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Cotação da questão Cotação da questão 1. Fig. 1 Te xt o1 “No século XIII, a Europa sobretudo enche-se de homens. Os antigos campos cultivados expandem-se, outros novos surgem nos baldios. Mais numerosos, estes homens produziam mais e, como não eram ainda excessivamente numerosos, o seu nível de vida subia. (...) Muitas igrejas paroquiais foram então reconstruídas: as casas rurais ganharam solidez e os enxovais que se preparavam para o casamento das filhas tornaram-se mais luxuosos (…) Na sociedade urbana, o círculo alargava-se, assim, a homens capazes de se mostrarem magníficos, de ornamentarem as suas existências e realizarem esse gesto eminentemente gratificante: fazer uma encomenda aos artistas. Entre os promotores da criação artística já não contavam só guerreiros e homens de oração. (..)“ Georges Duby, Arte e Sociedade, em G. Duby e M. Laclotte, História Artística da Europa — A ldade Média 1.1 Refere as condições que permitiram a melhoria generalizada que se viveu na Europa no século XIII. A partir dos séculos XI e XII a europa conheceu uma série de bons anos agrícolas que conduziram a um renascimento económico devido à renovação das técnicas agrícolas, aumento dos excedentes e consequente crescimento da população. Deu-se o desenvolvimento urbano, com a expansão das atividades artesanais, do comércio monetário e dos mercados e feiras, assim como se desenvolveram atividades ligadas às finanças e a desestruturação do antigo sistema feudo-senhorial dos séculos anteriores. 1.2 De acordo com o texto, refere as consequências desse clima de desenvolvimento. Este desenvolvimento levou a um crescimento da população europeia, devido ao aumento da área cultivada. O nível de vida da população aumentou, assim como aumentou o número de igrejas paroquiais foram então reconstruídas; as casas rurais ganharam solidez e os enxovais tornaram-se mais luxuosos; nas cidades aumentou também o gosto pelo luxo, crescendo o número de encomendas aos artistas, já não só por parte do clero e da nobreza, mas também pela burguesia endinheirada. 1.3 Identifica a cidade que consta da pintura da figura 1. Trata-se da cidade de Siena. 1.4 Identifica a pintura (fig. 1), o autor da mesma e a razão por que terá sido encomendada. Trata-se da “Alegoria do bom governo”, de Ambrogio Lorenzeti e foi encomendada pelo grupo de burgueses que governava a cidade de Siena após a revolução que expulsara os nobres do poder. Esta obra pretendia divulgar os efeitos de um bom governo sobre a cidade e os campos que a rodeiam, passando a ser exibida na entrada do palácio comunal da cidade de Siena – esta era também uma forma de promoção da junta governativa Professora Maria Teresa Gonçalves Exame de HCA – Módulo IV DEPARTAMENTO CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ANO LETIVO 2011 /2012 EXAME DE H.C.A. – MÓDULO IV A CULTURA DA CATEDRAL (correção) 1TM1114 ALUNO ____________________________________ N_____ ABRIL DE 2012 PROFESSORA: TERESA GONÇALVES 1 Fig. 2 - Iluminura do Livro das Horas do Duque de Berry Fig. 3 - Casamento de Frederico III com D. Leonor de Portugal

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1.

Fig. 1

Text o1 –

“No século XIII, a Europa sobretudo enche-se de homens. Os antigos campos cultivados expandem-se, outros novos surgem nos baldios. Mais numerosos, estes homens produziam mais e, como não eram ainda excessivamente numerosos, o seu nível de vida subia. (...) Muitas igrejas paroquiais foram então reconstruídas: as casas rurais ganharam solidez e os enxovais que se preparavam para o casamento das filhas tornaram-se mais luxuosos (…) Na sociedade urbana, o círculo alargava-se, assim, a homens capazes de se mostrarem magníficos, de ornamentarem as suas existências e realizarem esse gesto eminentemente gratificante: fazer uma encomenda aos artistas. Entre os promotores da criação artística já não contavam só guerreiros e homens de oração. (..)“ Georges Duby, Arte e Sociedade, em G. Duby e M. Laclotte, História Artística da Europa — A ldade Média

1.1 Refere as condições que permitiram a melhoria generalizada que se viveu na Europa no século XIII.A partir dos séculos XI e XII a europa conheceu uma série de

bons anos agrícolas que conduziram a um renascimento económico devido à renovação das técnicas agrícolas, aumento dos excedentes e consequente crescimento da população. Deu-se o desenvolvimento urbano, com a expansão das atividades artesanais, do comércio monetário e dos mercados e feiras, assim como se desenvolveram atividades ligadas às finanças e a desestruturação do antigo sistema feudo-senhorial dos séculos anteriores.

1.2 De acordo com o texto, refere as consequências desse clima de desenvolvimento.

Este desenvolvimento levou a um crescimento da população europeia, devido ao aumento da área cultivada. O nível de vida da população aumentou, assim como aumentou o número de igrejas paroquiais foram então reconstruídas; as casas rurais ganharam solidez e os enxovais tornaram-se mais luxuosos; nas cidades aumentou também o gosto pelo luxo, crescendo o número de encomendas aos artistas, já não só por parte do clero e da nobreza, mas também pela burguesia endinheirada.

