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EXTRA PAUTA Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissinais do Paraná - Nº 44 - agosto/setembro de 1999 - ISSN 1517-0217 Liberdade de imprensa Liberdade de Imprensa Liberdade de Imprensa Liberdade de Imprensa Por que hoje trabalhamos mais que há de anos? Página 6. Ritmo de trabalho Liberdade de Imprensa Liberdade de Imprensa Saiba o que pensam os líderes do MST e da bancada ruralista sobre o conteúdo das reportagens publicadas no Paraná. Páginas 12 e 13. Imprensa e reforma agrária Nicolielo e o poder da charge. Página 23. Debate sobre formação do jornalista com uso de tecnologia. Página 14. Congresso Estadual Entrevis- ta Created by PDF Generator (http://www.alientools.com/), to remove this mark, please buy the software.

Extra Pauta Ed. 44

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Agosto - Setembro/1999

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EXTRAPAUTAJornal do Sindicato dos Jornalistas Profissinais do Paraná - Nº 44 - agosto/setembro de 1999 - ISSN 1517-0217

Liberdade de imprensaLiberdadedeImprensaLiberdadedeImprensaLiberdadedeImprensaPor que hoje trabalhamos

mais que há de anos?Página 6.

Ritmo detrabalho

LiberdadedeImprensaLiberdadedeImprensa

Saiba o que pensam os líderes doMST e da bancada ruralista sobre

o conteúdo das reportagenspublicadas no Paraná.

Páginas 12 e 13.

Imprensae

reformaagrária

Nicolielo e o poder da charge.Página 23.

Debate sobre formaçãodo jornalista com uso detecnologia. Página 14.

CongressoEstadual

Entrevis-ta

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Luiz Henrique Herrmann

Aconstrução de umproje to colet ivo é sempredifícil, pois há que se considerarsempre concepções einteresses diversos e,fatalmente, divergentes. Naconsti tuição do canalcomunitário essas dife-rençasse aprofundaram a um pontoque levou à ruptura . Asentidades que durante mais deum ano vinham financiando oproje to (entre as quais oSindicato dos Jornali stas)acharam por bem se retirar daAssociação do Canal Comuni-tário de Curitiba e fundaramuma segunda entidade, aAssociação Comunitária deTelevisão.

As diferenças começaram aaparecer já no início do projeto.Enquanto um setor defendiaque a função da associação eraorganizar a ocupação do canalde televisão a cabo, que sedaria pelas entidades nãogoverna-mentais sem finslucra tivos, conforme a lei8.977, outro grupo tencionavarealizar a produção do canal emnome das entidades.

O primeiro conflito surgiu jána produção inicial, que foiveiculada a 7 de agosto de 1998ao custo de R$ 15,5 mil enecessitaria de um financia-mento mensal de R$ 12 mil. OSindicato dos Jornalistas foi aprimeira entidade a contestaresse valor. Era necessárioredimensionar o projeto dentrodas possibilidades das enti-dades: “dar o passo dotamanho da perna”,defendíamos. Foi o queocorreu com o fim daprogramação de vídeo e suasubstituição pela animaçãográfica computadorizada.

A aposta que o Sinttel-PR(Sindicato dos Telefônicos) fezno canal, emprestando R$ 15mil reais em dezembro de 98,permitiu-nos partir para

Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

editorial opinião

Um canal divididoEnquanto um grupo organiza as entidades para ocupar

o Canal Comunitário, outro comercializa o sinal

reorga-nizar o projeto. Quandoo programa piloto feito poresse sindicato ficou prontopara retomarmos aprogramação de vídeo, no finalde fevereiro, veio nova cisão,desta vez promovida por umgrupo ligado à Ati tudeComunicação, que realizou aanimação computa-dorizada.Com apoio de parte dacoordenação executiva doCanal Comunitário, esse grupoqueria para si a produção daapresentação do programa devídeo a um custo estabelecidopor eles, independente dapossibilidade das entidades.Não poderíamos incorrer noerro anterior e propusemos abusca de soluções alternativas.Por exemplo, todo o gasto sópoderia ser assumido com adevida receita.

Fogo cruzadoSem acordo, preferiram o

impasse que paralisou o canal.Tentamos soluções pelasinstâncias políticas: reunião doConselho Del iberativo eassembléia, sem sucesso. Semrespaldo, o pessoal ligado àprodutora forjou o apoiopolítico, filiando entidadesnovas, que entraram no meiodo fogo cruzado sem conhecero conflito. Algumas foramusadas, mas uma delas merececitação. O Ipav ( InstitutoParanaense de Artes Virtuais)foi criado em 13 de maio de1999 pelas pessoas quecompõem a Atitude Comuni-cação e ligadas a elas, com afinalidade de lhes dar direito devoto em assembléia. Em 1º dejunho o Ipav foi eleito paraocupar a coordenação técnicada Associação, desconhecendoo estatuto que exigia seis mesesde filiação.

Não foi esta a única irregu-laridade. Aproveitaram queestavam circunstancialmenteem maioria na assembléia parafiliar entidade não regula-mentada e realizar eleição nessa

data, quando o edital previaapenas a definição do processosucessório. Um verdadeirogolpe.

Às entidades que vinhamfinanciando o canal restavamduas alternativas: recorrer àJustiça e invalidar a assembléiaou se desfiliar e fundar novaassociação. Em conjunto,optamos pela segunda, poisnão queríamos prolongarindefi-nidamente a disputa.

Sem o dinheiro das men-salidades, a Associação doCanal Comunitário passou acomercializar o canal, ocu-pando o espaço com a vendade tapetes e alugando para umprograma de entrevistas.

AACTEm 6 de julho foi criada a

Associação Comunitária deTelevisão. A partir desta dataretomamos nossa organizaçãoe agora, em setembro, estamosveiculando nossa programaçãopelos canais 14-NET e 63-TVA. O projeto está sendoelaborado dentro da receita queprovém das mensalidades e afunção básica desta associaçãoé organizar a ocupação docanal comunitário.As entidadesficam livres para produzir osprogramas que quiserem.Somente num segundo mo-mento partiremos para progra-mas âncoras, mas dentro deprojetos que atendam aosinteresses de todas as associa-das.

Na direção executiva da ACTestão os sindicatos dosBancários, dos Engenheiros,dos Jornalistas, a UPE (UniãoParanaense dos Estudantes) ea CUT-PR. Apesar do predomí-nio sindical, a política daassociação é ampliá-la paratodos os setores da sociedade,a fim de que a ocupação do ca-nal seja feita pela comunidadede Curitiba.

Luiz Henrique Herrmanné jornalista e ocupa

a direção de programaçãoda ACT.

Nos últimos anos oSindicato tem procuradoreservar o mês de setembropara destacar o debate sobre aLiberdade de Imprensa,assunto per manente nacategoria e desta comestudantes e a sociedade, masque conquista maior espaçojunto à mídia no mês em quese comemora também o Dia daImprensa e o próprio DiaMundial da Liberdade deImprensa.

Cabe aos jornalistas refletirsobre seu próprio trabalho e oquanto ele sofre de interferênciaa par tir dos interesses doproprietário da empresa em quetrabalham, o que é maiscomum, até de forças políticase econômicas, entre outras. Feitaa reflexão, conclui-se, na maioriadas vezes, que a liberdade érelativa, para não dizer restrita.Então, como agir? Comomanter a consciência profis-sional, nesse caso contrapostaàs necessidades mortais de so-brevivência, de manter oemprego, pagar contas, etc.?

Numa única frase: não hámilagre. Todo jornalista com umpouco mais de experiência sabe

Jornalismo eLiberdade de

Imprensaque nem tudo é possível serpublicado. Seja por falta deprovas, seja por ferir interesses.Sabe igualmente que hámomentos em que, acima detudo, é preciso arriscar a cabeça.E por fim, também tem noçãoque em certas situações é precisofazer uma escolha: ou seguefazendo Jornalismo ou sótrabalha em comunicação, o quenesse caso não é a mesma coisa.

Com o Extra Pauta, quecircu la não só entre osjornalistas e demais sindicatosda categoria pelo país, mastambém entre estudantes ,agências de propaganda ediversas empresas , temosprocurado denunciar osabusos contra a liberdade deimprensa. Em especial, nestaedição, mais que casos deabuso, uma abordagem sobrea Liberdade de Imprensa, queé defendida oficialmente portoda a sociedade, mas a partirde conceitos bastante discu-tíveis, os quais procu-ramosmostrar neste número.

Emerson Castro Firmo épresidente do Sindicato dosJornalistas Profissionais do

Paraná

Jornalista ResponsávelEmerson Castro FirmoReg.prof. 2230/09/186

RedaçãoAlvaro Collaço

RevisãoAdilson Machado

Colaboradores nesta ediçãoCasemiro Linarth, Ciméa Bevilaqua,

Débora Lopez, Douglas Furatti eLuiz Henrique Herrmann.

FotografiaEdson Mazzetto, Everson Bressan,

Haraton Maravalhas, Hugo Abati IraniCarlos Maggno e Marco Damásio.

IlustraçõesNoviski

Edição GráficaLeandro Taques

Tiragem3.000 exemplares

As matérias neste jornal podem serreproduzidas desde que citada afonte. Não é de responsabilidade

deste jornal os artigos de opinião eas opiniões emitidas em entrevistas,

por não apresentarem,necessariamente, a opinião de sua

editoria.

Extra Pauta é órgão de divulgação oficial da Gestão Extra Pautado Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná- Rua José

Loureiro, 211- Curitiba/Paraná, Cep 80010-140. Fone / Fax(041) 224-9296.

expediente

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Enquanto o mundocomemora o Dia da Mundialda Liberdade da Imprensaem junho, somente no Brasilé 10 de setembro o “Dia daImprensa” e “Mundial daLiberdade de Imprensa”.Motivo ? O surgimento daGazeta do Rio de Janeiro,primeiro jornal editado epublicado no País, em 1808,pela Imprensa Régia, agráfica oficial de Dom JoãoVI.

O jornal não passava deuma publicação de quatropáginas, com linha editorialvoltada para os aconte-cimentos da Europa(reproduzia, por exemplo,muitos textos de jornaisingleses e portugueses),além de assuntos de inte-resse do rei. O jornal tinhacomo diretor o frei TibúrcioJosé da Rocha e marca nãoapenas o primeiro jornal

impresso no País. Foi oprimeiro “chapa branca” daentão colônia.

Outra data

A Fenaj - Federação Na-

O 10 de setembro no Brasilliberdade de impren-sa

cional dos Jornalistas -,estabelece em sua agendaa comemoração do 10 desetembro, como DiaMundial da Liberdade deImprensa . Reconhece,porém, o 1º de junho, que

marca a pu bli ca ção doCorreio Braziliense como oD ia da Imprensa ideal .Criado também em 1808, oCorreio foi fruto do exíliode José Hipólito da Costaem Londres e o primeiro a

t ra zer a ssuntos deinteresse do Brasil . Erauma brochura com mais decem pá ginas, com for tet eor dou tr inár io e qu edefendia a independênciado País.

Há polêmica em torno damelhor data pa ra secomemora r o D ia daImprensa no Brasi l . Háquem sugira que o 13 demaio, qu e relembra acri açã o da ImprensaRégia , em 18 08 , ecoinciden-temente daabolição da escravatura em1888.

Para o Sindicato dosJ orna l is ta s, ma is qu e aprópria celeuma sobre o 10de setembro, vale o signi-ficado que uma comemo-ração em torno do papel daimprensa e sua liberdadepossa m ter. Pensa r edefen-der a liberda de,afinal, nunca é demais.

3EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

Censores nas reda-ções, prisões, torturas emortes de jornalistas,receitas e versos de Camõesem páginas de jornal.Imagens comuns quando sefala em liberdade de impren-sa no Brasil . O temaressucita até hoje monstrosadormecidos há 20 anos,desde que passou a vigorara Lei de Anistia. Mas, enesses tempos de FHC? Aliberdade de imprensa real-mente existe, ou foi substi-tu ída por mecanismos deautocensura que, paramuitos, é o único jeito desobreviver trabalhando emuma redação?

“Eu acho que cada veztemos menos liberdade deimprensa”, diz Beto Almei-da, editor e apresentador daTV Senado, de Brasília, epresidente da Comissão deÉtica do Sindicato dosJornalistas do DistritoFederal. “Os meios decomunicação estão sendocada vez mais conglo-merados financeiros, ligadosa outros ramos de atividade,como bancos e expor-tadoras, e submetidos àlógica comercial ou daaudiência . Nunca é ointeresse da comunidade”.Almeida explicita seuraciocínio enfocando atelevisão. “Na TV há apatologia da audiência aqualquer custo. Ela nãoinforma. E a exceção darede pública , é difícilencontrar vida inteligente naTV. Na prática, o que estáacon-tecendo é um distan-ciamento da família , decontextos humanistas, umapropensão a condutas deviolência. Não é uma visãode moralismo, mas hápoucos espaços para causasnobres. Precisaríamos demais jornalismo-cidadão e daTV sintonizada com acidadania”. Nesse contexto,onde se situaria o jornalista?Para Beto Almeida existemdois tipos de compor-

Menos se tem, mais se quer

tamentos nos jornalistas: osque estão impotentes e“testemunham uma catás-trofe em andamento, com osmeios de comunicaçãoentorpecendo a sociedadede forma perversa’, e os quesão cúmplices desseprocesso, “o que é umaminoria”, ressalva Almeida.

Direito de resposta

“A liberdade de imprensadeveria ser defendida comoum direito vita l do serhumano que é de informar eser informado”, enfatizaSzyja Ber Lorber, diretor-adjunto de redação do Jornaldo Estado. Ele considera “a

grande missão do jornalistase pautar pela verdade,mesmo ante problemas epressões, hoje remetidaspelos anunciantes. “O fato éque jornais e revistasdependem desses anun-ciantes e , na medida que ointeresse de um grupoeconômico seja contrariado,são grandes as pressões. Aliberdade a gente faz, vaitentando até onde pode, comresponsabilidade”.

Liberdade de imprensa temsido também constante nospronunciamentos do senadorRoberto Requião (PMDB),que freqüentemente diz só terespaço na mídia paranaensedurante o horário gratuito

aos partidospolíticos. Defensordo direito deresposta em subs-titu ição à Lei deImprensa, Requião,em pronunciamentono Senado, afirmouque a “ irres-ponsabilidade de umou outro jorna-lista eo interesse dosgrandes gruposcomplicam a clarezae a limpeza da infor-mação”. E enfa-tizou: “a imprensacensura, eliminandoassuntos e pessoasda sua pauta” ,prática que seriacomum aos grandesveículos de comu-nicação, “porque osmenores, vivendosuas contradições,se acabam consti-tuindo no grandeespaço de infor-mação democráticano País”.

