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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GO Rua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 – Centro - Vianópolis – Go - CEP 75260-000 Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br Referência Autuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICAS Autor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade Administrativa Promoção MP : Inicial EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE VIANÓPOLIS – ESTADO DE GOIÁS. “Pode-se enganar todo mundo por algum tempo, e algumas pessoas durante o tempo todo, mas não se pode enganar todo o mundo por todo o tempo” (A. Lincoln) O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Representante Legal ao final assinado, titular da Promotoria de Justiça de Entrância Inicial da Comarca de Vianópolis - Goiás, no uso de suas atribuições Constitucionais, Infra – Constitucionais e Institucionais, com suporte nos artigos 37, caput e § 4º e 129, inciso III, ambos da Constituição Federal; artigo 25 da Lei nº 8.625/93; artigos 46 e 47, ambos da Lei Complementar Estadual nº 25 de 06 de Julho de 1.998; artigos 1º, 2º, 12 e 17, todos da Lei nº 8.429/92 e demais legislações atinentes à matéria, vêm à presença de Vossa Excelência, com fundamento no Procedimento Administrativo nº 069 em anexo, instaurado pelo Ministério Público de Goiás através da Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis, ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM PEDIDO DE LIMINAR em desfavor das empresas CALIXTO E MACHADO LTDA, nome fantasia “CM BUSS” pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 04.278.645/0001-41, sediada na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia - Go , na pessoa de seus representantes legai, os sócios-proprietários ORLANDO VILELA DE MORAES NETO, brasileiro, casado, empresário, natural de Goiânia - Go, nascido aos 29/03/1976, filho de Oemary Carvalho de Moraes e de Ivone Silva de Moraes, portador do CPF nº 797.437.651-15 e do RG nº 3521050-8398330 SSP/GO, residente e domiciliado na Rua Jequitibá, Qd. 139, Lt. 68, Setor Santa 17/11/2011 Maurício Alexandre Gebrim Página Promotor de Justiça 1

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA … · Natureza : Ação por Ato de Improbidade Administrativa Promoção MP : Inicial Genoveva, Goiânia – Go, encontradiço também

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GORua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 – Centro - Vianópolis – Go - CEP 75260-000

Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br

ReferênciaAutuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICASAutor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade AdministrativaPromoção MP : Inicial

EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA COMARCA DE VIANÓPOLIS – ESTADO DE GOIÁS.

“Pode-se enganar todo mundo por algum tempo, e algumas pessoas durante o tempo todo, mas não se pode enganar todo o mundo por todo o tempo” (A. Lincoln)

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu Representante Legal ao final assinado, titular da Promotoria de Justiça de Entrância Inicial da Comarca de Vianópolis - Goiás, no uso de suas atribuições Constitucionais, Infra – Constitucionais e Institucionais, com suporte nos artigos 37, caput e § 4º e 129, inciso III, ambos da Constituição Federal; artigo 25 da Lei nº 8.625/93; artigos 46 e 47, ambos da Lei Complementar Estadual nº 25 de 06 de Julho de 1.998; artigos 1º, 2º, 12 e 17, todos da Lei nº 8.429/92 e demais legislações atinentes à matéria, vêm à presença de Vossa Excelência, com fundamento no Procedimento Administrativo nº 069 em anexo, instaurado pelo Ministério Público de Goiás através da Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis, ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA COM PEDIDO DE LIMINAR

em desfavor das empresas

CALIXTO E MACHADO LTDA, nome fantasia “CM BUSS” pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 04.278.645/0001-41, sediada na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia - Go , na pessoa de seus representantes legai, os sócios-proprietários ORLANDO VILELA DE MORAES NETO, brasileiro, casado, empresário, natural de Goiânia - Go, nascido aos 29/03/1976, filho de Oemary Carvalho de Moraes e de Ivone Silva de Moraes, portador do CPF nº 797.437.651-15 e do RG nº 3521050-8398330 SSP/GO, residente e domiciliado na Rua Jequitibá, Qd. 139, Lt. 68, Setor Santa

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Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br

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Genoveva, Goiânia – Go, encontradiço também no endereço comercial situado na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia – Go e ALESSANDRA CALIXTO MACHADO MIGUEL VILELA, brasileira, casada, empresária, natural de Goiânia – Goiás, nascida aos 06/03/1978, filha de César Calixto Miguel e de Letícia de Fátima Miguel, portadora do CPF nº 874.975.141-72 e do RG nº 3503394-7997132 SSP`/GO, residente e domiciliada na Rua Jequitibá, Qd. 139, Lt. 68, Setor Santa Genoveva, Goiânia – Go, encontradiça também no endereço comercial situado na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia – Go;

M.Z. TRANSPORTE E COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 37.334.455/0001-53, sediada na Avenida Perimetral Norte, quadras 3B, lotes 8 a 15, nº 829, Setor Cândida de Morais, em Goiânia – Goiás, na pessoa de seus representantes legai, os sócios-proprietários MAURO ZAMBONATO, brasileiro, divorciado, comerciante, portador da Carteira de Identidade nº 5017542456 SSP/RS e do CPF nº 246.159.000-15, nascido aos 07/01/1955, natural de Itatiba do Sul – RS, filho de Raineri Zambonato e de Seria Adona Zambonato, residente e domiciliado na Avenida Macambira, quadra CH 23, lote 23, Apartamento 20, Setor Rodoviário, em Goiânia – Goiás, encontradiço ainda na Avenida Perimetral Norte, quadras 3B, lotes 8 a 15, nº 829, Setor Cândida de Morais, em Goiânia – Goiás e FABRÍCIO SIMONETI ZAMBONATO, brasileiro, casado, empresário, filho de Mauro Zambonato e de Iraci Ana Simoneti, nascido em 22/04/1979, natural de Erexim – RS, portador do CPF nº 810.517.600-97, residente e domiciliado Avenida Perimetral Norte, Qd. B, Lt. 10, nº 829, Setor Cândido Moraes, em Goiânia – Go;

RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA DE AUTOS LTDA., de nome fantasia “RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA”, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 00.093.731/0001-29 , sediada na Avenida Quito Junqueira, quadra O, lote 03, nº 292, Parque Industrial Paulista, em Goiânia – Goiás, na pessoa de seus representantes legai, os sócios-proprietários JOSÉ MAURO DOS SANTOS JÚNIOR, brasileiro, casado, autônimo, natural de Goiânia – Go, nascido aos 20/07/1976, filho de José Mauro dos Santos e de Joana Maria Porcina dos Santos, portador do RG nº 2159478 2ª via SSP/GO e do CPF nº 789.524.251-20, residente e domiciliado na Rua São João, nº 145, Edifício Glória Maison, apt. 1701, Setor Alto da Glória, Goiânia – Go, encontradiço ainda na Rua Estrada 102, nº 49, casa 2, chácara 49, Chácaras Recreio São Joaquim, em Goiânia – Goiás, bem como na Avenida Quito Junqueira, quadra O, lote 03, nº 292, Parque Industrial Paulista, em Goiânia – Goiás e RENATA RODRIGUES WINDES, brasileira, casada, autônoma, natural de Itapaci - Goiás, nascida aos 27/08/1982, filha de Adair Windes dos Reis e de Nercede Rodrigues Windes, portadora do CPF nº 957.306.051-53 e do RG nº 3.512.088 DGPC/GO, residente e domiciliada na Avenida São João, nº 145, Setor Alto da Glória, Edifício Glória Maison, em Goiânia – Go, encontradiça ainda na Rua Estrada 102, nº 49, casa 2, chácara 49, Chácaras Recreio São Joaquim, em Goiânia – Goiás, bem como na Avenida Quito Junqueira, quadra O, lote 03, nº 292, Parque Industrial Paulista, em Goiânia – Goiás;

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de seus sócios-proprietários

ALESSANDRA CALIXTO MACHADO MIGUEL VILELA, brasileira, casada, empresária, natural de Goiânia – Goiás, nascida aos 06/03/1978, filha de César Calixto Miguel e de Letícia de Fátima Miguel, portadora do CPF nº 874.975.141-72 e do RG nº 3503394-7997132 SSP`/GO, residente e domiciliada na Rua Jequitibá, Qd. 139, Lt. 68, Setor Santa Genoveva, Goiânia – Go, encontradiça também no endereço comercial situado na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia – Go (CALIXTO E MACHADO ME, nome fantasia “CM BUSS”);

FABRÍCIO SIMONETI ZAMBONATO, brasileiro, casado, empresário, filho de Mauro Zambonato e de Iraci Ana Simoneti, nascido em 22/04/1979, natural de Erexim – RS, portador do CPF nº 810.517.600-97, residente e domiciliado Avenida Perimetral Norte, Qd. B, Lt. 10, nº 829, Setor Cândido Moraes, em Goiânia – Go (M.Z. TRANSPORTE E COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA);

JOSÉ MAURO DOS SANTOS JÚNIOR, brasileiro, casado, autônimo, natural de Goiânia – Go, nascido aos 20/07/1976, filho de José Mauro dos Santos e de Joana Maria Porcina dos Santos, portador do RG nº 2159478 2ª via SSP/GO e do CPF nº 789.524.251-20, residente e domiciliado na Rua São João, nº 145, Edifício Glória Maison, apt. 1701, Setor Alto da Glória, Goiânia – Go, encontradiço ainda na Rua Estrada 102, nº 49, casa 2, chácara 49, Chácaras Recreio São Joaquim, em Goiânia – Goiás, bem como na Avenida Quito Junqueira, quadra O, lote 03, nº 292, Parque Industrial Paulista, em Goiânia – Goiás (RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA DE AUTOS LTDA., de nome fantasia “RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA”);

MAURO ZAMBONATO, brasileiro, divorciado, comerciante, portador da Carteira de Identidade nº 5017542456 SSP/RS e do CPF nº 246.159.000-15, nascido aos 07/01/1955, natural de Itatiba do Sul – RS, filho de Raineri Zambonato e de Seria Adona Zambonato, residente e domiciliado na Avenida Macambira, quadra CH 23, lote 23, Apartamento 20, Setor Rodoviário, em Goiânia – Goiás, encontradiço ainda na Avenida Perimetral Norte, quadras 3B, lotes 8 a 15, nº 829, Setor Cândida de Morais, em Goiânia – Goiás (M.Z. TRANSPORTE E COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA);

