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1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROMOTORA DE JUSTIÇA O Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria - SINPROSM CNPJ 92.458.835/0001-08, com sede à Rua André Marques, 418, centro, CEP 97010-040, nesse ato presentado por sua representante legal, senhora Jane May de Oliveira Leal, professora municipal, RG nº 1039605167, CPF 271.416.830-20, residente e domiciliada à Rua Dr Zamenoff, 1039, bairro Medianeira, CEP 97015-180, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea “a” da Constituição Federal, informar o que se segue e, ao final, solicitar as ações indicadas. 1 - DOS FATOS O ano letivo de 2014 foi marcado por graves crises na Educação Municipal, as quais ainda não foram resolvidas. Os problemas originaram-se, dentre outras razões: Pela falta constante de professores num considerável número das escolas municipais, Pela impossibilidade de os professores realizarem reuniões pedagógicas dentro da carga horária semanal do professor, e Pela CRISTALIZADA INVIABILIDADE de os professores das séries iniciais e da educação infantil exercerem o direito das suas horas de planejamento semanal. Pelo não cumprimento do um terço (1/3) reservado à hora atividade

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROMOTORA DE … · e outras funções na escola. A falta do professor obrigou da mesma forma outras ... segundo o Plano de Carreira do Magistério

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROMOTORA DE JUSTIÇA

O Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria - SINPROSM –

CNPJ 92.458.835/0001-08, com sede à Rua André Marques, 418, centro, CEP 97010-040,

nesse ato presentado por sua representante legal, senhora Jane May de Oliveira Leal,

professora municipal, RG nº 1039605167, CPF 271.416.830-20, residente e domiciliada à

Rua Dr Zamenoff, 1039, bairro Medianeira, CEP 97015-180, vem respeitosamente perante

Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso XXXIV, alínea “a” da Constituição

Federal, informar o que se segue e, ao final, solicitar as ações indicadas.

1 - DOS FATOS

O ano letivo de 2014 foi marcado por graves crises na Educação Municipal,

as quais ainda não foram resolvidas.

Os problemas originaram-se, dentre outras razões:

Pela falta constante de professores num considerável número das escolas

municipais,

Pela impossibilidade de os professores realizarem reuniões pedagógicas

dentro da carga horária semanal do professor, e

Pela CRISTALIZADA INVIABILIDADE de os professores das séries iniciais e da

educação infantil exercerem o direito das suas horas de planejamento semanal.

Pelo não cumprimento do um terço (1/3) reservado à hora atividade

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1.1 DA FALTA CONTINUADA DE PROFESSORES

Desde o início do ano foram frequentes as denúncias de falta de

professores nas escolas municipais e as reiteradas solicitações à Secretaria de

Educação para provê-las. Para ter conhecimento da real situação, a nova Coordenação do

Sindicato dos Professores Municipais – SINPROSM, que tomou posse em 31 de outubro

de 2014, REALIZOU uma pesquisa junto às escolas, na qual se constatou a CONSTANTE

falta de professores em diversas disciplinas nas séries finais e nas séries iniciais. É o que

se tem na amostra da tabela abaixo.

DISCIPLINA

FALTANTE

PERÍODO EM QUE

HOUVE A FALTA DO

PROFESSOR

QUEM TRABALHOU

COM OS ALUNOS

NESSE PERÍODO

JÁ HOUVE O

PREENCHIENTO

DA FALTA?

Artes 3 MESES Vice-diretora e

Supervisora

SIM

Artes Do início do ano

letivo até OUTUBRO

Vice-diretora

Bibliotecária

Professora da

informática educativa

SIM

1º Ano 45 DIAS Coordenadora e vice-

diretora

SIM

2º Ano 45 DIAS Coordenadora e vice-

diretora

SIM

3º Ano 90 DIAS Coordenadora e vice-

diretora

SIM

História Do início do ano

letivo até AGOSTO

Diretora SIM

Educação Artística Do início do ano

letivo até AGOSTO

Coordenadora

Pedagógica

SIM

Educação Infantil 5 MESES Supervisora SIM (Contrato

emergencial)

Português 3 MESES Coordenação

Pedagógica

SIM

3

Ciências MAIS DE 2 MESES Coordenador, Vice-

diretor e demais

professores

NÃO

Matemática MAIS DE UM MÊS Coordenador, Vice-

diretor e demais

professores

SIM

4º Ano MAIS DE UM MÊS Coordenador, Vice de

turno e Orientadora

SIM

4º Ano DE ABRIL A

OUTUBRO

Supervisora dos anos

iniciais e Supervisora

dos anos finais

A própria

professora

retornou das

licenças (saúde e

maternidade)

5º Ano DE ABRIL A

OUTUBRO

Supervisora dos anos

iniciais e Supervisora

dos anos finais

A professora

retornou da licença

(saúde e

maternidade)

5º Ano DE OUTUBRO ATÉ

O FINAL DO ANO

Diretora, Vice-diretora

e Supervisão

NÃO

Ciências 6º Ano JUNHO E JULHO Diretora e Vice-

diretora

SIM RST

Ciências 7º Ano JUNHO E JULHO Diretora e Vice-

diretora

SIM RST

Ciências 8º Ano JUNHO E JULHO Diretora e Vice-

diretora

SIM RST

Ciências 9º Ano JUNHO E JULHO Diretora e Vice-

diretora

SIM RST

Informática

Educativa

HÁ VÁRIOS ANOS NÃO

A pesquisa foi realizada em todas as escolas do município – EMEFs (Escolas

Municipais de Ensino fundamental) e EMEIs (Escolas Municipais de Educação infantil),

cujas declarações podem ser confirmadas pelas oitivas das respectivas diretoras, pelos

professores e pelos alunos. Tem-se aqui uma pequena amostra. (docs. anexos).

