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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA · PDF fileà coragem puramente passiva de tudo ... assistência e proteção. Podíamos ser os mesmos em ... é necessário que se levem em

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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE PROJETO AUP - 0179 - PROJETOS NORMATIVOS Segundo Semestre de 2011 Terças Feiras das 14 às 18 horas (Sala XXX e Estúdio 5) Professores: Antonio Carlos Barossi Helena Ayoub Silva PROGRAMA PRELIMINAR OBJETIVO Ensino da teoria e prática do projeto de edificações, apoiado na solução de uma proposta de intervenção que considere a questão do edifício educacional público, inserido num bairro consolidado da cidade de São Paulo, podendo incorporar a ampliação do programa e discutir conjuntos multifuncionais. Estudar características dos projetos de edifícios educacionais, seus fatores determinantes e meios de realização. CONTEÚDO Estabelecer com a precisão possível as relações entre o desenho e a realidade. A transformação do desenho em construção e suas relações com o meio: tecnologia, desenvolvimento sócio-econômico, aspectos culturais e a cidade. O programa funcional e dimensionamento. Projeto de uma escola pública de primeiro e segundo graus. MÉTODO Os trabalhos serão desenvolvidos através de aulas teóricas, aulas práticas de projeto, palestras e seminários. Os projetos poderão ser desenvolvidos individualmente ou em equipe de até três alunos. Os projetos serão apresentados em seminários para discussão e avaliação. Critérios de avaliação: Aproveitamento no trabalho prático, participação nos seminários e freqüência. Recuperação: A recuperação se constituirá na revisão do projeto apresentado na última etapa. Não haverá orientação neste processo. O aluno deverá considerar as observações e comentários realizados nos seminários durante o semestre. O PROJETO: Escola Pública na Luz A intervenção será feita em um terreno à Rua Afonso Pena, entre a Praça Coronel Fernando Prestes e Rua Ribeiro de Lima. A Escola substituirá a EE Prudente de Moraes na Av. Tiradentes, que será objeto de intervenção para constituir-se na ampliação da Pinacoteca do Estado, projeto que está sendo desenvolvido pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Eduardo Colonelli. A proposta é a de se construir no terreno uma Escola de Ensino Fundamental – Ciclos I e II (diurno – período integral), e Ensino Médio (noturno) e Ensino de Jovens e Adultos EJA (noturno) com 27 salas de aula. O terreno, que é de propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo, foi doado ao Estado, abrigou a antiga Garagem Municipal e primeiro Almoxarifado. Algumas fachadas dessas antigas edificações estão preservadas. Inicialmente serão apresentadas, em seminários as experiências paulistas em construções escolares públicas. Também no início do semestre será organizado o seminário: “A Escola que Queremos” preparado pelos alunos embasado em textos de John Dewey, Anísio Teixeira e Paulo Freire. O seminário trará subsídios para criticar e ampliar o programa de necessidades.

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ETAPAS 1. Definição preliminar do programa de projeto; croquis da situação (planta 1:2.000),

croquis da área (1:500) com o entorno imediato, fotos e desenhos de observação; descrição das características da ocupação pretendida e estudos exploratórios de hipóteses de intervenção.

2. Estudo de viabilidade e proposta de ocupação: plantas gerais e corte esquemático com indicação dos usos, áreas, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento e memorial sucinto.

3. Estudo Preliminar: plantas, cortes, elevações, modelo de estudo e perspectivas. 4. Anteprojeto: plantas, cortes e elevações na escala de 1:200, perspectivas. 5. Anteprojeto final com modelo.

