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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DA
INFÂNCIA E JUVENTUDE CÍVEL E PROTETIVA DA COMARCA DE
CAMPINAS
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO, por intermédio do Promotor de Justiça da Infância e da Juventude
- 33º Promotor de Justiça de Campinas, legitimado pelo artigo 129, II e III, da
Constituição Federal; artigo 25, inciso IV, “a”, da Lei 8.625/93 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público); artigo 1º, inciso IV, da Lei nº 7.347/85 (Lei da
Ação Civil Pública) e artigo 201, inciso V, da Lei n° 8.069/90 (ECA), tendo em
vista o apurado no incluso inquérito civil (nº 14.0713.000333/2015-7/11), a
cujas peças se reporta, vem ajuizar a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO
JUDICIAL DE INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E
ADOLESCENTES (artigo 208, II, do ECA), com pedido de TUTELA DE
URGÊNCIA e de condenação a obrigação de fazer, a ser processada pelo rito
ordinário, em face do
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COLÉGIO ADVENTISTA DE CAMPINAS (Instituição Paulista Adventista de
Educação e Assistência Social – IPEAS), pessoa jurídica de direito privado,
com sede na Rua Oscar Leite, 55, Campinas/SP, CEP 13.041-620, pelos fatos
e motivos a seguir expostos.
I. DOS FATOS.
Instaurou-se nesta Promotoria de Justiça inquérito
civil público, decorrente de evolução de PANI para ICP, iniciado por ficha de
atendimento de Regina Celia Aparecida Marinho de Paula, mãe do Aluno
Plínio de Paula Júnior, portador de autismo leve, figurando com investigado o
Colégio Adventista de Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação
e Assistência Social – IPAEAS), e tendo como objeto a apuração de
implantação do Atendimento Educacional Especializado na instituição.
Ainda no decorrer do mencionado PANI, algumas
providências já haviam sido tomadas, como a expedição de ofício à direção do
Colégio Adventista para que tomasse as providências necessárias para que
propiciasse ao aluno Plínio o suporte pedagógico de que ele necessitava, bem
como para que providenciasse a entrega do boletim escolar aos pais da
criança.
A Diretoria de Ensino passou a acompanhar o caso,
sendo apontada a necessidade do Colégio emitir boletim escolar, assim como
apontou ser necessária uma avaliação mais minuciosa sobre o
desenvolvimento do aluno, a fim de verificar a necessidade ou não de um
profissional para auxiliar a professora na classe durante as aulas regulares.
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Foram realizadas reuniões com as partes
interessadas, na tentativa de resolver os impasses.
Em resposta, o Colégio Adventista contestou, em
linha gerais, as postulações dos pais da criança Plínio, sustentando que, no
seu entendimento, a implantação do AEE – Atendimento Educacional
Especializado seria direcionado apenas às escolas públicas e não às
particulares.
Assim, com relação ao aluno Plínio de Paula Junior,
foi proposta, pela Defensoria Pública, Ação de Obrigação de Fazer em face do
Colégio Adventista, ora réu (Processo nº 1034114-72.2015.8.26.0114), visando
a regular efetivação de sua matrícula e fornecimento de professor auxiliar,
entre outros direitos, estando o processo em fase recursal.
Ocorre que, no decorrer do procedimento, verificou-
se que havia mais alunos portadores de deficiência estudando na referida
escola, enfrentado os mesmos problemas da criança Plínio, ou parte deles,
razão pela qual o procedimento foi convertido em inquérito civil.
Diante disso, foram ouvidos os pais de outros alunos
portadores de necessidades especiais, os quais informaram, em linhas gerais,
o descumprimento por parte do Colégio Adventista da legislação pertinente,
chegando inclusive a exigir dos responsáveis a assinatura de um aditamento
ao contrato de prestação de serviços, segundo o qual os pais seriam
responsáveis por qualquer monitor ou profissional especializado de que a
criança necessitasse, sendo esta condição para a rematrícula do aluno no
próximo ano letivo.
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Foi elaborado ainda, após solicitação da Promotoria
de Justiça da Infância e da Juventude, minucioso relatório pelo Núcleo de
Assessoria Técnica Psicossocial – NAT, do Ministério Público do Estado de
São Paulo, o qual apontou que o Colégio Adventista de Campinas apresentava
aproximadamente um total de 42 alunos de inclusão que necessitavam de
atendimento especializado (conforme documento anexo).
Assim, confirmando o que foi verificado pela equipe
do NAT, a Diretoria Regional de Ensino – Campinas Oeste apontou, através de
Relatório de Supervisão, sete crianças e adolescentes portadores de
deficiência que estão matriculados no Colégio Adventista (conforme
documento da Diretoria de Ensino de fls. 696 a 699), sem receber, ou
recebendo apenas parcialmente, o atendimento educacional especializado
necessário (documento anexo), mesmo após a vigência do Estatuto da Pessoa
com Deficiência - Lei Brasileira de Inclusão – Lei 13.146/2015 e da expedição
de Recomendação conjunta da Promotoria de Justiça da Infância e da
Juventude e da Diretoria de Ensino (fls. 447 a 452).
Não há dúvida, portanto, de que o Colégio
Adventista está se omitindo em relação ao dever de oferecer atendimento
especializado por meio da disponibilização de professores auxiliares e
profissionais de apoio escolar aos alunos com necessidades especiais cujas
limitações exigem o concurso desses profissionais, o que deve ser feito às
suas expensas, sem a cobrança individual e discricionária de qualquer
acréscimo na mensalidades dos alunos com deficiência.
Quanto ao Boletim Escolar das crianças deficientes
da referida escola, cuja entrega vem sendo negada aos pais e responsáveis
dessas crianças deficientes e mesmo a elas, criando-se situações
constrangedoras para as próprias crianças, onde todos da classe recebem um
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documento que lhes é negado, cumpre observar que a própria Diretoria de
Ensino recomendou a sua elaboração, devendo ainda “permitir aos pais
aferir se o desenvolvimento cognitivo de seus filhos está ou não
atingindo as expectativas de aprendizagem de forma satisfatória ou
insatisfatória” (fls. 202). Ademais, deixando a escolar de fornecer Boletim
Escolar a esses alunos com deficiência, cria um problema para os referidos
estudantes por ocasião de eventual transferência para outra escola, na qual,
certamente se exigirá a apresentação do Boletim Escolar, ainda que
contemple algumas peculiaridades avaliativas diante da situação do aluno ser
uma pessoa deficiente, mas que merece a mesma atenção que as demais
quanto ao registro de seu aproveitamento escolar.
É certo também que o réu não disponibilizou Sala de
Recursos para esses alunos, inviabilizando o pleno processo de
aprendizagem. Tal equipamento, certamente, poderá ser compartilhado por
todos os alunos deficientes da escola, contemplando os materiais necessários
(materiais didáticos, equipamentos e recursos de tecnologia assistiva – art. 28,
inc. VI, LBI) para se trabalhar com as especificidades da deficiência de cada
um dos alunos matriculados.
Em face do exposto, como a situação retratada
afronta o estabelecido na lei quanto ao direito ao acesso irrestrito à educação
das pessoas com deficiência e diante da omissão do réu em relação à
contratação e destinação dos referidos profissionais, resta somente a
possibilidade de se buscar a tutela jurisdicional desses interesses difusos,
buscando-se o veredicto do Poder Judiciário.
Cabe ainda informar que, ao longo de todo o trâmite
do procedimento administrativo que instrui esta ação, o Ministério Público
buscou, de forma incansável, o diálogo com a requerida e o fornecimento de
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informações indispensáveis para uma melhor aferição dos fatos e para a
tomada de decisões visando a plena inclusão das crianças e adolescentes com
deficiência, como por exemplo, os dados alusivos às crianças deficientes da
escola, informação essa sonegada ao Ministério Público, por mais de uma vez,
ensejando a tomada de providências para apuração de eventual prática
criminal prevista no art. 10 da lei 7.347/1985. Além disso, na última reunião
agendada na Promotoria de Justiça para discutir o tema, na presença de
técnicos da Diretoria de Ensino, do NAT/MP e da Defensoria Pública, a
representada não compareceu e sequer justificou a ausência, dando mostras
assim de que não estaria disposta a celebrar qualquer Termo de Ajustamento
de Conduta visando a sua adequação ao novo paradigma legal vigente.
Segundo apurado no Relatório da Supervisão de
Ensino (fls. 697 a 699), no Colégio Adventista em Campinas estudam outras
crianças/adolescentes com deficiência, além de Plínio de Paula Júnior
(autismo leve), sendo eles: Leonardo Pontes da Silva (com transtornos globais
de desenvolvimento); Giovana Novais Prado (deficiência intelectual); Rafaela
Cardoso Silva (distúrbio de aprendizagem); José Henrique Anacleto Pereira
(deficiência auditiva); Henrique Ferreira (deficiência intelectual) e Allan Lobato
Nabeiro (síndrome de Asperger). Ocorre que, além desses alunos não
contarem com o auxílio de sala de recursos e, em alguns casos, de professor
auxiliar com formação específica, também não teriam um Plano Individual de
Atendimento Especializado, o que seria de rigor por força do que dispõe
também a Resolução nº 04/2009 do MEC, além do art. 28, inc. VII, da lei
13.146/2015.
Quanto aos fatos, por derradeiro, cabe mencionar o
percuciente relatório elaborado pela equipe técnica do Núcleo de Assessoria
Técnica Psicossocial – NAT (fls. 361 a 377), no curso do qual se conclui que:
“ainda que o Colégio Adventista esteja possibilitando o acesso dos
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alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação , da educação infantil até a educação superior,
incluindo a participação da família e possibilitando o acesso a recursos
de tecnologia assistiva, ao não ofertar o AEE, há prejuízos na eliminação
de barreiras que possam obstruir o processo de escolarização desses
estudantes. Nesse sentido, não há salas de recursos ou professores com
formação em educação especial com atuação específica no AEE nas
escolas. É importante lembrar que o AEE difere de outros apoios clínicos
ou terapêuticos, ou ainda do reforço escolar, já que está situado no
campo dos recursos pedagógicos e de acessibilidade. O AEE é parte
integrante do processo educacional, e constitui-se oferta obrigatória dos
sistemas de ensino”. (fls. 376)
II - DO DIREITO.
O artigo 5º, caput, da Constituição Federal
estabelece que:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Para que haja a verdadeira igualdade, o princípio da
isonomia estabelecido neste artigo da Carta Magna deve ser corretamente
interpretado.
Segundo leciona Luiz Alberto David Araújo:
A igualdade formal deve ser quebrada diante de situações que,
logicamente, autorizem tal ruptura. Assim, é razoável entender-se que a pessoa portadora de deficiência tem, pela sua própria condição, direito à quebra da igualdade, em situação das quais participe com
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pessoas sem deficiência. Assim sendo, o princípio da igualdade incidirá, permitindo a quebra da isonomia e protegendo a pessoa portadora de deficiência, desde que a situação logicamente o autorize. Seria, portanto, lógico afirmar que a pessoa portadora de deficiência tem direito a um tratamento especial dos serviços de saúde ou à criação de uma escola especial ou, ainda a um local de trabalho protegido. (A proteção Constitucional das Pessoas Portadoras de Deficiência, Brasília, Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994, p. 52)
No mesmo sentido vale ressaltar a lição de Paulo
Afonso Garrido de Paula e Liliana Mercadante Mortari que afirmam:
...seus direitos fundamentais ligados à vida, saúde, educação, liberdade e locomoção, convivência familiar e comunitária, segurança, trabalho, lazer, respeito etc. devem ser disciplinados à luz dos obrigados (Família, Sociedade e Estado), de modo que a subordinação aos seus direitos não seja considerada concessão ou condescendência, mas imperativos de um Estado Democrático de Direito que percebe seus integrantes com as peculiaridades que lhe são próprias. Complementa tal idéia a necessidade de reconhecimento de direitos especiais, como a acessibilidade, inclusão, garantia ao trabalho, habilitação e reabilitação, profissionalização, atendimento educacional especializado, renda mínima, esportes e lazer adequados à sua condição etc, de modo a eliminar ou reduzir os obstáculos que impeçam o exercício da própria cidadania. (Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, 1º edição, São Paulo, editora Max Limonad, 1997, p. 131)
O legislador percebeu que certos grupos da
sociedade - dentre os quais, as pessoas com deficiência - necessitam, por sua
própria condição, de uma proteção específica e indispensável para que
possam se integrar à sociedade, dela participando em condições de igualdade.
Assim, o princípio da igualdade funciona como regra
mestra e deve ser invocado para garantir o direito à integração social e
educacional da pessoa com deficiência. É certo, porém, que um dos grandes
obstáculos ao direito à integração e inclusão do aluno com deficiência motora e
neurológica é a ausência de professor auxiliar e de cuidador, que o assessore
não somente em seus cuidados básicos de alimentação e higiene pessoal
(quando o caso), mas também em seu aprendizado. É responsabilidade
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desses profissionais oferecer suporte aos alunos com deficiência, auxiliando-
os no cotidiano escolar do aluno que não consegue realizar, com
independência, as atividades de alimentação, utilização do banheiro, higiene
bucal e higiene íntima, locomoção e administração de medicamentos de que,
bem assim prestar assistência pedagógica individual ao aluno portador de
necessidades especiais, a fim de auxiliá-lo na compreensão e absorção do
conteúdo escolar em observação às suas condições pessoais.
No momento em que se nega o acesso a esses
profissionais de apoio aos alunos com deficiência, priva-se- lhes também a sua
integração social, e conseqüentemente, o exercício da cidadania, já que lhes
impede de freqüentar o ambiente escolar ou de desenvolver as suas
potencialidades no ambiente escolar, não os incluindo.
Foi exatamente para garantir este direito à igualdade
que o legislador estabeleceu no artigo 227, parágrafo 1º da CF:
Parágrafo 1º O Estado promoverá programas de assistência
integral à saúde da criança e do adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo aos seguintes preceitos:
II - criação de programas de prevenção e atendimento
especializado para os portadores de deficiência física, sensorial
e mental, bem como de integração social do adolescente
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e
a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços
coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos
arquitetônicos.
Já no capítulo Da Educação, da Cultura e do
Desporto, no artigo 208, a mesma Carta dispõe que:
Art. 208 – O dever de Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
III. atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; (...)
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Sobre o mesmo assunto, mas em sede de
Constituição Estadual, temos que:
Art. 239 - O Poder Público organizará o Sistema Estadual de Ensino, abrangendo todos os níveis e modalidades, incluindo a especial, estabelecendo normas gerais de funcionamento para as escolas públicas estaduais e municipais, bem como para as particulares.
§1º - Os Municípios organizarão, igualmente, seus sistemas de
ensino. § 2º - O Poder Público oferecerá atendimento especializado aos
portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino.
Desta forma, visando à existência de uma sociedade
inclusiva, bem como alcançar à verdadeira igualdade estabelecida na
Constituição, a legislação infra-constitucional normatizou alguns direitos aos
portadores de deficiência, entre eles, o acesso igualitário a educação.
A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, visando à
integração social do portador de deficiência, dispôs que:
Art. 2º. Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às
pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus
direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
Parágrafo único - Para o fim estabelecido no caput deste artigo,
os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objeto desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas:
Na área da educação
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação
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profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios.
Já o decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999,
que regulamentou a Lei n. 7853/89, dispondo sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, estabeleceu:
Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos objetos deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: (...)
Parágrafo 1º - Entende-se por educação especial, para os efeitos deste Decreto, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando com necessidades educacionais especiais, entre eles o portador de deficiência. (...)
Parágrafo 4º - A educação especial contará com equipe
multiprofissional, com a adequada especialização, e adotará
orientações pedagógicas individualizadas.
Art. 29. As escolas e instituições de educação profissional
oferecerão, se necessário, serviços de apoio especializado para atender às peculiaridades da pessoa portadora de deficiência, tais como: (...)
II - capacitação dos recursos humanos: professores, instrutores
e profissionais especializados;
Seguindo as mesmas diretrizes da educação
inclusiva, o Brasil em agosto deste ano, sancionou a Convenção Internacional
Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ocorrida em 30 de março de
2007 em Nova York. Esta convenção adentrou o ordenamento jurídico nacional
através do Decreto nº 6.949 de 25 de agosto de 2009. Estabelece que:
Artigo 3. Princípios Gerais.
Os princípios da presente Convenção são: (...) c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade; (...)
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d) A igualdade de oportunidades;
Artigo 24. Educação 1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com
deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:
(...) c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.
2. Para realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que: (...) b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem; c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas; d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação; e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena.
4. A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados
Partes tomarão medidas apropriadas para empregar professores, inclusive professores com deficiência, habilitados para o ensino da
língua de sinais e/ou do braile, e para capacitar profissionais e
equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização da deficiência e a utilização de modos, meios e formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência.
A Nota Técnica nº 15/2010 – MEC/CGPEE/GAB,
prevê que o Atendimento Educacional Especializado – AEE, consistente no
conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular, também se aplica aos alunos
matriculados na rede particular de ensino, dúvida que, se existia por parte da
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requerida, foi definitivamente afastada com o advento da lei 13.146/2015, em
seu art. 28, § 1º.
Além disso, é preciso observar que o art. 209 da
Constituição Federal estabelece que:
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
seguintes condições:
I – cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II – autorização e avaliação da qualidade pelo Poder Público.
Portanto, mesmos os estabelecimentos de ensino
particulares, como no caso vertente, devem obediência ao regramento
educacional existente no país, inclusive no que pertine sobre o acesso à
educação especial.
