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Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 52 dezembro/janeiro de 2000/01 - ISSN 1517-0217 [email protected] - http://www.sindijorpr.org.br Eleições Análise mostra a imprensa parcial MINO CARTA CONSIDERA A IMPRENSA BRASILEIRA MEDÍOCRE PÁGINAS 16,17 E 18 SINDICATO FECHA O ACORDO POSSÍVEL PÁGINAS 3 E 4 Entrevista Campanha Salarial Caderno especial CONHEÇA ALGUMAS AÇÕES SOLIDÁRIAS DE JORNALISTAS O Extra Pauta fez sua análise do noticiário de quatro jornais do Paraná, onde mostra que nem todos os veículos se pautaram pela ética e equilíbrio durante o período eleitoral, neste que foi um momento de embates ideológicos. PÁGINAS 6,7 e 8 Created by PDF Generator (http://www.alientools.com/), to remove this mark, please buy the software.

Extra Pauta Ed. 51

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Dezembro/Janeiro - 2000/2001

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Jornal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - Nº 52 dezembro/janeiro de 2000/01 - ISSN [email protected] - http://www.sindijorpr.org.br

Eleições

Análise mostra aimprensa parcial

MINO CARTACONSIDERA A IMPRENSA

BRASILEIRA MEDÍOCREPÁGINAS 16,17 E 18

SINDICATO FECHA OACORDO POSSÍVEL

PÁGINAS 3 E 4

Entrevista

Campanha Salarial

Caderno especial

CONHEÇA ALGUMASAÇÕES SOLIDÁRIAS DE

JORNALISTAS

O Extra Pauta fez sua análise do noticiário de quatro jornais do Paraná, onde

mostra que nem todos os veículos se pautaram pela ética e equilíbrio durante operíodo eleitoral, neste que foi um momento de embates ideológicos.

PÁGINAS 6,7 e 8

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Jornalista ResponsávelMário Messagi Júnior

Reg.prof. 2963/11/101zRedação

Alvaro CollaçoColaboradores nesta edição

Casemiro Linarth, Cláudio Dalla Benneta,Sílvio Rauth Filho e Simon Taylor.

FotografiasEmerson Balthazar, Hugo Abati

IlustraçõesSimon Taylor, Noviski (Logomarca da Ronda da Noite)

Edição GráficaLeandro Taques

Tiragem3.000 exemplares

As matérias neste jornal podem serreproduzidas, desde que citada a fonte. Nãoé de responsabilidade deste jornal os artigos

de opinião e as opiniões emitidas ementrevistas, por não apresentarem,

necessariamente, a opinião de sua editoria.

E xt ra Paut a é Órgão d ed ivu l gação ofic ia l d a Gestão

E xt ra Paut a , d o Sin dicat o do sJorn a listas Pro fissio na is d oParan á. En d ereço : Rua José

Lo ureiro , 211, Cur it ib a/Paraná . CEP 8 00 10 -14 0. Fon e/

Fax (041 ) 2 24-92 96. E-mail :sin d ijo r@sin d ijo rpr.org.b r

com a palavra...

Tomamosa liberdade de fazer este novocontato com você para lhe falar de um pro-blema da maior gravidade e que, por istomesmo, temcausado muita preocupação aoSindicato dos Jornalistas Profissionais doParaná: aschamadas“doençasdo trabalho”.

No início de setembro, a recém-criadaComissão de Saúde do Sindijor enviou umacarta a todosos filiadosao sindicato pedin-do a sua colaboração no esforço para nosajudar a identificar e combater este proble-ma em cada uma das empresas e/ou órgãosonde trabalham profissionais da imprensano nosso Estado.

Mesmo recebendo váriasmanifestaçõesde colegas que nos disseram ter adquiridopelo menosuma dasvárias formasde DORT(Doenças Osteo-musculares Relativas aoTrabalho), principalmente as LER (Lesõespor EsforçosRepetitivos, não conseguimosatingir o retorno esperado coma iniciativa.

Para nossa decepção, porém, logo ficouclaro que a causa do problema não foi exa-tamente o fato de poucos jornalistasparanaenses teremadquirido DORTs. Mui-to pelo contrário. Numa rápida conversacom colegas da imprensa tanto de Curitibacomo no Interior do Estado, percebemos

Carta aberta aos jornalistas do Paranáque as causas deste aparente conformismoda categoria são outras.

A principal delas parece ser o receio deque, ao denunciar o problema ao Sindijor, ojornalista acabe sofrendo alguma forma derepresália dosseuspatrões. Não nos surpre-ende que isto realmente esteja acontecen-do, considerando aspráticasautoritáriasquecertos setores da classe patronal costumamadotar no Estado.

Há um fato novo, porém, que pode faci-litar as coisas para os profissionais que ad-quiriram doenças do trabalho e, de uma ououtra forma, estão sendo pressionados pe-los patrões. No Acordo Coletivo que oSindijor acaba de fechar com ospatrões, foiacertada a manutenção de uma cláusula queprevê punições às empresas que não zela-rem pelo atendimento dos profissionaisafe-tados pelas DORTs.

Naturalmente, esta conquista represen-ta apenas o início de um processo, que de-verá ter continuidade. Mesmo assim, é algobastante expressivo, porque obriga os pa-trões a tratarem o tema com um maior graude seriedade – o que, infelizmente, não vemacontecendo – e também porque encorajaos jornalistas a denunciar o problema e a

desenvolver ações para evitar as DORTs.Por este mesmo motivo, gostaríamos derenovar nosso pedido para que você nosaju-de nesta luta.

Além disso, estamos enviando uma car-ta aos patrões solicitando apoio no esforçopara enfrentarmos juntos as DORTs e dar-mos tratamento mais adequado ao tema.Não é uma solução definitiva para o pro-blema mas é importante porque, pelo me-nos, abre um canal de negociação com asempresas e contribui para desfazer a falsaidéia de que somos refratários ao diálogo.

O problema que maispreocupa a Comis-são de Saúde do Sindijor, porém, é outro: ofato de que grande parte da categoria pare-ce ainda não ter percebido a gravidade dasdoenças do trabalho. Já dissemos que a nos-sa preocupação com as DORTs não é gra-tuita. As doenças do trabalho atingem, in-distintamente, repórteres/redatores, edito-res, cinegrafistas, fotógrafos e assessoresdeimprensa.

E, o que é pior, estão se tornando cadavez mais comuns, por conta da sobrecargade trabalho e da inexistência de condiçõesadequadas para o exercício profissional emmuitas Redações. O resultado disto é pre-

visível. É cada vez mais freqüente osurgimento de colegas que reclamam porestar sofrendo pontadas freqüentes e sensa-çãodepeso no braço oupunho afetados, dor,formigamento, inchaço, vermelhidão dapele na área atingida, dormência, perda daforça muscular e atrofias.

Por este motivo, novamente, gostaría-mosde chamar a sua atenção para o proble-ma. Se você apresentar ou conhecer algumcolega de profissão que esteja apresentan-do um ou mais destes sintomas, avise-nos.Você pode estar sendo vítima das doençasdo trabalho. Pense que o silêncio diante doproblema pode custar muito caro à sua saú-de. Há dezenas de colegas que, por ignora-rem as DORTs, acabaram se tornando pra-ticamente inválidos para o trabalho. Nãopermita que o mesmo aconteça com vocêou seus colegas de profissão.

Ajude-nosadar ao problemao tratamen-to sério que as doenças do trabalho mere-cem. Não só por você, mas por todos nós.

Obrigado e umgrande abraço.

Aurélio Munhoz e Flávio PedronComissão de Saúde do Sindicato dos

Jornalistas do Paraná

Metas para 2001

expediente

Mário Messagi Júnior

Há um fosso entre a realidade e aConvenção Coletiva de Trabalho -CCT- dos jornalistasdo Paraná. Ou

seja: temos, entre os jornalistas, um dos me-lhores instrumentos normativos da relaçãocapital/trabalho do Brasil. No entanto, mui-tos dos nossos direitos são, na prática dealgumas empresas, letra morta. Os exem-plos vão desde terceirizações irregulares,negligência coma saúde dos jornalistas, nãopagamento do adicional de horas-extras, nãopagamento, puro e simples, de horas-extras,o não pagamento de direitos autorais até a

contratação de profissionais irregulares, onão pagamento do piso da categoria e a uti-lização de estagiários (muitas vezes sempagar um centavo sequer).

Em 2001, diminuir esta distância en-tre as práticas das empresas e a Conven-ção será um dos principais desafios doSindicato. Os instrumentos para alcançaresta meta são variados. Denúncias à DRTmuitas vezes solucionam problemas comhoras-extras não pagas, contratações eterceirizações irregulares, utilização deestagiários como mão-de-obra barata, etc.Ajuizar ações, com o respaldo da catego-ria, pressiona os veículos a cumprir a lei,

além de, a médio prazo, resgatar direitosdesrespeitados. Intimar as empresas aconstituir, como determinada a CCT, co-missão para discutir direito autoral é umpasso para que os jornalistas recebamquando seu trabalho for vendido a tercei-ros.

Em poucas palavras, a ação do Sindi-cato, em 2001, deve ser mais agressiva.Mais: deve ser intransigente quando di-reitos forem desrespeitados. Para tanto,o Sindicato está preparando uma série deações, como a edição simplificada da CCTem formato de bolso, a publicação decartilhas e a pressão sobre a empresas para

discutir Participação nos Lucros e Resul-tados - PLR - e Plano de Cargos e Salári-os (também previsto na CCT).

As ações têm dois endereços diferen-tes. Primeiro, os jornalistas, sem os quaisqualquer ação do Sindicato não terá eco ecairá no descrédito. Segundo, as empresasjornalísticas, principalmente aquelas quetêm se feito notar pelo desrespeito aos seusempregados. Aestas, podemos garantir que2001 será um ano de muitas realizações.Nossas, pelo menos.

Mário Messagi Júnioré o presidente do Sindicato

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campanha salarial 2000

Reajuste integral, mas parcelado

AgostoOs jornalistas realizam assembléias emtodo o Estado e entregam apauta de reivindicações aosindicato patronal.

12 de setembroPrimeira reunião na sede doSindicato. O sindicato patronalapresenta uma pautaconsiderada “indecente” pelosjornalistas. Propõe pagarapenas a metade do INPC(seria 3,4%), ainda assim

divididos em duas parcelas. Quer, ainda, aexclusão de cláusulas importantes como a

hora-extra, o anuênio, opagamento de direito autoral eas multas para os atrasos desalários. E ataca frontalmenteos sindicatos, ao solicitarem ofim das reuniões nas redações.

18- 22 de setembroO Sindicato real izaassemblé ia s nasredações. Porunanimidade , os

Foram dois me-ses de negocia-ção, até que em

20 de novembro ossindicatos de Jorna-listas do Paraná e osindi cat o pa t rona lchegaram a um acor-do para a ConvençãoColet iva de Traba-lho, que vigorará atéo ut ub r o d e 2 00 1 .Pelo acordo os jorna-listas mantiveram ascláusulas soci ais eobt iveram reajusteintegral da inflaçãoent r e ou t ub r o d e1999 e setembro de2000 (7%, segundo oINPC), ainda que deforma parcelada.

Assim, garant iu-se um reajuste de 3,5% aos salár i-os, retroat ivo a outubro, o que fezo piso salar ial ser de R$ 1.067,73(mil reais, sessenta e sete reais esetenta e três centavos). Em março,os jornal istas receberão mais 3,5%,o que eleva o piso salar ial para R$1.103,83 (mil r eais, cento e tr êscentavos e oitenta e três centavos) .Para o presidente do Sindicato dosJornal istas, Mário Messagi Júnior,o Sindicato conseguiu o possível ,tendo em vista os acordos salar iaisobt idos por outras categor ias. Ou-tra questão é que os jornal istas nãoter iam garant ia de reajuste integralda inflação, caso fosse julgado o

processo de dissídio pelo TribunalRegional do Trabalho, o que cer ta-mente não acontecer ia até o fim de2001.

Sem perdas futurasPelo acordo, o Sindicato dos Jor-

nal istas impediu os patrões de modi-ficarem por completo as relações detrabalho dos jornalistas paranaenses.Eles propuseram o fim de importan-tes cláusulas econômicas e sociais,como a suspensão ou congelamentodo anuênio, o fim do pagamento dashoras-extras e das multas às empre-sas por atraso nos salários. Os patrõestambém queriam impedir o Sindica-

Os principaispontos do

acordo- Reajuste de 3,5%. O

piso salarial passou aser de R$ 1.067,73(mil e sessenta e setereais e setenta e trêscentavos)

- Em março, reajustede 3,5%. O pisosalarial sobe para R$1.103,83 (mil, cento etrês reais e oitenta etrês centavos).

- Multa às empresasque não aceitarem arealização de um laudotécnico sobre ascondições de trabalhooferecidas aosjornalistas.

- Manutenção dascláusulas sociais queos patrões propuseramretirar, como hora-extrae anuênio.

jornal istas reje i tam aproposta patronal .

23 de setembroO Sindicato fazpanfletagem na BocaMaldita (foto). E mostrouuma faixa com os dizeres“Jornalista ganha mal, masisso não sai no jornal”. Nodia seguinte- era domingo-repetiu a estratégia na Feirado Artesanato, no Largo daOrdem.

HISTÓRICO DA NEGOCIAÇÃO

28 de setembroReunião na Delegacia Regional doTrabalho. O sindicato patronal nãoapresentou propostas, mas secomprometeua retomar as

negociações. Apesarda garantia formal,Assessoria Jurídicado Sindicato deuentrada comprocesso de dissídiocoletivo no TribunalRegional doTrabalho.Em

erso

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lthaz

ar

to de real izar reuniões nas redações,o que acarretaria em dificuldades ain-da maiores para a entidade mobilizara categoria.

Além do reajuste parcelado da in-flação, a novidade da nova CCT emrelação à assinada ano passado é a co-brança de multa às empresas que nãorealizarem laudo técnico sobre as con-dições de trabalho oferecidas aos jor-nalistas. A médio prazo essa cláusulapode coibir um grave problema de saú-de enfrentado pela categoria: as lesõespor esforço repeti tivo provocadas,muitas vezes, porque as empresas ade-quaram as redações às máquinas e nãoaos seres humanos.

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campanha salarial 2000

HISTÓRICO DA NEGOCIAÇÃO

3 de outubroO Sindicato lança o projeto Rondada Noite, no Café Curaçao. Oprimeiro evento tem como pretextoa negociação salarial e o “não” àspropostas patronais.

11 d e outu broNova reunião entre ossindicat os de jor nal istas e opatrona l . Os patrões reduzemsua pauta e acei tam fecharacor do com a discussão de doispontos: salár io s eanuênio. El es pro põempagar 4% de reajuste,ma is abo no de R$400,00 deposi tado emuma previdênciapr i vada e o fim ou

congelamento do anuênio. Nassemanas seguintes os jor nal ist asreal izam assemblé ias e r eje i tam aproposta.

16 d e outu broO Sindicato fecha acordo com oSindica to das Agênc ias dePropaganda do Estado do Paraná egar ante rea juste de 7%, semparcelament o, além dasmanutenção das cl áusula s soci ais.

