103
n Facu Estudo num parq Mestr uldade d o das imp que eólico res pa rado Integr Orientado de Enge plicações o com e s ara corre Carlos Dissertaç rado em En or: Prof. Do enharia d s da utiliz sem banc ecção do s Manuel VERSÃO PR ção realiza ngenharia Major E outor José Junho d da Univ zação de cos de ba factor de Pinto Oli ROVISÓRIA ada no âm Electrotéc Energia é Rui da Ro de 2009 versidad uma red aterias de e potênci iveira mbito do cnica e de ocha Pinto de do Po de sem ne e conden ia Computad Ferreira orto eutro nsado- dores

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num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

res para

Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Orientador:

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

res para correcção do factor de potência

Carlos Manuel Pinto Oliveira

DissertaçãoMestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. Doutor

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

correcção do factor de potência

Carlos Manuel Pinto Oliveira

VERSÃO PROVISÓRIA

Dissertação realizadaMestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Major Energia

outor José Rui da Rocha Pinto Ferreira

Junho de 2009

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

correcção do factor de potência

Carlos Manuel Pinto Oliveira

ERSÃO PROVISÓRIA

realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Energia

José Rui da Rocha Pinto Ferreira

Junho de 2009

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

correcção do factor de potência

Carlos Manuel Pinto Oliveira

no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

José Rui da Rocha Pinto Ferreira

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensad

correcção do factor de potência

Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

José Rui da Rocha Pinto Ferreira

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Estudo das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico com e sem bancos de baterias de condensado-

Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores

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© Carlos Manuel Pinto Oliveira, 2009

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“Há uma grande diferença entre saber o caminho e percorrer o caminho…”

Morpheus in The Matrix

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v

Resumo

A preocupação crescente em reduzir as emissões de gases que provocam efeito de estufa,

os impactos ambientais e o contínuo aumento do preço do petróleo, levou à necessidade do

desenvolvimento de novos tipos de produção de energia eléctrica, baseados em energias

alternativas. Actualmente, o desenvolvimento tecnológico criou condições ideais para um

aumento da penetração de energias renováveis na rede, particularmente da produção de

energia eólica.

A legislação portuguesa obriga os produtores em regime especial a realizar compensação

de energia reactiva em determinadas condições. Com o objectivo de cumprir a regulamenta-

ção, estes produtores podem utilizar bancos de baterias de condensadores. No caso particular

dos parques eólicos, podem surgir problemas devido à instalação destes elementos, quando os

parques apresentam uma rede eléctrica com neutro isolado, sendo por isso necessário adoptar

medidas preventivas.

O trabalho desenvolvido tem como objectivo determinar qual o motivo que originou o

incêndio e destruição do transformador de um parque eólico português e determinar as medi-

das que permitem impedir a ocorrência deste fenómeno.

Inicialmente, foi realizado um estudo relativo à ferro-ressonância no transformador onde

ocorreu o incidente, uma vez que os fenómenos sentidos neste elemento se assemelhavam

aos produzidos pelo efeito da ferro-ressonância. Para o caso em estudo concluiu-se que não

ocorreu ferro-ressonância. Numa fase seguinte foi realizado um estudo relativo às consequên-

cias das manobras de um banco de baterias de condensadores no interior do parque eólico

com a rede em regime de neutro isolado.

Por fim exploraram-se duas soluções para a resolução do problema que consistiram em

instalar um transformador em zigzag ou realizar uma mudança na configuração dos transfor-

madores instalados, junto aos aerogeradores, de YNd para YNyn. É de salientar que a primeira

solução revelou-se a mais eficaz e económica.

Palavras-chave: bancos de baterias de condensadores, ferro-ressonância, regime de neu-

tro isolado e transformador em zigzag.

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vii

Abstract

The increasing concern in reducing the emissions of gases that causes greenhouse gas

emissions, environmental impacts and the continuous increase of the price of the oil, have

led to the necessity of the development of new types of production of electrical energy,

based on alternative energy. Currently, the technological development created ideal condi-

tions for an increase of the penetration of renewable energy in the power systems, particular-

ly of production of wind energy.

Portuguese legislation requires producers in special regimen to carry out compensation of

reactive power under certain conditions. In order to comply with the rules, this producers can

use banks of batteries of capacitors. In the particular case of wind farms, problems can occur

due to the installation of these elements when wind farms have a network with isolated neu-

tral, it’s necessary to take prevent measures.

The developed work aims to determine what the reason that caused a fire and destruction

of a transformer in a wind farm and determine the measures to prevent the occurrence of

this phenomenon.

Initially a study was conducted on the ferroresonance in the transformer where the inci-

dent occurred, since the phenomena experienced in this element are similar to those pro-

duced by the effect of ferroresonance. For the case study concluded that there wasn’t ferro-

resonance. In the next phase was a study on the consequences of switching of a bank of bat-

teries of capacitors, within the wind farm with a network with isolated system of neutral.

Finally it was explored two solutions that allow the resolution of the problem which con-

sists of installing a transformer in zigzag or make a change in the configuration of transfor-

mers, installed next to aerogenerators, of YNd to YNyn. However, the first solution proved to

be the most effective and economical.

Keywords: bank of battery of capacitors, ferroresonance, network with isolated neutral

and zigzag transformers.

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Agradecimentos

Ao meu orientador, Prof. José Rui da Rocha Pinto Ferreira, pela confiança depositada em

mim, atenção dispensada, pelos conselhos e críticas relacionadas com o trabalho desenvolvi-

do e pela ajuda a ultrapassar os momentos mais difíceis na elaboração deste trabalho.

Um agradecimento muito especial ao Prof. Hélder Leite por toda a ajuda e atenção dis-

pensada que só assim possibilitaram a concretização deste trabalho.

Aos meus pais que sem eles não seria possível completar o meu percurso académico com

tanto sucesso, o meu muito obrigado por toda a ajuda e apoio.

À minha namorada Sofia por todo o apoio, compreensão e ajuda a ultrapassar todos os

momentos mais difíceis do percurso académico.

Aos meus grandes amigos Elsa, Hélder e Tiago agradeço todos os bons momentos que me

proporcionaram ao longo de todo o percurso académico e toda a ajuda ao longo deste! Sere-

mos para sempre o quarteto maravilha…

Não posso dispensar o agradecimento a todos os colegas com quem convivi ao longo de

todo o curso e em especial durante a realização deste trabalho, na sala J304, que me ajuda-

ram a ultrapassar algumas adversidades (Márcio, Ricardo, José Barros e todos os outros).

Por último resta-me agradecer a todos os meus amigos externos à FEUP por todo o apoio

nas decisões que tomei ao longo da minha vida.

A todos os que contribuíram de forma directa ou indirecta para o meu trabalho, um since-

ro muito obrigado!

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Índice

Resumo ............................................................................................... v

Abstract ............................................................................................. vii

Agradecimentos ................................................................................... ix

Índice ................................................................................................ xi

Lista de Figuras .................................................................................... xv

Lista de Tabelas .................................................................................. xix

Abreviaturas e Símbolos ........................................................................ xxi

Capítulo 1 ............................................................................................ 1

Introdução ...................................................................................................... 1 1.1- Enquadramento do Problema ....................................................................... 1 1.2- Motivação .............................................................................................. 4 1.3- Objectivos ............................................................................................. 5 1.4- Estrutura da Dissertação ............................................................................ 5

Capítulo 2 ............................................................................................ 7

Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura ....................................... 7 2.1- Introdução ............................................................................................. 7 2.2- Circuito para Avaliação da Ferro-Ressonância: Bases Teóricas ............................... 8 2.2.1- Transformada de Laplace: Bases Teóricas .................................................... 10 2.2.2- Diagrama de Nyquist: Bases Teóricas .......................................................... 10 2.2.3- Método da Função Descritiva: Bases Teóricas ................................................ 11 2.2.4- Método da Função Descritiva: Aplicação ...................................................... 12 2.2.5- Determinação da Estabilidade do Sistema .................................................... 14 2.3- Comportamento do Sistema Perante o Fenómeno de Ferro-ressonância ................... 14 2.3.1- Magnetostrição .................................................................................... 15 2.4- Sumário ................................................................................................ 16

Capítulo 3 .......................................................................................... 17

Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo ............................................ 17 3.1- Introdução ............................................................................................ 17 3.2- Modelização do Transformador das Subestações das Torres Eólicas......................... 17 3.3- Modelização do Transformador da Subestação de Interligação à Rede de 60kV ........... 18 3.4- Modelo agregado dos aerogeradores.............................................................. 18

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xii

3.5- Redução do Esquema Eléctrico do Parque Eólico ao Esquema Simplificado ............... 19 3.5.1- Parâmetros das Máquinas e dos Cabos Presentes no Parque Eólico em Estudo ......... 21 3.6- Determinação do Diagrama de Nyquist do Parque Eólico em Estudo ....................... 21 3.7- Análise da Estabilidade do Sistema do Parque Eólico em Estudo ............................ 23 3.8- Sumário ............................................................................................... 23

Capítulo 4 .......................................................................................... 25

Regimes de Neutro: Influência na Integração de Bancos de Baterias de Condensadores ......... 25 4.1- Introdução ............................................................................................ 25 4.2- Impacto dos Regimes de Neutro Adoptados na Exploração dos Parques Eólicos .......... 26 4.2.1- Regime de Neutro Isolado ....................................................................... 26 4.2.2- Regime de Neutro Ligado Directamente à Terra ............................................. 27 4.2.3- Regime de Neutro Ligado Indirectamente à Terra ........................................... 29 4.3- Bancos de Baterias de Condensadores: Introdução ............................................ 30 4.3.1- Bancos de Baterias de Condensadores: Fenómenos Sentidos na Comutação de

Escalões .............................................................................................. 32 4.4- Banco de Baterias de Condensadores: Parque Eólico em Estudo ............................ 34 4.5- Sumário ............................................................................................... 35

Capítulo 5 .......................................................................................... 37

Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos ................. 37 5.1- Simulação em PSCAD/EMTDC® do Parque Eólico em Estudo .................................. 37 5.2- Grounding Transformers: Introdução ............................................................ 41 5.3- Transformador em ZigZag: Simulação ............................................................ 44 5.4- Mudança da Configuração do Transformador dos Aerogeradores do Parque para

YNyn: Simulação .................................................................................... 49 5.5- Sumário ............................................................................................... 54

Capítulo 6 .......................................................................................... 55

Conclusões e Trabalhos Futuros ............................................................................ 55 6.1- Conclusões ............................................................................................ 55 6.2- Trabalhos Futuros ................................................................................... 56

Referências ........................................................................................ 59

Apêndice A ........................................................................................ 61

Sistema Por Unidade ......................................................................................... 61

Apêndice B ......................................................................................... 63

Desenvolvimento Matemático para Determinação da (Eq. 9) ......................................... 63

Apêndice C ........................................................................................ 65

Desenvolvimento Matemático para Determinação da (Eq. 39) ........................................ 65

Apêndice D ........................................................................................ 67

Parâmetros para Determinação do Diagrama de Nyquist .............................................. 67

Apêndice E ......................................................................................... 69

Software PSCAD/EMTDC® .................................................................................... 69

Apêndice F ......................................................................................... 71

Análise de Curto Circuitos Assimétricos Fase – Terra ................................................... 71 F.1. Determinação das Expressões para a Análise de Curto-circuitos Assimétricos Fase-

Terra .................................................................................................. 72

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F.2. Parâmetros utilizados na simulação .............................................................. 74 F.2.1. Determinação dos Parâmetros nos Sistema p.u. ............................................. 76 F.3. Exemplo de Cálculo ................................................................................. 77 F.4. Resultados do Software PSCAD®/EMTDC® ........................................................ 80

Anexo 1 ............................................................................................ 81

Transformada de Laplace ................................................................................... 81

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xv

Lista de Figuras

Figura 1 – Potência eólica instalada na União Europeia [3]. .......................................... 2

Figura 2 – Potência eólica instalada em Portugal [4]. ................................................. 3

Figura 3 – Circuito ferro-ressonante. ..................................................................... 8

Figura 4 – Método de obtenção da curva de saturação. ............................................... 9

Figura 5 - Diagrama de blocos do sistema gerador, cabo e transformador. ....................... 10

Figura 6 – Sistema não linear [14]. ....................................................................... 12

Figura 7 – Gráfico da função descritiva para diversos valores de . ............................. 13

Figura 8 – Esquema equivalente do transformador. ................................................... 18

Figura 9 – Circuito equivalente do parque eólico em estudo. ....................................... 19

Figura 10 – Diagrama de Nyquist do esquema equivalente do parque eólico em estudo. ....... 22

Figura 11 – Diagrama de Nyquist e função descritiva para o esquema eléctrico do parque eólico em estudo. .................................................................................... 22

Figura 12 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro isolado. ................................................................................................ 26

Figura 13 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro directamente ligado à terra. ....................................................................... 28

Figura 14 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro com reactância. ...................................................................................... 29

Figura 15 – Sobretensão de manobra associada à bateria de condensadores [24]................ 33

Figura 16 – Representação esquemática do parque eólico em estudo. ............................ 34

Figura 17 – Modelização do parque eólico em estudo no Software PSCAD/EMTDC®.............. 37

Figura 18 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão ................................................................................................. 38

Figura 19 – Diferença de potencial entre a fase R e a terra ......................................... 38

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xvi

Figura 20 - Diferença de potencial entre a fase S e a terra ......................................... 39

Figura 21 - Diferença de potencial entre a fase T e a terra ......................................... 39

Figura 22 – Tensão composta entre as fases R e S .................................................... 40

Figura 23 – Tensão composta entre as fases R e T .................................................... 40

Figura 24 – Tensão composta entre as fases S e T .................................................... 41

Figura 25 – Grounding Transformers YNd e ZigZag .................................................... 42

Figura 26 – Modelo do transformador em zigzag utilizado no Software PSCAD/EMTDC® ........ 44

Figura 27 - Modelização do parque eólico em estudo com transformador em zigzag no Software PSCAD/EMTDC® ........................................................................... 45

Figura 28 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão com transformador em zigzag ........................................................... 45

Figura 29 – Diferença de potencial entre a fase R e a terra com transformador em zigzag .... 46

Figura 30 – Diferença de potencial entre a fase S e a terra com transformador em zigzag .... 46

Figura 31 – Diferença de potencial entre a fase T e a terra com transformador em zigzag .... 47

Figura 32 – Tensão composta entre as fases R e S com transformador em zigzag ............... 47

Figura 33 – Tensão composta entre as fases R e T com transformador em zigzag ............... 48

Figura 34 – Tensão composta entre as fases S e T com transformador em zigzag ............... 48

Figura 35 – Corrente no ponto neutro do transformador com configuração zigzag .............. 49

Figura 36 - Modelização do parque eólico em estudo com transformador dos aerogeradores em YNyn. .............................................................................................. 50

Figura 37 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão com transformador em YNyn ............................................................. 50

Figura 38 – Tensão simples na fase R com transformador em YNyn ................................ 51

Figura 39 – Tensão simples na fase S com transformador em YNyn ................................ 51

Figura 40 – Tensão simples na fase T com transformador em YNyn ................................ 52

Figura 41 – tensão composta entre as fases R e S com transformador em YNyn ................. 52

Figura 42 – tensão composta entre as fases R e T com transformador em YNyn ................. 53

Figura 43 – tensão composta entre as fases S e T com transformador em YNyn ................. 53

Figura 44 – Corrente no neutro do transformador ..................................................... 54

Figura 45 – Curto-circuito fase-terra aos terminais de um gerador. ............................... 72

Figura 46 – Esquema de ligações directo, inverso e homopolar para o curto-circuito fase-terra.................................................................................................... 73

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Figura 47 – Esquema da rede de teste para análise de curto-circuitos. ........................... 75

Figura 48 - Esquema directo e inverso da rede de teste. ............................................ 78

Figura 49 - Esquema homopolar da rede de teste. .................................................... 78

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xix

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Características dos cabos do parque eólico em estudo. ................................ 21

Tabela 2 – Características dos transformadores dos aerogeradores. ............................... 21

Tabela 3 – Características do transformador de interligação com a rede de Média Tensão. ... 21

Tabela 4 – Capacidade do banco de condensadores no parque eólico em Estudo. ............... 34

Tabela 5 – Características da rede de análise de curto-circuitos. .................................. 75

Tabela 6 - Resultados obtidos para o curto-circuito fase-terra ..................................... 79

Tabela 7 - Resultados obtidos para o curto-circuito fase-terra no Software PSCAD®/EMTDC® ...................................................................................... 80

Tabela 8 – Transformada de Laplace [35] ............................................................... 81

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xxi

Abreviaturas e Símbolos

Lista de Abreviaturas (ordenadas por ordem alfabética):

EDP Energias de Portugal

FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

kV kilovolt (Unidade de Tensão - 1 kV = 103 V) [1]

kVA kilovoltampere (Unidade de Potência – 1 kVA = 103 VA) [1]

MVA Megavoltampere (Unidade de Potência – 1 MVA = 106 VA) [1]

Mvar Megavoltampere reactivo (Unidade de Potência Reactiva – 1 Mvar = 106 var) [1]

MW Megawatt (Unidade de Potência Activa – 1 MW = 103 W) [1]

REN Redes Energéticas Nacionais

SEE Sistema Eléctrico de Energia

Lista de Símbolos:

Ω Ohm

p.u. Por unidade

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Capítulo 1

Introdução

Neste capítulo será efectuada uma descrição da produção de energia eólica na União

Europeia e em Portugal, fazendo o paralelismo com as emissões de gases que contribuem para

o efeito de estufa e a integração de parques eólicos na rede eléctrica. Também será apresen-

tada a motivação para a elaboração deste trabalho, assim como os objectivos a que se propõe

e as contribuições para a comunidade académica e científica.

