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1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DIREITO DA 3ª VARA DA FAZENDA E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE PALMAS/TO. Por prevenção aos autos nº 5000191-82.2013.827.2715 Resumo do objeto da ação: pedido de ressarcimento do erário em razão dos prejuízos causados por atos na execução e pagamentos da: 1) obra da ponte para a travessia do lago Hidrelétrica do Lajeado– Rio Tocantins (Ponte Fernando Henrique Cardoso 1 ); e 2) obra do Aterro de acesso à mesma ponte. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO TOCANTINS, através dos Promotores de Justiça infra-assinados, no uso de suas atribuições legais, com fundamento nos artigos 37, § 5º, 127 e 129 da Constituição Federal de 1988, artigos 1º, inciso IV, 3º, 11 e 21 da Lei Federal nº 7.347/1985, artigo 25, inciso IV, alínea “a” da Lei Federal nº 8.625/1993, artigo 50, § 4º, III da Constituição do Estado do Tocantins, artigo 60, VII da Lei Complementar Estadual nº 51/2008, e nas disposições contidas no Código Civil e na Lei nº 8.429/1992, vem perante Vossa Excelência propor: AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO DO ERÁRIO PÚBLICO, com pedido de medida liminar inaudita altera parte, em face de: 1) CONSÓRCIO EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, composto por EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGENS S/A, RIVOLI SPA e CONSTRUSAN CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., com inscrições no CNPJ 02.901.882/0001-91 e 17.393.547/001-05, com endereço na Rodovia BR-153, Km. 1.284,5, Zona Industrial de Aparecida de Goiânia/GO; 2) RIVOLI SPA, empresa italiana, com sede em Rivoli Veronese (Verona – Itália), localidade CA Campagana, codice fiscale e partita iva nº 00361900236, com filial no Brasil na TO 010, Km 07, Chácaras 02 e 04, Município de Palmas/TO; 3) EMSA – EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGENS S/A, sociedade empresária por ações, brasileira, CNPJ nº 17.393.547/0001-05, com sede no 1 Anote-se que o fato do nome da ponte em questão repetir o nome de pessoa viva é objeto de procedimento que já tramita no MP perante a 28ª Promotoria de Justiça, que resultar em ação civil pública autônoma. 202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218 PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DIREITO DA 3ª VARA DA …

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EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DIREITO DA 3ª VARA DA FAZENDA EREGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE PALMAS/TO.

Por prevenção aos autos nº 5000191-82.2013.827.2715

Resumo do objeto da ação: pedido deressarcimento do erário em razão dosprejuízos causados por atos na execuçãoe pagamentos da: 1) obra da ponte paraa travessia do lago Hidrelétrica doLajeado– Rio Tocantins (PonteFernando Henrique Cardoso 1 ); e 2) obrado Aterro de acesso à mesma ponte.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO TOCANTINS, atravésdos Promotores de Justiça infra-assinados, no uso de suas atribuições legais, comfundamento nos artigos 37, § 5º, 127 e 129 da Constituição Federal de 1988, artigos 1º,inciso IV, 3º, 11 e 21 da Lei Federal nº 7.347/1985, artigo 25, inciso IV, alínea “a” da LeiFederal nº 8.625/1993, artigo 50, § 4º, III da Constituição do Estado do Tocantins, artigo60, VII da Lei Complementar Estadual nº 51/2008, e nas disposições contidas no CódigoCivil e na Lei nº 8.429/1992, vem perante Vossa Excelência propor:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESSARCIMENTO DO ERÁRIO PÚBLICO,com pedido de medida liminar inaudita altera parte, em face de:

1) CONSÓRCIO EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, composto por EMPRESA SULAMERICANA DE MONTAGENS S/A, RIVOLI SPA e CONSTRUSANCONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., com inscrições no CNPJ02.901.882/0001-91 e 17.393.547/001-05, com endereço na Rodovia BR-153,Km. 1.284,5, Zona Industrial de Aparecida de Goiânia/GO;

2) RIVOLI SPA, empresa italiana, com sede em Rivoli Veronese (Verona – Itália),localidade CA Campagana, codice fiscale e partita iva nº 00361900236, com filialno Brasil na TO 010, Km 07, Chácaras 02 e 04, Município de Palmas/TO;

3) EMSA – EMPRESA SUL AMERICANA DE MONTAGENS S/A, sociedadeempresária por ações, brasileira, CNPJ nº 17.393.547/0001-05, com sede no

1 Anote-se que o fato do nome da ponte em questão repetir o nome de pessoa viva é objeto de procedimento que já tramita no MP perante a 28ª Promotoria de Justiça, que resultar em ação civil públicaautônoma.

202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

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Rodoanel BR-153, Km. 504,6, Zona Industrial, Aparecida de Goiânia/GO;

4) CONSTRUSAN CONSTRUTORA e INCORPORADORA LTDA (ou ALBConstruções Ltda.), CNPJ 02.901.882/0001-91, com sede na Rua 01, Quadra1A, Mod. 02 e 03 (ao lado da Mobi), Polo Industrial de Aparecida de Goiânia, CEP74.985-115 ;

5) JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, brasileiro, casado, ex-governador,residente na Quadra 204 Sul, al. 02, Plano diretor Sul, Palmas/TO;

6) MARCELO DE CARVALHO MIRANDA, brasileiro, casado, ex-governador,agropecuarista, nascido em 10/10/1961, natural de Goiânia/GO, filho de JoséEdmar Brito Miranda e Marly Carvalho Miranda, RG 602.964 – SSP/TO, CPF281.856.761-00, residente na 404 Sul, Alameda 2, Lotes 2/6, Palmas/TO,Telefones (63) 3214-2304, 9978-7621;

7) JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA, brasileiro, casado, advogado, nascido em03/01/1934, natural de Pedro Afonso/TO, filho de Leôncio Miranda e Anaídes BritoMiranda, RG 16.701/2ª Via-SSP/GO, CPF 011.030.161-72, residente na 404 Sul,lote 2, conj. HM1, Alameda 02, Edifício Residencial Park Imperial, apto 801Palmas/TO, Telefones (63) 3215-2763, 9962-6746;

8) SÉRGIO LEÃO, brasileiro, casado, engenheiro, servidor público estadual,portador do CPF nº 210.694.921-91 e do RG nº 435.300 SSP/GO, podendo serencontrado na sede da Secretaria da Infraestrutura do Estado do Tocantins,situada na Rodovia TO - 010, Km 1 Lote 11 Setor Leste, Palmas/TO, Fone: (63)3218-7101, ou na Rua J-02, Qd.21, Lts. 07/08, Setor Jaó, em Goiânia/GO;

9) MANOEL JOSÉ PEDREIRA, brasileiro, casado, engenheiro civil e servidorpúblico estadual, portador do CPF nº 060.815.681-72 e do RG nº 86.135 SSP/GO,residente na Via Local 44, nº 58, Jardim dos Ipês, em Porto Nacional/TO;

10) ATAÍDE DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, engenheiro, servidor público estadual,portador do CPF nº 258.528.506-59, residente na Quadra 108 Norte, Alameda 04,lotes 55/57 (próximo ao Colégio São Francisco de Assis), em Palmas – TO,podendo ser encontrado, ainda, na avenida Gov. José Ludovico de Almeida, Nº 20(BR-153, Km 3,5), Conjunto Caiçara - Goiânia - Goiás - Cep.: 74.775-013, Fone:(62) 3265-4032 ou Rua C 212 Esquina C 216, Quadra 513, Lote 24, Goiânia –GO;

11) CLÁUDIO MANOEL BARRETO VIEIRA, brasileiro, casado, engenheiro e servidorpúblico estadual, portador do CPF nº 955.957.837-53 e do RG nº 301.595SSP/TO, endereço Quadra 309 Sul, Alameda 11, nº 17, Palmas/TO;

12) ADELMO VENDRAMINI CAMPOS, engenheiro diretor de acompanhamento deobras e serviços, RG 173.077-SSPMT; CPF 162.925.321-72, QD. 507, QI-21,Alameda 29, Lote 02, Palmas/TO;

13) MARCO TULIO AIRES, brasileiro, engenheiro civil, podendo ser localizado na

202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

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Secretaria de Infra-estrutura; residente na QD 603 SUL ALAMEDA 06 LOTE 01,SN, CEP 77016-363, CENTRO, PALMAS;

14) KARLA MARTINS COELHO, engenheira civil, portadora do C.P.F. nº412.870.881-04, podendo ser localizada em seu endereço funcional na SEINF,rodovia TO-010, Km 01, lote 11, Setor Leste ou na rua Pará, QD 69, lote 09, NR366, Bairro Urias Magalhães, em Goiânia – GO ou na Quadra 107, lote 01, BlocoC, apartamento 304, Brasília - DF;

15) ADEUVALDO PEREIRA JORGE, engenheiro civil, portador do CPF nº podendoser localizado na Secretaria de Infra-estrutura; RUA 01,1400, CEP 77700-000,CENTRO, GUARAI/TO ou AV BERNARDO SAYAO 1572 CENTRO GUARAÍ/TO;

16) ADRIANO MACEDO MAIA, então Engenheiro do DERTINS, podendo serlocalizado na Secretaria de Infra-estrutura QD 207 SUL ALAMEDA 09 QI 04 LOTE01,207SUL,PLANO DIRETOR CEP 77015-318, CENTRO, PALMAS/TO;

17) LUCIANO NOGUEIRA BERTAZI SOBRINHO, então engenheiro do DERTINS,portador do CPF nº 243.194.221-04 e RG 698.368 SSPGO, residente edomiciliado na Quadra 208 Norte, Alameda 20, QI 12, lote 11, Plano Diretor Norte– Palmas/TO;

18) JOSÉ PEREIRA DA SILVA NETO, brasileiro, engenheiro, servidor públicoestadual, inscrito no CPF 388.764.181-72, podendo ser localizado para citação naSecretaria de Infraestrutura, Palmas/TO, ou na Quadra 408 Norte, Alameda 01,lote 02, Ap.602 A, Palmas-TO;

19) LEANDRO NASCIMENTO DE ARAÚJO, engenheiro fiscal de obras, lotado naSecretaria de Infraestrutura, CREA 2976/D-GO, portador da cédula de identidaden.435.300 – SSP/GO, inscrito no CPF 210.694.921-91, podendo ser localizado naSecretaria de Infra-estrutura ou na QD ARSO 53 (507 SUL) QI 21 LOTE 15ALAMEDA 23 CENTRO CEP 77016178 PALMAS - TO;

20) LUCILENE VILELA PEREIRA, brasileira, servidora pública, engenheira civil fiscal,residente na Quadra 305 Sul, Alameda 02, QI-03, Lote 16, Palmas/TO;

21) NEULI JOSÉ DE ASSIS, brasileiro, engenheiro civil, fiscal de obras, residente naRua 56, RES MORADA CAMPESTRE, QD B4, L 17, AP 102, JARDIM GOIASCEP 74810240, Goiânia/GO, podendo ser encontrado, ainda, na Rua Goiânia, 01Q0, L16, Pontalina/GO, ou ainda na AV 85, Q223, L 6, SETOR BUENO CEP :74223010, Goiânia/GO;

22) DINACIR SEVERINO FERREIRA, brasileiro, engenheiro, servidor públicoestadual, portador do CPF 058.080.811-49, com domicílio fiscal na Rua Florença,405, Bairro Dona Matilde e com domicílio eleitoral na Avenida Haide Evangelistada Rocha, 963, ambos em Catalão-GO, Tel.: 64-3442-8909/9983-0678;

23) MIZAEL CAVALCANTE FILHO, brasileiro, solteiro, engenheiro civil e servidorpúblico estadual, RG 918.393-SSP/TO, CPF 083.063.381-20, 110 sul, alameda

202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

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13, lote 09, Palmas/TO;

24) FERNANDO ARTHUR MOREIRA DIAS, engenheiro civil, fiscal de obrasde terraplanagem/pavimentação, C.P.F. nº 282.225.636-53, com endereçoresidencial na rua Antonio Soares Figueiredo, nº 170, CEP 39970-000, Pedra Azul- MG e endereço comercial na rua Fernando Lobo, nº 250, bairro Centro, Juiz deFora – MG.

25) DONIZETE OLIVEIRA VELOSO, brasileiro, engenheiro civil, fiscal de obras,podendo ser encontrado na sede da Secretaria da Infraestrutura do Estado doTocantins, situada na Rodovia TO - 010, Km 1 Lote 11 Setor Leste, Palmas/TO,Fone: (63) 3218-7101;

26) PEDRO OLIMPIO PEREIRA FURTADO NETO, engenheiro civil, fiscal deobras, C.P.F. 846.440.566-49, matricula nº 80753-4, CREA nº 9037-8/D-TO, tendocomo endereço a Quadra 106 Norte, alameda 17, lote 22, bloco 01, apartamento301, Edíficio JK, Palmas-TO;

27) RONALDO DE FREITAS, engenheiro civil, fiscal de obras, C.P.F. nº 162.874.876-15, matricula nº 867805-7, CREA nº 5025/D-DF, tendo com endereço comercial aPraça São Benedito, nº 551, Centro, Natividade – TO, e como endereçoresidencial a rua Macéio, 298, Campina Verde – MG ou ainda a Avenida 11, 432,Campina Verde/MG;

28) FERNANDO FARIAS, engenheiro fiscal de obras, C.P.F. nº 239.925.146-68, tendocomo endereço funcional a sede da Secretária de Estado de Infraestrutura– SEINF,rodovia TO-010, Km 01, lote 11, Setor Leste, em Palmas - TO ou comoendereço residencial a Quadra 308 Sul, alameda 06, lote 01, nesta capital e comoendereço comercial na Quadra 902 Sul, na avenida LO 21, S/N, conjunto 01, lote05, também nesta capital;

29) EDUARDINO EDIVAN LOPES DE SOUZA, engenheiro civil, fiscal deobras, C.P.F. nº 056.152.322-34, podendo ser localizada em seu endereçofuncional na SEINF, rodovia TO-010, Km 01, lote 11, Setor Leste ou em seuendereço residencial na Avenida Araguaia, S/N, Centro, Presidente Kennedy – TOou ainda a Fazenda Maribondo, zona rural do município de Presidente Kennedy -TO;

30) HUMBERTO VALDEZ SARDINHA, engenheiro civil, fiscal de obras, C.P.F. nº040.130.261-04, lotado na Secretaria de Infraestrutura - SEINF, podendo serlocalizado na Quadra 106 Sul, alameda 22, lote 17, nesta capital;

31) ANILTON FRANÇA LIMA JÚNIOR, engenheiro civil, fiscal de obrasde terraplanagem e pavimentação, C.P.F. nº 527.560.761-04, com endereçoresidencial na Quadra 108 Sul, alameda 12, Casa 64, em Palmas – TO eendereços comerciais na avenida JK (ACSVNE 12), lote 06, S/N, sala 02, emPalmas e no jardim Aureny I, Avenida Tocantins, quadra SE 12, lote 01, S/N, sala06, também nesta capital;

202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

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32) DOMINGOS AGUIAR DOS SANTOS, engenheiro civil, fiscal de obras, C.P.F.nº 212.560.981-91, matrícula nº 271977-1, CREA nº 5170/D-TO, tendo comoendereço residencial a Quadra 205 Sul, alameda 14, lote 16, em Palmas – TO ecomo endereços comerciais a ACSE II, conjunto 01, lote 34, S/N, sala 04, nestacapital e a Quadra 108 Norte, alameda 10, lote 10, sala 01, nesta capital;

33) JOÃO LEAL DA COSTA JÚNIOR, engenheiro civil, fiscal de obras, C.P.F.nº 031.122.331-15, matrícula nº 325252-3, CREA nº 13789-9/D-TO, tendo comoendereço residencial a Quadra 108 Sul, alameda 12, nº 07 ou nº 76 ou nº 760 –há três números diferentes, em três bancos de dados diferentes - em Palmas –TO e como endereço comercial a Rua do Ouro, S/N, Quadra F, lotes 14 e 15, nomunicípio de Dianopólis – TO;

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1.1 DA IMPRESCRITIBILIDADE DO PEDIDO DE RESSARCIMENTO DO ERÁRIO

A presente ação civil pública objetiva o ressarcimento do ErárioPúblico em razão de condutas que geraram dano aos cofres estaduais.

Tal pretensão, por força de norma constitucional do LegisladorConstituinte Originário, é imprescritível.

Realmente, o texto da Carta Maior, que tem como norte amoralidade administrativa e a proteção da res publica, prevê expressamente, no artigo37, § 5º, in verbis:

Art. 37 (…)

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão asuspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, aindisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma egradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitospraticados por qualquer agente, servidor ou não, que causemprejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações deressarcimento.

Portanto, como é sabido, a Constituição Cidadã, excepciona adiretriz geral da prescritibilidade no caso de ações que visem ressarcimento do erário.

No E. Supremo Tribunal Federal esse é o entendimento. Veja-se:

“CONSTITUCIONAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE

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INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONCESSIONÁRIA DESERVIÇO PÚBLICO. CONTRATO. SERVIÇOS DE MÃO-DE-OBRA SEM LICITAÇÃO. RESSARCIMENTO DE DANOSAO ERÁRIO. ART. 37, § 5º, DA CF. PRESCRIÇÃO.INOCORRÊNCIA. 1. As ações que visam ao ressarcimento doerário são imprescritíveis (artigo 37, parágrafo 5º, in fine, daCF). Precedentes. 2. Agravo regimental a que se negaprovimento.” STF - AI 712435 AgR / SP - SÃO PAULO AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Relator(a): Min. ROSA WEBERJulgamento: 13/03/2012 - Órgão Julgador: Primeira Turma.

São também precedentes: o MS n.º 26210/DF, Tribunal Pleno,Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, 10.10.2008; RE n.º 578.428/RS-AgR, SegundaTurma, Relator o Ministro Ayres Britto, DJe 14.11.2011; RE n.º 646.741/RS-AgR, SegundaTurma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe 22.10.2012.

Assim, de início, possível e constitucionalmente viável aseguimento da presente ação.

1.2 DA COMPETÊNCIA

Inicialmente, cabe apontar que a ação civil pública deressarcimento do erário deve ser processada e julgada em primeira instância, visto quenão possui natureza penal e não há previsão na Constituição da República de 1988 deforo por prerrogativa de função no tocante às ações de referida natureza. O tema estásedimentado pelo E. Supremo Tribunal Federal, nas ADI's 2.797-2 e 2.860-0 (DOU de26.09.2005 e DJU de 19.12.2006). Portanto, não resta qualquer dúvida que o Juízo deprimeira instância é competente para o processo e julgamento do feito.

Na hipótese dos autos, a presente ação versa sobreirregularidades e lesão ao patrimônio público quando da ordem de construção,execução e pagamentos da obra da ponte para a travessia do lago – Rio Tocantins(Ponte Fernando Henrique Cardoso) da Hidrelétrica do Lajeado (Municípios dePalmas e Porto Nacional e da obra do aterro de acesso de tal ponte, ambasexecutadas no bojo do Contrato nº 403/98, firmado entre o Estado do Tocantins e oConsórcio de empresas EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN. O Tribunal de Justiça doTocantins, no conflito negativo suscitado nos autos nº 5001956-85.2013.827.0000,determinou o processamento das ações que versem sobre o Contrato nº 403/98 na 3ªVara da Fazenda Pública e Registros Públicos da Capital.

1.3 DA LEGITIMIDADE ATIVA

A Constituição da República de 1988 atribuiu ao Ministério Públicoa promoção do inquérito civil e da ação civil pública, para a proteção do patrimôniopúblico e social, dentre outros interesses difusos e coletivos, conforme o artigo 129,inciso III.

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Da mesma forma o artigo 5º da Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação CivilPública) atribui ao Ministério Público legitimidade para a ação civil pública para tutela dopatrimônio público. O tema está mais que pacificado na Súmula 329 do SuperiorTribunal de Justiça, que prevê que “O Ministério Público tem legitimidade para proporação civil pública em defesa do patrimônio público”.

