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1 EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO FUNDAMENTAL: MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Jéssika Míirlla Farias de Sousa 1 Vanúsia Cordeiro Soares 2 Josandra Araújo Barreto de Melo 3 1. INTRODUÇÃO O Estágio Supervisionado é um componente curricular obrigatório no Curso de Licenciatura em Geografia, constituindo a oportunidade de unir a teoria à prática, momento em que os estagiários têm para aprofundar seus conhecimentos, adquirir experiências práticas como educadores, demonstrando na prática os conhecimentos adquiridos no âmbito acadêmico, assim como vivenciarem a realidade da escola e de sala de aula, fortalecendo a postura, segurança, clareza e capacidade de lidar com as possíveis situações difíceis a serem enfrentadas, permitindo que o educador em formação consiga avaliar sua práxis, confrontando a realidade do ensino com a teoria, para assim, refletir e contribuir com o processo de ensino-aprendizagem. Ainda é comum se encontrar nas escolas brasileiras um ensino de Geografia fragmentado em que os professores ainda fazem utilização de uma metodologia arcaica, usando o livro didático como único recurso, tornando as aulas cansativas. Por outro lado, muitos discentes, por consequência da metodologia tradicional utilizada pelos professores, se acomodam, não buscando auxílio a fim melhorar as aulas, tornando-se alunos desinteressados, constituindo uma relação de causa, efeito com consequências negativas para o ensino como um todo. O ensino e a pesquisa desenvolvidas no estágio têm por finalidade permitir que o estudante de licenciatura perceba essas dificuldades a serem enfrentadas durante sua vida profissional, bem como adquira experiência, afinal, como aprender o que não se consegue vivenciar apenas com a teoria oferecida pela universidade? É necessário que 1 Estudante do curso de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba. 2 Estudante do curso de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba. 3 Professora do Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba.

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EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO ENSINO FUNDAMENTAL: MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Jéssika Míirlla Farias de Sousa1 Vanúsia Cordeiro Soares 2

Josandra Araújo Barreto de Melo 3

1. INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado é um componente curricular obrigatório no Curso de

Licenciatura em Geografia, constituindo a oportunidade de unir a teoria à prática,

momento em que os estagiários têm para aprofundar seus conhecimentos, adquirir

experiências práticas como educadores, demonstrando na prática os conhecimentos

adquiridos no âmbito acadêmico, assim como vivenciarem a realidade da escola e de

sala de aula, fortalecendo a postura, segurança, clareza e capacidade de lidar com as

possíveis situações difíceis a serem enfrentadas, permitindo que o educador em

formação consiga avaliar sua práxis, confrontando a realidade do ensino com a teoria,

para assim, refletir e contribuir com o processo de ensino-aprendizagem.

Ainda é comum se encontrar nas escolas brasileiras um ensino de Geografia

fragmentado em que os professores ainda fazem utilização de uma metodologia arcaica,

usando o livro didático como único recurso, tornando as aulas cansativas. Por outro

lado, muitos discentes, por consequência da metodologia tradicional utilizada pelos

professores, se acomodam, não buscando auxílio a fim melhorar as aulas, tornando-se

alunos desinteressados, constituindo uma relação de causa, efeito com consequências

negativas para o ensino como um todo.

O ensino e a pesquisa desenvolvidas no estágio têm por finalidade permitir que o

estudante de licenciatura perceba essas dificuldades a serem enfrentadas durante sua

vida profissional, bem como adquira experiência, afinal, como aprender o que não se

consegue vivenciar apenas com a teoria oferecida pela universidade? É necessário que

1 Estudante do curso de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba.

2 Estudante do curso de Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Estadual da Paraíba.

3 Professora do Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paraíba.

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se superem problemas existentes no âmbito educacional a exemplo de como incorporar

a vivência dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, utilizando os elementos do

cotidiano para a construção dos conceitos geográficos, haja vista, ser evidente a

importância da Geografia na vida dos alunos, contribuindo em sua formação e dando

subsídios para a compreensão das relações existentes no espaço geográfico, na relação

entre homem e natureza.

