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Em 28 de Maio de 1926, eclodiu em Portugal um golpe militar que instaurou uma ditadura que fez alastrar ao País a maré reaccionária que vinha varrendo todo o continente europeu, em reacção à vitória da revolução soviética na Rússia, em 1917. O Parlamento foi dissolvido, a censura prévia à imprensa entrou em vigor, os partidos políticos foram proibidos e as suas sedes encerradas, as vereações municipais foram demitidas e as organizações sindicais e os seus militantes 01 Foto: Arquivo do Museu Municipal a s no evoc çã do a o s da ins laç o da prisãopo lític e ta ã a m P NIC E E H 0 1934 2 09 | Contexto Histórico foram perseguidos. Rapidamente, a ditadura encontrou em Salazar a personalidade indicada para ser o novo orientador e organizador do novo regime de opressão, chamando-lhe Estado Novo, tomando como modelo as ditaduras fascistas de Mussolini na Itália e de Hitler na Alemanha, o regime apoiou declaradamente Franco no derrube da República espanhola na Guerra Civil (1936- 1939) e o Eixo nazi-fascista até à sua derrota militar durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Vista aérea parcial de Peniche

Exposição "1934-2009: Evocação dos 75 Anos da Instalação da Prisão Política em Peniche"

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Organizada pela Câmara Municipal de Peniche, com a participação da URAP – União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, esta exposição tem como objectivos lembrar o negro aproveitamento que o regime do Estado Novo fez deste monumento e prestar homenagem a todos o que ficaram privados da liberdade para que hoje tenhamos a liberdade de apreciar, criticar, louvar…

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Em 28 de Maio de 1926, eclodiu em Portugal um golpe

militar que instaurou uma ditadura que fez alastrar ao País

a maré reaccionária que vinha varrendo todo o continente

europeu, em reacção à vitória da revolução soviética na

Rússia, em 1917.

O Parlamento foi dissolvido, a censura prévia à imprensa

entrou em vigor, os partidos políticos foram proibidos e as

suas sedes encerradas, as vereações municipais foram

demitidas e as organizações sindicais e os seus militantes

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Foto: Arquivo do Museu Municipal

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Contexto Históricoforam perseguidos. Rapidamente, a ditadura encontrou

em Salazar a personalidade indicada para ser o novo

orientador e organizador do novo regime de opressão,

chamando-lhe Estado Novo, tomando como modelo as

ditaduras fascistas de Mussolini na Itália e de Hitler na

Alemanha, o regime apoiou declaradamente Franco no

derrube da República espanhola na Guerra Civil (1936-

1939) e o Eixo nazi-fascista até à sua derrota militar

durante a II Guerra Mundial (1939-1945).

Vista aérea parcial de Peniche

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Contexto Histórico

Vista parcial de Peniche

A ditadura fascista do Estado Novo procurou aplicar uma

política que atingiu cruelmente a esmagadora maioria do

povo português, sobretudo alicerçada no dogma do

equilíbrio orçamental que condenou à miséria e aos baixos

salários a imensa maioria da população.

Com os sindicatos ilegalizados e substituídos por

“sindicatos” fascistas que dependiam da aprovação

governamental e com as greves proibidas, os trabalha-

dores ficaram privados de qualquer forma de protesto ou

organização.

Para zelar pela aplicação deste quadro legal repressivo, foi

criada a polícia política Polícia de Vigilância e de Defesa

do Estado (PVDE), depois Polícia de Investigação e de

Defesa do Estado (PIDE) e depois Direcção-Geral de

Segurança (DGS) que possuía poderes acima de qualquer

lei, secundada por esquadrões militarizados da GNR que

desde cedo compunham a parte mais profissionalizada e

melhor equipada das Forças Armadas portuguesas. O

regime que oprimiu Portugal durante 48 anos, entre 1926

e 1974, foi um Estado fascista que tinha na figura do

Chefe de Governo, Salazar, o detentor de todos os

poderes do Estado.

Foto: Arquivo do Museu Municipal

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Contexto HistóricoNestes 48 anos de ditadura, a PIDE

reuniu um monstruoso aparelho

repressivo e de informações do foro

pessoal de cada cidadão português que

permitiu reunir nos seus Arquivos

Centrais um total de cerca de 6 milhões

de fichas informativas, para além de 29

510 processos individuais que

registaram as informações relativas aos

presos políticos propriamente ditos.