1.1- Enquadramento do Problema

Actualmente, a energia eléctrica é um bem imprescindível para a sociedade [2], na medi-

da em que dependem dela todas as actividades industriais, comerciais, residenciais, transpor-

tes, entre muitas outras. O aumento da população mundial, assim como o crescente desen-

volvimento industrial, têm proporcionado o aumento das necessidades energéticas, na qual se

prevê um aumento gradual do consumo de energia eléctrica nos próximos anos.

As alterações climáticas têm vindo a causar efeitos severos no ambiente global e irão, no

futuro próximo, causar problemas sociais e económicos à escala mundial, caso não sejam

implementadas medidas para reduzir os seus impactos. Com o objectivo de conter as altera-

ções climáticas, foi celebrado, no final de 1997, o Protocolo de Quioto, onde foram estabele-

cidos limites máximos para a emissão de gases com efeito de estufa durante o período de

2008 a 2012. Com o objectivo de cumprir com o estabelecido, os diversos governos sugeriram

alterações em diversas áreas, sendo a principal a da produção de energia eléctrica. No caso

de Portugal, foi criado o programa nacional para as alterações climáticas que contempla

diversas medidas para combater este problema. Neste documento é sugerida a implementa-

ção de um conjunto de políticas e medidas, nos diversos sectores da economia portuguesa,

para o período definido no Protocolo de Quioto, que conduzem a um controlo das emissões de

gases com efeito de estufa, de forma a convergir para o cumprimento das obrigações nacio-

nais. A produção de energia eléctrica também faz parte deste documento, na medida em que

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2 Introdução

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

fontes de energia renovável para 45%. Uma out

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

A energia

além disso

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

construção de parques eólicos, apoia

mento legislativo favorável.

Apesar de uma

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

de parques eólicos.

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

variação da potência instalada, de 2001 a 2008,

tra-se na

Durante o ano de 2008

com os conflitos nos países exportadores

instalações de

lações prende

10

20

30

40

50

60

70

Po

tên

cia

(M

W)

Introdução

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

fontes de energia renovável para 45%. Uma out

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

energia eólica

além disso, reduz a

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

construção de parques eólicos, apoia

mento legislativo favorável.

Apesar de uma

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

de parques eólicos.

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

variação da potência instalada, de 2001 a 2008,

se na Figura 1.

Figura

Durante o ano de 2008

com os conflitos nos países exportadores

instalações de produção eólica. Um outro motivo que permit

lações prende-se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

2,497 3,476

0

10

20

30

40

50

60

70

2001 2002

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

fontes de energia renovável para 45%. Uma out

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

eólica é uma energia

, reduz a dependência de combustíveis fósse

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

construção de parques eólicos, apoia

mento legislativo favorável.

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

de parques eólicos. Assim, a energia eólica tornou

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

variação da potência instalada, de 2001 a 2008,

Figura 1 – Potência

Durante o ano de 2008, o medo

com os conflitos nos países exportadores

produção eólica. Um outro motivo que permit

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

3,476 4,753 6,453

2002 2003 2004

Potência Eólica Instalada na UE

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

fontes de energia renovável para 45%. Uma out

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

energia limpa e barata para a produção de electricidade. Para

dependência de combustíveis fósse

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

construção de parques eólicos, apoiando as iniciativas com generosos subsídios e enquadr

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

Assim, a energia eólica tornou

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

variação da potência instalada, de 2001 a 2008,

Potência eólica

medo sobre a depen

com os conflitos nos países exportadores de petróleo

produção eólica. Um outro motivo que permit

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

6,4539,678

12,887

2004 2005 2006

Potência Eólica Instalada na UE

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

fontes de energia renovável para 45%. Uma outra medida prende

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

limpa e barata para a produção de electricidade. Para

dependência de combustíveis fósseis que são importados e contribui para

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

ndo as iniciativas com generosos subsídios e enquadr

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

Assim, a energia eólica tornou-se numa energia renovável em constante

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

variação da potência instalada, de 2001 a 2008, em energ

ólica instalada na União Europeia

sobre a dependência de combustíveis fó

de petróleo conduziu a um aumento significativo das

produção eólica. Um outro motivo que permit

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

12,88717,315

23,098

2006 2007 2008

Ano

Potência Eólica Instalada na UE

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

ra medida prende-se com o aumento em 1950

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100

limpa e barata para a produção de electricidade. Para

is que são importados e contribui para

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição.

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

ndo as iniciativas com generosos subsídios e enquadr

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na cr

se numa energia renovável em constante

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes.

energia eólica

nstalada na União Europeia

dência de combustíveis fó

conduziu a um aumento significativo das

produção eólica. Um outro motivo que permitiu o aumento deste tipo de inst

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

23,09828,491

34,372

2008 2009 2004

Potência Eólica Instalada na UE

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

se com o aumento em 1950

MW de capacidade instalada de energia eólica para um novo total de 5100 MW.

limpa e barata para a produção de electricidade. Para

is que são importados e contribui para

a redução de gases de efeito estufa e outros efeitos adversos de poluição. Os diversos gove

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

ndo as iniciativas com generosos subsídios e enquadr

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

mento, devido ao renovado interesse público, aos benefícios fiscais ligados à sua exploraç

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

de energia, uma vez que, permitiu a entrada de investidores privados na criação de projectos

se numa energia renovável em constante

crescimento e capaz de competir com os outros tipos de energia existentes. O gráfico com a

na União Europeia

nstalada na União Europeia [3].

dência de combustíveis fósseis exacerbado

conduziu a um aumento significativo das

o aumento deste tipo de inst

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

34,372

40,5

48,031

2004 2005 2006

Potência Eólica Instalada na UE

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

se com o aumento em 1950

limpa e barata para a produção de electricidade. Para

is que são importados e contribui para

s diversos gove

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

ndo as iniciativas com generosos subsídios e enquadr

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresc

sua exploraç

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector elé

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

iação de projectos

se numa energia renovável em constante

O gráfico com a

a União Europeia, enco

sseis exacerbado

conduziu a um aumento significativo das

o aumento deste tipo de inst

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

48,031

56,517

64,935

2006 2007 2008

houve uma alteração da meta de 39% do consumo bruto de electricidade em 2010 a partir de

se com o aumento em 1950

limpa e barata para a produção de electricidade. Para

is que são importados e contribui para

s diversos gover-

nos dos países europeus e a própria União Europeia promovem e incentivam empresas para a

ndo as iniciativas com generosos subsídios e enquadra-

estagnação inicial, na última década a energia eólica sofreu um cresci-

sua exploração

e, principalmente, devido ao avanço tecnológico das turbinas. A liberalização do sector eléc-

trico teve também um contributo muito importante para o aumento da produção deste tipo

iação de projectos

se numa energia renovável em constante

O gráfico com a

encon-

sseis exacerbado

conduziu a um aumento significativo das

o aumento deste tipo de insta-

se com o facto de haver uma preocupação por parte dos governos da União

64,935

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Europeia em

de e

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

[3]

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

tant

líder de renováveis.

portamento

MW, distribuí

todo o território Continental

2009, eram

e Santarém. Os distritos com

Faro, Coimbra, V

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

existentes e

eólicos

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

Europeia em reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

de estufa.

No fim de 2008, havia

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

[3]. Verifica-se qu

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

tantes fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

líder de renováveis.

No que concerne à potência eólica instalada em Po

portamento descrito na

A potência eólica instalada no final de Fevereiro de 2009

MW, distribuída por 176 parques

todo o território Continental

2009, eram Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

e Santarém. Os distritos com

Faro, Coimbra, V

Apesar de todas as vantagens

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

existentes e na criação d

eólicos, em núme

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Po

tên

cia

(G

W)

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

No fim de 2008, havia

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

se que neste ano

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

líder de renováveis.

No que concerne à potência eólica instalada em Po

descrito na Figura

Figura

A potência eólica instalada no final de Fevereiro de 2009

da por 176 parques

todo o território Continental

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

e Santarém. Os distritos com

Faro, Coimbra, Vila Real, Aveiro e C

Apesar de todas as vantagens

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

na criação d

, em número e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

114 175

2001 2001

Potência Eólica Instalada em Portugal

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

No fim de 2008, havia aproximadamente

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

e neste ano, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

No que concerne à potência eólica instalada em Po

Figura 2

Figura 2 – Potência

A potência eólica instalada no final de Fevereiro de 2009

da por 176 parques eólicos

todo o território Continental [4]. Os distritos com maior potência inst

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

e Santarém. Os distritos com mais vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

Real, Aveiro e Castelo

Apesar de todas as vantagens na exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

na criação de novas infra

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

175 253

2001 2003

Potência Eólica Instalada em Portugal

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

aproximadamente 65 GW de potência instalada na União Europeia a

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

No que concerne à potência eólica instalada em Po

Potência eólica instalada em Portugal

A potência eólica instalada no final de Fevereiro de 2009

eólicos, com um total de 1583 aerogeradores ao longo de

Os distritos com maior potência inst

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

astelo Branco

exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

infra-estruturas. Com o contínuo crescimento dos parques

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

537

2003 2004

Potência Eólica Instalada em Portugal

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

65 GW de potência instalada na União Europeia a

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

No que concerne à potência eólica instalada em Portugal, verifica

nstalada em Portugal

A potência eólica instalada no final de Fevereiro de 2009

, com um total de 1583 aerogeradores ao longo de

Os distritos com maior potência inst

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

[4].

exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

estruturas. Com o contínuo crescimento dos parques

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funci

1047

1681

2005 2006

Ano

Potência Eólica Instalada em Portugal

Enquadramento do Problema

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que pro

65 GW de potência instalada na União Europeia a

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

rtugal, verifica-se que assume o

nstalada em Portugal [4].

em Portugal situava

, com um total de 1583 aerogeradores ao longo de

Os distritos com maior potência instalada, em Fevereiro de

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila R

vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

estruturas. Com o contínuo crescimento dos parques

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

dos sistemas de energia, trazendo riscos para o seu bom funcionamento [5]

1681

2108

2006 2007

Potência Eólica Instalada em Portugal

Enquadramento do Problema

reduzir o aquecimento global devido às emissões de gases que provocam o efeito

65 GW de potência instalada na União Europeia a

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que perm

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das re

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

se que assume o

em Portugal situava-se em 2

, com um total de 1583 aerogeradores ao longo de

alada, em Fevereiro de

Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Viana do Castelo, Lisboa, Vila Real, Leiria, Braga

vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

estruturas. Com o contínuo crescimento dos parques

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

[5], [6], [7] e

2779

2008 Fev

Potência Eólica Instalada em Portugal

Enquadramento do Problema 3

vocam o efeito

65 GW de potência instalada na União Europeia a

produzir 142 TWh que corresponde a 4,2% da produção de electricidade da União Europeia

, a capacidade total instalada na União Europeia foi de 23851

MW, destes, 8434 MW (36%) correspondem a novas instalações de energia eólica, o que permi-

te concluir que foram instaladas mais fontes de energia eólica do que qualquer uma das res-

es fontes de energia. Por esta razão, esta forma de energia é actualmente a tecnologia

se que assume o com-

se em 2932

, com um total de 1583 aerogeradores ao longo de

alada, em Fevereiro de

eal, Leiria, Braga

vento, em 2008, foram Lisboa, Guarda, Santarém, Leiria,

exploração desta energia, existem inúmeras dificuldades

e desafios no que diz respeito à introdução desta nova tecnologia nos sistemas eléctricos já

estruturas. Com o contínuo crescimento dos parques

ro e capacidade de produção, o aumento da quantidade de energia eólica

injectada na rede trouxe uma crescente importância da produção eólica para a estabilidade

e [8].

2932

Fev-09

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4 Introdução

Segundo o ponto 4.3.6 do capítulo IV do regulamento das redes de distribuição [9], nos

períodos de horas de cheias e de ponta, os produtores de energia devem fornecer uma quan-

tidade de energia reactiva correspondente, no mínimo, a 40% da energia activa fornecida,

sendo que nos períodos de vazio não deve ser fornecida este tipo de energia. Assim, para os

produtores cumprirem as exigências mínimas deste regulamento devem implementar as

medidas necessárias. A forma mais económica de fornecer energia reactiva à rede consiste

em instalar um banco de baterias de condensadores no interior dos parques eólicos a funcio-

nar nas horas em que o regulamento obriga. Contudo, é necessário tomar medidas para que

este equipamento não possa danificar nem perturbar o funcionamento dos restantes elemen-

tos do parque eólico.

1.2- Motivação

A integração de fontes de energia renovável, nomeadamente a energia eólica, nas redes

eléctricas causou motivos de desconfiança por parte dos operadores da rede. Estes receavam

os impactos que estas instalações pudessem trazer para a exploração e funcionamento dos

sistemas eléctricos devido à intermitência do vento. Contudo, devido ao forte avanço tecno-

lógico, os aerogeradores disponíveis actualmente no mercado são máquinas mais fiáveis e com

potencialidades muito superiores aos aerogeradores convencionais, contrariando assim a opi-

nião dos operadores da rede.

A penetração de energia eólica assume inúmeras vantagens, contudo, associado à cons-

trução em grande escala de novos parques eólicos, têm surgido diversos problemas. Um dos

problemas foi sentido num parque eólico em Portugal, que nesta dissertação irá ser designado

por parque eólico em estudo. Neste parque eólico ocorreu um incêndio e consequente des-

truição do transformador que o interliga com a rede eléctrica e que levou à sua perda total,

sendo este fenómeno provocado por fenómenos eléctricos e/ou electromagnéticos.

Assim, nesta dissertação pretende-se analisar o fenómeno que poderá ter dado origem ao

problema sentido no parque eólico referido anteriormente. Neste sentido, irá ser realizado

um estudo relativo às implicações da utilização de uma rede de neutro isolado num parque

eólico com e sem baterias de condensadores para correcção do factor de potência. Será par-

ticularizado o caso do parque eólico em estudo e irão ser determinadas possíveis soluções

para a resolução do problema.

Nesta dissertação também será realizado um estudo relativo à possibilidade de ocorrência

do fenómeno de ferro-ressonância em parques eólicos. Um parque eólico possui cabos subter-

râneos de comprimento consideravelmente elevado e também transformadores, por este

motivo pode ocorrer ferro-ressonância. Este fenómeno pode ser agravado pela forma de liga-

ção do neutro e pela necessidade de compensação de energia reactiva por parte do parque

eólico, recorrendo à instalação de bancos de baterias de condensadores. Deste modo, é

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Objectivos 5

necessário proceder à realização de um estudo, para cada parque eólico que permita analisar

a possibilidade ou não de ocorrência da ferro-ressonância.

Este trabalho permitiu determinar possíveis medidas a implementar nos parques eólicos

em Portugal que possuam uma rede com neutro isolado para que estes problemas possam vir

a ser evitados no futuro.

1.3- Objectivos

O trabalho que conduziu esta dissertação apresenta dois objectivos essenciais:

• Análise da possibilidade de ocorrência de ferro-ressonância no parque eólico em

estudo;

• Análise das implicações da utilização de uma rede sem neutro num parque eólico

com e sem bancos de baterias de condensadores para a correcção do factor de

potência.

Por outro lado, com este trabalho pretende-se avaliar qual o motivo que deu origem ao

incidente sentido no parque eólico em estudo, assim como apresentar uma solução para a sua

resolução.

Pode concluir-se que o objectivo primordial desta dissertação consiste em determinar

possíveis medidas a implementar nos parques eólicos para que este tipo de incidentes possam

ser evitados no futuro.

1.4- Estrutura da Dissertação

A presente dissertação é constituída por seis capítulos, sendo que a descrição de cada um

é apresentada de seguida.

O capítulo 1 descreve a motivação que deu origem a este trabalho, os objectivos a que se

propõe e as contribuições do presente documento para a comunidade científica e académica.

O capítulo 2 apresenta uma revisão da literatura relacionada com a ferro-ressonância em

transformadores, um método para determinação deste fenómeno numa rede eléctrica e o

comportamento de um sistema eléctrico perante a ferro-ressonância.

O capítulo 3 é dedicado à análise da ferro-ressonância no parque eólico em estudo e às

conclusões inerentes a esta análise.

No capítulo 4 são abordados os diferentes regimes de neutro que podem ser adoptados

numa instalação eléctrica, assim como as vantagens e desvantagens de cada um deles. Neste

capítulo também é exposto a existência de um banco de baterias de condensadores no parque

eólico em estudo, assim como os problemas sentidos na sua comutação.

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6 Introdução

No capítulo 5 é apresentada a simulação que permite visualizar o problema sentido neste

parque eólico, assim como as duas soluções que podem ser adoptadas nos parques eólicos que

necessitem de realizar uma correcção do factor de potência através de um banco de baterias

de condensadores sem ocorrência de um incidente idêntico ao que ocorreu no parque eólico

em estudo.

No capítulo 6 encontram-se as conclusões do trabalho desenvolvido e são referidas algu-

mas indicações sobre os trabalhos futuros que podem ser desenvolvidos tendo como base este

trabalho.

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Capítulo 2

Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

2.1- Introdução

A expressão ferro-ressonância surgiu na década de 20 [10] e refere-se a todos os fenóme-

nos oscilatórios que ocorrem num circuito eléctrico que contém uma indutância não linear

(ferromagnética e saturável), um condensador, uma fonte de tensão e uma resistência de

baixo valor em série ou paralelo. Contudo, nem todos os circuitos estão sujeitos a este fenó-

meno, uma vez que os valores de capacidade e de indutância têm que formar condições par-

ticulares de operação do sistema.

