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Catálogo da exposição do artista plástico Raymundo Colares na SP Arte, São Paulo, abril de 2016
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1944 - 1986
RAYMUNDO
COLARES
RONIE MESQUITA GALERIA
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2Existem pessoas raras, difíceis de se encontrar.Elas são lindas por fora, mas principalmente por dentro.São feitas de carinho e recheio de verdade.Costumam chegar de mansinho e te conquistam dia a dia.Conquistam com verdades e muito amor.Elas não têm medo de competição.Valorizam qualidades e não defeitos.Querem te ver crescer. Querem te ver feliz. Querem te ver sorrir.Estão sempre por perto, não te deixam só, mesmo quando você não percebe, estão cuidando de você.Se você teve a sorte, como eu tive, de encontrar uma dessas pessoas, não se esqueça de dizer: obrigado por você existir!
CELY T. D. MESQUITA
1959 | 2015
DETALhE AO LADO:SEM TÍTULO, 1966
DO SEU qUinTaL pODia-SE OUvir a MúSica E OS DiáLOgOS
DOS fILMES (...) COLARES AMOU A ARTE DO CINEMA E COM
ELa cOnvivEU ESTrEiTaMEnTE. Fazia áLbUnS DE cinEMa E
cOLEciOnava FOTOS DE arTiSTaS. aDOrava LEr hiSTóriaS
EM qUaDrinhOS, OS gibiS, cOLEciOnava-OS. Era UM
MEninO inTrOSpEcTivO, aLgUMaS vEzES brincaLhãO.
Lia ExagEraDaMEnTE, MUiTO cEDO SE TOrnOU cULTO.
Tinha UMa bOa rELaçãO cOM OS irMãOS E, pELa MãE,
aDOraçãO. aDMirava-a na SUa FOrça E DOçUra.
SEparaDa DO MariDO rEgia a prOLE SOzinha.
FELiciDaDE paTrOcÍniO
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DETALhE:igUaiS MaS DiFErEnTES, 1966
EnTrE 1966 E 1970, anO EM qUE ganhOU O
prêMiO DE viagEM DO SaLãO DE arTE MODErna,
SUa Obra TEvE UM DESEnvOLviMEnTO ESpETacULar.
DO MOVIMENTO VIRTUAL DAS pINTURAS DOS
ônibUS, paSSanDO pELaS TrajETóriaS EM METaL...
O qUE SE pErcEbE na pOéTica DE cOLarES é
UMa cOErência pLáSTica nOTávEL. (...) O LancE
TrágicO viria EM SEgUiDa. DEpOiS DE UMa LOnga
rELaçãO pOéTica-viSUaL cOM OS ônibUS, acabOU
ATROpELADO pOR UM DELES...
LUIz CAMILLO OSORIO
crÍTicO DE arTE
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O ARTISTA RAYMUNDO COLARES
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RAYMUNDO COLARES: UMA VIDA DIVIDIDA
DENISE MATTAR
MaS é O iMpaSSE.
fAzENDO O
QUE EU QUERO E AO MESMO
TEMpO TRANQUILIDADE.
TranqUiLiDaDE é UM SacO para SE agUEnTar.
é iSTO, a DúviDa
A VIDA DIVIDIDA
DIVIDIDA
TrEnTO 30 jULhO 73
Em dezembro de 1972, chegando a Trento, Itália, Raymundo Colares escrevia
em carta a Antonio Manuel: “Pra que saber aonde ir? Vou pra minha casa. Depois de
8 anos de grandes cidades volto para uma pequena. Estou fugindo pra mim mesmo?”¹ Seis
meses depois sua dúvida só aumentara, como pode ser constatado no poema inédito
apresentado na epígrafe acima. O texto faz parte do Diário que o artista manteve
em Trento, um documento até agora desconhecido e recentemente garimpado
pela Galeria Ronie Mesquita. A esse Diário, a galeria juntou um conjunto de obras
também inéditas, compondo uma exposição de raridade indiscutível. Reunindo
trabalhos das décadas de 1960, 1970 e 1980, a mostra traça uma visão de conjunto da
obra de Raymundo Colares, e, principalmente, ajuda a desvendar o processo de criação
de um de nossos mais originais artistas.
No documentário sobre Colares, realizado pela Rio Arte em 1987, com direção
de Sergio Wladimir Bernardes, impressiona o depoimento de Cildo Meireles, que via
o amigo como “alguém a quem tivessem arrancado a pele, e colocado sob uma tempestade.”
Frágil e impetuoso, Raymundo Colares vivia intensa e vertiginosamente, alternando
períodos de profunda calmaria e produção frenética, numa “dualidade complementar”
de anima e animus.² Suas ambivalências e conflitos resultavam em movimento,
dinamismo e metamorfose, e desembocavam em repouso e solidão. Morreu cedo, e de
forma trágica, à maneira de seu ídolo James Dean.² Referência a Gastón Bachelard.
¹Carta reproduzida no catálogo
da exposição Raymundo Colares,
realizada no Museu de Arte
Moderna de São Paulo, de 18
de novembro a 19 de dezembro
de 2010, com curadoria de Luiz
Camillo Osorio.
DiáriO cOLarES, páginaS nãO nUMEraDaS, MOnTES cLarOS, Mg, 1974
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A leitura do Diário reitera essa visão de uma pessoa intensamente
dividida. Seu processo criativo pode ser acompanhado em quase uma centena
de esboços e seu pensamento se revela em textos e anotações esparsas, muitas
vezes expelidas em jatos. O Diário foi realizado em dois locais distintos:
Trento, Itália, de 9 de dezembro de 1972 a 30 de julho de 1973, e Montes
Claros, Minas Gerais, de 5 de março a agosto de 1974. Sete anos depois,
numa noite insone, de 30 a 31 de janeiro de 1980, Colares retomou seu Diário,
fazendo nele interferências, comentários e desenhos.
Ao longo de todo o documento, cada página, com pouquíssimas
exceções, é datada e assinada, num processo quase obsessivo. É um Diário
de artista, majoritariamente composto de esboços desenhados a lápis, alguns
com numerações que parecem marcar uma futura distribuição de cores. Há
também colagens de recortes de gibis e revistas, rótulos, tickets de trem,
recibos, folhas de calendário etc. Mas o que impressiona mesmo são os textos,
nos quais se evidencia o seu desassossego, dividido entre a vontade de ser livre
e viver no mundo, e um pertencimento a Montes Claros do qual ele quer se
livrar, mas não consegue:
Mundo, mundoVasto mundoEu me chamo RaymundoSou uma rimanão sou um poetae Montes Claros não é um retrato na parede
Hoje é aniversário do Jorge, deve estar na fazenda trabalhando junto a papai, ou estará
em Montes Claros com o pessoal? CANABRAVA. E eu que sempre pensei que ele tinha
sido levado a essa vida medíocre na fazenda. Não tinha nunca pensado que talvez ele
tivesse escolhido a fazenda e que aquela vida não era medíocre, mas significava um
objetivo para ele. De qualquer modo vejo, nesta evolução de um ponto de vista meu, uma
evolução minha, porque Eu no fundo nunca saí de lá.