Todo este sistema estava ancorado,

designadamente, numa rede nacional

de cerca de 20 000 informadores,

apelidados pelo povo de bufos.

Apesar da situação nacional e

internacional ter imposto, pela sua

evolução, pequenas variações, este foi

o regime que oprimiu Portugal, mas

que conheceu, mesmo nas mais duras

condições, a resistência incessante do

povo português.

A denúncia...... E o “prémio pelo serviço prestado!...

VASCO, Nuno (1997) - “VIGIADOS E PERSEGUIDOS - Documentos secretos da PIDE / DGS”- Liv Bertrand, Amadora

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Prisão Política de PenicheAntecedentes históricos e características

A Fortaleza de Peniche constitui uma

infra-estrutura que assenta num longo

processo histórico que é possível dividir

em três períodos distintos.

Num primeiro período, entre a edificação

do Baluarte Redondo por sugestão de D.

Afonso de Ataíde, senhor de Atouguia no

final do reinado de D. João III (1521-1557)

e o início das invasões francesas em 1807,

a Fortaleza consagrou-se como estrutura

militar no reinado de D. Sebastião (1557-

1578), sendo comandado por D. Luís de

Ataíde, conde de Atouguia.

Os primórdios da Fortaleza: cartografia diversa

Arquivo Histórico e Militar - Slides do Museu Municipal de Peniche

A segunda etapa da história da Fortaleza, entre os anos

das invasões francesas e da permanência britânica em

Portugal, nos alvores do século XIX, e a sua projectada

utilização como sanatório de internamento de doentes

tuberculosos em 1908. Durante essa segunda etapa da sua

história, a Fortaleza iniciou uma alteração na sua função

primordial, pois durante as incursões militares francesas

em território nacional passou a cumprir objectivos de

presídio, característica que aprofundou aquando das

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Prisão Política de PenicheAntecedentes históricos e características

Guerras Liberais (1832-1834).

Neste período conhece outra especialização, quando

serve de refúgio para os boers fugidos ao domínio

britânico na África do Sul (1880-1881; 1899-1902).

Entretanto, a Fortaleza começa a ser utilizada como

Prisão com fins políticos, uma vez que logo após o golpe

militar de 28 de Maio de 1926 foram ali detidos vários

antifascistas, segundo depoimentos recolhidos junto de

antigos presos políticos.

In “Ilustração Portugueza” , Lisboa - 21 Setembro 1908 [ Nº Inv. MP.007457.RST]FERREIRA, O.J.O - “Viva os Boers.” - Pretoria - 1994 [Africanamuseum, Johannesburg]

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Prisão Política de PenicheAntecedentes históricos e características

Numa terceira fase, a que corresponde a da utilização

principal como Prisão Política até 1974, a Fortaleza

conhece uma alteração no sentido de definitivamente

constituir um cárcere. Transformada em quartel da

Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Exército destacado

das Caldas da Rainha, a Fortaleza passa a albergar uma

secretaria administrativa.

O Governo fascista opta por determinar residência fixa em

vários pontos do País para os presos políticos e sociais que

vinham aumentando com a resistência militar e civil à

instauração do fascismo, concentrando-se vários na vila

de Peniche ainda antes da Revolta de 26 a 31 de Agosto de

1931. Seriam mais de 300 democratas de várias

tendências políticas que teriam sido obrigados a residir

em Peniche, devendo cumprir apresentações diárias na

secretaria sedeada na Fortaleza, onde pelas 15 horas

rubricavam livros de ponto para o efeito. Dentro da vila de

Peniche eram permanentemente seguidos e observados.

Aspecto ( parcial) da Fortaleza de Peniche, anterior a 1950Foto:Arqv. Museu Municipal de Peniche [MP.002132.FTG]

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A partir de 1934 a Fortaleza de Peniche passa a ser

referenciado como Depósito de Presos, a partir dos

registos oficiais a cargo da Direcção-Geral dos Serviços

Prisionais do Ministério do Interior. Estavam oficialmente

contabilizados 13 detidos em Peniche em 1934, sendo que

em 1935 já as listas da Direcção-Geral dos Serviços

Prisionais avançam com 42 presos políticos em Peniche.

São utilizadas 3 casernas ou salas, predominando nesses

primeiros anos de detenção os jovens, na sua maioria

filiados na Federação das Juventudes Comunistas

Portuguesas (FJCP) e no Partido Comunista Português

(PCP), sobretudo membros da classe operária. Também

muitos operários agrícolas do Sul, ferroviários, estudantes,

empregados de serviços, alguns militares e intelectuais.