O E. STF também tem jurisprudência firme acerca da legitimidadedo Ministério Público, cumprindo colacionar:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSOEXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. MINISTÉRIO PÚBLICO.AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA DEFESA DO PATRIMÔNIOPÚBLICO. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. AGRAVOREGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. RE 638083AgR / MS - MATO GROSSO DO SUL AG.REG. NO RECURSOEXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIAJulgamento: 10/06/2014, Órgão Julgador: Segunda Turma.

Portanto, inquestionável a legitimidade ativa do Ministério Públicopara ações que visem o ressarcimento do erário em razão da prática de condutas ilícitaspraticadas por agentes públicos em conluio com particulares e que redundaram no desviode dinheiro público.

1.4 DA LEGITIMIDADE PASSIVA E DAS CONDUTAS ILÍCITAS

A Constituição Federal disciplina a responsabilidade dos servidorespúblicos, agentes políticos e beneficiários (inclusive particulares) de atos lesivos aopatrimônio público no artigo 37, §§ 4º e 5º, estabelecendo, como já dito, aimprescritibilidade das ações de reparação ao erário.

A Lei nº 8.429/92 dispõe que será responsabilizado qualquer agentepúblico, servidor ou não (artigo 1º, caput), que pratique ato de improbidade administrativa,considerando-se para efeitos da referida norma como agente público, “todo aquele queexerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,cargo, emprego ou função” (artigo 2º) nas entidades públicas.

O Código Civil por sua vez estipula no artigo 186. “Aquele que, poração ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano aoutrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Assim, é inequívoco que todos aqueles que colaboraram para aprática de atos que redundaram em desvio de dinheiro público tem legitimidade parafigurar no polo passivo da presente demanda.

Portanto, estão sujeitos à ação civil pública de ressarcimento doerário, o Governador e ex-Governador de Estado, ex-Secretário e Subsecretário deInfraestrutura do Estado e demais servidores públicos lotados no DERTINS à época dos

202 NORTE, AV. LO 4, CONJ. 1, Lotes 5 e 6 – Plano Diretor Norte – CEP 77.006-218PALMAS-TO Fone: (63) 3216-7600

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fatos. No caso, os requeridos, agentes públicos, concorreram, no exercício dos cargos,para a realização de um esquema de fraudes voltados ao desvio de dinheiro público pormeio de despesas ilícitas e lesivas ao erário, as quais serão descritas em item abaixo,conforme consta da documentação anexa, que compõe o Inquérito Civil.

Ademais, devem figurar também no polo passivo os terceiros, nãoagentes públicos, que se beneficiaram dos atos ilegais dos agentes públicos.

No caso foi o Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, e asempresas que compõem tal consórcio, que se beneficiaram das vultosas obrassuperfaturadas e que, portanto, são solidariamente responsáveis entre si e com o osagentes públicos.

Conforme relevam os autos, as participações dos requeridos nasilegalidades podem ser assim individualizadas, tudo nos termos dos documentos anexos:

1) JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, então Governador doEstado, o qual, agindo articulado com o esquema fraudulento e omitindo-se da tarefa defiscalizar a regularidade dos procedimentos, firmou o “autorizo” no ofício DERTINS0233/2002, datado de 14/02/2002, anuindo com o 4º Termo ADITIVO para acrescentarilegalmente no contrato 403/98 a Ponte FHC e aterro de acesso e, outrossim, firmou asseguintes autorizações para pagamentos de valores indevidos e em prejuízo ao erário emprol do Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, cuja empresa líder financioucampanhas políticas nos anos de 2002 e 2006:

– autorização de pagamento nº 001642/2002, de 09/08/2002;– autorização de pagamento nº 001620/2002, de 09/08/2002;– autorização de pagamento nº 001451/2002, de 18/07/2002;– autorização de pagamento nº 001758/2002, de 29/08/2002;– autorização de pagamento nº 002097/2002, de 17/09/2002;– autorização de pagamento nº 002263/2002, de 03/10/2002;– autorização de pagamento nº 002781/2002, de 03/12/2002;– autorização de pagamento nº 002848/2002, de 11/12/2002.

2) MARCELO DE CARVALHO MIRANDA, tendo tomado posse em2003 como Governador do Estado após SIQUEIRA CAMPOS, o qual, igualmente agindoem conluio com o esquema articulado e omitindo-se da tarefa de fiscalizar a regularidadedos procedimentos, firmou as seguintes autorizações para pagamentos de valoresindevidos e em prejuízo ao erário em prol do Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSANcuja empresa líder financiou campanhas políticas nos anos 2002 e 2006:

– autorização de pagamento nº 000991/2003, de 21/05/2003;– autorização de pagamento nº 001213/2003, de 02/07/2003;– autorização de pagamento nº 000677/2004, de 12/04/2004;– autorização de pagamento nº 001156/2003, de 23/06/2003;– autorização de pagamento nº 001517/2003, de 13/08/2003;– autorização de pagamento nº 001316/2003, de 18/07/2003;

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– autorização de pagamento nº 001125/2003, de 17/06/2003;– autorização de pagamento nº 001212/2003, de 02/07/2003;– autorização de pagamento nº 001516/2003, de 18/08/2003;– autorização de pagamento nº 001515/2003, de 18/08/2003;– autorização de pagamento nº 000678/2004, de 12/04/2004;– autorização de pagamento nº 001511/2003, de 18/08/2003;– autorização de pagamento nº 001513/2003, de 18/08/2003;– autorização de pagamento nº 001514/2003, de 18/08/2003;– autorização de pagamento nº 001022/2004, de 01/06/2004;– autorização de pagamento nº 001807/2003, de 17/09/2003– autorização de pagamento nº 001804/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 001806/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 001313/2004, de 12/07/2004– autorização de pagamento nº 001314/2004, de 12/07/2004– autorização de pagamento nº 002249/2003, de 13/11/2003– autorização de pagamento nº 002250/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 002251/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 001405/2004, de 28/07/2004– autorização de pagamento nº 002248/2003, de 25/08/2004– autorização de pagamento nº 002287/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 002285/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 002535/2003, de 09/03/2004– autorização de pagamento nº 001407/2004, de 28/07/2004– autorização de pagamento nº 001600/2004, de 25/08/2004– autorização de pagamento nº 000413/2005, de 05/04/2005– autorização de pagamento n° 001965/2004, de 1965/2004– autorização de pagamento nº 001601/2004, de 25/08/2004– autorização de pagamento nº 000381/2004, de 04/03/2004– autorização de pagamento nº 000414/2005, de 05/04/2005– autorização de pagamento nº 000380/2004, de 04/03/2005– autorização de pagamento nº 002209/2004, de 29/11/2004– autorização de pagamento n° 000839/2004, de 10/05/2004;– autorização de pagamento n° 002211/2004, de 29/11/2004;– autorização de pagamento n° 001227/2005, de 28/07/2005;– autorização de pagamento n° 000599/2005, de 11/05/2005;– autorização de pagamento n° 000892/2005, de 16/06/2005;– autorização de pagamento n° 001021/2004, de 11/05/2005;– autorização de pagamento n° 001239/2004, de 02/07/2004;– autorização de pagamento n° 001240/2004, de 02/07/2004;– autorização de pagamento n° 001173/2004, de 22/07/2004;– autorização de pagamento n° 001243/2004, de 02/07/2004;– autorização de pagamento n° 000518/2005, de 25/04/2005;– autorização de pagamento n° 000894/2005, de 16/06/2005;– autorização de pagamento n° 001580/2004, de 23/08/2004;– autorização de pagamento n° 001578/2004, de 23/08/2004;

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– autorização de pagamento n° 001577/2004, de 20/12/2005;– autorização de pagamento n° 001588/2004, de 24/08/2004;– autorização de pagamento n° 001587/2004, de 18/02/2004;– autorização de pagamento n° 000896/2005, de 16/06/2005;– autorização de pagamento n° 000680/2005, de 17/02/2005;– autorização de pagamento n° 001592/2004, de 18/05/2004;– autorização de pagamento n° 001589/2004, de 18/05/2004;– autorização de pagamento n° 001792/2004, de 08/08/2005;– autorização de pagamento n° 001791/2004, de 17/06/2005;– autorização de pagamento nº 000644/2005, de 17/05/2005;– autorização de pagamento nº 002167/2005, de 14/12/2005;– autorização de pagamento nº 000936/2005, de 17/06/2005;– autorização de pagamento nº 002041/2004, de 08/08/2005;– autorização de pagamento nº 002038/2004, de 08/08/2005;– autorização de pagamento nº 002042/2004, de 17/06/2005;– autorização de pagamento nº 002035/2004, de 15/02/2006;– autorização de pagamento nº 002139/2004, de 14/12/2005;– autorização de pagamento nº 002168/2005, de 14/12/2005;– autorização de pagamento nº 002142/2004, de 08/08/2005;– autorização de pagamento nº 000450/2005, de 12/04/2005;– autorização de pagamento nº 000686/2005, de 17/02/2005;– autorização de pagamento nº 002298/2004, de 14/12/2005;– autorização de pagamento nº 002301/2004, de 14/12/2005;– autorização de pagamento nº 002297/2004, de 23/05/2005;– autorização de pagamento nº 001788/2004, de 15/02/2006;– autorização de pagamento nº 002294/2004, de 15/02/2006;– autorização de pagamento nº 000110/2005, de 09/02/2005;– autorização de pagamento nº 000180/2005, de 17/02/2005;– autorização de pagamento nº 002170/2005, de 22/02/2006;– autorização de pagamento nº 000088/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000087/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000090/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000089/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000092/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000091/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000094/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 000093/2006, de 02/02/2006;– autorização de pagamento nº 001913/2006, de 30/08/2006;– autorização de pagamento nº 001914/2006, de 30/08/2006;– autorização de pagamento nº 001927/2006, de 31/08/2006;– autorização de pagamento nº 001928/2006, de 31/08/2006;– autorização de pagamento nº 001929/2006, de 31/08/2006;– autorização de pagamento nº 001930/2006, de 31/08/2006;– autorização de pagamento nº 000185/2007, de 06/02/2007;– autorização de pagamento nº 001899/2006, de 29/08/2006;

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– autorização de pagamento nº 002064/2006, de 13/09/2006;– autorização de pagamento nº 000615/2007, de 25/04/2007– autorização de pagamento nº 000616/2007, de 25/04/2007;– autorização de pagamento nº 000730/2007, de 09/05/2007;– autorização de pagamento nº 000617/2007, de 25/04/2007;– autorização de pagamento nº 000732/2007, de 09/05/2007;– autorização de pagamento nº 000617/2007, de 25/04/2007;– autorização de pagamento nº 000732/2007, de 09/05/2007;– autorização de pagamento nº 000618/2007, de 25/04/2007;– autorização de pagamento nº 001353/2007, de 08/02/2008;– autorização de pagamento nº 001077/2007, de 18/07/2007;– autorização de pagamento nº 001078/2007, de 18/07/2007;– autorização de pagamento nº 000907/2007, de 08/02/2008;– autorização de pagamento nº 000908/2007, de 08/02/2008;– autorização de pagamento nº 001351/2007, de 03/04/2008;– autorização de pagamento nº 001350/2007, de 03/04/2008;– autorização de pagamento nº 001757/2007, de 05/11/2007;– autorização de pagamento nº 001758/2007, de 05/11/2007;– autorização de pagamento nº 001764/2007, de 05/11/2007;– autorização de pagamento nº 001832/2007, de 14/11/2007;

Cabe salientar que tais autorizações de pagamento referem-se àsmedições irregulares de números 24ª, 25ª, 27ª, 33ª, 34ª a 45ª, 47ª a 55ª, 63ª a 70ª; e 80ªa 85ª, e também medições de campo referente a (1ª, 2ª, 3ª, 11ª, 12ª, 13ª, 14ª, 15ª, 16ª,17ª, 18ª, 19ª, 20ª, 22ª, 23ª, 24ª, 25ª, 26ª, 27ª) que, entre outras obras, relacionam-se àponte objeto dessa ação foram embasadas em medições fraudadas, com serviçosindevidos, sobrepreço e superfaturadas, com isso viabilizando o desvio derecursos públicos em prol das empresas, dentre as quais a EMSA quefinanciadora de campanhas para o governo do Estado.

3) JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA, então Secretário de Obras doEstado do Tocantins e posteriormente Secretário de Infraestrutura (pai de MarceloMiranda), firmou também as autorizações de pagamentos referentes a 33ª, 35ª, 36ª, 37ª,38º 39ª, 40ª, 41ª, 42ª, 43ª, 44ª, 45ª, 47ª, 48ª, 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª,65ª, 66ª, 69ª, 80ª, 81ª, 82ª, 83ª, 84ª, 85ª medições parciais (ora emitidos para pagamentoda empresa EMSA ora para a empresa RIVOLI); notas de empenho; relatórios deaprovação das medições parciais de números 35, 36, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 48 e 52,termo de reconhecimento de dívidas, estando à frente da execução do contrato desde aassinatura da primeira ordem de serviço para a primeira das obras, bem como firmoutodos os ilegais aditivos contratuais ao Contrato nº 403/98, INCLUINDO O OBJETODESTA PONTE (4º ADITIVO) permitindo o funcionamento do esquema engendrado, emabsoluta afronta aos ditames legais, tendo total conhecimento das ilegalidadespraticadas;

4) SÉRGIO LEÃO, engenheiro civil que ocupou cargos deSecretário Executivo, Subsecretário de Obras do Estado do Tocantins e posteriormenteSubsecretário de Infraestrutura assinou relatórios de aprovação das medições (33ª, 34ª,

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37ª, 45ª, 47ª, 49ª, 50ª, 51ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª, 65ª, 66ª, 67ª, 68ª, 69ª, 70ª, 80ª, 81ª,82ª, 83ª, 84ª), bem como autorizações de pagamento referentes a 24ª, 25ª, 27ª, 50ª, 51ª,52ª, 67ª, 68ª, 69ª, 70ª, 82ª medições parciais; notas de empenho e termo dereconhecimento de dívida (referente a 33ª, 36ª, 37ª, 38º, 39ª, 40ª, 41ª, 42ª, 43ª, 44ª, 45ª,47ª, 48ª, 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª, 65ª, 66ª, 81ª, 83ª, 84ª– ora paraempresa EMSA, ora para a empresa RIVOLI), além de ter participado da captação derecursos no exterior (Itália), ter ocupado a função de Presidente da Comissão deLicitação e coordenado todo o procedimento licitatório referente ao Contrato nº 403/98,tendo total conhecimento das ilegalidades praticadas2;

5) MANOEL JOSÉ PEDREIRA, então Diretor Geral do DERTINS,posteriormente Diretor de Construção e Fiscalização assinou os relatórios de aprovaçãodas medições parciais de números 24, 25, 27, 33, 34, 35, 36,37, 38, 39, 40, 41, 42, 43,44, 45, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 80, 81, 82, 83, 84;e ainda relatórios de medições de obra, relatórios de faturamento e relatórios demedições de reajustamento de obra referentes a 33ª, 34ª, 35ª, 36ª, 37ª, 38ª, 39ª, 40ª,41ª, 42ª, 43ª, 44ª, 45ª, 47ª, 48ª, 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª, 65ª, 66ª, 67ª,68ª, 69ª, 70ª medições parciais;

6) ATAÍDE DE OLIVEIRA, secretário de Infraestrutura e,posteriormente Diretor Geral do DERTINS, assinou os relatórios de aprovação dasmedições parciais de números 24, 25, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45,47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, bem como autorizaçõesde pagamento referentes a 24ª, 27ª medições parciais;

7) CLÁUDIO MANOEL BARRETO VIEIRA, engenheiro de Divisãode Medição e Controle firmou os relatórios de faturamento, relatórios de medições deobra, relatórios de medições de reajustamento de obra referentes as medições parciaisde números 24, 25, 27, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 48, 49, 50,51, 52, 53, 54, 55, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 80, 81, 82, 83, 84 e 85.

8) ADELMO VENDRAMINI CAMPOS, engenheiro diretor deacompanhamento de obras e serviços, assinou os relatórios de faturamento, relatório demedições de obra, relatório de medições de reajustamento da obra referente a 83ª, 84ª85ª medições parciais;

2 Vide termo de declarações do próprio Sérgio Leão: “informa o declarante que é engenheiro civil e quepertence à AGETOP, sendo que na época da criação do Estado do Tocantins chamava-se DERGO. Odeclarante na oportunidade em que o Estado foi criado solicitou licença para interesse particular eintegrou os quadros da Empresa ONA S/A, a qual disponibilizava pessoal para trabalhar para o Governodo Estado. Em 1995 o declarante passou a ocupar o cargo de Chefe da ASTEP – Assessoria Técnica dePlanejamento, vinculada à Secretaria de Infraestrutura do Estado, a qual coordenava programas definanciamento do Banco Mundial, do EXINBANK e MedioCredito Centrale. Em 1998, o declarantepassou a acumular a ASTEP e a presidência da Comissão de Licitação da Secretaria de Infraestrutura.Acredita que o processo de financiamento externo começou a ser alinhavado pelo Estado do Tocantins eque o Mediocredito Centrale solicitou que fosse realizado um procedimento licitatório voltado àconstrução de estradas e pontes, de modo a garantir que os recursos seriam empregados para talfinalidade. O declarante participou da elaboração do edital de concorrência e também do julgamento dalicitação, coordenando todo o procedimento licitatório, referente ao Contrato 403/98...”

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9) MARCO TULIO AIRES, então Coordenador de medição econtrole da secretaria de infra-estrutura assinou os relatórios de faturamento, relatório demedições de obra; relatórios de medições de reajustamento de obra referentes a 24ª, 25ª,27ª e 85ª medições parciais;

10) KARLA MARTINS COELHO, então Coordenadora deAcompanhamento de Obras e Serviços da secretaria de infra-estrutura assinou osrelatórios de faturamento, os relatórios de medições de obra, relatórios de medições dereajustamento de obra referentes a 24ª e 25ª medições parciais.

11) ADEUVALDO PEREIRA JORGE, então Diretor de Construçãoe Fiscalização da secretaria de infra-estrutura, os relatórios de faturamento; os relatóriosde medições de obra; relatórios de medições de reajustamento de obra referentes a 24ª,25ª, 27ª medições parciais.

