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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ FAESPI CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA KELCY MARIA DE MORAES CARVALHO DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA RELAÇÃO MÃE-FILHO TERESINA PI 2017

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – FAESPI

CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

KELCY MARIA DE MORAES CARVALHO

DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA RELAÇÃO

MÃE-FILHO

TERESINA – PI

2017

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KELCY MARIA DE MORAES CARVALHO

DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA RELAÇÃO

MÃE-FILHO

Monografia apresentada à Faculdade do Ensino Superior do Piauí – FAESPI como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso de Bacharel Psicologia. Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Aurelina Machado de Oliveira.

TERESINA – PI

2017

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KELCY MARIA DE MORAES CARVALHO

DEPRESSÃO PÓS-PARTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA RELAÇÃO

MÃE-FILHO

Monografia apresentada à Faculdade do Ensino Superior do Piauí – FAESPI como parte dos requisitos exigidos para a conclusão do curso de Bacharel Psicologia.

Aprovada em: _____ / _____ / 2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof.ª Drª. Maria Aurelina Machado de Oliveira

Orientadora Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

_________________________________________________ Prof.º Drº. Welyton Paraíba da Silva Sousa

1º Examinador Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

_________________________________________________ Prof.ª Esp. Cristiane Francisca Ferreira Matos

2ª Examinadora

Faculdade de Ensino Superior do Piauí – FAESPI

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus e Pai rendo toda a minha gratidão, expressa através dos

versículos do livro de Salmos 118:28-29: “Tu és o meu Deus; render-te-ei graças, tu

és o meu Deus, quero exaltar-te. Redei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque

a sua misericórdia dura para sempre”.

Gratidão aos meus pais, Nonato e Socorro, e ao meu filho amado Isaque,

pelo amor e apoio incondicional.

Á minha orientadora, Dra. Maria Aurelina Machado de Oliveira, pela

orientação, dedicação, paciência e, principalmente, pela amizade durante todo o

processo.

À professora е coordenadora do curso, Me. Karolyna Pessoa Teixeira Carlos

pelo convívio, apoio, compreensão е pelos ensinamentos.

Agradeço também à minha amiga/irmã Waldirene Brito que durante todo o

percurso acadêmico esteve sempre ao meu lado.

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E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento. Jó:28,28

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RESUMO O presente trabalho teve como o objetivo analisar como a depressão pós-parto pode interferir na relação materno-filial, identificando suas características e os prejuízos no desenvolvimento infantil. Revisão sistemática feita nas bases de dados Lilacs, Medline e Scielo, cujas palavras chaves foram depressão pós-parto, desenvolvimento da criança, relação mãe-filho e transtornos puerperais, baseado em critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 23 artigos, referentes ao período de 2007 a 2017, analisados através de leitura na íntegra e os dados obtidos são apresentados em dados cientométricos e 3 categorias temáticas - conceitos, sintomas e fatores relacionados à depressão pós-parto (DPP); interferências da depressão pós-parto na relação materno-filial; prejuízos no desenvolvimento infantil. Predominaram artigos em português, publicados no Scielo e realizados no Brasil. Acerca das categorias temáticas os conteúdos indicaram que a depressão pós-parto é um a doença que afeta diretamente tanto mãe, quanto filho. Verificou-se que a DPP pode trazer grandes prejuízos não só para a saúde de ambos, mas também para a própria relação materno-filial, além de danos no desenvolvimento infantil. As consequências da doença variam em função da intensidade e da duração da mesma, ressaltado que quando existe uma rede de apoio social e familiar adequada a essa mãe deprimida, tais prejuízos podem ser amenizados, o que neutralizará os efeitos da doença na vida dessa mãe e na vida da criança. Assim sendo, quanto mais cedo se possa identificar e diagnosticar a doença, maiores serão as possibilidades de se oferecer condições para desenvolver uma maternagem e cuidados adequados tanto à criança, quanto à mãe. Palavras-chave: Depressão pós-parto. Desenvolvimento da criança. Relação mãe-filho. Transtornos puerperais.

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ABSTRACT

The present work aims to analyze how the postpartum depression can interfere in the relationship mother/son, identifying their characteristics and the damage in the infant development. The systematic review executed based on Lilacs, Medline and Scielo data, whose key-words were postpartum depression, infant development, relationship mother-son and puerperal disorder, based on criteria of inclusion and exclusion were selected 23 articles, that refers to the period of 2007 up to 2017, analyzed thru the complete reading and the collected data are presented in scientometric indicators and 3 thematic data-concept, symptoms and factors related to the postpartum depression (PPD); interference of postpartum depression in the relationship mother/son; damage in the infant development. The prevalence was in Portuguese language articles, published on Scielo and realized in Brazil. About the thematic data the matter indicate that a postpartum depression is a disease that affects directly both mother and son. It was found that the PPD can bring a giant damage for both health, but too for the own relation mother-son, beyond the damage in the infant development. The consequence of the disease ranges from function of the intensity and the duration of it, reinforcing that when there is a social and familiar support network appropriate to the depressive mother, such damage can be softened, which will neutralize the effects about the disease in the mother’s life and in the children’s life. Therefore, sooner identify and diagnosis the problem, the possibilities will be higher of offering conditions to develop a mothering and appropriate care to the children and the mother. Keyword: Postpartum depression. Infant development. Relationship mother-son and puerperal disorder.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 8

2 FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO ..... 12 2.1 PRINCIPAIS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS APRESENTADOS NO

PERÍODO PUERPERAL E POSSÍVEIS TRATAMENTOS.......................... 13

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEPRESSÃO PÓS-PARTO....................... 15 2.3 FATORES DE RISCO PARA O DESENCADEAMENTO DA

DEPRESSÃO PÓS-PARTO........................................................................ 17

2.4 RELAÇÃO MÃE-FILHO ............................................................................. 19 2.5 REPERCUSSÕES NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ................... 21

3 MÉTODO .................................................................................................... 24 3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............................................... 24 3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ........................................... 25 3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS .......................................... 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 26 4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS ...................................................................... 26 4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS ....................................................................... 29 4.2.1 Conceitos, sintomas e fatores relacionados à depressão pós-parto

(DPP) .......................................................................................................... 30

4.2.2 Interferência da depressão pós-parto na relação materno-filial .......... 34 4.2.3 Prejuízos no desenvolvimento infantil ................................................... 37

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 42

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

A depressão é distúrbio afetivo caracterizado pela tristeza, falta de interesse

pela vida e sentimentos de perda e vazio. Ela atinge a autoestima do indivíduo,

também pode acarretar sentimentos de inferioridade, pessimismo, combinando entre

si e aparecendo com extrema frequência (HUMES; VIERA; FRÁGUAS JÚNIOR,

2016).

Pode ser acometida pelo indivíduo em diversas fases de sua vida, ou seja,

desde a fase infantil, adolescência e até a fase da velhice. Atingem diversas áreas

químicas do cérebro, principalmente os neurotransmissores serotonina, dopamina,

noradrenalina e GABA. Ressaltando que os níveis de serotonina evidenciam serem

mais relevantes, e em uma pessoa com depressão habitualmente apresentam-se

em níveis inferiores ao normal. (HUMES; VIERA; FRÁGUAS JÚNIOR, 2016).

Quando se pensa em depressão e em transtornos ansiosos, percebe-se que

as mulheres são duas vezes mais propícias a serem acometidas por tais doenças.

Essa vulnerabilidade é intensificada no período perinatal, que envolve desde a

gestação até o primeiro ano de pós-parto, devido às grandes mudanças e desafios

que tal momento provoca na vida dessa mulher (HUMES; VIERA; FRÁGUAS

JÚNIOR, 2016).

Zanotti et al. (2003), destacam que especificamente na fase puerperal, que a

mulher é mais suscetível a ser acometida pelos transtornos mentais, inclusive se

comparada a outros momentos de sua vida. Isso se deve principalmente ao fato da

mulher direcionar suas resistências, sejam psíquicas, sociais ou físicas, às

necessidades de seu bebê. Já Moura, Fernandes e Apolinário (2009) identificam que

os avanços nos estudos de psiquiatria vêm apontando que as estágios reprodutivos

da mulher, englobam pontos iminentemente estressores para a mesma, sendo os

seus fatores operantes as alterações hormonais e as alterações neuroquímicas,

somadas a danos menstruais, a sua predisposição genética, a modificações na

personalidade.

Dentre os transtornos de humor acometidos pela mulher na referida fase,

destacamos a depressão pós-parto, que afeta diretamente a qualidade das

interações dessa mãe com o meio ao qual está inserida. A amplitude desse impacto,

ou seja, as consequências da depressão pós-parto podem estar além da relação

materno infantil. Corroborando que tal afirmação, Humes, Vieira e Fráguas Júnior

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(2016) afirmam que o ônus da doença materna se estende para além do indivíduo

acometido, interferindo na unidade familiar, comprometendo o vínculo afetivo entre

mãe e bebê e influenciando profundamente o desenvolvimento infantil.

