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Universidade do Minho Escola de Psicologia Joseane Eugene Sena Almeida junho de 2017 Exploração Vocacional e Satisfação com a Vida de Jovens em Acolhimento Cabo-Verdianos Joseane Eugene Sena Almeida Exploração Vocacional e Satisfação com a Vida de Jovens em Acolhimento Cabo-Verdianos UMinho|2017

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Universidade do MinhoEscola de Psicologia

Joseane Eugene Sena Almeida

junho de 2017

Exploração Vocacional e Satisfação com a Vida de Jovens em Acolhimento Cabo-Verdianos

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Joseane Eugene Sena Almeida

junho de 2017

Exploração Vocacional e Satisfação com a Vida de Jovens em Acolhimento Cabo-Verdianos

Trabalho efetuado sob a orientação daDoutora Ana Daniela dos Santos Cruzinha Soares da Silva

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Universidade do MinhoEscola de Psicologia

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DECLARAÇÃO

Nome: Joseane Eugene Sena Almeida

Endereço Eletrónico: [email protected]

Bilhete de Identidade/Cartão do Cidadão: C5C738647

Título dissertação/tese: Exploração Vocacional e Satisfação com a Vida de Jovens em

Acolhimento Cabo-Verdianos.

Orientadora: Doutora Ana Daniela dos Santos Cruzinha Soares da Silva

Ano de conclusão: 2017

Designação do mestrado: Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA TESE/TRABALHO

APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE

DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE.

Universidade do Minho, _____/_____/_________

Assinatura:______________________________

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Índice

Agradecimentos ............................................................................................................... iii

Resumo ............................................................................................................................. iv

Abstract ............................................................................................................................. v

Introdução .......................................................................................................................... 6

Método ............................................................................................................................ 12

Participantes .......................................................................................................................... 12

Instrumentos de Medida ....................................................................................................... 13

Procedimentos de recolha dos dados .................................................................................... 16

Procedimentos da análise dos dados ..................................................................................... 16

Resultados ....................................................................................................................... 17

Discussão ......................................................................................................................... 19

Referências ...................................................................................................................... 21

Índice de Tabelas

Tabela 1. Dimensões do CES ................................................................................................... 14

Tabela 2. Coeficiente de consistência interna das dimensões do CES ..................................... 15

Tabela 3. Estatística descritiva das dimensões do CES e da escala SLWS.............................. 17

Tabela 4. Dimensões do CES e a escala SLWS em função do género: teste T-student...............18

Tabela 5. Coeficientes de correlação de Pearson entre as dimensões do CES e escala SWLS...19

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Agradecimentos

Gostaria de dedicar os meus mais sinceros e profundos agradecimentos:

Agradeço á Doutora Ana Daniela Silva, pela orientação prestada na realização deste

trabalho assim como pela sua recetividade e disponibilidade ao longo do período que me

orientou. À Doutora Maria do Céu Taveira, pelo incentivo, apoio e hospitalidade sempre

prestada, á toda equipa de investigação, Learning Achievement and Career – LAC por todas

as oportunidades de aprendizagem pela ajuda e conhecimento transmitido.

À Universidade do Minho, em particular a todos os docentes com que tive o prazer de

me cruzar, que marcaram o meu percurso académico, pelos conhecimentos que me

transmitiram nestes últimos dois anos.

Às instituições de acolhimento residencial e aos seus jovens, pela boa vontade e

disponibilidade, pois sem os quais este trabalho não teria sido possível.

Á minha família, em especial aos meus pais, por me proporcionarem toda a formação

e educação e pelo amor e poio incondicional.

Enfim, agradecimento imenso a todos, que de uma forma ou de outra, permitiram que

este trabalho se realizasse.

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Exploração Vocacional e Satisfação Com a Vida de Jovens em Acolhimento Cabo-Verdianos

Resumo

O presente estudo propõe caracterizar e analisar as relações entre a Exploração Vocacional e a

Satisfação com a Vida em jovens em acolhimento residencial Cabo-Verdianos. A amostra

deste estudo incluí 122 jovens em acolhimento residencial com idades compreendidas entre os

12 aos 24 anos, sendo que 52 (42,6%) raparigas e 70 (57,4%) rapazes. Os participantes

responderam a um questionário sociodemográfico, ao Inventário de Exploração Vocacional e

à Escala de Satisfação com a Vida. Realizaram-se t testes de comparação de médias e testes

de Correlação de Pearson. Os resultados indicam que os rapazes apresentam maiores níveis

de satisfação com a vida do que as raparigas, mas as raparigas valores significativamente mais

elevados nas dimensões da exploração relacionadas com o estatuto de emprego e a

instrumentalidade interna. Verificou-se, ainda, a existência de correlações significativas entre

a satisfação com a vida e o estatuto de emprego, a instrumentalidade interna, a exploração

sistemática intencional e quantidade de informação. Estes resultados fornecem evidência

empírica, que pode sustentar o desenvolvimento de intervenções de carreira ajustadas às

necessidades desta população específica.

Palavras-chave: exploração vocacional, satisfação com a vida, jovens,

institucionalização, género.

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Career Exploration and Life Satisfaction in Cape Verdean Residential Care Youths

Abstract

The propose of the actual study is to analyze the relationship between career

exploration and life satisfaction in cape Verdean residential care youths. The sample of this

study includes 122 youths in residential care aging between 12 and 24, being 52 (42, 6%) girls

and 70 (57, 4%) boys. The participants answered to a socio-demographic questionnaire, the

Career Exploration Survey and the Satisfaction with Life Scale. It was made comparative test

of average and levels of Pearson correlation. The results have shown that boys have high

satisfaction levels with life than girls but girls have more high significantly values in terms of

exploration dimension relate to job statute and the internal instrumentality. It has found also

the existence of significants correlation between life satisfaction and the job statute, the

internal instrumentality and intentional systematic exploration, and the quantity of

information. These results give empirical evidence that can support the development of

interference of adjusted career to the needs of the specific population.