31 d e outu broNovanegociação comos pat rões.Eles acei tampagar 7% dereajuste, em

Fim do anuênio aindaé proposta patronal

duas parcelas de 3,5%. Mas,insistem no fi m do anuêni o.

17 de n ovembroO sindicato pat ronal acei ta emmanter a cláusula do anuênio,desde que na CCT exista um itemprevendo uma negociação entre ossindicatos no futuro.

20 de n ovembroEm assembléia no S indicatojornal istas acei tam o acordo,inter ro mpendo o processo dejulgamento de di ssí dio no TRT.Pelo acordo os jornal istasreceber am 7% de reajuste, emduas parcela s de 3,5% emantive ram as cl áusulassociais.

A negociação entre Sin-dicatos de Jornalistas erepr esentantes patro-

nais realizadas nesse ano forampolar izadas pela discussão dedois temas. O reajuste salar iale a hipótese do fim ou conge-lamento do anuênio, grat ifica-ção sobre tempo de serviço eque é concedida aos jornal istasdesde 79. Os patrões queremtirar a gratificação e o assuntopoderá voltar a tona ano quevem, tendo sua discussão pre-vista na atual Convenção Cole-tiva de Trabalho.

Mas o que está por trás daproposta do anuênio? Para Nel-son Karam, diretor do Dieese -Depar tamento Intersindical deEstat íst ica e Estudos Sócio-econômicos – a proposta é gra-ve pela idéia que a envolve: acr ença das empr esas de q uemesmo reduzindo seus custos,o jornalista trabalhará melhor.“Se você olhar na estrutura decustos das diferentes empresas de co-municação, verá que o anuênio pesa

pouquí ssi mo den t r o de l a s” , d i zKaram. O diretor do Dieese, que es-

teve em uma das reuniões entrejornalistas e representantes patro-nais, acredi ta que as empresasqueiram evitar que os trabalhado-res se acomodem no emprego. “Alógica que está movendo as empre-sas jornalísticas a rever o anuênioé essa: não vou garantir nada au-tomaticamente ao traba lhador,porque isso pode gerar um certoacomodamento. Ao contrário, voufazer com que ele se veja perma-nentemente impulsionado a apre-sentar resultados e, através disso,vou remunerá-lo”, finaliza.

Para o Sindicato o fim do anu-ênio trar ia perda salarial aos jor-nalistas, e influiria negativamen-te nas redações. A entidade defen-de a manutenção da grat ificação,que é um dos poucos mecanismosque distinguem os salár ios rece-bidos por jornalistas experientese novatos. Sem gratificações comoo anuênio, em algumas empresascorrer ia-se o risco do piso salari-al ser efetivamente igual ao teto,

o que para uma categoria não é nadasalutar.

As delegacias regionais do Sindicatodos Jornalistas realizaram em 10 e 11de outubro eleições para a escolhados seus coordenadores, secretários erepresentantes no Conselho dedelegados para o triênio 2000/2003.Foram às urnas jornalistas dascidades de Cascavel, Guarapuava,Foz do Iguaçu, Pato Branco eFrancisco Beltrão. Dentre asresponsabilidades dos novosdiretores está manter a fiscalizaçãodo exercício legal da profissão dejornalista, o acompanhamento daqualidade de ensino de faculdades decomunicação e a execução de umacampanha ampla de filiação aoSindicato.

Os diretores

CascavelCarlos Gruber Neto- coordenadorMário Lemanski- secretárioDébora Cristina Lopes- representanteno Conselho de Delegados.

Foz do IguaçuMarcelo Arend da Silva-coordenadorMaria Áurea da Cunha - secretáriaLuciana de Souza Vicençoni,representante no Conselho deDelegados.

GuarapuavaLuiz Carlos Dias Júnior-coordenadorNewton Amorim da Silva Jr.-secretárioMarisa do Belém Pereira Kaminski-representante no Conselho

Pato Branco/Francisco BeltrãoFlávio Pedron - coordenadorAri Ignácio de Lima- secretárioRui da Cunha Machado-representante no ConselhoHeloíza Inocêncio- suplente

Ponta GrossaLuís Carlos Dzulinski - coordenadorVictor Emanoel Folquening-secretárioCíntia Xavier- representante noConselho

Delegaciaselegemdiretores

Emerson Balthazar

Karam: o anuênio pesa muitopouco às empresas

interior

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prêmio inepar

OSindicato dos Jornalistas e a Fun-dação Inepar promoveram em 14de dezembro, no restaurante

temático Vintage, a solenidade de entregada segunda edição do Prêmio Inepar. Umdos poucos concursos no país a estimularde forma direta o aperfeiçoamento profis-sional de jornalistas, o Prêmio foi dividi-do em duas categorias - Brasil e Paraná,tendo respectivamente como temas “Ener-gia e telecomunicações” e “Direitos huma-nos”. Na categoria Brasil venceu a repor-tagem “Dúvidas.com”, de autoria deNilson Vargas, Guilherme Diefenthaeler,José Alberto Gonçalves Pereira e Eduar-do Salgado, publicada pela revista Ama-nhã, de Porto Alegre (RS). Na categoriaParaná, somente para jornalistas do Esta-do, quem venceu foi Valmir Denardin, daFolha do Paraná, com a reportagem “Tes-temunhas em perigo”.

Osquatro vencedoresda categoria Bra-sil receberam um prêmio de R$ 5 mil emdinheiro, que foi dividido entre eles.Denardin recebeu como prêmio R$ 7 milem forma de incentivo a sua formação pro-fissional. Era o que esperava. “Euacho quefoi uma iniciativa feliz da Inepar e do Sin-dicato em ter prêmio de incentivo à for-mação. E foi isso o que me motivou a ins-crever a reportagem ao Prêmio”, disseDenardim. Como Prêmio, o jornalista querrealizar um curso de aperfeiçoamento eminglês, preferencialmente no exterior. O

Premiação destaca ojornalismo investigativo

Inepar foi a terceira distinção rece-bida por Denardim em sua carrei-ra. Em 98, foi finalista do Esso Re-gional Sul. Em 99, ganhou um prê-mio da Prefeitura de Foz do Iguaçu,referente a Turismo.

Asreportagensvencedoras tive-ram em comum a opção dos jorna-listas pelo jornalismo investigativo.“Testemunhas em perigo”, vence-dora da categoria Paraná, mostra asituação crítica em que vivem astestemunhas de crimes no Estado. Denun-cia também a falta de proteção e as falhasdo programa de proteção a testemunhasno Paraná. Já a reportagem “Dúvida.com”aborda questões que o Brasil terá de res-ponder para não virar coadjuvante na eradigital.

A comissão julgadora da categoriaParaná foi formada pelos jornalistasNilson Monteiro (Gazeta Mercantil),

Paulo Pedron (Instituto de Defesa dosDireitos Humanos), Luís Henr iqueHermann (APP-Sindicato), EduardoGoulart, Paulo Briguet (UEL) e RicardoWoitowycz (Inepar).Na categoria Brasil,os julgadores foram Washington Mello(assessor do senador Arlindo Porto),Mirian Gasparin (Gazeta do Povo),Rosane Henn (Gazeta do Povo) e SérgioCosta (Inepar).

Abertas asinscrições parao Sangue Novo

Estão abertasaté 26 de janeiro asinscriçõespara o 6º Prêmio SangueNovo no Jornalismo Paranaense,promoção do Sindicato dosJornalistaseque este ano tem patrocínio da RedeParanaensedeComunicação, atravésdaGazeta do Povo e da TV Paranaense -Canal 12.

Uma dasprincipaispremiaçõesdirigidasaosacadêmicosde Jornalismono Paraná, o Sangue Novo tem nestaedição um regulamento discutido eaprovado por representantesdoSindicato e das escolas de comunicação.Onze categorias compõem o Prêmio.Quatro de reportagem(impressa, pararádio, para televisão e fotográfica),cinco de projetos (emtelejornalismo,radiojornalismo, jornalismo impresso,jornalismo para internet e jornalísticolivre), maisascategoriasde MelhorMonografia eJornal Laboratório.

Dentre as novidades no ano há alimitação do número máximo deacadêmicos inscritospor trabalho. Ostrabalhosde projetospodemter até 20alunos, desde que definidas suasfunções. Em reportagenspara TV onúmero máximo é de seis alunos portrabalho. ReportagemparaRádio,ReportagemImpressa e ReportagemFotográfica o limite é de dois alunos.Melhor Monografia é trabalhoindividual. Outra novidade é que ostrabalhosnão poderão trazer oscréditosda instituição de origem.

Aexpectativa do Sindicato é queneste ano o Sangue Novo tenha novorecorde de trabalhos inscritose deinstituiçõese alunos participantes. Anopassado inscreveram-se 156 trabalhos,oriundosde seis instituições. Comonovas instituiçõespassaram a oferecercurso de Jornalismo em2000, estesnúmeros podemser ampliados.

As inscriçõesao 6º Prêmio SangueNovo podemser feitasnaSecretaria doSindicato, na Rua José Loureiro, 211,CEP 80010-140, Curitiba.Sóserãoaceitostrabalhosapresentadosentrejaneiro de 2000 e 25 de janeiro de 2001,limitando-se ao máximo de duasinscriçõespor autor ou equipe emcadacategoria.

Desde 1 º d e d ez emb r o aARFOC - Associação dos Re-pór teres Fotográficos e Cine-mat ográ fi cos d o P ar aná temnova diretoria. Luiz Augusto deOliveira Costa, repórter -foto-gráfico da Gazeta do Povo, foiempossado presidente para obiênio 2001- 2002, sucedendo aIrany Carlos Magno. Dentre asmetas da diretoria estão a ampli-ação do quadro associat ivo, apar t icipação ativa da associação naentidade nacional (a ARFOC - Brasil ),e a organização de novas exposições

Nova diretoria para o biênio 2001/2002

de fotojornal ismo.Além de Costa, na diretoria executiva

da entidade estão Ricardo Almeida (Pre-

feitura de Curitiba), como vice-presidente; Valterci dos Santos(Gazeta do Povo), como 1º tesou-reiro; João Noronha e ChunitiKawamura (ambos do jornal O Es-tado do Paraná), respectivamentecomo 2º tesoureiro e 1º secretá-rio, e Dino Sandro Menon (TVParanaense), como 2º secretário.

A posse da Diretoria acon-teceu no Memorial de Curit i-ba, com a aber tura de três ex-

posiçõesdistintas de fotojor-nalismo, quepermanecem até 18 de fevereiro, noSalão Brasil.

ValmirDenardin eGuilhermeDiefenthaeler(abaixo): osvencedoresda segundaedição doPrêmio Ineparde Jornalismo

arfoc

Luiz Augusto Costa, ao centro, e integrantesda nova diretoria da ARFOC

Divulgação

Emer

son

Balth

azar

Emerson Balthazar

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eleições 2000

Adias da posse dos eleitose m

outubro, duas perguntas sefazem necessárias sobre o

t r abalho da imprensa sobre aseleições a prefeitos e vere-

adores. A imprensa cobriu de forma de-mocrática as eleições, oferecendo espaçoigual e tratamento jornalístico aos candi-datos, principalmente no segundo turno?E a cobertura realizada por ela interferiunos resultados? Por causa dessas questõeso Extra-Pauta ouviu jornalistas que cobri-ram as eleições e fez uma análise dasmatérias publicadas em quatro jornais di-ários de Curitiba (deixando de lado, por-tanto, a cobertura de rádio e televisão, porserem estas de difícil documentação).Essa análise também não levou em contao material produzido por colunistas, cujaprodução se desenvolve independente daseditorias dos jornais.

Embora a análise seja sobre jornais, éreconhecido que estes têm influência in-direta junto aos eleitores, o que não acon-tece com as matérias de televisão e rádio,inclusive programas do horário político.“A TV interfere muito”, reconheceSandra Contarim Pacheco, editora de Po-lítica de O Estado do Paraná, para quem“os jornais atingem uma certa elite, quenão é tão influenciável assim como a par-cela da sociedade que vê TV”.

Para Teresa Urban, chefe de Jornalis-mo da Folha do Paraná, a influência dosveículos de comunicação em eleições re-laciona-se com a sociedade e os candida-tos. “Quando uma campanha não tem for-te laço com a população, os meios de co-municação acabam tendo papel de forma-dor de opinião maior que o comum. Quan-do a discussão política é pautada pela so-ciedade, esse papel é neutralizado”, afir-ma. Na sua opinião, seria essa participa-ção política da sociedade o que teria di-ferenciado as eleições desse ano em Lon-drina e Curitiba, principalmente no segun-do turno. “O Nedson (Micheletti, prefei-to eleito em Londrina pelo PT) não tevena imprensa seu carro-chefe. Em Curitiba,o quadro muda. O que apareceu no jornalfoi muito forte, embora os próprios jor-nalistas tendam a dar valor excessivo ao

Jornais e eleiçõespapel que a imprensa de-sempenha”.

O deputado MarcosIsfer, coordenador dacampanha de CássioTaniguchi no primeiroturno, acredita que a im-prensa paranaense divul-gou bem as eleições.“Houve cobertura comimparcialidade. Amaioriados veículos abriu espa-ços para os dois lados”,diz. Para o deputado, umperíodo fundamental dotrabalho da imprensa te-ria sido o segundo turno,quando existiram “maté-rias sobre a postura dos candidatos, suasproposições e performances”.

Roberto Salomão, jornalista e diretorda campanha do candidato ÂngeloVanhoni (PT), tem uma visão diferente.Ele considerou a imprensa apática e osjornalistas tímidos para abordarem os as-suntos. “A imprensa do Paraná tem mávontade de investigar o poder, porque émuito dependente do governo e da pre-feitura. Os jornalistas estão muito no dia-a-dia, o que implica em uma coberturamorna”, afirma. Salomão destacou que aimprensa beneficiou Cássio Taniguchi(PFL), não só através do noticiário, maspela omissão em investigar denúncias. Asdenúncias que chegaram às redações, con-tudo, não o foram através do PT, mas doPMDB. O PT preferiu adotar outra pos-tura, seja por opção política, ou porquenão teve uma estrutura de assessoria deimprensa capaz de enviar matérias diari-amente às redações.

Perguntado se o apoio das empresasde comunicação a Cássio foi conseqüên-cia ao anúncio do PT, de que iria cortarem um terço os custos com propagandaquando admnistrasse Curitiba, Salomãoresponde que não sabe o quanto isso in-terferiu. “Não havia um comportamentoamigável dos veículos ao PT antes dacampanha”, observa.