12) ADRIANO MACEDO MAIA, então Engenheiro do DERTINS,assinou os quadros de medição referente a 27ª medição parcial, assinou o quadro demedição referente a 2ª medição parcial;

13) LUCIANO NOGUEIRA B. SOBRINHO, então Engenheiro doDERTINS, que assinou os boletins de desempenho mensal medições de campo (1ª, 2ª 3ª11ª, 12ª, 13ª, 14ª, 15ª, 16ª, 17ª, 18ª, 19ª, 20ª, 21ª 22ª, 23ª, 24ª, 25ª e 27ª mediçõesparciais); quadros de medição ( da 3ª, 11ª, 12ª, 13ª, 14ª , 15ª, 16ª, 17ª, 18ª, 19ª, 20ª, 21ª22ª, 23ª, 24ª, 25ª, 26ª, 27ª medições parciais) resumos de medição (11ª, 13ª, 14ª, 15ª,16ª, 17ª, 18ª, 19ª, 20ª, 21ª, 22ª, 23ª, 24ª, 25ª, 26ª, 27 ª medições parciais) , relatórios defaturamento; relatório de medição da obra e relatórios de medições de reajustamento deobra referente 33ª medição parcial e, o termo de recebimento definitivo da obra em20/01/2003;

14) JOSÉ PEREIRA DA SILVA NETO, engenheiro civil coordenadorde medição e Controle, firmou os relatórios de faturamento; relatórios de medições deobra; relatórios de medições de reajustamento de obra referente a 33ª, 34ª,35ª, 36ª, 37ª,38ª, 39ª, 40ª, 41ª, 42ª, 43ª, 44ª, 45ª, 47ª, 48ª, 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª,65ª, 66ª, 67ª, 80ª, 81ª, 82ª, 83ª, 84ª, 85ª medições parciais;

15) LEANDRO NASCIMENTO DE ARAÚJO, engenheiro fiscal deobras, lotado na Secretaria de Infraestrutura assinou relatório de faturamento, relatório demedição de obra e relatório de medições de reajustamento da obra referentes a 82ª, 85ªmedições parciais;

16) LUCILENE VILELA PEREIRA, engenheira civil, fiscal, assinourelatório de faturamento, relatório de medição da obra, relatório de medições dereajustamento da obra referente a 82ª medição parcial;

17) NEULI JOSÉ DE ASSIS, engenheiro, fiscal de obras de artesespeciais, assinou o relatório de faturamento, relatório de medições da obra, relatório demedições de reajustamento da obra, referente a 82ª e 85ª medições parciais;

18) DINACIR SEVERINO FERREIRA, então engenheiro civil,

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firmou os relatórios de faturamento; relatórios de medição da obra; relatórios de mediçõesde reajustamento de obra referente a 33ª, 34ª, 35ª, 36ª, 37ª, 38ª, 39ª, 40ª, 41ª, 42ª, 43ª,44ª, 45ª, 47ª, 48ª, 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 54ª, 55ª, 63ª, 64ª, 65ª, 66ª, 67ª, 68ª, 69ª,medições parciais;

19) MIZAEL CAVALCANTE FILHO, assinou relatórios deaprovação da obra referente a 80ª, 81ª, 82ª, 83ª, 84ª medições parciais quando ocupavao cargo de Superintendente de Construção e Fiscalização, os relatórios de faturamento;relatórios de medições de reajustamento de obra, relatórios de medições de obrareferente a 49ª, 50ª, 51ª, 70ª, 80ª, 81ª, 82ª, 83ª, 84ª, 85ª;

20) FERNANDO ARTHUR M DIAS, engenheiro fiscalterraplanagem e pavimetação, assinou relatórios de faturamento; relatórios de mediçãoda obra; relatórios de medições de reajustamento de obra referentes as mediçõesparciais de números 33 e 34 e o termo de recebimento definitivo da obra, em 20/01/2003.

21) DONIZETE OLIVEIRA VELOSO, engenheiro civil, fiscalterraplanagem/pavimentação, assinou relatórios de faturamento, relatórios de medição deobra e relatórios de medições de reajustamento de obra referente a 34ª, 49ª, 50ª, 51ª,52ª, 53ª, 54ª medições parciais;

22) PEDRO OLIMPIO P. F. NETO, engenheiro civil, fiscal de obras,assinou relatório de faturamento de medição; relatórios de medições de reajustamento deobra, relatórios de medições de obra referente a 49ª, 50ª, 51ª, 52ª e 53ª mediçõesparciais

23) RONALDO DE FREITAS, engenheiro civil, fiscal de obras,assinou relatório de faturamento de medição; relatórios de medições de reajustamento deobra; relatórios de medições de obra da 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª e 55ª medições parciais;

24) FERNANDO FARIA, engenheiro civil, fiscal de obras, assinourelatório de faturamento de medição; relatórios de medições de reajustamento de obra;relatórios de medições de obra referente a 49ª, 50ª, 51ª, 52ª, 53ª, 63ª, 64ª, 65ª, 66ª, 67ª,70ª e termo de recebimento de obras definitivo em 20/01/2003.

25) EDUARDINO EDIVAN L. SOUZA, engenheiro civil, fiscal deobras, assinou relatório de faturamento de medição, relatórios de medições de obra,relatórios de medições de reajustamento de obra referente a 49ª medição parcial;

26) HUMBERTO VALDEZ SARDINHA, engenheiro civil, fiscal deobras, assinou relatório de faturamento de medição; relatórios de medições de obra;relatório de medições de reajustamento da obra referente a 49ª, 82ª, 85ª mediçõesparciais;

27) ANILTON FRANÇA LIMA JR, engenheiro, fiscal deterraplanagem e pavimentação assinou o relatório de faturamento, relatório de mediçãoda obra, relatório de medições de reajustamento da obra, referente a 82 ª mediçãoparcial;

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28) DOMINGOS AGUIAR DOS SANTOS, engenheiro civil, entãofiscal de terraplanagem e Pavimentação assinou relatório de faturamento, relatório demedições de obra, relatório de medições de reajustamento da obra referente a 68ª, 69ª,80ª, 81ª, 83ª, 84ª medições parciais;

29) JOÂO LEAL COSTA JÚNIOR, então engenheiro fiscal, assinouo quadro de medição referente a 2ª, 13ª, 14ª, medição parcial de campo, resumo damedição de campo 13ª e 14ª medição parcial e assinou também os boletins dedesempenho mensal das 2ª, 3ª, 11ª, 12ª, 13ª, 14ª medições parciais de campo.

Os demais requeridos constituem o consórcioEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, bem como as empresas que individualmenteparticiparam do referido consórcio (EMSA, RIVOLI e CONSTRUSAN), as quaisconstruíram a referida ponte, concorreram para as fraudes nas medições e sebeneficiaram de forma direta ou indireta dos atos de improbidade e das despesaspúblicas realizadas ilicitamente, restando assim necessário que figurem no polo passivoda ação.

2 – HISTÓRICO: CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBREO PROCESSO LICITATÓRIO E O CONTRATO Nº 403/1998

O Ministério Público do Estado do Tocantins, através da Portaria nº06/2010, instaurou Inquérito Civil com o objetivo de investigar irregularidadesrelacionadas ao Contrato nº 403/1998, incluindo seus aditivos, apostilamentos e obrasexecutadas supostamente com base em tal contrato, ante os indícios de ocorrência dedesvio de finalidade na sua execução e fortes suspeitas de atos de improbidadeadministrativa praticados por agentes políticos, servidores públicos estaduais daSecretaria de Infraestrutura do Estado do Tocantins e Departamento Estadual deEstradas e Rodagens – DERTINS e empresas contratadas.

O procedimento investigatório teve seu início amparado pordiversas reportagens veiculadas em sites jornalísticos da internet, noticiando a realizaçãode inspeção pelo Tribunal de Contas do Estado, a qual apurou desvio de R$458.159.919,69 (quatrocentos e cinquenta e oito milhões, cento e cinquenta e novemil, novecentos e dezenove reais e sessenta e nove centavos) nos pagamentos doContrato nº 403/98.

No curso do procedimento de investigação o Ministério Públicoapurou, em síntese, que referido Contrato foi firmado em 07 de dezembro de 1998 entrea Secretaria dos Transportes e Obras – SETO e o CONSÓRCIO CONSTRUSANCONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA, EMSA – EMPRESA SUL AMERICANADE MONTAGEM S/A e RIVOLI SPA, tendo por objeto a Execução de obras deterraplanagem, pavimentação asfáltica e pontes no Estado do Tocantins. Foiestipulado ao contrato o valor de R$ 411.645.172,24 (quatrocentos e onze milhões,seiscentos e quarenta e cinco mil, cento e setenta e dois reais e quarenta e doiscentavos).

O Contrato foi precedido da “Concorrência Pública nº 01/98”. No

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anexo I da referida Concorrência Pública está prevista a construção de rodovias, novalor de R$ 177.606.648,17 e, no anexo II, a edificação de pontes, no valor de R$84.433.193,79, perfazendo as obras o valor total de R$ 262.039.841,96. Ressalte-seque a planilha de custos de cada obra fora devidamente especificada pelo DERTINS. Ovalor total das obras (R$ 262.039.841,96) era condizente com o preço de mercado àépoca, ou seja, em setembro de 1998, inclusive comparado com os preços praticadospelo DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, em obras na regiãonorte do país e em Estados vizinhos, conforme consta dos laudos periciais anexos.

Apesar de inúmeras irregularidades legais no referido processolicitatório, dentre elas, o absurdamente excessivo número de obras em uma únicaconcorrência pública (o que limita claramente a concorrência)3, informações imprecisasquanto a fonte pagadora do contrato, exigências de documentos emdesconformidade com a Lei nº 8.666/93, dificultando a concorrência de empresasnacionais e estrangeiras, a inclusão de obras que já eram objeto de outros contratosrealizados anteriormente com o Estado, bem como de ter sido impugnado por diversasempresas interessadas em participar da licitação, mas que se viram impedidas ante asdificuldades limitativas da proposta, concluiu a Comissão licitante em dar continuidade aoprocesso licitatório e habilitar apenas três empresas: 1) Construtora SERVENGCIVILSAN S/A, 2) Construtora Andrade Gutierrez e 3) CONSÓRCIO Construsan, EMSAe RIVOLI SPA, sendo vencedora esta última, com a proposta de menor valor, nomontante de R$ 411.645.172,24, sendo que as demais apresentaram um valor um poucoacima. Tal julgamento ocorreu em 03.12.1998.

A proposta vencedora, porém, apresentou um valor 57,09%superior ao estimado pelo DERTINS na licitação. Ressalte-se que o valor propostopelo DERTINS já era o preço de mercado à época, em consonância com os preçospraticados pelo DNIT para a região norte do país, o que, de plano, já invalidaria oprocesso licitatório, em razão do superfaturamento.

Ou seja, o processo licitatório e o Contrato nº 403/98 foramtotalmente irregulares, ferindo frontalmente a Lei nº 8.666/93, conforme explanado noRelatório de Inspeção do Tribunal de Contas do Estado (Inspeção 001/2010, doc. anexo).

O Contrato nº 403/98 foi assinado em 07 de dezembro de 1998.Todavia, as obras tiveram início somente em 03.07.2000.

A primeira Ordem de Serviços alusiva ao Contrato 403/98 foiassinada pelos Servidores Eng.º ADEUVALDO PEREIRA JORGE, Diretor de Construçãoe Fiscalização do Departamento de Estradas de Rodagem – DERTINS, Eng.º ATAÍDE DEOLIVEIRA, Diretor-Geral do DERTINS, e Bel. JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA,Secretário da Infraestrutura.

Nesse mês, o Contrato sofreu o PRIMEIRO ADITIVO, onde seespecificou que os materiais e equipamentos a serem utilizados nas obras, importados da3 Lei nº 8.666/93, art. 23 (…), § 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão

divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis,

procedendo-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no

mercado e à ampliação da competitividade sem perda da economia de escala.

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Itália, seriam objetos de medição.

Referido aditamento também faz menção ao “Contrato deFinanciamento obtido pelo Estado do Tocantins”, ressaltando o seguinte:

“...2.4 – No Termo de Contrato de Financiamento obtido peloEstado do Tocantins ficam mantido todos os valores constantesdo Instrumento Contratual Nº 403/98 inclusive cláusula 5.5 relativoa equivalência em dólares americanos, convalidando-se,como valor e moeda da Primeira Ordem de Serviço do ContratoNº 403/98 e suas respectivas unidades monetárias a quantia deUS$120.428.890,75 (cento e vinte milhões, quatrocentos e vinte eoito mil,oitocentos e noventa dólares americanos e setenta e cincocentavos)...”

Ou seja, passou-se a utilizar o dólar americano como índice decorreção em medições de pagamentos do contrato, fato este ilegal e que não constava, enem poderia, na Concorrência Pública4. Os valores do financiamento deveriam serdisponibilizados pelo agente financeiro ao Estado do Tocantins (mutuário), e este efetuaros pagamentos do Contrato 403/98 ao consórcio contratado para a execução das obras.

Em data de 05.12.2001 ocorreu o SEGUNDO TERMO DERERRATIFICAÇÃO. Nesse Termo Aditivo incluiu-se como uma das fontes de recursopara pagamento do contrato o CONVÊNIO nº 013/2001, firmado entre o Ministério dosTransportes e o Governo do Estado do Tocantins – referentes as OBRAS: Arapoema/BR-153, Monte do Carmo /Ponte Alta, Palmas/Aparecida – (p. 842/3).

Em 06.02.2002, foi firmado o TERCEIRO TERMO ADITIVO, ondese incluiu a dotação orçamentária prevista no contrato de financiamento do Estado doTocantins com o Banco Italiano MedioCredito Centrale, no valor de US$ 118.049.391,17,para pagamento das tranches (grupo de obras de pontes) “A” e “B”.

Observa-se que, com os referidos aditamentos, foram incluídasfontes de recursos não especificadas na Concorrência Pública. Ademais, o Edital de Pré-Qualificação nº 01/98 especifica que todos os pagamentos serão realizados somenteatravés da Secretaria dos Transportes e Obras – SETO.

Analisando os pagamentos efetuados à empresa RIVOLI SPA,observa-se que a Secretaria de Transportes – SETO arcou com o pagamento de apenas15% (quinze por cento) dos valores apurados nas medições, o restante, ou seja, 85%(oitenta e cinco por cento) eram pagos à empresa diretamente pelo Banco MediocreditoCentrale, na Itália, ferindo assim, toda a norma da Concorrência Pública, bem como, a

4 Apontou o TCE, no item 11.36 do voto do Rel. Manoel Pires dos Santos: “É inegável, porquanto, que aConcorrência Pública Edital de Pré Qualificação n° 01/98 (fls. 258/270 Autos Apenso de n/ 2517/2002)e o seu decorrente Contrato de n° 403/1998 (fls. 06/12_Autos de n/ 2371/2003_vol. 01 de 10), não seenquadravam nas exceções autorizadas por legislação federal, pelo contrário, não poderiam sequer

cotar ou mesmo se valer da variação cambial, pois estavam regulados pelo preceituado no artigo 6º, da

lei 8.880/1994, de 27/02/1994, no art. 5°, da lei 9.069/1995, de 29/06/1995 e no artigo 5°, da lei

8666/1993, 21/06/1993, vejamos: (...)

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legislação fiscal pertinente.

Ademais, a empresa RIVOLI não poderia receber os pagamentospelas medições de obra diretamente do Banco italiano. Pelo teor do Contrato deconstituição do Consórcio, aceito pela Secretaria de Transportes e Obras – SETO, aempresa EMSA se apresentou como líder do Consórcio, assumindo a suaadministração e o representando junto a contratante – SETO – e terceiros, sendo aresponsável pela contabilidade e demais obrigações fiscais e legais.

No QUARTO TERMO ADITIVO – assinado em 03.04.2002, foiadicionado o montante de R$ 91.248.375,90, ou seja, um aumento de 22,17% ao valorinicial do contrato, apenas e tão somente, sob a justificativa de que se fazia necessárioincluir obra de construção da ponte sobre o Rio Tocantins, travessia Palmas/Paraíso.Tal obra com as vazantes, aterros e bueiros, foi adicionada ao contrato, em evidentefraude à lei de licitação e completo desrespeito ao instrumento convocatório. Parase chegar ao valor do aditivo, considerando o valor a maior da Ponte de Palmas/Paraíso,fora “excluído” do contrato original (nº 403/98) a quantia de 31 (trinta e uma) pontes, asquais, segundo informações do próprio DERTINS, já haviam sido executadas emoutros contratos e “retirada” a Ponte sobre o Rio Tocantins em Lajeado, que somadosdariam o montante de R$ 34.429.758,36. Com este valor, adicionado aos R$91.248.375,90 do aditivo, chegava-se ao valor da ponte de Palmas, desbordando porcompleto do objeto licitado.

Ou seja, houve uma extrema mudança do objeto contratual.Segundo relatório do TCE, o DERTINS não soube explicar como estas pontes “retiradas”do Contrato 403/98 foram executadas em outros contratos, inclusive chegou a apresentardados onde constam pontes da relação do Contrato 403/98, que foram objeto decontratos anteriores ao 403/98, ou seja, referidas pontes nem deveriam constar narelação do Contrato 403/98.

Não satisfeitas as irregularidades, o contrato sofreu novo aditivo,isto é, o 5º TERMO ADITIVO, datado de 22.12.2003, visando a inclusão do valor de R$187.648.689,41 (cento e oitenta e sete milhões, seiscentos e quarenta e oito mil,seiscentos e oitenta e nove reais e quarenta e um centavo), sob justificativasgenéricas de elevação dos custos das obras do contrato, a exemplo, em razão dalegislação ambiental e período chuvoso.

Com esse aditivo, que equivale a 45,58% do valor do contrato,somado aos 22,17% já aditivados anteriormente, chega-se ao aumento do valorcontratado em 67,75%, muito superior ao limite máximo previsto na legislação brasileira,que é de 25%5, sem contar que as justificativas são ilegais, pois fulcradas em inclusão deobras não previstas no contrato e exclusão de outras que foram executados em contratosdiversos, não se sabe como, bem assim, na malfadada alegação de cumprimento dalegislação ambiental (Lei nº 9.605, de 12.02.1998), o que é um absurdo, tendo em vistaque a norma ambiental já estava em vigor à época da Concorrência Pública, que se deu5 Lei nº 8.666/93, Art. 65, § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os

acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por

cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou deequipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

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em setembro de 1998. Outrossim, infundada é a alegação de período chuvoso, pois estefenômeno da natureza sempre foi previsível, sendo de conhecimento público e notórioque na região norte do país, as chuvas são constantes em determinados períodos doano, não havendo a incidência de nenhum fato extraordinário.

No 6º TERMO ADITIVO (25.07.2005) prorrogou-se o prazo paraexecução do contrato em 360 dias. O 7º TERMO ADITIVO (13.12.2005) consigna formasde pagamentos das tranches “C” e “D”, pelo agente financiador Banco MCC S.p.A, daItália, nos valores respectivos de US$ 57.561.793,00 e US$ 67.438.207,00.

O 8º TERMO ADITIVO (16.11.2006) serviu para alterar, novamente,itens da planilha original, sem reflexo financeiro, não sendo apresentadas as justificativas,e o 9º TERMO ADITIVO (19.04.2007) veio alterar o valor do contrato, adicionandomais R$ 89.549.744,89 (oitenta e nove milhões, quinhentos e quarenta e nove mil,setecentos e quarenta e quatro reais e oitenta e nove centavos), ou seja, 21,75%,que somados aos demais, chega-se ao aumento de 89,50% do valor original, semcontar os apostilamentos e reajustes.

Ou seja, a licitação para construção de 174 obras entreterraplanagem, pavimentação asfáltica e pontes no Estado do Tocantins, orçada peloDERTINS, a preço de mercado da época (em set/1998), em R$ 262.039.841,96, foicontratada (em dez/98), já superfaturada em 57,09%, por R$ 411.645.172,24, valor esteque, somados aos aditivos de R$ 368.446.810,20 (ocorridos entre os anos de 2001 a2006 – equivalentes a 89,50% do valor do contrato) e reajustamentos, inclusiveatualizações em moeda estrangeira (dólar americano), chegou-se ao patamar depagamentos, até janeiro de 2009, no montante de R$ 1.416.914.271,14 (um bilhão,quatrocentos e dezesseis milhões, novecentos e catorze mil, duzentos e setenta eum reais e catorze centavos).

Ressalte-se, ainda, que o Contrato 403/1998 não foi definitivamenteencerrado.

Conclui-se que o Contrato 403/1998, no valor de R$411.645.172,24, já superfaturado em 57,09%, sofreu um aumento a maior de 344% nodecorrer de sua execução, tendo as empresas ConsorciadasEMSA/RIVOLI/COSNTRUSAN, percebidos dos cofres públicos o montante de R$1.268.987.290,40 e suas Subcontratadas FECI/TOCTAO/CTM-EGESA o valor de R$147.926.980,74, que somados chegam ao patamar de R$ 1.416.914.271,14.

Se comparados ao preço de mercado previsto pelo DERTINSquando da Concorrência Pública, o valor pago pelo Estado sofreu um aumento de540% (quinhentos e quarenta por cento).

Frise-se ainda que, das 174 (cento e setenta e quatro) obrasprevistas no Contrato, há informação da própria Contratante – Secretaria de Obras doEstado do Tocantins – que 31 (trinta e uma) PONTES foram executadas em outroscontratos.

Segundo relatório de inspeção do Tribunal de Contas do Estado, no

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item 5. SERVIÇOS CONTRATADOS / MEDIDOS SEM COMPROVAÇÃO DAEXECUÇÃO, 57 (cinquenta e sete) pontes não foram executadas, bueiros não foramlocalizados, projetos executivos foram medidos e pagos, mas não apresentados, em totalafronta à Lei 8.666/93.

