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Faculdade Meridional IMED Escola de Saúde Curso de Psicologia Relatório de Pesquisa Trabalho de Conclusão de Curso COMUNICAÇÃO ACERCA DO DINHEIRO EM CASAIS DE NAMORADOS Mayara Quevedo Ribeiro Passo Fundo 2016

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Faculdade Meridional – IMED

Escola de Saúde

Curso de Psicologia

Relatório de Pesquisa

Trabalho de Conclusão de Curso

COMUNICAÇÃO ACERCA DO DINHEIRO EM CASAIS DE NAMORADOS

Mayara Quevedo Ribeiro

Passo Fundo

2016

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MAYARA QUEVEDO RIBEIRO

COMUNICAÇÃO ACERCA DO DINHEIRO EM CASAIS DE NAMORADOS

Relatório de Pesquisa apresentado pela

Acadêmica de Psicologia Mayara Quevedo

Ribeiro, da Faculdade Meridional – IMED, como

requisito para desenvolver o Trabalho de

Conclusão de Curso, indispensável para a

obtenção de grau de Bacharel em Psicologia.

Orientadora: Prof.ª Dra. Cláudia Mara Bosetto Cenci

Passo Fundo

2016

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MAYARA QUEVEDO RIBEIRO

COMUNICAÇÃO ACERCA DO DINHEIRO EM CASAIS DE NAMORADOS

Relatório de Pesquisa apresentado pela

Acadêmica de Psicologia Mayara Quevedo

Ribeiro, da Faculdade Meridional – IMED, como

requisito para desenvolver o Trabalho de

Conclusão de Curso, indispensável para a

obtenção de grau de Bacharel em Psicologia.

Aprovado em: _____ de ____________________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Prof.a. Mestre Susana Konig Luz

Faculdade Meridional – IMED, Brasil

______________________________________________________

Prof. Doutor Jandir Pauli

Faculdade Meridional – IMED, Brasil

______________________________________________________

Prof.ª Doutora Cláudia Mara Bosetto Cenci

Faculdade Meridional – IMED, Brasil

Passo Fundo

2016

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Resumo

O período do namoro configura-se em um espaço de liberdade relacional, seja entre os

namorados, com suas famílias de origem ou em ambientes sociais. Impõem-se aos namorados

tarefas complexas, outrora presentes só após a conjugalidade. A intimidade presente na

relação exige paciência, flexibilidade, respeito e diálogo sobre diferentes aspectos do

relacionamento, incluindo questões financeiras. Dessa forma, objetivou-se investigar

como ocorre a comunicação acerca do dinheiro durante o namoro a partir de um estudo de

delineamento qualitativo com a utilização de vinhetas clínicas. Para tanto, participaram

da pesquisa cinco casais de namorados, heterossexuais, com idades entre dezoito e vinte e

cinco anos, que trabalhavam e possuíam um relacionamento afetivo com duração de um a

cinco anos. Após a coleta, procedeu-se com a análise de conteúdo. Os resultados encontrados

sugerem que os namorados manejam o dinheiro de forma a evitar a comunicação. Quando o

diálogo ocorre, é disfuncional e não resolutivo.

Palavras-chave: comunicação, dinheiro, namoro

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Abstract

The dating period sets in a relational freedom space is between the lovers with their families

of origin or in social settings. Impose up to Valentine complex, once present only after

conjugality. This intimacy in the relationship requires patience, flexibility, respect and

dialogue on different aspects of the relationship, including financial matters. Thus, this study

aimed to investigate how communication occurs about money during courtship from a

qualitative design study with the use of clinical vignettes. Therefore, in the survey five dating

couples, heterosexual, aged six twenty-five p.m., who worked and had a loving relationship

with duration of one to five years. After collection, it proceeded with the content analysis.

The results suggest that Valentine handle money in order to avoid communication. When the

dialogue takes place, it is dysfunctional and not resolving.

Keywords: communication, money, dating

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Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7

MÉTODO ................................................................................................................................. 12

Delineamento ............................................................................................................................ 12

Participantes .............................................................................................................................. 13

Instrumentos .............................................................................................................................. 13

Procedimentos ........................................................................................................................... 15

Análise de dados ....................................................................................................................... 16

RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................................. 16

Dinheiro: sempre separado. Conversar pra que?......................................................................16

Planejar é maçante: o imediatismo comanda as atitudes..........................................................19

Conversar sério sobre dinheiro? Agora não, só depois do casamento.....................................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 27

APÊNDICES............................................................................................................................. 30

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................................................................... 30

ANEXOS .................................................................................................................................. 31

Parecer consubstanciado de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ................................ 31

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Introdução

Evidenciam-se atualmente mudanças em relação às configurações familiares,

inclusive no período do namoro. Antigamente as relações de namoro eram cautelosas. O

contato íntimo como beijos e abraços demorava em acontecer e demandava da

aprovação familiar. Atualmente, isso ocorre mais rápido e intensamente, sendo que os

namorados vivenciam maior liberdade. É permitido que os mesmos façam viagens e passem

finais de semanas sozinhos. A relação sexual é autorizada pelos pais de forma explicita ou

velada, mas consentida (Xavier, 2015).