Quanto ao desenvolvimento da depressão pós-parto, Humes, Vieira e

Fráguas Júnior (2016) apontam como fatores de risco a trajetória de vida dessa

puérpera, acompanhada pela história familiar de doenças psiquiátricas,

antecedentes de abortos, natimortos ou malformação fetal. Além destes destacam,

também eventos estressantes e fatores socioeconômicos, como por exemplo, a falta

de apoio familiar e social, o uso de substâncias psicoativas e história de violência

doméstica.

Deve-se também levar em consideração que o momento da chegada de um

bebê é uma experiência que traz grandes sentimentos, não só a mulher, mas a toda

a família envolvida. É um marco no seu desenvolvimento e acarreta grandes

mudanças tanto individuais como coletivas.

De acordo com Furtado (2005) não apenas o nascimento em si da criança

traz esse aflorar de sentimentos, mas todo o período gestacional poderá afetar a

mulher e em contrapartida toda a sua família, principalmente de levarmos em

consideração que diversas situações e eventos não positivos podem surgir no

mesmo período e ainda podem estar relacionados a essa gestação. Todos esses

fatores poderão contribuir para que a depressão puerperal seja desencadeada.

Quando se leva em consideração o exercício da maternidade, percebe-se

que a depressão puerperal assume o papel de interventora na relação materno-fetal

principalmente no primeiro ano de existência dessa criança, inclusive prejudicando

diretamente o desenvolvimento infantil. Destacam-se consequências especialmente

na linguagem, como o atraso no início do falar, e a própria evolução desta, visto que

a mesma se estrutura inicialmente pela interação do diálogo entre mãe e filho.

(CARLESSO; SOUZA, 2011).

O presente trabalho foi organizado através de pesquisas bibliográficas,

estruturada por uma revisão sistemática. Tendo como o objetivo geral analisar em

artigos publicados como a depressão pós-parto pode interferir na relação materno-

filial. Quanto aos objetivos específicos, buscou-se descrever as características da

doença depressão pós-parto; a identificação da repercussão da doença na vida

dessa mãe e na formação dos vínculos iniciais e de apego com o filho, além dos

prejuízos do desenvolvimento infantil. Desta forma, resumidamente pode-se

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destacar que o referido trabalho visou identificar quais os reflexos da depressão pós-

parto na relação materno-filial, como essa criança pode ter o seu desenvolvimento

afetado.

Sobre a estrutura do trabalho, o mesmo foi organizado nos seguintes

capítulos: Introdução; Principais transtornos psiquiátricos apresentados no período

puerperal; Conceito de depressão pós-parto; Fatores de risco para o

desencadeamento da depressão pós-parto; Relação mãe-filho: Repercussões no

desenvolvimento da criança: Método; Resultados e discussões e Considerações

finais.

Como se pode constatar a introdução trás um apanhado geral do trabalho e

serve para orientar o leitor sobre os principais tópicos trabalhados e discutidos sobre

a temática. Na sequência é apresentado todo o embasamento teórico, destacando-

se o conceito da depressão pós-parto, quais os fatores de risco para o

desencadeamento da doença, como se constrói a relação mãe e filho, qual a

importância dessa relação e como a doença pode afetá-la, além de se pontuar as

possibilidades de existirem repercussões no desenvolvimento dessa criança.

Quanto ao método utilizado, pode-se informar que os dados do presente

estudo foram coletados através de pesquisas realizadas em bancos de dados,

estruturada por uma revisão sistemática, selecionados por critérios de inclusão e

exclusão delimitados. Em subsequência seguiu-se os procedimentos de análise de

dados, nos quais são indicados a forma que será apresentada.

No que tange ao capítulo dos resultados e discussões acerca das

informações coletadas. Os dados seguem uma apresentação cientométricas, além

de uma apresentação por categorias temáticas, sendo elas: categoria 1: Conceitos

da Depressão Pós-Parto (DPP); categoria 2: Interferências da depressão pós-parto

na relação materno-filial; categoria 3: Prejuízos do desenvolvimento infantil. Em

seguida, tem-se a exposição das considerações finais, a qual contempla um

apanhado geral do trabalho e dos seus objetivos, bem como uma explanação das

dificuldades encontradas no decorrer da elaboração e execução do mesmo, além

dos aspectos mais relevantes sobre o estudo e a importância de se trazer a

discussão sobre o tema.

Desta forma, o referido trabalho tem sua importância, pois se observa o

quanto é necessário um estudo sobre a depressão pós-parto, principalmente quando

se atenta ao fato de que tal transtorno envolve não só a saúde da mãe e a do filho,

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mas também, todo o entorno familiar, e que tal família é parte importante na vida

dessa puérpera, e assim sendo, a mesma é afetada por todas as circunstâncias que

possam vir a intervir na vida e na saúde de seus membros.

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2 FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO DA DEPRESSÃO PÓS-PARTO

A influência da mãe, ou de um substituto direto da mesma, no

desenvolvimento do bebê, seja neurobiológico ou psicológico, é extremamente

relevante e impactante na vida da criança. Tal bebê, envolvido em conjunto de

fatores estressantes, tanto internamente como externamente a ele, tem na figura da

mãe a segurança e a calmaria necessária para tamponar tais fatores. Desta forma,

ao ter suas necessidades atendidas, ao receber proteção, cuidado e estímulos

táteis, auditivos e visuais, tal criança terá o desenvolvimento de suas capacidades

positivas pré-programadas geneticamente. (MOTTA; LUCION; MANFRO, 2005).

Segundo Motta, Lucion e Manfron (2005), ao nascer, a mente de um ser

humano está preparada para a aquisição de vivências, de experiências, e assim

absorver informações, principalmente nos primeiros anos de vida, onde o

desenvolvimento dessa criança é mais intenso. A mesma aprende informações

cógnitas, afetivas e sociais, inclusive no cérebro dessa criança, ocorre a uma

estabilização e uma intensidade maior de algumas sinapses em prejuízo de outras.

Assim sendo, uma criança que não receba os estímulos e a proteção necessária da

mãe, poderá ter danos tanto no seu processo de desenvolvimento neurobiológico,

quanto no seu processo de desenvolvimento psicológico, ressaltando que tais danos

repercutirão na vida desse bebê, tanto a médio quanto em longo prazo.

Um dos grandes problemas que podem afetar esse desenvolvimento infantil

está relacionado à depressão pós-parto (DPP), Teodoro (2009) infere que tal doença

nos últimos tempos, tem se apresentado de forma assustadora, com uma previsão

de atingir, ao menos em um único momento, de 15% e 20% da humanidade.

Ressaltando que a OMS (Organização Mundial de Saúde), informa que a depressão,

até o ano de 2020, estará ocupando a segunda posição entre os motivos de

prejuízos gerados por doenças degenerativas e óbitos prematuros.

2.1 PRINCIPAIS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS APRESENTADOS NO

PERÍODO PUERPERAL E POSSÍVEIS TRATAMENTOS

Segundo Cantilino et al. (2010), os principais transtornos psiquiátricos

apresentados no período puerperal são: Disforia Puerperal, também denominada de

baby blues; a Depressão Pós-parto ou depressão puerperal e a Psicose Puerperal.

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Tendo como sintomatologia o desânimo contínuo e persistente, alterações do sono,

sentimento de culpa, ideias suicidas, alterações no apetite, temor de machucar e

ferir o filho, redução da libido, predomínio de pensamentos obsessivos e a redução

da performance intelectual.

Ainda segundo os autores, as principais características da Disforia

puerperal, baby blues ou ainda tristeza materna, estão relacionadas ao fato da

mesma ser a forma mais branda e mais recorrente. Apresenta-se logo após o parto,

nos dias subsequentes ao mesmo, e normalmente regride espontaneamente em

cerca de duas semanas. A mulher normalmente apresenta comportamentos de

chorar facilmente, irritação, apresentando ainda labilidade afetiva e hostilidade com

a família e pessoas próximas. O uso de fármacos, nesses casos, não é necessário.

Sendo assim, é suficiente o apoio familiar, o suporte emocional adequado, e a

atenção aos cuidados ao recém-nascido, visto que a puérpera, nessa fase, poderá

não suprir todas as carências do mesmo. Verifica-se assim um quadro transitório,

que não é classificado como transtorno, e que acomete cerca de 50% a 85% das

mães até o décimo dia após o nascimento da criança. Existem hipóteses ligando o

baby blues às inúmeras e intensas alterações sofridas pela mulher nesse período,

como por exemplo, as alterações nos níveis de hormônios logo após o parto, o

próprio estresse do parto, além das novas responsabilidades que a maternidade traz

consigo.