Por fim, vale registrar que a Lei Brasileira de
Inclusão, Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), estabelece
aos estabelecimentos de ensino o dever de disponibilizar, no sistema
educacional inclusivo, professores para o atendimento educacional
especializado, além dos profissionais de apoio escolar (artigo 28, I, XI e XVII):
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a
garantir condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de
acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão
plena;
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III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento
educacional especializado, assim como os demais serviços e
adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes
com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em
condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua
autonomia;
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira
língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda
língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em
ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos
estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, a
participação e a aprendizagem em instituições de ensino;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos
métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de
equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano
de atendimento educacional especializado, de organização de
recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e
usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas
famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade escolar;
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, vocacionais e
profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade, as
habilidades e os interesses do estudante com deficiência;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas
de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação
continuada para o atendimento educacional especializado;
XI - formação e disponibilização de professores para o
atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes
da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de apoio;
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de
recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades
funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação;
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XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e
tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as
demais pessoas;
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível
superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas
relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de
conhecimento;
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de
condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de lazer, no
sistema escolar;
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da
educação e demais integrantes da comunidade escolar às
edificações, aos ambientes e às atividades concernentes a todas as
modalidades, etapas e níveis de ensino;
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas
públicas.
E ainda, consoante o disposto parágrafo primeiro, do
referido art. 28 da Lei Brasileira de Inclusão, é vedada qualquer cobrança pela
instituição de ensino privada, para implementação dos direitos que tratam da
inclusão da pessoa com deficiência:
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
(...)
§ 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade
de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V,
VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste
artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de
qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas no cumprimento dessas determinações.
Dessa forma, os recursos para a implantação do
Atendimento Educacional Especializado devem ser garantidos pela escola,
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sendo descabida a imposição desse ônus aos pais de crianças portadoras de
necessidades especiais, o que pode inviabilizar o estudo dessas crianças em
escolas particulares, colocando-se aos seus pais um ônus desproporcional.
III. DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
Em face do disposto nos art. 129, inciso III, da
Constituição Federal, incumbe ao Ministério Público “promover o inquérito civil
e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
A Lei nº 7.347/85 em seu artigo 1º, inciso IV, instituiu
caber a ação civil pública a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
De forma específica, o Estatuto da Criança e do
Adolescente e a Lei n. 7853 de 24 de outubro de 1989, estabeleceram
taxativamente:
Compete ao MINISTÉRIO PÚBLICO: ...V – promover o
inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, parágrafo terceiro, inciso II, da Constituição Federal; ...VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis...” (artigo 201 do Estatuto da Criança e do Adolescente)
Art. 3º - As ações civis públicas destinadas à proteção de
interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, por associação constituída há mais de ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras de deficiência.
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Logo compete ao Ministério Público no âmbito de
sua atuação funcional promover a competente ação judicial para a defesa dos
direitos das crianças e adolescentes com deficiência.
IV. DA TUTELA DE URGÊNCIA
Dispõe o art. 300 do Código de Processo Civil que:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(...) § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou
após justificação prévia.
No caso em debate, é flagrante a ilegalidade da
conduta do Colégio Adventista, ante a inércia de promover a contratação de
professores auxiliares em sala de aula para o atendimento educacional
especializado e de profissionais de apoio escolar, em favor dos alunos com
deficiência, sem a imposição de ônus exclusivo aos seus responsáveis legais,
impondo-se a concessão da tutela de urgência, liminarmente, como forma de
se evitar a perpetuação da omissão do réu.
V. DO PEDIDO.
Diante do exposto, requer-se:
a) a concessão da tutela de urgência, liminarmente,
em face dos fatos já apontados e do periculum in mora a que estão sujeitos os
alunos com deficiência, tomando as providências necessárias para que no
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prazo máximo de 90 dias, sejam contratados professores auxiliares em sala de
aula para o atendimento educacional especializado, com formação específica,
e de profissionais de apoio escolar, para atender os alunos do Colégio
Adventista que necessitam de cuidados especiais, como aqueles citados
exemplificativamente nessa ação, vedando-se a cobrança de adicionais nas
mensalidades dos alunos portadores de deficiência em decorrência dessa
contratação; seja implantada Sala de Recursos, para melhor trabalhar as
habilidades dos alunos deficientes, bem como seja elaborado Plano
Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado, para cada
criança/adolescente com deficiência que estuda na requerida, sob pena de
multa diária de R$2.000,00 pelo não cumprimento do determinado;
b) a citação do réu, para responder aos termos da
presente ação, sob pena de revelia;
c) ao final, a procedência da presente ação, com a
condenação do réu a adotar as providências que garantam a contratação de
professores auxiliares em sala de aula para o atendimento educacional
especializado, com formação específica, e de profissionais de apoio escolar,
bem como efetive a implantação de sala de recursos para todo e qualquer
aluno deficiente matriculado no Colégio Adventista que, por suas limitações,
necessite desse atendimento especializado e, também, forneça boletim escolar
a esses alunos, aferindo-se, objetivamente, os seus desempenhos escolares,
ainda que com peculiaridades decorrentes da deficiência, bem como elabore
Plano Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado, para cada
aluno deficiente, sob pena de pagamento de multa diária, a ser fixada por este
Meritíssimo Juízo, pelo seu não cumprimento.
Protesta provar o alegado por todos os meios de
prova em direito admitidos, especialmente depoimento pessoal, oitiva de
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testemunhas, juntada de documentos e perícia pedagógica especializada em
inclusão escolar.
Dá-se à causa o valor de R$ 2.000,00 (mil reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Campinas, 11 de novembro de 2016.
Rodrigo Augusto de Oliveira
Promotor de Justiça da Infância e da Juventude
Eduardo Cruz Fochesato
Analista de Promotoria I (Assistente Jurídico)
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Autos nº 1048681-74.2016 - Ação Civil Pública
Autor: Ministério Público do Estado de São Paulo
Réu: Colégio Adventista de Campinas (Instituição Paulista Adventista de
Educação e Assistência Social - IPEAS)
Manifestação do Ministério Público
MM Juiz:
O Ministério Público do Estado de São Paulo, por seu
representante abaixo assinado, vem mui respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar sua RÉPLICA à contestação apresentada pelo
Colégio Adventista de Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação e
Assistência Social - IPEAS) (fls. 784/845), expondo e requerendo o quanto
segue:
Da preliminar:
Inicialmente, observa-se que o réu não faz jus aos benefícios
da assistência judiciária gratuita. Isso porque, muito embora se trate de
entidade educacional e filantrópica, sem fins lucrativos, o réu não demonstrou a
falta de condições para arcar com as despesas do processo.
Assim, a condição de entidade filantrópica, por si só, não é
suficiente para a concessão do aludido benefício, sendo necessária a
comprovação da impossibilidade de pagamento dessas despesas.Ademais, a
grandiosidade dos estabelecimentos educacionais geridos pela ré, envolvendo
diversos estabelecimentos de ensino na cidade de Campinas e em outros
municípios do interior, com ampla publicidade em renomados órgãos de
comunicação social, indica o descabimento do benefício postulado, justificável
apenas quando a requerida não possui condições econômicas para arcar com
os custos do processo, o que certamente não é o caso.
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Do mérito:
Muito embora a requerida alegue que sempre foi solícita em
relação aos pedidos do Ministério Publico, não foi o que se observou durante o
trâmite do inquérito civil, haja vista que muitas informações presentes no ICP
precisaram ser obtidas de forma indireta, sem qualquer colaboração da
requerida.
A ausência da ré em reunião previamente agendada
demonstrou, por si só, falta de comprometimento e inviabilizou a celebração de
um possível compromisso de ajustamento de conduta, o qual poderia ter
evitado a propositura da presente ação, objetivando a adequação da entidade à
legislação vigente.
Conforme exposto na exordial, as questões envolvendo
especificamente o aluno Plínio de Paula Junior, não são objeto da presente
ação, a qual recai sobre todos os estudantes deficientes do Colégio Adventista,
incluindo a criança Plínio, do presente e do futuro, tratando-se, portanto, de
ação que tutela interesses difusos.
Contudo, resta patente que, caso o Colégio Adventista já
dispusesse do AEE de forma adequada, os problemas envolvendo a criança
Plínio certamente não teriam tomado tamanha proporção. Ademais, a
afirmação da requerida no sentido de que a criança Plínio não apresentava e
não apresenta condições mínimas de adaptação ao ambiente escolar regular,
soa como absurda e preconceituosa, procurando jogar nas costas da criança
todas as dificuldades encontradas em seu aprendizado na Escola Adventista,
quando a própria escola falhou no atendimento educacional especializado de
que Plínio e outras crianças ali matriculadas necessitavam e necessitam, ainda
que possa ter tomado, a muito custo, algumas medidas que, entretanto, não
foram suficientes e eficazes no atendimento desses estudantes.
Desta forma, Excelência, o Ministério Público, no cumprimento
de seu dever, de forma verdadeira, apenas procurou retratar o ocorrido,
buscando o atendimento dos direitos das crianças e adolescentes com
deficiência da referida escola, a qual, desde o início do inquérito civil público
que resultou na presente ação, se pautou por uma postura intransigente e
autossuficiente, negando-se a propiciar o atendimento que esse estudantes
deficientes necessitam, ou o propiciando de forma incipiente e deficiente,
descumprindo assim com o seu dever legal, lançando a culpa pelo eventual
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insucesso na aprendizagem, sobre os próprios estudantes, como se deu, de
forma covarde e equivocada, no caso da criança Plínio, onde inclusive se
chegou ao cúmulo de se tomar uma decisão unilateral pela transferência
compulsória da criança, sem que lhe fosse assegurado o direito de defesa na
reunião do Conselho Disciplinar. Isso sem falar em outras situações
inexplicáveis criadas pela requerida, como impedir ou dificultar o acesso dos
pais da criança Plínio aos seus professores, o que certamente contribuiu para
as dificuldades do desempenho escolar da criança, ou mesmo as dificuldades
criadas para dialogar com o NAT do Minisitério Público e o psicólogo da
Defensoria Pública, que se colocaram à disposição para aprofundar o diálogo
e buscar soluções para a melhoria do atendimento educacional para Plínio e
que poderia se estender para outras crianças e adolescentes deficientes
estudantes do Colégio Adventista.
E não foi só, ficou claro que até mesmo a Diretoria de Ensino
encontrou e encontra dificuldades no trato com a requerida, tanto assim que a
recomendação para aperfeiçoamento do Boletim Escolar, com a adoção de
dados objetivos para permitir uma avaliação sobre o desempenho escolar do
estudante com deficiência, foi solenemente ignorada pelo Colégio Adventista,
razão pela qual, também se insere num dos pedidos desta ação.
.
Ressalta-se, mais uma vez, a existência de ação individual
proposta pela Defensoria Pública, em face do Colégio Adventista, ora réu
(Processo nº 1034114-72.2015.8.26.0114), visando a regular efetivação de sua
matrícula e fornecimento de professor auxiliar, entre outros direitos, estando o
processo em fase recursal, sendo a ação julgada procedente em primeiro grau.
Em que pese todo esforço da defesa, sua principal
argumentação é no sentido de que seria apenas dever do Estado oferecer
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, o qual
não se estenderia às instituições de ensino privadas.
Todavia, tal entendimento não pode prosperar, senão vejamos:
Os fundamentos básicos do direito à educação no Brasil estão
elencados nos arts. 205 a 214 da Constituição Federal de 1988.
Especificamente, o art. 208 dispõe que:
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
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(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos
os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009); II - progressiva universalização do
ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de
1996); III - atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento
em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV -
educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). V - acesso
aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular,
adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no
ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-
escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. VII - atendimento ao
educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de
2009). § 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo. § 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público,
ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. §
3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
pela freqüência à escola."
Verifica-se que, o acesso ao ensino obrigatório, tal como
assegurado na Constituição, constitui-se em direito público subjetivo (art. 208,
§1º).
Nos termos da Constituição, é dever do Estado garantir
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, inc. III).
A Nota Técnica nº 15/2010 – MEC/CGPEE/GAB, prevê que o
Atendimento Educacional Especializado – AEE, consistente no conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular, também se aplica aos alunos
matriculados na rede particular de ensino.
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Além disso, é preciso observar que o art. 209 da Constituição
Federal estabelece que: “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação
nacional; II – autorização e avaliação da qualidade pelo Poder Público”.
Portanto, mesmos os estabelecimentos de ensino particulares,
como no caso vertente, devem obediência ao regramento educacional
existente no país, inclusive o que dispõe sobre o acesso à educação especial.
Nesse mesmo sentido, a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa
com Deficiência), que entrou em vigor em 07 de janeiro do ano de 2016,
dispõe expressamente, em seu artigo 28, parágrafo único, que é vedada
qualquer cobrança pela instituição de ensino privada, para implementação dos
direitos que tratam da inclusão da pessoa com deficiência, afastando assim
qualquer dúvida que ainda pudesse restar sobre o tema:
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar,
incentivar, acompanhar e avaliar:
(...)
§ 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino,
aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI,
XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a
cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas
determinações. (g.n.)
Observa-se, inclusive, que a constitucionalidade do dispositivo
expresso no art. 28, § 1º e art. 30 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, foi
questionada em Ação Declaratória de Inconstitucionalidade, ajuizada pela
Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN), na
qual foi decidido o seguinte:
São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 9/6/2016 (Info 829).
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Com efeito, uma vez comprovada a deficiência do estudante e
apontadas as suas necessidades, os recursos para a implantação do
Atendimento Educacional Especializado devem ser garantidos pela escola,
sendo descabida a imposição desse ônus aos pais de crianças portadoras de
necessidades especiais, o que pode inviabilizar o estudo dessas crianças em
escolas particulares, colocando-se aos seus pais um ônus desproporcional e
descabido. Trata-se , portato, de norma que visa à implantação de um novo
paradigma no atendimento educacional de estudantes deficientes, cujos
esforços, de forma solidária, deve ser suportado por todos, a saber, Estado,
instituições públicas e particulares de ensino, sociedade e às famílias.
Diante do exposto, requer o Ministério Público o julgamento
antecipado da ação, reconhecendo-se a procedência da presente ação,
conforme requerido na exordial, fundamentada por farta documentação, com a
condenação do réu a adotar as providências que garantam a contratação de
professores auxiliares em sala de aula para o atendimento educacional
especializado, com formação específica, e de profissionais de apoio escolar,
bem como efetive a implantação de sala de recursos que atenda todo e
qualquer aluno deficiente matriculado no Colégio Adventista que, por suas
limitações, necessite desse atendimento especializado e, também, forneça
boletim escolar a esses alunos, aferindo-se, objetivamente, os seus
desempenhos escolares, ainda que com peculiaridades decorrentes da
deficiência, bem como elabore Plano Pedagógico de Atendimento Educacional
Especializado, para cada aluno deficiente, sob pena de pagamento de multa
diária, a ser fixada por este Meritíssimo Juízo, pelo seu não cumprimento.
Caso Vossa Excelência entenda necessária a realização de
perícia, por profissional com conhecimento na área de educação inclusiva,
requer a oportuna abertura de vista nos autos para a apresentação de quesitos.
Campinas, 23 de fevereiro de 2017.
RODRIGO AUGUSTO DE OLIVEIRA
Promotor de Justiça da Infância e da Juventude
EDUARDO CRUZ FOCHESATO
Analista de Promotoria I (Assistente Jurídico)
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA de CampinasFORO DE CAMPINASVARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, PROTETIVA E CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINASAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Sala 136 - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: (19) 3756-3567 - E-mail: [email protected]
1048681-74.2016.8.26.0114 - lauda 1
SENTENÇA
Processo nº: 1048681-74.2016.8.26.0114 (Autos nº 2016/004087)
Classe - Assunto Ação Civil Pública - Ensino Fundamental e Médio
Requerente: 1Ministério Público do Estado de São Paulo
Requerido: Colégio Adventista de Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social - IPEAS)
C O N C L U S Ã O
Juíza de Direito: Dra. Silvia Paula Moreschi Ribeiro Coppi
Trata-se de AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO JUDICIAL DE
INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E ADOLESCENTES, com pedido de
TUTELA DE URGÊNCIA E DE CONDENAÇÃO À OBRIGAÇÃO DE FAZER, proposta pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO em face do COLÉGIO ADVENTISTA DE CAMPINAS (Instituição
Paulista Adventista de Educação e Assistência Social – IPEAS), alegando, em síntese, que o
Colégio Adventista, em flagrante ilegalidade, nega-se a promover a contratação de professores
auxiliares para atuarem em sala de aula no atendimento educacional especializado e de
profissionais de apoio escolar, em favor dos alunos com deficiência, sem imposição de ônus
exclusivo aos responsáveis legais desses alunos. Afirma que o colégio entende que o AEE –
Atendimento Educacional Especializado seria direcionado apenas às escolas públicas e não às
particulares. Por fim, requer: 1) a concessão de tutela de urgência para que, no prazo máximo de
90 dias, a escola contrate professores auxiliares em sala de aula, com formação específica, para o
atendimento educacional especializado, e profissionais de apoio escolar para atender os alunos
que necessitam de cuidados especiais, vedando-se a cobrança de adicionais nas mensalidades
desses alunos; implantação de Sala de Recursos; elaboração de Plano Pedagógico de
Atendimento Educacional Especializado para cada criança/adolescente com deficiência; forneça
boletim escolar a esses alunos, tudo sob pena de multa diária pelo não cumprimento. Pede a
procedência da ação.
A antecipação dos efeitos da tutela foi concedida apenas para o fim de determinar
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA de CampinasFORO DE CAMPINASVARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, PROTETIVA E CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINASAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Sala 136 - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: (19) 3756-3567 - E-mail: [email protected]
1048681-74.2016.8.26.0114 - lauda 2
que o COLÉGIO ADVENTISTA DE CAMPINAS, no prazo de 90 (noventa) dias, contrate
professores auxiliares em sala de aula para o atendimento educacional, com formação específica, e
profissionais de apoio escolar para atender os alunos que necessitam de cuidados especiais,
vedando-se a cobrança de adicionais, por este serviço, nas mensalidades desses alunos, sob pena
de multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais) para a hipótese de descumprimento, total ou parcial.