1.3 Identifica a cidade que consta da pintura da figura 1.Trata-se da cidade de Siena.

1.4 Identifica a pintura (fig. 1), o autor da mesma e a razão por que terá sido encomendada.

Trata-se da “Alegoria do bom governo”, de Ambrogio Lorenzeti e foi encomendada pelo grupo de burgueses que governava a cidade de Siena após a revolução que expulsara os nobres do poder. Esta obra pretendia divulgar os efeitos de um bom governo sobre a cidade e os campos que a rodeiam, passando a ser exibida na entrada do palácio comunal da cidade de Siena – esta era também uma forma de promoção da junta governativa

1.5 Também Lisboa foi uma cidade que conheceu um desenvolvimento notável na Baixa Idade Média, tornando-se palco de grandes festividades nas cerimónias do casamento da Infanta D. Leonor com o imperador da Alemanha. Diz, sucintamente, o que sabes sobre este acontecimento (fig.3).As comemorações do casamento da infanta D. Leonor, irmã do rei D. Afonso V de

Portugal, com Frederico III, imperador da Alemanha, verificaram-se entre 13 e 25 de outubro de 1451, por toda a cidade de Lisboa, obrigando o público a deslocar-se para poder assistir a todas estas demonstrações de poder do rei de Portugal, que incluíram jantares, danças, jogos, cortejos, representações, espetáculos, bênçãos, discursos, touradas, folguedos, matança de touros, distribuição de carne, cantares, festim real, festa popular, caçadas, dádivas, ofícios…

2.Texto 2 - "Uma vez unida a nova parte posterior à parte da frente, toda a igreja resplandecerá com a sua parte intermédia, a nave, iluminada. Pois luminoso é aquilo que luminosamente se liga ao luminoso. E luminoso é o nobre edifício que a nova luz penetra."

Abade Suger

Texto 3 – “A luz, que aparece simultaneamente como o próprio Deus e como o agente da união entre a alma e Deus,

Professora Maria Teresa Gonçalves Exame de HCA – Módulo IV

DEPARTAMENTO CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

ANO LETIVO

2011 /2012

EXAME DE H.C.A. – MÓDULO IVA CULTURA DA CATEDRAL (correção)

1TM1114

ALUNO ____________________________________ N.º _____

ABRIL DE 2012 PROFESSORA: TERESA GONÇALVES

1

Fig. 2 - Iluminura do Livro das Horas do Duque de Berry

Fig. 3 - Casamento de Frederico III com D. Leonor de Portugal

Fig. 4 – Catedral de Amiens

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deve encher inteiramente o Reino cujo campo os muros da catedral simbolicamente delimitam.”

Georges Duby, O tempo das catedrais2.1 Tendo em conta os textos 2 e 3, relaciona a metafísica da Luz com o novo estilo

arquitetónico.

O estilo gótico é afirmação de uma nova filosofia, em que o abade Suger, “pai do estilo gótico”, fortemente influenciado pela teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, considera a luz a melhor forma de comunicação com o Divino. Fisicamente a luz vai ter um papel de importância crucial no interior da catedral, difundindo-se através dos grandes vitrais numa áurea de misticismo e a sua carga simbólica vai ser reforçada pela acentuação do verticalismo. “luminoso é aquilo que luminosamente se liga ao Luminoso – Suger retrata Deus como O Luminoso e considera que a melhor forma de O adorar será através da luz, “agente da união entre a alma e Deus”.

2.2 Caracteriza os cinco níveis da fachada da catedral de Amiens (fig. 4).A fachada de Amiens divide-se em cinco partes: 1.ª - os habituais três portais no

primeiro nível, mas aqui extremamente profundos; 2.ª - a primeira galeria; 3.ª - a galeria dos reis - figuras com 4,5m de altura; 4.ª - a rosácea, com vitrais do século XVI; 5.ª - as torres, concluídas nos séculos XIV e XV.

2.3 Faz, na tua folha de exercício, a legenda dos vários pontos presentes nos esquemas arquitetónicos representados nas figuras 5 e 6.

1. Capelas radiantes; 2. Deambulatório; 3. Capela-mor e Altar; 4. Coro; 5. Corredores do coro; 6. Cruzeiro; 7. Transepto;8. Contrafortes ou Botaréus; 9. Nave central; 10. Naves laterais; 11. Portais.

1.– Pináculo; 2. – Arcobotante;3.– Gárgula; 4.– Contraforte; 5.– Arco quebrado ou ogival; 6.– Trifório;7.– Pilar;

8.– Clerestório;9.- Abóbada de cruzaria de ogivas;10. - Fecho da abóbada.

