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Edição nº 3 Julho de 2009 Experiências de todo o Brasil

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Ministério doMeio Ambiente

Ministério daEducação

Edição nº 3 Julho de 2009

Experiências de todo o Brasil

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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Vice-presidente da RepúblicaJosé Alencar Gomes da Silva

Ministro de Estado do Meio AmbienteCarlos Minc Baumfeld

Secretária ExecutivaIzabella Monica Vieira Teixeira

Secretária de Articulação Institucional e Cidadania AmbientalSamyra Brollo de Serpa Crespo

Diretora de Cidadania e Responsabilidade SocioambientalKarla Monteiro Matos

Coordenador da Agenda 21José Vicente de Freitas

A publicação Agenda 21 e Juventude foi organizada pela Coordenação da Agenda 21/DCRS/SAIC/MMA e pela Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC e as opiniões e conceitos emitidos nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Ministério do Meio AmbienteSecretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC Diretoria de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental – DCRS Coordenação da Agenda 21Esplanada dos Ministérios - Bloco BSala 916 - 9ºandar70068-900 – Brasília/DFTel: 55 61 3317-1372Fax: 55 61 3317-1464

Site: http://www.mma.gov.br/agenda21E-mail: [email protected]

Equipe Agenda 21Adriana de Magalhães Chaves MartinsAdriane Cristine GoldoniAlvaro Rocha VeninoAntonio Carlo Batalini BrandãoCamilo Cavalcante de Souza Dagoberto SilvaEdison Netto LasmarEduardo Barroso de SouzaIgor Ferraz da FonsecaJosé Delfino da Silva LimaLeonardo Virginio Gondim CabralMarcio Lima RanauroMaria do Socorro GonçalvesPatrícia Ramos MendonçaUbirajara Fidelis da Silva

DiagramaçãoAlvaro Rocha VeninoPatrícia Weiss Martins de Lima

Revisão e organização de textosAdriane Cristine GoldoniMariana Matos de Santana (CGEA/MEC)Rangel Arthur Mohedano (CGEA/MEC)

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“A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do mundo devem ser mobilizados para criar uma parceria

global com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos.”

Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

O atual panorama de mudanças climáticas e os cenários de futuro desenhados pela comunidade científica têm cada vez mais apontado a juventude atual como uma geração estratégica para o enfrentamento da crise socioambiental global. Devido a sua potencialidade de transformação dos atuais padrões de consumo, produção e aprendizagem, esta geração é essencial para a adequação da atividade humana a novos padrões de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, é a parte da popu-lação que apresenta os maiores índices de vulnerabilidade social, demandando condições básicas de desenvolvimento e participação social.

Esta 3ª Edição da Revista Agenda 21 e Juventude tem como principal objetivo agregar subsídios para a construção da Agenda 21 da Juventude, demanda prioritária escolhida por mais de 2.500 jovens de todo o país durante a I Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008, pela Se-cretaria Nacional de Juventude. Ao mesmo tempo, busca trazer novas perspectivas no que concer-ne à atualização da Agenda 21 Brasileira e à avaliação dos resultados alcançados com a aplicação de seus princípios em espaços educativos.

Esta revista reúne a produção de jovens de todo o Brasil que trabalham com Agendas 21 locais e nas Escolas, Com-Vidas (Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida) e outros projetos de foco socioambiental. Estes jovens, em sua maioria membros de Coletivos Jovens de Meio Ambiente, trazem suas experiências enquanto multiplicadores dos princípios da Agenda 21 através de pro-cessos de Educação Ambiental e de desenvolvimento local, discutem as atuais políticas públicas de juventude e propõem novos modos de olhar para a elaboração das políticas ambientais e para o fazer educativo.

Observamos o impacto das Agendas 21 nas Escolas e Com-Vidas na transformação de ambientes escolares e no envolvimento da comunidade em seus projetos. Estes resultados vêm fortalecer os movimentos juvenis de meio ambiente e consolidar cada vez mais estas políticas – fruto de parceria entre Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação – enquanto caminhos para a construção de sociedades sustentáveis.

Esta edição traz uma importante inovação: a criação do Blog Agenda 21 e Juventude, que será constantemente alimentado com novas contribuições de jovens que trabalham com a temática socioambiental e de outros interessados nestas questões. O endereço de acesso é http://www.agenda21juventude.blogspot.com/

Indicamos, ainda, o documentário EcoBalão, que apresenta a experiência de Agenda 21 da Escola Balão Vermelho, de Belo Horizonte/MG. O vídeo está disponível no Blog Agenda 21 e Juventude e no sítio do Programa Agenda 21: http://www.mma.gov.br/agenda21

Agradecemos a participação de todos os jovens autores que contribuíram para a concretização desta 3ª edição, com a expectativa de que ela seja subsídio ao prosseguimento das atuações dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente e à construção de uma Política Nacional de Juventude e Meio Ambiente com participação da juventude brasileira.

Saudações eco-libertárias do

Carlos MincMinistro de Estado do Meio Ambiente

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Juventude e Meio Ambiente – Com-Vida para a sustentabilidade

Nesta primeira década do século XXI acompanhamos uma significativa expansão de movimentos de juventude pelo meio ambiente e sustentabilidade no Brasil. De grande importância no cenário con-temporâneo, se amplia o diálogo entre iniciativas governamentais e da sociedade civil voltadas a processos de aprendizagem inter geracional. Na I Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juven-tude (2008), que envolveu quatrocentos mil jovens, consolidou-se como uma prioridade a criação da Política Nacional de Juventude e Meio Ambiente, do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente e da Agenda 21 da Juventude.

Torna-se assim vital, para a adaptação e mitigação da crise socioambiental global, que se articulem saberes e práticas sustentáveis em cada comunidade e que se consolidem novas perspectivas para a construção de políticas públicas capazes de responder a essa demanda. Os Coletivos Jovens de Meio Ambiente, o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Juventude e Meio Ambiente, a Rejuma - Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade e as Com-Vidas - Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola, além de inúmeros desdobramentos espontâneos, respondem a esses an-seios da sociedade.

A partir dos processos de mobilização da I Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), realizada em 2003, foram criados em todas as unidades da Federação os Coletivos Jovens de Meio Ambiente, pensados como uma estratégia de envolvimento e formação continuada de jovens lideranças socioambientalistas. Esses jovens tornaram-se atores destacados na realização das Confe-rências (em 2005/6 e 2008/9) e, com base nos princípios “jovem escolhe jovem”, “jovem educa jo-vem” e “uma geração aprende com a outra”, atuam diretamente no programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas da Secad/MEC.

Há no país atualmente cerca de 150 Coletivos Jovens de Meio Ambiente, distribuídos pelos estados e Distrito Federal, que dialogam entre si e com diversos outros movimentos juvenis por meio da Reju-ma. Atualmente os CJs são importantes agentes de formação de Com-Vidas nos territórios e, em muitos casos, conferem qualidade aos processos de Agenda 21 nas escolas, num trabalho colaborativo junto às Secretarias de Educação nos estados e municípios, sendo integrantes das COEs - Comissões Organi-zadoras Estaduais.

Nesse sentido, a Com-Vida se torna parte dos movimentos juvenis na educação formal e está presente hoje em mais de quatro mil escolas brasileiras. Essas comissões, cujo fortalecimento é estimulado pela política de educação ambiental do Ministério da Educação (Cgea/Secad/MEC), promovem a constitui-ção de “círculos de aprendizagem e cultura”, no ideal de Paulo Freire. Elas convidam as comunidades escolares a se envolverem em processos participativos e democráticos com foco na elaboração de projetos para a melhoria da qualidade de vida.

Esta revista é lançada no calor do Mês da Mobilização da Juventude pelo Meio Ambiente, um pro-cesso de escuta nacional aos movimentos de juventude e meio ambiente para a construção coletiva das diretrizes do Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente. Por ser expressão de suas próprias vozes, esta publicação é uma fonte privilegiada de informações sobre a formação de Com-Vidas, das Agendas 21 nas Escolas e das novas tecnologias sociais de mobilização, participação e intervenção que as juventudes brasileiras vêm desenvolvendo e experimentando no exercício da construção de escolas e territórios sustentáveis.

Boa Leitura!

Ministério da Educação

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APRESENTAÇÃO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTEAgenda 21 da Juventude .............................................................................................. 1

APRESENTAÇÃO MECJuventude e Meio Ambiente – Com-Vida para a sustentabilidade ..................................... 2

TEXTOS

CARTA AOS RESPONSÁVEIS PELA AGENDA 21 DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTEAutores: Fernanda Vidigal, Clarissa Aguiar, Roberta Cheib, Marie Vin, Mariana Pimentel, Luiza Souto,

Sara Paoliello, Paula Assis, Daniel Chachan, Guilherme Lima, Juliana Lima e Henrique Guerra ................ 5

MEIO AMBIENTE E PARTICIPAÇÃO JUVENILAutor: Luisa Barbosa Pereira ................................................................................................ 7

AGENDA 21 NA ESCOLA: INSTRUMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO LOCALAutores: Diogo Damasceno Pires, Luanna Guimarães e Thais Lourenço Cruvinel .................................. 8

AGENDA 21 ESCOLAR: A BUSCA POR NOVOS CAMINHOS E SIGNIFICADOS PARA A EDUCAÇÃOAutor: Alex Barroso Bernal ................................................................................................. 10

UM PEQUENO PASSO, UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA AGENDA 21Autor: Patricia da Silva Godinho ........................................................................................... 12

AÇÃO DO CJ: IMPLANTAÇÃO DA COM-VIDA E DA AGENDA 21 NA ESCOLA DR. JOSÉ HAROLDO DA COSTAAutores: Marco Túlio Costa Tenorio Cavalcanti e Eduardo da Silva .................................................. 14

O DESAFIO DA AGENDA 21 ESCOLAR NO ESTADO DO PARÁAutores: Amanda Madalena da S. Gemaque, Ana Carla Tavares Franco, Gilson Nazareno da C. Dias........... 17

POESIA: NATUREZAAutor: Diego Iturriet Dias Canhada ........................................................................................ 20

QUANDO O PROCESSO CONSTRUÍDO E DESENCADEADO É UM RESULTADO TÃO IMPORTANTE QUANTO OS “RESULTADOS ESPERADOS” – CONTRIBUIÇÕES À IMPLANTAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E FORTALECIMENTO DAS Com-Vidas

Autor: Amanda Fernandes Camargo do Nascimento .................................................................... 21

PELOS CAMINHOS DO COM-VIVER – ARTICULAÇÕES E DESDOBRAMENTOS DE Com-Vidas

Autores: Sabrina Amaral, Marcio Marmitt e Jéssica Mello ............................................................. 24

GRUPO PEGADA JOVEM E A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 NAS ESCOLAS DE SALVADORAutores: Iala Queiroz, Ian Aguzzoli, Loran Santos e Patrícia Souza .................................................. 27

SEMEANDO IDÉIAS E COLHENDO TRANSFORMAÇÕES: A AGENDA 21 ESCOLAR DE SUZANOAutor: Natália Almeida Souza ............................................................................................. 29

Sumário

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PROJETO TECENDO REDES: A EXPERIÊNCIA DO COLETIVO JOVEM DO CEARÁ NA FORMAÇÃO DE Com-Vidas

Autores: Adelle Azevedo Ferreira, Fernanda Freire do Vale e Katiane Farias Teixeira ............................ 32

Com-Vida NO MUNICÍPIO DE SOROCABA-SP: A EXPERIÊNCIA DA REDE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - UNESP SOROCABA NA EE IDA YOLANDA LANZONI DE BARROSAutores: Priscila Ikematsu e Leandro Gomes de Freitas ............................................................... 34

AGENDA 21 ESCOLAR: A EXPERIÊNCIA DE ITAJAÍ (SC)Autores: Caio Floriano dos Santos e Fabio Alexandre da Silva Toniazzo ............................................. 37

AGENDA 21 E A PARTICIPAÇÃO DE JOVENS NAS TOMADAS DE DECISÃOAutores: Denise Cristina Freires da Silva e Kellyton Cristian de Almeida ........................................... 40

SABERES E FAZERES CAIÇARAS: TECENDO UMA REDE DE JOVENS NO MUNICÍPIO DE CANANÉIA, VALE DO RIBEIRA, SÃO PAULO, BRASILAutor: Cleber Rocha Chiquinho ............................................................................................ 43

ENTRELAÇOS DA GESTÃO ESCOLAR E Com-Vida

Autor: Ana Carla Tavares Franco ........................................................................................... 46

PROJETO MEIO AMBIENTE – EDUCAÇÃO PARA AÇÃOAutor: Danilo da Silva Araujo .............................................................................................. 48

AGENDA 21 NA ESCOLA PÚBLICA: EXPERIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAISAutor: Cristhiane da Silva Cavalcanti ..................................................................................... 50

COLETIVO JOVEM DE RIBEIRÃO PRETO E SUA ATUAÇÃO EM ESCOLA MUNICIPALAutor: Catarina Veltrini Horta ............................................................................................. 52

AGENDA 21 ESCOLAR NO COMPLEXO EDUCACIONAL CLOVIS VIDIGAL, MUNICÍPIO DE CAXIAS – MAAutor: Elineusa Silva......................................................................................................... 54

UMA Com-Vida PERSISTENTE QUE VEM COLHENDO SEUS PRIMEIROS FRUTOSAutor: Ângelo Ferreti Prestes .............................................................................................. 57

TEMA: INTERFACES ENTRE PROCESSOS DE AGENDAS 21 LOCAIS E AGENDAS 21 NA ESCOLA/Com-Vidas

Autores: Allan de Jesus Teixeira e Carolina Estéfano .................................................................. 60

RELATO DE EXPERIÊNCIA: O COLETIVO JOVEM DE MEIO AMBIENTE DE SERGIPE E O PROCESSO DA III CNIJMAAutores: Cleverton Costa Silva, José Waldson Costa de Andrade e Thiago Roberto Soares Vieira .............. 62

JUVENTUDE PELO MEIO AMBIENTE: CRIAÇÃO DA AGENDA 21 DA JUVENTUDE BRASILEIRA JÁ!Autor: Lucas Lopes Oliveira ................................................................................................ 64

APRENDIZADOS .......................................................................................................... 66

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CARTA AOS RESPONSÁVEIS PELA AGENDA 21 DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

cooperativa. Tinham a consciência de respei-tar o meio ambiente e o próximo. Dividiam as tarefas e as rendas e nos receberam de braços abertos, oferecendo-nos um simples e saboroso almoço, cujos ingredientes foram cultivados por eles mesmos.

Tomamos conhecimento das dificuldades que enfrentaram para conseguirem as terras, por fazerem parte do Movimento dos Sem Terra. Contaram-nos também da luta constante para mantê-las.

Enquanto conhecíamos as plantações, nos de-paramos com a caminhonete de um atraves-sador recolhendo os produtos. A partir disso, tomamos consciência da exploração econômica que sofriam.

Ouvíamos diariamente reclamações de nossos pais sobre a qualidade e preço de hortifrutes. Então tivemos a idéia do Assentamento vender seus produtos diretamente para a comunidade da Escola Balão Vermelho.

Depois de conseguirmos legalizar o local da ven-da, passamos a ter uma feira de alimentos orgâ-nicos do Assentamento, toda segunda-feira, na porta da Escola. Assim vem sendo até hoje. Esse projeto de economia solidária se tornou uma das

Belo Horizonte, 29 de maio de 2009.

Prezados Senhores,

Nós alunos da 8ª série da Escola Balão Vermelho, gostaríamos de comparti-lhar com vocês a nossa experiência de parceria com o Assentamento Pas-torinhas, localizado em Brumadinho, próximo a Belo Horizonte. Essa par-ceria se tornou um projeto de suces-so e apresentou resultados positivos tanto para a comunidade do Assenta-mento, quanto para a Escola.

No ano de 2006, quando cursávamos a 5ª série, realizamos um estudo so-bre desenvolvimento sustentável. O professor Edi (Edinaldimar Barbosa), que já conhecia o Assentamento Pas-torinhas, trouxe a idéia de nos levar até eles com a proposta de vivenciar-mos um exemplo claro de uma co-munidade que se organiza de forma auto-sustentável.

Esta visita nos abriu as portas para uma nova visão de mundo. Encontra-mos pessoas que mesmo vivendo em condições precárias, trabalhavam suas terras de maneira solidária e

Clarissa Aguiar, Daniel Chachan, Fer-nanda Vidigal, Guilherme Lima, Henri-

que Guerra, Juliana Lima, Luiza Souto, Mariana Pimentel, Marie Vin, Paula

Assis, Roberta Cheib e Sara PaolielloEscola Balão Vermelho/

Belo HorizonteMinas Gerais

ContatoEscola Balão Vermelho

[email protected] [email protected]

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principais fontes de renda do Pastori-nhas e ajudou na quebra de precon-ceitos de todos aqueles que mantêm contato com os assentados, inclusive moradores do bairro onde a Escola se situa.

Outra ação da parceria é a contribui-ção de pais, alunos, funcionários e professores da Escola ao Assentamen-to. Por exemplo, a doação de mate-riais de construção, roupas, móveis e, principalmente, livros provenientes de uma feira literária anual da Es-cola chamada GIROLETRAS. Ao final de cada evento é doada uma cesta com livros infanto-juvenis que, desde 2006, vem contribuindo para a forma-ção da biblioteca do Assentamento Pastorinhas. Segundo o sr. Valdivino, um dos moradores, o acesso a esses livros é um sonho realizado, pois, na zona rural, não imaginaram que pode-riam ter contato com a literatura.

Sendo este o nosso último ano no Ba-lão Vermelho, estamos com a respon-sabilidade de passar o projeto a ou-tras turmas, que darão continuidade à parceria.

Então, semana passada, levamos os alunos de 5ª a 7ª série para conhecer o Assentamento. Nesta visita, ainda tiveram a oportunidade de participar de uma oficina de como montar um aquecedor solar feito com materiais reaproveitados.

Como podemos perceber, a experiên-cia trouxe benefícios para todos os envolvidos. Da nossa parte, alunos, continuamos a aprender com nossos parceiros, também professores.

Escrevemos esta carta na esperan-ça de incentivar projetos similares. Queremos dar voz à parceria e dizer que todos podem fazer a sua contri-buição para a sociedade.

Turma da 8ª série/2009 – Escola Ba-lão Vermelho. Texto Coletivo.

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O grande debate em torno do futu-ro da humanidade no século XXI tem como foco central um campo especí-fico: o meio ambiente.

Tal perspectiva surge principalmen-te a partir de alterações objetivas na dinâmica global. Efeito estufa, derretimento de geleiras glaciais, grandes enchentes, maremotos e abruptas mudanças climáticas, am-plamente prenunciadas no século XX, fazem atualmente parte de nos-so cotidiano. A intensidade com que a degradação do meio natural tem atingido nossa sociedade nos obriga a refletir sobre a necessidade de um novo modelo de desenvolvimento, pautado na sustentabilidade, na pre-servação e principalmente na educa-ção ambiental.

Temos percebido que, por mais que existam importantes iniciativas liga-das a proibições e multas para aque-les que promovem danos ao meio ambiente, este mecanismo está lon-ge de sanar o problema. É necessário reverter a perspectiva desagregado-ra e de curto prazo que impera na sociedade atual e impor uma agenda mais positiva, para a preservação de nossa espécie.

A urgência de tal questão levou o governo federal a lançar em 2003 a Conferência Nacional do Meio Am-biente a partir do tema: Vamos cui-dar do Brasil!

No âmbito das políticas públicas, di-versas iniciativas satisfatórias têm sido desenvolvidas no Brasil, tendo a juventude como protagonista. En-tre elas se destaca principalmente a Agenda 21.

O projeto é um importante instru-mento de planejamento para a cons-trução de sociedades sustentáveis,

em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

A partir de um planejamento participativo, onde atua a sociedade civil e o governo, é desenvol-vido um Plano Local de Desenvolvimento Sus-tentável. Tal plano estuda, a partir dos agentes sociais, as prioridades locais. As soluções refe-rentes a estas prioridades são implementadas através de projetos e ações de curto, médio e longo prazo.

A juventude nesse processo cumpre um papel central para garantir a capilarida-de da Agenda 21 e a concretização de um novo modelo de desenvolvimento.

A educação ambiental está no centro des-sa questão. A partir de iniciativas que pro-movam uma cultura civilizada, de respei-to ao meio ambiente e à sociedade como um todo, será possível progressivamente garantir um desenvolvimento pautado na sustentabilidade. No entanto, para que essa perspectiva tenha de fato desdobramento, é necessário implementar a variável ambiental no dia a dia da população brasileira.

Os jovens, atores políticos essenciais no debate sobre meio ambiente, empoderados de instru-mentos que promovam a consciência ambiental, potencializarão sua capacidade concreta de in-tervenção social.

A Agenda 21 tem mostrado esse poder social. Tem também permitido visualizarmos que é pos-sível estimular uma nova cultura social, preocu-pada com a preservação de nosso habitat natural através da atuação da sociedade civil organiza-da, de entidades juvenis e do Estado brasileiro.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Documento Base da

Conferência Nacional de Meio Ambiente, 2003. Disponível

em: http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_cnma/_ar-

quivos/textobase_icnma.pdf

BRASIL, Secretaria Nacional de Juventude. Documento Base

da Conferência Nacional de Juventude, 2008.

MEIO AMBIENTE E PARTICIPAÇÃO JUVENIL Luisa Barbosa PereiraONG Instituto Via BR

Rio de Janeiro

ContatoLuisa Barbosa:

[email protected]

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Diogo Damasceno Pires, Luanna Guimarães e

Thais Lourenço CruvinelColetivo Jovem – GO

Goiás

ContatoLuanna Elis Guimarães:

[email protected]

Imagine-se na sala de aula, no ensino fundamental ou médio. Você conse-gue voltar no tempo para fazer esta reflexão? No seu tempo, como funcio-nava a escola? Qual era o seu papel nela? Estas são questões que nos co-locam numa condição reflexiva, que procura entender a escola em toda a sua complexidade, para discutir ver-dadeiramente o papel da escola e da sociedade.

Segundo Paulo Freire (1996), o papel da escola é estimular o discente a desenvolver uma consciência crítica a respeito do sistema no qual este está inserido. A partir disto, espera-mos que a escola cumpra seu papel de fomentar a relação social dos alu-nos com a sociedade, cumprindo e desempenhando funções que ajudem a prover as necessidades básicas do ser social. Em síntese, a escola deve construir a cidadania.

Dessa forma, a Educação Ambiental (EA) tem esse caráter crítico e trans-formador, devendo, portanto, estar inserida no ensino formal de maneira transversal. A EA deve, ainda, capaci-tar ao pleno exercício da cidadania, formando, informando e viabilizando o desenvolvimento sustentável no in-tuito de constituir-se, assim, um dos pilares desse processo de formação de uma nova consciência em nível planetário, sem perder a ótica local, regional e nacional. O desafio da EA, nesse particular, é o de criar as bases para a compreensão holística da rea-lidade (DIAS, 2004).

Em busca desta cidadania planetária, a criação de instrumentos e metodo-logias de transformação é essencial para o enfrentamento das questões socioambientais vigentes, de forma que aproximam estas crianças e ado-lescentes, protagonistas do presen-te, de tais demandas sociais. Estes

AGENDA 21 NA ESCOLA: INSTRUMENTOS DE TRANSFORMAÇÃO LOCAL

instrumentos e metodologias de transformação são as ferramentas com as quais a sociedade espera ver concretizado, no sonho e no imaginário de constru-ção coletiva: um mundo sustentável e com equida-de social!

Neste sentido, a Comissão de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida na Escola (Com-Vida), que tem por ob-jetivo envolver toda a comunidade na construção da Agenda 21 na Escola é, portanto, um destes espaços de participação coletiva e instrumento construtor da sustentabilidade, de transformações no indivíduo e na coletividade. Esta experiência traz à tona uma relação compartilhada do fazer em prol de mudan-ças reais e concretas que podem enfrentar os pro-blemas encontrados na escola e no entorno dela.

Participar da Com-Vida é antes de tudo assumir a responsabilidade do cuidado com o meio. É uma ação de cidadania, como bem enfatizado no artigo 225 da Constituição Federal: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (...), impondo-se ao poder público e à coletividade o de-ver de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

E o cuidado com o meio deve pautar as ações da Com-Vida. Sensibilizar indivíduos, tornar o ambiente escolar mais saudável, equilibrado e sustentável,

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preocupar-se com o outro. Dessa for-ma, a Educação Ambiental é a gran-de aliada desta Comissão. Todo o trabalho precisa do envolvimento da comunidade escolar no seu conjunto, por isso, cada um e cada uma pre-cisa estar sensibilizado, alunos(as), professores(as), coordenadores(as), secretários(as), faxineiras(os) e merendeiras(os). Para Genebaldo Freire (2004), um programa ou pro-jeto de Educação Ambiental só pode atingir seus objetivos se fomentar a participação comunitária de forma articulada e consciente.

A partir destas reflexões, em 2008, o Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás teve a oportunidade de desen-volver um projeto nomeado “Forman-do Com-Vidas em Goiás” com o objetivo de implantar a Agenda 21 na Escola em vinte e duas (22) Escolas da Rede Pública do Estado. Percebeu-se que nas Escolas em que a Comissão con-seguiu instigar o interesse da comu-nidade escolar o resultado foi mais satisfatório. Em São Luis de Montes Belos (GO), uma das Escolas onde foi realizado o projeto, pode-se perce-ber esta participação intensa da co-munidade escolar. Além dos alunos, a Comissão era composta pela direto-ra da escola, professores e uma das merendeiras, que se tornou uma das grandes lideranças da Com-Vida.

Com base nessa experiência, é pos-sível afirmar que a Agenda 21 na Es-cola não é apenas uma ferramenta técnica, mas é, sobretudo, política, na medida em que compartilha o poder (de fala, de decisões, etc.), contribuindo para tornar o dia-a-dia da escola mais democrático e par-ticipativo. A Agenda 21 permitirá a formação de cidadãos mais cons-cientes de seus deveres e direitos, construindo um mundo sustentável a partir de simples ações na rotina escolar. Esse é o trabalho da Com-Vida, baseado na máxima do “Pensar Global e Agir Local”.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de

1988. Brasília, DF: Saraiva, 1999.

DIAS, Genebaldo. Educação ambiental: princípios e práti-

cas. São Paulo Ed. Gaia, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e

Terra, 1996.

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Muitos pensadores vêm descrevendo o período atual como um período de agravamento de crises que vêm se sucedendo e sobrepondo-se em di-versos setores e dimensões. Milton Santos, em sua obra “Por uma outra globalização” (2000), vai além. Ele diz que o momento atual é ao mesmo tempo um período e uma crise: “A presente fração do tempo histórico constitui uma verdadeira superposi-ção entre período e crise, revelando características de ambas essas situa-ções” (p. 32).

A partir dessa premissa, podemos analisar o desenvolvimento da edu-cação ambiental no espaço escolar pressupondo que, num tempo his-tórico que é uma crise, a educação ambiental desponta como conse-qüência histórica de um período e resposta para essa crise. E a escola, por ser uma instituição dotada de historicidade, traz para dentro pau-tas e demandas do período atual. Daí é possível entender o floresci-mento de coletivos locais e Agendas 21 nas escolas como um movimento de busca por novos rumos e signifi-cados para a ação social, que agora precisa estar contextualizada histó-rica e ambientalmente.