Na Prisão-Fortaleza estava estacionado um destacamento

do Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha,

montando guarda à Fortaleza soldados da Guarda Nacional

Republicana (GNR), sendo um sargento o chefe da

secretaria.

O contacto com os presos e a sua guarda era mantido a

cargo de agentes da PSP comandados pelo respectivo

chefe.

Os Presos Políticos

Carimbos. Pormenores de livros que integraram a biblioteca dos Presos Políticos Arquivo do Museu Municipal de Peniche [MP.001516.BPP]; [ MP.001551.BPP], [MP.001555.BPP.a]

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Os Presos Políticos

Fotos: Arquivo do Museu Municipal de Peniche

Só a 27 de Abril de 1974, após dois dias sobre a Revolução

do 25 de Abril, se deu cumprimento à libertação dos presos

políticos mantidos em Peniche, encerrando o período que

agora se evoca. A partir da segunda metade dos anos de

1950 a Fortaleza recebeu obras no sentido do reforço da

sua segurança, procurando obstar a fugas ocorridas

entretanto, como a de Dias Lourenço em 1954, se

voltassem a repetir, comprovando o quão decisivo o

regime fascista considerava impedir a libertação dos

resistentes antifascistas.

Sobre as antigas casernas militares, entretanto demolidas,

foram construídos três blocos prisionais, conhecidos como

Pavilhões “A”, ”B” e “C”, sendo neste último que, a partir de

1956, começaram a ser encarcerados em celas individuais

os resistentes que mais se distinguiam no combate à

ditadura.

Alguns exemplos, segundo a sequência da sua detenção na

Prisão - Fortaleza de Peniche, dos primeiros presos

políticos referenciados pelos registos oficiais recolha

efectuada no Registo Geral de Presos (Fonte: Direcção-

Geral de Arquivos, Arquivo da PIDE/DGS, Serviços Centrais,

Registo Geral de Presos, Livro 1, 1934).

Os blocos celulares construidos na década de 1950. Em 1º plano, o Pavilhão “A”

Aspecto do Baluarte Redondo: o “Segredo”

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Os Presos Políticos

Nome e alcunha: Alfredo Caldeira

Profissão: Pintor decorador

Data de Nascimento: (25 anos)

Filiação: Paulo Caldeira e Sara de Castro

Outras indicações: Proc.º n.º 849, enviado

ao Tribunal em 28.6.1934 Proc.º n.º 390/36

enviado ao TME em 27.6.1936 Faleceu

Biografia Prisional: Encontra-se em Angra do

Heroísmo desde 22.11.1933. Julgado em

20.8.1934 e condenado em 690 dias de

prisão correccional que descontados 295

dias fica reduzido a 395 dias de prisão

correccional e perda de direitos políticos por

5 anos. Enviado para os devidos efeitos, o

mandado de soltura Of. N.º 8.737/935-S de

7.11.1935. Em 8.12.1935 se apresentou

nesta Directoria de regresso de Angra do

Heroísmo, recolhendo à 1.ª Esquadra.

Restituído à liberdade em 10.12.19135.

Preso na mesma data pela SPS [Secção

Política e Social Secção de Defesa Política e

Social da PVDE herdeira da Polícia de Defesa

Política e Social (1933) e Polícia de

Informações (1926-1933)], recolhendo à 1.ª

Esquadra. Transferido para a Fortaleza

Militar de Peniche em 7.1.1936. Transferido

para a Cadeia do Aljube em 21.4.1936.

Baixou à Enfermaria Provisória do Aljube em

23.4.1936. “Requereu para ser amnistiado

em 10.6.1936”. Embarcou para Cabo Verde

em 17.10.1936. Faleceu em 1.12.1938 na

Colónia Penal do Tarrafal Cabo Verde (OS

338).

