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EXTRA EXTRA EXTRA EXTRA EXTRA PAUTA PAUTA PAUTA PAUTA PAUTA Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 64 - Outubro - 2003 - ISSN 1517-0217 [email protected] http://www.sindijorpr.org.br Impresso Especial 3600137940-DR/PR SIND. DOS JORNALISTAS CORREIOS entre o profissional e o torcedor Daniel Castellano Data-base Jornalistas recusam a proposta indecente feita pelos patrões para a convenção coletiva 2003-2004. Páginas 9 e 10 História No ano em que a profissão foi ameaçada, lembramos os 65 anos da primeira regulamentação da atividade de jornalista. Página 13 Entrevista Juvêncio Mazzarollo, último preso político da ditadura militar, denuncia os custos da usina de Itaipu. Página 15 A imparcialidade e a isenção – atributos tão caros ao Jornalismo liberal – são muitas vezes esquecidos quando o ardor e a emoção envolvem o profissional com a notícia. É o caso dos jornalistas esportivos que não conseguem separar a paixão por um time que geralmente vem de infância e o tratamento indiferenciado que devem dar nas coberturas. Embora muitos tentem se equilibrar no fio da navalha, outros não escondem a preferência Jornalista esportivo: futebolística – e não vêem nisto um empecilho ao trabalho jornalístico. A relação estreita com as fontes – que controlam o acesso do jornalista à informação – é outro problema que quem trabalha com a imprensa esportiva tem de se defrontar. A situação muitas vezes é cômoda, quando o jornalista-torcedor, ao deixar transparecer sua preferência, cria empatia com uma parcela do público. Páginas 3 e 4.

Extra Pauta Ed. 64

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Outubro/2003

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EXTRAEXTRAEXTRAEXTRAEXTRA PAUTAPAUTAPAUTAPAUTAPAUTAJornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 64 - Outubro - 2003 - ISSN 1517-0217

s i n d i j o r @ s i n d i j o r p r . o r g . b r

h t t p : / / w ww. s i n d i j o r p r . o r g . b r

ImpressoEspecial

3600137940-DR/PRSIND. DOS

JORNALISTAS

C O R R E I O S

entre o profissional e o torcedor

Daniel Castellano

Data-baseJornalistas recusam

a propostaindecente feita pelos

patrões para aconvenção coletiva

2003-2004.Páginas 9 e 10

HistóriaNo ano em que a

profissão foiameaçada,

lembramos os 65anos da primeiraregulamentaçãoda atividade de

jornalista.Página 13

EntrevistaJuvêncio Mazzarollo,último preso políticoda ditadura militar,denuncia os custosda usina de Itaipu.

Página 15

Aimparcialidade e a isenção – atributos tão caros ao Jornalismo liberal – são muitas vezes

esquecidos quando o ardor e a emoçãoenvolvem o profissional com a notícia. Éo caso dos jornalistas esportivos quenão conseguem separar a paixão por umtime que geralmente vem de infância eo tratamento indiferenciado que devemdar nas coberturas. Embora muitostentem se equilibrar no fio da navalha,outros não escondem a preferência

Jornalista esportivo:futebolística – e não vêem nisto um

empecilho ao trabalho jornalístico. A

relação estreita com as fontes – que

controlam o acesso do jornalista à

informação – é outro problema que

quem trabalha com a imprensa

esportiva tem de se defrontar. A

situação muitas vezes é cômoda,

quando o jornalista-torcedor, ao deixar

transparecer sua preferência, cria

empatia com uma parcela do público.

Páginas 3 e 4.

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Extra Pauta é órgão de divulgaçãooficial do Sindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná. Endereço:

Rua José Loureiro, 211, Curitiba/Paraná. CEP 80010-140. Fone/Fax

(041) 224-9296. E-mail:[email protected]

Jornalista ResponsávelRicardo Medeiros

Reg. prof. 24866/106/81

RedaçãoAdir Nasser Junior

[email protected]

Colaboraram nesta ediçãoMaigue Gueths,

Claudia Conceição Oliveira

FotografiasDaniel Castellano, Emerson

Christian, Maigue Gueths, PedroSerápio, Valterci Santos

IlustraçõesSimon Taylor

Edição GráficaLeandro Taques

Tiragem3.000 exemplares

As matérias deste jornal podem serreproduzidas, desde que citada a

fonte. Não são de responsabilidadedeste jornal os artigos de opinião e

as opiniões emitidas em entrevistas,por não representarem,

necessariamente, a opinião de suadiretoria.

Expediente

editorial

Jornalistas, firmes na negociação!

A jornalista Yasmin Calil Fontes saiuda redação da TV Tarobá, em Cascavel.Ela havia trabalhado na emissora por15 anos e entrou em desacordo com aatual diretoria da TV. Yasmin é vice-presidente da Associação dosJornalistas de Cascavel.

Edílson Romanini deixou a TV Iguaçu,onde ocupava o posto de chefe doJornalismo. Em seu lugar assume IveteAzzolini.

Os jornalistas Creso e ChristianiMoraes comemoram este mês os 25anos da Enfoque, a primeira assessoriade comunicação e eventos no Paraná.Com orgulho, eles a apresentam comodetentora do difícil reconhecimento dopróprio meio profissional. Do Sindicatodos Jornalistas, a Enfoque recebeu aPlaca do Cinqüentenário, “pela defesada liberdade de informação, dadignidade profissional e dademocratização dos meios decomunicação”. Antes, dos profissionaisde Relações Públicas de São Paulo eParaná, havia merecido o PrêmioOpinião Pública, também o primeiroatribuído a uma assessoria paranaense.Hoje, a Enfoque inova acrescentandowebmarketing, por exemplo, aprogramas de responsabilidade socialcomo o Rodando Limpo, finalista doPrêmio Valor Social de Respeito aoMeio Ambiente. Sua clientela incluiABCP, Andef, BS Colway, InstitutoBom Aluno, Sofhar, Tok&Stok eVotorantim Cimentos, com atuaçãoregional e nacional. Creso e Christianicomeçaram na Folha de Londrina, em

rádio corredor rádio corredor rádio corredor1969, e, depois de viver nos EstadosUnidos, fixaram-se em Curitiba, eletendo trabalhado na Assessoria doPalácio Iguaçu, na revista Panorama,no Diário do Paraná e no Ipardes; eela, na Assessoria do Incra, no Correiode Notícias e como correspondente darevista Construção, até que criaram aEnfoque, em 1978.

Ricardo Belinski deixou em setembrosuas funções no Lumen Centro deComunicação por motivos pessoais. ONúcleo de Jornalismo Científico Lumen,que era dirigido por Ricardo Belinski,edita o Jornal Voz do Paraná, e produzprogramas para a TV Lumen 16 UHF/Canal Futura. Belinski está saindo doInstituto dos Irmãos Maristas, queadministra a PUC-PR. A SociedadeParanaense de Cultura também estápara nomear o novo responsável pelaárea de programação do Lumen, quetambém envolve o jornal Voz do Paraná.O jornalista está agora na assessoriade comunicação da Universidade Livredo Meio Ambiente (Unilivre)trabalhando ainda com divulgaçãocientífica e ambiental, além decomunicação organizacional.

Também deixou o Lumen Centro deComunicação a jornalista Niele Mello.Ela estava da licença-maternidade eresolveu pedir demissão e ir morar emLondrina.

Piperácea é a empresa aberta pelajornalista Valéria Prochmann,especializada em comunicação pelainternet (jornais virtuais, criação e

desenvolvimento de sites-mídia eatualização de notícias), editoraçãoimpressa e eletrônica, divulgação deeventos, redação e produção detextos.

A Direção de Jornalismo da RTVEestá agora a cargo de Dary Júnior,em substituição a Fernanda Rocha,que passa para a direção de talkshows. O novo chefe de redação daRádio e da TV é Luís Lomba; achefia de reportagem foi assumidapor Dimitri do Valle; enquanto oeditor geral da TV passa a ser JoséRoberto Martins. Na chefia deJornalismo da Rádio Educativa, estáagora Luciana Pombo. Dary entroucom a condição de que nenhumintegrante da equipe criada porFernanda Rocha fosse demitido.Houve, porém, um afastamento — oda jornalista Renata Bonacin, masela havia sido contratada aindadurante a gestão anterior.

O repórter-fotográfico DenisFerreira Netto foi demitido da EditoraO Estado do Paraná, onde trabalhavahá sete anos. Ele não poderia ter sidodispensado, pois tinha estabilidadeno emprego por um ano. Denis fezparte do Conselho de Ética da gestãoanterior do Sindijor como suplente. Ojornalista disse que já estava sendovisado pela diretoria do grupo háalgum tempo pelas críticas que dirigiaà má condução dos jornais Tribuna eO Estado do Paraná. Ele era contra asmudanças gráficas na Tribuna e ascontratações via indicação.

Companheiros jornalistas,entramos na campanha salarial2003-2004 para sairmos com

um bom resultado e vamos prosseguirfirmes neste propósito até o fim. A nossaluta é para mantermos nossas conquistase não ceder naquilo que foi historicamentebatalhado.

Não podemos, portanto, esmorecere entrar na tática dos patrões, quetentaram mais uma vez nosdesmobilizar com a jogada nada nobredo atraso nas negociações. Precisamosnos manter firmes e unidos a fim deconseguir a reposição da inflação (quedeve chegar a 17,26%) e negociar asoutras cláusulas em boas bases.

Nosso piso salarial – R$ 1.299,23 – éhoje o terceiro maior do Brasil. Ele é frutode árduas conquistas feitas ao longo dosanos. Congelá-lo, como pretendiam ospatrões, seria mais que um retrocesso,seria desprezar todo um passado de lutasque teve um de seus pontos altos na grevede 1963, que parou as redações deCuritiba.

A proposta de reajuste de apenas 10%e só para quem ganha até R$ 1.500,00revoltou os jornalistas. Além de imporemuma perda inflacionária (que dificilmenteseria recuperada no futuro) e o fim doadicional de horas-extras, os patrõeschegaram com a proposta de ainda cortaro anuênio, que, apesar de precária, é a

única forma de escalonamento salarial queexiste no Paraná, Estado ondefreqüentemente o piso de jornalista equivaleao teto.

Não podemos nos esquecer tambémdo pagamento dos direitos autorais, itemdos mais contrariados pelas empresas naatual convenção coletiva e que vai sercobrado pelo Sindijor na nova negociação.Hoje, fotos e matérias são comercializadaspelos veículos sem que os autores tenhamnenhum ressarcimento por isto. O Sindijorvai bater firme neste ponto, que é umaquestão elementar do trabalhointelectual.