PROGRAMA Trata-se de uma Escola de Ensino Fundamental – Ciclos I e II (diurno – período integral), Ensino Médio (noturno) e Ensino de Jovens e Adultos EJA (noturno) com 27 salas de aula. O programa deverá ser elaborado pelos alunos, considerando as informações estabelecidas pela FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação, que estabelece diretrizes para escolas com até 15 salas de aula: (http://catalogotecnico.fde.sp.gov.br/meu_site/Catalogos/Ambientes/Programa_arquitetonico_Junho_10.pdf.) Tal programa deverá ser ampliado para o número de salas de aula proposto considerando que este não contempla ambientes necessários para abrigar as atividades extracurriculares que deverão acontecer numa jornada de período integral. Para isso será discutido e avaliado pelos alunos considerando debate ocorrido no seminário preparado pelos alunos tomando como base os textos: 1. A Pedagogia de John Dewey de Anísio Teixeira e A Criança e o Programa Escolar de John Dewey (cópia disponível para reprodução no Departamento); 2. Democracia e Educação de Anísio Teixeira (anexo pdf) e 3. Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire (anexo pdf). Os ambientes de vivência e esportes deverão ser abertos à comunidade nos finais de semana. Referência modulação, organização dos espaços, etc: http://catalogotecnico.fde.sp.gov.br/meu_site/index.htm Legislação incidente a ser obedecida: NBR 9050. Código Sanitário e atender ao regulamento de segurança contra incêndio previsto no Decreto Estadual n.º 46.076/01 de 31/08/01 do Corpo de Bombeiros. Atendimento ao Plano Diretor do Município de São Paulo: O terreno situa-se na Zona Centralidade Linear de Proteção Ambiental (ZCLp/01) Parâmetros urbanísticos a serem observados: Coeficiente de aproveitamento máximo: 1,0; Taxa de ocupação máxima: 0,50; Taxa de permeabilidade mínima: 0,15; Gabarito máximo de altura: 18,00 m; Recuos mínimos: 5,00 m (frente); 3,00 m (laterais e fundo). LEI Nº 13.276, 04 DE JANEIRO DE 2002: torna obrigatória a execução de reservatório para as águas coletadas por coberturas e pavimentos nos lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m². A seguir texto de Anísio Teixeira apresentando projetos de escolas públicas elaborados pela Comissão do Convênio Escolar de São Paulo. Um Presságio de Progresso Em meio aos conflitos e contradições brasileiras, nascidos da oposição permanente de forças residuais às veleidades de crescimento e progresso do país, a nova arquitetura brasileira constitui uma exceção, pela amplitude do apoio que vem recebendo e pelo ímpeto e continuidade de suas realizações. Talvez seja este movimento, hoje, a expressão mais caracterizada do que deveria ser o Brasil, se os vícios de sua formação social e a modificação histórica de haver nascido velho não nos tivessem chumbado os pés às piores formas de parasitismo e de passividade que jamais marcaram uma nacionalidade.