A ferro-ressonância refere-se a um tipo especial de ressonância que, no caso particular de

redes eléctricas de energia, envolve elementos não lineares, como é o caso de uma indutân-

cia de um transformador, a capacidade das linhas e/ou cabos e a capacidade dos bancos de

condensadores.

Durante o projecto de uma instalação de média, alta ou muito alta tensão devem ser

tomadas medidas para evitar estas situações, uma vez que podem causar danos materiais

irreversíveis nos equipamentos da instalação. Estes danos são causados por sobretensões que

podem atingir valores na ordem de 4 a 5 p.u (Ver Apêndice A). [11] e podem surgir no estado

estacionário ou transitório. Apesar das medidas implementadas em projecto, na prática têm

ocorrido algumas situações que dão origem a este fenómeno, causando danos materiais irre-

versíveis nos equipamentos. O fenómeno da ferro-ressonância pode ser causado por sobreten-

sões devido a descargas atmosféricas, manobras de disjuntores, energização ou desenergiza-

ção de transformadores ou cargas, ocorrência ou remoção de defeitos, entre outros.

Relativamente à forma de ligação destes equipamentos, segundo [12], a ligação com enro-

lamento em triângulo permite a ocorrência da ferro-ressonância para cabos com comprimen-

tos superiores a 30 metros. Segundo este autor, na América do Norte, utiliza-se a ligação YNy

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8 Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

para evitar este fenómeno, porém, este modo de ligação não é imune, apesar de ser mais

resistente.

Com o objectivo de proporcionar uma correcta abordagem do problema, é possível recor-

rer ao estudo de estabilidade de um diagrama de blocos que permita realizar a modelização

do sistema em estudo. Um método que permite analisar a estabilidade do sistema consiste na

utilização do diagrama de Nyquist, conforme se apresenta no ponto 2.2.2-. O método que se

pretende utilizar aplica-se a qualquer configuração de um circuito eléctrico que possua ape-

nas um parâmetro não linear e uma fonte de alimentação.

2.2- Circuito para Avaliação da Ferro-Ressonância: Bases Teó-ricas

O estudo da ferro-ressonância será analisado do ponto de vista de “Sistemas de Controlo”,

na medida em que será utilizado um diagrama de blocos que permita realizar a modelização

do sistema. Assim, pretende-se analisar o sistema da Figura 3 que possui uma indutância do

transformador não linear em série com um cabo subterrâneo alimentados por um gerador.

Figura 3 – Circuito ferro-ressonante.

As equações que descrevem o circuito da Figura 3 são:

e = Ri + L didt + dλdt (Eq. 1)

1C idt = dλdt (Eq. 2)

i = i + i (Eq. 3) i = fλ (Eq. 4)

onde é o fluxo do transformador, i e i são respectivamente a corrente no transformador e

no condensador.

Segundo os estudos realizados em [13], é possível desprezar o efeito da histerese e das

correntes de Foucault para os estudos da ferro-ressonância, uma vez que apenas a saturação

do transformador assume um papel significativo para o fenómeno de magnetização. Assim,

com o objectivo de determinar a correcta curva de saturação do transformador, é utilizado o

método indicado na Figura 4.

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Circuito para Avaliação da Ferro-Ressonância: Bases Teóricas 9

Figura 4 – Método de obtenção da curva de saturação.

Segundo [13], pode assumir-se para um transformador que = + 4 e que esta aproxi-

mação introduz poucos erros e permite realizar cálculos simplificados.

Relativamente à determinação da existência ou não de ferro-ressonância, esta pode ser

avaliada de acordo com as equações que descrevem o circuito, no domínio de Laplace, con-

forme se apresenta no ponto 2.2.1-. As equações que modelizam o sistema no domínio de

Laplace, ou seja, a aplicação da transformada de Laplace às equações (Eq. 1), (Eq. 2), (Eq. 3)

e (Eq. 4) são, respectivamente: E = RI + sLI + sΛ (Eq. 5) 1sC I = sΛ (Eq. 6)

I = I + I (Eq. 7)

I = Λ + 4Λ (Eq. 8)

onde as variáveis maiúsculas representam a transformada de Laplace. Por tratamento mate-

mático (ver Apêndice B) é possível eliminar a dependência da corrente I e I na (Eq. 5).

Assim,

Λ = 1ssLC + sRC + 1 ∙ E − R + sLssLC + sRC + 1 ∙ I (Eq. 9)

considerando que:

Gs = 1ssLC + sRC + 1 (Eq. 10)

Gs = R + sLssLC + sRC + 1 (Eq. 11)

então, Λ = Gs ∙ E − Gs ∙ I (Eq. 12)

Desta forma, é possível determinar e construir o diagrama de blocos que representa este

sistema (Figura 5). O estudo da estabilidade deste diagrama de blocos é realizado para

determinar a possibilidade de ocorrência de ferro-ressonância no sistema eléctrico em estu-

do. Contudo, a (Eq. 8) é não linear, o que impõe a utilização de um método que possibilite

este tratamento, como é o exemplo do método da função descritiva. Este método permite

proceder à análise da estabilidade do diagrama de blocos da Figura 5. O bloco designado por

N representa a (Eq. 8) que é não linear, conforme referido anteriormente.

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10 Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

Figura 5 - Diagrama de blocos do sistema gerador, cabo e transformador.

2.2.1- Transformada de Laplace: Bases Teóricas

A transformada de Laplace1 é uma operação que permite determinar a solução de equa-

ções diferenciais lineares com coeficientes constantes do tipo da (Eq. 13) sem a necessidade

de determinar a solução geral da equação diferencial, através da aplicação da tabela presen-

te no Anexo 1.

y"t + a"$% ∙ y"$%t + ⋯ + a% ∙ y't + a ∙ yt (Eq. 13)

onde os coeficientes ()$%, …, (% e ( são coeficientes reais e constantes.

A equação diferencial é transformada numa equação algébrica, esta equação é resolvida

usando manipulações algébricas e a solução procurada da equação diferencial inicial é deter-

minada pela transformação inversa de Laplace da solução da equação algébrica. As transfor-

mações que esta transformada envolve encontram-se na Tabela 8 do Anexo 1.

A transformada de Laplace é particularmente útil em problemas que envolvam sistemas

mecânicos e eléctricos.

2.2.2- Diagrama de Nyquist: Bases Teóricas

O diagrama de Nyquist é frequentemente utilizado no controlo automático e processa-

mento de sinais para avaliar a estabilidade de um sistema com realimentação. Este diagrama

consiste num gráfico com coordenadas polares em que são representados o ganho e fase do

sistema para uma gama de frequências e combina as duas parcelas dos diagramas de Bode

(amplitude e fase) num único gráfico com a frequência como parâmetro variável ao longo da

curva. Neste diagrama é possível obter informações relativas aos pólos e aos zeros da função

de transferência. A avaliação da estabilidade de um circuito com realimentação é realizada

mediante o critério de estabilidade de Nyquist. Este método é facilmente aplicável a sistemas

com atrasos.

Verifica-se que este é um método clássico de avaliação da estabilidade e que desempenha

um papel muito importante para a análise pretendida na determinação da ferro-ressonância.

1 Para mais informações sobre este tema pode ser consultada a página de internet:

http://paginas.fe.up.pt/~am1/Files/AM1_exer_2007_2008_ParteII.pdf

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Método da Função Descritiva: Bases Teóricas 11

Contudo, é necessário associar a este método a função descritiva, uma vez que o diagrama de

blocos associado ao sistema em estudo apresenta um bloco não linear (bloco N). Pode assim

concluir-se que o diagrama de Nyquist pode ser utilizado em conjunto com o método da fun-

ção descritiva para avaliar a estabilidade do sistema em estudo.

2.2.3- Método da Função Descritiva: Bases Teóricas

Diversos fenómenos físicos têm uma natureza não linear. Nos sistemas não lineares, a res-

posta do sistema depende do tipo de sinal de entrada e da sua amplitude. Neste tipo de sis-

temas o princípio da sobreposição não é válido.

Nos sistemas de controlo existem diversos tipos de não linearidades que podem ser agru-

padas por: intrínsecas ao sistema ou inseridas intencionalmente. Relativamente às não linea-

ridades intrínsecas, existem vários tipos, sendo a saturação e a histerese dois exemplos muito

sentidos nos sistemas eléctricos devido, por exemplo, ao fenómeno de magnetização dos

transformadores.

Para proceder à análise de sistemas não lineares não existe um método geral. Contudo,

existem diversos métodos com algumas limitações. Por exemplo, o método do plano de fase,

apenas pode ser aplicado a sistemas de segunda ordem. No que concerne ao método da fun-

ção descritiva, este apenas fornece informação relativamente à análise da estabilidade. Para

o estudo que se pretende realizar este método é suficiente e de simples aplicação. Assim,

este é o método escolhido para o estudo analítico da ferro-ressonância, associado ao diagra-

ma de Nyquist.

Com o objectivo de se proceder à aplicação da função descritiva, é necessário considerar

uma entrada sinusoidal no sistema não linear. Esta entrada, normalmente, proporciona uma

saída não sinusoidal com um período idêntico ao sinal de entrada. O sinal de saída irá conter

um harmónico fundamental e harmónicos de ordem superior. Para a aplicação deste método é

necessário considerar que o harmónico fundamental apresenta uma amplitude significativa

face aos demais harmónicos que apresentam amplitudes inferiores. Esta condição não condi-

ciona a aplicação deste método, uma vez que este comportamento verifica-se em situações

reais, porque os sistemas eléctricos comportam-se como sistemas do tipo “passa-baixo”, o

que permite atenuar os harmónicos de ordem elevada.

A função descritiva define-se como: N = Y%X ∠ϕ% (Eq. 14)

onde N é a função descritiva, X é a amplitude da entrada sinusoidal, Y% é a amplitude do

harmónico fundamental da saída e ϕ% é a fase do harmónico fundamental da saída. Muitos

sistemas de controlo podem ser representados pelo diagrama de blocos da Figura 6.

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12 Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

Figura 6 – Sistema não linear [14].

Se os harmónicos de ordem elevada de wtforem suficientemente atenuados, pode escrever-

se: YjwRjw = NGjw1 + NGjw (Eq. 15)

de onde se conclui que a equação característica é:

1 + NGjw = 0 ⟺ Gjw = − 1N (Eq. 16)

Se a equação anterior for satisfeita, então o sistema exibe um ciclo limite. Esta situação cor-

responde à passagem do traçado de Nyquist pelo ponto crítico −1 + j0 nos sistemas lineares.

Na análise através do método da função descritiva,− %3 é o lugar geométrico dos pontos críti-

cos. Para proceder a análise da estabilidade dos ciclos limite é necessário proceder à deter-

minação do traçado de Nyquist e da função descritiva e verifica-se se o ponto correspondente

a w = 1 p. u. no diagrama de Nyquist se encontra, geometricamente, no interior ou no exterior

da função descritiva.

2.2.4- Método da Função Descritiva: Aplicação

A função descritiva deve ser aplicada ao sistema da Figura 5. Considerando que este sis-

tema se encontra a operar no estado estacionário e que surge uma perturbação incremental

em λt. A perturbação apresenta uma relação de fase com o funcionamento no estado esta-

cionário, assim: λt = λ8 coswt + ϕ + μ coswt (Eq. 17)

onde λ8 representa o valor de pico de λt, μ a perturbação incremental μ ≪ λ e ϕ o ângulo

de fase entre o sinal principal e a perturbação.

Com a função de entrada é possível determinar a saída do sistema com:

i = λ + 4λ = =λ8 coswt + ϕ + μ coswt> + 4=λ8 coswt + ϕ + μ coswt> (Eq. 18)

Através do desenvolvimento matemático da equação anterior e de simplificações que resul-

tam de μ ≪ λ é possível determinar que:

i = λ8 coswt + ϕ + μ coswt + 52 λ8 coswt + ϕ + 152 λ8A μ coswt+ 5λ8A μ coswt + 2ϕ (Eq. 19)

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Método da Função Descritiva: Aplicação 13

No desenvolvimento matemático aplicado à resolução anterior considera-se que μ" com n > 1 é desprezável e que todos os membros da equação que apresentam frequências de 2D

ou superiores também são desprezáveis devido à condição de aplicação da função descritiva e

pelo sistema em estudo ser do tipo “passa-baixo”, conforme referido anteriormente.

Através da equação (Eq. 19) é possível determinar a saída provocada pela entrada incre-

mental que é:

μ coswt + 152 λ8A μ coswt + 5λ8A μ coswt + 2ϕ (Eq. 20)

O ganho da função descritiva é determinado pela divisão da saída pela entrada, conforme a

(Eq. 14), assim:

kλ8, ϕ = 1 + 152 λ8A + 5λ8A eGH (Eq. 21)

esta expressão permite determinar uma zona de não linearidade, conforme se apresenta na

Figura 7 para qualquer valor de ϕ.

Figura 7 – Gráfico da função descritiva para diversos valores de I.

-0,15

-0,1

-0,05

0

0,05

0,1

0,15

-0,3 -0,25 -0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0

Função Descritiva

λm = 1,45 p.u. λm = 1,40 p.u. λm = 1,35 p.u. λm = 1,30 p.u.

λm = 1,25 p.u. λm = 1,20 p.u. λm = 1,15 p.u. λm = 1,10 p.u.

λm = 1,05 p.u. λm = 1,0 p.u.

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14 Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

2.2.5- Determinação da Estabilidade do Sistema

Com o objectivo de proceder à determinação da estabilidade do sistema, ou seja, verifi-

car se pode ou não ocorrer ferro-ressonância, é necessário determinar o diagrama de Nyquist

deste sistema e verificar, para a frequência angular fundamental (w = 1 p. u.), se este ponto

se encontra, geometricamente, no interior ou exterior da zona definida pela função descriti-

va. Se este ponto se encontrar no interior, verifica-se que este fenómeno pode ocorrer quan-

do surgir uma perturbação, caso contrário, este fenómeno não terá tendência a ocorrer.

2.3- Comportamento do Sistema Perante o Fenómeno de Ferro-ressonância

Quando um sistema se encontra a operar em estado estacionário em regime de funciona-

mento normal, as tensões fase-terra são sinusoidais e aproximadamente constantes. Em caso

de defeito ou comutações de disjuntores ocorrem perturbações que podem desequilibrar o

sistema e causar oscilações e elevações na tensão fase-terra. Este comportamento nos enro-

lamentos de um transformador, juntamente com as capacidades do sistema, podem causar

oscilações elevadas que podem persistir se não existir amortecimento suficiente no sistema.

Este amortecimento é unicamente devido à resistência dos circuitos eléctricos. Este compor-

tamento também causa oscilações nas tensões fase-neutro prejudiciais à estabilidade do sis-

tema.

As perturbações sentidas no sistema, causadas por qualquer fenómeno, podem dar origem

a diversos fenómenos transitórios que podem danificar os equipamentos do sistema, como é o

caso da ferro-ressonância. Contudo, nem todas as perturbações de tensão dão origem à ferro-

ressonância. Este fenómeno depende do estado inicial do fluxo magnético dos transformado-

res, das características de saturação, do valor da capacidade e das perdas do sistema. Duran-

te a ocorrência do fenómeno de ferro-ressonância, se este não for interrompido, a sobreten-

são pode levar à ruptura do isolamento dos componentes e consequentemente à deterioração

dos equipamentos.

Um sistema é mais susceptível de entrar em ferro-ressonância quando ocorre uma comu-

tação de um disjuntor em que um ou dois pólos, por algum motivo, ficam fechados ou quando

é realizada uma energização ou desenergização de um transformador trifásico por comutação

manual dos cabos de forma intencional ou não, a alguma distância a montante do disjuntor.

Em ambas as situações anteriores, o transformador fica isolado com um cabo que possui uma

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Magnetostrição 15

ou duas fases abertas. Associado a cada uma das situações anteriores devem ser cumpridas as

seguintes condições: o comprimento do cabo entre o transformador e o disjuntor deve ter

uma capacidade suficiente para causar o fenómeno de ferro-ressonância e as perdas do cir-

cuito devem ser baixas.

As condições referidas anteriormente são satisfeitas várias vezes em situações reais. As

situações de baixas perdas são muitas vezes encontradas em novas construções, quando pode

não haver nenhuma carga no transformador ou apenas pequenas cargas. Contudo com o

aumento da carga, verifica-se menor possibilidade de ocorrência de ferro-ressonância.

A ocorrência do fenómeno de ferro-ressonância num transformador é de difícil detecção,

uma vez que este fenómeno manifesta-se de várias formas. Em alguns casos surgem correntes

e tensões muito altas e noutros a tensão mantém-se próxima do normal. Contudo, existem

diversos sintomas que permitem concluir se ocorreu ou não ferro-ressonância. Para avaliar se

ocorreu este fenómeno num transformador, é necessária a existência de instrumentos que

permitam a gravação do estado do sistema em tempo real ou é necessária a presença de um

técnico que possa testemunhar a existência de ruídos fora do normal no transformador, cau-

sados pela magnetostrição sentida de forma acentuada.

Um fenómeno que ocorre na ferro-ressonância é a saturação do núcleo de ferro de forma

aleatória. Como o núcleo apresenta uma elevada densidade de campo, este irá fazer um ruído

audível elevado, causado pela magnetoestrição do ferro. Outro sintoma comum é o sobrea-

quecimento do transformador que ocorre devido ao campo magnético elevado. Um possível

efeito colateral é a existência de marcas na pintura na parte superior do transformador. Este

dano pode não significar que o aparelho se encontre danificado, porém, se os fenómenos de

ferro-ressonância persistirem podem provocar o sobreaquecimento das ligações internas do

transformador e por sua vez causar danos irreversíveis no isolamento. No caso da ferro-

ressonância ser acompanhada por sobretensões elevadas, esta poderá dar origem a danos

eléctricos nos circuitos eléctricos do transformador, podendo causar a sua destruição.