Nós já apontamos que as alegaçõesdos patrões para não pagar a reposição

da inflação são infundadas: afinal, elesestão saindo do período negro nasfinanças, estão realizando novosempreendimentos e tem perspectivasbastante favoráveis a curto e médioprazos. Juntos com outros sindicatosfiliados à CUT, na campanha salarialunificada, teremos mais respaldo paranossas reivindicações.

Desta forma, colegas, precisamosnos manter atentos e permanentementemobilizados para reagir a todas asinvestidas contra a categoria e buscarsempre a negociação mais vantajosa.Afinal, temos que não só procurar obenefício imediato, mas também fazer jusàs lutas travadas ao longo da história.

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Imprensa no ParanáGrupos de discussão no Sindijor

Jornalista, participe dos grupos virtuais de discussão do Sindijor. Foram criados e-mails para odebate de temas de interesse por área. Para se cadastrar, basta enviar um e-mail para

[email protected], ou ligar para o número (41) 224-9296 solicitando a inclusão.

OJornalismo deve se pautar pela isenção e não envolvimento doprofissional com a notícia –

como qualquer um sabe. Mas como épossível deixar as paixões de lado quandose está em meio ao clima emocional doqual não se consegue distanciar. Esta éa situação vivida pelos jornalistasesportivos que, no País do Futebol, têma isenção freqüentemente questionada.

Questionada quando ela tenta sesustentar, pois muitas das vezes apreferência por um certo time é ostensivae clara. E o que se observa escancara-damente na mídia nacional – como natorcida franca, aberta e entusiástica dojornalista Juca Kfouri pelo seu Corinthiansquerido – se repete igualmente sem freiosou pudores na mídia local. Existe algummérito em se extrapolar o limite dapreferência pessoal por um time – que, aotérmino e ao cabo, não passa de umaidiossincrasia e uma arbitrariedade – e acharque um clube é a medida do desempenhoesportivo?

Pelos postulados mais caros aoJornalismo liberal, é duplamente incor-reto. Primeiro porque é tendencioso, esegundo por que a distorção é baseadanão numa visão de mundo ou numacorrente de pensamento, mas numapreferência arbitrária e alterável. Já quenão se admite que o jornalista político,no desempenho de suas funções,empunhe a bandeira do partido de suapreferência, o que autoriza o jornalistaesportivo a vestir a camisa de seu clube?

No país onde o esporte (leia-sefutebol) tem um peso tão grande noimaginário popular, a questão fazbastante sentido. Mariita Bertassoni daSilva, psicóloga e professora da PUC-PR e UnicenP, afirma que, mesmo sendoimpossível imparcialidade no Jornalismoesportivo, cabe ao profissional buscarum distanciamento, “para entender aproblemática sem se envolver e fazeruma análise objetiva, a despeito daspreferências pessoais”. É o que elachama de “controle consciente, para nãointerferir na opinião dos outros”, o quenem sempre é algo fácil. O perfil da

JORNALISTAS ESPORTIVOSsão imparciais?

pessoa que ingressa no Jornalismoesportivo costuma ser mais aberto eentusiástico, o que o público externotende a associar com parcialidade.

Osíres Nadal, ex-presidente daAssociação dos Cronistas Esportivos doParaná (Acep), assevera que o futebol éuma paixão da qual o jornalista não sedeixa alienar. Na opção pelo Jornalismoesportivo está o gosto pelo esporte, dizNadal. Ele, que nutre desde criançapaixão pelo Botafogo e pelo Operário dePonta Grossa, afirma que, ao atuarprofissionalmente, não tem time. É o quetambém sustenta Luiz Augusto Xavier,da Rádio CBN e de O Estado do Paraná.“À medida que o jornalista se profis-sionaliza, ele faz da paixão seu meio devida, ou seja, ele acaba entrando noesporte porque tem um time do coração,mas com o tempo ele deixa estapreferência de lado”, disse. Segundo ele,de nada adianta assumir a torcida por

um time. “O que eu quero é que todosos times daqui ganhem”, afirmou Xavier.

Sou, mas quem não é?Augusto Mafuz, colunista da Tribuna

do Paraná, tinge seus textos com ascores do Atlético Paranaense e não vênisto problema algum. “Parcial não é ojornalista que se identifica com este oucom aquele clube, mas quem falta coma verdade”, afirmou Mafuz, acres-centando que duvida que exista umjornalista que não torça por algum timede futebol. “Nada leva o jornalista aoptar pela cobertura esportiva, exceto atorcida por certo time. O ‘isento’ nãosobrevive no Jornalismo esportivo”,sustentou.

José Hidalgo Neto, o Capitão Hidalgo,ex-jogador do Coritiba e hoje na equipeda Rádio Globo, diz que a atenção nãopode depender da sua preferênciapessoal, mas por um outro critério

questionável: do desempenho dos times.“O enfoque é a audiência”, disseHidalgo, explicando que o clube que estána frente na disputa pelo campeonatoganha preferência no noticiário e nastransmissões.

Carlos Simon, repórter do Jornal doEstado, disse que entre a atividade docolunista esportivo e do setorista há umgrande hiato. “No dia-a-dia, a obrigaçãoé a isenção. Se falar bem ou falar mal, orepórter sabe que vai criar um certotumulto, o que o estigmatiza e prejudicasua própria imagem no mercado”,afirmou.

Outro ladoDo outro lado, o público esporádico

do jornalismo esportivo não consegueperceber as sutilezas do jornalista-torcedor ou vê parcialidade no jornalistaisento, enquanto que o público contumazsabe identificar as preferências de cadajornalista. Xavier recorda-se datransmissão que fez do jogo AtléticoParanaense e Bolívar, pela CopaLibertadores da América, em que o timeparanaense venceu o primeiro tempo por5 x 1, mas deixou que o clube bolivianoempatasse no segundo tempo. Ao finaldo jogo, Xavier recebeu dois e-mails: umde um torcedor do Coritiba, quetripudiava sobre o resultado e dizia queXavier, a quem chamava de atleticano,tinha comemorado o resultado doprimeiro tempo durante o intervalo.Outro e-mail, de um torcedor atleticano,chamava Xavier de “coxa-branca” edizia que o jornalista tinha ficado felizcom o resultado.

Hidalgo observa que o públicocuritibano tem como peculiaridadequerer saber quem é o jornalista quecobre o seu time e qual é a ênfase dosveículos. Quem percebeu isto foi aequipe de esportes da Rádio CBN, queficou proibida pela torcida coxa-brancaem 1998 de transmitir jogos do Coritiba.“A torcida achava a CBN parcial e queos comentários eram favoráveis aoAtlético”, lembra-se Alexandre Zraik, ex-integrante da equipe da rádio.

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Imprensa no ParanáBacana está de volta

O site Bacana, tocado pelo jornalista Abonico Ricardo Smith, voltou ao ar. O domínio mudou,pois ficou inviável profissionalmente manter a parceria que tinha com a Fundação Cultural de

Curitiba. Agora as pessoas podem acessá-lo pelo www.bacana.mus.br.

Oproblema da parcialidade noJornalismo esportivo não seresume àquilo que o repórter

deixa nas entrelinhas de sua matéria,mas muitas vezes no que ele esconde.A cobertura com setoristas nos clubestraz grandes inconvenientes, como ouso das mesmas fontes, a aproximaçãomuito estreita entre jornalistas ejogadores e dirigentes e, também, anecessidade de ocultar informaçõesestratégicas para o clube sob pena deperder outras tantas.

O jornalista Alexandre Zraik, daRádio Transamérica e da TV Iguaçu,comenta que o relacionamento estreitoentre fontes e jornalistas acaba portolher a liberdade de informar. “Ao ficaríntimo dos jogadores e dirigentes, elepassa a não mais denunciar certascoisas, ele segura informação”,afirmou.

Fazendo o mesmo jogoEsta situação, segundo ele, é

particularmente grave com os jovensprofissionais, que se deslumbram diantedo contato tão próximo com os ídolos.Osires Nadal lembra ainda que o longoperíodo como setorista em um clubepode fazer com que o repórter aceitepassivamente o fluxo de informaçõesque vem do clube e não busque seaprofundar. “Ele vira amigo dosjogadores”, disse. Ele também acabaatendendo aos desejos dos cartolas,normalmente pessoas vaidosas e quenão gostam de receber cobranças.

Luiz Augusto Xavier sugere que ojornalista, para se posicionarprofissionalmente, deva evitar almoçoscom membros do clube; ele devetambém, durante as viagens, sehospedar em hotéis diferentes do que otime que cobre está. “É por uma questãopuramente emocional, o jornalistaprecisa ter um bom relacionamento,

mas com limites”, afirmouXavier.

Além deste envolvimentoemocional, outro aspecto entraem questão: o apoio financeiroque os clubes davam aossetoristas. Embora seja unânimeque esta prática tenha sidosuperada, ainda se fala sobre as“ajudas de custo” que os clubesforneceriam aos jornalistas.Parece que é um caso decompra de consciências, noentanto nos tempos em que acobertura esportiva não contavacom as facilidades atuais e ojornalista tinha de despenderrecursos próprios para fazer acobertura, a ajuda fornecida peloclube fazia toda a diferença.

Outro ponto ético deextrema relevância diz respeitoaos interesses das emissoras derádio e TV e os patrocinadoresdos eventos esportivos. Qual éa autonomia do jornalista de umaemissora envolvida na trans-missão para criticar um eventoesportivo no qual ele possaestar vendo distorções?Fechado nesta carência de

O preço da isençãoO jornalista Alexandre Zraik disse

que sofreu perseguição por manter-seisento numa questão esportiva.Trabalhando para a Rádio CBN,controlada pelo cartola atleticano MarioCelso Petraglia, Zraik foi chamado pelodiretor da emissora, Eudes Moraes, emmeados de 2001 para se posicionardiante de uma disputa interna doAtlético Paranaense em que Petragliaestava envolvido. Embora atleticano,Zraik se recusou e teve de sair da rádio.

Moraes nega que tenha havido talconstrangimento e afirma que a saídado jornalista está ligada a mudanças

implementadas pelo Sistema Globo deRádio, do qual a CBN faz parte, e comas quais Zraik não concordou.

Hoje, Zraik coordena a equipe deesportes da Transamérica, que é líderde audiência em Curitiba, e apresentao programa Tribuna na TV, na TVIguaçu, no qual torcedores dos trêsgrandes times da capital discutemsobre o desempenho das equipes.“Levamos para a TV a discussão doboteco, e nem por isso tiramosempregos de jornalistas, pois há todauma equipe de Jornalismo naprodução”, afirmou.

autonomia, o jornalista espor-tivo nestas circunstânciasacaba por deixar adormecendoo senso crítico.

Enquanto isto, para osdirigentes de clubes a figura dojornalista-torcedor não pareceincomodar. “É interessante paranós termos o repórter-torcedorao nosso lado, para não‘levarmos pau’”, disse RicardoMachado Lima, superintendentedo Paraná Clube.