4

Os documentos nos revelam a precariedade da educação no município de

Santa Maria quanto ao provimento de um de seus protagonistas essenciais: o professor.

A CARÊNCIA REITERADA do profissional específico de educação, que

OBRIGOU A ESCOLA A TRABALHAR DE FORMA IRREGULAR, pois a substituição

alternada de um profissional específico por vários outros não competentes para o

ofício, comprometeu fatalmente a qualidade da educação fornecida ao aluno.

Deve-se questionar aos alunos como eles se sentiam e o que trabalhavam

nas disciplinas dos professores faltantes, tendo que se submeter a cada aula a um

professor diferente sem o menor conhecimento do conteúdo específico da disciplina.

Registre-se que as substituições eram feitas por professores que ocupavam outros cargos

e outras funções na escola. A falta do professor obrigou da mesma forma outras

alternativas: a reorganização de turmas, mesclando alunos de uma turma(sem professor)

com outras turmas do mesmo ano, desconsiderando o andamento especifico desses

alunos; o preenchimento do período com outras atividades sem acompanhamento

docente, tendo vista a falta de profissionais nas escolas.

Deve-se considerar também que a função do ‘professor substituto’ ficou

seriamente comprometida, pois, para “estar no lugar de outro professor” por longo

período, teve que abandonar as suas funções (Diretor, Vice-diretor, Supervisor,

Orientador, Bibliotecário, etc..). O que gerou um encadeamento de problemas e

insuficiências nos serviços da escola.

Essas substituições também FALSEARAM a realidade para a sociedade e

para a comunidade escolar, principalmente aos pais, que inocentemente acreditavam que

estavam sendo garantidas a seus filhos, com qualidade, o horário fornecido no inicio do

ano letivo, com quadro completo de docentes, bem como as 4 horas diárias de estudo a

que têm direito.

QUEM RESPONDE POR ESTE PREJUÍZO IMPOSTO AOS ALUNOS

GERADO PELA FALTA DE PROFESSORES?

Com certeza, não cabe à escola, nem a gestores, nem a professores,

suprir falta de professores.

Importa lembrar que é dever do Município garantir o ensino fundamental,

público, obrigatório e gratuito, e que sua oferta irregular importa em responsabilidade da

5

autoridade competente. É o que adverte o dispositivo legal da Lei Orgânica Municipal. In

verbis

Art. 188 - O acesso ao ensino obrigatório é gratuito e direito público subjetivo, acionável mediante mandato de injunção. § 1º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Município, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

Na situação que se apresenta, questiona-se:

O PREENCHIMENTO DESQUALIFICADO dos períodos de aulas por longo período

garantiu justamente as horas diárias de efetivo trabalho em sala de aula?

Qual a qualidade desse trabalho, quando se comprova que a falta do professor

específico obrigou o aluno ou a permanecer ocioso nos pátios das escolas, ou a

se submeter, no período destinado ao professor faltante, a substituições que

apenas PREENCHERAM O ESPAÇO de tempo, mas não lhe garantiram a

qualidade do ensino; e/ou ter aula junto a turmas com andamento diferente?

Tem-se, no nosso entender OSTENSIVA LESÃO AO DIREITO À EDUCAÇÃO

DO ALUNO.

Diante da forma insatisfatória, e por que não dizer CAÓTICA, em que

transcorreu e se deu o término do ano letivo de 2014, questiona-se se haverá recursos

humanos, professores, necessários para preencher todas as vagas necessidades para o

regular início do ano letivo de 2015.

Deve-se alertar que as lacunas, quando supridas, o foram com contratos em

REGIME SUPLEMENTAR DE TRABALHO, e/ou CONTRATO EMERGENCIAL que findou

com o término do ano letivo. Muitas lacunas ainda persistem em razão do indevido

protelamento em realizar concurso público.

Importante mencionar que REGIME SUPLEMENTAR DE TRABALHO,

segundo o Plano de Carreira do Magistério Municipal de Santa Maria, sob Lei Municipal nº

4.696/03 deve ocorrer nos seguintes casos conforme artigo 24: suprir licenças

de saúde superior a 15 dias; suprir licenças que não por saúde superiores a 30 dias; suprir

convênios com escolas filantrópicas; suprir cedência ou afastamento de professores

6

no exercício de função gratificada; suprir afastamento de professores em cargos de Direção

ou Vice-Direção de escolas. Logo, questiona-se a legalidade da implementação do regime

suplementar pelo atual gestor municipal em casos que não estejam de acordo com

o artigo 24.

O ano letivo inicia em fevereiro. Sabe-se que o concurso para suprir vagas só

será realizado em março. Chama-se atenção que:

Art. 2º O PLANO DE LOTAÇÃO DE PESSOAL tem o objetivo de lotar as Escolas Municipais com pessoal docente e administrativo em número necessário e adequado para pleno funcionamento, bem como racionalizar o aproveitamento máximo da carga horária de cada professor. Decreto 002/2008

Portanto, SOLICITA-SE que este Membro NOTIFIQUE a Secretaria da

Educação do Município para que esta comprove com documentos o quadro de pessoal

completo de TODAS AS ESCOLAS EMEFS E EMEIS, para que se verifique se estas

dispõem de todos os professores necessários para garantir o regular início das aulas. É o

que se REQUER

1.2 DA FALTA DE FUNCIONÁRIOS

É importante também destacar a falta de funcionários nas escolas. A pesquisa

revelou que algumas carecem desse recurso, o que torna certos serviços ausentes ou

deficitários. Para ilustrar, algumas constatações:

FALTA DO FUNCIONÁRIO

SETOR

PERÍODO DA FALTA JÁ FOI PREENCHIDA A

VAGA

MERENDEIRA DESDE 2008 NÃO

SECRETARIA TODO O ANO NÃO

SECRETARIA DE JANEIRO A OUTUBRO

10H

SIM

MERENDEIRA DE JANEIRO A AGOSTO SIM

7

SECRETARIA HÁ VÁRIOS ANOS NÃO

SECRETAIRA DE JUNHO A AGOSTO SIM

Diante desse quadro, SOLICITA-SE que a Secretaria da Educação de

Município manifeste de que forma planeja suprir os serviços deficitários apontados. É o que

se REQUER.