TrENTO Itália 73 ³
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³ A poesia e o texto foram escritos
no dia 23 de fevereiro de 1973 e, a
partir de então, Colares utilizará
muitas vezes essa forma TrENTO,
com o r minúsculo, num jogo com
a palavra TENTO.
página aO LaDO:DiáriO cOLarES, página nãO NUMERADA, TExTO pARA ANTONIO ManUEL EM TrEnTO, iTáLia, 1973
DiáriO cOLarES, aUTOrrETraTO, página nãO nUMEraDa, TrEnTO, iTáLia, 1973
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página aO LaDO:DiáriO cOLarES, página 8, ESbOçO, TrEnTO, iTáLia, 1972
DiáriO cOLarES, página nãO nUMEraDa, paSSagEM DE TrEM, TrEnTO, iTáLia, 1972
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Raymundo Colares nasceu no dia 25 de abril de 1944, em Grão
Mogol, Minas Gerais, mas foi criado em Montes Claros, na época uma
cidade pequena. Ele morava ao lado do Cine Fátima, como conta a
conterrânea Felicidade Patrocínio: “Do seu quintal podia-se ouvir a música
e os diálogos dos filmes (...). Colares amou a arte do cinema e com ela conviveu
estreitamente. Fazia álbuns de cinema e colecionava fotos de artistas. Adorava ler
histórias em quadrinhos, os gibis, colecionava-os. Era um menino introspectivo,
algumas vezes brincalhão. Lia exageradamente, muito cedo se tornou culto. Tinha
uma boa relação com os irmãos e, pela mãe, adoração. Admirava-a na sua força e
doçura. Separada do marido regia a prole sozinha.”4
Apesar de gostar de desenhar desde criança, Colares pretendia ser
engenheiro, e recebeu uma bolsa de estudos que o levou a Salvador. Lá
descobriu Mondrian, uma referência para sempre, e compreendeu que era um
artista. Abandonou a bolsa e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ficou por
um breve período, logo retornando à sua cidade.
Em 1966, Raymundo Colares voltou novamente para o Rio e foi
morar numa pensão em Santa Tereza, onde, um pouco mais tarde, veio a
residir Cildo Meireles, de quem se tornou amigo. Iniciou um curso na Escola
Nacional de Belas Artes, que logo abandonou, e juntou-se à turma que
circulava no Museu de Arte Moderna reunindo Lygia Pape, Antonio Manuel,
Ascânio, Barrio, entre outros.
Encontrou um momento de efervescência e de mobilização poucas
vezes repetido na arte brasileira. A vanguarda experimental neoconcretista
propunha-se a estender ao máximo os limites da arte; ao mesmo tempo um
grupo mais jovem multiplicava as pesquisas com a Nova Figuração, e tudo era
permeado por uma urgência de posição política que tinha nos CPCs (Centros
Populares de Cultura) seus maiores representantes.
As exposições eram, na época, um espaço privilegiado para
formulações teóricas. Artistas e críticos participavam visceralmente de
discussões realizadas no calor da criação das obras e de sua apresentação. A
primeira dessas mostras emblemáticas havia sido Opinião 65, organizada por
Jean Boghici e Ceres Franco, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
RAYMUNDO COLARES COM SUA MãE, jOana naTaLina cOLarES, CIRCA 1970
RAYMUNDO COLARES AINDA NA aDOLEScência EM MOnTES cLarOS, Mg, circa 1959
AO LADO:rayMUnDO cOLarES nO aTELiê EM TErESópOLiS, rj, 1981
4 Felicidade Patrocínio, Montes
Claros no Cenário das Artes
Plásticas Brasileiras. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de
Montes Claros, vol.5.
Em 1967, foi realizada, no mesmo local, a exposição Nova Objetividade
Brasileira. Antonio Dias, um dos organizadores, convidou Raymundo Colares a
participar da mostra, e assim o jovem artista, praticamente recém-chegado de
Minas Gerais, foi catapultado para o epicentro da produção artística nacional.
E não passou despercebido. O ônibus já era o seu tema, que ele explicava de
maneira poética: “[O ônibus] é como um homem que tem uma trajetória a cumprir e
o fará de qualquer maneira, apesar de encontrar em sentidos contrários outras forças. E
tentará vencer, forçando trajetórias contrárias e barreiras, já que fazem parte da vida
essas ultrapassagens.”5
Festejado pela crítica, Colares foi imediatamente integrado ao circuito
de arte. Em 1968, participou de alguns salões e recebeu vários prêmios. No
Salão Nacional de Arte Moderna, mesmo sendo tão jovem, recebeu o prêmio
Isenção do Júri pelos trabalhos tridimensionais que havia apresentado.
Pintadas em chapas de alumínio, essas obras se projetavam para fora da
parede, como as carrocerias de ônibus em ultrapassagens.
Aos 25 anos, realizou sua primeira exposição individual na galeria
do Copacabana Palace, em 1969. Em matéria para o Correio da Manhã,
assinada por Jayme Maurício, o artista falava sobre seu trabalho, rejeitando a
influência pop que a crítica de arte lhe atribuía: “Acusam-me de sofrer influência
norte-americana. Como, se jamais fui além do Rio de Janeiro? Reconheço, isso sim, a
influência do cinema nos meus quadros. A influência dos cortes, da dinâmica. E, nesse
caso, reconheço, também, a influência do cinema americano, que era o que existia para
se ver em toda a minha infância e adolescência. E também a influência das histórias em
quadrinhos, invenção americana e leitura dos meus tempos de criança. Mas os ônibus
que retrato, garanto, são inteiramente cariocas e urbanos. Eu os vejo assim: bacanas,
coloridos, metálicos. Nunca transferi para as telas ônibus interestaduais. São todos na
base do Castelo-Ilha do Governador, São Salvador-Leblon.”6
A exposição da Galeria Ronie Mesquita na SP Arte reúne 12 trabalhos
dessa vertente, datados de 1966. Realizados em guache e lápis, alguns com
dedicatória a amigos, os trabalhos revelam imediatamente o motivo do
avassalador sucesso de Colares quando de sua aparição no circuito de arte
carioca. De suas obras emana a urgência da cidade, do trânsito frenético, que
impressionava o menino do interior. Colares descobre as carrocerias dos ônibus,
pôSTEr Da ExpOSiçãO na gaLEria DO cOpacabana paLacE, 1969, riO DE janEirO, rj
FELiciDaDE paTrOcÍniO EScrEvE SObrE a TrajETória DE rayMUnDO cOLarES, MOnTES cLarOS, Mg
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DESEnhO SObrE carTãO, rayMUnDO cOLarES, DécaDa DE 1960
com suas pinturas de cores fortes e bregas, e as faz passar velozmente deixando
fragmentos de traços entre vestígios de cor. Faz uma síntese entre a pop art e o
concretismo, de forma inusitada e potente.
Em 1970, Colares recebeu o prêmio de Viagem ao Exterior do Salão
Nacional de Arte Moderna e o Prêmio IBEU, que era uma passagem para
os Estados Unidos. Decidiu então que iria ficar seis meses em Nova York
e um ano e meio na Itália. Nos Estados Unidos, trabalhou com filmes
experimentais e fez alguns estudos com o canudo ótico, reproduzindo imagens
caleidoscópicas. De Nova York foi para Milão e de lá para Trento, mas a
viagem, que deveria lhe abrir novas possibilidades, interrompeu sua carreira.