Gazeta do PovoMatérias sobre denúncias esbarraram

em normas internas de alguns jornais, pre-

ocupados em não ter umprocesso judicial por contadas eleições. A Gazeta doPovo, por exemplo, decidiuque só publicaria denúnci-as com sentenças julgadaspela Justiça. Na Gazeta, acobertura das eleições aten-deu ao padrão estabelecidopela Rede Globo de Televi-são aos jornais de suas em-presas afiliadas. O jornalprocurou dar voz a eleitorese atuar em prol da cidada-nia, destacando a importân-cia do voto. No que se refe-re a políticos, o jornal op-tou por repercutir o resulta-

do das pesquisas e apresentar curiosida-des sobre candidatos a prefeito e verea-dor. No segundo turno de Curitiba, alémde repercutir o resultado das pesquisas, ojornal relatou os temas abordados peloscandidatos no programa eleitoral de rádioe TV. O jornal ofereceu espaços iguais aoscandidatos e abriu diariamente uma pági-na para que mostrassem sua opinião anteos problemas da cidade. Essa linha, fezcom que o jornal não entrasse nas polê-micas que marcaram a campanha emCuritiba.

Na editoria de política a repórterKátia Chagas cobriu a campanha de Cás-sio Taniguchi, enquanto Sílvia Macedo ade Ângelo Vanhoni.Ambas escreviam, di-ariamente, o mesmo número de linhas etoques sobre os candidatos. “A gente ti-nha um acordo. Às vezes uma tinha mui-to material e a outra tinha pouco. Então,conversávamos sobre o que poderíamosaumentar na matéria, ou diminuir”, lem-bra Kátia. Se a Gazeta garantiu tratamen-to igual nos textos publicados nas pági-nas de política, não se pode dizer que naeleição houve um comportamento exem-plar. Um exemplo é a nota sobre vanda-lismo em um telefone público, publicadana página 2, em 24 de outubro. Entitulada“Prazer ou necessidade de reeducação”,a nota diz que “o orelhão está totalmentepichado e, se não bastasse, como estamosem época de eleição, é alvo de adesivospolíticos”.Isso, como se partisse deVanhoni a determinação para que adesi-vos fossem colados em bens públicos, oucomo se telefones pichados só existissemem época de eleição.

O Estado do ParanáNo caso de O Estado do Paraná, a edi-

tora de política Sandra Cantarim Pachecodiz que a orientação foi para que os candi-

Foto com telefone públicopichado e adesivo de

Vanhoni, publicada pelaGazeta do Povo na semana

no segundo turno

Repr

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Trecho da matéria “Prefeitura reage à polêmica do IPTU”, publicada pelo O Estadodo Parná em 1º de outubro. Matéria proveniente do Comite de Cássio Taniguchi

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eleições 2000

datos tivessem espa-ço idêntico, “princi-palmente no segun-do turno”. “No pri-meiro, só foi orien-tado para houvesseuma cobertura equi-librada, sem esque-cer os nanicos”, ex-plica. Uma leituraatenta revela que ojornal ofereceuapoio à candidaturade Cássio Taniguchie também aos vereadores Fábio Camargo(PSC), Luiz Felipe Braga Cortes e NeiLeprevost (PFL), estes noticiados com fre-qüência na coluna Panorama.

Se houve mérito na cobertura de O Es-tado do Paraná, é que todos os assuntos fo-rampautadose houve espaço para o PT. Noentanto, em1º de outubro, data do primeiroturno, o jornal abriu a página 5 com a maté-ria “Prefeitura reage à polêmica do IPTU”.Essa matéria teve seu texto trabalhado pelojornal, a partir de um release oriundo doComitê de Cássio Taniguchi e comparouvalores de IPTUcobradosemCuritiba comosdascapitais governadaspelo PT. Isso, noinstante em que a votação dos partidos deoposição forçava o segundo turno emCuritiba, exatamente entre PFL e PT.

No segundo turno, O Estado do Paranádeu destaque exagerado a visita que Cás-sio Taniguchi fez à redação em 4 de outu-bro. Cássio ganhou a primeira página, tra-tamento não dado à visita de ÂngeloVanhoni. Chamadas de destaque na primei-ra página alertaram aos eleitores que Cás-sio estava subindo nas pesquisas, o que foifeito de forma tímida após o primeiro tur-no, quando Vanhoni veio a liderar as in-tenções de voto. Matérias comuns aos doiscandidatos, como as que traziam resulta-dos de pesquisas, iniciavam geralmenteenfocando a candidatura de Taniguchi.

Folha do ParanáA Folha do Paraná foi o jornal que

mais destinou espaços à esquerda. Hou-ve políticos que reagiram negativamenteà Folha nas eleições, mas não necessaria-mente pela cobertura jornalística. O jor-nal resolveu aferir a opinião de eleitoresmontando um instituto de pesquisas pró-prio, cujo resultado não foi dos melho-res, sobretudo no primeiro turno.

Em 1º de outubro, dia do primeiro tur-no, a pesquisa do jornal apontava CássioTaniguchi com 48,7% e Ângelo Vanhonicom 19,6% ( o resultado terminou sendode 43,97% para o primeiro e 35,37% parao segundo). Em Londrina, com base napesquisa, o jornal afirmou: “Luiz CarlosHauly praticamente tem assegurada a vagapara o segundo turno, com 30,5% das in-tenções de voto”. Foram para o segundoturno Nedson Micheletti (PT), que napesquisa estava em 4º lugar com 13%, eBarbosa Neto, o 2º colocado da pesquisacom 15,1%. “Na última pesquisa a gentetinha franca ascensão de Nedson e umarejeição grande a Hauly. E a rejeição é tãoimportante quanto percentual. A vitóriado Nedson só surpreendeu pelo tamanhoda diferença”, defendeu Teresa Urban.

Por conta do desempenho das pesqui-sas no primeiro turno, a Folha iria sofrercríticas do vereador Jorge Samek (PT),quando em 20 de outubro apontou CássioTaniguchi à frente de Vanhoni. O verea-dor disse à Rádio CBN que a pesquisa nãoera confiável. Teresa Urban viu a críticacomo um ato isolado do petista. “O fato é

Gráficos dapesquisa daFolha doParaná,publicados em1º de outubro:dia doprimeiro turnoem Curitiba eLondrina

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odu

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Reprodução

que PT não soube aprovei-tar as informações que apesquisa estava dizendo,como sexo e faixa de ren-da, que diziam muito sobreo que estava acontecendoem Curitiba”, rebateu Te-resa.

Jornal do EstadoSe houve um jornal di-

ário em Curitiba que nãoescondeu sua preferênciapolítica, este foi o Jornal doEstado. Não é necessáriauma leitura atenta das ma-térias para ter a impressãode que o JE se pautou peloritmo e interesses do Comi-tê de Campanha de CássioTaniguchi. Serve comoexemplo a página 3 do Jor-nal, publicada em 27 de ou-tubro, dois dias antes do se-gundo e decisivo tur-no. Sem uma explica-ção plausível, a nãoser trazer medo aos(e)leitores, o JE trou-xe a tona o caso dasinvasões de terrenosda Ferrovila, ocorrida em 91. Esse tinhasido o principal assunto do programa dohorário gratuito de Taniguchi, exatamentena noite anterior.

Outro exemplo: no segundo turno, oJE enfatizou que o PT estaria esconden-do da imprensa o candidato a vice-prefei-to, José Maurino. Em uma das matérias,diz textualmente que o vice de Vanhoniera despreparado. A matéria acabou sen-do repercutida no horário político do PFLe mesmo em jornais apócrifos distribuí-dos na rua. O JE provocou, ainda, a irada oposição ao divulgar duas listas de se-cretariado do PT – nelas chegaram a cons-

A sede do JEe o muro:

pichação éuma ironia ou

percepçãodiferente da

realidade?

Emerson Balthazar

tar os jornalistas RobertoSalomão, Maigue Gueths,Élson Faxina, MariTortato, Terza Urban e LeaOksenberg -, publicadasenquanto o candidatopetista estava à frente naspesquisas. A veracidadedessas listas é até hoje con-testada pelo Partido dosTrabalhadores.

A opção por CássioTaniguchi estava clara in-clusive na paginação dojornal . O JE reservavasempre a página 3 para acandidatura à reeleição doprefeito, sendo que na pá-gina só saíram matérias so-bre o PT quando negativas.Procurado pelo Extra Pau-ta para comentar sobre acobertura do JE nas elei-ções, o diretor AroldoMurá preferiu não conce-

der entrevista, lembrando que esta seriauma discussão “longa e interminável”.Mesmo sendo favorável a CássioTaniguchi, no período das eleições o Jor-nal do Estado seria alvo de uma ironia.Por mais de um mês, em um muro anexoa sua sede, na Cândido de Abreu, haviauma pichação com a frase “Jornal do Est.é PT”. Este muro foi pintado pelo Jornal,em seqüência à pintura de sua fachada:agora inteiramente branca.

Dois exemplos dacobertura realizada

pelo Jornal do Estadona eleição

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eleições 2000

Para que a população não possa serinduzida a votar em um candidato, o si-lêncio. Essa foi a intenção da juíza elei-toral de Guarapuava, Christine Kamp-mann Bittencourt, que determinou em 30de outubro que as seis rádios da regiãoficassemfora do ar por 24 horas. Asemis-soras não puderam transmitir nem mes-mo suas programações musicais. Naseleições a juíza foi, ainda, indiretamen-te responsável por outro episódio: o fe-chamento do Departamento de Jorna-lismo da Rádio Exclusiva, em resposta auma multa contra a emissora.

Segundo o jornalista Luiz Carlos DiasJúnior, editor da Folha Regional, a “juízatentouusar a lei ao pé da letra”. Como naeleição anterior a prefeito de Guarapuavaa Justiça suspendeu por 24 horas a RádioGuairacá FM, nesse pleito era provávelque uma emissora ao menos sofresse mul-tas e sansões. Mas não todas. Foramsuspensas asrádios Atalaia AM, DifusoraAM, Exclusiva AM, Entre Rios FM, Cul-tura AM/FM e Guairacá FM. O motivoda suspensão foi a leitura de um panfletoapócrifo na Rádio Cultura.

Como acontece em muitas cidades dointerior, em Guarapuava são bastante ní-tidas as relações entre veículos de comu-nicação e políticos. A Rádio Guairacáfez a campanha de seu proprietário: o de-putado Fernando Ribas Carli (PPB). ARádio Cultura, Atalaia e Difusora foramfavoráveis a candidatura a reeleição deVitor Hugo Burko (PSDB), que termi-nou vitoriosa. A primeira emissora per-tence a um grupo religioso, enquanto que

Pelo menos dois jornalistas emCuritiba perderam seus empregosdurante as eleições, por se oporem a

publicar notícias ao gosto das empresas,conforme suas conveniências política oueconômica. No início de outubro, AdirNasser Júnior foi afastado da editoria deEconomia do Jornal do Estado para, emse-guida, pedir demissão do jornal. Em 26 deoutubro, Roseli Abrão pediu demissão doDiário Popular.

Adir Nasser Júnior deixou o Jornal doEstado, após recusar que seu nome apare-

Jornalistas pedem demissãocesse no expediente do jornal, como editorde Economia, em 1º de outubro. Em 30 desetembro, ele foi chamado pela chefia dojornal para publicar uma matéria contra oPT.“Era uma matéria sobre IPTU, que tra-çava um comparativo com os das cidadesdo PT. Eu não poderia mudar uma vírgula eeditar nada”, lembrou. Ao pedir que seunome não saísse no expediente, Adir per-deu a editoria por ordem de Aroldo Murá.Adir ainda trabalhou dois dias como repór-ter, mas como havia vencido seu prazo deexperiência, pediu demissão.

Roseli Abrão saiu do Diário Popular jána reta final do segundo turno. Seu casofoi levado ao conhecimento do vereadorTadeu Veneri (PT), que em 30 de outubrofez pronunciamento na Câmara Municipala favor da jornalista. “O que foi dito pelajornalista Roseli Abrão é que ela não fariacampanha a nenhum dos dois candidatos eque manteria sua independência”, relatouVeneri.“As pressões que sofreu foram ex-tremamente grandes e ela preferiu demi-tir-se a perder sua dignidade”, enfatizou.O discurso foi reproduzido pelo Diário em

sua edição de 31 de outubro, com uma notada redação. Na nota, a direção do Diárioapresentou seu conceito de liberdade deimprensa. “Há liberdade, que caminha coma liberdade de imprensa, para as empresasagirem da melhor forma possível e de acor-do com a lei”. Sobre o pedido de demis-são, o jornal destacou que cada empresa“tem seus preceitos administrativos, o queé amplamente legal, e o direito de segui-los, assim como o trabalhador tem igualdireito, não concordando emnão fazer par-te do quadro funcional”.

Juíza tira rádios do arasdemais ao grupo de Artagão de MattosLeão. Nos jornais os interesses políticosdas empresas misturam-se da mesmaforma que os editoriais. O Folha Regio-nal defendeuVitor Hugo, assim como a“Nova Tribuna”, jornal de CristineEsteche, que foi secretária de comuni-cação de Burko. Na oposição está a Tri-buna de Guarapuava, dirigida pelo irmãode Cristine, Paulo Esteche, ex-secretá-rio de Comunicação do ex-prefeito CésarFranco.

Sem os empregosA juíza Christine Kampmann

Bittencourt não apenas proibiu as rádiosde funcionar no dia da eleição, comomultou asemissorasdurante a campanha.Por conta de uma multa, os jornalistasFrancisco Carbone e Paulo Bouzeki per-deram o emprego da Rádio Exclusiva,onde apresentavam o “Exclusiva Deba-te”. A emissora decidiu extinguir o De-partamento de Jornalismo e passou aretransmitir os radiojornais da RádioAmérica, de São Paulo. O curioso é quea experiência com jornalismo local du-rou pouco na emissora: apenas 45 dias.

Em agosto, Carbone perderia seu ou-tro emprego na TV Centro-oeste (emis-sora a cabo), onde apresentava o JornalTV. Uma denuncia contra o presidenteda Câmara de Vereadores, ValtamirSiqueira Alberti, teria sido o motivo paraa demissão. O jornalista estuda agoranovas propostas. Quer recomeçar a tra-balhar em janeiro, de preferência emGuarapuava ou Laranjeiras do Sul.

Quemimaginou que os jornaisapócrifosteriamvida curta naseleiçõesa prefeito teveuma decepção. Elescircularamdeforma ex-plícita e foramdistribuídospor caboseleito-rais nas ruas e em terminais de ônibus. Jor-nais apócrifos foram editados por todos ospartidospolíticos, escondidossobre o nomede movimentos ditos populares ou mesmodascoligaçõespartidárias.

O Sindicato dosJornalistasconside-ra jornal apócrifo aquele que não tenha jor-nalista responsável, isto é: um profissionalque responda pelas matérias judicialmente.E o Sindicato tentou fazer comqueTribunalRegional Eleitoral do Paraná considerassecrime eleitoral todosos jornaissemumpro-fissional responsável. O presidente da enti-dade, Mário Messagi Júnior, fez essa solici-tação pessoalmente ao presidente do TRE, odesembargador Tadeu Costa, emreunião re-alizada em2 de agosto. Mas, acabou ficandonisso.

Na eleição saíram jornais como o do“Movimento Sindical e Popular em Defesade Curitiba”, que na contracapa trouxe “11razões para não votar emVanhoni”, entre as

Apócrifos proliferaram nas eleiçõesquais“elenunca trabalhou”, “eleéateu”, “eledefende aviolência” e “ele ajudoua quebraroBanestado”.O“Jornal daGente!”, daCam-panha da Coligação Curitiba Vida Melhor,pró-Ângelo Vanhoni, misturou recursos depropaganda com jornalismo e colocou emmanchete : “Curitiba inteira é Vanhoni”. E,como nos jornais favoráveis a CássioTaniguchi, mais acusou o adversário quemostrou propostas de administração de seucandidato.