1.3 DA IMPOSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DAS REUNIÕES PEDAGÓGICAS

DENTRO DA CARGA-HORÁRIA DO PROFESSOR

Outra questão tormentosa inaugurada no ano de 2014 foi a imposição

ARBITRÁRIA proveniente da SMED no sentido da NÃO REALIZAÇÃO DAS REUNIÕES

PEDAGÓGICAS SEMANAIS DENTRO DA CARGA-HORÁRIA DO PROFESSOR.

O que se afirma é comprovado pelas falas dos próprios professores quando

lhes foi perguntado se a escola realiza reuniões pedagógicas SEMANAIS (pergunta 8).

Eis algumas das respostas:

<<NÃO. Estamos cumprindo as determinações da SMED.>>

<<NÃO REALIZAMOS REUNIÃO PEDAGÓGICA ESTE ANO DEVIDO A

ORIENTAÇÃO DA SMED DE NÃO FAZÊ-LAS DENTRO DO HORÁRIO DE

AULA. SITUAÇAO QUE DIFICULTA O TRABALHO PEDAGÓGICO.>>

<< NÃO. Estamos fazendo aos sábados 1 (uma) vez por mês, devido às

orientações que recebemos da Smed.>>

<<NÃO. Ficou combinado que uma vez por mês trataremos as questões

relativas ao pedagógico e funcional da escola.>>

<<NÃO. Não temos horas disponíveis para reuniões legalmente.>>

<<NÃO. Não realizamos devido às orientações da SMED e da Promotoria que

diz que o aluno não pode ter menos de 4 horas diárias na escola (não pode ser

liberado mais cedo).>>

8

<<NÃO. A s reuniões são realizadas mensalmente no contra turno às 18h.>>

A imposição da Smed CONTRARIA TODOS OS DISPOSITIVOS LEGAIS

QUE TRATAM DA MATÉRIA

A Lei do Plano de Carreira do Magistério Municipal, L. 4.696/03, assim

garante no seu artigo 22:

Art. 22 - Os membros do Magistério que exercerem atividades de regência de classe no

Ensino Fundamental, na Educação Profissional, na Educação Infantil, Especial e de

Jovens e Adultos DEVERÃO ter garantido, NO MÍNIMO, 20% do seu tempo

para horas-atividade.

§ 1º - As horas-atividade são reservadas para estudos, planejamento e avaliação do

trabalho didático, bem como para atendimento de reuniões pedagógicas.

No mesmo sentido o parágrafo 4º do artigo 2º da Lei 11.738, de 16 de julho de

2008, in verbis:

Art. 2º (…)

§ 4º – Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o LIMITE MÁXIMO de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das

atividades de interação com os educandos.

O 1/3 (um terço) restante, que corresponde a 6,66 horas (6h40min), o

professor terá que cumprir em ATIVIDADES EXTRACLASSE.

Assim ratifica o Parecer Nº18 de 2012 do Conselho Nacional de Educação

<<Desta forma, os espaços de trabalho pedagógico coletivo e outros espaços coletivos de

interação do professor com seus pares e com os demais segmentos da comunidade

escolar são fundamentais e DEVEM SER CONTEMPLADOS EM SUA JORNADA DE

TRABALHO, pois são atividades inerentes à sua função como profissional

da educação.>>

Ainda, conforme mesmo parecer:

9

“(...). De um modo ou de outro, o que importa é considerar que cada professor

é contratado para trabalhar um determinado número de horas,

INDEPENDENTEMENTE da forma como o sistema ou rede de ensino se organiza para

atender as necessidades dos seus alunos.”

“É importante que todos saibam, que a questão do direito dos

estudantes, aos quais a LDB assegura 800 (oitocentas) horas anuais lecionadas em 200

(duzentos) dias letivos, NÃO SE CONFUNDE COM OS DIREITOS DOS

PROFESSORES naquilo que diz respeito as suas jornadas de trabalho.

Aos estudantes, a escola ou O SISTEMA DE ENSINO deve assegurar o total

de horas aulas determinado pela LDB e, para tanto, DEVE PROVER A

CONTRATAÇÃO OU REDIMENSIONAMENTO das cargas horárias de quantos

profissionais sejam necessários para assegurar aos estudantes este

direito.” (Parecer Nº18. CNE. p. 21)

Primeiro é preciso destacar que muitos professores têm 40 horas no

município, portanto trabalham em duas escolas no mínimo em dois turnos. Muitos ainda

são professores estaduais. Assim, é totalmente inviável participarem de reuniões fora

do seu turno de trabalho, pois tão logo finda um turno de trabalho o outro inicia em outra

escola, à tarde ou à noite. Por essa razão a lei garante reuniões pedagógicas dentro de

cada regime de trabalho do professor, assegurando o maior número de professores

atuantes em seu turno de trabalho.

