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FACULDADE MERIDIONAL - IMED ESCOLA DE ARQUITETURA E URBANISMO
Lanna Portela
Abrigo e Clínica Veterinária em Soledade – RS
Passo Fundo
2017
Lanna Portela
Abrigo e Clínica Veterinária em Soledade – RS
Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da Professora Me. Mariana Mattei Santos.
Passo Fundo
2017
Lanna Portela
Abrigo e Clínica Veterinária em Soledade – RS
Banca examinadora
Profª. Me. Mariana Mattei Santos – Orientador
Profª. Me. Amanda Schüler Bertoni – Co-Orientador
Profª. Me. Rafaela Simonato Citron – Membro avaliador
Passo Fundo
2017
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, que sempre me guiou durante toda a
minha trajetória até aqui, nessa profissão que escolhi, de modo que nunca tive
dúvidas de estar no caminho certo, por mais difícil que tenha sido chegar a essa
etapa.
Também, agradeço a minha família, que sempre me apoiou nessa
escolha, em especial à minha guerreira, avó Ana Maria, que agora me guia lá do
céu. Obrigada por tudo que me ensinou, pelo amor e pelos momentos mais
felizes. Juntamente a ela, agradeço a minha mãe, batalhadora, que durante
esses cinco anos acordou às 5 horas da manhã para que eu não fosse sozinha
à parada pegar o ônibus para a faculdade. Vocês foram e sempre serão a minha
base. Se não fosse tudo o que me ensinaram e me proporcionaram, eu não seria
ninguém. Então, demonstro o meu amor mais puro e verdadeiro a vocês. Além
disso, não poderia esquecer do meu amado irmão e futuro sócio, sempre
fazendo o meu café e me ajudando quando eu necessitava, me dando todo o
apoio que preciso.
Agradeço também o meu namorado, Jader, que aguentou muito choro e
crises durante esses anos, e principalmente nesse último semestre, sempre me
colocando para cima, não deixando eu desistir dos meus sonhos. Você foi e é
essencial na minha vida. Muito obrigada.
Meu agradecimento aos professores do curso de arquitetura e urbanismo,
que passaram todos os seus conhecimentos e experiências profissionais,
sempre tirando nossas dúvidas e nos ensinando, contribuindo para que sejamos
excelentes profissionais. Em especial, agradeço minha querida orientadora
Mariana Mattei Santos, pela dedicação e ajuda, e por me acalmar nos momentos
difíceis. A todos vocês, desejo muito sucesso e realizações.
Ademais, não poderia deixar de agradecer as minhas colegas, Ana
Carolina, Bianca e Joana, pelos momentos de descontração e pelas ajudas.
Sentirei falta das nossas manhãs. Muito obrigada pelo companheirismo.
Por fim, deixo um agradecimento especial a todas as pessoas e entidades
de proteção aos animais, que não medem seus esforços para ajudar esses seres
tão frágeis e que dependem de muito amor e carinho. Vocês tornam o mundo
muito melhor de se viver. Muito obrigada, muita luz e realizações.
Resumo O presente trabalho fundamenta-se em razão do município de Soledade carecer de um centro para o acolhimento e tratamento dos animais abandonados nas ruas da cidade. Assim, o projeto cria um abrigo e clínica veterinária a ser implantado próximo ao acesso principal do município, justificando-se a localização por não ficar perto de uma zona residencial. Nesse sentido, os animais serão acolhidos das ruas, tratados no centro clínico e, após os devidos cuidados, colocados à adoção. Desse modo, este trabalho visa diminuir o número de animais abandonados nas ruas da cidade, atenuando este problema de saúde pública existente em Soledade, no Rio Grande do Sul. Palavras-chave: abrigo para animais; clínica veterinária; animais abandonados; acolhimento.
Abstract This work is based on the lacking of a center for reception and treatment of abandoned animals on the streets of the city of Soledade. Thus, the project creates a shelter and veterinary clinic to be implanted near the main access of the city, justifying the location for not being near a residential zone. In this sense, the animals will be welcomed from the streets, treated in the clinical center and, after due care, put to adoption. Thereby, this work aims to reduce the number of abandoned animals in the streets of the city, mitigating this public health problem in Soledade, Rio Grande do Sul. Keywords: animal shelter; veterinary clinic; abandoned animals; reception.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 - Clínica Veterinária Alcabideche-Vet ................................................ 18 Figura 2 - Implantação ..................................................................................... 19 Tabela 1 - Programa de Necessidades ........................................................... 20 Figura 3 - Zoneamento Planta Baixa ................................................................ 21 Figura 4 - Organograma ................................................................................... 21 Figura 5 - Fachada Sul ..................................................................................... 22 Figura 6 - Fachada Norte ................................................................................. 22 Figura 7 - Fachada Leste ................................................................................ 22 Figura 8 - Fachada Oeste................................................................................. 22 Figura 9 - Fachadas ......................................................................................... 23 Figura 10 - Interno ........................................................................................... 23 Figura 11 - Canil Rspca .................................................................................... 24 Figura 12 - Implantação ................................................................................... 25 Figura 13 - Formas do pátio ............................................................................ 25 Tabela 2 - Programa de Necessidades ........................................................... 26 Figura 14 - Zoneamento .................................................................................. 26 Figura 15 - Organograma ................................................................................ 27 Figura 16 - Imagens Canil ............................................................................... 27 Figura 17 - Imagens Canil ............................................................................... 28 Figura 18 - Imagens Canil ............................................................................... 28 Figura 19 - Imagens Canil ............................................................................... 29 Figura 20 - Interno Canil ................................................................................... 29 Figura 21 - Corte explicativo ............................................................................. 30 Figura 22 - Hospital Veterinário Canis Mallorca .............................................. 30 Figura 23 - Planta de cobertura ........................................................................ 31 Tabela 3 - Programa de Necessidades ........................................................... 31 Figura 24 - Planta baixa subsolo ..................................................................... 33 Figura 25 - Planta baixa térreo ........................................................................ 33 Figura 26 - Planta baixa primeiro pavimento .................................................... 34 Figura 27 - Organograma ................................................................................ 34 Figura 28 - Hospital Veterinário Canis Mallorca .............................................. 35 Figura 29 - Hospital Veterinário Canis Mallorca .............................................. 35 Figura 30 - Hospital Veterinário Canis Mallorca .............................................. 36 Figura 31 - Hospital Veterinário Canis Mallorca .............................................. 36 Figura 32 - Mapa de localização do Município ................................................ 37 Figura 33 - Mapa dos municípios do COREDE do Alto da Serra do Botucaraí 38 Figura 34 - Localização Terreno ....................................................................... 39 Figura 35 - Mapa cheios e vazios ..................................................................... 39 Figura 36 - Mapa Uso do solo ......................................................................... 40 Figura 37 - Gráfico Uso do solo ....................................................................... 40 Figura 38 - Mapa altura das edificações ......................................................... 41 Figura 39 - Mapa sistema viário urbano .......................................................... 42 Figura 40 - Mapa sistema viário ...................................................................... 42 Figura 41 - Mapa rede elétrica ......................................................................... 43 Figura 42 - Terreno .......................................................................................... 44 Figura 43 - Curvas de nível ............................................................................. 44 Figura 44 - Skyline de Oeste para Leste ......................................................... 45
Figura 45 - Skyline de Leste para Oeste ......................................................... 45 Figura 46 - Imagem esquemática sobre acolher ............................................. 48 Figura 47 - Praça de São Pedro ....................................................................... 49 Figura 48 - Esquema parceria universidade e sociedade ............................... 50 Tabela 4 - Programa de Necessidades ........................................................... 52 Figura 49 - Organograma/Fluxograma ............................................................ 53 Figura 50 - Proposta 1 ...................................................................................... 54 Figura 51 - Proposta 2 ...................................................................................... 54 Figura 52 - Proposta 3 ...................................................................................... 55
SUMÁRIO CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................ 9 1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 9 1.2 TEMA DO PROJETO.............................................................................. 9 1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ............................... 11 CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................ 13 2.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13 2.2 SAÚDE ANIMAL E A EVOLUÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA ..... 13 2.3 PROTEÇÃO AOS ANIMAIS ................................................................ 15 2.4 ADOÇÃO RESPONSÁVEL DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO ................ 17 2.5 ESTUDOS DE CASO .......................................................................... 18 2.5.1 Clínica Veterinária Alcabideche-Vet ............................................... 18 2.5.1.1 Ficha Técnica ..................................................................................... 19 2.5.1.2 Implantação ......................................................................................... 19 2.5.1.3 Programa de Necessidades ............................................................... 20 2.5.1.4 Funcionalidade ................................................................................... 20 2.5.1.5 Forma ................................................................................................. 21 2.5.1.6 Técnicas construtivas e materiais ...................................................... 22 2.5.2 Rspca Burwood Redevelopment ..................................................... 24 2.5.2.1 Ficha Técnica ..................................................................................... 24 2.5.2.2 Implantação ......................................................................................... 24 2.5.2.3 Programa de Necessidades ............................................................... 25 2.5.2.4 Funcionalidade ................................................................................... 26 2.5.2.5 Forma ................................................................................................. 27 2.5.2.6 Técnicas construtivas e materiais ...................................................... 28 2.5.3 Hospital Veterinário Canis Mallorca ............................................... 30 2.5.3.1 Ficha Técnica ..................................................................................... 30 2.5.3.2 Implantação ......................................................................................... 31 2.5.3.3 Programa de Necessidades ............................................................... 31 2.5.3.4 Funcionalidade .................................................................................... 32 2.5.3.5 Forma ................................................................................................. 34 2.5.3.6 Técnicas construtivas e materiais ...................................................... 35 CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO ...................... 37 3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 37 3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL ................................................................ 37 3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES .......... 38 3.4 INFRAESTRUTURA URBANA .......................................................................... 41 3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO ................................ 43 3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS .......................................... 45 CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS.............................. 48 4.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 48 4.2 CONCEITO .............................................................................................................. 48 4.3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA ................................................................... 50 4.4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ......................................................................... 51 CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL .................................................................... 52 5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 52 5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................. 52 5.3 ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA ................................................................... 53 5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO .................................................................. 53
CONCLUSÃO ................................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 57 ANEXOS ......................................................................................................... 59
9
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
O tema da monografia é centrado nas informações necessárias para o
desenvolvimento de um projeto arquitetônico de um abrigo para animais
abandonados, funcionando conjuntamente a uma clínica veterinária para
atendimento dos animais abrigados, além daqueles de estimação da população
soledadense. Logo, seu objetivo geral é amenizar o problema do elevado número
de animais abandonados nas ruas da cidade de Soledade, Rio Grande do Sul,
criando um centro de acolhimento e cuidado veterinário para cães e gatos.