Quanto aos demais pedidos de tutela, foram indeferidos, devendo ser aguardada a possibilidade de
contraditório e ampla defesa (fls. 743/745).
A requerida foi citada pessoalmente e apresentou contestação aduzindo, em
resumo: a) possui Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e de fins
filantrópicos; por isso, tem o direito aos benefícios da justiça gratuita; b) a "mola propulsora" da
demanda foi o caso do menor Plínio de Paula Júnior, que foi aluno do estabelecimento da
requerida nos períodos letivos de 2015 e 2016; c) quando do ingresso de Plínio na instituição,
ainda não vigorava a Lei 13.146 de 06 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); d)
na ocasião da efetivação da matrícula de Plínio, a requerida foi informada de que o menor havia
sido diagnosticado com autismo infantil; foi esclarecido aos pais do aluno que a instituição atuava
na modalidade regular de ensino, porém, por se tratar da fase inicial do Ensino Fundamental,
somada à falta de informações acerca do desenvolvimento e comportamento do aluno em
ambiente escolar, procederiam à matrícula em sala do ensino regular, na condição de aluno de
inclusão; e) no início, constatou-se comportamento bastante agressivo de Plínio e, diante desse
quadro, a requerida empenhou-se em desenvolver no aluno aspectos de socialização, cuidados
pessoais, estímulo para verbalização, escrita e conceitos básicos de aprendizagem (ações de apoio
de natureza curricular, praticadas no âmbito e na competência do ensino regular, o que não deveria
ser confundido com atendimento educacional especializado); f) todo o progresso do aluno Plínio
ocorreu no âmbito do ensino regular, tão somente com adaptação curricular e sem qualquer
aspecto da educação especial (que não é modalidade ofertada pela requerida); g) o relatório da
equipe da Diretoria de Ensino de Campinas assentou a eficiência e a eficácia do método eleito e
empregado pela requerida ao aluno Plínio; h) o caso de Plínio não era de inclusão, mas de
educação especial; i) a requerida sempre atendeu o aluno Plínio de maneira adequada, com
eficácia e eficiência, não havendo necessidade de acompanhamento/mediador pedagógico; não
praticou qualquer ato discriminatório; j) quando da matrícula de Plínio, apresentou aos
responsáveis da criança Termo de Aditamento; referido Termo esclarece e estabelece a
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA de CampinasFORO DE CAMPINASVARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE, PROTETIVA E CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINASAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Sala 136 - Jardim SantanaCEP: 13088-901 - Campinas - SPTelefone: (19) 3756-3567 - E-mail: [email protected]
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responsabilidade dos pais e/ou responsáveis de prover e custear as necessidades dos filhos
especiais que escapem às obrigações pedagógicas do estabelecimento de ensino regular; na
ocasião, o Estatuto da Pessoa com Deficiência ainda não havia entrado em vigor; k) no agravo de
instrumento n. 2023095-06.2015.8.26.0000, em processo em que figurou como requerida, restou
assente que não pode “ser imputada ao Colégio Adventista de Campinas responsabilidade direta
pela adequação de seu quadro de funcionários e instalações para a aceitação da matrícula da
criança”; assim, o mencionado termo de aditamento não afronta qualquer norma; l) após a
vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, referido termo não mais imputa aos pais a
responsabilidade pelos custos relacionados a atendimentos de ordem pedagógica; não imputa à
escola, porém, qualquer responsabilidade de custeio de questões de autonomia pessoal, higiene,
cuidados ou saúde, funções estas de responsabilidade da família e, na ausência ou incapacidade
destes, do Estado; m) quando da elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência, mesmo no seu
período de vacatio legis, a requerida já ressaltava em Cláusula do Termo de Aditamento o
cumprimento do referido Estatuto, que entraria em vigência; n) o aluno Plínio apresentava
episódios de surtos, danificando objetos da instituição de ensino; não conseguia lidar com as
atividades escolares de rotina (mesmo com todas as adaptações feitas em seu material), tampouco
aceitava qualquer limite comportamental; o conselho disciplinar, após oitiva de especialistas,
deliberou transferir o aluno, recomendando sua matrícula em estabelecimento de educação
especial; o) o processo educacional de Plínio foi objeto de mobilização por parte da escola, com
dois profissionais em sala de aula, auxiliares de monitoria fora de sala, acompanhamento diário de
duas coordenadoras pedagógicas com especialidade em inclusão, sendo uma delas especialistas
em Espectro Autista, acompanhamento de dois especialistas destacados pela mantenedora para
atendimento aos profissionais da escola, para discussão, orientação e esclarecimento de dúvidas
ou rotas de atendimento; p) no relatório da Supervisora da Diretoria de Ensino Região de
Campinas Oeste, constou que “A escola seguiu as orientações da Diretoria de Ensino quanto à
citada recomendação DE/MP. Em seu plano escolar, homologado pelo Dirigente Regional de
Ensino, indicou a profissional Edneia Assunção de Sousa como responsável pelo AEE na escola”;
consta ainda no mencionado relatório o rol de todos os alunos com necessidades especiais
matriculados no estabelecimento da requerida, bem como, de forma pormenorizada, o
atendimento que tem sido prestado a tais alunos, sendo certo que todos contam com as adaptações
adequadas às suas necessidades, incluindo materiais, equipamentos, administração do tempo,
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conteúdo e professora auxiliar de sala, de acordo com a necessidade de cada um; q) a requerida
sempre foi solícita em relação aos pedidos do Ministério Público; deixou de comparecer apenas a
uma reunião; r) a faculdade concedida à iniciativa privada na área de ensino é sempre supletiva,
secundária e condicionada; não se admite a tese de que a instituição privada autorizada a ofertar
ensino deva se sub-rogar às obrigações impostas à rede pública; a iniciativa privada pode optar por
ofertar educação no nível infantil na modalidade regular ou ofertar ensino médio na modalidade
tecnológica ou ainda ofertar exclusivamente educação especial; a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDBE) estabelece, no artigo 58, que a educação especial é dever do Estado; s) todos
alunos tem direito à educação, mas nem todos cumprem os requisitos necessários à “inclusão
eficaz”; a LDBE admite (art. 58 parágrafo 2º.) a impossibilidade de permanência do aluno
portador de necessidade especial em estabelecimento de ensino regular; t) há diferença entre
inclusão, educação especial e integração do aluno; cabe ao estabelecimento de ensino a decisão
acerca do processo de integração do aluno; u) procede a emissão de relatório de desempenho
acadêmico em favor de alunos que acompanham método e ritmo adaptados; v) a estruturação da
chamada sala de recursos multifuncionais não é obrigatória mesmo na rede pública; x) verificada a
impossibilidade de integração, o aluno deverá ser encaminhado a estabelecimento de ensino
especializado; o estabelecimento de ensino da requerida já conta com profissionais especializados
e seus alunos de inclusão contam com plano de atendimento individualizado; os três papéis
introduzidos pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, a saber: o profissional de apoio escolar, o
atendente pessoal e o acompanhante, carecem de conceituação e delimitação quanto à atuação; à
escola cabe única e exclusivamente o provimento do profissional de apoio escolar, coerente com a
atividade fim do ensino regular; o sistema de ensino deverá se organizar de acordo com o regime
de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (art. 8º. D LDBEN),
portanto, na ausência da oferta de ensino especial por um estabelecimento de ensino, outro, que
esteja apto, em nome da cooperação e do federalismo, empenhar-se-á em supri-la; z) requer os
benefícios da justiça gratuita, a revogação da liminar concedida em tutela antecipada e a
improcedência da ação (fls. 783 e 784/845). Juntou documentos (fls. 846/878).
O Ministério Público apresentou réplica a folhas 882/887 afirmando que: a) a
requerida não faz jus aos benefícios da justiça gratuita eis que não comprovou a impossibilidade
de pagamento dessas despesas; a grandiosidade dos estabelecimentos educacionais geridos por ela
indica o descabimento do benefício postulado; b) alega a requerida que foi solicita aos pedidos do
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Ministério Público, no entanto, muitas das informações presentes no Inquérito Civil Público foram
obtidas de forma indireta, sem sua colaboração; c) a ausência da ré em reunião previamente
agendada demonstrou falta de comprometimento e inviabilizou a celebração de um possível
compromisso de ajustamento de conduta; d) as questões envolvendo o aluno Plínio não são objeto
da presente ação, a qual recai sobre todos os estudantes deficientes do Colégio Adventista (do
presente e do futuro); e) caso o Colégio Adventista já dispusesse do Atendimento Educacional
Especializado - AEE, os problemas envolvendo a criança Plínio não teriam tomado tamanha
proporção; f) O Ministério Público apenas procurou retratar o ocorrido, buscando o atendimento
dos direitos das crianças e adolescentes com deficiência matriculados na referida escola (que
chegou ao cúmulo de transferir compulsoriamente o aluno Plínio); g) até mesmo a Diretoria de
Ensino encontrou e encontra dificuldades no trato com a requerida, uma vez que recomendou o
aperfeiçoamento do Boletim Escolar, o que foi ignorado pelo Colégio Adventista; h) a ação
individual proposta pela Defensoria Pública em face do Colégio Adventista (processo n.
1034114-72.2015.8.26.0114), visando regular efetivação de matrícula e fornecimento de professor
auxiliar, foi julgada procedente e encontra-se em fase recursal; i) a principal argumentação da
requerida é no sentido de que seria dever apenas do Estado oferecer atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, o que não se estenderia às instituições de ensino
privadas; referido argumento não deve prosperar frente aos fundamentos básicos do direito à
educação no Brasil, elencados nos artigos 205 a 214 da Constituição Federal, especificamente no
artigo 208; j) a Nota Técnica n. 15/2010 MEC/CGPEE/GAB prevê que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) também se aplica aos alunos matriculados na rede particular de
ensino; k) o artigo 209 da Constituição Federal estabelece que mesmo os estabelecimentos de
ensino particulares devem obediência aos regramento educacional existente no país, inclusive o
que dispõe sobre o acesso à educação especial; a Lei 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com
Deficiência) estabelece que é vedada qualquer cobrança pela instituição de ensino privada para
implementação dos direitos que tratam da inclusão da pessoa com deficiência; a Ação Declaratória
de Inconstitucionalidade decidiu que são constitucionais o artigo 28, parágrafo 1º. e o artigo 30 da
Lei 13.146/15; l) uma vez comprovada a deficiência do estudante e apontadas as suas
necessidades, os recursos para a implantação do Atendimento Educacional Especializado devem
ser garantidos pela escola, sendo descabida a imposição desse ônus aos pais de crianças portadoras
de necessidades especiais; m) requer a procedência da ação.
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É, em suma, o relatório.
Fundamento e Decido.
No caso em tela, os autos estão suficientemente instruídos, sendo desnecessária a
produção de outras provas, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da lide, como faculta o
artigo 355, I, do Código de Processo Civil.
Primeiramente, passo à análise do pedido de benefício da justiça gratuita
formulado pela requerida.
Não obstante sua condição de pessoa jurídica sem fins lucrativos, entidade
beneficente de assistência social, de caráter educacional, não há prova de impossibilidade de
pagamento de eventuais custas processuais e de honorários advocatícios, sem prejuízo de sua
manutenção/funcionamento; pelo contrário, considerando que se trata de instituição privada de
ensino, que recebe constantemente valores significativos a título de mensalidade escolar
(contraprestação de seus serviços), verifica-se que a condição de hipossuficiência financeira não se
verifica. Segundo entendimento do Eg. Superior Tribunal de Justiça, para a concessão da
gratuidade processual à pessoa jurídica, ainda que sem fins lucrativos, há necessidade de
comprovação da hipossuficiência (EREsp 1.015.372/SP, Rel Min. Arnaldo Esteves, DJ 1/7/2009;
Ag Rg no Ag 1.332.841/SC, Rel. Min. César Rocha, DJ de 16/3/2011).
Ainda, neste sentido:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. RECEBIMENTO COM AGRAVO REGIMENTAL. JUSTIÇA GRATUITA.
ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. NECESSIDADE DE COMPROVAR A
IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM AS DESPESAS PROCESSUAIS. SÚMULA N. 481/STJ.
DECISÃO MANTIDA. 1. "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem
fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais"
(Súmula n. 481/STJ). 2. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se
nega provimento. (STJ - EDcl no AREsp: 206364 RS 2012/0151465-4, Relator: Ministro
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ANTONIO CARLOS FERREIRA, Data de Julgamento: 25/03/2014, T4 - QUARTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 02/04/2014).
Pelo exposto, indefiro os benefícios da justiça gratuita ao Colégio Adventista de
Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social IPEAS).
Passo à análise do mérito.
Consta dos autos o trâmite, junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo,
de inquérito civil, cujo objeto é a implantação do Atendimento Educacional Especializado no
Colégio Adventista de Campinas, no qual se apurou que Plínio (portador de autismo leve) e
demais alunos da instituição portadores de deficiência (42 alunos, conforme documento de
folhas 496) enfrentavam problemas de descumprimento da legislação pertinente, por parte do
Colégio Adventista, que, inclusive, exigiu dos responsáveis pelos alunos a assinatura de um
aditamento ao contrato de prestação de serviço, segundo o qual os pais seriam responsáveis por
qualquer valor despendido com monitor ou profissional especializado de que a criança
necessitasse, sendo esta a condição para rematrícula do aluno no próximo ano letivo. Segundo o
Ministério Público, a Diretoria Regional de Ensino Campinas Oeste apontou sete crianças e
adolescentes portadores de deficiência matriculados no Colégio Adventista sem receber, ou
recebendo apenas parcialmente, o atendimento educacional especializado necessário. Verificou-
se ainda que a escola se nega a entregar o Boletim Escolar das crianças deficientes, causando
constrangimentos; também não disponibilizou Sala de Recursos para esses alunos, nos termos
do artigo 28, inciso VI, da Lei Brasileira de Inclusão.
É incontroverso entre as partes e está documentado nos autos que há crianças e
adolescentes matriculados no Colégio Adventista de Campinas que se enquadram na
denominação de pessoa com deficiência prevista no Estatuto da Pessoa com Deficiência e que
necessitam de ensino especializado.
Contudo, o colégio sustenta que, por ser entidade de ensino privada, não tem
obrigação de fornecer ensino especial e, assim, pode repassar para a família dos alunos os
custos adicionais do ensino/tratamento especializado, omitindo-se em relação ao dever de
oferecer atendimento especializado por meio da disponibilização de professores auxiliares e
profissionais de apoio escolar aos alunos com necessidades especiais às suas expensas.
Vejamos:
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Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda
Constitucional nº 65, de 2010)
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança,
do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante
políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos §1º. O Estado promoverá programas de
assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de
entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
preceitos:
(...) II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as
pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do
adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
Acrescenta o artigo 209:
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I -
cumprimento das normas gerais da educação nacional.
Referidas disposições legais, porque asseguram direitos fundamentais, atrelados à
própria dignidade humana, merecem interpretação que lhes garanta a máxima efetividade.
Assim, os estabelecimentos de ensino particulares também devem obediência ao
regramento educacional existente no País, inclusive no que se refere ao acesso à educação
especial.
Referida lei trata do ensino educacional a pessoas com deficiência física e dispõe
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diversas incumbências ao "poder público" em seu artigo 28; o respectivo § 1º impõe essas
incumbências também às "instituições privadas", "de qualquer nível e modalidade de ensino",
EXCETUANDO apenas os deveres previstos nos incisos IV e VI.
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência:
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados
sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma
a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais,
intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de
toda forma de violência, negligência e discriminação.
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar,
incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o
aprendizado ao longo de toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de
acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos
de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena;
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional
especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às
características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em
condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia;
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na
modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e
em escolas inclusivas;
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem
o desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a
permanência, a participação e a aprendizagem em instituições de ensino;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas
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pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;
VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento
educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de
disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas famílias nas diversas
instâncias de atuação da comunidade escolar;
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos
linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a criatividade,
as habilidades e os interesses do estudante com deficiência;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação
inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento
educacional especializado;
XI - formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional
especializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais de
apoio;
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de
tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua
autonomia e participação;
XIII - acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em
igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas;
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de
educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos
respectivos campos de conhecimento;
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de condições, a jogos e a
atividades recreativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, trabalhadores da educação e
demais integrantes da comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às atividades
concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis de ensino;
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
XVIII - articulação intersetorial na implementação de políticas públicas.
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§ 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se
obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI,
XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações
(grifei).
Portanto, para as instituições privadas de ensino, ainda que regular (e não
especializada), não se impõe obrigatoriedade apenas no que tange aos incisos IV (oferta de
educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa
como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas) e VI (pesquisas
voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais
didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva).
Assim, especialmente nos incisos XI e XVII, acima transcritos, verifica-se a
incumbência, tanto para as instituições públicas quanto para as privadas, de formação e
disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de profissionais de
apoio (inciso XI) e oferta de profissionais de apoio escolar (inciso XVII), sem qualquer custo por
isso.
Pelo exposto, o fornecimento do ensino especializado é obrigatório também para
as entidades privadas de ensino, não podendo haver cobrança adicional à família do aluno portador
de deficiência.
A lei não exige um profissional para cada aluno portador de deficiência, mas deve
ser assegurado número suficiente/razoável para os alunos em tais condições e não deve haver
qualquer cobrança por isso, vez que se trata de direito constitucional.
Diante de todo este contexto, o aditamento ao contrato de prestação de serviço
imposto aos alunos e, em especial, a previsão de que todas as despesas decorrentes das
condições especiais do aluno portador de deficiência correrão por conta dos pais ou seus
responsáveis, bem como de que não devem prevalecer as disposições do atual Estatuto da
Pessoa Portadora de Deficiência (sob o fundamento de que o contrato/aditamento é anterior à
referida lei), mostram-se contrários ao ordenamento jurídico, de forma que devem ser afastados,
tal como pleiteado nesta ação. A imposição do termo de aditamento do contrato aos alunos com
deficiência para a matrícula e consequente disponibilização de vaga, implica em
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impedimento/anulação do exercício de direito da pessoa com deficiência. O respectivo Estatuto,
discorre em seu artigo 4º, § 1º, que: "Considera-se discriminação em razão da deficiência toda
forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou o
efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis
e de fornecimento de tecnologias assistivas".
