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DESENVOLVIMENTO DE NOVOS AÇOS PARA RODAS FERROVIÁRIAS Danilo José de Rezende Pivotto e Paulo Roberto Mei (e-mail: [email protected] ) FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA CNPq INTRODUÇÃO Este trabalho esteve voltado para o desenvolvimento de aços microligados que substituirão os aços atualmente utilizados pela indústria nacional na produção de rodas ferroviárias. Por isso, o efeito da adição de 0,05 % de nióbio e 0,12 % de molibdênio na estrutura e propriedades mecânicas de aços com 0,5; 0,6 e 0,7 %C foram estudados. O projeto é financiado pela empresa MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda. METODOLOGIA Foram fornecidas pela empresa MWL seis barras de aço com 90 x 90 x 715 mm com 36% de deformação inicial. Além desta deformação, os corpos de provas foram laminados em laboratório simulando a fabricação da roda por forjamento. Foram laminados corpos de prova de mesmo teor de carbono aos pares e simultaneamente, sendo uma amostra microligada e outra convencional. Os dois corpos de prova foram acoplados por um pino de diâmetro 3/8”. Foram utilizados 2 termopares do tipo K, sendo um para cada corpo de prova. Os corpos de prova foram aquecidos a 1250 ºC para solubilização completa do nióbio, sendo então laminados em 4 passes, a partir de 1200 ºC, sofrendo uma deformação total (redução em altura) de 67%, seguida de resfriamento ao ar. Foram feitos estudos metalográficos e ensaios de tração nas amostras de aços antes e após a deformação imposta pela laminação a quente. Para os aços laminados, foram realizados dois ensaios de tração. Palavras-Chave: Aço Microligado - Roda Ferroviária - Microestrutura Composição (% em peso) CONCLUSÕES Nas amostras de aço recebidas e não laminadas, observou-se que a adição de nióbio e molibdênio provocou aumento entre 10 e 20 % no limite de escoamento, entre 10 e 30 % no alongamento e entre 20 e 60 % na redução de área, sem alteração significativa no limite de resistência dos aços. A adição de nióbio e molibdênio foi responsável por elevar o limite de resistência e escoamento. A ductilidade praticamente não foi alterada para as ligas convencionais, mas houve um decréscimo após a laminação. A adição de nióbio e molibdênio foi responsável pela acicularização da ferrita e pelo atraso de início de decomposição da austenita. . RESULTADOS E DISCUSSÃO Com aumento do teor de carbono, foi possível verificar que o LR (limite de resistência) e o LE (limite de escoamento) foram elevados com e sem adição de nióbio e molibdênio, e este efeito foi mais intenso nos aços laminados. Antes da laminação, os aços com e sem adição de nióbio e molibdênio apresentavam valores próximos de LE e LR, porém após a laminação os aços microligados apresentaram valores de LE e LR maiores do que os aços de igual teor de carbono mas sem a adição de nióbio e molibdênio. O aumento do teor de carbono reduziu o AL (alongamento) e a RA (redução de área) dos aços com e sem adição de nióbio e molibdênio, tanto antes como após a laminação. Antes da laminação os aços com e sem adição de nióbio e molibdênio apresentavam valores próximos de AL, porém a RA foi maior nos aços microligados. A laminação não teve feito significativo no AL e RA dos aços não microligados, mas reduziu os valores destas propriedades nos aços microligados, ficando estes aços com valores menores destas propriedades que nos aços não microligados. A adição de nióbio e molibdênio reduziu a temperatura de início da formação de perlita. Observou-se também que, para os aços microligados, depois da laminação, ocorreu a acicularização da ferrita. A adição de nióbio e molibdênio foi responsável pelo atraso de início da decomposição da austenita. C5 C5Nb C6 C6Nb C7 Nb C7Nb C5 L C5 Nb L C6 L C6 Nb L C7 C7 Nb L 580 600 620 640 660 680 700 C7/C7Nb C6/C6Nb C5/C5Nb Temperatura Aço Convencional Aço Microligado Temperatura de inicio de formação da perlita 0,027 0,05 0,12 0,22 0,01 0,016 0,83 0,3 0,74 C7Nb 0,025 <0,01 0,04 0,23 0,016 0,018 0,79 0,3 0,75 C7 0,027 0,05 0,12 0,21 0,012 0,02 0,84 0,41 0,62 C6Nb 0,026 <0,01 0,03 0,22 0,016 0,018 0,77 0,42 0,64 C6 0,021 0,04 0,13 0,21 0,011 0,019 0,68 0,3 0,47 C5Nb 0,021 <0,01 0,04 0,12 0,014 0,019 0,66 0,3 0,5 C5 Al Nb Mo Cr S P Mn Si C 0.5 0.6 0.7 300 400 500 600 700 800 900 MPa Teor de Carbono % 0.5 0.6 0.7 700 800 900 1000 1100 1200 1300 MPa Teor de Carbono % 0.5 0.6 0.7 10 12 14 16 18 20 22 24 % Teor de Carbono % 0.5 0.6 0.7 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 % Teor de Carbono % (a) (b) Aço carbono antes da laminação Aço carbono após a laminação Aço Nb + Mo antes da laminação Aço Nb+Mo após a laminação 26 ± 4 14 ± 1 1263 ± 18 888 ± 1 C7NbL 30 ± 1 19 ± 1 1060 ± 6 622 ± 5 C7L 29 ± 3 12 ± 0 1025 ± 28 712 ± 27 C6NbL 36 ± 1 20 ± 1 966 ± 11 567 ± 14 C6L 37 ± 0 20 ± 2 873 ± 3 616 ± 5 C5NbL 36 ± 1 23 ± 2 812 ± 24 445 ± 6 C5L R.A. (%) AL (%) LR (MPa) LE 0.2% (MPa) Corpo de Prova Limite de Escoamento Limite de Resistência Alongamento Redução de Área 33 14 851 465 C7Nb 20 13 826 411 C7 41 20 818 488 C6Nb 27 16 808 403 C6 44 21 718 405 C5Nb 36 16 736 365 C5 R.A. (%) AL (%) LR (MPa) LE 0.2% (MPa) Corpo de Prova C5 Não deformadas Deformadas ENSAIO DE TRAÇÃO Antes da Laminação Após a Laminação