A depressão pós-parto, por sua vez, é marcada por um período mais amplo,

normalmente inicia após a segunda semana de nascimento da criança, podendo se

estender por até o ano do nascimento. A mulher apresentará humor deprimido,

evidenciando perda de interesse e prazer nas atividades, alterações tanto no sono,

quanto no apetite/peso, sono desregulado, agitação ou retardo psicomotor,

comportamentos inadequados quanto a sentimentos de culpa ou de não ser útil, e

em alguns casos, pode vir a apresentar sentimento de morte ou pensamentos

suicidas. Como tratamento existe a indicação e necessidade do uso de fármacos,

além da psicoterapia. (CANTILINO et al.,2010).

Por sua vez a Psicose Puerperal, pode-se destacar que é o transtorno metal

mais grave e com menor frequência de apresentação na população, acometendo

cerca de uma em cada mil puérperas. Observa-se ainda, que normalmente tem-se

como comorbidade o transtorno bipolar, além da mesma ter um início rápido, com a

apresentação dos sintomas em até duas semanas posterior ao parto. A mulher

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acometida de tal doença passa a ter comportamentos de euforia, logorreia, insônia,

agitação e humor irritável. Desta forma, a mesma irá apresentar delírios, idéias

persecutórias, comportamentos desorganizados, alucinações, desorientação,

perplexidade, despersonalização e confusão mental. Tal quadro psicótico pode levar

a consequências graves, como o infanticídio, ou seja, pode levar essa mãe a tirar a

vida de seu próprio filho recém-nascido. Como forma de tratamento, é imprescindível

à internação hospitalar, o uso de medicamentos, seguindo-se um tratamento com o

mesmo protocolo de transtornos psicóticos agudos. É necessário também um

acompanhamento, ou supervisão direta a essa mãe e a esse filho, visto existir

grandes risco de suicídio, agressões a criança ou em ainda, como mencionada

anteriormente, infanticídio (CANTILINO et al.,2010).

Tal explanação sobre os principais adoecimentos emocionais ocorridos em

mulher no período puerperal eram necessários para que se pudesse compreender

as diferenças entre os mesmos. Contudo, a partir desse ponto o trabalho irá ater-se

ao transtorno de depressão pós-parto.

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Com o objetivo de ampliarmos a compreensão da depressão pós-parto,

vamos considerar os conceitos apresentados pela Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – 10ª edição

(CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4ª edição

(DSM-IV).

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados com a Saúde – 10ª edição (CID - 10) caracteriza a DPP como uma

desordem comportamental e mental ligada e associada diretamente ao puerpério

(F53), apresenta critérios e a classifica quanto à duração, frequência, intensidade e

predomínio dos sintomas, além de identificar o início da doença em até seis

semanas após o parto, a mesma também incluem como terminologia a depressão

pós-natal. Já o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 4ª edição

(DSM – IV) classifica a depressão pós-parto como um distúrbio de humor, que pode

variar entre um grau moderado a um grau severo, além de ser reconhecido

clinicamente pela presença de Episódio Depressivo. Diferentemente do CID – 10, o

DSM – IV reduz o início da doença, caracterizando o seu surgimento em até quatro

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semanas após o parto. É valido ressaltar que a opção pelo uso da classificação do

DSM – IV e o não uso da versão mais atualizada do mesmo, ou seja, do Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição (DSM-5), deu-se

principalmente pelo fato da depressão pós-parto no DSM – V, não mais ser

reconhecida como uma doença com um diagnóstico à parte, e sim como um

episódio depressivo maior com início na gestação ou em até quatro semanas após o

nascimento da criança.

Assim sendo, verifica-se que a depressão pós-parto, através de estudos

sobre saúde mental, passa ser considerada dentro da classificação de transtornos

depressivos e ansiosos com inicio no período perinatal. Verifica-se ainda, que tal

alteração está relacionada ao maior esclarecimento e conhecimento da doença,

principalmente sobre a necessidade de uma identificação e intervenção precoce,

além da necessidade de se trabalhar a prevenção da mesma. (SCHMIDT;

PICCOLOTO; MULLER, 2005).

A Organização Mundial da Saúde (WHO, 2009) declara que a depressão

pós-parto, em países desenvolvidos, acomete cerca de 10% a 15% das mulheres.

Ressalta ainda que a mães com histórico de episódio de depressão maior tem o

risco aumentado em 25% a 50%. Para Teodoro (2009), a depressão pós-parto

envolve vários fatores, não apenas os orgânicos e os psicológicos, mas também os

fatores espirituais e ambientas da mulher. Sentimentos de angústia, perda de

interesse e prazer diante de atividades e da própria vida, tristeza sem motivo

aparente e rebaixamento do humor, são bem característicos da doença e

normalmente relacionados ao parto, tendo início entre a quarta e oitava semana

subsequente ao nascimento da criança.

Os fatores apontados por Guedes-Silva et al. (2003) como os que mais

contribuem para o desenvolvimento da patologia são: o não planejamento da

gravidez; a criança apresentar baixo peso; alimentação do bebê direto na

mamadeira; mãe muito jovem; o fato da mãe não estar casada; cônjuge

desempregado; possuir muitos outros filhos; perder o emprego após a licença

maternidade; o falecimento de pessoas próximas; separação do casal durante a

gravidez; história anterior de transtornos psiquiátricos ou durante o período da

gestação; problemas na glândula tireoide.

Quanto as principais sintomas da depressão, Bernazzani (2004) apud

Guedes-Silva et al. (2003) destaca que os mesmos podem variar, tanto quanto a

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forma de se apresentarem, quanto a intensidade dessa manifestação, fatores como

a história de vida da mãe, sua personalidade, além da própria alteração bioquímica

que ocorre em seguida ao nascimento do bebê podem influenciar nessa variação.

2.3 FATORES DE RISCO PARA O DESENCADEAMENTO DA DEPRESSÃO PÓS-

PARTO

Os estudos referentes à epidemiologia e etiologia da depressão, revelam

uma maior prevalência da doença em pessoas do sexo feminino. Quanto a faixa

etária, existe um maior risco e ocorrência da doença após os 24 anos de idade (em

média), não interferindo o sexo do indivíduo. Por sua vez, os dados sociais como a

baixa renda, separação conjugal, falta de emprego e nível escolar baixo, também

podem ser considerados coeficientes de risco para o desencadeamento e

desenvolvimento da depressão. (HOLMES, 2001).

Figueira, Diniz e Silva Filho (2011), afirmam que ao se analisar a população

feminina especificamente, percebe-se que a maior prevalência da doença nesse

grupo, pode estar relacionada a fatores psicossociais, como a vulnerabilidade social,

a dependência financeira, a própria condição que a mulher é submentida no que se

refere a ter que assumir vários papeis na sociedade, os problemas com os parceiros

e com a família em geral. Além desses, deve-se considerar também a presença de

um histórico de distúrbios emocionais, somados ao estresse, a ansiedade, a

alterações física e hormonais sofridas por essa mulher, como as fases pré-mestrual,

pós-parto e menopausa.

Os hormônios, tão amiúde implicados na oscilação de humor das mulheres, talvez ofereçam uma explicação racional. O teor de estrogênio e de progesterona declina precipitadamente depois do parto, podendo aí residir à causa da depressão, exatamente como o fazem as flutuações hormonais antes da menstruação. Acredita-se que tais flutuações, que variam de mulher pra mulher, expliquem ao menos em parte o porquê de somente 50% das puérperas sofrerem 10 da depressão puerperal, apesar de todas passarem pelo mesmo declínio hormonal após o parto (EISENBERG; MURKOFF; HATHWAY, 1991. p.446).

Quanto se avalia os risco ao desenvolvimento da depressão pós-parto nas

mulheres, verifica-se que o grande número de vivências negativas durante o período

que vai desde a gravidez ao parto, como a falta ou baixo apoio emocional, eventos

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de violência física ou moral, menoridade, solidão, falta de um companheiro (Mãe

solteira), menor nível educacional e socioeconômico, contribuem significadamente.

(DAHER; BAPTISTA; DIAS, 1999).

Azevedo e Arrais (2006) destacam que a sociedade impõe padrões que

muitas vezes repercutem na saúde da mulher e acabam se tornando coeficientes de

risco para o desencadeamento da depressão pós-parto. Entre esses padrões pode-

se mencionar o ideal de uma maternidade, que impõe um amor incondicional e uma

felicidade constante, sem considerar todas as alterações e dificuldade envolvidas no

período puerperal. Existem também outros coeficientes de risco para o

desencadeamento da depressão pós-parto, os autores Coutinho e Coutinho (1999)

destacam fundamentalmente a gravidez indesejada, as complicações obstétricas, a

condição de ser o primeiro parto, dificuldades na amamentação, o baixo nível

socioeconômico, precariedade do suporte da família e amigos próximos,

antecedentes de doenças patológicas e transtornos de humor na parentalidade.