Nesse sentido também é a conclusão da Nota Técnica nº 15 CGPEE/ GAB/2010
que estabelece que “as instituições de ensino privadas, submetidas às normas gerais da educação
nacional, deverão efetivar a matrícula no ensino regular de todos os estudantes,
independentemente da condição de deficiência física, sensorial ou intelectual, bem como ofertar o
atendimento educacional especializado, promovendo a sua inclusão escolar”.
Também determina o artigo 54, incisos III e VII, da Lei 8.069/90 (Estatuto da
Criança e do Adolescente):
“Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
(...) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
(...) VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.”
Assim, de rigor que a matrícula de crianças e adolescentes com deficiência no
Colégio Adventista de Campinas seja realizada com todos os benefícios das matrículas realizadas
no prazo assinalado pela escola (bônus, eventuais descontos, prêmios, presentes etc), sem
imposição de quaisquer ônus ou renúncia de direitos.
O Plenário do Eg. Supremo Tribunal Federal em sessão realizada em 9 de junho de
2.016, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5357, julgou constitucionais
as normas do Estatuto da Pessoa com Deficiência que estabelecem a obrigatoriedade das escolas
privadas promoverem a inserção de pessoas com deficiência no ensino regular e a prover as
medidas de adaptação necessárias, sem repasse de ônus financeiro nas mensalidades, anuidades e
matrículas. A inclusão foi incorporada pela Constituição Federal como regra e, assim, o Brasil
atendeu ao compromisso constitucional e internacional de proteção e ampliação dos direitos
fundamentais e humanos das pessoas físicas com deficiência. Assim, cabe às escolas, públicas ou
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privadas, o cumprimento das normas gerais de educação nacional, além das regras inseridas na Lei
de Diretrizes e Bates da Educação. Entendimento diverso, data venia, implicaria em discriminação
injustificada nas instituições de ensino particulares; soma-se a isso que as crianças sem deficiência
também devem aprender a conviver com pessoas diferentes umas das outras, sem discriminações e
em ambiente de fraternidade.
Quanto à alegação pelo Ministério Público de que a requerida não disponibilizou
Sala Recursos aos alunos portadores de deficiência, prevê o inciso I, parágrafo 1º. do artigo 2º. do
Decreto n. 7.611, de 17 de novembro de 2011, que dispõe sobre a educação especial, o
atendimento educacional especializado e dá outras providências, o que segue:
Art. 2o A educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado
voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
§ 1º Para fins deste Decreto, os serviços de que trata o caput serão denominados
atendimento educacional especializado, compreendido como o conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado das seguintes
formas:
I - complementar à formação dos estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, como apoio permanente e limitado no tempo e na frequência dos estudantes às
salas de recursos multifuncionais; ou
II - suplementar à formação de estudantes com altas habilidades ou superdotação.
§ 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da
escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos
estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e
ser realizado em articulação com as demais políticas públicas.
Como se depreende do artigo acima, os serviços de apoio especializados a serem prestados
aos estudantes com deficiência deverão compreender a frequência dos alunos às salas de recursos
multifuncionais, visando eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de
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estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.
Não restam dúvidas de que a disponibilização pela requerida da Sala de Recursos é
obrigação prevista em lei e proporcionará melhoras no processo de aprendizado dos alunos com
deficiência.
Na peça inicial consta ainda que o Colégio Adventista não disponibiliza aos
alunos deficientes da referida escola Boletim Escolar, criando-se situações constrangedoras para as
crianças visto que todos da classe recebem o documento que lhes é negado. Acrescenta que a falta
do documento cria problema para os referidos alunos por ocasião de eventual transferência para
outra escola, na qual, certamente se exigirá a apresentação do Boletim Escolar. Sustenta ainda que
o não fornecimento do Boletim Escolar constrange as crianças, constituindo-se forma de
discriminação e violência contra os alunos deficientes (fls. 4).
A folhas 111/123 verifica-se que a escola ré providencia "relatório de avaliação do
desenvolvimento escolar do aluno", o qual contem observações e avaliações detalhadas acerca da
vida escolar do aluno deficiente, inclusive com fotografias.
Pode-se extrair daí que o aluno com deficiência, assim como os demais (mas sem
deficiência), é avaliado em relação ao seu desenvolvimento escolar. No caso de pessoa com
deficiência, há que se considerar para tanto a qualidade do aproveitamento escolar dentro do plano
traçado para o aluno (plano pedagógico de atendimento educacional especializado), de acordo com
a capacidade do mesmo; não há óbice ao fornecimento de boletim escolar.
Como bem salientou o Ministério Público a folhas 04, o não fornecimento do
Boletim Escolar para TODAS as crianças pode causar constrangimento, constituindo-se forma de
discriminação contra os alunos deficientes.
O parágrafo único do artigo 27 do Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece
que é dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de
qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e
discriminação.
Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE ESTA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA
PROTEÇÃO JUDICIAL DE INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E
ADOLESCENTE com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA E DE CONDENAÇÃO À
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OBRIGAÇÃO DE FAZER, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face do COLÉGIO
ADVENTISTA DE CAMPINAS (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social
IPEAS) para o fim de determinar que o requerido Colégio Adventista de Campinas contrate
professores auxiliares em sala de aula, com formação específica, para o atendimento educacional
especializado, e profissionais de apoio escolar para atender os alunos que necessitam de cuidados
especiais, em número suficiente ao atendimento necessário, VEDANDO-SE a cobrança de
adicionais, por este serviço, nas mensalidades desses alunos. Fica mantida a tutela antecipada
concedida a folhas 743/745, em seus termos e prazo fixados naquela oportunidade. O requerido
ainda deverá implementar Sala de Recursos visando atendimento aos alunos que necessitem de
cuidados especiais, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar do trânsito em julgado desta
sentença. Por fim, deverá elaborar Plano Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado
para cada criança/adolescente com deficiência, fornecendo-lhes ainda boletim escolar (ainda que
com peculiaridades de avaliação, decorrentes da deficiência apresentada).
Sem custas e honorários.
P.I.C.
Campinas, 28 de junho de 2017
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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INSTITUIÇÃO PAULISTA ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL
Rua Cel. Xavier de Toledo, 220 – 9o andar - São Paulo/SP - CEP 01048-100
Fone/Fax: (11)2129-2600
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
Ação Civil Pública Processo nº 1048681-74.2016.8.26.0114 Origem: Vara da Infância e da Juventude, Protetiva e Cível da Comarca de Campinas
INSTITUIÇÃO PAULISTA ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL, pessoa jurídica de direito privado, entidade de fins filantrópicos e assistenciais, inscrita no CNPJ/MF sob nº 43.586.122/0001-14, com sede na Av. Profª Magdalena Sanseverino Grosso, 850, Jardim Rezek II, Artur Nogueira, SP, mantenedora da Colégio Adventista de Campinas, nos autos da ação em epígrafe, que lhe intenta Plínio de Paula Júnior, por seus advogados que a esta subscrevem, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelências, com supedâneo no artigo 513 e seguintes, do Digesto Processual Civil, apresentar a sua
APELAÇÃO,
e o faz consubstanciado nas razões de direito aplicadas aos motivos de fato aduzidos nas razões anexadas. Deixa, a ora APELANTE, de recolher as custas, em razão da dispensa constante da R. Sentença rescindenda. Ainda, Excelências, a ora APELANTE recorre da decisão que negou-lhe os benefícios da justiça gratuita a que faz jus, ante à sua natureza filantrópica, que restou sobejamente comprovada pelos diplomas acostados (fls. 846/851).
Verificados cumpridos os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade do presente apelo em exame de prelibação, REQUER se digne, Vossa Excelências, em receber o presente recurso em seu duplo efeito, determinando, por conseguinte, o seu processamento e imediato encaminhamento à Colenda Câmara Especial deste Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo.
Nestes Termos, Pede Deferimento.
São Paulo, 14 de julho de 2017.
José Sérgio Miranda Tiago Corte Alencar OAB/SP 243.240 OAB/SP 358.840
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INSTITUIÇÃO PAULISTA ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL
Rua Cel. Xavier de Toledo, 220 – 9o andar - São Paulo/SP - CEP 01048-100
Fone/Fax: (11)2129-2600
RAZÕES DE APELAÇÃO Ação Civil Pública Processo nº 1048681-74.2016.8.26.0114 Origem: Vara da Infância e da Juventude, Protetiva e Cível da Comarca de Campinas Apelante: Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
Egrégio Tribunal, Colenda Turma, Preclaros Julgadores.
Irresignado com o R. Decisum de fls. 889/903, que julgou PROCEDENTE a ação em epígrafe, condenando a ora APELANTE nos seguintes termos:
“Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE ESTA AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO JUDICIAL DE INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E ADOLESCENTE [sic] com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA E DE CONDENAÇÃO À OBRIGAÇÃO DE FAZER, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face do COLÉGIO ADVENTISTA DE CAMPINAS (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social IPEAS [sic]) para o fim de determinar que o requerido Colégio Adventista de Campinas contrate professores auxiliares em sala de aula, com formação específica, para o atendimento educacional especializado, e profissionais de apoio escolar para atender os alunos que necessitam de cuidados especiais, em número suficiente ao atendimento necessário, VEDANDO-SE a cobrança de adicionais, por este serviço, nas mensalidades desses alunos. Fica mantida a tutela antecipada concedida à fls. 743/745, em seus termos e prazos fixados naquela oportunidade. O requerido ainda deverá implementar Sala de Recursos visando atendimento aos alunos que necessitem de cuidados especiais, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar do trânsito em julgado desta sentença. Por fim, deverá elaborar Plano Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado para cada criança/adolescente com deficiência, fornecendo-lhes ainda
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INSTITUIÇÃO PAULISTA ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL
Rua Cel. Xavier de Toledo, 220 – 9o andar - São Paulo/SP - CEP 01048-100
Fone/Fax: (11)2129-2600
boletim escolar (ainda que com peculiaridades de avaliação, decorrentes da deficiência apresentada).”
Data maxima venia, Excelências, a Sentença, como se
afigura, impende retoque, porquanto o Douto Juízo a quo, por raro equívoco, deixou de observar o Ordenamento Jurídico, notadamente, as normas gerais da educação nacional.
Confira-se:
PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE PROCESSUAL
A ora APELANTE comprovou, estreme de dúvidas,
tratar-se de entidade educacional e filantrópica, sem finalidade lucrativa, razão pela qual ostenta os certificados de Utilidade Pública Federal, assim reconhecida pelo Decreto n.º 53.376 de 31.12.1963, Utilidade Pública Estadual pela Lei n.º 7.118 de 15.10.1962 (São Paulo), e Utilidade Pública Municipal pela Lei n.º 2.554 de 02.09.1999 (Artur Nogueira), também possui a APELANTE Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e de fins Filantrópicos, expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social conforme, documentos acostados (fls. 846/851).
Portanto, robusta e suficiente a prova documental
para atribuir-se à APELANTE a condição de entidade beneficente sem fins lucrativos de educação e de assistência social, como de fato é. E, como tal, reinveste toda a sua renda ao alcance dos seus fins estatutários. Não por menos, tem a jurisprudência assim reconhecido:
EMENTA – Prestação de Serviços – Medida Cautelar Inominada – Justiça Gratuita – Entidade Filantrópica – Admite-se a concessão do benefício da assistência judiciária a entidades filantrópicas, desde que demonstrada a falta de condições para arcar com as despesas do processo – Agravo provido. (TJSP – AI 1.246.642-0/1 – Rel. Des. ROMEU RICUPERO – 36.ª Câmara – j. 26/03/2009). “Entidade dedicada a fins filantrópicos e beneficentes sem fins lucrativos tem direito a justiça gratuita”. (AI n.º 1.227.304-0/6 – Rel. Des. DIRCEU CINTRA -36.ª Câmara – j. 28/11/08).
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AGRAVO DE INSTRUMENTO – BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA A PESSOA JURÍDICA – Por ser a APELANTE instituição assistencial, filantrópica, sem fins lucrativos e em respeito ao relevante serviço prestado, seus recursos não podem ser desviados de sua atividade fim, para pagamento de custas processuais. Agravo provido. (4 fls.) (TJRS – AGI 70001173087 – 11ª C.Cív. – Rel. Des. Bayard Ney de Freitas Barcellos – J. 28.06.2000). ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA – PESSOA JURÍDICA – ART. 2 – PAR. ÚNICO – LEI Nº 1060, DE 1950 – IMPUGNAÇÃO À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA – IMPOSSIBILIDADE – Não tem a pessoa jurídica ordinariamente, direito à assistência judiciária, que é restrita às pessoas físicas. Na definição de necessitado, o parágrafo único do art. 2. da Lei 1060 de 05/02/1950, refere-se aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as custas do processo e honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, o que exclui a pessoa jurídica, salvo as entidades pias e beneficentes sem fins lucrativos. A Lei Federal nº 1060/50, alcança apenas as pessoas naturais que não tenham capacidade financeira para suportar as custas e despesas processuais. Desprovimento da apelação. (TJRJ – AC 3161/2000 – (21082000) – 10ª C.Cív. – Rel. Des. Eduardo Socrates Sarmento – J. 06.06.2000) ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – Entidade beneficente e sem fins lucrativos. Direito ao benefício. Agravo provido. (3 Fls). (TJRS – AGI 70000390336 – 1ª C.Cív. – Rel. Des. Pedro Luiz Rodrigues Bossle – J. 03.04.2000) JUSTIÇA GRATUITA – DEFENSORIA PÚBLICA – GRATUIDADE DE JUSTIÇA – ENTIDADE DE ENSINO – Assistência judiciária. Deferimento à entidade ensino, sem fins lucrativos (CNEC) improvido recurso de sentença concessiva da J. Gratuita (Lei nº 1.060/1950 – art. 2º., caput) (TACRJ – AC 7479/96 – (Reg. 4263-3) – 7ª C. – Rel. Juiz
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Severiano Ignácio Aragão – J. 11.09.1996) (Ementa 44394).
Assim sendo, PUGNA a APELANTE pela REFORMA da R. Sentença, a fim de conceder-lhe os benefícios da gratuidade processual.
NO MÉRITO
DO TERMO DE ADITAMENTO
ANTES E DEPOIS DA VIGÊNCIA DO
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Assim lavrou o Nobre Juízo a quo:
“(...) alunos da instituição portadores de deficiência (42 alunos, conforme documento de fls. 496) enfrentavam problemas de descumprimento da legislação pertinente, por parte do Colégio Adventista, que, inclusive EXIGIU DOS RESPONSÁVEIS PELOS ALUNOS A ASSINATURA DE UM ADITAMENTO AO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, segundo o qual os pais seriam responsáveis por qualquer valor despendido com monitor ou profissional especializado de que a criança necessitasse (...)”. (Ênfase suprida).
O referido termo de aditamento deve ser analisado sob a ótica de dois períodos distintos: (i) anterior à vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência; (ii) posterior à vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
• Antes da vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência e no período de vacatio legis
Antes da vigência do Estatuto da Pessoa com
Deficiência, a ora APELANTE apresentava aos pais e/ou responsáveis pelo aluno portador de necessidade especial o termo de aditamento acostado às fls. 246/247 e 483/484.
À época o termo de aditamento atribuía aos pais
e/ou responsáveis o dever de PROVIDENCIAR e CUSTEAR todo e qualquer atendimento decorrente da necessidade especial do aluno que escapasse às obrigações pedagógica de um estabelecimento de ensino regular, tais como: atendimento exclusivo e pessoal por acompanhante, atendente pessoal para higiene e ministração de medicamentos, equipamentos de locomoção e/ou terapêuticos, materiais de higiene específicos como fralda etc.
É importante frisar, Excelências, que a APELANTE NUNCA
OFERECEU TAIS SERVIÇOS OU COBROU QUALQUER ACRÉSCIMO NA MENSALIDADE. Os pais e/ou
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responsáveis contratavam profissionais externos, à sua eleição, e informavam à escola, que proporcionava o acesso.
Tal procedimento, à época na qual não vigorava o
Estatuto da Pessoa com Deficiência, inclusive no período de vacatio legis, não foi recriminado por esta Câmara Especial, que assim decidiu:
CÂMARA ESPECIAL Agravo de Instrumento nº 2023095-06.2015.8.26.0000 APELANTE: Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social APELADO: S. K. V. (menor) TJSP (Voto nº 24.402) Agravo de Instrumento - Mandado de Segurança - Inclusão de jovem com necessidades especiais em instituição de ensino privada junto à 5ª série Alegação dos genitores de impossibilidade de pagamento do cuidador Liminar concedida para custeio pela entidade privada. Dá-se provimento ao recurso.
(...)
Em caso de inclusão, haveria necessidade de um cuidador para acompanhar a criança em todas as suas atividades durante o período de permanência no estabelecimento de ensino. Mas, nessa hipótese, não há de se cogitar, mormente como mencionado nos autos, por todas as peculiaridades já salientadas, da APELANTE arrostar o pagamento das despesas decorrentes da contratação deste cuidador. A APELANTE é estabelecimento de ensino de natureza jurídica privada que, como estabelecimento privado que sobrevive de contraprestações pecuniárias e tem como princípios basilares aqueles previstos na Constituição Federal, notadamente: livre concorrência, livre iniciativa e propriedade privada. Desta forma, a determinação de inclusão da menor na Instituição Paulista Adventista, sem qualquer contraprestação financeira e, ainda mais, com determinação de que, o próprio estabelecimento arque com o pagamento do cuidador para a menor fere todos os princípios constitucionais acima elencados.