Atualmente, a educação passa por uma fase de valorização da inter e transdis-ciplinaridade. Valoriza-se aquilo que é apreendido por diversos ângulos e enfoques. É tempo de estabelecer co-nexão entre diferentes saberes e tra-dições, culturas e povos. Assim, entra em cena uma educação dialógica e integradora. Faz-se com mais persis-tência e consistência a ligação entre o local e o global, a cultura e a natu-reza, o individual e o coletivo, o social e o ambiental. E isso é experimentado de modo bem prático no trabalho das Comissões de Meio Ambiente e Quali-dade de Vida, as Com-Vidas.

AGENDA 21 ESCOLAR: A BUSCA POR NOVOS CAMINHOS E SIGNIFICADOS PARA A EDUCAÇÃO

A Com-Vida é uma forma de organização na escola que busca reunir estudantes, familiares, professores, fun-cionários e pessoas da comunidade para pensar e agir em prol da escola e da comunidade. Uma das propos-tas principais de toda Com-Vida é construir a Agenda 21 na Escola. A Agenda 21, por sua vez, foi um docu-mento assinado durante a Conferência Rio-92 por 179 países que assumiram coletivamente uma série de compromissos para o Século XXI. Portanto, elaborar a Agenda 21 na escola vai ao encontro da perspec-tiva de que a escola também deva assumir respon-sabilidades perante a comunidade e perante o território. Vem daí a importância da ênfase no território, no estímulo à reflexão e interpreta-ção da cultura local e das forças de poder em conflito. Com isso, as Com-Vidas trazem para a escola uma prá-tica política e um maior comprome-timento da comunidade escolar às causas locais, ao passo que emerge também a perspectiva de re-signifi-cação do que denominamos cultura. Augusto Boal, dramaturgo e criador do Teatro do Oprimido, falecido no dia 02 de Maio de 2009, deixou em seu último livro, A estética do oprimido, a seguinte citação sobre cultura: “A verdade de cada sociedade humana, ou de cada um dos seus segmentos, é determinada por sua Cultura, que é a soma ativa de todas as coisas produzidas por qualquer grupo humano em um mes-mo tempo e lugar, em sua relação com a natureza e com outros grupos sociais. Não são só as coisas, em si mesmas, que são Cultura, mas também o conjunto das condições sociais nas quais essas coisas se produ-zem e são usadas, nos objetivos e formas de produzi-las. Hábitos, costumes, rituais e tradições; crenças e esperanças; técnicas, modos e processos; sobretudo valores da ética, como proposta, e da moral vigente - tudo isto forma a Cultura que, em cada momento histórico, revela o estado das forças sociais em con-flito - ou, dele, boa parte”*.

Esta compreensão de cultura como aquilo que é produzido por qualquer grupo de pessoas nos leva a uma conseqüente valorização do que brota de cada território. Mesmo que do território em questão a violência e a escassez se sobressaiam, é necessário perceber que contra todas as adversidades, exis-

Alex Barroso BernalColetivo Jovem – RJ

Rio de Janeiro

ContatoAlex Barroso Bernal:

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bienterj.blogspot.com/

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tem grupos locais trabalhando para produzir novas formas de expressão e entendimento do mundo. Enfati-zar aquilo que é fruto do lugar – sem perder sua estreita ligação com o que ocorre no nível global – é um passo importante para a escola se perceber, ao mesmo tempo, como parte de um território e um ambiente específico, contrapondo suas práticas aos valo-res, conceitos e métodos que o capi-talismo preconiza para sobreviver.

Haja visto que o sistema capitalista teve uma acentuada contribuição para a construção de uma sociedade fragmentadora, individualista e con-sumista, é importante romper com os meios de alienação, dominação e opressão que vêm alimentando a atu-al globalização. E quando se organiza uma comissão na escola para cuidar do ambiente local, tornando esse coletivo co-responsável por planejar e executar uma agenda de compro-missos, estamos trabalhando esse rompimento e trilhando uma nova forma de ensinar e aprender sobre o mundo. É um novo fazer educativo que vem como proposta de uma edu-cação ambiental transformadora e emancipatória. A educação ambien-tal traz essa perspectiva de ampliar os espaços de participação e comuni-cação dentro das escolas e das comu-nidades e evoca também algo que é muito urgente para nossa sociedade: o compromisso com a sustentabilida-de da vida. Dessa causa nasce o olhar ecossistêmico e o viver ecológico. O que a educação ambiental promove como vital de seu processo é a neces-sidade de respeito a toda e qualquer forma de vida e, por conseqüência, a valorização da diversidade, seja ela biológica ou cultural. Por isso, numa prática de educação ambiental será tão enfocado o entendimento das complexas redes, ciclos e fluxos que garantem a sustentabilidade da vida em nosso planeta. Caminhando nessa direção, a educação ambien-tal nos traz a compreensão e a vi-vência do Planeta Terra como mãe e casa comum. Nos faz enxergar e

sentir a Terra como um organismo vivo – dotado de uma inteligência e criatividade impensável para a mente humana – e por conseqüência, o ser humano como uma célula viva interdepen-dente desse grande sistema de vida que os Incas denominavam Pachamama e que hoje o mundo ocidental reconhece como Gaia.

Trazendo para a esfera nacional, num país onde pessoas assumem cargos públicos gerenciais não por competência, mas por acordos políticos, onde o público se confunde com o privado, onde a edu-cação ainda não está na lista de prioridade dos governantes, há de se supor uma grande dificul-dade para realizarmos uma efetiva mudança nos paradigmas que regem nossa educação. Os sérios problemas que caracterizam a educação no Brasil advêm de um conjunto de questões, no entanto, mais que conjunturais: a problemática se mostra estrutural. Por isso, não podemos concordar com a idéia de que basta mais investimento e serie-dade para construirmos um novo quadro educa-cional em nosso país. Devemos lutar sim por mais investimento, seriedade, ética e compromisso com a educação. Porém, mais que tudo isso, é necessário nos questionarmos sobre qual educa-ção queremos.

A crise por que passa o sistema educacional é um reflexo do momento crítico por que passamos como sociedade humana. E as escolas fazem parte desse sistema educacional que só muda-rá de verdade quando novas visões conceituais, filosóficas e ideológicas forem de fato incorpora-das a sua dinâmica. Talvez seja a hora, portanto, de recorrer aos grandes sábios que nos ensinam que crise é sinônimo de transformação e oportu-nidade. Pode ser cedo para afirmar o colapso da velha ordem social, econômica e política. Toda-via, se atentarmos para o ritmo veloz com que os coletivos locais se multiplicam e vêm cons-tituindo uma rede planetária de cooperação e solidariedade e reconhecermos que toda essa busca por uma nova forma de educar já vem sendo experimentada por muitas comunidades ao redor do globo, podemos sim vislumbrar essa crise como um sinal de novos tempos, caminho aberto para um novo caminhar.* Este trecho do livro “A estética do Oprimido” de Augusto

Boal foi retirado da página 06 do caderno Prosa & Verso do

Jornal O GLOBO de 09 de Maio de 2009.

Referências Bibliográficas:

SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Re-

cord, 2000.

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A “Agenda 21” é um dos documen-tos mais importantes aprovados na Cúpula da Terra (Conferência das Na-ções Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992, no Rio de Janeiro). É um documento que de-fine um conjunto de diretrizes para alcançar o desenvolvimento susten-tável. A Agenda 21 pode ser a pala-vra mágica que abre os horizontes do envolvimento entre comunidade, governo e entidades em busca de um presente sustentável sem prejudicar o ambiente em que vivemos.

A execução efetiva da Agenda 21 exige uma reorientação profunda da sociedade humana, nomeadamente nas prioridades dos governos e indiví-duos. Esta mudança exigirá, por um lado, que as preocupações ambien-tais sejam integradas na tomada de decisões e, por outro, a participação ativa dos cidadãos de todo o mundo, tanto a nível local, quanto nacional ou global.

As bases lógicas para a implemen-tação das Agendas por país e por localidade são óbvias: não se pode-rá construir um mundo sustentável, saudável e com um ambiente prote-gido, sem que as respectivas ações nesse sentido tenham início no nível local dos habitantes que dominam o planeta e são capazes de transformá-lo para melhor ou pior, ou seja, dos seres humanos. Daí a adoção do tão alardeado slogan: “pensar global-mente e agir localmente”. A soma das boas ações locais vai produzir uma sociedade harmônica e corres-pondente.

Do ponto de vista prático, implemen-tar uma Agenda 21 numa determinada comunidade significa iniciar um pro-cesso de planejamento em direção a um futuro mais sustentado, onde to-dos os elementos dessa comunidade

UM PEQUENO PASSO, UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DA AGENDA 21

são convidados a participar. Neste contexto a comu-nidade pode ser o país, a região, a cidade, o bairro, a empresa ou a escola, entre outros. E planejar em direção a um futuro mais sustentado significa que os vários grupos e indivíduos da comunidade se vão envolver –de modo a descobrir em que situação es-tão e para onde querem ir, traçando a partir daí o caminho para chegar a uma comunidade próspera, justa e com um menor impacto no meio ambiente.

No processo de mudança rumo à sustentabilidade, a comunidade escolar pode e deve desempenhar um papel exemplar, contribuindo para formar cidadãos cada vez mais conscientes, capazes de interiorizar conceitos como os de sustentabilidade, ética, hu-manismo e colaboração para o bem comum.

Seguindo este raciocínio, nada mais útil e provei-toso do que se começar um processo de elaboração de Agenda 21 dentro do âmbito de atuação di-reta e indireta da esco-la. A Agenda 21 Escolar pressupõe a inclusão da temática ambiental na escola em sua relação com a comunidade e a inserção da educação ambiental nos projetos político pedagógicos es-colares de forma trans-versal. A escola tem a responsabilidade de for-mar cidadãos. O exercício da cidadania não é inato, deve ser aprendido. E as escolas têm essa responsa-bilidade de relembrar aos adultos o seu papel numa democracia deliberativa e de ensinar às crianças e jovens que estes podem ter uma parte ativa na co-munidade.

A implementação da Agenda 21 na Escola contribui ativamente para esta aprendizagem e constitui-ção de cidadãos ativos. E toda a sociedade ganha com isso! Os jovens não serão os cidadãos do futuro (como é habitual ouvirmos). São os cidadãos do pre-sente. A escola tem de ser pioneira neste conceito. Uma das alternativas propostas pelo Fórum Social Mundial – em uma de suas etapas – foi a de “intro-duzir nas escolas de todo o mundo a discussão da Agenda 21 pelo seu caráter eminentemente eman-

Patrícia da Silva GodinhoColetivo Jovem – GO

Goiás

ContatoPatrícia Godinho:

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cipatório, socializando experiências existentes, com base nos princípios e valores da Carta da Terra e do Trata-do de Educação Ambiental”.

As escolas têm um papel fundamental na ajuda à análise e compreensão da realidade. Devido a sua função peda-gógica, constitui, em acréscimo, um modelo realista da comunidade em que é possível testar processos e so-luções a uma escala “laboratorial”. A escola tem ainda as condições ide-ais para possibilitar a participação real de todos os seus membros, sen-do possível debater abertamente os problemas que necessitam ser resol-vidos, decidir conjuntamente quais são os prioritários e quais as propos-tas de ações mais adequadas para resolvê-los, bem como acompanhar e monitorar a sua correspondente execução.

Por toda esta importância da Agen-da 21 na escola, o Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Goiás (CJ-GO) - e mais dezoito CJs Estaduais - partici-pou do projeto das Com-Vidas (Comis-são de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas Escolas) com o Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Am-biental (MEC/MMA), entendendo que se trata de um movimento interessa-do na ampliação da discussão socio-ambiental em nosso país.

A Com-Vida é uma das ações estrutu-rantes do Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, em implanta-ção desde 2004. A idéia surgiu como resposta às deliberações da I Confe-rência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), quando os estudantes propuseram a criação de CJs e a elaboração da Agenda 21 nas escolas do país.

A Comissão de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida nas Escolas tem como principal papel construir a Agenda 21 na Escola, contribuindo assim para um dia-a-dia participativo, democrá-tico, animado e saudável, promoven-

do o intercâmbio entre a escola e a comunidade. É também uma nova forma de organização na escola e baseia-se na participação de estudan-tes, professores, funcionários, diretores e co-munidade. A mesma chega para somar esforços com outras organizações da escola como o Grê-mio Estudantil, Associação de Pais e Mestres e o Conselho Escolar, trazendo Educação Ambiental para o cotidiano da escola de maneira interdisci-plinar, integrada às demais ações da escola.

A formação destas Comissões na escola busca, antes de qualquer coisa, propor um cotidiano mais participativo e democrático na comunidade escolar, na busca permanente por solucionar os problemas encontrados no dia a dia, em especial os que dizem respeito às questões socioambien-tais. Onde cada um traz consigo o sentimento de modificar a realidade no ambiente em que vive.

Não é nada fácil se engajar em um projeto como este ou simplesmente querer implementar a Agenda 21 na escola, é necessário uma visão de futuro, um espírito inovador e um empenho pessoal de todos os membros da comunidade escolar, ainda mais porque a Agenda 21 nunca termina: ela é sempre reconstituída, reconstru-ída, repassada, corrigida dentro dos fóruns de discussão e de acordo com a avaliação dos rumos dos trabalhos, as fontes de financiamento, as parcerias, novos problemas que possam surgir, novas soluções encontradas, etc.

Referências Bibliográficas:

Agenda 21 Global. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente

do Estado de são Paulo, 1997. 383p.

BRASIL, Ministério da Educação. Formando Comissão do

Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo

Agenda 21 na Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de

Educação Ambiental, 2004.

FERRAZ DE CAMPOS, José Gaspar. Agenda 21: da Rio/ 92 ao

local de trabalho. São Paulo: Iglu Editora, 1996. 108p.

FUNDACIÓN AGBAR. De la Agenda 21 Local a la Agenda

21 Escolar. Disponível em: http://www.ej-gv.net/ceida/

data/h_weissmann_c.pdf

NOVAES, Washington (Coord.). AGENDA 21 Brasileira – Bases

para discussão. Brasília MMA/PNUD. 2000. 19 p.

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA. Agenda 21 na Esco-

la: idéias para a implementação. Disponível em: http://

www.futurosustentavel.org/fotos/plano/Caderno_A21.pdf

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Durante o processo da construção da I Conferência Nacional Infanto-Juve-nil Pelo Meio Ambiente – I CNIJMA em 2003, nasce a proposta de criação dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente – CJs em todos os estados brasileiro. A partir daí, as juventudes ambientais começam a se articular através de vários meios de comunicação e, em especial, da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente – REJUMA. O proces-so não parou, várias experiências de jovens para jovens começaram a ser desenvolvidas nos estados, tendo a escola como palco de todo processo educativo.

Os Coletivos Jovens viram a Comis-são de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola – Com-Vida como uma estratégia de organização escolar, que tem como objetivo construir a Agenda 211 na escola, utilizando a metodologia da Oficina de Futuro2. Esta metodologia constrói uma es-tratégia de planejamento através da montagem da Árvore dos Sonhos, uma forma jovem de captar a per-cepção ambiental, a partir do levan-tamento de possibilidades e limites na análise da realidade ambiental lo-cal. A árvore dos sonhos leva à cons-trução das partes de uma árvore na qual as folhas representam os sonhos e desejos de um ambiente equilibra-do (possibilidades) e a pedras sobre

1 Agenda 21 local é o instrumento de pla-nejamento de políticas públicas que envolve a sociedade civil e o governo em um proces-so amplo e participativo de consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos locais e o debate sobre soluções para esses problemas por meio da identificação e im-plementação de ações concretas que visem o desenvolvimento sustentável. (Fonte: www.mma.gov.br/agenda21)

2 Oficina de futuro é uma metodologia cria-da pela ONG Instituto ECOAR para a cidadania, aplicada no Fórum Global do Rio de Janeiro, experiência que o CJ incorpora em suas ativi-dades.

AÇÃO DO CJ: IMPLANTAÇÃO DA COM-VIDA E DA AGENDA 21 NA ESCOLA DR. JOSÉ HAROLDO DA COSTA

as raízes (limitações) representam os obstáculos, as barreiras que impedem o equilíbrio ambiental, visto nos sonhos da Com-Vida. Na continuidade, as possibi-lidades e limites detectados são os elementos que indicam as etapas e formas de trabalho da Com-Vida, constituindo a Agenda 21 da Escola.

A proposta da Com-Vida, segundo a política do gover-no brasileiro, significa

“uma nova forma de or-ganização na escola e se baseia na participação de estudantes, professores e funcionários, diretores e comunidade que tem como principal papel contribuir para um dia-a-dia partici-pativo, democrático, sau-dável na escola, promo-vendo o intercâmbio entre escola e comunidade.” (BRASIL,2004, p.9)

Na Escola Municipal Dr. José Haroldo da Costa, localizada no Conjunto Salvador Lyra, no bairro Tabuleiro do Martins em Maceió-Alagoas, o processo de construção coletiva da Com-Vida se deu num período de oito meses – outubro a maio de 2008/2009.

Nessa perspectiva, o Coletivo Jovem realizou diver-sas atividades na escola, em especial, a implanta-ção da Com-Vida e da Agenda 21 da escola, levando a temática ambiental para dentro do espaço escolar, com a participação da juventude.

A metodologia de construção da Com-Vida dentro da Escola Haroldo da Costa considerou o exercício do princípio do CJ-AL “jovem educa jovem”, processo que se dá em cinco momentos.

No primeiro momento, foi aplicado um questioná-rio de percepção ambiental para analisar o nível de conhecimento ambiental da juventude. Nessa primeira chamada estavam presentes 25 alunos do Ensino Fundamental II (5ª a 8ª série), sendo expla-nado, de forma clara, a proposta do CJ-AL: como surgiu, por quê e para quê. Nessa situação, os jo-

Eduardo da Silva Santos e Marco Túlio Costa Tenório CavalcantiColetivo Jovem – AL

Alagoas

ContatoMarco Tulio Cavalcanti:

[email protected] Jovem de Alagoas:

http://coletivojovemalagoas.blogspot.com/

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vens começaram a se interessar pela proposta, culminando com a criação da Comissão, no dia 06 de outubro de 2008.

No segundo momento, no dia 20 de outubro de 2008, foram deliberadas várias atividades, dentre elas a Im-plantação da Com-Vida, que constou de informações para o desenvolvimento das funções da Com-Vida, destacando-se os principais aspectos que levam a Comissão a exercer influência no es-paço escolar e como cada participan-te pode contribuir para a ação coleti-va na melhoria da qualidade vida da escola e da comunidade.

O terceiro momento, realizado no dia 05 de outubro, levou à criação da Agenda 21 da escola. Nessa ativida-de foi desenvolvida, junto à Comis-são, uma análise espacial da escola detectando os problemas do espaço escolar como: a quantidade de lixo no chão, o mau uso do solo, a falta de arborização e outras informações, buscando a conscientização dos alu-nos sobre a temática ambiental.

Os pontos positivos detectados nesse momento foram: existência de gran-de espaço na escola possibilitando a construção de uma horta; existência de lixeiras na escola, para a propos-ta de coleta seletiva (lixo orgânico e inorgânico); além da quadra de es-porte que pode favorecer a melho-ria da saúde corporal, elemento do equilíbrio ambiental escolar.

A principal proposta da Comissão é trabalhar a Educação Ambiental dentro do espaço escolar, de forma coletiva, propondo-se, inclusive, a integração de alunos-estagiários do Núcleo de Educação Ambiental – NEA, da Universidade Federal de Alagoas e do Projeto Arboretum de Alagoas para ministrar palestras so-bre o tema Arborização no Espaço Escolar, constituindo o quarto mo-mento realizado no dia 18 de outu-bro do mesmo ano.

A palestra teve como público alvo alunos de 1ª a 8ª série, percebendo-se a possibilidade de pro-dução do conhecimento dos alunos em relação às ações de degradação que o ser humano exer-ce sobre a natureza. Ao tratar de forma teóri-ca a importância da arborização, a experiência também promoveu a articulação teoria-prática, levando os alunos a experimentar o plantio de várias mudas nativas (craibeira, pau-brasil, pata de vaca e outras) dentro do espaço escolar.

O desenrolar da Com-Vida na Escola Haroldo da Costa vem permitindo a construção da Agenda 21 da escola fazendo-se uso da Oficina de Fu-turo3, que permite a construção da Árvore dos Sonhos, uma metodologia que vem sendo usada desde a ECO-92 no Rio de Janeiro, desenvolvi-da na Conferência da Sociedade Civil. À época, essa oficina se desenvolveu com base em duas perguntas:

Como é a escola dos nossos sonhos?

Quais são os problemas que dificultam chegar aos nossos sonhos?

A análise da Oficina de Futuro realizada na Com-Vida Haroldo da Costa revelou os resultados:

1. As folhas receberam o registro de sonhos para uma escola sustentável: criar uma horta; cobrir a quadra; melhorar a merenda da escola; ati-var a coleta seletiva; realizar mutirão mensal de limpeza; promover mais palestras sobre Educa-ção Ambiental; preservar o patrimônio da esco-la; plantar plantas medicinais; construir praça para lazer dos alunos.

2. Para os obstácu-los e barreiras foram destacados os se-guintes problemas: falta de participação dos alunos; falta de recursos financeiros; falta de contribui-ção da comunidade na escola; falta de apoio dos órgãos públicos; falta de conscientização dos

3 Oficina de futuro metodologia criada pela ONG Instituto ECOAR para a cidadania, aplicado no Fórum Global do Rio de Janeiro, experiência que o CJ incorpora em suas atividades.

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alunos e comunidade sobre a temá-tica socioambiental; falta de respon-sabilidade e interesse dos alunos e da comunidade.

Ao analisar a Oficina de Futuro, dos sonhos aos problemas, percebe-se que a escola precisa melhorar sua infra-estrutura e, principalmente, a consciência ambiental da juventude que nela estuda. Para isso, é preciso formar a juventude, conforme revela a árvore dos sonhos, para participar da construção de políticas públicas de juventude e também cobrar da escola que assuma o seu papel na transformação socioambiental.

A partir deste momento, a Com-Vida vai desenvolver todo o planejamento de forma organizada e partici-pativa, destacando o papel da juventude na discus-são e mudança de comportamento.

No momento atual, a Com-Vida Haroldo da Costa ca-minha buscando melhor formação e conhecimento na formulação da Agenda 21 da escola no sentido do exercício permanente da educação ambiental.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério da Educação. Formando Comissão do Meio

Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agen-

da 21 na Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação

Ambiental, 2004.

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No preâmbulo da Agenda 21 se des-taca o agravamento da pobreza, do analfabetismo, de doenças, da fome e da deterioração dos ecossistemas. Quase vinte anos depois, o que co-locaríamos se fôssemos reescrevê-lo? Talvez tudo isso e poderíamos acres-centar que é conseqüência da “crise mundial”, como alguns jornais insis-tem em publicar, porém, vemos que essa crise não é de hoje.

Resgatando o que propõe a Agen-da 21, o seu principal objetivo é a promoção e garantia da qualidade de vida para a sociedade planetária. O Estatuto da Criança e do Adoles-cente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição Federal são categóricos em afirmar o direito ao desenvolvimento sadio, harmonioso e em condições dignas de crescimento. Mas a distância entre as cuidadosas citações e nosso coti-diano ainda é discrepante e o reflexo disto é verificado principalmente no ambiente escolar.

É em meio a essa crise civilizatória,

O DESAFIO DA AGENDA 21 ESCOLAR NO ESTADO DO PARÁ

da cultura do ser e do ter que a Com-Vida procura disseminar um novo modelo de relação, fazen-do-se valer e praticar o que consta na Agenda 21: o bem estar coletivo, desenvolvimento de fato sustentável, de uma sociedade fraterna e pluralista.

O Estado do Pará é um dos que compõem a Ama-zônia brasileira, com grandes dimensões geográ-ficas, porém com dificuldades de acesso, muitas vezes por via fluvial através de sua imensa ma-lha de rios. Vale ressaltar que, ainda na dita-dura, o “integrar para não entregar” configurou um agravante na perda da cultura e identidade regional, fazendo uma ocupação desmedida por pessoas oriundas de diversas regiões, sem pre-paração, consciência e respeito ao modo de vida local.

Entretanto, o Pará é muito rico em recursos na-turais, tendo assim um promissor potencial de desenvolvimento local de forma sustentável, aliado ao vasto conhecimento que os povos tra-dicionais têm domínio. Nas cidades afastadas do desenvolvimento urbano, ainda percebemos fortes características das culturas indígenas, que ficam claras na receptividade, confiança e acolhimento da população interiorana a conteú-dos relacionados ao cuidado com a terra. Pesso-

Amanda Madalena da Silva Gemaque,

Ana Carla T. Franco e Gilson Nazareno da C. Dias

Coletivo Jovem – PAPará

ContatoColetivo Jovem Pará:

[email protected]://coletivojovempara.

blogspot.com/

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as com sensibilidade, solidariedade, simplicidade, amor e sentimento de apego ao seu lugar.

Neste contexto, o Projeto Com-Vidas pelo Pará englobou 13 municípios, com acompanhamento de um ano, inicialmente em 17 escolas, número que veio a aumentar para 40 escolas com a aceitação do projeto nos muni-cípios. Foram facilitadas pelo CJ ofici-nas com os eixos temáticos: Educação Ambiental, Participação Política, Edu-comunicação, Empreendedorismo, Fortalecimento Organizacional, além de Elaboração de Projetos e Avaliação e da Oficina de Futuro que abriam o ciclo de formações.

Em Santarém Novo as oficinas do projeto foram realizadas em quatro escolas que já possuíam a comissão e mostraram-se motivadas a poten-cializar as ações com a visita do Co-letivo Jovem de forma periódica. As Com-Vidas foram batizadas pelo nome das comunidades: Jutaizinho, Santo Antônio, Peri-Meri e Santarém Novo.

A aceitação das ações da Com-Vida foram bastante positivas, princi-palmente por serem relacionadas à recuperação e conservação do Rio Jutaí. Os jovens estudantes promo-veram diversas campanhas e muti-rões de limpeza do rio, alertando so-bre a importância do mesmo para a pequena cidade, realizando debates e formações na única praça pública da cidade.

Experiência exitosa também ocorreu em Moju, a Com-Vida atuou na comu-nidade com campanhas educativas, criação de um jardim escolar e ga-nharam reconhecimento da gestão da escola, mesmo diante do descré-dito de vários de seus colegas, jovens estudantes da escola. Já em Maraca-nã, com a oficina de participação po-lítica, os jovens participantes senti-ram-se incomodados com as decisões e ações da gestão pública municipal e se organizaram para cobrar melho-

rias principalmente relacionadas aos recursos natu-rais. Em Tracuateua e Augusto Correa, os alunos e professores externaram a carência de momentos de formação como os fornecidos pelo projeto e segui-ram promovendo intervenções na escola modifican-do suas rotinas.