[Transcrição “ipsis verbis”]Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1932-1935”, pag 197 [Lisboa 1981]

Registo Prisional , em 1936

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Os Presos Políticos

Nome e alcunha: António Francisco

Estado: Solteiro

Profissão: Carpinteiro

Naturalidade: Ervidal da Beira

Filiação: Nicolau Francisco e Maria dos Prazeres

Residência: Rua Frei Fortunato Boaventura, n.º 1

Outras indicações: Proc.º n.º 422/37, enviado ao TME em

1.4.1937Solto

Biografia Prisional: Encontra-se em Angra do Heroísmo

desde 22.11.1933. Regressou em 9.11.1934. Restituído à

liberdade em 10.11.1934. Preso novamente pela SPS em

4.11.1936 para averiguações, recolhendo incomunicável a

uma esquadra. Transferido para a 1.ª Esquadra em

3.12.1936 (OS 339). Transferido para a Cadeia do Aljube em

19.12.1936 (OS 354). Baixou à Enfermaria da Cadeia do

Aljube em 4.1.1937 (OS n.º 14). Alta da Enfermaria da

Cadeia do Aljube em 11.1.1937 (OS n.º 12). Transferido

para o regime de incomunicabilidade em 3.3.1937 (OS 63).

Transferido para a 1.ª Esquadra. Em 16.3.1937 (OS 76).

Transferido para a Cadeia do Aljube em 23.3.1937 (OS 83).

Transferido para a Colónia Penal de Cabo Verde em

5.6.1937 (OS 156). Transferido em 27.3.1941 da Colónia

Penal de Cabo Verde para esta Directoria, tendo recolhido

ao Depósito de Presos de Caxias R. Norte (OS 91). Julgado

pelo TME em 19.7.1941, tendo sido condenado nos termos

do art.º n.º 94. N.º 2 do Código Penal, sendo a pena de

degredo substituída por 2 anos de prisão correccional dada

por expiada com o tempo de prisão sofrida Of.º 968 Proc.º

45/937 do mesmo Tribunal. Em 19.7.1941, deu entrada

nesta Directoria o mandado de soltura, que, por haver

inconveniente, continua em prisão preventiva em

conformidade com o despacho de S. Exa. o Director, de 23

do mesmo mês. Transferido para o Depósito de Presos de

Peniche em 24.7.1941 (OS 206). Restituído à liberdade em

25.12.1941, por ter sido indultado (OS 363).

[Transcrição “ipsis verbis”]

Registo Prisional , em 1941

Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1936-1939”, pag 49 / 50 [Lisboa 1982]

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Os Presos Políticos

Registo Prisional , em 1934

Nome e alcunha:

António Soares Monteiro Ferro

Estado: Casado

Profissão: Carpinteiro

Naturalidade: Oliveira do Douro - V.

Nova Gaia

Data de nascimento: (40 anos)

Filiação: José Soares Monteiro Ferro e

Maria Soares (falecida)

Residência: Sem residência

Outras indicações: Proc.º da S.P.S

.452

Solto

Biografia Prisional:

Deu entrada no Ajube em 7 - XII - 34.

Motivo Bombista. Transferido para a

Fortaleza de Peniche em 19-12-34

Transferido para o Aljube em 20-3-35.

Transferido para Angra do Heroismo

em 23-3-35.

Está condenado pelo Tribunal M. E. em

10 anos de degredo, com prisão numa

das colónias à escolha do Governo e na

multa de 20 000 $00. Regressou do

Depósito de Presos de Angra do

Heroísmo em 1-7-43 tendo sido

transferido na mesma data para o

Depósito de Presos de Peniche (O.S.

191) Por determinação do Governo, foi

restituido à liberdade em 26/XII/43

(O.S.337)

[Transcrição “ipsis verbis”] Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1932-1935”, pag 150 [Lisboa 1981]

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Os Presos Políticos

Registo Prisional , em 1934

Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1932-1935”, pag 153 [Lisboa 1981]

Nome e alcunha:

Carlos Martins Savela

Estado:

Profissão: Corticeiro

Naturalidade: Silves

Data de nascimento: (16 anos)

Filiação:Carlos Savela e Inácia Martins

(falecida)

Residência:

Procº nº: 2327/35

Outras indicações: Solto

Biografia Prisional:

Encontra-se em Peniche desde 20-9-934,

e foi condenado pelo Tribunal M. E. em 2

anos de prisão correccional por

juntamente com outros instigar a uma

greve revolucionár ia em Si lves.

Transferido para a Fortaleza de Angra do

Heroismo em 8/6/35. Requereu em 16-

XII-35 transferência para uma prisão do

continente; Indeferido por despacho de

S. Exª o Ministro de 29-XII-35. Transferido

para Cabo Verde em 23/10/36. Regressou

da Colónia Penal de Cabo Verde em 15-7-

940, e na mesma data foi restituido à

liberdade por ter sido amnistiado (O.S.