E, ainda:
CÂMARA ESPECIAL Agravo de Instrumento nº 2136800-79.2015.8.26.0000 APELANTE: Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social APELADO: Ministério Público do Estado de São Paulo TJSP (Voto nº 11.037) A princípio, não há como impor à APELANTE, instituição particular de ensino, o suprimento, às suas expensas, das necessidades especiais de alunos, restando evidenciada a liberdade e não a obrigatoriedade de oferta de ensino especializado pelas entidades privadas. Por outro lado, relacionada ao caso, a Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, determina no artigo 28,§ 1º, a vedação de cobrança por estabelecimentos de ensino da rede privada de valores
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adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas, demonstrando que a prática é abusiva. No entanto, referida legislação ainda se encontra na “vacatio legis”. E o contrato em questão é anterior a ela, ainda que deva ser adaptado quando da vigência do referido diploma legal. Por ora, evidencia-se perigo de dano à APELANTE, devendo ser mantida o efeito suspensivo à decisão APELADO, aguardando-se a instrução e julgamento da ação civil pública. Ante o exposto, pelo meu voto, DÁ-SE PROVIMENTO ao recurso.
Ainda, a Colenda Câmara Especial deste Egrégio
Tribunal, em recente decisão, chancelou:
“PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS. Síndrome de down. Matrícula recusada por instituição de ensino privada. Inocorrência de discriminação ou preconceito. Escola que alega não estar preparada para a necessária inclusão. Apenas a rede pública de ensino tem essa obrigação. Arts. 205 e 208, III, da CF. Danos morais indevidos. Ação improcedente. Recurso não provido. (...) Depreende-se dos autos que a autora, menor portadora da síndrome de down, teve sua matrícula recusada por instituição privada de ensino, sob alegação de não possuir condições adequadas para a necessária prestação dos serviços. Incontestável o direito da autora à educação, conforme previsão expressa no art. 205 da Constituição Federal que estabelece: “a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Em sentido mais estrito, o art. 208, inciso III, da CF, esclarece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede pública de ensino, sendo certo que o parágrafo segundo deste mesmo dispositivo é expresso ao declarar que “o não atendimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente”. COMO SE VÊ, A EDUCAÇÃO EXPRESSA DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO DO CIDADÃO E DEVER DO ESTADO, NÃO PODENDO SER IMPUTADA À APELANTE RESPONSABILIDADE DIRETA PELA ADEQUAÇÃO DE SEU QUADRO DE FUNCIONÁRIOS E INSTALAÇÕES PARA A ACEITAÇÃO DA MATRÍCULA DA CRIANÇA. Em que pese os esforços dispendidos pela autora, a simples recusa da matrícula da menor não implica discriminação tampouco é capaz de caracterizar o alegado dano moral. Não expôs a autora à situação vexatória, não ostentando discriminação ou preconceito. Destacou, com efeito, sua impossibilidade técnica para receber a aluna e lhe prestar o serviço adequado, já que patente a necessidade de capacitação específica de profissionais para a integração e acompanhamento educacional da criança (...)” (TJSP, 10ª Câmara de Direito Público, Apelação nº 0037104-85.2007.8.26.0000, Relator Des. Urbano Ruiz, J. 30 de setembro de 2013). (Ênfase suprida).
Veja, Excelências, que, era entendimento desta
Colenda Câmara, antes da vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, inclusive no
seu período de vacatio legis, que o estabelecimento de ensino privado de educação
regular não deveria arcar com o custeio decorrente do atendimento de necessidades
especiais de seus alunos.
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Porém, merece realce que, quando da elaboração do Estatuto da Pessoa com Deficiência, mesmo no seu período de vacatio legis, período em que tramitava a ADI 5357, a APELANTE já alterava a Cláusula do Termo de Aditamento para ressaltar o cumprimento do referido Estatuto nos termos em que entrasse em vigência, conforme se depreende do documento acostado às fls. 483/484, conservado abaixo nos seus exatos termos:
“Cláusula Quinta: A CONTRATADA declara que a Cláusula 15ª do Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, bem como o presente Termo de Aditamento, foram elaborados e assinados anteriormente à vigência da Lei no. 13.146, de 6 julho de 2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência);”
No mínimo, Excelências, a boa-fé da APELANTE resta patente, vez que torna pública a informação, comprometendo-se ao cumprimento do referido Diploma no teor que passasse a vigorar.
• Após a vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência
Após a vigência do Estatuto da Pessoa com
Deficiência, a APELANTE alterou completamente a cláusula anterior, mantendo apenas o
esclarecimento acerca dos procedimentos não-pedagógicos, em compasso com o
Estatuto da Pessoa com deficiência.
Dessarte, Excelências, em relação à cláusula 5ª do
Termo de Aditamento utilizado anteriormente à Vigência do Estatuto da Pessoa com
Deficiência, nunca houve qualquer irregularidade ou prática abusiva por parte da
APELANTE, conforme restou assentado nos Tribunais.
Frise-se, que a APELANTE nunca ofertou tais serviços
aos pais e/ou responsáveis acrescendo o valor na mensalidade, mas, estes contratavam
livremente profissionais externos e à sua livre eleição e informava à escola, que
proporcionava o ingresso para atendimento ao aluno.
Após a vigência do referido Diploma, a APELANTE
absteve-se de atribuir aos pais a responsabilidade pelos custos das necessidades especiais
pedagógicas dos alunos.
Essas são as redações do termo de aditamento nos
três períodos acima mencionados:
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Anterior ao Estatuto da
Pessoa com Deficiência
Durante o período de
vacatio legis
Após o vigência do Estatuto
da Pessoa com Deficiência
Cláusula terceira: Todas as
despesas decorrentes das
condições aqui
especificadas correrão por
conta do CONTRATANTE,
especialmente no tocante
aos profissionais
cuidadores, bem como
qualquer material e
equipamento a ser utilizado
em favor do aluno(a),
vinculado ao atendimento
especial.
Cláusula Quinta: A CONTRATADA declara que a Cláusula 15ª do Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, bem como o presente Termo de Aditamento, foram elaborados e assinados anteriormente à vigência da Lei no. 13.146, de 6 julho de 2015 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência);”
§ 1º – A CONTRATADA se responsabilizará exclusivamente por atendimentos de natureza pedagógica aplicáveis à escola regular, ficando os demais atendimentos a cargo do CONTRATANTE, tais como: atendimento clinico, médico-hospitalar, tutoria, profissional especializado, mediador acompanhante pedagógico no estabelecimento escolar, inclusive serviços e equipamentos especiais, de que o Aluno, individualmente venha a necessitar em razão de suas peculiaridades pessoais.
Veja, Excelência, que sempre houve boa-fé da
APELANTE em deixar claro o cumprimento do Estatuto da Pessoa com Deficiência,
especialmente no período de vacatio legis e após a sua entrada em vigor.
Entretanto, independentemente do período, a
APELANTE JAMAIS OFERTOU O SERVIÇO ESPECIALIZADO COBRANDO POR ISTO,
TRATAVA-SE DE PROVIDÊNCIA A SER TOMADA PELOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS.
No período de vigência do referido Diploma, tal
exigência foi retirada do termo de aditamento, restando apenas aquelas de natureza não-
pedagógica, tais como: médicas, terapêuticas, equipamentos especiais etc.
SOBRE O CONCEITO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO (AEE) E DA NÃO OBRIGATORIEDADE DA INSTALAÇÃO DE SALA DE RECURSOS
MULTIFUNCIONAIS
O Nobre Magistrado a quo aponta como objeto da demanda a “implantação do Atendimento Educacional Especializado no Colégio Adventista de Campinas”, afirmando que o referido estabelecimento da ora APELANTE
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infringe a Lei ao não atender alunos portadores de necessidades especiais adequadamente. Não é verdade, Excelências! Antes, esclareça-se do que se trata o AEE: Cuida-se o Atendimento Educacional Especializado (AEE) de um serviço de educação especial, cuja obrigatoriedade é atribuída ao Estado, sendo-lhe imputado como dever constitucional, à dicção do artigo 58, §3º, da LDBEN, in verbis:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (Ênfase suprida).
Corroborando ao quanto estabelecido na LDBEN, o Decreto no. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que, em seu artigo 24, IV, assim preconiza:
Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em
ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS DE ENSINO; (Ênfase suprida).
Evidentemente, em virtude da liberdade conferida à iniciativa privada quanto à oferta de educação, os estabelecimentos de ensino privado
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podem fazer a opção de ofertar educação especial, fazendo constar tal desiderato de seus regimentos e estatutos. Contudo, há de se ressaltar a obrigatoriedade que recai tão somente ao Estado. Não por menos, há financiamento público para os estabelecimentos de ensino que desejam ofertar a modalidade especial mediante convênio, acerca do qual trata a Lei 7.611/2011, quando, então, será cadastrada no FUNDEB (Decreto 6.571/2008). Não é o caso da APELANTE, que, fazendo uso da liberdade que lhe confere a Constituição da República, optou por suprir, em auxílio ao Estado, as lacunas no âmbito da EDUCAÇÃO REGULAR, única e exclusivamente, praticando, no entanto, a INCLUSÃO.
NÃO SE PODE CONFUNDIR ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO COM INCLUSÃO; AQUELE ESTÁ VINCULADO À MODALIDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, ESTE, AO SEU TURNO, ATRELADO À MODALIDADE DE EDUCAÇÃO REGULAR.
Há de se esclarecer, outrossim, que o Nobre Magistrado a quo insiste que a APELANTE estruture a chamada sala de recursos multifuncionais, assim decidindo:
“Não restam dúvidas de que a disponibilização pela requerida da Sala de R é obrigação prevista em lei e proporcionará melhoras no processo e aprendizado dos alunos com deficiência.”
E determinou:
“O requerido deverá implementar Sala de Recursos visando atendimento aos alunos que necessitem de cuidados especiais, no prazo de 120 (cento e vinte) dias (...)”.
Em primeiro lugar, Excelências, tal determinação avilta francamente o disposto nos artigos 12, I, da LDB, in verbis:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
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I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
Veja, Excelências, que a prerrogativa de elaborar e
executar a proposta pedagógica é do estabelecimento de ensino. O Nobre Magistrado, ao determinar a instalação de
Sala de Recursos Multifuncionais, tolheu da APELANTE o Direito de avaliar a necessidade de uma sala de recursos multifuncionais à luz de seu corpo discente.
Notem, Excelências, que, no caso do aluno Plinio,
autista, a APELANTE buscou desenvolver aspectos de socialização, e montou, dentro da sala de aula regular, um espaço de recursos multifuncionais, justamente para que, não perdesse o aspecto da socialização ao deslocar-se para eventual sala de recursos separada.
Assim, a proposta pedagógica do estabelecimento
afigurou-se muito mais eficaz, porque conhecedora da realidade e das necessidades do seu corpo discente.
Apesar de tratar-se de recurso vinculado à educação
especial, ainda assim, para esta, não é obrigatória, e será implantada tão somente se houver necessidade. Esta é a inteligência do artigo 5º, da Resolução do Conselho Nacional de Educação e Câmara da Educação Básica no. 4, de 2 de outubro de 2009, que reza:
Art. 5º O AEE é realizado, PRIORITARIAMENTE, na sala de recursos multifuncionais (...). (Ênfase suprida).
Ora, Excelências, a orientação no sentido de priorizar o uso da sala de recursos multifuncionais não acena para uma obrigatoriedade. Portanto, descabida por um lado a exigência do Órgão Ministerial albergada na R. Sentença hostilizada, porquanto indicada para os estabelecimentos que ofertem educação na modalidade especial; descabida, outrossim, por outro, porquanto a Resolução acima mencionada não torna tal recurso obrigatório. Consoante restou esclarecido, a obrigatoriedade de Atendimento Educacional Especializado não recai sobre as instituições de ensino regular, a menos que conveniem-se para oferecerem tal modalidade, por corolário, também não há obrigatoriedade de estruturação de sala de recursos multifuncionais.
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Por zelo, repete-se: a educação regular pratica a inclusão, como resultado da integração dos alunos com necessidades especiais, mas com condição de permanência, no seio das classes comuns, adaptando, para tanto, método e ritmo. A educação especial, por sua vez, acolhe alunos que não apresentam condição de permanência, ou seja, de integração, no ensino regular.
Frise-se, ainda, que a instalação desnecessária de uma sala de recursos multifuncionais restaria por gerar ônus desproporcional e indevido à APELANTE, o que é vedado pelo artigo 3º, VI, do Estatuto da Pessoa com Deficiência:
Art. 3o Para fins de aplicação desta Lei,
consideram-se:
VI - adaptações razoáveis: adaptações,
modificações e ajustes necessários e
adequados QUE NÃO ACARRETEM ÔNUS
DESPROPORCIONAL E INDEVIDO, quando
requeridos em cada caso, a fim de assegurar
que a pessoa com deficiência possa gozar ou
exercer, em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas, todos
os direitos e liberdades fundamentais;
(Ênfase suprida).
Assim, urge reforma a R. Sentença, no tocante à
determinação imposta à APELANTE de implementar sala de recursos multifuncionais; devendo esta fazê-lo de acordo com a necessidade e no exercício da prerrogativa que lhe confere o artigo 12, I, da LDB, e risco de afronta ao artigo 3º, VI, do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Pelo PROVIMENTO.
DO PLANO DE ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO (PAI)
Em sua Sentença, o Nobre Magistrado a quo decidiu que a ora APELANTE “(...) deverá elaborar Plano Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado para cada criança/adolescente com deficiência (...)”. A despeito dos esclarecimentos acerca do AEE, que restando estreme de dúvidas tratar-se de uma obrigação imposta às instituições públicas
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de ensino, ao passo que as entidades privadas devem praticar a inclusão, o Nobre Magistrado a quo, por raro equívoco, não atentou-se para o conjunto probatório dos autos, e deixou passar in albis os Planos de Atendimento Individualizados (PAI) que a APELANTE elabora para os seus alunos com necessidades especiais. Confira-se:
• Do Plano de Atendimento Individualizado (PAI)
A APELANTE elaborou Plano de Atendimento Individualizado (PAI) ao aluno Plínio; fato este constatado pela ilustríssima supervisora de ensino, a Sra. Clarete Paranhos da Silva, que, motivada por denúncia infundada da mãe do aluno, procedeu à visita para averiguação na escola, no dia 08 de setembro de 2016 (fls. 875/878) e pode constatar:
“A Orientadora Educacional mostrou à supervisão os seguintes documentos: “Curriculo adaptado 2016” – Plínio de Paula Junior – 3º ano A” – 3º e 4º bimestres; “Semanário” específico para o aluno Plínio (conteúdo, necessidade básica de conteúdo, metodologia, avaliação). Segundo a Orientadora Educacional, a “necessidade básica do conteúdo” refere-se à adaptação específica para as necessidades de Plínio. Relatou que a sala de aula do aluno tem materiais específicos que são utilizados: material dourado, computador, com vários jogos pedagógicos (só utilizado por Plínio, segundo a Orientadora), “lousinha” de matemática, outros materiais pedagógicos. Após o exposto pela Orientadora Educacional (OE) e pela Direção, esta supervisão visitou a sala do aluno para olhar os recursos ali existentes. Pode constatar a existência dos seguintes materiais: computador, “relógio de rotinas” afixado na parede, que, segundo a OE, foi confeccionado para Plínio (este fica na parede próximo à carteira do aluno), material dourado, objeto diversos, inclusive carrinho que, segundo a OE é muito apreciado por Plínio, “lousinha” de matemática. Há outros materiais pedagógicos na sala, relacionados às atividades corriqueiras de uma sala de 3º ano regular.”
• Das professoras (titular e auxiliar) e das coordenadoras especializadas
Mister destacar que a sala na qual o aluno Plínio desenvolvia as suas atividades, haviam duas professoras: Priscila e Tamires; além do acompanhamento diuturno da Orientadora Edneia Assunção de Sousa, com especialização em Inclusão, conforme verificado pela supervisora de ensino (fl. 690).
• Do material e recursos disponíveis ao aluno Plínio de Paula Junior
A sala de aula é guarnecida por equipamentos de uso exclusivo do Plínio, como, por exemplo: computador com vários jogos pedagógicos, “lousinha” de matemática, relógio de rotinas, carrinho de predileção do Plínio, entre outros;
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• Da visita da Supervisora de Ensino aos 08 de setembro de 2016 (doc. 875/877)
Na aludida visita, a ilustríssima supervisora de ensino constatou que:
• A orientadora educacional da escola está concluindo especialização em educação inclusiva, elaborando TCC com o tema “autismo”;
• As atividades constantes do caderno do Plínio, que foi apresentado à supervisora, eram adaptadas;
• A sala de aula do aluno Plínio conta com uma professora auxiliar;
• Foi apresentado à supervisora currículo adaptado às necessidades do aluno Plínio;
• Foi apresentado um “semanário” do aluno Plínio;
• A sala de aula é guarnecida por equipamentos de uso exclusivo do Plínio, como, por exemplo: computador com vários jogos pedagógicos, “lousinha” de matemática, relógio de rotinas, carrinho de predileção do Plínio, entre outros;
• Do Relatório de Desempenho Acadêmico Dada a especialidade do aluno Plínio de Paula Junior,
e o Plano de Atendimento Individualizado, os responsáveis pelo mesmo não recebiam Boletim com notas, mas, relatório de desempenho acadêmico (fls. 111/123), detalhado e instruído com fotografias.
Sublinhe-se que a expedição de relatório está prevista no Regimento Escolar, no artigo 77, §2º, aprovado e homologado pela Diretoria de Ensino (fls. 341/382). A regularidade do Regimento Escolar da APELANTE, bem como a sua homologação foram declaradas pela Supervisão de Ensino (fls. 315/316). Ainda, no item 3, do Relatório de visita das Supervisoras de Ensino, Maria Isabel G. Bedran Gauy e Alenice Marques Mendes, constou o seguinte:
“3- Boletim Escolar/Relatório Sintético: No artigo 77, parágrafo 2º, do Regimento Escolar estão previstos o Boletim e Relatório Sintético como descrição do desempenho dos alunos. Assim, há amparo legal para a emissão do relatório emitido pelo Colégio para o aluno Plínio de Paula Junior documento nomeado como Relatório de Desempenho Acadêmico (...)”. (Ênfase suprida).