Mediante o exposto, o presente artigo objetiva relatar e analisar a experiência

vivenciada pelos estagiários no estágio supervisionado, possibilitando uma maior

aproximação com o futuro campo de atuação, podendo unir a teoria à prática,

colaborando para formação acadêmica.

2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA IMPORTÂNCIA NA FORMAÇÃO INICIAL DOS LICENCIANDOS

O estágio supervisionado está entre os componentes curriculares obrigatórios do

Curso de Licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Constitui o primeiro contato que o licenciando desenvolve com seu futuro campo de

atuação, obtendo uma melhor concepção a respeito do cotidiano escolar, a fim do

aprimoramento de sua formação inicial.

Na universidade, se debatem vários temas com relação às vivências no ambiente

escolar, destacando diversas situações e futuros problemas a serem enfrentados, mas

nenhum deles é comparado com a real atuação do licenciando na prática do estágio,

conforme o próprio entendimento encontrado na literatura:

A experiência do estágio é essencial para a formação integral do aluno, considerando que cada vez mais são requisitados profissionais com habilidades e bem preparados. Ao chegar à universidade o aluno se depara com o conhecimento teórico, porém muitas vezes, é difícil relacionar teoria e prática se o estudante não vivenciar momentos reais em que será preciso analisar o cotidiano (MAFUANI, 2011.).

O primeiro contato com o ambiente escolar onde o aluno vai estagiar é

problemático, pois vai ser onde ocorrerá o confronto entre as situações colocadas na sala

de aula e a realidade do ensino público. E, nesse contexto, muitas vezes os estagiários

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não se apresentam preparados para exercer suas funções, apresentando grandes

dificuldades, a exemplo da necessidade de melhor habilidade com a exploração dos

conteúdos, da falta de controle com os alunos e, até mesmo, a insegurança por sua

postura não ser mais a de aluno, mas de estagiários. Estas constatações vêm sendo

discutidas pela licenciatura de Ensino de Geografia:

Os estagiários traziam da universidade pouca ou nenhuma experiência de prática e tinham dificuldade na transposição didática do conhecimento científico aos alunos. O tempo para planejamento, pesquisa, discussão e replanejamento era insuficiente, e eles acabavam reproduzindo no estágio o modelo de aula expositiva, com uso do livro didático e a exigência da disciplina rigorosa (utilizada no método tradicional). (MALISZ;PASSINI, 2007, p.19).

Nos cursos de licenciatura, o papel de estágio deveria ser melhor discutido a fim

de ampliar o tempo de permanência dos estagiários nas escolas, possibilitando

momentos de discussões e reflexões com os professores regentes, pois a formação dos

licenciandos não acontece apenas nas universidades, conforme destaca a literatura de

estágio supervisionado:

O objetivo do Estágio Supervisionado é proporcionar ao aluno a oportunidade de aplicar seus conhecimentos acadêmicos em situações da prática profissional, criando a possibilidade do exercício de suas habilidades. Espera-se que, com isso, que o aluno tenha a opção de incorporar atitudes práticas e adquirir uma visão crítica de sua área de atuação profissional (OLIVEIRA; CUNHA, 2006.)

Nas salas de aula onde os licenciandos vão estagiar são encontrados professores

com muitos anos de atuação, onde o único método utilizado para dar as aulas de

Geografia, muitas vezes ainda é o tradicional, com a utilização apenas do livro didático,

reproduzindo todos os conteúdos conforme a sequência do livro. Com isso, não se está

afirmando que o livro didático deva ser abolido das aulas, até porque é em muitos casos,

o recurso mais disponível, porém devem ser adicionadas outras ferramentas associadas à

criatividade para que se consiga dar boas aulas.

Não são os recursos didáticos que transformam aulas de reprodução em aulas de construção. Temos que definir se queremos formar alunos copiadores ou criativos, alunos submissos ou críticos, se utilizamos pensamentos prontos ou

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incentivamos nossos alunos a pensar; enfim, essa decisão metodológica é do professor. (PASSINI, 2010, p. 103).