Parece não haver muitassaídas que não passem pelorodízio de setoristas. O que sequestiona é o prazo para cadamudança. Alguns meses nãoseriam suficientes para que ojornalista cultivasse as fontes,enquanto que manter por anoso setorista no mesmo clubeequivaleria a fomentar o vícionas fontes. O prazo que pareceser recomendável é de um ano,tempo em que o setorista podeacompanhar toda a trajetória dotime na temporada. CapitãoHidalgo aposta na formação denovos jornalistas esportivos,nas próprias redações, calcadosna experiência dos mais velhospara se aprimorar o padrão dascoberturas.

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Imprensa NacionalGazeta promete acordo sobre gratificação

A Editora Gazeta do Povo se comprometeu a apresentar ao Sindijor uma proposta de acordo atéo dia 13 de outubro para enfim começar a pagar a gratificação de aniversário, suspensa há dois

anos. A promessa veio depois de audiência no TRT em uma ação movida pelo sindicato.

Maigue GuethsCláudia Conceição Oliveira

Estudos realizados na Inglaterraapontam que entre os anos 2070e 2100 a água da Amazônia terá

acabado, caso o atual modelo meteoro-lógico seja mantido. Pior: se não foremadotadas providências para reduzir aconcentração de carbono na atmosferae diminuir o consumo de água, a partirde 2020 o processo de degradação daAmazônia não terá mais retorno.Mesmo que o mundo inteiro pare deconsumir petróleo.

Embora ainda não confirmadas poroutros pesquisadores da área, asafirmações dos estudiosos inglesesservem para mostrar a importância daAmazônia não apenas para o Brasil, maspara o equilíbrio ambiental de todo omundo.

Durante três dias, entre 4 e 6 desetembro, 183 jornalistas de diversosEstados e de países que integram aregião amazônica (Bolívia, Peru,Venezuela, Suriname e Guianas) tiverama oportunidade de ouvir algumas dasmaiores autoridades em meio ambiente,em especial da Amazônia, queparticiparam do I Encontro Internacionalde Jornalismo Ambiental da Amazônia.

Organizado pelo Sindicato dosJornalistas do Acre, Federação Nacionaldos Jornalistas (Fenaj) e WWF - Brasil,o evento teve como objetivo não apenasinserir os temas ambientais da Ama-zônia na mídia regional e nacional, masprincipalmente capacitar os profis-sionais da imprensa para cobertura depautas com enfoque na conservaçãoambiental e no desenvolvimentosustentável.

Só a abertura do evento, na cidadedo líder sindical Chico Mendes, Xapuri(120 km de Rio Branco), foi umaverdadeira lição prática sobre manejoflorestal e desenvolvimento sustentável.Houve, ainda, outros sete painéis, queenfocaram temas como leis ambientais,recursos hídricos, segurança daAmazônia, entre outros temas.

A avaliação do encontro foi tãopositiva que ficou acertada umasegunda jornada, em 2005, em Belém.“Outra decisão importante foi a criaçãoda Associação Internacional deJornalistas da Amazônia”, avaliouRaimundo Afonso Gomes, presidentedo Sindicato dos Jornalistas do Acre. Apresidente da Fenaj, Beth Costa,

ressaltou que a idéia não era encerrarnenhum assunto, mas abrir para osjornalistas toda a gama de debatesrelativos à Amazônia. “O resto dependede cada um, de estudar e se sensibilizarpara a importância de cobrir o assuntomeio ambiente, que perpassa todos os

Jornalistas do

Brasil e de países

amazônicos no

auditório

improvisado para

a abertura da

jornada, em

plena floresta, na

cidade de Xapuri,

terra de Chico

Mendes

JORNALISTASEncontro no Acre capacita

sobre meio ambiente e Amazônia

Maigue Gueths

Um dos desdobramentos do IEncontro Internacional de JornalismoAmbiental da Amazônia foi a criaçãoda Associação Internacional deJornalistas da Amazônia (Aijam),formada por profissionais de todos osEstados brasileiros e países vizinhoscom território na região. A proposta foifeita pela delegação do Pará e, comoresultado, Belém foi a cidade escolhidapara sediar o próximo encontro,agendado para 2005. Também ficoudeterminado que esses encontrospassarão a ser bienais.

Os jornalistas da região compre-endida pelos Estados do Acre, Amapá,Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia eMato Grosso, assim como de paísescomo Guiana Francesa, Suriname,Bolívia e Colômbia, participaram dodebate em torno da criação daassociação. O objetivo da entidade é aunião desses profissionais como meiode promoção da melhoria na coberturada imprensa para a realidade amazônica,buscando a preservação da região e amelhoria da qualidade de vida de seushabitantes. A carta de criação da Aijamfoi assinada por sete sindicatos dejornalistas do Norte e Centro Oeste doBrasil e representantes da Federación dela Prensa de Santa Cruz (Bolívia) e daAssociación Peruana de PeriodistasAmbientales.

Assunto vasto e ainda poucoexplorado na maioria dos jornaisbrasileiros, o meio ambiente vemganhando espaço cada vez maior na mídia.Uma iniciativa importante para ajudar osjornalistas que cobrem o setor é a RedeBrasileira de Jornalismo Ambiental(RBJA), um espaço de discussão depautas e troca de informações para osprofissionais da área.

A idéia de sua criação surgiu emfunção da Rio 92, quando os jornalistastiveram que organizar encontrospreparatórios para a cobertura doevento. Com o surgimento da internetcomercial em 1998, foi a hora decriarem um esboço do que é hoje arede, com a participação de mais oumenos 30 profissionais no início. Hojesão 300 membros, cerca de 260

outros setores e influencia diretamentea consciência e a sobrevivência”, disse.O objetivo da Fenaj, de acordo comBeth, é regionalizar as discussões sobreo tema, levando a discussão paraoutros segmentos, como o serrado eoutras regiões.

Meio ambiente é debatido em redeativos, e com a presença deprofissionais até do Exterior e debrasileiros que moram no Exterior.

A única exigência para fazer parteda Rede é ser jornalista ou estudantede Jornalismo, mas ela é aberta a todosos interessados. Para participar, épreciso se “cadastrar”, mandando ume-mail para qualquer um dos mode-radores justificando a razão dointeresse em fazer parte da rede.Roberto Villar Belmonte, moderadorsediado no Rio Grande do Sul,esclarece que o espaço não é utilizadopara veiculação de matérias, apenaspara a troca de informações sobrepautas e notícias de meio ambiente.Os interessados podem entrar emcontato pelo e-mail [email protected].

Jornalistas se organizam em

associação internacional

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FormaçãoEstudante opera site

Está em funcionamento o site focaMagazine, projeto premiado no 8º Prêmio Sangue Novo.Idealizado pela estudante Daniele Rodrigues, da UTP, ele vem sendo tocado hoje em conjunto

com outros estudantes. O endereço do site é www.focamagazine.hpg.com.br

JORNALISMOSucesso no bate-papo sobre

cultural

O Sindijor vai lançar este mês a nona edição doPrêmio Sangue Novo, para estudantes de Jornalismode todo o Estado, e que vem com novidades. Serácriada uma nova categoria – a de Assessoria deImprensa –, e o prêmio terá uma coordenaçãodeliberativa, que ficará encarregada de estabelecercritérios de julgamento, criar o regimento ehomologar a composição das comissões julgadoras.As inscrições começam este mês e vão até 27 defevereiro.

Outra novidade fica por conta das comissõesjulgadoras, que além dos três avaliadores, passam acontar com um suplente em cada uma delas. A

Assessoria de Imprensa é novidade no 9º Sangue Novocategoria de Monografia também terá alteração: ostrabalhos devem apresentar um resumo combibliografia de até 15 laudas para a pré-seleção. “Estacategoria vinha apresentando crescimento ano a anoe, analisando trabalho por trabalho, ela iria se tornarinviável”, afirmou Mário Messagi Júnior, diretor deFormação do Sindijor.

Na nova categoria de Assessoria de Imprensa –criada a pedido do grupo de discusssão de Assessoriado Sindijor – podem ser inscritos trabalhos teóricos,com o diagnóstico de uma assessoria e propostas demudanças ou projetos-piloto, como a criação de umjornal interno. Conforme explica Messagi, nas

categorias de projetos experimentais, a fundamentaçãoteórica passa de duas para dez páginas, e deixa de existirlimite mínimo para fotos na reportagem fotográfica,que não requer mais fundamentação teórica, apenascontextualização da foto.

As categorias que concorrem são ReportagemImpressa, Reportagem Fotográfica, Reportagem paraTelevisão, Reportagem para Rádio, Projeto paraTelejornalismo, Projeto para Jornalismo Impresso,Projeto Jornalístico para Internet, Projeto paraRadiojornalismo, Projeto Jornalístico Livre, Especialde Assessoria de Imprensa, Monografia e JornalLaboratório.

Foi um sucesso o debate entreprofissionais especializados eestudantes de Comunicação sobre

Jornalismo cultural, promovido peloSindijor no dia 13 de setembro. Oauditório do sindicato ficou lotado deestudantes, e houve cobertura pelaRTVE. Este foi o primeiro evento quevisa aproximar estudantes do meioprofissional e que terá prosseguimentono próximo dia 18, com um bate-paposobre Jornalismo esportivo.

Participaram do encontro osjornalistas Paulo Camargo, editor doCaderno G, da Gazeta do Povo, LuigiPoniwass, editor de Cultura de O Estadodo Paraná, Denise Morini, setorista daCBN, e Abonico Ricardo Smith, repórterda RTVE e responsável pelo site Bacana.A aprovação foi geral. Como resumiu ojornalista Hélio Marques, professor daUniBrasil, o evento pôde mostrar aosestudantes uma das áreas em que elepode atuar, interagindo diretamente comprofissionais. “Foi um raro momentopara discutir a profissão”, disseMarques.

Entre os temas em debate esteve aformação específica para o jornalista decultura, que a faculdade de Jornalismonão costuma dar. Para Denise Morini, ocurso de Comunicação deveria compor-tar uma cadeira de História da Arte.“Porém é obrigação do estudante ir atrás,procurar cursos similares. Afinal, noJornalismo se enuncia juízo de valorsomente com extremo cuidado, erepertório é fundamental, pois ninguémsabe tudo”, afirmou.

Luigi Poniwass, editor de Cultura deO Estado do Paraná, relatou suaexperiência pessoal, permeada pelaescassez de recursos. “Diante disto, fica-se refém das campanhas de divulgaçãoda indústria cultural. É uma ‘autonomiafigurada’ para o editor”, afirmou ele.Com poucos repórteres e poucaestrutura, o editor de cultura tem de daro extremamente factual, para não correro risco de ser furado pelos concor-rentes, observou Poniwass.