O desrespeito à ética jornalística não fi-cou restrito aosapócrifos. Houve jornaisdi-ários e de bairros, assinados por jornalistas,que fizeram feio mesmo após as eleições.Umexemplo é o Jornal da Barrei-rinha, quesaiu com a manchete “O bem venceu o malna última batalha do século”. A foto do“bem” traz Taniguchi abraçado a uma ido-sa, enquanto que o “mal” é representado porfotos de ÂngeloVanhoni, Roberto Requiãoe Álvaro Dias. O curioso é que o jornal temcomo responsável o jornalista e vereadorreeleito Jorge Bernardi (PDT), que apoiouVanhoni no segundo turno. Se fosse fute-bol, seria um autêntico gol contra.

Capa da ediçãode dezembro do

Jornal daBarreirinha

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9

memória

CasemiroEugênioLinarth

Márcio HenriqueMartins Geenenagora é nome de

rua. A proposição foi feitapela vereadora Julieta Reise aprovada pela CâmaraMunicipal de Curitiba.Márcio formou-se jornalis-ta em 1971 pela Universi-dadeFederal do Paranáe foiescritor premiado no Con-curso Unibanco de Litera-tura. Chefiou as redaçõesdos jornais O Estado doParaná e Tribuna doParaná e iniciou a circula-ção dos jornais Indústria &Comércio e Correio deNotícias. Foi tambémoedi-tor-chefe do jornal Cidade&Campo, publicado comoencarte na Voz do Paraná.Morreu prematuramenteem24 de outubro de 1977,aos 30 anos, num acidentede automóvel. Era casadocom a jornalista SumanGaertner.

Em menos de seis anoscomo profissional, MárcioGeenen desenvolveu umaatividade intensa. Três as-pectos merecem ser ressal-tados: a atuação política,coma participação no mo-vimento de oposição sindi-cal e na luta pela rede-mocratização do país, acon-tribuição para aqualificação profissional dosjornalistas de Curitiba e o seu estilojornalístico de muita criatividade.

Márcio inicioua sua atividade política jádurante o curso, como vice-presidente doCentro de Estudosde Jornalismo da UFPR,o CEJUP, na gestão 68/69, nos anos doura-dos do movimento estudantil no Paraná.Como destaque neste período, o reconheci-mento do curso pelo Ministério de Educa-ção e Cultura em novembro de 1968, apósuma greve memorável, quando era reitor daUniversidade Flávio Suplicyde Lacerda.

Mas a sua atuação mais intensa ocorreuapós ter saído da chefia de redação do Esta-do do Paraná, quando vários jornalistas for-

Sobre a rua MárcioGeenen

mados na Universidade buscavam novasal-ternativas profissionais, nosanos de 1975 a1977. Umgrupo de profissionaisda impren-sa se reunia quase todos os dias no extintoBar Cometa, na Rua XV de Novembro, emfrente à Livraria Ghignone. Grandes trocasde idéias sobre jornalismo e política, dasquaischegaram a participar mais de 25 pes-soas, entre jornalistase profissionais de ou-trasáreas.

Foi a época de um grande salto na quali-ficação dos jornalistas emCuritiba. Os cur-sos de jornalismo, na época, apresentavamdeficiênciasenormes, e isso foi amplamentecompensadocomas trocasde idéias, artigos,revistas e livros no Bar Cometa. A prática

Prêmio EssoO Prêmio Esso tem entre osfinalistas da categoriaRegional Sul dois jornalistasparanaenses. Lúcio FlávioMoura, da Folha do Paraná,compete com a reportagem“Pastoral da Criança-Sobreviventes Chegam àAdolescência Desassistidos”.Já Romeu de Bruns é finalistacom “Comida Perigosa”,escrita para a revista gaúchaAmanhã. O terceiro finalistada categoria é Carlos Wagner,do jornal Zero Hora, de PortoAlegre. O resultado do Esso saiem 19 de janeiro, emcerimônia no Sofitel RioPalace, Rio de Janeiro.

Direito deimagem?O registro da imagem de policiaismilitares retirando artesãos naPraça Santos Andrade, em 17 denovembro, gerou problemas aorepórter-fotográfico Kraw Penas,da Folha do Paraná. Ele foiameaçado pelo tenente NelsonEstocchero, que não gostou de serfotografado e disse textualmenteque teria uma conversa diferentecom o repórter, se sua imagemfosse publicada no jornal. Essa foia segunda vez que Kraw temproblemas com Estocchero, quemesmo fardado e em açãopolicial, protesta por um direitoque é pertinente a civis. O casofoi encaminhado a Ouvidoria doEstado.

Verdades?O “site” se diz ousado, feito porum grupo de jornalistasindependentes que resolveramfalar a verdade dos fatos que nãoaparecem na imprensa. Quemacessar o endereçowww.verdades.virtualeve.com iráse e deparar, porém, com umapéssima idéia do que é jornalismo,a começar pelo fato de serapócrifo. O “site” traz matériasvirulentas e não faz a crítica, masinsulta os jornalistas MárioMessagi Júnior, Teresa Urban,David Campos, Rafael de Lala eFabrício Binder. É caso de polícia.

vinha no dia seguinte, nasredações, evidentementecom as limitações impos-tas pela censura da ditadu-ra militar. Muitas idéiasfo-ramconcretizadasno jornalCidade & Campo, publi-cado aos domingos comoencarte na Voz do Paraná.O objetivo era sempre fu-rar a censura. Das trocasdeidéias participavam quasetodos os jornalistasque naépoca trabalhavam nas su-cursais emCuritiba de jor-naise revistasde Rio e SãoPaulo.

Márcio Geenen tam-bém teve um papel funda-mental na articulação domovimento de oposiçãosindical. Devido à inter-vençãonoSindicatodeJor-nalistaspela ditadura mili-tar, poucosprofissionaissedispunham a fazer oposi-ção. À primeira reuniãoparadiscutir a formação deumachapa alternativa, rea-lizada na Sucursal da Fo-lha de Londrina, que naépoca funcionava na PraçaOsório, compareceramapenas 15 jornalistas. Amaioriaera constituídaporformadoshá pouco tempona Universidade Federaldo Paraná, que ainda nãoeram registrados na Dele-gacia Regional do Traba-lho,porqueosdiplomasdo

curso não haviamsido expedidos, e portantonão podia votar. Foi do Márcio a indicaçãodo candidato deoposição,MiltonIvanHeller.

Foi também do Márcio a sugestão donome Bife Sujo para o pequeno bar situadonosfundosda Boca Maldita, que no começoreunia pouca gente, mas que, com o cresci-mento da oposição à ditadura, tornou-se lo-cal de encontro obrigatório dosque lutavampela redemocratização do país. Polêmico,com um estilo jornalístico brilhante, bomarticulador, Márcio Henrique MartinsGeenen deuuma grande contribuição ao jor-nalismo paranaense, e merecemuito maisdoque ser apenas um nome de rua.

CasemiroEugênioLinarth éjornalista..

Márcio Geenen foi homenageado com nome de rua. Era um jornalistacriativo e importante intelectual de esquerda.

Arquivo de família

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telhado de vidro

Cláudio Dalla Benetta

Uma questão cada vez mais fre-qüente na mídia: a internetvai liqüidar os jornais? As revis-

tas de informação vão sobreviver à infor-mação eletrônica?

A princípio, para os jornalistas, seráapenas uma troca de mídia: passaremosdo papel impresso para o texto na tela.Mas a informação impressa desaparece-rá?

Não custa fazer um exerciciozinho defuturologia. Afinal, é nosso destino (pro-fissional) que está em jogo.

Primeiro, vejamos os jornais como sãohoje. Quem compra um jornal para ler no-tícias, já recebeu no dia anterior uma car-ga de informações pela televisão. O lei-tor já tem, portanto, um apanhado dosprincipais assuntos. Vai procurar os deta-lhes, a análise. Se, ao invés de ir à banca,ele visitar os vários sites noticiosos nainternet - e cada vez aumenta mais o nú-mero deles -, é provável que sacie suasede de informação. Se for alguém quenão abre mão de novas tecnologias, o jor-nal impresso perdeu-o definitivamente.Coisa de alguns anos, apenas. O leitorcomum, “normal”, poderá ser seguradopor mais tempo. Quanto?

Se o cidadão compra um jornal porcausa dos classificados, dos anúncios deimóveis e coisas assim, é também ques-tão de tempo para que ele descubra que,via internet, é mais fácil pesquisar. Umimóvel, por exemplo: digita o tipo, o va-lor que pretende pagar, o bairro que lheinteressa e deixa que o computador façao resto. É só escolher.

Os próprios jornais, em sua versão ele-trônica, já oferecem esses serviços. Com-petem consigo mesmos. Mas já há sitesespecializados em imóveis, em vendas debens diversos, novos ou usados. Que es-paço sobra ao jornal impresso?

É aqui que podemos elucubrar teori-as.

Passeemos pela realidade atual. Em

Os populares em 2050

Curitiba, os principais jornais que circu-lam têm páginas na Internet, todas de boaqualidade. A Gazeta do Povo, O Estado doParaná, a Folha do Paraná, o Jornal do Es-tado podemser lidos eletronicamente, comserviços de busca, edições anteriores, pos-sibilidade de acessar apenas por assuntosde interesse, etc, etc. A versão eletrônicaé até superior à impressa, em alguns ca-sos. Sem contar aspectos ambientais: a fa-bricação do papel destrói, a tinta polui, o

transporte congestiona e também causapoluição. A telinha é limpa.

A versão impressa destes jornais estána mira de um gatilho impiedoso, o dofuturo. É só prever em quantos anos oudécadas. Em 2050, talvez sejam só His-tória. Mesmo a Gazeta, que hoje usa doisatrativos, o jornalismo e os classificados.

Para que os jornais desapareçam, bas-tará que a tecnologia de leitura viainternet evolua um pouco mais. A telinha

de computador ainda é ruim para se ler,embora um jornal volumoso, espalhadosobre uma mesa inteira, também não sejamuito prático. O leitor de domingo é an-tes de tudo um forte.

Mas o futuro é igual para todos? Pros-sigamos o exercício futurista.

O empresário continuará lendo seujornal econômico, que sempre terá de-talhes além dos que consegue captareletronicamente; as revistas de infor-mação, possivelmente com algumasadaptações, também devem ter umasobrevida; e, provavelmente, haveráainda espaço garantido para os jornaispopulares - sensacionalistas, se vocêpreferir. Seja em Curitiba, seja no Riode Janeiro ou em Londres.

A chance deles é que o escândalo eo crime, a emoção da torcida e o flagraobtido pelos paparazzi da vida não sãomuito bem captados na telinha.

Mais: até como defesa contra tantatecnologia, muitos atenuarão suas ro-tinas com a leitura do escândalo do dia,do crime que embatuca a polícia. Por-que haverá ainda por muitos anos es-cândalos e crimes e polícias emba-tucadas, por certo. Ou, por outra, nãohá tecnologia que consiga derrubar adobradinha futebol.

Os jornais populares, como a Tribunado Paraná e o Primeira Hora têm um pé nopassado e outro no futuro, passando porcima da cibernética.

Sem contar que a tecnologia seráacessível a cada vez mais pessoas ao lon-go dos próximos anos. Mas, para as fai-xas populares, continuará sendo mais emconta pagar R$ 0,50 pela Tribuna do quearcar com o custo de instalação daparafernália eletrônica que a internet exi-ge, mais o gasto mensal com a linha deacesso ao mundo virtual.

Respeite os populares. Eles são o fu-turo tanto quanto a internet.

Cláudio Dalla Benetta é jornalista

LIVRARIA DO CHAIN - EDITORA

Rua General Carneiro, 415 - Curitiba - Pr - Cep 80060-150

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No Paraná é comum que jornalis-tas realizem jornada dupla detrabalho em veículos diferen-

tes. A prática justifica-se, na maioriadas vezes, pelo fato das empresas fa-zerem do piso salarial o teto, o que im-pulsiona os profissionais a buscar doisempregos para manter um padrão devida aceitável. Trabalhar para duas em-presas pode, no entanto, gerar proble-mas aos profissionais, se estes não fi-zerem um acordo prévio e flexível comas empresas e as chefias. SimoneGiacometti que o diga.

Repór ter por sete meses na TVIguaçu, onde trabalhava no período datarde, Simone aceitou em outubro ser“free-lancer” na Rádio CBN, no pe-ríodo da manhã, em substituição às fé-rias do repór ter Rodrigo Leite. Nodia 10 daquele mês, foi designadapela CBN para cobrir uma rebelião nopresídio de Piraquara. Ainda pelamanhã, ela informou onde estava a

imprensa no paraná

Ter dois empregos gera demissãoRosi Guillen, chefe-de-redação da TVIguaçu, que deter-minou que ela per-manecesse em Pira-quara e real izasse acobertura da tardepara o TJ Paraná.“ To mei t odos oscui dados . Li gue ipara a rádio e infor-mei a chefe-de-re-daç ão , Mi che l eThomé, que traba-lharia à tarde para ate levi são. E la med i sse que est avamandando outro re-pórter da CBN paratrabalhar à tarde”,recorda Simone.

Tudo daria certo,se a equipe da emis-sora de rádio não se atrasasse. Por vol-

ta das 14 horas, os pre-sos solicitaram a entra-da somente das equipesda Globo e Bandeiran-tes no Presídio. Simo-ne não viu problema al-gum entrar com um bo-letim ao vivo para aCBN, enquanto o re-pórter-cinematográficoda TV fazia as imagens.Foi encerrar sua parti-cipação no bol et im,para receber uma ordemde Rosi através do te-lefone celular, para queabandonasse a matériae voltasse imediata-mente à TV Iguaçu.

Simone foi demiti-da pe la TV, ini cial-mente por justa causa,apó s d i sc ut i r com

Edilson Romanini, diretor de Jorna-

lismo da emissora. Em entrevista aoExtra-Pauta, Edilson disse que nãohavia outra saída. “Ela estava traba-lhando para as duas empresas ao mes-mo tempo. Se isso nos tivesse sidocomunicado, diríamos que não pode.Nós nos sentimos prejudicados”, afir-mou. Edilson destacou que existe umregimento interno na empresa, queproíbe o trabalho simultâneo para ou-tra empresa e prevê a demissão ime-diata do funcionário.

O caso foi levado por Simone aoconhecimento do Sindicato, que atra-vés da sua Assessor ia Jurídica inter-cedeu junto ao Departamento Jurídi-co da TV e conseguiu transformar ademissão em “sem justa causa”. Ape-sar de passar por dias nervosa com ademissão, Simone teve sorte. Traba-lhou na CBN até dezembro, quandoaceitou convite da Rede Paranaensede Comunicação (Rede Globo) , paraser repórter em Foz do Iguaçu.