Key words: career exploration, life satisfaction, young adolescents,

institutionalization, gender.

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Introdução

Este estudo insere-se numa linha de investigação sobre o desenvolvimento de

populações específicas e em situação de vulnerabilidade, de forma a promover intervenções

de carreira ajustadas às suas características particulares, mais concretamente, jovens em

acolhimento residencial cabo-verdianos.

O arquipélago de Cabo-verde é um pequeno país insular, localizado no Oceano

Atlântico a cerca de 500 km da costa ocidental Africana cuja população residente engloba

cerca de meio milhão de habitantes, distribuída por nove ilhas habitadas, encontrando-se

metade desta em Santiago, a maior ilha do arquipélago (Instituto Nacional de Estatísticas de

Cabo Verde [INECV], 2015).

O governo de Cabo Verde assume questões de educação, saúde e direitos das crianças

e adolescentes como prioridade no país. Estas prioridades consubstanciam-se, por exemplo,

na Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nº 103/III/90), publicada no Boletim Oficial, nº

52, de 29 de Dezembro de 1990, que define um modelo de sistema educativo assente na

universalização do direito à educação, no alargamento da escolaridade obrigatória e

valorização da formação pessoal e social dos alunos ou num conjunto de leis favoráveis à

proteção de crianças e adolescentes, à sua relação com a família e com os poderes públicos,

com vista ao seu desenvolvimento, referidas na Constituição da República, no Código da

Família, no Código de Menores e nos Códigos Civil e Penal. São exemplos destas leis, a

proibição do contrato de trabalho com crianças abaixo de 15 anos e que não tenham concluído

o ensino básico (Código Civil, 2000, artigo 135º) ou as que comtemplam o acolhimento de

jovens em risco (Lei nº50/VIII/2013, artigo 123º).

De acordo com o artigo 123º da lei nº50/VIII/2013, o acolhimento em instituição,

consiste na colocação da criança ou do adolescente em situações de risco aos cuidados de uma

entidade que disponha de instalações e equipamentos de acolhimento permanentes. Poderão

beneficiar dos programas de acolhimento institucional, as crianças e os adolescentes que

tenham sofrido ofensas à sua integridade pessoal, estejam privados da convivência familiar e

que devam ser, por homologação ou sentença judicial, colocados em programas de

acolhimento institucional. Cabe ao Estado, através do Instituto Cabo-verdiano da Criança e do

Adolescente (ICCA), definir as condições de organização e funcionamento das instituições de

acolhimento públicas ou privadas.

O Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) é o órgão encarregado

da promoção e execução da política social para a infância e adolescência em Cabo Verde.

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Assume algumas competências como, contribuir para a formulação de uma política de

atendimento aos direitos da criança e do adolescente; decretar medidas de proteção,

assistência e educação relativamente aos menores em situação de risco; programar,

supervisionar, coordenar e executar atividades e projetos de proteção da criança e do

adolescente em situação de risco; promover ações de prevenção que visem sensibilizar e

mobilizar a comunidade para a problemática das crianças e dos adolescentes e defender os

seus interesses; supervisionar as instituições de atendimento a crianças e adolescentes. Este

assume, ainda, programas de proteção e reinserção social de crianças em centros de

acolhimento, garantindo proteção e segurança à criança, em situação de risco e alto risco, em

espaço de acolhimento, facilitadores da sua posterior integração escolar, sociofamiliar e/ou

profissional (Panorama, 2010).

O acolhimento em instituição pode ser de emergência, curta ou longa duração, sendo

que o acolhimento de curta duração tem lugar em centros de acolhimento temporário, por

prazo não superior a doze meses, enquanto o acolhimento de longa duração tem lugar em

lares para crianças e adolescentes, com prazo superior a doze meses. Os Centros para crianças

e adolescentes são organizados segundo modelos educativos adequados às crianças e aos

adolescentes neles acolhidos, devem ser especializados ou ter valências especializadas, de

acordo com o tipo de população que recebem. Os programas de acolhimento institucional

também funcionam em regime aberto ou semiaberto, sendo que, o regime aberto implica a

livre entrada e saída da criança e do adolescente da instituição, de acordo com as normas

gerais de funcionamento, tendo, apenas, como limites, as resultantes das suas necessidades

educativas e da proteção dos seus direitos e interesses. Por sua vez, o regime semiaberto

implica saídas autorizadas e por período pré-determinado, de forma a facilitar a sua

convivência familiar e comunitária (Lei nº50/VIII/2013).

Embora não se saiba o número certo de crianças e jovens, que se encontram,

atualmente, em acolhimento residencial, o relatório Análise de Situação da Criança e

Adolescente em Cabo Verde, refere que, no mês de Maio de 2011, existiam 371 crianças em

sete Centros de Acolhimento, sendo a maioria delas (63%) meninos. Estes faziam parte do

programa de Proteção e Reinserção Social, que pretende garantir a proteção e segurança à

criança, em situação de risco e alto risco, em espaço de acolhimento (Cardoso, 2011).

Grande número de crianças e jovens chegam aos Centros de Acolhimento,

encaminhados pelos programas de atendimento do ICCA, pelo tribunal, pela polícia e pelos

serviços de saúde, sendo que em alguns casos a própria família acaba por enviar as crianças.