Silêncio histórico

Junto com os jornalistasIvan Heller e WalmorMarcelino, Luiz GeraldoMazza, colunista da Folhado Paraná recebeu emagosto uma homenagem doGoverno pelos 20 anos daAnistia. Uma forma-lidadena Assembléia Legislativa,segundo Maz-za, queconsidera histó-ricos osproblemas com falta deampla liberdade deimprensa no Paraná, umaquestão cultural dosveículos de comunicação edos jornalistas, que pos-suem o costume da auto-censura . “Hoje há umacerta fa ixa de liberdade,porque o governo atrasa o

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liberdade de imprensa

paga-mento aos veículos.Mas em geral não há debate,mas acomodação. Os jornaisestão voltados a segurar ocliente, esse mal cliente queé o Governo”, diz.

Mazza considera o ex-governador Ney Braga ointrodutor dos vícios naimprensa paranaense - quepossui aspectos de coro-nelismo-, na década de 60.O jornalista lembra do acor-do entre o ex-governador eAri Carvalho, atual proprie-tário de O Dia, do Rio deJaneiro, e que na década de60 dirigiu em Curitiba asucursal da Última Hora. “Oacordo protegia o Ney, oBadep, o Banestado e aCopel, que era a tríade dodinheiro. E o jornal parecialivre, porque metia o pau napolícia e no secretário deSegurança”. Quase trêsdécadas depois desseacordo, Mazza critica aquase totalidade da impren-sa paranaense por terdeixado na gaveta o caso dojornal Sinform, de Sergipe,que vem sendo processadopela Lei de Imprensa pordenunciar os empréstimoscontraídos por políticos juntoao Banestado. Mazza étestemunha de defesa dojornal, em um processo quecorre de forma lenta, longeda mídia.

Para Lu iz Gera ldoMazza , a ú nica formapossível do jornalista terliberdade é “falar, falar efalar” sobre o que pensa.Aos veículos, a sua receitaé que eles façam investi-mentos em repor tagem.“H oje há um desapreçopela repor tagem.Perdemos o que era umat ra diçã o na Folha doParaná e em O Estado doParaná. Temos de criar ohábito e vol ta r àreportagem”.

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 5

O s patrões come-moram os resultados doúltimo ano. Só no custo dopapel, jornais tiveram emmédia uma economia de 8 a10%, após a redução dotamanho standard. Tambémhouve considerável aumentona venda de jornais: 3,9%entre abril de 98 e 99. E nãopararam os investimentosem tecnologia e nos parquesgráficos. Só em Curitibaforam inaugurados no último

Patrões aumentam preços

campanha salarial

É setembro. Nocalendário anualdo Sindicato ummês vital para a

categoria, quando teorica-mente se definem os termosda nova convenção coletivade trabalho e o índice dereposição das perdas salariais.Este setembro, contudo, deveser diferente dos anteriores. Arazão está na recusa dospatrões em negociar com osjornalistas no ano passado eem reajustar salários, mesmocom decisão do TribunalRegional do Trabalho. Outradiferença: em 98 estavam emjogo apenas cláusulaseconômicas. Agora, alémdelas, discutem-se reivin-dicações sociais.

Como determina a lei, osdois sindicatosde jornalistas doParaná apresentaram emagosto a pauta de reivin-dicações para negociar com ospatrões, em que prevalece obom senso. A categoria quermanter as cláusulas sociaisque estavam em vigor e ter acorreção dos salários peloíndice estimado do INPC-IBGE, de 6,32%, referente àinflação entre outubro de 98 esetembro de 99. Nas cláusulaseconômicas aparece, ainda,uma novidade: por força dos

A defesa do que conquistamos

aumentos promo-vidos pelogoverno nas tarifas públicas epor falta de garan-tias de quea inflação per-manecerá em

patamar suportável no país, ossindicatos propõem que asempresas reajustem ossalários trimestralmente. Para

isso, já existe um índiceconfiável: o de Custo de Vida,que é mensalmente divulgadopelo Dieese - DepartamentoIntersindical de Estatística eEstudos Sócio-Econômicos.

A pauta traz ainda outrareivindicação importante eque, pela recusa dos patrõesem negociar, sequer foidiscutida ano passado. É acriação da escala salarial pararepórteres, inclusive osfotográficos, o que traz umdiferencial de salário aosprofissionais com mais anosde exercício na função e naempresa.

Saúde

Outra cláusula importantena pauta dos sindicatos é ocumprimento de ações desaúde nas empresas. Asempresas têm que adotar asaúde como prioridade e zelarpela integridade física dosjornalistas. Os sindicatospropõem que as empresasrecebam a visita de umtécnico ou médico dotrabalho, a fim de queimplementem as medidas poreles sugeridas. As empresasse obrigariam a proporcionarcondições e ambiente ade-quados de trabalho, prin-

cipalmente quanto à ilumi-nação, ruído, espaço, venti-lação e mobiliário.

No caso dos jornalistas queacusarem sintomas de LER-Lesão por Esforço Repetitivo-, as empresas se obrigariamem preencher a Comunicaçãode Acidente de Trabalho(CAT). No caso de profissi-onais portadores do vírus HIV,os sindicatos propõem que asempresas assumam umcompromisso social e asse-gurem o pagamento dosmedicamentos necessários enão cobertos pelo INSS.

ano novos parques de OEstado do Paraná e da Folhada Imprensa. Há, porém,uma mácula nesse momentopositivo das empresas. Ospatrões se negam a cumpriraté mesmo decisões judiciais,quando se fala em saláriosaos jornalistas.

Desde maio, quando oTribunal Regional doTrabalhojulgou o dissídio coletivocontra jornais e revistas, ospatrões deve-riam reajustar

aos jornalistas 3,16% nossalários e pagar a diferençaretroativa desde outubro de98. Estranhamente asempresas de comunicação noParaná não atenderam a umadecisão da Justiça, que é tãodefendida por eles emeditoriais.

Os patrões que se revelamsensíveis com aumentos nosseus custos, que foramdevidamente repassados aopúblico com reajustes de

preço de capa e do espaçopublicitário, pouco ligam parao dia-a-dia dos seusjornalistas. Neste mesmoperíodo houve aumento depreços em praticamente tudo.Entre outras coisas, subiramde preço as tarifas públicas,combustíveis, transportecoletivo e nos produtos dacesta básica, sem falar emdólar e nas tarifas e jurosbancários.

Enquanto os saláriosnão subiram, os

patrões reajustaram ospreços de capa

dos jornais

Diário Popular:

40%Gazeta do Povo:

30%Estado do Paraná:

30%Folha do Paraná:

30%Jornal do Estado:

16,6%

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

Quase sem perce-ber, os jornalistas que estãoem redações foram subme-tidos a um ritmo de trabalhocada vez mais intenso eestressante, sendo hoje rarosos dias em que em cumpremas cinco horas definidas porlegislação. O trabalhotornou-se mais agitado,mesmo com toda a tecno-logia disponível. Para muitosjornalistas, as causas sãouma incógnita dos temposmodernos da pro-fissão.

“Quem não quer uma vidaestressada, que não sejajornalista”, aconselha MariTorta to, editora-chefe dasucursal da Folha do Paraná,em Curitiba. Ela consideraque o crescimento das cida-des contribuiu para elevar oatual ritmo de trabalho nasredações, pois faz as equipesde reportagem gastaremmais tempo nos desloca-mentos. “Cinco horas não émais possível em Curitiba, acidade cresceu muito”, diz.Mari defende que os jorna-listas trabalhem sete horaspor dia, desde que recebammais por isso. O aumento dacidade é também apontadopor Arnaldo Cruz, editor denacional e internacional daGazeta do Povo, e ElzaOliveira , professora daUFPR. Arnaldo recorda quenos anos 70, geralmente umjornalista permanecia naredação por cinco horas.“Eu fazia três pautas tranqüi-lamente. Hoje há jornais quepedem dedicação exclusiva,porque não é mais possíveltrabalhar só em cinco ho-ras”.

Cidades maiores tambémsignificam um aumento naquantidade de especialistassobre um mesmo assunto ecuja opinião passa a serexigida por uma editoria.“Os noticiários tornaram-semais completos. Antes setinha uma pauta sobre cafée eu poderia conversar comduas pessoas. Hoje a mesmamatéria exige quatro, cinco

condições de trabalho

Estresse nas redações

fontes diferentes”, explicaArnaldo. Além disso, passa-ram os jornalistas a ter comofonte a internet , o quetambém demanda tempo.“Lendo os jornais eu sintoque as matérias estãomelhores do ponto de vistade informação, com maisfontes e melhor apuração”,afirma Elza Oliveira .Recentemente, ela tentouconciliar a atividade comoprofessora da UFPR e afunção de editora na Folhado Paraná. Não deu certo.Elza entrava no jornal às14:30 e não saía antes das22:30. Passava, então, as

madrugadas e dias de folgacorrigindo provas e organi-zando aulas.

Mais tempocom a tecnologia

“Quem define o rítmo é ojornalista e não a máquina”,diz Mari Tortato, para quemjornal é mesmo coisa para a“moçada”, quem tem ener-gia. Arnaldo Cruz é damesma opinião. “Por algummotivo, os jornais são feitosmais por jovens, por pessoasque estejam 24 horas ligadasna notícia”. Qual o mundodo futebol, que considerajogadores de mais de 30anos veteranos ou inade-

quados para a seleçãobrasileira, jornalistas de maisde 40 anos que nãoacompanharam asmudanças ocorridas nosjornais na última década,certamente terãodificuldades em as-similar oatual esquema tático dasredações. A começar pelasupremacia do computador esuas exigên-cias.

“O computador exige maisdo jornalista, porque incluimais tarefas para a função.Antes um repórter só faziaa reportagem e havia umpessoal para a revisão. Hoje,o jornalista trabalha dentro

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do sistema e entrega amatéria pronta, revisada”,observou Arnaldo Cruz. Atecnologia, portanto, tem naprática subtra ído maistempo dos jornalistas. Emalguns casos, os fazem aindamais tensos. Elza Oliveira,por exemplo, trabalhou paraO Globo em sistema “on-line”, durante o processo deimpeachment do entãogovernador Paulo Afonso,em Santa Catarina. “Vocêmanda a matéria a cada dezminutos, enquanto o fatoestá acontecendo. O profis-sional não tem possibilidadede relaxar em momentoalgum. Isso é muito louco”,diz. Ela considera umacontradição que toda aevolução tecnológica dosveículos não gere maisfolgas e um ritmo de trabalhomais tranqüilo nas redações.

Se os jornalistas estãotrabalhando demais- emalguns casos 10, 12 horaspor dia, é provável que oritmo aumente ainda mais.Em entrevista ao jornal daAssociação Nacional dosJornais, Edgar Lisboa,diretor executivo da enti-dade, aborda a “guerra davelocidade” entre osveículos, travada porexigência dos proprietários ediretores, e da poucaqualidade de informação queexiste na notícia em temporeal. Lisboa tambémcomenta sobre o que consi-dera o “jornalista do futu-ro”. Na sua opinião, esteprofissional a tuará emdiversas mídias e “fazendoisso a quase um só tempo ede um mesmo lugar”. Ca-bem, aqui, duas perguntas:Quem ganhará com isso? Ojornalista?

Marco Damásio

MariTortato:quemdefineo ritmo é ojornalista

ArnaldoCruz: maistempo detrabalho

com ocomputador

Marco Damásio

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 7

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA8

M udanças cu-r ri cu lar es devema contecer na Pont i fí ci aUniversidade Católica noano 2000, na esteira dasnovas di re t ri zescurriculares estabelecidaspelo Ministério da Edu-cação. Um dia gnóst icofeito em abril pela Coorde-nação do Cu rso de Co-municação Social apresen-ta os aspectos for tes efracos do Curso, bem comosinaliza o que a instituiçãotem de fazer para que nãorepita o mesmo conceito Cno exame do Provão do anopassado.

No diagnóstico do Curso,apresentado pela jornalistae coordena dora Cel inaAlvetti, são reco-nhecidasqualidades do curso, comoa tradição da institu ição,sua infr a-estru tu ra , aexper iência de merca dopor parte dos professores,a valorização da produçãoaudiovisual, os convêniosrealizados com veículos decomuni -caçã o e aatividade de extensão naCentr a l In te-gra da de

universidade

PUC: Diagnóstico para o futuro

positivo

Por ter iniciado asaulas este ano, o CentroIntegrado Positivo nãodeve em 2000 mudar seucurrículo, em função danova Lei de DiretrizesCurriculares do Minis-t ér io da Edu cação.Alexandre Castro, coor-denador do D epar -t amento de Comu -nicação Social aposta namanutenção do projeto

Comunicaçã o, “ qu eproporciona a aplica-çãode conteúdos teóricos emsitua ções rea is” . Asfraquezas apontadas são: ainexistência de proje tosforma is de pesqui sa , aa usência de produ çã ocientífica, inviabilidade de

aulas práticas em algunslaboratórios e o númeroreduzido de professorescom titulação na área.

O diagnóstico traz entrea s pr ior ida des da PUCpara 2000 a introdução demais conteúdos teóricosem disciplinas técnicas.

“Assim, a di sciplina deRedaçã o, por exemplo,deixa de ser eminen-temente técnica, para emconjunto com outras dis-ciplinas, permitir o apro-fundamento teórico”, dizCel ina Alvet ti . O ut ra sprior ida des ser ia m a

aproximação do curso coma comunidade, através dea ções comu ni tár ia s eparcer ia s, a l ém davalor iza çã o do projetoexperimental, a fim de queo a lu no ut il ize em su aprodução todos os conhe-cimentos a dqui r idos a olongo do curso.

O diagnóstico tambémrevela a prepocupação daPUC de que o currículoatenda as atuais exigênciasdo mercado de trabalho.Mais que dispor de matériasque abordem novastecnologias - atualmente hásomente as disciplinasIntrodução à Informática, noprimeiro ano, e Planeja-mento Gráfico em Jorna-lismo, no terceiro -, a PUCquer aprofundar a análisecrítica dos alunos. E que osprofessores estejam atentosàs novidades. Neste sentido,a PUC quer reforçar oprojeto “Consultores doMercado”, que levou algunsprofessores da universidadea conhecer “in loco” asnovidades das empresas decomunicação.

Prática desde o primeiro anoque está sendo colo-cadoem sa la de a u la , a t éporque disciplinas práticassão ministradas já a partirdo primeiro ano.