A imposição de não realizar reuniões pedagógicas dentro da carga horária,

deu-se em razão da falta de professor evidenciada desde o início do ano. É bom esclarecer

que para assegurar as 4 horas diárias ao aluno, as escolas inscritas em

programas de governo como Mais educação e Mais cultura, que possuem estrutura física,

oferecem projetos que requerem que outros professores fiquem trabalhando com os alunos

enquanto seus professores estão em reunião. Essa oferta diferenciada de trabalho

pedagógico se harmoniza com o recomendado no Parecer 18 do CNE (p.21):

10

“O estudante tem direito não apenas a uma quantidade de aulas; ele precisa

ter acesso a mais componentes curriculares que dialoguem entre si, para propiciar-lhe um

conhecimento omnilateral e não fragmentado.”

Mas, como houve a falta de professores até para o funcionamento regular da

escola, mais insuficiência ainda para desenvolver projetos.

É preciso esclarecer também que, se existe lei que garante aos alunos as 4

horas diárias, também existe lei que garante aos professores as horas atividade.

Cabe ao Sistema de Ensino tomar resoluções para que os dois direitos se harmonizem e

sejam efetivamente exercidos. Como recomenda a lei municipal de gestão escolar

democrática no paragrafo único do artigo 4º

“A Secretaria de Município da Educação deverá oferecer condições e recursos humanos para implementação do projeto político pedagógico.”

A propósito, ciente que o provimento de recurso humano é de sua

responsabilidade, a Secretaria de Educação tentou formar uma equipe de professores

que atenderiam os alunos nas escolas nos momentos das reuniões pedagógicas.

A esse respeito REQUER-SE que este Membro NOTIFIQUE à Secretaria de

Educação SOLICITANDO esclarecimentos sobre esta equipe, apresentando um relatório

sobre o trabalho da mesma, comprovando com documentos quais escolas atendeu, por

quanto tempo e quais turmas.

Ainda citando o mencionado Parecer, o fato é que:

Ao professor, é garantida a contratação com base em um determinado número de aulas, independentemente da duração de cada aula para efeito do que assegura ao estudante a LDB. Portanto, cada professor deve cumprir um determinado total de aulas semanais, organizadas em:

atividades de interação com educandos;

atividades extraclasse.

Estes momentos da atividade do professor, independentemente

das denominações que lhes sejam dadas, estão presentes em todos

os sistemas de ensino, pois o professor sempre terá em sua

jornada momentos em que ministrará aulas aos estudantes,

11

momentos em que desenvolverá trabalhos pedagógicos, que

podem ser exercitados na escola ou quando trabalhar em sua

própria residência, em tarefas relacionadas ao magistério.

Assim, a hora-aula, compreendida do ponto de vista do direito

dos estudantes e a hora de trabalho, como base da jornada de

trabalho do professor, remetem a unidades e conceitos

diferentes.

A legislação aponta a certeza de que NÃO CABE à secretaria de educação a

ingerência sobre assuntos específicos e peculiares de cada estabelecimento de ensino. E a

limitação de reuniões pedagógicas é flagrante, repita-se, a invasão de competência, e

a ilegalidade.

Face à fundamentação legal exposta, resta límpido e inquestionável o direito

que garante aos professores a realização das reuniões pedagógicas dentro da sua carga

horária semanal.

Por conseguinte REQUER-SE que este Membro NOTIFIQUE a Secretaria de

Educação para que CESSE com a imposição arbitrária que IMPEDE a realização das

reuniões pedagógicas semanais DENTRO DA CARGA HORÁRIA DE CADA

PROFESSOR, com fundamento em todo amparo legal aqui exposto.

Requer-se igualmente, que este membro NOTIFIQUE a Secretaria para que

envie correspondência às escolas, devolvendo-lhes a autonomia de planejamento e a

liberdade para realizarem as reuniões semanais.

1.4 DA INVIABILIDADE DE OS PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS E DA

EDUCAÇÃO INFANTIL EXERCEREM O DIREITO AO LANEJAMENTO SEMANAL

O mesmo artigo 22 da Lei do Plano de Carreira do Magistério Municipal, L.

4.696/03, já mencionada no item acima, garante a todos os professores de regência de

classe no Ensino Fundamental, na Educação Profissional, na Educação Infantil,

Especial e de Jovens e Adultos, NO MÍNIMO 20% do seu tempo para horas-

atividade.

12

§ 1º - As horas-atividade são reservadas para estudos, planejamento e avaliação do

trabalho didático, bem como para atendimento de reuniões pedagógicas.

A mesma argumentação legal explorada acima também fundamenta este

item, para o qual reportamos para evitar repetição.

Nesse sentido, devem ser garantidas estrutura física e condições ambientais

satisfatórias nas escolas, equipamentos, materiais pedagógicos, organização dos tempos

e espaços escolares e a correta composição de sua jornada de trabalho, SEM

SOBRECARREGÁ-LO COM EXCESSIVO TRABALHO EM SALA DE AULA,

DIRETAMENTE COM OS ESTUDANTES.

A propósito registra-se fragmento do voto do Ministro Ricardo Lewandowski,

ao defender o direito às atividades extra-classe do professor:

“Eu entendo que a fixação de um limite máximo de 2/3 (dois terços) para as

atividades de interação com os estudantes, ou, na verdade, para a atividade didática,

direta, em sala de aula, mostra-se perfeitamente razoável, porque sobrará apenas 1/3

(um terço) para as atividades extra aula. Quem é professor sabe muito bem que essas

atividades extra aula são muito importantes. No que consistem elas? Consistem naqueles

horários dedicados à preparação de aulas, encontros com pais, com colegas, com

estudantes, reuniões pedagógicas, didáticas; portanto, a meu ver, esse mínimo faz-se

necessário para a melhoria da qualidade do ensino e também para a redução das

desigualdades regionais.”