ORLANDO VILELA DE MORAES NETO, brasileiro, casado, empresário, natural de Goiânia - Go, nascido aos 29/03/1976, filho de Oemary Carvalho de Moraes e de Ivone Silva de Moraes, portador do CPF nº 797.437.651-15 e do RG nº 3521050-8398330 SSP/GO, residente e domiciliado na Rua Jequitibá, Qd. 139, Lt. 68, Setor Santa Genoveva, Goiânia – Go, encontradiço também no endereço

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Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br

ReferênciaAutuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICASAutor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade AdministrativaPromoção MP : Inicial

comercial situado na Rua Itororó, Qd. 72, Lt. 15, Bairro São Francisco, Goiânia – Go (CALIXTO E MACHADO ME, nome fantasia “CM BUSS”);

RENATA RODRIGUES WINDES, brasileira, casada, autônoma, natural de Itapaci - Goiás, nascida aos 27/08/1982, filha de Adair Windes dos Reis e de Nercede Rodrigues Windes, portadora do CPF nº 957.306.051-53 e do RG nº 3.512.088 DGPC/GO, residente e domiciliada na Avenida São João, nº 145, Setor Alto da Glória, Edifício Glória Maison, em Goiânia – Go, encontradiça ainda na Rua Estrada 102, nº 49, casa 2, chácara 49, Chácaras Recreio São Joaquim, em Goiânia – Goiás, bem como na Avenida Quito Junqueira, quadra O, lote 03, nº 292, Parque Industrial Paulista, em Goiânia – Goiás (RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA DE AUTOS LTDA., de nome fantasia “RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA”);

e das pessoas de

CÉSAR CALIXTO MIGUEL, brasileiro, casado, comerciante, filho de Issac Miguel e Reni Calixto Miguel, nascido em 17/05/1953, natural de Goiânia – Estado de Goiás, portador do RG n° 226501, 2ª Via, expedido pelo SPTC/GO, residente e domiciliado à Avenida Ruy Barbosa, Quadra 135, Lote 27, Setor Jaó, em Goiânia – Go;

JOSADACK LOPES DE PAULA, brasileiro, divorciado, servidor público municipal comissionado, Secretário Municipal de Controle Interno, natural de Cristianópolis-GO, nascido aos 12/10/1952, filho de Geraldo Firmino de Paula e Isabel Lopes de Paula, residente à Rua JK, Quadra 04, Lote 07, nº 310, Bairro São José, nesta urbe;

SÍLVIO PEREIRA DA SILVA, brasileiro, casado, Prefeito Municipal de Vianópolis, filho de Arlindo Pereira da Silva e de Maria dos Anjos Silva, nascido aos 05/10/1966, natural de Vianópolis – Goiás, encontradiço na Prefeitura Municipal de Vianópolis, situada na Rua Felismino Viana esquina com a Rua José Issy, centro, nesta urbe; e

WALEN JOSÉ MOREIRA, brasileiro, solteiro, servidor público municipal, Diretor do Transporte Escolar, natural de Vianópolis-GO, nascido aos 23/08/1981, filho de José Moreira Caixeta e Noêmia de Fátima Duarte Caixeta, residente à Fazenda Santa Inácio, Zona Rural de Vianópolis;

o fazendo com suporte nos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir delineados:

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I – Da Legitimidade do Ministério Público

É cediço que a Constituição Federal de 1988 expressamente previu como função institucional do Ministério Público a instauração do Inquérito Civil Público para defesa de vários interesses e direitos que afetam a sociedade de forma relevante, sendo-lhe outorgado igualmente o exercício de outras funções compatíveis com a sua finalidade.

Assim, a legitimidade ativa “ad causam” do Ministério Público para a propositura da presente Ação por Ato de Improbidade Administrativa é inafastável e decorrente do disposto nos artigos 129, inciso III, da Constituição Federal; 117, inciso III, da Constituição do Estado de Goiás; 25, inciso IV, alíneas ”a” e “b”, da Lei nº 8.625/93; e 17, “caput” e § 4º, da Lei nº 8.429/92, in verbis:

“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:omissisIII - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público (...).”

“Art. 117. São funções institucionais do Ministério Público:omissisIII - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público (...).”

“Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público:omissisIV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, na forma da lei:a) para a proteção, prevenção e reparação dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis e homogêneos;b) para anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade administrativa do Estado ou de Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou de entidades privadas que participem.”

“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.omissi§ 4° O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.”

A jurisprudência do Tribunal de Justiça de Goiás, segue a inteligência dos dispositivos citados:

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ReferênciaAutuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICASAutor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade AdministrativaPromoção MP : Inicial

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 129, III. Tem o Ministério Público legitimidade para propor a Ação Civil Pública que objetive a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (Ag. de Ins. 59420/180, Des. Mauro Campos, TJGO, Ac. de 27.02.92. DJGO, n° 11287, fls. 09, de 17.03.92).

Dirimindo-se, portanto, quaisquer controvérsias sobre tal legitimidade, especialmente, quanto ao manejo da presente ação de improbidade administrativa para punir os agentes ímprobos, em atenção ao mandamento constitucional do artigo 37, § 4º, a jurisprudência do egrégio Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de reconhecer legitimidade ao Ministério Público para a promoção da ação civil pública com o escopo de tutelar o patrimônio público:

EMENTA: “Ação Civil Pública. Atos de Improbidade Administrativa. Defesa do Patrimônio Público. Legitimação ativa do Ministério Público. Constituição federal, arts. 127 e 129, III. Lei 7.347/85 (arts. 1º, IV, 3º, II e 13). Lei 8.429/92 (art. 17). Lei 8.625/93 (arts. 25 e 26).2.Dano ao erário municipal afeta o interesse coletivo, legitimando o Ministério Público para promover o inquérito civil e a ação civil pública objetivando a defesa do patrimônio público. A Constituição Federal (art. 129, III) ampliou a legitimação ativa do Ministério Público para propor Ação Civil Pública na defesa dos interesses coletivos.3.Precedentes jurisprudenciais.4.Recurso não provido”. (Resp. n.º 154.128/SC, 1ª Turma, relator Ministro LUIZ PEREIRA).

EMENTA: “Processual Civil. Ação Civil Pública. Defesa do Patrimônio Público. Ministério Público. Legitimidade Ativa. Inteligência do art. 129, III, da CF/88 c/c o art. 1º, da Lei n.º 7.347/85. Precedente. Recurso especial não conhecido.I – O campo de atuação do MP foi ampliado pela Constituição de 1988, cabendo ao Parquet a promoção do inquérito civil e da ação civil pública para proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, sem a limitação imposta pelo art. 1º da Lei 7.347/85 (Resp. n.º 31.547-9/SP).II – Recurso especial não conhecido” (Resp n.º 67.148/SP, relator Ministro Adhemar Maciel).

A remansosa jurisprudência da Corte Superior Federal culminou com a edição da Súmula 329, assim redigida: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público”.

No mesmo sentido é a jurisprudência do Tribunal de Justiça goiano:

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"Ação Civil Pública. Atos de improbidade administrativa. Defesa do patrimônio público. Legitimidade do Ministério Público. O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública que objetiva a proteção do erário municipal. 2. Sentença ultra e extra petita. Não há se falar em sentença ultra ou extra petita quando ela é proferida nos estritos limites do petitum. 3. Nomeação de menor impúbere para o exercício de cargo comissionado. Caracteriza-se ato de improbidade administrativa a nomeação de filho menor de 18 anos para a função pública, uma vez que ofende os princípios da administração. Apelo conhecido e improvido. Decisão unânime" (TJGO, 2ª CC, AP nº 54530-7/188, rel. Des. Fenelon Teodoro Reis, j. em 21/11/00, DJ de 06/12/00, p. 6).

Patente, portanto, que o Ministério Público é parte legítima para aforar ação civil pública em defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa, além de ter legitimidade ativa para a promoção de ação de improbidade tendente a punir o agente ímprobo responsável por violações aos princípios estruturais do regime jurídico administrativo, pela lesão ao erário público e enriquecimento às custas dos cofres públicos.

II - Dos Atos de Improbidade

Este Órgão de Execução tomou conhecimento, através de expediente de lavra do Presidente da Câmara de Vereadores de Vianópolis, Carlos Eduardo Moraes, protocolado na Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis no dia 02/02/2011 sob o nº 068/2011, da ocorrência de irregularidades na realização da licitação na modalidade Carta Convite/Tomada de Preços nº 002/2011, realizada no âmbito da Prefeitura Municipal de Vianópolis.

Segundo o vereador noticiante, os veículos objeto da licitação já se encontravam, mesmo antes de sua conclusão, depositados há mais de dois meses na empresa C.M.Buss, situada na Rua Itororó, quadra 72, lote 15, Bairro São Francisco, em Goiânia – Goiás, para conserto.

Oficiada a Secretaria de Obras e Transportes de Vianópolis, através do Ofício PJCV/GAB nº 053/2011, solicitando informações acerca dos fatos noticiados, o Senhor Secretário Cleuder de Souza Caixeta, afirmou, num primeiro momento, por meio do Ofício 007/2011, protocolado neste Órgão de Execução sob o nº 081/2011, que não tinha conhecimento algum sobre os fatos, mas em seguida encaminhou o Ofício 009/2011, protocolado na Promotoria de Justiça de Vianópolis sob o nº 088/2011, esclarecendo que por ordem do Prefeito Municipal de Vianópolis, Sílvio Pereira da Silva, o Diretor do Transporte Escolar retirou nos meses de novembro e dezembro de 2010 os veículos ônibus e microônibus, placas GSV 7074 e JJE 9114 para conserto e reforma, não sabendo, todavia, para qual local foram levados, tendo inclusive, este segundo, já retornado consertado para esta urbe.

Solicitado ao Centro de Apoio Operacional de Defesa do Patrimônio Público, Órgão do Ministério Público do Estado de Goiás, através do Ofício PJCV/GAB nº 054/2011, a realização de diligências junto à empresa C.M.Buss, com o fito de verificar se em tal local se encontravam veículos pertencentes à municipalidade de Vianópolis, restou confirmado que os

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dois veículos GSV 7074 e JJE 9114 realmente ali estavam depositados esperando pela finalização do procedimento licitatório.