O Positivo segue a atualdiretriz geral do MEC, naqual 60% do curso com-preendem discip lina stécnicas de jornalismo e40% a formação cultural eética do futuro profissi-onal. A diferença de cursos

tradicionais é que o troncocomum os histó-ricos doisprimeiros anos de matériast eóri cas-, vêm comdisciplinas prá ticas. Noprimeiro ano, por exemplo,há disciplinas de Técnicasde Repor ta gem eEntrevista, Fotojornalismoe Planejamento Gráfico emJ orna li smo, bem comoprá ti ca de reda çã o. N oquarto ano, ao invés de

reservar mais tempo parao Projeto Experimental, oPositivo ainda ministraráa os a lu nos discip lina steóricas como Estética eCul tu ra de Ma ssa eRea lidade Sócio-Econômica e Pol ít icaBrasileira . “Nós acredi-tamos que essas cadeirasdão para o a luno umaformação bem completa”,diz Alexandre.

Ele também aposta suasfichas que a qualidade doensino se conquista atravésda prática. Nesse caso, oPositivo tem cumprido àrisca a edição de jornaislaboratórios, por meio dosquais os alunos repro-duzem o cotidiano de umjornalista profissional, in-clusive entrevistas cole-tivas com políticos im-portantes do Estado.

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 9

O repórter-fotográfico ÁtilaAlberti foi agredido porcaminhoneiros em 28 de julho,quando cobria em Campo Largoa greve realizada pela categoriaem todo o País. Átila fotografavaum motorista de um carrega-mento de peixes, segurando doispeixes estragados, quandorecebeu de manifestantes empur-rões, pontapés e ofensas ver-bais.

Para não perder a máquina epôr fim à agressão, Átila teve denegociar: cedeu o filme queestava na máquina e, com outrofilme, fotografou outro cami-

Debora Lopezde Cascavel

Cascavel voltou aostempos em que a selvageriae a brutalidade resolviamtodos os problemas. Destavez o principal atingido foi orepórter cinematográfico daTV Tarobá. Davi Ferreirada Silva foi agredido pelosjagunços da São Domingos,que havia sido invadida porintegrantes do Movimentodos Sem Terra (MST),enquanto trabalhava.

O repórter cinemato-gráfico foi agredido eempurrado sobre uma cercade arame farpado, com issoficou com hematomas portodo o corpo. Mesmo emuma situação como esta, orepórter não desligou acâmera em nenhummomento, e as imagens feitasenquanto era agredido foramvistas por todo o Brasila través da RedeBandeirantes de Televisão.

paraná

Cinegrafista é agredidoem invasão de fazenda

A selvageria foi a principal arma dedefesa dos jagunços da fazenda

O clima estava tenso nolocal. Em mais uma invasãode terras na região oeste doEstado houve tiroteio eagressão. O proprietário dafazenda, Ildemar MarinoCanto, disse que estava“somente defendendo o queera seu”.

Segundo os jornalistas queestavam no local, o cine-grafista estava entre os semterra e os “pistoleiros”. Os

seguranças da fazendapararam em frente aosinvasores e desceram dacaçamba da caminhonete.Eram sete ou oito, armadoscom escopetas calibre 12, ediziam que iriam tirar os semterra dali de qualquer forma.“E eles não queriam que issofosse filmado. Se o cinegra-fista não estivesse ali , acoisa ia ficar feia”, contaAndré Rocha, repórter de

um jornal local que estavatrabalhando na invasão.

“Estava filmando a movi-mentação, e quando vireipara filmar os jagunços, sósenti que vieram para cimade mim e me empurraramaté eu cair em na cerca.Senti que ele tinha a armaem uma mão e meempurrava com a outra”,destaca Davi. Ecomplementa , “a maiorpreocupação era com acâmera”.

A situação acalmou-se, etoda a população deCascavel e região indignou-se com as imagens daagressão, que foramdivulgadas pela mídia.

A emissora já registrouqueixa contra o agressor.Ildemar, um dos proprietá-rios das terras, garantiu queo agressor é seufuncionário. “Só nãoentendo porque umempregado estaria encapu-zado”, declara Tanicler

Marcon, diretora de jorna-lismo da TV Tarobá. Ecomplementa, “agora só nosresta esperar o resultado doinquérito e manter o nossorepúdio a este ato violentocontra o nosso funcionário,que estava cumprindo a suafunção”.

Correm boatos na cidadede que a emissora nãotomaria nenhuma posição emrelação ao fato devido aoutras questões agravantes(ou seriam deter-minantes?).Segundo as informações defontes que preferem não seridentificadas, o proprietáriode uma das fazendas, econseqüentemente um dosresponsáveis pela agres-são,é um dos principaisanunciantes da emissora, oque fez com que qualqueratitude relacionada ao casofosse “esquecida”. “Não hánenhuma espécie de pressão,tanto que o fato foi divul-gadoem nível nacional. E mesmoque houvesse alguma relaçãoentre a emissora e oproprietário, manteríamos anossa atitude divulgando erepudiando a agressão”,esclarece Tanicler.

É... Vida de jornalista não éfácil. Sopapo daqui,escorregadelas dali, e arealidade do mercado sempreacaba batendo à nossa porta...

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A Revista Injustiça fechou asportas. A decisão foi tomada nasegunda quinzena de agostopelo seu diretor Sayro Caetano ,que nos últimos meses jáenfrentava problemas com ademissão de toda sua equipe dejornalistas e pelosensacionalismo desen-freadoque tomou corpo ao longo dasedições.

Nos quatro meses em quecirculou, a Injustiça f icouconhecida por uma estratégia devenda agressiva, em quevendedoras paravam pessoas emruas centrais, numa atitudemuitas vezes constrangedora. Arevista possuía, ainda, carro desom, através do qual anunciava

O fim da Injustiçasuas principais manchetes. Outroaspecto da Revista foi o seubordão - Que injustiça !”-,geralmente nas matérias quetraziam algum aspecto negativoda sociedade, ou uma denúncia.

Ao fechar suas portas, ficaramem aberto dívidas com osjornalistas que lá trabalharam e aapuração de denúncias sobreextorsão de empresas que seriamestampadas nas páginas darevista com matérias sensacio-nalistas, a menos que fizessemanúncios. O diretor do veículohavia tentado substituir osprofissionais por estagiários e,inclusive, havia feito anúncio emjornal de grande circulação,oferecendo R$ 150 reais por mês.

O Sindicato dos Jornalistasentrou em contato com a direçãoda Revista e a informou dailegalidade que significa acontratação de estagiários, queexiste um piso salarial parajornalistas no Paraná. Comoresposta, o Sindicato chegou aser “denunciado” pela revistaem sua última edição, matériamarcadamente sensacionalista einverídica.

Com o fim da Injustiça,restaram problemas além doscartazes em bancas de revis-tas.Os jornalistas que lá trabalharamestão procurando na Justiçareceber salários e adicionais nãopagos pela revista. Isso, sim, umainjustiça !

Grevistas agridemrepórter-fotográfico

nhoneiro, escolhido pelosmanifestantes.

Os caminhoneiros estavamrevoltados com a postura daimprensa, que noticiou a grevesob o enfoque dos prejuízos queela acarretou ao comércio e àsindustrias, e em razão do alertaque fez de que alimentos come-çavam a faltar nos mercados. Agreve dos caminhoneiros tevecomo causa os problemas finan-ceiros enfrentados pela catego-ria, em razão das multas apli-cadas pela Polícia Rodovi-ária, opreço dos pedágios e a mácondição das estradas.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

Casemiro Eugênio Linarth

E m nenhum outrogrande país democrático oconluio entre os grandesinteresses financeiros e a mídia,que vai da imprensa a editoraspassando pelo rádio e pelatelevisão, parece tão gritantecomo na França. O fenômenoexiste em todos os países latinos,sobretudo na Itália, porém emgrau menor. Mesmo nos EstadosUnidos, a General Eletric possuia cadeia de televisão NBC. Masna França é um festival e umperigo para a democracia, naopinião da revista Le NouvelObservateur, que publicou emjulho uma longa matéria sobre amídia daquele país europeu.

Ainda há pouco tempo,François Pinault, que tem umafortuna pessoal de 6,4 bilhões dedólares segundo a última classi-ficação da revista americanaForbes, estava competindo comBernard Arnault ( 6 bilhões dedólares) e Serge Dassault (3,4bilhões). Esses bilionários nãoestavam brigando para controlarum grande grupo industrial, maso jornal preferido da eliteeconômica francesa: Le Figaro.

Os confrontos são impiedosose neles se misturam dinheiro,política, imprensa e ambiçõespessoais. A tutela dos capitãesda indústria sobre os grandesveículos de informação é tãoantiga e tão arraigada noscostumes franceses que nãochoca mais ninguém.

Essa estranha exceção francesadá consistência às críticas sobrea dependência dos jornais comoas que são feitas pelo sociólogoPierre Bourdieu. Segundo ele, aimprensa e as editoras sãodominadas pelas forças dodinheiro que deturpam delibera-damente a realidade socialfrancesa, impõem o pensamentoúnico e a visão liberal do mundo,fazem o jogo dos interessesnorte-americanos e aceleram umprocesso de alienação dasmassas. Servis por natureza eobrigação, os jornalistas nãopassam de “cães de guarda” dogrande capital, usando o título deum livro escrito pelo jornalistaSerge Halimi, do jornalLe Monde

Os grandes donos da mídia francesaDiplomatique.

Outro crítico severo da tutelados grupos industriais sobre amídia é Daniel Schneidermann,jornalista do Le Monde eanimador de programas detelevisão. Ele diz que a mídiapertencente a um grupo empre-sarial geralmente silencia sobreproblemas e favorecimentos queocorrem com negócios dessegrupo em outras áreas. Mas issonão significa que os jornais per-tencentes aos grupos industriaisestejam amordaçados e que aliberdade de expressão sejadefendida apenas pela televisãopública, por Le Monde, Le

Parisien, Les Echos, Capital, LeNouvel Observateur e algunsoutros, que formam o último ba-luarte dos jornais financeiramenteindependentes da grande indús-tria.

Alguns executivos dosgrandes grupos econômicos quepassaram a controlar veículos damídia francesa começaram aentender que a influência não semede apenas pela posse dealguns títulos, por maisimportantes que sejam. Ou elessão independentes e a influênciado dono sobre o seu conteúdo épequena, ou são dóceis e,portanto, têm poucacredibilidade. Assim, a mídia sótem poder quando tem credi-bilidade, em toda a parte e emtodo o tempo, usando todos osartifícios da comunicação, e

quando domina um grandegrupo multimídia.

A saúde financeira de um jornalé também a chave da suaindependência, num sistema emque a publicidade tem um pesocrescente e que é cada vez maisinfluenciado, e às vezes mani-pulado, pelos especialistas dacomunicação, quando eles agempor conta das empresas ou dospartidos políticos.

As relações com a redação

Às vezes o industrial é atéconsiderado um protetor daredação. É o caso do Libération,

com Jérôme Seydoux, grandeprodutor de cinema. Seydoux éum capitalista que dá liberdadeao diário, aliás protegida porcontrato. Mesmo que às vezesele se irrite ao ver criticado seve-ramente um filme que produziunas colunas do jornal. Com razãoou não, em algumas circuns-tâncias, os jornalistas acham queo controle do veículo por umgrupo industrial poderoso trazpara eles mais vantagens do queinconveniências, inclusive emtermos de liberdade.

No L’Express, por exemplo,existe um muro entre o capital e aadministração. Um duplo muro,até, formado por um conselhocomposto por personalidadesincontestáveis, presidido por umex-dirigente do jornal, e por umdiretório. Serge Dassault, o novo

dono, aceitou não se opor àscríticas sobre suas empresasfeitas pela redação. O sistema deconselho e de diretório instaladono L’Express funciona bem e ojornal ampliou sua indepen-dência.

As relações entre as redaçõese os grupos industriais quetentam controlá-las são maiscomplicadas do que parece. Asredações têm uma vida própria,uma autonomia ligada à suahistória, e os donos são os pri-meiros a perceber isso. Háredações rebeldes e redaçõesdóceis. Algumas até se adiantamem conquistar as graças do novo

dono, publicando matériasfavoráveis aos seus negócios, eàs vezes exagerando além daconta.

Não é o caso de La Tribune,um diário de dominante finan-ceira, fundado por ex-jornalistasdo Le Monde e comprado porBernard Arnault em 1994, depoisde vários problemas. Os atritosentre a redação e o dono sãoconstantes. Arnault é de direita,mas o diário continua fiel aosseus conceitos de origem, mais àesquerda.

Os grandes patrões, acostu-mados a serem obedecidos pron-tamente, sempre têm a tentação defazer uma limpeza nas redaçõesconsideradas rebeldes, paraformar uma equipe que elescontrolam. Nos últimos anos, aúnica tentativa para mudar pela

força a linha política de um grandejornal foi feita por JimmyGoldsmith, então dono doL’Express. O bilionário anglo-francêsassumiu adireção do jornalpara torná-lo órgão militante doliberalismo mais desenfreado. Atentativa foi um fiasco. Antes demorrer prematuramente, Goldsmithtornou-se defensor doprotecionismo e L’Express nãomudou de linha.

Diante dos ímpetos patronais, aforça das redações está em apoiar-se numa cultura, numa história, nafidelidade dos leitores. Qualquermudança intempestiva espanta osleitores, estraga a imagem e arrastao jornalnuma ladeira fácilde descere difícil de tonar a subir. Umproprietário, a menos que seja umideólogo puro, tem como objetivoprincipal valorizar seuinvestimento. Portanto, é do seuinteresse proteger a inde-pendência dos seus jornalistas.

Nadade ingenuidade, porém. Seos patrões compram jornais, é paraincrementar seus negócios. Já aprática dos jornalistas em relaçãoaos negócios do seu acionistaprincipal é tratá-los com maiorprudência. E quando ocorremproblemas com ele, o caminhoseguido é o profissionalismo e ahabilidade: ater-se aos fatos, semcarregar nas tintas ou não escrevernada.

Com a internet a informaçãocircula tão rápido, o sistematornou-se tão transparente, que jánão é possível ocultar grandecoisa. Por isso, os espaços deliberdade continuam grandes namídia francesa, e até maiores doque antes. Mas o sistema estádesgovernado e é urgente corrigiros excessos. O caminho, segundoo Le Nouvel Observateur, éampliar o campo de intervençãodas sociedades de redatores, quedecidem o que vai ser publicadono jornal; multiplicar as cartas dedeontologia que fixam, para asredações, os limites que nãopodem ser transpostos; firmar,como no Libération, contratosentre o acionista e a redação, quedefinem os direitos e os deveresde cada um; e dotar as empresasde notícias de estatuto deproteção especial.