Por motivos relacionados com a falta da estrutura familiar, isto é, crianças e adolescentes

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filhos de pais dependentes de substâncias, filhos de pais com doenças crónicas e em

ambientes de conflitos familiares; em situações de risco à estrutura física e emocional, isto é,

crianças que sofreram maus tratos, violação sexual, emocional ou psicológica e que, de

alguma maneira, estão em risco dentro de suas casas; crianças em situação de rua, isto é,

crianças que foram abandonadas pelos pais ou são órfãos, ou que vivem na rua, praticando

pequenos furtos; crianças que têm problemas de ensino ou que estão fora do sistema de ensino

e com desvio comportamental. Alguns relatos dos Centros são mais detalhados e confirmam

que lá existem crianças e adolescentes com baixa autoestima e que apresentam distúrbios de

comportamentos, que limitam a sua capacidade de suportar frustrações e controlar impulsos e

que são marcados por uma socialização inadequada, para promover o respeito pela vida e pela

dignidade dos seres humanos (Cardoso, 2011).

Apesar dos estudos e atenção que esta população tem vindo a receber na literatura da

psicologia da carreira devido às suas características específicas de vulnerabilidade, na área do

desenvolvimento de carreira e construção de projetos de vida (Forsman & Vinnerljung, 2012;

Silva & Ribeiro, 2012; Silva & Marques, 2015), em Cabo Verde denota-se a falta de estudos

associados á psicologia vocacional, apesar da utilidade dada a estes assuntos no contexto

internacional para a compreensão do desenvolvimento vocacional (Cardoso, 2011).

Chantre e Furtado (2015) estudaram as perceções de família dos jovens cabo-

verdianos em acolhimento e verificaram que o facto de as crianças e adolescentes Cabo-

Verdianos viverem com as famílias ou em instituições de acolhimento influenciavam a

representação de família das mesmas, uma vez que possuem um percurso histórico

completamente diferente, chegando, no entanto, à conclusão que ambos têm a mesma

precessão da importância da família.

Estudos de Ferreira (2013), com jovens em acolhimento institucional em Portugal,

concluem que estes apresentavam menores aspirações ideal e realista, pelo facto de

manifestarem resultados escolares inferiores ao esperado para a sua faixa etária, terem uma

localização temporal muito assente no presente, possuírem baixas expectativas parentais e

apresentarem uma visão limitada ou discrepante de si e das oportunidades que lhes são

oferecidas. Estes estudos, sobre a exploração vocacional em populações vulneráveis,

nomeadamente, jovens em acolhimento residencial, permitem aprofundar o conhecimento

acerca da construção de suas carreiras e, portanto, proporcionar intervenções de carreira mais

adaptadas às suas necessidades (Silva & Ribeiro, 2012). De uma forma geral, estes estudos

encontram, nesta população, um conjunto de características comuns como: autoconceito

negativo, baixa auto estima, desinteresse e fracasso escolar, abandono escolar, em certos

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casos, comportamentos desviantes e marginais (Stein, 2006). Também mencionam que esta

população enfrenta uma série de barreiras de carreira, para além de problemas decorrentes da

falta de estrutura familiar que impedem a probabilidade de sucesso profissional. Soares

(2013) também identificou como principais barreiras de carreira nos jovens

institucionalizados, a perceção de maior restrição de oportunidades e de limitações na

formação, barreiras relacionadas com a descriminação étnica, assim como a perceção de

problemas de saúde e falta de confiança, que poderão influenciar de uma forma negativa as

suas carreiras. Ainda no estudo feito por Silva e Marques (2015), sobre a exploração

vocacional com jovens institucionalizados portugueses, estes apresentavam níveis baixos de

exploração de si e uma baixa satisfação com a informação vocacional obtida. Também estes

antecipam resultados menos promissores para si, resultantes da exploração vocacional. Deste

modo, parecem ser menos intencionais na utilização dos recursos externos, como por

exemplo, falar com pessoas para aprender. Num estudo realizado por Neves (2011), concluiu-

se que jovens em acolhimento institucional, apresentam níveis de satisfação com a vida

baixos e atende à relação desta dimensão com a autonomia.

Contribuindo para esta linha de estudos, este trabalho focar-se-á na análise da relação

entre a exploração vocacional e satisfação com a vida, de jovens em acolhimento institucional

em Cabo Verde, retirando implicações das análises para a intervenção de carreira dirigida à

população, que reside em acolhimento institucional.

Com efeito, e como foi mencionado anteriormente, em Cabo Verde, há escassez de

investigações que estudem temáticas, relacionadas com a psicologia vocacional, apesar da

abundância e importância que estes temas têm tido, no contexto internacional para a

compreensão do desenvolvimento vocacional nos indivíduos, particularmente na idade jovem

(Cardoso, 2011).

A exploração vocacional tem sido conceptualizada na literatura, como um processo

psicológico multidimensional complexo e parte integrante do desenvolvimento vocacional,

que apresenta um conjunto de objetivos que conduzem a comportamentos de procura de

informação, investigação e experimentação, real ou imaginada, que o sujeito faz sobre si e seu

meio, com vista à prossecução de objetivos vocacionais (Jordaan,1963; Taveira, 2004). Assim

sendo, ela é vista como estádio do desenvolvimento que ocorre ao longo de todo o ciclo de

vida e que permite aos indivíduos adquirir novas aprendizagens e competências, sobre si e

sobre o mundo, auxiliando-os na adaptação a transições de carreira importantes (Super, 1976;

Taveira & Rodríguez, 2003).

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Stumpf, Colarelli e Hartman (1983) expõem um modelo sociocognitivo complexo da

exploração vocacional, como tendo duas fontes de informação que sustentam um mesmo

processo, o self e o mundo do trabalho. Esse modelo concebe a exploração vocacional como

sendo constituída por três principais domínios, sendo estas as crenças, o processo exploratório

e as reações à exploração. Estas, por sua vez, são compostas por diferentes dimensões. As

crenças dizem respeito às perceções dos indivíduos sobre o mercado de trabalho; os processos

ao grau de exploração de profissões, empregos, organizações e exploração pessoal e de

retrospeção, intencional e sistemática, bem como à quantidade de informação obtida; e as

reações às reações de satisfação com a informação obtida, com as atividades de exploração de

carreira e o stress antecipado, por comparação com outros acontecimentos de vida.