2.3.1- Magnetostrição

O fenómeno de magnetostrição foi descoberto por Joule e descreve as mudanças nas

dimensões dos materiais ferromagnéticos quando estão sujeitos a campos magnéticos exter-

nos [15]. Este fenómeno é vulgarmente verificado nos transformadores em operação e mani-

festa-se sob a forma de ruído. Esta forma de manifestação é causada pela contracção cíclica

do núcleo dos transformadores, uma vez que possui elevada constante de magnetização.

Neste fenómeno existem diversas modificações microscópicas, contudo, apresenta mais

interesse as modificações macroscópicas para determinar as consequências da ferro-

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16 Ferro-Ressonância em Transformadores: Revisão da Literatura

ressonância. Assim, do ponto de vista macroscópico, verifica-se que as variações das distân-

cias interatómicas produzem o deslocamento e rotação de domínios magnéticos que geram

deformação dos materiais. Esta deformação pode implicar uma expansão ou encolhimento do

material, que no caso de ocorrência de ferro-ressonância pode levar a uma expansão ou enco-

lhimento excessivos conduzindo à destruição do transformador.

2.4- Sumário

A ferro-ressonância refere-se a um tipo especial de ressonância que envolve a capacidade

das linhas e/ou cabos e dos bancos de baterias de condensadores e a indutância dos transfor-

madores. Este fenómeno pode resultar em altas tensões e correntes com uma forma de onda

irregular.

A capacidade das linhas da rede de distribuição é, geralmente, insuficiente para produzir

as condições adequadas para a ocorrência deste fenómeno. Contudo, como as capacidades

dos cabos subterrâneos são superiores, estas juntamente com a indutância não linear dos

transformadores podem originar o fenómeno de ferro-ressonância. Para níveis de tensão mais

elevados este fenómeno ocorre mais facilmente, uma vez que a reactância de magnetização

dos transformadores é superior para transformadores de maior nível de tensão.

A ferro-ressonância é normalmente iniciada após comutações nos disjuntores, ocorrência

de defeitos, energização ou desenergização de transformadores ou falta de carga aos termi-

nais do transformador.

Verifica-se que a ferro-ressonância pode ocorrer mais frequentemente em redes de neutro

isolado, como é o caso de alguns dos parques eólicos em Portugal.

Num capítulo seguinte irá ser discutida a forma de reduzir o risco de ocorrência de ferro-

ressonância.

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Capítulo 3

Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo

3.1- Introdução

Este capítulo aborda a modelização dinâmica dos diferentes dispositivos que fazem parte

do sistema eléctrico em estudo e os resultados obtidos analiticamente para o parque eólico

em estudo. Na modelização dos diferentes dispositivos que fazem parte do sistema eléctrico

são, muitas vezes, efectuadas simplificações para que as simulações a efectuar ou os cálculos

que se pretendem realizar não sejam demasiado morosos, sem no entanto comprometer o

rigor e a exactidão dos resultados. Neste trabalho, para o estudo da ferro-ressonância, foram

realizadas algumas simplificações referentes aos transformadores dos aerogeradores que

serão abordadas no ponto 3.2- e os oito geradores eólicos presentes no parque foram agrega-

dos, conforme se apresenta no ponto 3.4-. No que diz respeito à modelização dos cabos sub-

terrâneos instalados no parque eólico, foi adoptado o esquema equivalente em π. Neste

modelo assume-se que a impedância longitudinal do cabo se encontra concentrada e que

metade da admitância transversal é colocada em cada extremo do cabo.

3.2- Modelização do Transformador das Subestações das Torres Eólicas

Os transformadores instalados nas subestações que se encontram junto das torres eólicas

permitem elevar o nível de tensão produzido pelos aerogeradores de 690 V para o nível de

tensão da rede existente no interior do parque eólico que é 15 kV. Uma vez que o incidente

sentido no parque eólico em estudo não ocorreu nestes transformadores e que o modelo que

se pretende aplicar apenas possibilita a existência de uma indutância não linear, optou-se por

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18 Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo

se aproximar estes transformadores pelo circuito apresentado na Figura 8, não condicionando

com isso a validade dos resultados.

Figura 8 – Esquema equivalente do transformador.

No circuito da Figura 8 considera-se que RJ, LJ e CJ são, respectivamente, a resistência,

a indutância e a capacidade à terra do enrolamento secundário do transformador.

Do ponto de vista do fenómeno de ferro-ressonância não existe interferência entre o pri-

mário e o secundário do transformador, assim, pode considerar-se o circuito equivalente

apresentado na Figura 8. Este circuito despreza o enrolamento de baixa tensão do transfor-

mador e a rede a montante deste, sendo que e representa a tensão do primário do transfor-

mador referida ao secundário através da relação de transformação deste elemento.

3.3- Modelização do Transformador da Subestação de Interliga-ção à Rede de 60kV

O incidente ocorrido no parque eólico em estudo surgiu no transformador que permite

realizar a interligação do parque com a rede de 60 kV da Energias de Portugal (EDP). Assim,

assume-se que este transformador apresenta uma indutância não linear, conforme o referido

no ponto 2.2- e é representado analiticamente pela (Eq. 8), no domínio de Laplace. Desta

forma, as simplificações efectuadas para este transformador são reduzidas e encontram-se

indicadas nesse ponto. A razão desta escolha deve-se à existência de um interesse particular

em analisar a corrente, a tensão nas diferentes fases deste transformador e o seu comporta-

mento no caso de ocorrência de ferro-ressonância.

3.4- Modelo agregado dos aerogeradores

Para simular o comportamento de um grupo de geradores assíncronos com as mesmas

características técnicas sob as mesmas condições de vento, definiram-se geradores equivalen-

tes conforme as referências [16] e [17], cujos parâmetros para n máquinas são definidos

como:

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Redução do Esquema Eléctrico do Parque Eólico ao Esquema Simplificado 19

RKL = 1n M RN"NO% (Eq. 22)

XKL = 1n M XN"NO% (Eq. 23)

CKL = M CN"NO% (Eq. 24)

onde i representa o número de geradores eólicos, eq refere-se aos resultados equivalentes, R

e X representam, respectivamente, a resistência e a indutância das máquinas e C a capacida-

de da compensação de energia reactiva do sistema.

Neste trabalho assume-se que cada parque eólico pode ser representado por um único

aerogerador de velocidade fixa. A forma como estes aerogeradores podem ser agregados tem

sido discutida em vários artigos, sendo que a forma aplicada neste trabalho está definida em

[17],[18] e [19]. No que concerne às características dos aerogeradores, estas podem ser cal-

culadas utilizando as seguintes equações: SKL = M SN"NO% (Eq. 25)

P8KRKL = M P8KRN"NO% (Eq. 26)

onde S é a potência em MVA e P8KR a potência mecânica.

3.5- Redução do Esquema Eléctrico do Parque Eólico ao Esquema Simplificado

O parque eólico em estudo é constituído por oito geradores eólicos, cabos subterrâneos do

tipo LXHIOV 1x240 mm2 e um banco de baterias de condensadores com as características indi-

cas na Tabela 4.

Com as modelizações indicadas nos pontos anteriores é possível construir o esquema equi-

valente do parque eólico em estudo, de acordo com a Figura 9.

Figura 9 – Circuito equivalente do parque eólico em estudo.

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20 Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo

onde RJ, LJ e CJ representam, respectivamente, a resistência, a indutância e a capacidade

de agregação de todas as máquinas do parque eólico em estudo, R, L e C% representam a

resistência, a indutância e metade da capacidade do cabo subterrâneo, enquanto C repre-

senta o paralelo entre metade da capacidade do cabo subterrâneo e a capacidade do banco

de baterias de condensadores para compensação de energia reactiva.

As equações que caracterizam este circuito são:

e% = RJ ∙ iJ + LJ ∙ diJdt + e (Eq. 27)

e = R ∙ i + L ∙ didt + dλdt (Eq. 28)

1C iSdt = dλdt (Eq. 29)

1C% iTdt = e (Eq. 30)

i = i + iS (Eq. 31)

iJ = i + iT (Eq. 32)

Através da substituição na (Eq. 27) da variável e da (Eq. 28) é possível obter a equação:

e% = RJ ∙ iJ + LJ ∙ diJdt + R ∙ i + L ∙ didt + dλdt (Eq. 33)

O método aplicado no Capítulo 2 revelou-se eficaz para a detecção da ferro-ressonância,

por isso, é possível aplicá-lo ao circuito da Figura 9. Assim, as equações (Eq. 33) e (Eq. 29) a

(Eq. 32) no domínio de Laplace assumem a seguinte forma, respectivamente: E% = RJ ∙ IJ + LJ ∙ s ∙ IJ + R ∙ I + L ∙ s ∙ I + sΛ (Eq. 34) 1s ∙ C ∙ IS = sΛ (Eq. 35)

1s ∙ C% ∙ IS = R ∙ I + L ∙ s ∙ I + sΛ (Eq. 36)

I = I + IS (Eq. 37)

IJ = I + IT (Eq. 38)

Após proceder ao tratamento matemático indicado no Apêndice C, obtém-se:

Λ = Gs ∙ E − Gs ∙ I (Eq. 39)

que permite obter o diagrama de blocos. Este diagrama é idêntico ao indicado na Figura 5.

Assim, é necessário construir o diagrama de Nyquist da expressão Gs e verificar a sua inter-

secção com o gráfico da função descritiva determinado no ponto 2.2.4-.

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Parâmetros das Máquinas e dos Cabos Presentes no Parque Eólico em Estudo 21

3.5.1- Parâmetros das Máquinas e dos Cabos Presentes no Par-que Eólico em Estudo

Todos os equipamentos eléctricos têm características específicas, sendo que os cabos pre-

sentes no parque eólico em estudo são do tipo LXHIOV 1x240 mm2, o que permite definir que:

Tabela 1 – Características dos cabos do parque eólico em estudo.

r l c 0,1250 Ω km⁄ 0,1020 mH km⁄ 0,2500 μF km⁄

As características dos transformadores dos aerogeradores são caracterizados por:

Tabela 2 – Características dos transformadores dos aerogeradores.

U1 U2 Sn Rs Ls 0,690 V 15,0 kV 1,6 MVA 28,12 Ω 3,183 mH

No que concerne às características do transformador que interliga o parque eólico à rede

de Média Tensão da EDP, encontram-se na Tabela 3.

Tabela 3 – Características do transformador de interligação com a rede de Média Tensão.

U1 U2 Sn 15,0 kV 60,0 kV 12 MVA

3.6- Determinação do Diagrama de Nyquist do Parque Eólico em Estudo

O diagrama de Nyquist é determinado através da análise em frequência de um determina-

do circuito representado por um diagrama de blocos. Pode determinar-se o diagrama de

Nyquist (Figura 10), uma vez que o circuito eléctrico equivalente do parque eólico se encon-

tra na forma de um diagrama de blocos.

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22 Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo

Figura 10 – Diagrama de Nyquist do esquema equivalente do parque eólico em estudo.

Com o objectivo de proceder à análise da estabilidade deste diagrama, é necessário inter-

ceptá-lo com a função descritiva que representa o transformador de interligação com a rede

de Média Tensão da EDP, conforme se apresenta na Figura 11.

Figura 11 – Diagrama de Nyquist e função descritiva para o esquema eléctrico do parque

eólico em estudo.

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949 0,0006949

Diagrama de Nyquist

"Diagrama de Nyquist" "w = 1 p.u."

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

-0,35 -0,3 -0,25 -0,2 -0,15 -0,1 -0,05 0 0,05

Diagrama de Nyquist e Função Descritiva

λm = 1,45 p.u. λm = 1,40 p.u. λm = 1,35 p.u.

λm = 1,30 p.u. λm = 1,25 p.u. λm = 1,20 p.u.

λm = 1,15 p.u. λm = 1,10 p.u. λm = 1,05 p.u.

λm = 1,0 p.u. "Diagrama de Nyquist" "w = 1 p.u."

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Análise da Estabilidade do Sistema do Parque Eólico em Estudo23

Através do gráfico apresentado na Figura 11 pode analisar-se o sistema relativamente à

ocorrência de ferro-ressonância, conforme se apresenta no ponto 3.7-. O diagrama de Nyquist

apresentado anteriormente tem em consideração o cabo instalado no parque eólico com um

comprimento de 20 km e o modelo agregado dos aerogeradores para as oito máquinas deste

parque eólico, no sistema p.u, conforme o Apêndice D.

3.7- Análise da Estabilidade do Sistema do Parque Eólico em Estudo

A estabilidade do parque eólico em estudo é determinada através do local geométrico

onde se localiza o ponto correspondente a w = 1 p. u. Assim, com a análise do diagrama de

Nyquist e da função descritiva, verifica-se que não ocorre ferro-ressonância no parque eólico

em estudo. Desta forma, pode concluir-se que não foi este fenómeno que deu origem ao

incêndio do transformador. Através da análise do gráfico da Figura 11 também se pode verifi-

car que este ponto se encontra longe da intersecção com a função descritiva, podendo assim

concluir-se que este fenómeno dificilmente ocorrerá neste parque eólico, se todos os equi-

pamentos se encontrarem a funcionar sem qualquer anomalia. Contudo, não é possível apre-

sentar as mesmas conclusões se algum dos equipamentos estiver avariado. A ferro-ressonância

pode surgir no caso de um disjuntor abrir todos os pólos menos um, num sistema trifásico, ou

um sistema de protecção de um transformador ser realizado com fusíveis e fundir apenas um

fusível numa das fases, conforme indicado anteriormente.

Apesar de, no caso particular do parque eólico em estudo, não ter ocorrido ferro-

ressonância, é necessário ter em consideração que este fenómeno pode ocorrer em determi-

nadas condições, como é o caso da existência de cabos subterrâneos de comprimento conside-

ravelmente elevado, transformadores e compensação de energia reactiva através de bancos

de baterias de condensadores. Nos parques eólicos existem diversas condições, conforme

apresentadas anteriormente, que podem dar origem a este fenómeno. Assim, durante a reali-

zação do projecto deste tipo de instalações deverá ser realizado um estudo que permita con-

cluir que não pode ocorrer ferro-ressonância para que não possam surgir incidentes devido a

este fenómeno.

Pode concluir-se que o fenómeno de ferro-ressonância não foi sentido no parque eólico

em estudo, assim, é necessário proceder a outros estudos para permitirem concluir qual o

motivo que deu origem a este incidente, conforme será apresentado nos capítulos seguintes.

3.8- Sumário

Neste capítulo desenvolveu-se o modelo simplificado para os diferentes equipamentos

presentes na rede do parque eólico que permitiram determinar a impossibilidade de ocorrên-

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24 Análise da Ferro-Ressonância no Parque Eólico em Estudo

cia de ferro-ressonância no parque eólico em estudo, em situações normais de funcionamen-

to. A conclusão relativa à ocorrência de ferro-ressonância foi determinada através da análise

da intersecção entre o gráfico proveniente do método da função descritiva com o diagrama

de Nyquist do circuito eléctrico do sistema. Para proceder à determinação do diagrama de

Nyquist foi necessária a construção do diagrama de blocos que representa a rede do parque

eólico em estudo.

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Capítulo 4

Regimes de Neutro: Influência na Inte-gração de Bancos de Baterias de Conden-sadores

4.1- Introdução

Existem três diferentes regimes de neutro que podem ser adoptados nos parques eólicos:

• Neutro isolado;

• Neutro ligado directamente à terra;

• Neutro ligado indirectamente à terra.

Cada um dos regimes de neutro referidos anteriormente podem ser adoptados, contudo, é

necessário tomar medidas relativamente à forma de parametrização dos sistemas de protec-

ção e verificar as implicações e benefícios que cada regime causa no sistema eléctrico do

parque eólico.

Relativamente ao regime de neutro isolado é necessário ter em consideração que não

existe nenhuma referência no transformador do potencial da terra, o que pode conduzir a

diversos problemas na rede interna do parque eólico. Este fenómeno não ocorre com os res-

tantes regimes de neutro, uma vez que a referência de tensão é dada pela ligação do neutro

à terra directamente ou através de uma impedância limitadora da corrente de curto-circuito

à terra.

No que concerne ao parque eólico em estudo, este apresenta um projecto em que o regi-

me de neutro adoptado é o neutro isolado. Este regime, associado ao facto de existirem ban-

cos de baterias de condensadores poderá dar origem a sobretensões muito elevadas, condi-

cionando o bom funcionamento de todo o sistema eléctrico do parque eólico. Desta forma, é

importante analisar o comportamento do sistema e determinar soluções para os problemas

que possam surgir.

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26 Regime de Neutro: Influência na Integração de um banco de baterias de condensadores

4.2- Impacto dos Regimes de Neutro Adoptados na Exploração dos Parques Eólicos

O regime de neutro adoptado irá afectar o funcionamento de um sistema eléctrico duran-

te desequilíbrios e defeitos à terra. A escolha do regime de neutro é de extrema importância

para as protecções, pois afectará o seu funcionamento no que diz respeito a defeitos à terra,

podendo existir situações de disparos inadequados e até mesmo não detecção do defeito.

4.2.1- Regime de Neutro Isolado

No sistema de neutro isolado a referência à terra é realizada através das capacidades das

linhas, dos cabos e dos transformadores de distribuição, uma vez que o neutro encontra-se

galvanicamente isolado da terra, ou ligado a ela por uma impedância muito elevada. Este tipo

de regime apresenta um custo inicial relativamente baixo, uma vez que não é necessário pre-

parar a terra para a ligação do neutro e é invulnerável aos defeitos à terra.