Vale destacar os municípios que não participaram do projeto mas são frutos do processo de Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, prosseguindo de forma autônoma suas atividades. Marabá foi des-taque na II CNIJMA em 2006, possui 27 Com-Vidas em atividade e já realizou o III Encontro Municipal de Com-Vidas, legitimamente construído pelos estudan-tes, professores e gestores. Neste sentido, temos o exemplo de Colares, onde o professor da rede públi-ca estadual, Eduardo Kalif, tomou conhecimento do trabalho da Com-Vida e do CJ através da III CNIJMA e atualmente coordena o Projeto Cinema e Meio Am-biente na Escola: Criando as Com-Vidas.

Percebemos nos avanços semelhanças que consi-deramos interessantes: Os municípios menciona-dos possuem acesso facilitado à comunicação e transporte, além do compromisso de pro-fessores e gestores com as comissões so-mado ao forte apoio da gestão munici-pal, através das Se-cretarias Municipais de Educação. Estes municípios possuíam uma gestão compro-missada e acessível, que dava total apoio às ativi-dades das Com-Vidas e do Coletivo Jovem.

No entanto, também ressaltamos aspectos análo-gos nas experiências de Com-Vidas que não obtive-ram boa aceitação e mobilização da comunidade: os municípios mais distantes, como Oeiras do Pará, Limoeiro do Ajuru e Bagre, onde se gasta, partindo da capital, mais de 12 horas de viagem via fluvial, através de embarcações precárias, comprometendo o acompanhamento das atividades. Isto inviabiliza também a gestão pública estadual, que não conse-gue dar suporte e fiscalização necessários, alimen-tando um forte sentimento de esquecimento e de descaso a estas populações.

São nestas condições que se acentua a prostituição e trabalho infantil, tráfico de animais, venda ilegal de madeira, extrativismo predatório, entre diversos

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problemas ambientais que são vistos como fatos corriqueiros, compondo o cotidiano destas populações. Como resultado disto, vemos o desestímulo à participação política e mobilização social dos jovens, que ficam à mercê de famílias inteiras que monopolizam a administração pública, perpetuan-do-se e fortalecendo a premissa de que a situação jamais se reverterá.

Outro grande desafio é a aceitação da proposta da Com-Vida em cidades com elevado desenvolvimento urba-no. Dentre as escolas que não obtive-ram um bom desempenho no projeto, várias pertencem à região metropo-litana de Belém ou sofrem grande influência do meio urbano. O estilo de vida pautado no consumo, em pa-drões expostos pela mídia, egoísmo e crescimento econômico individuali-zado foram fatores culminantes para o insucesso das atividades.

Como abordar a educação ambien-tal crítica, ressignificação de va-lores, sentimentos, coletividade e participação diante de jovens, pais, educadores e gestores que conside-ram este assunto pura balela? Como construir sonhos, discutir dificulda-des e planejar ações coletivas nesta realidade individualista? Como trazer esperança a jovens que são rotinei-ramente condicionados a viver sem perspectiva?

Percebemos nestes casos que somen-te construir uma árvore dos sonhos não basta. Devemos encontrar outras formas de abordagem e intervenção, onde primeiramente sensibilizemos as pessoas acerca dos Direitos Huma-nos, de seus valores, da democracia, garimpando neste universo indivídu-os com potencial de transformação, de participação e compromisso, tor-nando-os aliados neste desafio.

Investir na formação política da ju-ventude voltada para a participação em instâncias decisórias, analisando criticamente ações dos órgãos públi-

cos e seus representantes. Desta forma, incluir a educação ambiental em políticas públicas e nos planos municipais de educação, pois como vimos, o apoio governamental é fator de sucesso nas ações das Comissões e conseqüentemente na melhoria da qualidade de vida a que se obje-tiva a Com-Vida. A criação de núcleos municipais de Coletivos Jovens vem a auxiliar no fortaleci-mento das comissões, superando as dificuldades de acompanhamento. Um programa estadual de juventude e meio ambiente auxiliaria no supor-te a esses jovens, fortalecendo-os e recriando a perspectiva de que podemos juntos modificar este quadro. Assim em coletivo cuidamos do Pará, da Amazônia, do Brasil e do mundo!

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 Brasileira

: resultado da consulta nacional / Comissão de Políticas

de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional.

Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de

1988. Brasília: Saraiva, 1999.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível

em: http://www.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_

inter_universal.htm

Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm

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Os Guerreiros da LuzVêm iluminar a escuridãoO Espírito os conduzA descobrir uma solução

São filhos dessa TerraE da Mãe NaturezaE com muita gratidãoHabitam esse belo Planeta

Grande Sol e Linda LuaIluminam e AquecemAo contrário do desprezoGratidão é que merecem

Que se encerre a destruiçãoE se inicie o respeitoChega dessa reproduçãoDói para quem tem algo no peito

Incas, Maias e AstecasPovos demolidosQuem perdeu fomos todos nósCom tudo que foi destruído

Mas no meio da clareiraEsquecemos nossa dorE nas rodas de fogueiraCantamos com amor

Vamos resgatar o conhecimentoJuntar as separadas partesVida não é decadênciaÉ a maior obra de arte

Poesia escrita em 09/05/09 em

Florianópolis-SC

POESIA: NATUREZA Diego Iturriet Dias Canhada

Coletivo SoylocoportiCuritiba – PR

ContatoDiego Canhada:

[email protected]://diego.soylocoporti.org.br

Coletivo Soylocoporti:

http://soylocoporti.org.br

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Este artigo propõe relatar e discutir uma das experiências com a Comis-são de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida) no período específico entre 2006 e 2009 em Mato Grosso. As Com-Vidas são espaços estruturais que possibilitam a discussão e refle-xão das problemáticas socioambien-tais da escola e da comunidade, bem como implantar a Agenda 21 Escolar.

Relacionados à Com-Vida, os Coleti-vos Jovens de Meio Ambiente (CJ) foram criados para garantir a parti-cipação das juventudes no processo da I CNIJMA e hoje são reconhecidos como um movimento socioambiental em todo o território brasileiro. Em Mato Grosso, o CJMT se consolida em 2006, como resultado de um proces-so de construção e fortalecimento da sua identidade, do seu enraizamento e expansão pelo estado e da aproxi-mação com os CJs da região centro-oeste.

Esses espaços de aproximação1 foram responsáveis por aglutinar atores que contribuíram no desencadeamento do processo das Com-Vidas. Isto por-que tais espaços foram significativos para a construção, discussão e forta-lecimento, bem como para a sociali-zação de ações, atividades, projetos e editais que aconteciam naquele momento.

No Encontro Presencial dos CJs do centro-oeste, temas como aproxi-mação dos CJs com as Redes de EA, Publicação Agenda 21 e Juventude e Tratado de Educação Ambiental fo-ram conhecidos, discutidos e delibe-rados em ações que se concretizaram no ano seguinte, tais como o I Encon-tro da Juventude pelo Meio Ambien-

1 Principalmente o Encontro Presencial dos CJs do Centro-oeste e o III Encontro da Juven-tude pelo Meio Ambiente

QUANDO O PROCESSO CONSTRUÍDO E DESENCADEADO É UM RESULTADO TÃO IMPORTANTE QUANTO OS “RESULTADOS ESPERADOS” – CONTRIBUIÇÕES À IMPLANTAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E FORTALECIMENTO DAS Com-VidaS.

te do Centro-Oeste (I EJMA-CO) e a nossa ação como proponente do “Projeto Criando e Fortale-cendo Com-Vidas”2. Após a sua aprovação junto a 18 projetos de outros CJs, encaminhados ao Pro-grama Juventude e Meio Ambiente (CGEA/MEC), estes foram submetidos à gerência financeira e ao acompanhamento técnico da Equipe Técnica da Unicamp/CESET3 para serem executados.

Hoje entendemos que para discutir e avaliar as ações decorrentes do projeto não basta apenas quantificar as Com-Vidas implantadas mas, so-bretudo, faz-se necessário compreender todo o processo numa perspectiva crítica e, principal-mente, ética da Educação Ambiental, assumindo inclusive os erros e entendendo que por vezes o processo construído e desencadeado é um resul-tado tão importante quanto os “resultados espe-rados”.

A construção do pro-jeto e seus ajustes ocorreram durante um ano. Na Figura 1 observamos a estru-tura do projeto – com suas metas, objetivos, metodologia e avalia-ção – e a relação cons-truída junto a Equipe Técnica da Unicamp/CESET. A escolha das 20 escolas estaduais e municipais esteve mais relacionada ao diálogo estabelecido entre elas e o CJMT do que necessariamente às escolas parti-cipantes da II CNIJMA, já que os participantes do CJ ligados à Conferência se desligaram do grupo após a sua realização e o movimento continuou com novos jovens, que ainda não compreendiam com plenitude o encadeamento de ações que li-gavam o CJ à Política e Programa Nacional de Educação Ambiental. Mesmo assim, tanto o pro-jeto em si como a escolha das escolas contribuiu

2 Em relação à nossa participação no edital, gostaríamos de agradecer o estímulo e apoio inicial recebido do CJGO – Coletivo Jovem Goiás.

3 Equipe coordenada pelo Professor Doutor Sandro Tonso, Universidade Estadual de Campinas/ Centro Superior de Edu-cação Tecnológica.

Amanda Fernandes Camargo do Nascimento

Coletivo Jovem – MTMato Grosso

ContatoAmanda Fernandes:

[email protected]

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para o fortalecimento do movimento no estado, pois outros CJs surgidos (Diamantino, Novo Horizonte do Nor-te, Tangará da Serra, Vale de São Do-mingos) foram envolvidos no acom-panhamento das Com-Vidas.

No entanto, por problemas internos dos CJs e pelo próprio andamento do projeto, suas sete etapas (que en-volviam formação dos facilitadores, atividades nas escolas e seminário de avaliação com todas as escolas) foram reduzidas para quatro etapas, envol-vendo formação dos facilitadores, for-mações nas escolas e avaliação final.

A formação para os facilitadores das Com-Vidas (Formação 1) aconteceu em Cuiabá/MT (out-2007), junto ao V Encontro da REMTEA e ao I EJMA-CO, ambos com a temática voltada ao Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Res-ponsabilidade Global. Na ocasião fo-ram trabalhados todos os aspectos da Cartilha “Formando Com-Vidas” e ou-tros aspectos conceituais e práticos trazidos na construção do projeto. Os jovens formadores eram compo-nentes dos CJs Cuiabá, Tangará da Serra, Diamantino, Novo Horizonte do Norte e responsáveis pela criação e/ou fortalecimento das Com-Vidas. A avaliação desta etapa foi positiva, no sentido da aprendizagem dos forma-dores, embora a falta de Cartilhas “Formando Com-Vidas” tenha sido um grande empecilho. Os jovens esta-vam interessadíssimos no processo, inclusive em estarem compartilhan-do conosco esta responsabilidade. Outros aspectos ainda podem ser observados na Figura 2. O CJ Vale de São Domingos não participou do evento e esta etapa foi desenvolvida in loco por facilitadores do CJ Cuiabá no mês seguinte.

As etapas seguintes aconteceram a partir de março de 2008, já que a Formação 1 estava próxima ao fim do ano letivo de 2007. Antes da realiza-ção das atividades, houve uma apro-

ximação inicial com a coordenação das escolas e sistematização de cronogramas de visitas. Algumas escolas preferiram trabalhar com toda comunidade escolar, em outras optou-se por séries e turnos de-finidos. Os métodos trabalhados estão em torno de dinâmicas, como “História sem fim”, “Telefone sem fio”, “Trabalho em equipe”, “Oficina do Futuro”, além da leitura da Cartilha “Formando Com-Vida”, explicação do funcionamento e simulação da CNIJMA. Com o processo de investigação, os estudantes foram estimulados a realizar pesquisas que contemplassem o esclarecimento dos fenômenos relacionados às pro-blemáticas identificadas, bem como incentivados a elaborar formas de atuação e intervenção no local onde estudam e moram. As problemáticas mais fre-qüentes estão relacionadas a não conservação de as-pectos físicos da escola, à violência na escola, à falta de saneamento e pavimentação no entorno da escola e do bairro, entre outros.

Os problemas que contribuíram para a desconti-nuidade do projeto estiveram relacionados aos CJs, no tocante a sua comunicação, a sua própria inexperiência com as Com-Vidas e à consolidação dos novos grupos surgidos do processo de divulgação e enraizamento do movimento em 2006 e 2007, através das sucessivas formações no interior junto à Secretaria de Estado de Educação (SEDUC) e do seu Programa de Educação Ambiental (PrEÁ). Desta forma, foi difícil manter um diálogo em torno do próprio funcionamento e retorno do projeto nas lo-calidades. Quando não, muitas esco-las desinteressa-ram-se em função da demora em ver os agentes de for-mação na escola, já que o diálogo inicial aconteceu em 2006 – para escrever o proje-to devíamos listar as escolas partici-pantes, o que nos fez, portanto, manter um diálogo inicial com elas, apresentar superficialmente a proposta e observar a reciprocidade – e a primeira formação nas escolas aconteceu em 2008. Estes aspectos desmobilizaram e desgastaram algumas escolas, a relação estabe-lecida entre elas e nós CJ e o nosso tesão em dar seqüência ao projeto – que sempre precisava de ajustes em função da inerente rotatividade e flutu-ação dos membros no movimento.

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Com isso tudo e mais uma gre-ve escolar no início de 2008, somente 14 escolas das Regi-ões de Alto Araguaia, Baixada Cuiabana e Alto Paraguai II par-ticiparam da Formação Local (Figura 3). As formações locais se limitaram há dois meses, de-pois o processo ficou emperrado até a desmobilização total dos CJs, das escolas e a chegada do fim do ano letivo. Infelizmen-te, muitas escolas não deram continuidade ao processo sem o acompanhamento dos facili-tadores, o que impossibilitou o desenvolvimento das Com-Vidas.

Avaliando cada processo de for-mação local, observamos que em alguns casos a aceitação da proposta se deu depois de inten-so contato com a coordenação da escola, mas na maioria dos casos a aceitação foi imediata. Assim, nos parece que mesmo com as dificuldades já apresen-tadas, as escolas tiveram um enorme interesse em discutir o tema, possibilitando o adentrar de trabalhos diferenciados no seu funcionamento. Quanto aos estudantes, em algumas esco-las houve falta de interesse em massa, talvez devido ao pouco tempo de explicação do proje-to ou à dificuldade de entendi-mento ou assimilação (deficiên-cia na leitura) das informações obtidas durante as oficinas. Dessa maneira, o professor foi percebido, tanto por nós como pela escola, como importan-te “referência” à formação da Com-Vida.

Por fim, a nossa avaliação de-seja enfatizar que, se do ponto de vista organizacional e fun-cional não fomos capazes de dar continuidade ao processo, por outro, o processo corroborou com o envolvimento de jovens que pas-saram por processos educacionais

Figura 1

Figura 2

Figura 3

importantes envolvendo a relação “eu – outro – mundo” e, sobretudo, aprendemos com esta experiência, com os nossos erros, as nossas li-mitações e potencialidades.

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A I Conferência Nacional Infanto-Ju-venil pelo Meio Ambiente, realizada pelos Ministérios de Meio Ambiente e da Educação, em 2003, foi a primei-ra vez que jovens de todos os cantos do Brasil tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões e, através de uma construção coletiva, dizer como devemos “Cuidar do Brasil”.

O produto desta união de idéias foi a Carta das Responsabilidades, onde os jovens apontaram, entre outras, a necessidade da criação de “Conse-lhos Jovens e Agendas 21” nas esco-las, como espaços de reflexão e de participação em defesa do meio am-biente. A resposta a essa necessida-de é a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida: Com-Vida.

A Com-Vida é uma nova forma de or-ganização na escola e baseia-se na participação de estudantes, pro-fessores, funcionários, diretores e comunidade na construção de um dia-a-dia participativo, democrá-tico, animado e saudável na esco-la. Ela também promove um maior intercâmbio entre a escola e a co-munidade, é uma oportunidade que os jovens têm de opinar, reunir e priorizar sugestões de como cuidar da escola. Dentre seus objetivos, destaca-se o de construir a Agenda 21 na Escola.

Engajados nessa proposta, nós do Coletivo Jovem de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul – CJ-RS desenvol-vemos, no período de agosto de 2007 a junho de 2008, o projeto Pelos ca-minhos do Com-Viver: Articulações e desdobramentos de Com-VidaS. Este projeto foi uma parceria com o governo federal através de uma chamada do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação, que contou com o apoio da Universidade de Campinas – SP.

PELOS CAMINHOS DO COM-VIVER – ARTICULAÇÕES E DESDOBRAMENTOS DE COM-VIDAS

Sua realização contou com a participação direta de aproximadamente 300 alunos e 20 professores de 20 escolas públicas estaduais e municipais integrantes do Programa “Vamos Cuidar do Brasil com as Esco-las”, oriundas da II Conferência Nacional Infanto–Juvenil pelo Meio Ambiente – II CNIJMA, realizada em abril de 2006.

Nossos principais objetivos foram os de fomentar Com-Vidas já existentes em dez escolas da rede pú-blica, com suas características, propostas e forma-ções, e o de construir em outras dez escolas novas Com-Vidas. Foram selecionadas para esta proposta escolas da região do Vale dos Sinos e Região Metro-politana de Porto Alegre.

Através da lista de escolas que realizaram a II CNI-JMA, presente no sitio do Ministério da Educação, pré-selecionamos algumas escolas com potencial e perfil pertinentes aos nossos objetivos. Nosso pri-meiro contato foi através de uma conversa informal pelo telefone e logo, para as escolas que apresen-taram interesse, realizamos uma visita formal para apresentação e entrega do resumo da proposta.

Com base nos objetivos apresentados, criamos dois núcleos: Um novo Caminho, com a participação de escolas que ainda não possuíam Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, e Caminhante, com escolas que já possuíam Com-Vida. Para cada núcleo propusemos quatro momentos de formação, sendo três distintos, com datas e objetivos diferenciados para cada núcleo, e uma atividade de integração com a participação dos dois núcleos.

Nossa primeira atividade desenvolvida com as esco-las foi um evento em 12 de setembro de 2007 com o núcleo Um novo Caminho. Este evento chamou-se “Construindo nossa Com-Vida”, onde três alunos e um professor de cada uma das dez escolas desse nú-cleo conheceram a proposta de Com-Vidas e Agenda 21 nas escolas. Com o objetivo de construírem uma Com-Vida em suas escolas, participaram da oficina do Futuro, que acabou por expressar para nós, CJ, um pouco das expectativas do núcleo quanto ao projeto em si. Esta etapa teve 8 horas de duração e ocorreu na sede das Faculdades de Taquara.

O núcleo Caminhante, com as dez escolas que já possuíam Com-Vida, teve seu primeiro encontro em

Carolina Willers, Jéssica A. de Melo,

Márcio Felipe Marmitt, Ramon do Amaral e

Sabrina AmaralColetivo Jovem – RS

Rio Grande do Sul

[email protected]

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19 de setembro de 2007, com a re-presentação de três alunos membros da Com-Vida e um professor, também de 8 horas na sede das Faculdades de Taquara. O evento “Com-Vida na esco-la” teve o objetivo de apresentar a proposta do Coletivo Jovem e reali-zar um intercâmbio entre as escolas através da apresentação das ações já desenvolvidas de cada Com-Vida, na perspectiva da Agenda 21 local.

Estes primeiros eventos foram de extrema importância para o desen-volvimento do projeto, pois, a partir deles se construíram dez novas Com-Vidas e se identificaram as ações já desenvolvidas pelas Com-Vidas, fatores indispensáveis para o desenvolvimen-to da próxima etapa do projeto, que chamou-se “Subsídios para a Ação”.

Esta etapa teve como objetivo a for-mação das Com-Vidas para a constru-ção e aplicação de um projeto de In-tervenção de sua realidade. Ocorreu no Sítio de Lazer São Luiz, interior de Novo Hamburgo, com duração de 2 dias, totalizando 16 horas de ativi-dades. Os três alunos e um professor do núcleo Um novo Caminho, em 09 e 10 de novembro, e do núcleo Cami-nhante, em 16 e 17 de novembro de 2007, participaram de cinco oficinas práticas ministradas pelos membros do CJ-RS, além de momentos de re-flexão e integração coletiva.

A oficina de Participação Política trouxe reflexões sobre a importância da Com-Vida na escola e suas múltiplas facetas frente à melhoria da qualida-de de vida neste espaço. A de Edu-cação Ambiental objetivou a imersão dos participantes no ambiente como um todo, além de proporcionar uma rica vivência de percepção em trilha noturna.

A oficina de Educomunicação explo-rou as possibilidades dos meios de comunicação como spot, fanzine e vídeo para a difusão e construção de idéias e propostas da Com-Vida. Para

os momentos onde falta o en-tusiasmo e o grupo se desar-ticula, a oficina de Fortaleci-mento Organizacional entra com propostas de integração e sensibilização coletiva. En-cerrando, a oficina de Empre-endedorismo traz conceitos e possibilidades para a construção do Projeto de Inter-venção da Comis-são, produto final desta formação.

Deste encontro, cada escola saiu com uma propos-ta de multiplica-ção das oficinas e construção do seu projeto de inter-venção da realidade escolar. Para tal, desig-namos um facilitador do Coletivo Jovem que, através de nove visitas ocorridas entre novem-bro de 2007 e maio de 2008, participou da cons-trução e aplicação do projeto proposto. Foram 05 meses e 20 projetos de construção coletiva e protagonismo juvenil que rechearam os en-contros do CJ com muitas descobertas e novos conhecimentos.

Para multipli-car as inúme-ras iniciativas desenvolvidas, organizamos o nosso evento de integração regional, onde cada Com-Vida pôde relatar seu projeto, com suas ações, questionamen-tos e conclu-sões. A este evento chamamos de Fórum Regional de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na escola: Com-Vidas em ação, que ocorreu em 06 de junho de 2008, com duração de 8 horas na Sociedade Recreativa do município de Parobé.

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Com a proximidade da III CNIJMA, procuramos fomentá-la nas escolas participantes do projeto utilizando o seu tema Mudanças Ambientais Glo-bais para o nosso Fórum. A partir de seus sub-temas, Água, Terra, Fogo e Ar, criamos oficinas práticas, classi-ficamos cada projeto apresentado e confeccionamos camisetas de cor específica.

Foram 8 horas, que envolveram 400 jovens e 50 professores e membros da comunidade das 20 escolas parti-cipantes do projeto e de 06 escolas convidadas, perfazendo, assim, nos-sa quarta atividade e encerrando as ações propostas neste projeto, que no seu desenvolver criou produtos,

como o banner produzido por cada Com-Vida a partir de seu projeto de intervenção, os materiais construí-dos a cada etapa do projeto, como CDs de imagens e documentos, DVDs de vídeos e apostila com resumo de cada projeto desenvolvido.

Com o desenvolvimento deste projeto verificamos, a partir de seus momentos de construção coletiva, integração, protagonismo juvenil e mobilização sócio-ambiental, que além de fomentar e criar Com-Vidas, participamos da formação de cidadãos autô-nomos e ativos quanto às causas ambientais que nos cercam. Para confirmar, basta observar a continui-dade de suas trocas e interações a partir da rede Com-Vidas em Ação, com seu grupo de discussão na internet e a realização da III CNIJMA por todas as escolas do projeto, sendo 3 delas selecionadas para a etapa nacional.

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Pessoas de diferentes realidades, históricos e expectativas, alguns re-presentando movimentos sociais ou ambientais, outros vindos das uni-versidades, todos/as com o desejo de exercer seu papel como cidadão politicamente ativo na sociedade. Essa galera respondeu ao chamado e, curiosos, foram verificar como poderiam participar de uma mobili-zação nacional de jovens pelo meio ambiente. Eram as primeiras Con-ferências Nacionais Infanto-Juvenil e Adulta pelo Meio Ambiente, que ocorreram no ano de 2003.

Inicialmente doze jovens, que atua-vam na mobilização da infância e ju-ventude para a participação nas con-ferências, reuniam-se regularmente para se conhecer e determinar uma forma de ação eficiente. Foram mui-tos os encontros, e neste processo novos/as jovens foram envolvidos/as enquanto outros se afastaram, uma situação típica de rotatividade de um movimento de juventude socioam-biental. Nascido como Conselho Jo-vem da Bahia, o Coletivo Jovem (CJ) de meio ambiente de Salvador hoje se chama Grupo Pegada Jovem.

GRUPO PEGADA JOVEM E A CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 NAS ESCOLAS DE SALVADOR

Atualmente o grupo ocupa acento titular no Conselho Estadual de Juventude – Cejuve – e vem contribuindo com a construção das políticas de, com e para a juventude baiana. Além disso, tem-se consolidado o núcleo de Educomunica-ção, que desenvolve estudos e realiza formações em vários momentos e espaços, como na I Con-ferência Estadual Infanto-Juvenil Pelo Meio Am-biente, que ocorreu esse ano (2009).

DESAFIO

Em 2007 aceitamos o convite da Secretaria Mu-nicipal de Educação e Cultura – Smec – para de-senvolver uma atividade de educação ambiental em 28 escolas Municipais de Ensino Fundamental II - 6º ao 9º ano. Construímos, então, o projeto Agenda 21 na escola, através de um convênio firmado entre o GAMBÁ – Grupo Ambientalista da Bahia e a Smec. O objetivo era formar Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vi-das), que envolvessem educandos/as, educado-res/as, funcionários/as, mães, pais e moradores do entorno da escola para planejar e executar ações que transformassem o ambiente escolar.

Ainda em execução, sete monitores/as visitam semanalmente as instituições de ensino e de-senvolvem atividades com quatro horas de du-ração. Árvores dos sonhos, pedras no caminho e construção do plano de ação são as etapas da

Iala Queiroz, Ian Aguzzoli,

Loran Santos e Patrícia Souza

Coletivo Jovem – Grupo Pegada Jovem

Bahia

ContatoIala Queiroz:

[email protected]

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metodologia da oficina de futuro, que visa facilitar a compreensão das dificuldades da escola, identificar os responsáveis pelos problemas e ela-borar ações factíveis para modificar a tal realidade.

O projeto ainda conta com oficinas de educação ambiental para os/as professores/as das respectivas esco-las e oficinas temáticas específicas, a depender da necessidade de cada escola e identificadas pelos/as edu-candos/as, tais como educomunica-ção, rap, grafite, permacultura, en-tre outras. Agora em 2009 o projeto entra em sua terceira etapa, com a previsão de encerramento de suas atividades no final de julho com o 1º Encontro de Com-Vidas da Rede Muni-cipal de Ensino.

AS DIFICULDADES

Por mais que exista um esforço para promover ações nas escolas mape-adas, nós, monitores e monitoras, encontramos muita resistência no momento de dar início à implemen-tação do projeto, devido à falta de sensibilização da escola com relação à importância da Educação Ambien-tal. Principalmente, por parte do pessoal da gestão escolar e da Smec. Haja jogo de cintura, viu?! A configu-ração da Secretaria não permite que os profissionais acompanhem o pro-jeto como deveriam e houve atraso no repasse do recurso, o que causou uma pausa de quase um ano nas ati-vidades e a desorganização nas prá-ticas do protejo, que estava previsto para durar seis meses.