CasemiroEugênioLinarthéjornalista

internacional

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 11

A Câmara Muni-cipal de Curitiba poderá ter umcanal democrático decomunicação. Se depender davontade dos vereadores, elaseguirá o exemplo de capitaiscomo Porto Alegre e São Pauloe do Senado Federal, emBrasília, e ocupar o canal quelhe foi reservado nastransmissoras de TV a cabo em95, através da lei 8.977. Até omomento, um projeto sobre ainstalação da TV Câmara, deautoria do vereador PauloSalamuni (PMDB), possui trezeassinaturas favoráveis. Faltamcinco para que obtenha aadesão da maioria dos 35vereadores da casa, o quereforçaria sua adoção.

“Eu poderia apresentar umrequerimento só com minhaassinatura, mas com 18 crioum impasse na Câmara e tenhocomo advogar em plenário”,

tv câmara

CâmarapoderátercanaldeTVdiz Salamuni. O projeto temcomo modelo a TV Câmara dePorto Alegre - cidade detamanho proporcional aCuritiba e mesmo úmero devereadores-, com um custo R$20 mil de manutenção. Issorepresentaria 0,17% doorçamento mensal destinado àCâmara de Curitiba, que é deR$ 35 milhões. Se aprovada, aTV contaria com uma equipede 10 profissionais, contratadapor licitação, sendo que pelomenos cinco seriam jorna-listas.

Transparência políticaA criação da TV Câmara não

tem o apreço do presidente dacasa, João Derosso (PFL), quealega o alto custo para suamanutenção. Outro problemaseria a necessidade dereformas no prédio, paraabrigar uma ilha de edição.“Tudo isso é bobagem. O valor

não é tão alto assim e a ilha deedição seria em outro local, emuma empresa terceirizada”,responde Salamuni. O obstá-culo é mesmo político.

“A Camara não quer serfiscalizada e que os eleitorespossam acompanhar o que sediz e faz aqui dentro”, afirma overeador Tadeu Veneri (PT),um dos signatários do projeto.Veneri acredita que a TV, porexemplo, inibiria alguns mauscostumes e jogos de cena de

Paulo Salamuni acredita que TVCâmara mudará perfil dos vereadores

vereadores. “Hávereadores que apre-sentam projetos,lêem, discutem e oretiram no dia davotação, quando nãovotaram contra seupróprio o projeto.Depois, dizem aoseleitores que fizeramsua parte, levaram oprojeto e este não foi

aprovado pela casa”, afirmaVeneri. Outros problemas quea TV mostraria: as reuniõesesporádicas das comissõesinternas- quando o regimentoprevê uma por semana-, e oinício das sessões sem onúmero regimental de 12vereadores, o que tem acon-tecido ano inteiro.

Como acontece com a TVSenado, a TV Câmara trans-mitiria sem cortes e ao vivo assessões plenárias - com

reprises à noite-, e as reuniõesdas comissões internas.Também divulgaria debatesentre vereadores e sociedade,além de produzir doistelejornaisdiários. “É uma idéiade produção profissional. E osjornalistas trabalhariam comliberdade absoluta, sem censurae pressão dos legisladores dacasa”, explica Salamuni.

Salamuni quer através da TVmudar o perfil dos vereadorese da Câmara. “A TV Senadomudou o perfil dos senadores,seus depoimentos e as CPIs.Aqui, com a TV Câmara, até apauta seria mais interessante”.O vereador espera que seuscolegas trabalhem menos emquestões acessórias- nomes deruas e utilidade pública-, ediscutam o que realmenteinteressa à comunidade. Éesperar para ver.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA12

entrevista

A imprensa paranaense está noticiando de forma isenta a questão da reforma agrária e os conflitos entreMovimento Sem Terra e ruralistas no Paraná ? O Extra Pauta foi conhecer a opinião dos líderes do MST e dosruralistas sobre a imprensa, apresentando a eles as mesmas perguntas. Mais que uma demonstração deimparcialidade explícita, uma forma de mostrar aos coleguinhas os dois lados da mesma moeda, para que cadaum tire suas conclusões.

A imprensa combate oMSTRoberto Baggio é o

coordenador estadual doMST no Paraná. O cargo ofaz d ir ig ir não apenas asações do movimento, comoo transformou no porta-vozdo MST no Estado, sendoconstantemente procuradopor jornali stas paraentrevistas em rádios, TVs ejornais.

Extra Pauta- Como o senhoravalia o papel da imprensa naquestão da Reforma Agrária ?

Roberto Baggio- Aimprensa tem um papelimportante, na medida emque dá elementos para que aopinião pública tenha umconhecimento mínimo dasquestões que o País enfrentae que, em nenhum momento,foram tratadas de frentepelos governantes. Numprimeiro momento, sentimosque a imprensa contribuiupara elevar o debate. Mas, namedida em que este debateocupou toda uma agenda, elaut il i zou uma estratég iad iferente , no sentido decombater a luta do MST,porque se esta luta ganharmaior amplitude representaráuma derrota política para aelite que governa o País.

EP- A imprensa paranaensetem dado espaço para seumovimento ?

Roberto Baggio- Aimprensa tem tratado deforma muito negativa a lutado movimento do Paraná.Tem contr ibuído paraatender aos interesses dosgrandes lat i fund iár ios, aoligarquia representada naestrutura do poder judiciário,político e econômico. Algunsveículos de comunicação têmutilizado a tática de fazer o

julgamento antecipado doMST, no sent ido decriminalizá-lo, atendendo aosinteresses dessa el i te. Aimprensa só aborda o MSTquando está vinculado àocupação de terra.

EP - O MST teve problemascom maté r i as publ i cadas noParaná ?

Roberto Baggio - Asmatér ias que jornais ete levi sões publ icam sãoversões ofic iai s , nãocorrespondem à realidade.Nós sentimos que não háuma análise, um filtro, umacertificação. Muitas vezes, osjornalistas não podem fazeruma matéria independente,porque o diretor filtra, ojornal recebe verbas dogoverno, o governo mesmofiltra.

EP- E com jornalistas ? Játiveram problemas ?

Roberto Baggio- Deforma geral, os jornalistas, namedida que conhecem afundo a problemática, têmuma simpatia para a causa domovimento. O problema éque o poder do jornalista émínimo em função do donodo jornal.

EP- Que jornais paranaensestêm sido parciais na coberturasobre a reforma agrária ?

Roberto Baggio- Osjornais no Estado do Paraná,com raras exceções, têmmant ido uma posição decombate à luta do MST. Agente compreende e entendeque o governo do Estadomonitora muito. Em todaessa onda de violênc ia eperseguição ao MST, essecombate com mot ivaçãopolítica que a Secretaria deSegurança Pública aplicou

sobre o movimento, só sefurou o cerco quando aquestão no Paraná ocupou oespaço político nacional. Apart ir daí os jornai s e aste levi sões começaram apautar a problemática noParaná. Isso em função docerco político que o Estadomantém sobre a imprensalocal.

EP- No caso de matérias sobreocupações de fazendas, a imprensatem as no ti c i ado de formaimparcial ?

Roberto Baggio- Asmatérias que têm saído sobreocupações são negativas. Elasnão correspondem à verdadee dão uma versão mui tosuperficial, errônea, justa-mente a versão do latifúndio,do governo do Estado ou dapolícia, o que é mais grave.

EP- E ao no t i ci ar asreintegrações, feitas pela PolíciaMilitar do Estado ?

Roberto Baggio- Damesma forma. A versão daimprensa é sempre essa:“sem-terras ocuparam áreasprodutivas”. Há áreas em quehá desapropriação e a

imprensa not ic ia que afazenda é produtiva, porqueo fazendeiro falou. Agora,não vai pegar o laudo noIncra, se certificar.

EP- As imagens de violênciaque apareceram na TV, de fatosimputados ao MST ou a PolíciaMilitar têm mudado a opiniãopública na questão da reformaagrária ?

Roberto Baggio- Asimagens decidem o jog o.Não por si só, mas dentro deum cenário de váriosacontecimentos. A sorte doMST é que a luta pe lareforma agrária não dependedos meios de comunicação,depende de mudanças maisestruturais. Ela não dependesó da imprensa cobrir ou nãocobrir a matéria, porque oproblema é social. Não foi omovimento que gerou a crisee sim a crise que gerou oMST.

EP- Como o senhor analisa asmatérias que a imprensa fez sobreo acampamento em frente aoPalácio Iguaçu ?

Roberto Baggio- Algunsgrandes jornais e televisões

tentaram combater , nosentido de fazer com que apopulação ficasse contra oacampamento. Mas o tempofoi passando e o acam-pamento estabeleceu umare lação polí t i ca com asociedade. Muitas pessoaspassaram a visitar o acam-pamento e falaram que elenão é o que a televisãomostra.

EP- A imprensa temprejudicado seu movimento frenteà opinião pública ?

Roberto Baggio- Emvários momentos o governotentou jogar a opinião públicacontra o MST para justificara repressão. Graças a Deus, asociedade sempre nos apoioue é isso que possibilita que omovimento sobreviva. Namedida em que o governotenta jogar a sociedade contrao MST, vai criminalizar omovimento e ut il izarmecanismos de repressão, detortura, de assassinatos e tudomais. Se conseguimossobreviver nesses 15 anos foifundamentalmente pelasolidariedade do povourbano.

Baggioadmite: a luta

do MST nãodepende da

imprensa

Marco Damásio

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 13

Estado a principal antítese ao MST noParaná, o que reforça as conotaçõespolíticas do problema.

A imprensa tem enfatizado oconfronto. Um exemplo: ao analisar areunião entre MST, Governo e oministro de Política

entrevista

Odeputado DivanirBraz Palma (PPB) é presidentedo recém criado ConselhoEstadual de Defesa daPropriedade Privada, queintegra a bancada ruralista naAssembléia Legislativa.Além depolítico e ruralista, é proprietáriode uma emissora de rádio emMaringá.

Extra Pauta- Como o senhoravalia o papel da imprensa na questãoda Reforma Agrária ?

Braz Palma- A imprensatem papel preponderante nãosó na reforma agrária, comoem todas as questões sociais,porque leva ao conhecimentoda opinião pública o que estáacontecendo em cadasegmento. Com relação àreforma agrária, ela tem dadoum espaço bastante grandepara o MST. Sou presidente doConselho Estadual de Defesada Propriedade Privada, quetem como suporte toda a baseruralista da AssembléiaLegislativa, e vou levar aoconhecimento dos proprie-tários e redatores-chefes dosjornais, das televisões e dasrádios os objetivos desseConselho. Estamos otimistas eesperamos que vamosconseguir um igual espaço aoque é dado ao MST.

EP- A imprensa tem dado espaçopara seu movimento ?

Braz Palma- A gente nãotem nenhuma reclamação, emparticular.Mas, agente sente quena mídia, de forma geral, existeuma boa vontade em dar maisespaço para o movimentoesquerdista. O que existe é queo MST é organizado, enquantoos ruralistas ainda nãodespertaram para a impor-tância de se unir.

A imprensa é malinformada

EP – Os ruralistas tiveramproblemas com matérias publicadasno Paraná ?

Braz Palma- Em especial,não. Mas há uma poten-cialização quando existe umatentativa de desocupação deuma fazenda. Em algunsincidentes sempre aparece “omais fraco sendo oprimido” enão se tem ido ao âmago daquestão. Nós temos 700 milbóias-frias que acordam àsquatro e meia da manhã evoltam às 8 horas da noite paraganhar oito reais. Essas pessoasnão têm ligação com o MST,são os verdadeiros homensbrasileiros que trabalham aterra, ligados à terra.

EP- E com jornalistas? Játiveram problemas?

Braz Palma- Casosesparsos, sim. Eu sou do ramo,tenho rádio em Maringá, e seique existe uma certa falta deinformação ao jornalista, deforma geral. Se mergulharmosno MST, vamos ver que é ummovimento ideológico e quenão tem preocupação emtomar a terra para produzir.

Esse movimento tem umobjetivo político e faz da terraum meio para chegar aopoder. Dou um exemplo: umacomissão de deputados foivisitar nove propriedades ruraisque foram desocupadas,fazendas com membros doMST acampados lá por maisde dois anos e que não tinhamum pé de alface plantado. Asfazendas só foram depredadas,desmanchadas. Nós fomos àimprensa, fizemos um relatóriosobre isso e entregamos. Masnão teve repercussão, porquenão interessa. Esse apelo eufaço: a imprensa que faz aopinião pública precisa ir aoâmago da questão.

EP- Que jornais paranaensestêm sido imparciais na coberturasobre a reforma agrária?

Braz Palma- Temos bonsjornais. A Gazeta do Povotem feito um bom trabalho, aFolha do Paraná também e,na minha região, o Diário doNorte do Paraná tem dadoum espaço muito amplo paraos ruralistas, porque estámais próximo da região rural.

A imparcialidade surge comos dados que se têm emmãos, com a conscientização,porque a pessoa passa a verque o movimento que está aínão quer terra.

EP- No caso de matérias sobreocupações de fazendas, a imprensatem as noticiado de forma imparcial?

Braz Palma- O MST levauma vantagem porque estáorganizado. Aí a imprensa temmais munição e materialfornecido pelo MST, quepassa a possuir mais espaço.

EP- E ao no ti ciar asreintegrações, feitas pela PolíciaMilitar do Estado ?

Braz Palma- Nas deso-cupações a gente levadesvantagem, porque aimprensa fica sabendo. Nocaso das invasões, não. Elesagem na calada da noite,entram a qualquer hora. Opovo vai saber depois, nãotem aquele momento doflagrante. As matérias maiscontundentes são as dasdesocupações, porque épreciso uma força policial

que, de início, pode inibir aspessoas. E tudo isso cria umclima de guerrilha, que é pratocheio para despertar aatenção, produzir um materialfarto.

EP- As imagens de violência queapar ec eram na TV, de fatosimputados ao MST ou a PolíciaMilitar têm mudado a opiniãopública na questão da reformaagrária ?

Braz Palma – Toda aviolência gera repugnância. Oque nos falta é desmistifi-carmos esse movimento.

EP- Como o senhor analisa asmatérias que a imprensa fez sobreo acampamento em frente ao PalácioIguaçu ?

Braz Palma- A imprensaé cond esce nden te . Sef i zess e um movimen toviolento, faria as autoridadescum-prirem os mandadosde reintegração. Mas, issonão in tere ssa , po rque oproble-ma da imprensa éque tod os e stão ven dosuperficial-mente. Por favor,olhem o passado de cadalíder do MST, vejam do quevive es sa g ente , on debuscam recursos. Vejam sealguns deles são produtores.Cabe à imprensa chegar aoâmago da questão.

EP - A i mpre nsa temprejudicado seu movimento frenteà opinião pública ?

Braz Palma- Não chegaa pre j ud ic ar. A p rópr iaopi nião p úbl ic a, se umapesquisa perguntar se e laaprova a ocupação da PraçaNossa Senhora de Salete,acredito que vai repudiarisso aí. A maioria não apoia.

Para BrazPalma, aimprensa écondescendentecom o MST.