Neste tipo de regime, quando ocorre um defeito à terra, não haverá uma malha homopo-

lar galvanicamente fechada e nesse sentido a corrente de defeito fecha-se pelas capacidades

à terra das linhas e/ou cabos interligadas à subestação (ver Figura 12). Desta forma, quanto

maior for o número de linhas de uma subestação, maior será a magnitude da corrente à terra.

Contudo, no interior do parque eólico em estudo apenas existe um cabo subterrâneo que

interliga o primeiro aerogerador e a subestação de interligação com a rede de Média Tensão

da EDP, o que induz que a corrente de defeito à terra seja muito reduzida. No decorrer de um

defeito à terra, a tensão nas linhas e/ou cabos sãos pode sofrer alterações, podendo causar a

actuação das protecções.

Figura 12 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro isolado.

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Regime de Neutro Ligado Directamente à Terra 27

Este regime de neutro caracteriza-se por um acentuado desequilíbrio de tensões em caso

de defeito fase-terra, com a tensão no ponto neutro a atingir, em módulo, a tensão simples e

as tensões nas fases sãs a aumentarem, podendo atingir os valores da tensão composta.

Relativamente às tensões compostas, verifica-se que estas assumem um comportamento

sinusoidal, sem sofrerem alterações que provoquem danos nas redes ou equipamentos. No que

concerne à diferença de potencial entre cada uma das fases e a terra, verifica-se que assu-

mem valores muito elevados devido à tensão flutuante do neutro, quando ocorrem comuta-

ções nos bancos de baterias de condensadores instalados no interior do parque eólico.

Este sistema de neutro é principalmente utilizado em redes aéreas curtas, pois as corren-

tes de defeito podem-se manter durante períodos de tempo longos com valores baixos. No

entanto, no caso das redes serem longas ou subterrâneas, as correntes injectadas pelas capa-

cidades homopolares são importantes, podendo neste caso ser possível que um defeito à terra

resulte num curto-circuito. Do mesmo modo, a tensão para a qual as fases sãs são submetidas

pode exceder o valor da tensão composta, permitindo o estabelecimento de arcos capacitivos

à terra, resultantes de perturbações transitórias. Por estas razões, o sistema de neutro isola-

do é muito pouco utilizado, uma vez que impõe limitações ao desenvolvimento das redes.

Este desenvolvimento está inevitavelmente associado a um aumento do comprimento das

redes e da extensão das mesmas em cabo subterrâneo, representando um aumento significa-

tivo das correntes capacitivas homopolares.

Pode concluir-se que neste sistema de neutro as correntes de defeito são pouco elevadas,

o que permite, por um lado que, os isolamentos sejam submetidos a reduzidos esforços elec-

trodinâmicos, os fenómenos de indução em linhas de telecomunicações vizinhas sejam bas-

tante diminutos e os disjuntores sejam pouco solicitados. Por outro lado, existe dificuldade

na detecção das correntes de defeito (sistemas de protecção selectiva caros, complexos e de

difícil regulação) e todos os equipamentos devem estar dimensionados para a tensão compos-

ta (agravamento económico inerente ao nível de isolamento adoptado).

4.2.2- Regime de Neutro Ligado Directamente à Terra

No sistema de neutro ligado directamente à terra, a ligação é efectuada por uma impe-

dância de valor aproximadamente nulo, correspondente à impedância do condutor de terra e

à resistência entre o eléctrodo de terra e a terra.

Este tipo de ligação não apresenta grandes elevações de tensão nas fases sãs quando surge

um defeito fase-terra, estabilizando-se assim os potenciais em relação à terra, pelo que os

equipamentos são especificados para a tensão simples. No entanto, a ligação do neutro direc-

tamente à terra implica uma situação de curto-circuito para um defeito à terra, uma vez que

neste tipo de regime, quando ocorre um defeito deste tipo existe uma malha fechada onde

circula a corrente homopolar (ver Figura 13). Esta corrente assume valores elevados devido à

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28 Regime de Neutro: Influência na Integração de um banco de baterias de condensadores

inexistência de um componente limitador. Desta forma, os equipamentos da rede podem ficar

danificados com a ocorrência deste tipo de defeito, o que obriga à retirada da rede de serviço

logo que surja uma avaria deste tipo. É neste regime de neutro que as correntes de defeito

monofásico atingem os valores mais elevados, embora raramente superiores às de um curto-

circuito trifásico.

Figura 13 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro directamen-

te ligado à terra.

Este regime de neutro pode estar associado a qualquer tipo de redes, desde o domínio da

Baixa Tensão (por questões de segurança das pessoas), até ao domínio da Alta Tensão (por

questões económicas ocasionadas ao custo do isolamento que cresce proporcionalmente com

o aumento de tensão, sendo este o regime adoptado pela Rede Energética Nacional (REN).

No que concerne ao regime de neutro ligado directamente à terra pode concluir-se que as

tensões compostas assumem o valor estipulado, assim como as tensões simples, uma vez que

possuem a referência de potencial da terra, através do neutro.

Neste tipo de regime as protecções de máxima corrente homopolar são sensíveis à maioria

dos defeitos à terra. Contudo, a elevada corrente de defeito monofásico permite a ocorrência

de elevados esforços electrodinâmicos e térmicos sobre os condutores, a redução da via útil

dos disjuntores, a possível destruição dos isolamentos, o contornamento pelos arcos das

cadeias de isoladores, o aparecimento de uma tensão de contacto acidental ao nível das mas-

sas, representando perigo para as pessoas, e o aparecimento de fenómenos de indução elec-

tromagnética sobre as linhas de telecomunicações. Por outro lado, este tipo de regime de

neutro afecta a qualidade de serviço, uma vez que a maior parte dos defeitos que ocorrem na

rede são de carácter fugitivo e consequentemente eliminados por religações.

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Regime de Neutro Ligado Indirectamente à Terra 29

4.2.3- Regime de Neutro Ligado Indirectamente à Terra

Dados os inconvenientes das duas soluções eléctricas de neutro, referidas anteriormente,

é necessário procurar uma solução intermédia de compromisso. Esta consiste na ligação do

neutro à terra através de uma impedância, procurando-se desta forma atenuar os inconve-

nientes descritos e beneficiar das respectivas vantagens.

A ligação à terra do neutro através de uma impedância limitadora permite a estabilização

das tensões e a simplicidade dos sistemas de protecção, ao mesmo tempo que limita a corren-

te de defeito a valores reduzidos e menos perigosos para a rede eléctrica.

O regime de neutro ligado indirectamente à terra é caracterizado pela existência de uma

resistência ou reactância limitadora que efectua a ligação do neutro à terra. Com esta confi-

guração pretende-se limitar a corrente em caso de defeitos à terra para não provocar a des-

truição dos componentes da rede eléctrica e manter em equilíbrio a tensão nas fases (ver

Figura 14).

Figura 14 - Circulação de correntes em caso de defeito fase-terra no regime de neutro com reac-

tância.

Relativamente à reactância limitadora, esta deve ser correctamente dimensionada para

que não sejam criadas correntes de defeito demasiado baixas que impeçam a sua detecção

por parte das protecções, nem correntes demasiado elevadas que possam destruir os equipa-

mentos da rede. Assim, ao dimensionar aquela impedância deve-se ter em conta que:

• A corrente que irá passar do condutor para a terra no local do defeito deverá ficar

compreendida entre dois limites. Esta não deve ser alta de forma a manter o arco

nem deve ser baixa de modo a que não seja possível reconhecer a sua existência

pelos sistemas de protecção;

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30 Regime de Neutro: Influência na Integração de um banco de baterias de condensadores

• A elevação de tensão no neutro com a rede sã não deve provocar problemas ao nível

do isolamento da instalação.

Este é o regime de neutro adoptado numa grande extensão das redes de Média Tensão da

EDP Distribuição, consistindo em limitar o valor da corrente de defeito a 300 A, nas redes

aéreas ou mistas, e 1000 A nas redes subterrâneas.

A impedância de limitação a colocar entre o neutro de Média Tensão do transformador e a

terra poderá ser:

• Uma resistência designada por resistência de ponto neutro e que é utilizada quando o

neutro do transformador é acessível;

• Uma reactância designada por bobine de ponto neutro que é utilizada quando o neu-

tro do transformador é inacessível, sendo necessário criar um ponto de neutro artifi-

cial no barramento de Média Tensão da subestação.

Este regime de neutro está associado a qualquer tipo de redes, no domínio da Média Ten-

são, constituindo uma solução intermédia face aos outros regimes de neutro, usufruindo as

respectivas vantagens. No entanto, este tipo de ligação à terra do neutro não permite que as

religações de serviço, efectuadas com o intuito de extinguir os defeitos fugitivos, sejam eli-

minadas, penalizando bastante a continuidade de serviço. O facto de existirem diversos

receptores extremamente sensíveis a estes micro-cortes (por exemplo, o equipamento infor-

mático) exige a obtenção de um elevado nível de continuidade de serviço, proporcionado pela

eliminação daquelas pequenas interrupções de serviço.

No que concerne ao modo de ligação do neutro indirectamente ligado à terra, pode con-

cluir-se que é possível obter-se correntes de defeito não muito elevadas (de modo a não colo-

car em causa o nível de isolamento da rede) nem muito baixas (por forma a que a sua detec-

ção seja simples). Um outro factor a ter em conta é a facilidade de obtenção de disparos

selectivos das saídas em defeito, uma vez que estas correntes são as que apresentam intensi-

dades mais elevadas. Contudo, este tipo de regime não permite extinguir as religações de

serviço.

4.3- Bancos de Baterias de Condensadores: Introdução

A energia reactiva é uma forma de energia que não produz trabalho, porém, é necessária

para o funcionamento da maior parte dos equipamentos eléctricos ou electromecânicos insta-

lados em unidades industriais [20] e também para o bom funcionamento das redes eléctricas.

O controlo de potência reactiva pode ser realizado de forma análoga ao controlo de fre-

quência, contudo, na prática não existe a necessidade de realizar um controlo tão rígido para

a tensão. Assim, o controlo integral adoptado para a regulação da frequência não é utilizado

para o controlo da tensão, sendo que é utilizado um banco de baterias de condensadores para

realizar esta função [21]. O controlo de tensão deve:

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Bancos de Baterias de Condensadores: Introdução 31

• Manter a tensão aos terminais dos equipamentos pertencentes à rede e as cargas

dentro dos limites considerados aceitáveis nos regulamentos portugueses;

• Minimizar o trânsito de potência reactiva nos elementos da rede para reduzir as

perdas, quer de potência activa, quer de potência reactiva e consequentemente

possibilitar o aumento do trânsito de potência activa;

• Assegurar a estabilidade de tensão em todo o sistema e maximizar a estabilidade

transitória a nível da rede de transporte.

Um banco de baterias de condensadores é constituído por um conjunto variável de esca-

lões, comandados por um relé que tem a função de manter a instalação com um factor de

potência dentro do valor previamente regulado [22], introduzindo ou retirando escalões que

correspondem à injecção na rede eléctrica de uma determinada energia reactiva.

O principal motivo pelo qual os consumidores e/ou produtores do sistema eléctrico

incluem bancos de baterias de condensadores nas suas instalações prende-se, geralmente,

com factos meramente económicos devido às penalidades associadas à não correcção do fac-

tor de potência. Contudo, há diversos benefícios técnicos relacionados com a qualidade da

energia. Estes elementos apresentam diversos benefícios para o desempenho das redes eléc-

tricas, na medida em que permitem compensar o factor de potência e assim reduzem as per-

das e as quedas de tensão.

Os bancos de baterias de condensadores são sistemas muito económicos e frequentemente

os mais utilizados para realizar a compensação do factor de potência. No entanto, existem

alguns inconvenientes associados ao uso dos condensadores que ocorrem normalmente quando

estes elementos são comutados [23]. O fenómeno sentido nesta acção conduz a picos de ten-

são elevados que podem danificar os equipamentos eléctricos da rede devido à existência de

fenómenos transitórios oscilatórios na ordem de 2 a 3 p.u. [24] As soluções alternativas são a

utilização das máquinas de geração de energia para produzir potência activa e reactiva simul-

taneamente ou a utilização de compensadores electrónicos. No entanto, estas são soluções

mais dispendiosas e com um custo de manutenção mais elevado do que a utilização de um

banco de baterias de condensadores. Por este motivo, o uso dos bancos de baterias de con-

densadores é e continuará a ser comum nos sistemas eléctricos de energia. Quando os esca-

lões da bateria de condensadores se encontram correctamente dimensionados é conseguido

um retorno de investimento muito rápido.

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32 Regime de Neutro: Influência na Integração de um banco de baterias de condensadores

4.3.1- Bancos de Baterias de Condensadores: Fenómenos Sen-tidos na Comutação de Escalões

A compensação do factor de potência faz-se normalmente por bancos de baterias de con-

densadores ligados em paralelo com a rede. Estes elementos têm a vantagem de possuir um

reduzido custo e perdas de energia activa praticamente nulas. Porém, não permitem uma

regulação contínua da potência reactiva a fornecer, razão pela qual se usam normalmente

bancos de baterias de condensadores com vários escalões. O número de escalões é ajustado

às necessidades de energia reactiva em cada momento.

A necessidade de ajuste da potência produzida ao consumo faz com que haja necessidade

de realizar diariamente um número elevado de manobras de ligar e desligar os diferentes

escalões da bateria de condensadores. Assim, este fenómeno é um dos mais sentidos no sis-

tema eléctrico. Os elementos da rede devem ser previstos para suportar os fenómenos transi-

tórios que ocorrem quando se liga ou desliga os diferentes escalões, bem como para isolar

rapidamente os bancos de baterias de condensadores no caso de ocorrência de um curto-

circuito.

As sobretensões de ligação podem originar nos disjuntores pressões excessivas na câmara

de corte, enquanto que o reacendimento do arco durante uma operação de corte pode origi-

nar sobretensões elevadas que, por sua vez, podem danificar os isolamentos eléctricos do

próprio disjuntor ou de outros equipamentos ligados à rede.

A manobra de ligar ou comutar os diferentes escalões de um banco de baterias de conden-

sadores produz correntes de choque do tipo oscilatório de elevada frequência e cuja amplitu-

de pode atingir 4 p.u. [25]. Por outro lado, a elevada frequência destas correntes de fecho

fazem com que devido ao arco que se estabelece se produza na câmara de corte do disjuntor

uma pressão que cresce muito rapidamente e com características diferentes das correntes de

curto-circuito. Este súbito aumento da pressão transmite-se ao mecanismo de accionamento

dos contactos, produzindo fortes solicitações mecânicas, não só nos contactos mas também

nos próprios isoladores.

A elevada frequência da corrente de fecho faz com que esta siga no próprio disjuntor um

percurso que não corresponde ao usualmente seguido pelas correntes normais de serviço e se

desvie para peças metálicas. Por este motivo podem ficar submetidas a esforços electrodinâ-

micos e consequentemente vibrações de alta frequência que não estavam previstas. Com o

objectivo de reduzir estes efeitos prejudiciais para os disjuntores e para a rede eléctrica é

prática comum a instalação de reactâncias em série com cada escalão.

No que concerne à manobra de desligar um banco de baterias de condensadores, esta

proporciona solicitações superiores à rede e aos disjuntores do que a manobra de ligação. Se

for analisado o caso de uma bateria monofásica em que a corrente se encontra esfasada da

tensão de 90º, verifica-se que quando ocorre a abertura do disjuntor, o arco apaga-se quando

a corrente se anula e a tensão está no valor máximo. A tensão entre os contactos do disjuntor

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Bancos de Baterias de Condensadores: Fenómenos Sentidos na Comutação de Escalões 33

cresce a partir de zero, podendo ocorrer um reacendimento do arco num dado instante em

que a tensão nos contactos ultrapasse a tensão de reacendimento (Figura 15).

Figura 15 – Sobretensão de manobra associada à bateria de condensadores [24].

Este arco volta a colocar o banco de baterias de condensadores ligado à rede, oscilando a

tensão e a corrente nos bornes deste com uma frequência dependente da reactância equiva-

lente da rede e da capacidade da bateria de condensadores e com uma amplitude que depen-

de da tensão entre contactos no momento do reacendimento. O momento mais desfavorável é

o que corresponde a meio período depois do arco estar apagado, uma vez que a tensão assu-

me o valor máximo.

As magnitudes de tensão e corrente estão também esfasadas de 90º e o arco pode apagar-

se de novo na passagem por zero da corrente oscilante, ficando o banco de baterias de con-

densadores carregado com o valor máximo de tensão. A partir deste momento, estabelece-se

de novo uma dependência entre a tensão de restabelecimento entre contactos e a rigidez

dieléctrica do meio da câmara de corte. No caso das condições serem favoráveis, pode-se

voltar a produzir um novo reacendimento com nova oscilações de corrente e tensão.

No que concerne à velocidade de afastamento dos contactos dos disjuntores, verifica-se

que quando esta não é suficiente, pode acontecer que estes reacendimentos se sucedam uns

aos outros até esgotar a carga total. Caso não possa aguentar mais a rigidez do meio, o arco

não se apaga com a correspondente deterioração do interruptor. Estes reacendimentos provo-

cam sobretensões que se propagam em forma de ondas ao longo dos condutores que consti-

tuem a rede. As reflexões sucessivas originam sobretensões elevadas que podem colocar em

perigo o isolamento dos aparelhos ligados à rede, conforme se verificou no parque eólico em

estudo.

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34 Regime de Neutro: Influência na Integração de um banco de baterias de condensadores

4.4- Banco de Baterias de Condensadores: Parque Eólico em Estudo

Legalmente, os produtores devem nos períodos de horas de cheias e de ponta fazer acom-

panhar o fornecimento de energia activa de uma quantidade de energia reactiva correspon-

dente, no mínimo, a 40% da energia activa fornecida, sendo que, nos períodos de vazio não

deve ser fornecido à rede energia reactiva, de acordo com o ponto 4.3.6 do capítulo IV do

regulamento da rede de distribuição [9].