198)

Declarou ir residir para a Rua Afonso III-

55 Silves

[Transcrição “ipsis verbis”]

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Os Presos Políticos

Registo Prisional , em 1937

Nome e alcunha: Saúl Gonçalves

Estado: Solteiro

Profissão: Vendedor ambulante

Naturalidade: Serra d ´El-Rei

Data de nascimento: 27-XI-1916

Filiação: António Gonçalves e de Izidora da

Nazaré Gonçalves

Residência: Peniche, Largo Dr. Figueiredo Faria

Outras indicações :

Solto - Declarou ir residir para a morada

indicada

Biografia Prisional:

Preso pela S.P.S. Em 19-XII-36, para

averiguações recolhendo a uma esquadra

incomunicavel (....) Transferido para a 1ª

esquadra em 5-1-37 (O.S. Nº 6). Transferido

para a Fortaleza Militar de Peniche em 19-2-37

(O.S. 51) Transferido para o Forte de Caxias R.

Norte em 23-XI-38 por ter comparticipado nos

preparativos da evasão de 3 presos de Peniche

no dia 18 do corrente (O.S.328)

Foi julgado no TME em 17-2-37 e condenado na

pena de 5 anos de degredo numa Colónia à

escolha do Governo. Por despacho do Exmº Sr.

Director de16-1-39, exarado no procº 58/939,

deverá ser transferido para Cabo Verde para ali

cumprir a pena acima citada. Transferido para a

Cadeia do Aljube em 24-3-39 (O.S. 84).

Embarcou em 1-4-39 para a Colónia de cabo

Verde (O.S. 91. Por ter sido abrangido pelo

Decreto de Amnistia nº 35.041, foi restituido à

liberdade em 12-1-946, ficando a aguardar

embarque para Lisboa. Regressou no paquete

Guiné em 1-2-946

[Transcrição “ipsis verbis”] Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1936-1939”, pag 163 [Lisboa 1982]

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Os Presos Políticos

Registo Prisional , em 1935

Foto: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista -1932-1935”, pag 198 [Lisboa 1981]

Nome e alcunha:

Álvaro Gonçalves - “O Álvaro carnes

verdes”

Estado: Casado

Profissão: Cortador de carnes

Naturalidade: Belém - Lisboa

Data de nascimento: 36 anos

Filiação: Marcelino Gonçalves e Maria da

Conceição Gonçalves

Residência: Travessa D. Vasco 46 36 r/c Dtº

Lisboa

Outras indicações:

Procº nº 144/34 enviado ao Tribunal em 15-

5-34 - Solto

Biografia Prisional:

Deu entrada no Aljube em 19-2-35. Motivo -

Comunista-

Transferido para Peniche em 22-2- 35.

Transferido para a Fortaleza de Angra do

Heroismo em 8-6-35. Condenado pelo T.M.

E em 20-2-35 em 6 anos de desterro, multa

de 12 000$00 e perda de direitos políticos

por 10 anos. Transferido para Cabo Verde

em 23-10-36. Regressou de Cabo Verde em

1-X-44, tendo recolhido ao Depósito de

Presos de Caxias (O.S. 276) . Restituido à

liberdade em 12 -X 944 (O.S. 288)

Declarou ir residir para a morada indicada

[Transcrição “ipsis verbis”]

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Os Presos Políticos

Documentos relativos a 1952

Arquivo do Museu Municipal de Peniche [ MP.007292.RST]; [MP.007293.RST]; [ MP.007451.RST]

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Um caso particular: Alberto PintoO caso de Alberto Pinto assume uma particularidade própria, uma vez que as informações obtidas sobre a sua detenção são possíveis através do

relato pessoal que fez por carta desde a detenção em sua casa em 2 de Fevereiro até à entrada no calabouço 5 do Governo Civil de Lisboa em 1 de

Março de 1935, período em que foi mantido incomunicável

(Carta recentemente doada ao Museu Municipal de Peniche por Olga Pinto, filha de Alberto Pinto):

Arquivo do Museu Municipal de Peniche [MP.011191.RST; MP.011191.RST.a; MP.011191.RST.b; MP.011191.RST.c; MP.011191.RST.d; MP.011191.RST.e]

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As fugas

Uma das fugas mais arriscadas e difíceis, até

porque não contava com qualquer auxílio do

exterior, foi a do dirigente comunista António

Dias Lourenço, em Dezembro de 1954.