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A equipe do Extra Pauta acompanhouo noticiário da imprensa na questão dareforma agrária em julho e agosto. Nessesmeses o MST teve mais espaço na mídiaque os ruralistas. Isso se justifica pelofato da imprensa ter considerado o

Abordagem diferenciada Governo do Fundiária, Raul Jungmann,o Jornal do Estado utilizou no editorialde 12 de agosto a palavra “round”, maisadequada a lutas de box. E sobre areintegração ocorrida em ConselheiroMairinck, a Gazeta do Povo em 11 deagosto, inicia a matéria enfatizando:“pode haver confronto hoje entre

trabalhadores sem-terra e policiaismilitares...”.

O MST aparece mais nos jornais queos ruralistas, mas o enfoque é quasesempre negativo e as notícias são sobreinvasões e confrontos com a políciamilitar. Umas poucas matérias positivasforam publicadas quando os sem-terra

fizeram serviços voluntários à Pastoralda Criança. O Estado do Paraná, quecomo os demais jornais tem se pautadopor tratar o MST quando das invasões,fez em 8 de agosto uma abordagemisenta: publicou entrevistas com JoãoPedro Stédile, do MST, e Tarcísio Barbosade Souza, da UDR. A diferença comrelação ao Extra Pauta é que as perguntaseram diferentes.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA14

Imagine um CongressoEstadual de Jornalistas sendorealizado em quatro cidadessimultaneamente, que tenhadois meses de duração e quenos últimos três dias seusparticipantes possam decidirde verdade os rumos dacategoria para os próximosanos. Bem, este Congressonão é imaginário, ele é real,mas também é virtual.

Está confuso? Vamos aosdetalhes:

O 4º Congresso Estadualdos Jornalistas aconteceráem Guarapuava, entre 26 e28 de novembro, tendo comotema a Formação dosprofissionais. O evento épromovido pelos sindicatosde jornalistas do Paraná e deLondrina, com organizaçãodo Sindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná e dadelegacia de Guarapuava,além do apoio da Secretariade Estado de AssuntosEstratégicos e da IntranetParaná.

O tema Formação serásubdividido em três linhas dediscussão: formaçãoprofissional (a partir dauniversidade), qualificaçãoprofissional (o aperfeiço-amento dos jornalistas que jáestão no mercado detrabalho) e a formação paraa cidadania (que envolve porum lado a atuação conscien-te do cidadão jornalistaperante a sociedade, e poroutro, o reflexo de suaresponsabilidade social im-plícita no exercício profissi-onal).

Cada linha de discussãoterá um conferencista espe-cífico, que além de falarsobre o assunto, perma-necerá no Congresso deba-tendo com os grupos detrabalho, enriquecendo onível da discussão e obvia-

4º Congressodos jornalistas,virtual e real

O 4º Congresso Estadual dos Jornalistas deveráser o primeiro evento dessa natureza realizado

no País, utilizando a tecnologia comoferramenta para democratizar os debates e as

decisões sobre os rumos de uma categoria.

democracia e deba-te

mente o resultado final doCongresso.

E a virtualidade?O Congresso também será

virtual, pois já em outubro eleestará instalado na internet,com endereço próprio,possibilitando, gratuitamente,inúmeras informações einterações com profissionaise estu-dantes. A página, queper-manecerá emfuncionamento até o final dedezembro, terá as primeirateses do Con-gresso – feitaspelos Sindi-catos – , as quaisjá estarão em discussão portodos os inscritos em salas(chats) próprias, seguindo astrês linhas sobre Formaçãojá citadas. Também terásalas (chats) de debateespe-cíficas, onde alguns dosmelhores jornalistas do paísestarão conversando comum pequeno número deinscritos sobre estes e outrostemas.

Entre os dias 26 e 28 denovembro a virtualidadetambém estará presente. Asconferências e os debates,bem como a plenária final,serão transmitidas em video-conferência, o que significaque quem estiver num dosquatro pontos do estado emque serão preparados auditó-rios – Guarapuava, Curitiba,Londrina e Cascavel – falaráe será visto pelas outras trêse vice-versa . Será comoestar num grande auditó-rio, que esperam os organi-zadores, esteja totalmenteocu pa do na s qua trocidades, pois o objetivo dea mplia r o Congresso éjustamente democratizá-loao máximo.

ATENÇÃOPara saber mais do Congresso, a partir de outubro:

www.sindijorpr.org.brEm breve estarão circulando cartazes e folders comtodos os detalhes sobre o Congresso. Aguarde.

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 15

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

profissão perigo

A t en ta dos emconflitos étnicos e polí-ticos foram as principaiscausas de jornalistas mor-tos até o momento em 99.O s episódios ma is san-grentos foram a tomadapor rebeldes da cidade deFreetown, em Serra Leoa,em fevereiro, e a Guerraem Kosovo. J ornal is ta st ambém mor rera m porconflitos tribais na Nigériae por denunciar corrupçãona América Latina.

Em Ser ra Leoa fora mmortos 9 jornalistas, setedeles entre os dias 8 e 15de ja nei ro , que corres-ponde ao período em queos rebeldes da FrenteUnida Revolu cioná ri aocuparam a capital Free-town. Ja mes O gogo,Jenner “J.C.”Cole, MabayKamara, Mohammed Ka-mara, Munir Taray, MylesTierney e Paul Mansarayforam a ssa ssina dos pormembros da Frente, comrequ intes de cru elda de.Mansa ray, edi tor doStandard Times , morreucarbonizado em sua casa,com a mulher, dois filhos esobrinho, após o cerco daresidência pelos rebeldes.Em fevereiro, quando daocupação de Freetown porsoldados da ECOMOG -Força pela Manutenção daPaz do Oeste Africano-, foiassassinado Abdulai JumaiJalloh. Ele era acusado apertencer à Frente UnidaRevolucioná-ri a . Ou trojornalista simpatizante dosrebeldes, Condar Roy,morreu em 30 de abril, emdecorrência de tuberculosecontraída na prisão.

Na África aconteceramainda mortes na Nigéria,durante conflitos étnicos.Fideli s Ik wu ebe foi se-qüestrado e morto em 18de abril, em meio a vio-l enta s lu ta s ent re a scomunida des Agu ler i eUmuleri. Em 27 de maio,San Nimfa-Jan foi morto

Guerras e conflitosétnicos matam

jornalistas em 1999

durante lu ta s ent re osgrupos Hausaq Fulani e oZangon-Kataf.

Um país especia lmenteperigoso para jornalistasem 1999 foi a Iugoslávia,em ra zã o da gu er ra emKosovo, no qual morreramseis jornalistas. Em 11 deabril, foi assassinado emBelgrado Slavko Curuvija,qu e era propriet ário dojornal Dnevni Telegraf e darevista Evropljanin. Curu-vija foi morto por assas-sinos profissionais em suacasa , após ter cumpridocinco meses de cadeia por“ divu lga r fa lsa infor -mação”. Seus problemas

começara m qu a ndo elepublicou uma história sobreo a ssa ssina to de u mmédico de Belgra do,envolvendo o deputadosérvio e primeiro-ministroMilovan Bojic. O jorna-lista também fora acusadopela te l evisão esta ta liugosla va de a poiar osataques da Otan ao país.

Um dos ataques da Otan aBelgrado resultou na morte detrês jornalistas chineses: ShaoYunhuan, Xu Xinghu e ZhuYing. Eles estavam na Embai-xada da China em 8 de maio,quando o prédio foi atingido.Na Guerra em Kosovotambém foram registradas asmortes de dois corres-pondentes da revista alemã

Stern. Volker Kraemer eGabriel Gruener foram mortospor franco-atiradores sérviosem 13 de junho, numa estradaperto de Pristina. O intérpretedos jornalistas, Senol Alit,também for morto.

Líbano, Argentina,Inglaterra e Colômbia

O conflito histórico entrepalestinos e israelenses foi omotivo da morte do jor-nalistaIlan Roeh, da Rádio Israel, em28 de fevereiro. Roeh viajavacom militares israelenses peloSul do Líbano, quando o carroem que estava foi atingido poruma bomba. A milíciaHezbollah assumiu a res-ponsabilidade pelo ataque.

Na Argentina, RicardoGangeme, diretor do jornal ElInformador Chubutense, daprovíncia de Chubut, foiassassinado em sua casa, em13 de maio. Uma semanaantes de morrer, Gangemehavia denunciado à polícia quesofrera ameaças depois dedenunciar um prósperoindustrial da província.

Na Inglaterra, a jornalistaJill Dando foi assassinada emabril com um tiro na cabeça,diante da sua casa, emLondres. Uma das profis-sionais mais populares e bempagas da TV inglesa, Jillapresentava o programaCrimewatch UK, da BBC,que reconstituía crimes nãoresolvidos e pedia acolaboração dos teles-pectadores que tinham infor-mações sobre os criminosos.Suspeita-se que o assassinoda jornalista do Linha Diretainglês seja um admiradordesequilibrado.

Na Colômbia, pistoleiros amando de grupos para-militares da extrema direitaassassinaram o humorista,advogado e jornalista JaimeGarzón, em 13 de agosto. Ojornalista era amigo dopresidente Andrés Pastrana evinha intermediando asnegociações de paz entre ogoverno e a guerrilha do Exér-cito de Libertação Nacional.Garzón foi o 178º jornalistaassassinado na Colômbia nosúltimos 22 anos.

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Iugoslávia

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

O presidente Fer-nando Henrique Cardosovetou o projeto-de-lei 307/95, de autoria do senadorCarlos Bezerra (PMDB/MT), que exigia o registroprévio na Fenaj - Fede-ração Nacional dos Jorna-listas, através dos sindi-catos de jornalistas. Paravetar o proje to , FH Cacatou parecer da asses-soria jurídica do Ministériodo Trabalho e Emprego,endossado pelo ministroFrancisco Dornelles.

O parecer possui equí-vocos. Afirma, por exem-plo, que a Fenaj com oprojeto passaria a ter poderde polícia, o que é atribui-ção do poder executivo. Ocurioso é que o projeto,após passar pelo Senadoem mea dos de ju nho

FHC veta projeto da Fenajnacional

passado, foi entregue emmãos pelos diretores daFenaj ao ministro Dornel-les, que se comprometeua aprová-lo.

O projeto foi analisadopelas assessorias jurídicas

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do Congresso Nacional eteve parecer favorável doMinistério do Trabalho nasua tramitação. Foi sub-metido, ainda, duas vezesa análise do Senado. Aovetá-lo, FHC desrespeitou

o trabalho dos par-lamentares das duascasas e ignorou osesforços da Fenaj,em defesa da for -mação profissional edo exercício ét icodo Jornalismo.

Mobilização

Indignados com oveto, diretores daFenaj foram a lutapara rever ter adecisão de FHC. Asjorna l is ta s BethCosta, presidente da

entidade, e Regina Deli-berai, presidente do Sindi-cato do Mato Grosso, esti-veram em contato com osenador Carlos Bezerra ,que comprometeu -se adiscutir o assunto com o

vice-presidente , Ma rcoMaciel. A entidade man-teve ainda mobilizada suaExecu tiva pa ra nova sdiscussões sobre o encami-nhamento do projeto.

A deci sã o de FH Cprovocou também reaçõesdos jornal is t as l a tino-americanos que estavamreunidos em 27 de julho naCosta Rica, por ocasião deum seminário promovidopela Federação Internacio-nal dos Jornalistas. Elesressaltaram que o veto secontrapôs “a uma decisãodemocrát ica do SenadoFederal e da Câmara dosDeputados, que depois decinco a nos de a ná li sesaprovaram por unanimida-de de votos e o direito deauto-organização dos jor-nalistas”.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

F oi uma coinci-dência . A aposentadoriacomo jornalista veio emnovembro do ano passado,mesmo mês do lançamentodo livro “Edgard Allan Poe -Nunca Estive RealmenteLouco”, parte da coleção“Pequenas biografias insó-litas”, da editora LetrasContemporâneas. Desdeentão, Ivan Schmidt divideseu tempo entre a família,algum trabalho como free-lance e a atividade deescritor. Seu quarto livrodeve sair este ano, tendocomo tema o conflito doContestado.

Radicado em Curitibadesde os anos 70, tendotrabalhado em diversosjornais e assessorias deórgãos de governo, Schmidtnão é propriamente uminiciante na literatura. Haviaescrito os livros “Ilusão dasdrogas”, um ensaio sobretoxicomania, e a “José Ama-dor dos Reis, pastor epioneiro”, uma biografia deum pregador adventista ,antes de se deparar com a

própria iniciativa

O biógrafo de Allan Poe

biografia de Poe. Realizouassim um projeto imaginadohá dez anos: escrever sobreo escritor, cujas obras foramuma “paixão à primeiraleitura”, desde que chegouàs suas mãos “Crimes daRua Morgue e outras his-tórias”, no início dos anos 60.Sem saber, Schmidt fez a

primeira biografia do escritornorte-americano no Brasil.

O jornalista considera o li-vro um trabalho de repor-tagem. O modelo foi a obra“Israfel, vida e época deEdgardAllan Poe”, escrito em1926 por Harvey Allen etraduzido no Brasil em 1945.“A biografia está bem

O Corvo. Provavelmente foi,também, o primeiro que nãodeu muita importância aopersonagem, mas desvendouseu interior”.

Escrito de forma sucinta,a pedido da editora, IvanSchmidt diz que estarárecompensado se o livrolevar novos leitores a seaprofundarem na obra dePoe. “Corram às livrarias,devastem as bibliotecas,garimpem nos sebos e nasestantes de seus pais e avós:sempre haverá um Poe emalgum recanto esquecido”,escreveu no prefácio dolivro. Curiosamente, nesteprefácio, o jornalista utilizaa palavra-chave quando sefala em Poe: “esquecimen-to”. O próximo dia 7 deoutubro marca os 150 anosda morte do escritor. Até omomento, no Brasil, jornaise editoras não se movimen-taram para homenagear esteque é considerado um dosmais importantes escritoresda humanidade e oprecursor do romancepolicial.

Ivan Schmidt: primeira biografia de Edgar Allan Poe no Brasil

próxima da realidade”, dizIvan Schmidt, que preferiuenfatizar os aspectos trágicosda vida do escritor. “O maisimportante de sua vida é ofato de Poe ter sido sempreignorado. Ele era invisível aoambiente literário de suaépoca e ficou mais ou menoscélebre com a publicação de

“Mídia e Eleições”, foi otema do IV CongressoInternacional de MídiaRussa, que aconteceu naUniversidade de SãoPeters-burgo, entre 28 dejunho e 9 de julho. Pelaprimeira vez, o Congressoteve uma presençabrasileira, a jorna-listaRegina Célia BostolimCorreia. Ela fez umapalestra sobre os jornaisbrasileiros e realizou aexposição “Imagens doBrasil”.