Ademais, seus objetivos específicos são: retirar das ruas os animais em situação
de abandono; criar uma clínica para o atendimento gratuito dos animais
abrigados, além de oferecer atendimento veterinário particular ao público em
geral; elaborar um espaço de acolhimento aos animais abandonados e
disponibilização para adoção; atenuar o problema de saúde pública gerado pelos
animais abandonados nas ruas.
1.2 TEMA DO PROJETO
Este projeto apresenta como tema a implantação de um abrigo para
animais abandonados no município de Soledade, Rio Grande do Sul,
funcionando, conjuntamente, uma clínica veterinária para atendimento dos
próprios animais acolhidos e de outros trazidos pelo público em geral que
necessitam de atendimento.
Nesse sentido, o projeto aborda uma edificação com dupla função: trata-
se de um abrigo para acolher animais em situação de abandono e,
simultaneamente, uma clínica veterinária para tratamento dos mesmos. O abrigo
limitar-se-á a tratar animais de pequeno porte, tais como cães e gatos. Assim,
não engloba o tratamento de animais de médio a grande porte, a exemplo dos
suínos e equinos.
A clínica veterinária que funcionará conjuntamente ao abrigo no projeto
não atenderá exclusivamente os animais abrigados, mas também qualquer outro
que necessitar de atendimento veterinário particular qualificado. O local da
10
implantação do projeto situa-se no estado do Rio Grande do Sul, município de
Soledade, no bairro Missões. O terreno fica em um local afastado de residências
e do centro da cidade, com o objetivo de evitar possíveis interferências causadas
pelo abrigo, como por exemplos ruídos dos animais.
Além disso, este local fica próximo a um campus universitário, em que
possibilitara convênio entre a instituição e o abrigo, a fim de que acadêmicos do
curso de medicina veterinária possam auxiliar no tratamento e cuidado dos
animais acolhidos, através de estágios e outras formas de vínculos entre a
universidade, a clínica veterinária e o abrigo.
O projeto está voltado ao controle de animais soltos às ruas do município
de Soledade em situação de abandono. Dessa maneira, fica demonstrado que
este tema apresenta relevância social, sendo motivo de saúde pública, gerando
benefícios à cidade e aos munícipes. Este tema também aborda a questão da
guarda responsável na manutenção de um animal de estimação, já que a
situação de abandono ocorre quando esta responsabilidade é deixada de lado,
assim como o aparecimento de zoonoses, que são “doenças ou infecções
naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos”
(VASCONCELLOS, 2017). Nesse sentido, é possível afirmar que, de maneira
geral, “a população desconhece as responsabilidades de um proprietário, o
comportamento animal, o correto manejo sanitário, nutricional e reprodutivo e,
principalmente, a importância da relação ser humano-animal no aparecimento
das zoonoses” (BÜRGER et al., 2013).
Outro aspecto relevante em relação ao tema se dá após o resgate dos
animais em abandono e do devido tratamento veterinário de que necessitam,
visto que o abrigo buscará a adoção responsável dos animais por donos
comprometidos a deter a guarda consciente dos mesmos.
A abordagem a ser utilizada no projeto associa elementos da arquitetura
voltados às clínicas veterinárias para que o abrigo e a clínica consigam atender
todas as suas demandas com eficiência, sem deixar de ser uma obra
esteticamente enriquecedora para o local a ser implantada. Também, é
abordado o aspecto social que este projeto engloba, tanto no controle do
abandono de animais de pequeno porte no município, como no tratamento de
zoonoses e a posterior adoção dos animais por novos donos responsáveis.
11
Portanto, torna-se perceptível que “os animais abandonados vêm a ser
um problema de saúde pública, uma vez que estão propensos a transmitir
doenças para os seres humanos” (MARTINS et al., 2016). Para amenizar esta
situação de interesse social, este projeto de abrigo e clínica veterinária no
município de Soledade, RS, propõe-se a ser um centro de referência para auxiliar
o poder público na medida do possível a fim de resgatar, tratar e dar um novo lar
para os cães e gatos abandonados, além de funcionar como clínica veterinária
aberta para o tratamento dos animais de pequeno porte da população em geral.
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO
O local onde pretende-se implantar o projeto, como afirmado
anteriormente, situa-se no estado do Rio Grande do Sul, município de Soledade,
no bairro Missões, Rua Paraí Zanar Campos, próximo ao campus da
Universidade de Passo Fundo e do pórtico de entrada da cidade. A escolha do
terreno a ser realizado o projeto do abrigo e clínica veterinária levou em
consideração alguns fatores determinantes. Primeiramente, o terreno fica
afastado de casas residenciais. A ideia é não gerar problemas para a localidade,
pois é sabido que cães e gatos causam poluição sonora, devido aos seus ruídos,
principalmente em um local com grande concentração de animais. Também, um
local com grande número de animais acaba gerando um maior manejo em
relação aos resíduos, o que pode prejudicar eventuais moradores vizinhos.
Outro fator que influenciou no local de implantação do projeto foi a
proximidade da Universidade de Passo Fundo, campus Soledade. Esta
imediação com um centro universitário pode ser significativa para a criação de
convênios entre a clínica veterinária e a universidade, podendo ser designados
alunos do curso de medicina veterinária e outros congêneres para realizar
estágios no local, colaborando de maneira relevante no tratamento dos animais
acolhidos, no controle de zoonoses e aprimoramento acadêmico. Nesse sentido,
a escolha do tema do projeto se deu pela observação de que o município de
Soledade necessita imediatamente encontrar possíveis soluções para atenuar a
situação de animais abandonados nas ruas, tendo como objetivo uma maneira
efetiva de reduzir este grave problema.