Entendemos, então, que o caminho da transformação e emancipação proposto pelas políticas de Educação Ambiental esbarra nesse contexto e na tradicional metodologia pedagó-gica de ensino, em que o aluno, o ser sem luz, não é provocado para ter uma postura democrática e libertá-ria no que concerne às tomadas de decisões para beneficiar a todos. Por

outro lado, é desolador ver um número de jovens soteropolitanos sem interesse em participar das reuniões e das práticas que as oficinas propõem.

Contudo, quando olhamos essa questão pelo ângulo social, diagnosticamos uma realidade mais comple-xa e angustiante no que tange ao núcleo familiar e ao próprio corpo pedagógico da escola, que muitas vezes não possui a linguagem própria para se comu-nicar com esses jovens, tratando-os como objetos que não possuem subjetividades, podando o modo como eles/as pensam e agem.

REGANDO A ESPERANÇA DE TRANSFORMAÇÃO

Diante disso, a pergunta nos é lançada: há esperan-ça de transformação para os/as nossos/as jovens? A resposta é positiva, principalmente quando obser-vamos o comprometimento de parte considerável dessa galera de construir coletivamente um pensa-mento mais crítico. É fantástico perceber a galera apontar os problemas da escola e juntos construí-rem ações para modificar essa realidade. Reunião com diretora, com representante da Smec, reali-zação de festa, construção de horta, campanha de limpeza, conversa com professores/as são algumas das ações que eles/as planejam e executam para melhorar a relação e a situação dentro das institui-ções de ensino.

Nesse sentido, nós, jovens empenhados/as em ações que promovam o equilíbrio e a sustentabi-lidade da sociedade, vemos no processo de cons-trução da Agenda 21 na escola uma forma local de diminuir os problemas socioambientais, mesmo com as dificuldades que vivenciamos cotidianamente dentro dessas instituições de ensino. Sabemos que não transformaremos tudo, mas as sementes foram plantadas, molhadas, germinaram e já observamos belos frutos. Continuemos a regar...

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Entre muitos dos marcos que pode-ríamos escolher para iniciar nossa breve apresentação sobre a expe-riência do município de Suzano, destacamos a construção da Agen-da 21 pela Secretaria Municipal de Educação, que tem como elemento central a ampliação das práticas pe-dagógicas da rede municipal a par-tir da inclusão da Agenda 21 Escolar como processo contínuo de planeja-mento. A Agenda 21 na Escola é to-mada enquanto instrumento para a construção de escolas sustentáveis, que na concepção do projeto são es-colas que trabalham de forma inte-grada e qualificada seu ambiente e seus processos educativos.

Apostar nessa transformação é acre-ditar que devemos construir e desen-volver propostas de Agenda 21 que dialoguem com a prática pedagógica das escolas, para que, assim, possa-mos agregar e reforçar valores nas atividades propostas cotidianamente e desenvolvidas nos mais diversos ní-veis de ensino, ampliando as opções de ambientes educativos dentro da própria escola e em seu entorno, de forma que possamos utilizar e propor formas alternativas de construir e trocar saberes.

Dialogando com o potencial socioam-biental do município, a rede munici-pal de educação da cidade é formada por 82 unidades escolares com rea-lidades extremamente diferentes. Pelas condições dos diversos bairros, muitas vezes a escola é a referência de articulação social mais impor-tante para a comunidade, figurando como veículo mais representativo no que tange a encontros comunitá-rios, espaço de diálogo e resolução de conflitos sociais, bem como local para realização de atividades de la-zer, saúde e outras discussões perti-nentes aos bairros circunscritos.

SEMEANDO IDÉIAS E COLHENDO TRANSFORMAÇÕES: A AGENDA 21 ESCOLAR DE SUZANO

Entre todas as possibilidades apresentadas pelo cardápio de metodologias de Agenda 21, o Nú-cleo de Educação Ambiental, dimensão integran-te ao setor pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, centrou suas ações de Agenda 21 em atividades que promovessem a qualidade do ensino e a melhoria do ambiente escolar, além de considerar a escola como espaço potencial-mente irradiador de transformações locais a partir do envolvimento direto da comunidade.

Neste mosaico de realidades, no ano de 2007 iniciam-se as atividades de sensibilização frente à construção da rede Agenda 21 Escolar do mu-nicípio. Um evento inaugural, reunindo todos os diretores das escolas, lança o programa e distri-bui cartilhas da Com-Vida, fundamentando e de-finindo o eixo estruturador para o trabalho das escolas: desenvolvimento de ações que busquem promover a discussão da qualidade ambiental e a qualidade de vida das comunidades, por meio de ações integradas ao plano pedagógico de cada escola. A cartilha Com-Vida vem para ilustrar e articular os de-bates que estavam pulverizados nos fazeres da rede até então e para incentivar a auto-organização das escolas no que tange a suas respon-sabilidades enquanto formadora de cidadãos.

Pela amplitude do programa de Agenda 21, o de-senvolvimento de atividades relacionadas a ele é grandioso e pouco excludente, uma vez que os 40 capítulos trazem uma multiplicidade de te-mas, que podem ser facilmente trabalhados pe-las escolas. Dessa forma, o Núcleo de Educação Ambiental figura como facilitador desse proces-so, promovendo espaços de formação dentro do planejamento da rede municipal e assessorando a construção de projetos, que passam a ser re-gistrados e organizados dentro do Projeto Políti-co Pedagógico (PPP) das escolas.

A construção da Agenda 21 em Suzano conta com alguns projetos específicos que estruturaram a proposta de Educação Ambiental ano longo dos últimos anos no município. Assim, faz-se neces-sário apresentar os principais, para que seja

Natália Almeida SouzaAssistente Pedagógica

de Educação Ambiental em SuzanoSão Paulo

ContatoNatália Almeida:

[email protected]

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possível entender a construção do programa de Agenda 21 Escolar em Suzano. Um passo importante para a efetivação da rede de Agenda 21 nas escolas foi a realização do pro-jeto “Chico Mendes”, que ajudou a estruturar a formação e constituição de ações frente aos projetos socio-ambientais nas escolas. O projeto “Chico Mendes”, no ano de 2007, trabalhou intensamente dez escolas da rede, desenvolvendo intervenções no ambiente escolar e nas áreas no entorno das escolas. Para dar conti-nuidade à promoção de atividades, o projeto Reflorar-ti, a partir de 2008, articula as ações ligadas à Educação Ambiental e à Agenda 21 Escolar por meio de intervenções artísticas, lúdi-cas e centradas em atividades cêni-cas nas escolas.

A partir dessas duas propostas foi possível trabalhar e apropriar-se de conceitos de educação ambiental. A alfabetização também foi trabalha-da a partir da dimensão ambiental, com a construção de um aprendiza-do lúdico, e as atividades inclusivas também foram desenvolvidas com a temática ambiental, buscado sem-pre resgatar conhecimentos acumu-lados na vivência de cada criança. Na dimensão externa ao ambiente da escola, os projetos buscaram a revitalização de áreas verdes, rios e córregos próximos às escolas, a criação de jardins e o apoio ao pro-jeto hortas escolares. O Núcleo de Educação Ambiental prestava asses-soria à construção de companhias de teatro nas escolas, no projeto Reflorar-ti, garantindo os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto.

No mesmo ano, o projeto “Chico Mendes e os Mananciais” vem para subsidiar as ações realizadas pelas escolas a partir da escolha de um eixo de trabalho: os mananciais. Essa decisão foi sustentada por um estudo de campo realizado com as escolas, baseado em pesquisa-ação nos terri-

tórios do município, onde foi possível identificar o potencial temático e a responsabilidade do municí-pio enquanto produtor de água para a região.

Durante o ano de 2008, outros projetos teceram a rede da Agenda 21 Escolar e estruturaram o traba-lho das escolas, sendo realizado acompanhamento técnico que contribuiu para a efetivação do progra-ma de educação ambiental a partir de intervenções planejadas em cada escola. O Núcleo de Educação Ambiental dessa forma cria um sistema de acom-panhamento, avaliando a evolução das atividades dentro dos projetos. Uma outra aposta do programa de Agenda 21 nas escolas foi o trabalho com as li-deranças jovens, onde todos os projetos buscaram criar elos a partir da identificação de alunos e alunas que se destacaram, trabalhando com representan-tes discentes e grêmios escolares, fazendo com que estes ganhem o título de agentes ambientais escola-res, participando de capacitações e multiplicando o conhecimento nas escolas, além de desenvolverem canais de diálogo como os conselhos escolares.

A partir desta dinâmica de trabalho, aqui resumida, foi possível gerar uma mudança na rede municipal de educação no que tange à leitura dos problemas ambientais e do meio ambiente das escolas. In-cluindo a dimensão ambiental no fazer educativo de forma estruturada e efetiva, foi possível alterar algumas posturas conservadoras. Muitos são os de-safios que precisam ser superados ao longo desta caminhada, para que a Agenda 21 Escolar se forta-leça como prática e para que a qualidade do ensino tenha a dimensão ambiental como aliada. Entre os principais desafios estão: as alterações na direção e coordenação das escolas anualmente (o que gera uma grande desestruturação na rede de escolas e, assim, o trabalho necessita ser reconstruído, muitas vezes não dando continuidade aos trabalhos ante-riormente desenvolvidos); e os recursos limitados (tanto recursos humanos como de infra-estrutura são problemas recorrentes à prática de Educação Ambiental, que impedem a incorporação de mais escolas ao programa de Agenda 21).

Trabalhar os fundamentos da Educação Ambiental em projetos de Agenda 21 nas escolas não é mais um sonho para o município, mesmo que atualmente es-tejamos colhendo frutos de um modelo de educação que não a priorizou e sequer trabalhou a dimensão ambiental na formação de seus alunos. Ainda são recentes as experiências que trabalham a Agenda 21 de forma sustentada nos processos pedagógicos. Estes processos ainda ficam a cargo da iniciativa de

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diretores, professores e até mesmo pais de alunos. Incorporar ações edu-cativas ambientais em instrumentos formais não significa engessar ou obri-gar a comunidade escolar a trabalhar a Agenda 21 de maneira impositiva, mas sim, reconstruir o fazer educa-tivo, a partir de novos olhares que mostrem alternativas para o conte-údo que é trabalhado pelas escolas. Desenvolver atividades de Agenda 21 não significa apenas incluir projetos lúdicos no planejamento da escola, mas principalmente rever os proces-sos pedagógicos, a partir de um olhar novo sobre os processos de aprendi-zado, criação de habilidades, com-petências e valores, com base no de-senvolvimento de novos espaços de aprendizagem, na criação de novas abordagens e na capacitação formal e informal dos educadores.

São diversos os resultados que mos-tram que apostar em ações partici-pativas orientadas pela incorporação de questões ambientais nos traba-lhos das escolas reflete em formas de aprendizado efetivas, geram um envolvimento mais significativo de alunos, pais e professores, trazem contextualizações atualizadas dos conhecimentos, criam identidade com o território, além de incluir a diversidade sociocultural e consi-derar as múltiplas inteligências das crianças e jovens. A oportunidade de aprender com vivências dentro e fora da sala, sendo agente de ações de Agenda 21 Escolar (o que implica um planejamento participativo das atividades pedagógicas), mesmo com todas as limitações que envolvem seu entendimento e prática, certamente é uma das janelas para que possamos vislumbrar conjuntamente caminhos mais sustentáveis dentro e fora das escolas.

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A crise socioambiental provocada pelo atual modelo econômico tem levado a sociedade a discutir e re-fletir sobre suas ações e relações pe-rante o meio ambiente. Em todos os segmentos, é possível observar que o debate ambiental vem crescendo, culminando na busca por soluções mitigadoras para o enfrentamento dessa crise e para a sobrevivência dos seres humanos.

Sabendo da necessidade de formar atores que ajudem de maneira contí-nua na transformação da sociedade, na formação de sujeitos ecológicos e na construção da cidadania, o Cole-tivo Jovem do Ceará – para atender ao chamado da juventude do estado, que tinha a necessidade de se orga-nizar para o debate socioambiental – lançou, em 2008, o Projeto Tecendo Redes em parceria com a Universida-de Federal do Ceará (UFC).

A idéia inicial do projeto surgiu em meados de 2006 com o objetivo de levar às escolas públicas de ensino fundamental do Ceará uma Educação Ambiental crítica e transformadora através da formação das Com-Vidas (Comissões de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida). Ao todo, vinte esco-las foram contempladas para partici-par do projeto, sendo dezesseis em Fortaleza e quatro em Guaramiranga, cidade situada a 110 km da capital e conhecida por suas belezas naturais.

Para a construção dessas comissões, foi executada uma proposta metodo-lógica inspirada nos ensinamentos do educador Paulo Freire, seguindo os princípios da educação popular, que é libertadora e transformadora, enxer-gando a educação como um processo de construção de saberes. Aliada a essa metodologia, foram utilizadas práticas de educomunicação que são consideradas ferramentas educativas

PROJETO TECENDO REDES: A EXPERIÊNCIA DO COLETIVO JOVEM DO CEARÁ NA FORMAÇÃO DE COM-VIDAS

fundamentais para o desenvolvimento e o fortaleci-mento da educação ambiental, além de proporcio-nar a mobilização de jovens e da comunidade para as ações socioambientais.

A escolha das escolas foi feita de forma que hou-vesse alguma interligação social ou ambiental entre elas, ou seja, que houvesse uma característica comum a todas. Na cidade de Fortaleza foram escolhidas dezesseis escolas situadas ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Maranguapinho, sendo esse o principal fator de interligação. Em Gua-ramiranga a escolha das escolas foi diferente. Como era preciso trabalhar com algumas escolas do interior, a cidade foi escolhida por apresentar o menor índice de participação na II Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (II CNIJMA). Outro motivo que levou à escolha do lugar foi o alto índice de especulação imobiliária da região, que tem levado ao desmatamen-to da região do Maciço de Baturi-té, uma das poucas áreas de Mata Atlântica do estado.

Em Fortaleza, algumas escolas tra-balhadas já possuíam Com-Vidas formadas, outras não possuíam e, em outros casos, as comissões esta-vam desarticuladas pois os alunos ou os professores participantes haviam saído da escola. Em Guarami-ranga, a situação foi bem diferente. Nenhuma das quatro escolas escolhidas tinham Com-Vida organi-zada, apesar de terem participado da II CNIJMA.

O início do processo de formação/fortalecimento das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida nas vinte escolas trabalhadas foi muito difícil para o Coletivo Jovem. Poucas escolas foram recep-tivas em aceitar o projeto, pois não conheciam o movimento de juventude pelo meio ambiente do estado, as Com-Vidas e a metodologia de trabalho. A principal barreira a ser quebrada foi a da gestão escolar. Convencer diretores e coordenadores em aceitar o projeto nas escolas foi uma luta de tod@s os facilitador@s do Tecendo Redes, pois muitos não queriam assumir “mais” uma responsabilidade. As comissões, em sua maioria, foram articuladas por professor@s que se engajaram ou foram designad@s para acompanhar o processo de construção.

Adelle Azevedo Pereira, Fernanda Freire do Vale e Katiane Farias Teixeira

Coletivo Jovem – CECeará

ContatoAdelle: [email protected]: fernanda_freire@yahoo.

com.br Katiane: [email protected]

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O Tecendo Redes foi realizado em cinco etapas: Criação e/ou forta-lecimento das Com-Vidas; Aula de interpretação socioambiental; For-talecimento e Introdução à Agenda 21; Diagnóstico e Agenda 21 e Edu-comunicação. O trabalho para a for-mação das Com-Vidas foi construído ao longo do projeto, sendo adequa-do às realidades das diferentes es-colas. A metodologia sugerida pelo MEC – Ministério da Educação (Árvo-res dos Sonhos, Pedras no Caminho e Oficina de Futuro) foi utilizada, porém algumas modificações foram feitas. Segundo a experiência do CJ em outros momentos de formação de Com-Vidas, essa metodologia é cansativa, não é lúdica e não apro-funda o debate ambiental, fazendo com que muitos jovens não se sensi-bilizem para as questões ambientais ou se engajem em movimentos de controle social.

Um dos pontos mais importantes des-sa formação foi o diagnóstico para a construção da Agenda 21 escolar. Professores, alunos, comunidade, di-retores e coordenadores foram con-vidados a olhar de formar crítica e reflexiva para a escola que possuíam, trabalhando as relações entre esco-la e comunidade, gestão e alunos, infra-estrutura e meio ambiente e construindo ações para melhorar a convivência escolar.

Ao longo das atividades, percebeu-se que a participação dos jovens ocorreu de diferentes formas devi-do ao sistema de escolha dos par-ticipantes. Em algumas escolas, os jovens foram indicados pela gestão escolar, que dava a eles a partici-pação no projeto como um prêmio e não como um trabalho a ser exe-cutado. Um dos fatores que desen-cadeou essa atitude pode ter sido a falta de momentos de sensibilização ambiental para os jovens, como for-ma de estimulá-los a participar da formação das Com-Vidas em suas escolas.

Em outras, porém, ficaram claros a iniciativa e o interesse de participar do processo, pois os jovens reconheciam que o trabalho a ser desenvolvido era importante tanto para a escola quanto para a formação pessoal. Grandes talentos e peque-nos líderes foram revelados, trazendo orgulho e satisfação aos membros do Coletivo Jovem na construção do protagonismo juvenil, mostrando que o objetivo de despertar outros jovens para o debate ambiental foi alcançado. Propiciar aos jovens olhar para a comunidade deles, foi uma forma encontrada pelo CJ de sensibilizá-los para a questão ambiental, estimulando a “pensar glo-bal, agir local”.

A construção das Com-Vidas foi uma grande ex-periência de formação e aprendizado para os jovens do Coletivo, pois à medida que ocorriam as formações para os outros jovens, os próprios facilitadores também eram formados, possibi-litando a construção de uma identidade e do enraizamento do movimento de juventude pelo meio ambiente no estado, além do fortaleci-mento do grupo.

O principal desafio das novas Com-Vidas forma-das é dar continuidade ao processo dentro das escolas, pois a falta de incentivos, a saída dos alunos da escola, a troca de gestores e o pró-prio compromisso da escola contribuem para o enfraquecimento das comissões e a formação da Agenda 21 escolar.

O CJ Ceará acredita que a política das Comis-sões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na escola é um instrumento imprescindível para a ampliação da educação ambiental, principal-mente por abranger um segmento que necessita de constantes formações. Para dar continuidade a essas ações, é necessário criar uma política que fortaleça a idéia das comissões. Talvez a presença da Com-Vida nas escolas poderia ser um dos quesitos do MEC para avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Assim, estimularia a formação de novas comis-sões e a construção da Agenda 21, ampliando o desenvolvimento da educação ambiental.

Projetos como o Tecendo Redes mostram que o debate ambiental deve começar a ser organiza-do dentro das escolas, possibilitando a formação de multiplicadores e incentivando a construção de uma consciência ecológica que possa trans-cender para além do muros da escola.

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A Comissão de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida (Com-Vida) foi uma proposta dos participantes da I Con-ferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente em 2003. Essa Conferência mobilizou jovens, professores e as comunidades, dando-lhes a oportu-nidade de discutir, opinar e debater sobre as questões ambientais e sobre de que forma deve-se cuidar do nos-so país. A Com-Vida é a possibilidade de colocar em prática as propostas debatidas durante o evento (BRASIL, 2004).

A Com-Vida tem um grande objetivo para todo o Brasil: construir a Agenda 21 na Escola. A Agenda 21 é um pro-cesso de planejamento participativo que resulta da análise da situação atual de um país, estado, município, região ou escola, que planeja o futu-ro desejável de forma sustentável.

Considerando a necessidade de rea-lizar um trabalho local, cooperativo e solidário, orientado por princípios ecológicos, firmou-se, no ano de 2006, uma parceria do Coletivo Jo-vem de Meio Ambiente (CJ) Caipira com a Rede de Educação Ambiental – Unesp Sorocaba (REAUSo).

O objetivo principal da parceria é a formação de uma Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida no município de Sorocaba – SP, através da criação e adaptação de metodolo-gias para a formulação e implantação de uma Agenda 21 escolar e de ações articuladas com a comunidade.

O projeto foi realizado na Escola Es-tadual Ida Yolanda Lanzoni de Barros, localizada no bairro Vila Zacarias, Sorocaba – SP. Trata-se de uma esco-la que atende alunos da 1ª série do ensino fundamental até o 3º colegial do ensino médio. A escola localiza-se em uma comunidade na periferia

COM-VIDA NO MUNICÍPIO DE SOROCABA-SP: A EXPERIÊNCIA DA REDE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - UNESP SOROCABA NA EE IDA YOLANDA LANZONI DE BARROS.

de Sorocaba, com pouca infra-estrutura urbana e muitos conflitos socioambientais. Para participar do projeto os alunos deveriam pertencer, majoritaria-mente, à 7ª e 8ª séries.

As ações para o processo de efetivação da Com-Vida em Sorocaba foram divididas em cinco fases: 1) Pri-meira Fase: diagnóstico socioambiental participati-vo na escola e na comunidade, formação e divulga-ção da Com-Vida; 2) Segunda Fase: fortalecimento da Com-Vida e planejamento dos projetos; 3) Terceira Fase: implementação de projetos socioambientais (ex: Coleta Seletiva escolar, Horta, mutirões ver-des, etc.); 4) Quarta Fase: eventos comunitários, planejamento da Agenda 21 escolar; 5) Quinta Fase: capacitação de novos agentes e desligamento dos facilitadores.

Foram realizadas reuniões prévias com a diretoria da escola para a apresentação do projeto, acerto do acordo de cooperação e definição dos procedimen-tos necessários para a realização do projeto. Além disso, uma visita ao projeto “Escola da Família”, já em desenvolvimento na escola, estreitou o contato da REAUSo com a comunidade, permitindo reconhe-cer possíveis parceiros.

A busca por parcerias é fundamental para auxiliar o desenvolvimento do projeto e garantir a continuida-de e sustentabilidade do mesmo. Conseguir o apoio da diretoria é o passo inicial para articular o projeto com as necessidades da escola. Apresentações cla-ras e participativas para diretoria, docentes, alu-nos e comunidade são essenciais para a aceitação e concretização das ações.

A metodologia seguiu orientação do CJ Caipira de São Paulo que forneceu um material digital con-tendo manuais e textos guias para nortear a imple-mentação da Com-Vida. Este conteúdo foi essencial principalmente na etapa inicial do projeto, referen-te aos contatos e articulação com a diretoria, diag-nóstico socioambiental e cronograma de atividades. Adicionalmente, buscaram-se outras referências re-lacionadas à temática que também foram valiosas para a elaboração das atividades.

As atividades programadas constavam num rotei-ro orientador planejado pela equipe da REAUSo e aconteciam uma vez por semana, durante 3 horas,

Priscila Ikematsu e Leandro Gomes

de FreitasRede de Educação Ambiental –

Unesp Sorocaba (REAUSo)São Paulo

ContatoPriscila: [email protected]

Leandro: [email protected]

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fora do período de aulas. Um aspec-to extremamente positivo foi o vasto acervo, estratégias e “know-how” por parte da REAUSo, além da orien-tação do CJ que facilitou a criação de roteiros de atividades ricos em conteúdo e criativos em termos prá-ticos. Apesar da pouca experiência pedagógica dos facilitadores, a cria-tividade e vontade de realizar um trabalho fundamentado sustentaram a motivação dos mesmos.

Em cada uma das atividades abor-dava-se a temática escolhida para o dia e realizavam-se atividades práti-cas que representavam uma vivência sobre o tema. Os temas escolhidos baseavam-se na realidade do públi-co-alvo identificada pelo diagnós-tico inicial, tais como: urbanização e ocupação do espaço; a cultura do consumo e os resíduos sólidos; biodi-versidade; recursos hídricos; diversi-dade étnico-racial; entre outros. As atividades contavam com o suporte de voluntários e parceiros, visando ações mais intensas e focadas.

As campanhas também são eventos

importantes de divulgação das atividades e pos-suem como objetivo maior concretizar os planos e ações da comissão. Ao final de cada etapa do cronograma, esperava-se a realização de uma campanha (p.ex: lançamento da Agenda 21 esco-lar). O evento culminante seria a Conferência de Meio Ambiente na escola, porém, no nosso caso, ainda havia um longo caminho pela frente.

No início do projeto, o envolvimento dos parti-cipantes foi notável e avaliou-se que a metodo-logia estava sendo eficaz, pois o engajamento e sentimento de pertencimento aumentavam no decorrer do tempo. Apesar da rotatividade entre os participantes do projeto, um grupo pequeno, porém constante, começou a se formar, com alunos freqüentes e interessados.

Porém, nem sempre o número de alunos corres-pondia ao esperado, mostrando a necessidade constante de mobilização e estratégias diver-sificadas a fim de agregar mais participantes e tornar a metodologia mais eficiente.

Com o decorrer das aulas, ficou claro que o pro-jeto não estava acontecendo devidamente por motivos diversos, como falta de tempo dos jo-vens fora do horário de aula, a sobrecarga de atividades dos mais engajados, dentre outros fatos que dificultaram o processo. Além disso,

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apenas alguns coletivos de poucas cidades estavam executando a me-todologia, prejudicando a articula-ção e tornando a comunicação falha em certos momentos. Estes fatores foram agravantes ao andamento do projeto, levando os coordenadores a sentirem-se um pouco desorienta-dos e desmotivados.

Dentre as fases para a efetivação da Com-Vida, foram cumpridas a primeira (diagnóstico e formação) e a segun-da (fortalecimento e planejamento). A principal falha está relacionada ao planejamento já que, inicialmen-te, o projeto teria duração de um ano mas, por motivos externos, foi preciso alterar o cronograma pré-estabelecido. Por esse motivo, não foi possível atingir os objetivos, que acabaram se tornando complexos e difíceis.

Um fato que sensibilizou a REAUSo foi o potencial dos alunos da EE Ida Yolanda. Apesar das diversas dificul-dades que envolvem o contexto da escola, os jovens são participativos e interessados. Isto se deve justa-mente à carência e falta de oportu-nidade, mostrando que a educação e iniciativas socioambientais podem gerar resultados impressionantes e muito gratificantes.

Ressalta-se a força e brilhantismo da metodologia da Com-Vida. Trabalhar com adolescentes não é fácil, engajá-los e articulá-los exige novos paradigmas. Esta metodologia trabalha exatamente no foco da questão, criando um sentimento de pertencimento, responsabilidade e motivação para que o jovem se sinta capaz e inspirado a transformar sua realidade. É, portanto, ideal para projetos em educação am-biental de continuidade em escolas.

A Com-Vida da EE Ida Yolanda não foi efetivada, mas um dos objetivos mais nobres do projeto está sendo cumprido, que é de lançar um relatório detalhado de toda a experiência vivida. Este documento traz lições importantes aos educadores ambientais, re-lativas à organização, objetivos, planejamento, di-ficuldades e metodologias. Afinal, aprende-se muito com os erros cometidos. O relato de toda a experi-ência adquirida já será utilizado como base para a retomada do projeto no município pela nova gera-ção da REAUSo. Contribuir para a multiplicação do conhecimento e das ações socioambientais com o público jovem é o que torna um projeto como este tão necessário e especial.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério da Educação. Formando Comissão do Meio

Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo Agen-

da 21 na Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de Educação

Ambiental, 2004. Disponível em: <http://cgsi.mec.gov.br:8080/

conferenciainfanto/Com_Vida.pdf>.