Seus problemas com álcool e drogas se acentuaram. A dificuldade de montar
um ateliê e as demandas práticas o afastavam da pintura.
6 Raymundo Colares em entrevista
a Jayme Maurício, Correio da
Manhã, 1969, reproduzida no
catálogo da mesma exposição.
5 Raymundo Colares em entrevista
a Jayme Maurício, Correio da
Manhã, 1969, reproduzida no
catálogo da exposição Raymundo
Colares, Trajetórias, realizada no
Centro Cultural da Light, em 1997,
com curadoria de Ligia Canongia.
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Nesse período, em parte pela falta de um espaço para pintar, Colares
escreveu muitas poesias, como O Bolero de Brooklyn e Viver uma só vez, mas
a maior parte delas foi perdida. Escrevia muitas cartas para os amigos do
Brasil, especialmente Antonio Manuel. Cuidadosamente datilografados em
blocos vermelhos e pretos, os textos dessas cartas formavam composições.
Algumas vezes adotava o formato de história em quadrinhos, ou mandava
desenhos e xerox. Pedia a opinião dos amigos, reclamava da falta de
respostas e chorava ao som de Roberto Carlos. A experiência da solidão não
foi bem assimilada pelo artista.
É desse período o Diário apresentado na exposição, no qual se evidencia
essa luta do artista entre a ordem e o caos, entre o frenesi e a tranquilidade,
entre a vida e a morte.
A mudança de Colares para a pequena cidade italiana de Trento foi
mais uma tentativa de se adaptar. Em anotação do dia 15 de dezembro de
1972, escreve ele: “Finalmente tenho minha casa, e meu lugar para trabalhar.”
Composto por um caderno quadriculado, o Diário foi cuidadosamente
numerado em sequência nas páginas da direita. Os desenhos a lápis, esboços
de trabalhos, se sucedem, alguns com anotações de processo, como a série que
chama de Desdobrando.
Pouco se sabe da produção do artista nesse período, de quanto ele
transformou seus belos esboços em telas. Sobre isso há apenas um comentário
em 15 de maio de 1973: “Estou contente! Fiz o 1º quadro da série de linhas
intercalantes. Em laranja e azul. É o que esperava. Tudo bem. Pra que teorizar?”
Um exemplo raro desse processo pode ser visto na mostra da SP Arte,
abril de 2016, São Paulo. A tela intitulada Coligações, assinada e datada de 1973,
tem seu esboço na página 55 do Diário, do dia 8 de janeiro do mesmo ano.
Também estão presentes na exposição duas obras da década de 1970, realizadas
em papéis coloridos colados em madeira, que parecem remeter-se ao esboço O
Colecionista, uma dobradura colada no diário no dia 31 de janeiro de 1973.
AO LADO:DiáriO cOLarES, página 3, ESbOçO, SériE DESDObranDO, TrEnTO, iTáLia, 1972
capa DO caTáLOgO Da ExpOSiçãO DEpOiMEnTO DE UMa gEraçãO, 1969-1970, riO DE janEirO, rj, 1986
pinTUra SObrE MaDEira, Da SériE MOnDriana
DiáriO cOLarES, páginaS 4 E 5, ESbOçOS, SériE DESDObranDO, TrEnTO, iTáLia, 1972
páginaS SEgUinTES:
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AO LADO:
páginaS anTEriOrES:
DiáriO cOLarES, páginaS 6 E 7, ESbOçOS, SériE DESDObranDO, TrEnTO, iTáLia, 1972
DiáriO cOLarES, páginaS 9 E 10, ESbOçOS, SériE DESDObranDO, TrEnTO, iTáLia, 1972
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anTOniO ManUEL, arTUr barriO, RAYMUNDO COLARES E CILDO MEIRELES, EM EncOnTrO na gaLEria paULO kLabin, riO DE janEirO, rj, 1983
pOSTaL EnDErEçaDO a aracy aMaraL COMENTANDO O INTERESSE DE cOLarES SObrE a ExpOprOjEçãO 73, TrEnTO, iTáLia, 1973
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Com sua natural inquietude, Colares viajava com alguma frequência a
Milão e, em seu Diário, anotações poéticas e tristes começaram a se multiplicar:
Da adversidade vivemos Hélio O.
cúmplice idade
capaz idade
infeliz idade
intranquila idade
sincera idade
igual idade
adversa idade
solidária idade
29 anos incompletos
De diversas idades vivemos R.C.
Milano 14/1/73 4h da manhã.
Em 31 de maio de 1973, daquela cidade, escreve carta a Antonio Manuel
relatando que havia mandado para Aracy Amaral seus filmes Margiano e América
Latina, Doce América Latina para serem apresentados na Expoprojeção 73, em São
Paulo, exposição pioneira reunindo filmes de artistas. Fala ainda sobre a visita de
sua irmã Tereza e descreve entusiasmado o projeto de um novo filme Tem gente que
gosta quente, cuja descrição também está presente no Diário.
Apesar do otimismo esporádico, o mal-estar parece sempre voltar, e o
artista cola no seu caderno recortes de gibis que expressam o sentimento de
inadaptação, que vê espelhado no seu herói preferido, o Homem-Aranha. No
quadrinho recortado, o personagem se despe de costas enquanto pensa: “Por
que as coisas nunca dão certo para mim? Por que sempre magoo as pessoas embora sem
intenção? É esse o preço que devo pagar por ser o Homem-Aranha?”
Em 30 de julho de 1973, na última das anotações de Trento, o tom é mais grave ainda:
Não posso fazer planos. O sonhoda casa como queroaonde. nas montanhasà beira-mar,na cidade!Sim, eu poderia dizerNão vale a pena nada.Nada
Finda a bolsa que o levou para os Estados Unidos e Itália, Colares voltou para casa, para
Montes Claros, para a sua “cidade pequena”, em um autoexílio que durou oito anos. Lá, retomou seu
Diário em 5 de março de 1974, mantendo os esboços e as páginas numeradas, realizando cerca de
dez desenhos, sendo os dois últimos, datados de agosto de 1974, sombreados e coloridos. Quase não
fez anotações, exceto por algumas páginas dedicadas ao projeto de um filme chamado Salomé, que
parece tratar-se de um filme homoerótico.
Nos seis anos que se seguem, Colares permanece afastado do circuito de arte, enviando
esporadicamente alguns trabalhos para exposições coletivas. Sua luta contra a dependência de
drogas é constante. Dava aulas no Conservatório de Música Lorenzo Fernandez, onde lecionou várias
disciplinas: Desenho, Pintura, História da Arte e Composição Artística. “Apesar da simplicidade, tinha
personalidade forte e marcante, e os alunos, que o adoravam, nos momentos difíceis de crise, o protegiam.”7
7 Felicidade Patrocínio, Montes
Claros no Cenário das Artes
Plásticas Brasileiras. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de
Montes Claros, vol.5.