Nesse encaminhamento, a presente experiência de estágio se fundamenta nos

princípios humanistas, buscando incorporar o cotidiano dos alunos ao ensino de

Geografia na escola campo de estágio. A escolha deste enfoque se deu a partir da

percepção de que a maioria dos livros didáticos aborda os conteúdos com exemplos

muitas vezes, distantes da realidade dos alunos, sendo necessária a habilidade do

professor para conseguir aproximar essas realidades.

O estágio mostra ao estagiário a mudança que o ensino precisa para que, assim,

possa atingir seus objetivos de um bom aprendizado, fazendo que ele perceba que

também faz parte dessa mudança, com sua contribuição para a construção de

conhecimentos. Como afirmam Pimenta e Lima, (2010), a finalidade do estágio é

propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará. Assim, o estágio se

afasta da compreensão até então corrente, de que seria a parte prática do curso.

Defendendo uma nova postura, uma redefinição do estágio, que deve caminhar para a

reflexão, a partir da realidade.

3. A ESCOLA ENQUANTO CAMPO DE PESQUISA PARA OS LICENCIANDOS

A geografia escolar constitui um campo de investigação tanto para os próprios

educadores nas escolas, quanto para os licenciandos, que podem utilizar todo o

ambiente escolar como campo de pesquisa. Como afirma Pimenta (2010, p. 48), as

pesquisas nessa área têm caminhado dos estudos sobre sala de aula, preocupadas em

conhecer e explicar o ensino e a aprendizagem em situações escolares.

Nesse contexto, a pesquisa não está apenas relacionada aos conteúdos

específicos, numa perspectiva acadêmico-científica. No ambiente escolar, também se

faz pesquisas, relacionadas ao ensino, metodologias e tudo que pode melhorar ou que

está prejudicando a educação, conforme destacam Pimenta e Lima (2010):

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Não inclui apenas a críticas ao contexto social em que se dá a ação educativa. Assim, reduz a investigação sobre a prática aos problemas pedagógicos que geram ações particulares em aula, perspectiva essa restrita, pois desconsidera a influência da realidade social sobre ações e pensamentos e sobre o conhecimento como produto de contextos sociais e históricos. (ibidem, P. 52).

A escola não é apenas um espaço para o ensino e aos licenciandos um ambiente

de estágio, mas também de observação e pesquisa, está relacionado a tudo o que é

produzido no ambiente da escola e da disciplina, haja vista ser o professor o pesquisador

de sua prática. Nessa perspectiva, o papel do estágio vai além da regência, conforme o

entendimento da literatura:

O estágio, então, deixa de ser considerado apenas um dos componentes e mesmo um apêndice do currículo e passa a integrar o corpo de conhecimento do curso de formação de professores. Poderá permear todas as suas disciplinas, além de seu espaço específico de análise e síntese ao final do curso. Cabe-lhes desenvolver atividades que possibilitem o conhecimento, a análise, a reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições, a fim de compreendê-las em sua historicidade, identificar os resultados, os impasses que apresenta, as dificuldades. (PIMENTA, 2010, P. 54).

O principal objetivo de inserir a pesquisa nas escolas é pela busca de

possibilidades para inovação na educação, como a importância da utilização de novas

estratégias e recursos didáticos, principalmente tecnológicos que, muitas vezes, não

estão incorporadas no contexto da escola. Ainda é visível a centralização nos conteúdos

do livro didático, perdendo sua consistência por ser utilizado como única fonte de

informação, sendo colocado como prática para todos os conteúdos, não mostrando os

aspectos reais do cotidiano, para que se possa discutir a partir do entorno local dos

discentes, tão importantes para o ensino-aprendizagem, conforme destacam Furlanetto

et. al. (2007):

As apropriações culturais ou as aprendizagens mais significativas de caráter mais vivo são as que ocorrem graças ás vivências diretas de que temos em nossos encontros com o mundo da natureza, das pessoas, ou dos objetos culturais, ou seja, aquelas que são os resultados de nossos confrontos constantes e diretos com o mundo físico, os objetos construídos, outras pessoas, as relações sociais e as condensações de culturas (obras de arte, as instituições, etc.) (ibidim, p.36).