O debate se abriu para outrasquestões. Interrogado sobre se oproblema da falta de uma identidadecultural brasileira se reflete noJornalismo cultural, Paulo Camargodisse que os grandes produtoresculturais do País aceitam comotipicamente brasileiro apenas o que éfeito ao norte de São Paulo. “Comexceção de algumas produçõesgaúchas, o que ocorre no Sul, emespecial o europeu, é tido como ‘menos

brasileiro’, sendo ‘tipicamente’ brasi-leiros os ambientes dominados pelasculturas afro e indígena”, afirmou.

A discussão entrou ainda em temascomo o desaparecimento da crítica emcultura e sobre a existência ou não decritérios meramente idiossincráticos nadefinição da pauta do Jornalismocultural. Foram abordados também opapel do jornalista de cultura e a relaçãocom as fontes. Os estudantesaprovaram a iniciativa do debate. “Éimportante abrir esta discussão para seter uma idéia de como está o mercado,conversando diretamente como osprofissionais”, afirmou Carolina deAndrade Cardoso, aluna da UniBrasil.

“Foi bem proveitoso, pois nos ajudaao mostrar o que se está fazendo, oque ocorre na área e o que poderemosfazer nela”, apontou Cíntia Cristo,estudante de Jornalismo da Univer-sidade Tuiuti. Michelle Sessi, aluna daUniBrasil, afirmou que o evento foi umestímulo à consciência crítica doestudante. “Não deixou de ser umencontro de Filosofia”, disse. Abonicoobservou, ao final do debate, que oevento pôde proporcionar aosestudantes uma orientação sobre quecaminho seguir no Jornalismo. “Antesde nós, não havia uma geração paradar este norte”, afirmou Abonico.

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Estudantes lotaram o salão de eventos do Sindijor

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FormaçãoCeticismo quanto à venda de matérias

Pesquisa no site do Sindijor perguntou se os veículos de comunicação do Paraná vão deixar devender espaços depois da denúncia da Folha de S. Paulo. A imensa maioria (88,9%) considera

que os veículos do Estado continuarão “loteando” seu espaço editorial.

OSindicato dos JornalistasProfissionais do Paraná elabo-rou um conjunto de observações

para subsidiar a elaboração da nova Leide Estágios – que irá abranger todas asáreas, exceto Jornalismo. As notas foramentregues à deputada federal Clair da FloraMartins (PT-PR) pelo diretor deFormação do Sindijor, Mário MessagiJunior, e a reivindicação foi estendida atodos os membros da Frente Parlamentarda Comunicação.

A iniciativa demonstra a preocupaçãodo Sindijor com a formação dosestudantes e com a sua inserção nomundo do trabalho. “Sempre nos posicio-namos favoravelmente à execução deestágios por estudantes de Jornalismo emáreas correlatas à nossa profissão,embora a lei 83.284/79 proíba o estágioem atividades estritamente jornalísticas”,disse o presidente do Sindijor, RicardoMedeiros, que lembra que a lei nada diz arespeito de algum impedimento aosestudantes de Jornalismo realizaremestágios.

Entre os pontos que requerem umanova regulamentação estão a jornadamáxima, que não pode exceder seis horas,a remuneração mínima, a fim de que o

ABUSOSSindijor tenta acabar com

estágio seja um investimento da empresano estudante; o período do estágio (quenão pode ocorrer no início do curso, vistoque o estágio requer o conhecimentomínimo de algumas disciplinas); adeterminação de quais atividades sãopassíveis de o estudante realizar, de formaa que não se sobreponha em áreasexclusivas de profissionais; e o

acompanhamento da coordenação, paraque os estágios sejam curriculares,garantindo, assim seu rendimento.

As observações seriam para todos oscursos, exceto Jornalismo, que possuiregulamentação própria, embora leve emconta problemas apresentados pelosestágios em Jornalismo. Messagiobservou que hoje, por conta dos buracos

De 20 a 24 de outubro, acontece a XIISemana de Comunicação do Curso deJornalismo da UEPG. Com o tema “Por UmaOutra Comunicação”, o evento já tem aconfirmação de oficinas, palestras,lançamentos editoriais, atividades paralelas eculturais. As palestras acontecerão no auditórioda Proex/UEPG (em frente à catedral), sempreàs 19h, e as oficinas nos laboratórios do cursode Jornalismo (Campus Central da UEPG).Estão sendo discutidas parcerias entre as trêsescolas de Jornalismo da cidade (UEPG, Uniãoe Santa Amélia) para ampliar as atividades daprogramação. Informações: (42) 220-3389.

O jornalista Pedro Washingtonnão publica mais sua coluna naGazeta do Povo, após a reportagemda Folha de S. Paulo de 2 desetembro mostrando através denotas fiscais que o colunista teriarecebido dinheiro do Palácio Iguaçudurante a gestão Lerner. O diretor deJornalismo da Gazeta, Arnaldo Cruz,acredita que a coluna não volte a serpublicada em função do desconfortocausado com a revelação.Washington prossegue publicandoseus textos em sete jornais dointerior do Estado.

Pedro Washington sai da GazetaSemana de estudos discute

“Uma Outra Comunicação”Horário de expediente dos diretores do SindijorFicou definido em setembro o horário de permanência de alguns dos diretoresdo Sindijor na sede:Ricardo Medeiros (presidente): de segunda a sexta-feira das 13h às 18h.Pedro Serápio (diretor executivo): de segunda a sexta-feira das 9h às12h.João de Noronha (diretor de Imagem): de segunda a sexta-feira das 13hàs 18h.Luigi Poniwass (diretor de Cultura): terça-feira, das 11h às 12h.Rogério Galindo (diretor administrativo): terça-feira, das 10 às 12 horas.Mário Messagi Júnior (diretor de Formação): terça-feira, das 14h às17h.Renata Sguissardi (diretora especial de Assessoria de Imprensa):quinta-feira, das 13h às 14h.Cláudia Oliveira (diretora financeira): sexta-feira, das 10h30 às 11h30.

na legislação, ocorrem irregularidadesque, apesar de não representarem umaprecarização direta da profissão, resultamem absurdos, como o uso da mão-de-obra de estudantes de Jornalismo emrevendas de automóveis com jornada deaté oito horas.

Naturalmente que não é uma regrageral o estágio funcionar como “empregodisfarçado”, mas infelizmente algumasempresas estão desvirtuando o estágiopara obter maiores lucros. As empresase instituições que agem assim cometemuma fraude, que consiste em negar asgarantias sociais dos trabalhadores,usando uma forma de driblar aPrevidência Social, contratando estagiá-rios mal remunerados, sem carteiraassinada e sem garantias trabalhistas.

É importante frisar: a prática doestágio ilegal causa um enorme prejuízoao país, que deixa de gerar empregos,impostos e contribuições. O Sindijor pedecom a regulamentação o estabelecimentode providências legais para que o estágioefetivamente se transforme numa fontede aprendizado para o estudante. Paratanto, a participação responsável dascoordenações de curso e das empresas éfundamental.

na Lei Federal de Estágios

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ImagemAlimentos ao Pequeno Cotolengo

O Sindijor fez uma doação de alimentos ao Pequeno Cotolengo do Paraná – Dom Orione,entidade que cuida de portadores de necessidade especiais. Os alimentos foram arrecadados

entre os participantes do workshop de saúde promovido pelo Sindijor no final de agosto.

ARFOC-PRDuas chapasdisputam direção da

Rocha: buscando o dinamismo Magno: planos de reestruturação

Chuniti KawamuraMarcelo Manfron

AAssociação dos RepórteresFotográficos e Cinematográficosdo Paraná (Arfoc-PR) realiza no

dia 7 de outubro eleições para renovarsua diretoria, hoje tendo à frente o repórterfotográfico Luiz Augusto Costa, daGazeta do Povo. A eleição promete seracirrada, já que duas chapas anunciaramque estão em disputa – a 2004-2005(apoiada discretamente pelo atualpresidente) e a Nova Onda.

Repórter cinematográfico da TVIguaçu, ex-presidente da Arfoc Paraná evice-presidente da Arfoc Brasil (RegionalSul), Irany Carlos Magno encabeça achapa 2004-2005, tendo como metareestruturar a instituição, em especial nasfinanças, e resgatar a imagem do repórterfotográfico e cinematográfico. Para isso,Magno pretende, se eleito, captar recursosexternos para os empreendimentos da

Arfoc e também se manter vigilantequanto à filiação dos repórteresfotográficos ao Sindijor.

Entre os projetos que Magno pretenderealizar estão a retomada das exposições(em intercâmbio com outros Estados), acriação de um portal na internet e ainformatização da Arfoc. A chapa criouum site (www.iranymagno.cjb.net) paradivulgar suas propostas.

Para Jader da Rocha, que lidera achapa Nova Onda, a meta é tirar aassociação do que ele chama de inércia.Segundo Jader, o dinamismo já foiretomado pela própria eleição. Para orepórter fotográfico das revistas Placare Caras Paraná, a associação “parou notempo, a começar pelo estatuto, que éde 1969 e nunca foi atualizado”. Deacordo com Rocha, a era digital e as

novas tecnologias requerem umamodernização na atuação da ArfocParaná.

Das propostas da chapa Nova Ondaconstam a promoção de debates, cursos,palestras, a realização de “exposições quedesenvolvam o nível técnico, teórico ecultural dos associados”. Ainda estãonos planos da Nova Onda montar umcurso de fotografia e vídeo aproveitandoa experiência profissional do associadocomo professor.

Em alguns pontos, as propostas sãocoincidentes, como a da confecção decoletes padronizados pela Arfoc com asmarcas de patrocinadores, para que osfiliados os usem em suas atividades emcoberturas e eventos. Também os doiscandidatos à presidência se comprome-teram a ajudar na condução da entidadecaso não sejam eleitos.

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Defesa CorporativaCartões de crédito no Sindijor

Você pode efetuar seus pagamentos no Sindijor com os cartões Mastercard ou Dinners. Débitosatrasados, renovação de carteira de identidade profissional ou outros pagamentos podem ser

parcelados em três vezes sem acréscimo, e você ainda escolhe a melhor data para saldar sua dívida.

Um sonoro “não” foi a respostadada pelos jornalistas à vergo-nhosa proposta feita pelos

patrões para a convenção coletiva 2003-2004. E não era para menos. Nãobastasse ter chegado atrasada, a pauta foium verdadeiro insulto aos jornalistas, aopropor perdas para a inflação, ocongelamento do piso e o fim do anuênio,entre outras barbaridades.

Reunidos em assembléia que lotou asala de eventos do Sindijor, no dia 25 desetembro, os jornalistas rejeitaram aspropostas, que vão contra todas as lutashistóricas da categoria. A rejeição totalmostra o descontentamento da classe coma displicência com que os donos dosveículos trataram a negociação. Acampanha salarial 2003-2004 visavaantecipar o fechamento do acordo paratambém apressar o pagamento doreajuste; de forma a que parte do aumentofosse concedida já em agosto.