Oficiada a Secretaria de Controle Interno da Prefeitura Municipal de Vianópolis, através do Ofício PJCV/GAB nº 052/2011, solicitando cópia do procedimento licitatório questionado, em resposta o Senhor Secretário de Controle Interno, Josadack Lopes de Paula, aos 18/02/2011, por meio do Ofício nº 007/2011/SCI, protocolado no Ministério Público sob o nº 144/2011, encaminhou as cópias solicitadas e informou que se decidiu pela realização de cotação de preços, estando a licitação na modalidade de Carta Convite nº 002/2011, suspensa.

Pela análise de todos os documentos apresentados até então, havendo fortíssimos indícios de irregularidades na licitação que estava sendo realizada no âmbito da Prefeitura Municipal de Vianópolis, eis que antes mesmo da abertura do processo licitatório os veículos objeto de tal já se encontravam depositados no pátio de uma das participantes, o que fere a Lei de Licitações e a Lei de Improbidade Administrativa, além de constituir-se na prática de crime, foi instaurado, através da Portaria nº 001/2011, na data de 25/02/2011, o Procedimento Administrativo1 nº 069 (PA nº 069) para apurar final dos fatos noticiados.

Realizada e concluída a investigação por este Órgão de Execução no bojo do Procedimento Administrativo retro-citado, encontrando-se instruído com as declarações, depoimentos e documentos relacionados ao caso em apuração, chegou-se à conclusão da prática de ilicitudes em licitações realizadas no âmbito da Prefeitura Municipal de Vianópolis.

2.1. – Processo Licitatório na Modalidade de Carta Convite nº 002/2011:

Verifica-se que em virtude de determinação verbal do Prefeito Municipal de Vianópolis, o Requerido Sílvio Pereira da Silva, aos 25/01/2011, foi instaurado processo licitatório para a reforma de:

- um veículo Ônibus, marca Scania, de cor branca, ano de fabricação 1983, placa GSV 7074, chassis nº 9BSKC4X2BO3452736, código Renavan nº 241624037; e de

- um Microônibus da marca Mercedez Bens LO 608 D, de cor azul, ano de fabricação 1976, placa JEE 9114, chassis nº 30830311273800, código Renavan nº 2098520, publicando-se.

Extrai-se que o processo licitatório teve início na Modalidade de Convite (Edital de Convite nº 002/2011 - fls. 051 a 057 do PA nº 069), expedido a três licitantes, conforme recibos de entrega de licitação (convite), a saber (fls. 018 a 020 do PA nº 069):

- Calixto e Machado Ltda.;

1 Doravante usar-se-á a abreviação PA para Procedimento Administrativo

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- M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda.; e- Racional Comércio e Reformadora de Autos Ltda.

No dia 02/02/2011 , data designada para a realização da Habilitação e Julgamento da Licitação, somente compareceram perante a Comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Vianópolis, a princípio e segundo consta da Ata de fl. 050 do PA nº 069, as empresas M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda.e Calixto e Machado Ltda., nome fantasia “C.M. Buss”.

Estando a certidão de regularidade do FGTS da Empresa Requerida M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda. vendida, os membros da Comissão de Licitação resolveram suspender o procedimento licitatório.

Em razão da suspensão, pela Comissão de Licitação, do Procedimento Licitatório, foi determinado pelo Requerido Sílvio Pereira da Silva, Prefeito Municipal de Vianópolis, com a anuência do Requerido Josadack Lopes de Paula, que exerce o cargo de Secretário de Controle Interno da Prefeitura Municipal de Vianópolis, a realização de reparos no Ônibus marca Scania, de cor branca, ano de fabricação 1983, placa GSV 7074, chassis nº 9BSKC4X2BO3452736, código Renavan nº 241624037, apresentando as Empresas Requeridas M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda., Calixto e Machado Ltda. e Racional Comérico e Reformadora de Autos Ltda., no dia 03/02/2011 (embora conste dos documentos a data de 01/02/2011), três orçamentos, sendo um de cada (fls. 082, 084 e 085 do PA nº 069), no que à Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda. foram afetos os serviços pela quantia de R$ 7.900,00 (sete mil e novecentos reais) (fl. 80 do PA nº 069).

Tais procedimentos poderiam se mostrar documentalmente e formalmente regulares num primeiro olhar se não fossem diversas irregularidades/improbidades detectadas pelo Ministério Público.

Isto porque, embora o processo licitatório para reparos nos veículos placas GSV-7074 e JEE-9114 tenha sido iniciado aos 25/01/2011, estes já se encontravam no pátio da Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda., de nome fantasia C.M. Buss, desde os meses de novembro e dezembro de 2010, o que foi informado pelo vereador denunciante, Carlos Eduardo Moraes (fl. 007 do PA nº 069), confirmado pelo Secretário Municipal de Transportes, Cleuder de Souza Caixeta (fl. 013 do PA nº 069) e constatado pelo Ministério Público de Goiás (fls. 097 a 102 do PA nº 069), além de corroborados pelos relatos de Cléuder de Souza Caixeta, Silas Vieira Machado, Gilberto Cavalcante e dos próprios Requeridos Walen José Moreira, Josadack Lopes de Paula, César Calixto Miguel, dentre outros (ouvidos às fl. 112/113, 123, 143, 145, 148/149 e 398/399, todas do PA nº 069).

Conforme consta à fl. 017 do PA nº 069, os convites entregues às três empresas ora Requeridas o foram na data de 26 e 27/01/2011, portanto, um dia após “a abertura do Procedimento Licitatório”, que ocorreu aos 25/01/2011 (fl. 017 do PA nº 069), sendo que, segundo Eurípedes de Paiva Faria Filho, membro da Comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Vianópolis, que foi ouvido no bojo do PA nº 069, às fls. 137/138, foram eles

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repassados ao Requerido Sílvio Pereira da Silva, Prefeito Municipal de Vianópolis, que as escolheu e providenciou a entrega a tais.

Eurípedes de Paiva Faria Filho também relatou (PA nº 069, às fls. 137/138) que no dia 02/02/2011, quando constatada a presença apenas das Empresas Requeridas M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda. e Calixto e Machado Ltda., esta última representada pelo Requerido Orlando Vilela de Morais Neto, decidiu determinar a suspensão da licitação.

Neste momento, segundo Eurípedes de Paiva Faria Filho, o representante da licitante M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda., ora Requerida, identificado como sendo o Requerido César Calixto Miguel (fl. 035 do PA nº 069), se disse também portador da documentação da empresa Requerida Racional Comércio e Reformadora de Autos Ltda., que lhe havia sido entregue pelo Requerido José Mauro dos Santos Júnior, e insistiu na sua realização, não sendo atendido, entretanto.

Tais fatos, relatados por Eurípedes de Paiva Faria Filho, restam confirmados às fls. 351/353, 398/399 e 401 do PA nº 069 pelo próprio Requerido César Calixto Miguel e pelos Requeridos José Mauro dos Santos Júnior e Fabrício Simoneti Zambonato.

Há de se observar, novamente, que a licitação foi suspensa pela Comissão de Licitação no dia 02/02/2011, data na qual os veículos placas GSV-7074 e JEE-9114, sem o conhecimento de seus membros (da Comissão de Licitação), já se encontravam, por ordem do Requerido Sílvio Pereira da Silva, desde o final do ano de 2010, no pátio da empresa Requerida Calixto e Machado Ltda. (C.M. Buss), sediada na cidade de Goiânia-Goiás.

No dia seguinte à suspensão da licitação, 03/02/2011 (embora conste dos documentos a data de 01/02/2011), as três empresas convidadas, que são as ora Requeridas M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda., Calixto e Machado Ltda. e Racional Comérico e Reformadora de Autos Ltda., apresentaram orçamentos para a realização de reparos no Ônibus placa GSV-7074 (fls. 082, 084 e 085 do PA nº 069), orçamentos estes elaborados pelo próprio Requerido César Calixto Miguel e assinados pelos demais Requeridos Alessandra Calixto Machado Miguel Vilela, Fabrício Simonetti Zambonato e Renata Rodrigues Windes, com a anuência e concordância do Requerido Sílvio Pereira da Silva, os quais foram buscados na cidade de Goiânia pelo Requerido Walen José Moreira, conforme se constata do depoimento do próprio Requerido César Calixto Miguel, ouvido às fls. 398/399 do PA nº 069, na presença de advogado.

Com a suspensão da licitação os reparos do Ônibus placa GSV-7074 foram entregues, por óbvio, à Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda., que apresentou o menor orçamento, qual seja, a quantia de R$ 7.900,00 (sete mil e novecentos reais) (fl. 80 do PA nº 069), isto é, R$ 100,00 (cem reais) a menor do valor previsto em Lei, isto para também burlar a Lei das Licitações (artigos 23 e 24, inciso II), tudo com a anuência do Requerido Josadack Lopes de Paula, a quem cabe (ou deveria caber) a Controladoria Interna da Prefeitura Municipal de Vianópolis (fl. 16 do PA nº 069).

Frisa-se que o Requerido César Calixto Miguel, administrador/proprietário de fato da Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda., é também genitor e sogro de seus sócios-proprietários, os requeridos Alessandra Calixto Machado Miguel Vilela e Orlando Vilela de

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Moraes Neto, e foi quem pegou e assinou o convite que deveria ter sido dirigido à empresa Requerida M.Z. Transporte e Comércio de Representações Ltda., o que foi confirmado pelo Requerido Fabrício Simoneti Zambonato, seu sócio-proprietário (fl. 019 e 401 do PA nº 069).

Há que se acrescer aqui um parágrafo para esclarecer que o Requerido César Calixto Miguel, ouvido às fls. 398/399 do PA nº 069, na presença de advogado, informou que desde o ano de 2001 é gerente da empresa Calixto e Machado Ltda., de nome fantasia “C.M. Buss”, situada na Rua Itororó, Quadra 72, Lote 15, Bairro São Francisco, Goiânia, Goiás, a qual se encontrava, em razão de uma falência anterior de uma empresa de turismo que possuía, registrada em nome de suas filhas Kênia e Alessandra, atualmente sendo os proprietários de direito os requeridos Alessandra Calixto Miguel Vilela e Orlando Miguel Vilela, sua filha e genro, respectivamente, sendo todavia ele próprio quem efetivamente administra a empresa, ficando a Requerida Alessandra Calixto Oralndo Miguel Vilela responsável pela parte financeira, estando o Requerido Oralndo Miguel Vilela “começando” a aprender o serviço.