Além disso, os namoros atuais tendem a ter uma duração maior, pois não têm como

único fim o casamento e sim o lazer e a busca de companhia. Nesta perspectiva, surgem

namoros marcados pela convivência pública, contínua e duradoura (Xavier, 2015), que

poderá se configurar em união estável (Jales & Lima, 2015).

O dinheiro permeia as relações sociais, familiares, conjugais e o período do namoro.

Está relacionado ao afeto, poder e autonomia, embora possua significados diversos

dependendo do contexto social e do momento de ciclo de vida (Boing, 2012). Zelizer (2009)

refere que os gerenciamentos entre sexo, dinheiro e poder apresentam problemas para as

relações. Isso porque as interações tornam-se mais extensas e ramificadas, exigindo que os

pares negociem economia e intimidade sexual, procurando arranjos que confirmem seu

próprio entendimento do que define a relação e do que a sustenta. Questiona-se o seguinte:

“Quando um casal de namorados se envolve sexualmente um com o outro, como eles devem

gerenciar seus gastos com lazer?” (Zelizer, 2009). Fonseca e Duarte (2014) reforçam a

necessidade de, ainda durante o namoro, dialogar sobre as expectativas que possuem um do

outro com o intuito de aprender a lidar com os conflitos e exercitar a comunicação e o

posicionamento sobre as situações emergentes na relação.

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É essencial reconhecer as configurações da comunicação, uma vez que ela é marcada

por ações retroativas e circularidade repetitiva. Apenas então, se torna possível modificá-las

(Borelli, 2005). Silva e Vandenberghe (2009) afirmam que a conscientização do próprio

comportamento verbal é suficiente para que os casais eliminem comportamentos destrutivos.

Marcondes (2006) enfatiza que o modo de comunicação está mais no cerne das disputas do

que os temas e as opiniões. O que está em jogo é a metacomunicação sobre as relações, isto é,

o poder que, mascarado de discussões sobre pontos de vista diferentes, situa-se no centro dos

conflitos conjugais. Por mais que o dinheiro seja um fator de conflito entre casais, é a forma

como estes se comunicam sobre o dinheiro que irá determinar a existência de um conflito.

Assim sendo, o objetivo desta pesquisa é investigar como ocorre o processo de comunicação

acerca do dinheiro durante o namoro.

Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), desenvolveram a Pragmática da Comunicação

Humana. Este construto encontra-se na base do modelo teórico sistêmico, sendo essencial

para a compreensão da comunicação familiar e conjugal (Portugal & Alberto, 2010).

Definiram cinco axiomas da comunicação: (a) a impossibilidade de não comunicar; (b) o

conteúdo e níveis de relação da comunicação; (c) a pontuação da sequência de eventos; (d)

comunicação digital e analógica e (e) interação simétrica e complementar. Cada axioma

apresenta possíveis patologias (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

No primeiro axioma, a impossibilidade de não comunicar, destaca-se que as pessoas

não podem não se comportar. Tendo em vista que todo o comportamento é acompanhado de

uma mensagem, uma vez que não é possível não se comportar, tampouco se pode não

comunicar. Inatividade ou silêncio também possuem uma mensagem, e quem adota esses

comportamentos está comunicando algo. Dessa maneira, estaremos lidando também com os

comportamentos não-verbais (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). As expressões

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corporais e faciais, a entonação da voz, o olhar, o sorriso e os demais comportamentos não-

verbais traem as pessoas, pois denunciam o que se passa no inconsciente (Marcondes, 2006).

Se uma pessoa não deseja se comunicar, ela possui poucas possibilidades de reação à

tentativa de comunicação. São elas: (a) Rejeição de Comunicação: o sujeito pode verbalizar

que não deseja conversar; (b) Aceitação de Comunicação: o indivíduo aceita conversar, sendo

que ficará cada vez mais difícil interromper o diálogo; (c) Desqualificação da Comunicação:

o indivíduo estabelece uma forma de diálogo que invalida sua própria comunicação ou a do

outro. São exemplos declarações contraditórias, mudanças bruscas de assunto, interpretações

errôneas e frases incompletas; e (e) O Sintoma como Comunicação: a pessoa simula um

sintoma como sono, embriaguez, surdez, ignorância do idioma e demais incapacidades que

impossibilitem a comunicação. O sintoma transmite a mensagem de que o sujeito queria

conversar, mas há algo que ele não controla impedindo-o de fazê-lo. A patologia surge

quando o indivíduo nega que está comunicando, mesmo que sua tentativa de não se

comunicar tenha valor de mensagem (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