12
Sabe-se que o problema de saúde pública ocasionado pelos animais em
situação de abandono não é exclusivo do município escolhido para a
implantação do projeto. “No Brasil, as estatísticas feitas pela OMS (Organização
Mundial de Saúde) em 2014 revelam que esse número chega a
aproximadamente 30 milhões de pets” (SIQUEIRA et al., 2016). Isso demonstra
a relevância do tema, combinado com o descaso dado à matéria pelo poder
público de maneira geral.
Um abrigo de animais com clínica veterinária integrada pode solucionar
grande parte do problema, já que atuará em diversas etapas de controle desta
questão. Em primeiro lugar, os animais em situação de abandono serão
resgatados tanto por contribuintes do abrigo como por populares do município.
Posteriormente a este resgate, será realizado todo o procedimento de
higienização, tratamento de zoonoses e eventual castração nos animais, através
da clínica veterinária. Após todo o cuidado e trato com os cães e gatos abrigados,
os mesmos serão postos à adoção responsável no próprio espaço, que conterá
local específico para visita de pessoas interessadas em ser donos conscientes
dos animais.
Em que pese a grande demanda da clínica veterinária girar em torno dos
animais resgatados das ruas, a ideia é abrir a clínica veterinária para a população
em geral, mediante tratamento aos animais de forma contraprestacional, através
de remuneração dos serviços realizados. Isso contribuirá para a manutenção do
abrigo e da própria clínica.
Portanto, aplicando os conceitos e técnicas da área da arquitetura e
urbanismo, realizando estudos e pesquisas de casos análogos, associando-os à
necessidade de se buscar meios inovadores e eficientes para, ao menos,
atenuar este problema social, busca-se projetar um centro referencial para a
região onde será implantado.
13
CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do trabalho, será apresentada a revisão de literatura que
apresenta os principais assuntos pertinentes à compreensão do tema escolhido
para o projeto, iniciando a análise através de uma breve evolução histórica dos
meios de tratamento utilizados na medicina veterinária. Posteriormente, é
realizada a análise da proteção aos animais, de responsabilidade do poder
público e da sociedade em geral, indicando algumas das legislações aplicáveis
em relação aos animais. A seguir, é conceituada a adoção com responsabilidade
de cães e gatos após o devido tratamento veterinário, apontando algumas
atitudes da sociedade que podem ajudar na situação de abandono dos animais.
2.2 SAÚDE ANIMAL E A EVOLUÇÃO DA MEDICINA VETERINÁRIA
Até algum tempo atrás, os animais que contraíssem uma doença ou
adquirissem qualquer outra enfermidade eram, imediatamente, sacrificados.
Como não havia tratamento, nem outra opção de manter seu animal de
estimação saudável, a alternativa adotada pelos donos era o sacrifício do animal
(FARIA, 2015). Com a evolução da sociedade e da tecnologia, as máquinas de
diagnóstico e tratamento veterinários vêm se aperfeiçoando e salvando cada vez
mais os animais. Para uma adequada compreensão do surgimento das
atividades veterinárias, é possível fazer uma divisão cronológica em cinco fases.
Inicialmente, pode-se falar da etapa de ações locais. Este período inicia
na pré-história e vai até o primeiro século da era cristã. Os primeiros métodos de
combate à doença animal são atribuídos a curandeiros da antiga Grécia e do
Egito. Nesta época da evolução social, o homem necessitava da força animal
para a produção de alimentos em quantidade suficiente para sua subsistência.
Aos animais enfermos, aplicava-se a quarentena, separando animais doentes
dos sadios e o sacrifício dos enfermos (PFUETZENREITER et al., 2004).
Posteriormente, fala-se na fase militar. Esta parte inicia no primeiro século
da era cristã, passando pela Idade Média e pelo Renascimento. O
desenvolvimento dos países acarretou num maior interesse no tratamento das
14
doenças animais. Foram elaboradas estruturas organizadas para a cura de
animais dentro dos exércitos, em especial, de cavalos, devido à grande
importância destes no cenário militar. Neste período, foram aperfeiçoadas
técnicas básicas de diagnóstico clínico dos animais enfermos.
A seguir, houve a fase da polícia sanitária animal. Este ponto inicia em
1762, com a criação da primeira escola de medicina veterinária, por Claude
Bourgelat, em Lyon, na França (MELO, 2016). Neste período, surgiram crises
econômicas pelo grande número de animais enfermos na Europa. Os exércitos
demonstraram especial interesse na cura dos animais, de modo que as primeiras
turmas de medicina veterinária tinham grande número de estudantes militares.
Nesta etapa são adotadas as seguintes medidas em relação às doenças: a
higiene e o controle sobre o abate dos animais. Essas ações formaram a base
dos primeiros esforços em relação à saúde pública (PFUETZENREITER et al.,
2004).
Posteriormente, chega-se à fase das campanhas ou ações coletivas. Este
ciclo inicia no final do século XIX e é responsável pela revolução microbiológica,
onde surgiram novas perspectivas para a investigação e identificação das
doenças e seus agentes. O controle das doenças foi satisfatório nesta etapa, de
modo que foi possível a criação de um grande número de animais para produção.
Ademais, foram introduzidas as ações populacionais, para diagnóstico,
imunização e terapia em escala populacional, além do controle de vetores. “A
aplicação dessas medidas permitiu o uso rápido e sistemático de outros
procedimentos como a quarentena, sacrifício de animais reagentes e
desinfecção local” (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN; AVILA-PIRES, 2004).
Finalmente, inicia o estágio de vigilância e ações coletivas. Nesta fase, foi
observado que a presença do agente etiológico, descoberto com a revolução
microbiológica, não era suficiente para explicar o aparecimento das doenças em
animais. Isso gerou uma crise na medicina veterinária na década de 1950,
demonstrada pelos seguintes aspectos:
a) apesar de serem efetuadas campanhas contra uma série de enfermidades, houve uma redução das mesmas, mas sem produzir sua eliminação; b) o custo para o controle de muitas enfermidades era muito grande; c) ausência de conhecimentos para o controle de algumas doenças; d) incapacidade em lidar com novas situações práticas que surgiam na criação intensiva (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN; AVILA-PIRES, 2004).
15
A revolução epidemiológica surgiu para acabar com a crise. Constatou-se que cada situação exige a análise de fatores diversos para a doença. Nesse sentido, o diagnóstico epidemiológico passou a ser uma nova estratégia para o combate de enfermidades. Este passo iniciou na década de 1960 e continua até hoje.
2.3 PROTEÇÃO AOS ANIMAIS
A sociedade detém um papel fundamental nos cuidados com os animais
e no combate aos maus-tratos e abandono dos mesmos. O respeito aos animais é incentivado através de políticas públicas em diversos locais. Assim,
muitas cidades possuem projetos que auxiliam na redução da população de cães e gatos com castrações gratuitas e atendimentos para famílias de baixa renda. [...] Os projetos vão desde a castração até o treinamento de professores para ensinar as crianças a serem mais responsáveis no trato e na posse de seus mascotes (FARIA, 2015).
Ao lado do poder público, a legislação tem uma grande importância no
cuidado dos animais. Uma das primeiras leis nacionais conhecidas foi o Decreto
nº 24.645 de 10 de julho de 1934, que estabelece medidas de proteção aos
animais, decretada por Getúlio Vargas. Este Decreto vigorou até 1991, quando
foi revogado. Em seu artigo 1º, estabelecia que todos os animais existentes no
país seriam protegidos pelo Estado. Já no artigo 2º, estabelecia penas de prisão
e de multa àqueles que cometessem maus tratos, sendo que, no artigo 3º, trazia
uma vasta gama de atos que configurariam maus tratos contra os animais, dentre
elas: praticar abuso ou crueldade contra animais; manter animais em lugares
anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, movimento, descanso ou os
privem de ar ou luz; abandonar animais doentes, feridos ou mutilados, sem
prestar assistência veterinária; entre outras.
Atualmente, é a Lei nº 9.605/98 que trata das sanções penais e
administrativas de atos lesivos ao meio ambiente (BRASIL, 1998). Em seu artigo
32, pune com detenção, de três meses a um ano, e multa, a conduta de maltratar
animais, conforme o dispositivo:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
16
O Código Penal, por sua vez, estabelece pena de detenção de quinze dias
a seis meses, ou multa, em seu artigo 164, a quem “introduzir ou deixar animais
em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato
resulte prejuízo”.