Para Porfeli e Skorikov (2010), a exploração vocacional pode entender-se em função

de dois outros conceitos: a exploração diversificada e a exploração específica, sendo que a

exploração diversificada implica que o indivíduo explore a diversidade do mundo do trabalho

e o seu próprio self, de forma independente, com um foco centrado prioritariamente nos

estímulos e na novidade das profissões com que vai tomando contacto, enquanto a exploração

específica diz respeito a aprendizagem acerca do mundo do trabalho e do self de forma mútua

e dependente para adquirir uma compreensão refinada e realista das profissões, alinhada com

os aspetos da personalidade. A exploração vocacional permite, então, aos jovens tomarem

consciência das suas qualidades e atributos internos, bem como conhecer as suas opções

educacionais e vocacionais, facilitando o estabelecimento dum plano vocacional coerente,

para uma vida de trabalho futura significativa e personalizada (Blustein, 1997). Neste

processo, considerar as questões de género é fundamental (Taveira & Nogueira, 2004).

Estudos, neste âmbito, têm indicado que os rapazes apresentam valores mais elevados,

quando comparadas com as raparigas, nas atividades de exploração vocacional e, ainda, que

estas apresentam maiores níveis de ansiedade na exploração vocacional (Taveira, 1997; Faria,

Taveira, & Saavedra, 2008; Mota, Araújo, & Taveira, 2012). O processo de exploração

vocacional é, também, visto como sendo influenciado pelos fatores individuais, bem como

pelo contexto de vida do indivíduo, particularmente, pela família, sendo, este, importante para

o desenvolvimento de projetos profissionais e percursos de carreira (Blustein, 1992; Taveira,

1997; Gonçalves & Coimbra, 2007).

Vários investigadores vocacionais demonstraram que o comportamento exploratório

tende a relacionar-se com o desenvolvimento do autoconceito, o ajustamento e satisfação

subsequente com as decisões vocacionais (Jordaan, 1963; Lent, Taveira, Sheu, & Singley,

2009).

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Relacionado com este aspeto está, então, o conceito de satisfação com a vida que tem

vindo a ser referido na literatura como englobando a afetividade positiva e negativa como

partes constituintes, indicadoras e distintas do bem-estar subjetivo (Diener, Suh, Lucas, &

Smith, 1999). A afetividade positiva e negativa refere-se à vertente emocional do bem-estar

subjetivo, enquanto a satisfação com a vida se refere à dimensão cognitiva do bem-estar e

também como um processo de julgamento, no qual os indivíduos avaliam a qualidade das

suas vidas com base em seus próprios critérios, estabelecidos por cada pessoa, com base nas

suas próprias expectativas, valores e experiências prévias (Diener et al, 1999).

A satisfação com a vida pode ser avaliada na sua globalidade ou em domínios

específicos, como o familiar, o profissional, o conjugal, entre outros. Isto significa que um

indivíduo pode estar particularmente infeliz com um determinado domínio da sua vida e estar

satisfeito com os outros. Sendo assim, a satisfação com a vida não depende do somatório dos

domínios específicos, mas da perceção da satisfação da vida como um todo (Diener, Emmons,

Larsen, & Griffins, 1985).

Para representar a dimensão cognitiva do bem-estar foram desenvolvidos um conjunto

de instrumentos para medir satisfação com a vida. Um dos instrumentos mais utilizados para

fins de pesquisa é a escala de satisfação com a vida (Satisfaction With Life Scale, SWLS)

desenvolvida por Diener e colaboradores em 1985 (Diener et al., 1985).

Vennhoven (1996 cit. in Galinha, 2010) admite que a avaliação da satisfação com a

vida também implica um processo afetivo. O autor define a satisfação com a vida com um

estado psicológico misto, que integra, simultaneamente, a cognição e o prazer (domínio

afetivo), na medida em que implica sentimentos de realização das necessidades, dos objetivos

e dos desejos do próprio indivíduo.

De acordo com Galinha (2010), os domínios de avaliação da vida estão organizados na

memória em termos de uma hierarquia global: no topo da hierarquia encontram-se os

sentimentos em relação à vida global, na base encontram-se domínios subordinados como o

trabalho, a família, a saúde, cada um deles encerrando experiências afetivas, sendo que a

importância que uns domínios assumem em relação aos outros depende, sobretudo, das

identidades particulares de cada indivíduo: das suas condições de vida, do período do ciclo de

vida em que se encontram, da sua identidade de género, do contexto cultural de proveniência,

entre outros.

O género também se apresenta como um fator relacionado de satisfação com a vida,

sendo que vários estudos têm encontrado diferenças significativas no nível da escala de

satisfação com a vida, em função do género, onde os homens têm apresentado médias mais

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elevadas em SWLS do que as mulheres (Neto, 1993; Freitas, 2009; Moksnes & Espnes,

2013).

A satisfação com a vida em geral e a satisfação com a vida académica têm sido

positivamente relacionados com a decisão da carreira, personalidade, otimismo, auto-eficácia

e auto-estima (Lounsbury, Saudagras, Gibson, & Leong, 2005; Gilman, 2006). A este

respeito, Hirischi (2009) concluiu, através da sua investigação, onde analisou o poder

preditivo de variáveis na adaptabilidade de carreira, que envolvia o planeamento, a

exploração, a prontidão de escolha e confiança e os seus efeitos no desenvolvimento da

satisfação com a vida, que maiores níveis de adaptabilidade de carreira foram associados a um

aumento da sensação de poder e de promoção do bem-estar.