O segundo axioma referente ao conteúdo e níveis de relação da comunicação

pressupõe que em uma comunicação é transmitido mais que informações, pois é imposto um

comportamento (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). Borelli (2005) salienta que é linear

pensar que em um processo de comunicação se transmitisse apenas informações. O aspecto

da informação denomina-se relato e transmite um conteúdo, enquanto o aspecto de

comportamento é intitulado ordem e refere-se a como a mensagem deve ser entendida. É uma

comunicação sobre a comunicação (metacomunicação) e é necessária para que o diálogo seja

bem-sucedido. O aspecto de ordem não precisa ser verbalizado, pois pode ser interpretado

por um grito, um sorriso ou outros meios não verbais (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

Os desvios surgem quando ocorrem desacordos quanto à informação ou ambiguidades

de interpretação. O desacordo refere-se à ordem quando discordam da interpretação, e ao

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relato quando discordam da informação. As formas de resolução são diferentes, se o

desacordo ocorre no nível de relato, as partes podem conversar sobre o conteúdo. Já, se

ocorre no nível de ordem, os sujeitos devem conversar sobre sua relação (Watzlawick,

Beavin & Jackson, 1967).

A capacidade dos seres humanos para interpretar as mensagens e para meta comunicar

é indispensável à saúde psíquica (Serra, 2007). É necessário associar a coerência da

mensagem à determinada situação, à forma como é dita e às intenções do locutor para que

seja possível posicionar-se adequadamente (Marcondes, 2006). A interação adequada se dá

quando cada parte consegue registrar o ponto de vista da outra (Watzlawick, Beavin &

Jackson, 1967).

O terceiro axioma descrito por Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), pontuação da

sequência de eventos, explora a interação entre os comunicantes, sendo possível observar

uma série de trocas entre eles, consideradas como uma sequência de estímulo-resposta-

reforço, onde:

Um dado item do comportamento de A é um estímulo na medida em que é

seguido de um item fornecido por B e esse por um outro item fornecido por A.

Mas na medida em que A está comprimido entre os dois itens que foram a

contribuição de B, ele é uma resposta. [...] o item de A é um reforço na medida

em que se segue a um item fornecido por B (Watzlawick, Beavin & Jackson,

1967, p. 50).

A comunicação ocorre em um jogo relacional, estando em permanente construção os

vínculos e estratégias mantidos pelos comunicantes (Borelli, 2005). As pessoas poderão

pontuar a sequência de eventos, deixando claro quem tema iniciativa, o domínio e a

dependência. Porém, nem sempre estarão de acordo quanto à pontuação. O desacordo tem

como consequência o conflito, podendo se perpetuar uma vez que os comunicantes entram

em uma disputa. É de difícil resolução, pois os conceitos de causa (quem começou) e efeito

(quem apenas reagiu) não se aplicam, tendo em vista que a interação é circular. O que está

em jogo são as definições das posições de poder (Marcondes, 2006). O problema será

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resolvido quando os envolvidos investigarem o que ocorreu com a comunicação

(Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

No quarto axioma referente à comunicação digital e analógica, Watzlawick, Beavin e

Jackson (1967) esclarecem que é possível se referir aos objetos por semelhança, como um

desenho, ou pelo seu nome. Quando se usa a semelhança, a comunicação é analógica e

quando se usa o nome, a comunicação torna-se digital.

A comunicação analógica refere-se a toda a comunicação não-verbal. É importante,

pois através dos atos não-verbais o ser humano define a natureza de suas relações. Tem um

caráter ambíguo, podendo ser interpretada de maneiras diferentes. Lágrimas, por exemplo,

podem significar dor ou felicidade. Porém, essa modalidade de comunicação não possui

indicadores que diferenciem quais das duas formas de interpretação deve ser entendida. A

comunicação digital é verbal, e tem como principal função transmitir informações. Ela tem os

indicadores para distinguir ambiguidades, mas falta-lhe um vocabulário adequado para se

referir às relações (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967).

As duas modalidades de comunicação complementam-se, restando ao homem traduzir

as informações de uma para a outra. Aqui surgem as dificuldades, pois além de ser difícil

traduzir, pode haver diferenças de interpretação. Quando há discordância sobre o significado

de um item da comunicação analógica, cada sujeito traduzirá para o digital a sua

interpretação da natureza das relações (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). Os erros

resultam da combinação da interpretação pessoal com o conteúdo da mensagem comunicada

(Portugal & Alberto, 2010). Por exemplo, o comportamento de um dos comunicantes pode

sugerir amor ou ódio, mas é o outro que irá atribuir valor positivo ou negativo, configurando

a origem de conflitos (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). É preciso saber não apenas que

algo foi dito, mas de que forma foi dito (com ironia, advertência, informação, gozação e etc.)