Na sua palestra, Reginafez um resumo da história daimprensa no Brasil, desde

Jornalista apresenta imagens do Brasilseu marco zero: o jornalCorreio Braziliense, editadoem Londres, em 1808. “É umahistória de repressão”, disseRegina. Ela admitiu terprovocado espanto nosjornalistas russos o relato doscrimes ligados à liberdade deimprensa, ocorridos nosúltimos em estados do Nortee Nordeste. “Os jornalistassiberianos falaram que têmdificuldades com políticos,mas que lá são raras as mortesligadas à liberdade de im-prensa”, afirmou.

Regina mostrou ainda osjornais brasileiros que levou naviagem, como a Folha de São

Paulo, a Gazeta do Povo, aRevista Isto É e o jornal doSindicato, o Extra Pauta. “Elesficaram impressionados como jornal que o Sindicato tem ea qualidade do texto ediagramação”, lembrou ajornalista, que na palestracontou com a ajuda de umaintérprete na leitura dasmatérias. O que surpreendeuaos jornalistas russos – cujopaís passa por sérias dificul-dades financeiras -, foi autilização da cor mesmo emjornais de abrangência regio-nal e do formato standard.Atualmente, na terra dostandard Pravda, a maioriados jornais é tablóides.

Regina:mostrando o

jornalismo doBrasil aos

russos

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

Omês de agosto foiespecial para Rosy de SáCardoso. No dia 3 ela reuniuamigos para comemorar seus30 anos de jornalismo emturismo. Foi depois recebendouma homenagem aqui, outra ali,cumprimentos na rua, umaplaca comemorativa dogoverno. “Estou ficandoimportante”, diz a jornalista,sorrindo. No final do mês, eladeixou por vontade própria deser editora de Turismo daGazeta do Povo, cargo agoraocupado pela amiga MarianGuimarães, para continuar nojornal escrevendo e catalo-gando textos e imagens decidades e roteiros turísticospelo mundo.

Rosy é uma pioneira. Foi aprimeira jornalista a obterregistro profissional noMinistério do Trabalho, aprimeira a sindicalizar-se e aprimeira especializada emturismo no Paraná. O jor-nalismo, contudo, surgiu poracaso. Rosy era cantoraprofissional- seu primeiroregistro na carteira é comocantora- e trabalhava na RádioGuairacá, cantando umrepertório de tangos, boleros emúsica francesa, comocrooner de orquestra. Foiquando a voz começou afalhar. “Eu era muito falante ecomecei a perder a voz.Alguém na rádio propôs, então,

30 anos escrevendosobre Turismo

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Rosy de Sá Cardoso: 30 anos escrevendoe editando sobre Turismo.

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rosy de sá cardoso

que eu escrevesse umprograma feminino”, recorda.Do programa para oJornalismo foi um salto. Em 8de julho de 1948 tinha seuprimeiro texto publicado em ODia, data em que considera oinício da sua carreira comojornalista.

Nos seus primeiros anos dejornalismo ela comparecia àredação só para entregarmatérias. Trabalhava em casa,onde redigia sua coluna social.“Que outro lugar tinha paramulher ?”, pergunta. Ela iamuito a festas e nas colunasfazia comentários até sobrepeças teatrais. Por nãofreqüentar a redação, Rosypôde levar ao mesmo tempo asatividades de jornalista efuncionária da Prefeitura deCuritiba, onde se aposentou no

final dos anos 60, como oficialde gabinete.Demissão após CongressoRosy de Sá Cardoso cola-

borou com O Dia não mais quetrês anos. Foi demitida em1951, quando retornava de umcongresso de jornalistas noRecife. Segundo João DedeusFreitas Neto, presidente doSindicato naquela época edemitido do jornal junto comRosy, eles souberam dademissão através de uma notano jornal, lida durante o vôo deretorno a Curitiba. Rosyrecorda que protestou deforma jornalística. Escreveuum texto em protesto e o fezpublicado no Diário da Tarde.O início do texto, nuncaesqueceu: “Como vassouranova varre bem...”.

Rosy nunca ficou muito

tempo sem escrever em jornal.Em17 de julho de 51, suacolunasairia no primeiro número de OEstado do Paraná, ondepermaneceria até 59. Nos anos60, ela trabalharia espo-radicamente em revista e natelevisão- por três mesesapresentou um programa deentrevistas na TV Paraná.Também passaria a escrever noDiário do Paraná, onde em 69fez sua primeira página sobreturismo e permaneceria até 31de dezembro de 76. Pediudemissão e, imediatamente, foicontratada pela Gazetado Povo,que estava interessada emter umcaderno de turismo. A primeirapágina na Gazeta foi publicadaem 2 de janeiro de 77.

Hábito de famíliaFoi o hábito familiar de

sempre viajar que fez Rosyespecializar-se em turismo. Em59, quando retornou da suaprimeira viagem pelos EstadosUnidos, reservou espaço nojornal para comentar a viagem.Essas matérias levaram adireção do Diário do Paraná aabrir uma página sobreturismo. Trinta anos depois,Rosy esteve em todos oscontinentes e conta nos dedosos países que não conhece. NaAmérica do Sul, falta-lheEquador e as Guianas. NaEuropa, os pequenos: Andorra,Liechens-tein, San Marino. “Eutenho um mapa mundi em casa,

onde coloco um alfinete noslugares onde fui. O ponto maisbaixo é aAntártica. O mais altoé Barrow, que fica ao norte doAlasca”. Outro fato curiosodesses 30 anos é a organizaçãoda jornalista. Rosy possuitodas as páginas e cadernosque escreveu sobre turismocatalogados, desde 3 de agostode 69.

Para o próximo ano, ajornalista quer agendar umaviagem à Austrália, a terceiraem sua vida para aquele país.“Não é pelas olimpíadas”,afirma Rosy , que comoespecialista em tur ismocostuma ficar distante dosgrandes eventos. Ela quer verse ocorreram mudanças nascidades que conhece e falarsobre os hotéis, o povo do país.“Não tenho intenção de parar.Na minha casa são três irmãos,todos com mais de 70 anos esolteiros. Vou fazer o quê emcasa”?

Usar adjetivos é essencialRosy de Sá Cardoso

considera que “o jornalismoespecializado em Turismo é umestímulo às pessoas viajarem”.De quando em quando recebetelefonemas na redação, depessoas pergun-tando sobreroteiros de viagem. O segredo,para ela, alémde viajar bastanteé a linguagem, que no cadernosde Turismo deve vir comadjetivos.“No Jornal ismotemos que ter um texto enxuto,sem adjetivos. O adjetivo é osupérfluo, mas em Turismo éo pingo no “i”. O jornalista temque dizer se o hotel éconfortável, se a paisagem élinda, se o povo é confiável. Oadjetivo não só doura a pílula,mas dá ao leitor aquele gostinhode querer provar a viagem”,explica Rosy.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

Ciméa Bevilaqua

Nos dias de hoje,qualquer referência a KarlMarx provoca nar izestorcidos e expressões dedesdém. O baú do velhomestre, porém, ainda guardamuitas surpresas. É o caso daat ividade de Marx comojornalista, nascida tanto daação polí t ica quanto dasnecessidades de sobre-vivência. Ao longo de mais dequarenta anos, Marx publicoucentenas de artigos em jornaise revistas, a maioria ainda àespera de um trabalho decompilação.

Uma coletânea recém-lançada pela editora L&PMem formato de bolso dá umaamostra dessa produçãocopiosa, reunindo reflexõessobre um tema que resiste àsacusações de anacronismo: aliberdade de imprensa. Nummomento em que se discutemlimites para a programação datelevisão e para as estratégiasadotadas pela imprensa nacobertura da política e da vidaprivada, seus argumentosganham um indiscutível sabor

biblioteca de comunicação

Karl Marx e a liberdade de imprensade atu-alidade.

A antologia apresenta trêsmomentos da produçãojornalística de Karl Marx. Osdois primeiros artigos foramescritos para a Gazeta Renanaem 1842. O estilo é irônico erebuscado, talvez maispróximo de um advogado quede um chefe de redação emplena luta contra a censuraprussiana. Dois artigos sobrea Guerra Civil Americana,escritos aproxi-madamentequarenta anos mais tarde,revelam as mudanças noestilo do autor: a quantidadede informações utilizadas ébem maior, assim como oesforço para apresentar umaanálise rigorosa dos fatos.

Um terceiro grupo deartigos, aproximadamente damesma época, mostra acober tura de um aconte-cimento específico: o CasoTrent, incidente diplomáticoentre os Estados Unidos e aInglaterra, surgido de umaação militar norte-americanano canal das Bahamas.Destaca-se aqui o cuidadojornalístico de abordar o casode todos os ângulos possí-

veis. Paralelamente, Marx falasobre a imprensa da época,suas motivações e seuscompromissos.

A liberdade e a lei

De acordo com Marx, éfalso o argumento segundo oqual a restrição da liberdadeé um mal menor, diante dasinjúr ias e dos abusos co-metidos pela imprensa. Suasdeficiências são as da própriasociedade, e não se podecriticá-la por isso. Da mesmaforma, a liberdade de im-prensa não causa a ins-tabilidade das instituições oudo governo, assim como otelescópio do astrônomo nãocausa o movimento perpétuodo sistema planetário.

Marx também consideraum equívoco tentar esta-belecer uma fronteira entre aboa e a má imprensa, oraciocínio mais freqüen-temente ut il izado paradefender a imposição dacensura: ela atingiria apenasa má imprensa. Transformara imprensa ruim numarefutação da imprensa livre,

Liberdade de Imprensa -coletânea de textos de Karl

Marx.Porto Alegre, Editora L&PM,

220 páginas.

Os Meios de Comunicação -Quarto Poder ou Quinta

Coluna?, de Alain Woodrow.Lisboa, Publicações Dom

Quixote, 282 páginas.

Liberdade e ética na globalização

diz Marx, é afirmar que aimprensa livre é ruim, e quea censurada é boa. Averdadeira questão não éaval iar a qual idade dosprodutos, mas não perder devista que a essência daimprensa é a liberdade.Assim,uma imprensa cen-surada éruim mesmo se produzir bonsprodutos, e uma imprensalivre é boa mesmo quandoproduz frutos ruins.

Dito de outro modo, não setrata de distinguir a imprensaboa e a imprensa má, mas dedist inguir uma lei de im-prensa e uma lei da censura.De acordo com Marx, a lei daimprensa pune o abuso daliberdade; a lei da censura, emcontrapar tida, pune aliberdade como se fosse umabuso. Nesse sentido, uma leisobre a imprensa não énecessariamente uma medidarepressiva contra a sualiberdade. Ao contrário, aausência de uma legislaçãosobre a imprensa é que éproblemática, porque signi-fica a exclusão da liberdadede imprensa da esfera daliberade legal.

É preciso que a normaexista para que se possa suporque ela foi violada e para quea punição seja legítima. Nessesentido, diz Marx, a lei deimprensa é o exato oposto dacensura, que opera ao sabordas conve-niências do censor.

Ninguém duvida que odifíci l equil íbr io entreliberdade e ética nos meios decomunicação tem hoje umacomplexidade inédi ta: aglobalização do mercado levaà formação de imensosimpérios multimídia, novastecnologias permitem acirculação de imagens e textosem tempo real, e a competiçãoacirrada não vê limites para oconteúdo do que é veiculado.Não por acaso, crescem os

clamores por algum tipo derestrição à imprensa e, emespecial, à televisão.Como não se trata de umaproblemática local, é sempreúti l saber como essasquestões têm sido enfren-tadas em outros países. É esteo tema do jornalista francêsAlain Woodrow (ex-LeMonde) no livro Os Meios deComunicação - Quarto Poderou Quinta Coluna?, suasegunda obra teórica sobre a

comunicação social.A partir de casos concretos,o autor analisa o impacto dasnovas tecnologias e as novasrelações entre os meios decomunicação e o mundo dapolítica e dos negócios. Osaldo é negat ivo para aimprensa, mas Woodrowrecusa a idéia de um “quintopoder”, uma instânciareguladora externa impostapelo Estado. Ao contrário,aposta na recuperação dos

antigos princípios de auto-regulação da imprensa e numaaproximação consis-tentecom associações deespectadores.Entre outras sugestões espe-cíficas, propõe a inclusão decursos sobre os meios decomunicação no currículo daescola básica, a fim dedesenvolver o senso críticodo público desde a infância.No final , o l ivro reúnecódigos de ética de jorna-

Ciméa Bevilaqua é jornalista eprofessora de antropologia na

UFPR

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listas e de associações deempresas de comunicação daFrança, Grã-Bretanha eEstados Unidos.

LIVRARIA DO CHAIN - EDITORAFone: (0..41) 264-3484 - Fax:(0..41) 263-1693Rua Gal. Carneiro, 415 - Curitiba - Pr - Cep 80060-150

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

A Delegacia do Sindicatodos Jornalistas de Foz doIguaçu está com uma novadiretoria desde o último dia9 de agosto, data em que aúnica chapa inscrita foihomologada por unani-midade pelos profissionaisque compareceram àassembléia , realizada noHotel Rafagnin Centro.

A nova diretoria é formadapor Alexandre Palmar, nocargo de coordenador;Christian Rizzi, delegado, ePatrícia Taufer, tesoureira.Eles assumiram após os ex-representantes sindicaisabrirem mão de seus cargos,devido a questões pessoais.

Ao assumir a delegacia, ocoordenador frisou aintenção de trabalhar pelosinteresses da categoria no

responsabilidade profissio-nal

renovação

Delegacia de Foz do Iguaçu tem nova diretoriamunicípio. “Uma dasprimeiras ações da delegaciaserá fiscalizar os veículos decomunicação, visandoregularizar a situação dosprofissionais que estão emdesacordo com a legis-lação”, assegurou Palmar.

A promoção de palestras,debates e outros eventos quelevem ao aprimoramentoprofissional também é umadas metas do sindicato emFoz. Na ausência de umcurso de jornalismo naRegião Oeste do Estado, adelegacia assumiria aresponsabilidade de promo-ver discussões acerca detemas relacionados à àrea eao interesse geral.

Valorização profissional

O delegado salienta que aproposta de reativar adelegacia surgiu dos apelosde membros da classe, queao precisarem do apoio aosindicato tinham de buscá-loem Curitiba.

“A retomada do sindicatonão é para coibir a atuaçãode nossos colegas, e simpara valorizar a profissão dojornalista, que em Foz doIguaçu ainda não possui orespeito merecido”, co-menta.

Quanto às irregularidadesencontradas na imprensa dacidade, os integrantes dadelegacia já reuniram 30publicações sem jornalistaresponsável. Entre as“aberrações” da imprensaiguaçuense está um jornalbimensal que fechou cinco

de suas dezesseis páginas,em uma de suas edições,com a reprodução integral dematérias e colunas veicu-ladas em outros periódicos.