Concluindo, a exploração e satisfação com a vida são indicadores relevantes do

processo de construção de carreira e, como tal, estudar os mesmos, em jovens em acolhimento

pode dar-nos pistas relevantes para conhecer as especificidades desta população e desenhar

intervenções de carreira mais ajustadas às suas necessidades.

Método

Participantes

A amostra deste estudo foi selecionada pelo método não probabilístico por

conveniência. Seguindo os critérios de inclusão para seleção dos sujeitos, só participaram

neste estudo, jovens entre os 12 e os 24 anos, que se encontravam em acolhimento residencial

em 4 instituições da Ilha de Santiago e que possuem aptidão de leitura e escrita autónoma.

A amostra deste estudo é constituída por 122 jovens de nacionalidade cabo-verdiana

com idades compreendidas entre os 12 e os 24 anos (Midade =16,49; DP = 2,430), sendo que

70 (57,4%) são rapazes e 52 (42,6%) raparigas. Relativamente ao nível de escolaridade dos

jovens, a maioria frequenta o ensino secundário, mais precisamente o 10º ano (16,4%),

seguidos do 12º ano (15,6%), 11º ano (12,3%), 8º ano (11.5%), 9º ano (10,7%), 7º ano (8,2%),

ensino universitário (2,4%) e do ensino básico (2.5%). 1

1 O sistema educacional de Cabo Verde de acordo com a Lei n° 103/III/90 de 29 de Dezembro, é composto pelo

Pré-escolar, que é definida como a primeira etapa da educação básica no processo de educação e destina-se a

crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 5 anos; pelo Ensino Básico Integrado, que é universal,

obrigatório e gratuito e tem uma duração de 6 anos, é dividida em 3 fases de 2 anos cada, destinando-se a

crianças com idade de 6 a 11 anos; e por fim pelo Ensino Secundário, que tem a duração de 6 anos letivos,

dividido em 3 ciclos de ensino, de 2 anos cada tendo uma particularidade de a partir do 3º ciclo estar

vocacionada para a vida ativa, cursos técnicos ou para prosseguimentos de estudo, destina-se a jovens com idade

de 12 a 17 anos. Contudo, no ensino público tendo em consideração a limitação de retenções é permitido a

frequência de jovens na idade entre 12 e 20 anos.

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Instrumentos de Medida

Os instrumentos de medida utilizados foram agrupados em 3 categorias, de acordo

com as variáveis que se pretendem investigar. Deste modo, foi utilizado o Questionário

sociodemográfico, destinado à recolha de alguns dados pessoais dos participantes; o Career

Exploration Survey, (CES) desenvolvido por Stumpf e colaboradores (1983), versão adaptada

para a língua portuguesa, por Taveira (1997), que avalia a exploração vocacional e, por fim, a

Escala de Satisfação com a Vida (Satisfaction With Life Scale, SWLS), desenvolvida por

Diener e colaboradores (1985), adaptada na versão portuguesa, por Simões (1992), para

avaliar a satisfação com a vida nos jovens.

O questionário sociodemográfico foi construído de forma a identificar algumas

características sociodemográficas da amostra neste estudo. Trata-se de um questionário de

autorresposta, anónimo e confidencial, composto por trinta e duas questões, de respostas

abertas e fechadas, sobre aspetos relacionados com o percurso académico e familiar dos

jovens.

O Career Exploration Survey (CES, Stumpf et al., 1983), versão adaptada para a

língua portuguesa, por Taveira (1997) trata-se de uma escala multidimensional com 53 itens,

que permitem avaliar doze dimensões da exploração vocacional entregadas em três tipos de

categorias. Dos 53 itens, 52 são de resposta tipo likert e um item (item 53) para indicar

número de domínios vocacionais explorados. As escalas de resposta de tipo likert contêm

cinco categorias de resposta nos itens 1-43 e sete categorias de resposta nos itens 44-53, que

variam do valor mínimo de 1 a um valor máximo de 5 ou 7 pontos, correspondendo os valores

mínimos a “muito pouca”, “nada satisfeito”, “muito poucas vezes”, “más”, “não tenho

certeza”, ”probabilidade muito baixa”, “nada importante”, “uma tensão mínima em

comparação com outras situações” e os valores máximos a “muitíssima”, “muito satisfeito”,

“muitas vezes”, “muito boas”, “100% de certeza”, “probabilidade muito alta”, ”muito

importante” e “muita tensão em comparação com outras situações”. A cotação do questionário

efetua-se a partir do somatório do valor das respostas totais dadas, ao conjunto de itens de

uma mesma dimensão. Descreve-se, de seguida, as dimensões avaliadas pelo Career

Exploration Survey na Tabela 1.

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Tabela 1

Dimensões do CES (Taveira, 1997).

Crenças de

Exploração

Vocacional

Estatuto de Emprego (EE) Até que ponto parecem ser favoráveis as

possibilidades de emprego na área preferida.

Certeza nos resultados da exploração

(CRE)

O grau de certeza de vir a atingir uma posição

favorável no mercado de trabalho.

Instrumentalidade externa (IE) A probabilidade de exploração do mundo

profissional concorrer para atingir objetivos

vocacionais.

Instrumentalidade interna (II) A probabilidade de exploração de si próprio/a

concorrer para atingir objetivos vocacionais.

Importância de obter a posição

preferida (IPP)

O grau de importância atribuído à realização da

preferência vocacional.

Processo de

Exploração

Vocacional

Exploração do meio (EM) O grau de exploração de profissões, empregos, as

organizações realizadas nos últimos 3 meses.

Exploração de si próprio (ESP) O grau de exploração pessoal e de retrospeção

realizada nos últimos 3 meses.