(Marcondes, 2006).

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No quinto axioma, interação simétrica e complementar, são abordados dois modos de

interação. Na interação complementar o comportamento de um complementa o do outro.

Exemplificando: o comportamento apropriado para um indivíduo (A) é o de submissão,

enquanto que o apropriado para o outro (B) é o de autoritarismo. A submissão de A irá

encorajar a afirmação de B. Essa afirmação de B exigirá ainda mais submissão de A. Assim,

os indivíduos ficam presos nesta interação até que um fator externo os detenha (Watzlawick,

Beavin & Jackson, 1967). Na complementariedade ocorrem brigas e reconciliações

contraditórias e não se extrai aprendizagem destas, pois após a reconciliação o ciclo recomeça

(Marcondes, 2006).

Na interação simétrica ocorre o oposto. Tomando o mesmo exemplo: Os dois

membros (A e B) teriam o mesmo comportamento. Se ambos fossem autoritários, B

responderia ao autoritarismo de A com mais autoritarismo, ao qual A responderia com ainda

mais autoritarismo, estabelecendo uma relação competitiva. Se um casal fixa-se na interação

simétrica, ocorre a competitividade e a escalada simétrica, gerando disputas e brigas

(Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). Os conjugues podem adotar tréguas periódicas, mas

duram até que se refaçam para iniciar novamente a escalada (Marcondes, 2006).

Em uma relação saudável as duas modalidades de interação estão presentes,

alternando-se, pois o padrão de interação simétrica estabiliza o padrão de interação

complementar e vice-versa. Os conflitos surgem quando o equilíbrio é desfeito (Watzlawick,

Beavin & Jackson, 1967).

Método

Delineamento

Este trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória. É um método onde o

próprio pesquisador torna-se um instrumento, pois observa ações e contextos, utilizando sua

experiência para interpretar os fatos observados (Stake, 2011).

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Participantes

Conforme a Tabela 1, os participantes da pesquisa consistiram de cinco casais de

namorados, heterossexuais, com idade entre 18 e 25 anos. Todos trabalhavam, residiam com

suas famílias de origem e não possuíam filhos. O tempo de relacionamento foi de 2 a 4 anos.

Tabela 1:

Descrição dos dados da amostra

Nota. Os participantes da pesquisa foram codificados e são apresentados, ao longo do estudo,

apenas pelos seus respectivos códigos.

Instrumentos

Foram utilizados os seguintes instrumentos para a realização da pesquisa:

(a) Questionário de dados sócio demográficos: coletou-se informações como idade,

escolaridade, profissão, estado civil, renda, dentre outras.

(b) Vinhetas Clínicas: Foram criadas três vinhetas, expondo situações relacionadas à

comunicação sobre dinheiro que se impunham aos casais de namorados. As mesmas

avaliavam: (1) custeio de despesas com comemorações, (2) endividamento e conflito de

interesses e (3) gastos com viagem de férias e lazer. Os enunciados foram submetidos a dois

avaliadores com experiência em pesquisa familiar, para possíveis ajustes. Os dilemas finais

foram:

Casais Sujeitos Sexo IdadeTempo de

Relacionamento

Definição da

RelaçãoFilhos Com quem residem Trabalho/Função

M1 Feminino 21 anos 3 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Estagiária

H1 Masculino 25 anos 3 anos Heterossexual Não Pai, madrasta e irmãos Sim / Vendedor Externo

M2 Feminino 18 anos 4 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Jovem Aprendiz

H2 Masculino 18 anos 4 anos Heterossexual Não Pais Sim / Preparador Automotivo

M3 Feminino 18 anos 2 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Estagiária

H3 Masculino 19 anos 2 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Vendedor

M4 Feminino 21 anos 4 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Assistente de Secretaria

H4 Masculino 23 anos 4 anos Heterossexual Não Pais Sim / Gestor Pecuarista

M5 Feminino 20 anos 3 anos Heterossexual Não Pais e irmãos Sim / Estagiária

H5 Masculino 20 anos 3 anos Heterossexual Não Mãe e Avós Sim / Estagiário

Mínimo - - 18 2 - - - -

Média - - 20,3 3,2 - - - -

Máximo - - 25 4 - - - -

C1

C2

C3

C4

C5

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(1) Custeio de despesas com comemorações: “Luana e Fabrício estão namorando há

um ano e onze meses. Ambos possuem renda própria e residem com suas respectivas famílias

de origem. No próximo mês eles completam dois anos de namoro e gostariam de comemorar

tal data de uma forma diferente: pretendem se hospedar por uma noite em um hotel bem

conceituado de sua cidade, o qual também possui um restaurante reconhecido, a fim de que

possam ter um jantar romântico e alguns momentos de intimidade, já que tal comemoração

não seria possível na casa de suas famílias. Também possuem o hábito de trocar presentes

nessas datas. Logo, a comemoração do casal envolverá um investimento financeiro

significativo. Luana e Fabrício, entretanto, ainda não conversaram sobre essa questão.