ESTUDO DE COLARES, DécaDa DE 1970
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No dia 30 de dezembro de 1980, Colares pega o Diário abandonado e
aparentemente vara a noite escrevendo nele. Escreve no lado esquerdo das páginas, até
então livres. Usa duas canetas, uma azul e outra vermelha, e sua letra às vezes é quase
ilegível. Parece estar revendo fatos: faz desenhos, escreve poesias, letras de músicas
infantis e anotações. Algumas remetem às páginas já escritas, mas a grande maioria não:
Cântico O Juquinha
Quem quiser aprender a dançar
Vai à casa do Juquinha,
Ele pula, ele dança
Ele faz requebradinha
De abóbora faz melão
De melão faz melancia
Faz doce, sinhá, faz doce, sinhá
Faz doce e cocadinha
Cascalho e lágrimas
Coração inquieto
Caminho ardente
árido
pés descalços no cascalho
Mas, sempre ir em frente
É preciso
a estrada
longa
o sol queimando
quando secam
as lágrimas
fica o sorriso no rosto
um sorriso triste
é claro
mas sempre um sorriso - Montes Claros 30/1/80
Esta lágrima
Que luta para não descer
Pelo meu rosto
Não é uma lágrima de tristeza
Nem de angústia
É raiva mesmo
R Colares - 31/1/80
O amor não correspondido é outra questão que permeia o
diário nessa longa noite. Nas quatro últimas páginas, sobre uma
profusão de desenhos e num arrazoado caótico, declara a alguém
seu amor e sua vontade de viver:
(...) minha contribuição
é gratuita. e verdadeira
é minha vida que
eu ofereço.
Como um
Santo. a vida
vivida pensada divida
pesada divida
mas vida di vida
dividida – meu
amor eu não aguento mais
me toma me beija faz de
mim o que quiser
porque eu só sei isto
VIVER
VI VER
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E de fato viveu! Em 1981, resolveu voltar para o
Rio de Janeiro, e o fez triunfalmente. Em 1983, as Galerias
Saramenha e Paulo Klabin realizaram juntas o que chamaram
de “exposição-resumo” da sua obra, com trabalhos antigos
e recentes. Mais uma vez o artista surpreendeu. Frederico
Morais, em artigo para o jornal O Globo, escreveu: “Visual e
psicologicamente, ele sempre esteve em trânsito, a caminho, está sempre
saindo, sempre chegando. Um bólido no espaço. (...) Vistos agora,
na Galeria Saramenha, quase quinze anos depois, seus quadros
provocam o mesmo impacto de quando foram lançados, naqueles anos
difíceis (68/70), o tempo não retirou deles a carga emocional que
os motivou.(...) Liberto, compra o ticket de volta, acha que o sonho
não acabou e busca novos caminhos, como indica numa bela obra
denominada ‘Orgia em quatro partes’. Viva Colares!”8
MaTéria DE FrEDEricO MOraiS, 1968
FOLDEr Da ExpOSiçãO DE cOLarES naS gaLEriaS paULO kLabin E SaraMEnha, 1983
8 Frederico Morais, O Globo, 1983, reproduzido no catálogo da exposição
Raymundo Colares, Trajetórias, realizado no Centro Cultural da Light, em 1997,
com curadoria de Ligia Canongia.
RAYMUNDO COLARES, EM NOVA YORk, 1972
Um exemplo desse novo caminho que Frederico Morais aponta pode
ser visto na exposição da mostra SP Arte em abril de 2016, na obra sem título,
datada de 1981. Realizada em Montes Claros, é uma poderosa demonstração
da “ambiguidade ótica” que ele buscava. Completando a mostra, há o vibrante
e excepcional painel desenvolvido, mas não realizado, por Colares para o
projeto Arte nos Muros, que na década de 1980 ocupou as empenas dos
prédios no Rio de Janeiro com obras de artistas.
Infelizmente a euforia de sua volta foi interrompida no início de 1986.
Por uma ironia do destino, ele foi atropelado por um ônibus. “Eu tinha saído
do Cine Ópera em Botafogo e fui para um bar, quando fui atravessar a rua vinha um
vulto azul metálico” - disse no hospital para o amigo Cildo Meireles. Colares
capa DO LivrO Da ExpOSiçãO RETROSpECTIVA, MUSEU DE ARTE MODErna DE SãO paULO, 2010
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entrou em depressão e resolveu voltar para Montes Claros, onde se internou
no hospital Prontomente. No dia 28 de março, em mais um episódio trágico,
o artista morreu das extensas queimaduras que sofreu quando seu leito se
incendiou por causa de um cigarro aceso.
Em 1987, a RioArte produziu um vídeo sobre sua obra com direção de
Sergio Wladimir Bernardes. O documentário reúne depoimentos de alguns
amigos, como Antonio Manuel e Cildo Meireles, e faz uma analogia entre a
morte de Colares e o incêndio do MAM do Rio de Janeiro, ocorrido em 1978.
Sua primeira retrospectiva póstuma teve a curadoria de Ligia
Canongia. Apresentada em 1997 pelo Centro Cultural Light, a exposição e
seu catálogo tornaram-se referências para o estudo de Colares. Nele a crítica
de arte reuniu um significativo conjunto de obras, cartas e poemas do artista,
e textos críticos sobre ele. Na visão de Canongia: “Colares sabia também que a
problemática que enfrentava no exercício prático da sua arte era ainda a mesma que atingia
a sua dimensão como sujeito. (...) Deixou-se angustiar pela fragmentação, pela velocidade
e pela dispersão da vida urbana como se fosse um ‘moderno’, recém-familiarizado com as
linguagens mecânicas, a alienação e a solitude. Acabou por fazer uma obra e viver uma vida
extremamente ‘velozes’.”9
Em 2010, o crítico Luiz Camillo Osorio realizou nova exposição
retrospectiva no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Na sua visão: “Em
Colares, a apropriação de uma geometria concreta do espaço pictórico dar-se-ia através
de um olho atravessado pela estrutura visual das histórias em quadrinhos e pela
confusão sedutora da desordem urbana, metaforizada pela fragmentação dos ônibus
cortando o campo perceptivo. De início eles se compunham numa narrativa visual
que não se desdobra no tempo, mas se fragmenta no espaço, multiplicando os dados
perceptivos na vertigem de um corpo, atravessado pela confusão da cidade. Baudelaire,
cubismo e nova figuração.”10
Em 2011, a convite de Anderson Eleotério, realizei para a Caixa
Cultural do Rio de Janeiro a curadoria da exposição retrospectiva Raymundo
Colares Poética Pop. Foi um contato profundo com a obra do artista, sobre o
qual escrevi: “Os títulos de suas obras: ultrapassagem, trajetória, ponto de mudança,
ocorrência, apontam que ele estava em busca do ‘tempo do movimento’, expressão muito
usada por Mary Vieira, artista concretista brasileira, com a qual a obra de Colares
CApA DO LIVRO RAYMUNDO COLARES TrajETória, cEnTrO cULTUraL LighT, riO DE janEirO, rj, 1997
capa DO LivrO Da ExpOSiçãO rayMUnDO cOLarES pOéTica pOp, caixa cULTUraL, riO DE janEirO, rj, 2001
10 Luiz Camillo Osorio, texto do
catálogo da exposição Raymundo
Colares, realizada no Museu de Arte
Moderna de São Paulo, de 18 de
novembro a 19 de dezembro de 2010.
9 Ligia Canongia, texto do catálogo
da mesma exposição.