No parque eólico em estudo, com o objectivo de respeitar o artigo citado anteriormente,

foi instalado um banco de baterias de condensadores com 6 escalões de 0,3 MVA, 2,0 MVA,

2,3 MVA, 4,0 MVA, 4,3 MVA e 6,3 MVA ligados em estrela na subestação de interligação do

parque eólico com a rede de média tensão de 60 kV da EDP Distribuição, de acordo com a

Figura 16.

Figura 16 – Representação esquemática do parque eólico em estudo.

Através da expressão:

ab = cdb3efg (Eq. 40)

é possível determinar os valores de capacidade de cada um dos escalões, conforme é apresen-

tado na Tabela 4.

Tabela 4 – Capacidade do banco de condensadores no parque eólico em Estudo.

Potência Reactiva (Mvar) Capacidade (µF) Capacidade (p.u.) 0,3 4,24 0,241 × 10$i 2,0 28,29 1,609 × 10$i 2,3 32,54 1,851 × 10$i 4,0 56,59 3,219 × 10$i 4,3 60,83 3,460 × 10$i 6,3 89,13 5,070 × 10$i

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Sumário 35

4.5- Sumário

Neste capítulo foram expostas todas as configurações possíveis para o funcionamento dos

parques eólicos, assim como as vantagens e desvantagens da adopção de cada um dos dife-

rentes regimes de neutro, tendo em consideração o facto de poder existir um banco de bate-

rias de condensadores.

Na fase seguinte foram explorados os problemas sentidos na comutação de um banco de

baterias de condensadores, as características do banco de baterias de condensadores utiliza-

dos no parque eólico em estudo, assim como os efeitos inerentes à comutação dos diferentes

escalões deste elemento.

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Capítulo 5

Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

5.1-Simulação em PSCAD/EMTDC® do Parque Eólico em Estudo

Com o objectivo de analisar o problema ocorrido no parque eólico em estudo, foram reali-

zadas diversas simulações com diferentes cenários de operação no software PSCAD/EMTDC®

(Ver Apêndice E) e analisados os resultados obtidos. O esquema eléctrico que permitiu reali-

zar as simulações no software utilizado encontra-se na Figura 17 e pretende modelizar o par-

que eólico em estudo. A máquina eólica utilizada é um aerogerador duplamente alimentado

(DFIG) e a sua modelização foi desenvolvida no âmbito da dissertação de mestrado [26] e

aplicada neste trabalho.

Figura 17 – Modelização do parque eólico em estudo no Software PSCAD/EMTDC®

Os resultados apresentados de seguida dizem respeito à simulação com o banco de bate-

rias de condensadores a entrar em funcionamento no escalão que permite obter aproximada-

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38 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

mente 4,3 Mvar de potência reactiva no tempo 1 s, sendo que o tempo de simulação total é

de 3 s, conforme se apresenta na Figura 18.

Figura 18 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão

Após se ter procedido à realização da simulação, foi possível avaliar os valores adquiridos

pelas sondas de tensão para cada uma das fases em relação à terra, os quais são apresentados

nas Figura 19, Figura 20 e Figura 21. Este valor é sentido entre cada um dos enrolamentos do

transformador e a carcaça, sendo um ponto importante, na medida em que é necessário que

o transformador, no qual ocorreu o incidente, estivesse dimensionado para estes valores.

Figura 19 – Diferença de potencial entre a fase R e a terra

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Po

tên

cia

Re

act

iva

(k

va

r)

Tempo (s)

Potência Reactiva Fornecida

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase R

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Simulação em PSCAD/EMTDC® do Parque Eólico em Estudo 39

Figura 20 - Diferença de potencial entre a fase S e a terra

Figura 21 - Diferença de potencial entre a fase T e a terra

Após se ter procedido à análise dos valores obtidos na diferença de potencial entre cada

uma das fases e a terra, verifica-se que o motivo que deu origem ao incidente no transforma-

dor do parque eólico em estudo poderá estar relacionado com as diferenças de potencial

entre cada uma das fases e a terra. Esta afirmação deve-se à verificação de uma desigualdade

sentida nas grandezas da tensão fase-terra. De acordo com os valores obtidos nas simulações,

constata-se que as tensões nas fases R e T apresentam valores praticamente idênticos,

enquanto que a fase S assume valores relativamente baixos face à tensão nominal do sistema.

Desta forma, o desequilíbrio sentido entre cada uma das fases e a terra influencia o fluxo

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase S

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase T

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40 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

magnético no transformador e consequentemente o seu modo de funcionamento, podendo

causar a sua destruição.

Com o objectivo de verificar o que sucede com as tensões compostas na rede do parque,

foram colocados sensores para medir estes valores de tensão que permitiram elaborar os grá-

ficos apresentados nas Figura 22, Figura 23 e Figura 24.

Figura 22 – Tensão composta entre as fases R e S

Figura 23 – Tensão composta entre as fases R e T

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e S

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

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kV

)

Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e T

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Grounding Transformers: Introdução 41

Figura 24 – Tensão composta entre as fases S e T

Após se ter procedido à análise dos resultados obtidos para a tensão composta, verifica-se

que não foi sentida qualquer tipo de solicitação ao transformador. Desta forma, é necessário

tomar medidas que permitam colmatar os desequilíbrios das tensões fase-terra no momento

de comutação do banco de baterias de condensadores, uma vez que pode ser esta a causa

para a ocorrência de incidentes do tipo que ocorram no parque eólico em estudo.

O problema sentido no parque eólico em estudo poderá estar relacionado com o facto de

não existir uma referência para a tensão, dado ser uma rede de neutro isolado. A possível

solução para o problema poderá basear-se na implementação de uma medida que permita

impor uma referência ao neutro na rede no interior do parque eólico.

Neste capítulo irão ser apresentadas duas medidas que poderão possibilitar a resolução do

problema no parque eólico em estudo. Estas medidas consistem em:

• Inserir um transformador em zigzag para criar um neutro artificial;

• Mudar a configuração dos transformadores instalados nos aerogeradores de YNd

para YNyn.

5.2- Grounding Transformers: Introdução

Um Grounding Transformer é um transformador destinado exclusivamente à criação de

um ponto de neutro e ao estabelecimento de uma ligação eléctrica deste à terra, num siste-

ma eléctrico com neutro isolado ou não ligado à terra. Os transformadores que apresentam

esta função encontram-se normalmente com uma configuração YNd ou em ZigZag, conforme a

Figura 25. A utilização de um transformador para a ligação à terra em redes de distribuição

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

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25,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

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kV

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Tempo (s)

Tensão Composta - Fase S e T

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42 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

ou transporte é bem conhecida, contudo, em parque eólicos com regime de neutro isolado

ainda não foi adoptada.

Figura 25 – Grounding Transformers YNd e ZigZag

Os Grounding Transformers são frequentemente utilizados com a configuração em zigzag

sem enrolamento secundário, com o objectivo de obter um ponto de referência à terra num

sistema com neutro isolado, porque apresentam uma impedância interna entre fases superior,

uma impedância homopolar baixa e um custo inferior à da solução alternativa [11]. A impe-

dância do transformador é tão elevada para as três fases que, quando não há nenhum defeito

ou desequilíbrio nas fases, apenas flui uma corrente muito reduzida, designada de corrente

de magnetização. Contudo, a impedância para a terra é tão baixa [27] que permite um eleva-

do fluxo de corrente quando ocorre um defeito ou desequilíbrio de tensões [28], pois fornece

um caminho shunt para a sequência homopolar positiva e assim a corrente de curto-circuito

ou proveniente do desequilíbrio pode fluir.

A tensão na rede deve ser constante e não devem ocorrer distúrbios, todavia, por vezes,

ocorrem diversas situações anormais, sendo que as interrupções a curto prazo são mais senti-

dos nas redes de distribuição, devido a falhas transitórias ou permanentes. O transformador

em zigzag por um lado possibilita o equilíbrio entre as tensões das fases [29] quando ocorre

um defeito ou um desequilíbrio, sendo esta uma vantagem da sua aplicação [27]. Durante a

operação normal do sistema, a bobina interna e externa que abrange o fluxo magnético can-

cela-o e surge uma corrente insignificante no ponto de neutro do transformador. Enquanto

ocorre um defeito ou um desequilíbrio nas fases, o fluxo magnético nos enrolamentos do

transformador não é igual, o que permite a circulação da corrente homopolar pelo circuito de

defeito e o retorno pelo neutro do zigzag. Usualmente, utiliza-se uma resistência entre a

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Grounding Transformers: Introdução 43

terra e o transformador para limitar as correntes de defeito à terra [11], sendo que a impe-

dância do transformador em zigzag também auxilia a sua limitação.

Os Grounding Transformers podem ser aplicados a sistemas trifásicos de energia para:

1. Fornecer uma fonte de corrente durante os defeitos fase-terra;

2. Limitar as magnitudes das sobretensões transitórias;

3. Estabilizar a tensão do neutro;

4. Permitir a ligação fase-neutro das cargas [30];

5. Criar um ponto de neutro artificial num sistema com neutro isolado.

Os sistemas com neutro isolado são normalmente utilizados quando se pretende evitar que

numa falha à terra ocorra uma saída de serviço e consequentemente, condicionar a continui-

dade de serviço, contudo, o defeito tem de ser localizado e extinto. Por vezes, a sua localiza-

ção é difícil, neste sentido, este transformador permite a detecção automática e, se deseja-

do, o isolamento da fase de defeito. Muitas redes eléctricas têm sido convertidas de neutro

isolado para neutro ligado à terra para possibilitar detecção e isolamento de linhas em defei-

to fase-terra, o que ajuda a proteger os componentes do sistema.

O Grounding Transformer proporciona a circulação da corrente homopolar, estabiliza a

tensão do neutro e permite a utilização do neutro. A localização ideal para este transforma-

dor deve ser na subestação, ligado ao transformador de potência ou ao barramento de potên-

cia da subestação [28].

Os Grounding Transformers devem estar em funcionamento sempre que o sistema se

encontre alimentado, uma vez que a saída de serviço deste elemento pode causar elevadas

sobretensões entre cada uma das fases e a terra, desequilíbrio entre tensões e elevação da

tensão no neutro sem que ocorra qualquer tipo de defeito.

Um grande desequilíbrio de tensão pode ser causado quando apenas uma das três fases

abre devido a um possível defeito da protecção. Neste caso, a tensão aplicada a este trans-

formador é igual à tensão fase-terra. O transformador vai tentar assegurar a tensão na fase

aberta e a alimentação das cargas, o que pode conduzir a uma sobrecarga do transformador.

Desta forma, devem ser consideradas protecções para este elemento. Quando um Grounding

Transformer é utilizado, o sistema de protecção deve ser o seguinte [28], [30] e [31]:

1. Sistema de protecção contra falhas no Grounding Transformer;

2. Devem estar previstas protecções de Back-up, caso falhe a detecção principal de

defeitos à terra;

3. Devem existir protecções selectivas para evitar saídas de serviço.

Os Grounding Transformers devem ser dimensionados conforme os valores de tensão e

corrente a que estão sujeitos e de acordo com as normas do IEEE (Institute of Electrical and

Electronics Engineers) indicadas na referência [32].

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44 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

No software PSCAD/EMTDC® foram utilizados dois enrolamentos de um transformador por

cada fase para modelizar o transformador em zigzag. Assim, através das ligações eléctricas

indicadas na Figura 25 é possível construir o modelo para o software que se encontra na Figu-

ra 26.

Figura 26 – Modelo do transformador em zigzag utilizado no Software PSCAD/EMTDC®

O modelo do transformador em zigzag utilizado deve ser inserido no barramento da subes-

tação onde se encontram ligados o transformador de potência que interliga a rede do parque

à rede de distribuição da EDP e o banco de baterias de condensadores.

5.3- Transformador em ZigZag: Simulação

De seguida, é apresentada uma simulação com parâmetros idênticos aos analisados no

ponto 5.1- da presente dissertação. Contudo, foi introduzido um transformador em zigzag no

barramento que permite a criação do neutro artificial, conforme é apresentado na Figura 27.

Após se ter procedido a diversas simulações para avaliar o comportamento das tensões no

parque eólico com um transformador em zigzag a realizar a função de Grounding Transformer

apresenta-se a situação de ligação do banco de baterias de condensadores no escalão que

permite obter aproximadamente 4,3 Mvar de potência reactiva, conforme é apresentado na

Figura 28.

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Transformador em ZigZag: Simulação 45

Figura 27 - Modelização do parque eólico em estudo com transformador em zigzag no

Software PSCAD/EMTDC®

Figura 28 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão

com transformador em zigzag

Com base na simulação realizada, obtiveram-se os resultados indicados nas Figura 29,

Figura 30 e Figura 31. Nestas figuras, é possível analisar o comportamento da tensão fase-

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Po

tên

cia

Re

act

iva

(k

va

r)

Tempo (s)

Potência Reactiva Fornecida

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46 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

terra em cada uma das fases e verifica-se que após a entrada em funcionamento do banco de

baterias de condensadores a 1 s de simulação, as fases apresentam-se equilibradas e assumem

valores idênticos e esfasadas de 120º. É de referir que o problema do parque eólico em estudo

parece estar resolvido com a inserção deste elemento.

Figura 29 – Diferença de potencial entre a fase R e a terra com transformador em zigzag

Figura 30 – Diferença de potencial entre a fase S e a terra com transformador em zigzag

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase R

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

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kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase S

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Transformador em ZigZag: Simulação 47

Figura 31 – Diferença de potencial entre a fase T e a terra com transformador em zigzag

No que concerne às tensões compostas, verifica-se através da Figura 32, Figura 33 e Figu-

ra 34 que estas assumem um comportamento equilibrado, idêntico à situação de simulação

sem o transformador em zigzag.

Figura 32 – Tensão composta entre as fases R e S com transformador em zigzag

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

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Tempo (s)

Tensão Simples - Fase T

-25,00

-20,00

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-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

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0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

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kV

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Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e S

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48 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

Figura 33 – Tensão composta entre as fases R e T com transformador em zigzag

Figura 34 – Tensão composta entre as fases S e T com transformador em zigzag

Relativamente à corrente que circula entre o neutro criado pelo transformador e a terra,

verifica-se, como era previsto, que é insignificante, uma vez que se deve exclusivamente à

magnetização do transformador.

-25,00

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

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0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

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Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e T

-25,00

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0,00

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0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tensão (s)

Tensão Composta - Fase S e T

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Mudança da Configuração do Transformador dos Aerogeradores do Parque para YNyn:

Simulação 49

Figura 35 – Corrente no ponto neutro do transformador com configuração zigzag

5.4- Mudança da Configuração do Transformador dos Aerogera-dores do Parque para YNyn: Simulação

A mudança do regime de neutro do transformador é uma medida técnica viável. Contudo,

é necessário ter em consideração que a EDP exige que o regime de neutro dos produtores em

regime especial renovável seja concordante com o da rede pública a que está ligada [33].

Assim, o transformador que interliga o parque eólico com a rede de distribuição deve apre-

sentar uma ligação em Y sem neutro ligado à terra, do lado da rede de distribuição.

Quando a ligação à rede for efectuada de modo assíncrono, isto é, recorrendo ao uso de

conversores electrónicos de frequência para permitir a exploração dos sistemas com veloci-

dade variável, será necessário assegurar providências necessárias para a redução do conteúdo

harmónico [33]. No parque eólico em estudo, com o objectivo de considerar a obrigação de

implementar medidas para redução do conteúdo harmónico, foi determinado em projecto que

o transformador que interliga o parque com a rede da EDP apresenta a configuração Yd.

No caso da rede de Baixa Tensão, os neutros devem ser ligados à terra [33], neste sentido,

o transformador que se encontra junto aos aerogeradores deve apresentar uma ligação em

estrela com neutro ligado à terra do lado da Baixa Tensão.

Através da análise realizada aos pontos anteriores, apenas existe uma possibilidade para a

alteração da configuração do transformador, ou seja, apenas é possível alterar a configuração

YNd do transformador que se encontra junto ao aerogerador para YNyn, proporcionado assim

uma referência ao neutro na rede do interior do parque eólico. No entanto, esta solução do

-1,00E-09

-8,00E-10

-6,00E-10

-4,00E-10

-2,00E-10

0,00E+00

2,00E-10

4,00E-10

6,00E-10

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0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Co

ren

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A)

Tempo (s)

Corrente no Neutro Transformador ZigZag

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50 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

ponto de vista prático é inviável para o parque eólico em estudo, uma vez que para a sua

implementação é necessário instalar um novo transformador em cada uma das torres eólicas,

porque estes transformadores não permitem a reconfiguração das ligações existentes.

Com o objectivo de verificar a validade da possibilidade de alteração da configuração do

transformador, foram realizadas diversas simulações que provam que a solução apresentada é

viável do ponto de vista técnico. Assim, esta solução poderá vir a ser implementada ao nível

de novos projectos de parques eólicos ou em infra-estruturas existentes que permitem a

reconfiguração dos transformadores.

O esquema eléctrico das ligações efectuadas para as simulações encontra-se na Figura 36.

De seguida, é apresentado um caso particular de estudo que se refere à ligação do escalão do

banco de baterias de condensadores que fornece aproximadamente 4,3 Mvar no parque eólico

em estudo, conforme se pode verificar na Figura 37.

Figura 36 - Modelização do parque eólico em estudo com transformador dos aerogeradores

em YNyn.