Nesta situação, como vocês conduziriam o diálogo para viabilizar a comemoração?”.

(2) Endividamento e conflito de interesses: “Adriana e Carlos namoram há três anos.

Os dois trabalham, mas ainda moram na casa de seus pais. Carlos possui algumas dívidas e

encontra-se com seu nome cadastrado no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). O casal

pensa em noivar até o final do ano e possuem planos de poupar para adquirir um

apartamento em construção, onde irão residir após o casamento. Para quitar suas dívidas e

poder comprar o apartamento, Carlos pretende fazer um empréstimo. No entanto, após este

empréstimo, ele ainda deseja trocar de carro. Adriana, não concorda com a compra do

carro, pois quer poupar dinheiro para a aquisição do apartamento. Nesta situação, como

vocês conduziriam o diálogo?”.

(3) Gastos com viagem de férias e lazer: “Luíza e Marcelo namoram há algum tempo.

Ambos possuem uma renda advinda de seu trabalho e residem com suas famílias de origem.

O casal já passou algumas férias juntos. Porém, todas as viagens que fizeram aconteceram

junto de suas famílias, sendo que as despesas com alimentação e lazer foram custeadas pelas

mesmas. Nas férias de verão desse ano, entretanto, ambas as famílias decidiram não viajar.

Luíza e Marcelo resolveram viajar sozinhos enquanto namorados, mas ainda não fizeram as

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combinações necessárias para a viajem. Nesta situação, como vocês conduziriam o

diálogo?”.

Procedimentos

Após autorização do Curso de Psicologia e parecer favorável do Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da IMED, a pesquisadora procurou casais de namorados que obedeciam aos

critérios de inclusão. Tal procura foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior.

Posteriormente, os casais de namorados foram contatados via telefone para agendamento de

um horário para a coleta dos dados. Esses casais indicaram outros que se encaixavam nos

critérios de inclusão, obedecendo à amostragem por acessibilidade e indicação pelo critério

“bola-de-neve”. As coletas de dados foram realizadas na residência dos participantes, no local

de trabalho ou no Serviço de Atendimento Integrado (SINAPSI) da IMED.

No dia do encontro, a pesquisadora se apresentou e explicou os objetivos da pesquisa.

Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em duas

vias. Uma via permaneceu com a pesquisadora e a outra foi entregue aos sujeitos. Foi

ressaltado o sigilo quanto à identidade, e a liberdade para abandonar a participação, se caso

desejassem. Esses direitos foram assegurados através do TCLE, redigido de acordo com a as

Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos (Resolução

n.º 510/2016).

Posteriormente, foi aplicado o questionário de dados sócio demográficos e

apresentadas as vinhetas. Essas últimas foram lidas pela pesquisadora e cada membro do

casal se posicionou sobre como se comunicavam ou se comunicariam diante das situações

expostas. As verbalizações foram gravadas e transcritas para melhor aproveitamento das

informações. Após a transcrição, o arquivo foi deletado. Por fim, foi realizada a análise dos

resultados.

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Análise de dados

O método utilizado para interpretação dos resultados foi a análise de conteúdo

proposta por Bauer (2002). A primeira etapa consistiu da leitura detalhada e repetida do

material transcrito com o objetivo de conhecer integralmente o texto. Posterior a isso,

procedeu-se com a identificação das unidades de sentido contidas em cada uma das frases.

Isto é, conteúdos sobre a comunicação, manejo do dinheiro, negociações entre o casal,

aprendizagens com a família de origem, entre outras. O próximo passo consistiu da

codificação temática das unidades de sentido através da comparação entre as mesmas e da

quantificação dos conteúdos que mais apareceram. Posteriormente, os códigos foram

agrupados em categorias mais amplas que se referem a eixos temáticos definidos a partir do

objetivo da pesquisa. Os conteúdos manifestos sobre as vinhetas clínicas foram interpretados

com base na teoria sistêmica.

Resultados e Discussão

Os resultados são apresentados em três categorias definidas a partir da análise

detalhada de cada vinheta. Após quantificação e agrupamento dos conteúdos mais

emergentes, as categorias finais foram as seguintes: 1) Dinheiro: sempre separado. Conversar

pra que?; 2) Planejar é maçante: o imediatismo comanda as atitudes; e 3) Conversar sério

sobre dinheiro? Agora não, só depois do casamento. Estas são apresentadas na sequência.

Dinheiro: sempre separado. Conversar pra que?