Exploração sistemática intencional

(ESI)

Em que medida a procura de informação sobre o

meio e sobre si próprio/a se realizou de um modo

intencional e sistemático

Quantidade de informação (QI) Quantidade de informação adquirida sobre as

profissões, empregos, as organizações e sobre si

próprio/a.

Reações à

Exploração

Vocacional

Satisfação com a informação (SI) A satisfação sentida com a informação obtida

sobre as profissões, empregos e organizações

mais relacionadas com os seus interesses,

capacidades e necessidades.

Stress na exploração (SE) A quantidade de stress indesejado que cada um

sente como função do processo de exploração,

por comparação a outros acontecimentos de vida

Stress na decisão (SD) A quantidade de stress indesejado que cada um

sente como função do processo de tomada de

decisão, por comparação a outros acontecimentos

A fidelidade da primeira versão do CES foi avaliada em estudos realizados com jovens

diplomados e alunos universitários. O estudo da consistência interna das doze dimençõess do

CES apresentou coeficientes que vão desde 0,67 na dimensão instrumentalidade externa até

0,89 na instrumentalidade interna, na amostra de diplomados, e coeficientes que vão de 0,70,

também, na dimensão instrumentalidade externa até 0,92 na satisfação com a informação, na

amostra de universitários (Stumpf, et al., 1983).

Posteriormente, Taveira (1997) avalia a dimensionalidade desta versão do CES em

estudantes portugueses do 9º ano e 12ºano. A análise na consistência interna apresentou

valores satisfatórios que variam entre 0,63, na dimensão quantidade de informação e 0,82, na

certeza dos resultados da exploração e instrumentalidade externa e coeficientes que variam de

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0,57, no estatuto de emprego, a 0,89, no stresse na decisão, nos alunos de 12º ano (Taveira,

1997).

Foi verificado, também, a consistência interna das dimensões da escala do CES, com

alunos moçambicanos, onde estes apresentaram coeficientes que variam de 0,35, na

importância de obter a posição preferida a 0,83, na dimensão stress na decisão, dando

garantias para o seu uso, na investigação (Taveira & Ussene, 2010).

A análise da validade interna das escalas, neste estudo, apresentou valores também

satisfatórios, com coeficientes que variam entre 0,45, na exploração sistemática intencional e

0,83, na instrumentalidade externa. Na tabela 2, são apresentados os valores de Alph de

Cronbach relativamente às escalas do CES, obtidos neste estudo, com jovens cabo-verdianos.

Tabela 2

Coeficiente de consistência interna das dimensões do CES.

Escalas do CES Nº de itens α Cronbach

Crenças

Estatuto de Emprego 3 .61

Crença nos Resultados de Exploração 3 .53

Instrumentalidade Externa 9 .83

Instrumentalidade Interna 4 .62

Importância da Posição Preferida 5 .66

Processo

Exploração do Meio 5 .72

Exploração de Si Próprio 5 .57

Exploração Sistemática e Intencional 2 .44

Quantidade de Informação 3 .62

Reações

Satisfação Informação 3 .65

Stress Exploração 4 .71

Stress Decisão 5 .82

Por fim, foi utilizada a escala de satisfação com a vida (Satisfaction With Life Scale,

SWLS) desenvolvida por Diener e colaboradores (1985), adaptada na versão portuguesa por

Simões (1992), que é um breve instrumento para avaliar a dimensão cognitiva do bem-estar

subjetivo. Inclui 5 itens (por exemplo, em muitos aspetos, a minha vida está perto do meu

ideal, se eu pudesse dar a volta à minha vida, acho que não mudaria quase nada), numa escala

de tipo Likert de 7 pontos, variando de 1 “discordo muito” a 7 “concordo muito”. A cotação

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efetua-se a partir do somatório do valor das respostas totais, dadas nos itens. A SWLS revelou

boas qualidades psicométricas e uma estrutura unifactorial, que é possível identificar como

uma dimensão cognitiva do bem-estar subjetivo (Simões, 1992). A consistência interna da

versão portuguesa da escala é de 0,77 (Simões, 1992). Foi também verificada a validade

interna desta escala, num estudo com jovens em acolhimento institucional portugueses,

revelando um valor Alfa de Cronbach adequado de 0,83 (Silva et al., 2015). Já, neste estudo, a

análise da validade interna revelou um coeficiente Alfa de Cronbach de 0,61, que é

satisfatório, mas inferior ao obtido em outros estudos relatados anteriormente.

Procedimentos de recolha dos dados

Para ter o acesso à população de jovens em situação de acolhimento residencial, foram

seguidos determinados procedimentos formais. Selecionou-se, inicialmente, todas as

Instituições de acolhimento de crianças e adolescentes, em diversos conselhos da ilha de

Santiago. Seguidamente, acionaram-se os mecanismos necessários para a autorização da

recolha, onde foi contactada a direção técnica de cada uma das instituições, através de

contacto telefónico, pessoal e envio via e-mail, dos objetivos e procedimentos do estudo.

Após a concessão das autorizações, em 4 instituições procedeu-se à calendarização para a

recolha. A recolha de dados foi realizada pela investigadora, a administração foi feita em

contexto de grupo, com preenchimento individual dos jovens. A participação dos mesmos,

nesta intervenção, foi voluntária. Este processo decorreu em contexto de salas de estudo,

disponibilizados pela instituição. Antes da aplicação do protocolo, fez-se uma breve

apresentação, com o objetivo de explicar aos participantes, através de uma linguagem

apropriada ao nível de compreensão, a finalidade do estudo, garantindo o anonimato e

confidencialidade da informação. Após a concessão de autorização do consentimento

informado de cada participante, estes efetuaram o preenchimento dos questionários. Em

média, foram necessários cerca de 60 minutos para concluir o preenchimento dos

questionários.