Houve, também, segundo o Relatório de Inspeção do TCE, no item6. SERVIÇOS NÃO ENCONTRADOS COM ACRÉSCIMO DE VALOR e no item 7,SERVIÇOS EXECUTADOS EM DESACORDO COM O CONTRATO E COMACRÉSCIMO DE VALOR, casos, por exemplo, de ponte contratada com a dimensão de170,00 metros e construída com 80,0 metros, e, mesmo assim, teve seu valor aditado em25%. Detectaram, ainda, os Técnicos do TCE, diversos serviços executados emdesacordo com o contrato, aditivos de valores sem a devida comprovação técnica,acréscimo de serviços acima do permissível, subcontratações em desacordo ao propostopelo Consórcio vencedor, serviços executados sem licença ambiental, serviços medidosem duplicidade (contratos diversos)6, sistema informatizado do contrato com dadosinconsistentes, pagamentos de reajustes de preços indevidos, inclusive de despesas nãocomprovadas, pagamentos separados à empresa RIVOLI, com valores convertidos emdólares americanos, sendo que os valores das medições eram pagos considerando ovalor da moeda americana no dia do efetivo pagamento, o que gerou enorme prejuízofinanceiro ao Estado, não cumprimento do cronograma físico-financeiro, gerandoreajustes de valores e consequente prejuízo ao erário, pagamentos em atraso gerandocorreções monetárias, dentre inúmeras outras irregularidades.

Por fim, concluiu o relatório de inspeção do Tribunal de Contasdo Estado, haver constatado que o valor total de despesas sem a devidacomprovação, seja pelo DERTINS ou pelo Consórcio contratado, chegou aomontante de R$ 458.159.919,69 (quatrocentos e cinquenta e oito milhões, cento ecinquenta e nove mil, novecentos e dezenove reais e sessenta e nove centavos).

Os documentos anexos, obtidos com as investigações, demonstramque foram praticados atos de improbidade administrativa com o objetivo de desviarverbas públicas no Estado de Tocantins. Segundo os documentos acostados nos autosdo Inquérito Civil, houve malversação de recursos públicos mediante superfaturamentode preços, alteração de quantitativos e diversas outras irregularidades na execução dasobras públicas contratadas.

3 – DO DESMEMBRAMENTO DO INQUÉRITO CIVIL POR OBRA

6 Conforme item 13 “Serviços Medidos em Duplicidade (Contratos Diversos)” da Inspeção feita pelo TCE:“Na documentação apresentada a esta equipe pelo DERTINS, através do Ofício Nº 140/202009, de30/12/2009, relação de pontes excluídas e executadas em outros contratos, constatou-se que houvemedições desses serviços de trechos excluídos do Contrato Nº 403/98, conforme tabela demonstrativaabaixo.

TABELA DEMONSTRATIVA 15

(…)

Conclui-se diante do exposto que o valor total de R$ 4.640.273,59 (quatro milhões, seiscentos e quarentamil, duzentos e setenta e três reais e nove centavos), é referente ao valor dos serviços medidos no contratoNº 403/1998, porém executados anteriormente em outros contratos, ou seja, serviços medidos emduplicidade.”

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Diante da gravidade dos fatos em apuração, o excessivo número deobras realizadas supostamente com base na Concorrência Pública Edital de Pré-Qualificação nº 01/98 e no subsequente Contrato 403/1998, referente a construção depontes e estradas em todo o Estado de Tocantins, e o grande número de servidores doDERTINS e subcontratadas que atuaram nas diversas obras, tornou-se imprescindível odesmembramento do inquérito civil (e consequentemente das ações civis públicas)por obra ou conjunto de obras, visando a possibilitar instrução sem tumulto processualque resultaria do questionamento de centenas de atos e obras em uma ação única.

Se as irregularidades de todas as obras fossem julgadas em umúnico feito haveria litisconsórcio passivo multitudinário. Além disso, a peculiaridade dosdesvios encontrados em cada obra poderia inviabilizar completamente a instrução dofeito e a própria defesa dos demandados.

Em razão disso, optou-se inicialmente por realizar a separação doInquérito Civil por obra ou conjunto de obras, inicialmente observando-se a Tranche emque foram construídas7 (A, B, C ou D) e o agrupamento por Comarca tendo em vista oslocais de construção das pontes. Ocorre que o TJTO decidiu, em sede de conflitonegativo, ser a 3ª Vara da Fazenda Pública e Registros Públicos da Capital o juízocompetente para o processamento de todo os feitos envolvendo o Contrato 403/98 (autosnº 5001956-85.2013.827.0000).

Embora unificado em segundo grau o juízo para o julgamento detodas as ações, necessário ajuizamento de ações distintas para evitar o tumultoprocessual já mencionado dentro de cada ação.

4 – OBJETO DESSA AÇÃO – A OBRA DA PONTE “PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO”

E OBRA DO ATERRO DE ACESSO À MESMA PONTE

A presente ação de ressarcimento de danos por atos que causaramprejuízo ao erário e que violaram princípios reitores da administração, consistente emesquema de fraudes constatado na execução e nos pagamentos das seguintes obras deengenharia pelo Consórcio CONSTRUSAN/EMSA/RIVOLI:

1) Ponte Presidente Fernando Henrique Cardoso: Ponte Rodoviária sobreo Rio Tocantins - Leito do Rio. Natureza: Concreto armado eprotendido/vigas metálicas. Comprimento: 1.044,00 m. Largura: 14,00 m.Classe: Trem Tipo TB 45 da NBR-7188/84; A obra está localizada narodovia TO-080, na travessia sobre o Rio Tocantins, ligando osmunicípios de Palmas e Porto Nacional; dando acesso ao distrito de

7 A tranche relaciona-se ao tempo em que as obras foram construídas, dado essencial para a definição dopolo passivo da relação processual uma vez que o contrato desenvolveu-se ao longo de nove anos,havendo diversidade de Diretores do Dertins, Governadores, Engenheiros Fiscais, Coordenadores deObras, etc.

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Luzimangues, e à BR-153, no município de Paraíso do Tocantins, situadaentre as coordenadas geodésicas: 10º 11' 07,02"S; 48º 24' 56,8” W e 10º11' 07,9”S; 48º 25' 32,3”W. Conforme perícia de engenharia, a referidaobra custou à administração o valor de R$ 101.748.974,31 a PreçosIniciais(PI), com data-base novembro/1998. Esse valor atualizado para 31 dejaneiro de 2016, é equivalente a R$ 324.972.793,08. Considerando-se a áreada ponte (1044,30 m x 14,00 m) igual a 14.620,20 m², isso corresponde aocusto de R$ 22.227,66/m² (vinte e dois mil, duzentos e vinte e sete vírgulasessenta e seis reais por metro quadrado).

2) Aterro de acesso à Ponte antes referida: Aterro que dá acesso à ponteligando as duas margens do lago artificial da Usina Hidrelétrica do Lajeado,medindo uma extensão total 6.587,78 metros, excluindo as três pontesexistentes no trecho. A plataforma mede 19,90 metros, sobre a qual estãoconstruídas a sub-base, a base e o revestimento asfáltico em concretobetuminoso usinado a quente – CBUQ. está localizada na rodovia TO-080, natravessia sobre o Rio Tocantins, ligando os municípios de Palmas e PortoNacional; dando acesso ao distrito de Luzimangues, e à BR-153, no municípiode Paraíso do Tocantins, situada entre as coordenadas geodésicas: 10º 11'05,00"S; 48º 21' 35,68” W e 10º 11' 21,16”S; 48º 21' 20,09”W. Conformeperícia de engenharia custou à administração pública estadual o valor de R$83.309.560.90 (oitenta e três milhões, trezentos e nove mil, quinhentos esessenta reais e noventa centavos) a preços iniciais (PI) – com data baseem setembro de 1998; equivalentes a R$ 289.010.927,67 (duzentos e oitentae nove milhões, dez mil, novecentos e vinte e sete reais e sessenta esete centavos), atualizados para 31 janeiro de 2016. Entretanto, forammedidos após a medição final, serviços correspondentes ao valor de R$10.716.390,97 (dez milhões, setecentos e dezesseis mil, trezentos enoventa reais e noventa e sete centavos) a PI, elevando os custos finaispara R$ 94.225.751,87 (noventa e quatro milhões, duzentos e vinte ecinco mil, setecentos e cinquenta e um reais e oitenta e sete centavos) aPI, equivalentes a R$ 325.731.466,49 (trezentos e vinte e cinco milhões,setecentos e trinta e um mil, quatrocentos e sessenta e seis reais equarenta e nove centavos), atualizados para 31 de janeiro de 2016.

Em tais obras (como em várias outras, que são objeto de outrasações relacionadas ao contrato 403/98) foram constatadas ilegalidades e fraudesperpetradas na execução, medições e nos pagamentos, havendo pagamentos de valoresmuito superiores aos devidos, com prejuízo ao Erário, conforme descrito nos itens abaixo,abordando-se cada uma das obras.

5 – A PONTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO.DA EXECUÇÃO DE OBRA SEM PRÉVIO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO, SEM

PREVISÃO NO CONTRATO 403/98, E UM ANO ANTES DA PRÓPRIA ASSINATURADO ILEGAL TERMO ADITIVO e COM DESVIO DE VALORES

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A ponte acima referida não estava prevista dentre as obras queforam objeto da licitação e nem mesmo constava da relação do contrato 403/98original. Não bastasse é certo, ainda, que tal obra teve sua execução iniciada 1 (um) anoantes até mesmo da assinatura do 4º Termo Aditivo.

Pasmem! A grande obra em questão simplesmente não foi objetoda licitação vencida pelo Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN e não constava narelação de obras do contrato 403/98.

E mais: os requeridos determinaram e anuíram com a execução daponte a partir de fevereiro de 2001 e somente em abril de 2002, o requerido JOSÉEDMAR BRITO MIRANDA, e as empresas EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN assinaram o4º Termo Aditivo, que incluía verbas para realização das obras da Ponte FHC nocontrato de 1998. A assinatura do dito 4º Termo Aditivo contou com prévia eexpressa anuência do requerido JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, entãoGovernador do Estado, conforme se vê no “autorizo” firmado em 22.02.2002, nocorpo do ofício DERTINS 0233/02 da lavra de JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA (videanexos com autorizo, termo aditivo e publicação do termo aditivo em questão no D.O. de08.04.2002)

Vide sobre o tema ainda o que consta do laudo pericial daPonte FHC, notadamente item 1 e item 5.3.

Ora, a ponte em questão, uma grande obra, teve execuçãodeterminada por mais de 1 ano informalmente, sem previsão contratual sequer noaditivo ilegal!!

A ponte não foi especificada na relação das obras licitadas naConcorrência Pública nº 01/98 e não poderia integrar o Contrato 403/1998. Tal obra foisimplesmente executada 1 ano antes do próprio aditamento do contrato (que não poderiaincluir objeto diverso do licitado) e sem a realização de outro procedimento licitatório.

Ademais, o limite de 25% previsto na Lei 8.666/938 foiextrapolado em muito no decorrer da execução do contrato, sendo absurdo odirecionamento das obras para o consórcio de empreiteiras. Segundo o parecertécnico do TCE, o referido Contrato 403/98, em seu todo, sofreu aditamento irregular deR$ 368.422.429,15 (trezentos e sessenta e oito milhões, quatrocentos e vinte e dois mil,quatrocentos e vinte e nove reais e quinze centavos), equivalente a 89,50%, ou seja,64,50% acima do limite máximo permissível.

Embora notório que a construção da ponte era ilegal, por nãolicitada e executada antes mesmo da assinatura do 4º Termo Aditivo, mesmo assim ospagamentos para serviços indevidos e com sobrepreço foram ilicitamente liberados porJOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, ATAÍDE DE OLIVEIRA, SÉRGIO LEÃO, JOSÉ

8 Art. 65 (…) §1º. O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimosou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valorinicial atualizado do contrato (...)§ 2º. Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo anterior,salvo: I – (VETADO); II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes

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EDMAR BRITO MIRANDA, seu filho MARCELO DE CARVALHO MIRANDA, quesucedeu o primeiro no Governo do Estado.

Todos os demais agentes públicos e engenheiros do DERTINS,que tinham o dever de fiscalizar a regularidade da execução das obras públicas, anuíramaos atos ilícitos assinando as medições fraudadas e os demais atos do processoadministrativo de pagamento, conforme individualizado acima.

O Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, por sua vez, aceitourealizar a construção da obra determinada ilicitamente (uma vez que não relacionada nocontrato e fora do objeto licitado), locupletando-se dos valores recebidos que conformeabaixo se demonstrará foram muito maiores que os necessários.

O montante gasto pela Administração para a construção da obra deforma irregular, sem licitação e executada fora do contrato e antes mesmo da assinaturado 4º Termo Aditivo, é assim discriminado:

• Ponte Fernando Henrique Cardoso – conforme perícia de engenharia, a referidaobra custou à administração pública estadual o valor de R$ 101.748.974,31 (centoe um milhões, setecentos e quarenta e oito mil, novecentos e setenta e quatroreais e trinta e um centavos) preços iniciais, PI – com data-base em setembro de1998, equivalentes a R$ 324.972.793,08 (trezentos e vinte e quatro milhões,novecentos e setenta e dois mil, setecentos e noventa e três reais e oitocentavos), atualizados para 31 janeiro de 2016.

A construção de obra pública sem prévio procedimento licitatórioafronta a exigência contida na Constituição Federal, artigo 37, XXI e artigo 2º da Lei deLicitações, configurando por si improbidade administrativa, sem prejuízo daresponsabilidade penal.

Outrossim, a contratação sem prévia e válida licitação gera danoao Erário Público, já que o prejuízo in re ipsa, conforme entendimento do STJ, já que, porconduta dos gestores, a Administração efetua despesa com claro direcionamento dacontratação. Veja-se o lúcido julgado:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. SEBRAE.CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO. FRACIONAMENTO DEOBJETO PARA PROVOCAR DISPENSA. PREJUÍZO AO ERÁRIO IN REIPSA.1. Cuida-se os autos sobre ação popular objetivando o reconhecimentoda nulidade, em razão da falta de prévia licitação, de quatro contratosfirmados, no ano de 2009, entre o SEBRAE e as empresas recorridas,cujo objeto era a "prestação de serviços de horas técnicas de instrutoriapara empreendedores do meio rural" em diferentes municípios de SantaCatarina, inobstante excedido o limite de R$ 16.000,00 (dezesseis mil

reais) previsto no art. 6o, II, "a", da Resolução CDN n° 39⁄98, quedispensava a licitação para compras e serviços abaixo do referido valor.2. Ficou constatado pelo Tribunal a quo que houve o fracionamento

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indevido das contratações no intuito de burlar a obrigatoriedade dodevido processo licitatório.3. A Corte de origem, apesar de ter reconhecido a ilegalidade nacontratação, decidiu que "comprovada a efetiva prestação dos serviços,sem qualquer indício de superfaturamento, a pretensão da ação popularnão pode prosperar porque o descumprimento da lei ou do regulamentonão dispensa a demonstração da lesividade dos atos impugnados"4. O prejuízo ao erário, na espécie (fracionamento de objeto licitado,com ilegalidade da dispensa de procedimento licitatório), que geraria alesividade apta a ensejar a nulidade e o ressarcimento ao erário, é in reipsa, na medida em que o Poder Público deixa de, por condutas deadministradores, contratar a melhor proposta (no caso, em razão dofracionamento e conseqüente não-realização da licitação, houveverdadeiro direcionamento da contratação).5. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a açãopopular é cabível para a proteção da moralidade administrativa, aindaque inexistente o dano material ao patrimônio público, ou seja, a lesãotanto pode ser efetiva quanto legalmente presumida, visto que a Lei4.717⁄65 estabelece casos de presunção de lesividade (art. 4º), para osquais basta a prova da prática do ato naquelas circunstâncias paraconsiderar-se lesivo e nulo de pleno direito. 6. Agravo regimental nãoprovido. STJ AgRg no REsp 1378477 / SCAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2013/0100863-8, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, T2 - SEGUNDATURMA, 11/03/2014, DJe 17/03/2014.

Portanto, somente por tal fato já se notar o prejuízo ao Erário peloevidente direcionamento de verbas públicas para as empresas do CONSÓRCIOEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, liderada pela primeira e grande “doadora” de campanhasdo próprio MARCELO MIRANDA, conforme se verá mais abaixo.

Mas, no caso, o prejuízo além de decorrer a ausência de licitação,também está ainda mais fartamente constatado pelas ilegalidades e fraudesperpetradas na execução e pagamento da obra em questão, conforme descrito noitem abaixo.

5.2 – DAS ILEGALIDADES E FRAUDES QUE GERARAM DANO AO ERÁRIO

Ademais, a obra da Ponte Fernando Henrique Cardoso foirealizada com várias fraudes que geraram superfaturamento de preços e quantitativos,sobrepreço, serviços pagos indevidamente e demais irregularidades adiante descritas,que causaram grande dano ao erário, tudo conforme apontado no Laudo Pericialproduzido pelo Instituto de Criminalística que passa a integrar essa inicial. Vejamos:

5.3 – AUSÊNCIA DE REGISTRO DO PROJETO EXECUTIVO NO CREA E DAAUSÊNCIA DE DOCUMENTOS SOBRE A CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARACONFECÇÃO DO PROJETO EXECUTIVO

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Apesar da obra em questão ser um empreendimento de vulto emagnitude incomum, simplesmente o Diretor da AGETRANS, Engenheiro SÉRGIO LEÃO- que desde a época das obras está em cargos estratégicos os órgãos de Infraestruturado Estado do Tocantins – respondeu à requisição do Ministério Público afirmando quenão foram encontrados documentos referentes à contratação de empresa paraelaboração do indispensável projeto (vide laudo item 6.1).

Não bastasse consta que tal projeto executivo teria sido elaboradopor um grupo de empresas: Maubertec Engenharia e Projetos Ltda., DE PAULANASCENTE Projetos e Construções Ltda. e RTM – Projetos e Consultoria Ltda.

Entretanto, solicitadas informações ao Conselho Regional deEngenharia do Tocantins – CREA-TO, apurou-se que não houve Anotação deResponsabilidade Técnica dos responsáveis pelo Projeto e também não se encontraramregistros referentes ao consórcio e/ou empresas e aos supostos responsáveis técnicos.

Ora, é de espantar que uma obra de tal magnitude não tenhagerado um processo de contratação pelo Estado do Tocantins nos termos da Lei 8666/93e também não tenha sido sequer anotado no CREA/TO, conforme é determinado pelaResolução 425/98, o que reforça que a Ponte Fernando Henrique Cardoso não seguiu osmínimos trâmites formais que se espera para uma empreitada de tal ordem.

Anote-se que as demais pontes executadas no bojo do contrato403/98 tiveram seus projetos executivos elaborados pelo próprio consórcioEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, o que fere o art. 9º da Lei de Licitações. A normamencionada estabelece a vedação para evitar que a empresa que realiza o projetoexecute a obra. O projeto não pode ser elaborado pela futura executora em razão dorisco de projetá-lo com dimensões superiores ao necessário ou com emprego indevido demateriais e serviços.

No caso da Ponte FHC a efetiva elaboração do projeto executivopelas empresas Maubertec e outras é deveras suspeita, dada a total ausência deregistros, não se podendo chegar a outra conclusão no sentido que o próprio consórcioEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN tenha dimensionado a obra pública, dada a nada ortodoxarelação do consórcio com os agentes do Estado do Tocantins, a ponto da execução daponte ter sido iniciada antes mesmo da assinatura do Termo Aditivo que absurdamenteincluiu a obra do contrato 403, conforme já dito no item acima.

5.4 – DOS SERVIÇOS MEDIDOS E PAGOS INDEVIDAMENTE

Mas além do acima alegado, houve claro desvio de valores porpagamentos de serviços medidos e pagos indevidamente.