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O estágio para os licenciandos é uma possibilidade de pesquisa no seu futuro

campo de atuação, pois amplia a sua vivencia na escola, buscando iniciativas e

possibilidades com propostas metodológicas para a melhoria do processo ensino e

aprendizagem para, assim, mudar a realidade do ensino de Geografia.

4. A IMPORTÂNCIA DA ESCOLHA METODOLÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.

Viabilizar o aprendizado do aluno é a principal meta do professor. Assim, a fim

atingir seus objetivos e promover a interação entre e com os alunos é preciso tornar o

aprendizado significativo, possibilitando tornar os alunos cidadãos capazes de associar

os conhecimentos adquiridos no ambiente escolar ao seu contexto social. Nessa

perspectiva o professor deve ter bem claro as concepções metodológicas que

fundamentam sua prática, como foi evidenciado por Paiva a et al. (2013), em :

Nesse caso, ao professor, é incumbido o papel de sistematizar os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos a partir de seu contexto social, proporcionando atividades dirigidas e orientadas, a fim de garantir um novo significado à sua existência, seja grupal e individual. Pelo exposto, tornou-se salutar a construção desse texto, uma vez que consideramos ser relevante a didática, enquanto instrumento, para o processo de ensino e aprendizagem. Isto porque a prática pedagógica efetivamente produz frutos quando o ensino é encarado como uma ação sistemática, que tem um foco traçado, métodos escolhidos e recursos adequados a serem utilizados. (Ibidem, p.01).

Tendo em vista o método de ensino tradicional ainda muito presente nas escolas

e na prática de diversos docentes, um dos objetivos do estágio é observar a atuação do

professor regente, verificar as metodologias utilizadas e, a partir daí, propor novas

estratégias didático-pedagógicas, a fim de superar o cenário em tela. Nessa perspectiva,

propõe-se o espaço escolar como local de pesquisa e construção de saberes a serem

compartilhados.

No contexto educacional, as ações devem ser previamente planejadas, de modo

que os objetivos primordiais de cada abordagem sejam atingidos, assim, pensar em

formas de fazê-lo é imprescindível. O papel desempenhado pelo livro didático nas salas

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de aula é de muita importância, uma vez que esta é a ferramenta base do trabalho

docente. Todavia, o que irá despertar o interesse do educando é, justamente, a

criatividade do professor ao utilizar este recurso durante suas aulas.

Este fato pôde ser observado durante o período de estágio supervisionado,

momento no qual o profissional em atuação demonstrou habilidade para superar os

entraves encontrados em relação ao trabalho com o livro didático, conseguindo instigar

a turma e obter melhores rendimentos no processo ensino- aprendizagem,

materializando o que Passini denomina de bons professores:

Sem uma articulação bem-organizada entre conteúdo e forma, a utilização de retroprojetores e da internet pode não contribuir significativamente para que o aluno passe de um conhecimento menor ou empírico para um conhecimento melhorado e sistematizado. Em contrapartida, há bons professores, que, mesmo utilizando a própria voz, giz e o quadro-negro, conseguem envolver os alunos em atividades produtivas na construção do saber científico. (PASSINI, 2010, p. 78-79).

O conhecimento não só é transmitido por professores que utilizam recursos

tecnológicos em todas suas aulas, mas também por aqueles que elaboram dinâmicas

utilizando apenas os materiais escolares que os alunos dispõem, criando uma ferramenta

a mais para concretizar o aprendizado da turma, assimilando os conceitos e habilidades

de forma participativa.

5. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA

A E.E.E.F.M. Assis Chateaubriand, localiza-se na zona leste da cidade de

Campina Grande, PB, no bairro do Santo Antônio. A figura 1 apresenta a localização da

escola no contexto da cidade de Campina Grande.