MaTéria DE FrEDEricO MOraiS SObrE a MOrTE DO arTiSTa, jOrnaL O gLObO, riO DE janEirO, rj, 1986
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se identifica em muitos aspectos, especialmente na forma lúdica de abordar o rigor
concreto. Colares não era conceitualmente um artista pop, mas incorporou algumas das
referências visuais identificadas com aquele movimento artístico. Essa improvável síntese
entre o concretismo e a pop art, realizada de maneira intuitiva, quase ingênua, visto
que Colares não era um teórico como Oiticica; reveste sua obra de um frescor e de uma
originalidade raramente encontrados. Cinético e lírico, rigoroso e lúdico, alegre e trágico,
Raymundo Colares fez conviver contrastes de forma única, legando para a arte brasileira
e internacional uma obra de excepcional qualidade.”
MaTéria DE FrEDEricO MOraiS, jOrnaL DiáriO DE nOTÍciaS, riO DE janEirO, rj, 1969
A exposição agora realizada na SP Arte é a primeira a acontecer em uma
galeria desde 1983. Sua excepcionalidade reside em trazer o Projeto da Edição
dos "Gibis", o Diário e obras inéditas de um artista cujo trabalho continua a
causar impacto. Parafraseando Frederico Morais, no texto já citado realizado
para a Galeria Saramenha, podemos dizer que o tempo não retirou deles a carga
emocional que os motivou. Viva Colares!
DESEnhO SObrE papEL TiTULaDO “aT bOOM STagE”, DécaDa DE 1970
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OS “gibiS” E O prOcESSO criaTivO DE cOLarES
Em 1970, Raymundo Colares surpreendeu a crítica com a apresentação dos “Gibis”. Eles são cadernos compostos por
folhas de papel de diferentes cores com cortes sucessivos que se superpõem. Ao virar as folhas, o espectador torna-se coautor da
obra, em composições que se multiplicam a cada página virada.
Frederico Morais os considerava um dos momentos mais fascinantes da arte brasileira contemporânea. E Roberto
Pontual escrevia: “Os planos de papel em cor, emergindo e se sucedendo corte após corte na espaciotemporalidade, constituem
toda a mínima/múltipla linguagem desses livros (gibis) de Raymundo Colares, nos quais estão mantidos aqueles mesmos
ritmos visuais característicos de sua pintura de captação de iconografia urbana.”
Raymundo Colares queria que todos tivessem acesso às suas obras. Ele considerava, assim como outros concretistas,
que a questão dos direitos autorais era algo irrelevante. O espírito que move os “Gibis” é, portanto, o de sua possibilidade
de multiplicação. No “Projeto da edição dos ‘Gibis’”, agora apresentado na SP Arte, o artista está tentando encontrar um
parceiro para viabilizar uma edição desses trabalhos. Escrevendo à mão, ele descreve a concepção dos “Gibis”, fala sobre o
desenvolvimento de alguns deles, como as homenagens a Albers e Mondrian, e detalha o processo de elaboração e edição.
Assim, é possível acompanhar tanto o processo criativo do artista quanto sua preocupação com a qualidade dos resultados.
Uma obra-documento de valor inestimável.
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capa Da aprESEnTaçãO DO prOjETO Da EDiçãO DOS “gibiS” DE cOLarES
ESTUDO DE CORES EM papEL ingrES
prOjETO Da EDiçãO DOS “gibiS”
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ESTUDOS DE cOrTES para criaçãO DOS “gibiS”
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acUSaM-ME DE SOFrEr inFLUência nOrTE-aMEricana. cOMO,
SE jaMaiS FUi aLéM DO riO DE janEirO? rEcOnhEçO, iSSO SiM, a
inFLUência DO cinEMa nOS MEUS qUaDrOS. a inFLUência DOS
cOrTES, Da DinâMica. E, nESSE caSO, rEcOnhEçO, TaMbéM, a
inFLUência DO cinEMa aMEricanO, qUE Era O qUE ExiSTia para
SE vEr EM TODa a Minha inFância E aDOLEScência. E TaMbéM a
inFLUência DaS hiSTóriaS EM qUaDrinhOS, invEnçãO aMEricana E
LEiTUra DOS MEUS TEMpOS DE criança. MaS OS ônibUS qUE rETraTO,
garanTO, SãO inTEiraMEnTE cariOcaS E UrbanOS. EU OS vEjO
aSSiM: bacanaS, cOLOriDOS, METáLicOS. nUnca TranSFEri para aS
TELaS ônibUS inTErESTaDUaiS. SãO TODOS na baSE DO caSTELO-iLha
DO gOvErnaDOr, SãO SaLvaDOr-LEbLOn.
RAYMUNDO COLARES
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ObraS EM ExpOSiçãO
DETALhE:SEM TÍTULO, 1966
SUa Obra TEM UM LUgar
ESpEciaL na hiSTória Da
arTE braSiLEira, cOMO UM
ELO SingULar DE LigaçãO
ENTRE A pINTURA MODERNA,
VONTADE CONSTRUTIVA, A
TEnDência ExpEriMEnTaL E O
AMOR AO MUNDO.
LUIz CAMILLO OSORIO
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SEM TÍTULO, 1981óLEO SObrE MaDEira
72 x 72 CM
ASSINADO, DATADO E LOCALIzADO NO VERSO (MOC-1981)
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cOLigaçÕES, 1973óLEO SObrE TELa
67 x 67 CM
ASSINADO, DATADO E LOCALIzADO NO
vErSO (TrEnTO iTáLia)
página aO LaDO:
ESbOçO Da Obra rEprODUziDO na página 55 DO DiáriO
cOLarES, TrEnTO, iTáLia, 1973
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ESSA TELA DE RAYMUNDO COLARES fOI INSpIRADA EM UMa Obra DE yOkO OnO: 'O MESMO raiO nãO cai DUaS vEzES nO MESMO LUgar', na ExpOSiçãO rEaLizaDa EM nOva yOrk, na DécaDa DE 1970.COLARES ESTAVA EM NOVA YORk, hOSpEDADO NA rESiDência DO SEU aMigO héLiO OiTicica. OS TExTOS E cOrrESpOnDênciaS DESSE pErÍODO, inTiTULaDOS 'nEwyOrkaiSES', já TraDUzEM a aDMiraçãO DE aMbOS pOr Mick jaggEr, rOLLing STOnES, jiMy hEnDrix, janiS jOpLin, yOkO OnO E jOhn cagE.a Obra EM qUESTãO ESTEvE ExpOSTa na gaLEria paULO kLabin, nO ShOpping cEnTEr Da gávEa, riO DE janEirO, EM 1983. pinTaDa SObrE MaDEira cOM TINTA AUTOMOTIVA, fOI COLOCADA EM DESTAQUE na EnTraDa principaL Da gaLEria, SEnDO UTiLizaDa COMO pERfORMANCE CONVIDANDO OS ESpECTADORES a parTiciparEM DE UMa Obra cOLETiva. cOLarES aciOnOU OS ELEMEnTOS: prEgOS E MarTELOS, para qUE a TELa FOSSE pErFUraDa, abrinDO caMinhO para UMa Obra rE-criaTiva, qUE nãO é MaiS para a pUra cOnTEMpLaçãO, MaS SUa UniDaDE ESTrUTUraL é bUScaDa nESSa açãO, pELa parTicipaçãO DinâMica DO ESpECTADOR.