Patrícia lembra que ummeio de comunicação não seconstitui apenas com idéias,sendo necessária uma infra-estrutura adequada e princi-palmente profissionais habi-litados e com princípioséticos.

A questão da ética deveser u ma da s primei ra sdi scus-sões a movimen-tarem a programação deatividades. Ao ser reativa-da, a delegacia instituiu umconselho de ét i ca com-posto por cinco jornalistas,que deverá colaborar comas iniciativas dos membrosda diretoria.

ALei de Imprensa ea lei que regulamenta aprofissãodeterminamquetodosos veículos informativostenham um jornalista respon-sável e que o nome desteapareça no Expediente. Ointento da lei não é apenasprofissionalizarosveículos,masque eles não venham a cometerabusos editoriais, pois ojornalista responsável pode serprocessado. Essa determi-nação, infelizmente, não teminibido proprietários de pu-blicações em burlar a lei econtratar jornalistas só para“assinar” um jornal ou revista.

Na sua edição de agosto de97, o Extra Pauta aler-tava acategoria para os problemasque “assinar um jornal ourevista” pode gerar. Há jorna-listas sendo processados pornotícias que sequer chegarama ler, por terem seu nome como

A imoralidade técnica

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respon-sáveis pelo veículo noexpediente. Há casos tambémde proprietários de veículosquese apropriaram do nome do jor-nalista sem a sua permissão eeste veio a ser processado.

A responsabilidade técnica éprevista por lei e somente podeser feita por profissionais comregistro de jornalista. Os quepossuem registro de fotógrafoe diagramador não podem terseu nome como responsáveltécnico em qualquer publi-cação.

Em97,comoagora,oSindicatodos Jornalistas vem recebendoconsultas de muitos profissionaissobre o valor cobrado para“assinar” um jornal ou revista.Amaioria desses profissionais érecém-formada, interessados ementrar no mercado de trabalho.Convém lembrá-los que não hápreço determinado pelaassinatura e que o simples

empréstimodo nomea umjornalé atitude imoral, com possíveisconseqüências danosas.

Não bastasse o problema legalque somente assinar podeprovocar,há também os técnicos.Jornais sem jornalistas primampela péssima qualidade deredaçãoe diagramação.Pagandopara jornalistasapenasassinaremumapublicação,sóoproprietáriosai ganhando, porque podeeconomizardinheirocompessoal.

A propósito, recentemente,o Sindicato recebeu umaconsulta do proprietário de umpequeno jornal em Pinhais.Ele queria saber se mudandoo nome do veículo poderia seisentar do paga-mento de 120reais para que o “seu”jornalista assinasse apublicação. Ele perguntou: “Ese o meu jornal se chamarGazeta, Tribuna...?”.

O Núcleo de Asses-sores de Imprensa doSindicato dos Jornalis-tas volta a se reunir nopróximo dia 1º de ou-tubro, às 19h30min. Oprofessor de comu-nicação Itanel Qua-dros, que recém con-clu iu doutorado naEspanha, fará palestrasobre “Marketing Po-lítico” e suas experiên-cias no Brasil e na Eu-ropa.

Mais informaçõespodem ser obtidas nopróprio Sindicato, pelofone 224-9296. Favorconfirmar presençaaté dia 30 de setem-bro.

NÚCLEO DEASSESSORES

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA22

Chega de confusãode siglas. Os repórteresfotográficos e cinematográ-ficos do país fundaram aARFOC Brasil para definir aAssociação Brasileira, reser-vando à sigla Enarfoc- outrorautilizada para designar aExecutiva- somente para osencontros nacionais dacategoria. A nova entidade foicriada em junho, no Rio deJaneiro, mas teve suaaprovação durante o XVIEnarfoc- Encontro Nacionaldos Repórteres Fotográficos eCinematográficos-, realizadode 19 a 22 de agosto em Natal,Rio Grande do Norte. Nomesmo Encontro, os jorna-listas de imagem debateramsobre ética e direito autoral.

Os repórteres cinemato-gráficos reunidos no XVIEnarfoc repudiaram a funçãovídeo-jornalista, hoje presentemesmo em emissoras de TVpúblicas-, por entenderem queacarreta desemprego à cate-goria. No que se refere adireito autoral, o Encontroserviu para que os jornalistasmais uma vez enfatizassemque mesmo as fotografias dearquivo e as produzidas por

XVI enarfoc

Repórteres criam a Arfoc-Brasil

Edison Jansen ganhou umapágina da edição histórica darevista Realidade, que circulouem agosto. Sua fotografiamais importante, que traz oentão estudante José FerreiraLopes- o doutor Zequinha-enfrentando com umestilingue um policial a cavalo,foi escolhida como a imagemmais representativa da revistasobre os anos de chumbo. Afoto rendeu a Edison oPrêmio Esso de Fotografia,em 68.

**Mudanças na redação do

Jornal do Estado. AroldoMurá é o novo diretor de

rádio corredor

redação, Szyja Ber Lorber odiretor-adjunto e Joseane Ritza secretária de redação.Deixaram o JE Flávio Costa eAdriana Ferronato.

**Luiz Gonzaga de Mattos

resolveu matar a saudade dosquase dez anos em queescreveu “Entrelinhas”, naGazeta do Povo. Abriu umacoluna semelhante na internet,a qual tem atualizadodiariamente. O endereço égonzaga.mps.com.br .

**Na Folha do Paraná houve

mudanças internas. LuizCláudio Oliveira assumiu a

editoria de Cidades, enquantoque Ed Carlos Rocha acoordenação de Esportes.

**Cynthia Schneider abriu a

Comunicatta Press. A Agêncianasce da unidade de assessoriade imprensa da ComunicattaMarketing, que vinha desdeabril sendo dirigida por ela.

**Vinícius Sacchi está vivendo

à beira-mar. Trocou Curitibapor Praia Grande, municípiode Muraí, na Bahia, onde tocao “Bar e Restaurante doDidi”.

**Cláudia Bardal e Soêvia

Pires abriram uma casa desopas. Miss Sô e Miss Sunfica na Rua Trajano reis, 335,e abre às noites, de segunda asábado.

**“Xavantes” é a exposição

que Joseane Daher faz noShopping Novo Batel, de 10a 19 de setembro. Mostra asfotografias que fez em 1992,quando esteve na aldeia deErenhitipa ( PimentelBarbosa) , no Mato Grosso.

**Mudanças na Gazeta:

entrou Adriano Koehler.Deixaram o jornal MarcoAssef, Alessandra

Perrinchelli e Adriano LoyolaBrocher.

**O repórter Urutides

Borges também deixou aGazeta. Aposentado, vaiagora viver longe da correriae das pautas diárias.

**Falecimentos

Remi Antonio Baldassofaleceu em 19 de agosto, emPorto Alegre. Presidente doSindicato dos Jornalistas doRio Grande do Sul, noperíodo de 1983/86,Baldasso foi diretor erepresentante da Fenaj juntoà Confederação dosTrabalhadores emComunicação e Publicidade,na gestão de 1986/1989.

agências e assessorias devemser publicadas com crédito,conforme determina alegislação. Os repórteres-fotográficos também rejeita-ram os argumentos de que ocrédito polui as imagens.

Outro ponto de convergên-cia entre ARFOC Brasil eFenaj refere-se a manipulaçãoda imagem. As entidadescondenaram este artifício,destacando que cabem aos

editores responsáveis pelamanipulação punições previs-tas no código de ética. Quantoaos veículos, estes deveminformar aos leitores se a ima-gem é digital ou foi mani-pulada. Para tanto, devemjunto ao crédito de autoriapublicar a sigla FD, para fotodigital, ou FM, para fotomanipulada.

Data comemorativa

A ARFOC Brasil definiuuma data para comemorar oDia do Repórter Cinemato-gráfico no País. Por unani-midade, durante o XVIEnarfoc, foi escolhido o 20 dejulho, em homenagem aojornalista inglês Bill Stuart,morto neste mesmo dia, em1979, nas ruas de Manágua.Sua morte, por soldados doexército nicaraguense, foi umadas imagens marcantes da

Guerra naquele país, no finalda década 70.

O Extra Pauta na exposição do XVI Enarfoc

Irani

Car

los

Mag

no

N a exposição defotografia s de pro-fissionais para naen-ses, durante o XVIEna rfoc, hou ve u mespaço para o jornalExtra Pauta. Foi mos-trada a série de maté-rias que abordaram osproblemas de saúde derepór ter es fotográ -ficos e cinema to-gráficos ao carrega-r em seus equipa -mentos, pu bl i ca da snas du as ú l tima sedições do jornal .Para Ir ani Car losMagno, presidente daARFOC Paraná e queorga nizou a exposi-ção, a s ma tér ia sforam importantespara que os repórteresse conscientizassemdos problema s qu eenfren-tam todos osdia s, em função doexercíc io doprofissional.

Extra Pauta

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

Extra Pauta- A história dacharge no Brasil iniciou com Gregóriode Matos, o Boca do Inferno, que eraum crítico ferrenho do império. Desdeo início, a caricaturano País esteve maisligada à política ?

Antonio Carlos Nicolielo-A charge desde a idade médiasempre foi ligada à política. Elasempre foi uma denúncia, umaarma contra os poderosos.

EP- Você diz que se tornouchargista internacional graças ao golpede 64. Como aconteceu isso?

Nicolielo- Eu era dosDiários Associados e da revistaVisão e não podia fazer nadasobre o noticiário nacional. Eufaziacharges,paralelamente,massabia que não saíam. Então, fuime especializando em políticainternacional. Um grandedefeito do chargista brasileiro énão ir fundo no que faz. Se éum ilustrador econômico, temque entender de economia, nãosó fazer uma gracinhaa respeito.

EP- Chargistas bons da décadade 60 sumiram quando da aberturapolítica. Qual razão desse mistério ?

Nicolielo- É fácil fazerhumor contra. Com a aberturademocrática a charge ficou maisno humor de análise do que decrítica. Muita gente quetrabalhava na luta contra a

Charge: a sínteseda notícia

entrevista

Repórter e redator antes de ser chargista,cartunista e ilustrador, Antonio Carlos Nicolielo temespaço entre os grandes nomes da charge brasileira.Trabalhou nos jornais Diário de São Paulo, Diárioda Noite, Folha de São Paulo e Folha da Tarde e nasrevistas Visão e Veja. Em 1988, trabalhou no Cartoonists& Writers Syndicate, de Nova Iorque. Nicolielo é autor dedois livros: “Aly Del Rei”, de 75, e “Haja Saco”, de 86,além da “Agenda de Humor”, de 77 a 86. Atualmente échargista da Veja. Nicolielo esteve recentemente em Curitiba, a conviteda Secretaria de Estado da Cultura, onde realizou uma exposição epalestra na Biblioteca Pública do Paraná.

ditadura, caiu numa abertura eficoupasmo, tinha que procurarassunto. Como jornalista, ochargista tem que ouvir o outrolado também. Eu sempre ouvio outro lado. Quando comeceia fazer charges políticas para oSyndicate americano, ouvia a Vozde Moscou, a Voz da América,uma rádio da Alemanha e daItália sobre o mesmo assunto.Cada um tinha umaopinião.Daíeu analisava e fazia uma chargea respeito.

EP- A revista Bundas tem obtidosucesso, ela que tem o mesmo espíritodo Pasquim. Para você há hoje umsaudosismo do tipo da imprensa queera feita na década de 60 ?

Nicolielo- Sim, até porquenão apareceu mais ninguémdepois desse povo. Depois daturma do Pasquim vieram eu, oGlauco, o Angeli, os irmãosCaruso. Nos últimos vinte anosapareceram só o Ique, o RenatoAroeira, o Mariano, mas sãopoucos que atuam na grandeimprensa ou na alternativa. Elespegaram uma coisa mais soft.

EP- Isso não aconteceu porproblemade espaço, jáque os principaisveículos contrataram chargistasconceituados ?

Nicolielo- Eu não acho queé questão de espaço. O editor

que publica vai pesar se ochargista tem uma visão dascoisas. E essa abertura éconseguida por sua capacidadejornalística.Todo chargistaé umjornalista em potencial. E porquê a charge é colocada noseditoriais ? Porque fala tudo oumais o que está escrito ali,sintetiza. É nesse poder desíntese que está a qualidade deum bom chargista.

EP- Você é conhecedor dacaricatura feita no Paraná. Seuscartunistas e chargistas, no entanto,sempre tiveram dificuldades em serreconhecidos no resto do País. Isso sedeve a qualidade técnicas ou ao poderrestrito da imprensa local ?

Nicolielo- É questão detiragem. O Miran é um dosmelhores chargistasbrasileiros,oDante é muito bom. Eu vejoalguns trabalhos bons aqui, sim.Eu, por exemplo, sou maisconhecido no exterior que noBrasil, pela pouca tiragem.

EP- Diz-se que uma das páginasmais lidas de jornais ou revistas são asque possuem charges. Isso é mesmoverdade?

Nicolielo- Eu vi umapesquisa. O índice de leitura daRadar, da Veja, é 90%. Issoacontece porque o humor fazrir no meio de um monte de

desgraças e , inclusive,quebranosentido gráfico. Há um mês emeio fiz uma carta para o RuyMesquita e perguntei porquê OEstado de São Paulo não temchargistas. Ele não respondeu.Agora, vi que haverá concursode chargistas para o Estadão.Não sei se fui o estopim dessacoisa, mas falei que é impossívelum jornal do nível internacionaldo Estadão não ter chargistas.

EP- Pintores famosos comoLeonardo da Vinci e Goya foramcaricaturistas.Ela é arte ou jornalismo,ou uma síntese das duas ?

Nicolielo- Eu acho quecharge é arte. O chargista temque ter a noção mínima deanatomia, de plástica, a noçãode perspectiva, espaço, estética.Há o lado jornalístico que épesquisa, análise. Eu,paralelamente à carreira dejornalista, expunha todo anoem São Paulo. O Bardi (PietroMaria Bardi, fundador doMASP) me considerava umpintor. Então, a coisa seconfunde. Há chargistas quetêm uma plástica simples,traços rápidos como o Henfil.Outros são mais rebuscados,dão luz e sombra como oPaulo Caruso, o Chico Carusoe o Aroeira, e pintam também.Uma coisa se une a outra.

EP- Vários caricatur istasabandonaram os pincéis e trabalhamdiretamente com o computador. Qual

sua opinião sobre isso ?Nicolielo- O computador

foi uma beleza para a gente.No meu caso, tendo umatomada telefônica e umaelétrica posso trabalhar emqualquer lugar do mundo. Ocomputador tambémreproduz perfeita-mente ascores, o que não é possível porfax. Agora, tem um problema:ele nunca vai conseguir fazer otraço de ninguém. Podeoferecer técnicas de luz esombra, de pinturas. Mas, omeu traço não vai conseguirnunca, nem o de ninguém.