Por sua vez, Camacho et al. (2006) destaca como principais fatores de

desencadeamento da depressão pós-parto, os que se referem ao âmbito

psicossocial. Os autores mencionam como exemplo os seguintes aspectos: a mulher

ter idade inferior a 16 anos, antecedentes históricos prévios de transtorno

psiquiátrico, ter experienciado situações estressoras nos últimos 12 meses, viver

conflitos conjugais, ou não ter a presença de um companheiro, seja por ser solteira

ou estar divorciada, não estar inserida no mercado de trabalho (a mulher ou o seu

parceiro), além de não ter o suporte social mínimo necessário.

2.4 RELAÇÃO MÃE-FILHO

Quando se pensa no estado de gravidez, percebe-se que mãe e filho,

estabelecem entre si uma relação simbiótica, que é desfeita no momento do parto.

Uma mãe, que outrora vivenciou conflitos, estresses e luto mal-elaborados, pode vir

a desenvolver experiências depressivas e psicóticas, como resultado dessa “quebra”

na ligação com o filho. É necessário que essa mãe construa o vínculo afetivo com

seu filho, e assim, ao identificar-se com o mesmo, busque o compreender e passe a

atender as suas necessidades. Percebe-se que o evento do nascimento é

caracterizado como uma separação, antes mãe e filho estabeleciam um vínculo de

completa ligação e dependência, e agora, após o parto, ambos assumem novas

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atividades. A criança, por exemplo, passa a realizar diversas funções fisiológicas,

como a respiração e a alimentação, que outrora eram realizadas pela mãe. A mãe,

por sua vez, terá que se adaptar ao novo corpo, a situação de não grávida. A

mesma pode passar a vivenciar sentimentos de vazio e perda de partes importantes

suas. Vivendo assim, uma dualidade, entre o sentimento de perda e o sentimento da

chegada do bebê, a inclusão desse ser em sua vida. (CARLESSO; SOUZA, 2011)

Como se verifica a Depressão Pós-Parto (DPP) traz consigo uma série de

consequências na vida da mulher. Tais consequências ecoam no vínculo e na

interação materno-filial, de forma drástica pode-se a que a repercussão negativa é a

mais presente. É importante destacar que em conjunto, ocorrem também outros

prejuízos na família, que podem ser na relação afetivo amorosa do casal, e/ou ainda

na relação com os outros familiares.

Brazelton (1988) ressaltou que após o parto, ou seja, na época de

recuperação do mesmo, naturalmente algumas mulheres podem vivenciar a

depressão. Inclusive, o autor menciona a possibilidade de existir um lado positivo e o

lado negativo nesse momento.

Ainda segundo Brazelton (1988), a mulher, vivenciando essa depressão,

mas com um lado positivo, irá direcionar sua hipersensibilidade para seu filho,

buscando-o compreender e atender assim às suas necessidades. Desta forma, a

mãe acaba por se afastar mais da sua velha vida, foca em seu filho e busca nele

uma melhor organização de si mesma, servindo inclusive como um alívio às

angústias sentidas.

Como lado negativo, Brazelton e Cramer (1992) destacam que, mesmo a

depressão de menor intensidade, tem efeitos na contingência da interação mãe e

bebê, pois embora pequenino, a criança é capaz de perceber, por menores que

possam ser a escassez dessa relação materna, dos seus estímulos e da

idiossincrasia deficiente.

2.5 REPERCUSSÕES NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Ao se analisar os impactos da depressão pós-parto, fica evidente que a

referida doença afeta negativamente não só a interação mãe e filho, mas também

todas as esferas de desenvolvimento dessa criança, ou seja, repercute em seu

desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Inclusive existe uma relação direta

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entre a doença e os problemas posteriores de desenvolvimento infantil, entre eles os

problemas de saúde física, episódios depressivos, os transtornos de conduta social

e o estabelecimento de ligações inseguras. Reforçando então que o efeito da

depressão pós-parto pode ser refletido em todos os âmbitos interpessoais,

notadamente no desenvolvimento da interação mãe e filho. (KLAUS; KENNEL;

KLAUS, 2000).

Segundo Schwengber e Piccinini (2005), ao se analisar a interferência da

depressão pós-parto na evolução de um indivíduo, percebe-se que a literatura

destaca que filhos de genitores com histórico de depressão têm de duas a cinco

vezes mais chances de apresentar distúrbios emocionais e sociais. Desta forma, um

olhar mais amplo da conjuntura familiar deve ser ponderado e examinado, levando-

se também em consideração todas as vertentes interdependentes que agem no

ambiente.

Levando-se em consideração essa compreensão, deve-se ponderar as

seguintes características da mãe, como uma referência para a existência de

perturbação no desenvolvimento da criança, que são elas: a relação mãe e filho, a

dinâmica do próprio casal e a personalidade dessa criança. Contudo, deve-se

também levar em consideração, que tal reflexo da depressão na criança dependerá

de como a própria doença afeta a mãe, até que ponto o comportamento dessa mãe,

suas emoções e suas cognições são impactadas.

Percebe-se assim, que a existência de uma modificação, tanto na relação

mãe e bebê, quanto na relação entre o casal, podem desencadear sequelas

negativas da vida e desenvolvimento dessa criança. Outro ponto importante a ser

considerado, é que tal criança, através de sua própria personalidade e

características, também atua nesse meio, ou seja, ela não é um ser passivo do meio

que está inserida. A herança genética da criança, também deve ser considerada

quando se fala em desenvolvimento humano, principalmente nos aspectos

comportamentais e emocionais da mesma. (CARLESSO; SOUZA, 2011).

Assim sendo, existem muitos fatores que interagem entre si e afetam de

forma igualitária a vida e o desenvolvimento de um ser. Tanto o ambiente, os efeitos

da interação com o mesmo, a herança genética e as relações em si. Percebe-se

assim que a depressão pós-parto pode provocar um desarranjo na parentalidade,

que somado a um desarranjo ambiental, favorecerá a transmissão de

psicopatologias dos genitores ao filho, o que por sua vez, acarretará um

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comportamento disfuncional e mal adaptativo dessa criança. Carlesso e Souza

(2011) acrescentam que tais reflexos na vida da criança, cuja mãe desenvolveu

depressão pós-parto, não se encerram na questão do atraso no desenvolvimento da

sua primeira infância, tal repercussão pode levar a modificações na própria relação

de filho e mãe, causando prejuízos e impactando não só a cognição dessa criança,

mas também a sua sociabilidade, seus comportamentos a longo prazo.

Identificada com um dos principais e mais frequentes fatores a intervir e

afetar a relação e interação de mãe e filho, a depressão pós-parto, mesmo em sua

forma mais branda, afeta a criança, visto que o bebê sente as ínfimas privações na

contingência da conduta materna. (SCHMIDT; PICCOLOTO; MULLER, 2005). Para

os autores Schwengber e Piccinini (2003) as grandes implicações da depressão pós-

parto no desenvolvimento do bebê, estão diretamente ligadas a disfunções

comportamentais e emocionais dessa criança. Os estudos apontam que uma mãe

em depressão, significa uma “perda” para a criança, entendendo que essa perda

não é física, ou seja, não é a morte ou o desaparecimento dessa mãe, mas é uma

perda afetiva, visto que essa mãe já não apresentará todo o suporte emocional

necessário a essa criança. O objeto emocionalmente desejado por essa criança

estará imerso na depressão e desta forma afetivamente distante desse filho.

Desta forma, o bebê estará envolto em uma situação de privação parcial,

visto que, mesmo vivendo e estando na presença da mãe, sofre com a incapacidade

materna de suprir todo o cuidado e zelo maternal que um filho carece.

Contudo pode-se afirmar que tal privação acarreta uma necessidade

exagerada de amor, sentimentos de angústia, intensa vontade de punição, e como

reflexo desses, sentimentos de culpa e de depressão (BOWLBY, 2006).

Uma criança pequena, ainda imatura de mente e corpo, não pode lidar bem com todas estas emoções e impulsos. A forma pela qual ela reage a estas perturbações em sua vida interior poderá resultar em distúrbios nervosos e numa personalidade instável. (BOWLBY, 2006, p.4).

O reflexo no filho dessa privação poderá variar, de acordo com o grau de

privação a qual o mesmo estará submetido.

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3 MÉTODO

Os dados do presente estudo foram coletados através de pesquisas

realizadas em bancos de dados, estruturada por uma revisão sistemática. Foi

seguida a orientação de Costa e Zoltowski (2014), a qual destaca que a revisão

sistemática constitui em um trabalho crítico, reflexivo e compreensivo sobre a

temática a ser pesquisada e avaliada. Assim sendo, o presente trabalho foi realizado

através de buscas em periódicos científicos selecionados por critérios de inclusão e

exclusão delimitados. Realizando-se também a busca de referenciais teóricos

publicados, os mesmos nortearam a pesquisa, contribuindo para a análise e

organização dos dados coletados, além de terem fundamentado e dado base a todo

o estudo.

Para a elaboração do trabalho, foram seguidas as orientações de Costa e

Zoltowski (2014), cumprindo-se as oito etapas propostas pelos autores na execução

e produção do presente trabalho. Vale ressaltar que tais etapas serviram como guia

e propiciaram que o referido trabalho pudesse apresentar qualidade e alcançasse os

objetivos aos quais se propôs.