Procedimentos da análise dos dados

Realizaram-se análises de estatística descritiva, para a caracterização da amostra e para

estudo da normalidade das medidas utilizadas em estudo. Devido à percentagem de missing

values ser inferior a 5%, optou-se por um método de estimativa, nomeadamente pela

substituição dos missing values pelo valor médio do item, em causa, na amostra, com o

objetivo de preservar casos (Kline, 2011). De seguida, foram realizados testes de verificação

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da normalidade e da consistência interna (Alpha de Cronbach) das dimensões do CES e a

SLWS. Verificada a distribuição não normal para parte das dimensões dos instrumentos,

optou-se pela utilização de estatísticas paramétricas para todas as dimensões, na medida em

que os resultados com os testes não paramétricos são semelhantes aos obtidos com o teste

paramétrico. Para analisar as diferenças entre o género, foi utilizado o Teste T-student para

amostras independentes. Para o estudo das relações entre a exploração e a satisfação com a

vida, recorreu-se à análise do Coeficiente de correlação de Pearson. Para a realização destas

análises, foi utilizado o programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS,

Versão 23.0).

Resultados

Na Tabela 3, apresentam-se os resultados das análises de estatística descritiva das

dimensões do Career Exploration Survey (CES) e do Satisfaction With Life Scale (SWLS).

Através da análise da tabela, verifica-se que os sujeitos apresentam resultados acima do ponto

médio, nas dimensões estatuto de emprego, instrumentalidade externa, instrumentalidade

interna, importância de obter a posição preferida, exploração de si próprio, stress na

exploração e stress na decisão do CES, bem como na SLWS, sendo que os sujeitos

apresentam valores de média mais elevada, na dimensão stress na decisão, da escala do CES.

Por outro lado, os sujeitos da amostra apresentam resultados abaixo do ponto médio teórico,

nas dimensões certeza nos resultados da exploração, exploração do meio, exploração

sistemática intencional e quantidade de informação do CES, representando valores de média

mais baixo na dimensão exploração do meio.

Tabela 3

Estatística descritiva das dimensões do CES e da escala SLWS.

Dimensões Nº Min.-Max.

Ponto Médio Média Desvio Padrão

Estatuto emprego 122 3 – 15 9 10.61 2.70

Crença nos resultados de exploração 122 3 – 15 9 8.37 2.57

Instrumentalidade externa 122 11 – 45 28 31.05 6.97

Instrumentalidade interna 122 5 – 20 12.5 14.68 3.02

Importância da posição preferida 122 13 – 25 19 21.28 3.10

Exploração do meio 122 5 – 25 15 14.04 4.67

Exploração de si próprio 122 6 – 25 15.5 17.49 3.72

Exploração sistemática-intencional 122 2 – 10 6 5.77 2.12

Quantidade de informação 122 3 – 15 9 8.71 2.80

Satisfação informação 122 3 – 15 9 9.00 2.78

Stress exploração 122 4 – 28 16 19.44 5.32

Stress decisão 122 5 – 35 20 25.14 7.26

SLWS Total 122 6 – 33 19.5 22.09 6.24

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A Tabela 4, apresenta os resultados do teste de diferenças entre rapazes e raparigas nas

dimensões do CES e da escala SLWS. No que concerne às diferenças na satisfação com a

vida de raparigas e rapazes que vivem em acolhimento residencial, verifica-se que há

diferenças significativas, sendo que os rapazes apresentam maiores níveis de satisfação com a

vida. Já no que diz respeito ao processo de exploração vocacional, verifica-se a existência de

diferenças estatisticamente significativas, em função do género, nas dimensões estatuto de

emprego (t = 2-40, p=.018), instrumentalidade interna (t = 3.76, p=.000) e a exploração

sistemática intencional (t = -2.88, p=.005), sendo as raparigas, as apresentam valores mais

elevados, nas duas primeiras dimensões e os rapazes, na terceira.

Tabela 4

Dimensões do CES e a escala SLWS em função do género: teste T-student .

Género

Raparigas

n = 52

Rapazes

n = 70

M DP M DP t p

Estatuto de emprego 11.28 2.68 10.11 2.62 2.40 .018*

Crença nos resultados de exploração 8.50 2.79 8.28 2.42 .453 .651

Instrumentalidade externa 32.34 7.56 30.09 6.39 1.77 .078

Instrumentalidade interna 15.82 2.58 13.84 3.07 3.76 .000***

Importância da posição preferida 21.49 2.81 21.12 3.30 .650 .517

Exploração do meio 14.43 4.95 13.75 4.46 .790 .431

Exploração de si próprio 17.58 3.74 17.42 3.72 .233 .816

Exploração sistemática-intencional 5.15 2.07 6.24 2.05 -2.88 .005**

Quantidade de informação 8.22 3.35 9.08 2.26 -1.69 .093

Satisfação informação 9.53 2.74 8.61 2.76 1.83 .070

Stress exploração 19.98 5.94 19.04 4.81 .960 .339

Stress decisão 25.72 7.68 24.70 6.96 .769 .443

SLWS 22.48 5.60 23.30 6.45 -.252 .013*

*p <.05. **p <.01. ***p < .001.

Por fim, na tabela 5, apresenta-se o estudo da relação entre as escalas da exploração

vocacional e a satisfação com a vida. Este permite-nos observar a existência de correlações

estatisticamente significativas, entre algumas dimensões da exploração vocacional e a

satisfação com a vida. São de registar, as correlações negativas significativas, entre o estatuto

de emprego e instrumentalidade interna e a satisfação com a vida, ou seja, valores menos

elevados de estatuto de emprego e instrumentalidade interna associam-se a menores níveis de

satisfação com a vida. Verificam-se, também, correlações positivas significativas, entre as

dimensões exploração sistemática intencional e quantidade de informação e a satisfação com

a vida, isto é, valores elevados, nestas duas dimensões, estão associados a uma maior

satisfação com a vida.