Figura 37 – Potência reactiva fornecida pelo banco de baterias de condensadores no 5º escalão

com transformador em YNyn

No que concerne às tensões simples, verifica-se que assumem um comportamento mais

equilibrado face à situação de regime de neutro isolado, porém, a solução de instalação de

um transformador em zigzag permite um melhor equilíbrio das tensões simples, conforme se

pode avaliar pela análise das Figura 38, Figura 39 e Figura 40.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

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0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Po

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cia

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Tempo (s)

Potência Reactiva Fornecida

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Mudança da Configuração do Transformador dos Aerogeradores do Parque para YNyn:

Simulação 51

Figura 38 – Tensão simples na fase R com transformador em YNyn

Figura 39 – Tensão simples na fase S com transformador em YNyn

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase R

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase S

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52 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

Figura 40 – Tensão simples na fase T com transformador em YNyn

No que se refere às tensões compostas, verifica-se através da análise dos resultados obti-

dos que não apresentam desequilíbrios suficientes para causar danos na rede do parque eóli-

co, conforme se pode avaliar pela Figura 41, Figura 42 e Figura 43. Desta forma, os desequilí-

brios sentidos podem ser desprezados.

Figura 41 – tensão composta entre as fases R e S com transformador em YNyn

-20,00

-15,00

-10,00

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Simples - Fase T

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e S

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Mudança da Configuração do Transformador dos Aerogeradores do Parque para YNyn:

Simulação 53

Figura 42 – tensão composta entre as fases R e T com transformador em YNyn

Figura 43 – tensão composta entre as fases S e T com transformador em YNyn

Relativamente à corrente no neutro do transformador, esta apresenta um valor significa-

tivamente baixo face à corrente que é entregue à rede da EDP, devido aos pequenos desequi-

líbrios sentidos na tensão simples (Figura 41).

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Composta - Fase R e T

-30,00

-20,00

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Te

nsã

o (

kV

)

Tempo (s)

Tensão Composta - Fase S e T

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54 Medidas Para Evitar os Desequilíbrios de Tensão Fase-Terra nos Parques Eólicos

Figura 44 – Corrente no neutro do transformador

5.5-Sumário

Neste capítulo foram realizadas diversas simulações com diferentes condições na rede do

parque eólico em estudo. Na fase inicial, apresentou-se o problema que surgiu no parque

eólico quando se ligou o banco de baterias de condensadores.

Na fase seguinte foram exploradas duas soluções que poderão permitir a resolução do

problema do desequilíbrio nas tensões fase-terra, através da utilização de um transformador

em zigzag ou através da alteração das configurações dos transformadores que se encontram

instalados nos aerogeradores de Yd para YNyn.

-2,00E-10

-1,50E-10

-1,00E-10

-5,00E-11

0,00E+00

5,00E-11

1,00E-10

1,50E-10

2,00E-10

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

Co

rre

nte

(A

)

Tempo (s)

Corrente no Neutro do Transformador

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Capítulo 6

Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1- Conclusões

O trabalho desenvolvido que deu origem a esta dissertação teve como principal objectivo

determinar qual a causa que motivou a ocorrência de um incêndio no transformador de

potência da subestação de interligação, de um parque eólico, com a rede de Média Tensão da

EDP e procurar uma possível solução para evitar este problema no futuro. Este trabalho

seguiu duas vertentes de estudo: avaliação da possibilidade de ocorrência do efeito de ferro-

ressonância e avaliação do impacto da introdução de um banco de baterias de condensadores,

numa rede de neutro isolado característica do parque eólico em estudo.

No que concerne ao estudo da ferro-ressonância, esta é um caso particular de ressonância

que envolve fenómenos oscilatórios que podem ocorrer num circuito eléctrico que contenha

uma indutância não linear (ferromagnética e saturável), um condensador, uma fonte de ten-

são e resistência de baixo valor em série ou paralelo. Após se ter procedido à análise física e

numérica deste fenómeno, verificou-se que este não foi sentido no parque eólico em estudo.

O método aplicado para se determinar que não ocorreu ferro-ressonância baseou-se na inter-

secção da função descritiva que representa o comportamento do transformador com o dia-

grama de Nyquist da rede do parque eólico em estudo.

Assim, foi necessário realizar simulações que permitiram avaliar o motivo que poderá ter

sido a causa do incidente sentido neste parque eólico. Avaliou-se que o comportamento das

tensões na rede do parque eólico em estudo e verificou-se que o problema não ocorria antes

de se instalar o banco de baterias de condensadores. Assim, concluiu-se que o problema

poderá estar relacionado com a instalação deste na rede do parque eólico. Analisou-se o pro-

blema para os diversos escalões do banco de baterias de condensadores instalado no parque

eólico em estudo e concluiu-se que este problema é despoletado pela ligação e/ou comutação

dos escalões do banco de baterias de condensadores. Este é sentido através da desigualdade

nas amplitudes das tensões fase-terra e não se verificou quaisquer alterações nas tensões

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56 Conclusões e Trabalhos Futuros

compostas. Devido ao problema de desequilíbrios, avaliou-se a possível causa do problema e

concluiu-se que este se encontra relacionado com o facto de não existir uma referência para

a tensão. Desta forma, foi necessário determinar quais as soluções que existem no mercado

para colmatar este problema e as que têm a possibilidade de serem implementadas no parque

eólico em estudo.

Relativamente à possível solução do problema, esta baseia-se na necessidade de criar um

neutro na instalação e realizar uma ligação física entre o neutro e a terra, com o objectivo de

introduzir uma referência de tensão no sistema. Assim, existem duas formas de criar o neutro

na rede do parque eólico que consistem em utilizar um transformador com configuração de

ligações em zigzag para criar um neutro artificial ou através da alteração da configuração dos

transformadores instalados junto das torres eólicas de YNd para YNyn. A solução da instalação

de um transformador em zigzag no parque eólico em estudo revela-se a melhor solução do

ponto de vista técnico e prático. O motivo pelo qual se optou por esta escolha também está

relacionado com factores económicos, visto que ambas as soluções são válidas e a menos dis-

pendiosa consiste na utilização do transformador em zigzag. A necessidade de alteração das

configurações dos transformadores, implica a sua substituição por novos equipamentos, uma

vez que os transformadores instalados no parque eólico em estudo não permitem a reconfigu-

ração das ligações. Assim, se esta solução fosse implementada envolveria um investimento

elevado.

O estudo realizado para a mudança da configuração dos transformadores para YNyn não

deve ser desprezado, apesar de não poder ser aplicado neste caso particular, uma vez que

pode ser considerado em novos projectos de parques eólicos.

Desta forma, o trabalho desenvolvido nesta dissertação possibilita a mudança da filosofia

de pensamento de alguns projectistas de parques eólicos, uma vez que não devem ser imple-

mentadas redes com neutro isolado em parques eólicos quando se pretende realizar compen-

sação de energia reactiva baseada em bancos de baterias de condensadores.

Todos os pontos enumerados anteriormente permitem que o trabalho desenvolvido cum-

pra com os objectivos propostos inicialmente.

6.2- Trabalhos Futuros

O trabalho desenvolvido nesta dissertação permite que surjam alguns temas que seja

necessário abordar, relacionados com a introdução do transformador em zigzag na rede inter-

na do parque eólico em estudo. Assim, este documento deve servir de base para novos traba-

lhos, nomeadamente:

• Criar um circuito “protótipo” que permita realizar as simulações efectuadas no

software PSCAD/EMTDC® num ambiente de laboratório para permitir validar os

resultados obtidos por simulação.

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Trabalhos Futuros 57

• Avaliar a influência da instalação do transformador em zigzag para a parametriza-

ção das protecções, na medida em que este possibilita a ligação do neutro à ter-

ra. Numa situação de defeito à terra surge um curto-circuito em que a corrente

de defeito se fecha pelo transformador introduzido (ver Apêndice F), podendo

danificar os elementos da rede se não forem implementadas medidas correctivas;

• Verificar a influência da introdução de um transformador em zigzag nos harmóni-

cos existentes na rede, tendo como objectivo a determinação das causas que ori-

ginam a sua existência e análise da influência da colocação do transformador em

zigzag na rede do parque eólico em estudo.

A realização destes estudos permitirá avaliar se a introdução deste transformador no par-

que eólico em estudo e, eventualmente, em outros parques eólicos com regime de neutro

isolado e que pretendam realizar compensação de energia reactiva através de bancos de

baterias de condensadores evita futuros problemas com sobretensões e desequilíbrios nas

tensões fase-terra.

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Referências

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[8] T. Sun, Z. Chen, and F. Blaabjerg, "Voltage recovery of grid-connected wind turbines with DFIG after a short-circuit fault," in Power Electronics Specialists Conference, 2004. PESC 04. 2004 IEEE 35th Annual, 2004, pp. 1991-1997 Vol.3.

[9] Ministério da Economia - Direcção Geral de Energia, "Regulamento da Rede de Distri-buição", Disponível em http://www.erse.pt/NR/rdonlyres/6572C9D1-AE93-4B3F-BE9D-6B10D56B541A/0/RegulamentodaRededeDistribui%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em 14 de Maio de 2009.

[10] D. A. N. Jacobson, "Examples of ferroresonance in a high voltage power system," in Power Engineering Society General Meeting, 2003, IEEE, 2003, p. 1212 Vol. 2.

[11] T. A. Short, Electric power distribution handbook. CRC Press: Boca Raton, 0-8493-1791-6, 2004.

[12] R. C. Dugan, Electrical power systems quality. New York [etc.]: McGraw Hill, 0-07-138622-X, 2003.

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[14] J.-J. E. Slotine and W. Li, Applied nonlinear control. Upper Saddle River: Prentice Hall, 0-13-040890-5, 1991.

[15] Gefran,"Magnetostrição", Disponível em http://www.gefran.com/pt/tecnologies/tecnology_7.aspx. Acesso em 20 de Maio de 2009.

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60 Referências

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[19] R. M. G. Castro and J. M. F. Jesus, "A wind park reduce-order model using singular perturbation theory," Transaction on Energy Conversion, vol. 11, pp. 735-741, December 1996.

[20] Unionfenosa,"Compensação de Energia Reactiva", Disponível em www.unionfenosamultiservicios.com/eficiencia/portugal/Reactiva/introduccion.html. Acesso em 22 de Abril de 2009.

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[22] J. Montenegro,"Baterias de Condensadores e Filtros de Harmónicas para Baixa Ten-são", Disponível em http://www.jmontenegro.pt/catalogo.pdf. Acesso em 22 de Abril de 2009.

[23] G. W. Chang, M. H. Shih, S. Y. Chu, and R. Thallam, "Tracking the Transient Source Location Associated with Electric Utility Shunt Capacitor Switching," in Transmission and Distribution Conference and Exhibition, 2005/2006 IEEE PES, 2006, pp. 740-743.

[24] F. M. Barbosa,"Sobretensões de Manobra", Disponível em http://paginas.fe.up.pt/~fmb/Textos/Sobretensoes_de_Manobra_Abri07.pdf. Acesso em 13 de Maio de 2009.

[25] H. Jorge,"Qualidade de Energia - Sobretensões Transiórias", Disponível em http://lge.deec.uc.pt/ensino/QE/Docs/QE_Sobretensoes_transitorias.ppt. Acesso em 12 de Maio de 2009.

[26] J. A. C. Barros, "Development of Cooperative and Coordinated Control for Distributed Generation," in MIEEC Porto: FEUP, 2008.

[27] K. P. Basu, "Mitigation of Power Supply Disturbance in Single-phase Loads," in Power and Energy Conference, 2006. PECon '06. IEEE International, 2006, pp. 254-256.

[28] M. Shen, L. Ingratta, and G. Roberts, "Grounding transformer application, modeling, and simulation," in Power and Energy Society General Meeting - Conversion and Deli-very of Electrical Energy in the 21st Century, 2008 IEEE, 2008, pp. 1-8.

[29] S. A. Hafidz and K. P. Basu, "Ride through capabilities of load during voltage sag/swell and power interruption with zigzag transformer," in Innovative Technologies in Intel-ligent Systems and Industrial Applications, 2008. CITISIA 2008. IEEE Conference on, 2008, pp. 119-122.

[30] E. R. Detjen and K. R. Shah, "Grounding transformer applications and associated pro-tection schemes," Industry Applications, IEEE Transactions on, vol. 28, pp. 788-796, 1992.

[31] E. R. Detjen and K. R. Shah, "Grounding transformer applications and associated pro-tection schemes," in Industry Applications Society Annual Meeting, 1990., Conference Record of the 1990 IEEE, 1990, pp. 1981-1988 vol.2.

[32] "IEEE guide for the application of neutral grounding in electrical utility systems, part IV - distribution," IEEE Std C62.92.4-1991, 1992.

[33] R. M. G. Castro, "Condições Técnicas e Económicas da Produção em Regima Especial," Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, 2003.

[34] Manitoba HVDC Research Centre, "PSCAD/EMTDC Power System Simulation Software User’s Manual, EMTDC version 4.2," Canada, 2006.

[35] M. M. Ferreira,"Formulário – Transformadas de Laplace", Disponível em http://paginas.fe.up.pt/~am1/Files/am1_formulario_2007_2008_Laplace.pdf. Acesso em 2 de Junho de 2009.

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61

Apêndice A

Sistema Por Unidade

O sistema por unidade ou sistema p.u. consiste em definir uma base de valores para as

grandezas fundamentais. Posteriormente procede-se à transformação de todas as grandezas

que se encontram no sistema internacional de unidades, para este sistema, através das rela-

ções que definem os valores base pré-definidos.

Num sistema de energia são definidas duas grandezas independentes que consistem na

potência total aparente, Sbase, e na tensão composta de base, Vbase, para cada um dos barra-

mentos. Estes valores de base permitem determinar a impedância de base, Zbase, e a corrente

de base, Ibase, que são determinados pelas seguintes expressões:

ZlmnK = VlmnKSlmnK (Eq. 41)

IlmnK = SlmnK√3 ∙ VlmnK (Eq. 42)

Após se ter procedido à determinação dos valores de base, todos os parâmetros do siste-

ma de energia terão de estar convertidos no sistema por unidade. No que diz respeito às

características das máquinas eléctricas (geradores, transformadores, etc.), os parâmetros

destas são apresentados em percentagem referidos aos seus valores base. Para tornar compa-

tíveis estes valores com os valores base definidos para o sistema, é necessário considerar a

(Eq. 43).

Zp.q."rsm_lmnK = Zp.q.lmnK_8áLqN"m ∙ SlmnKSlmnK_8áLqN"m ∙ vVlmnK_8áLqN"mVlmnK w (Eq. 43)

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Apêndice B

Desenvolvimento Matemático para Determinação da (Eq. 9)

As equações que descrevem o circuito da Figura 3 no domínio de Laplace necessitam de

um desenvolvimento matemático que permita construir o diagrama de blocos do sistema.

Assim, 1sC I = sΛ ⇔ I = sΛC (Eq. 44)

Por outro lado, I = I + I ⇔ I = I + sΛC (Eq. 45)

Desta forma, pode realizar-se a substituição na (Eq. 5) de I pelo obtido na (Eq. 45): E = RI + sLI + sΛ (Eq. 46) ⇔ E = R ∙ I + sΛC + sL ∙ I + sΛC + sΛ (Eq. 47)

⇔ E = R ∙ I + sRΛC + sL ∙ I + syLΛC + sΛ (Eq. 48)

⇔ E = I ∙ R + sL + Λ ∙ sRC + syLC + s (Eq. 49)

⇔ Λ = E ∙ 1sRC + syLC + s − I ∙ R + sLsRC + syLC + s (Eq. 50)

Com a última equação obtida é possível determinar o diagrama de blocos associado ao sis-

tema em análise.

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65

Apêndice C

Desenvolvimento Matemático para Determinação da (Eq. 39)

As equações que descrevem o circuito da Figura 9 no domínio de Laplace necessitam de

um desenvolvimento matemático que permita construir o diagrama de blocos do sistema.