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O empenho da ora APELANTE sempre foi notado. Não por menos, assim inferiu a equipe de supervisão da Diretoria de Ensino de Campinas (DRE) em visita realizada aos 24 de abril de 2015 (fl. 124):
“Em momento algum o aluno é exposto à situações vexatórias e/ou constrangedoras” – o que deixa claro que as alegações da MÃE são infundadas nesse quesito. “Ações de apoio e atendimento inclusivo do aluno são adotadas e aprimoradas pelo colégio para que possa atender de forma adequada as necessidades especiais por ele apresentadas”.
Não se olvide que as ações de apoio aludidas acima são de natureza curricular e praticadas no âmbito e competência do ensino regular, e em hipótese alguma devem ser confundidas com atendimento educacional especializado.
Gize-se que todo o progresso do aluno Plínio ocorreu no âmbito do ensino regular, tão somente com adaptação curricular, notadamente quanto ao ritmo, nos limites do processo de integração e inclusão, sem imiscuir-se em qualquer aspecto da educação especial, já que esta não é a modalidade de ensino ofertada pela APELANTE. Em novo relatório aviado pela equipe de supervisão da Diretoria de Ensino de Campinas (DRE) aos 15 de setembro de 2015 (fls. 476/482), as supervisoras de ensino Maria Isabel G. B. Gauy e Alenice Marques Mendes, assentaram, estreme de dúvidas, a eficiência e eficácia do método eleito e empregado pela APELANTE no caso do aluno Plínio, cujo excerto se transcreve a seguir:
“(...). Pelos registros apresentados pela escola (Rotina e Plano de
Ensino Adaptado) É POSSÍVEL PERCEBER QUE HÁ UM ESFORÇO
POR PARTE DA EQUIPE ESCOLAR EM DESENVOLVER AÇÕES PARA
O ATENDIMENTO CORRETO AO ALUNO, uma vez que as falhas
apontadas estão sendo corrigidas. É oportuno ressaltar também
que, toda a equipe escolar, bem como a família, devem se pautar
nos princípios da solidariedade e equidade, buscando consensos e
estreitando a parceria família-escola evitando prejuízo ao
desenvolvimento pedagógico do aluno em questão”. (ênfase
suprida).
Veja, Excelências, que em relação ao aluno Plínio,
cujo caso serviu de mola propulsora da presente Ação Civil Pública, o atendimento sempre foi adequado e assim reconhecido pela Diretoria Regional de Ensino.
É certo, ainda, Excelências, que todos os alunos com
necessidades especiais tinham as suas peculiaridades devidamente atendidas. Confira-se:
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DO ATENDIMENTO PRESTADO AOS DEMAIS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
Conforme Relatório da Ilustríssima Supervisora da Diretoria de Ensino – Região de Campinas Oeste, Sra. Clarete Paranhos da Silva, (fls. 721/724), assim restou assente:
“A escola seguiu as orientações da Diretoria de Ensino quanto à citada recomendação DE/MP. Em seu plano escolar, homologado pelo Dirigente Regional de Ensino, indiciou a profissional Edneia Assunção de Sousa como responsável pelo AEE na escola.”
Assim, Excelências, resta comprovado, por
declaração de órgão competente, que o estabelecimento de ensino da APELANTE tem atuado em estrita observância à legislação. Ademais, do mesmo relatório acima citado, às fls. 722/724, consta rol de todos os alunos com necessidades especiais matriculados no estabelecimento da APELANTE bem como, de forma pormenorizada, o atendimento que tem sido prestado a tais alunos, sendo certo que todos contam com as adaptações adequadas às suas necessidades, incluindo materiais, equipamentos, administração do tempo, conteúdo e professora auxiliar de sala, de acordo com a necessidade de cada um. Logo, imperioso concluir que a APELANTE provê o atendimento adequado aos alunos com necessidades especiais, ao contrário do que dispõe a R. Sentença, ora fustigada. Pelo PROVIMENTO deste apelo para reconhecer o atendimento adequado prestado pela APELANTE aos seus alunos de inclusão.
DA DIFERENÇA ENTRE EDUCAÇÃO ESPECIAL,
INCLUSÃO e INTEGRAÇÃO
O Nobre Magistrado a quo indigitou que “(...) os estabelecimentos de ensino particulares também devem obediência ao regramento educacional existente no País, inclusive no que se refere ao acesso à educação especial.” E conclui: “Pelo exposto, fornecimento do ensino especializado é obrigatório também para as entidades privadas de ensino (...)”
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Data maxima vênia, Excelências, a primeira observação que se faz da R. Sentença é a confusão do Nobre Magistrado a quo entre educação especial e inclusão, revelada no momento em que equipara as instituições de ensino regular e as de ensino especial, sendo vital a este feito a sua diferenciação. Não se olvide que educação especial é modalidade de ensino, e, como tal, será ofertada pela iniciativa privada, se esta assim deliberar, nos uso da liberdade que lhe confere o disposto no artigo 209, I e II, da Constituição da República.
A inclusão, de fato, é obrigatória; mas não a oferta de educação especial.
Por MODALIDADE, entenda-se a especialidade do ensino a ser provido, observando-se, portanto, as características e necessidades do destinatário: educação de jovens e adultos (EJA), educação profissional e tecnológica, educação à distância (EAD), educação indígena, educação ambiental, educação regular, educação especial etc. A inclusão, ao seu turno, não perfaz uma modalidade de ensino, mas um programa ou política que visa estabelecer, quando possível, relacionamento entre as diferentes modalidades de ensino. Pode-se afirmar que a inclusão é uma ocorrência no seio das modalidades de ensino. A inclusão ocorre, no mais das vezes, entre as modalidades de educação regular e especial, reciprocamente. Outro conceito há de ser delimitado e diferenciado dos anteriores: a integração. A integração, por sua vez, é o processo através do qual se verifica a possibilidade ou não de realizar o programa de inclusão de modo eficaz, bem como elege a melhor estratégia para o alcance do aludido programa. O processo de integração avalia se uma criança com necessidade especial apresenta condição de permanência em sala de aula do ensino regular. Todos os termos acima esclarecidos vicejam frequentemente no texto das normas atinentes à educação nacional, e a sua compreensão afigura-se visceral.
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Na decisão ora fustigada, educação especial (ensino especializado), inclusão e integração foram, equivocada e nocivamente, sinonimizadas, notadamente a integração, à qual atribuiu-se caráter finalístico e absoluto, e não como um processo que comporta resultado positivo ou negativo. Ora, Excelências, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no § 2º, do artigo 58, é clara em admitir as hipóteses de POSSIBILIDADE e IMPOSSIBILIDADE de integração da modalidade de ensino especial em classe do ensino regular. Confira-se:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, NÃO FOR POSSÍVEL A SUA INTEGRAÇÃO nas
classes comuns de ensino regular. (Ênfase suprida).
No tocante aos conceitos estabelecidos, não restou esclarecedora a R. Sentença, pelo contrário, ignorou-os. Contudo, tendo sido estabelecidos e elucidados, naturalmente exsurge a seguinte questão, de peculiar importância:
• QUEM AVALIA A POSSIBILIDADE OU IMPOSSIBILIDADE QUANTO À INTEGRAÇÃO DO ALUNO ESPECIAL NAS SALAS DE ENSINO REGULAR?
Evidentemente, Excelências, tendo em vista tratar-se
de educação regular e de condição de integração em classes comuns, a avaliação de trata o dispositivo em análise, é de competência de profissional da área de educação, que atenda, concomitantemente, no mínimo, dois requisitos: (i) convivência com a criança em
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ambiente escolar; e (ii) conhecimento acerca das competências e habilidades necessárias para o mínimo de desenvolvimento possível no ambiente de ensino regular pretendido.
Muito embora seja imperiosa tal inferência, tem-se
percebido uma tendência, nociva por sinal, de se atribuir a agentes externos, tais como: Ministério Público, Diretorias de Ensino, Secretarias de Educação, profissionais da área da saúde, e até mesmo à família, a competência de decidir acerca do processo de integração.
Note, Excelências, que quaisquer dos entes acima
não suprem os requisitos demonstrados, portanto, não se lhes pode atribuir a prerrogativa de decidir acerca do processo de integração do aluno especial em sala regular.
E tal vedação não é sem desarrazoada: Não se pode permitir que a família decida acerca do
processo de integração, a uma em razão da carga emocional envolvida; a duas porque o desenvolvimento e comportamento da criança em ambiente familiar é diferente do seu desenvolvimento e comportamento em espaço escolar.
A família é essencial à educação, mas convém
lembrar que o ensino é a faceta formal da educação e é transmitido no ambiente escolar, portanto, de responsabilidade do seu provedor.
Aos órgãos de educação também não se pode
atribuir, por faltar-lhes, notadamente, o requisito do acompanhamento do aluno. E ao Ministério Público por tratar-se de avaliação que
escapa completamente da natureza de suas atividades, ou seja, não supre quaisquer dos requisitos.
E, por fim, aos profissionais da área da saúde, em
razão seu olhar parcial, dirigido às possibilidades de desenvolvimento da criança na área de sua especialidade, que não necessariamente se aplique aos aspectos da educação regular. Tais como: habilidade da fala (fonoaudiologia); desenvolvimento motor (fisioterapia) etc.
Apenas para elucidar, muito embora as questões de
saúde exemplificadas acima sejam também desenvolvidas no espaço escolar (como por exemplo: as habilidades motoras nas aulas de educação física etc.) não se tratam do objeto central do ensino regular, que tem como parte importante do seu processo o desenvolvimento cognitivo, que se faz pela compreensão dos conteúdos escolares, nos termos do artigo 32, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, conservada abaixo nos seus exatos termos:
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Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o
pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. (Ênfase suprida).
Vê-se, portanto, que cabe ao estabelecimento de ensino, a decisão acerca do processo de integração do aluno, porquanto todos os requisitos do artigo 32, estampado em seus incisos, dizem respeito habilidades e capacidades que só podem ser julgadas por profissionais da área de educação. A Lei nº 7.853/89, e o seu Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, em seu artigo 25, proveem maior entendimento, ainda, à tese ora alçada:
Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.
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O texto é claro em admitir que a obrigatoriedade se verifica quando se afere a possibilidade de integração do aluno com deficiência em classe do ensino regular. Noutro giro, se se verificar a impossibilidade de integração, qual seja: quando o método ofertado não atender as necessidades educativas ou sociais do aluno com deficiência, deverá ser encaminhado a estabelecimento de ensino especializado. Veja, ainda, Excelências, o quanto disposto no artigo 2º, parágrafo único, I, f, da Lei nº 7.853/89:
Artigo 2º - Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Parágrafo único - Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem
dispensar, no âmbito de sua competência e
finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de
deficiência CAPAZES DE SE INTEGRAREM NO SISTEMA REGULAR DE ENSINO;
Os critérios de aferição da aludida capacidade de integração, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional denomina condição de permanência. Muito embora o Nobre Magistrado a quo tenha enfatizado em seu Decisum as “normas gerais da educação nacional”, não fez qualquer
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menção à principal delas, a saber: a Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996 – a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN). Trata-se, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN), do instrumento legislativo orgânico e geral da educação brasileira, sendo o principal diploma que compõe as normas gerais da educação nacional. Veio suprir, em larga medida, a instância legiferante da qual carecem as normas de conteúdo programático, como é o caso do direito à educação.
Diante desse cenário, imperioso inferir, que a R. Sentença, data maxima venia, deixou a desejar, por não ter observado os conceitos de educação especial, inclusão e integração, essenciais ao entendimento das normas gerias de educação, tampouco por ter observado a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, interpretando equivocadamente o Estatuto da Pessoa com Deficiência, tirando do estabelecimento de ensino APELANTE, a competência de eleger, empregar e, inclusive, decidir sobre a integração do aluno com deficiência, ensejando, inexoravelmente, REFORMA.
DA CORRETA INTERPRETAÇÃO DOS
ARTIGOS 58, da LDBEN
Os dispositivos mencionados em intertítulo, abaixo
transcritos, evidenciam que a educação especial é dever do Estado. Confira-se:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida PREFERENCIALMENTE NA REDE REGULAR DE ENSINO, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
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§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (Ênfase suprida).
À luz do dispositivo suso transcrito, conclui-se que, assim como todas as outras modalidades de educação, a especial é dever primário do Estado, e secundariamente da iniciativa privada, se esta, no uso de sua liberdade, decidir explorá-la. Considere ainda os conceitos a seguir:
DO SIGNIFICADO DO TERMO “PREFERENCIALMENTE”
DO ARTIGO 58, da LDBEN
Há a tendência equivocada de se admitir o termo “preferencialmente” com mensagem destinada exclusivamente aos pais e alunos portadores de necessidades especiais, iludindo-os no sentido de que, a escolha do estabelecimento de ensino submete-se, tão somente, à sua própria conveniência. Ao interpretar-se dessa forma, o termo preferencialmente representaria uma obrigatoriedade à toda e qualquer instituição de ensino. No contexto legislativo, o termo “preferencialmente” não divorcia-se do seu significado adverbial, e representa uma opção que, em condição de igualdade com outra, deve prevalecer. Tal entendimento não é de difícil absorção quando se analisa a passagem do mesmo advérbio noutro dispositivo, a saber: o artigo 37, §3º, do mesmo diploma legal:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, PREFERENCIALMENTE, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Ênfase suprida).
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Ora, nunca foi objeto de discussão a OBRIGATORIEDADE da oferta de educação profissional por toda e qualquer instituição de educação de jovens e adultos, já que também revestida de “preferência”. Por que num dispositivo o legislador atribuiria ao advérbio “preferencialmente” força vinculante e noutro dispositivo deixaria como opção, sendo ambos do mesmo diploma legal? Evidentemente, nunca foi intento do legislador atribuir força vinculante ao advérbio “preferencialmente”, trata-se de uma interpretação conveniente que distorce o sentido original do termo. In casu, entre as possibilidades de matrícula numa instituição de ensino regular ou numa de ensino especial, o advérbio “preferencialmente” não impõe uma sobre a outra, mas convoca à ponderação de comparação, em havendo as duas possibilidades em pé de igualdade, dê-se a preferência ao sistema regular de ensino. O mesmo se dá na direção inversa: não havendo duas possibilidades em pé de igualdade, considerar-se-á a especificidade, particularidade ou gravidade da necessidade especial, e se dará a preferência ao sistema especial de ensino. Tal conclusão ainda é reforçada e sacramentada quando se analisa o referido advérbio em cotejo com o §1º, do artigo 1º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que invoca outro, que, se analisado isoladamente, contrapõe-se francamente ao dispositivo do artigo 58. Confira-se:
Art. 1º A educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar,
que se desenvolve, predominantemente, por
meio do ensino, em instituições próprias.
(Ênfase suprida).
Assim, exsurgem as seguintes questões:
Entre as opções de estabelecimento de ensino regular e estabelecimento de ensino especializado, deve-se observar qual dispositivo:
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• O dispositivo do artigo 1º, §1º, da LDB, e PREDOMINAR A INSTITUIÇÃO PRÓPRIA, ou seja, educação especial?
• O dispositivo do artigo 58, da LDB, e PREFERIR A INSTITUIÇÃO DE ENSINO REGULAR?
• Qual advérbio teria mais força vinculante: PREDOMINAR ou PREFERIR? Analisadas em seus sentidos ordinários, poder-se-ia
dizer que a “predominância” tem força de regra e a “preferência” exceção. Contudo, evidentemente, não é o escopo da Lei
determinar, ou estabelecer como DEVER a matrícula numa ou noutra instituição, tampouco revestir de maior ou menor grau de alcance os advérbios, mas provocar a ponderação.
E dessa ponderação, surge, então, a principal
questão:
QUAIS ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS PODEM MATRICULAR-SE NA REDE REGULAR DE ENSINO?
A resposta “politicamente correta” que muito se fala em cursos e discursos hodiernamente, fazendo-se má interpretação dos preceitos constitucionais, é: “TODOS”. Contudo, o correto a se afirmar é que TODOS têm direito à educação, mas nem todos cumprem os requisitos necessários à INCLUSÃO EFICAZ. Veja a resposta correta cinzelada no artigo 3º, I, in fine:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (Ênfase suprida)
Dessarte, a resposta correta à questão “quais alunos portadores de necessidades especiais podem matricular-se na rede regular de ensino?” é: aqueles que reúnem condições de permanência na escola.
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O termo “permanência” não pode ser tomado no sentido ordinário e corriqueiro, sinônimo de ficar ou estar, mas deve ser analisado à luz da PEDAGOGIA, doravante considerado:
DA CONDIÇÃO DE PERMANÊNCIA DE QUE
TRATA a LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
A condição de permanência caracteriza-se pelo desenvolvimento da autonomia e da capacidade de aprendizagem no ensino regular. A autonomia, segundo Jean PIAGET, refere-se à
“a submissão do indivíduo a uma disciplina que ele próprio escolhe e a constituição
da qual ele elabora com sua personalidade”.1
Essa autonomia é conquistada com o decorrer do tempo e com a superação dos níveis de ensino. Se, em determinado momento essa autonomia fica estagnada, ou sequer chega a se desenvolver, prejudicada está a permanência do aluno do estabelecimento regular de ensino, atraindo a aplicação do artigo 58, §2º, da LDB, conservado abaixo nos seus exatos termos:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para
os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com
deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação.
§ 2º O atendimento educacional será feito
em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das
condições específicas dos alunos, NÃO FOR
POSSÍVEL A SUA INTEGRAÇÃO NAS CLASSES
COMUNS DE ENSINO REGULAR. (Ênfase
suprida).