Conforme consta do laudo pericial, na obra em questão houveserviços pagos de modo indevido, já que pela própria natureza e especificidade,conforme previsto na Lei n. 8.666/93 e por já estarem “embutidos” e/ou previstos nasobrigações da contratada e pela forma de medição. Assim, são os serviços abaixo

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relacionados:

5.4.1 – Serviços Preliminares pagos indevidamente: Instalação do Canteiro de

obras paga em duplicidade

Declina o laudo que nesse item: “Foram medidos 10,404% sobre ovalor de R$ 52.017.052,32, totalizando o montante de R$ 5.412.073,40 (cinco milhões,quatrocentos e doze mil, setenta e três reais e trinta e dois centavos a PI, quecorresponde a R$ 17.285.448,04 (dezessete milhões, duzentos e oitenta e cinco mil,quatrocentos e quarenta e oito reais e quatro centavos), valor atualizado para 31 dejaneiro de 2016. Ressalte-se que o canteiro de obras está embutido no BDI da empresa,no percentual de 2,0%, valor este que incide sobre o preço de todos serviços docontrato.”

5.4.1.2 – Serviços Técnicos pagos indevidamente: Projeto Estrutural, ControleTecnológico – Concreto, Sondagem, Topografia, Consultoria Técnica.

Em relação ao projeto estrutural foi apurado que foram medidos7,62 meses de Projeto Estrutural, ao preço unitário de R$ 267.666,67 (duzentos esessenta e sete mil, seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e sete centavos),totalizando o pagamento total do projeto em R$ 1.606.000,02 (um milhão, seiscentos eseis mil e dois centavos) a PI, que atualizados para 31 de maio de 2014, equivalem a R$4.757.962,96.

O laudo apontou sobre esse item de medição que:

“desconhece essa unidade de medida de projeto. A unidadeoficial prevista em todos os manuais de engenharia é o “metroquadrado”. Outrossim, a empresa responsável pela execução daobra não pode ser a responsável pelo projeto, por caracterizar“conflito e interesses”. Caso pudesse ser possível aceitar talirregularidade necessário seria adequar o preço à realidade domercado pois o preço unitário pago está muito acima dospraticados em todo o território nacional. Como exemplo, analise-seo preço previsto no Departamento Autônomo de Estradas eRodagens do Rio Grande do Sul – DAER- RS. O preço unitário pode ser calculado pela fórmula: P = 66,668– 0,004 x Vão (unidade: m²), com data-base/maio 2014. Aplicandoessa fórmula à ponte em questão, teríamos: P = 66,668 – 0,004 x1.044,30 = R$ 62,49 / m². Considerando a ponte com área de projeção igual a 1.044,30 x14,00 = 14.620,00 m², teríamos: 14.620,00 m² x R$ 62,49 = R$913.616,30 (novecentos e treze mil, seiscentos e dezesseis reais etrinta centavos), a preços de mais de 2014. O valor pago atualizadopara maio de 2014 seria: R$ 2.039.620,25 x 2,962617 (fator deatualização de OAE) = R$ 6.042.613,62 (seis milhões, quarenta e

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dois mil, seiscentos e treze reais e sessenta e dois centavos). Assim é que, embora indevido, foi pago um valor 6,61vezes o custo de mercado.”

No que tange pagamentos de título de Controle Tecnológico –Concreto foi apurado que tais custos também deveriam integrar as operações inerentesà produção do concreto, sendo indevido seu lançamento em medições.

Além disso os preços também foram supervalorizados. Veja-se oque diz a perícia de engenharia:

“Também aqui, observa-se que os preços unitários estãosupervalorizados. Analisando a composição do preço unitárioapresentado pela empreiteira e pago pelo órgão (R$ 13.560,42),atualizando para abril de 2015, chegou-se ao valor de R$42.160,34. Na composição apresentada foram utilizadoscoeficientes de mão de obra e custo do laboratório muito acima dospreços de mercado. Refazendo a composição com os preços demercado para o mês de abril de 2015, a perícia chegou ao valor deR$ 14.867,34. No caso presente, embora indevido, o órgãopagou um valor equivalente a 2,84 vezes os preços demercado. De acordo com a medição final do engenheiro fiscal, aobra necessitou de controle tecnológico durante um período de 20(vinte) meses. Nas medições da Divisão de Medição e Controleforam registrados 35 (trinta e cinco) meses.”

Também foi indevidamente paga sondagem, que conformeesclarecido pela perícia, é uma operação inerente e anterior ao projeto e, pelos motivoscitados nos itens anteriores.

Os custos a título de topografia também são obrigação daempreiteira. Realizar os serviços topográficos de locação, nivelamento e outros é etapanecessária execução da obra. Outrossim, na relação mínima de equipamentosobrigatórios para execução da obra – prevista no Edital de Pré-Qualificação nº 01/98 -,está registrada a exigência de 12 (doze) aparelhagem completa de topografia pararealização das obras, tudo conforme bem destacado no laudo pericial.

Por fim, foram ainda lançados pagamentos indevidos comconsultoria técnica, apesar de no próprio edital de licitação para seleção doCONSÓRCIO EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN já haver exigência dos proponentespossuírem em seu quadro funcional permanente, pessoal qualificado para a execuçãodas obras.

Anotou a perícia que:

“Uma consultoria especializada poderia ser contratada pelo órgão,caso não dispusesse nos seus quadros, profissionais engenheiros

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qualificados para o acompanhamento e supervisão de obras demaior complexidade. Tal contrato teria que ser feito diretamenteentre o órgão e a empresa especializada em supervisão. No casopresente, é inadmissível que o ônus desse serviço seja repassadoao órgão contratante. No Edital de Pré-Qualificação nº 01/98,página 6, item 5.3.1, referente à exigência sobre Equipe Técnica,está escrito literalmente:

“As proponentes deverão possuir em seu quadro funcionalpermanente, pessoal qualificado para a execução das obras objetoda presente “Pré-Qualificação”, conforme exigido no “Quadro I”, aseguir:” (…)

Os serviços cujos pagamentos a perícia considera indevidosatingiram o montante de R$ 9.123.105,07 (nove milhões cento evinte e três mil, cento e cinco reais e sete centavos) a PI,equivalente ao valor R$ 29.137.993,34 (vinte e nove milhões,cento e trinta e sete mil, novecentos e noventa e três reais etrinta e quatro centavos), atualizado para 31 de janeiro de 2016”.

5.5 – OS MÚLTIPLOS VÍCIOS NAS MEDIÇÕES: SERVIÇOS MEDIDOS APÓS AMEDIÇÃO FINAL DA OBRA; SERVIÇOS MEDIDOS NEGATIVAMENTE; DIFERENÇASDE ALTÍSSIMOS VALORES ENTRE A MEDIÇÃO FINAL DO ENGENHEIRO FISCAL, AMEDIÇÃO FINAL DA DIVISÃO DE MEDIÇÃO E CONTROLE, A CONSTATAÇÃOPERICIAL.

Além de serviços indevidos, também foi constatado que houve mediçõesdepois da medição final da obra, o que revela, sem dúvida, total ausência de credibilidadeda fiscalização dos agentes públicos e ilicitude dos pagamentos na execução da obra.

O que se constatou é muito grave pois foram medidos e pagos serviçosdepois do atesto final da obra pelos fiscais.

“A perícia observou que alguns quantitativos de serviçosexecutados e medidos na medição do engenheiro fiscal, assinadapor esse e pelo engenheiro da empreiteira já apresentam diferençano que está registrado na Medição Parcial da Divisão de Mediçãoe Controle. E alguns serviços específicos continuaram a sermedidos “ad infinitum”, conforme se pode observar nosquantitativos finais registrados na 85ª Medição Parcial.”

Não bastasse foi apurado ainda serviços medidos negativamente,conforme atestado na perícia e, ainda, diferenças altíssimas entre medições.

A perícia atestou que:

“A diferença entre os valores da Medição Final da Divisão deMedição e Controle e a da Planilha dos serviços necessários

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levantados pela perícia é de R$ 44.739.932,45 (quarenta e quatromilhões, setecentos e trinta e nove mil, novecentos e trinta edois reais e quarenta e cinco centavos) a PI, equivalente a R$142.893.438,57 (cento e quarenta e dois milhões, oitocentos enoventa e três mil, quatrocentos e trinta e oito reais ecinquenta e sete centavos), valor atualizado para 31 de janeirode 2016”.

5.6 – DO SOBREPREÇO

Além do já dito, houve ainda claro sobrepreço nos valorespraticados no contrato em questão e os valores de mercado na época. Esclareceu aperícia:

“O Sobrepreço é a diferença entre os preços do Contrato e ospreços de mercado. No caso, preços do DER-GO referentes aomês 05/99 e as do DERTINS de janeiro de 2000, retroagidas parasetembro/98 e foi apurado considerando-se apenas os serviçosnecessários e suficientes para execução completa da obra, hajavista que os serviços considerados excedentes deverão serdeduzidos INTEGRALMENTE com os mesmos preços unitários doContrato, conforme foram pagos. O sobrepreço onerou a obra emR$ 13.535.011,71 (treze milhões, quinhentos e trinta e cincomil, onze reais e setenta e cinco centavos) a PI, equivalente aR$ 43.229.040,78 (quarenta e três milhões, duzentos e vinte enove mil, quarenta reais e setenta e oito centavos), valoratualizado para 31 de janeiro de 2016.”

Portanto, os agentes públicos e as empresas ora requeridos,uniram-se para por várias formas acima referidas lesar o patrimônio público, dispendendovalor muito acima do necessário para a obra da Ponte em questão.

5.7 – DA CONCLUSÃO DO LAUDO PERICIAL DA PONTE FERNANDO HENRIQUECARDOSO

No total, as fraudes e ilegalidades realizadas para gerar desvio dedinheiro na obra redundaram num dano ao Erário de R$ 58.274.944,16(cinquenta e oitomilhões, duzentos e setenta e quatro mil, novecentos e quarenta e quatro reais edezesseis centavos) a Preços Iniciais (PI), equivalente a R$ 186.122.479,35 (cento eoitenta e seis milhões, cento e vinte e dois mil, quatrocentos e setenta e nove reaise trinta e cinco centavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016.

O laudo pericial conclui que:

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“De posse dos elementos analisados ao longo deste LaudoPericial, o perito conclui que a obra objeto do mesmo, Ponte sobre o lago daHidrelétrica do Tocantins, na rodovia TO-080, que liga as cidades de Palmase Paraíso do Tocantins, executada dentro do Contrato 403/98 – embora nãoprevista no referido - custou à administração pública estadual o valor de R$101.748.974,31 (cento e um milhões, setecentos e quarenta e oito mil,novecentos e setenta e quatro reais e trinta e um centavos) preçosiniciais, PI – com data-base em setembro de 1998, equivalentes a R$324.972.793,08 (trezentos e vinte e quatro milhões, novecentos esetenta e dois mil, setecentos e noventa e três reais e oito centavos),atualizados para 31 janeiro de 2016. A perícia apurou, através de documentos, diversas irregularidadesdurante a licitação e a construção da obra, entre elas: projeto sem registrono Conselho Regional de Engenharia e mesmo, sem o conhecimento doórgão contratante; medição de serviços não previstos no escopo dostrabalhos e assim, deveriam ser realizados sem ônus para o órgãocontratante, serviços com quantitativos muito acima dos realmenteexecutados e prática de sobrepreço. Da análise dos elementos financeiros da obra, constatou-se queforam medidos indevidamente serviços no valor de R$ 9.123.105,07(nove milhões, cento e vinte e três mil, cento e cinco reais e setecentavos) a PI, serviços com quantitativos excedentes no valor de R$35.616.827,38 (trinta e cinco milhões, seiscentos e dezesseis mil,oitocentos e vinte e sete reais e trinta e oito centavos) a PI, serviços compreços acima dos praticados pelo mercado – sobrepreço – no valor de R$13.535.011,71 (treze milhões, quinhentos e trinta e cinco mil, onze reaise setenta e um centavos) a PI, perfazendo um total a deduzir de R$58.274.944,16(cinquenta e oito milhões, duzentos e setenta e quatromil, novecentos e quarenta e quatro reais e dezesseis centavos) a PI,equivalente a R$ 186.122.479,35 (cento e oitenta e seis milhões, centoe vinte e dois mil, quatrocentos e setenta e nove reais e trinta e cincocentavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016.”

Assim agindo, os demandados infringiram princípios previstos naConstituição Federal, e normas da Lei nº 8.666/93, Lei nº 8.429/1992 e no Código Civil.Todos participaram da malversação do dinheiro público e, por isso, devem sercondenados a ressarcir o erário. A liberação de recursos públicos para o pagamento deobra que sequer foi licitada, e que foi iniciada até mesmo antes de ilegal aditivo,demonstra claro direcionamento e a fiscalização (medições) e pagamentos de obrassuperfaturadas ofende o princípio da economicidade, sendo que os agentes públicos querealizaram ou permitiram as fraudes especificadas acima, devem ser condenados napresente ação, assim como as empresas que se beneficiaram pelos pagamentos. Todosesses atos permitiram a liberação de recursos públicos para pagamentos indevidos ecausaram grave prejuízo ao erário e violaram princípios da Administração Pública.

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6. O ATERRO DE ACESSO ÀPONTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Além das fraudes constatadas na Ponte FHC, também foramapuradas gravíssimas fraudes na obra do aterro de acesso à mesma ponte.

Segundo o laudo pericial, trata-se de um aterro que dá acesso àponte ligando as duas margens do lago artificial da Usina Hidrelétrica do Lajeado,medindo uma extensão total 6.587,78 metros, excluindo as três pontes existentes notrecho. A plataforma mede 19,90 metros, sobre a qual estão construídas a sub-base, abase e o revestimento asfáltico em concreto betuminoso usinado a quente – CBUQ.

A altura do aterro é variável nos locais de “encabeçamento” daspontes. Fora desses segmentos apresenta um greide plano horizontal na cota 215,306.A profundidade média nas áreas de aterro – excetuando a calha do rio, onde estáimplantada a ponte principal – foi determinada por dois processos distintos: a medidadireta pelo sonar e o cálculo através dos comprimentos dos bueiros celulares implantadosno trecho. A média da profundidade determinada através dos dois processos é de 5,74metros. Considerando-se a lâmina d'água na cota 212,00, o plano horizontal docoroamento do aterro está 3,306 metros acima da lâmina d'água, o que conduz a umaaltura média de aterro de 9,046 metros nos segmentos fora da calha do rio. O aterro estálocalizado na rodovia TO-080, na travessia sobre o Rio Tocantins, ligando os municípiosde Palmas e Porto Nacional, dando acesso ao distrito de Luzimangues, e à BR-153, nomunicípio de Paraíso do Tocantins, situada entre as coordenadas geodésicas: 10º 11'05,00"S; 48º 21' 35,68” W e 10º 11' 21,16”S; 48º 21' 20,09”W.

6.1 DA EXECUÇÃO DE OBRA DO ATERRO DE ACESSO À PONTE FERNANDOHENRIQUE CARDOSO SEM PRÉVIO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO, SEMPREVISÃO NO CONTRATO 403/98 e UM ANO ANTES DA ASSINATURA DO ILEGALTERMO ADITIVO, e COM DESVIO DE VALORES

Embora o aterro de acesso à Ponte Fernando Henrique Cardoso,assim como a referida ponte e vazantes I e II, não estivessem previstos na licitação ouno contrato, e não tenha sido localizada uma Ordem de Serviços específica para oaterro, parte de uma MEMÓRIA DE CÁLCULO ACUMULATIVA, assinada pelo engenheirofiscal Fernando Arthur M. Dias, indica que a obra teria sido iniciada em 13/02/2001, sem aobservância de qualquer das formalidades legais e antes mesmo da assinatura do 4ºtermo aditivo contratual, o qual inseriu indevidamente a construção da obra sem o prévio

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procedimento licitatório. Foi assinado um Termo de Recebimento de Obras Definitivo em20 de janeiro de 2003, pela comissão formada pelos engenheiros Fernando Arthur M.Dias, Fernando Faria e Luciano Nogueira Bertazzi Sobrinho, referente à Ponte de1044,30 metros, duas pontes de 84,00 metros e do aterro com 7,44 km de extensão. Noreferido termo está informado que as obras foram concluídas em 25 de setembro de2002. A palavra “Definitivo” sugere que possa ter havido um “Termo de RecebimentoProvisório”. A Perícia concluiu que a finalização do aterro deu-se presumivelmenteem 01 de outubro de 2001, haja vista que essa foi a data de início do enchimento dolago, sendo o mesmo concluído em 06 de fevereiro de 2002, quando atingiu a cota212 (cota de operação da usina hidrelétrica) – cópia anexa ao laudo - não sejustificando executar serviços de terraplenagem abaixo da linha d’água, quandopoderiam ser executados a seco.

O aterro não foi especificado na relação das obras licitadas naConcorrência Pública nº 01/98 e não poderia integrar o Contrato 403/1998. Tal obra foisimplesmente executada informalmente sem qualquer aditamento do contrato durante oano de 2001, conforme se nota pelas medições dos fiscais já realizadas naquele ano etambém por fotografias de satélite que constam em Parecer Técnico do Centro de ApoioOperacional de Urbanismo.

Veja-se imagem datada de 17/06/2001 extraída do referido parecerque aponta “presença de movimentação de terras na área do aterro”, corroborando que avultuosa obra foi iniciada e executada em relevante porção já no ano de 2001:

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Tal circunstância é deveras relevante, pois somente em abril de2002, o requerido JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA, e as empresas

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EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN assinaram o (ilegal) 4º Termo Aditivo, que incluíaverbas para realização das obras da Ponte FHC e Aterro no contrato de 1998. Aassinatura do dito 4º Termo Aditivo contou com prévia e expressa anuência dorequerido JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, então Governador do Estado,conforme se vê no “autorizo” firmado em 22.02.2002, no corpo do ofício DERTINS0233/02 da lavra de JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDA (vide anexos com autorizo, termoaditivo e publicação do termo aditivo em questão no D.O. de 08.04.2002).

Embora notório que a construção do aterro fosse ilegal, por nãointegrar a licitação, mesmo assim os pagamentos foram ilicitamente liberados porATAÍDE DE OLIVEIRA, então Secretário de Infraestrutura e SIQUEIRA CAMPOS, entãoGovernador do Estado e também, a partir de 2003, por JOSÉ EDMAR BRITO MIRANDAe MARCELO MIRANDA que assinaram várias autorizações de pagamento referente asmedições que abrangiam essa obra. Todos os demais agentes públicos e engenheiros doDERTINS, que tinham o dever de fiscalizar a regularidade da execução das obraspúblicas, anuíram aos atos ilícitos assinando as medições e os demais atos doprocesso administrativo de pagamento, conforme individualizado acima.

O Consórcio EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, por sua vez, aceitourealizar a construção da obra determinada ilicitamente (uma vez que não relacionada nocontrato e fora do objeto licitado), locupletando-se dos valores recebidos.

O montante gasto pela Administração para a construção da obra deforma irregular, sem licitação, é assim discriminado:

• Aterro de acesso à Ponte FHC – conforme perícia de engenharia, a referidaobra custou à Administração o montante de R$ 83.309.560.90 (oitenta e trêsmilhões, trezentos e nove mil, quinhentos e sessenta reais e noventa centavos)preços iniciais – PI – com data base em setembro de 1998; equivalentes a R$289.010.927,67 (duzentos e oitenta e nove milhões, dez mil, novecentos e vinte esete reais e sessenta e sete centavos), atualizados para 31 janeiro de de 2016.Entretanto, foram medidos após a medição final, serviços correspondentes aovalor de R$ 10.716.390,97 (dez milhões, setecentos e dezesseis mil, trezentos enoventa reais e noventa e sete centavos) a PI, elevando os custos finais para R$94.225.751,87 (noventa e quatro milhões, duzentos e vinte e cinco mil, setecentose cinquenta e um reais e oitenta e sete centavos) a PI, equivalentes a R$325.731.466,49 (trezentos e vinte e cinco milhões, setecentos e trinta e ummil, quatrocentos e sessenta e seis reais e quarenta e nove centavos),atualizados para 31 de janeiro de 2016.