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12

encontro

Um encontro informal entre jornalistas, cada qualem um bar diferente, uma vez ao mês,

respeitando-se a característica de cada bar.Esta é a filosofia do projeto Ronda da

Noite, que foi lançado pelo sindicato em3 de outubro e teve, até o momento,

todas com custo zero para o Sindicato,três edições.

O primeiro Ronda das Noite aconteceuno Café Curaçao e teve como pretexto

a negociação salarial e o “não” àsprimeiras propostas patronais- um dos

temas levados pelo sindicato àcategoria na época.

O segundo, realizado no Era Só O Que Faltava, trouxecomo novidadeo projeto

Arte dos Jornalistas e um encontro literário-musicalde Zeca Leite e José Suassuna. Zeca leu alguns

de seus poemas, enquanto Suassuna revelousua paixão pela viola caipira, tocando

clássicos como “Chitãozinho e Xororó” e“O Menino da Porteira”, além detranscrições de “Asa Branca” e“Andança”.No terceiro “Ronda da Noite”, realizadoem 14 de dezembro, no RestauranteTemático Vintage, o clima era depremiação. O Sindicato e Inepar fizerama entrega do Prêmio Inepar aos

jornalistas Guilherme Diefenthaeler, darevista Amanhã, de Porto Alegre, e Valmir Denardin, daFolha do Paraná.

No Café Curaçao:Dennis FerreiraNeto, JúlioTarnowski, LyrianSaiki, MárioMessagi Jr., JoãoNoronha e JoãoAlceu

Fotos: Emerson Balthazar

Show dejornalistas no EraSó o que Faltava:Zeca Leite lê seuspoemas e JoséSuassuna dedilhaa viola

Jorge Mosquera,Jonny Basso eLilian Tavares,colocam o papoem dia na primeiraedição do Rondada Noite

No Vintage, ValmirDenardin trocaidéia comEduardo Goulart

Adélia Lopes, coma camiseta doRonda, e José

Oliva: atenção aoshow de Zeca e

Suassuna

Zeca Leitemostrou seuuniverso poético:estórias de umBrasil simples, dejosés e mariinhas

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imagens

S ão 25 anos defotografia, exposições,alguns prêmios ereportagens quemostram uma técnicaaprimorada no dia-a-dia. “Minha técnica é ocot idiano”, diz JoãoNoronha que, port imidez ou por terdecidido morar emCuri tiba exatamenteneste ano, deixou queesse aniversário ficasseem branco, sem festa.João começou afotografar em Franca.Depois vieram agênciasde publ ic idade e jornaisde São Paulo e Rio deJaneiro, pesquisas emMinas Gerais eTocant ins. A fotografiafez Noronha conhecer oBrasil , abrir o foco paraseus contrastes. É anatureza em devastação,o prédio em chamas naAvenida Paul ista, agente oprimida nascidades, a alegria docarnaval e muita coisamais.Medalha de bronze noInterpress Photo, em 91,menção honrosa noPrêmio Vladimir Herzog,em 91, João fotografahoje para O Estado doParaná. Sabe que estavaem seu destino registrara gente e os fatos queacontecem aqui .Curi tiba é , por opção, amais nova morada desua vida, a mais recentepaisagem de sua arte .

Retratos do BrasilJoãoNoronha

Mais fotografias de João Noronhapodem ser vistas através da internet,pelo endereço http://jnoronha.cjb.net

Ação policialem um ônibus,Rio de Janeiro1991

Carnaval emCataguazes,Minas Gerais.1982

Cervos do Pantanal.1994

Incêndio em prédiona Av. Paulista.

1987

JoãoNoronha

Walter Alves

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congresso

Os jornalistas que participaram do29º Congresso Nacional dos Jor-nalistas, realizado em Salvador

de 7 a 9 de setembro, aprovaram a pre-posição de um projeto-de-lei para criaro Conselho Nacional dos Jornalistas e aretomada do Fórum pela Democratiza-ção dos Meios de Comunicação. E esta-beleceram que se iniciem os debates so-bre a fundação de uma confederação paraos trabalhadores em comunicação, quereuniria jornalistas, radialistas, gráficose profissionais de empresas deinformática e telecomunicação.

No Congresso foi enfatizado o papelda Fenaj, enquanto entidade política dosjornalistas. Uma de suas atribuiçõesimediatas será convencer um parlamen-tar para que lute pela criação do Conse-lho, projeto através do qual os jornalis-tas ganharão uma entidade fiscalizadorade registros e da conduta ética dos pro-fissionais. Há vários modelos de Con-selho em estudo pela Fenaj. Na opiniãode Beth Costa, presidente da entidade,o projeto com o modelo de Conselho sópoderá ser debatido em março, quandoda reunião de Representantes da Fenaj.Uma vez aprovado pela Fenaj, o textoserá encaminhado á Câmara dos Depu-tados.

Independente do Conselho, o Con-gresso avalizou a reedição do Fórum deDemocratização dos Meios de Comuni-cação, para debater assuntos importantes,como a entrada do capital estrangeiro nasempresas de comunicação. Beth Costa dizque esperava que os jornalistas debates-sem no Congresso esse tema com profun-didade. No entanto, “as pessoas que par-ticiparam do debate não tinham acúmulode formulações para que a Fenaj tomasseuma decisão”, explicou.

Um grande sindicatoUma medida importante do Congresso

refere-se Confederação Nacional dos Tra-balhadores em Comunicação, que reuniriajornalistas, radialistas, publicitários, gráfi-cos e mesmo profissionais que atuam eminformática e telecomunicações. Os jorna-

Fenaj aprova criaçãode Conselho Nacional

listas entendem que a união e mesmo a fu-são de entidades daria mais forças às cate-gorias em suas negociações. O Congressodeliberou a criação de uma comissão paratratar do assunto, formada por representan-

Brasileirosfalsificandodocumentosparasealistar noExércitodoParaguai.Em19dedezembro,o jornalistaMauri König,correspondentedeOEstadodoParanáemFozdo Iguaçu, foi realizar umamatériasobreesse assuntona colônia de SanAlberto,que ficaa80 quilômetrosdeFoz.Elevoltoudo Paraguai comhematomasnorosto e nascostas.

Königfoi abordado por trêshomensqueestavamemuma caminhonete vermelha,sendo que umdelesvestia uniforme daPolíciaNacional.Elesespancaramojornalistacomcordas,pedaçosdepauecorrentesdemetal e tentaramenforcá-lo.Naavaliaçãodo jornalista,a torturaquesofreuseriaumaretaliaçãoamatéria sobreo envolvimentodepoliciaisparaguaioscomprostituição infantil, exibidaem18dedezembronoProgramadoRatinho,noSBT.Arelação entre asmatériasexisteporqueMauri estavanoParaguai dirigindoumcarro do jornal, ondeestáo logotipodoSBT.O veículovoltou riscadocomafrase“Abaixo a imprensabrasileira”.

Mauri KönigapresentoudenúnciaaoMinistérioPúblicoeao ConsuladodoBrasil emCiudadDel Este.APolíciaNacional do Paraguai informouquevaiinvestigar adenúncia.OSindicatodosJornalistas feznota de repúdioeenvioucorrespondênciaàEmbaixadadoBrasil noParaguai eao Consulado doParaguai emCuritiba, cobrandoumainvestigaçãosobreo caso.

Nesse episódio, contudo, cabeumaquestãodeordemtrabalhista.KönigestavanoParaguai emacúmulo de função,trabalhandocomorepórter edirigindooveículoda empresa. Nãobastasseesseproblema legal, seestivesse com ummotoristaapossibilidadedeser abordadoetorturado pelostrêshomensseriamenor.

Jornalista étorturado noParaguai

violência

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tado

doPa

ranáOutro Conselho

Osjornalistas que estiveram no Congresso aprovaramtambém a constituição imediatado Conselho Nacional dos Meios de Comunicação, conforme previsto na ConstituiçãoFederal. O projeto para a instalação deste Conselho encontra-se há pelo menos dez anosengavetado no Senado. Ao contrário do conselho profissional, também discutido e cujacriação foi aprovada no Congresso, o dos Meiosde Comunicação atuará nas grandes ques-tões que envolvema comunicação, como a que determina a entrada capital estrangeiro nasempresas de comunicação.

Outros temas discutidos forama criação de uma rede solidária de jornalistas. A catego-ria demonstrou que está interessada na formação de jornalistas cidadãos. Nesse sentido,sugere a criação da “Cátedra Fenaj de Jornalismo para a Cidadania”, nasescolasdo Jorna-lista e em ciclos de palestras, realizados em parceria com universidades.

tes de sete estados. Ao mesmo tempo,aprovou a organização de uma campanhanacional de sindicalização conjunta, commateriaisunificados, que deve começar emmarço de 2001.

Outras medidas relacionadas a es-trutura profissional foram debatidasno Congresso, como a inserção da fun-ção de assessor de imprensa na regu-lamentação da profissão de jornalis-ta. A Fenaj deve criar uma campanhanacional para valorização do jornalis-ta que atua em assessoria de impren-sa ou comunicação. E os sindicatosforam incumbidos de realizar um cen-so, para identificar quantos são os jor-nalistas que atuam como assessores equal carga horária eles cumprem dia-riamente. Essa preocupação existetambém para com os jornalistas quetrabalham na internet. O Congressodeterminou que os Sindicatos negoci-em com provedores e empresas deinternet, para que os jornalistas destanova mídia recebam os mesmos bene-fícios previstos nas convenções de tra-balho assinadas com as empresas dejornais e revistas.

O 29º Congresso reuniu 467 parti-cipantes, entre 25 delegações, de 23 es-tados. O Sindicato dos Jornalistas Pro-

fissionais do Paraná enviou ao Congres-so o presidente Mário Messagi Jr. e osdiretores Fernando Alves e Sílvio RauthFilho. O próximo Congresso acontece-rá em 2002, em Manaus, Amazonas.

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liberdade de imprensa

Discussões sobre liberdade de im-prensa geralmente caem em umchavão: problemas com a censura,

sejam de ordempolítica, ou provocadasporeditorese empresáriosde comunicação. EmCuritiba especialmente para discutir o tema,em 14 de setembro, o jornalista CláudioTognolli ofereceu sua visão pessoal, na qualo maior empecilho à liberdade estaria nopróprio jornalista, “ao tratar seu dia a diacomo um burocrata, que fecha a sua maté-ria e vai dormir em casa tranqüilo, quandojornalismo é tudo, menos isso”.

Tognolli acredita que o maior atentadoda imprensa à liberdade é o fato dela nãoreconhecer o que não pertence ao cotidianodos jornalistas e do público a que dirige.“Se vocêspegarema estória do maníaco doparque, Francisco de Assis Pereira, quemganhou mais tempo na TV Globo foi o paida Isadora Frankel, uma judia, de pele clarae olhos claros. As mães nordestinas ou deascendência negra tiveram menos tempo,porque a imprensa só reconhece como igualaquilo que faz parte do corpo que produznotícia e do que consome notícia. Essa é apior das coisas, é a censura que a gente trazdentro da gente mesmo”, analisa.

Não bastasse o preconceito, Tognolliacusa os jornalistas de, na ânsia de fecha-rem suas edições, aceitarem publicar maté-rias tal qual as agências lhes enviam esatanizar o que lhes é diferente. Para o jor-nalista, seriam casos clássicos as notíciassobre o narcotráfico na América Latina, queserviriam de pretexto para uma invasãonorte-americana na Amazônia; as matériassobre o mundo islâmico, sobretudo a partirda Guerra do Golfo; e o destaque da im-prensa à invasão das tropas da ONU aKosovo, segundo ele motivada mais porinteresses geopolíticos americanos que porrazões humanitárias. Esse processo da im-prensa fabricar inimigos seria visível quan-

A censura começa com o jornalista

Cláudio Tognolli é professorde Jornalismo da FIAM,repórter especial da RádioJovem Pan, crítico de músicada Folha de S. Paulo ecolaborador da revista CarosAmigos. Trabalhou na revistaVeja, no Jornal da Tarde eCBN. Foi guitarrista do RPMantes da banda estourar namídia, mas deixou de lado amúsica por se considerar maisútil como jornalistainvestigativo.

Desenvolveu um esti loprópr io de jornalismo, tendo atése infilt rado em torcidasorganizadas para escrever sobreelas. Por conta da sua coragemem denunciar e expor seuspontos de vista, Tognolli tevemais de 30 processos judiciais.Um desses processos foi pelolivro “O século do crime”,escrito com José Arbex Jr,sobre crime organizado e queganhou o Jabuti em 1997.Dentre as matérias maisimportantes que fez estão adenúncia da Máfia do Dendê namídia brasileira (a relaçãoíntima dos músicos baianoscom jornalistas), e a últimaentrevista do mitológicodefensor das drogas ThimotyLeary, quando já estava doente,no lei to de morte.

do o tema é o Movimento Sem Terra. “OJornal do Brasil mostrou que sem-terrasmorreramassassinadosno governo FHC emum volume três vezes maior ao de assassi-nados em 30 anos de regime militar”.

Tognolli considera fundamental que osjornalistas tomem cuidado com as informa-ções que lhe chegam e que observem maisa natureza de um fato antes de publicá-lo.

“Agrande perversão da tecnologia é que aspessoas não têm mais tempo para realizar oque estão fazendo. Os piores agentes dissosão os jornalistas que, às vezes até incons-cientemente, estão ajudando a construir umfantasma ou satanizar uma categoria, cujasatanização o jornalista não temidéia a queserve. O importante é que ele foi dormir efechou tudo”.

Tognolli: aimprensasataniza o quelhe é diferente

Como sempre acontece em setem-bro, o tema Liberdade de Imprensa é de-batido pelo Sindicato dos Jornalistas.Esse ano aconteceram duas palestras.No dia 14, no Memorial de Curitiba,Cl áudio Tognol l i fa lo u sob re “Geopolítica e a Liberdade de Impren-

Liberdadede Imprensa

sa”. No dia 25, no Teatro Bom Jesus,foi a vez de Mino Carta mostrar sua vi-são sobre jornalismo, liberdade e polí-tica.

O evento foi organizado por CidaMondini, tendo contado com o patrocí-nio da Telepar Brasil Telecom.

SobreTognolli

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entrevista

A piorimprensa do

mundo,em um país

a deriva

Mino Carta

EP- Como está hoje a tiragem da Car-ta Capital?

Mino Carta- A Carta Capital tem umatiragem de 70 mil exemplares. É uma re-vista quinzenal e vive bem. Eu acho que éuma revista que conseguiu prestígio e queé uma voz mais ou menos isolada. Quem alê, de alguma forma, assume um compro-misso. É uma voz mais ou menos isolada,porque exerce efetivamente o espírito crí-tico. Isso é uma coisa que tornou-se mer-cadoria rara.

EP- Se a Carta Capital fizesse algumacordo e passasse a ser favorável ao go-verno, isso aumentaria sua tiragem?