Fugiu do «segredo» de Peniche, depois de

cortar pacientemente a grossíssima porta

com o auxilio de uma faca. Servindo-se de

lençóis, desceu do alto da Fortaleza e, ainda

de grande altura, teve que saltar para o mar,

com risco de vir a esmagar-se nos rochedos.

Num mar encapelado e gelado de Dezembro

teve de nadar muitos metros até atingir a

praia dos pescadores, pois a Fortaleza está

situada no extremo da península onde fica a

povoação. Ai, declarando-se comunista e

fugitivo da Fortaleza, encontrou junto da

gente simples do povo o auxílio que lhe

permitiu retomar o seu lugar na luta

antifascista.

Texto: OELHO, - “ ” - - - Porto- 1974ImagensImagens: HEALEY, Tim - “GRANDES FUGAS”- Publicações Europa-América - Mem Martins - 1979

C José Dias A RESISTÊNCIA EM PORTUGAL Editorial Inova/Porto Colecção Situações, nº 4 : COELHO,

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Os Presos Políticos

Nome: Álvaro Cunhal

(...) Tranferido para o Depósito de Presos de Peniche em

13 - XII - 37.

(...) Em 27- 7 -955, deu entrada na Cadeia do Forte de

Peniche (Ofº 216 - 5 - Procº 8/445 - Lvº nº 2, de 28 - 7 -956,

da Cadeia do F. de Peniche).

(...) Em 7 -X-958 deu entrada na Cadeia do Forte de Peniche

(Ofº 698 - Procº 445 - Lvº 2 da Cadeia do Forte de Peniche).

Evadiu-se em 3 -1-1960

Álvaro Cunhal durante a visita que efectuou à antiga prisão política de Peniche, em 7 de Maio de 1995

Fonte: Comissão do Livro Negro Sobre o Regime Fascista - “Presos Políticos no Regime Fascista V -1949-1951”, pag 40 [Lisboa 1987]Foto: Arquivo SIC - Sociedade Independente de Comunicação

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As fugas

(…) apesar dos requintes de

segurança e da minúcia das

proibições que rodeiam os presos,

apesar de todos os cuidados

especiais e das buscas constantes

às salas, por vezes os presos

conseguem evadir-se. Têm meses

e anos para estudar os hábitos dos

guardas e a topografia da cadeia,

têm engenho e inteligência para

preparar as condições, localizar o

sitio e o momento precisos em

que poderão tentar a hipótese a

um por mil de uma fuga com

êxito.”

(…) Em [ 3 ] Janeiro de 1960, da

Fortaleza de Peniche evadiram-se

10 presos, acompanhados de um

G.N.R., fuga memorável (…)

Álvaro Cunhal

Carlos Costa

Francisco Martins Rodrigues

Francisco Miguel

Guilherme da Costa Carvalho

Jaime Serra

Joaquim Gomes

José Carlos

Pedro Soares

Rogério de Carvalho

José Jorge Alves, guarda da GNR

Texto e Imagem: OELHO, - “ ” - - - Porto- 1974 C José Dias A RESISTÊNCIA EM PORTUGAL Editorial Inova/Porto Colecção Situações, nº 4

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As fugas

Logo após o jantar para os presos políticos do 3.º Piso do

Pavilhão “C” da Prisão de Peniche, os intervenientes da

fuga, verificando como sinal que tudo estava a postos: uma

mala aberta na retaguarda de uma das duas viaturas que os

haviam de recolher, começaram por neutralizar o guarda

que os encaminhava para as celas através da aplicação de

um anestesiante.

De seguida, encaminharam-se pelo terraço onde estava de

serviço o guarda prisional Jorge Alves que auxiliou os dez

presos políticos - dirigentes e quadros do PCP -, levando-os

um a um debaixo do capote que vestia para realizar a sua

ronda, fugindo também com eles.

Foto: Museu Municipal de Peniche

Desceram para uma área menos exposta no piso inferior

da Fortaleza, de onde lançaram uma corda feita de

lençóis que lhes permitiu descer toda a altura da

muralha, alcançando o fosso exterior. Este foi

ultrapassado e alcançada finalmente a praça exterior à

Fortaleza e as ruas da vila onde estavam os dois

automóveis conduzidos por Octávio Pato e Rogério

Paulo.