Para desempenhar sua função no processo ensino aprendizagem, o professor

precisa ter tempo para planejar, Como terá suas opiniões consideradas se NÃO lhe é dada

a oportunidade de participar do processo?

Estando o tempo integral de sua carga horária (20 h) frente alunos, não lhe

resta tempo para contribuir nesse processo. É o que se constata nas respostas aos

quesitos 9 e 11 da pesquisa:

9, << Os professores das séries iniciais têm garantido o dia de seu planejamento

semanal?>>

11. <<Caso a escola tenha turmas de Educação Infantil, os professores têm garantido o

dia de seu planejamento semanal?>>

13

Eis algumas respostas:

“Não temos, há muito tempo, um professor para realizar o planejamento dos professores.

Principalmente o turno da tarde.”

“Apenas as duas turmas da manhã possuem um professor para o planejamento, as duas

turmas do turno da tarde não.”

“Não, a professora do apoio pedagógico se aposentou.”

“Parcialmente. A Educação Infantil tem planejamento quinzenal contando com a professora

de informática.”

“É preciso ter um professor para o planejamento lotado, pois ficamos sempre dependendo

da vontade dos colegas.”

“Não temos Educ. Especial para atender os alunos no turno da tarde (temos 4 alunos

incluídos nos anos finais sem atendimento. A Educadora Especial do turno da manhã está

de perícia médica e não foi enviado ninguém para a substituição. Os 8 alunos incluídos

estão sem atendimento).”

“O planejamento é quinzenal.” “O turno da manhã iniciou em outubro.”

“Não, porque não tem professor para cobrir o planejamento.”

Diante dessa realidade SOLICITA-SE que este Membro NOTIFIQUE a

Secretaria de Educação para que aponte ações concretas para GARANTIR A TODOS OS

PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS E DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE

SANTA MARIA, NO MÍNIMO 20% DA SUA CARGA HORÁRIA PARA O SEU

PLANEJAMENTO, O QUE É DE DIREITO. É O QUE SE REQUER.

1.5 DA VIOLAÇÃO À GESTÃO DEMOCRÁTICA E À AUTONOMIA DAS INSTITUIÇÕES

DE ENSINO

Como se não bastassem todos os conflitos, ao final do ano letivo de 2014, os

professores municipais de Santa Maria foram surpreendidos com a proposta de

calendário - pela Secretaria de Educação do Município - que aumenta o número de dias

trabalhados para 208, em 2015, determinando que os oito dias excedentes DEVERÃO ser

utilizados para a realização de reuniões pedagógicas, limitando 4 reuniões para o

14

primeiro semestre e 4 reuniões para o segundo semestre entendendo esta ser a

solução do impasse inaugurado no ano de 2014.

O seguinte texto foi enviado às escolas:

<<No calendário escolar 2015, ESTÃO previstos 208 dias, sendo que 08 dias DEVERÃO

ser destinados para a realização de reuniões pedagógicas e/ou

formação de professores. Tais datas (reuniões) DEVERÃO ser encaminhadas em

anexo ao calendário escolar.>>(grifei)

E determina as reuniões pedagógicas

Reuniões pedagógicas

I Semestre

Dia Horário

AI AF EJA AI AF EJA

II Semestre

Dia Horário

AI AF EJA AI AF EJA

Fixa em cinco os sábados letivos

Ordena também:

É de responsabilidade do (a) diretor (a) enviar até o dia 05/11/2015 , por

email, ao CME ([email protected] ) uma versão em Word do calendário

escolar 2015.

<< Total de Dias a serem trabalhados: 208 Dias. Total de dias Letivos: 200 DIAS>>

A Secretaria de Educação continua sua prática reiterada em violar normas

legais.

15

Primeiro Afronta à CONSTITUIÇÃO FEDERAL, cuja norma inserta no artigo

206, comanda que:

<< O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...) VI - gestão

democrática do ensino público, na FORMA DA LEI.>>

No âmbito ESTADUAL, a lei referida é a de nº 10.576/95 (atualizada pela Lei

n.º 13.990/12), que Dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Público. Já no seu

artigo primeiro diz a citada lei:

<< Art. 1º. A gestão democrática do ensino público, princípio inscrito no artigo 206,

inciso VI da Constituição Federal e no artigo 197, inciso VI da Constituição do Estado, será

exercida na forma desta lei, com vista à observância dos seguintes preceitos:

I - AUTONOMIA dos estabelecimentos de ensino na gestão

administrativa, financeira e PEDAGÓGICA;

(...)

V - garantia da DESCENTRALIZAÇÃO do processo educacional;>>

Na esfera MUNICIPAL, a Lei 4.740/03 institui A GESTÃO ESCOLAR

DEMOCRÁTICA, cujo artigo 1º se harmoniza com a Lei Estadual ao comandar que:

<<A gestão escolar democrática garantirá

I. AUTONOMIA dos estabelecimentos de ensino na gestão administrativa, financeira

e PEDAGÓGICA;>>

O artigo 4º da mesma lei esclarece de que forma essa autonomia será

garantida, in verbis:

Art. 4º - A Autonomia Pedagógica será ASSEGURADA pela implantação por parte de cada Escola de seu projeto político-pedagógico, elaborado com a PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR, em consonância com as políticas públicas vigentes e as normas do sistema municipal de ensino.