A construção de obra pública sem o prévio procedimentolicitatório gera dano ao Erário Público, cuidando-se de prejuízo in re ipsa, conformeentendimento do STJ, já que, por conduta dos gestores, a Administração deixa decontratar a melhor proposta, com direcionamento da contratação. Veja-se o lúcidojulgado:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO POPULAR. SEBRAE.CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO. FRACIONAMENTO DEOBJETO PARA PROVOCAR DISPENSA. PREJUÍZO AO ERÁRIO IN RE

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IPSA.1. Cuida-se os autos sobre ação popular objetivando o reconhecimentoda nulidade, em razão da falta de prévia licitação, de quatro contratosfirmados, no ano de 2009, entre o SEBRAE e as empresas recorridas,cujo objeto era a "prestação de serviços de horas técnicas de instrutoriapara empreendedores do meio rural" em diferentes municípios de SantaCatarina, inobstante excedido o limite de R$ 16.000,00 (dezesseis mil

reais) previsto no art. 6o, II, "a", da Resolução CDN n° 39⁄98, quedispensava a licitação para compras e serviços abaixo do referido valor.2. Ficou constatado pelo Tribunal a quo que houve o fracionamentoindevido das contratações no intuito de burlar a obrigatoriedade dodevido processo licitatório.3. A Corte de origem, apesar de ter reconhecido a ilegalidade nacontratação, decidiu que "comprovada a efetiva prestação dos serviços,sem qualquer indício de superfaturamento, a pretensão da ação popularnão pode prosperar porque o descumprimento da lei ou do regulamentonão dispensa a demonstração da lesividade dos atos impugnados"4. O prejuízo ao erário, na espécie (fracionamento de objeto licitado,com ilegalidade da dispensa de procedimento licitatório), que geraria alesividade apta a ensejar a nulidade e o ressarcimento ao erário, é in reipsa, na medida em que o Poder Público deixa de, por condutas deadministradores, contratar a melhor proposta (no caso, em razão dofracionamento e conseqüente não-realização da licitação, houveverdadeiro direcionamento da contratação).5. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que a açãopopular é cabível para a proteção da moralidade administrativa, aindaque inexistente o dano material ao patrimônio público, ou seja, a lesãotanto pode ser efetiva quanto legalmente presumida, visto que a Lei4.717⁄65 estabelece casos de presunção de lesividade (art. 4º), para osquais basta a prova da prática do ato naquelas circunstâncias paraconsiderar-se lesivo e nulo de pleno direito. 6. Agravo regimental nãoprovido. STJ AgRg no REsp 1378477 / SCAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2013/0100863-8, Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, T2 - SEGUNDATURMA, 11/03/2014, DJe 17/03/2014.

Portanto, somente por tal fato já se nota o prejuízo ao Erário. Mas,no caso, o prejuízo além de decorrer a ausência de licitação, também está constatadopelas múltiplas ilegalidades e fraudes perpetradas na execução e pagamento da obra emquestão, conforme descrito no item abaixo.

6.2 – DAS ILEGALIDADES E FRAUDES QUE GERARAM DANO AO ERÁRIO

No curso das investigações foram constatadas diversasirregularidades na execução das obras da construção e pavimentação do Aterro daRodovia TO-080, no subtrecho da transposição do lago da Hidrelétrica do Lajeado, no RioTocantins. Tais irregularidades são decorrentes de Projeto mal elaborado ou direcionadoaos objetivos da empreiteira, sem identificação da autoria, sem registro nos ConselhosRegionais de Engenharia e sem conhecimento do órgão contratante; preços unitários

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acima dos de marcado; quantitativos de serviços executados bem acima dos previstos noProjeto e no Orçamento; medições de serviços executados em outras obras; prática de“jogo de planilha” e de “química”, cujos valores foram resumidos nas planilhas 02, 03 e 04e na planilha RESUMO FINANCEIRO DA OBRA do Laudo Pericial.

A obra em questão foi realizada com várias fraudes que geraramsuperfaturamento de preços e quantitativos e demais irregularidades adiante descritas,que causando grande dano ao erário com pagamentos autorizados e efetuados por JOSÉEDMAR BRITO MIRANDA, ATAÍDE DE OLIVEIRA, JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOSe MARCELO MIRANDA, tudo conforme apontado no Laudo Pericial produzido peloInstituto de Criminalística que passa a integrar essa inicial. Vejamos:

6.3 - PROJETO EXECUTIVO: AFRONTA À VEDAÇÃO DE EXECUÇÃO DA OBRAPELO AUTOR DO PROJETO BÁSICO OU EXECUTIVO – ART. 9º, I, LEI 8.666/93 –FRAUDE NA AUTORIA DO PROJETO e SUPERDIMENSIONAMENTO

O laudo pericial aponta indicativo de fraude na autoria do ProjetoExecutivo do Aterro de acesso à Ponte FHC, e que o ConsórcioEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAM possivelmente utilizou-se do nome de uma empresafantasma para mascarar a infração ao art. 9º, I, da Lei de Licitações.

Embora conste na documentação apresentada que o Projeto teriasido elaborado pela empresa: EPO – Empresa de projetos e Obras Ltda, a perícia tentoucoletar dados sobre a empresa e obteve a informação através da Receita Federal queuma empresa com esse “nome de fantasia” encontrava-se INAPTA desde 31/05/1997, emrazão OMISSÃO CONTUMAZ, tendo sido baixada do cadastro de contribuintes daReceita Federal em 31/12/2008.

Foi solicitado à Agetrans a documentação referente à licitação quedera origem à contratação de tal empresa para a elaboração do projeto. O diretor doórgão, Eng.º Ségio Leão, informou que nos arquivos não foram encontradas informaçõesreferentes à contratação de tal empresa e nem existiam documentos indicandopagamentos referentes à elaboração do projeto – documento anexo.

Foi solicitado ao Conselho Regional de Engenharia do Tocantins –CREA-TO, informações referentes à Anotação de Responsabilidade Técnica dosresponsáveis pelo Projeto e também não se encontraram registros referentes à empresae aos supostos responsáveis técnicos – documento anexo.

Foi solicitado ao Conselho Regional de Engenharia do Maranhão –CREA-MA, sede a mencionada empresa, as mesmas informações e o Acervo Técnico daempresa e dos responsáveis técnicos. Novamente foi constatado não existir anotaçãoreferente ao projeto do aterro objeto da ação. Outrossim, através da análise do AcervoTécnico dos profissionais responsáveis, verificou-se que a empresa não teria capacidadetécnica para elaborar projeto de tal complexidade e magnitude.

O perito concluiu que não se entende como uma obra de talmagnitude e tanta importância para o escoamento de tráfego poderia passar

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“despercebida” pelo órgão contratante e pelo CREA, que não fiscalizou a implantação daobra nem exigiu o seu registro, restando evidente que o Projeto na realidade foi“produzido” e elaborado pelo Consórcio vencedor do Contrato 403/98, no caso, comoação direta da empresa líder do Consórcio e maior interessada da execução dosserviços, a Empresa Sul América de Montagem S/A – EMSA, que determinou quaisserviços e quantitativos que deveriam ser realizados e medidos.

Há evidências, portanto, que o consórcio de empresasEMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, utilizou-se fraude para elaborar irregularmente o projetoexecutivo do aterro de acesso à Ponte FHC utilizando-se do nome de terceiro e, emseguida, contrariando a vedação contida no artigo 9º, I da Lei de Licitações, com aaquiescência dos agentes públicos antes nominados, executou as obras públicas erecebeu os pagamentos respectivos.

Segundo a Lei de Licitações:

Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, dalicitação ou da execução de obra ou serviço e dofornecimento de bens a eles necessários:I – o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física oujurídica;

A norma mencionada estabelece a vedação para evitar que aempresa que realiza o projeto execute a obra. O projeto não pode ser elaborado pelafutura executora em razão do risco de projetá-lo com dimensões superiores aonecessário ou com emprego indevido de materiais e serviços.

O Consórcio realizou o projeto executivo do Aterro de acesso à

Ponte FHC, em desacordo com as prescrições legais, e sentindo-se autorizado pelosagentes públicos coniventes com a fraude, superdimensionou preços e quantitativos,conforme adiante especificado.

6.4. – PROJETO EXECUTIVO DO ATERRO: SUPERFATURAMENTO DOSQUANTITATIVOS.

Além do Projeto ter sido elaborado pelo mesmo consórcio queexecutou depois a obra, ocorreu também significativo acréscimo de quantitativosdesnecessários. O orçamento para os serviços apurados pela perícia como osnecessários e suficientes para concluir a obra atingiram o valor de R$ 22.757.339,29(vinte e dois milhões, setecentos e cinquenta e sete mil, trezentos e trinta e nove reais evinte e nove centavos), a PI. Entretanto, o valor final da obra levantado pelo engenheirofiscal e constante na sua medição final – 29ª Medição – atingiu o valor de R$83.516.203,78 (oitenta e três milhões, quinhentos e dezesseis mil, duzentos e três reais esetenta e oito centavos) a PI, conforme adiante especificado em cada item.

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6.5 – DO ACRÉSCIMO INDEVIDO DE QUANTITATIVOS NA EXECUÇÃO DO ATERRO:Fraude nas Medições e Divergência entre Projeto e Execução.

O exame pericial realizado no Aterro de acesso à Ponte FHCconstatou que diversos serviços foram previstos na planilha do projeto e não foramrealizados sem qualquer justificativa, mostrando que não havia qualquer compromissocom a real execução do projeto como tal. Tal objetivo seria “engordar” o orçamento parater margem de manobra e medir serviços não realizados ou aumentar os quantitativos deserviços realizados em números incompatíveis com a dimensão da obra. Um exemplo é aprevisão da Fornecimento e Aplicação de Geogrelha, Drenos Verticais de Areia, queestavam relacionados no Projeto e nem sequer entraram no orçamento.

GEOGRELHA - No item Serviços Diversos, subitem “Fornecimentoe Aplicação de Geogrelha”, o Projeto previa a execução de 329.365,89 m², ao custounitário de R$ 69,14/m², atingiria um custo de R$ 22.772.357,63 (vinte e dois milhões,setecentos e setenta e dois mil, trezentos e cinquenta e sete reais e sessenta e trêscentavos). Constatou a perícia que foram medidos apenas 1.920,00 m², ao custo de R$132.748,80 (cento e trinta e dois mil, setecentos e quarenta e oito reais e oitentacentavos). Segundo as conclusões do laudo, não existe composição para o preço desseserviço e foi medido através de “química”, pois não aparece na medição oficial, mas estáregistrada na 29ª medição do engenheiro fiscal. Quer dizer: um projeto que prevê aexecução de um serviço com custo de quase vinte e três milhões e, do que pouco foiexecutado.

ESCAVAÇÃO, REMOÇÃO, CARGA E TRANSPORTE - Como“compensação”, um único subitem de terraplenagem, os serviços de “Escavação, Cargae Transporte de Material”: De 1ª Categoria com DT entre 1201 e 1400 metros , teveum acréscimo indevido de R$ 12.050.059,30 (doze milhões, cinquenta mil, cinquenta enove reais e trinta centavos) - numa prática conhecida como “jogo de planilha” -considerado pelo perito inadmissível, já que nem o aterro nem as caixas de empréstimosmudaram de lugar.

No subitem de serviço “Escavação e remoção de solo mole”,também do item terraplenagem, cujo volume previsto no orçamento era 182.318,30 m³,ocorreu acréscimo indevido de quantitativo medido e cobrado para 447.931,10 m³, aocusto de R$ 1.590.155,41 (um milhão, quinhentos e noventa mil, cento e cinquenta ecinco reais e quarenta e um centavos) a PI. Segundo o perito, para se ter uma ideia daordem de grandeza desse volume, basta dizer que seria equivalente a um aterromedindo 10,00 metros de plataforma, 16,00 metros de base, com uma extensão deaproximadamente 16,00 km, mais que o dobro do aterro efetivamente construído.Como esse material teria que ser destinado a “bota-fora”, pois não se admite deixá-lo nointerior da área do reservatório da barragem, haja vista que tal procedimento poderiareduzir a vida útil do reservatório em mais de cem anos devido ao assoreamento, o peritoprocurou a área onde tal material poderia ter sido depositado e não encontrou qualquervestígio dessa montanha de material removido.

No subitem “Colchão drenante com areia”, do item Drenagem,cujo volume previsto no orçamento era 9.600,00 m³, foi medido indevidamente o volume

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de 84.666,00 m³, ao custo de R$ 1.676.386,80 (um milhão, seiscentos e setenta e seismil, trezentos e oitenta e seis reais e oitenta centavos). Afirma o perito que o volumeindevidamente medido é equivalente ao um “colchão” medindo 10,00 metros delargura por 30,00 centímetros de espessura, por 28.222,00 metros de extensão(28,222 km), ou seja, quatro vezes a extensão do aterro existente.

No item Serviços Diversos, o subitem “colchão reno”, cujovolume de projeto era 82.074,51 m³, teve medidos 62.020,68 m³, aos quais foramsomadas “restauração de proteção de taludes” (17.901,42 m³), “recomposição de colchãoreno” (8.971,92 m³) e “confecção de colchão reno com ancoragem tracional” (17.910,91m³). A perícia observou que recomposições, restaurações em obras em andamentoaté antes do período de garantia deveriam ser de responsabilidade do construtorsem ônus para a contratante e que esses serviços não tiveram composições de preçosunitários apresentadas. Entretanto, esse item de serviço continuou a ser medido até ofinal do contrato 403/98, já que na 85ª Medição Parcial está consignado o volume de93.716,94 m³, ao custo total de R$ 24.537.906,40 (vinte e quatro milhões, quinhentos etrinta e sete mil, novecentos e seis reais e quarenta centavos) a PI.

A perícia recalculou o volume de colchão reno em função da alturareal do aterro e encontrou o volume de 44.549,21 m³. Esse volume ao preço de mercadoteria um custo de R$ 7.402.296,73 (sete milhões, quatrocentos e dois mil, duzentos enoventa e seis centavos e vinte e um centavos) a PI. Observa ainda que tal serviço éuma opção sofisticada e cara que poderia ser substituídos sem prejuízo da qualidade eda segurança, pela simples execução de enrocamento de pedra arrumada, ao custo de10,45% (dez vírgula quarenta e cinco por cento) do custo cobrado, com a mesmaeficiência. Afirma ainda que o consórcio aplicou essa técnica em um segmento de 144metros, no paramento de montante – provavelmente para proteger parte do aterrorestaurado – e que o local encontra-se bem protegido.

No Serviços Diversos, o subitem “Enrocamento de PedraArrumada”, foram medidos 36.191,24 m³, ao custo de R$ 990.916,15 (novecentos enoventa mil, novecentos e dezesseis reais e quinze centavos). Segundo a perícia, amedição desse serviço causa estranheza, haja vista que todos os serviços que envolvema colocação de pedra de mão - natural ou produzida artificialmente - nos preços unitáriosjá devem estar incluídos o fornecimento da pedra, tais como: Gabião tipo caixa e ColchãoReno e não foi detectada nenhuma aplicação de enrocamento excetuando o segmentoretrocitado, que trata de recomposição de serviço mal executado e que não poderia sermedido novamente ou em duplicidade. Além do mais, o volume de 36 mil metros cúbicosseria exagerado pois cobriria uma área de 10,00 metros de largura por 30 centímetros deespessura com uma extensão de 12 quilômetros.

Em conclusão deste item, segundo o laudo pericial, Planilha 2, osacréscimos indevidos de quantitativos na construção do Aterro de acesso à Ponte FHCtiveram significativos impactos financeiros sobre o valor da obra e causaram os seguintesprejuízos ao erário:

Terraplenagem – Os acréscimos de serviços provocaram um impacto financeiro de R$23.381.763,46 (vinte e três milhões, trezentos e oitenta e um mil, setecentos e sessenta etrês reais e quarenta e seis centavos) a PI – data base: setembro/98 – equivalente a R$

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80.119.412,89 (oitenta milhões, cento e dezenove mil, quatrocentos e doze reais e oitentae nove centavos), atualizados para 31 de janeiro de 2016;

Revestimento Primário – Os acréscimos provocaram um reflexo financeiro de R$488.177,14 (quatrocentos e oitenta e oito mil, cento e setenta e sete reais e quatorzecentavos) a PI – data base: setembro/98 – equivalente a R$ 1.672.776,56 (um milhão,seiscentos e setenta e dois mil, setecentos e setenta e seis reais e cinquenta e seiscentavos), atualizados para 31 de janeiros de 2016;

Drenagem – Os acréscimos provocaram um reflexo financeiro de R$ 1.486.306,80 (ummilhão, quatrocentos e oitenta e seis mil, trezentos e seis reais e oitenta centavos) a PI,equivalente a R$ 5.092.944,70 (cinco milhões, noventa e dois mil, novecentos e quarentae quatro reais e setenta centavos), atualizados para 31 de janeiro de 2016, conformecitado nos itens anteriores;

Obras Complementares – Os acréscimos provocaram um reflexo financeiro de R$633.405,57 (seiscentos e trinta três mil, quatrocentos e cinco reais e cinquenta e setecentavos) a PI, equivalente a R$ 2.170.412,96 (dois milhões, cento e setenta mil,quatrocentos e doze reais e noventa e seis centavos), atualizados para 31 de janeiros de2016;

Serviços Diversos – Os acréscimos provocaram um reflexo financeiro de R$22.876.142,12 (vinte e dois milhões, oitocentos e setenta e seis mil, cento e quarenta edois reais e doze centavos) a PI, equivalente R$ 78.386.862,44 (setenta e oito milhões,trezentos e oitenta e seis mil, oitocentos e sessenta e dois reais e quarenta e quatrocentavos), atualizados para 31 de janeiro de 2016;

Galeria de Água Pluviais – A inclusão desses serviços provocaram um reflexo financeirode R$ 701.727,93 (setecentos e um mil, setecentos e vinte e sete reais e noventa e trêscentavos), a PI, equivalente a R$ 2.404.524,79 (dois milhões, quatrocentos e quatro mil,quinhentos e vinte a quatro reais e setenta e nove centavos), atualizados para 31 dejaneiro de 2016.

6.6 – MEDIÇÕES INDEVIDAS DE QUANTITATIVOS DO ATERRO APÓS OENCHIMENTO DO LAGO

As investigações demonstram, também, que após a 37ª MediçãoParcial, onde estariam medidos integralmente os serviços do aterro, ainda foram medidosserviços que não poderiam ser executados após o enchimento do lago. Tais serviços nãoforam realizados, segundo a perícia, mas foram medidos acumulativamente até a 49ªMedição Parcial, referente ao período de 01/07/2004 a 31/07/2004, e apresentamseveros indicativos de fraude para o desvio de recursos públicos e lesão ao erário.

Colchão Reno – após a conclusão da obra e enchimento do lago foram medidos mais31.696,16 m³, totalizando um acréscimo de R$ 8.299.005,57 (oito milhões, duzentos enoventa e nove mil, cinco reais e cinquenta e sete centavos) a PI, equivalente a R$28.437.181,61 (vinte e oito milhões, quatrocentos e trinta e sete mil, cento e oitenta e umreais e sessenta e um centavos), atualizados para 31 de janeiro de 2016;

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Manta Geotêxtil MT 200 – foram medidos mais 615.110,79 m², totalizando um acréscimode R$ 2.417.385,40 (dois milhões, quatrocentos e dezessete mil, trezentos e oitenta ecinco reais e quarenta centavos) a PI, equivalente a R$ 8.283.357,21 (oito milhões,duzentos e oitenta e três mil, trezentos e cinquenta e sete reais e vinte e um centavos),atualizados para 31 de janeiro de 2016. No total, foram medidos 993.216,72 m², ao custode R$ 3.903.341,70 (três milhões, novecentos e três mil, trezentos e quarenta e um reaise setenta centavos). Essa área de manta geotêxtil daria para cobrir completamente139 (cento e trinta e nove) campos de futebol tamanho oficial. Todos esses valoresestão discriminados na planilha RESUMO FINANCEIRO DA OBRA existente no laudopericial, que passa a integrar a presente ação.