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Figura 1: Localização da E.E.E.F.M. Assis Chateubriand. Fonte: Google Maps, 2010, adaptado por Sousa, J. M. F.

A sua estrutura física apresenta-se distribuída em 3 pátios, onde um deles é o que

dá acesso a escola, com jardim e poucas árvores. A escola possui uma quadra para os

alunos realizarem atividades esportivas, onde também acontecem as aulas de educação

física, possui corredores que dão acesso a várias salas de aulas, distribuídas entre o

ensino fundamental e médio, além de laboratórios de informática e ciências físicas e

biológicas.

6.0. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1. Caracterização das aulas da professora titular e recursos didáticos utilizados

As observações feitas durante o estágio supervisionado I, do curso de

licenciatura em Geografia, com a orientação da Prof.ª Dr.ª Josandra Araújo Barreto de

Melo, foi realizado no dia 15 de Outubro de 2013 ao dia 15 de Dezembro do mesmo

ano, na escola Estadual Assis Chateaubriand, foi de grande contribuição para o processo

de formação inicial.

A turma participante do estágio supervisionado foi do 6º ano do ensino

fundamental, com 30 alunos matriculados, no entanto, frequentavam cerca de 20. Em

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todos os dias de observação, a professora ministrou as aulas de forma diferenciada,

trabalhando o desenvolvimento da leitura dos discentes e a interpretação de textos.

Seu procedimento para ministrar as aulas era com a utilização de xerox de

apostilas que tratavam do mesmo conteúdo do livro didático, porém com exemplos

característicos do entorno local dos discentes. No início das aulas, a professora escolhia

um aluno para fazer a leitura e, assim, explicar o que foi lido e exemplificar a partir da

sua realidade.

Em algumas aulas que presenciou-se os conteúdos abordados mediante

observação, foram ilhas de calor, tipos de moradia, e fontes de energia ocasião em que a

professora integrou o texto trabalhado com a realidade e a prática social dos discentes,

problematizando os conteúdos para que o grupo interagisse e formulasse hipóteses,

sobre o porque dos fatos.

No caso das ilhas de calor a professora enfatizou a presença de edificações e das

alterações da paisagem feitas pelo homem nas cidades, e os alunos deram exemplos a

respeito do centro de Campina Grande, por perceberem que a temperatura é maior do

que as ruas em que moram. Na verdade, a articulação entre as escalas geográficas

resultou em condições estimulantes para a aprendizagem, conforme o que coloca

Kimura (2008, p.78):

Dessa maneira podem ser criadas e apresentadas condições para estimular o aluno na percepção dos aspectos ambientais, como o calor, o frio, a umidade, o vento e etc. E, assim, realçar a concretude corporal do aluno em sua relação com um aspecto do espaço geográfico.

Na explicação do conteúdo tipos de moradia, a professora solicitou que um dos

alunos fizesse a leitura, e, expusesse para a turma a sua interpretação a respeito do texto.

Ele tomou como o cortiço, dando características de sua casa relatando as dificuldades e

o alto índice de criminalidade nas proximidades.

O último conteúdo trabalhado pela professora regente foi fontes de energia.

Após as discussões a respeito do conteúdo, a professora colocou em prática a proposta

inicial no sentido de melhor conceituar e diferenciar fontes renováveis e não renováveis.

Os alunos foram orientados a se dividirem em dois grupos e em cada equipe ficou um

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estagiário para orientá-los nas respostas. A dinâmica (Fig. 2), funcionou da seguinte

forma: A professora regente, a partir do livro didático, criava perguntas e os alunos

tinham que responder sem nenhuma ajuda, apenas com o conhecimento adquirido nas

aulas anteriores sobre o conteúdo.

A partir da dinâmica, foi perceptível a participação e o aprendizado dos alunos,

onde a maioria que respondeu as questões se posicionou de forma correta, de modo que

a competição terminou empatada. O trabalho coletivo exercita o diálogo, a reflexão e a

interação de todos os envolvidos, proporcionando a interatividade e a construção do

conhecimento.