vanDa kLabin
CURADORA E hISTORIADORA DE ARTE
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“UM raiO pODE cair DUaS vEzES nO MESMO LUgar, cOnviDE aLgUéM para prEgar UM prEgO anD rEMEMbEr jOhn anD yOkO”, circa 1983TinTa ESMaLTE SObrE MaDEira
80 x 80 CM
SEM ASSINATURA
Exp.: MOSTra inDiviDUaL DO arTiSTa naS gaLEriaS paULO kLabin E SaraMEnha, riO DE janEirO, rj, 1983
SEM TÍTULO, circa 1970cOLagEM SObrE MaDEira
30 x 30 CM
SEM ASSINATURA
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SEM TÍTULO, circa 1970cOLagEM SObrE MaDEira
30 x 30 CM
SEM ASSINATURA
ARTE NOS MUROS, CIRCA 1983gUachE SObrE carTãO
56 x 82 CM
SEM ASSINATURA
ARTE NOS MUROS fOI UMA
INICIATIVA DA SECRETARIA DO
gOvErnO ESTaDUaL DO riO DE
janEirO DUranTE a gESTãO
DE Darcy ribEirO. naqUELa
OpORTUNIDADE EU COORDENEI
O prOjETO qUE prOpUnha a
rEaLizaçãO DE pinTUraS MUraiS
naS EMpEnaS DE aLgUnS préDiOS
Da ciDaDE DO riO DE janEirO.
RAYMUNDO COLARES fOI DOS
ARTISTAS ESCOLhIDOS pARA
rEaLizar UMa pinTUra DE granDES
DiMEnSÕES nUMa EMpEna DE
UM préDiO nO bairrO Da TijUca.
ANIMADO COM A IDEIA, COLARES
LOgO ME EnviOU UM ESTUDO
pRELIMINAR.
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“ADRIANO DE AQUINO
arTiSTa pLáSTicO
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[O ônibUS] é cOMO UM hOMEM qUE
TEM UMa TrajETória a cUMprir E O
Fará DE qUaLqUEr ManEira, apESar DE
EncOnTrar EM SEnTiDOS cOnTráriOS
OUTraS FOrçaS. E TEnTará vEncEr,
FOrçanDO TrajETóriaS cOnTráriaS E
barrEiraS, já qUE FazEM parTE Da viDa
ESSaS ULTrapaSSagEnS.
RAYMUNDO COLARES
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fELIz, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO, DATADO E TITULADO NO CANTO INfERIOR DIREITO (fELIz 26/07/66)
SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
DETaLhE Da Obra na página 3
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SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
aSSinaDO, DaTaDO E DEDicaDO nO canTO inFEriOr DirEiTO (“para O EDgar, cOM MUiTa paz”)
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SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO, DATADO E DEDICADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
(“para wanDa E EDgar, cOM carinhO”)
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SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 35 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 26 CM
ASSINADO, DATADO E LOCALIzADO NO CANTO INfERIOR DIREITO (RIO)
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"igUaiS MaS DiFErEnTES", 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 26 CM
ASSINADO, DATADO, TITULADO E LOCALIzADO NO CANTO INfERIOR DIREITO (RIO)
DETaLhE Da Obra na página 5
SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 26 CM
ASSINADO, DATADO, LOCALIzADO E DEDICADO NO CANTO INfERIOR
DirEiTO (riO “para wanDa cOM aMizaDE”)
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SEM TÍTULO, 1966gUachE E graFiTE SObrE carTãO
28 x 26 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
OS TrabaLhOS DE cOLarES
EraM a ExprESSãO DE UMa
SEnSibiLiDaDE arTÍSTica DO
MaiS aLTO graU, E a SÍnTESE
pOR ELE OpERADA ENTRE
ELEMEnTOS OrigináriOS
DE váriaS MaTrizES FOi DaS
MaiS inTELigEnTES EnTrE OS
arTiSTaS braSiLEirOS.
Ligia canOngia
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SEM TÍTULO, 1966gUachE SObrE carTãO
24 x 22 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO (4-66)
SEM TÍTULO, circa 1965gUachE SObrE papEL
18 x 18 CM
SEM ASSINATURA
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SEM TÍTULO, circa 1965gUachE SObrE papEL
18 x 18 CM
SEM ASSINATURA
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"gibi", 1971cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
26 x 44 cM (abErTO)
aSSinaDO, DaTaDO E LOcaLizaDO (riO DE janEirO, agOSTO DE 1971)
"gibi", 1970cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
16 x 32 cM (abErTO)
aSSinaDO, DaTaDO, DEDicaDO E LOcaLizaDO (“para paULO cOM a Minha aMizaDE ray" riO DE janEirO)
"gibi", 1970cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
16 x 32 cM (abErTO)
ASSINADO E DATADO
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"gibi", 1979cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
16 x 32 cM (abErTO)
ASSINADO E DATADO
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"gibi", circa 1971cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
44 x 44 cM (abErTO)
SEM ASSINATURA
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"gibi", DEzEMbrO DE 1971cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
34 x 34 cM (abErTO)
aSSinaDO, DaTaDO E LOcaLizaDO (riO DE janEirO, braSiL)
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"gibi", 1970cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
44 x 44 cM (abErTO)
aSSinaDO, DaTaDO E LOcaLizaDO (riO DE janEirO, braSiL)
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OS pLANOS DE pApEL EM COR,
EMErginDO E SE SUcEDEnDO cOrTE
apóS cOrTE na ESpaciOTEMpOraLiDaDE,
cOnSTiTUEM TODa a MÍniMa / MúLTipLa
LingUagEM DESSES LivrOS (gibiS) DE
rayMUnDO cOLarES, nOS qUaiS ESTãO
MANTIDOS AQUELES MESMOS RITMOS
viSUaiS caracTErÍSTicOS DE SUa pinTUra
DE capTaçãO DE icOnOgraFia Urbana.
rObErTO pOnTUaL
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prOjETO Da EDiçãO DOS "gibiS", circa 198332 x 32 cM (abErTO)
cOrTE E rEcOrTE EM papEL ingrES
SEM ASSINATURA
pErTEncEU à cOLEçãO SErgiO wLaDiMir bErnarDES, riO DE janEirO, rj
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ESTA TELA DE RAYMUNDO COLARES,
FOLhaS E gEOMETria, cOnFirMa SEM
DúviDa UMa TranSiçãO. aS FOLhaS -
AQUI UM VASO DE pLANTAS - VIERAM DE
MinaS gEraiS, pOréM a gEOMETria
é bEM cariOca; FOi cOnSTrUÍDa nO
riO DE janEirO EM cOnTaTO cOM
OUTrOS arTiSTaS DE SUa gEraçãO.
é a SUa priMEira TELa cOLOcaDa na
DiagOnaL - FOrMaTO DE baLãO - DE
QUE EU TENhA CONhECIMENTO. A
DiviSãO DE ESpaçOS cOnSTrUÍDOS
pELaS FOLhaS rEMETE aOS ESpaçOS qUE
ELE USaria nO MOviMEnTO iLUSóriO
DOS ônibUS ESTáTicOS, EM SEUS
DESEnhOS, TELaS E aLUMÍniO DObraDO.
aO FEchar a iMagEM aqUi rETraTaDa,
nUMa gEOMETria qUE TranSFOrMa
E rEDUz O ESpaçO Da TELa, cOLarES
DEMOnSTra a TranSFOrMaçãO qUE
SEU TrabaLhO iria SOFrEr.
