuldade em considerar a

interface e a dinâmica das relações ambientais.

Não há métodos específicos de avaliação para cada tipo de empreendimento, mas

alguns são mais adequados principalmente em função das peculiaridades do projeto, meio

ambiente e especialidade da equipe de execução.

Para empreendimentos rodoviários, os métodos mais utilizados são a Matriz de

Leopold e as listagens de controle. Neste caso, a caracterização de impacto ambiental não

deve ser vista como qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as que provoquem

o desequilíbrio das relações constitutivas, tais como as alterações que excedam a capacidade

de absorção do ambiente considerado.

O que ocorre na grande maioria das Avaliações de Impacto Ambiental no Brasil, por

exigência dos órgãos ambientais, é a abordagem exaustiva, com levantamento de uma grande

quantidade de informações e dados sem utilização prática na previsão de impactos e

consequentes medidas de mitigação e/ou compensação.

81

Outras vezes, o processo de tomada de decisões desconsidera as conclusões da AIA,

baseando-se em outros fatores – políticos, por exemplo – para a tomada de decisões quanto à

melhor alternativa para o empreendimento rodoviário. Esta situação, entretanto, não minimiza

a importância da avaliação de impactos, uma vez que o conhecimento dos possíveis impactos

é informação essencial para a proposição das medidas de compensação e mitigação, para

qualquer alternativa escolhida.

A aplicação do método matricial de Leopold reformulado por L. Bianchi para a BR-

262/ES demonstrou o elevado nível de impactos significativos com a construção do

empreendimento e a inviabilidade ambiental sem a adoção de medidas efetivas para mitigar

ou minimizar os impactos adversos. Após a consideração destas medidas, o empreendimento

passou a ser viável ambientalmente.

Assim, a aplicação destas medidas é de fundamental importância para garantir os

benefícios advindos com a implantação e/ou melhorias de empreendimentos rodoviários e

avançar na questão do desenvolvimento sustentável.

82

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88

ANEXOS

A seguir, são apresentados os seguintes anexos:

ANEXO A – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986;

ANEXO B – Mapa de localização e das áreas de influência do

empreendimento.

89

ANEXO A – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, DE 23/01/86

(D.O.U. DE 17/02/86)

O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das atribuições que lhe

confere o artigo 48 do Decreto nº 88.351, de 1º de julho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e

Considerando a necessidade de se estabelecerem as definições, as responsabilidades, os

critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação do Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, RESOLVE:

Art. 1º - Para efeitos desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das

propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de

impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias; III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definido pelo inciso I, artigo 48, do Decreto-lei nº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins

hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidos no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a forma de energia primária, acima de

10 MW; XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos,

cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou

menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha ou em áreas consideradas de relevante interesse

ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, derivados ou produtos similares em

quantidade superior a dez toneladas por dia.

. Redação dada pela Res. CONAMA nº 011, de 18-03-86. A redação original era: “XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia.”

XVII - Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1000 ha ou menores, neste

caso, quando se tratar de áreas significativas em termo percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.

. Inciso acrescido pela Res. CONAMA nº 011/86

Art. 3º - REVOGADO

. Art. 3º revogado pela Res. CONAMA n° 237, de 19/12/97. A redação anterior era:

"Art. 3º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo RIMA, a serem submetidos à aprovação do IBAMA, o licenciamento de atividades que, por lei, sejam de competência federal."

Art. 4º - Os órgãos ambientais competentes e os órgãos setoriais do SISNAMA deverão

compatibilizar os processos de licenciamento com as etapas de planejamento e implantação das atividades modificadoras do meio ambiente, respeitados os critérios e diretrizes estabelecidos por esta Resolução e tendo por base a natureza, o porte e as peculiaridades de cada atividade.

Art. 5º - O estudo de impacto ambiental, além de atender à legislação, em especial os princípios

e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá às seguintes diretrizes gerais:

I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de

implantação e operação da atividade; III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos,

denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de

influência do projeto, e sua compatibilidade. Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual

competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município, fixará as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e análise dos estudos.

Art. 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades

técnicas: I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos

recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a

topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies

indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente;

c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio-economia,

destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.

II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação,

previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais.

III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de

controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. IV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e

negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. Parágrafo Único - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão estadual

competente; ou o IBAMA ou, quando couber, o Município fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

Art. 3º - REVOGADO

. Art. 7º revogado pela Res. CONAMA n° 237, de 19/12/97. A redação anterior era:

"Art. 7º - O estudo de impacto ambiental será realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados."

Art. 8º - Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à

realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.

Art. 9º - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto

ambiental e conterá, no mínimo: I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas

setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para

cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias-primas e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados;

III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do

projeto; IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade,

considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação;

V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as

diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos

negativos, mencionando aquele que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem

geral). Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua

compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se

possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências ambientais de sua implementação.

Art. 10 - O órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município terá um

prazo para se manifestar de forma conclusiva sobre o RIMA apresentado. Parágrafo único - O prazo a que se refere o caput deste artigo terá o seu termo inicial na data

do recebimento pelo órgão estadual competente ou pela SEMA do estudo do impacto ambiental e seu respectivo RIMA.

Art. 11 - Respeitado o sigilo industrial, assim solicitando e demonstrando pelo interessado o

RIMA será acessível ao público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados, nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão estadual de controle ambiental correspondente, inclusive o período de análise técnica.