O manejo separado do dinheiro apareceu nos cinco casais de namorados. Este

resultado condiz com a literatura uma vez que a gestão independente do dinheiro ocorre

principalmente em casais jovens. É caracterizada pelo manejo separado dos rendimentos,

sendo que cada um detém o controle sobre o seu dinheiro (Coelho, 2013) e responsabilidade

pelas suas contas, sem acesso à conta do parceiro e sem conta-conjunta (Guimarães, 2007).

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Dentro do padrão de manejo separado do dinheiro, existe uma variedade de

configurações estabelecidas pelos casais. Se um membro do casal possui uma renda menor,

as divisões podem ser adequadas ao ganho. Alguns fazem cálculos exatos, enquanto outros

dividem sem um controle rígido (Guimarães, 2007). A divisão exata foi encontrada apenas no

casal de namorados C3: "H3: Tipo, dá R$20,00, R$10,00 pra cada um.".

Nos casais de namorados C1 e C5 a distribuição é mais flexível, sendo que cada um

contribui com a quantia que pode. Os namorados C2 e C4 também não realizam uma divisão

exata dos gastos. Entretanto, isso ocorre por seguirem o modelo patriarcal de homem

provedor. As namoradas só auxiliam quando a situação financeira dos namorados não

comporta o pagamento completo: "H2: [...]Normalmente é o homem, né. Daí, tipo, fica isso

aí na cabeça. [...] Agora se eu dissesse “Ah, eu não estou muito em condições” e ela tivesse

mais vontade, daí sim. Daí seria uma situação diferente de ter que dividir.".

Quando é necessário o auxílio das namoradas, se impõe o sentimento de

constrangimento aos namorados. O papel de homem como provedor é um modelo imposto e

aceito pelos grupos sociais. Quando as situações do cotidiano entram em conflito com o

modelo de homem a ser seguido, transgredindo os padrões, surge um conflito entre o que é

entendido como certo e o que realmente acontece (Nogueira, 2007). O não desempenho da

obrigação de prover o sustento impõe sentimentos de constrangimento e humilhação

(D’Ávila, 2011). Apesar das mudanças que vêm ocorrendo, esses padrões de funcionamento

ainda possuem força de subjetivação (Nogueira, 2007). Desse modo, os resultados

encontrados condizem com a literatura, pois mesmo que se tenha pesquisado casais jovens,

ainda evidencia-se a influência do modelo patriarcal sobre a conduta das pessoas com relação

ao dinheiro.

As namoradas contribuem para a manutenção desse padrão de funcionamento, pois

aceitam que os namorados arquem com as despesas. M2 usa de estratégias para mascarar

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quando H2 não possui dinheiro e para recompensá-lo quando o namorado não permite que ela

auxilie no pagamento:"M2: [...] eu primeiro já dou o dinheiro pra ele e daí ele chega no

restaurante e paga. Tipo, ele paga entendeu? Ele faz a ação de pagar. [...] às vezes eu coloco

o dinheiro também na mochila dele, às vezes, assim, tipo no final do dia que ele não vai

ver.”. M4 assume uma posição de falta de dinheiro e usa isso como justificativa para permitir

que o namorado pague a maior parte sozinho. Sua situação financeira está no discurso, pois

não condiz com a realidade.

Portanto, evidencia-se a complementariedade entre o casal, tendo em vista que as

namoradas usam estratégias para fazer parecer que os namorados são os detentores do poder

aquisitivo, podendo permanecer com eles. Caso não aceitassem essa posição, os namorados

não conseguiriam se relacionar com mulheres financeiramente independentes, não

submetidas ao modelo patriarcal. Segundo Minuchin, Nichols e Lee (2009) a

complementariedade é caracterizada pelo comportamento de uma pessoa que se vincula ao da

outra, tornando as ações co-determinadas por atos que as reforçam. Uma ação é metade da

interação, sendo que existe uma outra metade que a complementa. A complementariedade

rígida torna as relações inflexíveis, impossibilitando o casal de sair desse modo de interação e

realizar as mudanças necessárias para resolver os conflitos.

Observou-se ainda que os casais de namorados C1 e C2 realizam advertências quando

o companheiro pretende realizar alguma aquisição indevida, mas cada um faz o que quer com

sua renda, independentemente da opinião do outro. Esse comportamento também é

característico do manejo separado das finanças, pois os casais não solicitam permissão para

realizar gastos e não sentem que devem algo para o outro. Não questionam um ao outro sobre

isso, evitando o diálogo sobre o dinheiro (Guimarães, 2007).

Em situações de dívida, os casais C4 e C5 referem que auxiliam um ao outro.

Entretanto, H4 não se sente bem em vista da cultura de homem provedor, desejando

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reembolsar M4. No casal C5, M5 não aceita o auxílio, pois entende que a dívida é sua. Tais

constatações se enquadram na literatura, pois quando necessário os casais auxiliam um ao

outro, mas isso é tratado como um empréstimo e aquele que recebeu o dinheiro sente que está

devendo ao companheiro (Guimarães, 2007).