Sublinhe-se que a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação admite a hipótese de IMPOSSIBILIDADE DE PERMANÊNCIA DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADE ESPECIAL EM ESTABELECIMENTO DE ENSINO REGULAR.
1 PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo : Mestre Jou, 1977.
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O olhar parcial lançado pelo Nobre Magistrado a quo sobre os dispositivos da Lei nº 7.853/89, do Decreto nº 3.298/99, e o desprezo à Lei nº 9.394/96 (LDBEN), acima considerados, conduziu-o à interpretação totalmente errônea, descompassada com o Direito Posto, não podendo prevalecer sob pálio algum. Pelo PROVIMENTO deste apelo.
LIBERDADE DE ENSINO À INICIATIVA PRIVADA
(Artigo 209, I e II, da Constituição da República)
À fl 896, da R. Sentença, o Nobre Magistrado a quo,
interpretou o artigo 209, I e II, da Constituição da República, com o fito de sustentar a
obrigatoriedade de os estabelecimentos privados de ensino regular oferecerem educação
especial. Inobstante, e com todo o respeito, equivoca-se.
Assim estatui o artigo 209, I e II, da Constituição da
República:
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada,
atendidas as seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da
educação nacional;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo
Poder Público.
A preferência constitucional pelo ensino público é
inequívoca, não por menos conferiu-se tal mister à iniciativa privada com as limitações
dos incisos I e II do dispositivo suso transcrito.
À inteligência do dispositivo supra, a faculdade
concedida à iniciativa privada na área de ensino é sempre SUPLETIVA, SECUNDÁRIA e
CONDICIONADA.
O supletivismo refere-se ao suprimento, ou
complemento daquilo que falta. De modo algum se pode sinonimizar a palavra
“supletivo” com “substituto”, esta última, para se perfazer, exige o afastamento do
titular, para, então, o substituto, fazer-lhe às vezes por completo.
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No supletivismo, o titular permanece atuando,
porém, a partir de então, contando com o apoio complementar do ente supletivo,
colmatando lacunas específicas na atuação daquele.
Não por menos, o artigo 3º, V, da LDB, estabelece o
princípio da coexistência das instituições públicas e privadas e ensino, in verbis:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
A secundarização aplicada à iniciativa privada reforça
a tese do supletivismo: ao Estado cabe, primariamente, prover educação. Na
impossibilidade de provê-lo de forma plena, abre, secundariamente, à iniciativa privada,
para que venha colmatar as lacunas.
O condicionamento refere-se ao cumprimento dos
requisitos do artigo 209, I e II, da Constituição Federal, suso transcrito, especialmente no
tocante ao cumprimento das normas gerais da educação nacional.
Pergunta-se: diante de um cenário em que a
iniciativa privada é secundária, supletiva e condicionada, há falar-se em liberdade? Em
que medida?
Evidente que há liberdade, e o seu exercício reside no
direito conferido à iniciativa privada de optar entre os NÍVEIS e MODALIDADES de
educação que quer ofertar.
Por NÍVEL, entenda-se a fase do ensino, sendo:
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Relembrando: por MODALIDADE, entenda-se a
especialidade do ensino a ser provido, observando-se, portanto, as características e
necessidades do destinatário: educação de jovens e adultos (EJA), educação profissional e
tecnológica, educação à distância (EAD), educação indígena, educação ambiental,
educação regular, educação especial etc.
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À inteligência dos aludidos dispositivos, à iniciativa
privada é dado atuar em quaisquer NÍVEIS e MODALIDADES de ensino formal.
José Afonso da Silva, in Comentários Contextual à
Constituição, página 795, acerca do artigo 209, da Constituição da República, vaticina:
“No entanto, o dispositivo declara livre o ensino à iniciativa privada, atendidas as condições ali indicadas. Emprega “ensino” com sua
conotação aberta, o que significa que a iniciativa privada PODE oferecer o ensino em todos os seus NÍVEIS e MODALIDADES.” (destaque acrescentado)
Logo, Excelências, a iniciativa privada pode optar por ofertar educação no nível infantil na modalidade regular; ou ofertar ensino médio na modalidade tecnológica; ou, ainda, ofertar, exclusivamente, educação especial. Veja, Excelências, que, ao Estado é imposto prover todos os níveis e modalidades de ensino, contudo, à iniciativa privada, é facultada provê-lo no nível e modalidade que melhor lhe convier. De uma forma ou de outra, ainda que atendendo apenas um seguimento da sociedade, estará CONTRIBUINDO com dever precípuo do Estado.
Formado esse panorama, cai por terra o
entendimento do Nobre Magistrado a quo de que não há distinção entre público e
privado em matéria de educação.
Ora, Excelências, tal tese é inadmissível, porque, se a
INSTITUIÇÃO PRIVADA, autorizada a ofertar ensino, se sub-rogasse NAS OBRIGAÇÕES
IMPOSTAS À REDE PÚBLICA, aquelas deveriam, à dicção da Constituição da República e da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, prover “Educação básica gratuita”,
“transporte”, “alimentação”, “assistência à saúde”, “programa de assistência ao
indígena” etc., tal como é imposto à rede pública.
Não se faz necessário árduo exercício para se concluir
que instituição privada alguma sobreviveria nessas condições, mesmo porque, por força
do artigo 213, da Constituição da República, todo o investimento é destinado à rede
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pública de ensino, ao passo que, da rede privada, espera-se, por força do artigo 7º, III, da
LDB, a capacidade de autofinanciamento.
Assim, em relação à obrigatoriedade de oferta de
todos os níveis e modalidade de ensino, esta recai sobre o Poder Público; a iniciativa
privada, tem a LIBERDADE, e não obrigatoriedade, de eleger o(s) nível(is) e modalidade(s)
na qual(is) pretende atuar.
A EDUCAÇÃO ESPECIAL É OBRIGATÓRIA AO ESTADO E
FACULTADA À INICIATIVA PRIVADA.
Os dispositivos mencionados em intertítulo, abaixo
transcritos, evidenciam que a educação especial é dever do Estado. Confira-se:
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. (Ênfase suprida).
O artigo 59, conservado a seguir nos seus exatos termos, esclarece, ainda, que é dever do Estado, o fornecimento de todos os meios que assegurem a educação especial, tais como: elaboração de currículos, desenvolvimento e emprego de métodos, técnicas e recursos educativos, capacitação de profissionais etc.:
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão
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aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
O artigo 60, por sua vez, silencia, de uma vez por todas, qualquer celeuma acerca da obrigatoriedade das instituições privadas quanto ao fornecimento de educação especial.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação
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do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Regulamento) Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)” (Ênfase suprida).
Ainda, no tocante à obrigatoriedade imposta tão
somente ao Estado, o Decreto nº 3.298/99, erige-se estreme de dúvidas:
Art. 24. Os órgãos e as entidades da Administração Pública Federal direta e indireta responsáveis pela educação dispensarão tratamento prioritário e adequado aos assuntos objeto deste Decreto, viabilizando, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede regular de ensino; II - a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de educação escolar que permeia transversalmente todos os níveis e as modalidades de ensino; III - a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas públicas e privadas; IV - a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimentos públicos de ensino;
Art. 25. Os serviços de educação especial serão ofertados nas instituições de ensino
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público ou privado do sistema de educação geral, de forma transitória ou permanente, mediante programas de apoio para o aluno que está integrado no sistema regular de ensino, ou em escolas especializadas exclusivamente quando a educação das escolas comuns não puder satisfazer as necessidades educativas ou sociais do aluno ou quando necessário ao bem-estar do educando.
Note, ainda, Excelências, que há nítida diferenciação
entre escolas comuns e especializadas, sendo que aquelas podem, inclusive, alegar que
SEU SISTEMA NÃO TEM O CONDÃO DE SATISFAZER AS NECESSIDADES ESPECIAIS DE
DETERMINADO ALUNO, e encaminhá-lo à instituição pública especializada.
Assim, diante dos diplomas analisados, resta claro
que NÃO HÁ OBRIGATORIEDADE DE ENTIDADES PRIVADAS DE ENSINO COMUM, OFERTAR
EDUCAÇÃO ESPECIAL.
Como repetido, os estabelecimentos de ensino
privados de educação na modalidade regular têm a obrigação de praticar a inclusão e
não de ofertar ensino regular.
Pelo PROVIMENTO deste apelo para estabelecer a
diferença entre EDUCAÇÃO ESPECIAL e INCLUSÃO, e reconhecer que a APELANTE pratica
devidamente a inclusão.
DA COLABORAÇÃO ENTRE OS SISTEMAS DE ENSINO
E DO RISCO DE AFRONTA AO PACTO FEDERATIVO
Norberto Bobbio, com precisão e clareza define
sistemas como um todo ordenado.2
O sistema de ensino pátrio é composto da seguinte
forma, de acordo com os artigos 17 e 18, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
conservados abaixo nos seus exatos termos:
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e
do Distrito Federal compreendem:
2 BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico, p. 71 e 76.
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I - as instituições de ensino mantidas,
respectivamente, pelo Poder Público estadual
e pelo Distrito Federal;
II - as instituições de educação superior
mantidas pelo Poder Público municipal;
III - as instituições de ensino fundamental e
médio criadas e mantidas pela iniciativa
privada;
IV - os órgãos de educação estaduais e do
Distrito Federal, respectivamente.
Parágrafo único. No Distrito Federal, as
instituições de educação infantil, criadas e
mantidas pela iniciativa privada, integram
seu sistema de ensino.
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino
compreendem:
I - as instituições do ensino fundamental,
médio e de educação infantil mantidas pelo
Poder Público municipal;
II - as instituições de educação infantil
criadas e mantidas pela iniciativa privada;
III – os órgãos municipais de educação.
A expectativa é que as instituições elencadas no
dispositivo acima formem um todo, uma unidade.
Qual a estratégia empregada para se atingir a
pretendida unidade? Eis a questão.
Regime de COLABORAÇÃO é a resposta!
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação prevê, em seu
artigo 8º, o regime de COLABORAÇÃO em torno do qual os sistemas de ensino deverão
ser organizados. Confira-se:
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios organizarão, em regime de
colaboração, os respectivos sistemas de
ensino. (destaque acrescentado).
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No contexto do direito educacional, o vocábulo
“educação” torna-se termo e não expressa somente significado, mas, guarda profundo e
relevante conceito.
O regime de colaboração é um conceito
umbilicalmente ligado ao Princípio Federativo.
O Estado Federativo é aquele que admite
descentralização política, outorgando aos estados-membros sua própria capacidade
política e administrativa, contudo, preservando-se a soberania.
Evidentemente, a descentralização característica do
Estado Federativo admite gradação: maior ou menor autonomia aos estados-membros,
com reservas ao poder central.
Sendo certo que, a argamassa que une esses
membros descentralizados, para que essa não atinja um limite nocivo à manutenção da
soberania e do conceito de nação é a COLABORAÇÃO, essa relação de confiança,
cooperação, unidade.
A própria palavra “federação” se origina na palavra
latina foedus, no sentido de ligar, mas de etimologia comum com fido (confiar, fidúcia),
fides (fé), significando aliança, pacto, união.
É correto, portanto, afirmar que uma ruptura ou
fragilidade nesse vínculo de colaboração ou representaria um retrocesso a um estado
unitário, onde há subordinação a um poder central sem autonomia dos estados-membros
– cenário anterior à Constituição de 1988; ou levaria à formação de uma confederação,
tornando-se cada estado-membro um país com soberania própria, e autonomia, inclusive,
para deixar de compor a confederação.
É, pois, esse regime de colaboração [e não de
subordinação, imposição], que se espera dos sistemas de ensino.
Quando há uma imposição do poder central, per si,
este ato impositivo já guarda potencial atentatório contra o Princípio Federativo, que, ao
contrário, enaltece o diálogo, a parceria.
Escreveu, Paulo Hentz:
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“Os responsáveis pelo sistema federal precisam fazer uma opção
dolorosa, mas estratégica e necessária: honrar a Constituição da
República e estabelecer uma longa maratona de diálogos com a
totalidade dos sistemas de ensino estaduais e municipais,
considerando sua importância no regime federativo como parceiros (e
não como subordinados); ou ir pelo caminho da centralização, com o
atropelo das normas constitucionais por artifícios que lhes consigam
dar a condição de dirigentes de um sistema único que subordine os
demais e os transforme em tão somente cumpridores de diretrizes
deles emanadas.”3
Ou seja, IMPOR o tipo de nível e modalidade que as
instituições de ensino devem prestar, afronta, francamente, o regime de colaboração que
deve conduzir os entes que compõem o sistema de ensino nacional.
Ademais, se todas as instituições fossem obrigadas a
prover todas as modalidade e níveis de ensino, mais autossuficientes seriam, e menos
careceriam da colaboração umas das outras.
No aspecto prático, o regime de colaboração
preconiza que, na ausência da oferta de ensino especial por um estabelecimento de
ensino, outro, que esteja apto, em nome da cooperação e do federalismo, empenhar-se-á
em supri-la.
Logo, a OBRIGATORIEDADE afigura-se desnecessária,
nociva e atentatória contra o regime de colaboração e contra o Princípio Federalista, e
viola a liberdade conferida à iniciativa privada disposta no artigo 209, I e II, da CR.
Pelo PROVIMENTO deste apelo.
DO RELATÓRIO DE DESEMPENHO ACADÊMICO
Determina em sua R. Sentença, o Nobre Magistrado a quo, que a APELANTE deve fornecer aos alunos com deficiência boletim escolar. 3 HENTZ, Paulo. O Princípio Federativo e o Regime de Colaboração. Disponível em
http://fnce.org/index.php?option=com_content&view=article&id=54:o-principio-federativo-e-o-regime-de-
colaboracao&catid=36:artigos&Itemid=58 – acessado em 05/03/2015.
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Cabe esclarecer que a APELANTE tem expedido em favor de alunos que acompanham método e ritmo adaptados, e que são submetidos a avaliações adequadas às suas condições de aprendizagem, relatório de desempenho acadêmico (fls. 111/123), de natureza qualitativa (descritiva) e não quantitativa (boletim). O referido relatório de desempenho acadêmico é entregue aos responsáveis pelos referidos alunos, descreve detalhadamente o desempenho do aluno e é instruído com fotos, inclusive. Eis que está previsto no Regimento Escolar, em seu artigo 77, §2º, aprovado e homologado pela Diretoria de Ensino (fls. 341/382). Este também foi reconhecido como legítimo e com amparo legal pela Sras. Supervisoras de Ensino Maria Isabel G. Bedran Gauy e Alenice Marques Mendes em seu relatório de visita (fls. 315/316), do qual se extrai:
“3- Boletim Escolar/Relatório Sintético: No artigo 77, parágrafo 2º, do Regimento Escolar estão previstos o Boletim e Relatório Sintético como descrição do desempenho dos alunos. Assim, há amparo legal para a emissão do relatório emitido pelo Colégio para o aluno Plínio de Paula Junior documento nomeado como Relatório de Desempenho Acadêmico (...)”. (Ênfase suprida).
Vale destacar que, tanto o boletim quanto o relatório descritivo, são entregues aos alunos em pastas idênticas, e não expostos, de modo que não se pode diferenciar, pela aparência, qual aluno recebe boletim, qual aluno recebe relatório. Ademais, Excelências, o sistema de notas perfaz-se medida de aferição individual, porém em parâmetro com o desenvolvimento dos demais alunos da sala. Ora, Excelências, se o aluno especial tem seu método e ritmo adaptados, não pode este ser submetido à avaliação que adote o desenvolvimento global da sala como parâmetro. Não seria justo, Excelências! O relatório, como se pode constatar (111/123), retrata o desenvolvimento pedagógico específico do aluno à luz da sua especialidade. Diante da previsão regimental e da homologação do órgão educacional competente, o ato jurídico afigura-se perfeito, de modo que não pode, nesta quadra, o Ministério Público imiscuir-se em seara que não é de sua alçada.
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Assim, nunca houve discriminação, notadamente pela homologação do relatório pelo órgão de ensino, bem como porque o relatório e o boletim são entregues aos alunos na mesma capa, sem qualquer exposição. Apenas para argumentar, Excelências, o Nobre Magistrado a quo assentou em sua Sentença que “as crianças sem deficiência também devem aprender a conviver com pessoas diferentes umas das outras (...)”. Ora, Excelências, a e emissão de boletim para uns e relatório para outros não se trata de diferença com a qual se deve aprender a conviver? Não há discriminação na emissão do relatório, Excelências! Pelo PROVIMENTO DO APELO para desobrigar a APELANTE de fornecer a todos os alunos, regulares ou de inclusão com ritmo e método adaptados, boletim de notas; podendo a APELANTE optar por boletim ou relatório de acordo com a necessidade especial pedagógica de cada aluno, conforme previsto em seu regimento, homologado pela Diretoria Regional de Ensino.
DA CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES AUXILIARES COM FORMAÇÃO ESPECÍFICA, PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
E PROFISSIONAIS DE APOIO ESCOLAR
Determinou, o Nobre Juízo a quo, na Sentença ora hostilizada, conservada abaixo nos seus exatos termos:
“(...) PARA PROTEÇÃO JUDICIAL DE INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E ADOLESCENTE [sic] com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA E DE CONDENAÇÃO À OBRIGAÇÃO DE FAZER, proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO em face do COLÉGIO ADVENTISTA DE CAMPINAS (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social IPEAS [sic]) para o fim de determinar que o requerido Colégio Adventista de Campinas contrate professores auxiliares em sala de aula, com formação específica, para o atendimento educacional especializado, e profissionais de apoio escolar para atender os alunos que necessitam de cuidados especiais, em número suficiente ao atendimento necessário, VEDANDO-SE a cobrança de adicionais, por este serviço, nas mensalidades desses alunos (...)”