Em vista disso, o Sindicato dosJornalistas Profissionais do Paraná e oSindicato dos Jornalistas Profissionais deLondrina apresentaram aos patrões aproposta de antecipação da inflação numareunião no dia 21 de julho. Apesar dehaver mais tempo, os donos de veículosforam protelando uma resposta. Comoobserva o presidente do Sindijor, RicardoMedeiros, o retardo nas negociações foiuma tentativa dos patrões para

NÃOConvenção: jornalistas dizem

à proposta patronal

desmobilizar a categoria e nos forçar aaceitar a pauta desvantajosa.

Negociando em primeiro lugar ascláusulas econômicas, o Sindijor visavater ainda mais tempo para discutir osdemais itens da convenção, mas o plano

foi frustrado pela demora na resposta dospatrões, que, quando chegou, foi umadecepção. Além de proporem o fim doanuênio (que já é a única forma de escalasalarial) e de planejarem aumentar ajornada de cinco para sete horas, os

donos dos veículos apontaram para o fimdo adicional das horas-extras e nãoquiseram repor as perdas inflacionárias,que este ano devem somar 17,26%,segundo estimativa do Dieese.

Eles aceitaram dar um aumento de 5%em outubro e outros 5% (não cumulativos)em janeiro aos trabalhadores que ganhamhoje até R$ 1.500,00. Para quem ganha maisque este valor, a idéia era dar um incrementode apenas 5% em outubro. Não bastassetudo isso, o piso salarial seria ainda mantidonos atuais R$ 1.299,23.

Na pior?A alegação dos veículos é de que a

conjuntura econômica é pouco propíciae que não é possível manter os direitosdos trabalhadores. Então, é o momentode lembrar alguns fatos interessantes.A RPC, que está adquirindo 40% da TVParanaense, acaba de construir umimóvel próprio. A própria AssociaçãoNacional dos Jornais (ANJ) informa queo mercado publicitário cresce acima doPIB. Para o segundo semestre de 2003,as emissoras de TV projetam faturaraté 16% acima do que embolsaram emigual período do ano passado.

De acordo com fontes do mercadopublicitário, a partir de outubro passa avigorar uma nova tabela de anúncios emtodos os veículos do Estado, comreajuste de cerca de 8%. Com isso, desdesetembro de 2002, o aumento nas tabelasde publicidade chega a 24,8%. Apergunta é: eles estão mal? A julgar oque diz a Folha de S. Paulo na edição dodia 2 de setembro, sobre a venda dereportagens, parece que não.

DRT autuaRoteiro das Noivas

e Festas

A revista Roteiro das Noivas eFestas foi autuada pela DelegaciaRegional do Trabalho por nãoapresentar documentação exigida pelafiscalização, feita após denúncia doSindicato dos Jornalistas Profissionaisdo Paraná. O Sindijor apresentou aqueixa contra a empresa por ela nãoter pagado integralmente aremuneração contratada às jornalistasMagaléa Mazziotti, Márcia MacielMoreira e Melissa Mussi Baptista, querealizaram trabalhos para apublicação.

Sindicato denuncia Metropolitan’sO Sindijor apresentou denúncia na Delegacia Regional do Trabalho

contra o jornal Metropolitan’s Notícias, editado pela Êxito ComunicaçãoLtda, de Quatro Barras. Dois de seus funcionários – Cirus Itiberê e Cristianedo Rocio Fortes – desempenhavam atividades jornalísticas sem o devidoregistro profissional.

Irregularidades nos Campos GeraisO diretor de Fiscalização da Delegacia do Sindijor de Ponta Grossa, Luiz

Carlos Dzulinski, realizou, entre o final de agosto e primeira semana desetembro, um levantamento das empresas de Ponta Grossa onde háexercício irregular da profissão. Entre as irregularidades encontradas, estãoo pagamento abaixo do piso salarial mensal estipulado (R$ 1.299,23), atrasono pagamento salarial, estudantes trabalhando e recebendo abaixo do pisosalarial e desvio de função. Com base no levantamento realizado, o sindicatojá encaminhou documento à Subdelegacia Regional do Trabalho no Paraná,em Ponta Grossa, solicitando providências.

Reun ião d iscutei r r e g u l a r i d a d e e m

estág io

O Sindijor participou no dia 23de setembro de uma reunião naDelegacia Regional do Trabalho,para discutir a contratação deestagiários na assessoria deimprensa da Prefeitura de São Josédos Pinhais. A contratação dosestagiários – seis, que se somariama outros seis que já atuam naassessoria – feria a legislação emdiversos pontos, entre os quais ajornada excessiva e a realização detarefa exclusiva de profissionaisdiplomados.

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Assembléia no Sindijor mostra o descontentamento

dos jornalistas com a proposta patronal

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Defesa CorporativaQuestionada catraca-ponto em O Estado do Paraná

O Sindijor encaminhou um ofício à Editora O Estado do Paraná cobrando providências nacatraca-ponto da empresa, que costuma ficar desligada nos domingos e feriados, o que dificulta o

controle de presença dos funcionários que estão trabalhando nestes dias.

Diante da recusa sistemática dospatrões em negociar, o Sindica-to dos Jornalistas Profissionais

do Paraná e o Sindicato dos JornalistasProfissionais de Londrina solicitaramuma mesa-redonda na DelegaciaRegional do Trabalho (DRT) em Curitiba.Foi só mediante esta pressão que aproposta patronal foi apresentada e aindaassim em termos absolutamentedesvantajosos.

A negociação não prosseguiu emtermos satisfatórios e deve continuar estemês, diretamente entre as partes, semintermediação do Ministério do Trabalho. Aexpectativa é de que os patrões mudem deposição e reconsiderem a pauta dostrabalhadores, que prevê a reposição dainflação e a manutenção das conquistashistóricas. As próximas reuniões estãomarcadas para o dia 6 de outubro pelamanhã e dia 14 à tarde, na sede do Sindijor.

Caso as negociações não sejamconcluídas de forma amistosa até a data-base (o que já é o caso, pois entramos

NEGOCIAÇÃOdeve ser concluída em outubro

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais doParaná lamenta a perseguição a profissionais da TVParanaense movida pelo governo do Estado naprogramação da TV Educativa. Uma matéria feitapelos jornalistas Zeca Marquetti e Carolina Wolfveiculada no Bom Dia Paraná no dia 5 de setembrotem sido exibida exaustivamente (inclusive com acabeça, feita pela apresentadora Thays Beleze) naTV pública a título de “matéria jornalisticamente malconduzida”. A reportagem abordava os efeitos dofechamento das casas de bingo, promovido pelogoverno do Estado e subseqüente batalha jurídicapela reabertura e tinha como um dos personagensuma mulher grávida, que estava com o empregoameaçado.

O governador Roberto Requião entendeu que areportagem era uma afronta à sua iniciativa de coibiro jogo no Paraná. Em seu programa na TV Educativa

Requião usa TV públ ica para execrar jornal istasno dia seguinte, afirmou que a matéria eratendenciosa, pois apelaria ao sentimentalismo eomitiria, segundo ele, o fato de que os bingosestariam acobertando o narcotráfico e o crimeorganizado – acusações que um jornalista que nãodetém o cargo de governador dificilmente faria semapresentar provas. A tentativa de desqualificação dotrabalho dos profissionais da TV Paranaense chegaao cúmulo quando Requião exorta os telespectadoresa opinar, através de um serviço telefônico 0800 sobrequem está com a razão – o governo do Estado ou aTV Paranaense.

Quem acha que a TV pública só foi usada apenasdesta vez para fazer propaganda e contrapropagandado governo engana-se. O secretário de Estado daComunicação, Airton Pisseti, afirmou que se tratade “um estado permanente contra tudo o que ogoverno considerar como material jornalisticamente

mal conduzido”. Ele não afirma que tenha existidoconluio entre a TV Paranaense e os bingos, mas que“obviamente” houve com a matéria uma manobraem favor das casas de jogo.

Como observa Carolina Wolf, embora a qualidadee a lisura de seu trabalho tenham sido publicamentequestionadas, a crítica de Requião não citaexplicitamente seu nome, e nem ao menos o direitode imagem foi violado, o que dificulta oquestionamento judicial. Apesar de a direção da TVParanaense não ter considerado a matéria comotendenciosa, nenhuma iniciativa foi tomada nosentido de exigir do governo do Estado um direitode resposta ou a reparação de danos.

O Sindijor não se envolve no questionamento docomportamento dos veículos, mas não admite queos jornalistas sejam desmoralizados por conta de seutrabalho.

em outubro sem uma solução), pode serinstaurado um processo judicial,encaminhado à Justiça do Trabalho paraque o tribunal decida pelas partes. É o

Como forma de ganhar apoio nanegociação e aumentar a represen-tatividade, o Sindijor integrou-se àcampanha salarial unificadapromovida pela Central Única dosTrabalhadores (CUT). Conformeexplicou Guilherme de Carvalho,diretor administrativo do Sindijor,diversas categorias com data-baseno segundo semestre devemparticipar. “Com a campanhaunificada, fortalecemos ascategorias em campanha edeixamos de ser meramentecorporativistas e passamos a ver osoutros trabalhadores de forma maisampla”, afirmou.

dissídio coletivo, processo longo, penosoe desgastante, que pode retardar porvários meses e até anos a reposiçãosalarial.

Campanhaunificadacom a CUT

Pedro Serápio

Fechamento da mesa-redonda pedida pelos jornalistas na DRT

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Assessoria de ImprensaSenador e deputada integram-se à Frente

O senador Álvaro Dias (PSDB) e a deputada federal Selma Schons (PT) aderiram àFrente Parlamentar da Comunicação. Com a participação dos novos membros,

chega a 22 o número de parlamentares que integram a Frente.

O primeiro documento de proposições elaborado pela atualdireção do Sindijor foi entregue no início do mês aosintegrantes da Frente Parlamentar da Comunicação, que jásomam 22 membros paranaenses nas diversas esferas doLegislativo. Trata-se da primeira ação para mobilizar osparlamentares para as causas de interesse dos jornalistas.

Nas propostas, o Sindijor fez questão de salientar a lutaem prol da criação do Conselho Federal de Jornalismo e dosconselhos regionais, travada pela Fenaj e pelos sindicatos eque agora aguarda aprovação do Ministério do Planejamento.