TODOS JUNTOS SOMOS FORTES!

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Introdução

O presente artigo tem por finalidade fazer um relato de experiência sobre a Agenda 21 Escolar na Escola Básica Municipal Antônio Ramos (Agenda 21 EBAR), localizada no bairro Cordei-ros no Município de Itajaí, estado de Santa Catarina. O município de Ita-jaí, localizado no litoral centro-norte catarinense, sofre com uma expan-são e crescimento muito acelerados, o que provoca vários problemas so-cioambientais. Teve seu crescimento impulsionado pelo Porto Municipal que gerou grande visibilidade e trou-xe um grande número de migrantes com a expectativa de emprego nesta cidade. Hoje o município possui uma população maior que 160.000 habi-tantes, com uma grande zona urbana e rural, constituindo uma cidade bas-tante diversificada do ponto de vis-ta: econômico, étnico e cultural. É neste cenário que está inserida e foi criada a primeira Agenda 21 escolar do município de Itajaí-SC, na Escola Básica Antônio Ramos. Para facilitar a compreensão dos leitores, faremos um breve histórico do processo de construção e suas principais dificul-dades e conquistas.

Agenda 21 EBAR: um breve histó-rico

Buscando atender às prioridades apontadas na Agenda 21 Global, es-pecialmente o seu capítulo 28, que indica a necessidade da elaboração de Agendas 21 Locais, de manei-ra a identificar problemas e ações prioritárias locais a partir dos Ato-res Locais, o município de Itajaí iniciou o processo de construção de sua Agenda 21 Local em meados de 2001, ganhando consistência a partir da elaboração e aprovação perante o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA/MMA) do Programa Participa-

AGENDA 21 ESCOLAR: A EXPERIÊNCIA DE ITAJAÍ (SC)

tivo de Construção da Agenda 21 Local de Itajaí, que estabelece as ações do Fórum Permanente da Agenda 21 Local de Itajaí. Dentre as ações previstas, destaca-se a estruturação de Agendas 21 nas escolas do município.

Naquele momento, ainda não havia uma defi-nição clara da metodologia proposta para a es-truturação destas Agendas 21 Escolares. Porém, a partir do Programa Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas, desenvolvido numa parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Edu-cação, uma importante proposta de formação de Com-Vidas (Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola) e construção de Agendas 21 Es-colares, surgida da Conferência Nacio-nal Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente e orientada pela Carta Jovens Cuidando do Brasil - Deliberações da Conferência Infanto-Juvenil (MEC, 2004), traçam-se diretrizes para as ações em Itajaí.

A Comissão de Meio Ambiente e Qualida-de de Vida na Escola – Com-Vida visa ga-rantir espaços para a juventude, tendo como objetivo criar “uma nova forma de organização na escola e se baseia na participação de estudantes, professores, funcionários, diretores e comunidade. O principal papel da Com-Vida é contribuir para o dia-a-dia participativo e demo-crático, promovendo o intercâmbio entre escola e comunidade” (MMA e MEC, 2004: 09).

Dentre as experiências-piloto a Escola Básica An-tonio Ramos assume uma condição de destaque, por estar desencadeando o processo a partir do uso dessa metodologia.

O contexto da Escola Básica Antônio Ramos

Pode-se considerar o marco zero dessa proposta a aproximação de um destes autores enquanto

Caio Floriano dos Santos e

Fabio Alexandre da Silva Toniazzo

Agenda 21 Local de ItajaíSanta Catarina

ContatoCaio: [email protected]: [email protected]

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estagiário do Laboratório de Educa-ção Ambiental - LEA/UNIVALI e pro-fessor da Escola Básica Antônio Ra-mos à Agenda 21 Local do Município de Itajaí. A partir deste momento, a escola constituiu-se num espaço experimental para o uso e avaliação da Metodologia Com-Vida, proposta pelo MEC/MMA (2004).

A partir de uma proposta metodoló-gica da Com-Vida no ensino da disci-plina de geografia, foi iniciado o pro-cesso de construção da Agenda 21 na Escola Básica Antônio Ramos (Agenda 21 EBAR). Como elemento desenca-deador deste processo, a Agenda 21 EBAR organizou, no ano de 2005, a II Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente na escola, utilizando para isso a metodologia “Jovem Edu-ca Jovem” proposta pelo MEC/MMA (2004). Após todas as etapas estabe-lecidas e previstas, a Unidade esco-lar escolheu como projeto (sonho) a construção de um Parque Ecológico no Bairro de Cordeiros. Desde então, o grupo agregou parceiros para a es-truturação da Agenda 21 EBAR, em busca deste “utópico sonho”. Com objetivo de se concretizar o proje-to escolhido, algumas ações forma realizadas. A primeira objetivou pro-mover uma maior interação entre escola e comunidade, para isso foi criado o Jornal que foi denominado de EBARZINE. O Jornal é elaborado por jovens que constroem pauta e redigem os conteúdos das matérias, de forma “amadora”, utilizando para isso a técnica fanzine. Após a elabo-ração e fotocópia do Jornal, os alu-nos ficam responsáveis pela distribui-ção do mesmo.

Realizaram-se reuniões com a comu-nidade que contaram com a partici-pação de representantes de diversos segmentos da sociedade, entre eles: Associação de Pais e Professores da escola (APP), conselho escolar, As-sociação de Surf das praias de Itajaí (ASPI), Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Organização da Sociedade

Civil Voluntários pela Verdade Ambiental, Câmara Municipal de Vereadores de Itajaí, Fundação do Meio Ambiente de Itajaí (FAMAI), lideranças do bair-ro, pais, Associação de moradores, Secretária Muni-cipal da Educação e outros parceiros.

Após algumas reuniões com estes parceiros, a co-munidade escolar e os alunos integrantes da Agenda 21 EBAR procuraram participar de alguns espaços e estruturas formais e decisórias de participação popular, com objetivo de buscar a concretização do sonho de se estruturar o Parque Ecológico de Cordeiros.

O primeiro passo foi apresentar a idéia da criação do Parque Ecológico de Cordeiros para o Núcleo Gestor que estava responsável pela elaboração do Plano Diretor da Cidade de Itajaí, conforme previs-to pelo Estatuto das Cidades (2001), participando de uma reunião no ano de 2005 e duas no ano de 2006, conseguindo o apoio deste núcleo.

Após esta pri-meira articula-ção através do Núcleo Gestor do Plano Diretor Municipal, foram organizadas três reuniões com o Prefeito Munici-pal, Secretária de Educação e Superintendente da FAMAI. A primeira é a mais importante por diversos motivos, tendo sido realizada na Unidade Escolar e com grande presença dos moradores do bairro Cor-deiros. Após a apresentação da proposta de criação do Parque Ecológico pelo grupo de alunos da Agenda 21 EBAR, foi entregue um termo de compromisso de Criação do Parque Ecológico que foi assinado pelo Prefeito.

Através de uma articulação da comunidade com um Vereador do município, residente no bairro Cordei-ros, foi marcada uma apresentação sobre o projeto durante uma sessão da Câmara de Vereadores de Itajaí e posteriormente foi agendada e realizada uma Audiência Pública para discussão do projeto com a sociedade Itajaiense. Cabe salientar que es-tas duas apresentações foram elaboradas e realiza-das por alunos da Agenda 21 EBAR.

Após todos estes esforços durante o ano de 2007, criou-se a Unidade de Conservação Municipal, atra-vés do decreto nº. 8.297 de 25 de julho de 2007 que

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torna a área pública, com área total de 10.196..4868 m², uma Unidade de Conservação de proteção integral para a implantação do Parque Natu-ral Municipal de Cordeiros.

Atualmente o grupo luta e resiste bravamente pela permanência do Parque neste local e pela formaliza-ção, implantação e funcionalidade da Unidade de Conservação junto à comunidade. Apesar de algumas pe-dras no caminho, o grupo permanece focado neste objetivo. A fim de se fortalecer e multiplicar este proces-so, a Agenda 21 EBAR tem realizado formações e encontros com outras escolas do bairro com o objetivo de construir novos processos a partir da experiência da Agenda 21 EBAR.

A mobilização, engajamento e prota-gonismo dos alunos foram fundamen-tais para o sucesso deste processo. Aos futuros movimentos de constru-ção de Agendas 21 escolares, o que se sugere humildemente é acreditar que as “utopias” são possíveis e que os aparentemente desinteressados jovens, podem se tornar dissemi-nadores de práticas democráticas e participativas, assumindo um novo papel no contexto escolar, cultural, político e social na comunidade. Este tem que ser o desafio do processo, promover a participação da juventu-de nas estruturas de participação da sociedade. Isso significa romper com a atual estrutura de poder da esco-la, a falta de participação, a concen-tração do poder e a carência da de-mocracia participativa. Isso implica fazer a escola assumir seu papel de protagonismo social na comunidade, sendo tratada como uma escola polí-tica, autônoma e com responsabilida-des sociais para com a comunidade.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério da Educação. Formando

Comissão do Meio Ambiente e Qualidade de

Vida na Escola: construindo Agenda 21 na

Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de

Educação Ambiental, 2004.

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A participação da juventude na toma-da de decisões sobre meio ambiente e desenvolvimento, e na implemen-tação de programas está previsto na Agenda 21 Global (Capítulo 25, seção III) e, portanto devem ser instituídos processos, diálogos, mecanismos e espaços sociais que garantam estas participações. A base de ações é o sistema de tomada de decisões, vi-gentes em muitos países e no Brasil que tendem a conciliar os fatores econômicos, sociais e ambientais nos planos políticos, de planejamento e de manejo.

Entendendo que uma das formas de Conservação da Diversidade Ecoló-gica é através da criação e efetiva-ção das Unidades de Conservação, o Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente – CJ Arenito Caiuá PR vem atuando com ações de gestão compartilhada na Estação Ecológica do Caiuá e no Parque Estadual de Amaporã. Nessa gestão compartilhada, uma das for-mas de participação nas decisões é o palco de negociações garantido em lei denominado Conselho Gestor.

A participação é um processo social que gera a interação entre diferentes atores sociais na definição do espaço comum e do destino coletivo. Em tais interações, como em quaisquer rela-ções humanas, ocorrem relações de poder que incidem e se manifestam em níveis distintos em funções de in-teresses, valores e percepções do(s) envolvido(s).

A noção de conselho gestor, prevista pela Constituição Federal de 1988, procura torná-lo um espaço público jurídico – institucional por excelên-cia – de intervenção social planeja-da na formulação e implantação de políticas públicas. Nesses espaços formais, todas as demandas são le-gítimas por princípio, prevendo-se

AGENDA 21 E A PARTICIPAÇÃO DE JOVENS NAS TOMADAS DE DECISÃO

canais de confronto e interpelamento democráti-co entre os diferentes projetos sociais, de modo a se construir alternativas viáveis e o mais inclusivas possível.

O fato de os conselhos serem uma forma de parti-cipação e de democracia mais direta, reconhecida pela Constituição Federal, representa uma inequí-voca vitória dos movimentos sociais e forças popula-res. A existência de desvios de propósito, de conse-lhos burocráticos e manipulados por determinados grupos ou esvaziados, não invalida a conquista, e sim manifesta o modo como o Estado Brasileiro foi formado e como o exercício da cidadania foi negado ao longo da história. É igualmente evidente que te-mos de reconhecer a importância de outras formas de expressão coletiva (fóruns, Agenda 21, etc.) e compreender como os conselhos se inserem nesse quadro de organização social, dando a eles impor-tância na medida correta.

Dependendo do modo como é instituído e regula-mentado, da composição definida, da dinâmica de funcionamento, do poder de decisão e de ingerên-cia no governo, o conselho pode ser mais ou menos re-presentativo do ide-ário participativo e emancipatório.

A Estação Ecológi-ca do Caiuá é uma Unidade de Conser-vação Estadual de Proteção Integral que abriga uma das últimas amostras preservadas de Floresta Estacional Semidecidual do Noroeste do Paraná, possuindo um conselho com-posto por 28 instituições.

Na realização do projeto “Capacitação em Gestão Participativa de Unidades de Conservação nos esta-dos do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul”, através do Mater Natura Ins-tituto de Estudos Ambientais e do Projeto Demons-trativo Anual - PDA Mata Atlântica/MMA em parce-ria com IBAMA, Rede ProUC, ReaSul, IAP (DIBAP) e CNRPPN, no qual os Jovens foram chamados a parti-

Denise Cristina Freires da Silva e Kellyton Cristian

de AlmeidaColetivo Jovem Arenito/PR

Paraná

ContatoColetivo Jovem Arenito Caiuá - PR:

[email protected]://cjarenitocaiuapr.

blogspot.com/

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cipar, organizaram-se vias de gestão participativa.

Conhecendo os princípios da Gestão Participativa (GP) sobre a participa-ção efetiva dos atores presentes no palco de negociações, a tomada de decisões e a mediação de conflitos e do envolvimento de atores ainda não presentes no conselho, o CJ Are-nito Caiuá PR, juntamente com uma equipe técnica (os arenitos), ela-borou um plano de trabalho que foi efetivado através de reuniões e duas capacitações de introdução à educa-ção ambiental no processo de ges-tão participativa do Conselho Gestor Consultivo da ESEC Caiuá.

O CJ Arenito Caiuá PR passou a fa-zer parte do conselho (com direito a voto) e estabeleceu um processo ampliado de discussão sobre o tra-balho desenvolvido com o projeto, organizando um esforço coordenado e integrado da biossociodiversidade (diálogo entre saberes). Assim, o pro-jeto passou a ser reconhecido como uma proposta de educação ambien-tal diferenciada, cuja singularidade está em tornar o espaço de gestão ambiental um lugar de ensino/apren-

dizagem, propiciando condições à participação individual e coletiva nos processos decisórios so-bre o acesso e uso dos recursos ambientais no país.

No Parque Estadual de Amaporã (PEA), que du-rante décadas sofreu constantes movimentos de ocupação com conflitos socioambientais, porque se procurava atender, de um lado, aos interes-ses particulares da expansão agrícola e, de ou-tro, ao abastecimento de água para a cidade de Amaporã, o CJ Arenito Caiuá PR estabeleceu di-álogo com o órgão gestor para iniciar a formação do conselho.

O PEA é bastante singular, sendo conhecido vulgarmente como uma floresta urbana, e pos-sui beleza cênica e natural (Floresta Primitiva, quedas d’água, riachos, fauna e flora da mata atlântica e outros atrativos). É importante área de lazer e prática de camping. O PEA estende-se atualmente por uma região de um mosaico de Unidades de Conservação e fragmentos flores-tais, sendo de extrema importância para a efeti-vação de corredores ecológicos.

Os integrantes do grupo “Ipê Roxo” (do qual o CJ Arenito Caiuá PR faz parte e cujo nome foi escolhido devido à presença de uma árvore cen-tenária de ipê roxo - Tabebuia heptaphylla - no Parque) participaram das capacitações territo-riais pelo projeto do Mater Natura/PDA, onde

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também construíram seu plano de trabalho para aplicação no enrique-cimento prático. O desenvolvimento do plano de ação resultou em ativida-des como a Roda de Conversa Educa-ção Ambiental e Gestão Participativa Grupo Ipê Roxo PEA e as Oficinas I, II e III de Formação e Capacitação do Conselho Gestor Consultivo do PEA.

Ressaltamos que esta construção, a partir da metodologia de planeja-mento participativo e metodologias do CJ, é um primeiro produto para fomentar a reflexão e a ação institu-cional. Este produto deve ser apro-priado e aprimorado permanente-mente por todos os envolvidos, o que acarreta ainda um longo trabalho até a formalização do conselho, po-rém necessário já que o que se busca é um conselho efetivo que também terá uma cadeira para a juventude do noroeste.

Observamos nesse ensino/aprendi-zagem, que compete ao Estado criar condições para transformar o espaço “técnico” da “gestão ambiental” em espaço público. E dessa forma, evi-tar que os consensos sejam constru-ídos apenas entre atores sociais com grande visibilidade e influência na sociedade (os de sempre) à margem de outros, em muitos casos os mais impactados negativamente pelo ato do Poder Público. Apesar de conhe-cerem profundamente os ecossiste-mas em que vivem, via de regra, por não possuírem as capacidades neces-sárias nos campos cognitivo e orga-nizativo para intervirem no processo de gestão ambiental, as populações locais não conseguem fazer valer seus direitos. Em outras palavras, publicizar efetivamente as práticas da Administração Pública, trazendo para o processo decisório todos os atores sociais nele implicados, como determina a Constituição Federal, e não apenas fazer a sua publicida-de. Portanto, trata-se de garantir o controle social da gestão ambiental, incorporando a participação de am-

plos setores da sociedade nos processos decisórios sobre a destinação dos recursos ambientais e, as-sim, torná-los, além de transparentes, de melhor qualidade.

O compromisso e a participação genuína de todos os grupos sociais terão uma importância decisiva na implementação eficaz dos objetivos, das políticas, dos mecanismos ajustados pelos governos em todas as áreas de programas da Agenda 21. Na questão, cada espaço que garanta a conservação, preserva-ção ambiental e melhoria da qualidade de vida deve proporcionar consulta às comunidades jovens, num processo que promova o diálogo em todos os níveis e estabeleça mecanismos que permitam o acesso da juventude à tomada de decisões, como em nosso caso, aos conselhos gestores das unidades de con-servação citadas.

Referências Bibliográficas:

IAP, Instituto Ambiental do Paraná. Planos de Manejo da Estação

Ecológica do Caiuá e Parque Estadual de Amaporã.

LOUREIRO, C. F. B; Azaziel, M. Franca, N. Educação ambiental

e conselho em Unidades de Conservação: aspectos teóricos e

metodológicos. Rio de Janeiro: IBASE, 2007.

LOUREIRO, C. F. B. et al. Educação Ambiental e Gestão Parti-

cipativa em Unidades de Conservação. 3 ed. Brasília: Edições

IBAMA, 2008.

MARTINIC, S. Saber popular e identidad. In: Gadotti, M. & Torres,

C.A. (Orgs). Educação Popular: Utopia Latino-Americana. São

Paulo: Cortez / Editora Universidade de São Paulo, 1994.

PANIZZI, A.E.A. Agenda 21 Brasileira: uma abordagem prática.

Curitiba: CD-ROM, 2000.

QUINTAS, J.S. Educação ambiental e sustentabilidade. Brasília:

IBAMA, 2003.

_________________ Introdução a Gestão Ambiental Pública.

Brasília:Edições IBAMA, 2002a.

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Esse relato de experiência é uma síntese das ações e projetos desen-volvidos por um grupo de jovens do município de Cananéia, organizados através do Coletivo Jovem Caiçara pelo Meio Ambiente em parceria com outros grupos e organizações locais.

Cananéia está localizado no litoral sul do Estado de São Paulo, a apenas 272 km da capital e a 250 km de Curi-tiba. A área do município é de 1.242 km2, sendo composto de parte conti-nental e insular, com uma população de 12.039 habitantes (IBGE, 2007). Localizada no Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia-Para-naguá - mais conhecido como Laga-mar - é umas das áreas úmidas mais importantes do Planeta, tanto pela biodiversidade, quanto pela produti-vidade. Por esta importância ecológi-ca, o Lagamar foi declarado Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (1991) e Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO (1999).

O Lagamar é o escoadouro de um im-portante rio desta bacia hidrográfica, o Rio Ribeira de Iguape. A maior par-te desta região lagunar está dentro da Área de Proteção Ambiental - APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe e pra-ticamente todo o território do mu-nicípio de Cananéia está dentro de Unidades de Conservação – UCs. São nove unidades no total, entre áreas de proteção integral (Parques Esta-duais e Estação Ecológica) e de uso sustentável (Reservas Extrativistas, APA e Reserva de Desenvolvimento Sustentável).

No âmbito cultural, Cananéia se des-taca pela sua história e economia como uma zona tipicamente caiçara, dos povos do mar e da terra, além de abrigar aldeias de índios guara-nis e comunidades quilombolas. Se levarmos em conta o paradigma de

SABERES E FAZERES CAIÇARAS: TECENDO UMA REDE DE JOVENS NO MUNICÍPIO DE CANANÉIA, VALE DO RIBEIRA, SÃO PAULO, BRASIL.

sustentabilidade, esta elevada diversidade bio-lógica e cultural a caracteriza como uma região de extrema riqueza.

Entretanto, dentro do paradigma atual de de-senvolvimento, ela apresenta os mais baixos indicadores sociais dos Estados de São Paulo e Paraná, destacando o analfabetismo, a morta-lidade infantil e o desemprego, o que contribui para um Índice de Desenvolvimento Humano - IDH relativamente baixo: 0,775 (PNUD 2000).

Até 2005, diversas ações socioambientais e culturais eram desenvolvidas no município por voluntários e organizações locais, mas muitas atividades apresentavam um caráter pontual e, em alguns casos, apenas simbólico, que poucas vezes atingiam seus objetivos principalmente devido a não continuidade dos trabalhos após tais atividades, sejam elas dentro ou fora da es-cola. Diante disso, estudantes, pesquisadores, monitores ambientais, polícia militar ambien-tal, professores de escolas estaduais e munici-pais, entre outros, que atuavam nessas ações, começaram a se reunir para discutir o que cada um entendia, pensava e fazia em relação a esse problema cada vez mais evidente e também re-fletir sobre o processo educativo que estava sen-do utilizado, já que todos diziam que estavam “fazendo educação ambiental”, mas na prática não era isso que observávamos.

Destes encontros nasceu o Grupo de Estudos em

Cleber Rocha ChiquinhoColetivo Jovem Caiçara

São Paulo

ContatoCleber Rocha:

[email protected]

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Educação Ambiental e Cidadania e a vontade de promover uma outra educação, uma educação pautada no processo educativo libertador do indivíduo, como já defendia Paulo Freire. Em 2006, esse grupo iniciou um processo que trouxe a tona essa proposta diferenciada de educação, o projeto “Formação de Educado-res Socioambientais no Município de Cananéia” referente ao Programa Educação de Chico Mendes, do Mi-nistério da Educação - MEC. Neste projeto formaram-se 35 educadores socioambientais, entre alunos do en-sino fundamental e médio, profes-sores e comunidade do entorno das escolas municipais e estaduais de Ca-nanéia, que hoje estão capacitados a elaborar a Agenda 21 nas escolas em colaboração com as Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida – Com-Vidas.

Este processo contribuiu também para a capacitação e fortalecimen-to dessas Com-Vidas, destacando-se nesse sentido o importante papel que os alunos e alguns professores desempenharam na mobilização da escola realizando as “Conferências Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente na Escola”. Outro importante fruto desse projeto foi a formação do “Co-letivo Jovem Caiçara pelo Meio Am-biente”, que nasce da vontade de jo-vens se articularem para a promoção de ações efetivas que estimulem a participação da juventude nos diver-sos espaços onde eles possam ouvir e ser ouvidos.

Durante esse mesmo ano, alguns pro-jetos foram aprovados e com eles a possibilidade concreta de trabalho e articulação em rede. Conseguimos criar a “Sala Verde Cananéia”, pro-jeto apoiado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA cujo proponente foi uma organização sem fins lucrativos (Associação Rede Cananéia) e tam-bém implantar o “Ponto de Cultura ‘Caiçaras’”, projeto apoiado pelo Mi-nistério da Cultura – MinC e que tem

como proponente uma outra organização sem fins lucrativos (Instituto de Pesquisas Cananéia – IpeC). Estas estruturas educadoras viabilizaram a partici-pação direta dos atores locais, a gestão compar-tilhada e o reconhecimento de responsabilidades, principalmente para o Coletivo Jovem Caiçara, que faz a gestão da Sala Verde e utiliza as dependências deste e do Ponto de Cultura para planejar, executar e avaliar suas ações.

Visando fortalecer e ampliar as ações regionais, no final de 2006 tivemos um projeto aprovado junto ao Ministério de Meio Ambiente - MMA para a formação do “Coletivo Educador do Lagamar”. A idéia central do projeto, que inclui indivíduos e entidades dos municípios de Cananéia, Iguape, Pariquera-Açú e Ilha Comprida, é articular uma rede regional socio-ambiental que seja capaz de mapear, diagnosticar e criar um plano de ação para o baixo Vale do Ribeira, além do fortalecimento das ações socioambientais, educacionais e culturais nos municípios parceiros.

Todos esses grupos, organizações e estruturas educa-doras, contribuíram para a ampliação das iniciativas de uma forma mais integrada, contínua, permanen-te e agora com a juventude cada vez mais presente em todo o processo. Destaca-se nesse sentido ações como: Semana do Meio Ambiente, Semana Municipal pela Conservação dos Manguezais, Manguezal Ativo, Campanha em Defesa do Rio Ribeira e Contra a Bar-ragem de Tijuco-Alto, Mutirões de Limpeza, Dia Mun-dial de Limpeza de Rios e Praias, Saraus Culturais,

“Todo o grupo tem um desafio a cumprir e nós da Escola Estadual Profa.

Yolanda Araújo Silva Paiva (YASP) montamos um grupo, a COM-VIDA, que

tem como maior desafio encontrar mais interessados em pensar e agir

para melhorar nossa escola.

Conseguimos, através da ajuda da comunidade escolar e do município de

Cananéia, restaurar a horta escolar e construir um viveiro de mudas. Além

disso, organizamos Conferências, como a da Água e a do Meio Ambiente.

Infelizmente, depois de algum tempo atos como vandalismo e descuido

de alguns alunos da escola provocaram a destruição do viveiro de mudas

e de algumas coisas na horta. Fomos obrigados a desmanchar o viveiro e

guardar os materiais para reutilizarmos posteriormente.

Agora, como proposta para esse ano, planejamos restaurar o que foi

danificado, realizar novas Conferências e difundir mais as práticas

dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), pouco praticadas em nossa

comunidade”.

Cauê W. C. Mendes e Hiago R. A. T. Takaki, alunos da 8ª série e membros

da COM-VIDA - YASP

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a produção de vídeos educativos e a intervenção em eventos para sensi-bilizar a população sobre questões socioambientais, entre outros. Além disso, ressalta-se a participação em encontros e conferências municipais, regionais, estaduais e nacionais, entre elas, de Meio Ambiente, de Defesa da Criança e do Adolescente e da Saúde, nas quais tivemos jovens de Cananéia participando em todas as etapas.

Muitas ações foram acontecendo como desdobramentos de outras atividades, como a elaboração da Agenda 21 Local, que contou com a participação de educadores forma-dos pelo projeto “Educação de Chico Mendes”, realizado em 2006. Estes educadores, além de continuarem participando de um processo de for-mação, facilitaram os trabalhos nas comunidades durantes os encontros, conferências e fóruns organizados para tratar da Agenda 21.

Todo esse contexto de projetos e ações em rede proporcionou ao Cole-tivo Jovem a oportunidade de expres-sar todo seu potencial em algumas iniciativas que merecem destaque, pois evidenciam como é possível que a juventude siga um caminho que poucas vezes é mostrado pela gran-de mídia, um caminho que valoriza o ser humano, que respeita toda e qualquer forma de vida, que é diver-tido e saudável, enfim, um caminho sustentável em diversos sentidos.