Fabrício Simoneti Zambonato, proprietário da Empresa Requerida MZ Transporte e Comércio e Representações Ltda., que foi ouvido na presença de advogado (fl. 401 do PA nº 069), informou que o Requerido César Calixto Miguel, da Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda., o procurou no começo do mês de fevereiro de 2011 para fazer um orçamento do ônibus GSV-7074 da Prefeitura de Vianópolis, no que assinou para ele o constante de folha 328 do PA nº 069, que já lhe foi entregue pronto e com o valor atribuído, mesmo ciente de que já estava participando da Licitação nº 002/2011 para conserto do ônibus GSV 7074 e do microônibus JEE 9114.

Informou ainda o Requerido Fabrício Simoneti Zambonato, que a proposta apresentada por sua empresa, a Requerida MZ Transporte e Comércio e Representações Ltda., à Comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Vianópolis no dia 02/02/2011 foi feita pelo Requerido César Calixto Miguel. Admitiu que tinha consciência de que tudo que estava praticando era errado e que o fez para ajudar o Requerido César Calixto Miguel.

O próprio Requerido César Calixto Miguel, ouvido às fls. 398/399 do PA nº 069, na presença de advogado, esclareceu que no ano de 2010, no mês de novembro, a Prefeitura de Vianópolis mandou para a empresa C.M. Buss o Microônibus placa JEE-9114 e o ônibus GSV-7074 para que fosse feito um orçamento de conserto geral, sendo que o do microônibus ficou em R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) e o do ônibus em R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), os quais foram repassados para o Requerido Sílvio Pereira da Silva, oportunidade na qual solicitou a este que “fizesse uma licitação”, o qual, somente no mês de janeiro do corrente ano de 2.011 é que determinou sua abertura (licitação).

Há de se frisar que o Requerido Walen José Moreira intermediou, a mando do Requerido Sílvio Pereira da Silva, junto à Empresa Requerida Calixto e Machado Ltda., todas as negociações ora relatadas, conforme ele próprio admitiu perante o Ministério Público (fl. 145 do PA nº 069).

Ressalta-se, por fim, que embora a Prefeitura Municipal de Vianópolis tenha pago a quantia de R$ 7.900,00 (sete mil e novecentos reais) para a realização de reparos no Ônibus placa GSV-7074, o que teria sido feito pela Empresa Requerida CM Buss, conforme noticiado pelo vereador Edinaldo Moreira dos Santos, conhecido por “Dico das Verduras” (fl. 078 do PA nº

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069) e constatado por este Órgão de Execução, na presença de vereadores e do Secretário Municipal de Transportes (fl. 115 a 122 do PA nº 069), não ocorreu de da forma como consta da Nota Fiscal de Serviços de fl. 80 do PA nº 069, sendo executados, ainda, com péssima qualidade, colocando em risco a vida de usuários de referido veículo.

Como se pode perceber, Excelência, o que se tem é uma simulação de licitação e de orçamentos montados pelos Requeridos para dar um aspecto de licitude às irregularidades que já vinham sendo praticadas.

Felizmente, para o bem da sociedade e da moralidade administrativa, não tiveram competência suficiente para fazê-lo, de forma que não levantassem suspeitas e o fato chegasse ao conhecimento do Ministério Público.

2.2. – Processos Licitatórios nºs 003/2010 e 022/2010:

Qual não foi a surpresa deste Órgão de Execução quando, apurando as irregularidades descritas no item anterior, deparou-se com outras, ocorridas anteriormente, no ano de 2010, envolvendo as Empresas Requeridas M.Z. Transporte e Comércio e Representações Ltda., Calixto e Machado Ltda. e Racional Comérico e Reformadora de Autos Ltda.

Segundo o Requerido Fabrício Simoneti Zambonato, que foi ouvido na presença de advogado (fl. 401 do PA nº 069), a sua empresa MZ Transporte e Comércio e Representações Ltda., também participou das licitações nºs 003/2010 e 022/2010 para reparos dos veículos placas JJD 6285 e KCO 4340, realizadas no âmbito da Prefeitura Municipal de Vianópolis (fls. 182 a 319 do PA nº 069), sendo que tudo foi providenciado pelo Requerido César Calixto Miguel da mesma forma que relatou ao Ministério Público referentemente à Licitação realizada na Modalidade de Carta Convite nº 001/2011, tratada no item anterior (2.1.).

O próprio Requerido César Calixto Miguel, ouvido às fls. 398/399 do PA nº 069, na presença de advogado, informou que a empresa Calixto e Machado Ltda. (C.M. Buss) já tinha participado de licitações no âmbito da Prefeitura de Vianópolis por umas três vezes, conhecendo o Prefeito “Sílvio do Maracujá”, o ora requerido Sílvio Pereira da Silva, quando este o procurou na sua empresa para o conserto de um ônibus, isto no ano de 2009, e que, desde então consertou três ônibus para a Prefeitura de Vianópolis, sendo que dois consertos ocorreram através de licitação, na modalidade carta convite, e o outro não foi necessária licitação.

As fraudes são tantas, que há notícias, até, de que outros 04(quatro) veículos da Prefeitura Municipal de Vianópolis foram levados para reparos na empresa Racional Comérico e Reformadora de Autos Ltda. sem a observância dos mandamentos legais.

Como ressaltado em linhas volvidas, de forma absolutamente fraudulenta, e finalísticamente desvirtuada, este procedimento foi adotado nas três licitações analisadas pelo Ministério Público.

Da análise comparativa das três licitações, verifica-se que o procedimento fraudulento adotado foi o mesmo em todas, constituindo em verdadeira praxe entre os envolvidos.

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Eis os fatos.

III - Do Direito

3.1. – Os Réus como agentes da Improbidade Administrativa

A norma primeira que prevê a inclusão dos atos atentatórios aos princípios constitucionais entre os atos de improbidade, encontra insculpida no artigo 37 da Constituição Federal, in verbis:

“Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:omissis§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”

Regulamentando tais dispositivos constitucionais, temos a Lei Federal nº 8.429/92, que, dentre outras matérias, estabelece as infrações contra a probidade administrativa e relaciona as respectivas sanções a serem aplicadas quando de sua prática por qualquer agente público que delas se beneficie. Inclusive em seu artigo 4º acha-se renovada a ordem constitucional retro:

“Art. 4° - Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.”

Os artigos 1º e 3º, ambos da Lei nº 8.429/92, definem quais as pessoas consideradas como passíveis de sanção pela prática de atos de improbidade.

Para os fins desta lei, considera-se agente público todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente, com ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação ou qualquer outro vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em qualquer entidade pública ou mesmo privada (artigo 2º).

Nesse conceito encontram-se inseridos os Réus Josadack Lopes de Paula, Sílvio Pereira da Silva e Walen José Moreira, os quais, por serem os agentes públicos (latu sensu) responsáveis pelo ato de improbidade em comento, figuram no pólo passivo da presente ação em razão da disposição contida no caput do artigo 1º, in verbis:

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“Art. 1º. Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta Lei.”

Por outro lado, as disposições da Lei nº 8.429/92 são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta (artigo 3º).

Vale observar que estão também sujeitos às sanções da lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Ademais, como se vê, é amplíssimo o universo de pessoas cujo procedimento pode ser apontado como ímprobo, desde servidores ou terceiros, incidam nas situações apontadas pela lei. Exemplificativamente, estariam também sujeitos às cominações legais, membros de colegiados que não são remunerados, dirigentes de entidades privadas, fornecedores, enfim todos os que concorram para a prática dos atos previstos na lei.

Bastante largo é, também, o número de entidades cujo patrimônio se acha protegido pelas disposições legais em referência. Para se ter uma idéia da amplitude do alcance da lei, basta observar que empresas que gozam de incentivos fiscais, a exemplo das que eram favorecidas através da extintas SUDENE, SUDAM e outros organismos nacionais ou estaduais, como o FAIN, acham-se reguladas pela legislação ora comentada, em relação à conduta irregular de seus administradores, dolosa ou culposa, em que pese sua condição de empresas privadas.

Nestes conceitos, encontram-se inseridos os demais Réus , os quais, por serem também responsáveis pelo ato de improbidade administrativa citado no evento, eis que concorreram para a sua ocorrência, quer se beneficiando diretamente, quer pelo auxílio ou concorrência em sua realização, figuram no pólo passivo da presente ação.

Há de se ressaltar que a personalidade jurídica das Empresas Requeridas deverá ser desconsiderada, nos termos legais e previstos, a fim de que aos Réus, seus sócios-proprietários, sejam aplicadas as sanções legais.

Finalmente, é de atentar-se para a circunstância relevante de que a obrigação de ressarcir o dano, integralmente, dar-se-á sempre, seja este causado por ação ou omissão, dolosa ou culposa, pouco importa.

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Há de se ressaltar que as personalidades jurídicas das Empresas Requeridas CALIXTO E MACHADO LTDA, nome fantasia “CM BUSS”, M.Z. TRANSPORTE E COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. e RACIONAL COMÉRCIO E REFORMADORA DE AUTOS LTDA deverão ser desconsideradas, nos termos legais e previstos, a fim de que aos Requeridos ALESSANDRA CALIXTO MACHADO MIGUEL VILELA, FABRÍCIO SIMONETI ZAMBONATO, JOSÉ MAURO DOS SANTOS JÚNIOR, MAURO ZAMBONATO, ORLANDO VILELA DE MORAES NETO, e RENATA RODRIGUES WINDES, sejam aplicadas as sanções legais.

A lei reconhece a pessoa jurídica como um importantíssimo instrumento para o exercício da atividade empresarial, não a transformando, porém num dogma intangível A personalidade jurídica das sociedades deve ser usada para propósitos legítimos e não deve ser pervertida. Todavia, caso tais propósitos sejam desvirtuados, não se pode fazer prevalecer o dogma da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e os seus membros.

A desconsideração é, pois a forma de adequar a pessoa jurídica aos fins para os quais a mesma foi criada, vale dizer, é a forma de limitar e coibir o uso indevido deste privilégio que é a pessoa jurídica. É uma forma de reconhecer a relatividade da personalidade jurídica das sociedades. Este privilégio só se justifica quando a pessoa jurídica é usada adequadamente, o desvio da função faz com que deixe de existir razão para a separação patrimonial.