Mino Carta- Eu não acho que uma ati-tude quase sempre favorável ao governosignifique aumento de tiragem. Certas re-vistas no país elevaram a tiragem em fun-ção de certas escolhas no direcionamentoda própria revista, no sentido de alcançarum público maior. Se eu comparo a Veja

de hoje com a Veja a qual fui chamado adirigir, percebo que a Veja virou uma re-vista de comportamento. As questões po-líticas, da economia e tal passaram para umsegundo plano e muito raramente surgemna capa. O que surge na capa são assuntosde comportamento. Por exemplo, surgeTom Cruise, surge “A infidelidade femi-nina”, surge “A mulher que vive só”, ou“Como gastar melhor o seu dinheiro”. Issocorresponde a uma escolha. Graças a essaescolha, a Veja alcançou tiragens cada vezmais altas. Não é porque ela aplaude o go-verno. Agora, o aplauso ao governo temoutras finalidades. Todas as empresas decomunicação no Brasil estão endividadas.E precisamdo governo por mil razões. Essaé a razão pela qual elas são ligadas ao go-verno. A razão mais premente, porque háuma razão endêmica, crônica: a imprensae a mídia no Brasil servem ao poder, sãouma das faces do poder. Hoje, sem o Dou-

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ino Carta tem seu nome na história entre osmaiores jornalistas brasileiros do século.Brasileiro “ma no troppo”. Italiano denascimento, ele deixou Gênova em 1946,quando Gianino Carta, seu pai, mudou-se

com a família para o Brasil, para trabalhar em O Estado deSão Paulo.

O desejo de ser pintor em Mino acabou perdendo espaço paraa vocação familiar. Como jornalista, sua formação são asredações dos jornais Gazzetta del Popolo, de Turim, e IlMessagero, de Roma. Nos anos 60, retornou ao Brasil paradirigir a primeira revista de automóveis do país: a QuatroRodas. A essa experiência, seguiriam outras marcantes criações:o Jornal da Tarde, a Revista Veja, a IstoÉ, Senhor, o Jornal daRepública (sua cota de fracasso profissional), e a Carta Capital.Esse ano, lançou seu primeiro livro: “O Castelo de Âmbar”, noqual conta os bastidores da imprensa em forma de romance.

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entrevista

tor Roberto Marinho não se faz nada noBrasil. O poder não se mexe sem o apoiodo Doutor Roberto Marinho. Ele decidiu,não sei muito bem por que, recentemente,dar rasteira no Antonio Carlos Magalhães,que foi um fidelíssimo do Roberto Mari-nho, que lhe deu mil favores. E, de repen-te... O Antonio Carlos Magalhães ficouassim apeado por um momento. Se resta-beleceu, evidentemente. Queriam lhe darum corretivo, por alguma razão que des-conheço, queriam lembrar a ele que temque tomar um certo cuidado.

EP- No caso de uma reportagem comoa da pasta azul, publicada na Carta Ca-pital, que envolvia diretamente ACM.Que tipo de pressão os jornalistas da re-vista receberam?

Mino Carta- A concepção é que as pes-soas não lêem, que o povo não sabe e nãosaberá e, portanto, a reação em relação auma informação que sai em uma revista de70 mil exemplares é diferente daquela quesaísse na Globo. Esse é o ponto. Aconte-ceu o quê? Aconteceu que o secretário doAntonio Carlos Magalhães ligou para oBob Fernandes e disse que aquilo não eraverdade. Não houve um desmentido ofici-al. Para eles não tem importância.

EP- A imprensa não estaria muito ape-gada ao poder?

Mino Carta- A imprensa está como po-der. Quer dizer: os donos da imprensa.

EP- E os jornalistas?Mino Carta- Há muitos jornalistas que

são do PT, que vão votar no Lula, mas nahora h pesa mais o emprego. Existe um pa-vor de perder o emprego,então eles fazemo que o patrão quer.Algumas pessoas comacesso a páginas de jornal têm a possibili-dade de dizer o que bem entendem e di-zem. Mas esses, de alguma forma, legiti-mam a ação daquele órgão de imprensa aoqual escrevem. Porque depois o editorialé o oposto daquilo que eles escreveram.

EP- Em relação ao caso do EduardoJorge. A imprensa poderia ter ido mais

fundo?Mino Carta- Claro que poderia, eviden-

te. Mas há um momento que tudo pára.Aqui se vai até um ponto. O caso das fitasgravadas no BNDS é fantástico. O queaconteceu? Aconteceu que houve quemgravasse essas conversas. O Eduardo Jor-ge fez uma edição das fitasque tinham sidoentregues. Quem recebeu uma transcriçãodas fitas foi o André Lara Resende. De-pois, o General Cardoso disse que tinhaencontrado duas fitas debaixo de uma pon-te. Essas fitas foram trabalhadas- e a trans-crição provavelmente também- peloEduardo Jorge, que deu uma transcriçãopara a Veja, enquanto que o ministro Serraentregava uma transcrição para a revistaÉpoca. As duas saíram e mostram algumasconversas, às vezes um pouco desabridase tal, mas nada que realmente pudesseincriminar a rapaziada. Tinha uma frase ououtra que podia criar um probleminha...Pois bem, o Luiz Carlos Mendonça deBarros estava destinado a ocupar o postodo Serjão, falecido. Foi convocado paradepor no Congresso. E foi. Só que nós ía-mos sair no dia seguinte com a revista CartaCapital que dava três pontos das fitas, querealmente não tinha mais jeito, porque eutinha ouvido os três pontos. São os três tre-chos que estão na capa e aquilo acaba comtudo. Aí, ele foi para o Congresso achandoque iria tirar de letra. Mas, como tínhamosenviado cópias da revista a vários parla-mentares... Ele teve que cair, mas foi umacidente de percurso. É que eu tinha ouvi-do as fitas. Tinha ouvido o que me deixa-ram ouvir, mas ouvi essas três frases. Atéme impediram de anotar, mas memorizeie guardei e quando saí do lugar onde dei-xaram ouvir, botei no papel. Aí ele caiupor causa disso, senão não caía. É como oCollor. Se não fosse o Eriberto, o Collornunca perderia o lugar. E o Prêmio Essofoi dado à Veja e não à IstoÉ.

EP- A Veja que ganhou de presenteaquela entrevista do Pedro Collor...

Mino Carta- Mas, um ano e meio antesda entrevista, o Bob Fernandes fez umaentrevista que dizia todas as coisas ditaspelo Pedro Collor, menos os supositóriosde cocaína. A única omissão eram os su-positórios de cocaína. O resto estava tudolá. Só que não era o momento para se iratrás do Collor. Por quê? O Collor aindanão estava cobrando 40% de pedágio. Aícomeçou a cobrar 40%. Daí chegou o mo-mento de sair com a entrevista. E a Vejaganhou a entrevista. Os repórteres deBrasília da sucursal da IstoÉ, a partir deuma indicação do Bob Fernandes -“Olha,na tal locadora de carros deve ter o elo”-,foram atrás da locadora e, através da loca-dora, localizaram o Eriberto. Aí não tinhamais jeito. Mas foi outro acidente de per-curso. Senão a CPI concluiria os seus tra-balhos ingloriamente, dizendo: “Bom, oPedro Collor diz que não tem provas. Eaí?”.

EP- Como editor da Carta Capital,você faz reportagens investigativas?

Mino Carta- Eu, excepcionalmente. Nocaso das fitas queriam que eu as ouvisse.Diga-se que o Bob ouviu também fitas, emoutro canto. Mas essas queriam que eu ou-visse. Então, acabei surgindo em cena.

EP- Entre os jornalistas que você con-trata, há um perfil determinado?

Mino Carta- Claro que se busca certascoisas, a começar pela simpatia, pela cor-dialidade, pela capacidade de não se levara sério, de rir de si próprio. Essa é umacoisa central. Mas, também, tem que teruma certa afinação política, um certo en-tendimento. Muitas vezes eu me enganei,

não havia afinação alguma, ou fui engana-do. Quer dizer, o cara fingiu ser uma coisae era outra. Ou não fingiu, foi sincero na-quele momento, mas não tinha muita con-sistência de caráter. Mas certos parâmetrostêm que existir, sobretudo com relaçãoàquele grupo que carrega o piano e sabetocá-lo.

EP- No caso da Carta Capital sãoquantas pessoas na equipe?

Mino Carta- Na Carta Capital há umaequipe sensacional. Nós somos oito pro-fissionais ao todo e muito afinados. Demodo geral, eu diria que a partir da minhasaída da Veja, quando eu perdi a chance detrabalhar com patrões ricos e tive que in-ventar meus empregos, desenvolvi umatécnica para fazer coisas que custam pou-co. Podem custar muito em termos de pa-pel e de impressão, porque estou conven-cido que não adianta fazer imprensa decombate, com papel ruim e tal. No Brasilnão adianta. Na França, talvez. Aqui vocêtem que ter papel bom e a cara dos outros:bem impresso, as letras direitinho, tudo lá.Aí não pode poupar.Agora, meia dúzia depessoas fazem uma revista semanal. A pri-meira IstoÉ era feita por cinco pessoas evários colaboradores. Paga todo mundomal, mas vamos em frente e estamos nabarricada!

EP- A redação da Veja começou assim?Mino Carta- A Veja tinha quase 200

pessoas trabalhando nela. Só em São Pau-lo tinha umas 120. Mais sucursal emBrasília, enviado especial...Delírio.

EP- Não foi um delírio bem sucedido?Mino Carta- Deu certo, mas levou tem-

“A primeira IstoÈera feita por cincopessoas e várioscolaboradores.”

Hugo Abati

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entrevista

po e por várias razões. Até porque a revis-ta não era bem feita quanto seria desejado,até porque a empresa a lançou sugerindo aidéia de uma revista concorrente da Man-chete e não era, e foi censurada aspe-ríssimamente. Então, teve percalços. Mas,depois de três anos, começou a dar lucros.Para a Abril, que tinha respaldo financei-ro, eu acho que foi um excelente negócio.Ela virou o carro-chefe da empresa.

EP- Você criou a Veja, a Quatro Rodase o Jornal da Tarde, que tiveram suces-so, e o Jornal da República que foi umfracasso. O que houve de fracasso noJornal da República que você evitou naCarta Capital, para que esta não tivesseo mesmo destino?

Mino Carta- É diferente. Jornal é umacoisa diferente da revista. Jornal, mesmoque se faça uma redação como aquela, quetinha 28 profissionais, é um sorvedouro dedinheiro. Sai todo dia e tal. As condiçõeseram as piores possíveis. Tínhamos de fe-char o jornal às 7 da noite, porque era im-presso nas oficinas dos Diários, distribui-ção péssima e mil dificuldades. Eu sem-pre digo: os meus começos são difíceis, eunão sei fazer as coisas, aprendo umpouquinho fazendo-as. Também não pos-so dizer que o Jornal da República era um

primor. Me dizem: “Era muito bom”, maseu não o vi assim. Agora, não tinha publi-cidade, porque era uma coisa muito expe-rimental. Se eu tivesse tido respaldo degrana, como a Abril teve para a Veja, e ti-vesse agüentado não três anos, mas um anoe meio, daria certo. Era um projeto paravender à classe média a idéia de que abrir,incluir, buscar a chance de alguma igual-dade não é tão ruim, ao contrário é boa parao próprio capitalismo.

EP- Durou quanto tempo o jornal?Mino Carta- Quatro meses e alguns

dias.EP- A revista Carta Capital sempre

teve suporte financeiro?Mino Carta- ACarta Capital é uma ope-

ração muito barata, que surge à sombra deuma editora pequena, que vai bem e nãodeve. E que pode jogar uma grana para fa-zer uma edição, daí recupera e vai. Assimfoi e hoje em dia é uma revista tranqüila.Ela se sustenta tranqüilamente, pode dar atéum pequeno lucro, uma coisa mínima emcima de um investimento mínimo, mas pagatodo mundo. Hoje em dia nossos saláriosmelhoraram, semseremosmelhoresda pra-ça, e a gente sobrevive com tranqüilidade.

EP- Tem assinantes?Mino Carta- Tem, mas a editora é po-

bre, poupa o mais possível, não tem atéhoje umdepartamento de assinaturasagres-sivo. Eu acho que se tivesse isso, ela po-deria ter não o dobro de tiragem, mas pelomenos 40 mil exemplares a mais. Porque,digamos, o limite dela é 150 mil exempla-res. Eu não posso imaginá-la tirando maisdo que isso.

EP- Há alguns anos eu li um artigo seusobre culinária. Você escreveu que as

pessoas no Brasil estão abusando doalho, como se uma comida com sabor dealho fosse o gosto comum do país. Vocêsente isso, não só da culinária, que oBrasil está sem identidade?

Mino Carta- Eu acho. Identidade exis-te em coisas que independem da classe mé-dia. Identidade está na música, no futebol,nessas coisas. Embora eu ache que tam-bém aí houve grande decadência. Mas aclasse média destrói sua memória todos osdias, com uma tranqüilidade e uma satis-fação dignas de nota.

EP- O jornalismo feito no Brasil é paraa classe média?

Mino Carta- O jornalismo feito no Bra-sil é para a classe média brasileira. Estoufalando de imprensa, evidentemente, in-cluindo na classe média osremediados. Porisso é um jornalismo de uma mediocrida-de lancinante. Não há jornalismo pior nomundo, é o recorde mundial. É o últimodegrau do gênero humano.

EP- Que exemplos poderia dar dessedegrau?

Mino Carta- Sei lá... A Folha de SãoPaulo, o Estadão... é uma coisa ina-creditável, é uma piada, não são jornais.Se você os compara com os bons jornaisdo mundo, é uma tragédia. Além de tudohá intenção de nivelar por baixo, orgulhopor escrever com cinqüenta palavras, olead que tem que ser de três linhas, a opi-nião de que a privatização é o ideal... Ten-do a achar que para algumas pessoas é umamaravilha, ma-ra-vi-lha; agora, para o paísnão sei. Não discute-se essas questões comclareza e coragem, a imprensa não o faz.Como disse: há vozes isoladas, muito im-portantes e muito respeitadas, mas elas aca-bam conferindo ao órgão o qual escrevemuma aura de liberalismo. “Olha aqui, a gen-te deixa que haja crítica, está na boca des-te, na boca daquele...”. Então, elas acabamlegitimando o próprio órgão em que pu-blicam seus artigos. Essa história da Vejaque ganhou o Prêmio Esso com a entre-

“O jornalismo feito no Brasilé para a classe média...Por

isso é um jornalismo de umamediocridade lancinante”

vista do Pedro Collor é uma metáfora per-feita.

EP- Ou a Rede Globo que ganha coma imagem da Favela Naval?

Mino Carta- Sim, claro. Ou o Collorque ganha com a ajuda da manipulação dodebate pela Globo? É sempre a mesma coi-sa.

EP- O Brasil sempre foi isso ou houveuma época diferente?