6.7 – MEDIÇÕES INDEVIDAS DE SERVIÇOS NÃO PREVISTOS PARA ACONSTRUÇÃO DO ATERRO

O laudo pericial indica ainda que diversos serviços relacionadosnas medições do engenheiro fiscal e assinadas por esse e pelo engenheiro responsávelpela empreiteira não aparecem nas medições da Diretoria de Medição e Controle, quesão os documentos oficiais que originam as Ordens de Pagamento. A maioria dessesserviços não tem sequer composição de preços unitários. O laudo pericial assimdiscrimina tais serviços:

6.4.1 – TERRAPLENAGEM 6.4.1.1 – Transporte de material em caminhos de serviços Esse serviço onerou a obra em R$ 1.068.817,40 (ummilhão, sessenta e oito mil, oitocentos e dezessete reais e quarentacentavos). TODOS OS MATERIAIS ESCAVADOS PARA CORPO DEATERRO ESTÃO MEDIDOS NOS SUBITENS: Escavação, carga e transporte de material: - De 1ª categoria com DT até 200 m - De 1ª Categoria com DT entre 1201 e 1400 m

6.4.2 – REVESTIMENTO PRIMÁRIO 6.4.2.1 – Desmatamento, limpeza e expurgo de jazida 6.4.2.2 – Escavação e carga de material de jazida 6.4.2.3 – Transp. de material de jazida em caminhos de serviços 6.4.2.4 – Espalhamento do material O pagamento desses serviços onerou a obra em R$ 488.177,14(quatrocentos e oitenta e oito mil, cento e setenta e sete reais equatorze centavos). NÃO EXISTEM SERVIÇOS DE REVESTIMENTOPRIMÁRIO EM RODOVIAS PAVIMENTADAS.

6.4.3 – SERVIÇOS DIVERSOS6.4.3.1 – Recomposição de colchão reno6.4.3-2 – Reestruturação da proteção dos taludes6.4.3.3 – Confecção de colchão reno com ancoragem tracional6.4.3.4 – Fornec. e cravação de cantoneira metálica (2x2x1/4x2000)

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6.4.3.5 – Manta geotêxtil MT 400/6006.4.3.6 – Tarramesh de 0,50 x 6,00m 6.4.3.7 – Tarramesh de 1,00 x 6,00m 6.4.3.8 – Tarramesh de 0,50 x 8,00m 6.4.3.9 - Tarramesh de 1,00 x 8,00m 6.4.3.10 - Fornecimento e aplicação de geogrelha 6.4.3.11 – Horas de equipamentos:6.4.3.11.1 – Trator de esteiras D-66.4.3.11.2 – Carregadeira frontal CAT 9506.4.3.11.4 – Motoniveladora CAT 140 H6.4.3.11.5 – Motoniveladora CAT 120 H6.4.3.11.6 – Rolo compactador Pé de carneiro CA-25 ou similar6.4.3.11.7 – Caminhão basculante de 10 m³

Esses serviços que não estavam previstos em planilha, e nemtiveram as composições de preços apresentadas, foram medidosatravés de “química” e oneraram a obra em R$ 14.800.247,14(quatorze milhões, oitocentos mil, duzentos e quarenta e sete reais equatorze centavos). Ressalte-se que NÃO TEM SENTIDO PAGARHORAS DE MÁQUINA, JÁ QUE TODAS ESSAS HORAS SÃOINSUMOS NAS COMPOSIÇÕES. Um dado interessante a ser observado é que, de acordo com oRESUMO DA 29ª MEDIÇÃO PARCIAL GERAL DO ATERRO, assinadapelo engenheiro fiscal e pelo engenheiro da empreiteira, o itemTERRAPLENAGEM do aterro teria custado a PI, o valor de R$37.274.472,15 (trinta e sete milhões, duzentos e setenta e quatro mil,quatrocentos e setenta e dois reais e quinze centavos), enquanto que oitem SERVIÇOS DIVERSOS, que integra os serviços necessários paraPROTEÇÃO, do aterro, teria custado o valor de R$ 37.139.674,58(trinta e sete milhões, centro e trinta e nove mil, seiscentos e setenta equatro reais e cinquenta e oito centavos). Quer dizer: A PROTEÇÃO doaterro custou o equivalente ao próprio, o que é inadmissível.Guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que: “a pinturausada para proteger o casco de um navio contra a ferrugem causadapela maresia, custar o mesmo valor do navio...”

6.4.4 – GALERIA DA ÁGUAS PLUVIAIS6.4.4.1 – Locação e serviços topográficos6.4.4.2 – Escav. Mecânica em solo de 1ª cat. com prof. até 2,00 m6.4.4.3 – Idem, com prof. de 2,00 m a 4,00m6.4.4.4 – Regularização e compactação de fundo de vala6.4.4.5 – Transporte do material escavado6.4.4.6 – Reaterro compactado a 95% do PN6.4.4.7 – Lastro de areia6.4.4.8 – Fornec., assentamento e rejunt. De tubo d econcretoDN=0,40m6.4.4.9 – Idem, com DN=0,60m6.4.4.10 – Idem, com DN=1,20m6.4.4.11 – Poço de visita com 2,00m de prof.

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6.4.4.12 – Idem, com 3,00 m de prof.6.4.4.13 – Concreto simplesmente6.4.4.14 – Lastro de pedra6.4.4.15 – Boca de lobo simples DN=0,606.4.4.16 – Boca de lobo dupla DN=0,606.4.4.17 – Aduela para PV DN=0,60m6.4.4.18 – Transporte comercial de agregados

Esses serviços oneraram a obra em R$ 701.727,93(setecentos e um mil, setecentos e vinte e sete reais e noventa e trêscentavos) e não constavam no orçamento e não tiveram composiçãode custos unitários apresentadas.

6.8 – ATERRO – JOGO DE PLANILHAS, MEDIÇÕES NEGATIVAS e VIOLAÇÃO DOSPRINCÍPIOS DA VERACIDADE E TRANSPARÊNCIA

Analisando o conjunto de medições relativas ao Aterro de acesso à Ponte FHC, o examepericial constatou a prática indevida de jogo de planilhas e medições negativas, práticasque retiram a credibilidade das medições realizadas, que deveriam espelhar a realidadedo andamento da obra para o processo de pagamento, e a violação do princípio datransparência e moralidade pública. Segundo o laudo, a primeira medição ondeaparecem os serviços específicos do aterro é a 22ª Medição Parcial – 01 a 30/04/2002 -onde constam medidos os itens:

Item Quant. execut. Valor Total (PI)* Gabião em pedras encaixotadas (0,50m) …...17.473, 94 m³…...R$ 3.558.742,62* Gabião em pedras encaixotadas (0,50m) …… 3.047,00 m³…… R$ 515.064,88* Colchão Reno …………………………………...45.102,48 m³…...R$ 11.809.182,33

Afirma o perito que, de maneira injustificável, nessa medição forammedidos quantitativos “negativos” como se alguns serviços não houvessem sidoexecutados ou que tivesse ocorrido “erro” na avaliação dos quantitativos. Devido aogrande valor das deduções refere haver indicativo de que foram medidos serviços“fantasmas”, na forma de “química”, com o objetivo de esperar a aprovação dos serviçosnão previstos na planilha do Orçamento. Mesmo que tal procedimento tenha derivadodessa situação, tal prática seria irregular e ilegal pois não encontra respaldo em nenhummanual de medições de serviços de engenharia. Além do que, a prática ilícita abriria umprecedente “perigoso”, pois demonstra que não existia efetivo controle do executado emedido e que a planilha de medições não refletiria a realidade da obra, sendo apenas umdocumento de justificação para o desvio de recursos públicos.

6.9 – ATERRO – OBRAS DIVERSAS APARENTEMENTE COBRADAS EM MEDIÇÕESDO ATERRO

Os achados periciais revelam que o descontrole e a fraude nasmedições das obras do Aterro de acesso à Ponte FHC foram de tal ordem que até obrasdistintas, sem qualquer relação com o contrato 403/98, possivelmente foram cobradas

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como se fossem pagamento de medições do Aterro.

Consta na documentação encaminhada à perícia planilhas deserviços realizados em outras obras e, aparentemente, medidos como se fossemserviços executados na obra do Aterro da Ponte FHC e descontadas do serviço deterraplenagem e pavimentação, vez que relacionadas no processo de pagamento,inclusive com anotações manuscritas:

* Sede do Dertins R$ 1.040.354,18;* Trevo R$ 282.338,74;*Posto Fiscal R$ 677.786,83;* Hospital de Palmas R$ 456.241,52;TOTAL MEDIDO R$ 2.456.721,27 (doismilhões, quatrocentos e cinquenta e seis mil, setecentos e vinte e um reais e vinte e setecentavos) a PI.

6.10 – ATERRO – SOBREPREÇO

O exame pericial constatou, ainda, a prática de sobrepreço dositens medidos, prática que resultou em desvio de recursos públicos e dano ao erário. NaPlanilha 4 que integra o laudo e a presente ação, o sobrepreço foi minuciosamentediscriminado, considerando-se os quantitativos reais levantados, medidos pelos preçosde mercado e os do Contrato. A diferença entre os valores de mercado à época e oscobrados pelo Consórcio representa o superfaturamento do Contrato que resultou empagamento indevido do valor de R$ 10.345.211,05 (dez milhões, trezentos e quarenta ecinco mil, duzentos e onze reais e cinco centavos ) a PI.

Convém salientar que o valor do sobrepreço não correspondeao valor total dos serviços cujos preços diferem dos preços de mercado, mas tãosomente aos valores correspondentes aos serviços efetivamente executados deacordo com o levantamento da perícia, para não ocorrer dedução em dobro, vezque os valores correspondentes aos serviços excedentes deves ser deduzidosintegralmente com os preços praticados na obra.

6.11 – DA CONCLUSÃO DO LAUDO PERICIAL REFERENTE AO ATERRO

As fraudes e ilegalidades realizadas para gerar desvio de dinheiropúblico nas obras do Aterro de acesso à Ponte FHC resultaram em dano ao Erário de R$245.822.616,03 (duzentos e quarenta e cinco milhões, oitocentos e vinte e dois mil,seiscentos e dezesseis reais e três centavos), atualizados para a data de 31 de janeiro de2016.

O laudo pericial aponta que:

“A perícia apurou, através de documentos, diversas irregularidadesdurante a licitação e a construção da obra, entre elas: projeto inadequado esem registro no Conselho Regional de Engenharia; e mesmo, sem oconhecimento do órgão contratante e com quantitativos bem acima dos

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necessários; sobrepreço, execução de serviços não previstos em planilha,pagamentos de serviços supostamente realizados em outras obras, utilizaçãoda pártica de “jogo de planilha”, medição de serviços com quantitativos muitoacima dos reais, prática de “química” para pagamento de serviços cujospreços unitários não tiveram a cotação apresentada ou aprovada pelo órgão.Da análise dos elementos financeiros da obra, constatou-se que forammedidos quantitativos excedentes no valor de R$ 50.398.032,56 (cinquentamilhões, trezentos e noventa e oito mil, trinta e dois reais e cinquenta e seiscentavos) a PI, correspondentes à planilha de medição final da obra. Noentanto, foram medidos mais R$ 10.716.390,97 (dez milhões, setecentos edezesseis mil, trezentos e noventa reais e noventa e sete centavos) após orecebimento da obra, perfazendo um total de serviços excedentesequivalentes a R$ 61.114.423,53 (sessenta e um milhões, cento e quatorzemil, quatrocentos e vinte e três reais e cinquenta e três centavos) a PI.Paralelamente, dentro do valor dos quantitativos reais executados, constatou-se que o sobrepreço causou um reflexo financeiro de R$ 10.344.978,05 (dezmilhões, trezentos e quarenta e quatro mil, novecentos e setenta e oito reais ecinco centavos) a PI, perfazendo um total a deduzir correspondente aoreflexo financeiro do valor dos excedentes e do sobrepreço, igual a R$71.459.401,58 (setenta e um milhões, quatrocentos e cinquenta e novemil, quatrocentos e um reais e cinquenta e oito centavos) a PI,equivalentes a R$ 245.822.616,03 (duzentos e quarenta e cinco milhões,oitocentos e vinte e dois mil, seiscentos e dezesseis reais e trêscentavos), atualizados para a data de 31 de janeiro de 2016.”

7 – DA SOMA E ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DOS VALORES APURADOS DEDANOS AO ERÁRIO NAS DUAS OBRAS QUE SÃO OBJETO DA PRESENTE AÇÃO

Conforme narrativas dos itens acima, nota-se que a provaproduzida em sede de investigação denotou as seguintes importâncias a título de danoao erário para serem ressarcidas, somente das duas obras objeto da presentedemanda, assim discriminada:

1) Ponte Fernando Henrique Cardoso: total a deduzir de R$ 186.122.479,35 (cento eoitenta e seis milhões, cento e vinte e dois mil, quatrocentos e setenta e nove reais etrinta e cinco centavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016.2) Aterro de acesso à ponte referida: total a deduzir de R$ 245.823.414,42 (duzentos equarenta e cinco milhões, oitocentos e vinte e três mil, quatrocentos e quatorze reais equarenta e dois centavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016;VALOR TOTAL A RESSARCIR PELAS 2 OBRAS: R$ 431.945.893,77 (quatrocentos etrinta e um milhões, novecentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e noventa e três reais,e setenta e sete centavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016;

Portanto, o valor a ser ressarcido ao erário somente pelas fraudesrealizadas nas duas obras (ponte e aterro) é de R$ 431.945.893,77 (quatrocentos etrinta e um milhões, novecentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e noventa e três

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reais, e setenta e sete centavos), em valor atualizado para 31 de janeiro de 2016.

Considerando que o laudo pericial atualizou os valores a seremressarcidos até janeiro de 2016 e que a presente ação é ajuizada em junho de 2017, énecessária, ao menos, a atualização monetária da vultuosa quantia, conforme cálculosabaixo.

Resultado do Cálculo (em Real)CORREÇÃO MONETÁRIAAtualizado até: 26/06/2017. Juros Incidentes: A partir do(s) Valor(es) Devido(s). Percentual de Juros: 0,00%VALORES DEVIDOS

Data doValor

Devido Valor Devido  Fator CM 

ValorCorrigido 

Juros% 

JurosR$ 

Corrigido+JurosR$ 

31/01/2016

431.945.893,77 1,08101648 466.940.629,63 0,00% 0 466.940.629,63

Subtotal 466.940.629,63

Total Geral 466.940.629,63

Assim, o valor total atualizado a ser ressarcido ao erário é de: R$466.940.629,63 (quatrocentos e sessenta e seis milhões, novecentos e quarenta mil,seiscentos e vinte e nove reais e sessenta e três reais).

8– DAS DOAÇÕES PARA AS CAMPANHAS ELEITORAIS DE 2002 E 2006 –MILHÕES DE REAIS DOADOS AO PFL E PMDB PELA EMSA E SUBCONTRATADAS

– FINANCIAMENTO DAS COMPANHAS DO CANDIDATOMARCELO DE CARVALHO MIRANDA (1ª ELEIÇÃO E REELEIÇÃO)

Os desvios constatados em prol do CONSÓRCIO de empresasliderada pela EMSA com bojo do contrato 403/98, permitiu alimentação financeira dedoações para campanhas eleitorais.

Em 2002, o então candidato MARCELO DE CARVALHO MIRANDA,apoiado pelo então governador SIQUEIRA CAMPOS, era filiado ao PFL.

Consultando a prestação de contas disponível no sítio do TSE(docs. anexos e site http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-2002/contas-de-campanha-eleitoral-eleicoes-2002), vê-se facilmente que a EMSA doouR$ 1.500.000,00 ao Comitê Único do PFL e a subcontrata da EMSA, a empresa EGESAdoou outros R$ 417.512,58, totalizando nada menos que R$ 1.917.512,58.

Ressalte-se que, nessa mesma campanha eleitoral de 2002,MARCELO DE CARVALHO MIRANDA declarou em sua prestação de contas pessoalcomo candidato uma arrecadação total de R$ 1.658.763,33 recebidos exatamente do

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Comitê Único do PFL. Assim, nota-se que todo o valor repassado pelo COMITÊ ÚNICOpara a campanha do candidato MARCELO MIRANDA proveio da empresa EMSA esubcontratada EGESA, relevando que o direcionamento da contratação obrasuperfaturada, com sobrepreços e pagamentos indevidos, sem nova licitação, foiretribuído com enormes doações eleitorais que permitiram a campanha de MARCELOMIRANDA. Veja-se o fluxo do dinheiro:

Em 2006, MARCELO DE CARVALHO MIRANDA, entãoGovernador, era candidato à reeleição pelo PMDB, tendo como coligados o PPS e oPFL.

Consultando a prestação de contas disponível no sítio do TSE

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(docs. anexos), vê-se facilmente que a EMSA e algumas das subcontratadas peloConsórcio para a execução direta das obras do Contrato nº 403/98 (EGESAENGENHARIA S/A e FECI ENGENHARIA LTDA.), doaram ao Comitê Financeiro Únicodo PMDB nada menos do que R$ 3.770.000,00 (três milhões e setecentos e setentamil reais).

Não bastasse, outros R$ 1.900.000,00 (um milhão e novecentosmil reais) foram doados ao PFL, então partido coligado, perfazendo um total de R$5.670.000,00 (cinco milhões e seiscentos e setenta mil reais).

Ressalte-se que, nessa campanha eleitoral, MARCELO DECARVALHO MIRANDA declarou em sua prestação de contas pessoal como candidatouma arrecadação e gasto de R$ 6.900.109,94 (seis milhões, novecentos mil, cento enove reais e noventa e quatro centavos), quase tudo proveniente do próprio ComitêFinanceiro do PMDB, que, por sua vez, além de ter arrecadado recursos de pessoasfísicas e jurídicas, recebeu do Comitê Financeiro do PFL o montante de R$1.010.500,00.

Veja-se o fluxo abaixo referente a campanha de 2006:

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Desta forma, está documentalmente comprovado e declarado naprestação de contas eleitoral, que a EMSA e algumas subcontratadas pelo Consórcioforam responsáveis, ao menos indiretamente, pelo financiamento da campanha eleitoralde MARCELO DE CARVALHO MIRANDA, tanto no ano de 2002 (quando era apoiadopor SIQUEIRA CAMPOS), quanto no ano em 2006.

9 – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

O agente público, em suas atividades, deve obedecer diversosprincípios administrativos, previstos no ordenamento jurídico, sobretudo aqueles do artigo37 da Constituição Federal:

“Art. 37. A Administração pública, direta, indireta efundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aosprincípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,publicidade e eficiência, e também, ao seguinte:” […]

Desses princípios os agentes e gestores da res publica não podemse afastar, sob pena de causar a nulidade do ato e de se submeterem às sançõesadministrativas, civis e penais.

A) Infração ao princípio da legalidade

Princípio basilar que norteia os atos da Administração Pública,permeando os passos e os limites de atuação de seus dirigentes, o princípio dalegalidade, imanente ao Estado de Direito, denota que a Administração e os agentespúblicos somente podem agir nos estreitos limites que a lei autoriza.

Celso Antonio Bandeira de Melo ensina que “Assim, o princípio dalegalidade é o da completa submissão da Administração às leis. Esta deve tão-somenteobedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seusagentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o maismodesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridoresdas disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhescompete no Direito brasileiro. Michel Stassinopoulos, em fórmula sintética e feliz,esclarece que, além de não poder atuar contra legem ou praeter legem, a Administraçãosó pode agir secundum legem.” (Curso de Direito Administrativo Brasileiro, 17ª ed.Malheiros, 2004, p.92).