O conceito será sustentado apenas enquanto seja invocado e empregado para propósitos legítimos. A perversão do conceito para usos impróprios e fins desonestos (e. g., para perpetuar fraudes, burlar a lei, para escapar de obrigações), por outro lado, não será tolerado. Entre esses são várias as situações onde as cortes podem desconsiderar a pessoa jurídica para atingir um justo resultado.

Desvirtuada a utilização da pessoa jurídica, nada mais eficaz do que retirar os privilégios que a lei assegura, isto é, descartar a autonomia patrimonial no caso concreto, esquecer a separação entre sociedade e sócio, o que leve a estender os efeitos das obrigações da sociedade. Assim, os sócios ficam inibidos de praticar atos que desvirtuem a função da pessoa, jurídica, pois caso o façam não estarão sob o amparo da autonomia patrimonial.

Há que se ressaltar, que não se destrói a pessoa jurídica, que continua a existir, sendo desconsiderada apenas no caso concreto. Apenas se coíbe o desvio na sua função, o juiz se limita a confinar a pessoa jurídica à esfera que o Direito lhe destinou.

A teoria da desconsideração não visa destruir ou questionar o princípio de separação da personalidade jurídica da sociedade da dos sócios, mas, simplesmente, funciona como mais um reforço ao instituto da pessoa jurídica, adequando-o a novas realidades econômicas e sociais, evitando-se que seja utilizado pelos sócios como forma de encobrir distorções em seu uso.

A desconsideração da personalidade jurídica é a retirada episódica, momentânea e excepcional da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, a fim de estender os efeitos de suas obrigações à pessoa de seus sócios ou administradores, com o fim de coibir o desvio da função da pessoa jurídica, perpetrada pelos mesmos.

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GORua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 – Centro - Vianópolis – Go - CEP 75260-000

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ReferênciaAutuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICASAutor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade AdministrativaPromoção MP : Inicial

Esclarece-se, por fim, que a participação ímproba dos membros da Comissão de Licitação da Prefeitura Municipal de Vianópolis, pelo apurado no bojo do Procedimento Administrativo nº 069, não restou comprovada, pelo que não fazem parte do pólo passivo da presente ação.

3.2. – Individualização dos Atos de Improbidade Administrativa

A Lei nº 8.429/92 conhece três tipos de atos ímprobos na administração, a saber:

a) atos que importam em enriquecimento ilícito (artigo 9º); b) atos que causam prejuízo ao erário (artigo 10); e c) atos que atentam contra os princípios da administração pública (artigo 11).

A primeira classe de atos de improbidade administrativa compreende os seguintes (artigo 9º, caput, e incisos I a XII, da Lei nº 8.429/92):

“Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no artigo 1º por preço superior ao valor de mercado;III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer

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outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei;VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei;XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei.”

O artigo 9º retro-citado envolve 12 (doze) diferentes hipóteses de atos de improbidade que importam enriquecimento ilícito. Não é rol taxativo ou exaustivo, o que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do enunciado.

Tanto o caput quanto os incisos do artigo 9º guardam entre si uma característica: o agente público aufere vantagem econômica indevida, para si ou para outrem, em razão do exercício ímprobo de cargo, mandato, função, emprego ou atividade pública.

Ainda que não concorra o prejuízo ao erário ou ao patrimônio das entidades referidas no artigo 1º, a percepção, ainda que indireta, de dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica já realiza o “tipo”.

A segunda classe de atos de improbidade, na conformidade da disposição legal, é a dos que causam lesão ao erário, compreendendo as seguintes práticas (artigo 10 da Lei nº 8.429/92):

“Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei;

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II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no artigo 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no artigo 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.”

O artigo 10 retro-citado envolve 13 (treze) diferentes hipóteses de atos de improbidade que importam lesão ao erário. Não é rol taxativo ou exaustivo, o que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do enunciado.

Nesse conceito também se encontram insertos todos os réus, eis que frustraram a licitude de processo licitatório.

Nesse sentido julgado do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

Número do processo 1.0000.00.345639-9/000(1)Relator: CARREIRA MACHADO Data do acordão: 15/12/2005

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Data da publicação: 24/01/2006Ementa:AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LICITAÇÃO - EMPRESA DO CHEFE DO EXECUTIVO - ILEGALIDADE DO ATO IMPUGNADO - LESIVIDADE PRESUMIDA - NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO E RESSARCIMENTO AO ERÁRIO PÚBLICO MUNICIPAL. Ao desenvolver o procedimento licitatório em desacordo com as regras disciplinadas na lei geral de licitação, prejudicou a Administração Pública a realização de procedimento sadio e vantajoso para a sociedade, de maneira a propiciar proposta mais interessante e consoante com o interesse público. A lesão não necessita ser efetiva, podendo dar-se de forma presumida. Súmula: REJEITARAM PRELIMINARES E NEGARAM

PROVIMENTO.

Finalmente, a terceira classe dos atos de improbidade administrativa contempla os atos que atentam contra os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente os seguintes (artigo 11 da Lei nº 8.429/92):

“Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, e notadamente:I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto na regra de competência;II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;IV - negar publicidade aos atos oficiais;V - frustrar a licitude de concurso público;VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.”

O artigo 11 retro-citado envolve 07 (sete) diferentes hipóteses de atos de improbidade que atentam contra os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. Da mesma forma que o artigo 9º e o artigo 10, o rol não é taxativo ou exaustivo, o que fica claro pela utilização, no caput, do advérbio notadamente para enunciar a dúzia de incisos exemplificativos do enunciado.

Pois bem, com base nos eventos narrados tem-se todos os requeridos realizaram diversos comportamentos ilícitos, atentando, assim, contra os princípios da administração pública, violando os deveres de honestidade, moralidade, legalidade, imparcialidade e lealdade às instituições, ferindo, por conseguinte, as disposições contidas no artigo 11, caput, da Lei nº 8.429/92.

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Mesmo que se argumente que não houve prejuízo ao erário municipal, eis que os reparos nos veículos teriam sido feitos, tal não há que prosperar.

Nesse sentido, mudando o que deve ser mudado, julgado do Tribunal de Justiça de Rondônia:

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. FRAUDE À LICITAÇÃO. Comprovada a existência de esquema de fraude às licitações, todos os envolvidos devem responder, nos termos da Lei de improbidade administrativa, na medida de suas responsabilidades. afasta-se a condenação ao pagamento de honorários de advogado imposta ao recorrente da ação civil pública, ainda que o ministério público tenha se sagrado vencedor. (TJ-RO; AC 100.008.2002.002439-5; Rel. Juiz Daniel Ribeiro Lagos; DJERO 06/03/2009; Pág. 45) (Sublinhou-se)

Bem como do Tribunal de Justiça do Espírito Santo:

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. DESVIO DE FINALIDADE. APLICAÇÃO DA PENA. 1. A aplicação da pena, em improbidade administrativa, deve ser empregada de forma que seja considerada a gravidade do ilícito, a extensão do dano e o proveito patrimonial obtido. 2. Agentes políticos são os titulares de cargos estruturais à organização política do país, ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do estado, o esquema fundamental do poder. O vínculo que tais agentes entretêm com o estado não é de natureza profissional, mas de natureza política. 3. O desvio de finalidade do ato administrativo, consiste no afastamento do espírito da Lei, onde: Desvirtuando-se o fim, desnatura-se o ato. 4. O pedido condenatório, demanda a comprovação do prejuízo, ainda que imaterial, experimentado pelo poder público. 5. Se o autor da demanda pretende condenar o réu a ressarcir o erário, deverá fazer prova concreta da lesão. Como se sabe, o pressuposto da indenização é o desfalque patrimonial causado por ação ou omissão dolosa ou culposa precedentes do STJ - Inteligência do artigo 37 da CF/88 e da Lei nº 8.429/92. Recurso conhecido e improvido. (TJ-ES; AC 52030003280; Conselho da Magistratura; Rel. Des. Ronaldo Gonçalves de Sousa; Julg. 26/08/2008; DJES 09/09/2008; Pág. 30).

E do Tribunal de Justiça de Minas Gerais:

Número do processo 1.0000.00.345639-9/000(1)Relator: CARREIRA MACHADO Data do acordão: 15/12/2005Data da publicação: 24/01/2006Ementa:

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - LICITAÇÃO - EMPRESA DO CHEFE DO EXECUTIVO - ILEGALIDADE DO ATO IMPUGNADO - LESIVIDADE PRESUMIDA - NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO E RESSARCIMENTO AO ERÁRIO PÚBLICO MUNICIPAL. Ao desenvolver o procedimento licitatório em desacordo com as regras disciplinadas na lei geral de licitação, prejudicou a Administração Pública a realização de procedimento sadio e vantajoso para a sociedade, de maneira a propiciar proposta mais interessante e consoante com o interesse público. A lesão não necessita ser efetiva, podendo dar-se de forma presumida. Súmula: REJEITARAM PRELIMINARES E NEGARAM PROVIMENTO.

A bem da verdade todo agente público tem o dever jurídico de observar os princípios regentes da legalidade e da moralidade, de modo que, ao deixar de cumprir de imediato uma decisão judicial estará incorrendo na conduta típica descrita pelo artigo 11, inciso II, da lei de improbidade administrativa.

Até que poder-se-ia querer argumentar boa-fé dos Requeridos Josadack Lopes de Paula, Sílvio Pereira da Silva e Walen José Moreira mas mesmo a falta de responsabilidade deles para com o trato da coisa pública importa em atos ilegais, imorais e desorganizados, atentando-se para a circunstância relevante de que a obrigação de ressarcir o dano, integralmente, dar-se-á sempre, seja este causado por ação ou omissão, dolosa ou culposa, pouco importa.

O inolvidável Professor Hely Lopes Meirelles, assim expressou em sua obra Direito Administrativo Brasileiro sobre a Legalidade.