Uma experiência significativa foi a produção do livro “Saberes Caiçaras: a cultura caiçara na his-tória de Cananéia” e do vídeo-documentário “Sa-beres Caiçaras: a reinvenção da cultura caiçara no município de Cananéia”, ambos com apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. A vivência que estes jovens tiveram durante os projetos deflagrou um sentimento de pertenci-mento e de encontro com sua identidade que motivou este grupo a promover inúmeras outras ações para valorizar o lugar onde moram, lutar pelos direitos dos povos e comunidades tradicio-nais, defender o patrimônio natural e cultural da região, garantir a participação de mais jo-vens em espaços de decisão, entre muitas outras que rolaram ou ainda irão rolar.

Por fim, acreditamos que todo esse processo está em constante construção, muitas vezes parece que não vai para frente, que querem derrubar aquilo que levantamos ou que estamos “andan-do para trás”, mas na verdade estamos apenas voltando, dando um passo atrás para apanhar material (experiência) e dar continuidade a essa construção da vida...

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Na vivência de construção de Comis-sões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola (Com-Vidas), que vêm levantar a importância da educação ambiental no ambiente escolar, pode-mos verificar a pertinência de se re-forçar este trabalho com todos os ato-res deste processo e, em específico, avaliar o papel da gestão da escola na efetivação desta prática educativa.

Desta forma, vale resgatar as trans-formações na prática administrativa escolar pelas quais passou a educa-ção a partir da década de 80. O Bra-sil viveu um importante processo de afirmação da democracia e de gran-des lutas pela mudança na política e conseqüentemente da sociedade. Por entender a escola tanto como instituição social que deve buscar a socialização do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas so-cialmente, quanto como espaço de formação do cidadão crítico, partici-pativo, consciente de seus deveres e obrigações, diversos profissionais da educação organizados, aliados à con-testação dos alunos, entram na luta contra a realidade de autoritarismo e burocratização. Nasce, assim, em 1988 o princípio da gestão democrá-tica do ensino, resultado da pressão destes atores pela assimilação deste princípio ao texto da Constituição Federal Brasileira.

Algumas pré-condições demonstram a prática da gestão democrática na escola, entre elas a transparên-cia das informações, coerência da gestão com o processo democrático mais amplo da sociedade, controle e fiscalização da efetivação das ações, abertura para debates e votação para decisões coletivas e normas de ges-tão regulamentadas pela maioria.

A gestão democrática em educação está intimamente articulada ao com-

ENTRELAÇOS DA GESTÃO ESCOLAR E COM-VIDA

promisso sociopolítico com os interesses reais e co-letivos, de classe, dos trabalhadores, extrapolando as batalhas internas da educação institucionalizada. Em uma sociedade rasgada por contradições e com divisões de classes, fica difícil assimilar e pensar em “bem comum” e, desta forma, pôr em prática a gestão democrática é entendido até mesmo como utopia para alguns profissionais. Porém, é preciso entender que esta não pode ser vista simplesmente como uma ferramenta ou técnica de gestão, deve-se levar em consideração o contexto político, eco-nômico e social que influencia o cotidiano escolar. Assim, é necessário promover a auto-organização dos envolvidos no processo educacional, buscando e criando espaços públicos para discutir os interesses e implementar ações.

Para tanto, será exigida a participação de toda a comunidade escolar neste processo, com distribuição das responsabilidades, que terá como resultado a democratização das re-lações que se desenvolvem na escola além de fortalecer vínculos dos membros com a instituição e com o trabalho proposto, sen-do necessário ampliar o sistema de infor-mações. A comunicação surge como ferra-menta para as práticas democráticas, pois ninguém pode participar conscientemente se não for bem informado sobre o assunto em questão.

O gestor escolar passa do papel meramen-te burocrático para o de liderança política, cultural e pedagógica dentro da escola, sem abrir mão da competência técnica, o que exige do mesmo uma releitura de suas atividades e atitudes, incen-tivando-o a buscar melhoria e avanço nos estudos relacionados à gestão, à política, às relações pes-soais, às influências dos grupos no meio interno e externo da instituição e quais suas expectativas em relação aos trabalhos desta. Estes estudos, sendo bem assimilados e aproveitados, servirão como es-pelho para a comunidade escolar. Fecha-se então o ciclo das relações democráticas na escola, onde todos possuem um papel importante para a constru-ção da gestão democrática.

Tudo isto ganha maior importância se considerarmos que a escola tem uma contribuição indispensável, embora com limitações, para a afirmação da história

Ana Carla Tavares FrancoColetivo Jovem – PA

Pará

ContatoAna Carla Franco:

[email protected]@gmail.com

Coletivo Jovem Pará:

[email protected]://coletivojovempara.

blogspot.com/

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das classes populares. Romper com as barreiras do autoritarismo e im-plementar a democratização revela-se então como grande desafio para a mudança da sociedade, da cultura das relações, além de favorecer a amplia-ção da compreensão de mundo, de si mesmo, marcando sua presença de forma responsável e consciente, no exercício concreto da cidadania.

Avaliando o papel da gestão demo-crática, fica bastante clara a impor-tância da Com-Vida na escola, pois a mesma, em sua construção na Oficina de Futuro e, por conseguinte, na prá-tica, vem trabalhar a participação, coletividade, educomunicação e pla-nejamento. A comissão será o pleno exercício das práticas democráticas à luz da educação ambiental, que se configura como uma educação amo-rosa, educação do cuidado para com a terra e para com a humanidade.

A educação ambiental, por envolver aspectos históricos, naturais e sociais nas escolas, fatalmente trabalhará no âmbito da transdisciplinaridade, que de acordo com a UNESCO – Or-ganização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (1980) é um princípio metodológico privile-giado, que poderá trabalhar a edu-cação ambiental crítica no ambiente escolar como um todo. Esta requer a construção de novos objetos inter-disciplinares de estudo através da problematização dos paradigmas do-minantes, da formação dos docentes e da incorporação do saber ambien-tal emergente em novos paradigmas curriculares.

Portanto, para trabalhar questões ambientais e de melhoria na qua-lidade de vida nas escolas é preciso envolver toda a comunidade escolar, equivalente aos princípios da gestão democrática, entrando aí o papel da gestão escolar para administrar este envolvimento. A gestão escolar deve estar alinhada ao que realmente sig-nifica educação ambiental, libertan-

do-se das amarras de que esta está sumamente liga-da à conservação da natu-reza e melhoria do espaço físico da escola. A gestão é desafiada a reconhecer a educação ambiental e, conseqüentemente, a atu-ação da Com-Vida como for-ça a somar com os ideais da gestão democrática.

Esta força parte principalmente da ameaça à vida humana e do planeta, e esta ameaça caminha a desconsiderar a classe social dos indivíduos. A vida de todos se vê em risco, todas as classes sofrem com a baixa qualidade de vida gerada pela vio-lência, pela desenfreada urbanização e poluição do meio. Faz-se necessário então um movimento coletivo para que se garanta o bem comum.

Trabalhar o coletivo configura-se um dos maio-res desafios da gestão escolar sob a perspecti-va da educação ambiental, que trabalha com a luta pela igualdade, e esta luta pela igualdade é uma luta pela democracia. A educação ambien-tal, por trabalhar uma forma de educar para a sensibilidade, pode dar início ao trabalho da mudança de comportamento nas relações so-ciais dentro e fora da escola, que percebemos estarem adoecidas em nossa sociedade. Desta forma, pode-se dar abertura à entrada e assimi-lação de novos conceitos com maior facilidade, permitindo que todos acompanhem essa veloz dinâmica da geração do conhecimento, tão va-lorizado e ao mesmo tempo desvirtuado pelos interesses dominantes, de maneira a contribuir para a boa convivência com o próximo e com o meio, contribuindo assim para o real sentido de felicidade, dentro da simplicidade.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério da Educação. Formando Comissão do

Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola: construindo

Agenda 21 na Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de

Educação Ambiental, 2004.

FERRARO, Luiz Antônio Júnior (Org.). Encontros e Cami-

nhos: Formação de Educadores(as) Ambientais e coletivos

educadores. Brasília: MMA, Diretoria de Educação Ambien-

tal, 2005.

HORA, Dinair Leal Da. Gestão Democrática na Escola: artes

e ofícios da participação coletiva. Campinas: Ed. Papirus,

1994.

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Meu nome é Danilo e faço parte de um grupo de jovens da comunidade do Parque Santa Madalena, da cidade de São Paulo. O grupo é coordenado pelo Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente – CEDECA. Temos trabalhado com a coordena-dora Mônica Paião Trevisan, atuando como monitores no projeto MEIO AM-BIENTE – EDUCAÇÃO PARA AÇÃO.

Desde o começo do projeto, em 2007, nosso objetivo tem sido o de conscientizar os moradores dessa co-munidade a separarem o lixo e não jogá-lo no morro da Rua Nova.

Tudo isso começou quando formamos um grupo com 18 jovens e recebe-mos formação para o meio ambiente na UNICSUL – Universidade Cruzeiro do Sul. Nessas aulas nós aprende-mos sobre lixo orgânico e inorgânico, como separar o lixo corretamente, a diferença entre lixão a céu aberto e aterro sanitário, e muito mais.

No decorrer do ano de 2008, reali-zamos várias atividades, tais como abordagens aos moradores, passando de casa em casa pela comunidade perguntando se eles faziam a sepa-ração do seu lixo e onde o deposita-vam. Fizemos palestras nas escolas e na própria entidade e também parti-cipamos dos mutirões de limpeza da Rua Nova.

Conhecemos o aterro sanitário de Caieiras e lá vimos como é feito o trabalho de compactação do lixo e vistoria do aterro. Fomos ao Parque das Neblinas e fizemos várias trilhas. Conhecemos vários tipos de plan-tas, animais, etc. Agora, neste ato de 2009, estamos em parceria com os catadores da Rua Nova e com o Projeto Reciclando Esperança, que é uma cooperativa dos moradores para incentivar a reciclagem dos resíduos

PROJETO MEIO AMBIENTE – EDUCAÇÃO PARA AÇÃO

produzidos e com isso também reduzir a quantidade de lixo jogada no morro.

Hoje, nosso grupo conta somente com oito compo-nentes que são: Aline, Daiane, Evandro, Fernanda, José Lucas, Kathleen, Peter e eu.

A Daiane faz parte do projeto desde o começo e conta que, quando falaram sobre esse projeto, ela não acreditava muito. O tempo foi passando e a pri-meira apresentação para os alunos das escolas foi no pré da escola EMEI José Clemente Pereira. Fizemos uma brincadeira com as crianças sobre reciclagem e fomos muito bem recebidos pela diretora e pelos alunos, começamos a nos sentir orgulhosos de nosso trabalho e pudemos aprender muitas coisas que não conhecíamos. Nosso objetivo é conscientizar as pes-soas sobre os benefícios que a correta destinação do lixo pode trazer, assim como a sua reciclagem, e também sobre os malefícios do lixo que é jogado nas ruas no nosso bairro. Não só no nosso bairro, mas em nossa cidade.

A Fernanda fez parte dos três muti-rões de limpeza do lixo. Foi ao pas-seio na Eco-Futuro, participou do teatro nas escolas e das apresenta-ções para os alunos. Passou de casa em casa para a conscientização das pessoas a separarem o lixo reciclável e orgânico e também para a aplicação de adesivos nas casas dos moradores que aderiram à reciclagem. Participou do programa Manos e Minas na TV Cultura e agora está aprendendo mais sobre reciclagem no Projeto Reciclando Esperança.

A Aline conta que aprendeu muitas coisas e que, a cada dia que passa, aprende mais com o grupo, des-de as pequenas coisas até as maiores, como no pas-seio ecológico, quando puderam ter contato dire-to com a natureza e reforça: “As pequenas coisas fazem grandes diferenças”. Depois de passar pela experiência de ver todo aquele lixo no aterro sani-tário de Caieiras, acredita que se houvesse alguém com outro pensamento a respeito da importância do projeto, mudaria completamente seu modo de agir e passaria a ter mais interesse sobre as propostas do grupo.

Lembra que não foram só momentos agradáveis, também foram enfrentados muitos obstáculos e

Danilo da Silva AraújoGrupo de Jovens da

Comunidade do Parque Santa Madalena

São Paulo

[email protected]

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que a união do grupo conseguiu su-perar, mas, com certeza, toda ajuda é bem-vinda e precisamos de pessoas dispostas a nos ajudar pois a comuni-dade em que trabalhamos tem muita resistência e é muito difícil de lidar. Só com muita coragem conseguire-mos atingir o nosso objetivo.

Para Kathleen, a frase: “Seja a mu-dança que você quer ver no mun-do” foi o conceito que começou a seguir a partir de sua participação no projeto. Acredita que essa mudança é muito importante para a comunida-de, pois trata de uma questão muito difícil, mas essencial para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Na comunidade há um grande problema, localizado na Rua Nova, que também é conhecido como “lixão”: um mor-ro onde as pessoas estão acostuma-das a lançar o seu lixo e com isso fazem mal para si mesmas, porque o lixo traz consigo doenças, ratos e riscos para a vida. O objetivo deste trabalho é fazer com que as pessoas mudem os seus hábitos e comecem a cuidar do que é seu, pois respeitar e cuidar do meio ambiente é um dever de todos.

O José Lucas entrou no projeto na metade do ano de 2008 e participou dos mutirões de limpeza, ajudou a colar os adesivos nas casas dos mora-dores que aderiram ao projeto para incentivá-los em relação à reciclagem do lixo, ajudou também a elaborar o mapa da comunidade, identificando os nomes das ruelas e a quantidade de casas em cada uma delas.

E, por último, para o Peter o proje-to do meio ambiente tenta ajudar os moradores e fazer com que eles também nos ajudem. No entanto, te-mos muitos problemas, pois muitos não colaboram com o meio ambien-te e fazem com que os objetivos do projeto sejam prejudicados. Um dos momentos bons foi no dia do passeio para o pico da Neblina. Na verdade, não foi somente um passeio, e sim

um alerta sobre a importância de cuidar ainda mais do espaço verde.

Sabemos que o nosso trabalho, apesar de repre-sentar um grande esforço para nós, não conse-gue uma mudança rápida nas condições do meio ambiente, na melhoria da qualidade da saúde dos moradores, na redução da poluição e da su-jeira causada, mas também sabemos que é ne-cessário persistir no objetivo maior de conseguir levar a todos a consciência de que podemos vi-ver melhor num espaço livre do lixo e das doen-ças causadas por ele.

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Não podemos falar em Agenda 21 sem citar sistemas sociais como a escola e a comunidade, sendo estas protago-nistas de mudanças ambientais. Nes-sa perspectiva, compreendemos que é por meio da educação que podemos construir uma sociedade justa e sus-tentável, além de buscar valorizar os aspectos culturais, éticos, ecológicos e sociais dos indivíduos e grupos da sociedade que se encontram à mar-gem nos contextos socioambientais. Portanto, descrevemos aqui uma experiência socioambiental tendo como apoio pedagógico a Agenda 21 e a Com-Vida dentro da escola públi-ca. À luz dessas reflexões, surgidas no Coletivo Jovem – PB, pudemos re-fletir sobre a necessidade de voltar-mos nossos conhecimentos e nossas responsabilidades sociais em prol da cidadania socioambiental, no caso aqui exposto, vivenciado na escola pública.

A partir da educação ambiental, tra-balhada no elo escola/comunidade, a pretensão foi levar os grupos a com-preenderem as mudanças socioam-bientais e sua vinculação às injusti-ças sociais, voltadas à apropriação da natureza por interesses capitalistas, contribuindo para as desigualdades sociais e empobrecimento das cama-das desfavorecidas da população.

Para que as práticas pedagógicas relacionadas ao ensino de educa-ção ambiental resultem no deseja-do processo de formação ecológica, é preciso que a mesma atenda aos princípios da interdisciplinaridade, o que significa dizer que as questões ambientais carregam em si uma in-terligação com os problemas ecoló-gicos, sociais, culturais, históricos, políticos e econômicos. Como afirma Guimarães (2004), as questões so-ciais e ambientais estão mutuamente ligadas.

AGENDA 21 NA ESCOLA PÚBLICA: EXPERIÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS

Sendo assim, percebemos que populações mais po-bres, consideradas excluídas pela sociedade, se en-contram em áreas degradadas ambientalmente. Isto se dá em conseqüência tanto de ações de boa par-te da sociedade, que pouco tem contribuído para a sustentabilidade, como também de ações das próprias comunidades carentes, que devido à falta de formação, ou melhor dizendo, por falta de uma educação ambiental se tornam ainda mais excluídos socialmente. Atitudes individualistas são corriquei-ras em nossa sociedade, fruto da competitividade e do consumismo. Cada vez mais comportamentos e posturas como estas contribuem para a exclusão so-cial, exploração e destruição dos recursos naturais.

A idéia proposta é destinada prioritariamente a co-munidades com acentuados índices de vulnerabili-dade social, pobreza e violência, criando al-ternativas de cidada-nia à população. Des-ta forma, a Agenda 21 e a Com-Vida tornam-se recursos pertinentes a partir do momento em que são vivencia-das em escolas inseri-das no âmbito de co-munidades carentes, pretendendo reverter não só a exclusão so-cial, mas também as condições miseráveis que po-dem se agravar em violência e desagregação social generalizada.

Temos como respaldo a Agenda 21 Global, que se trata de um programa de ação para todo o plane-ta, contando com 40 capítulos que abordam temas como o ar, os mares, os rios e os lagos, das florestas aos desertos; propõe ainda estabelecer uma nova relação entre países ricos e pobres. Na Agenda 21, como em qualquer agenda, estão marcados os com-promissos da Humanidade com o Século XXI, visando garantir um futuro melhor para o planeta, respei-tando-se o ser humano e o seu ambiente.

A partir desta problemática, temos como recursos pedagógicos a Com-Vida e a Agenda 21 como palco para as discussões do contexto ambiental, sendo base para os resultados que se desejou alcançar

Cristhiane da Silva Cavalcanti

Coletivo Jovem – PBParaíba

ContatoCristhiane Cavalcanti

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com as oficinas pedagógicas realiza-das nas escolas. Estas oficinas abor-daram questões mais do que perti-nentes, como as levantadas pelos próprios alunos que, como nos indica Freire:

Por que não aproveitar as experiên-cias que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo po-der público para discutir, por exem-plo, a poluição dos riachos e dos cór-regos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes (1996, p. 30).

Sendo assim, os temas trabalhados nas oficinas estiveram de acordo com a realidade e vivência dos alunos, além de considerar como fator cru-cial a situação da comunidade na qual a escola está inserida. A escola deve promover a interação dialógica entre as disciplinas e com a comunidade em que se encontra com o intuito de propiciar uma interação entre os mo-radores, os alunos, os professores e o meio ambiente, podendo ainda in-teragir com outras entidades, como é caso da prefeitura. Dando ênfase a essa interação, os resultados se-rão obviamente mais significativos, uma vez que se estará partindo das próprias necessidades cotidianas da população. Como afirma Guimarães, o ensino que se abre para a comu-nidade com seus problemas sociais e ambientais como assunto pedagógi-co proporciona, além de tudo, uma educação política.

O ponto de partida foi abordar con-ceitos e subsídios para a práxis da Educação Ambiental a partir do que estava disposto na Agenda 21 e na Com-Vida. Sendo assim, pudemos acompanhar a Educação Ambiental na escola e na comunidade desenvol-vendo uma formação, uma sensibili-zação frente à banalização do olhar contemporâneo sobre os recursos na-turais para então formar uma nova postura/mentalidade frente à reali-

dade que se tem e se pretende transformar. Des-ta forma, a avaliação que podemos fazer desta experiência em Agenda 21 é positiva, uma vez que buscamos a melhoria da qualidade de vida dos alunos e a conscientização deles em relação às questões ambientais.

Nesse contato, podemos perceber nos alunos uma preocupação sistemática com o meio am-biente, mas também certa “revolta” (posiciona-mento) frente às relações da sociedade com o meio ambiente. Os próprios alunos percebem o seu papel neste processo, mas também têm a consciência de serem capazes de mudar tal situ-ação. Como cita Florestan Fernandes:

Ou os estudantes se identificam com o destino de seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo e, nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo.

Desta forma, notamos que ao utilizarmos o con-tato direto e pessoal com a leitura de mundo, com a leitura do meio ambiente que nos cerca, exploramos a experiência de sentir, compartilhar e refle-tir, desenvolvendo as-sim a imaginação dos jovens para possíveis soluções voltadas às temáticas ambientais que estão muitas ve-zes perdidas dentro do currículo oferecido pelas escolas. Reco-nhecemos ainda, que a Agenda 21 e a Com-Vida são recursos pedagógicos destinados à sociedade para que esta inicie a compreensão do que é ser um cidadão, do que é ter cidadania.

Referências:

FERNANDES, Florestan. Da guerrilha ao socialismo: a Revo-

lução Cubana. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessá-

rios à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.

GUIMARÃES, Mauro. A formação de educadores ambientais.

Campinas: Papirus, 2004.

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O Coletivo Jovem de Ribeirão Pre-to (CJRP), apoiado pela Associação Olhos D’Água, propõe uma reflexão ambiental no espaço escolar, através da inserção da dimensão ambiental no currículo formal, além de promo-ver uma vivência contínua aos edu-candos, ampliando as posturas éticas comprometidas com a vida.

Desde 2006 são realizados encontros mensais, aos terceiros sábados, com a duração de quatro horas e deles participam jovens de diversas esco-las de Ribeirão Preto/SP, criando um ponto de referência em Educação Ambiental no espaço da Casa da Ci-ência Galileu Galilei (CCGG) junta-mente com o Bosque Municipal Fábio Barreto. Seguindo a proposta dispo-nibilizada pelo Ministério do Meio Ambiente/Ministério da Educação, o CJRP utiliza a metodologia “jovem educa jovem”, onde os educadores têm a função de orientar e sensibili-zar seus pares de forma não imposi-tiva e não limitada, através de dinâ-micas, ações, trabalhos em grupos, reflexões, debates e apresentações, explorando a temática ambiental sob diversos olhares.

Com o intuito de ampliar o protago-nismo juvenil e fortalecer as idéias de sustentabilidade, as atividades do CJRP se estenderam ao cotidiano escolar, este funcionando também como um ponto de referência em Educação Ambiental.

Durante as atividades desenvolvidas na CCGG foi percebido que a Escola Municipal Paulo Monte Serrat se dis-punha a realizar projetos como Agen-da 21. Dessa maneira, o CJRP iniciou sua atuação em 2008 com o enfoque na arborização, envolvendo a escola e a comunidade. Utilizando os mate-riais para realização de Conferências de Meio Ambiente nas escolas refe-

COLETIVO JOVEM DE RIBEIRÃO PRETO E SUA ATUAÇÃO EM ESCOLA MUNICIPAL

rente aos Com-Vidas e Agenda 21, os aspectos teóri-cos foram primeiramente trabalhados, promovendo um alicerce para as atividades práticas.

Dentre os aspectos teóricos foram trabalhados temas que abrangiam Água, Terra, Fogo e Ar, além de con-ceitos de Educação Ambiental, Coletividade, Biodi-versidade, Recursos Naturais e Sustentabilidade.

A parte prática foi voltada para as atividades dos jovens que realizaram um levantamento das árvores existentes na escola e no bairro. Este le-vantamento apon-tava a possibilidade do plantio de árvo-res independente da presença de alguma espécie e a autori-zação dos morado-res para o plantio. Vale ressaltar que um folder foi elabo-rado pelos próprios jovens como divul-gação e autorização dessa atividade prá-tica. Cada jovem fi-cou responsável por uma região do bair-ro para entrevistar os moradores e so-licitar a autoriza-ção de plantio, não havendo desperdício dos folders e acúmulo de lixo. Um mês antes da re-alização do plantio houve um encontro na escola para uma organização logística na abertura das co-vas e plantios. Ou seja, os jovens fizeram um mapa do bairro apontando os locais para o plantio, con-tribuindo inclusive com a professora de Geografia no estudo do bairro. Com o mapa e autorizações de plantio em mãos, o Horto Municipal de Ribeirão Preto disponibilizou mudas de diferentes espécies urbanas e informou sobre alguns aspectos pertinen-tes ao assunto.

O encontro do CJRP em outubro de 2008 concreti-zou essa ação, formando um vínculo da escola e dos jovens com a comunidade, reafirmando também a

Catarina Veltrini HortaColetivo Jovem de

Ribeirão PretoSão Paulo

[email protected]

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importância de uma busca pela sus-tentabilidade. Essa atividade ainda está em andamento, uma vez que os jovens e a comunidade, sensibiliza-dos com essa ação, são os responsá-veis por monitorar essa nova vida. Em 2009, além desse monitoramento, o CJRP ampliará suas ações na escola embasados nos preceitos ambientais de desenvolvimento.

Referências Bibliográficas:

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taria Executiva. Diretoria de Educação Am-

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CARVALHO, I. C. M. A invenção ecológica: narrativas e tra-

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FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a

pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

____________. Pedagogia do Oprimido. 42. ed. Rio de Ja-

neiro: Paz e Terra, 2005.

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A Agenda 21 Escolar (A21E) se desta-ca como um importante compromisso socioambiental em prol da qualidade de vida, que busca um novo padrão de desenvolvimento e consumo sus-tentável, tanto para escola quanto para comunidade e município. É um espaço em que os educandos têm a oportunidade de trocarem informa-ções, experiências, respeitando e va-lorizando sua diversidade geográfica, ecológica e étnico-racial, entenden-do a importância do seu engajamen-to nas causas socioambientais. Dessa forma, considerando os educandos como sujeitos ativos, inclusivos e agentes multiplicadores do proces-so educacional formal e não-formal, sendo co-autores da transformação social, construiu-se a A21E no Com-plexo Educacional Clóvis Vidigal (CE-EFM) no bairro da Cohab, em Caxias, município localizado ao leste do Maranhão. Nesse bairro são re-gistrados altos índices de violência, no entanto, a escola é referência em educação no município e possui vá-rios projetos educacionais.

Entre eles estão o projeto “Escola de Vida”, que oferece no final de semana cursos de pinturas, borda-dos, contribuindo para a formação profissional dos alunos; o projeto “Lixo”, com campanhas e atividades sócio-educativas a fim de manter o ambiente escolar limpo; e o projeto “Segundo Tempo”, criado pelo Go-verno Federal e que beneficia, com esportes, danças e reforço escolar, crianças e adolescentes de famílias com baixa renda salarial matricula-dos na rede pública de ensino.

A escola CEEFM participou dos pro-cessos de I, II e III Conferência Infan-to-Juvenil pelo Meio Ambiente em 2003, 2006 e 2009 respectivamente, obtendo a primeira formação de Com-Vidas (Comissão de Meio Ambiente e

AGENDA 21 ESCOLAR NO COMPLEXO EDUCACIONAL CLOVIS VIDIGAL, MUNICÍPIO DE CAXIAS – MA

Qualidade de Vida na Escola) em julho de 2005. No entanto, devido à ausência da educação ambien-tal (EA) no projeto político-pedagógico da escola e à dificuldade de inserção do corpo docente para orientar as ações da EA no ambiente escolar o pro-cesso enfraqueceu.