Mino Carta- O pós-guerra foi maisdenso e mais agitado no sentido bom:controvertido, polêmico. Pense o que erao Brasil há cinqüenta anos, pense na cul-tura brasileira, os representantes da cul-tura brasileira de então. Sérgio Buarqueestava vivo ainda, Raimundo Faoro nãotinha ainda escrito “Os Donos do Poder”,o Gilberto Freyre estava vivo ainda- tudogente que pensava o Brasil, não importase bem ou mal, conforme as linhas ouidéias, mas pensava o Brasil com autori-dade, inteligência, com textos excelen-tes. Escritores como Graciliano Ramos,como Guimarães Rosa , Ér icoVeríssimo... Tinha um satírico excepci-onal, bom teatrólogo, que era o NelsonRodrigues, um crítico da pequena bur-guesia carioca absolutamente implacá-vel. Tinha músicos extraordinários, semfalar de Villa-Lobos que é um grandemúsico. Tinha músicos da dita músicapopular - que é uma expressão que meirrita muito-, que eram excelentes e pre-pararam depois a Bossa Nova. Gente ex-traordinária: o Ary Barroso, Pixinguinha,Dorival Caymmi. Até as letras dasmarchinhas de carnaval eram deliciosas,eram obras-primas. Isso é o Brasil de cin-qüenta anos atrás. Compare com o Bra-sil de hoje. É o Brasil do Pagode, nãotem um escritor que valha um tostão fu-rado. E tem alguém que pense o Brasilprofundamente, com autoridade de pen-sador de verdade? O que tem? É um paísa deriva. Por que a imprensa haveria deser melhor?

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Juril lança a biografia do paiDos muitos jornalistas que marcaram

história no Paraná, Oscar Joseph De Plá-cido e Silva (1892-1963) merecia há tem-pos uma biografia. Afinal, entre outrascoisas, foi o primeiro aluno e funcionárioda Universidade Federal do Paraná e fun-dou o jornal Gazeta do Povo, o qual diri-giu por 43 anos. Coube à jornalista JurilCarnasciali cumprir essa missão: escreversobre o pai, o que gerou o livro “De Plá-cido e Silva, o Iluminado”, lançado emnovembro.

Juril não esconde que fez a biografiade quem mais admirou e da qual foi as-sistente, revisora, secretária e herdou ogosto pelo Jornalismo. “Acompanhei suavida, passo a passo no lar, no trabalho, naslutas, nas decepções, nas injustiças, nasvitórias, nas alegrias e na doença”, escre-veu Juril na apresentação do livro, paradeixar explícito que o biografado não éapenas seu pai, mas seu mestre.

Natural de Maceió, Alagoas, De Plá-cido e Silva veio ao Paraná com 20 anos,com diploma de bacharel em Ciências eLetras nas mãos. Em Curitiba, foi o pri-

meiro aluno e funcionário da Universi-dade Federal do Paraná, em 1913. Comojornalista, fundou em 1916 a RevistaAcadêmica, do Centro Acadêmico doParaná e a Gazeta do Povo, em janeirode 1919, com Benjamin Lins. Em julho

de 1919, Lins deixou o jornal, permane-cendo De Plácido e Silva como diretorpor 43 anos. Neste período, contudo, nãose afastou da carreira de advogado e deprofessor de Direito e Legislação Comer-cial.

De Plácido e Silva esteve entre os fun-dadores da Rádio Clube, em 1924, e doIate Clube de Guaratuba, em 1949, cida-de a qual contribuiu para o progresso- umade suas empresas criou o Hotel Avenida,o primeiro da cidade. Foi, ainda, escritor,tradutor e proprietário da Editora Guaíra.Escreveu vários livros de Direito, o ro-mance “Ódios da cidade” e o livro de con-tos “Histórias do Macambira”. Entre 1949lançou com o jornalista José Cury a “Re-vista da Guaíra”, que durou até 1956. Eramembro de diversas entidades, entre elasa Associação Brasileira de Imprensa, aAssociação dos Escritores Americanos edo Pen Clube do Brasil. De Plácido e Sil-va faleceu em 16 de janeiro de 1963,como conta Juril, sentado em sua poltro-na, no quarto, segundos após ter pedido aesposa Julieta o cafezinho da manhã.

própria iniciativa

“Los 3 inimigos”em revista

Thiago Recchia deu o maior salto desua carreira. Felizpelo sucesso de Los3InimigosnaTribuna do Paraná, ochargista lançouem17 denovembro“Los3 Inimigos-Futebol &Quadrinhos”. Arevistamescla matériasjornalísticassobre futebol comestóriasdospersonagensCorisco,AtleticoneParanito (emhomenagemaos trêsclubesde futebol profissional de Curitiba), maisMalita (Malutron) e o que vier. Naprimeira edição ele marcouum gol deletra. Teve 10 mil exemplaresvendidos.

Arevista vemperpetuar “Los3Inimigos” no coração dos torcedoresparanaenses. Com periodicidademensal e 68 páginas, “Los 3 Inimigos”difere-se dasrevistas de quadrinhos portrazer informação jornalística queexplica um pouco como o futebol é oesporte preferido do brasileiro. Oenfoque da revista, porém, está nofutebol paranaense: sua estória, seusjogadores, títulose, óbvio, suaimprensa. “E traz uma estorieta inédita,de 6 páginas, maiso “replay” dosmêsanterior”, enfatiza Thiago.

A direção geral da Revista é dopróprio Thiago, que para levar oprojeto adiante criou a Editora Cactus.Arevista tem Rafael Tavares na Chefiade Redação, uma equipe de reportagemformada por Ana Mikos, CarlosHenrique Bório e Irapitan Costa, alémdo repórter-fotográfico DenisFerreiraNeto. Aspecto importante também é aquestão financeira: o empreendimentode Thiago conta com patrocinadoresque, independente do retorno embancas, asseguraram o custo industrialdos três primeiros números.

Muito foi dito e escrito sobre o Golpede 1964 e suas conseqüênciasao país. OsjornalistasMilton Ivan Heller e Maria deLos Angeles Duarte conseguiram umaproeza: mostraram uma faceta inex-plorada do que foi a Ditadura Militar noParaná, de como foram silenciados ospolíticosdo Estado. “Memórias de 1964no Paraná’, que integra a Coleção BrasilDiferente e foi editado pela ImprensaOficial do Paraná, traz uma estória dederrotados, embora nela exista um vito-rioso: o ex-deputado Aníbal Khury.

Milton Ivan e Maria de Los Angelestratam do Golpe de 64 como o fim deum ciclo de efervescência política nopaís, iniciado em 1930, com os milita-res que apoiaram Getúlio Vargas. OParaná era um estado agrário e em ebu-lição, com a colonização do Norte e osconflitos por terra no Sudoeste. Algunsdos personagens saem desses conflitos,como o então deputado Walter AlbertoPecoits, cassado pela Ditadura em 9 deabril de 1964, pelo Ato Institucional nº1,e depois preso pelos militares. Outroparanaense cassado pelo AI-1 foi o en-

Anos de chumbo e de cassações

tão ministro do Trabalho de João Goulart,Amaury Silva, que forçosamente se exi-lou no Uruguai até 1973.

Além de Pecoits e Silva, o livro desta-ca Ney Braga, que era governador quandodo Golpe em 1964 e que por duas vezes

foi ministro na Ditadura Militar; o ex-governador Moysés Lupion; o que fo-ram os oito meses de governo deHaroldo Leon Perez e a cassação do de-putado federal José Alencar Furtado, em1977. E esclarece o que foi o processode cassação deAníbal Khury, em 1969,por suspeita de prática de corrupção, se-gundo os militares.

No livro são apresentadas, resumi-damente, as estórias de Sinval Martinsde Araújo (que segundo o livro morreuem 1975 em conseqüência de torturas),Luiz Alberto Dalcanale, JacintoSimões, Almir Moreira Passo, MiguelDenizo, Waldemar Daros, BeneditoLúcio Machado, Constantino JoãoKotzias e Miran Pirih, muitos dos quaisnunca souberam porque perderam seusdireitos políticos. “Memórias de 1964”é a estréia literária de Maria de LosAngeles Duarte e a segunda abordagemde Milton Ivan Heller sobre os “anosde chumbo” no Estado. Em 1988, elelançou pela Editora Vozes o livro “Re-sistência democrática: a repressão noParaná”.

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É comum em empresas de comuni-cação virem pessoas pedindo aju-da a jornalistas, seja em defesa de

uma causa ou em razão de dificuldadesfinanceiras. O casal uruguaio AntônioRamon Lombardo e Silvana Lauro BravoRecoba, descobriu isso e algo mais: jor-nalistas gostam de uma boa estória e sãosensíveis, principalmente quando essa es-tória envolve uma criança, como JoanaLombardo Sequeira, de 8 anos, apresen-tada como filha do casal. Passaram, então,a aplicar golpes em jornalistas.

Lombardo conta uma estória que so-fre pequenas variações, dependendo da ci-dade em que está. Ele se diz radialista,mostra seus documentos e os da família econta que deixou o Uruguai na promessade um emprego. Diz que foi roubado eenganado - o emprego não existe -, e queprecisa de dinheiro para retornar a Mon-tevidéu. À imprensa, informa que fez con-tato com o Consulado do Uruguai, pararesolver o caso, o que lhe foi negado.Lombardo não quer a passagem, mas ovalor em dinheiro, o qual afirma que serádevolvido tão logo chegue no Uruguai. Efaz questão de enfatizar: está há três dias

golpe

O conto dos uruguaiosUmgolpe criado e dirigido a

jornalistas, como o estelionatopromovido pelosLombardo, é algo raro.Contudo, emCuritiba jornalistas foramenganados outras vezes. Uma dasestóriasmaiscuriosas foi a venda dealgumaschácarasemAlmiranteTamandaré, na década de 70, conduzidapor umentão vereador de Curitiba.

O vereador e seu sócio foramàsredaçõesde O Estado do Paraná, OEstado de São Paulo e Jornal do Brasil,com uma proposta incrível: uma glebaemAlmiranteTamandaré, dividida emlotese que poderia ser adquirida emsuaves prestações. Bonsnegociantes ecom ótima referência – umera vereadorda cidade -, elesconseguiram vender agleba inteira só para jornalistas.

O problema revelou-se depois: osterrenoserammenores que o tamanhomínimo permitido pelo Incra e nãopuderamser legalizados. “Nóschegamosa reunir trêscarrosdejornalistas e fomos ver os terrenos”,lembra Adélia Lopes, que na épocatrabalhava no Estadão. “Nemconseguimoschegar perto. Era umdespenhadeiro e tínhamosde comprar omorro inteiro e fazer uma estrada parasubir o morro”, lembrou. Semcondiçõesde chegar àschácaras, algunsjornalistas desistiramdo negócio, outrosvenderamsua parte.

Adélia cedeu seu terreno a MoisésAntonio Assis, após ter pago asmensalidadespor cinco anos. Assis, queera diagramador deO Estadodo Paranána época, diz que tentou fazer um poçono terreno, mas emvão. “Era umterreno bom para milho e olha lá”. Eleterminounegociando sua parte algumtempo depois.

Não bastasse serem terrenos ruins,que na opinião de Assis jamais seriamcomprados por “quementende deterras”, o negócio era ainda ilegal. Assisdescobriu isso há doisanos, quando aJustiça deu ganho de causa à famíliaproprietária das terras, emação contra overeador. O paraíso campestre que overeador vendera era fruto de grilagemeos contratos não tinham valor legal.

dormindo com Silvana e Joana na rodo-viária.

Em Curitiba, o golpe foi aplicado em19 de outubro. Lombardo teve essa estó-ria falsa contada em emissoras de rádio ena Folha do Paraná, e buscou o apoio doSindicato. A entidade e as empresas nãoderam dinheiro ao casal, mas os jornalis-tas Dimitri do Valle, da Folha do Paraná;Alvaro Collaço e Sílvio Rauth Filho, doSindicato, fizeram colaborações expon-tâneas de R$ 20,00 (o primeiro) e R$10,00. Houve, ainda, a notícia de que uma

mulher uruguaia doou ao casal dinheirosuficiente para que eles viajassem até Por-to Alegre.

EstelionatoOs jornalistas só souberam que tinham

sido enganados no dia seguinte. A maté-ria publicada na Folha do Paraná, em 20de outubro, inclusive com depoimento doConsulado do Uruguai, levou colegas deFoz do Iguaçu a ligarem para o jornal. EmFoz, os Lombardo levaram na lábia R$100,00 dos jornalistas Alexandre Palmare Christian Rizzi. A Gazeta do Povo, quenão fez reportagem no dia 19, obteve ainformação de que os Lombardo eram fal-sários através do Consulado do Uruguaide Porto Alegre. “Eu fiquei com a sensa-ção de ter sido enganado”, desabafou Síl-vio Rauth Filho, que disse ter contribuí-do com o casal “ de coração”. “Na horapensei que valeria a pena ajudá-los, queseria por uma boa causa”, comentou.

Jurandir Ambonatti, da Rádio CBN,chegou a oferecer salgadinhos aos uru-guaios e garante que desconfiou que eragolpe, quando não aceitaram os salga-dinhos e ajuda que não fosse dinheiro.“Eu fiquei com um pé atrás, quando elesnão quiseram receber passagens paravoltar, mas dinheiro”, afirmou. A notí-cia dos falsários foi o destaque deJurandir, em rede nacional, dia 20, nohorário noturno da emissora. A manche-te enfatizava que profissionais da im-prensa tinham sido vítimas de golpistas.Os Lombardo foram vistos em Curitibaainda no dia 20, em torno do meio-dia.Compravam óculos escuros de um ca-melô, provavelmente com o dinheiro dejornalistas piedosos, próximo ao Termi-nal do Guadalupe.

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Os Lombardo:especialistasem golpescontrajornalistas

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própria iniciativa

Éa história de um jornal, ao mesmotempo que um acerto de contas coma vida. O jornalista e professor

Carlos Danilo Costa Côrtes realizou o pro-jeto que acalentava há dez anos: escrevera história de “O Diário do Paraná na Im-prensa e Sociedade Paranaense”. O livrofoi lançado em outubro e conta a trajetóriade um dos mais importantes jornais que oParaná, da sua fundação como órgão dosDiários Associados, por Assis Chateu-briand, em 29 de março de 1955, aolacônico fim sob direção de Bento Chi-melli, em 31 de janeiro de 1982.

Cortês editou por conta própria o li-vro de 305 páginas, onde há 42 depoimen-tos de empresários de comunicação, jor-nalistas e personalidades. Único jornalistaque esteve do primeiro ao último dia doDiário, Cortês sentiu-se à vontade para es-crever sobre o jornal. “Eu quis mostrarque a imprensa no Paraná tem duas fases:antes e depois do Diário do Paraná, por-que ele veio a Curitiba com característicade jornal que era feito no Rio de Janeiroe São Paulo”, explica. A mais imediatainovação se deu no aspecto visual, sendoo Diário o primeiro jornal inteiramentediagramado no Paraná, em uma época quesó as primeiras páginas ganhavam trata-mento especial.