Vários habitantes de Peniche presenciaram a evasão e

auxiliaram os intervenientes, ao mostrarem solida-

riedade para com os presos políticos recém evadidos,

não avisando os guardas.

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As fugas

Previamente determinados estavam já os destinos dos dez

intervenientes que abnegadamente regressaram de novo à

luta antifascista e pela Liberdade. A celeridade do percurso

das viaturas permitiu ultrapassarem as barreiras montadas

nas estradas circundantes, uma vez dado o alarme na

Fortaleza.

Casa clandestina de Octávio Pato, de onde no próprio dia da fuga de Peniche, sairam Octávio Pato, Pires Jorge e Dias Lourenço, para concretizarem os apois externos à fuga. (Cascais1959)

Vistas como vitórias populares face ao regime fascista que

oprimia os portugueses, as fugas contaram com a colabora-

ção da popula-ção, o que ficou ampla-mente comprovado

no caso de Peniche, onde sempre existiu apoio e

solidariedade para com os encarcerados na Fortaleza.

.Casa clandestina onde esteve Joaquim Gomes e outros camaradas, após a fuga de Peniche. (Runa, Torres Vedras1960).

Casa clandestina onde viveu Álvaro Cunhal depois da fuga de Peniche. (Penedo, Sintra 1960).

Fotos: Edições AVANTE - Junho - 1982. [MP.007571.FTG]; [MP.007572.FTG]; [MP.007573.FTG]

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251974

AbrilA CONQUISTA DA LIBERDADE!

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Foto: Museu Municipal de Peniche

Peniche: 27 de Abril de 1974Libertação dos Presos Políticos

Ângelo Veloso

António Cândido Coutinho

António Gervásio

António Gonçalves Tomás

António Perez Metelo

Carlos Cardoso Gonçalves

Carlos Domingos Soares da Costa

Carlos Saraiva da Costa

Dinis Miranda

Filipe Viegas Aleixo

Francisco Manuel Cardoso Braga Viegas

Francisco Martins Rodrigues

Garcia Neto

Horácio Rufino

João Duarte de Carvalho

João Eurico Bernardo Fernandes

João Pulido Valente

Joaquim Duarte Alfaiate

José Barsido Palma

José Manuel Caneira Iglésias

José Pedro Correia Soares

José Simões de Sousa

Licínio Pereira da Silva

Luís Filipe Fraga da Silva

Luís Miguel Vilã

Manuel Drago

Manuel Pedro

Nelson Rosário dos Anjos

Pedro Campos Alves

Pedro Mendes da Ponta

Raul Domingos Caixinhas

Rui Benigno Paulo da Cruz

Rui d´Espignay

Rui Teves Henriques

Sebastião Lima Rego

Momento impar após a Revolução de 25 de Abril de 1974, a

libertação dos presos políticos consagrou o fim da

opressão e repressão impostas pela ditadura fascista e o

início da construção de um Portugal democrático e liberto

do seu jugo. Em Peniche saíram da Prisão-Fortaleza:

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As Conquistas Democráticas de Abril

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA

Preâmbulo

A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças

Armadas, coroando a longa resistência do povo

português interpretando os seus sentimentos

profundos, derrubou o regime fascista.

Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do

colonialismo representou uma transformação

revolucionária e o início de uma viragem

histórica da sociedade portuguesa.

A Revolução restituiu aos Portugueses os

direitos e liberdades fundamentais. No exercício

destes direitos e liberdades, os legítimos

representantes do povo reúnem-se para

elaborar uma Constituição que corresponde às

aspirações do País.

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do

povo português de defender a independência

nacional, de garantir os direitos fundamentais

dos cidadãos, de estabelecer os princípios

basilares da democracia, de assegurar o

primado do Estado de Direito democrático e de

abrir caminho para uma sociedade socialista, no

respeito da vontade do povo português, tendo

em vista a construção de um país mais livre,

mais justo e mais fraterno.

A Assembleia Constituinte, reunida na sessão

plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta

a seguinte Constituição da República

Portuguesa.