Ademais, em relação às clínicas veterinárias, a Resolução nº 1.015 de 9
de novembro de 2012 do Conselho Federal de Medicina Veterinária conceitua e
estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médico-
veterinários de atendimento a pequenos animais. No artigo 4º desta Resolução,
é conceituada a clínica veterinária, conforme o disposto:
Art. 4º Clínicas Veterinárias são estabelecimentos destinados
ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e presença de médico veterinário.
§1º No caso de haver internações, é obrigatório o funcionamento por 24 horas, ainda que não haja atendimento ao público, e um profissional médico veterinário em período integral.
§2º Havendo internação apenas no período diurno, a clínica deverá manter médico veterinário e auxiliar durante todo o período de funcionamento do estabelecimento.
§3º A opção de internação em período diurno ou integral e de atendimento cirúrgico deverá ser expressamente declarada por ocasião de seu registro no Sistema CFMV/CRMVs.
Já no artigo 5º da referida legislação, são estabelecidas condições para o
funcionamento das clínicas veterinárias, entre elas: setor de atendimento, com
sala de recepção, consultório, geladeira com termômetro, sala de arquivo médico
ou sistema de informática; setor cirúrgico, se for o caso, com sala de preparo e
recuperação de clientes, sala de antissepsia e paramentação, sala de lavagem
e esterilização de materiais, sala cirúrgica com a devida instrumentalização;
setor de internação, se for o caso, com mesa e pia de higienização, baias, boxes
ou outras acomodações individuais e de isolamento, local isolado para doenças
infecto-contagiosas, armário de medicamentos e descartáveis; setor de
sustentação, com lavanderia, depósito, instalações para descanso, preparo de
alimentos e alimentação do médico veterinário e funcionários, quando houver
funcionamento 24 horas, além de sanitários, vestiários, setor de estocagem de
medicamentos e fármacos e, por fim, unidade de conservação de animais mortos
e restos de tecidos. Finalmente, o artigo 12 desta Resolução assevera que os
estabelecimentos e profissionais médicos veterinários que não cumprirem os
requisitos definidos nesta Resolução estarão sujeitos à incidência de multa.
17
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) também legisla
sobre a matéria veterinária, através das Resoluções da Diretoria Colegiada
(RDCs). Ademais, esta autarquia possui uma referência técnica para o
funcionamento dos serviços veterinários que não possui valor legal, mas serve
de base para os estados e municípios elaborarem e instituírem legislações locais
sobre o tema. Esta referência técnica conceitua serviços e atividades
veterinários, funcionamento dos estabelecimentos, exigências para
apresentação de projeto arquitetônico, inspeções pela equipe de vigilância
sanitária, entre outras atividades.
Assim, fica evidenciada a importância da matéria para a sociedade,
devendo ser encarada pela população em geral, pelo poder público, pelos
legisladores brasileiros e pelos profissionais da área veterinária como um tema
de fundamental relevância para o país.
2.4 ADOÇÃO RESPONSÁVEL DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
A sociedade não tem o costume da adoção de animais. Quando uma família quer um animal de estimação para a sua casa, geralmente realiza a procura em pet shops e canis onde os mesmos são vendidos, muitas vezes a preços altíssimos. Isso se dá porque, geralmente, as pessoas buscam animais filhotes e de raça.
Dessa maneira, os animais que estão à espera de uma adoção responsável acabam sendo deixados para trás, pois, em sua maioria, são animais mais velhos, vítimas de algum tipo de maus-tratos e sem raça definida. Assim, a conscientização sobre a adoção é muito importante, já que
auxilia na diminuição desse grande número de animais desamparados e se torna a maior alegria para o animal. Portanto, adquirir um animal de estimação requer planejamento e responsabilidade, pois são vidas e como tais, trazem além de alegria, gastos, preocupações e muito trabalho, e exigem cuidados e atenção ao longo de toda a vida (FARIA, 2015).
Além disso, muitas vezes esses animais comprados são abandonados
nas ruas, como se fossem qualquer outro produto industrializado facilmente
descartável. Segundo a Associação de Proteção aos Animais de Soledade
(APAS),
as consequências do abandono de animais são, conforme mencionado, o aumento populacional descontrolado, a proliferação de doenças, tais como parasitas e outras zoonoses, maus tratos e atropelamentos. Como exemplo de maus tratos, encontramos muitos animais famintos, acometidos de doenças como sarna e anemia profunda, que acabam muitas vezes morrendo em decorrência desta situação (APAS, 2016).
18
Em relação ao município de Soledade, onde será implantado o abrigo com
clínica veterinária, não há dados oficiais sobre a quantidade de animais
abandonados nas ruas, sabendo-se apenas que são milhares, os quais se
reproduzem livremente, aumentando o número de cães e gatos abandonados.
Uma das soluções propostas pela APAS é a castração, pois controla a população
de animais e evita o extermínio. Trata-se de uma cirurgia de retirada dos ovários
e útero da fêmea, e dos testículos do macho, impedindo a procriação de cães e
gatos. A título de exemplo, um casal de cães pode gerar duas crias por ano, com
dois a oito filhotes por cria. Assim, no primeiro ano haveria 12 animais e, no
segundo, 66 cães. Ao final do décimo ano, as sucessivas gerações de cães
teriam gerado 80.399.780 animais (APAS, 2016).
A sociedade pode amenizar o problema dos animais abandonados,
considerando o tempo de vida médio de 12 anos dos cachorros, antes de adquiri-
los; preferir a adoção em detrimento da compra de animais em lojas; manter o
animal dentro do pátio, longe das ruas; cuidar da saúde física e mental do animal,
dentre outras medidas.
Portanto, faz-se necessário enraizar na sociedade o respeito aos animais,
seja através da adoção, seja pelo simples ato de respeitar, deixando de maltratá-
los ou abandoná-los nas ruas. Nesse sentido, a implantação do abrigo e clínica
veterinária no município de Soledade pode ajudar na conscientização das
pessoas acerca dos animais de estimação.
2.5 ESTUDOS DE CASO
2.5.1 Clínica Veterinária Alcabideche-Vet
Figura 1: Clínica Veterinária Alcabideche-Vet . Fonte: Fernando Guerra | FG+SG (2009).
19
2.5.1.1 Ficha Técnica
Autor Responsável: João Tiago Aguiar.
Colaboradores: Renata Vieira, Ana Caracol.
Localização: Alcabideche, Portugal.
Ano: 2009.
Área: 300 m².
Área de intervenção: 1150 m².
2.5.1.2 Implantação
A clínica veterinária é localizada em Alcabideche, Portugal, em uma área
residencial com pouca vegetação no seu entorno imediato, apesar de não ser
muito distante de um parque natural. Foi construída sobre um lote de 1150m²
com uma leve inclinação, de modo que fica suavemente suspensa no terreno,
graças às suas vigas de fundação. A edificação de 300m² está implantada a leste
do terreno, de maneira que seu estacionamento se posiciona em paralelo à
mesma, no centro da área.
Figura 2: Implantação. Fonte: Archdaily (2017).
20
2.5.1.3 Programa de Necessidades
A Tabela 1, a seguir, demonstra a área de cada compartimento da clínica,
bem como suas dimensões e o respectivo mobiliário essencial.
Tabela 1: Programa de Necessidades.
Área Dimensões (em m²)
Mobiliário essencial
Clínica - -
Recepção 17,30m² Balcão, Banco
Lavabo 4,55m² Bancada com cuba, box para bacia sanitária
Sala de consulta 11m² Bancada com cuba, armário, negatoscópio, mesa atendimento
Sala de consulta 11m² Bancada com cuba, armário, negatoscópio, mesa atendimento
Vestiário Feminino 4m² Banco, bancada com cuba, bacia sanitária
Vestiário Masculino 4m² Banco, bancada com cuba, bacia sanitária
Antessala cirurgia 14,50m² Bancadas, cuba, lixo, mesa
Sala Cirurgia 14,70m² Mesa de cirurgia, bancada
Sala recuperação 20,40m² Bancada com duas cubas, boxes de recuperação
Loja 17,70m² -
Sala esterilização 11,30m² Bancadas; Equipamentos
Sala Administração 9,50m² -
Sala Administração 9,50m² -
DML 8m² Armários
Circulação 50m² Banco
Fonte: autora (2017).