Uma decisão da 5ª Turma doTribunal Superior do Trabalhoestipulou que a jornada de

assessores de imprensa deve ser igual ados jornalistas de empresas estritamentejornalísticas, ou seja, de cinco horas. OTST negou provimento a um agravo deinstrumento ajuizado pela CompanhiaEstadual de Energia Elétrica (CEEE), doRio Grande do Sul, no qual a empresatentou reverter uma condenação parapagar quatro anos de horas extras a seuex-assessor de imprensa, Clóvis Marcode Souza, e manteve a condenaçãoproferida pelo Tribunal Regional doTrabalho gaúcho, que entendeu que oassessor tinha direito à jornada especialde jornalista, mesmo não tendotrabalhado em uma empresaexclusivamente jornalística.

Souza trabalhou para a CEEE dedezembro de 1973 a julho de 1996,sempre com jornada de oito horasdiárias. A partir de maio de 1992, passou

ASSESSOR DE IMPRENSATST decide: jornada de cinco horas para

O 14º Encontro Nacional dosJornalistas em Assessoria de Comuni-cação (Enjac), que acontece emFlorianópolis de 9 a 11 de outubro, vaiter entre outros temas em destaque anecessidade de uma conduta ética nasassessorias. Outros pontos que vão serdebatidos são a formação paraassessores de imprensa, as condiçõesde trabalho, a política de comunicaçãopara o Brasil e a comunicação e asociedade em tempo de globalização.O Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais de Londrina vai reivindicar noevento que a próxima edição do Enjacse realize em sua cidade-sede.Informações sobre o evento podem serobtidas em http://www.sjsc.org.br/enjac.

Ética, formaçãoe mercado em

debate no Enjac

Sindijor reúne entidades para discutir crise na mídiaO Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná vai

promover um evento para discutir com empresários,políticos e outros trabalhadores a crise no mercado detrabalho dos jornalistas e a retração nos investimentos empublicidade — causa maior da queda no desempenho nasempresas jornalísticas.

“Queremos mobilizar os empresários e trabalhadorespara que vejam a importância do fortalecimento domercado”, afirmou o presidente do Sindijor, RicardoMedeiros. Com o crescimento do mercado, novascontratações ocorrerão, o poder aquisitivo dos profissionais

Frente Parlamentar recebe primeiro documento

da comunicação vai melhorar e serão abertas novas frentesde trabalho em áreas deprimidas, explicou Medeiros.

Para tanto, devem ser convidados diretores de entidadesrepresentativas do comércio, indústria, publicidade esindicatos de trabalhadores para que tragam subsídios afim de se tentar contornar a crise da mídia e criaroportunidades de geração de emprego e renda para osjornalistas. O evento, previsto inicialmente para acontecerdia 7 de outubro, na Assembléia, foi adiado por conta dovelório do deputado José Carlos Martinez. E ainda não hánova data para ocorrer.

Também foram propostas medidas de controle para a aberturae manutenção de faculdades de Jornalismo e pela criação deuma nova Lei de Estágios.

O informativo pede ainda a criação da carreira de jornalistaem todas as esferas do serviço público e uma regulamentaçãopara o uso de verbas publicitárias pelos governos, a fim deevitar situações como a venda de matérias. O documentoprocura ainda mostrar a importância da democratização dosmeios de comunicação e envolver os parlamentares nasdiscussões sobre o tema.

a exercer atividades de jornalistaprofissional na assessoria decomunicação social da empresa edeveria, de acordo com o artigo 303 daCLT, cumprir jornada de cinco horasdiárias. Como a jornada especial

estipulada para os profissionais dojornalismo lhe foi negada, o assessor deimprensa foi à Justiça pleitear opagamento de três horas extras diárias eseus reflexos nas demais verbastrabalhistas.

Provas testemunhais acrescidas aoprocesso mostraram que Souzadesempenhava atividades típicas daprofissão de jornalista. Entre elas estavamo exercício habitual de redação de matériaspara meios de comunicação, oacompanhamento de diretores daempresa em entrevistas, a separação dematerial nos jornais que dissessemrespeito à CEEE e até mesmo a redaçãode roteiros de filmes e documentáriospara a empresa. A argumentação dacompanhia – de que não é uma empresaessencialmente jornalística e que,portanto, não poderia dar a Souza otratamento de jornalista - não foi levadaem consideração. Embora possa até criarjurisprudência, a decisão não é definitiva,pois o entendimento em outras turmasdo tribunal pode ser diferente. Dequalquer maneira, é uma vitória para aclasse jornalística, pois, enfim, sereconhece que os assessores de imprensasão jornalistas como os demais.

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SaúdeCMC apóia Conselho de Jornalismo

Por iniciativa do vereador André Passos (PT), a Câmara Municipal de Curitiba aprovou umamoção de apoio ao anteprojeto para a criação do Conselho Federal de Jornalismo, proposta pela

Fenaj e que está aguardando aprovação do governo federal.

TRABALHADORDireitos do

Sujeitos como poucos trabalha-dores a doenças ocupacionaiscomo LER/Dort, os jornalistas

precisam estar atentos aos seus direitosquando são acometidos por estamoléstias. Como lembra o diretor deSaúde do Sindijor, Jorge Javorski, osjornalistas não são suficientementeinformados a respeito de seus direitoslegais relacionados às doenças dotrabalho. “Como agravante, chegam aser demitidos mesmo sendo portadoresdestes males”, afirmou.

com doençaocupacional

O engenheiro de Segurança doTrabalho e auditor da DelegaciaRegional do Trabalho em CuritibaFrancisco Carlos Bergami explica queuma doença ocupacional, ao serconstatada, equivale a um acidente detrabalho. Tão logo a empresa sejainformada, ela tem de fazer umComunicado de Acidente de Trabalho(CAT) ao INSS em até 48 horas.

Conforme observa Ricardo Bruel daSilveira, procurador do MinistérioPúblico do Trabalho, o trabalhador,

com a CAT, pode requerer o benefícioacidentário do INSS. “Se ele precisarse afastar por mais de 15 dias, devereceber o auxílio acidente, e com issoganha estabilidade no emprego por 12meses”, afirmou Bergami. Além disto,o trabalhador pode processar a empresa,caso a doença deixe seqüelas e tenhasido provocada por falta de estruturaou orientação.

Bergami afirma que, embora osdireitos do trabalhador sejampreservados em lei, uma doença

ocupacional pode gerar inúmerostranstornos, como a avaliação pelosperitos do INSS de que se trata de ummal de outra natureza. “Afastado, otrabalhador pode ficar sem salário”,afirmou. Outro problema é a não-emissão da CAT pela empresa, masisto pode ser resolvido com umasolicitação ao sindicato ou diretamenteem postos do INSS. Mais informaçõessobre doenças ocupacionais, ligue paraa Promotoria de Defesa da Saúde doTrabalho: (41) 219-5000.

A diretoria-executiva do Sindijor estárealizando a regularização de todos osespaços cedidos a outras entidades naCasa do Jornalista. Segundo o diretorPedro Serápio, serão feitos contratoscom os sindicatos dos Radialistas,Publicitários, Gráficos e com a Arfoc,com vigência até o final da atual gestãodo Sindijor. “Com isso, será forma-lizado o rateio das despesas comuns doprédio”, disse.

De 6 a 10 de outubro, o Sindijor fazuma série de visitas às redações para queos jornalistas possam regularizar suasituação junto ao sindicato. Conformeexplica a diretora-financeira dosindicato, Cláudia da Conceição Oliveira,será possível renovar carteiras, atualizarcadastro e quitar mensalidades. Emalguns veículos, haverá visitas pelamanhã e à tarde, a fim de poder atenderos profissionais dos diversos turnos.

Sindijor faz contratos com entidades

Outra inovação da sede é a colocaçãode placas de orientação para os visitantes.Segundo Serápio, ficou estabelecidaainda a doação de livros defasados doacervo do Sindijor para a BibliotecaPública do Paraná. Para o fim do ano,está prevista a pintura da sala da diretoria,e, em janeiro, deve ocorrer a limpeza dafachada (primeira fase da reforma daparte externa do prédio) e ainformatização da biblioteca.

Jornalistas podem resolver pendências nas redações

Trata-se de uma iniciativa do Sindijorpara trazer de volta para a basejornalistas que deixaram de pagar osindicato. A ação dá prosseguimento àcampanha das carteiras vencidas, feitaem agosto. “O jornalista muitas vezesnão tem tempo de ir ao sindicato. Comas visitas, vamos disponibilizar umaoportunidade de eles porem as contasem dia, e com mais comodidade”,afirmou Cláudia.

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HistóriaSindijor faz parceria para eventos

O Sindijor firmou parceria com o jornalista Hélio Marques, que passa a atuar na execução doseventos de Imagem, Formação e Saúde que o sindicato realiza mensalmente. Em contrapartida,

o Sindijor vai encartar juntamente com o Extra Pauta o jornal Nota 10, editado por Marques.

Ahistória da regulamentaçãoprofissional do jornalistano Brasil se confunde com

a história da própria imprensa.Do Jornalismo panfletário doséculo XIX, emergiu anecessidade de profissionalizaçãoexigida já nos primeiros anos doséculo XX. Em 2003, ano em quea obrigatoriedade do diploma foiabalada pela decisão (jáderrubada) da juíza Carla Rister,completaram-se 65 anos daprimeira regulamentaçãoprofissional efetiva. Desde então,muitos aspectos mudaram, mas ocerne da questão permaneceuintacto: com dedicação ecombatividade, os jornalistasconseguem manter e aprimorar acondição da profissão, que,acima de tudo, exigeresponsabilidade.

1746 – Antônio Isidoro da Fonsecainaugura uma tipografia no Rio deJaneiro, fechada no ano seguinte pelaCarta Régia de 10 de maio, que proibiaa impressão de livros ou de papéisavulsos na colônia.

1808 – A chegada da CoroaPortuguesa ao país inaugura osurgimento da imprensa brasileiracom a fundação da Imprensa Régia,em maio. Mais tarde passa a sechamar Imprensa Nacional

1808 – O Correio Braziliense,fundado por Hippólitoda Costa e elaboradoem Londres, foi oprimeiro jornal emlíngua portuguesa acircular no Brasil, em

junho de 1808. O Correio circulaaté dezembro de 1822.

1823 – É criada a primeira Lei deImprensa no Brasil, punindo aveiculação de material contra aIgreja Católica. Baseada na leiportuguesa, a lei brasileira entra emvigor por meio de um decreto deDom Pedro I.

PROFISSIONALIZAÇÃONa trilha da

Até finais do século XIX, aimprensa brasileira se caracterizapelo caráter propagandístico/panfletário e não é exigidaformação, exceto a adesão à causa(em geral as questões sociais dopaís: abolicionismo, liberalismo,Independência, República).

1918 – O Primeiro CongressoNacional dos JornalistasProfissionais, realizado no Rio deJaneiro, defende pela primeira vez aregulamentação profissional e acriação de escolas de nível superiorde Comunicação.

1938 – Primeiraregulamentaçãoprofissional específicade Jornalismo, feitapor Getúlio Vargas,estabelece ascondições de trabalho, entre as quaisa jornada de cinco horas.