Fig. 02: Ilustração da dinâmica trabalhando com a turma do 6º ano da Escola Assis Chateaubriand Fonte: Sousa, J. M. F. de (2013).

A atuação da professora titular em sala de aula contribuiu bastante para

formação profissional das estagiárias, demonstrando que boas aulas não acontecem

apenas com o uso de recursos tecnológicos, mas com a utilização dos próprios recursos

disponíveis na escola, sendo possível tornar aulas monótonas em dinâmicas, buscando

sempre novos meios para que os alunos interajam.

Desse modo, foi perceptível o esforço da professora regente, a qual vem

possibilitando que os alunos aprendam a partir do seu cotidiano, sempre inovando sua

metodologia e os recursos utilizados em suas aulas. A docente já desenvolveu um

projeto com a temática reciclagem, onde após oficinas com vídeos e discussões a

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respeito do assunto os discentes trabalharam com materiais que seriam jogados fora,

sendo orientados a criar um objeto e, em seguida, conscientizando-se sobre as

consequências dos resíduos sólidos sobre o meio ambiente.

A escolha do conteúdo para ensinar Geografia deve ser feita pensando na responsabilidade da formação do cidadão que precisa entender o mundo. A forma, a transposição didática, utiliza o conhecimento construído e as ferramentas da inteligência de que o aluno dispõe para que ele avance do conhecimento menor para um conhecimento maior. Não é simples como ler uma bula de remédio e aplicar a dosagem por faixa etária. Precisamos entender os mecanismos de construção de conhecimento para o tema a ser trabalhado: quais conceitos e habilidades serão estruturantes para que o aluno consiga passar do conhecimento empírico para o conhecimento científico. (PASSINI, 2010, p.38)

Portanto, o estágio supervisionado é de grande importância para o licenciando,

sendo a possibilidade do enfrentamento de situações novas, que permeiam as práticas,

vivenciando a dinâmica da realidade da sala de aula, convencidos da necessidade de

desenvolver práticas de ensino que busquem promover o aprendizado com aulas

participativas e significativas, tornando o estágio como um instrumento de vivência da

teoria, contribuindo para formação docente.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da experiência vivenciada de dois meses na escola E.E.E.F.M. Assis

Chateaubriand, percebeu-se que o estágio configurou como um momento de decisão,

principalmente pelas experiências vivenciadas na prática de sala de aula, mesmo que o

estágio tenha sido apenas de observação, foi possível vivenciar situações que, no âmbito

acadêmico, não é possível encontrar explicações, despertado nos estagiários a

possibilidade de um ensino de Geografia mais dinâmico e participativo.

Portanto para os estagiários, foi de grande experiência o conhecimento prático

adquirido, que se fez necessário para formação docente, pois ampliou a vivência na

escola possibilitando a sala de aula como campo de pesquisa para a transformação do

processo de ensino-aprendizagem, Possibilitando superar a visão que o estágio

supervisionado é apenas observação das aulas ou a própria regência, mas sim, o campo

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para o desenvolvimento de pesquisas, buscando resultados que podem ser revertidos

para a melhoria do ensino.

REFERÊNCIAS

FURLANETTO, E. C. Sujeitos, aprendizagem e experiência. In.: A escola e o aluno,

relações entre sujeito-aluno e sujeito-professor. São Paulo: Avercamp, 2007.

KIMURA, Shoko. Geografia do ensino básico: Questões e propostas. São Paulo:

Contexto, 2008.

MAFUANI, F. Estágio e sua importância para a formação do universitário.

Instituto de Ensino superior de Bauru. 2011.

OLIVEIRA, E.S.G.; CUNHA, V.L. O estágio Supervisionado na formação

continuada docente à distância: desafios a vencer e Construção de novas

subjetividades. Revista de Educación a Distancia. Ano V, n. 14, 2006.

PAIVA, R.I.D. A importância da didática no processo de ensino e aprendizagem: A

prática do professor em foco. 2013.

PASSINI, Elza Yasuko. Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. 2.

ed. São Paulo: Contexto, 2010.PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro

Lucena. Estágio e Docência. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2011.