As etapas foram às seguintes: Delimitação da questão a ser pesquisada;

Escolha das fontes de dados; Eleição das palavras-chave para a busca; Busca e

armazenamento dos resultados; Seleção de artigos pelo resumo, de acordo com

critérios de inclusão e exclusão; Extração dos dados dos artigos selecionados;

Avaliação dos artigos; Síntese e interpretação dos dados. É importante observar que

tais etapas se comunicam entre si, e que muitas vezes não ocorrem de forma

sequencial.

3.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos artigos publicados

foram os seguintes: terem sido publicados entre os anos de 2007 a 2017, estarem

disponíveis em língua portuguesa ou espanhola, e que contemplassem o tema e os

objetivos da pesquisa. Em contrapartida, foram excluídos artigos que não se

enquadravam nos referidos objetivos da pesquisa, os que os textos não estavam

disponíveis na integra, além de cartas, editoriais e comentários.

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3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foram realizadas buscas, no período de agosto a setembro de 2017, nos

seguintes bancos de dados online: Literatura Latino-Americana e do Caribe em

Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System

Online (MEDLINE) – que foram acessados através do portal bvsalud (BVS); e no

banco de dados Scientific Eletronic Library Online (Scielo). Essas bases de dados

foram selecionadas por terem respaldo nacional e internacional, bem como por

disponibilizar as publicações de forma gratuita. Para a realização das buscas dos

artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: depressão pós-parto,

desenvolvimento da criança, relação mãe-filho e transtornos puerperais.

Ressaltando que estas foram selecionadas via Descritores em Ciências da Saúde

(DecS) e Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia Brasil (BVS-Psi).

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

Acerca da avaliação e análise do material coletado estes foram organizados

em categorias prévias que tiveram por base o conteúdo dos dados, sendo

apresentado em categorias cientométricas e temáticas. Com os dados das

categorias cientométricas foram realizadas estatísticas descritivas, onde os dados

foram apresentados em formato de frequências simples considerando a quantidade

de artigos encontrados por base de dados, ano, país, idioma e título de artigo.

Quanto às categorias temáticas os artigos foram agrupados utilizando a

técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2009). As unidades de registro foram

trechos dos artigos que contemplaram o tema depressão pós-parto, bem como as

colocações feitas sobre a temática. Assim as unidades de registro foram agrupadas

em 3 categorias temáticas, sendo elas: Categoria 1: Conceitos sintomas e fatores

relacionados à depressão pós-parto (DPP); Categoria 2: Interferências da depressão

pós-parto na relação materno-filial; Categoria 3: Prejuízos no desenvolvimento

infantil.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca dos artigos com as palavras chaves previamente definidas e

mencionadas anteriormente, favoreceram um total de 15.825 artigos. Ao se realizar

a primeira seleção de artigos ficou um total de 187 artigos, contudo ao realizar todos

os filtros, tomando por base os critérios de inclusão e exclusão, e considerando

apenas os materiais que abordavam a temática e os objetivos do referido trabalho,

ficaram um total de 23 artigos válidos.

Acerca das informações coletadas nas bases de dados através da leitura e

análise dos referidos artigos, estas seguem uma organização e apresentação em

dados cientométricos e em categorias temáticas, conforme se pode observar a

seguir.

4.1 DADOS CIENTOMÉTRICOS

Relativo aos dados cientométricos, os mesmos estão apresentados em

formato de frequências simples considerando a quantidade de artigos encontrados

por base de dados, ano, país, idioma e título de artigo.

Na tabela 1 estão apresentados os dados referentes aos artigos válidos que

foram catalogados considerando a quantidade por base de dados:

Tabela 1: Distribuição dos artigos nas bases de dados

BANCO DE DADOS

QUANTIDADE DE ESTUDOS

PORCENTAGEM

LILACS 7 30,4%

MEDLINE 1 4,3%

SciELO 15 65,2%

TOTAL 23 100%

Fonte: Autoria própria (2017)

Verifica-se que houve um predomínio do banco de dados Scielo, em

detrimentos do Lilacs e do Medline, acredita-se que tal resultado está ligado ao fato

do banco de dados Scielo abranger mais estudos na área da Psicologia, enquanto

os outros são mais direcionados a aspectos médicos.

A seguir, na tabela 2 é apresentada a classificação dos artigos por ano de

publicação e base de dados:

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Tabela 2: Publicações discriminadas por ano e bases de dados

Fonte: Autoria própria (2017)

Conforme os dados da tabela 2 pode-se observar que o ano de 2015 teve

um destaque maior no número de artigos publicados referentes à temática em

questão, e que nos anos de 2009, 2012 e 2017, ou contrário, não houveram

publicações alguma. Pode-se verificar também, que existe uma equidade de

publicações nos demais anos investigados.

Sobre a distribuição dos estudos por países e bases de dados, as

informações estão apresentadas na tabela 3, onde se verificou a incidência de

estudos apenas 3 países.

Tabela 3: Quantidade de estudos por países nas bases de dados

PAÍS LILACS MEDLINE SciELO

Brasil 5 1 12

Chile 1 2

Colômbia 1

Peru 1

TOTAL 7 1 15

Fonte: Autoria própria (2017)

Considerando as informações da tabela 3, supõe-se que em decorrência de

um dos critérios de inclusão e exclusão utilizados durante a pesquisa, a utilização

apenas dos idiomas português e espanhol, percebeu-se que ocasionou a redução

ANO LILACS MEDLINE SciELO

2007 2

2008 3

2009

2010 1 4

2011 2

2012

2013 2

2014 1

2015 3 4

2016 1

2017

TOTAL 7 1 15

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no número de países a apresentarem estudos, além de ser notável a superioridade

de publicações brasileiras.

Como mencionado anteriormente, finalizadas as buscas, apenas 23 artigos

contemplaram os critérios de inclusão e exclusão. Na tabela 4 consta a descrição

dos artigos encontrados, autor(es)/ano e idioma:

Tabela 4: Descrição por título dos artigos selecionados

TÍTULOS DOS ARTIGOS AUTOR(ES)/ ANO IDIOMA

1 A depressão pós-parto e a figura materna: uma análise retrospectiva e contextual

Correa e Serralha (2015) Português

2 Actualización en depresión postparto: el desafío permanente de optimizar su detección y abordaje.

Mendoza e Saldivia (2015)

Espanhol

3 Alteración del desarrollo psicomotor en hijos de mujeres con depresión posparto de la ciudad de Valdivia-Chile

Podesta e et al (2013) Espanhol

4 Análise da relação entre depressão materna e indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil

Carlesso, Souza e Moraes (2014)

Português

5 Associação entre indicadores de risco ao desenvolvimento infantil e estado emocional materno

Flores, et al. (2013) Português

6 Depresión materna perinatal y vínculo madre-bebé: consideraciones clínicas.

Olhaberry, Romero e Miranda (2015)

Espanhol

7 Depressão materna e a interação triádica pai-mãe-bebê Frizzo e Piccinini (2007) Português

8 Depressão pós-parto e alterações de sono aos 12 meses em bebês nascidos na zona urbana da cidade de Pelotas/RS

Lopes, et al. (2010) Português

9 Depressão pós-parto e habilidades pragmáticas: comparação entre gêneros de uma população brasileira de baixa renda

Brocchi, Bussab, e David (2015)

Português

10 Depressão pós-parto em puérperas: conhecendo interações entre mãe, filho e família

Silva, et al. (2010) Português

11 Depressão pós-parto materna: crenças, práticas de cuidado e estimulação de bebês no primeiro ano de vida.

Campos e Rodrigues (2015)

Português

12 Depressão pós-parto: conseqüências na interação mãe-bebê e no desenvolvimento infantil

Sgobbi e Santos (2008) Português

13 Depressão pós-parto: Sinais e sintomas em puérperas de risco no primeiro ano de vida do bebê

Menta e Souza (2010) Português

14 Dialogia mãe-filho em contextos de depressão materna: revisão de literatura

Carlesso e Souza (2011) Português

15 Estructura de la sintomatología depresiva em una muestra de mujeres con menos de un año postparto.

Vega-Dienstmaier (2015) Espanhol

16 Interações sociais precoces: uma análise das mudanças nas funções parentais

Nunes, Fernandes e Vieira (2007)

Português

17 Percepção materna sobre transtornos psiquiátricos no puerpério: implicações na relação mãe-filho

Moura, Fernandes e Apolinario (2011)

Português

18 Relação entre depressão pós-parto e disponibilidade emocional materna

Fonseca, Silva e Otta (2010)

Português

19 Repercussões da depressão pós-parto no desenvolvimento infantil

Santos e Serralha (2015) Português

20 Transtornos psiquiátricos no pós-parto Cantilino, et al. (2010) Português

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21 Tristeza/depressão na mulher: uma abordagem no período gestacional e/ou puerperal

Beretta, et al. (2008) Português

22 Saúde mental materna e estado nutricional de crianças aos seis meses de vida

Hassan, Werneck e Hasselmann (2016)

Português

23 Maternidade e depressão: impacto na trajetória de desenvolvimento

Alt e Benetti (2008) Português

Fonte: Autoria própria (2017)

Ao se analisar a tabela 4, observa-se que em relação ao idioma das

publicações, do total de 23 artigos, verifica-se que 4 destes constam no idioma

espanhol e 19 artigos no idioma português. Assim sendo, pode-se inferir que, no que

tange a produção científica de estudos e pesquisas sobre a depressão pós-parto e

suas influências na relação materno-filial, a língua portuguesa tem se destacado em

relação à espanhola. Em continuação à exposição das informações e bases

coletadas, segue-se a apresentação dos dados organizados em categorias

temáticas.