1943 – Aprovada a Consolidaçãodas Leis do Trabalho (CLT). OTítulo III, Capítulo I, Seção XItrata dos “Jornalistas Profissionais”.

1943 – O Decreto-Lei nº 5.480institui o curso de Jornalismo nosistema de Ensino Superior do país.

1944 – O governo federal cria opiso salarial para pessoas quetrabalham em atividadesjornalísticas.

1947 – Fundação emSão Paulo da FaculdadeCásper Líbero, primeirocurso superior deJornalismo do Brasil.

1959 – Criada a aposentadoriaespecial para jornalistas. Com ela,os jornalistas passaram a ter direitoà aposentadoria integral aos 30 anosde serviço (cinco a menos que amaioria das categorias). Para isso,era necessário ter não apenas oregistro em carteira, mas também oregistro no Ministério do Trabalho.

1962 – Estipuladas as regraspara se obter o registro profissionalde jornalista.

1969 – O Decreto Lei nº 972 foia primeira regulamentação efetiva eabrangente da profissão e oprimeiro reconhecimento jurídico danecessidade de formação superior edo registro profissional. Foramtipificadas as atividades do jornalista(redação, edição, entrevista,revisão, arquivo, fotografia,filmagem etc.) e estabelecidos oscritérios para o exercício daprofissão, entre eles aobrigatoriedade do diploma. Noartigo 12, porém, ficou ressalvadoque, enquanto não houvesse umanova lei para regulamentar, seriamaceitos novos provisionados(limitados a um terço das novasadmissões).

1973 – Regulamentado o registrode empresas jornalísticas (Lei nº6.015, de 31 de dezembro).

1979 – Regulamentação definitivada profissão de jornalista. Emdecorrência de uma lei de 1978, énecessária uma nova e definitivaregulamentação profissional, quevem com o Decreto nº 83.284, de13 de março de 1979. Além deseparar funções exclusivas para osdiplomados em Jornalismo, odecreto estabelece que osprovisionados tenham comoescolaridade mínima o entãoSegundo Grau. Era necessário aindapara o registro de provisionado queo sindicato da cidade abrangida peloregistro declarasse que não hájornalista associado do sindicatodomiciliado naquele municípiodisponível para contratação. Oregistro provisionado passou a valerpor no máximo três anos.

1985 – O Decreto nº 91.920regulamenta a transformação dejornalistas provisionados emprofissional. Puderam ingressarcomo efetivos os provisionados que

trabalhavam no Jornalismo nos doisanos imediatamente anteriores aoDecreto 83.284/79, de 13 de marçode 1979.

1985 – O Código de Ética dosJornalistas no Brasil é redigido eaprovado em congresso realizadopela Federação Nacional dosJornalistas (Fenaj) no Rio deJaneiro.

1995 – A Lei 9.032 limitaaposentadoria especial, mas não semenciona especificamente a dejornalista.

1998 – A Lei 9.610, de 19 defevereiro, altera, atualiza e consolidaa legislação sobre direitos autorais.

1999 – Frustrada pelo presidenteda República a tentativa de criaçãodo Conselho Federal de Jornalismocom o veto após todo o trâmite noCongresso Nacional.

1999 – Decreto 3.048, queregulamenta a Previdência Social,revogou expressamente asaposentadorias especiais dejornalistas, jogadores de futebol etelefonistas. Jornalistas que tinhamcumprido os requisitos até 13 deoutubro de 1996 poderiam aindasolicitar a aposentadoria especial.

2002 – Ao julgar uma ação civilpública proposta pelo MinistérioPúblico Federal e Sindicato dasEmpresas de Rádio e Televisão noEstado de São Paulo, a juíza CarlaRister, da 16ª Vara Cível de SãoPaulo, determina que se elimine anecessidade de apresentação dodiploma de curso superior deJornalismo para se efetuar oregistro profissional. A decisão,dada em dezembro, só seriapublicada em janeiro de 2003.

2003 – No dia 23 de julho, umadecisão da desembargadora Alda Bastorevoga a sentença de Carla Rister, e odiploma volta a ser exigido.

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Page 14: Extra Pauta Ed. 64

14 - E X T R A P A U T A - O U T U B R O - 2 0 0 3

tabela de preçosSALÁRIOS DE INGRESSO OUT 2002/OUT 2003

Repórter, redator, revisor, ilustrador, diagramador,

repórter fotográfico e repórter cinematográfico 1.299,23

Editor 1.688,99

Pauteiro 1.688,99

Editor chefe 1.948,85

Chefe de setor 1.948,85

Chefe de reportagem 1.948,85

Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações;

Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.

O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho,

Convenção Coletiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCE

Redação

Lauda de 20 linhas (1.440 caracteres) 69,71

Mais de duas fontes: 50% a mais

Edição por página

Tablóide 90,29

Standard 108,19

Diagramação por página

Tablóide 45,15

Standart 61,58

Revista 33,56

Tablita / Ofício / A4 22,94

Revisão

Lauda (1.440 caracteres) 18,17

Tablóide 37,95

Tablita 28,62

Standard 79,35

Ilustração

Cor 107,72

P&B 71,73

Reportagem fotográfica – ARFOC (tabela nova)

Reportagem Editorial

Saída cor ou P&B até 3 horas 245,00

Saída cor ou P&B até 5 horas 369,00

Saída cor ou P&B até 8 horas 624,00

Adicional por foto solicitada 90,00

Foto de arquivo para uso editorial 246,31

Reportagem Comercial/Institucional

Saída cor ou P&B até 3 horas 340,00

Saída cor ou P&B até 5 horas 540,00

Saída cor ou P&B até 8 horas 900,00

Adicional por foto 120,00

Reportagem Cinematográfica

Equipamento e estrutura funcional fornecida pelo contratante

Saída até 5 horas 266,00

Saída até 8 horas 326,00

Adicional por hora 100%

Foto de arquivo para uso em:

Anúncio de jornais (interna) 533,51

Anúncio de Revista (interna) 574,75

Capa de Disco, calendário, revista, jornal 900,00

Outdoor 1132,26

Cartazes, Folhetos e Camisetas 369,53

Audiovisual até 50 unidades 1530,00

Audiovisual acima de 50 unidades a combinar

Diária em reportagem que inclui viagem a combinar

Reportagem aérea internacional a combinar

Hora técnica 71,73

Observações importantes:

A produção (filme, laboratório, hospedagem, transporte, seguro devida, credenciamento, etc.) é por conta do contratante; Narepublicação, serão cobrados 100% do valor da tabela; A fotoeditorial não pode ter Utilização comercial. Trabalhos publicados semcrédito, junto à foto, sofrerão multa de 50% sobre seu valor, conforme alei 9610 de 19/02/98.

A sangue frio - relato verdadeiro de um homicídiomúltiplo e suas conseqüênciasTruman Capote, Companhia das Letras, SãoPaulo, 2003, 440 pp. R$ 39,50

A obra máxima de TrumanCapote, o romance-reportagem Asangue frio, chega em novaedição pela Companhia dasLetras. O livro conta a históriada morte de toda a famíliaClutter, em Holcomb, Kansas(Estados Unidos), e dos autoresda chacina. Capote decidiuescrever sobre o assunto ao ler

no jornal a notícia do assassinato da família, em1959. Quase seis anos depois, em 1965, a históriafoi publicada em quatro partes na revista The NewYorker. Além de narrar o extermínio do fazendeiroHerbert Clutter, de sua esposa Bonnie e dos filhosNancy e Kenyon – uma típica família americanados anos 50, pacata e integrada à comunidade –, olivro reconstitui a trajetória dos assassinos. PerrySmith e Dick Hikcock planejaram o crimeacreditando que se apropriariam de uma fortuna,mas não encontraram praticamente nada. Perry eraum sonhador. Teve criação conturbada e violenta,e achava que a vida lhe tinha dado golpesinjustos. Dick, considerado o cérebro da dupla,queria apenas arrebatar o dinheiro e desaparecer.Presos e condenados, ambos morreram na forcaem 1965.

A milésima segunda noite daAvenida Paulista – E outrasreportagensJoel Silveira, Companhia dasLetras, São Paulo, 2003, 216 pp.R$ 31,00“A milésima segunda noite daAvenida Paulista” é umacoletânea de textos escritos ao

longo da década de 1940, em que Joel Silveiraemprega, de forma inovadora no Brasil,recursos próprios da literatura. Dono de umestilo famoso pela mordacidade, o jornalistacobriu fatos que marcaram a vida política dopaís e, no Rio de Janeiro, conviveu comartistas e intelectuais como Manuel Bandeira,Carlos Drummond de Andrade, Paulo MendesCampos e Rubem Braga. Sua primeira matériade destaque foi “Grã-finos em São Paulo”,perfil debochado da elite paulistana que saiuem 1943, na revista carioca Diretrizes, deSamuel Wainer. Além de reportagens, o livrotraz crônicas curtas e bem-humoradas sobre avida cultural do Rio, além de textos situadosentre o perfil e a entrevista, retratandoescritores e artistas como Monteiro Lobato,Agripino Grieco, Antônio Nássara, CandidoPortinari e João Cabral de Melo Neto. Ojornalista Fernando Morais assina o posfáciodo livro, em que faz um perfil de Joel Silveira,comentando a trajetória e fatos recentes davida do jornalista, como sua “anticandidatura”à Academia Brasileira de Letras.

Biblioteca da comunicaçãoCapas de jornal – a primeira imagem e o espaçográfico visualJosé Ferreira Júnior, Editora Senac, São Paulo,2003, 127 pp. R$ 30,00A capa de um jornal é o primeiro contato que oleitor tem com o mais antigo e ainda fundamentalveículo de informação. A primeira página como aconhecemos hoje respeita parâmetros estéticosinexistentes há pouco mais de meio século,quando suas páginas eram preenchidas apenaspor textos. Para facilitar a leitura e melhorar oapelo visual, os jornais investiram em profundasreformas gráficas. Com apresentação do jornalistaJosé Hamilton Ribeiro, “Capas de Jornal – APrimeira Imagem e o Espaço Gráfico Visual”, dojornalista e doutor em Comunicação e Semióticapela PUC-SP José Ferreira Junior, analisa astransformações gráficas ocorridas na últimametade do século 20, tendo como foco trêsgrandes veículos que marcaram época noJornalismo brasileiro: o Jornal do Brasil, o Jornalda Tarde e o Correio Braziliense.