Independentemente das particularidades adotadas pelos casais de namorados que

manejam o dinheiro separadamente, esta é uma forma de gestão financeira individualista

dentro da parceria, cujo intuito é manter a independência. Esse comportamento ocorre pelos

questionamentos que possuem em relação à durabilidade do relacionamento, ao

comprometimento e as convicções sobre a relação, justificando o manejo individualizado

para evitar perda de investimento financeiro, caso a relação termine (Guimarães, 2007).

Apesar dessa forma de manejar as finanças ser adequada para a fase do namoro, ela impede a

comunicação objetiva sobre o dinheiro. Consequentemente, ela também impede que se

explore as expectativas dos parceiros como prevenção dos conflitos e da insatisfação na

conjugalidade (Fonseca & Duarte, 2014).

Planejar é maçante: o imediatismo comanda as atitudes

Sobre a organização frente às situações de comemoração e lazer, evidenciou-se que os

namorados C1, C4 e C5 não possuem planejamento financeiro, sendo que o mesmo é

realizado poucos dias antes dos programas e estes acabam tendo que ser adiados ou

adequados à renda que sobrou no mês. Não sabem quanto dinheiro precisam ter, assumindo o

risco de gastar mais do que podem e adquirirem uma dívida. Também não conversam sobre

quanto estão dispostos a gastar, surgindo conflitos quando um quer gastar mais e o(a)

parceiro(a) não possui condições.

Conforme Oliveira (2014), o planejamento financeiro envolve controle de despesas,

definição e revisão de metas conjugais e individuais e investimentos. É através do

planejamento que se acumula o patrimônio do indivíduo e de sua futura família. Os casais

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devem realiza-lo a curto, médio e longo prazo, pois apenas assim conseguirão atingir seus

objetivos no decorrer do ciclo vital. Essas combinações devem ser flexíveis e revistas

constantemente, conforme as expectativas e objetivos de cada um.

O planejamento financeiro não é comum nos casais jovens, em vista de sua

imaturidade e da falta de educação financeira. Estes ainda possuem rendas baixas e o desejo

de sair e viajar enquanto não possuem filhos, sendo que o valor a ser investido em lazer é

maior que o salário. Quando não há programação financeira, as pessoas gastam mais do

ganham, resultando em dívidas. A falta de organização também inviabiliza o diálogo sobre

gastos, gerando conflitos. Impõe-se ainda a dependência financeira dos pais, pois os casais

sentem dificuldade em arcar com as despesas sozinhos, impossibilitando a independência e o

aprendizado necessário ao início da vida conjugal (Oliveira, 2014).

O casal de namorados C2 realiza um planejamento baseado no modelo de homem

provedor, pois H2 custeia a maior parte dos gastos. Em situações de conflito de interesses

fica muito bravo e evita a comunicação, caso não consiga controlar a namorada. Entretanto,

não admite ser controlado por ela, adquirindo o que deseja independentemente da opinião de

sua companheira: “H2: [...] na hora de cabeça quente assim eu ia, sei lá... sair e não ia

esperar muito pela opinião [...] eu compraria e daí esperaria pela reação dela qual que seria

também.”.

Tal resultado é corroborado pela literatura, pois, conforme Hart, Mosmann e Falcke

(2016), apesar da mulher estar se tornando independente financeiramente, o homem ainda é o

principal provedor. Ser o provedor o leva a ter maior influência sobre o manejo do dinheiro

do casal sem ser questionado sobre seus gastos, mantendo os tradicionais papéis de gênero.

Isso ocorre porque o dinheiro está associado ao poder e quem o possui acredita ocupar uma

posição superior. As regras do planejamento baseado no modelo patriarcal são rígidas. Regras

rígidas mantêm a homeostase, pois não há possibilidade de flexibilização e diálogo sobre as

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mesmas, nem conflitos decorrentes. Enquanto o casal se cala, se mantém juntos (Wagner,

Tronco & Armani, 2011). Caso dialogassem sobre o modelo seguido, os conflitos camuflados

apareceriam e os namorados poderiam romper a relação.

O casal de namorados C3 foi o único que apresentou planejamento financeiro, pois

guardam a quantia que sobra a cada mês na poupança para viabilizar a compra de um

apartamento. Consequentemente, os gastos com comemorações e lazer são adaptados à

situação financeira, uma vez que já combinaram que a maior parte dos investimentos é

dirigida a poupança. Apesar de manejarem o dinheiro separadamente, consultam um ao outro

quando querem adquirir algo, pois entendem que a aquisição vai ocasionar menos dinheiro

dirigido ao objetivo comum. Encontram-se em um processo de co-construção de uma

conjugalidade flexível e saudável: “M3: Principalmente a partir do momento que a gente

decidiu [...] juntar dinheiro junto, a gente começou a fazer isso. [...] Eu acho melhor assim

[...] porque tem muitos casais que né... escondem.”.