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DESENVOLVIMENTO DE NOVOS AÇOS PARA RODAS FERROVIÁRIASDanilo José de Rezende Pivotto e Paulo Roberto Mei

(e-mail: [email protected] )

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

CNPq

INTRODUÇÃO

Este trabalho esteve voltado para o desenvolvimento de aços microligados que substituirão os aços atualmente utilizados pela indústria nacional na produção de rodas ferroviárias. Por isso, o efeito da adição de 0,05 % de nióbio e 0,12 % de molibdênio na estrutura e propriedades mecânicas de aços com 0,5; 0,6 e 0,7 %C foram estudados. O projeto é financiado pela empresa MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda.

METODOLOGIA

Foram fornecidas pela empresa MWL seis barras de aço com 90 x 90 x 715 mm com 36% de deformação inicial. Além desta deformação, os corpos de provas foram laminados em laboratório simulando a fabricação da roda por forjamento. Foram laminados corpos de prova de mesmo teor de carbono aos pares e simultaneamente, sendo uma amostra microligada e outra convencional. Os dois corpos de prova foram acoplados por um pino de diâmetro 3/8”. Foram utilizados 2 termopares do tipo K, sendo um para cada corpo de prova. Os corpos de prova foram aquecidos a 1250 ºC para solubilização completa do nióbio, sendo então laminados em 4 passes, a partir de 1200 ºC, sofrendo uma deformação total (redução em altura) de 67%, seguida de resfriamento ao ar. Foram feitos estudos metalográficos e ensaios de tração nas amostras de aços antes e após a deformação imposta pela laminação a quente. Para os aços laminados, foram realizados dois ensaios de tração.