2.5.1.4 Funcionalidade
Para a eficiência da funcionalidade do projeto, houve a distribuição do
espaço por um corredor, sendo que em seus dois lados estão as salas. Cada
sala é como um volume, fazendo com que o espaço possua diferentes
dimensionamentos, conforme a atividade que será exercida nos mesmos. Estes
volumes foram deslocados em ambas as direções, para que não houvesse um
corredor muito comprido e que fosse possível a entrada de luz natural no
ambiente. Desse modo, realizando tais afastamentos, surgiram os vãos
(AGUIAR, 2011). Assim, o edifício é composto de um corpo central e volumes
acoplados, com o objetivo de tornar possível uma melhor operabilidade das
atividades cotidianas.
21
Figura 3: Zoneamento Planta Baixa. Fonte: Archdaily, adaptado pela autora (2017).
Figura 4: Organograma. Fonte: autora (2017).
2.5.1.5 Forma
A estrutura da clínica é térrea e plana, utilizando formas retangulares.
Compreende um conjunto de volumes com áreas variáveis, anexas a um corpo
único. Nesse sentido, emprega uma forma horizontal, mesclando espaços cheios
e vazios, com aspecto minimalista, típico de edifícios contemporâneos, o que
contrasta com o entorno, com predominância de residências com estilo
tradicionalista português.
22
Figura 5: Fachada Sul. Fonte: Archdaily (2017).
Figura 6: Fachada Norte. Fonte: Archdaily (2017).
Figura 7: Fachada Leste. Fonte: Archdaily (2017).
Figura 8: Fachada Oeste. Fonte: Archdaily (2017).
2.5.1.6 Técnicas construtivas e materiais
Os materiais construtivos utilizados neste projeto foram, basicamente, o
concreto armado aparente e o vidro opalino na parte externa da edificação. Isso
traz a ideia de um lugar sofisticado e harmonioso, com técnicas arquitetônicas
contemporâneas. Ademais, com a utilização do vidro opalino, foi amplificada a
claridade da clínica, sem tirar a privacidade das pessoas que ali transitam.
23
Figura 9: Fachadas. Fonte: Fernando Guerra | FG+SG (2009) Edição: Autora (2017).
Figura 10: Interno. Fonte: Fernando Guerra | FG+SG (2009) Edição: Autora (2017).
No tocante à parte interna, as paredes foram pintadas na cor branca,
trazendo pureza para o local. O piso utilizado é o epóxi, ideal pra clínicas em
razão de sua boa durabilidade, fácil limpeza e higiene, pelo fato de não existirem
juntas. No volume principal da clínica houve a utilização de ampla iluminação ao
longo da circulação, tanto natural como artificial, acabando com a possível
sensação de um longo e escuro corredor.
24
2.5.2 Rspca Burwood Redevelopment
Figura 11: Canil Rspca. Fonte: Peter Bennetts (2008).
2.5.2.1 Ficha técnica
Autor Responsável: NH Architecture.
Equipe do projeto: Barbara Bamford, Lyndon Hayward, Thuyai Chung, Peter
Draga, Iain Walker.
Localização: Burwood East, Victoria, Austrália.
Ano de conclusão: junho de 2007.
2.5.2.2 Implantação
O canil da RSPCA (Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals)
está localizado em Burwood East, subúrbio de Melbourne, na Austrália. Ele faz
parte do Hospital Veterinário RSPCA, que é um local para tratar e abrigar animais
resgatados. Os cães que são levados a este lugar são submetidos a uma
primeira etapa de quarentena, onde eles recebem todos os cuidados veterinários
necessários. Este canil tem espaço para duzentos animais em quarentena.
Geralmente, eles ficam neste primeiro estágio pelo período de nove dias.
Posteriormente, depois de terem sua saúde e comportamento estudados e
25
tratados, são levados a uma segunda etapa, de adoção, para encontrarem novos
lares.
Figura 12: Implantação. Fonte: Google Maps (2017).
A edificação do canil possui cinco asas, no sentido leste a oeste, de modo
que entre cada uma delas há um pátio, totalizando quatro jardins. Cada um
desses jardins foi criado de maneira personalizada, com cores e formas
abstratas, baseando-se na pelagem e tonalidade de raças de cães distintos.
Figura 13: Formas do pátio. Fonte: autora (2017).
2.5.2.3 Programa de Necessidades
A Tabela 2, a seguir, demonstra a área dos compartimentos do canil, bem
como suas dimensões e o respectivo mobiliário essencial.
26
Tabela 2: Programa de Necessidades.
Área Dimensões (em m²)
Mobiliário essencial
Canil - -
Circulação 17,30m² -
Depósitos (2) 22m² Armários
Baias (200) 5,20m² -
Salas de apoio (10) 6,50m² -
Salas de ventilação (100) 1,50m² -
Salas de apoio 2 (10) 5,50m² Equipamentos
DML 15,30m² Bancadas com pia
Fonte: autora (2017).
2.5.2.4 Funcionalidade
O projeto foi criado levando em consideração diversos aspectos
funcionais, tanto para os frequentadores do canil, como para os próprios animais.
Existem cinco asas no edifício, cada uma com espaço individual para quarenta
cães, em dois níveis distintos. Esta configuração visa reduzir o estresse dos
cães, diminuindo a visão entre eles e, consequentemente, atenuando o latido. A
ligação entre as asas se dá na extremidade leste do canil, onde há uma grande
rampa que facilita o deslocamento dos cães entre os ambientes.
Figura 14: Zoneamento. Fonte: Archdaily, adaptado pela autora (2017).
27
Figura 16: Imagens Canil. Fonte: Peter Bennetts (2008).
2.5.2.5 Forma
O canil abrange cinco asas interligadas entre si por uma rampa que dá
acesso a elas. Cada asa possui um formato de trapézio retângulo, de modo a
abranger todos os canis, as tubulações e chaminés de ventilação. Portanto, a
figura completa do projeto compreende cinco retângulos interligados em uma de
suas extremidades.
Figura 15: Organograma. Fonte: autora (2017).
28
Figura 17: Imagens Canil. Fonte: Peter Bennetts (2008).
Figura 18: Imagens Canil. Fonte: Peter Bennetts (2008).
2.5.2.6 Técnicas construtivas e materiais
No que tange aos materiais e técnicas construtivas empregados no
projeto, destacam-se as partes externas do edifício, as quais são revestidas de
painéis metálicos nas cores preto e branco. Esta seleção de cores serve para
estimular os cães que têm visão para o lado externo do canil, encurtando
caminhos e criando ilusões de óptica. As fachadas do edifício são compostas de
vidros duplos, com o objetivo de reduzir o ruído dos animais. Também, os cães
29
têm acesso à luz natural e visão para a área externa, o que justifica a
personalização das paredes do lado de fora, objetivando as melhores práticas
em relação aos animais.
Figura 19: Imagens Canil. Fonte: Peter Bennetts (2008).
Além disso, o canil conta com diversas tecnologias sustentáveis, como
lajes aquecidas e chaminés térmicas para circulação de ar. Os canis possuem
entradas de ar que fazem os odores dos animais escaparem para o exterior
através de dutos protegidos acusticamente, a fim de impedir que o som dos
latidos dos cães perturbe a vizinhança.
Figura 20: Interno Canil. Fonte: Peter Bennetts (2008).
O projeto é elaborado de modo que haja iluminação solar nos dois níveis
do canil. Tanto o sol do verão (com ângulo de 53º), como o sol do inverno (com
ângulo de 30º) atingem os ambientes internos. Existem tubulações para a
30
entrada de ar puro nos canis e dutos para a saída de ar. Além disso, existe um
sistema para captar a água da chuva e utilizar na limpeza do canil.
Figura 21: Corte explicativo. Fonte: NR Architecture (2017).
2.5.3 Hospital Veterinário Canis Mallorca
Figura 22: Hospital Veterinário Canis Mallorca. Fonte: José Hevia (2014).
2.5.3.1 Ficha técnica
Autor Responsável: Esteve Torres Pujol.
Equipe do projeto: Estudi E. Torres Pujol.
Localização: Palma, Ilhas Baleares, Espanha.
31
Ano conclusão: 2014.
Área: 1538 m².
2.5.3.2 Implantação
O hospital veterinário é localizado em Palma, município das ilhas
Baleares, na Espanha. É implantado em uma zona intermediária entre as áreas
residencial e industrial, sendo que faz divisa com uma antiga prisão da cidade,
atualmente abandonada. A forma do terreno é trapezoidal, e o hospital se adapta
a esta forma para utilizar o máximo do espaço possível, no terreno de 1538 m².