Entretanto, a escola teve a oportunidade de forta-lecer sua Com-Vida/A21E da seguinte forma: fez-se nova apresentação e divulgação do projeto às Se-cretarias de Educação e de Meio Ambiente, à escola e ao corpo docente; obteve-se um relato histórico sobre a escola/comuni-dade; aplicou-se ques-tionário sobre a per-cepção socioambiental; organizou-se relato dos problemas ambientais do município para que pudessem estar cientes dos mesmos; entrega da publicação “Formando Com-Vida: construindo Agenda 21 na Escola”; e em seguida ocorreu a implantação/forta-lecimento da A21E uti-lizando a metodologia da “Oficina do futuro”. Durante a metodologia aplicada foi perceptí-vel a preocupação não só com as escolas ou a comunidade, mas com o município: pelo me-nos 15% dos educando citaram os mesmos problemas, como a degradação dos recursos hídricos, poluição, queimadas, desma-tamentos, lixos, extinção dos animais, além de de-sigualdade social dentre outros.

Na primeira etapa da “Oficina do futuro”, a “Árvo-re dos sonhos”, ao responderem as perguntas sobre qual a escola dos sonhos, os alunos citaram: arbori-zação da escola, hortas comunitárias e coleta seleti-va de lixo. Na segunda etapa, “Pedras no Caminho”, na qual foi perguntado sobre quais as dificuldades para realizar seus sonhos, os alunos apontaram: ausência de parceiros comprometidos realmente com a causa, de conscientização das pessoas, en-

Elineusa Pereira da SilvaColetivo Jovem – MA

Maranhão

ContatoElineusa da Silva:

[email protected]

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tre outros. Em seguida responderam à última etapa, com perguntas sobre como era a escola/comunidade an-tes: com as informações colhidas foi feito jornal mural.

Esse momento foi fundamental por-que tiveram a oportunidade de dis-cutir, conhecer sua realidade local e, assim, refletir sobre as possíveis so-luções. Foram priorizados os proble-mas mais urgentes da escola/comu-nidade, finalizando a reconstrução da A21E contendo as seguintes ações: 1) Arborização da escola; 2) Hortas comunitárias; 3) Coleta seletiva de lixo; 4) Oficinas de reciclagem; 5) Seminários, palestras e campanhas com temáticas socioambientais nas associações, sindicatos, comunida-des e escolas.

Após a reconstrução da A21E, os edu-candos a apresentaram à direção da escola e, com o consentimento do corpo docente, iniciaram a primei-ra ação: arborizar a escola. Fizeram um mini-projeto, no qual trouxeram resultados de pesquisas sobre árvo-res da região e quais seriam as mais adequadas para o plantio na escola, fizeram a limpeza da área e estão cuidando das mudas, esperando o momento oportuno para o plantio.

No decorrer das visitas à escola os educandos puderam assistir palestras sobre família, edu-cação, ética, sexualidade, territórios, trabalho e consumo, meio ambiente e saúde. Recebe-ram ainda exemplares da revista Agenda 21 e Juventude (2º edição), da revista Onda Jovem, e outros, a fim de adquirir informações e en-riquecer seus conhecimentos sobre as situações socioambientais. Além disso, percebendo a dis-posição e a participação dos educandos, fez-se uma entrevista para que pudessem relatar suas experiências e expectativas em relação a A21E. A aluna Yrla Moura da 6ªA, ao ser indagada sobre o processo, disse : “Gosto de participar desses programas de educação ambiental, traz discus-sões amplas, a gente aprende a construir jun-tos, aprende a respeitar, arborizar a escola será bom, a Com-Vida não pode acabar.”

Para Yrla, a A21E é uma oportunidade de apren-der mais sobre a educação ambiental, um es-paço onde o trabalho em equipe é importante, onde se aprende a conviver com a diversidade, respeitando as diferenças. Trata-se de um pro-jeto enriquecedor, e a Com-Vida precisa e deve continuar realizando ações sócio-educativas, de mobilização, de capacitação, ampliando seus sa-beres.

Sobre a importância da A21E, o aluno Daniel Sil-va da 8ª serie B afirmou:“Entrei na Com-Vida com intuito de ajudar a melhorar nossa escola junto com os demais, o assunto é serio, minha expec-tativa é muito grande, nossa A21E está muito bonita, são atividades importantes, quero muito ver nossa escola arborizada, a mais bonita de Caxias, e poder dizer: foi a Comissão que faço parte que construiu a A21E dessa escola, fiz algo de importante”.

De acordo com Daniel, ajudar sua escola é im-portante principalmente junto com os colegas, pois os problemas ambientais são graves e mere-cem atenção de todos. Arborizar a escola é uma responsabilidade, e realizar as ações da A21E é um compromisso assumido e é gratificante fazer algo em benefício da escola e da comunidade. Portanto, a A21E pode ser vista como um espaço que proporciona aos educandos a oportunidade de pensarem e criarem atividades e ações capa-zes de transformá-lo e valorizá-lo de acordo com suas capacidades, e que se constituiu através de estratégias, pesquisas, diagnósticos, conteúdos e soluções práticas.

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Todavia, estas experiências mostram a importância do envolvimento da es-cola, pois é um lugar de socialização e formação de diversos conhecimen-tos que contribuem para o desenvol-vimento do educando tornando-o um cidadão crítico, permitindo-o pensar, refletir, fazer e criar metas eficazes para uma sociedade justa. Por isso a Educação Ambiental deve acontecer SIM no ambiente escolar de forma multi, pluri, inter e transdisciplinar, contribuindo também para uma so-ciedade ecologicamente saudável.

Diante desses relatos fica visível o de-sempenho dos jovens na Com-Vida por meio da A21E. Estes podem inserir-se efetivamente, fortalecendo, buscan-do novos modelos de desenvolvimen-to sustentável, de justiça social, res-peitando os princípios e valores de cada um, visando à responsabilidade e o compromisso de todos para pre-servação e conservação do ambien-te, envolvendo outros segmentos ju-venis, valorizando seu potencial, e, assim, cuidando da vida.

Referências Bibliográficas:

Relatórios feitos pelo Coletivo Jovem de Meio

Ambiente - MA, Agenda 21 escolar do estado.

BOFF, Leonardo. Caderno de Debate: Agenda

21 e Sustentabilidade - Ética e Sustentabili-

dade. Brasília: Ministério do Meio Ambiente,

2006.

BRASIL, Ministério da Educação. Formando

Comissão do Meio Ambiente e Qualidade de

Vida na Escola: construindo Agenda 21 na

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NOVAES, Washington. Caderno de Debate:

Agenda 21 e Sustentabilidade - Ética e Sus-

tentabilidade. Brasília: Ministério do Meio

Ambiente, 2003.

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Em fevereiro de 2008, quando come-cei minha atuação no projeto Agenda 21 Com-Vida na escola pelo Coletivo Jovem do Rio de Janeiro – CJRJ, na escola municipal Orsina da Fonseca no bairro da Tijuca onde moro, sa-bia que não seria fácil implementar o projeto, que na teoria é muito bom, mas na prática é uma verdadeira missão cheia de desafios e dificul-dades. Ao longo do ano de 2008 fui conquistando a confiança da direto-ria, de alguns professores e de vá-rios funcionários da escola, criando o meu espaço dentro da escola aos poucos. A escola é centenária (pos-sui 110 anos de existência) e tem um grande espaço físico, demonstrando ter potencial para o plantio de hor-taliças e até mesmo de várias árvores frutíferas, que tem sido plantadas por mim e pelos alunos do projeto. Inicialmente, o projeto enfrentou di-ficuldades no período de seis meses em que foi remunerado pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), tais como a ausência de coordenação pedagógica e a reali-zação de várias obras estruturais em diversos espaços, o que dificultou o início do projeto. Apesar dessas difi-culdades iniciais, continuei insistindo pelo fato de acreditar na educação ambiental e na diretoria, que desde o início demonstrou boa vontade com o projeto apesar das dificuldades de dar suporte ao mesmo. Foi formada uma pequena turma inicial com seis alunos da quinta série do ensino fun-damental que participou do projeto por quase um ano. Ao longo do pro-cesso de trabalho, fui fazendo algu-mas experimentações além do plano de trabalho que a coordenação do Coletivo Jovem de Meio Ambiente me propôs a fazer.

No começo, as ações foram o plantio de plantas leguminosas (através do plantio de feijões para adubação do

UMA Com-Vida PERSISTENTE QUE VEM COLHENDO SEUS PRIMEIROS FRUTOS.

solo da horta, que se encontrava pobre e com nada plantado), plantio de árvores frutíferas, hortaliças, compostagem, preparo de alimentos saudáveis e reutilização de materiais da escola. Aos poucos fui descobrindo o perfil dos funcioná-rios, a realidade da escola, seus pontos fortes, pontos fracos e pontos que podem ser melhora-dos adequando o projeto à realidade da escola. Desde o início do projeto Com-Vida sempre procu-rei uma forma de ensino agradável, alternativa, buscando um ensino mais democrático e partici-pativo, chamando os alunos para construírem em conjunto as atividades que são feitas, criando assim um leque variado de atividades tornando as aulas mais atraentes e agradáveis. Em parale-lo com o trabalho na escola, fui descobrindo coi-sas que desconhecia como Agroecologia (através de um grupo de reflorestamento que participo chamado Verdejar, que tem um trabalho base-ado na agroecologia e na agricultura natural), descobri a alimentação viva, técnicas agrícolas naturais, os alimentos orgânicos, entre outras novidades que eram desconhecidas para mim e ainda são para uma grande parte da população. Além desses novos conhecimentos que fui adqui-rindo, passei por grande mudança interna pesso-al ao me tornar vegetariano. Com essas profun-das mudanças na minha vida pessoal, senti que deveria começar a ter um trabalho mais condi-zente e harmônico com o meio ambiente e que refletisse a nova realidade que estava vivendo a cada dia. Senti que a mudança e a consciência ambiental não nascem apenas com discursos e sim com atitudes e comecei a implementar nas atividades, tanto teóricas como práticas, esse novo mundo de harmonia ambiental que se abria diante de mim e que deixava de ser desconhe-cido, se tornando uma filosofia de trabalho e de vida. Vários alunos foram sendo atingidos de forma espontânea por essa experiência junto co-migo, tornando assim o projeto educativo tanto para eles quanto para mim. No segundo semes-tre do ano de 2008 fiz uma parceria fundamental com meu amigo Geraldo Guimarães, professor de yoga e colaborador voluntário do Projeto Ter-rapia, que funciona dentro da Escola Nacional de Saúde Pública, pertencente à FIOCRUZ. Esta parceria ajudou muito no projeto, por possuir um grande conhecimento no manejo de hortas e um temperamento apaziguador, o que facili-

Angelo Ferretti PrestesColetivo Jovem – RJ

Rio de Janeiro

ContatoColetivo Jovem do RJ:

[email protected] http://coletivojovemdemeioam-

bienterj.blogspot.com/

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tou muito o meu diálogo com a di-retoria, com funcionários da cozinha e na relação dos funcionários com o trabalho realizado na horta. Geraldo também demonstrou várias formas de ter uma vida saudável através da alimentação viva, que é composta de alimentos naturais como frutas, verduras, legumes, grãos germinados que são ricos em energia vital e são consumidos sempre na sua forma na-tural (crua). No mesmo ano de 2008 fiz o curso Biochip na PUC Rio que era voltado a essa alimentação viva só que com enfoque em design (de-senhos feitos com frutas, verduras e legumes e grãos germinados) e técni-cas de atividades de sensibilização e de resgate de um modo de vida que foi perdido nas grandes cidades du-rante processo de urbanização.

Comecei a entender e sentir, atra-vés de uma reeducação alimentar, que educação ambiental em essên-cia vem de dentro para fora e não de fora para dentro e que a mudança começa no nosso próprio corpo que é o nosso primeiro meio ambiente. Procurei sensibilizar naturalmente os alunos com pratos saborosos e fáceis de serem feitos e com apelo visual que estimulasse os sentidos como olfato, tato, paladar, que estimulas-se o senso criativo já que entendo a criatividade como uma característica fundamental num trabalho de educa-ção que eduque para a vida além do mercado de trabalho. Passado mais de um ano de atividades eu já con-sigo encontrar um ambiente muito mais favorável para mudanças mais concretas, com o surgimento de uma horta selvagem, que foi nascendo aos poucos através da sucessão ecológi-ca e fabricação de terra através das composteiras, que funcionam atra-vés da separação do lixo orgânico da escola na qual alunos e funcionários da cozinha e da limpeza da escola participam.

A diretoria foi aos poucos se sensi-bilizando e implementando ações in-

dependentemente das minhas, demonstrando uma maior preocupação com a questão ambiental da escola, acabando com copos descartáveis na sala de professores, melhora na infra-estrutura da horta (que antes era um espaço abandonado que servia como depósito de objetos), separação do lixo gera-do na escola. Nesse ano de 2009 o projeto encontra uma nova energia e ambiente escolar mais propício à mudança e a novos desafios para que de fato se torne uma Agenda 21 com a maior participação da comunidade do entorno. Atualmente o projeto se encontra com 20 alunos de várias turmas do turno da manhã inscritos, que vem por mera consideração e vontade própria participar do projeto na parte da tarde. O grupo apresenta uma boa média de pre-sença, demonstrando muita curiosidade e vontade nas atividades que são diversas, desde o plantio na horta, exibição de filmes educativos, visita a es-paços educativos do bairro, preparos de alimentos vivos como tortas, saladas, biscoitos, pães e sucos naturais, ações de sensibilização para um consumo consciente entre outras.

Ando contando atualmente com a participação de outro membro do Coletivo Jovem de Meio Ambien-te, meu colega Alex Bernal, que vem ajudando no trabalho com a horta e com novas idéias. Alguns li-vros que li foram importantes no processo evolutivo do meu trabalho, como o Manual Orientador da Com-Vida, o livro Educação e Significado da Vida (Krishna-murti), o livro Ciência da Saúde e Boa Alimentação (D. Nicolici) que aborda a nutrição e quais são os alimentos nutritivos essenciais para boa alimen-tação. A próxima meta é fazer com que o projeto atraia maior participação da comunidade do entor-no, que é muito pouca e se resume a datas festivas. A idéia é fazer com que a horta se tone um elo de participação entre a comunidade e a escola, tanto da família dos alunos, de artistas de rua que irão pintar os muros da horta, ajudar no plantio de hor-taliças e fazer da horta um espaço educativo e que forneça uma melhor qualidade de vida para escola. Ao longo de um ano procurei registrar e documentar todo o trabalho através de fotos e pequenas filma-gens amadoras nada profissionais feitas por mim e meus alunos e parceiros da Com-Vida. Através do uso da internet, que creio ser uma grande ferramenta educativa, criei no início do projeto um blog que pode ser acessado no endereço http://agenda21or-sina.blogspot.com, onde são postadas atividades desenvolvidas, sempre procurando divulgar o modo de fazer as atividades, exibição de desenhos anima-dos, uma gama de links de sites e blogs relacionados ao meio ambiente, dando um caráter educativo, in-

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formativo, tornando-se assim mais que um diário, sendo também uma ferramenta de educação ambien-tal à distância tanto para os alunos quanto para pessoas interessadas. O processo do blog do projeto vem atingindo várias pessoas, desde os outros colegas educadores ambien-tais, amigos pessoais, alguns anôni-mos da internet. Apesar de não ter nenhum apoio financeiro, há mais de 8 meses continuo fazendo o trabalho driblando as dificuldades através da reutilização de materiais como pa-pel, papelão e plásticos e continuo o projeto com ainda mais vontade que antes por apego pessoal à escola, aos alunos e à educação ambiental, que para mim se tornou muito mais que um trabalho, e pela vontade de tor-nar a Agenda 21 escolar uma realida-de no bairro onde moro, na cidade onde vivo e no planeta que habito. Acredito que a semente vem sendo plantada e espero que ela brote sem criar muitas expectativas em cima do trabalho que é um processo de evolução lento mais constante, e que sempre surpreende a cada dia.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Ministério da Educação. Formando

Comissão do Meio Ambiente e Qualidade de

Vida na Escola: construindo Agenda 21 na

Escola. Brasília: MEC, Coordenação Geral de

Educação Ambiental, 2004.

KRISHNAMURTI, Jiddu. A educação e o sig-

nificado da vida. São Paulo: Editora Cultrix,

1994.

NICOLICI, D. N. Ciência da Saúde e Boa Ali-

mentação. São Paulo: Editora MVP – SP, 1967.

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Caminhos das Redes de EA no Grande ABC/SP: A21L e A21E na Vila Ferrovi-ária de Paranapiacaba, Santo André

Caminhos coletivos

...A vida é repleta de caminhos...

Caminhos que só se fazem ao caminhar...

Que dependem de escolhas...

E que levam a escolhas.

Assumir responsabilidades e ter anseios

Buscar respostas e plantar esperança

Promover o reencantamento pela vida

e por Gaia.

Disseminar o amor, a harmonia e a sintonia!

Eis o nosso caminho...coletivo.

Carolina Estéfano (10/03/09)

O Grande ABC paulista tem um his-tórico de interlocução em processos de Educação Ambiental brasileiros: em 1994 ocorreu o Encontro Regio-nal de EA, em 1996 formou-se a Rede Regional de EA (posterior Núcleo de EA do Grande ABC) e em 1999 sediou o I Encontro Estadual de EA (FIGUEI-REDO, 2005). Houve um retorno da Agenda 21 Local (2006) através de parcerias, com nova interrupção. É natural que redes se desarticulem, porém atores regionais resolveram rearticular a região (2007), inte-grando as cidades no Consórcio In-termunicipal, pois há necessidade de ações conjuntas para um melhor desenvolvimento; iniciou-se então a integração entre Poder Público, empresas e sociedade. As 7 cidades estão desenvolvendo suas Agendas: iniciando ou retomando. Garantimos a efetivação dos processos através da assinatura de uma Carta-Com-promisso pelos candidatos à Prefei-tura (2009), que inclui Implantação da Agenda 21 Local e demais ações de Educação Ambiental. Formou-se também o grupo Coletivo Jovem de

TEMA: INTERFACES ENTRE PROCESSOS DE AGENDAS 21 LOCAIS E AGENDAS 21 NA ESCOLA/COM-VIDAS

Meio Ambiente do Grande ABC (em 2008), que atu-ará nas escolas do Grande ABC.

Por suas particularidades, optou-se por realizar a Agenda 21 na Vila Ferroviária de Paranapiacaba, distrito pertencente a Santo André, decidindo-se fa-zer uma integração entre Agenda 21 Local e Escolar (nosso projeto-piloto). A região apresenta patrimônios cultural, natural e humano riquíssimos, entre eles: bioma Mata Atlân-tica e toda sua biodiversidade, Parque Natural Municipal Nas-centes de Paranapiacaba (Uni-dade de Conservação), Museu do Funicular (memória da época efervescente das ferrovias bra-sileiras), Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiaca-ba, Parque Estadual da Serra do Mar e zona-núcleo da Reserva da Biosfera-Unesco, sob instrumen-tos legais de proteção. Contu-do, ao mesmo tempo, sofre um desgaste condicionado ao tempo e a ações antrópicas, perdendo sua identidade original, daí a importância da Agenda 21 na promoção da relação topofílica e valorização da memória histórica.

A Agenda 21 Local tem como ponto de encontro uma Casa de Estudos e a Agenda 21 Escolar a escola es-tadual local (Projeto Escola da Família). Atuações relativas à Agenda 21Local começaram em 2008, de forma esparsa, porém em janeiro de 2009 realiza-ram-se reuniões pedagógicas, divulgação, aplicação de questionário sócio-econômico e entrevistas com lideranças locais para um maior conhecimento das problemáticas a serem abordadas nos encontros e discutidas com a comunidade, resultando em um diagnóstico preliminar (temas a serem abordados). Os encontros tem sido quinzenais desde maio de 2009. Na Agenda 21 Local, algumas reuniões extras foram realizadas durante o processo para maiores esclarecimentos junto à população sobre a impor-tância do envolvimento coletivo no desenvolvimen-to sustentável local e a participação na discussão de temas pertinentes: Saúde, Segurança, Educação, Eventos, Turismo, Moradias, Resgate da identidade, entre outros. Utilizamos uma interface entre os 6

Allan de Jesus Teixeira e Carolina Estéfano

Coletivo Jovem do Grande ABCSão Paulo

ContatoAllan Teixeira:

[email protected] Carolina Estéfano:

[email protected] Jovem do ABS/SP:

http://cjabc.flechadeluz.org/

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passos da Agenda 21 Local, do Minis-tério do Meio Ambiente, e a Oficina do Futuro, do Instituto Ecoar para a Cidadania, deixando dessa forma o processo mais próximo dos morado-res, pois cada participante contribui de forma escrita, fazendo um para-lelo com objetivos pessoais e cole-tivos, bem como se enquadrando na realidade/necessidade/dinâmica lo-cal percebidas durante o processo.

A Agenda 21 Escolar é realizada atra-vés da Oficina do Futuro, com discus-são de temas pertinentes ao universo escolar como Eventos, Uso de espa-ços (biblioteca, laboratório), Drogas e DST’s, Violência, dentre outros e as diretrizes do Projeto “Caminhos Coletivos” (2009): implantação de Comissão de Meio Ambiente e Quali-dade de Vida, Cine-clube (reflexão), Horta, Atividades Socioambientais (jogos cooperativos, dinâmicas, vi-vências, oficinas), divulgação do processo e intercâmbio com outras escolas do Brasil e de Portugal pelo Projeto Jornal Boas Notícias (site: IBEV), Artes integradas: teatro, cir-co, dança, artes visuais e Integração entre o Programa de Jovens (Unesco – Vila de Paranapiacaba) com jovens de outros projetos socioambientais para troca de experiências. Preten-de-se concluir (dezembro/2010) com versões impressas das Agendas 21 para oficializar os trabalhos junto ao Poder Público e comunidade.

Percebemos que é um distrito con-flitante, em que falta conexão da comunidade com a Secretaria de Gestão de Recursos Naturais de Pa-ranapiacaba e Parque Andreense e vice-versa, há desunião entre os moradores. A cada dia vemos clara-mente que ocorre degradação e ex-clusão social, que o desenvolvimento não tem sido tão sustentável, que há falhas na gestão da Unidade de Conservação e que precisa-se, sim, que a Vila resgate sua identidade e ache seu caminho. Constata-se que a Agenda 21 é um direcionamento para

Políticas Públicas/Governo na gestão local e na promoção da Cultura de Paz, de um despertar para a “Teia da Vida” (interrelações). Através de nossas inquietudes, olhares e saberes, que cul-minam em nossos sonhos e nas pedras de nossos caminhos, a Agenda 21 abre portas para que seja conquistada a emancipação e autonomia para a construção de uma nova realidade, possibilitan-do a troca de experiências e informações entre as gerações presentes.

Referências Bibliográficas:

COLETIVO JOVEM DE MEIO AMBIENTE DO GRANDE ABC. Ca-

minhos Coletivos. [organizadores: Allan de Jesus Teixeira e

Carolina Estéfano]. Mauá, 2009. 18 p.

FIGUEIREDO, Luiz Afonso Vaz de. Nas malhas da EA: resgatan-

do a história da rede paulista. In: Mônica Pilz Borba (Org.),

Patrícia Otero e Cyntia Helena Ravena Pinheiro. Orientação

para educação ambiental: nas bacias hidrográficas do Es-

tado de São Paulo: origem e caminhos da REPEA – Rede

Paulista de Educação Ambiental. São Paulo: Imprensa Ofi-

cial do Estado de São Paulo: 5 Elementos Instituto de Educa-

ção e Pesquisa Ambiental, 2005. p. 33-35.

REDE AGENDA 21 LOCAL DO GRANDE ABC. Agenda 21 Escolar

(COM-VIDA) e Agenda 21 Local: Vila Ferroviária de Para-

napiacaba, Santo André/SP. [organizadoras: Alba Maria dos

Anjos Corrêa e Carolina Estéfano]. Santo André, 2009. 22 p.

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A III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente (III CNI-JMA), realizada dos dias 3 a 7 de abril de 2009, é parte de um forte processo de mobilização da juventu-de brasileira em torno das questões ambientais, proporcionando espaços de participação ativa de jovens entre 11 e 29 anos de idade na discussão sobre a sustentabilidade e na elabo-ração de políticas públicas que visem o bem estar socioambiental e o pro-tagonismo juvenil. Assim sendo, a III CNIJMA é um dos pilares principais deste processo, pois dá sequência aos trabalhos desenvolvidos nas duas primeiras edições, a primeira em 2003 e a segunda entre 2004 e 2005.

A terceira edição do evento, rea-lizada em Luziânia-GO, contou em média com 3 membros de Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) de cada estado do Brasil, que passaram por capacitação e vivência da meto-dologia para atuarem como facilita-dores nas atividades da conferência. Articulados com a equipe de organi-zação composta pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério do Meio Ambiente (MMA), equipe de apoio, logística e instituições parceiras como o Educarede, Instituto Ecoar e outras organizações, os facilitadores e oficineiros receberam cerca de 670 delegados e 130 acompanhantes de todo o Brasil, além de dezenas de observadores internacionais.

Antecedida por conferências esco-lares e estaduais para a seleção das delegações, a III CNIJMA foi com-posta por vários momentos, como o dos Grupos de Trabalho, onde nove delegados por grupo socializaram os acontecimentos das conferências em suas escolas nas etapas preparatórias para o evento e, logo após, avalia-ram as responsabilidades trazidas pelas demais escolas representadas.

RELATO DE EXPERIÊNCIA: O COLETIVO JOVEM DE MEIO AMBIENTE DE SERGIPE E O PROCESSO DA III CNIJMA

Nas oficinas de educomunicação, os delegados e de-legadas utilizavam ferramentas como rádio, vídeo, comunidade virtual, fanzine e Carta das Responsa-bilidades. Também foram executadas metodologias como a Trilha da Vida, Publicidade e Teatração Am-biental para divulgar o evento em tempo real, di-fundir as suas mensagens e vivenciar uma interação mais intensa com o meio ambiente.

Outros momentos da III CNIJMA foram as palestras com Marina Silva, José Eli da Veiga e Genebal-do Freire Dias, que re-forçaram ainda mais os conhecimentos dos par-ticipantes e estimularam a impressionante capa-cidade crítica e reflexi-va dos delegados. Outra atividade desenvolvida, o Momento Com-Vida, foi de essencial importância para estimular ações após a conferência, pois reuniu as delegações por estado, para que os CJs, delega-dos e acompanhantes pu-dessem discutir, analisar e traçar estratégias para fortalecer as Comissões de Meio Ambiente e Qua-lidade de Vida (Com-Vidas) nas escolas.

No dia 7 de abril, a solenidade de entrega da Car-ta das Responsabilidades fechou a III CNIJMA com chave de ouro. Tendo à frente do cerimonial um casal de delegados, o momento foi prestigiado por Fernando Haddad, André Lázaro e Rachel Trajber, do MEC; Carlos Minc e Samyra Crespo, do MMA e a Senadora Marina Silva, idealizadora do evento, con-vidada de honra e representante do Congresso Na-cional na solenidade. O Teatro Nacional de Brasília, que recebeu a solenidade, ficou lotado com as de-legações em polvorosa, que dançavam, cantavam e transbordavam de energia positiva aquele cenário. Logo após, seguiram-se os discursos de satisfação e elogio aos envolvidos na III CNIJMA e a entrega da Carta das Responsabilidades às autoridades. Um verdadeiro show de protagonismo juvenil, em todos os momentos.