Palavras-Chave: Aço Microligado - Roda Ferroviária - Microestrutura

Composição (% em peso)

CONCLUSÕES

Nas amostras de aço recebidas e não laminadas, observou-se que a adição de nióbio e molibdênio provocou aumento entre 10 e 20 % no limite de escoamento, entre 10 e 30 % no alongamento e entre 20 e 60 % na redução de área, sem alteração significativa no limite de resistência dos aços. A adição de nióbio e molibdênio foi responsável por elevar o limite de resistência e escoamento. A ductilidade praticamente não foi alterada para as ligas convencionais, mas houve um decréscimo após a laminação.A adição de nióbio e molibdênio foi responsável pela acicularização da ferrita e pelo atraso de início de decomposição da austenita..

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com aumento do teor de carbono, foi possível verificar que o LR (limite de resistência) e o LE (limite de escoamento) foram elevados com e sem adição de nióbio e molibdênio, e este efeito foi mais intenso nos aços laminados. Antes da laminação, os aços com e sem adição de nióbio e molibdênio apresentavam valores próximos de LE e LR, porém após a laminação os aços microligados apresentaram valores de LE e LR maiores do que os aços de igual teor de carbono mas sem a adição de nióbio e molibdênio. O aumento do teor de carbono reduziu o AL (alongamento) e a RA (redução de área) dos aços com e sem adição de nióbio e molibdênio, tanto antes como após a laminação. Antes da laminação os aços com e sem adição de nióbio e molibdênio apresentavam valores próximos de AL, porém a RA foi maior nos aços microligados. A laminação não teve feito significativo no AL e RA dos aços não microligados, mas reduziu os valores destas propriedades nos aços microligados, ficando estes aços com valores menores destas propriedades que nos aços não microligados. A adição de nióbio e molibdênio reduziu a temperatura de início da formação de perlita. Observou-se também que, para os aços microligados, depois da laminação, ocorreu a acicularização da ferrita. A adição de nióbio e molibdênio foi responsável pelo atraso de início da decomposição da austenita.

C5

C5Nb C6 C6Nb

C7 Nb

C7Nb

C5 L C5 Nb L C6 L C6 Nb L

C7

C7 Nb L

580

600

620

640

660

680

700

C7/C7NbC6/C6NbC5/C5Nb

Te

mp

era

tura

Aço Convencional Aço Microligado

Temperatura de inicio de formação da perlita

0,0270,050,120,220,010,0160,830,30,74C7Nb

0,025<0,010,040,230,0160,0180,790,30,75C7

0,0270,050,120,210,0120,020,840,410,62C6Nb

0,026<0,010,030,220,0160,0180,770,420,64C6

0,0210,040,130,210,0110,0190,680,30,47C5Nb

0,021<0,010,040,120,0140,0190,660,30,5C5

AlNbMoCrSPMnSiC 

0.5 0.6 0.7300

400

500

600

700

800

900

MP

a

Teor de Carbono %0.5 0.6 0.7

700

800

900

1000

1100

1200

1300M

Pa

Teor de Carbono %

0.5 0.6 0.710

12

14

16

18

20

22

24

%

Teor de Carbono %

0.5 0.6 0.71820222426283032343638404244

%

Teor de Carbono %

(a) (b)

Aço carbono antes da laminação Aço carbono após a laminação Aço Nb + Mo antes da laminação Aço Nb+Mo após a laminação

26 ± 414 ± 11263 ± 18888 ± 1C7NbL

30 ± 119 ± 1 1060 ± 6622 ± 5C7L

29 ± 312 ± 01025 ± 28712 ± 27C6NbL

36 ± 120 ± 1966 ± 11567 ± 14C6L

37 ± 020 ± 2873 ± 3616 ± 5C5NbL

36 ± 123 ± 2812 ± 24445 ± 6C5L

R.A. (%)AL (%)LR (MPa)LE 0.2%(MPa)

Corpo de Prova

Limite de Escoamento Limite de Resistência

AlongamentoRedução de Área

3314851465C7Nb

2013826411C7

4120818488C6Nb

2716808403C6

4421718405C5Nb

3616736365C5

R.A. (%)AL (%)LR (MPa)LE 0.2% (MPa)

Corpo de Prova

C5

Não deformadas

Deformadas

ENSAIO DE TRAÇÃO

Antes da Laminação Após a Laminação