“A legalidade, como princípio de administração ( CF. art.37, caput ), significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da Lei e às exigências do bem comum, e deles não pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da Lei. Na administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” ( Direito Administrativo Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais, São Paulo, 18.ª edição, 1993, p. 82 )

Sobre o princípio da Legalidade, vale lembrar o arguto comento de Celso Antônio Bandeira de Melo : “Para avaliar corretamente o princípio da legalidade e captar-lhe o sentido profundo cumpre atentar para o fato de que ele é a tradução jurídico de um propósito político : o de submeter os exercentes do poder em concreto – o administrativo – a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou desmandos”. Grifei. ( Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros, São Paulo, 8.ª edição, 1996, p. 57 )

Agir em conformidade da lei como princípio da legalidade é algo muito mais abrangente do que seguir formalmente e exteriorizadamente os atos prescritos em Lei.

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“Cumprir simplesmente na frieza de seu texto não é o mesmo que atendê-la na sua letra e no seu espírito. A administração, por isso, deve ser orientada pelos princípios do Direito e da Moral, para que ao legal se ajunte o honesto e o conveniente aos interesses sociais” ( Hely L. Meirelles, op. cit. p. 83 )

Aparente legalidade não implica necessariamente em moralidade.

“Por considerações de Direito e de moral, o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos ‘nom omne quod licet honestum est’ A moral comum, remata Hauriou é imposta ao homem por sua conduta externa; a moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum”.

“Princípio da Moralidade Administrativa. De acordo com ele a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de princípios éticos. Violá-los implicará violação ao próprio direito, configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação, porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica. ( ... ) Segundo os Cânones da lealdade e da boa fé a Administração haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direito por parte dos cidadãos” . Grifei. ( Celso Antônio Bandeira de Melo, op. cit. p. 69 )

Segundo José Augusto Delgado “o valor jurídico do ato administrativo não pode se afastado de seu valor moral, implicando isso um policiamento ético na administração. A motivação e o modo de agir do agente público submetem-no a controles, especialmente ante o princípio da moralidade administrativa. Ações maliciosas ou imprudentes devem ser reprimidas. A doutrina há de buscar alcance largo ao princípio da moralidade”( O princípio da moralidade administrativa e a Constituição Federal de 1988, in RT 680/38, junho de 1992, apud Fábio Osório Medina, Improbidade Administrativa, 2.ª ed. , Porto Alegre, Síntese, 1998, p. 144 )

Por fim, embora intimamente ligados aos anteriores, vejamos o que significa o

princípio da Impessoalidade, buscando a lição de Mário Pazzaglini filho.

“Administrar é um exercício institucional e não pessoal. A conduta Administrativa deve ser objetiva, imune ao intersubjetivismo e aos liames de índole pessoal, dos quais são exemplos o nepotismo, o favorecimento, o clientelismo e a utilização da máquina administrativa como Promoção pessoal. Pautada na lei, a conduta administrativa deve ser geral e abstrata, jamais focalizada em pessoas ou grupos. Sua finalidade é a realização do bem comum, síntese tradutora dos objetivos fundamentais do Estado Brasileiro. (...) Também é a

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impessoalidade afetada pelo princípio republicano que impõe ao Administrador o dever de, como mero gestor da res publica, não fazer seu ou de alguns aquilo que é de todos. A prevalência do interesse social sobre eventuais anelos individuais ou grupais reclama uma conduta administrativa impessoal” (Improbidade Administrativa, 2.ª ed. , São Paulo, Atlas, 1997, p. 50/51 ) (Negritou-se e Sublinhou-se).

De resto, desde já se aduz ser absolutamente improcedente eventual alegação de que o ato de improbidade foi praticado por subordinados do Prefeito Municipal Vianópolis, o Requerido Sílvio Pereira da Silva, ao largo da sua responsabilidade, até porque se aplica, quanto a esta questão, as regras atinentes à culpa in eligendo e in vigilando.

A primeira, na medida em que os cargos de confiança são de livre provimento do Prefeito Municipal, há responsabilidade solidária entre os auxiliares diretos do Prefeito Municipal e este.

Assim, podendo o Prefeito prover livremente os cargos, nomeando e exonerando os Secretários Municipais, Diretores e demais ocupantes de cargo em comissão, conclui-se que seus ocupantes hão de merecer sua confiança,2 até porque, como bem ensina HELY LOPES MEIRELLES,3

“a responsabilização dos servidores públicos é dever genérico da Administração e específico de todo chefe, em relação a seus subordinados”.

A culpa in vigilando caracteriza-se na medida em que o Chefe do Executivo Municipal não exerceu o controle sobre os atos de seus subordinados, omitindo-se no cumprimento de disposição expressa de lei.

Por óbvio, tais institutos do direito obrigacional, cuja gênese está no Direito Privado, devem ser analisados sob a ótica do Direito Público.

Preciosos, ainda, os seguintes comentários à Lei Orgânica do Município de São Paulo:4

“Os Secretários Municipais são auxiliares diretos do Prefeito, por ele nomeados como agentes políticos sobre os quais tem o nutum, podendo exonerá-los, como os nomeou, sem necessidade de autorização do Poder Legislativo.[…]A administração municipal, como toda organização governamental, tem sua cúpula administrativa, que concebe a política a ser seguida, estabelecendo o plano a ser executado no quatriênio ou os planos temporários ou ainda os planos setorizados e os põe em execução, escolhendo os meios e a oportunidade. A cabeça da estrutura do governo local formada pelos Secretários Municipais, pelo Procurador-Geral do Município, pelos consultores e assessores técnicos, formam a direção superior da

2“os cargos de provimento em comissão (cujo provimento dispensa concurso público) são aqueles vocacionados para serem ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança da autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum, isto é, livremente, quem os esteja titularizando” [in MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 13ª ed., Malheiros, p. 276].3Direito Administrativo Brasileiro, 26ª ed., Malheiros, 2001, p. 461.4GODOY, Mayr, A lei orgânica do município comentada, Livraria e Editora Universitária de Direito, 1990, p. 143-4.

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administração municipal, cuja direção cabe ao Prefeito, que dá a decisão, expressa ou tácita, aprovando ou não, as medidas desse primeiro escalão.A atribuição de decidir é do Prefeito. Os auxiliares diretos que compõem a cúpula, coadjutores de confiança, têm competência delegada para executar o decidido pelo Prefeito, ainda que essa decisão não seja formal. A ação da direção superior da administração é tomada como conseqüência do querer do Prefeito, porque, se não o quisesse, bastaria o nutum para demonstrar o contrário.A Administração superior tem caráter subordinado e hierarquizado ao Prefeito, razão por que este responde por ela. O Prefeito é o governo, que decide politicamente” [sem os destaques no original].

Com a competência de sempre, aborda a questão HELY LOPES MEIRELLES:5

“As atribuições do prefeito são de natureza governamental e administrativa; governamentais são todas aquelas de condução dos negócios públicos, de opções políticas de conveniência e oportunidade na sua realização, e, por isso mesmo, insuscetíveis de controle por qualquer outro agente, órgão ou Poder; administrativas são as que visam à concretização das atividades executivas do Município, por meio de atos jurídicos sempre controláveis pelo Poder Judiciário e, em certos casos, pelo Legislativo local. Claro está que o prefeito não realiza pessoalmente todas as funções do cargo, executando aquelas que lhe são privativas e indelegáveis e traspassando as demais aos seus auxiliares e técnicos da Prefeitura (secretários municipais, diretores de departamentos, chefes de serviços e outros subordinados). Mas todas as atividades do Executivo são de sua responsabilidade direta e indireta, quer pela sua execução pessoal, quer pela sua direção ou supervisão hierárquica” [sem os grifos no original].

Ainda, oportuno à colação decisão da pena do Douto Juiz de Direito Doutor FLÁVIO RENATO CORREIA DE ALMEIDA, à época titular da 3ª Vara Cível da Comarca de Maringá, no curso dos Autos de ação civil pública nº 650/2000, em que ocupava o pólo passivo o Prefeito Municipal de Paiçandu, versando a lide especificamente sobre a omissão do Administrador Público no cumprimento do dispositivo do art. 27, § 2º, da Constituição do Estado do Paraná, que determina a publicação semestral dos gastos com propaganda e publicidade, que sintetiza brilhantemente a questão posta:

“No mérito, razão assiste ao autor. Embora tenha o réu tentado afastar sua responsabilidade sob a alegação de que o Chefe do Gabinete é quem teria a incumbência de fazer publicar os relatórios, é sabido que toda a estrutura de governo é escolhida, e nomeada, pelo Prefeito, nos moldes do que ocorre nas outras esferas de poder.Por isso, ao escolher e nomear alguém para exercer o cargo, que é de confiança, o Chefe do Poder Executivo carreia para si toda a responsabilidade pelos atos

5Direito Municipal Brasileiro, 10ª ed., Malheiros, 1998, p. 543.

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praticados pelo escolhido, até porque este age a mando daquele. É evidente que, por existir a cadeia de comando, aquele que tem o poder de ordenar tem também a responsabilidade pelos atos dos subordinados.Na condição de administrador da coisa pública, cabe ao Prefeito velar pelo fiel cumprimento dos deveres da Administração, como ressalta TOSHIO MUKAI:6

‘Para a concretização do interesse público, que, em última análise, resume-se no bem coletivo, os administradores públicos detêm poderes e deveres, ou seja, meios e responsabilidades para o exercício das respectivas funções públicas em prol de todos os que se achem no âmbito territorial ou funcional de suas atribuições legais. O administrador público tem principalmente deveres a serem bem e fielmente cumpridos com os poderes e recursos materiais, financeiros e humanos ao seu dispor.’Assim, não se trata, como pretende o réu, de afirmar que o Prefeito deva, pessoalmente, cuidar de todos os atos praticados pela Administração. É óbvio que existem muitas pessoas praticado atos administrativos, mas o comando parte do Prefeito, a quem incumbe escolher pessoas que, efetivamente, cumpram com os deveres do administrador.Aliás, o ato omissivo não tem a minimização que o réu pretende lhe dar. Não se trata de ‘mero ato administrativo’, porque nenhum ato administrativo é ‘mero’. À Administração compete, estritamente, cumprir a lei. E esta, no presente caso, foi desrespeitada.”

De fato, extrai-se da conduta dos requeridos a ofensa aos princípios norteadores da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade e eficiência, todos previstos na regra Constituição acima mencionada.

No dizer de PAULO BONAVIDES,7

“as regras vigem, os princípios valem; o valor que neles se insere se exprime em graus distintos. Os princípios, enquanto valores fundamentais, governam a Constituição, o regímen, a ordem jurídica. Não são apenas a lei, mas o Direito em toda a sua extensão, substancialidade, plenitude e abrangência” [sem os destaques no original].

Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO:8

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão

6Direito administrativo sistematizado, Saraiva, 1999, p. 154.7Curso de Direito Constitucional, Malheiros, 5ª ed., 1994, p. 260.8Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 5ª ed. 1994, p. 451.

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de sua estrutura mestra. Isso porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada.”

Os princípios da Administração previstos na Constituição Federal, ão reproduzidos na Constituição Estadual e na Lei Orgânica do Município de Vianópolis, não havendo razão para que os requeridos possam alegar ignorância ou qualquer outra circunstância para descumpri-los.

No tocante ao princípio da legalidade infringido pelos Requeridos, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO em magistral lição pontua que:9

“... o princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no direito brasileiro” [sem os destaques no original].

Quer significar que o ato de todo o servidor público, de todo o agente público, deve ser realizado nos termos da Lei. Enquanto para o particular o que não é proibido é permitido, ao administrador, e à própria Administração, somente é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza, ou seja, o que não é permitido pela lei é proibido.

O sempre lembrado DIÓGENES GASPARINI, aponta que:10

“O princípio da legalidade, resumido na proposição suporta a lei que fizeste, significa estar a Administração Pública, em toda a sua atividade, presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de invalidade do ato e responsabilidade de seu autor. Qualquer ação estatal, sem o correspondente calço legal ou que exceda o âmbito demarcado pela lei, é injurídica e expõe-se à anulação. Seu campo de ação, como se vê, é bem menor do que o do particular. De fato, este pode fazer tudo o que a lei permite, tudo o que a lei não proíbe; aquela só pode fazer o que a lei autoriza e, ainda assim, quando e como autoriza. [Na seqüência arremata, dizendo:] A este princípio também se submete o agente público. Com efeito, o agente da Administração Pública está preso à lei e qualquer desvio de suas imposições pode nulificar o ato e tornar seu autor responsável, conforme o caso, disciplinar, civil e criminalmente” [sem os destaques no original].

Vislumbra-se, outrossim, terem os requeridos contrariado o princípio da moralidade administrativa, princípio pelo qual, na lição de DIÓGENES GASPARINI:

9Op. cit., p. 48.10Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 6.

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“o ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não só à lei mas a própria moral, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme afirmavam os romanos”.11

Referido autor, continuando a comentar o princípio da moralidade administrativa, diz que:12

“Para Hely Lopes Meirelles, apoiado em Manoel Oliveira Franco Sobrinho, a moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito de bom administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só pelos preceitos legais vigentes mas também pela moral comum, propugnando pelo que for melhor e mais útil para o interesse público. A importância desse princípio já foi ressaltada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (RDA 89/134), ao afirmar que a moralidade administrativa e o interesse coletivo integram a legalidade do ato administrativo”.

Discorrendo sobre o tema, CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO assevera que:13

“… compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados princípios da lealdade e da boa-fé, tão oportunamente encarecidos pelo mestre espanhol Jesus Gonzales Peres em monografia preciosa. Segundo os cânones da lealdade e boa-fé, a Administração haverá de proceder em relação aos administrados com sinceridade e lhaneza, sendo-lhe interdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos”.

MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, citando Manoel de Oliveira Franco Sobrinho, de modo mais radical enfatiza que:14

“Mesmo os comportamentos ofensivos da moral comum implicam ofensa ao princípio da moralidade administrativa”.

E mais adiante sentencia:15

11Direito Administrativo, 4ª ed. Saraiva, 1995, p. 7.12Op. cit., p. 7.13Curso de Direito Administrativo, 5ª ed., 1994, Malheiros Editores, p. 59-60.14Direito Administrativo, 8ª ed., 1997, Atlas, p. 71.15Op. cit., p. 71.

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“Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de eqüidade, a idéia comum de honestidade, estará havendo uma ofensa ao princípio da moralidade administrativa”.

Assim é a atitude dos requeridos, ao desrespeitarem, deliberadamente, às determinações legais.

Portanto, restou claro e evidente, a ocorrência de atos atentatórios aos princípios da legalidade, moralidade administrativa e eficiência da Administração Pública, praticados pelos Requeridos, considerado atos de improbidade administrativa, na medida em que, com seu atuar, violaram os deveres de legalidade e lealdade às instituições (especificamente, ao Município de Vianópolis), previsto no art. 11, caput, da Lei n. 8.429/1992.

A punição do agente público que viola, deliberadamente, os princípios basilares da Administração Pública é absolutamente necessária e deve ser exemplar, ainda mais em um momento que se busca o resgate da seriedade com o trato da coisa pública, em que se objetiva a probidade no serviço público e a responsabilização dos funcionários descumpridores de seus deveres.

O administrador ou terceiro não pode fazer liberalidade com o dinheiro público, visando o direcionamento de contratos públicos a um único particular.

Não se pode conceber como moralmente correto, que agentes públicos usem de artifícios para fraudar uma licitação pública. Agindo desta maneira, promulgam a imoralidade como princípio norteador de suas condutas, em total desobediência às leis, em detrimento da impessoalidade, e da igualdade de oportunidades entre os administrados.

É primário o conhecimento de que todo trato da Administração Pública com particulares é orientado pelo sentido de paridade em relação àqueles, considerados entre si, sob pena de personificar-se a atuação do Estado. É justamente na exigência da licitação pública para as relações que ensejem obras, serviços, compras e alienações que se manifesta com veemência este princípio. A Lei de Licitações estabeleceu uma gama infindável de amarras ao administrador visando justamente a garantia da preservação permanente da isonomia entre os particulares interessados em contratar com o ente público. Seguindo orientação constitucional, expressamente estabelece:

Art. 3°. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

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§ 1° É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato;II – (Vetado)

§ 2° Em igualdade de condições, como critério de desempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos bens e serviços:

I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional;II - produzidos no País;III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

§ 3° A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

§ 4° (Vetado)

Acerca deste princípio, e sua caracterização nas licitações públicas tem-se:

“O princípio da igualdade constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que esta visa, não apenas permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como também assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em contratar. Esse princípio, que hoje está expresso no artigo 37, XXI, da Constituição, veda o estabelecimento de condições que impliquem preferência em favor de determinados licitantes em detrimento dos demais”. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella, “Direito Administrativo”, p. 258, ed. Atlas, 1999)

Todo o exposto só vem a comprovar que há na verdade, vícios insanáveis nas licitações. Os procedimentos licitatórios foram realizados em total desacordo com a Lei de Licitações, não passando de uma fraude. O que notamos é que os procedimentos administrativos de licitação serviram apenas para ludibriar a lei e os órgãos fiscalizadores, com o intuito de satisfazer interesses escusos dos réus.

Tais fatos demonstram que a imoralidade e a falta de ética foram os princípios norteadores da conduta dos réus, em substituição ao respeito às leis e aos princípios da Administração.

Ante tais expedientes, os réus frustraram a competitividade inerente ao processo licitatório, vez que na verdade, este nem mesmo existiu, e em frontal desrespeito aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, da igualdade, da competitividade, da publicidade, e da probidade administrativa.

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Ressalta-se que, independente do enquadramento dado às condutas dos réus, que pode não ser perfeito, deve-se destacar que a defesa deverá versar sobre os fatos a eles imputados e não sobre a classificação, que será especificada, ao final, na sentença.

3.3. – Das sanções aplicáveis aos Réus

A Lei nº 8.429/92 não se preocupa em definir crimes. Os atos tipificados nos artigos 9°, 10 e 11 não constituem crimes no âmbito da referida lei. Muitas das condutas ali descritas são de natureza criminal, assim definidas, porém, em outras leis, a exemplo do Código Penal, do Decreto-Lei 201, da Lei n° 8.666/93 etc.

Não sendo crimes, têm, contudo, uma sanção, de natureza política ou civil, cominada na lei sob comentário, independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica.

Assim, os atos de improbidade administrativa praticados pelos réus e que importaram em enriquecimento ilícito estão sujeitos às seguintes cominações (artigo 9º c/c artigo 12, inciso I, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio; b) ressarcimento integral do dano, quando houver; c) perda da função pública; d) suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos; e) pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial; f) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos.

Em relação aos atos de improbidade que causaram prejuízo ao erário, as sanções aplicáveis são (artigo 10 c/c artigo 12, inciso II, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano, se houver; b) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância; c) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; d) pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano; e) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditício, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos

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Finalmente, a prática dos atos de improbidade pelos réus, que atentaram contra a moralidade e demais princípios da administração acarretam como sanção (artigo 11 c/c artigo 12, inciso III, ambos da Lei nº 8.429/92):

a) ressarcimento integral do dano; b) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; c) pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente; d) proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefício ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

3.4. – Da Prescrição

Cumpre-nos referir ao prazo para ajuizamento das ações destinadas a levar a efeito as sanções previstas na lei 8.429/92. Segundo esta, as mencionadas ações podem ser propostas até cinco anos após o término do exercício de mandato, cargo em comissão ou função de confiança (artigo 23, inciso I).

Nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego, devem as ações ser propostas dentro do prazo prescricional previsto na lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público (artigo 23, inciso II).

No caso em comento se percebe que a presente ação não se encontra atingida pelo instituto da prescrição, posto que os Réus ainda se encontram no exercício da função/cargo e não se ultrapassou o prazo de 05(cinco) anos.

3.4. – Da Indisponibilidade de Bens dos Réus

Sem dúvida, um dos maiores problemas enfrentados em casos como o presente é a existência de condenação, e contraditoriamente, a inocuidade da sentença no que se refere ao ressarcimento do prejuízo ao patrimônio público.

Uma das inovações surgidas no que se refere aos atos de improbidade por agentes públicos encontra-se caracterizada na indisponibilidade dos bens, visando posterior ressarcimento.