A arquitetura volumétrica do espaço “dialoga com o entorno e combina com a
arquitetura do ‘Estilo Internacional’ com as tradicionais edificações rurais de
Mallorca” (BRANT, 2015).
Figura 23: Planta de cobertura. Fonte: Archdaily (2017).
2.5.3.3 Programa de Necessidades
A Tabela 3, abaixo, descreve as áreas do hospital veterinário, além de
suas dimensões e o mobiliário essencial.
Tabela 3: Programa de Necessidades.
Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial
Recepção/ Loja 73,2m² Bancada, prateleiras, cadeiras
32
Espera 41,95m² Cadeiras
Banheiro Fem. 7,5m² Bacia sanitária, cuba
Banheiro Masc. 7,5m² Bacia sanitária, cuba
Atendimento 1 9,5m² Bancada, cuba, armário
Atendimento 2 7,9m² Bancada, cuba, armário
Atendimento 3 8,1m² Bancada, cuba, armário
Atendimento 4 8,1m² Bancada, cuba, armário
Atendimento 5 8,1m² Bancada, cuba, armário
Atendimento 6 8,1m² Bancada, cuba, armário
Sala Eco 7,85m² -
Raio X 8,65m² -
Fisio. 22,2m² -
Gatil 9,7m² Baias, bancada
Canil 27,25m² Baias, bancada
Hospital Infecto. 19,25m² Baias, bancada
Apoio 1 19m² Equipamentos, bancada, armários
Sala Conferências 70m² Cadeiras
Sala Reuniões 18m² Mesa, cadeiras
Direção 7,9m² Bancada, cadeiras
Gestão 12,6m² Bancada, cadeiras
Área Funcionários 76,25m² -
Área Cirúrgica 119,8m² -
Estacionamento 368,6m² -
Sala Exóticos 22,95m² -
MRVETs 36,6m² -
Limpeza 14,2m² Cuba, bancada
Área Privada 71,8m² -
Fonte: autora (2017).
2.5.3.4 Funcionalidade
Em razão do orçamento apertado do projeto, buscou-se a máxima
funcionalidade possível para o hospital. Nesse sentido, a disposição e a ligação
dos espaços, realizados em uma distribuição flexível e articulada, foi
fundamental para a melhor utilidade do imóvel. Existem áreas abertas,
multifuncionais e conectadas entre si. Por fim, pode-se afirmar que o desenho
do projeto e a eficiência dos materiais tornaram possível a realização plena das
funcionalidades do hospital veterinário dentro do orçamento.
33
Figura 24: Planta baixa subsolo. Fonte: Archdaily, adaptado pela autora (2017).
Figura 25: Planta baixa térreo. Fonte: Archdaily, adaptado pela autora (2017).
34
Figura 26: Planta baixa primeiro pavimento. Fonte: Archdaily, adaptado pela autora (2017).
Figura 27: Organograma. Fonte: da autora (2017).
2.5.3.5 Forma
A estrutura do hospital veterinário foi criada para harmonizá-lo com seu
entorno, remetendo aos imóveis rurais tradicionais de Mallorca. Em que pese
35
tenha um formato de celeiro, para reforçar o seu aspecto rústico, a utilização de
vidros em sua fachada atenua o ar rudimentar e implementa uma aparência
contemporânea ao projeto. Ademais, o hospital possui um formato trapezoidal
para adequá-lo ao terreno, de mesmo formato, utilizando todos os espaços
disponíveis deste.
Figura 28: Hospital Veterinário Canis Mallorca. Fonte: José Hevia (2014).
Figura 29: Hospital Veterinário Canis Mallorca. Fonte: José Hevia (2014).
2.5.3.6 Técnicas construtivas e materiais
Para a composição do hospital veterinário, foram utilizados pilares
metálicos soldados à chapa metálica e ao concreto armado. “Os pilares estão
ligados à estrutura exterior, o que possibilita que a planta seja toda livre, com
exceção do núcleo de comunicação vertical” (BRANT, 2015). Utilizando esta
técnica construtiva, foi possível distribuir os espaços reordenando-os, sem
interferências estruturais. Para o revestimento, foi utilizado o sistema G.H.A.S.,
36
que melhora o desempenho das fachadas de alvenaria, no sentido térmico e
mecânico do edifício, eliminando os problemas construtivos inerentes ao sistema
tradicional de execução da obra. Ademais, para o fornecimento da iluminação
necessária à recepção, foi utilizada uma parede de vidro que ocupa toda a
extensão da fachada.
Figura 30: Hospital Veterinário Canis Mallorca. Fonte: José Hevia (2014).
Figura 31: Hospital Veterinário Canis Mallorca. Fonte: José Hevia (2014).
37
CAPÍTULO 3: DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
3.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo ater-se-á ao diagnóstico da área de implantação, realizando
uma contextualização regional, apresentando algumas características e
brevíssimo histórico do município de Soledade. Posteriormente, será realizada
uma contextualização urbana, indicando a localização do terreno a ser
implantado o projeto. Também será apresentado o conjunto de mapas da
posição do terreno, infraestrutura urbana, características específicas do terreno
e síntese da legislação aplicável.
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL
Soledade é um município do estado do Rio Grande do Sul localizado na
região norte do estado, na microrregião do Alto da Serra do Botucaraí. A cidade
fica distante aproximadamente 70 quilômetros de Passo Fundo e 220
quilômetros de Porto Alegre.
Figura 32: Mapa de localização do Município. Fonte: autora (2017).
Ao final do ano de 1633, a região foi explorada por jesuítas espanhóis, os
quais estabeleceram a Redução de São Joaquim. Esta Redução teve breve
duração, pois foi completamente destruída por Raposo Tavares e os
Bandeirantes que chegaram à localidade a fim de escravizar os nativos.
Posteriormente, em 1810, foi aberta a “Picada do Butucaray” na região, a qual
38
fazia a ligação da região meridional de Rio Pardo ao Campo do Meio, no planalto
setentrional, que compreendia Passo Fundo, e a estrada de Vacaria, o que
fomentou a efetiva ocupação da região de Soledade. Contudo, foi em 1816 que
iniciou a ocupação do homem branco na região, através das concessões das
primeiras Sesmarias. Finalmente, em 1832, inicia a fixação dos primeiros
moradores na localidade, que se tornaria a Villa de Soledade, pertencente a Rio
Pardo. Em 14 de janeiro de 1857 foi estabelecido como distrito, pertencente a
Passo Fundo e, em 29 de março de 1875, Soledade é desmembrada daquele
município (IBGE, 2013).
Figura 33: Mapa dos municípios do COREDE do Alto da Serra do Botucaraí. Fonte: Borges (2009).
O município de Soledade possuía em 2015 uma população de 30.836
habitantes, com uma densidade demográfica de 24,8 habitantes por quilômetro
quadrado, em 2013, segundo a Fundação de Economia e Estatística do Governo
do Estado do Rio Grande do Sul (FEE, 2017). Soledade concentra sua atividade
econômica na pecuária, agricultura, indústria e comércio.
3.3 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES
O local analisado trata-se de uma área pouco ocupada, relativamente
afastada do centro da cidade, sendo composta, em sua maioria, por empresas
do ramo pedrista, considerado um dos destaques econômicos do município.
Contempla também diversos terrenos sem ocupação, além de algumas casas de
moradia e de um campus universitário. O espaço também fica próximo de um
39
centro poliesportivo da Prefeitura Municipal, da rodoviária do município e do
Fórum local.
Figura 34: Localização Terreno. Fonte: Google Earth, 2017. Adaptado pela autora (2017).
Figura 35: Mapa cheios e vazios. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006). Adaptado pela autora (2017).
40
Figura 36: Mapa Uso do solo. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006). Adaptado pela autora (2017).
Figura 37: Gráfico Uso do solo. Fonte: autora (2017).