LUIz ALphONSUS
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“FOLhaS”, 1965acrÍLica SObrE TELa
63 x 63 CM
ASSINADO E DATADO NO CANTO INfERIOR DIREITO
hOMEM SOLiTáriO, apESar DE rEcOnhEciDO, cOLarES LigOU-SE a MUiTO
pOUca gEnTE E FrEqUEnTEMEnTE paSSava pOr LOngOS pErÍODOS DE
DEprESSãO. UM DESSES pOUcOS aMigOS, O arTiSTa pLáSTicO anTOniO
ManUEL, EnFaTiza a iMpOrTância DE cOLarES para a DécaDa DE 70.
'ELE nãO TEvE UMa prODUçãO MUiTO granDE', Diz anTOniO. 'ainDa aSSiM,
SUa Obra é FUnDaMEnTaL pOrqUE aprEEnDEU a rEaLiDaDE Urbana DE UMa
FOrMa aLTaMEnTE pOéTica, DEnTrO DE UMa LingUagEM raDicaL E qUE nãO
ENVELhECEU. E fOI UM DOS pOUCOS QUE ENfRENTOU A pINTURA NOS ANOS 70,
qUanDO ESTavaM TODOS FazEnDO ObjETOS. Era UM aMigO DE vinTE anOS,
TaLvEz O MaiS próxiMO qUE TivE, jUnTaMEnTE cOM héLiO OiTicica'
rEynaLDO rOELS jr., jOrnaL DO braSiL, 1986
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SEM TÍTULO, 1966nanqUiM E gUachE SObrE papEL
39 x 32 CM
ASSINADO, DATADO E LOCALIzADO NO CANTO INfERIOR DIREITO (RIO 1966)
vErSO: ETiqUETa Da gaLEria LUiz bUarqUE DE hOLLanDa E paULO biTTEncOUrT, riO DE janEirO, rj
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wanDa piMEnTELhOMEnagEM a rayMUnDO cOLarES, 1986
gUachE E nanqUiM SObrE papEL
41 x 42 CM
aSSinaDO, DaTaDO E TiTULaDO nO canTO inFEriOr DirEiTO (jUnhO DE 1986)
rEcEbi a TriSTE nOTÍcia DO FaLEciMEnTO DE cOLarES
E, TOMaDa pELa EMOçãO, rEaLizEi a Obra TiTULaDa
'hOMEnagEM a rayMUnDO cOLarES', a parTir
DE UMa pinTUra qUE Faz parTE Da cOLEçãO DE
giLbErTO chaTEaUbrianD.
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hOMEnagEM a rayMUnDO cOLarES
DEpOiMEnTO Da arTiSTa pLáSTica wanDa piMEnTEL,
riO DE janEirO, rj, 2015
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FaTOS rELEvanTES Da TrajETória DE RAYMUNDO COLARES
Raymundo Colares foi um dos mais importantes artistas brasileiros das décadas de
1960 e 1970. Era o quinto entre os nove filhos do casal Felicíssimo Colares e Joana Natalina
Colares. Nascido em Grão Mogol, mudou-se com a família em 1951 para a cidade de Montes
Claros, também em Minas Gerais. A casa onde passou a infância era no centro da cidade,
vizinha do Cine Fátima, e do seu quintal podia-se ouvir a música e os diálogos dos filmes,
que viriam a influenciar suas obras futuramente.
Já com sua formação educacional encaminhada, descobriu-se como artista plástico
no período que morou em Salvador. Influenciado por Paul Klee e Mondrian, fez suas
primeiras pinturas. Dispensou a bolsa de estudos que havia ganhado e partiu em busca de
novos horizontes.
Escolheu como destino o Rio de Janeiro e desembarcou na cidade aos 21 anos,
em 1965. Para se manter, trabalhou como desenhista de joias na empresa H.Stern. A
experiência se estendeu por pouco tempo: em julho do mesmo ano Colares retornou para
Montes Claros. No entanto, no ano seguinte, voltou ao Rio de Janeiro e ingressou na Escola
Nacional de Belas Artes, que logo abandonou. Integrou-se ao grupo de jovens artistas da
época, dentre eles Roberto Magalhães, Antonio Dias, Waltercio Caldas, Antonio Manuel
e Hélio Oiticica. Apresentou dois dos seus trabalhos no Salão Nacional de Arte Moderna,
mas ambos foram recusados.
Passou a frequentar em 1967 os cursos livres ministrados por Ivan Serpa, no
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Naquele ano, participou da V Exposição de
Arte Brasileira, na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, e do Salão de Arte
Contemporânea de Campinas, SP.
No ano seguinte foi premiado com o 2° Prêmio de Pintura no Salão Esso do
Artista Jovem no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Medalha de Prata no Salão
Paulista de Arte Moderna, em São Paulo, e o Prêmio de Aquisição no Salão da Prefeitura,
em Belo Horizonte. E foi em 1968 que o artista iniciou o projeto de pesquisa para produzir
seus livros-objetos, os chamados “Gibis”. Em 1969, começou a lecionar no Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro.
Colares morou em Nova York por dois anos, 1971 e 1972, e desenvolveu trabalhos
na área de filme experimental. Na cidade participou da Latin American Fair of Opinion, com
organização de Augusto Boal. Entre 1972 e 1973, apresentou seus trabalhos na mostra
coletiva Protótipos e Múltiplos na Petite Galerie, no Rio de Janeiro. A convite de Aracy Amaral,
participou com filmes da exposição coletiva Expoprojeção 73, em São Paulo.
anTOniO Maia, cOLarES E O EMbaixaDOr charLES ELbrik - riO DE janEirO, rj, 1972
cOLarES nO aTELiê DE TErESópOLiS, rj, 1981
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No período entre 1977 e 1980, Colares afastou-se do circuito de arte, tendo, no
entanto, participado de algumas exposições. No Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,
em 1977, com a mostra Arte Agora 1, recebeu o Prêmio de Aquisição. No ano seguinte, no
Palácio das Artes, em Belo Horizonte, participou da exposição Arte Brasileira na Coleção Gilberto
Chateaubriand. Já em 1980, ganhou outro Prêmio de Aquisição: no Arteboi - Salão de Arte de
Montes Claros, em Minas Gerais.
Retornou ao Rio de Janeiro em 1981 e optou por residir na cidade serrana de
Teresópolis. Voltou, também, a lecionar no Ateliê do Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro. Naquele ano, suas obras foram expostas na coletiva Do Moderno ao Contemporâneo:
Coleção Gilberto Chateaubriand, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1982, viajou
para Lisboa, onde a mesma exposição foi realizada na Fundação Calouste Gulbenkian. No
mesmo ano realizou um projeto especial: a “Escultura-caixa com poema” para a exposição A
Contemporaneidade - Homenagem a Mário Pedrosa, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Colares, que teve como tema marcante em suas obras as laterais dos ônibus do Rio
de Janeiro, em 1985 foi atropelado por um deles no bairro de Botafogo. No ano seguinte,
internou-se em um hospital em Montes Claros. Lá veio a falecer em 1986. Raymundo Colares
não resistiu às queimaduras sofridas por um incêndio causado por conta de um cigarro aceso
que caiu em seu colchão no quarto do hospital.
hOMEnagEnS prESTaDaS apóS SUa MOrTE
No ano de sua morte, três importantes galerias do Rio de Janeiro prestaram
homenagem ao artista com exposições simultâneas: Galeria IBEU, Galeria do Centro
Empresarial Rio e Galeria de Arte BANERJ.