Esse é o ensinamento do emérito doutrinador Marcelo Figueiredo (In Probidade Administrativa, páginas 33/34. Malheiros Editores):

“A indisponibilidade é medida de cunho emergencial e transitório. Sem dúvida, com ela, procura a lei assegurar condições para a garantia do futuro ressarcimento civil. O dispositivo não exige prova cabal (muita vez inexistente nessa fase, como

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é de se supor), mas razoáveis elementos configuradores da lesão, por isso a redação legal ‘quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio’. Exige-se, portanto, s.m.j., não uma prova definitiva da lesão (já que estamos no terreno preparatório), mas ao contrário, razoáveis provas para que o pedido de indisponibilidade tenha trânsito e seja deferido. De outra parte, o enriquecimento ilícito também autoriza a indisponibilidade dos bens do indiciado. Também aqui a exigência de documentação hábil a comprovar a figura do enriquecimento ilícito; do contrário, será arbitrário seu deferimento. Sem tais requisitos será impossível dar trânsito ao pedido de indisponibilidade”.

Como bem frisa o Promotor de Justiça Goiano, Reuder Cavalcante Mota, 16

“Chega a ser um truísmo dizer que a corrupção na administração pública é um dos mais graves problemas nacionais, desde o ano de 1500. A moralidade e a probidade administrativas são valores fundamentais da nossa República previstos constitucionalmente (art. 5.º, LXXIII; art. 15, V; art. 37 caput; e art. 85, V, da CF/88). O repúdio à falta de probidade administrativa tem sede expressa no artigo 37, § 4º, dessa Carta Magna, prevista como tutela jurisdicional no juízo cível, “sem prejuízo da ação penal cabível”, para a aplicação de sanções civis de “suspensão de direitos políticos”, de “perda da função pública”, e de “ressarcimento ao erário” – naturalmente, por meio de devido processo legal e conduzido por autoridade competente – contra aqueles que atentem referidos valores constitucionais. Em meio às sanções civis discriminadas no artigo 37, § 4º (mesmo sem boa técnica legislativa, por colocar institutos de natureza diversa na mesma lista), o constituinte previu, também, medida de natureza cautelar e prévia à sanção e à garantia de ressarcimento, denominada “indisponibilidade de bens” . Ela, inegavelmente, atua em favor do patrimônio público e em desfavor daqueles que cometem “atos de improbidade administrativa” .

Para tanto dispõe a Lei n° 8.429/92, em seu artigo 7° e parágrafo único:

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.

Cumpre destacar, também, que o artigo 273 do Código de Processo Civil permite ao Magistrado a antecipação total ou parcial dos efeitos da tutela pretendida nos pedidos da

16 Artigo publicado na R. Jur. UNIJUS, Uberaba-MG, V.11, n. 15, p.39-66, novembro, 2008

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inicial, sempre que essa providência for necessária diante do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, como ocorre na espécie.

É de se salientar, ainda, conforme ensinamento dos insignes doutrinadores Marino Pazzaglini Filho, Márcio Fernando Elias Rosa e Waldo Fazzio Júnior (In Improbidade Administrativa. Aspectos Jurídicos da Defesa do Patrimônio Público. Página 180. 1996. Editora Atlas) que:

“Também deve ficar claro que a representação da autoridade administrativa, nos termos dos arts. 7º (para a indisponibilidade) e 16 (para o “seqüestro”) não é condição de procedibilidade para que o Ministério Público postule aquelas medidas cautelares. No curso de inquérito civil ou, uma vez este concluído, existindo fumus boni juris e o periculum in mora, o órgão ministerial poderá demandar a cautela, independentemente de qualquer representação da autoridade administrativa, desde que patente a sua necessidade”.

Há de se ressaltar que presentes se encontram o periculum in mora e o fumus boni iuris. Aquele é presumido em lei. Este se encontra amplamente demonstrado, através da ilicitude das condutas dos requeridos e do prejuízo causado ao Patrimônio Público Municipal.

Veja-se nesse sentido decisão do STJ:

MULTA CIVIL. INCLUSÃO. 1. Considerando-se que a multa civil integra o valor da condenação a ser imposta ao agente ímprobo, a decretação da indisponibilidade de bens deve abrangê-la, já que essa medida cautelar tem por objetivo assegurar futura execução da sentença condenatória proferida na ação civil por improbidade administrativa. 2. Ainda que não haja previsão literal no art. 7º da Lei nº 8.429/92 para a decretação da indisponibilidade de bens em relação à multa civil, o magistrado tem a faculdade de determinar a efetivação da medida com base no poder geral de cautela consubstanciado nos artigos 797 e 798, do Código de Processo Civil. 3. Aferida a razoabilidade da medida, o valor dos bens tornados indisponíveis deve ser suficiente para o pagamento do valor total da condenação, abrangida a multa civil. 4. Recurso especial provido. (STJ, REsp. nº 1.023.182/SC, 2ª T, Rel. Ministro Castro Meira, j. 23.09.2008, DJe 23.10.2008

Por fim, lembra-se que decretada a indisponibilidade continuarão os requeridos na posse dos bens, não acarretando qualquer prejuízo, a não ser a necessidade de autorização judicial para qualquer ato de disposição.

IV – Do Pedido

ANTE O EXPOSTO DE TAIS CONSIDERAÇÕES, requer o Ministério Público do Estado de Goiás, por seu Representante Legal ao final assinado, no uso de suas atribuições Constitucionais, Infra-Constitucionais e Institucionais:

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a) Seja a presente petição recebida, autuada e processada na forma e no rito preconizado no artigo 17 da Lei n° 8.429/92, com a alteração produzida através da Medida Provisória nº 2.225-45, de 04 de setembro de 2001 e demais legislações atinentes à matéria, juntando para tanto os documentos que acompanham essa inicial;

b) LIMINARMENTE, seja concedido o pedido de indisponibilidade dos bens dos Réus, cientificando-os pessoalmente por mandado, bem como determinada a publicação da decisão para conhecimento de terceiros, oficiando-se, ainda, o DETRAN/GO e o Cartório de Registro de Imóveis desta Comarca e da Comarca de Goiânia;

c) Seja desconsiderada a personalidade jurídica das Empresas Rés, conforme fundamentação retro;

d) Digne-se sejam os Réus notificados, se for o caso através de Carta Precatória, para oferecerem manifestação por escrito, instruindo-a, se assim lhes aprouver, com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias;

e) Recebida ou não a manifestação dos Réus, seja aceita a presente petição e citados pessoalmente, nos locais inicialmente indicados, se for o caso através de Carta Precatória, para, querendo, virem responder aos termos da presente ação no prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia, o que desde já requer, produzindo as provas que porventura possuírem, acompanhando-a até final julgamento, facultando ao Oficial de Justiça para a comunicação processual, a permissão estampada no artigo 172, § 2°, do Código de Processo Civil;

f) Seja o pedido julgado procedente em todos os seus aspectos para condenar os Réus nas sanções civis relacionadas nos artigos 12, incisos I, II e III pela prática das infrações descritas nos artigos 9º, caput, 10, inciso VII e artigo 11, caput, ambos da Lei nº 8.429/92;

g) Sejam os Réus condenados, também, ao pagamento das custas e emolumentos processuais, como ônus da sucumbência;

h) A cientificação da Prefeitura Municipal de Vianópolis, na pessoa do Senhor Vice-Prefeito Municipal, Carlos Luciano Moraes, em razão do Prefeito Municipal Sílvio Pereira da Silva ser réu na presente ação, para, querendo, integrar a lide, nos termos do artigo 17 § 3º, da Lei nº 8.429/92, devendo ser observado que essa cientificação deverá preceder a citação dos réus

Nesse sentido julgado do Egrégio Tribunal e Justiça do Estado de Minas Gerais:

Número do processo: 1.0000.00.279333-9/000(1)Relator: PEDRO HENRIQUES Data do acordão: 13/09/2002Data da publicação: 22/02/2003Ementa:AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROMOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO - IMPROBIDADE

17/11/2011 Maurício Alexandre Gebrim Página Promotor de Justiça

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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE VIANÓPOLIS - GORua Felismino Viana, nº 174, 1º andar, salas 01, 02 e 03 – Centro - Vianópolis – Go - CEP 75260-000

Telefone/Fax: (0xx62) 3335-1209 e E-mail: [email protected] Home Page: www.mp.go.gov.br

ReferênciaAutuação : Escrivania do crime e FAZENDAS PÚBLICASAutor : Ministério Público do Estado de Goiás Requeridos : Calixto e Machado Ltda. e outros Natureza : Ação por Ato de Improbidade AdministrativaPromoção MP : Inicial

ADMINISTRATIVA - COMISSÃO MUNICIPAL DE LICITAÇÃO - EMPRESA HABILITADA - REQUISITOS DO EDITAL - PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PREJUÍZO AO ERÁRIO - SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA - LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO - ARTIGO 17, § 3º, DA LEI N.º 8.429/92 - INEXISTÊNCIA DE CITAÇÃO DO MUNICÍPIO - SENTENÇA CASSADA, DE OFÍCIO. Em se tratando de ação civil pública promovida pelo Ministério Público em face de membros de Comissão Municipal de Licitação por suposto ato de improbidade administrativa, consistente na violação aos termos de edital e aos princípios da Administração Pública, com prejuízo aos cofres públicos, com fulcro na Lei nº 8.429/92, mister a citação, como litisconsorte necessário, da pessoa jurídica de direito público interessada, 'in casu', o Município, a teor do § 3º do artigo 17 daquele diploma, cuja ausência acarreta, em sede revisora e de ofício, a cassação da sentença, para que se proceda àquela formalidade essencial. Súmula: CASSARAM A SENTENÇA, DE OFÍCIO.

Salienta-se que nos termos legais o Município não pode defender os Requeridos, sendo-lhe permitido somente defender a validade dos atos.

Requer e protesta, ainda, provar o alegado por qualquer meio de prova admitida em direito, máxime provas testemunhais, periciais e documentais, e, inclusive pelo depoimento pessoal dos réus, pleiteando desde já a juntada dos documentos anexos que fazem parte do conjunto probatório colhido no Procedimento Administrativo nº 069, contendo 438 (quatrocentas e trinta e oito) folhas numeradas e rubricadas, distribuídas em 02(dois) volumes, em trâmite nesta Promotoria de Justiça.

Dá-se a causa o valor de R$ 37.900,00 (Trinta e sete mil e novecentos reais - valor resultante da somatória das três licitações “realizadas”).

Gabinete da Promotoria de Justiça da Comarca de Vianópolis-Goiás, aos 06 de maio de 2011.

Maurício Alexandre GebrimPromotor de Justiça

PGJ/GO nº 489

17/11/2011 Maurício Alexandre Gebrim Página Promotor de Justiça

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