No mesmo sentido ODETE MEDAUAR9:

“Tornaram-se clássicos os quatro significados arrolados pelofrancês Eisenmann: a) a Administração pode realizar todos osatos e medidas que não sejam contrários à lei; b) a Administração

9 Direito Administrativo Moderno, p. 146, São Paulo, RT, 2001.

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só pode editar atos ou medidas que uma norma autoriza; c)somente são permitidos atos cujo conteúdo seja conforme a umesquema abstrato fixado por norma legislativa; d) a Administraçãosó pode realizar atos ou medidas que a lei ordena fazer”.

Em verdade, a eficácia de toda atividade administrativa estácondicionada ao atendimento da lei, constituindo um verdadeiro poder-dever do agentepúblico, conforme lição de HELY LOPES DE MEIRELLES10:

“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal.Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a leinão proíbe, na Administração Pública só é permitido o que a leiautoriza. A lei para o particular significa ‘pode fazer sim’; para oadministrador público significa ‘deve fazer sim’. As leisadministrativas são, normalmente, de ordem pública e seuspreceitos não podem ser descumpridos, nem mesmo por acordoou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vezque contêm verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelosagentes públicos”.

O fato de determinar a execução e pagar com dinheiro públicoobras superfaturadas, viola o princípio da legalidade e causa dano ao Erário.

B) Infração ao princípio da moralidade administrativa

Além da obediência ao princípio da legalidade, que encontrafundamento em normas constitucionais e infraconstitucionais, o agente público tambémdeve ser honesto no desempenho de suas funções. Em outras palavras, não bastaobedecer à lei, porque nem tudo que legal é moral.

Analisando a moral em relação ao objeto do ato administrativo, ailustre Professora MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO11 afirma que:

“[...] não é preciso penetrar na intenção do agente, porque dopróprio objeto resulta a imoralidade. Isto ocorre quando oconteúdo do determinado ato contrariar o senso comum dehonestidade, retidão, equilíbrio, justiça, respeito à dignidade doser humano, à boa fé, ao trabalho, à ética das instituições. Amoralidade exige proporcionalidade entre os meios e os fins aatingir; entre os sacrifícios impostos à coletividade e os benefíciospor ela auferidos; entre as vantagens usufruídas pelasautoridades públicas e os encargos impostos à maioria doscidadãos”.

O Prof. JOSÉ AUGUSTO DELGADO12, ao comentar o mesmo

10 Direito Administrativo Brasileiro, p. 82, São Paulo, Malheiros, 1999.11 Discricionariedade Administrativa na Constituição de 1988, p. 111, S. Paulo, Atlas, 1991.12 O Princípio da Moralidade Administrativa e a Constituição Federal de 1988, RT 680/35.

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princípio, enfatiza que:

“[...] a elevação da dignidade do princípio da moralidadeadministrativa, a nível constitucional, embora desnecessária,porque no fundo o Estado possui uma só personalidade, que é amoral, consubstancia uma conquista da Nação que,necessariamente, por todos os seus segmentos estava a exigiruma providência mais eficaz contra a prática de atosadministrativos violadores do princípio da moralidade. Insurge-se,assim, o administrado, com base em princípio constitucional,contra o erro, o dolo , a violência, a arbitrariedade e o interessepessoal quando presentes na prática da ação administrativapública” (grifos nossos).

Assim, a moralidade deve ser exigida para a validade de qualquerato da Adminstração. Diz Hauriou que, “a moral administrativa não equivale à moralcomum, mas deve ser entendida como uma moral jurídica, equivalendo a um conjunto deregras de conduta tiradas da disciplina interior da Administração. Elucidando o tema, oreferido autor ensina que o agente administrativo, como ser humano dotado decapacidade de atuar, deve, necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o honesto dodesonesto. Não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta, pelo que não bastadistinguir entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, mas também entre o honesto e odesonesto...”13

No caso em apreço, o princípio da moralidade restou atingido pelaatitude continuada e desonesta dos agentes públicos e consórcio de empresas orarequeridos.

A aquiescência por parte do Secretário de Infraestrutura naexecução de obras, com sobrepreço, com serviços indevidos e pagos em duplicidade,superfaturadas, gerando grande desvio de recursos públicos, cujos pagamentos foramautorizados pelo Governador de Estado, mediante a participação dos demaisdemandados, servidores públicos, engenheiros e integrantes da coordenação doDERTINS, representam clara infração ao princípio da moralidade administrativa. Aadesão das empresas na execução das obras, por sua vez, revela a participação noesquema orquestrado para a malversação de recursos públicos.

C) Infração aos princípios da finalidade e economicidade

Todo e qualquer ato da Administração tem um fim almejado, umresultado a ser atingido, que deve ser sempre o mais econômico e favorecer o interessepúblico.

Os requeridos possuíam uma série de funções atribuídas pelaAdministração Pública que deveriam ser usadas em favor do interesse público. Todavia,não foi isso que ocorreu.

13 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo. Atlas, 5ª ed., 1995, p. 71

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Apesar do amplo conhecimento de gestão e técnico, os requeridosconsentiram com a execução de obras onde as irregularidades apontadas acima eramevidentes, inclusive devido ao superdimensionamento, superfaturamento de preço e dequantitativos. Com isso deram causa a graves danos ao erário do Estado do Tocantins.

8.1 – Improbidade Administrativa

Apesar de não ser o pedido da presente ação em razão daprescrição das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa, ressalvado oressarcimento ao Erário, pontua-se que cabe aos servidores públicos, sejam ou nãoagentes políticos, ter uma conduta proba e bem administrar o Erário Público.

O Poder Público tem a obrigação de satisfazer as necessidadescoletivas, diretamente ou mediante concessão, permissão ou autorização, notadamenteaquelas relativas à educação, saúde, saneamento, energia, transporte coletivo etc. Paradisseminar tais benefícios à população, é indispensável a realização de despesas queimplicam na utilização de recursos públicos arrecadados dessa mesma população.

Assim, conclui-se que o dinheiro arrecadado pelo Poder Público,com base em seu poder de império, não lhe pertence e sim ao povo. O Poder Público é,apenas, o seu guardião, o seu fiel depositário e o seu administrador, atuando através dosagentes políticos e dos servidores públicos e visando, precipuamente, a obtençãodaquele desiderato, isto é, o bem comum.

Objetivando essa proteção, a Lei de Improbidade Administrativaprevê três modalidades de atos ímprobos e suas respectivas sanções: a) atos queimportem em enriquecimento ilícito; b) atos que causem prejuízo ao erário; c) atos queatentem contra princípios da administração.

A prática de quaisquer atos dolosos ou culposos que causemprejuízos ao erário ou que infrinjam princípios administrativos pode levar o servidor ouautoridade pública a responder nas esferas administrativa, penal e civil.

Dispõe a Lei nº 8.429/92:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causalesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres dasentidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação aopatrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens,rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial dasentidades mencionadas no art. 1º desta lei;II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privadautilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervopatrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem aobservância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis

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à espécie;V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ouserviço por preço superior ao de mercado;VI - realizar operação financeira sem observância das normaslegais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ouinidônea;VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem aobservância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveisà espécie;VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-loindevidamente;IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadasem lei ou regulamento;X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bemcomo no que diz respeito à conservação do patrimônio público;XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normaspertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicaçãoirregular;XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueçailicitamente;

Continuando, o artigo 11, caput e incisos I, e II da citada Lei,expressa que:

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atentacontra os princípios da administração pública qualquer ação ouomissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento oudiverso daquele previsto, na regra de competência;II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

No caso em testilha, resta configurado que os agentes públicosrequeridos – engenheiros responsáveis pelas medições e integrantes dos órgãos defiscalização e controle do DERTINS, além de Secretário de Estado, Subsecretário deEstado e Governadores de Estado – permitiram a construção de obra superfaturada, comsobrepreço, fraudaram os documentos de medição, emitiram relatórios de aprovação dasmedições irregulares e, por fim, aprovaram pagamentos indevidos ao consórcio deempresas EMSA/RIVOLI/CONSTRUSAN, participando de um esquema que causou umprejuízo ao erário durante a construção da ponte objeto desta ação.

Constatada a lesão ao erário, cabível e necessário o ressarcimentodo Erário, cumprimento às empresas e pessoas físicas que lesaram os cofres públicos adevolução total dos valores desviados.

10 – INDISPONIBILIDADE DOS BENS

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Dispõe o artigo 7º da Lei nº 8.429/92:

“Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimôniopúblico ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridadeadministrativa responsável pelo inquérito representar ao MinistérioPúblico, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput desteartigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimentodo dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante doenriquecimento ilícito.”

Tal regra legal disciplina o mandamento constitucional previsto noartigo 37, § 4º, segundo o qual os atos de improbidade administrativa importarão asuspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bense o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da açãopenal cabível.

Uma vez que os atos mencionados somente nessa ação causaramprejuízo ao erário, até o momento apurado em R$ 466.940.629,63 (quatrocentos esessenta e seis milhões, novecentos e quarenta mil, seiscentos e vinte e nove reaise sessenta e três reais). conforme analisado anteriormente, mister se faz decretar aindisponibilidade dos bens dos requeridos para assegurar o ressarcimento, garantindo-sea recomposição do patrimônio público.

Anote-se que a jurisprudência se firmou no sentido de que para aindisponibilidade de bens basta que a fumaça do bom direito – que é evidente no caso, jáque há laudo pericial do Instituto de Criminalística e Acórdão condenatório do TCEreconhecendo o milionário prejuízo – e o perigo da demora, que em caso de atos deimprobidade é implícito.

Veja-se o seguinte agravo de instrumento julgado pelo TJTO:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº. 50094847320138270000ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DOTOCANTINS.REFERENTE: AÇÃO CIVIL PÚBLICA Nº. 5000695-88.2013.827.2715 – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DECRISTALÂNDIA/TO.AGRAVANTE: LEONCIO LINO DE SOUSA NETO.ADVOGADO: NATANAEL GALVÃO LUZ. AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DOTOCANTINS.PROMOTOR DE JUSTIÇA: AIRTON AMILCAR MACHADOMOMO.PROCURADOR DE JUSTIÇA: JOSÉ DEMÓSTENES DE ABREU.RELATORA: JUÍZA CÉLIA REGINA REGIS.

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EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INDISPONIBILIDADE DEBENS. TUTELA DE EVIDÊNCIA. GRAVIDADE DOS FATOS EPREJUÍZO CAUSADO AO ERÁRIO. DECISÃO MANTIDA.RECURSO IMPROVIDO. 1. Correta a decisão que determinou aindisponibilidade dos bens do agravante visando resguardar oerário para eventual e futura execução, diante de fortes indíciosda ocorrência de improbidade administrativa que se amolda, emprincípio, ao inciso IX do artigo 10, da Lei 8492/92, além deindícios de violação aos princípios da legalidade e da moralidade.2. Trata-se de tutela de evidência, vez que o periculum in moranão decorre da intenção do agente dilapidar seu patrimônio, masda gravidade dos fatos e do prejuízo causado ao erário, atingindotoda a coletividade. 3. Agravo improvido.

Em igual sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiçaestá absolutamente pacificada:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVOREGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVILPÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DEINDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO.DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE DO ART. 7º DA LEI N.8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO.1. O fundamento utilizado pelo acórdão recorrido diverge daorientação que se pacificou no âmbito desta Corte, inclusiveem recurso repetitivo (REsp 1.366.721/BA, Primeira Seção, j.26/2/2014), no sentido de que a decretação deindisponibilidade de bens em improbidade administrativacaracteriza tutela de evidência.2. Daí a desnecessidade de comprovar a dilapidação dopatrimônio para a configuração de periculum in mora , o qualestaria implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n.8.429/92, bastando a demonstração do fumus boni iuris ,consistente em indícios de atos ímprobos.3. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no REsp 1314088/DF – Relator Ministro OG FERNANDES– Órgão Julgador T2 – SEGUNDA TURMA – Data do Julgamento18/06/2014 – Data da Publicação/Fonte DJe 27/06/2014)

Frise-se, por oportuno, que o periculum in mora presumido e aaplicação do artigo 7º da Lei nº 8.429/92 têm total aplicação mesmo no caso onde asdemais sanções (multa civil, suspensão dos direitos políticos etc.) decorrentes do ato deimprobidade já estejam prescritas.

Com efeito, não há modificação da natureza jurídica do atopraticado, que continua configurador de improbidade administrava, não sesujeitando, apenas e tão somente, às demais sanções da Lei nº 8.429/92, ficandolimitado unicamente a uma delas, é dizer, ao ressarcimento do erário.

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A única diferença é que, aqui, a indisponibilidade de bens deverecair em montante suficiente a garantir o ressarcimento, sem o acréscimo damulta civil, sanção esta já prescrita.

Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já assentou que:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EMRECURSO ESPECIAL CONHECIDO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ASSUNÇÃO ILEGAL DEDÍVIDAS PELO MUNICÍPIO. LITISCONSÓRCIO PASSIVONECESSÁRIO. INEXISTÊNCIA. ART. 10 DA LEI 8.429/1992.ELEMENTO SUBJETIVO. CULPA DEMONSTRADA.NEGLIGÊNCIA DO EX-PREFEITO. OCORRÊNCIA DE DANO AOERÁRIO. PREMISSA FÁTICA DA INSTÂNCIA ORDINÁRIA.SÚMULA 7/STJ. APLICAÇÃO DA LEI 8.429/1992 AOS AGENTESPOLÍTICOS. COMPATIBILIDADE COM O DECRETO-LEI201/1967.(…) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVILPÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ASSUNÇÃOILEGAL DE DÍVIDAS PELO MUNICÍPIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535DO CPC NÃO CARACTERIZADA. SÚMULA 284/STF.INDISPONIBILIDADE DE BENS. DANO PATRIMONIAL AOERÁRIO RECONHECIDO. DEFERIMENTO DA MEDIDAJUSTIFICADA. PERICULUM IN MORA IMPLÍCITO.DESNECESSIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DE BENS. MULTACIVIL INAPLICÁVEL. PRESCRIÇÃO DAS DEMAIS SANÇÕESDA LIA.1. Ao alegar violação ao art. 535 CPC, deve o recorrente indicarcom precisão em que consiste a omissão, contradição ouobscuridade do julgado. Aplica-se a Súmula 284/STF quandoforem genéricas as alegações.2. Não há qualquer antinomia entre o Decreto-Lei 201/1967 e a Lei8.429/1992, pois a primeira impõe ao prefeito e vereadores umjulgamento político, enquanto a segunda submete-os aojulgamento pela via judicial, pela prática do mesmo fato.Precedentes.3. O provimento cautelar para indisponibilidade de bens, de quetrata o art. 7º, parágrafo único, da Lei 8.429/1992, exige fortesindícios de responsabilidade do agente na consecução do atoímprobo, em especial nas condutas que causem dano material aoErário.4. O periculum in mora está implícito no próprio comando legal,que prevê a medida de indisponibilidade, uma vez que visa a'assegurar o integral ressarcimento do dano'.5. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, nasdemandas por improbidade administrativa, a decretação deindisponibilidade prevista no art. 7º, parágrafo único, da LIA

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não depende da individualização dos bens pelo Parquet .6. A medida constritiva em questão deve recair sobre o patrimôniodos réus em ação de improbidade administrativa, de modosuficiente a garantir o integral ressarcimento de eventual prejuízoao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de possívelmulta civil como sanção autônoma. Precedentes do STJ.7. Considerando a ocorrência da prescrição punitiva emrelação às demais sanções da LIA, como é o caso da multacivil, a indisponibilidade de bens deve apenas assegurar arecomposição do dano.8. Recurso especial parcialmente conhecido e provido.(REsp 1.256.232/MG – Relatora Ministra ELIANA CALMON –Órgão Julgador T2 – SEGUNDA TURMA – Data do Julgamento19/09/2013 – Data da Publicação/Fonte DJe 26/09/2013)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVILPÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. VIOLAÇÃO DOART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. RESSARCIMENTODE DANO AO ERÁRIO PÚBLICO. IMPRESCRITIBILIDADE.AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.INDISPONIBILIDADE DEBENS. LIMITAÇÃO. CABIMENTO.1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origemdecide, fundamentadamente, as questões essenciais aojulgamento da lide.2. A ação de ressarcimento dos prejuízos causados ao erárioé imprescritível, mesmo se cumulada com a ação deimprobidade administrativa (art. 37, § 5º, da CF).3. É inadmissível o recurso especial quanto a questão nãodecidida pelo Tribunal de origem, dada a ausência deprequestionamento (Súmula 211/STJ).4. Não há contradição em afastar a violação do art. 535 do CPC e,concomitantemente, em não conhecer do mérito do recurso porausência de prequestionamento, desde que o acórdão recorridoesteja adequadamente fundamentado.5. Inviável a verificação de legitimidade passiva de ex-prefeito,pois demanda a análise dos elementos probatórios dos autos, afim de se perquirir sua participação na consecução de eventuaisirregularidades no procedimento licitatório. Incidência da Súmula7/STJ.6. A medida constritiva em questão deve recair sobre opatrimônio dos réus em ação de improbidade administrativa,de modo suficiente a garantir o integral ressarcimento deeventual prejuízo ao erário, levando-se em consideração,ainda, o valor de possível multa civil como sanção autônoma.Precedentes do STJ.7. Considerando a ocorrência da prescrição punitiva emrelação às demais sanções da LIA, como é o caso da multacivil, a indisponibilidade de bens deve apenas assegurar a

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recomposição do dano.8. Recurso especial parcialmente conhecido e provido, tãosomente para limitar o quantum da indisponibilidade de bens aovalor do dano ao erário apurado.(REsp 1.347.947/MG – Ministra ELIANA CALMON – ÓrgãoJulgador T2 – SEGUNDA TURMA – Data do Julgamento20/08/2013 – Data da Publicação/Fonte DJe 28/08/2013).

Assim, justa e necessária a indisponibilidade de bens dos réus,limitado, in casu, ao valor do dano apontado nesta inicial.

11 – CONCLUSÃO

As investigações realizadas no procedimento revelaram que umesquema articulado de fraudes na execução de obras públicas foi arquitetado pelosrequeridos com o intuito de lesar o erário estadual, havendo clara divisão de tarefas demodo a permitir que o processo de liberação dos recursos públicos tivesse aparência delegalidade.

Diante disso, requer o Ministério Público:

1. seja liminarmente decretada a indisponibilidade dos bens dos requeridos, jáqualificados, até o montante do valor a ser ressarcido ao erário estadual,totalizando R$ 466.940.629,63 (quatrocentos e sessenta e seis milhões,novecentos e quarenta mil, seiscentos e vinte e nove reais e sessenta e trêsreais). Para o implemento da medida requer seja determinado que Estado doTocantins informe o eventual valor total que tem a pagar em benefício dasempresas rés por outras obras/serviços, e deposite judicialmente, em contaespecífica a ser aberta por ordem desse juízo, o quantum acima referido(indisponibilidade de crédito das rés perante o Estado), a fim de que seja usadofuturamente para o ressarcimento do dano. Sem prejuízo, não sendo possíveltal medida, ou insuficiente o valor indisponibilizado, requer o bloqueio de ativosfinanceiros via BACENJUD, bem como a anotação da indisponibilidade deidêntico valor nas matrículas dos bens imóveis que os requeridos possuem nascidades de Palmas/TO, Brasília/DF, Goiânia/GO e Aparecida de Goiânia/GO, ouonde vierem a ser localizados, expedindo-se ofício aos Cartórios de Registro deImóveis para a anotação da medida;

2. sejam julgados procedentes os pedidos, condenando os requeridos aoressarcimento integral do dano apurado, em razão de suas responsabilidadespelas condutas delineadas nesta ação, que redundaram em lesão ao erário novalor apurado de R$ 466.940.629,63 (quatrocentos e sessenta e seis milhões,novecentos e quarenta mil, seiscentos e vinte e nove reais e sessenta e trêsreais), somente considerando-se atualização monetária, devendo os jurosserem fixados em sentença.

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