O ciberespaço como fonte para os jornalistasElias Machado, Editora Calandra, Salvador, 2003,188 pp. R$ 30,00A chegada das redes digitais às redações trouxemuitas transformações para a atividade jornalísticadiária e a principal delas, certamente, foi apossibilidade de se ter acesso a informações emapenas um ou dois cliques. O desafio para osprofissionais também cresceu. Afinal, é precisogarantir a qualidade da apuração sem perder devista a necessidade de otimizar o tempo dosprofissionais, cada vez mais escasso. Conjugarfatores tão díspares não é tarefa fácil e discuti-losé a proposta do livro “O ciberespaço como fontepara os jornalistas”, do professor da Faculdade deComunicação da Universidade Federal da Bahia,Elias Machado, jornalista com mais de vinte anosde carreira. Mais recente lançamento da EditoraCalandra, este é o primeiro volume da Biblioteca J.A Coleção, dirigida pela professora TattianaTeixeira, que pretende reunir livros em linguagemacessível a todos os interessados em temasfundamentais para o Jornalismo.

Manual de sobrevivência na selvado JornalismoLuiz Antonio Mello, Editora CasaJorge, Niterói, 2003,144 pp. R$18,00Este livro – resultado de vivências,acertos e erros – é um guia práticopara todos aqueles que pretendem

ingressar na carreira jornalística ou já estãoiniciando-se na profissão. Com uma experiência devinte e cinco anos ininterruptos de mídia, o autorapresenta sugestões, atalhos e macetes que podemfacilitar a vida de quem, um dia terá de sobreviver naselva das redações. Luis Antonio de Farias Mello ébacharel em Comunicação Social pela UniversidadeEstácio de Sá, começou na imprensa em 1971 e éautor dos livros “Nictheroy, essa loucura balzaca”,“A onda maldita” e “Torpedos de Itaipu”.

Psicologia – Marivel Azevedo, atendimento psicoterapêutico baseado na Teoria Gestaltista. Oatendimento ocorre uma vez por semana em uma sessão de 50 minutos. Jornalistas sindicalizadospagam R$ 30,00 por sessão. Rua Benjamin Constant, 67, cj. 1001. Mais informações: (41) 225-1544,223-0811, ou pelo e-mail [email protected].

Novos Convênios Novos Convênios Novos Convênios

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Entrevista“A Taipa da Injustiça” à venda no Sindijor

Estão à venda a R$ 10,00, na sede do Sindijor, exemplares da obra “A Taipa da Injustiça”, deJuvêncio Mazzarollo. O livro também pode ser encontrado na Comissão Pastoral da Terra (Rua

Paula Gomes, 703), ou na Livraria Vozes (Rua Voluntários da Pátria, 41, loja 39).

Conhecido como o último presopolítico da ditadura militar, ojornalista paranaense Juvêncio

Mazzarollo acaba de lançar o livro “ATaipa da Injustiça”, em que aborda osproblemas decorrentes da construção deItaipu. Taipa, construção de pedra típicade áreas interioranas, era como oscamponeses das margens da barragemde Itaipu chamavam o novo empreen-dimento, que, desalojando-os de suasterras, foi para eles fonte de tormentos.O livro, concluído em 1985, foi lançadosomente agora pela Edições Loyola e pelaComissão Pastoral da Terra (CPT) paracelebrar os 25 anos do Movimento Justiçae Terra, criado pelos desapropriados deItaipu, que reivindicavam um preço justona indenização das terras. Atualmente, poruma incrível ironia, Mazzarollo trabalhana assessoria de imprensa da usinabinacional. Em Curitiba, ele concedeu estaentrevista ao Extra Pauta:

Extra Pauta - De que trata o livro?Juvêncio Mazzarollo - O histórico

da Usina de Itaipu, e seus três grandescustos. O custo econômico, comcorrupção e esbanjamento, gastou-seentre US$ 18 bilhões e US$ 20 bilhões,valor que inclui custo efetivo e serviçoda dívida, e que só vai ser quitado em2023. O segundo é o custo social, com aremoção e indenização das famílias quemoravam na área ao lado da barragem esomavam aproximadamente 40 milpessoas só na margem brasileira, o quefoi motivo de inúmeros conflitos no finaldos anos 70 e início dos anos 80. E, porfim, o custo ambiental, que consistiu noalagamento de terras das mais férteis domundo com tudo que nelas havia (faunae flora) e o sepultamento das SeteQuedas, em Guaíra.

EP- Qual é a conclusão a que se chegaapós analisar todos estes danos?

Mazzarollo – Temos aí uma imensariqueza que representa um extraordináriocapital, que gera 25% da energiaconsumida no Brasil e 95% da paraguaia,mas para isso gastou-se dinheiro e umsacrifício humano extraordinários, semfalar no prejuízo ambiental. Havianecessidade de investir em energia,questiona-se se esta seria a melhor.Diversas alternativas foram pensadas eparece que a executada foi a melhor, tanto

do ponto de vista do aproveitamento dopotencial energético como do custoeconômico. Falou-se que deveria seconstruir três usinas de menor porte aolongo do Rio Paraná, o que seria maisviável, mas seriam três canteiros, trêsbarragens, o que certamente teria umcusto mais elevado e talvez se produzisseuma quantidade de energia menor. Quantoa salvar Sete Quedas implicaria a renúnciade mais da metade do potencialenergético do rio.

EP - Sendo você hoje funcionário deItaipu, a crítica é bem aceitainternamente?

Mazzarollo – O atual diretor deCoordenação, Nelton Friedrich, eradeputado estadual na época da construçãoe, como tal, foi um dos batalhadorespelos desapropriados em luta contraItaipu. Por ironia, hoje sou funcionário,mas dentro de uma nova orientação dadireção, que tem à frente Jorge Samek.Tudo que eu relato aconteceu, é fato, noentanto é preciso situar no tempo. Se ascabeças que dirigem Itaipu hoje fossemas que dirigiam a usina na construção,não haveria tanta injustiça como naépoca.

EP - Mas na década de 80, o tema dolivro, ao ser publicado em jornais, o levouà cadeia.

Mazzarollo - Eu era jornalista em Foze criei o semanário Nosso Tempo. Houveuma primeira edição do livro - na verdadeum livreto –, em 1980, editado via CPTabordando a luta dos desapropriados atéaquela dada – na seqüência houve muitosdesdobramentos. No Nosso Tempo,além de críticas à Itaipu,bombardeávamos a ditadura militarbrasileira e paraguaia, denunciávamosa violência, a tortura nas delegacias depolícia e a corrupção. “Batíamos” aindanos prefeitos nomeados de Foz do

Iguaçu (que era considerada área desegurança nacional). Com esta linha, eue os sócios, Aloísio Palmar e João Adelinode Souza, fomos enquadrados, em 1981,na Lei de Segurança Nacional.

EP - Como foi o julgamento e quaiseram as acusações?

Mazzarollo – Eu sofri dois processos,e eles apenas um. Eles foram absolvidosna Justiça Militar, eu não. Diziam que asnossas matérias eram atentatórias àsegurança nacional, eram de linhasubversiva e incitavam o povo contra ogoverno, pregavam a “revolução” eatacavam o governo de um país amigo(o Paraguai, no caso). Fui condenado nosdois processos, com um ano de prisãoem cada um. Fiquei preso de 27 desetembro de 1982 a 6 de abril de 1984.

EP - Mesmo depois da anistia?Mazzarollo – Sim, a anistia já

havia passado, mas em plenaredemocratização havia outrospresos, pois a Lei de SegurançaNacional não havia sidorevogada. Em dezembro de1983, a lei foi profundamentereformulada com o objetivo delibertar todos os presos políticos– eram 30. De fato, todosforam libertados,

exceto eu. Não sei se foi por ineficáciados meus advogados ou por obra dopróprio regime, que não queria meperdoar, afinal eu escrevia de dentro dacadeia para o jornal. Ocorria, porém, umagrande movimentação nacional einternacional pela minha libertação.

EP - Como foi o desfecho?Mazzarollo – Em março de 1984,

iniciei uma greve de fome, quando umrecurso dos meus advogados foi aoSupremo Tribunal Federal. Fiz ummanifesto em que deixava superclaro quesó voltaria a me alimentar fora da cadeia.Era plena campanha das Diretas Já e, noParaná, vinha acompanhada da campanha“Liberdade para Juvêncio”. A pressão eraforte; o Supremo furou a pauta e analisouo meu recurso. Absolvido, fui postoimediatamente em liberdade.

MAZZAROLLO:desconstruindo a taipa

Foto: Valterci Santos

Juvêncio

Mazzarollo

mostra os custos

de Itaipu

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16 - E X T R A P A U T A - O U T U B R O - 2 0 0 3

FotojornalismoRonda da Noite, dia 9

Está confirmado o Ronda da Noite para o dia 9 de outubro (quinta-feira), no Era Só O Que Faltava,com show do Trio Quintina. Vai ser reservada uma área vip no segundo andar, para quem estiver

em dia com o sindicato. A entrada é livre para profissionais e estudantes de Jornalismo.

Um olhar especial

Atleta com perna amputada realiza prova de salto em Sydney

Jogo de basquete em

cadeira de rodas entre

Canadá e EUA, em

Sydney, 2000

Salto dos

Macacos, na

Serra do Mar

Foi meio que por acaso que Emerson Christian ingressou nafotografia. Num passeio a Angra dos Reis (RJ) em 1988 oentão desenhista se interessou pela nova arte. “Queria

observar a estrutura das casas antigas e das igrejas e para isso leveiuma máquina fotográfica”, lembra-se Christian. Desde então oempenho só aumentou, até que em 1999 se tornou profissional.

Embora tenha acumulado experiência como free-lancer para oJornal do Estado, Gazeta do Povo e a revista Los 3 Inimigos,Christian se fixou na profissão atuando como fotógrafo para aAssociação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), cobrindocompetições esportivas para portadores de deficiência. Em 1999,fez um trabalho para a Associação Brasileira de Cadeira de Rodas(Abradecar), cobrindo um campeonato internacional de canoagem,no Parque Iguaçu, em Curitiba. Este trabalho lhe valeu um convitepara ir a Sydney, em 2000, nas Para-Olimpíadas. Além dos JogosPara-Olímpicos, ele acompanhou a preparação da equipe brasileirana África do Sul.

Christian esteve ainda na Itália, cobrindo um campeonato detênis de mesa para deficientes, no Japão, durante uma maratona decadeiras de rodas, e na Rússia, acompanhando um campeonato defutebol para portadores de paralisia cerebral. Ele disse que, ao tratarcom deficientes, o repórter-fotográfico deve agir com normalidade.“No entanto, você acaba se envolvendo com eles e os ajudandosempre que possível”, afirmou.

Ele foi membro fundador e diretor de eventos da SociedadeLatino-americana de Fotografia,criada em 1999, mas que não teve aadesão dos colegas. Estudandoatualmente Biologia, EmersonChristian pretende ingressar agora nasfotografias de paisagens naturais,pretendendo então unir o rigorcientífico com a informação jornalis-ticamente relevante.

Emerson

Christian

Emerson Christian