Assim, 1sC IS = sΛ ⇔ IS = sΛC (Eq. 51)

1sC% IT = R ∙ I + L ∙ s ∙ I + sΛ ⇔ IT = s ∙ ΛC% + LIC% + s ∙ RRIC% (Eq. 52)

Por outro lado, pode definir-se IJ em função dos parâmetros do cabo, do transformador e de I, desta forma: IJ = I + IT = I + IT + IS = I + s ∙ RIC% + s ∙ LIC% + ΛC% + ΛC= I + Λ ∙ sC% + sC + sRIC% + sLIC% (Eq. 53)

Através da substituição de I da (Eq. 37) na (Eq. 52) e da substituição do resultado na (Eq. 53)

obtêm-se: IJ = I + sΛ ∙ C% + C + sC%LI + sC%LsΛC + sC%RI + sC%RsΛC= I ∙ 1 + sC%L + sC%R + Λ ∙ sC% + sC + sAC%CL + syC%CR (Eq. 54)

Considerando a (Eq. 34) verifica-se que é possível realizar a substituição das variáveis IJ e I. Assim, por desenvolvimento matemático obtém-se:

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E% = RJ ∙ IJ + s ∙ LJ ∙ IJ + R ∙ I + s ∙ L ∙ I + sΛ= I∙ =RJ + R + sLJ + L + RJC%R + sRJC%L + LJC%L + syLJC%L>+ Λ∙ =s + sRJC% + RJC + RC + syRJC%RC + LJC% + LJC + LC+ sARJC%LC + LJC%RC + sLJC%LC> (Eq. 55)

Após se ter procedido ao tratamento matemático anterior é necessário determinar Λ em

função das restantes na expressão da (Eq. 55) para proceder à determinação do diagrama de

blocos do sistema. Assim: Λ= 1s ∙ z1 + s ∙ RJC% + RJC + RC + s ∙ RJC%RC + LJC% + LJC + LC +sA ∙ RJC%LC + LJC%RC + s ∙ LJC%LC ∙ E%− RJ + R + s ∙ LJ + L + RJC%R + s ∙ RJC%L + LJC%R + sy ∙ LJC%Ls + s ∙ RJC% + RJC + RC + sy ∙ RJC%RC + LJC% + LJC + LC +s ∙ RJC%LC + LJC%RC + si ∙ LJC%LC ∙ I

(Eq. 56)

Onde se pode definir Gs ∙ E − Gs ∙ I (Eq. 57)

Com

Gs = 1s ∙ z1 + s ∙ RJC% + RJC + RC + s ∙ RJC%RC + LJC% + LJC + LC +sA ∙ RJC%LC + LJC%RC + s ∙ LJC%LC

(Eq. 58)

Gs = RJ + R + s ∙ LJ + L + RJC%R + s ∙ RJC%L + LJC%R + sy ∙ LJC%Ls + s ∙ RJC% + RJC + RC + sy ∙ RJC%RC + LJC% + LJC + LC +s ∙ RJC%LC + LJC%RC + si ∙ LJC%LC (Eq. 59)

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67

Apêndice D

Parâmetros para Determinação do Dia-grama de Nyquist

Baseado na aplicação do modelo dos parâmetros agregados é possível determinar que:

SKL = M SN|NO% = 8 × 1,6 = 12,8 MVA (Eq. 60)

RKL = 18 M RN|NO% = 18 × 8 × 1,6 = 51,9 Ω

(Eq. 61)

XKL = 18 M XN|NO% = 18 × 8 × 1,6 = 3,183 mH

(Eq. 62)

De seguida, é necessário determinar as características do cabo, do transformador e do

banco de baterias de condensadores no sistema p.u., assim:

RJ = 1,6 p. u. (Eq. 63) LJ = 0,181 × 10$y p. u. (Eq. 64)

C% = 0,387 × 10$i p. u. (Eq. 65)

RR = 0,181 × 10$y p. u. (Eq. 66)

LR = 0,534 × 10$yp. u.

Relativamente a C, assume-se os valores apresentados na Tabela 4.

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Apêndice E

Software PSCAD/EMTDC®

PSCAD® e EMTDC®

são pacotes de software que permitem realizar inúmeras simulações,

principalmente no âmbito de fenómenos transitórios electromagnéticos e electromecânicos.

EMTDC® é o software que realiza efectivamente a análise transitória e o PSCAD®

é um con-

junto de módulos de software gráficos que permitem uma interface com o EMTDC® amigável

para o utilizador.

PSCAD® / EMTDC®

apresenta uma grande variedade de modelos electrónicos e de sistemas

de energia, desde transformadores, linhas e cabos de transmissão, máquinas eléctricas de

rotação (síncronas, assíncronas, DC), turbinas (hidráulicas, eólicas, a vapor), conversores

electrónicos, FACTS, relés, entre outros.

Uma das grandes vantagens deste software é a capacidade de ter funções e módulos pré-

definidos (que podem ser modificados pelo utilizador) que podem ser interligados com siste-

mas de energia eléctricos ou sistemas de controlo. É também possível ao utilizador criar

novos módulos e funções usando a linguagem de programação Fortran®.

A operação de qualquer módulo pode ser testada na presença de perturbações ou defei-

tos, para a observação do seu comportamento e resposta em tempo real. PSCAD/EMTDC® é

desenvolvido pelo HVDC Research Centre de Winniped no Canadá [34]. A versão actual deste

software é a versão 4.2.1, que foi a versão usada ao longo desta dissertação.

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Apêndice F

Análise de Curto Circuitos Assimétricos Fase – Terra

O Sistema Eléctrico de Energia (SEE) desempenha um papel fundamental na sociedade

moderna, por este facto deve funcionar de forma contínua e devem ser respeitados determi-

nados pressupostos.

Um SEE deve fornecer energia em qualquer local de consumo; a produção deve igualar a

soma dos consumos com as perdas; no local onde a energia for solicitada, a frequência deve

ser constante, a tensão deve permanecer dentro de limites reduzidos, a forma de onda deve

ser sinusoidal, assim como a fiabilidade deve ser elevada; os custos de energia, assim como o

impacto ambiental devem ser minimizados. Por vezes, existem defeitos que condicionam a

fiabilidade de um SEE, o mais prejudicial é o curto-circuito.

A expressão curto-circuito designa um percurso de baixa impedância, resultante de um

defeito, através do qual se fecha uma corrente, em geral muito elevada. Esta é limitada pela

impedância equivalente de Thévenin da rede a montante do local de defeito e pela impedân-

cia do defeito no momento de ocorrência do curto-circuito. Quando este fenómeno ocorre,

trata-se de uma situação anormal ao funcionamento normal do sistema e deve ser extinta de

forma rápida para não provocar danos ao SEE.

Os curto-circuitos podem assumir diversos tipos, sendo os mais frequentes os curto-

circuitos fase-terra. Desta forma, proceder-se-á à determinação das expressões que permitem

determinar as correntes de defeito num barramento da rede, assim como a tensão nos outros

barramentos na situação de pós-defeito. Do ponto de vista de modelização da rede, um defei-

to deste tipo representa uma mudança estrutural na rede.

A rede, vista do ponto de defeito pode ser modelizada por três esquemas separados,

designados por directo, inverso e homopolar. Através da aplicação do teorema de Thévenin

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torna-se possível a determinação das correntes no ponto de defeito, bem como nos ramos da

rede.

F.1. Determinação das Expressões para a Análise de Curto-circuitos Assimétricos Fase-Terra

Considera-se um gerador síncrono em vazio e admite-se que entre a fase R e a terra ocor-

re um curto-circuito com uma impedância ~, tal como se representa na Figura 45.

Figura 45 – Curto-circuito fase-terra aos terminais de um gerador.

Para este curto-circuito, verifica-se que as fases S e T não são afectadas, assim = =0 A.

Sabendo que matriz =T> = 1 1 1α α 1α α 1, com α = eGS e através da determinação realizada

em [21] é possível verificar que:

II$I = 13 ∙ III (Eq. 67)

Conclui-se que:

I = I$ = I = 13 ∙ I (Eq. 68)

Por outro lado, a tensão simples na fase R é dada por:

V = I ∙ Z3 + ZK (Eq. 69)

Tendo presente que:

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V = V + V$ + V (Eq. 70)

Pode determinar-se que V + V$ + V = I ∙ Z3 + ZK e através da (Eq. 70) é possível con-

cluir que: V + V$ + V = 3Z3 + 3ZK ∙ I (Eq. 71)

Através das (Eq. 68) e (Eq. 71) é possível proceder à determinação dos esquemas directo,

inverso e homopolar. Este esquema encontra-se na Figura 46.

Figura 46 – Esquema de ligações directo, inverso e homopolar para o curto-circuito fase-

terra.

Da análise da Figura 46 é possível determinar os valores das componentes simétricas da

corrente:

I = I$ = I = VZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 72)

então:

I = 3 ∙ VZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 73)

Um parâmetro importante que deve ser determinado é a tensão. Da Figura 46 é possível

retirar-se facilmente que:

V = V − ZI = V ∙ Z$ + Z + 3Z3 + ZKZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 74)

V$ = −Z$I$ = −V ∙ Z$Z + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 75)

V = −ZI = −V ∙ ZZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 76)

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As tensões fase-neutro podem ser determinadas pela equação:

VVVJ = =T> ∙ VV$V (Eq. 77)

após tratamento matemático, obtêm-se os seguintes resultados:

V = V ∙ 3Z3 + ZKZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 78)

V = V ∙ α − α ∙ Z$ + α − 1 ∙ Z + 3αZ3 + ZKZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 79)

VJ = V ∙ α − α ∙ Z$ + α − 1 ∙ Z + 3αZ3 + ZKZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 80)

Em regime de curto-circuito assimétrico, as tensões fase-neutro são diferentes das fase-

terra, devido à queda de tensão na impedância de neutro. Assim, as tensões fase-terra podem

ser determinadas pelas seguintes expressões:

V$ = V ∙ 3ZKZ + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 81)

V$ = V ∙ α − α ∙ Z$ + α − 1 ∙ Z + 3αZK + 3Z3α − 1Z + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 82)

VJ$ = V ∙ α − α ∙ Z$ + α − 1 ∙ Z + 3αZK + 3Z3α − 1Z + Z$ + Z + 3 ∙ Z3 + ZK (Eq. 83)

Os resultados obtidos podem ser generalizados para um defeito em qualquer ponto da

rede, através da substituição de pela tensão pré-defeito e considerando , $ e como

as impedâncias directa, inversa e homopolar equivalentes vistas para montante do ponto de

defeito.

F.2. Parâmetros utilizados na simulação

A rede que permite analisar os curto-circuitos apresenta-se na Figura 47.

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Figura 47 – Esquema da rede de teste para análise de curto-circuitos.

Os parâmetros utilizados na rede de teste encontram-se apresentados na Tabela 5:

Tabela 5 – Características da rede de análise de curto-circuitos.

Parâmetros Valor Unidade

Carga

Potência da Carga 1,8+j0,3 MVA

Rede a Montante

Potência de Curto-Circuito Máxima 250 MVA

X’’/R’’ 10

Transformador

Potência Nominal 10 MVA

Relação de Transformação 60/15 kV

Reactância de Fugas 5 %

Ligação dos Enrolamentos YNd

Linha 1

Secção Nominal 50 mm

Resistência a 40ºC 0,729 Ω ∙ km$%

Reactância Indutiva 0,377 Ω ∙ km$%

Capacidade 5000 pF ∙ km$%

Comprimento 15 km

Linha 2

Secção Nominal 50 mm

Resistência a 40ºC 0,729 Ω ∙ km$%

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Reactância Indutiva 0,377 Ω ∙ km$%

Capacidade 5000 pF ∙ km$%

Comprimento 30 km

F.2.1. Determinação dos Parâmetros nos Sistema p.u.

Considerando a potência de base Sl = 100 MVA, será determinada a potência de curto-

circuito da rede a montante:

S′′ = S′′Sl = 250 × 10i100 × 10i = 2,5 p. u. (Eq. 84)

assim, I′′ = S′′ = 2,5 p. u. (Eq. 85)

Sabendo que:

I′′ = 1 × c|Z′′| ⇔ |Z′′| = 1 × cI′′ = 1 × 1,12,5 = 0,44 p. u. (Eq. 86)

onde c representa o factor de tensão, que no caso do exercício com os níveis de tensão de

60/15 kV, será considerado o valor apresentado.

Sendo a relação de X′′ R′′⁄ não nula, então a impedância equivalente é dada pela equação

seguinte: φ = tan$%X′′ R′′⁄ = tan$%10 = 84,29° (Eq. 87)

onde, Z′′ = R′′ + jX′′ = |Z′′| ∙ cos φ + |Z′′| ∙ sin φ = 0,044 + j0,438 p. u. (Eq. 88)

Quanto ao transformador, este poderá ser representado apenas pelo ramo longitudinal,

desprezando o ramo transversal correspondente à impedância de magnetização. Assim, a

impedância equivalente do transformador será dada pela equação seguinte:

ZJ = jx × vV"Vlw × SlS" = j0,05 × 15 × 10y15 × 10y × 100 × 10i10 × 10i = j0,5 p. u. (Eq. 89)

Quanto às linhas aéreas, para o cálculo da impedância equivalente será desprezada a

admitância transversal por ter uma influência reduzida. Assim, as impedâncias equivalentes

das linhas são dadas pelas seguintes equações:

Z%/$ = R% + jX%Zl = 10,935 + j5,6552,25 = 4,860 + j2,513 p. u. (Eq. 90)

Z/$ = R + jXZl = 21,870 + j11,3102,25 = 9,720 + j5,027 p. u. (Eq. 91)

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onde Zl = S = %×%S%×% = 2,25 Ω.

A reactância homopolar de uma linha é 2 a 3,5 vezes a reactância directa (ou inversa)

segundo [21], assim, será considerado o factor de 2,5 para a determinação da impedância

homopolar da linha.

Z% = 2,5 × Z%/$ = 2,5 × 4,860 + j2,513 = 12,150 + j6,283 p. u. (Eq. 92)

Z = 2,5 × Z/$ = 2,5 × 9,720 + j5,027 = 24,300 + j12,567 p. u. (Eq. 93)

As impedâncias shunt das linhas são determinadas de acordo com a seguinte equação:

g T = 1¡e ∙ a = 1¡2¢£ ∙ a = 1¡2¢ × 50 × 5000 × 10$% × 15 = −¡42,44 ¤Ω= −j18,86 × 10y p. u. (Eq. 94)

g S = 1¡e ∙ a = 1¡2¢£ ∙ a = 1¡2¢ × 50 × 5000 × 10$% × 30 = −¡21,22 ¤Ω= −j8,49 × 10y p. u. (Eq. 95)

No que concerne à carga, esta apresenta-se como:

C = SRm¥¦mSl = 1,8 + j0,3100 = 0,018 + j0,003 p. u. (Eq. 96)

A carga pode ser modelizada por uma impedância através da seguinte expressão:

Zm¥¦m = VNp.q.CNp.q. = 10,018 + j0,003 = 54,054 − j9,009 p. u. (Eq. 97)

F.3. Exemplo de Cálculo

Para proceder à determinação da corrente de curto-circuito assimétrica fase-terra é

necessário proceder à determinação do esquema directo, inverso e homopolar. Os esquemas

directo e inverso assumem os mesmos valores e as mesmas configurações, assim, este esque-

mas encontram-se na Figura 48.

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Figura 48 - Esquema directo e inverso da rede de teste.

De acordo com a Figura 48 pode construir-se a matriz das admitâncias nodais para a

sequência directa e inversa (Eq. 99) de acordo com o sistema de equações da (Eq. 98).

§yNN = Yn¨© + M YNGNªGyNG = −YNG« (Eq. 98)

=Y> = ¬0,227 − j4,260 j2 0 0j2 0,244 − j2,126 −0,162 + j0,084 −0,081 + j0,0420 −0,162 + j0,084 0,162 − j0,084 00 −0,081 + j0,042 0 0,099 − j0,045 ­ (Eq. 99)

para a sequência inversa, o processo de determinação é o mesmo, uma vez que =Y> = =Y$>. A matriz de impedâncias nodais correspondente obtém-se por inversão da matriz das

admitâncias nodais, assim:

=Z> = =Y>$% = ¬0,047 + j0,437 0,050 + j0,436 0,050 + j0,436 0,061 + j0,3630,050 + j0,436 0,058 + j0,934 0,058 + j0,934 0,089 + j0,7800,050 + j0,436 0,058 + j0,934 4,920 + j3,460 0,089 + j0,7800,061 + j0,363 0,089 + j0,780 0,089 + j0,780 8,480 + j4,450­ (Eq. 100)

Para proceder à determinação das impedâncias nodais é necessário proceder à determinação

do esquema da sequência homopolar e respectiva matriz das admitâncias nodais.

O esquema eléctrico do sistema homopolar encontra-se na Figura 49:

Figura 49 - Esquema homopolar da rede de teste.

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Através da Figura 49 pode construir-se a matriz das admitâncias nodais para a sequência

homopolar.

=Y> = ¬0,227 − j2,260 0 0 00 0,097 − j2,050 −0,065 + j0,034 −0,033 + j0,0170 −0,065 + j0,034 0,065 − j0,034 00 −0,033 + j0,017 0 0,033 − j0,017 ­ (Eq. 101)

A matriz de impedâncias nodais para a sequência homopolar é determinada por:

=Z> = =Y>$%= ¬0,044 + j0,438 0 0 00 −0,0003 + j0,5002 −0,0003 + j0,5002 −0,0003 + j0,50020 −0,0003 + j0,5002 12,080 + j6,819 −0,0003 + j0,50020 −0,0003 + j0,5002 −0,0003 + j0,5002 23,950 + j12,840 ­ (Eq. 102)

Assim, a corrente de curto-circuito fase-terra no barramento 4 calcula-se pela equação:

Add®$ = 3¯AA + ¯AA$ + ¯AA = 38,480 + ¡4,450 + 8,480 + ¡4,450 + 23,950 + ¡12,840= 0,057 − ¡0,030 °. ±. (Eq. 103)

Em unidades SI, a amplitude da corrente é dada por:

IARR²$J = ³IARR²$J³ × Sl√3 × Vl = 0,065 × 100 × 10i√3 × 15 × 10y = 249 A (Eq. 104)

Os resultados obtidos os curto-circuitos nos restantes barramentos encontram-se na Tabe-

la 6:

Tabela 6 - Resultados obtidos para o curto-circuito fase-terra

Barramento Corrente de Curto – Circuito (A)

1 2188

2 4870

3 446

4 249

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F.4. Resultados do Software PSCAD®/EMTDC®

Os ensaios no Software PSCAD®/EMTDC® permitiram obter maior facilidade no funciona-

mento com esta ferramenta e determinação dos valores de curto-circuito em cada barramen-

to da rede de teste.

Os resultados obtidos, quando o neutro do transformador se encontra ligado à terra

encontram-se na Tabela 7:

Tabela 7 - Resultados obtidos para o curto-circuito fase-terra no Software

PSCAD®/EMTDC®

Barramento Corrente de Curto – Circuito (A)

1 2190

2 4865

3 380

4 239

Após proceder à análise de todos os resultados obtidos no software verifica-se que estes

se encontram aproximados dos obtidos por cálculos numéricos, permitindo validar a simulação

efectuada.

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Anexo 1

Transformada de Laplace

Tabela 8 – Transformada de Laplace [35]