§ 1º - Os órgãos públicos que manifestarem interesse, ou tiverem relação direta com o projeto,

receberão cópia do RIMA, para conhecimento e manifestação. § 2º - Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental e apresentação do RIMA, o

órgão estadual competente ou o IBAMA ou, quando couber, o Município determinará o prazo para recebimento dos comentários a serem feitos pelos órgãos públicos e demais interessados e, sempre que julgar necessário, promoverá a realização de audiência pública para informação sobre o projeto e seus impactos ambientais e discussão do RIMA.

Art. 12 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Flávio Peixoto da Silveira

95

ANEXO B – Mapa de localização e das áreas de influência do

empreendimento.

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#0

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Oc e

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o A

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nt i

co

Rio Jucu

Rio Ju cu Bra

ço Sul

Rio Jucu Braço

Norte

Rio Ju

cu Braço Nort e

Vitória

Pontões

Aracê

Urânia

Matilde

Araguaia Ribeirão do Cristo

Todos os Santos

Rio Calçado

Araçatiba

Santa Maria de Marechal

Paraju

Melgaço

Garrafão

Santa Isabel

Mangaraí

Jucu

ItaquariSão Torquato

Ibes

Argolas

Goiabeiras

Queimado

Caxixe Frio

Nossa Senhora do Carmo

Santa Luzia

São Luís da Boa SorteAlto de Santa Maria

Bom Jesus do Morro Baixo

São Félix

Vítor Hugo

Ponto Alto Perobas

Alto Jequitibá

São Paulo de Cima

Holanda

Jucu

Caçaroca

Ponta da Fruta

Carapina

Fazenda Guandu

£¤101

£¤262

£¤262

£¤101

Marechal Floriano

Venda Nova do Imigrante

Vila Velha

Cariacica

VianaDomingos Martins

¬«264

¬«164

¬«010

¬«080

¬«475

¬«468

¬«471

¬«376

¬«463

¬«146 ¬«477¬«388

¬«166

¬«470

¬«165

¬«368

¬«383

¬«060

¬«465

40°15'W

40°15'W

40°30'W

40°30'W

40°45'W

40°45'W

41°W

41°W

20°1

5'S 20°1

5'S

20°3

0'S 20°3

0'S

280000

280000

300000

300000

320000

320000

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340000

360000

360000

7740

000

7740

000

7760

000

7760

000

#0 Capital Estadual!. Sede Municipal!( Vila, Povoado e Localidade

HidrografiaBR-262/ES - Lote 1BR-262/ES - Lote 2Rodovia FederalRodovia EstadualRodovia MunicipalÁrea de Influência DiretaÁrea de Influência Indireta: Meio SocioeconômicoÁrea de Influência Indireta: Meio Físico e Meio Biótico

Limite Municipal

Legenda:

#0

#0

#0

O c ea n

o A t

l ân t

i co

BA

MG

RJ

ES

Vitória

Situação: Figura 5.3.1 - Mapa das áreas de influência.Projeto:

Estudo de Impacto AmbientalBR - 262/ES

Subtrecho: BR-101 (B) - Entr. ES-368 (Pedreiras)Segmento: km 19,1 - km 70,3

Extensão: 51,2 kmFonte dos dados:Capital estadual: CIM (IBGE)Sede municipal: CIM (IBGE)Localidade: CIM (IBGE)Hidrografia: DSGBR-262/ES: Projeto geométricoRodovia: Ministério dos TransportesAID: Ecoplan

AII: EcoplanLimite municipal: IBGE

Informações Cartográficas:

Sistema de Projeção: Universal Transversa de MercatorMeridiano Central: -39°Datum: South American 1969

®0 5 10 km

1:250.000

!(

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Melgaço

Garrafão

Santa Isabel

Mangaraí

Jucu

ItaquariSão Torquato

Ibes

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Carapina

Queimado

Caxixe Frio

Nossa Senhora do Carmo

Santa Luzia

São Luís da Boa SorteAlto de Santa Maria

Bom Jesus do Morro Baixo

São Félix

Vítor Hugo

Ponto Alto Perobas

Alto Jequitibá

São Paulo de Cima

Holanda

Jucu

Caçaroca

Ponta da Fruta

£¤101

£¤262

£¤101

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Venda Nova do Imigrante

Marechal Floriano

Domingos MartinsViana

Cariacica

Vila Velha

Rio Jucu

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Rio Jucu Braço

Norte

Rio Ju

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Vitória

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40°15'W

40°15'W

40°30'W

40°30'W

40°45'W

40°45'W

41°W

41°W

20°1

5'S 20°1

5'S

20°3

0'S 20°3

0'S

280000

280000

300000

300000

320000

320000

340000

340000

360000

360000

7740

000

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7760

000

7760

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#0 Capital Estadual!. Sede Municipal!( Vila, Povoado e Localidade

HidrografiaBR-262/ES - Lote 1BR-262/ES - Lote 2Rodovia FederalRodovia EstadualRodovia MunicipalÁrea de Influência DiretaÁrea de Influência Indireta: Meio SocioeconômicoLimite Municipal

Legenda:

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O c ea n

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BA

MG

RJ

ES

Vitória

Situação: Figura 3.1.1 - Mapa de situação e localização.Projeto:

Estudo de Impacto AmbientalBR - 262/ES

Subtrecho: BR-101 (B) - Entr. ES-368 (Pedreiras)Segmento: km 19,1 - km 70,3

Extensão: 51,2 kmFonte dos dados:Capital estadual: CIM (IBGE)Sede municipal: CIM (IBGE)Localidade: CIM (IBGE)Hidrografia: DSGBR-262/ES: Projeto geométricoRodovia: Ministério dos TransportesAID: Ecoplan

AII: EcoplanLimite municipal: IBGE

Informações Cartográficas:

Sistema de Projeção: Universal Transversa de MercatorMeridiano Central: -39°Datum: South American 1969

®0 5 10 km

1:250.000