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O que Dona Vitória, Dona Miúda e Dona Joana, agricultoras da comunidade Manoel dos Santos, em Castelo Piauí têm em comum? As três colhem o que plantam, tudo fresquinho, no quintal de casa. Há alguns anos essa era uma realidade difícil de se imaginar, mas hoje as três já têm água em casa para beber e plantar e relembram sem nenhuma saudade da época em que tinham que caminhar bastante para poder pegar água para beber e cultivar seus canteiros. Vitória Soares da Silva, de 65 anos, Dona Vitória como é conhecida, moradora da comunidade desde os 10 anos de idade conta que sempre trabalhou de roça para ajudar a família. Aos 21 anos casou com José Raimundo da Silva e com ele teve sete filhos, duas mulheres e cinco homens. Dona Vitória diz que trabalhar na roça sempre foi sua maior felicidade, mas que no verão a dificuldade era muito grande devido à falta de água. Como gosta de plantar, ela conta que sempre cultivou um canteirinho no quintal de casa, mesmo com o sofrimento de ter que carregar lata d'água na cabeça para poder aguar suas plantinhas. Com a morte do marido, há 11 anos, a dificuldade aumentou, Dona Vitória se viu sozinha para cuidar dos filhos e por isso teve que trabalhar como merendeira no Colégio Municipal André Pereira da Silva para poder dá de comer para os filhos. Mas hoje a realidade é outra, Dona Vitória diz que com a implantação da Cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) a família já conta com água para o consumo e com a construção da Cisterna Calçadão do Projeto Uma Terra e Duas Águas (P1+2), ela pode voltar a fazer o que mais gosta e ter seu canteirinho o ano todo. Curiosa e com muita vontade de aprender, Dona Vitória participou dos Intercâmbios desenvolvidos pelo P1+2, foi nessas viagens para as trocas de experiências que ela conheceu vários tipos de canteiro e formas de cultivar a terra, esperta foi testando em suas terras o que via nas viagens, e hoje possui em seu quintal frutas, verduras e legumes que utiliza para a alimentação da família. Maria do Desterro Soares Galvão, de 33 anos, conhecida como Dona Miúda, é outra moradora da comunidade Manoel dos Santos que foi beneficiada com a Cisterna do P1MC e P1+2. Casada há 15 anos com Francisco de Jesus Sobrinho, também de 33 anos e mãe de quatro filhos, ela tem em seu quintal pés de laranja, acerola, manga, goiaba, milho. Em seu canteiro ela planta cebola, abóbora, tomate, pepino e alface além das plantas medicinais vick, boldo, hortelã e penicilina que recebeu do Programa P1+2. Dona Miúda também diz que foi nos intercâmbios que conheceu o canteiro plantado no chão, “eu achei foi bonito esses canteiros arrudiados de pedra e resolvi experimentar porque pedra aqui é só o que tem, agora ta aí, uma beleza”, conta. Piauí Ano 3 | nº 62 | Julho | 2009 Castelo do Piauí - PI Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Experiências de Intercâmbios Agricultoras põem em prática o que aprendem e colhem os frutos plantados no quintal de casa. 1 Dona Joana, Dona Miúda e Dona Vitória, agricultoras da comunidade Manoel dos Santos, Castelo do Piauí.

Experiências de Intercâmbio: agricultoras põem em prática o que aprendem e colhem os frutos plantado

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O que Dona Vitória, Dona Miúda e Dona Joana, agricultoras da comunidade Manoel dos Santos, em Castelo Piauí têm em comum? As três colhem o que plantam, tudo fresquinho, no quintal de casa. Há alguns anos essa era uma realidade difícil de se imaginar, mas hoje as três já têm água em casa para beber e plantar e relembram sem nenhuma saudade da época em que tinham que caminhar bastante para poder pegar água para beber e cultivar seus canteiros.

Vitória Soares da Silva, de 65 anos, Dona Vitória como é conhecida, moradora da comunidade desde os 10 anos de idade conta que sempre trabalhou de roça para ajudar a família. Aos 21 anos casou com José Raimundo da Silva e com ele teve sete filhos, duas mulheres e cinco homens. Dona Vitória diz que trabalhar na roça sempre foi sua maior felicidade, mas que no verão a dificuldade era muito grande devido à falta de água. Como gosta de plantar, ela conta que sempre cultivou um canteirinho no quintal de casa, mesmo com o sofrimento de ter que carregar lata d'água na cabeça para poder aguar suas plantinhas. Com a morte do marido, há 11 anos, a dificuldade aumentou, Dona Vitória se viu sozinha para cuidar dos filhos e por isso teve que trabalhar como merendeira no Colégio Municipal André Pereira da Silva para poder dá de comer para os filhos.

Mas hoje a realidade é outra, Dona Vitória diz que com a implantação da Cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) a família já conta com água para o consumo e com a construção da Cisterna Calçadão do Projeto Uma Terra e Duas Águas (P1+2), ela pode voltar a fazer o que mais gosta e ter seu canteirinho o ano todo. Curiosa e com muita vontade de aprender, Dona Vitória participou dos Intercâmbios desenvolvidos pelo P1+2, foi nessas viagens para as trocas de experiências que ela conheceu vários tipos de canteiro e formas de cultivar a terra, esperta foi testando em suas terras o que via nas viagens, e hoje possui em seu quintal frutas, verduras e legumes que utiliza para a alimentação da família.