EP- Liberdade de imprensa.Que imagens um cartunista poderiatraçar sobre este tema ?

Nicolielo- Hoje temosliberdade de imprensa, masnão temos l iberdadeeconômica. O chargista sabeque, tacitamente, não devefalar de certas coisas. Eupassei pela auto-censura, queé pior que a censura. Aliberdade de imprensa estáem cada um saber o quefazer ou não. Aresponsabilidade do chargistaem relação à liberdade deimprensa é igual a de outrojornalista, não tem diferença.

Haraton

CázarM

aravalhas

Nicolielo:charge éarte

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA24

Exercícioscompensamproblemasfísicos adquiridos no trabalho

1 - OLHAR - movimento horizontal (direita/esquerda) /movimento vertical (cima/baixo) / distância (foco longee ponta do nariz) - 10 repetições

2 - PESCOÇO - orelha no ombro (cima/baixo) / virar (olhar para trás) / girar(ambos os sentidos) - 10 repetições

3 - OMBROS E BRAÇOS - permanência de 10 segundos / girar os ombros - 10 repetições

4 - TRONCO - permanência de 10 segundos

5 - PERNAS - permanência de 10 segundos

6 - FINALIZAÇÃO - girar pulsos /girar tornozelos / girar tronco - 10repetiçõesVibração de braços e pernas

Mudar de hábitos,fortalecer o corpo através deexercícios. Essas são asalternativas que restam aosrepórteres cinematográficos efotográficos para amenizar osproblemas na coluna e doresno corpo, causados pelo pesodos equipamentos que têm decarregar diariamente.

Para o psicoterapeutaGilberto Gaertner, a melhormaneira de prevenção é com-pensar o desgaste físicoadquirido ao longo do dia. NaTV Paranaense - Canal 12,ele coordena um programa depsicologia e fisioterapia, quehá dois anos atende aosrepórteres cinematográficos.Sua principal orientação é queos profissionais se submetama duas baterias de exercíciosdiariamente, uma quandochegam e outra quando saemdo trabalho. Embora não sejauma novidade para fisio-terapeutas, os exercícios têmproduzido resultados sur-preendentes. Gaertner cita,como exemplo, o caso deRubens Vandressen, osupervisor de Imagem daemissora. “Ele tinha dificul-dades até para escrever.Como tem que fazer osexercícios com todos, houveem seu caso um ganhoconsiderável”.

Vandressen faz a seqüênciade exercícios uma vez ao dia,geralmente pelas manhãs,

com outros colegas da emi-ssora. “Isso é muito impor-tante. O exercício para osolhos, por exemplo, é fan-tástico”, diz. Vandressenconsidera essencial que os re-pórteres passem a incorporaros exercícios no seu dia-a-dia.“Eles são simples, podem ser

feitos em casa e demoram umpouco mais de 5 minutos”.

Para que resultados apa-reçam, repórteres cinemato-gráficos e fotográficos devemrealizar os exercícios deacordo com a seqüência

apresentada e praticá-lostodos os dias. Devem, ainda,fortalecer o organismo, o queé possível com a prática deum esporte. É o único jeitode não levar os problemas dotrabalho para casa, vivermelhor.

saúde do jornalista

Fotos: Hugo AbatiModelo: Vivian Lazarotto

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999 25

Há alguns anos oSindicato dos Jornalistasvem ampliando suas par-cer ia s com empresa sprestadoras de serviços eclínicas médicas. Ao fir-mar esses convênios, aintençã o da ent idade éproporcionar va ntagensa os jornal is ta s sindica -liza dos, a lém das tr adi-c iona lmente oferecida scomo é a assessoria jurí-dica. Os convênios produ-zir am, no entanto, u mresultado inesperado. Comeles, praticamente dobroua expedição de novas car-teiras de identificação dejornalista pelo Sindicato, namedida que só a carteiraatualizada possibilita des-contos vantagens ofereci-das.

Para as empresas o con-vênio com o Sindicatotambém tem obtido resul-tados positivos. “A procu-ra tem sido mu i to boa .Posso dizer que em um anoe meio mais de 100 pessoasprocuraram a clínica emtodos os seto-r es” , dizWagner Weber, cirurgião-dentista e diretor da GoodLife. A empresa prestaserviços não previs-tos empla nos de saú de, comoO dontologia , Fono-audiologia, Homeopatia ,Psicologia e N u tr ição ,razão pela qual tem atraídoclientes. “As pessoas têmcarência deste tipo deconvênio. Além do que otratamento é bom e o preçoacessível”, afirma Wagner.Com isso, a taxa de retornodos clientes também é alta:entre 70 e 80%.

O convênio com o Sin-dicato foi o primeiro feitopela Good Life, que hojepossu i contr a tos seme-lhantes com entidades deout ra s categoria s. “ O

convênios

Mais vantagens aos jornalistas

jornalista é formador deopinião. Recebemos, porexemplo, um bom númerode indicações depois queiniciamos o convênio”, diz.Ter sua empresaconveniada com o Sindi-cato, no entanto, possui umsigni fi cado especia l aWagner Weber, qu e fezJ orna l ismo pela UFPR,mas não concluiu o curso.“O fato de eu quase tersido jornalista me ajuda. Euconsigo transmitir melhora o pa ciente o t ipo det ra ta mento que va i serfei to . E no caso dospacientes jorna li st as ,conversamos muito sobreos problemas da pro-fissão”.

Ginástica e vídeoN o ca so da Aca demia

Kine, de G iná sti ca ,Fisioterapia, Massoterapiae N ut ri ção , a re la çã ofamiliar com um jornalistamotivou à assinatura de umconvênio com o Sindicato.A Aca demia pert ence afi sio terapeuta FernandaTra utwein e Car losFerna n-do Mosquera ,irmão de Jorge Mosquera,da Folha do Pa ra ná .Funciona, ta mbém,pertinho do jornal, na RuaMauá, nº 1133 . “Para nós

tem sido bom o convênio.Hoje, muitos dos nossosalunos são jornali stas” ,a fi rmou Ferna nda . Aprocura maior é mesmopela Ginástica.

Um dos convênios demaior sucesso entrejornalistas tem sido o daBlockbuster. A simplesapresentação da carteiraatualizada faz com que ojornalista retire duas fitas

Wagner Weber, da GoodLife: feliz com o convênio

A fisioterapeuta Fernanda Trautwein com “alunos” nãojornalistas da Kine : Isabel Ferraz e Altivir Bornancim

pelo preço de uma. Sedevolver as fitas no diaseguinte, ganha ainda créditode um real por fita . “Hámuitos jornalistas que vem àloja. Alguns vêm três vezespor semana”, informa ogerente Luiz Borges, daBlockbuster da LamenhaLins, 1898. Segundo ele, umadas características depessoas conveniadas éaproveitar ao máximo as

vantagens que possuem, oque não tem sido diferentecom os jornalistas. “Para aBlockbuster o convênio temsido muito bom”, garanteLuiz Borges. Quanto ao tipodos filmes retirado porjornalistas, a escolha temsido variada. “Há os que sóretiram filmes europeus ouasiá ticos, enquanto queoutros mostram-se fãsmesmo de cinema comer-cial”, observa Borges.

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Setembro, 1999 - EXTRA PAUTA

A 44ª edição do PrêmioEsso de Jornalismo temsuas inscrições abertasaté 30 de setembro. Anovidade é o aumento dosvalores a seremconcedidos por categoriae a inclusão da categoriaInterior, dirigida aosprofissionais que tiveramseus trabalhos publicadosem jornais e revistaseditados fora das capitaise do Distrito Federal. OEsso premia trabalhos em12 categorias:reportagem; fotografia;informação econômica;informação científica,tecnológica ou ecológica;criação gráfica- jornal;criação gráfica- revista,além de seis prêmiosregionais. Além disso, háo Prêmio Esso deJornalismo, concedido aomelhor trabalho, cujovencedor receberá R$ 20mil. Mais informaçõespodem ser obtidas comGuilherme Duncan, naEsso, pelo telefone (21)-277-2196.

* * * * *Em 1º de outubro

encerra-se o prazo parainscrições ao PrêmioAbrelpe de Reportagem,

prêmios serviço

Good LifeServiços de Odontologia,Medicina, Fonoaudiologia,Fisipoterapia, Psicologia eMassoterapia. Descontos etabelas especiais, de acordocom sua necessidade.Endereços: R. PadreAgostinho, 2800, fone 335-4362 (Odonto e Fono); Av.Silva Jardim, 266, fone233-2577 ( Fisio); R. PadreAnchieta, 1826, 2º andar,conj. 212, fone 335-5954(Medicina), e R. PrincesaIsabel, 927, fone 233-3192(Psico e Massoterapia).

Serviço OdontológicoA Clínica Odontológica AoSeu Alcance ofereceserviços com até 30% dedescontos na tabela doConselho Regional deOdontologia. R.Voluntários da Pátria, 475/Conj. 301A, Fone232-0166.BlockbusterPromoção. A cada fitalocada, o jornalista podelevar duas. Válida para quemse cadastrar na Blockbuster.Ao retirar as fitas, ojornalista deve, pessoalmente, mostrar a carteira de

identidade da Fenajatualizada.Estação Plaza ShowEntrada gratuita aosjornalistas. A promoção sónão é válido aos cinemas,que cobrarão do jornalistapreço integral do ingresso.Metropolitan SportsDesconto de 25% nas aulasde natação, hidroginástica,musculação, step, localizadae dança de salão. RuaEmiliano Perneta, 297 PisoL.Academia KineGinástica, Nutrição e

Fisioterapia. Desconto de20%. R. Mauá, 706B, Altoda Glória. Fone: 253-3841.Farmácia DasseteDesconto de 10% nopagamento à vista, ouprazo de 30 dias comcheque pré-datado, semdesconto. Av. Sete deSetembro, 4655 e 4853, oupelo Disque Remédio, fone244-9911.AquáticaVários planos para natação,ginástica, musculação ehidroginástica. R. AntonioGrade, 563, fone 335-1310.

* Para usufruir destesconvênios, os associadosdevem apresentar acarteira de identidade dejornalista.

Psicologia Infantil ePsiquiatriaO pisiquiatra VitorioCiupka e as psicólogasinfantis Suzane Ciupka eDenise Ciupka Yamaguttoferecem descontosespeciais para jornalistas.Mais informações pelostelefone 336-7308. O faxda Clínica é 335- 4652.

convênios

que é promovido pelaAssociação Brasileira deEmpresas de LimpezaPública e ResíduosEspeciais e patrocinadopela Volkswagen. O temadeste ano é “Lixo- dageração ao destino final:quem são osresponsáveis?”.Concorrem matériassobre o tema, publicadasentre 1º de outubro de 98e 30 de setembro de 99.O prêmio é um veículoGol, zero quilômetro.Mais informações podemser obtidas no site daAbrelpewww.abrelpe.com.br oupelo fone (11)3021-2825.

* * * * *Estão abertas até 6 de

outubro as inscriçõespara o VI Prêmio CNTde Jornalismo, daConfederação Nacionaldo Transporte, quedistribuirá R$ 35 mil emprêmios. Concorremtrabalhos jornalísticossobre qualquer aspecto dosetor de transporte,veinculado entre 7 desetembro de 1998 e 26 desetembro de 99. O prêmiopossui quatro categorias:Mídia Impressa, Rádio,

Televisão e Fotografia.Mais informações podemser obtidas na Assessoriade Comunicação daConfederação Nacionaldo Transporte, atravésdos fones (61) 315-7040,ou (61) 315-7011.

* * * * *As inscrições para a 3ª

edição do Prêmio AyrtonSenna de Jornalismopodem ser feitas até 5 dejaneiro. O prêmio éconcedido a autores dereportagens quedivulguem ações quefocalizem soluçõesefetivas à infância ejuventude, veiculadas em1999. Serão distribuídosR$ 165 mil em prêmios,divididos em novecategorias: reportagenspara jornal, revista, rádioe televisão, reportagemfotográfica, estudantes decomunicação, mídiajovem e destaqueeducação, em mídiaimpressa. Para se ter oformulário de inscrição emais informações, ojornalista deve ligar para oInstituto Ayrton Senna, notelefone (11) 6950-0440,em São Paulo, ou atravésdo site www.ias.com.br.

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SALÁRIOS DE INGRESSORepórter, redator, revisor, ilustrador, diagramador,repórter fotográfico, repórter cinematográfico973,23Editor1265,22Pauteiro1265,22Editor chefe1459,87Chefe de setor1459,87Cheffe de reportagem1415,15Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações; Em julho omenor salário pago nas redações foi de R$ 973,23.Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho, ConvençãoColetiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCERedaçãoLauda de 20 linhas (1.440 caracteres)52,34Mais de duas fontes: 50%a maisEdição por páginaTablóide67,72Standard81,15Diagramação por páginaTablóide33,86Standart46,20Revista25,25(*) Tablita / Ofício / A417,23Revisão(*) Lauda (1.440 caracteres)13,66(*) Tablóide28,51(*) Tablita21,54(*) Standard59,53Ilustração(*) Cor53,84(*) P&B80,77Reportagem fotográfica - ARFOCReportagem EditorialSaída cor ou P&B até 3 horas123,14Saída cor ou P&B até 5 horas230,87Saída cor ou P&B até 8 horas307,84Adicional por foto solicitada23,23Foto de arquivo para uso editorial184,70Reportagem Comercial/InstitucionalSaída cor ou P&B até 3 horas244,92Saída cor ou P&B até 5 horas

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EXTRA PAUTA - Setembro, 1999

Àmargem

daspautas

imagens

No currículo dorepórter-fotográficoEverson Bressan estãopassagens pelos jornaisDiário Catarinense, Jornalde Santa Catarina, Jornaldo Estado e Indústria &Comércio. O seu olhar, noentanto, revela-seintegralmente à margemdas pautas. Bressan gostade fotos que sejamprovocativas, que mexamcom as pessoas.A série com criançascuritibanas de ruadormindo é um exemplo. Aidéia surgiu para eleexpontaneamente. De tantover as crianças, decidiumostrá-las. “Eu fotografeias crianças como estavamna rua, nenhuma posoupara mim”, explica. “Omeu trabalho, neste caso, éde repórter-fotográfico. Euquero provocar as pessoasdeixá-las pensando sobre odia-a-dia, para que tomemalguma atitude”. Essasfotos de Bressancertamente falam por si,são o retrato dadesigualdade das grandescidades, que nem sempreos jornais mostram.

Àmargem

daspautas

Everson Bressan

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