A RioArte, com o apoio da Prefeitura de Montes Claros e da Secretaria Estadual
de Cultura de Minas Gerais, produziu em 1987 um vídeo sobre a obra do artista. Intitulado
“Colares”, a direção esteve a cargo de Sergio Wladimir Bernardes.
O marchand e poeta Franco Terranova escreveu o livro Lúcida Lâmina, em 1991, em
homenagem a Raymundo Colares.
Em abril de 2016, a Galeria Ronie Mesquita presta também sua homenagem ao
artista com a exposição Raymundo Colares: Uma vida dividida, na SP Arte, por sua contribuição
inestimável para a arte brasileira.
1967 - 1° Prêmio na V Mostra do Ciclo Retrospectivo da Arte Brasileira da Escola Nacional de
Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.
1969 - Seleção prévia da representação brasileira à Bienal de Paris, Museu de Arte Moderna,
Rio de Janeiro, RJ.
1° Prêmio de Pintura no Salão de Transporte, patrocinado pelo Ministério de Viação e Obras
Públicas, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ.
Prêmio Aquisição no Salão da Prefeitura de Belo Horizonte, MG.
1977 - Prêmio Aquisição na Exposição Arte Agora 1, promovida pelo Jornal do Brasil e Museu
de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ.
1980 - Prêmio Aquisição no Arte Boi - Salão de Artes Plásticas, Montes Claros, MG.
OUTrOS prêMiOS cOnqUiSTaDOS
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Em especial à família Colares:
Casimiro Colares Sobrinho
Fernando Antonio Colares
Geraldo Colares
Jorge Eustáquio Colares
Maria do Rosário Colares Pereira
Maria Aparecida Colares Borges
Thiago Colares
agraDEciMEnTOS
Adriano de Aquino
Alberto Vicente
Anderson Eleotério
Antonia Bergamin
Antonio Manuel
Aracy Amaral
Denise Mattar
Everaldo Molduras
Felicidade Patrocínio
Frederico Morais
Ingrid Beck
Jaime Acioli
Lais Zogbi e Telmo Porto
Ligia Canongia
Ludwig Danielian
Luiz Alphonsus
Luiz Camillo Osorio
Marcio Gobbi
Marcos Henrique Folgoet
Neide Masini e Liecil Oliveira
Patricia Vasconcellos e Waltercio Caldas
Paula e Jones Bergamin
Raquel Silva
Regina e Delcir Dacosta
Reynaldo Roels Jr. (in memoriam)
Romero Pimenta
Ronaldo Pereira Gomes
Sergio Wladimir Bernardes (in memoriam)
Vanda Mangia Klabin
Wadson Nunes
Walney de Almeida
Wanda Pimentel
EXPOSIÇÃO
REALIZAÇÃORonie Mesquita Galeria
DIREÇÃO EXECUTIVARonie Mesquita
CURADORIAConrado Mesquita
GRUPO EXECUTIVODIREÇÃO E INSPIRAÇÃOCely MesquitaASSISTENTESCezar Maia Marcelo Faria
DESIGN DA EXPOSIÇÃOWalney de AlmeidaConrado Mesquita
COMUNICAÇÃO VISUAL Walney de Almeida
MOLDURASEveraldo Molduras, Rio de Janeiro, RJ
CATÁLOGO
DIREÇÃO EXECUTIVARonie MesquitaConrado Mesquita
PLANEJAMENTO EDITORIALConrado Mesquita Walney de Almeida
TEXTO DE APRESENTAÇÃODenise Mattar
PADRONIZAÇÃO E REVISÃO DE TEXTOSAna Letícia Canegal de AlmeidaDuda Costa
DESIGN E PLANEJAMENTO GRÁFICOWalney de Almeida
ASSISTENTE DE DESIGNVictor Teixeira
TRATAMENTO DE IMAGENS E FECHAMENTO DE ARQUIVOS PARA PRÉ-IMPRESSÃOVictor Teixeira
IMPRESSÃO, ACABAMENTO E PRÉ-IMPRESSÃOGráfica Santa Marta, João Pessoa, PB
FOTOGRAFIAS
DAS OBRAS:Jaime Acioli, Rio de Janeiro, RJ - páginas 47, 49, 51, 52, 53, 55, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 82, 85 e 87
DA CRONOLOGIA DO ARTISTA: Arquivo de Denise Mattar, São Paulo, SP - páginas 15, 26, 32, 38 e 39Jaime Acioli, Rio de Janeiro, RJ - páginas 16 (foto acima), 19 (foto acima) e 36Cesar Carneiro, Rio de Janeiro, RJ - página 6Ludwig Danielian, Rio de Janeiro, RJ - páginas 17, 28 e 37
DE MATÉRIAS DE JORNAIS: Ludwig Danielian, Rio de Janeiro, RJ - páginas 31, 35 e 36As matérias de jornais foram cedidas gentilmente pelo crítico de arte Frederico Morais
DOS "GIBIS" DO ARTISTA: Jaime Acioli, Rio de Janeiro, RJ - páginas 40, 41, 42, 43, 73, 74, 75, 76, 77 e 81Ludwig Danielian, Rio de Janeiro, RJ - páginas 38 e 39Isaac Boy, Belo Horizonte, MG - páginas 78 e 79
DA PÁGINA 1:Renato Rocha, Rio de Janeiro, RJ
CAPA:Detalhe da obra Arte nos muros, circa 1983
créDiTOS
DIREITOS RESERVADOSTodos os esforços foram feitos no sentido de contatar todos os representantes legais das imagens e textos aqui reproduzidos. Para informações adicionais, contate: [email protected] ouwww.roniemesquita.com
Este livro foi produzido em equipe por Ronie Mesquita Galeria no Rio de Janeiro, em setembro e outubro de 2015.Impresso na Gráfica Santa Marta, João Pessoa, PB. Sobre a impressão: miolo em papel couché fosco 170 gramas da Suzano, impresso em 4/4 cores. Capa modelo brochura com duas orelhas em papel da linha Markatto Stile 320 gramas da Arjo Wiggins, impresso em 4/0 cores.Sobre o acabamento: capa brochura com duas orelhas, laminação fosca total, aplicação de verniz "High Gloss" localizado e relevo seco. Miolo no formato fechado de 25 x 20,5 cm costurado com 92 páginas, lombada interna do miolo com aplique de papel couché fosco 170 gramas sem impressão. Posteriormente o miolo com corte trilateral, colado na terceira capa.
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ExpOSiçãO aprESEnTaDa na Sp arTE, SãO paULO, abriL DE 2016
rUa TEixEira DE MELO 21 | SObrELOja
22410-010 | ipanEMa | riO DE janEirO | rj | braSiL
www.rOniEMESqUiTa.cOM
RONIE MESQUITA GALERIA