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As Conquistas Democráticas de Abril

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 e

o processo que se seguiu até à

promulgação da Constituição da

República Portuguesa, aprovada a 2 de

Abril de 1976, Portugal assistiu:

• À instauração da liberdade sindical e do direito de

organização dos trabalhadores a partir dos locais de

trabalho, tal como dos direitos de contratação e

negociação colectiva, à greve, ao exercício do controlo de

gestão, à participação das associações sindicais na gestão

da segurança social e na elaboração da legislação do

trabalho;

• Ao fim da guerra colonial (1961-1974) e à justa

independência de povos submetidos durante séculos ao

colonialismo português, abrindo-se espaço para a

concretização de relações ímpares de amizade e

cooperação entre esses povos;

• À institucionalização de uma democracia política

baseada na separação, interdependência e comple-

mentaridade dos órgãos de soberania, para além do

reconhecimento dos princípios de igualdade dos direitos

dos cidadãos, do papel dos partidos políticos, do sufrágio

universal e directo e do princípio da proporcionalidade no

sistema eleitoral, no poder local democrático e na

autonomia regional dos arquipélagos da Madeira e dos

Açores;

• Profundas transformações económicas que permitiram

a melhoria das condições de vida do Povo Português

• À promoção da melhoria das condições de vida do povo

com a institucionalização do salário mínimo nacional, das

reformas e das pensões mínimas, do direito à segurança

social para largos sectores populacionais, do

alargamento do direito a 30 dias de férias, ao subsídio de

férias, ao 13.º mês e à licença de parto, de protecção no

desemprego e o reconhecimento dos deficientes e dos

idosos;

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Fortaleza de Peniche Memória da Resitência Anti-Fascista e da Luta dos Portugueses pela Liberdade

Em 1984, a Câmara Municipal de Peniche tomou a

iniciativa de afectar uma parte das edificações da Fortaleza

para fins culturais. Surgiu assim o Museu Municipal de

Peniche e a musealização de três das dependências da

antiga prisão política do Estado Novo.

Este Núcleo da Resistência do Museu tem, desde então,

desempenhado as funções de: ilustração histórica

(documentando aspectos do funcionamento de um dos

instrumentos fundamentais da repressão fascista) e de

evocação cívica (reavivando a memória da insubmissão e

resistência dos portugueses e das suas lutas pela liberdade

e pela democracia).

Esta dupla função tem sido compreendida e valorizada ao

longo das quase três décadas de existência do Núcleo.

Muitas dezenas de milhares de visitantes procuram-no

todos os anos, em visitas colectivas ou individuais.

Inúmeros depoimentos têm sido recolhidos localmente

para integrar publicações, documentários e filmes. O

Presidente da República comemorou aqui oficialmente o

30º aniversário da Revolução do 25 de Abril,

homenageando os combatentes da liberdade que tinham

estado detidos no Forte de Peniche, as suas famílias e

todos os que lhes tinham prestado apoio, nomea-

damente da própria vila.

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Museu de Peniche,Resistência novos desafios. novas oportunidades

Para a Câmara Municipal de Peniche é chegado

o momento de proceder a uma reformulação da

sua rede de museus e núcleos e uma revisão dos

respectivos programas científicos e museo-

lógicos. O Núcleo da Resistência será abrangido

por essa reestruturação. Nesse sentido, a

Câmara Municipal criou um Grupo de Trabalho

para elaborar um plano de Rede Museológica

Municipal e celebrou com a URAP um protocolo

ao abrigo do qual estão a ser concretizados

diversos projectos de dinamização da área da

Resistência.

O Núcleo da Resistência manterá as funções que

lhe foram definidas, que, todavia, serão

aprofundadas. O espaço que lhe está dedicado

será ampliado.

As funções de ilustração histórica e memória

cívica serão reforçadas por um componente de

Centro de Documentação, que, além das

articulações com outros centros especializados

na Memória e História do Estado Novo e do

Fascismo, terá elementos próprios recolhidos

junto de antigos prisioneiros políticos.

Pretende-se, por outro lado, refazer o percurso

museológico da Resistência, nele integrando

áreas actualmente ocupadas com outras

colecções, de forma a proporcionar maior

clareza expositiva e didáctica aos visitantes.

A intenção anunciada pelo Estado de permitir a

instalação em parte da Fortaleza de uma

unidade hoteleira do tipo Pousada de Portugal

é encarada pela Câmara Municipal de Peniche

como um desafio e uma oportunidade. Uma

oportunidade para valorizar um património

secular, a Fortaleza, salvaguardando o

património que encerra. Um desafio para um

impulso criativo ao Museu de Peniche e à

dignificação e projecção nacional e

internacional do Núcleo da Resistência, como

marco singular de uma história que, apesar de

sombria, é portadora de um indomável ideal

de Liberdade.