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Com efeito, pela sua nova arquitetura, o Brasil vem participando de um espírito de coragem e de saudável aventura, que não anima nenhum outro setor da vida nacional, embora outro não devesse ser o espírito da civilização que se deveria implantar nas amplitudes vazias e promissoras deste continente. O amor ao adquirido e ao privilégio - hoje conquistado repentinamente - um exasperante senso de segurança e um trágico horror ao risco, aliados, à coragem puramente passiva de tudo suportar, fazem do nosso país, entretanto, a mais palpitante contradição. Ao desafio de todo um mundo a conquistar, respondemos não com a debilidade força da juventude mas com a decrepitude medrosa e cambaleante da velhice, a pedir muletas, apoios, assistência e proteção. Podíamos ser os mesmos em arquitetura. E o somos, em verdade, em grande parte. Ao lado do Ministério de Educação lá está o Ministério da Fazenda a responder ao ato de risco e de beleza que é o Palácio da Educação com a mesquinha segurança - era assim que os romanos construíram - no Tesouro Nacional. Um pequeno grupo, entretanto, de arquitetos e engenheiros salva o espírito brasileiro, com essa arquitetura moderna que é, antes de tudo, um ato de confiança do país, no gênio de seu povo e no progresso do conhecimento humano. Todos nós, que sonhamos um estado de entusiasmo para a grande aventura de construir a nacionalidade, temos nesse movimento da arquitetura brasileira, uma pequena amostra do que poderíamos ser, se um estado de esclarecimento e de fé se criasse, como se criou entre esses engenheiros, em nossa agricultura, nossa indústria, nosso comércio, nossa educação e nossos serviços públicos e sociais em geral. Que caracteriza, porém, a arquitetura brasileira para que estejamos a fazer afirmação desse porte? Nada mais, e também nada menos, do que 1) uma singular libertação de velhas formas mentais, 2) uma corajosa adaptação das antigas e novas funções dos prédios aos recursos novos e novas técnicas da construção; e 3) uma confiança lírica na capacidade do homem de resolver os seus problemas. Mas que outros característicos deviam marcar a ação do homem que, nestes meados tormentosos do século XX, se deparasse com um continente a conquistar e todo um país a construir? Não será, assim, essa arquitetura como um presságio das forças latentes do país? Não será ela um sintoma, um sinal antecipado de que vamos despertar e, um dia, o espírito do arquiteto não dominará apenas as construções ocasionais que lhes entrega o acidentalismo de nossa vida pública e privada, mas todo o país e todas as suas atividades, lançadas final da grande aventura criadora de um povo entregue à construção voluntária e inteligente do seu destino? H. G. Wells, em uma de suas profecias a respeito do nosso mundo, imagina-o renascendo de uma fase de destruição total, por intermédio de um pequeno grupo de aviadores, que recolhe a herança da atitude científica e o espírito de confiança na ação humana. Quem sabe se, entre nós, a missão não caberá aos arquitetos? Primeiro o seu trabalho toca em todos os setores da atividade humana. Nada do que é humano lhes é estranho. Segundo, o hábito de projetar para todos fá-los sensíveis e objetivos, inteligentes e desapaixonados. Em nenhuma outra arte, além desta, o casamento entre a ciência e a beleza é mais íntima e mais inevitável. Não estarão aí as condições para a formação inesperada dos líderes nacionais? Com estas palavras é que intentamos fazer a apresentação dos novos prédios escolares que São Paulo edifica, acompanhando esse belo movimento da nova arquitetura à brasileira. A direção técnica do plano de construções foi confiada à figura de arquiteto e de artista que é Helio Duarte, em cujos projetos a fantasia delicada e jovial se mistura com uma real severidade de propósitos e a técnica mais escrupulosa. Para julgar esses prédios, entretanto, é necessário que se levem em conta os dois aspectos da arquitetura. Se, por um lado, é uma técnica a usar os conhecimentos e recursos do seu tempo a respeito dos materiais e uma arte a praticar a coragem de imaginação das novas formas, por outro lado obedece ao programa e aos objetivos da consciência de educação a que estiver servindo. Há, assim, possibilidade da construção de belos edifícios modernos para uma educação obsoleta, e essa desproporção entre os ideais e as atitudes que informam o estilo do prédio e os que inspiram os seus ocupantes torna a arquitetura moderna, no país, por vezes, como já o insinuamos, um pungente e doloroso espetáculo que, paradoxalmente tanto aflige aos que não a compreendem por isto a odeiam, como aos que a sentem e amam. Este é o resultado do desenvolvimento desarmonioso e contraditório do país, a crescer dentro da camisa de força das suas, até agora irredutíveis, cristalizações residuais. Somos, de certo

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modo, um fóssil a lutar por viver e crescer. E, por força, há de ser grotesco o resultado! Sob este aspecto é que o Palácio da Educação no Rio, pode deslumbrar o forasteiro – como Julien Husley que, ao saltar em nossa Capital, do cais mesmo se dirigiu para o Ministério, e, por outro lado, nos cortar o coração aos nativos, sentimos a contradição trágica entre a eloquência daquelas formas a singela esbelteza daquela juventude, a eficiência nervosa daquele organismo e a triste alma dos burocratas que o ocupam dos pedintes que o circundam. Reconheçamos, entretanto, que nenhum outro elemento é tão fundamental, no complexo da situação educacional, depois do professor, como o prédio e suas instalações. Reconheçamos, também com Pascal que o homem é feito de tal modo que embora o sentimento anteceda o gesto do sentimento. No Brasil, estamos a procurar este efeito. Façamos o gesto da fé para ver se a adquiriremos. A arquitetura moderna é esse gesto. Possam estes prédios escolares, concebidos em juventude, árdegos e elegantes como potros de raça, impacientes de dinamismo e de amor à vida, comunicar a educação e, pela educação, a existência brasileira, as suas finas e altas qualidade de inteligência, coragem e desprendida confiança no futuro. O Brasil precisa, para se realizar, de lirismo - que é a capacidade de se esquecer - e de virtude - que é a capacidade de se superar. A sua arquitetura moderna é uma lição magnífica dessas duas atitudes redentoras. Anísio Teixeira TEIXEIRA, Anísio. Um presságio de progresso. Habitat. São Paulo, v.4, n.2, 1951. p.175-177. BIBLIOGRAFIA Livros

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