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Em primeiro lugar, Excelências, o excerto decisório
acima vilipendia o princípio constitucional da livre iniciativa.
Sobre a noção de livre iniciativa, diz Celso Ribeiro
Bastos, no seu Direito Econômico Brasileiro, São Paulo: Celso Bastos Editor, 2000, na
pag.119:
“A liberdade de iniciativa consagra tão-somente a liberdade de lançar-se
à atividade econômica sem encontrar peias ou restrições do Estado. Este
princípio conduz necessariamente à livre escolha do trabalho, que, por
sua vez, constitui uma das expressões fundamentais da liberdade
humana”.
E, mais:
Em sua obra intitulada Constituição Econômica.
Liberdade de Iniciativa e de Livre Concorrência, Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris Editor,
1990, pag. 105, Werter R. Faria leciona que
“(...) nas constituições contemporâneas, a liberdade de empresa quer
dizer mais do que acesso ao mercado para desempenhar uma
atividade econômica, sem prévia autorização do poder público, salvo
nos casos em que a lei exija. Refere-se, ainda, à abstenção da
exploração direta de atividade econômica pelo Estado, mediante
empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades”.
Como não podia faltar, tem justa cabida a lição
sempre preciosa de Eros Roberto Grau in A Ordem Econômica na Constituição de 1988,
11ª Ed, São Paulo: Malheiros, 2006, pag. 204:
“Inúmeros são os sentidos, de toda sorte, podem ser divisados
no pr inc ípio, em sua dupla face, ou seja, enquanto l iberdade de
comércio e indústr ia e enquanto l iberdade de concorrência. A
este critério classif icat ório acoplando-se outro, que leva à
dist inção entre l iberdade pública e l iberdade privada,
poderemos ter equacionado o seguinte quadro de exposição de
tais sentidos: a) l iberdade de comércio e indústria (não
ingerência do Estado no domínio econômico): a.1) faculdade de
criar e explorar uma atividade econômica a t ítulo privado -
l iberdade públ ica; a.2) não sujeição a qualquer restr ição estatal
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senão em virtude de lei - l iberdade públ ica; b) l iberdade de
concorrência: b.1) faculdade de conquistar a cl ientela, desde
que não através de concorrência desleal - l iberdade privada;
b.2) proibição de formas de atuação que deter iam a
concorrência - l iberdade privada; b.3) neutral idade do Estado
diante do fenômeno concorrencial, em igualdade de condições
dos concorrentes – l iberdade públ ica.”
Por derradeiro, André Ramos Tavares in Direito
constitucional econômico. São Paulo: Método, 2003. p. 249, esclarece:
A l iberdade de contratar envolve: 1) a faculdade de ser parte em
um contrato; 2) a faculdade de se escolher com quem real izar o
contrato; 3) a faculdade de escolher o t ipo do negócio a real izar.
4) a faculdade de f ixar o conteúdo do contrato segundo as
convicções e conveniências das partes; e, por f im 5) o poder de
acionar o Judic iár io para fazer valer as disposiçõe s contratuais
(garantia estatal da efetiv idade do contrato por meio da
coação).
Diante dos ensinamentos acima esposados, conclui-
se que o princípio da livre iniciativa não se refere apenas a um modelo ideológico, mas
prático, cujo guardião e promotor deve ser o Estado; com acompanhamento, porém sem
ingerências e oposição de óbices.
Corolário da livre iniciativa é a liberdade de
contratação.
Ao impor, determinar compulsoriamente, a
contratação de profissionais, o Nobre Magistrado a quo violou o princípio da livre
iniciativa, e afrontou a liberdade de contratar a que faz jus a APELANTE.
Ademais, tratou com desprezo as provas produzidas
nos autos de que a APELANTE dispõe de profissionais preparados para avaliar e
acompanhar o programa de inclusão, bem como elaborar o processo de integração do
aluno com necessidade especial; contudo, a Supervisora de Ensino registrou tal
informação em seu Relatório (fl. 690) que na sala na qual o aluno Plínio desenvolvia as
suas atividades, haviam duas professoras: Priscila e Tamires; além do acompanhamento
diuturno da Orientadora Edneia Assunção de Sousa, com especialização em Inclusão,
conforme verificado pela supervisora de ensino.
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Ademais, Excelência, a contratação ou não de
profissional especializado depende essencialmente do caso concreto, quando, então, se
avaliará (prerrogativa exclusiva da escola segundo a LDB – artigo 24, da LDB) o aluno e
elaborar-se-á, bem como executar-se-á o plano pedagógico (prerrogativa exclusiva da
escola segundo a LDB – artigo 12, da LDB).
Além do mais, os parâmetros lançados na R.
Sentença são insuficientes fosse o caso de cumprimento: quantos professores ou
profissionais contratar? Qual especialidade? Entre outras questões.
Assim, impende reforma o R. Decisum neste
particular, para desobrigar a APELANTE de contratar compulsoriamente professores ou
profissionais especializados, sendo certo que o seu corpo docente possui preparo para
atender a demanda do cotidiano escolar.
Pelo PROVIMENTO do APELO.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, e tudo o mais que dos autos consta, reiterando, ainda, os termos da Contestação, e nada mais havendo a equacionar, PUGNA, a ora APELANTE, pelo RECEBIMENTO do PRESENTE APELO em seu duplo efeito, bem como pelo CONHECIMENTO, quando, então, ser-lhe-á dado PROVIMENTO, reformando-se a R. Sentença de fls. 889/903 IN TOTUM, para desobrigar a APELANTE de (i) contratar profissionais especializados nos termos da fundamentação do APELO; (ii) implementar sala de recursos multifuncionais nos termos da fundamentação do APELO; (iii) de ofertar educação especial, por ser instituição de ensino regular que pratica devidamente a inclusão; (iv) de fornecer boletim, sendo que há previsão regimental de entrega de relatório de desempenho.
Agindo assim, estará, este Egrégio Tribunal, mais uma
vez, distribuindo
J V S T I C I A!
São Paulo, 14 de julho de 2017.
José Sérgio Miranda Tiago Corte Alencar OAB/SP 243.240 OAB/SP 358.840
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Processo nº 1048681-74.2016
Recurso de Apelação
Recorrente: Colégio Adventista de Campinas (Instituição Paulista
Adventista de Educação e Assistência Social - IPEAS)
Recorrido: Ministério Público do Estado de São Paulo
CONTRARRAZÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO
MERITÍSSIMO JUIZ,
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
DOUTA PROCURADORIA:
Trata-se de Recurso de Apelação, interposto pelo Colégio
Adventista de Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência
Social - IPEAS), contra a r. sentença de fls. 889/903, a qual, julgando procedente a
presente ação civil pública, condenou o apelante nos seguintes termos:
“Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE ESTA
AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA PROTEÇÃO JUDICIAL DE
INTERESSES DIFUSOS AFETOS A CRIANÇAS E
ADOLESCENTE [sic] com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA E
DE CONDENAÇÃO À OBRIGAÇÃO DE FAZER, proposta pelo
MINISTÉRIO PÚBLICO em face do COLÉGIO ADVENTISTA DE
CAMPINAS (Instituição Paulista Adventista de Educação e
Assistência Social IPEAS [sic]) para o fim de determinar que o
requerido Colégio Adventista de Campinas contrate professores
auxiliares em sala de aula, com formação específica, para o
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
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atendimento educacional especializado, e profissionais de apoio
escolar para atender os alunos que necessitam de cuidados
especiais, em número suficiente ao atendimento necessário,
VEDANDO-SE a cobrança de adicionais, por este serviço, nas
mensalidades desses alunos. Fica mantida a tutela antecipada
concedida à fls. 743/745, em seus termos e prazos fixados
naquela oportunidade. O requerido ainda deverá implementar Sala
de Recursos visando atendimento aos alunos que necessitem de
cuidados especiais, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a contar
do trânsito em julgado desta sentença. Por fim, deverá elaborar
Plano Pedagógico de Atendimento Educacional Especializado
para cada criança/adolescente com deficiência, fornecendo-lhes
ainda boletim escolar (ainda que com peculiaridades de avaliação,
decorrentes da deficiência apresentada). ”
Inconformado com a r. sentença, o Colégio Adventista de
Campinas (Instituição Paulista Adventista de Educação e Assistência Social -
IPEAS) interpôs recurso de apelação (fls.908/949), pretendendo a reforma integral
da r. sentença. Nas suas razões, alegou, preliminarmente, fazer jus ao benéfico da
justiça gratuita e, no mérito, postulou pela desobrigação de contratar profissionais
especializados; de implementar sala de recursos multifuncionais; de ofertar
educação especial, por ser instituição de ensino regular que pratica devidamente a
inclusão, bem como de fornecer boletim escolar.
É o breve relatório.
O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade e merece
ser conhecido. No mérito, todavia, não comporta provimento, pelas razões a seguir
expostas.
Da preliminar:
Inicialmente, observa-se que a apelante não faz jus aos benefícios
da assistência judiciária gratuita. Isso porque, muito embora se trate de entidade
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
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educacional e filantrópica, sem fins lucrativos, o réu não demonstrou a falta de
condições para arcar com as despesas do processo.
Assim, a condição de entidade filantrópica, por si só, não é
suficiente para a concessão do aludido benefício, sendo necessária a comprovação
da impossibilidade de pagamento dessas despesas. Ademais, a grandiosidade dos
estabelecimentos educacionais geridos pela ré, envolvendo diversos
estabelecimentos de ensino na cidade de Campinas e em outros municípios do
interior, com ampla publicidade em renomados órgãos de comunicação social,
indica o descabimento do benefício postulado, justificável apenas quando a
requerida não possui condições econômicas para arcar com os custos do processo,
o que certamente não é o caso.
Do mérito:
Muito embora a requerida alegue que sempre foi solícita em
relação aos pedidos do Ministério Público, não foi o que se observou durante o
trâmite do inquérito civil, haja vista que muitas informações presentes no ICP
precisaram ser obtidas de forma indireta, sem qualquer colaboração da requerida.
A ausência da ré em reunião previamente agendada e a postura
refratária demonstrada ao longo do inquérito civil público que instruiu a presente
ação (contando com documentos públicos oriundos da Diretoria de Ensino e
parecer técnico do NAT – Núcleo de Assessoria Técnica Psicossocial do MP de
São Paulo) e, mesmo no curso do processo, por si só, demonstraram falta de
comprometimento com a resolução adequada da causa e inviabilizou a celebração
de um possível compromisso de ajustamento de conduta, o qual poderia ter evitado
a propositura da presente ação, objetivando a adequação da entidade à legislação
vigente.
Conforme exposto na exordial, as questões envolvendo
especificamente o aluno Plínio de Paula Junior, não são objeto da presente ação, a
qual recai sobre todos os estudantes deficientes do Colégio Adventista, incluindo a
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criança Plínio, do presente e do futuro, tratando-se, portanto, de ação que tutela
interesses difusos.
Contudo, resta patente que, caso o Colégio Adventista já
dispusesse do AEE de forma adequada, os problemas envolvendo a criança Plínio
certamente não teriam tomado tamanha proporção. Ademais, a afirmação da
requerida no sentido de que a criança Plínio não apresentava e não apresenta
condições mínimas de adaptação ao ambiente escolar regular, soa como absurda e
preconceituosa, procurando jogar nas costas da criança todas as dificuldades
encontradas em seu aprendizado na Escola Adventista, quando a própria escola
falhou no atendimento educacional especializado de que Plínio e outras crianças ali
matriculadas necessitavam e necessitam, ainda que possa ter tomado, a muito
custo, algumas medidas que, entretanto, não foram suficientes e eficazes no
atendimento desses estudantes.
Desta forma, nobres julgadores, o Ministério Público, no
cumprimento de seu dever, de forma coerente, apenas procurou retratar o ocorrido,
buscando o atendimento dos direitos das crianças e adolescentes com deficiência
da referida escola, a qual, desde o início do inquérito civil público que resultou na
presente ação, se pautou por uma postura intransigente e autossuficiente,
negando-se a propiciar o atendimento que esse estudantes deficientes necessitam,
ou o propiciando de forma incipiente e deficiente, descumprindo assim com o seu
dever legal, lançando a culpa pelo eventual insucesso na aprendizagem, sobre os
próprios estudantes, como se deu, de forma equivocada, no caso da criança
Plínio, onde inclusive se chegou ao cúmulo de se tomar uma decisão unilateral pela
transferência compulsória da criança, sem que lhe fosse assegurado o direito de
defesa na reunião do Conselho Disciplinar. Isso sem falar em outras situações
inexplicáveis criadas pela requerida, como impedir ou dificultar o acesso dos pais
da criança Plínio aos seus professores, o que certamente contribuiu para as
dificuldades do desempenho escolar da criança, ou mesmo as dificuldades criadas
para dialogar com o NAT do Ministério Público e o psicólogo da Defensoria Pública,
que se colocaram à disposição para aprofundar o diálogo e buscar soluções
conjuntas para a melhoria do atendimento educacional para Plínio e que poderia se
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estender para outras crianças e adolescentes deficientes estudantes do Colégio
Adventista.
E não foi só, ficou claro que até mesmo a Diretoria de Ensino
encontrou e encontra dificuldades no trato com a requerida, tanto assim que a
recomendação para aperfeiçoamento do Boletim Escolar, com a adoção de dados
objetivos para permitir uma avaliação sobre o desempenho escolar do estudante
com deficiência, foi solenemente ignorada pelo Colégio Adventista, razão pela qual,
também se inseriu num dos pedidos desta ação.
.
Ressalta-se, mais uma vez, a existência de ação individual
proposta pela Defensoria Pública, em face do Colégio Adventista, ora réu (Processo
nº 1034114-72.2015.8.26.0114), visando a regular efetivação de sua matrícula e
fornecimento de professor auxiliar, entre outros direitos, estando o processo em
fase recursal, sendo a ação julgada procedente em primeiro grau.
Em que pese todo esforço da defesa, sua principal argumentação
é no sentido de que seria apenas dever do Estado oferecer atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, o qual não se estenderia
às instituições de ensino privadas.
Todavia, tal entendimento não pode prosperar, senão vejamos:
Os fundamentos básicos do direito à educação no Brasil estão
elencados nos arts. 205 a 214 da Constituição Federal de 1988. Especificamente, o
art. 208 dispõe que:
“Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos
17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos
os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009); II - progressiva universalização do ensino médio
gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996); III -
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
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preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-
escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV - educação infantil, em creche e
pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006). V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de
ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao
educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. VII -
atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). §
1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º - O
não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,
importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º - Compete ao Poder
Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola."
Verifica-se que, o acesso ao ensino obrigatório, tal como
assegurado na Constituição, constitui-se em direito público subjetivo (art. 208, §1º).
Nos termos da Constituição, é dever do Estado garantir
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, inc. III).
A Nota Técnica nº 15/2010 – MEC/CGPEE/GAB, prevê que o
Atendimento Educacional Especializado – AEE, consistente no conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados
institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação
dos alunos no ensino regular, também se aplica aos alunos matriculados na rede
particular de ensino.
Além disso, é preciso observar que o art. 209 da Constituição
Federal estabelece que: “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
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seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional; II –
autorização e avaliação da qualidade pelo Poder Público”.
Portanto, mesmos os estabelecimentos de ensino particulares,
como no caso vertente, devem obediência ao regramento educacional existente no
país, inclusive o que dispõe sobre o acesso à educação especial.
Nesse mesmo sentido, a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa
com Deficiência), que entrou em vigor em 07 de janeiro do ano de 2016, dispõe
expressamente, em seu artigo 28, parágrafo único, que é vedada qualquer
cobrança pela instituição de ensino privada, para implementação dos direitos que
tratam da inclusão da pessoa com deficiência, afastando assim qualquer dúvida
que ainda pudesse restar sobre o tema:
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver,
implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
(...)
§ 1o Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de
ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X,
XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a
cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades,
anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações. (g.n.)
Observa-se, inclusive, que a constitucionalidade do dispositivo
expresso no art. 28, § 1º e art. 30 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, foi
questionada em Ação Declaratória de Inconstitucionalidade, ajuizada pela
Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN), na qual foi
decidido o seguinte:
“São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº
13.146/2015, que determinam que as escolas privadas ofereçam atendimento
educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que
possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação.”
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STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
9/6/2016 (Info 829).
Com efeito, uma vez comprovada a deficiência do estudante e
apontadas as suas necessidades, os recursos para a implantação do Atendimento
Educacional Especializado devem ser garantidos pela escola, sendo descabida a
imposição desse ônus aos pais de crianças portadoras de necessidades especiais,
o que pode inviabilizar o estudo dessas crianças em escolas particulares,
colocando-se aos seus pais um ônus desproporcional e descabido. Trata-se,
portanto, de norma que visa à implantação de um novo paradigma no atendimento
educacional de estudantes deficientes, cujos esforços, de forma solidária, deve ser
suportado por todos, a saber, Estado, instituições públicas e particulares de ensino,
sociedade e às famílias.
Portanto, nobres julgadores, é preciso que a requerida se adeque
ao novo paradigma estabelecido para a inclusão dos estudantes com deficiência
no âmbito escolar, mormente de crianças e adolescentes nessa situação, tal qual
preconizado pelos diversos diplomas legais mencionados no curso da ação,
refletindo os anseios da sociedade do século XXI e os esforços para a sua
observância, os quais, tal qual apregoa o art. 227 da Constituição Federal, devem
partir da família, da sociedade e do Estado.
Ante o exposto, e por tudo mais que nos autos consta, aguardo
seja negado provimento ao recurso, mantendo-se no mais, na íntegra, os termos
da r. sentença recorrida, por seus cultos e jurídicos fundamentos.
Campinas, 20 de julho de 2017.
RODRIGO AUGUSTO DE OLIVEIRA
Promotor de Justiça da Infância e da Juventude
EDUARDO CRUZ FOCHESATO
Analista de Promotoria I (Assistente Jurídico)
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