No mesmo sentido, a Lei de Diretrizes a Bases, nos seus artigos 3º, 14 e 23,

fortalece o amparo legal.

É de consenso que o calendário escolar necessita estar adequado às

necessidades e atividades locais, e que sua elaboração é uma ação fundamental

e legítima da comunidade escolar - professores, funcionários, alunos e pais e

ou responsáveis.

16

Na mesma linha se harmoniza a Lei Orgânica do Município em seu artigo 177.

Art. 177 - O ensino terá por base os seguintes princípios: (...) V - gestão democrática, garantida pela participação de representantes da comunidade, do corpo discente e do Magistério; VI - liberdade e pluralismo de ideias nas concepções pedagógicas.

Flagrante a arbitrariedade e a ilegalidade da Secretaria de Educação, em

querer cercear a autonomia das escolas, pois não existe argumento legal que a sustente.

O coração do processo educativo, em cada unidade escolar, é seu projeto

político pedagógico. E o professor, como ator principal do processo educativo, é

também formulador do projeto político-pedagógico, juntamente com os demais segmentos

que compõem a comunidade escolar, como determinam os artigos 13 e 14 da LDB:

(parecer 18/2013 CNE, p,13).

Da forma como está sendo gerida a educação municipal, a comunidade

escolar, em especial o professor está sendo EXCLUÍDO do processo e sendo obrigado,

muitas vezes através de ameaças intimidativas, a se submeter a decisões unilaterais

arbitrárias e ilegais.

O que significa valorizar o professor? Em primeiro lugar, estabelecer com ele uma relação de respeito a suas necessidades como profissional e como cidadão, sempre tendo como perspectiva a qualidade do ensino. Isto passa pela sua formação inicial, com qualidade; formação continuada no local de trabalho como política estruturante de Estado para a formação permanente do professor; carreira justa e atraente; salários dignos; condições de trabalho; PARTICIPAÇÃO EFETIVA NA GESTÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DE SUA UNIDADE ESCOLAR E NA DEFINIÇÃO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS. (parecer 18/2013 CNE)

Quanto à obrigatoriedade de enviar o calendário escolar ao Conselho

Municipal de Educação – CME, para que este o aprove

É de responsabilidade do (a) diretor (a) enviar até o dia 05/11/2015 , por email, ao CME

([email protected] ) uma versão em Word do calendário escolar 2015.

Não existe amparo legal para esta exigência. A Lei municipal nº 4.122 de 22

de dezembro de 1997 dispõe sobre o Conselho Municipal de Educação. Em seu artigo 10

17

elenca as competências deste Conselho. Dentre as atribuições não está previsto a

aprovação dos calendários escolares.

Este Sindicato também enviou duas (02) correspondências oficiais (doc.

Anexo) ao referido Conselho, para que este fornecesse cópia do seu Regimento Interno, ao

que ainda permanece silente.

A Lei 10.576, que dispõe sobre a Gestão Democrática do Ensino Público, alterada pela Lei n.º 13.990/12 assim comanda:

Art. 4º A administração dos estabelecimentos de ensino será exercida pelos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei n.º 13.990/12)

I - Equipe Diretiva – ED – integrada pelo Diretor, pelo Vice-Diretor e pelo Coordenador Pedagógico; e (Redação dada pela Lei n.º 13.990/12)

II - Conselho Escolar. (Redação dada pela Lei n.º 13.990/12)

“Art. 6º A administração do estabelecimento de ensino será exercida por uma Equipe Diretiva – ED – integrada pelo Diretor, pelo Vice-Diretor e pelo Coordenador Pedagógico que deverá atuar de forma integrada e em consonância com as deliberações do Conselho Escolar.”

Em consonância, a Lei Municipal 4.740/03 que também institui a Gestão

Escolar Democrática, no item que trata da autonomia administrativa comanda:

Art. 6º - A administração dos estabelecimentos de ensino será exercida pela: I - Equipe diretiva; II - Conselho Escolar.

No item que trata da autonomia financeira, de novo comanda: Art. 12 - Os recursos financeiros destinados às Escolas, serão geridos pela comunidade escolar, por meio do Conselho Escolar, para sua manutenção e outras despesas necessárias ao bom desempenho escolar, conforme legislação (...).

A aprovação do calendário escolar é de competência do Conselho

Escolar conforme a mesma Lei 4740/03, in verbis

Art. 25 - Dentre as atribuições do Conselho Escolar, a serem definidas no regimento

de cada Escola, devem obrigatoriamente constar as de:

(...)

VII - Aprovar o calendário escolar, no que competir à Escola, observada a legislação vigente;

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A Lei 4740 de 2003 ainda está vigendo. Nenhuma outra lei a revogou ou a

alterou. Logo, um direito que é conferido por uma lei, só por outra lei pode ser modificado

ou extinto. Logo, o Calendário Escolar não pode ser enviado ao Conselho Municipal de

Educação sem antes ser submetido à apreciação e aprovação pelo Conselho Escolar.

Face ao exposto REQUER-SE que este Membro NOTIFIQUE a Secretaria

do Município de Educação, para que em OBEDIÊNCIA À LEI, devolva à escola a

autonomia para a elaboração e aprovação do seu calendário escolar, obedecendo as

orientações legais.

2. DA TENTATIVA DE OBTER INFORMAÇÕES JUNTO À SECRETARIA DE

EDUCAÇÃO.

O Sindicato solicitou várias informações da Secretaria de Educação através

do Ofício nº 190/2014 (doc. Anexo).

Para muitas questões a secretaria não apresentou resposta ou não atendeu

ao solicitado, a exemplo, cópias de documentos, informação de dados, preenchimento de

tabelas.