4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS

Quanto às categorias temáticas os artigos foram agrupados em unidades de

registros, que tiveram como base trechos dos artigos que contemplaram o tema

depressão pós-parto, bem como as colocações feitas sobre a temática. Assim as

unidades de registro, que corresponderam a trechos dos artigos, foram agrupadas

conforme apresentado na tabela 5:

Tabela 5: Categorias temáticas e referências dos artigos

CATEGORIAS TEMÁTICAS REFERÊNCIAS DOS ARTIGOS

Conceitos, sintomas e fatores relacionados à depressão pós-parto (DPP)

Alt; Benetti, (2008)

Beretta, et Al. (2008)

Cantilino, et al. (2010)

Mendoza; Saldivia, (2015)

Nunes; Fernandes; Vieira, (2007)

Silva, et Al. (2010)

Sgobbi; Santos (2008).

Vega-Dienstmaier (2015)

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Interferências da depressão pós-parto na relação materno-filial

Campos; Rodrigues, (2015)

Carlesso; Souza, (2011)

Correa; Serralha, (2015)

Fonseca; Silva; Otta, (2010)

Frizzo; Piccinini, (2007)

Hassan; Werneck; Hasselmann, (2016)

Menta; Souza, (2010)

Moura; Fernandes; Apolinario, (2011)

Nunes; Fernandes; Vieira, (2007)

Olhaberry; Romero; Miranda, (2015)

Prejuízos no desenvolvimento infantil

Brocchi; Bussab; David, (2015)

Carlesso; Souza; Moraes, (2014)

Flores, et al. (2013)

Lopes, et al. (2010)

Nunes; Fernandes; Vieira, (2007)

Podesta, et al. (2013)

Santos; Serralha, (2015)

Sgobbi; Santos, (2008)

Fonte: Autoria própria (2017)

Ressalta-se que alguns artigos foram enquadrados em mais de uma

categoria, pois tratavam de conteúdos que foram elencados como unidades de

registros. Observa-se também que um maior número de artigos discorria os

aspectos da categoria de Interferências da depressão pós-parto na relação materno-

filial. Nas outras categorias apresentadas, observa-se uma equidade na quantidade

de artigos que abordaram os seus respectivos conteúdos.

4.2.1 Conceitos, sintomas e fatores relacionados à depressão pós-parto (DPP)

Os artigos foram enquadrados nessa categoria, visto apresentarem

inicialmente o conceito e a sintomatologia da doença depressão pós-parto, conforme

se pode verificar na tabela 5. Na sequencia, encontram-se pormenorizados os

conteúdos de cada artigo.

Cantilino et al. (2010) destaca que quando uma mulher se torna mãe, uma

gama de modificações e alterações que ocorre em sua vida. São mudanças

hormonais, alterações biológicas, mudanças psicológicas e sociais. Essa mulher é

convidada a assumir uma nova responsabilidade, um novo papel, ou seja, ela se

torna a referência e a base para um bebê completamente indefeso e dependente

dela. Assim, esse novo momento irá requerer dessa mulher restruturações em vários

aspectos de sua vida, como por exemplo, um ajuste no seu sono, pois passará por

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privações do mesmo, certo isolamento social, uma nova adequação a sua imagem

corporal, uma reestruturação da sua própria sexualidade e porque não dizer da sua

própria identidade. Tudo isso enfatiza o quanto essa é uma fase vulnerável na vida

da mulher.

São vários os fatores que associados e inter-relacionados podem favorecer

e culminar na depressão pós-parto. Desta forma, expõe-se os fatores sociais,

biológicos, psicológicos e obstétricos. Ademais, os estudos também indicam como

fator de risco, o paradoxo da experiência de maternidade, visto que a mesma traz

consigo novas e grandes responsabilidades, mudanças na própria identidade dessa

mulher. (BERETTA; et al. 2008).

Observou-se que tanto Nunes, Fernandes e Vieira (2007), quanto Alt e

Benetti (2008) mencionam a grande possibilidade de, após o parto, aflorarem

prejuízos na interação mãe e bebê, provenientes principalmente das vivências e das

expectativas da maternidade dessa mulher. Expectativas essas que podem

diversificar desde a ansiedade no ajustamento a esse novo momento vivido por ela,

até transtornos de humor como o baby blues, a depressão pós-parto ou ainda a

psicose puerperal. Para as autoras Alt e Benetti (2008) o momento do nascimento

do bebê, em uma visão e compreensão psicodinâmica, elucidaria um rompimento na

relação simbiótica materno-filial, e tal rompimento pode refletir e evoluir nessa mãe

como sentimentos depressivos, além de existir a possibilidade de um reavivamento

de conflitos não resignificados anteriormente.

Segundo Mendoza e Saldivia (2015), nos primeiros dias após o parto, cerca

de 60 a 85% das mulheres podem vir a desenvolver alguma sintomatologia de

depressão. Quanto tais sintomas estão relacionados à disforia pós-parto ou baby

blues, eles serão mais leves e terão um período menor de apresentação. Contudo

com características de episódios depressivos maior, a depressão pós-parto,

apresenta-se por um período maior de duração, o que acabará trazendo prejuízos

no funcionamento do cotidiano e no cuidado com o bebê. Os autores ainda

completam que a sintomatologia depressiva pós-parto poderá interferir no bem-estar

da família, inclusive no parceiro dessa mulher, principalmente se forem somados

outros fatores como: baixa escolaridade, a falta de apoio psicossocial e violência no

relacionamento conjugal.

Para especificar de forma clara e detalhada a sintomatologia da depressão

pós-parto, utilizar-se-á os pontos principais de uma descrição utilizada pelo autor e

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psiquiatra Vega-Dienstmaier (2015) em sua pesquisa sobre a frequência da

depressão pós-parto no Hospital Cayetano Heredia (Peru, Lima): Tristeza (ânimo

triste); Falta de reação e ânimo; Anedonia; Fadiga; Hiporexia ou Apetite elevado;

Desejo por carboidratos (Desejo intenso por doces, chocolates, biscoitos, etc.);

Insônia inicial, Insônia terminal ou Hipersonia; Agitação psicomotora ou Retardo

psicomotor; Idéias ou condutas suicidas; Peso nas extremidades (Sente seus braços

e pernas pesados - Como se estivessem cheios de chumbo); e Condutas evasivas

por hipersensibilidade a rejeição.

Percebe-se que existem fatores de risco que aumentam a probabilidade de

uma mulher vir a apresentar tais sintomatologias, ou seja, vir a desencadear a

depressão pós-parto. Estudos apontam que certas mulheres são mais suscetíveis a

influência das variações hormonais, desde o período da menarca. E se somarmos

tais variações, ao conjunto de ocorrências biopsicossociais e obstétricas as quais a

mulher estará envolvida, podemos verificar a intensidade da proporção de

ocorrência de tal doença (SGOBBI; SANTOS, 2008).

Segundo Silva et al. (2010) existem fatores que podem contribuir, tanto para

o surgimento quanto para o agravo da depressão pós-parto, entre esses pode-se

destacar a falta da família e do cônjuge. Quando estes desconhecem a doença,

podem via a associar a sintomatologia da mesma a estresse fisiológico e à

dificuldade de adaptar-se ao esse momento pós-parto.

Na categoria adiante se discorre acerca dos aspectos da interferência da

depressão pós-parto na relação materno-filial, pontuando quais as consequências

diretas e quais os prejuízos, tanto para a mãe, quanto para a criança.

4.2.2 Interferências da depressão pós-parto na relação materno-filial

Conforme objetivo geral do referido trabalho, os artigos foram classificados

nessa categoria, pois apresentaram descrições acerca das interferências da doença

depressão pós-parto na relação entre mãe e bebê. Assim, verificou-se que alguns

estudos apontam para a existência de consequências na relação materno-filial

quando esta mãe está acometida de depressão pós-parto. Inclusive tais prejuízos

podem ser verificados tanto no início quanto ao longo do desenvolvimento do bebê.

Logo, os conteúdos de cada artigo enquadrado nessa categoria estão apresentados

adiante.