Época áureaO jornal foi lançado sob forte campa-

nha publicitária, em 29 de março de 55,dia do aniversário de Curitiba. A festa deinauguração, com direito a banda de mú-sica em frente à sede, na Rua José Lou-reiro, 111, foi marcada pela presença doproprietário dos Diários Associados, As-sis Chateubriand, dos colunáveis Jorge eDolores Guinle e do governador do Esta-do, Bento Munhoz da Rocha Neto, alémde outras autoridades. O jornal tinhacomo diretor Adherbal Stresser. UbaldoSiqueira era gerente e Gilson da RochaPitta, jornalista de São Paulo, o redator-chefe. De São Paulo também vieram ojornalista Ferdinando Baider, o dia-gramador Benjamin Steiner e as máqui-nas. O primeiro número saiu com 48 pá-ginas e cinco cadernos. Mesmo com o altoinvestimento, o Diário teve problemasfinanceiros logo no seu início, por contado estilo de Assis Chateubriand, que fezcomentários atacando a monocultura noParaná. Logo no Diário, onde 40% dasações estavam nas mãos dos cafeicultores.

O Diário teve importância política noParaná, posicionando-se contrário à cria-ção do Estado do Paranapanema, queabrangeria as cidades que estavam emcrescimento no Norte do Estado, e em

Livro traz a históriade O Diário do Paraná

apoio a campanha “Seu talão vale um mi-lhão”, durante o primeiro governo de NeyBraga. E seguindo o Jornal do Brasil dadécada de 50, abriu espaços para a áreacultural, lançando em 59 o caderno “Le-tras & Artes” , sob direção de SylvioBack. Na década de 70, outro caderno cul-tural ficaria famoso: “Anexo”, no qual tra-balharam Reinaldo Jardim e Paulo Le-minski.

Um dos pontos fortes do Diário era suaredação. Nela passaram, entre outros, An-tônio Brunetti,Ayrton Baptista, Luiz Ge-raldo Mazza, Roberto Novaes, ViníciusCoelho, Ronald Stresser, Ivar Feijó, JairoRégis, José Augusto Ribeiro, Mário Ma-ranhão, Emílio Zola Florenzano, HélcioJosé, Nuevo Baby,Aroldo Murá, ManoelMagalhães, Oscar Volpini, Tarás Schner,Eudes Brandão, Dino Almeida, WalmorMarcellino, Léo Krieger, Renato Ribas,Reinaldo Jardim, Clóvis Stadler de Sou-za, Jorge Narozniak, ArnoldoAnater, JoséKalkbrenner, Paulo Marins de Souza,Rosi de Sá Cardoso, João Régis Fass-bender Teixeira, Carneiro Neto e MarianGuimarães. O jornal teve também jorna-

listas que tiveram sucessoem outras áreas, como JoséRicha( foi repórter no DP),Sylvio Back, Renê Dotti eAlgaci Túlio.

Sem despedidaCom a morte de Assis

Chateubriand, em 68, ojornal integrou o espóliodo Diário Associados. Es-tava nessa época sediadonas Mercês, com a TVParaná, no prédio ondehoje é o Canal da Música.Edmundo Monteiro, em-presário de São Paulo queherdou parte dos Diários,vendeu o jornal e a TV àfamília de Oscar Martinez.Este quis ficar com a TVParaná. O jornal passou,então, por diversos propri-etár ios (entre os quaisOdone Fortes Martins,Wilson Camargo, Joaquim

Santos Filho e Ronald Stresser) até che-gar a Bento Chimelli. O atual prefeitoeleito de Rio Branco do Sul tinha a in-tenção de usar o jornal politicamente etransformá-lo em um veículo sensaciona-lista, idéia que gerou a criação da Folhade Curitiba.

No final dos anos 70, o não pagamen-to de um empréstimo feito pela DiáriosAs-sociados junto à Caixa Federal, custou aperda da sede da Mercês. O jornal foi en-tão transferido para a Rua João Negrão,onde hoje está a Rádio Cultura. Em janei-ro de 82, Chimelli decidiu deixar de im-primir o Diário do Paraná, que estava sa-indo só com oito páginas.

“Em 23 de janeiro, Chimelli me cha-mou e disse que ia fechar o Diário. Isso às16 horas”, recorda Danilo Cortês. “Foi umchoque. Sabe o que é dar a vida ao jornale não ter direito de despedida?”, pergun-ta. Aquele 23 de janeiro, no entanto, re-servava mais uma surpresa ao jornalista.No final da tarde, ele receberia a informa-ção de que estava aposentado. O Diário doParaná seria, para sempre, seu único em-prego em redação de jornal.

No livro sobre o Diário do Paraná,Danilo Cortês reservou todo um capítulopara mostrar aspectos das viagens a Portu-gal, África e Alemanha que fez através dojornal, como da fundação do curso de Jor-nalismo da Universidade Federal do Paraná.No entanto, um aspecto importante do li-vro são os textos em que fala do seu papelna “Revolução de 64”, sobretudo comointerventor ao Sindicato dos Jornalistas,entre 64 a 67.

Por quatro anos secretário do diretórioregional do Partido de Representação Po-pular, que tinha como líder o integralistaPlínio Salgado, Danilo afirma que semprefoi um combatente franco do comunismo.“Souo que sou. Digo que combati o comu-nismo, mas nunca os comunistas. Quandoda eleição de José Richa na UPE (UniãoParanaense dos Estudantes, em 1957), quenós o apoiamos, havia uma carta de princí-pios com doze itens. O primeiro dizia: Nospropomos a combater por todos os meiosas influência da garra adunca soviética”,lembra.

Interventor do Sindicato em 9 de abrilde 64, nomeado para uma “Junta Gover-na-tiva” pelo comando da 5ª Região Militarjuntamente com Enoque de Lima Pereira eVinícius Coelho, Danilo Cortês lembra queaceitou a incumbência “diante da gravida-de da situação no país”. “Naquele momen-to, não concordávamos com a anunciadaposição do Sindicato emagregar-se à recém-criada CGT (Confederação Geral dosTra-balhadores), umbraço do Partido Comunis-ta”, escreveu. Chamado pela Revista Vejade “Dedo duro da Ditadura”, em uma re-portagemde 88, o que lhe rendeuatrito comjornalistas, ele não se arrepende de ter co-laborado com a “revolução” dos militares.Sobre ela, diz que ficou uma decepção: ofato dela não ter acabado comos corruptos.Ele se orgulha de ser considerado, mesmopelos esquerdistas, uma pessoa autêntica.

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rádio corredor

Na reforma administrativa promovidapor Jaime Lerner, após as eleiçõesmunicipais, dois jornalistas deixaramo primeiro escalão do Governo. NaComunicação Social, David Camposfoi substituído pelo ex-ministro e ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca.Na Secretaria da Cultura, a troca foide Lúcia Camargo para MônicaRischbieter.**Com Lúcia Camargo, o jornalistaEduardo Goulart deixou a Secretariada Cultura. O comando da Assessoriade Imprensa passou a ser de JussaraPohl.**Luiz Geraldo Mazza foi afastadotemporariamente da CBN, peladireção da emissora, por suas críticasao Governo Lerner. O jornalistaganhou férias de 30 dias da emissorae por ora está, como ele próprio diz,“em silêncio obsequioso”.**Na Tribuna do Paraná houve mudan-

ças na área de esportes. João Carlosde Santa foi para o Primeira Hora e ojornal contratou Gisele Rech.**Fato marcante na Tribuna, porém, foia despedida de Pedro Viana, quedeixou o jornal aposentado.**Como aconteceu em 96 e 97, o Jornalde Itaipu recebeu o Prêmio Aberje,na categoria jornal interno. O feitofoi comemorado pela equipe dojornal, formada por Hélio Teixeira,Cláudio Dalla Benetta, MariaAuxiliadora dos Santos, ViníciusFerreira e Helóisa Covolan, além dosrepórteres fotográficos Caio Coronele Julio César Souza .**Décio Trujilo saiu da Gazeta doPovo, onde era o responsável pelofechamento da primeira página, paraassumir editoria no Invest News. Suavaga na Gazeta é agora ocupada porCelso Nascimento.**

Desde setembro Reinaldo Bessaassina coluna diária em O Estado doParaná. A Folha do Paraná nãoperdeu tempo e lançou novacolunista: Ana Clara Garmendia.**Outros novos colunistas de O Estado:Pedro Ribeiro e Carlos AlbertoPessoa.**Um efeito do acidente em julho. APetrobrás tem agora assessoria deimprensa na Refinaria de Araucária.A contratada foi Verônica Macedo.

**O repórter-fotográfico Jairo ResendeJúnior está na Editora Gazeta doPovo. Ele vinha clicando para oSindicato dos Metalúrgicos. Outrorepórter-fotográfico contratado pelaGazeta foi Henry Milleo.**No Departamento de Fotografia de OEstado do Paraná a novidade éMarco Damásio.

**Em O Estado do Paraná, há doisnovos jornalistas: Francisco JoséZerbeto Assis e Anselmo Meyer,contratados respectivamente para aeditoria e reportagem de Cidades.**“Pataxó: o índio no espelho” é aexposição de Milla Jung, quepermanece até 21 de janeiro na SalaParaná, do Memorial de Curitiba.**“Beijos da chuva” é o livro de poe-mas de José Fernando, lançado emsetembro pela Editora Cerbero.**Maria de Los Angeles Duarte foicontratada pela Folha do Paraná,onde é repórter de política. KátiaMichele também deixou O Estadodo Paraná rumo a Folha, paraescrever na Editoria de Cidades.**Para a função de pauteira a Folhatrouxe Helen Taborda, que estava naRádio CBN.**O repórter Rodrigo Leite saiu daCBN. Ele trabalha agora só na TVIndependência.**Melissa Bergonsi não é mais repór-ter do Jornal do Estado. Decidiuficar só na Rádio CBN.**Marques Júnior escreve paraO Bonde: site da Folha do Paraná.Isso para meio-expediente, porquepermanece na Agência Rural.**Na sucursal curitibana da GazetaMercantil, a novidade é RoselyVargas, que estava na sucursal deFlorianópolis.**Na editoria de economia da Gazetado Povo foram contratados AdirNasser Júnior e Juliana de Mari.**A Rede Paranaense deComunicação está criando aFundação RPC, nos moldes daFundação Roberto Marinho.Clarissa Lopes de Alda foi aprimeira contratada do projeto,como coordenadora. Deixa outracoordenadoria: a da Editoria deEconomia da Gazeta do Povo,função agora ocupada por PedroChagas Neto.

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sindicato

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tabela de salários

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Estes são os menores salários que poderão ser pagos nas redações; Emjulho o menor salário pago nas redações foi de R$ 973,23.Os valores da tabela são para jornada de trabalho de 5 horas.O piso salarial da categoria é definido em Acordo Coletivo de Trabalho,Convenção Coletiva e/ou Dissídio Coletivo.

FREE LANCERedaçãoLauda de 20 linhas (1.440 caracteres)Mais de duas fontes:Edição por páginaTablóideStandardDiagramação por páginaTablóideStandartRevista(*) Tablita / Ofício / A4Revisão(*) Lauda (1.440 caracteres)(*) Tablóide(*) Tablita(*) StandardIlustração(*) Cor(*) P&BReportagem fotográfica - ARFOCReportagem EditorialSaída cor ou P&B até 3 horasSaída cor ou P&B até 5 horasSaída cor ou P&B até 8 horasAdicional por foto solicitadaFoto de arquivo para uso editorialReportagem Comercial/InstitucionalSaída cor ou P&B até 3 horasSaída cor ou P&B até 5 horasSaída cor ou P&B até 8 horasAdicional por fotoReportagem CinematográficaEquipamento e estrutura funcionalfornecida pelo contratante(*) Saída até 3 horas(*) Saída até 5 horas(*) Saída até 8 horasAdicional por horaFoto de arquivo para uso em:Anúncio de jornaisAnúncio de Revista e TVCapa de Disco e CalendárioOutdoorCartazes, Folhetos e ComisetasAudiovisual até 50 unidadesAudiovisual acima de 50 unidadesDiária em reportagem que inclui viagemReportagem aérea internacional(*) Hora técnicaObservações importantes:A produção (filme, laboratório, hospedagem, transporte, seguro de vida,credenciamento, etc.) é por conta do contratante; Na republicação, serãocobrados 100% do valor da tabela;A foto editorial não pode ter utilização comercial.(*) Novidades na tabela em caráter experimental.Sugestões deverão ser encaminhadas ao Sindicato através do fax (041)224-9296 ou Correio Eletrônico: [email protected]

1067,731388,041388,041601,591601,591601,59

57,4250% a mais

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73,97118,13194,1929,53

438,84472,81607,91931,38303,95641,69

à combinar371,51

à combinar59,07

Como sempre faz no início decada ano, o Sindicato dos Jorna-listas busca facilitar o pagamentoda anuidade pelos associados quenão descontama contribuição sin-dical diretamente em folha.Sãoquatro planos de pagamento, queproporcionam, descontos de até20% no valor da anuidade.

Quem optar por uma parcelaúnica, obterá desconto de 20%ao quitar a anuidade até 8 de ja-neiro. O valor será de R$105,98. Para o pagamento até 8

Pagamento da anuidade é facilitadode fevereiro, o desconto é de15%, com parcela de R$ 113,03.Até 8 de março, o desconto ofe-recido será de 10%, sendo o va-lor de R$119,23. Quem pagarentre 8 de fevereiro e 9 de abrilterá desconto de 5%, com o va-lor da anuidade fixado emR$125,86. Depois desta data,quem pagar a anuidade fará peloseu valor normal: R$ 132,48. Amensalidade do Sindicato é 1%do salário base e a anuidadeétem seu valor fixado em 1% do

piso salarial da categoria, quecorres-ponde a R$ 11,05.

OSindicato oferece outraspos-sibilidadespara o jornalista quitara anuidade, como o parcelamentoem até 3 vezes, com desconto de10%, ou mesmo o débito emcontacorrente ou emissão de carnê, paraquempreferir pagar a contribuiçãomês a mês.

Mais informações na Secreta-ria do Sindicato, pelo fone (41)224-9296, ou pelo e-mail:[email protected]

A Bolsa de Empregos do Sin-dicato dos Jornalistas, criada emjulho de 98, passou por reformu-lações. Na nova versão o jornalis-ta poderá colocar o currículo, fa-zer alterações ou excluí-lo atravésda internet, sem precisar informarao Sindicato. Para tanto, basta uti-lizar a senha. Outra novidade é ainserção de um dispositivo quepermite que apenas jornalistaspro-fissionais com registro na DRT

Nova bolsa de empregospossam apresentar currículos.

ABolsa temsido uma forma dejornalistasse colocaremno merca-do de trabalho e conseguirem umemprego ou trabalho de free-lancer. Pode ser acessada porqualquer pessoa, sendo fácil sechegar ao profissional desejado.Na reformulação, o Sindicato cor-rigiu um problema do formato an-terior: a permanência dos currícu-los na Bolsa. O prazo é agora de

90 dias da última alteração, o queimplica em dizer que a Bolsa ape-nas mostrará currículos de profis-sionais que precisam com urgên-cia de trabalho. A Bolsa de Em-pregos não tem custo. Para parti-cipar, basta o interessado preen-cher o formulário com suas infor-mações e clicar no botão incluir.O acesso à Bolsa de Empregos sedá pelo endereço do Sindicato nainternet: www.sindijorpr.org.br

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convêniosO Sindicato firmou nos últimos dois meses quatro novos convênios. Para ter acesso aosdescontos ofere-

cidos, o jornalista deve apresentar sua carteira de identificação

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