Em relação à altura das edificações, grande parte dos imóveis é composto
de um ou dois pavimentos. Os edifícios de um pavimento compreendem as
empresas, algumas residências, o edifício da Ordem dos Advogados do Brasil,
Justiça do Trabalho, sede da APAE, quadra de futebol society, templo da Ordem
DeMolay e a Escola Atílio Vera. Em relação às edificações de dois pavimentos,
41
pode-se citar algumas residências, a universidade, a rodoviária, edifício da
Corsan e a empresa Arroz do Vale. Ainda existem construções de três
pavimentos, como é o caso do Fórum, Ministério Público e hotel, sendo que a
edificação de altura máxima é um edifício misto composto de quatro pavimentos.
Figura 38: Mapa altura das edificações. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006). Adaptado pela autora (2017).
3.4 INFRAESTRUTURA URBANA
O sistema viário da região de implantação compreende a Avenida
Marechal Floriano Peixoto, que fornece o acesso principal à cidade e atravessa
a mesma no sentido norte – sul, de modo que possui um trânsito intenso de
veículos. Esta via é de mão dupla e possui quatro faixas, duas para cada direção.
A área também abrange a Avenida Pinheiro Machado, paralela à avenida
principal, com um tráfego médio de veículos, sendo também uma via de mão
dupla, com duas faixas, uma em cada sentido. As demais ruas compreendidas
42
no entorno da implantação têm um fluxo baixo de veículos, sendo de mão dupla,
com duas faixas, uma em cada direção.
Figura 39: Mapa sistema viário urbano. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006).
Figura 40: Mapa sistema viário. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006). Adaptado pela autora (2017).
Em relação às redes de água e de energia, pode-se dizer que o local de
implantação possui fornecimento de energia elétrica e abastecimento de água.
Entretanto, “o município de Soledade não possui sistema de tratamento de
43
esgoto, então, nestes casos as edificações utilizam o procedimento com o
sistema de Fossa – Filtro – Sumidouro” (PALUDO, 2015).
Figura 41: Mapa rede elétrica. Fonte: Prefeitura Municipal de Soledade (2006). Adaptado pela autora (2017).
No tocante à vegetação do entorno do terreno, existe uma grande
proporção de áreas verdes, sendo de predomínio pinheiros, eucaliptos e
algumas arvores frutíferas, tais como laranjeiras, limoeiros e tangerineira. Além
de haver diversos imóveis sem construções, apenas com vegetação rasteira,
existe em frente ao terreno um calçadão e uma ciclovia para atividades físicas,
que possuem arborização em seu percurso.
3.5 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO
O terreno a ser implantado o Abrigo e Clínica Veterinária está localizado
entre a Rua Parai Zanar Campos e a Rua Giocondo Zanette Primo, dimensões
de 65 metros por 70 metros, totalizando uma área de 4.550m². Quanto a
topografia, existe 1,50m de desnível em sua extensão, não gerando grandes
transtornos. Por estar localizado em uma área mais aberta, não tem
44
condicionantes relativas a sombras, pois as edificações mais próximas ao
terreno não afetam o mesmo, a não ser as poucas árvores existentes em sua
área, porém não causam impactos quanto a isto. Em relação a posição solar, ele
se encontra de Leste ao Oeste, e os ventos dominantes, são no verão de origem
Nordeste e os de inverno a Sudoeste.
Figura 42: Terreno. Fonte: autora (2017).
Figura 43: Curvas de nível. Fonte: autora (2017).
45
Figura 44: Skyline de Oeste para Leste. Fonte: autora (2017).
Figura 45: Skyline de Leste para Oeste. Fonte: autora (2017).
3.6 SÍNTESE DE LEGISLAÇÕES E NORMATIVAS
Para o desenvolvimento do projeto, será necessário observar a legislação
vigente, principalmente no plano municipal. Nesse sentido, a lei municipal de
número 3.027/2006 institui o Plano Diretor do município de Soledade,
conceituado como instrumento básico para o desenvolvimento e planejamento
territorial de Soledade, com o fim de garantir o pleno desenvolvimento das
funções sociais do município, garantindo o bem-estar da população, o
desenvolvimento sustentável da comunidade e a gestão democrática e
participativa da implantação, detalhamento e revisão dos instrumentos de
planejamento.
Segundo o artigo 15º, Uso 19, do Plano Diretor, as clínicas veterinárias se
enquadram como estabelecimentos de atividades de prestação de serviços
veterinários caracterizados pelo internamento de animais, integrando a categoria
dos serviços.
O local onde será implantado o projeto é caracterizado pelo mapa de
zoneamento urbano como CCS1, ou seja, Corredor Comercial e de Serviços Um.
Nesta área, segundo o artigo 60º, § 2º, do Plano Diretor, é permissível a
prestação de serviços veterinários neste local. Permissível significa que a
46
implantação das atividades nesta zona depende de prévio estudo (Art. 20º, do
Plano Diretor do município de Soledade).
Outro instrumento legislativo a ser observado no projeto é o Código de
Obras municipal. Instituído pela lei de número 1.280/1975, este código
regulamenta as construções no município, conceituando diversos termos
frequentemente utilizados em obras, interdição de prédios, licença para
construir, aprovação de projetos, materiais de construção, prédios comerciais,
hospitais e similares, dentre outras disposições.
Em seu artigo 56, o Código de Obras afirma que as paredes de tijolos em
obras de até dois pavimentos devem observar as espessuras mínimas de 25
(vinte e cinco) centímetros para paredes externas e de 15 (quinze) centímetros
para paredes internas. Já no artigo 66, são estabelecidas as dimensões das
portas, que devem observa uma altura mínima de 2 (dois) metros e largura de,
pelo menos, 90 (noventa) centímetros para a porta de entrada principal e de 60
(sessenta) centímetros para portas internas secundárias em geral. Em relação
às fachadas, segundo o artigo 60, os projetos de obras que envolvam o aspecto
externo devem ser submetidos a aprovação do órgão competente.
Ademais, deve ser respeitado o Código de Posturas do município de
Soledade, instituído pela lei de número 2.283/1996, a qual estabelece normas
de Polícia Administrativa Municipal, cominando penas àqueles que infringirem
suas disposições. Este Código disciplina os bens públicos, a utilização dos
espaços do município, ocupação e uso das vias públicas, as medidas referentes
aos animais, entre outras deliberações.
No plano nacional, deve ser observado o Estatuto da Cidade, instituído
pela lei de número 10.257/2001. Esta lei estabelece normas de ordem pública e
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio
ambiental.
A ABNT NBR 9050 dispõe sobre a acessibilidade a edificações, mobiliário,
espaços e equipamentos urbanos, visando a utilização de maneira autônoma e
segura do ambiente, independentemente da idade, estatura ou dificuldades de
locomoção das pessoas.
Esta norma será utilizada, principalmente, para fixar os parâmetros de
medidas para o deslocamento dos indivíduos, tanto com muletas, bengala,
47
cadeira de rodas, cão-guia, entre outros, criando rotas acessíveis para todos.
Ademais, maçanetas, barras antipânico e puxadores devem observar a
legislação, possuindo formato de fácil pega e não exigindo força ou torsão do
pulso para a abertura da porta. Além disso, os ângulos de alcance visual das
pessoas também deve ser levado em conta na elaboração do projeto.
Outro ponto fundamental da ABNT NBR 9050 diz respeito aos símbolos
internacionais que devem ser utilizados, como os símbolos de acesso, pessoas
com deficiência visual, pessoas com deficiência auditiva, atendimento
preferencial, pessoas acompanhadas de cão-guia, sanitários, entre outros. Os
degraus também devem ser sinalizados, contendo contraste tátil e visual. Já para
a criação de rampas, devem ser observados os limites máximos de inclinação,
os desníveis e o número de segmentos.
Quanto aos sanitários, banheiros e vestiários acessíveis, estes
devem obedecer aos parâmetros desta Norma quanto às quantidades mínimas necessárias, localização, dimensões dos boxes, posicionamento e características das peças, acessórios barras de apoio, comandos e características de pisos e desnível. Os espaços, peças e acessórios devem atender aos conceitos de acessibilidade, como as áreas mínimas de circulação, de transferência e de aproximação, alcance manual, empunhadura e ângulo visual [...] (ABNT NBR 9050)
Por fim, o mobiliário urbano deve respeitar os princípios de desenho
universal, de modo que possibilite ao usuário autonomia e segurança no uso,
tenha dimensões e espaços adequados, ser projetado de modo a não se tornar
um obstáculo, estar localizado em uma rota acessível e fora de uma faixa de
circulação livre.