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Segundo Carlesso e Souza (2011) filho de mulheres com depressão pós-

parto tem 29% de probabilidade de desenvolverem alguma desordem emocional e

desordem comportamental, enquanto crianças de mãe sem a doença apresentam

apenas 8% de probabilidade de desenvolverem tais desordens. As autoras ainda

pontuam que o contato com mães com depressão pós-parto, nos primeiros 12

meses de vida, é o causador dos déficits nas habilidades cognitivas dessas crianças

aos 4 anos de vida.

Mães que apresentam depressão pós-parto acabam negligenciando o

cuidado que os bebês necessitam, e em contrapartida culminam em apresentar

desinteresse, distanciamento e irritabilidade por esse filho. Assim sendo, tais

crianças tenderão a apresentar reações peculiares, exibindo menor nível de

atividade, menor inclinação à sociabilidade, mais expressões de desalento e

irritabilidade, evitam olhar para o rosto humano, menor nível de expressões de

interesse e até uma postura mais deprimida. (NUNES; FERNANDES; VIEIRA, 2007).

Correa e Serralha (2015) relatam que a sintomatologia da doença depressão

pós-parto pode afetar consideravelmente a relação entre mãe e filho. Os prejuízos

podem ser observados tanto na saúde na mãe, quanto no desenvolvimento

psicológico e neurobiológico da criança. Isso devido à tamanha importância e reflexo

que existe no reconhecimento da mãe com sua criança.

Deve-se observar que os transtornos mentais no período do pós-parto

trazem prejuízos tanto na segurança da mãe, quanto na segurança do próprio bebê.

Os autores Moura, Fernandes e Apolinario (2011) alertam sobre a necessidade de

se acompanhar a mulher com quadro de depressão pós-parto, em seu

relacionamento com o filho recém-nascido, principalmente nos seguintes aspectos:

quais os seus pensamentos e ideias expressas; qual a sua reação frente à criança e

às suas necessidades.

O fato de não se sentir suficientemente capaz de proporcionar ao seu filho o

quê o mesmo necessita, ou seja, de atender às suas demandas, pode levar essa

mãe a experienciar sentimentos de ansiedade, raiva, culpa, autodepreciação e

culpa, e desta forma, a mesma poderá agir de forma hostil com a criança. (MOURA;

FERNANDES; APOLINARIO, 2011). Ainda segundo os autores Moura, Fernandes e

Apolinario (2011) um dos principais sintomas e diagnósticos de filhos de mães

deprimidas é a dificuldade para dormir e a dificuldade para se alimentar. Além de

uma redução na sua interação com o meio social e nas expressões de sorriso.

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O comportamento materno irá refletir diretamente na interação mãe e filho,

seja comportamento retraído ou intrusivo, e irá favorecer que tal criança seja mais

ou menos responsiva aos estímulos e ao ambiente, interferindo em sua capacidade

para brincar, no desenvolvimento de sua linguagem, ou seja, sua vocalização, além

do maior ou menor número de expressões faciais negativas que o mesmo irá

exprimir. Assim, infere-se que com possibilidades de prejuízos na linguagem, isso

poderá afetar o rendimento escolar dessa criança. (CARLESSO; SOUZA, 2011).

Existe grande importância do relacionamento primeiro entre mãe e filho para

o desenvolvimento do mundo interior da criança. Algumas investigações sugerem a

existência de um ambiente intersubjetivo entre a puérpera e o bebê, o que contribui

para a formação da identidade materna e influencia a saúde mental de ambos.

Somando a isso, pesquisadores afirmam que a visão de si mesmo que o bebê vai

desenvolvendo, tem como base a relação que o mesmo constrói com seus pais e

com os outros. (STOLOROW; BRANDCHAFT; ATWOOD, 1994 apud OLHABERRY;

ROMERO; MIRANDA, 2015)

Desta forma, verifica-se que a relação de um bebê com uma mãe deprimida,

terá repercussões no seu estado mental dessa criança, principalmente quando se

leva em consideração que o indivíduo desenvolve sua mente e molda sua identidade

nessa relação com o outro (OGDEN, 2004 apud OLHABERRY; ROMERO;

MIRANDA, 2015). Tanto o desenvolvimento neurobiológico, quanto o

desenvolvimento psicológico da criança sobre interferência direta da relação

materno-filial, quando essa mãe não consegue estabelecer um vínculo saudável

com seu bebê, evidenciando dificuldades no manejo da criança e não suprindo suas

necessidades, produzirá efeitos negativos no desenvolvimento do filho (MENTA;

SOUZA, 2010).

Percebe-se ainda, segundo Hassan, Werneck e Hasselmann (2015) que

quando não se é ofertado à criança uma maternagem oportuna, tal fato pode afetar

negativamente esse bebê e acabar por favorecendo a apresentação de uma

desnutrição infantil. Em um estudo realizado pelos autores, o resultado apontou que

a saúde mental da mãe está diretamente relacionada a situação nutricional da

criança aos seis meses de idade.

Hassan, Werneck e Hasselmann (2015), a relação entre a condição mental

da puérpera e a desnutrição da criança, podem estar ligadas ao fato da mãe

deprimida não fornecer a alimentação adequada ao filho, ou seja, não suprir todas

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as necessidades da criança, inclusive negligenciar os cuidados adequados ao

mesmo no âmbito do controle da higiene no ato da preparação de seus alimentos, o

que poderá ocasionar nesse bebê constantes diarreias e em contrapartida a

desnutrição.

Segundo Campos e Rodrigues (2015) a existência da depressão pós-parto

na relação mãe e filho podem afetar as práticas de estimulação desse bebê, visto

que a mesma está conectada à facilitação de vivências diversas da criança, como a

de experienciar o seu próprio corpo, além do ambiente no qual está inserida. Os

autores ainda completam afirmando que o desenvolvimento infantil, sobretudo

durante a primeira infância está estreitamente ligado a essa relação materno-filial, e

às práticas de estimulação adequadas.

Resumidamente pode-se afirmar que a literatura aponta vários prejuízos que

a depressão pós-parto pode inferir na interação mãe e filho, entre eles o

comprometimento do afeto positivo, o controle de comportamentos agressivo, a

própria sintonia afetiva, a intrusividade, entre outros (FONSECA; SILVA; OTTA,

2010). O tópico seguinte traz os dados da categoria sobre prejuízos que a DPP pode

acarretar ao desenvolvimento infantil.

4.2.3 Prejuízos no desenvolvimento infantil

Em concordância com os objetivos do referido trabalhado foi estabelecido

essa categoria de prejuízos no desenvolvimento infantil, conforme tabela 5. Assim

sendo, os conteúdos de cada artigo enquadrado nessa categoria estão

pormenorizados adiante.

A depressão pós-parto é considerada um transtorno emocional que afeta

não apenas a saúde da mulher, mas também a saúde do bebê e de acordo com

Santos e Serralha (2015) podem ocorrer transtornos no período do pós-parto. Diante

disso os autores ressaltam que, para o bom desenvolvimento do apego, é

necessário que haja uma relação materno-filial saudável, onde exista um elo mútuo

e duradouro. Assim sendo, percebe-se que para que haja uma construção saudável

do intelecto do bebê, é necessário que o mesmo esteja envolto em um vínculo

íntimo e carinhoso com sua mãe. (BOWLBY, 1988 apud SANTOS; SERRALHA,

2015).

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As consequências da falta de relação calorosa e íntima por parte da mãe

pode acarretar ao bebê de acordo com Santos e Serralha (2015) o comportamento

de não apresentar sinais de emoção, caracterizando-se assim como um apego

inseguro. Destaca-se também, que essa criança não apresentará motivação para a

realização de atividades, e na fase adulta, existe a possibilidades da mesma vir a

elucidar comportamentos depressivos. (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2007 apud

SANTOS; SERRALHA, 2015).

Loreto (2008) apud Santos e Serralha (2015) menciona que mesmo ainda no

ventre da mãe, a criança pode ter seu desenvolvimento afetado pela relação

maternal e social. Inclusive os autores ressaltam que os eventos pré-natais podem

influenciar de forma mais significativa que a própria genética. Além disso, toda a

gama de sentimentos e emoções maternas são transmitidas ao feto através dos

neuros-hormônios, assim sendo as sensações positivas geram na criança algumas

respostas proveitosas, como aumento da frequência cardíaca.

Em contrapartida, sensações negativas irão gerar na criança transtornos

fisiológicos e emocionais. Outro fator a ser considerado, é que uma gestante com

níveis altos de estresse estará sujeita a alterações fisiológicas, como o

endurecimento da artéria do ventre, que ocasionará uma deficitária irrigação

sanguínea da placenta, que por sua vez, resultará em um menor envio de nutrição

ao feto, fomentando um desenvolvimento menor que o normal. (BUSNEL;

PEDROMÔNICO, 2002 apud SANTOS; SERRALHA, 2015).