Maria do Desterro Soares Galvão, de 33 anos, conhecida como Dona Miúda, é outra moradora da comunidade Manoel dos Santos que foi beneficiada com a Cisterna do P1MC e P1+2. Casada há 15 anos com Francisco de Jesus Sobrinho, também de 33 anos e mãe de quatro filhos, ela tem em seu quintal pés de laranja, acerola, manga, goiaba, milho. Em seu canteiro ela planta cebola, abóbora, tomate, pepino e alface além das plantas medicinais vick, boldo, hortelã e penicilina que recebeu do Programa P1+2. Dona Miúda também diz que foi nos intercâmbios que conheceu o canteiro plantado no chão, “eu achei foi bonito esses canteiros arrudiados de pedra e resolvi experimentar porque pedra aqui é só o que tem, agora ta aí, uma beleza”, conta.

Piauí

Ano 3 | nº 62 | Julho | 2009Castelo do Piauí - PI

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Experiências de IntercâmbiosAgricultoras põem em prática o que aprendem e

colhem os frutos plantados no quintal de casa.

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Dona Joana, Dona Miúda e Dona Vitória, agricultoras da comunidade Manoel dos Santos, Castelo do Piauí.

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Fonte Arial corpo 10

Fonte Casablanca Antique corpo 37

Fonte Arial Black corpo 30

largura tarja 1cm

largura tarja superior 1ª página 4cm

altura da marca 3,8cm

Dona Miúda diz que remédio de farmácia agora, só se for passado pelo médico. Enfermidades simples como gripe é tratada com o que planta no quintal de casa, “quando os meus meninos pegam gripe eu faço aquele lambedor com mel, deixo ele adormecer para ficar bem forte e dou para eles beberem, cura que é uma beleza”. Arroz e feijão também não faltam na casa de dona Miúda, ela conta que há 15 anos de casada nunca precisou comprar, porque Seu Francisco armazena em um tambor e o feijão dura de dois a três anos e agora a alimentação está ainda mais balanceada com sua plantação de legumes e verduras “ é bom saber que o que comer já ta no fundo do quintal, nós temos aqui a água e a comida e isso é bom de mais”.

Dona Joana Lima da Silva Pereira é mulher batalhadora, casada com Francisco da Silva Pereira, mãe de três filhos e morando a vinte anos da Comunidade Manoel dos Santos, sua maior dificuldade em plantar era o esforço em ter que buscar água para molhar seus canteiros, isso porque seu problema de coluna causava fortes dores que limitavam e dificultavam seu trabalho. Porém, dona Joana não desistiu de plantar seus canteirinhos “eu sempre, toda vida, plantei cebola, coentro e a alface em um canteirinho atrepado, mas no verão era difícil”. Dona Joana diz que com as Cisternas 16 Mil Litros e Cisterna Calçadão suas vidas melhoraram cem por cento e ela até voltou a estudar depois de 18 anos, “só fiz até o quarto ano, porque meu pai não me deixava estudar fora, eu casei e tive que lidar com a casa, parei de estudar. No ano passado eu terminei o ensino fundamental e quero concluir agora meus estudos”, diz.

Outra informação importante que as agricultoras contam que aprenderam nos encontros de troca de experiências foi que não se deve usar agrotóxico e nem fazer queimada para limpar a área, pois só assim a terra fica produtiva por muito mais tempo, “desde que eu soube que botar fogo no mato não é

bom pra terra que eu pensei, ta aí uma coisa que eu não faço mais e nem coloco veneno nas plantas”, diz dona Vitória.

É com essa sabedoria que Dona Vitória, Dona Miúda e Dona Joana colhem do seu canteiro verduras e frutas fresquinhas para sustentar a família. O excedente, elas distribuem para os filhos que também constituíram família na Comunidade Manoel dos Santos ou para os vizinhos. Porem as agricultoras pensam longe, o objetivo delas agora é plantar mais e mais para poder também um dia vender e juntar um dinheiro para comprar o que não dá para plantar no quintal de casa, “ agora a gente pode sonhar, né? Porque com a cisterna a gente pode plantar o ano todo, assim dá para comer e ainda vender para tirar um dinheirinho”, sonha Dona Miúda.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

largura tarja superior 2ª página 4cm

Fonte Serifa BT bold corpo 11

largura tarja inferior2ª página 2,8cm

largura 1,9cm

largura 2,3cm

largura 1,7cm

largura 1,9cm

Piauí

Ministério doDesenvolvimento Social

e Combate à Fome

largura 4,2cm

Secretaria de Segurança Alimentar

largura 1,6cm

Apoio:

www.asabrasil.org.br

CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO

Cebolas plantadas no canteiro de pedra de Dona Miúda.

Plantação de amendoim de Dona Joana.