Em síntese, analisando-se as respostas percebe-se que as mesmas foram

insubsistentes e não esclarecem de forma nenhuma os questionamentos formulados.

Dessa forma, persistindo a crise de gestão e de comunicação, requer-se a

NOTIFICAÇÃO para que a Secretaria de Educação forneça o indagado no item 6 do ofício

190/2014:

O número total de professores da rede municipal.

O número de professores cedidos à SMED

O número de professores cedidos a outras secretarias ou com desvio de função.

O número de professores nos cargos de direção, vice-direção, coordenação,

supervisão

O NÚMERO REAL DE PROFESSORES QUE FAZEM PARTE DO ESTATÍSTICO

PROFESSOR/ALUNO

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A recomendação de consultar no Portal Transparência torna-se trabalhosa e

incerta, pois estão nominados todos os servidores do município, num total de 3434, de

todos os cargos, não só professor. Logo, reitera-se o pedido.

3. DA TENTATIVA DE OBTER INFORMAÇÕES JUNTO AO CONSELHO MUNICIPAL

DE EDUCAÇÃO.

O Sindicato, através de dois ofícios, tentou agendar reunião e obter cópia do

Regimento Interno, que conforme artigo 10 da Lei 4122 de22-12-1997, lhe compete

elaborar.

Art. 10 - Ao CMESM compete:

a) elaborar e/ou reformular seu Regimento Interno que será aprovado pelo

Poder Executivo Municipal.

Há interesse do Sindicato em discutir questões pertinentes à educação,

dentre as quais, o cumprimento das horas atividade, a garantia do funcionamento regular

das escolas e outras questões que lhe compete como órgão de caráter consultivo,

normativo, deliberativo e fiscalizador, com diz a lei.

Ainda no artigo 10, dentre as competências tem-se:

e) fiscalizar o Sistema Municipal de Ensino, ou conjunto das escolas

municipais;

f) zelar pelo cumprimento das disposições constitucionais, legais e

normativas em matéria de educação e ensino, representando junto às

autoridades competentes, quando for o caso;

Competência, que no nosso entender resta omissa diante das tantas

irregularidades na educação municipal de Santa Maria.

Também questiona-se o cumprimento do artigo 5º da mesma lei:

Art. 5º - Ao serem nomeados os membros do CMESM, dois terços (2/3) terão

mandato de quatro (04) anos e um terço (1/3) terá mandato de seis (06)

anos.

§ 1º - É permitida uma recondução consecutiva.

§ 2º - Ocorrendo vaga no CMESM, assumirá o suplente, que completará o

mandato do titular.

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Requer-se então que este órgão promova a oitiva da Presidente e Vice-

Presidente do Conselho Municipal de Educação, junto com Coordenadores do Sinprosm,

para a prestação de informações e esclarecimentos até então sonegados.

4. DO EDITAL PARA PREENCHIMENTO DE VAGAS DE REGIME SUPLEMENTAR DE

TRABALHO

Foi publicado o Edital de nº 002 de 05 de fevereiro de 2015, informando aos

professores da Rede Municipal de Ensino sobre a existência de vagas para Regime

Suplementar de Trabalho. O período de inscrição foi de 09-02-2015 a 13-02-2015.

No edital a Secretária de Município de Educação informa as áreas a serem

atendidas 1. Professores de Ensino Fundamental Anos Finais : História; Artes; Geografia;

Inglês; Matemática; Português; Ciências Biológicas; Educação Física;. 2. Professor de

Ensino Fundamental Anos Iniciais; 3. Professor de Educação Infantil.

Causa estranheza o edital para preenchimento das referidas vagas, uma vez

que haverá Concurso Público para preenchimento de vagas, cuja prova se realizará em

15 de março de 2014 conforme edital nº 001 de 2015, capítulo V.

Conforme Cap. I do edital, dos cargos e das vagas, na tabela de cargos,

encontram-se, na maioria, as mesmas vagas que também estão disponíveis para o

Regime Suplementar de Trabalho (?????). Segundo o edital o número destas vagas são

as seguintes:

História (02); Artes (10); Geografia (02); Inglês (10); Matemática (10);

Português (10); Ciências Biológicas (02); Educação Física (03);. Professor de Ensino

Fundamental Anos Iniciais (20); Professor de Educação Infantil (10).

Relembrando o artigo 24 da Lei 4696 já referida acima, o professor só poderá

ser convocado para cumprir Regime Suplementar de Trabalho nos casos previstos no

dispositivo legal. E traz no seu parágrafo único a necessidade do Concurso Público quando

a vacância se prolonga por tempo superior ao determinado.

Parágrafo único- No caso de vacância no cargo e inexistência de candidatos habilitados, a convocação prevista neste parágrafo será feita pelo prazo máximo de seis (06) meses, devendo a Secretaria de Município da Educação comunicar à Secretaria de Município dos Recursos Humanos a necessidade de realizar Concurso Público nesse período.

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A falta de professores nessas áreas já se prolonga por mais um ano. Logo, a

urgência da realização do Concurso Público para suprir TODAS AS VAGAS, sem

necessidade de convocação para Regime Suplementar de trabalho.

Aponte-se também a irregularidade no Critério de Classificação anunciado no

edital, o qual será o de “Maior tempo de serviço no município.”