Podesta et al. (2013) reforça o quanto a depressão pós-parto pode trazer

prejuízos ao desenvolvimento mental e emocional do bebê. Para tanto, os autores

se utilizam de dois argumentos, o primeiro deles refere-se às reações fisiológicas

dos neonatos cujas mães apresentam-se com o transtorno, tais crianças

apresentariam um aumento na frequência cardíaca e nos níveis de cortisol, em

consequência elucidariam comportamentos com maior irritabilidade, além de déficits

de desenvolvimento psicomotor por volta de 18 meses de vida. O segundo

argumento apresentado refere-se ao efeito nessa mãe, que de forma geral

apresentaria uma menor atividade, que se compara ao efeito em adultos

diagnosticados com depressão crônica.

De acordo com Nunes, Fernandes e Vieira (2007) os bebês cujas mães

tiveram depressão pós-parto, demonstraram menor interatividade e menor nível de

sociabilização, costumam desviar o olhar, tem inclinação à tristeza e raiva,

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expressões de desinteresse e expressões deprimidas com poucos meses de idade.

Além disso, eles podem apresentar diversas reações que podem modificar com o

tempo. Ainda conforme os autores citados, o bebê também pode apresentar quatro

experiências subjetivas por estar em contato direto com a mãe depressiva.

A primeira acontece quando a mãe deprimida passa a não exercer o contato

visual com o bebê sem procurar estabelecê-lo novamente. Então o bebê tenta essa

aproximação, tenta reanimar sua mãe ou por identificação ou imitação. Na segunda

experiência subjetiva, o bebê procura reanimar a mãe, podendo funcionar já que o

bebê influencia ativamente o estado emocional da mãe. A terceira experiência

subjetiva descreve a desistência do bebê de ganhar a atenção da mãe e a coloca

em segundo plano. A quarta experiência refere-se à ânsia que o bebê tem por ter

uma mãe não-deprimida. Percebe-se assim que o bebê sabe definir quando a mãe

está no momento depressivo ou não, quando ela tem uma maior aproximação com o

mesmo, pois ela procura reatar o vínculo com seu filho. (NUNES; FERNANDES;

VIEIRA, 2007).

Outra menção citada por Nunes, Fernandes e Vieira (2007) diz respeito a

duas categorias que são: as relações inadequadas, que podem causar distúrbios

psicotóxicos e os transtornos ocasionados por deficiência afetiva. Nos distúrbios

psicotóxicos pode-se elencar três comportamentos maternos que prejudicam o bebê.

O primeiro seria a rejeição primária, que em caso mais intensos podem culminar

com o infanticídio; o segundo seria a falta de habilidade dessa mãe de realizar a

interpretação correta de um determinado choro, o associando apenas como sinal de

fome; e o terceiro comportamento diz respeito à atuação da mãe que hora pode ser

carinhosa e hora hostil.

Com relação aos transtornos relacionados à insuficiência afetiva os autores

Nunes, Fernandes e Vieira (2007) descrevem que em frente à ausência dos

cuidados da mãe, o bebê pode apresentar a depressão analítica e o hospitalismo.

Podem apresentar certas características nos primeiros meses de vida devido à

omissão de cuidados da mãe. Os bebês podem tornar-se mais chorosos e apegados

a qualquer pessoa que demonstre proximidade. Também podem apresentar

distúrbios no sono, falta de apetite, atraso motor, atraso no crescimento e pode

aumentar o risco de doenças infectocontagiosas dentre outras comorbidades.

Quando as alterações no sono Lopes, et al. (2010) pontua que filhos de

mães deprimidas tem maior possibilidades de apresentarem tais comportamentos

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disfuncionais. A explicação para tal fato decorre da falta de habilidades dessa mãe

deprimida em ofertar ao filho as condições adequadas às suas necessidades, e o

não suprir desses aspectos essenciais à criança, afetaria diretamente a

regularização dos padrões de sono desse bebê.

Quanto ao processo de desenvolvimento da linguagem nas crianças,

percebe-se que o mesmo se dá através das interações sociais com o meio, sendo a

mãe a figura central desse processo. A mãe tem a capacidade de ajustar sua

linguagem ao nível linguístico e cognitivo dessa criança, com enunciados breves e

simples, além do uso de gestos que facilitam a comunicação, assim sendo, percebe-

se o quanto essa sensibilidade da mãe pode contribuir para a aquisição da

linguagem desse filho. Seguindo esse pensamento, quando essa mãe não

apresenta essa disposição e sensibilidade, os prejuízos tanto na aquisição, quanto

no desenvolvimento da linguagem são aflorados e intensificados (BROCCHI;

BUSSAB; DAVID, 2015).

Conforme Sgobbi e Santos (2008) o reflexo da depressão pós-parto está

diretamente ligado ao tempo que a mãe encontra-se deprimida ou seja, ambos são

diretamente proporcionais. Quanto maior for o tempo de duração da depressão pós-

parto, mais significativos serão os prejuízos para o desenvolvimento psicossocial do

bebê. Os autores pontuam ainda as diversas fases que poderão ser afetadas pelo

transtorno, são elas: a fase pré-escolar e escolar (poderão surgir sentimentos de

solidão, culpa, hiperatividade, etc.), a fase da adolescência e puberdade (poderão

surgir comportamentos de agressivos, de rebeldia, isolamento, ansiedade e

episódios depressivos) e fase adulto jovem (poderão surgir comportamentos de

rebeldia, culpa, ambivalência excessiva, etc.).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse trabalho centrou-se em verificar como a depressão pós-

parto (DPP) pode interferir na relação materno-filial, além de identificar quais as

consequências da referida doença no desenvolvimento da criança. Pode-se

constatar e confirmar através dos estudos e das pesquisas realizadas através dessa

revisão sistemática que o reflexo da depressão pós-parto (DPP) sobre a vida da mãe

e a vida da criança é bem significativo.

Diante das explanações consideradas ao longo do trabalho, fica perceptível

que os prejuízos, tanto para o filho, quanto para a mãe, são bastante significativos e

não devem ser ignorados. Visto no âmbito da criança, a mesma sofrerá inúmeras

alterações, desde a mais terna infância até a sua vida adulta. Quanto às alterações

iniciais, pode-se identificar a dificuldade nas expressões positivas, redução de

contato social, redução de expressões de sorrisos, dificuldade no desenvolvimento

da linguagem, e como consequência, dificuldade escolar. Além dessas, existe

grande probabilidade dessa criança apresentar déficits cognitivos e psicológicos,

podendo ocasionar o desenvolvimento de comportamentos disfuncionais e

inadequados e dificuldades na inserção social.

É válido ressaltar que quando existe uma rede de apoio social e familiar

adequada a essa mãe com depressão pós-parto, tais prejuízos podem ser

amenizados, o que neutralizará os efeitos da doença na vida dessa mãe e na vida

da criança, ou seja, tanto mãe quanto bebê pode ser favorecido pelo apoio recebido.

Desta forma, quanto mais cedo se possa identificar e diagnosticar a doença, maiores

serão as possibilidades de se oferecer condições para desenvolver uma

maternagem e cuidados adequados tanto à criança, quanto à mãe.

Assim percebe-se o quanto é necessária uma maior abrangência das

políticas públicas no âmbito materno-infantil, pois um acompanhamento da saúde

mental dessa mulher, desde a gravidez até o puerpério, poderá reduzir não só as

consequências da doença, em mãe e filho, mas até mesmo prevenir o seu

surgimento. Deve-se também considerar que tais políticas públicas devem abranger

a família de uma forma geral, visto que à mesma é parte ativa e importante durante

todo o processo.

Assim sendo, ao se tratar de forma mais ampla a depressão pós-parto,

existe a possibilidade de se quebrar paradigmas e preconceitos. A própria família

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dessa puérpera ao ser contemplada em ações de prevenção e tratamento, em ações

de orientação, irá favorecer a multiplicação de informações e a identificação de

possíveis risco eminentes de afloramento da mesma. Outro ponto importante é o

fato da família servir de rede de apoio a essa puérpera em depressão e ao seu

bebê. Com informações e orientações adequadas verifica-se que as possibilidades

de surgimento da doença serão minimizadas, além de termos uma maximização das

possibilidades de melhoria no quadro geral dessa mulher em depressão e no próprio

desenvolvimento físico, psicológico e social da criança.

Durante o processo de elaboração do presente trabalho, percebe-se uma

limitação, gerada por um dos critérios estabelecidos de inclusão e exclusão de

dados, a utilização apenas de materiais no idioma português e no idioma espanhol.

Observou-se que uma gama considerável de artigos que englobavam a temática e

os objetivos do trabalho, encontravam-se na língua inglesa, e desta forma não

puderam ser incluídos como fonte de dados. Desta forma, fica evidente que o não

uso do idioma inglês trouxe dificuldades para a concretização deste projeto, bem

como o próprio tipo de estudo utilizado, a revisão sistemática, que acarreta a

indicação de estudos com outros tipos de delineamentos que fogem ao objetivo do

referido trabalho.

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