Outra norma a ser observada no projeto é a ABNT NBR 9077, que
disciplina as saídas de emergência nos edifícios. Esta legislação visa
estabelecer condições seguras para que os usuários consigam abandonar o
local em caso de incêndio, tendo preservada sua saúde física, além de facilitar
o acesso externo de auxílio, como o corpo de bombeiros. Compõem as saídas
de emergências os acessos ou rotas de saídas horizontais, as escadas ou
rampas e a descarga, que é a parte que fica entre a escada e o logradouro
público ou área externa. Estas saídas têm as dimensões calculadas de acordo
com a população da edificação, tendo todas as suas proporções estabelecidas
nesta legislação.
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CAPÍTULO 4: CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS
4. 1 INTRODUÇÃO
Nesta parte será apresentado o conceito do projeto e suas principais
diretrizes, notadamente quanto ao aspecto do acolhimento aos animais
abandonados, utilização de materiais e espaços adequados para a finalidade do
projeto e a implementação urbana do entorno do abrigo veterinário.
4. 2 CONCEITO
A proposta tem por base o acolhimento. Esta palavra significa amparar,
refugiar, abrigar. Acolhimento exprime a ideia de aproximação, receber bem algo
ou alguém, de maneira a responsabilizar-se pelo seu bem-estar. É com esta ideia
que o abrigo e clínica veterinária a ser instalado quer acolher aqueles animais
que sofreram situação de abandono ou maus tratos e necessitam ser recebidos
em um novo lar.
Figura 46: Imagem esquemática sobre acolher. Fonte: adaptado pela autora (2017).
Nesse sentido, a forma a ser adotada para o projeto deve ser imaginada
do modo mais aconchegante possível, fazendo se extrair a ideia de que, ao
chegar no ambiente, a pessoa ou o animal se sinta em casa, completamente
integrado ao meio. Exemplo de espaço acolhedor é a Praça de São Pedro, no
Vaticano, onde são realizadas as missas do Papa. Esta praça possui um formato
elíptico, que transmite a ideia de acolhimento, visto que praticamente “abraça”
aqueles que a visitam.
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Figura 47: Praça de São Pedro. Fonte: adaptado pela autora (2017).
Ademais, o abrigo atenderá uma grande função social, pois retirará das
ruas os animais abandonados, diminuindo o impacto desse problema na
população. A localização de implantação do projeto foi estratégica, já que, ao
mesmo tempo em que fica em uma zona pouco residencial, está próxima a um
centro universitário, que pode gerar parcerias relevantes para o abrigo e a
sociedade. Dessa maneira, baseando-se na afetividade, acolhimento e amor
com os animais, o abrigo e clínica veterinária tem a intenção de ajudar os
munícipes e consequentemente os animais vulneráveis de Soledade.
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Figura 48: Esquema parceria universidade e sociedade. Fonte: adaptado pela autora (2017).
4. 3 DIRETRIZES DE ARQUITETURA
- Uso de materiais construtivos e mobiliários que melhor correspondam às
necessidades do abrigo e clínica, trazendo segurança, conforto e aconchego aos
que utilizarem o mesmo;
- Uso de vegetação para isolamento acústico, sombreamento e para tornar mais
agradável os ambientes de trabalho, moradia e lazer;
- Criação de um pátio interno onde os animais vão poder desfrutar de
brincadeiras e integração, tornando o ambiente mais agradável e confortável;
- Manter vegetação existente para tornar o local mais acolhedor para a
população, utilizando-se de estratégias baseadas na forma da Praça de São
Pedro;
- Os acessos dar-se-ão pela Rua Parai Zanar Campos e pela Rua Giocondo
Zanette Primo, sendo a primeira o acesso principal e a segunda utilizada para
serviço e para os estudantes de veterinária integrantes da equipe.
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4. 4 DIRETRIZES URBANÍSTICAS
- Será feito pavimentação da Rua Parai e de passeio público nas Ruas Parai e
Giocondo, já que não possuem, facilitando a circulação de pedestres e veículos;
- Melhoramento da iluminação trazendo ainda mais segurança para os que ali
transitarem à noite;
- Implantação de paradas de ônibus mais próximas do terreno, para facilitar
quem utiliza meios de transporte público;
- Colocação de mobiliário urbano, tais como bancos, bicicletário, lixeiras e
sinalização.
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CAPÍTULO 5: PARTIDO GERAL
5.1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do trabalho será apresentado o partido geral do projeto,
apresentando o respectivo programa de necessidades, além de um
organograma representativo do fluxo e da natureza dos ambientes. Ao final, são
apresentadas propostas de zoneamento e indicada aquela escolhida, que
melhor representa os aspectos descritos no conceito do projeto.
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES
A Tabela 4, a seguir, demonstra a área dos espaços do abrigo e clínica
veterinária, além das dimensões e do mobiliário essencial dos ambientes.
Tabela 4: Programa de Necessidades.
Área Dimensões (em m²) Mobiliário essencial
Recepção 50,95m² Bancada, cadeiras
Salas de Atendimento 12,50m² Bancada, cadeiras, mesa, armários
Copa/ Estar 10,55m² Bancada, pia, eletrodomésticos, mesa, sofá,
cadeira
Sala Administrativo 7,50m² Bancada, cadeiras, armários
Sala de Reuniões 19,10m² Mesa, TV, bancada
Almoxarifado 10,50m² Armários
DML 10,30m² Armários, pia, bancada
Sanitário Feminino 18,95m² Bacias sanitárias, bancada com cubas
Sanitário Masculino 18,95m² Bacias sanitárias, bancada com cubas, mictório
Deposito Lixo 8,50m² Lixeiras
Canis 1 11,90m² -
Canis 2 5,40m² -
Gatis 3,10m² -
Depósito 11m² Armários
Bloco cirúrgico 1 7,50m² Mesa de cirurgia, equipamentos
Bloco cirúrgico 2 8,20m² Mesa de cirurgia, equipamentos
Bloco cirúrgico 3 4,90m² Mesa de cirurgia, equipamentos
Raio X 7,60m² Equipamentos
Eco (ultrassonografia) 7,60m² Equipamentos
Recuperação Gatos 5,35m² -
Recuperação Cães 18,30m² -
Vestiário Masculino 28,20m² Cuba, bancada, banco, chuveiro, bacia sanitária, mictório
Vestiário Feminino 24,20m² Cuba, bancada, banco, chuveiro, bacia sanitária
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Sala esterilização (Apoio) 16m² Pia, bancada, equipamentos
Copa/ Estar funcionários 40m² Sofá, TV, bancada, poltrona, mesa, cadeiras, pia com bancada,
eletrodomésticos
Fonte: autora (2017).
5.3 ORGANOGRAMA/FLUXOGRAMA
Na figura 49, abaixo, está demonstrado o fluxo dos ambientes e qual a
natureza de cada um.
Figura 49: Organograma/Fluxograma. Fonte: autora (2017).
5.4 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO
Foram estudadas três propostas de zoneamento, sendo escolhida a
terceira proposta, demonstrada na Figura 52, abaixo, em razão de ficar melhor
setorizado o espaço, harmonizando-se com o conceito do abrigo e clínica
veterinária.
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CONCLUSÃO
Pelo exposto ao longo deste trabalho, percebe-se que o acolhimento dos
animais em situação de abandono é o parâmetro que deve ser buscado ao ser
realizado um projeto de abrigo e clínica veterinária. Nesse sentido, com essa
obra se buscou apresentar uma possível solução para, ao menos, atenuar o
problema gerado pelos cães e gatos em situação de rua no município de
Soledade. Desta maneira, fica demonstrada a relevância social deste tema,
tendo em vista o bem-estar da cidade e dos munícipes.
Para que seja realizado um trabalho que atenda da melhor forma aos fins
que almeja, foram apresentados alguns estudos de casos exemplares, que
devem servir de referência para a criação do projeto, integrando as concepções
do arquiteto, tendo em vista o alto grau de qualidade e excelência obtidos nos
locais de sua implantação.
Finalmente, observando-se a legislação atinente aos abrigos e clínicas
veterinárias, respeitando a contextualização do local onde será implantado e
considerando o conceito e as diretrizes norteadoras deste projeto, será realizado
este empreendimento do modo mais eficiente possível e suprida a falta deste
tipo de estabelecimento no município onde será inserido.
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