A Lei não refere este, como critério de classificação. No parágrafo 1º do artigo

26, elenca os critérios para a convocação para RST:

§ 1º - A convocação de que trata o caput deste artigo será por prazo determinado

e não deverá ultrapassar o término das atividades escolares, podendo ser admitida

nova convocação após avaliação favorável do desempenho do profissional pela equipe

diretiva da escola, Setor de Recursos Humanos, Assessoria Técnica e Supervisão de

Ensino da Secretaria de Município da Educação, observando os seguintes critérios.

a) disponibilidade de horário (o professor não poderá ultrapassar sessenta (60) horas

semanais de serviço público;

b) preferência ao professor da própria escola;

c) maior número de cursos de aperfeiçoamento em sua área de atuação nos

últimos três (3) anos, excluídos os computados para a mudança de nível.

Destaque-se que o critério da antiguidade no serviço público é levado em

conta no caso de empate de condições.

Diante do exposto REQUER-SE a NOTIFICAÇÃO para que a Secretária

comprove qual a natureza das vagas que serão preenchidas pelo RST, ou seja, se estão

enquadras nas condições especificadas no artigo 24 da lei 4696, para quais escolas serão

designados os professores, e qual quantidade de cada uma delas. Questões estas que

podem ser prontamente respondidas, pois que o edital anuncia as vagas existentes.

De igual forma NOTIFIQUE a Irregularidade do critério de classificação

5. DO DIFÍCIL ACESSO E DIFÍCIL PROVIMENTO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Assim preveem os artigos 42 e 43 da Lei 4696 – Plano de Carreira:

Art. 42 - O membro do Magistério Municipal perceberá gratificação no valor correspondente a até cinqüenta (50) por cento do vencimento básico enquanto exercer suas atividades em escola de difícil acesso ou provimento, de acordo com a dificuldade enfrentada.

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Art. 43 - Anualmente, no mês de fevereiro, a Secretaria de Município da Educação deverá encaminhar, com vistas à edição do Decreto, relação atualizada das escolas e estabelecimentos de ensino considerados de difícil acesso ou provimento (...)

Para isso, existe uma Comissão do Difícil Acesso. Todo ano surge o mesmo

clamor. Escolas são excluídas do quadro de difícil acesso sem que haja um processo legal

que lhes conceda o direito de defesa; o direito de produção de provas- apresentação de

documentos - que comprovem que a situação não se modificou e que, portanto, continuam

implementando os requisitos para a percepção do adicional. Não existe um procedimento

legal regulamentado, que garanta o contraditório, a transparência, e discipline a

fundamentação das decisões. Há escolas que realizaram ampla produção de provas e as

endereçaram à Secretária de educação, pleiteando a permanência no quadro, ou

reivindicando percentuais perdidos, mas esses documentos não foram analisados pela

Comissão do Difícil Acesso.

Para tanto, o Sindicato sugere que sejam definidos os membros da Comissão

e que se elabore o Regimento Interno dessa Comissão, disciplinando a matéria e o órgão

colegiado. Para tal, junta proposta de Regimento.

6. DOS PEDIDOS

Considerando os fatos narrados, em conjunto com o que dispõe o direito

invocado, pretende o Sindicato requerente, ver reconhecidas e adotadas as seguintes

providências:

I. NOTIFICAR a Secretaria da Educação do Município para que esta comprove com

documentos o quadro de pessoal completo de TODAS AS ESCOLAS EMEFS E

EMEIS, para que se verifique se estas dispõem de todos os professores necessários

para garantir o regular início das aulas.

II. NOTIFICAR a Secretaria da Educação de Município para que manifeste de que forma

planeja suprir os serviços deficitários quanto aos funcionários das escolas.

III. NOTIFICAR a Secretaria de Educação SOLICITANDO esclarecimentos sobre a equipe

de professores que deveria prover as horas diárias de atividade enquanto os

professores participavam das reuniões pedagógicas, apresentando um relatório sobre

o trabalho da mesma, o número de professores que participaram desta equipe,

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comprovando com documentos quais escolas atendeu, por quanto tempo e quais

turmas.

IV. NOTIFICAR a Secretaria de Educação para que CESSE com a imposição que

IMPEDE a realização das reuniões pedagógicas semanais DENTRO DA CARGA

HORÁRIA DE CADA PROFESSOR, com fundamento em todo amparo legal

exposto.

V. NOTIFICAR a Secretaria para que envie correspondência às escolas, devolvendo-lhes

a autonomia de planejamento e a liberdade para realizarem as reuniões semanais.

VI. NOTIFICAR a Secretaria de Educação para que aponte ações concretas para

GARANTIR A TODOS OS PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS E DA EDUCAÇÃO

INFANTIL DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA, NO MÍNIMO 20% DA SUA CARGA

HORÁRIA PARA O SEU PLANEJAMENTO, O QUE É DE DIREITO.

VII. NOTIFICAR a Secretaria do Município de Educação, para que em OBEDIÊNCIA À

LEI, devolva às escolas municipais de Santa Maria, a autonomia para a elaboração

e aprovação do seu calendário escolar, obedecendo as orientações legais.

VIII. NOTIFICAÇÃO para que a Secretaria de Educação forneça as informaç~pes

requeridas no item “2” acima.

IX. PROMOVER a oitiva da Presidente e Vice-Presidente do Conselho Municipal de

Educação, junto com Coordenadores do SINPROSM.

X. NOTIFICAR a Secretária para que comprove qual a natureza das vagas que serão

preenchidas pelo RST, para que se verifique se estão enquadras nas condições

especificadas no artigo 24 da lei 4696; para quais escolas serão designados os

professores, e qual quantidade de cada uma delas; bem como a Irregularidade do

critério de classificação

Termos em que

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pede deferimento

Santa Maria, 17 de fevereiro de 2015.

Jane May de Oliveira Leal

Coordenadora de Patrimônio e Organização