Cleverton Costa Silva, José Waldson Costa

de Andrade e Thiago Roberto Soares Vieira

Coletivo Jovem – SESergipe

ContatoJosé Waldson Andrade:

[email protected]@sociedadesemear.org.br

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De volta às nossas respectivas rea-lidades, é momento de socializar e multiplicar os bons resultados da III CNIJMA, continuando a busca por uma possível utopia: a sustentabili-dade. Este é o momento pós-confe-rência, que oportuniza um processo evolutivo das relações comunitárias nas escolas e no seu entorno, onde a proposta é formar as Com-Vidas, melhorando a qualidade de vida nas escolas num processo de construção coletiva, buscando a força direta de saberes populares e a interação com a comunidade para construir a Agen-da 21 nas escolas. Para tal, é essen-cial a continuação das parcerias en-tre os CJs, Secretarias de Educação e demais parceiros das Comissões Organizadoras Estaduais (COEs).

Em Sergipe, a pós-conferência está se tornando uma realidade. No dia 27 de abril, as organizações inte-grantes da COE se reuniram para a socialização, análise e encaminha-mentos relativos à III CNIJMA. Neste momento, foi divulgado um calendá-rio de visitas às Diretorias Regionais de Educação (DREs) e às divisões ad-ministrativas da Secretaria de Estado da Educação (SEED) de Sergipe pelas técnicas deste órgão, para maio de 2009. A necessidade destas visitas foi reconhecida e acatada por parceiros como a Secretaria da Educação de Aracaju (SEMED), a Secretaria de Es-tado do Meio Ambiente e dos Recur-sos Hídricos (SEMARH) e o Núcleo de Educação no Campo.

A finalidade das visitas foi a sociali-zação da III CNIJMA, onde se faziam presentes os delegados e delegadas de cada região que participaram da conferência nacional para relatar as suas vivências na conferência, enri-quecendo ainda mais os relatos do CJ-SE e dos acompanhantes da COE presentes e que foram a Luziânia. Incluso na proposta de sensibilização através do relato dos presentes, bus-cou-se a necessidade e a importân-cia do fortalecimento e criação de Com-Vidas, com o intuito de contribuir

nas formas de organiza-ção social local e inserir novos atores sociais na discussão sobre resolução de conflitos ambientais locais e da qualidade de vida. O público-alvo des-tas visitas: professores, coordenadores e alunos que representaram esco-las realizadoras de con-ferências e outros alunos, com atuação ou interesse nos temas ligados ao meio ambiente.

Seguindo o calendário proposto, as oficinas de sensibilização para as Com-Vidas e socialização da III CNIJMA passaram por Estância (DRE 1), Ara-caju (DEA e DRE 8), Japaratuba (DREs 4 e 5), Lagarto (DRE 2), Itabaiana (DRE 3), Propriá (DRE 6) e Nossa Senhora da Glória (DRE 9). Na pro-gramação, a SEED e o CJ-SE utilizaram recursos de multimídia como apresentações em power point, imagens da III CNIJMA, DVD com os resul-tados das oficinas fornecido pelo MEC, além da aplicação de metodologia utilizada no evento, o Momento Com-Vida em Rede, reproduzido de for-ma mais simplificada entre os presentes devido às limitações de tempo, imprevistos e adições na programação inicialmente proposta.

Decorridas as atividades, foi possível observar a falta de resultados satisfatórios no processo de implantação das Com-Vidas devido à desinforma-ção, apesar da realização das conferências an-teriores. O exemplo mais concreto de Com-Vidas identificado pela equipe nas oficinas foi o caso do Colégio Estadual Profª Maria da Conceição de Santana, no município de General Maynard, onde a Com-Vida foi instituída, mas as reuniões não estão acontecendo.

Diante do quadro apresentado, o CJ-SE, a SEED e demais parceiros da COE estão empenhados na continuação dos trabalhos com a expectativa de que professores, coordenadores escolares e, es-pecialmente, alunos e comunidades contribuam com a implementação de Com-Vidas nas escolas, com vistas à melhoria das condições e do apro-veitamento dos espaços físicos nas escolas, à maior eficiência na gestão da merenda escolar e à formação de cidadãos ativos na vida comunitá-ria, entre outros benefícios.

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O “Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente” surgiu, em 2005, como uma estratégia do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Am-biental (MEC e MMA) com o objetivo de fomentar e potencializar o debate e a ação socioambiental das juven-tudes brasileiras. Sua sistematização torna-se importantea para contribuir com o fortalecimento das organiza-ções e movimentos de juventude, bem como dos Coletivos Jovens de Meio Ambiente (CJs) e da Rede Na-cional de Juventude pelo Meio Am-biente e Sustentabilidade (Rejuma), indo além do conhecido “Protagonis-mo Juvenil”, sendo os jovens cons-trutores e não apenas receptores ou público-alvo, criando políticas para o enfrentamento da Crise Socioam-biental. Para isso, é de fundamental importância a viabilização do progra-ma, com recursos destinados a sua gestão com institucionalização no PPA1 dos governos, de forma integra-da à Política Nacional de Juventude e que mantenha o objetivo de uma educação ambiental transformadora socialmente.

Nesse mesmo ano foram executados os primeiros passos para a construção da Política Nacional de Juventude, atra-vés da criação da Secretaria Nacional de Juventude e do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE). Ambos vêm desempenhando um importante papel na consolidação dessa política e são nesses espaços que os segmentos ju-venis, enquanto sociedade civil, vêm mantendo diálogo com o governo. Mas o grande desafio da Política Nacional de Juventude é consolidar-se enquan-to política de estado, ou seja, como um tema perpétuo na agenda das po-líticas públicas e não como uma agen-da somente de governo.

1 O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas de longa duração do governo.

JUVENTUDE PELO MEIO AMBIENTE: CRIAÇÃO DA AGENDA 21 DA JUVENTUDE BRASILEIRA JÁ!

A I Conferência Nacional de Juventude, em 2008, foi um acontecimento histórico onde se mostrou todo potencial mobilizador da juventude organizada. Essa mobilização deixou claro que os jovens brasileiros têm interesse e capacidade para colaborar na cons-trução das políticas públicas de juventude. Nessa conferência a questão ambiental teve um destaque bastante importante no debate juvenil, isso aconte-ceu pelo poder de articulação da REJUMA (Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade) com os movimentos de juventude presentes, mos-trando então força e elegendo como quarta prio-ridade da juventude brasileira: “A Criação de uma política nacional de juventude e Meio Ambiente que inclua o ‘Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente’, institucionalizado em PPA (Plano Pluria-nual), com a participação dos jovens nos processos de construção, execução, avaliação e decisão, bem como da Agenda 21 da Juventude, que fortaleça os movimentos juvenis no enfrentamento da Grave Crise Ambiental, glo-bal e planetária, com a construção de socieda-des sustentáveis.”

A criação da Agenda 21 da Juventude ainda não se realizou, mas por ser uma das resoluções de-liberadas da I Conferên-cia Nacional de Juven-tude podemos entender sua extrema importân-cia como ferramenta de intervenção política e uma das bases fundamentais para a implementa-ção da Política Nacional de Juventude.

A participação ativa da Juventude nas tomadas de decisões é fundamental e necessária, pois estas decisões afetam seu presente e seu futuro e este segmento social tem perspectivas peculiares que devem ser levadas em consideração. A construção da Agenda 21 da Juventude está contemplada clara-mente no objetivo 25.4 da Agenda 21 Global: “Cada país deve instituir, em consulta com suas comunida-des de jovens, um processo para promover o diálogo entre comunidade da Juventude e o Governo em to-dos os níveis e estabelecer mecanismos que permi-tam o acesso da Juventude à informação e dar-lhe

Lucas Lopes OliveiraColetivo Jovem – CE

Ceará

ContatoLucas Oliveira:

[email protected]@bol.com.br

(85) 32811860/ 88295637

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a oportunidade de apresentar suas opiniões sobre a implementação da Agenda 21” (Agenda21 Global/obje-tivo 25.4).

A participação juvenil se torna deci-siva para o sucesso a longo prazo da Agenda 21. A importância estratégi-ca dos jovens é evidenciada na con-cepção inovadora de política pública do governo, sendo a juventude uma condição social, que necessita de oportunidades para adquirir e utili-zar suas capacidades e de garantia dos seus direitos.

A juventude ambientalista assume seu papel de sujeito histórico, crítico e participativo, através da sua atua-ção no movimento pela questão am-biental e juvenil, com o potencial de articulação de parceiros e na luta por uma sociedade sustentável em todas as suas dimensões, incluindo: Políti-ca, Social, Ambiental e Econômica. Vivemos em um momento crítico, no qual se evidencia urgente e emer-

gencial exigirmos políticas inovadoras, constru-ídas pela juventude para o enfrentamento da grave crise socioambiental planetária.

É importante que o governo concretize a imple-mentação da Agenda 21 da Juventude brasileira, pois fortalecerá a juventude nas políticas públi-cas, por meio de um processo participativo, le-vando assim à promoção da reflexão dos jovens sobre suas reais necessidades, o seu papel nas instâncias políticas participativas para a cons-trução de uma sociedade justa, eqüitativa e sus-tentável.

Referências Bibliográficas:

Agenda 21 Global. Disponível em: http://www.ecolnews.

com.br/agenda21/index.htm

BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Programa juventude

e meio ambiente/Documentos técnicos. Disponível em:

http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/crianca-e-adolescente/politi-

cas-publicas-1/ProgramaJuventudeeMeioAmbiente.pdf

BRASIL, Secretaria Nacional de Juventude. Deliberações da I

Conferência Nacional de Juventude. Brasília: SNJ, 2008.

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APRENDIZADOS

Os artigos apresentados nesta 3ª edição da Revista Agenda 21 e Juventude são uma preciosa fonte de inspiração e aprendizagem. Trazem pontos fundamentais para a reflexão e melhoria contínua das políticas de Educação Ambiental e apresentam, com informações altamente qualificadas, os desafios e os frutos deste exercício democrático da construção das Agendas 21 nas Escolas e comunidades.

Esta seção é uma sistematização dos conteúdos trazidos pelas experiências relatadas, no intuito de fortalecê-las como referências para as próximas ações neste âmbito, bem como potencializar o potencial pedagógico da Revista Agenda 21 e Juventude destacando os apren-dizados em três aspectos:

- Pontos Positivos que devem ser fortalecidos e mais explorados na implementação das Com-Vidas e Agendas 21 nas Escolas.

- Pontos Negativos que devem ajudar a identificar estratégias para contornar e minimizar os obstáculos encontrados em níveis federal e local para a implementação das Com-Vidas e Agendas 21 nas Escolas.

- O Que é Necessário para expandir, qualificar e potencializar as Com-Vidas e Agendas 21 nas Escolas.

Estes conteúdos também estão disponíveis no blog da Agenda 21 e Juventude (http://www.agenda21juventude.blogspot.com/), de maneira que as reflexões e aprendizados não param por aqui e todas as contribuições serão muito bem vindas.

PONTOS POSITIVOS

1. Integração de Polícias Públicas - Diálogos com Processos de Agendas 21 Locais

A própria existência das Com-Vidas e dos processos de Agendas 21 nas Escolas são, por si mesmos, frutos da integração de Políticas Públicas e do encadeamento de ações de fortalecimento da Educação Ambiental nas Escolas. Destaca-se a importância do diálo-go das escolas com as Agendas 21 Locais e da integração entre as ações de educação difusa do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Educação. Esta sinergia de ações cria um ciclo virtuoso onde a realização das Conferências Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente, o estímulo aos Coletivos Jovens de Meio Ambiente como estratégia de formação continuada de jovens para as questões socioambientais, a criação das Com-Vidas e o acompanhamento e suporte às Agendas 21 Locais se articulam em uma ação coordenada e auto-geradora.

2. Infra-Estrutura

Identifica-se que as condições de infra-estrutura para a realização das oficinas e ativi-dades é um fator importante para o sucesso dos processos de formação de Com-Vidas/Agendas 21 nas Escolas. Entretanto o que se considera como condições básicas varia nas diferentes realidades locais. O transporte dos formadores, os espaços físicos para a realização das atividades, equipamentos para realização e registro das oficinas – quan-do existentes – tornam o trabalho mais produtivo e eficiente, otimizando os tempos e espaços das escolas e comunidades.

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3. Recursos e Parcerias

A disponibilidade de recursos para transporte, materiais, equipamentos e diárias dos formadores dos Coletivos Jovens destaca-se como elemento facilitador dos proces-sos de formação de Com-Vidas/Agendas 21 nas Escolas. Nesta esfera foram apontadas experiências de disponibilização de recursos federais, estaduais e municipais, indi-cando a possibilidade de uma gestão compartilhada e integrada da Formação das Com-Vidas / Agendas 21 nas Escolas nestes três níveis.

4. Proposição e Influência nas políticas locais

Esta integração das políticas em vários níveis, articulando governo federal, estadu-al, municipal, sociedade civil e conteúdos, mantém um cenário propício para a influ-ência das ações das Com-Vidas/Agendas 21 nas Escolas nas políticas locais, trazendo propostas de melhoria com base nas experiências locais acerca do real potencial de articulação e produção de conhecimento das Escolas.

5. O papel da Escola enquanto centro de referência em tempos de mudanças ambien-tais globais.

Fica claro, a partir dos relatos apresentados, o papel da Escola na produção de co-nhecimentos e soluções locais em tempos de mudanças ambientais globais. As Esco-las, na perspectiva da educação Integral e integrada, tornam-se pólos privilegiados de reflexão, diálogo, transformação social e mediação de conflitos, articulando sa-beres, habilidades e competências da comunidade. Muitos artigos mostraram como as Com-Vidas/Agendas 21 nas Escolas despertam e potencializam este papel da Escola enquanto referência comunitária e irradiadora de transformações locais.

6. Escolas com projetos socioambientais.

As Escolas que já apresentavam projetos, ações ou alguma estrutura voltada às questões socioambientais apresentaram grande absorção dos conteúdos e metodolo-gias das Com-Vidas e Agendas 21, potencializando e qualificando a ação de Grêmios, representantes de classe e atividades extra curriculares.

7. Influência no Projeto Político Pedagógico.

A medida em que a Com-Vida e a Agenda 21 se desenvolviam na escola, o exercício de pensar o espaço e as relações da comunidade escolar levou, em muitos casos, a alterações no Projeto Político Pedagógico da Escola. Buscando criar conver-gências entre os conteúdos e métodos da escola e as necessidades locais. Estas mudanças revelam o potencial das Com-Vidas/Agendas 21 nas escolas enquanto espaços de reflexão e construção de Escolas Sustentáveis a partir de soluções e conhecimentos locais.

8. Autonomia e Protagonismo

Percebe-se que cada conquista da Com-Vida/Agenda 21 na Escola, fortalece os grupos e consolida novos passos. Nota-se que independentemente da estrutura das esco-las, o fator principal para o sucesso e o aprofundamento das ações é o interesse e a participação dos adolescentes. As iniciativas de Com-Vidas/Agenda 21 nas Esco-las mais bem sucedidas e melhor avaliadas pelos jovens foram aquelas em que os adolescentes apresentaram maior grau de autonomia e protagonismo nas ações, “contagiando” professores, colegas, direção e toda a comunidade. Identifica-se que uma das formas mais eficientes de construir esta autonomia é por meio da troca de

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experiências entre escolas, a partir da qual os adolescentes, em contato com outras realidades, percebem a identidade e força de suas ações.

9. Eventos Locais

Diversas experiências relatadas destacam a importância de eventos locais para: a apre-sentação e sensibilização das escolas para a proposta; a integração de ações locais; e a construção coletiva. Este eventos foram identificados como uma estratégia de grande eficiência na apropriação da proposta e das temáticas pelos Coletivos Jovens e no em-poderamento dos grupos.

10. Ferramentas de Comunicação

Para além dos eventos, o encontro com outras realidades tem se dado por meio das fer-ramentas de comunicação. Comunicar para o mundo e para os outros o que a Com-Vida/Agenda 21 na Escola faz e pretende fazer estimula a ação, o aprofundamento dos con-teúdos e a capacidade de expressão, ajudando a construir a identidade dos indivíduos e grupos.

11. Temáticas Fundamentais e Metodologias

Muitas experiências apresentadas mostram que toda a ação e processos de comunica-ção surgem de uma necessidade. Esta necessidade é identificada a partir das temáticas trabalhadas. As questões socioambientais são compreendidas como fundamentais para a vida na sociedade e as formas como abordar, perceber e expressar estas temáticas são igualmente importantes, fazendo da proposta metodológica para a formação das Com-Vidas/Agendas 21 nas escolas, disponível no manual Formando Com-Vida: Construindo Agenda 21 nas Escolas, um aspecto fundamental destas iniciativas.

12. Coletivos Jovens de Meio Ambiente

As estratégias que têm garantido esta qualidade de conteúdos e abordagens metodoló-gicas são a formação continuada e a troca de experiências entre os Coletivos Jovens de Meio Ambiente em todo o Brasil. Neste sentido, o aprofundamento das atividades dos CJs é diretamente sentido nas atividades com as Com-Vidas/Agendas 21 nas Escolas. O conceito de “facilitação” atribuído aos CJs é fundamental para articular conhecimentos e ações nas escolas e construir outras referências na comunidade escolar.

13. Receptividade do Sistema Formal de Ensino

Um dos fatores mais importantes que aqui se destacam para o sucesso das Com-Vidas/Agenda 21 nas Escolas é sua institucionalidade. A compreensão da proposta por parte das Escolas e das instâncias do ensino formal, como secretarias e diretorias de ensino, é o aspecto que tem garantido maior capacidade de ação, empoderamento dos adolescentes e continuidade das ações. O engajamento dos professores também foi ponto de destaque para a mobilização da participação dos alunos e a continuidade das atividades.

PONTOS NEGATIVOS (PEDRAS NO CAMINHO)

1. Falta de recursos

A ausência de suporte material e financeiro por parte do poder público foi um fator apontado como dificultante das atividades. A falta de materiais impressos, em espe-cial do Manual “Formando Com-Vida: Construindo Agenda 21 na Escola”; a necessidade

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de melhoria na infra-estrutura das escolas; e a dificuldade de acesso a algumas localidades, dificultando a troca de informações e a continuidade dos projetos; são gargalos do sistema educacional brasileiro que afetam também as metodologias de atuação dos Coletivos Jovens e das Agendas 21 nas Escolas.

2. Falta de contribuição ou resistência da gestão das escolas

A dificuldade de aceitação das propostas da Educação Ambiental e de Com-Vidas / Agendas 21 nas Escolas e a falta de receptividade por parte do corpo gestor foram fatores determinantes em algumas escolas. Seja devido à falta de entendimento das propostas e de conhecimento sobre a atuação dos movimentos de juventude pelo meio ambiente; seja devido às dificuldades enfrentadas diariamente pela gestão escolar, que criam no corpo gestor uma resistência à aceitação de novas responsa-bilidades, que geralmente não vêm acompanhadas de apoio institucional e recursos para sua execução; os Coletivos Jovens encontraram no desenvolvimento de diferen-tes estratégias de convencimento de diretores, coordenadores, professores e alunos uma forma de contornar este problema.

3. Dificuldades de participação dos estudantes

A falta de discussões prévias nas aulas sobre a temática socioambiental, a ausência da Educação Ambiental no dia-a-dia da escola, bem como dificuldades de entendi-mento da proposta por parte dos estudantes, podem ser explicadas pelo apego de algumas escolas ao uso de metodologias tradicionais de ensino. Ao mesmo tempo, o desinteresse dos alunos pode ser analisado pela perspectiva da influência de padrões de egoísmo e crescimento econômico individualizado expostos pela mídia, que cons-troem resistências às discussões socioambientais. Contudo, muitas escolas passaram a experimentar, através das Com-Vidas / Agendas 21 nas Escolas, novas formas mais democráticas de aprendizagem, sendo os problemas então enfrentados: a falta de tempo dos jovens fora do horário de aula, a sobrecarga de atividades dos mais enga-jados e a saída dos alunos da escola ao completarem o ensino médio.

4. Ausência de parceiras

A falta de parceiros realmente comprometidos com a ampliação das metodologias de educação ambiental propostas através das Com-Vidas / Agendas 21 nas escolas, bem como questões relacionadas a readequações de projetos que obtiveram finan-ciamento, acarretaram longos intervalos entre as visitas dos Coletivos Jovens às escolas.

5. Questões internas a serem aprimoradas pelos Coletivos Jovens

A grande rotatividade de participantes, dificuldades de comunicação entre Coletivos e entre escolas e a pouca experiência de novos participantes dos Coletivos com for-mações para a criação de Com-Vidas / Agendas 21 nas escolas, são questões que vem sendo trabalhadas pelos Coletivos Jovens tanto em ações nos estados quanto através das Conferências Nacionais Infanto-Juvenis de Meio Ambiente e da REJUMA – Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade.

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O QUE É NECESSÁRIO

“A busca por parcerias é fundamen-tal para auxiliar o desenvolvimento do projeto e garantir a continuidade e sustentabilidade do mesmo. Con-seguir o apoio da diretoria é o passo inicial para articular o projeto com as necessidades da escola. Apresen-tações claras e participativas para diretoria, docentes, alunos e comuni-dade são essenciais para a aceitação e concretização das ações.” - Priscila Ikematsu e Leandro Gomes de Freitas - REAUSo

“É preciso formar a juventude, con-forme revela a árvore dos sonhos, para participar da construção de po-líticas públicas de juventude e tam-bém cobrar da escola que assuma o seu papel na transformação socioam-biental.” - Eduardo da Silva Santos e Marco Tulio Cavalcanti - CJ/AL

“Uma visão de futuro, um espírito inovador e um empenho pessoal de todos os membros da comunidade escolar” - Patrícia da Silva Godinho - CJ/GO

“Capacitação formal e informal dos educadores.”- Natália Almeida

“O CJ Ceará acredita que a políti-ca das Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na escola é um instrumento imprescindível para a ampliação da educação ambiental, principalmente por abranger um seg-mento que necessita de constantes formações. Para dar continuidade a essas ações, é necessário criar uma política que fortaleça a idéia das co-missões. Talvez a presença da COM-VIDA nas escolas poderia ser um dos quesitos do MEC para avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica (IDEB). Assim, estimularia a formação de novas comissões e a construção da Agenda 21, ampliando o desenvolvimento da educação am-biental.”- Adelle Ferreira, Fernanda Freire e Katiane Teixeira - CJ/CE

“Cada espaço que garanta a con-servação, preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida deve proporcionar consulta às comunida-des jovens num processo que pro-mova o diálogo em todos os níveis e estabeleça mecanismos que permi-tam o acesso da juventude à tomada de decisões, como em nosso caso os conselhos gestores das unidades de conservação citadas.”- Denise Freires da Silva e Kellyton de Almeida - CJ Arenito

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“Devemos encontrar outras formas de abordagem e intervenção, onde primeiramente sensibilizemos as pes-soas acerca dos Direitos Humanos, de seus valores, da democracia, garim-pando neste universo indivíduos com potencial de transformação, de par-ticipação e compromisso, tornando-os aliados neste desafio. Investir na formação política da juventude volta-da para a participação em instâncias decisórias, analisando criticamente ações dos órgãos públicos e seus re-presentantes. Desta forma, incluir a educação ambiental em políticas públicas e nos planos municipais de educação, pois como vimos, o apoio governamental é fator de sucesso nas ações das Comissões e conseqüente-mente na melhoria da qualidade de vida a que se objetiva a Com-Vida. A criação de núcleos municipais de Co-letivos Jovens vem a auxiliar no forta-lecimento das comissões, superando as dificuldades de acompanhamento. Um programa estadual de juventude e meio ambiente auxiliaria no supor-te a esses jovens, fortalecendo-os e recriando a perspectiva de que pode-mos juntos modificar este quadro.” - Amanda Gemaque, Ana Carla Franco e Gilson Dias - CJ/PA

“Sendo necessário ampliar o sistema de informações. A comunicação surge como ferramenta para as práticas de-mocráticas, pois ninguém pode par-ticipar conscientemente se não for bem informado sobre o assunto em questão.” - Ana Carla Franco - CJ/PA

“É essencial a continuação das par-cerias entre os CJs, Secretarias de Educação e demais parceiros das Comissões Organizadoras Estaduais (COEs).” - Cleverton Silva, José Wald-son Andrade e Thiago Vieira - CJ/SE

“É importante que o governo concre-tize a implementação da Agenda 21 da Juventude brasileira, pois fortale-cerá a juventude nas políticas públi-cas”. Lucas Oliveira - CJ/CE

“Porém, nem sempre o número de alunos correspondia ao esperado, mostrando a necessidade constante de mobilização e estratégias diversi-ficadas a fim de agregar mais partici-pantes e tornar a metodologia mais eficiente.” - Priscila Ikematsu e Lean-dro Gomes de Freitas - REAUSo

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Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Vice-presidente da RepúblicaJosé Alencar Gomes da Silva

Ministro de Estado do Meio AmbienteCarlos Minc Baumfeld

Secretária ExecutivaIzabella Monica Vieira Teixeira

Secretária de Articulação Institucional e Cidadania AmbientalSamyra Brollo de Serpa Crespo

Diretora de Cidadania e Responsabilidade SocioambientalKarla Monteiro Matos

Coordenador da Agenda 21José Vicente de Freitas

A publicação Agenda 21 e Juventude foi organizada pela Coordenação da Agenda 21/DCRS/SAIC/MMA e pela Coordenação Geral de Educação Ambiental do MEC e as opiniões e conceitos emitidos nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores.

Ministério do Meio AmbienteSecretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC Diretoria de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental – DCRS Coordenação da Agenda 21Esplanada dos Ministérios - Bloco BSala 916 - 9ºandar70068-900 – Brasília/DFTel: 55 61 3317-1372Fax: 55 61 3317-1464

Site: http://www.mma.gov.br/agenda21E-mail: [email protected]

Equipe Agenda 21Adriana de Magalhães Chaves MartinsAdriane Cristine GoldoniAlvaro Rocha VeninoAntonio Carlo Batalini BrandãoCamilo Cavalcante de Souza Dagoberto SilvaEdison Netto LasmarEduardo Barroso de SouzaIgor Ferraz da FonsecaJosé Delfino da Silva LimaLeonardo Virginio Gondim CabralMarcio Lima RanauroMaria do Socorro GonçalvesPatrícia Ramos MendonçaUbirajara Fidelis da Silva

DiagramaçãoAlvaro Rocha VeninoPatrícia Weiss Martins de Lima

Revisão e organização de textosAdriane Cristine GoldoniMariana Matos de Santana (CGEA/MEC)Rangel Arthur Mohedano (CGEA/MEC)

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Ministério doMeio Ambiente

Ministério daEducação

Edição nº 3 Julho de 2009

Experiências de todo o Brasil