3. A escultura autonomiza-se em relação à arquitetura - como demonstram as esculturas de vulto redondo, as estátuas jacentes e os retratos - e ao conquistar o seu próprio espaço ela atingiu uma conceção mais plástica, mais dinâmica e “verdadeira”.3.1 Refere a inovação formal e estética do grupo escultórico da catedral gótica de Reims

(fig.7).A Anunciação e a Visitação, esculpidas nas

jambas do pórtico ocidental da Catedral de Reims (...) libertaram-se da arquitetura para se converterem em esculturas de vulto redondo, firmemente apoiadas no solo, continuando um caminho iniciado em Chartres. Privilegiando uma aproximação ao mundo físico, as pregas da roupa deixam transparecer as anatomias que cobrem e, especialmente na Visitação, o escultor parece dominar completamente o modelo clássico.

4. Na pintura, as primeiras inovações registaram-se num grupo de pintores da região da Toscana que cortaram com a tradição bizantina.

Na região dos Países Baixos, principalmente na zona da Flandres, em franco desenvolvimento económico e social, verificou-se o florescimento da arte, sobretudo da pintura - no primeiro quartel do século XV.

Professora Maria Teresa Gonçalves Exame de HCA – Módulo IV 2

Fig. 5 Fig. 6

Fig. 7 – Anunciação e Visitação, pórtico ocidental, Catedral de Reims, França, c. 1225-1245.

Fig. 9Fig. 8 - Jan Van Eyck, O Virgem do Chanceler Rolin, 1435.

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4.1 Identifica a pintura representada na figura 9 e o seu autor.Trata-se da obra de Giotto “A Deposição de Cristo”.

4.2 Analisa a figura 8 e refere três inovações da pintura flamenga do século XV.A pintura flamenga foi inovadora a vários níveis:

• na invenção da pintura a óleo que, Segundo se pensa, os irmãos Van Eyck, Hubert e Jan, teriam sido dos primeiros a utilizá-la;

• no interesse pela realidade quotidiana, patente na pormenorização dos cenários naturais ou de interior e das vestes, penteados, objetos...;

• na prática do retrato, fruto do individualismo burguês dos flamengos.

5. Dante Alighieri nasceu e viveu em Itália entre o final do século XIII e o início do século XIV. É considerado um dos maiores poetas de todos os tempos. A sua maior obra literária é A Divina Comédia, um poema de cariz épico e teológico que constitui o culminar do modo medieval de ver o mundo e a base da língua italiana moderna.

5.1 A Pintura a fresco de Domenico de Michelino (Figura 10) retrata dois aspetos fundamentais da vida de Dante. Justifica.

Esta pintura representa dois dos aspetos mais importantes da vida de Dante: a forte ligação à sua cidade natal, Florença, e a escrita da obra que o imortalizou - A Divina Comédia. A pintura mostra, de facto, a conceção medieval do cosmos, baseada na omnipresença da religião, que estrutura todo o seu poema.

6.Texto 4 - «Caindo de repente sobre uma população sem defesas orgânicas nem higiénicas nem alimentares, sobre sociedades destituídas de conhecimentos científicos e clínicos adequados e de instituições ou organizações profiláticas mínimas, sobre multidões mentalmente predispostas à superstição e ao fanatismo e ao pânico – a peste negra cifrou-se não só em catástrofe demográfica, [...] mas também em tragédia social e cataclismo de valores.» Armindo de Sousa, «1325-1480», in José Mattoso (dir.), História de Portug

6.1 Refere quatro das consequências da epidemia de peste negra de 1347-1350 na mentalidade e na criação artística da época, recorrendo à observação da Figura 11 e à leitura do texto 4.

A terrível mortandade resultante da peste provocou o aumento do fanatismo e da superstição, uma vez que a esmagadora maioria da população era analfabeta e ignorante. Isto conduziu à prática coletiva de penitência, com as chamadas “procissões de flagelantes”, assim como ao aumento da bruxaria e do fanatismo religioso (com perseguições e matanças de judeus, mouros e ditos bruxos). Ao nível das mentalidades e dos comportamentos coletivos, a Peste Negra (que se pensava ser um castigo de Deus devido aos pecados dos Homens), instalou um ambiente de incerteza, insegurança e angústia face à inevitabilidade da morte. Isto é perfeitamente visível na arte, com a proliferação da chamada arte macabra, na qual a morte de Cristo e a descida ao túmulo são temas constantes, além das xilogravuras que representam a morte armada de gadanha, o cadáver comido pelos vermes e as danças macabras, e na pintura a fresco o triunfo da morte sobre todos, independentemente do estatuto social de cada um.

Verificou-se também a exaltação dos bens materiais, estimulando o gosto pelo luxo e festividades; na literatura, proliferaram os chamados Ars Moriendi [Arte de Morrer], ou seja, tratados que ensinavam a bem morrer e, na música, foi muito divulgado o hino Dies Irae [A Ira de Deus], composto na 2.ª metade do século XIII, associado às missas dos defuntos;

Bom trabalho!

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Fig. 10 – Dante Alighieri

Fig. 11 – Os Flagelantes em Doornik (Tournai), em 1349, miniatura da Crónica de Aegidius Li

Muisis