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Tabela 5

Coeficientes de correlação de Pearson entre as dimensões do CES e escala SWLS.

EE CRE IE II IPP EM ESP ESI QI SI SE SD

SWLS -.192* .104 .044 -.196* .171 .016 .003 .277** .179* -.008 .034 .079

*p <.05. **p <.01.

Nota: EE – Estatuto de emprego; CRE – Crença nos resultados de exploração; IE –Instrumentalidade externa; II

– Instrumentalidade interna; IPP – Importância da posição preferida; EM – Exploração do meio, ESP –

Exploração de si próprio; ESI – Exploração sistemática-intencional; QI – Quantidade de informação; SI –

Satisfação informação; SE – Stress exploração; SD – Stress decisão.

Discussão

Esse estudo teve como objetivo analisar os níveis de satisfação com a vida e de

exploração vocacional, em jovens cabo-verdianos, em acolhimento residencial, averiguando

as diferenças de resultados, nas dimensões estudadas, em função do sexo dos jovens e

identificando as relações entre a exploração vocacional e a satisfação de vida nesta população.

Os resultados indicam que os jovens têm valores médios elevados nas dimensões da

exploração relacionadas com o estatuto de emprego, instrumentalidade externa,

instrumentalidade interna, importância de obter a posição preferida, exploração de si próprio,

stress na exploração e stress na decisão e valores médios elevados nas dimensões, certeza nos

resultados da exploração, exploração do meio, exploração sistemática intencional e

quantidade de informação. O que vai de encontro a resultados já obtidos noutras investigações

com esta população e também com jovens que não estão em acolhimento institucional (Mota

et al., 2012; Silva & Marques, 2015). Relativamente aos resultados em torno da satisfação

com a vida estes apresentam uma média alta, sendo um resultado superior aos resultados

obtidos por Neves (2001) e Silva (2011), com jovens institucionalizados.

No que diz respeito às diferenças entre raparigas e rapazes, verificaram-se diferenças

significativas ao nível da exploração vocacional e a satisfação com a vida, entre jovens em

acolhimento residencial, que indicam que os sujeitos os rapazes são os que apresentam

maiores satisfações com a vida, em comparação com as raparigas. Estes resultados vão ao

encontro dos estudos de Silva (2011) e Neves (2011), que foi também possível constatar uma

tendência para níveis mais elevados de satisfação coma a vida, em adolescentes

institucionalizados, do sexo masculino, assim como também outros estudos com amostras

diferentes (Neto, 1993; Freitas, 2009; Moksnes & Espnes, 2013). No que respeita ao processo

de exploração vocacional, este estudo permitiu concluir que há diferenças entre o género nos

jovens nas dimensões estatuto emprego, instrumentalidade interna e exploração sistemática

intencional. Verificamos que as raparigas sentem-se mais confiantes de conseguir emprego na

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área preferida, bem como apresentam mais probabilidade de exploração de si próprias,

concorrendo para atingir objetivos vocacionais. Enquanto os rapazes realizam mais procura de

informação sobre o meio e sobre si próprios, de um modo intencional e sistemático. Estes

resultados são contraditórios a estudos anteriores, com amostras diferentes, em que as alunas

se apresentavam menos confiantes, no que respeita às possibilidades de conseguir emprego na

área preferida, bem como no que respeita a atingir uma posição preferida no mercado de

trabalho (Mota et al., 2012; Faria et al., 2008), o que pode ser um dado interessante e estar

relacionado com a construção de identidade destas jovens e aspetos e especificidades culturais

associados a este processo.

Foi também possível observar, neste estudo, que existem associações negativas

estatisticamente significativas entre as dimensões do Inventário de Exploração Vocacional, o

estatuto de emprego, a instrumentalidade interna e associações positivas a exploração

sistemática intencional e a quantidade de informação com a satisfação com a vida. Estes

dados permitem-nos perceber que dimensões da exploração são mais significativas para

promover o bem-estar destes jovens, dando pistas interessantes para considerar na

intervenção. Por exemplo, o facto das crenças de instrumentalidade interna se relacionarem

em sentido oposto com a satisfação com a vida sugerem que o apoio e aconselhamento no

processo de autoconhecimento e exploração do self deve ser um aspeto muito importante a

desenvolver com estes jovens. Os percursos atribulados e marcados por histórias de vida, com

problemáticas diversas podem fazer com que este processo de exploração pessoal seja

doloroso, e por vezes, desestruturante para o jovem, devendo ocorrer num contexto protegido

e com suporte que garanta a integração das suas experiencias de vida, numa narrativa com

sentido e coerência. Por outro lado, o acesso e processo de exploração parece ser uma

dimensão muito importante para a satisfação destes jovens, podendo aqui as instituições

educativas e de acolhimento de jovens investir em iniciativas que promovam esta busca

sistemática e intencional de informação vocacional, aumentando e disponibilizando diferentes

meios de acesso à informação relacionada com o estudo e o trabalho.

Apesar destas importantes pistas, considera-se que será importante continuar esta linha

de estudo, no sentido de aprofundar as relações acima mencionadas ou, até, estudar outras

variáveis, que possam explicar a forma como estes jovens constroem os seus percursos de

vida. Consideram-se como limitações deste estudo, a dificuldade dos jovens em termos

académicos, tornando o preenchimento dos questionários mais demorado e a disponibilidade

deles para o efeito, sendo importante conseguir aumentar a amostra, no sentido de nos

equiparmos para análises mais robustas, das relações acima mencionadas.

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