Os objetivos compartilhados pelo casal sobre dinheiro podem promover maior

qualidade conjugal (Hart, Mosmann & Falcke, 2016). O manejo conjunto das finanças

possibilita o diálogo para decidir o que será feito com os recursos, permite a busca conjunta

de soluções para conflitos, proporciona maior satisfação conjugal, coesão e expressão de

afeto (Razera, Cenci & Falcke, 2015). Portanto, o casal C3 já está dando alguns passos em

direção ao manejo conjunto do dinheiro, não protelando essa organização.

Os demais casais de namorados postergam o planejamento financeiro conjunto e os

contratos sobre como manejar o dinheiro para depois do casamento. Falam de forma

hipotética: se a situação ocorresse, tomariam determinada atitude. Não falam sobre como

agem no presente ou como combinaram em agir no futuro, evidenciando a falta de diálogo

sobre o planejamento.

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Em nenhum dos casais estudados é permitido endividar-se. Como apenas os

namorados C3 possuem planejamento financeiro, apenas esses estão organizados sobre como

evitar dívidas e como quitá-las, caso ocorram. O restante, por postergam o planejamento, não

se organizam para evitar dívidas e não sabem como agir quando endividados.

Conforme Vanderlinde e Godoy (2013) o planejamento financeiro é necessário para

um consumo realista. Deve-se estabelecer prioridades e controlar o que se ganha e o que se

gasta. A falta de controle pode levar a situações de endividamento. Muitas vezes, a única

solução encontrada são empréstimos e financiamentos, ocasionando uma problemática maior

em vista das altas taxas de juros. É essencial organizar os gastos antes de uma crise

financeira. Muitas pessoas só percebem a importância do planejamento após já estarem

endividadas. Tal conduta contribui para os conflitos conjugais. Portanto, os casais não

deveriam protelar o planejamento e sim realiza-lo antecipadamente a fim de evitar

endividamentos.

A falta de planejamento e a postergação da organização evita a comunicação sobre o

dinheiro, gerando desarmonias e conflitos (Oliveira, 2014). É importante estabelecer um

diálogo que envolva investimentos, crenças financeiras passadas pela família, os mitos e os

ensinamentos a respeito do amor e do dinheiro (Guimarães, 2007). Zelizer (2009) destaca que

nem todas as combinações funcionam, mas devem ser realizadas a fim de encontrar arranjos

econômicos que corroborem o entendimento de cada parceiro sobre o que define a relação e o

que a sustenta. Também a atualização dos contratos conjugais é importante para se evitar

sobrecarga física, emocional ou financeira que possa gerar sentimentos negativos e

comprometam a qualidade da relação (Tavora, 2009).

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Conversar sério sobre dinheiro? Agora não, só depois do casamento

Sobre a comunicação verificou-se que quando conversam sobre dinheiro, o diálogo

não é adequado e resolutivo. É uma comunicação que impede de fazer as combinações

necessárias sobre como manejar as finanças no presente e no futuro.

Nos casais de namorados C1, C2, C4 e C5 a comunicação é implícita, sendo que vão

falando sobre outras coisas que denotem o que se quer dizer. Os namorados C1 não falam

sobre as dificuldades em organizar suas finanças, apenas comunicam quando estão sem

dinheiro. O casal C2 não dialoga sobre o modelo patriarcal seguido, sobre os sentimentos da

namorada em ser submissa financeiramente e sobre os sentimentos do namorado quando não

consegue ser o provedor. Os namorados C4 e C5 verbalizaram que nunca conversaram sobre

dinheiro, sempre funcionaram automaticamente, sem realizar combinações. “H1: A gente não

tem uma conversa à princípio sobre isso. A gente sabe mais ou menos como o outro está de

dinheiro”.

Conforme Marcondes (2006) a comunicação é implícita quando há uma incapacidade

em aliar a linguagem conotativa à denotativa. A linguagem denotativa é a verbal, refere-se a

algo que foi dito. A linguagem conotativa refere-se a como a informação foi dita, usando a

linguagem não-verbal. As pessoas encontram dificuldade em associar uma frase dita às

intenções claras e escondidas de quem comunicou, sendo que o mais recorrente é uma

comunicação nebulosa, pois as mensagens não são diretas. Portanto, evidencia-se que os

namorados estão mantendo uma comunicação difusa e de difícil interpretação, podendo

ocasionar diversos conflitos.

Também foi possível aferir que a conversação é incongruente em todos os casais de

namorados. A incongruência aparece tanto na condição financeira, pois possuem um discurso

de falta de dinheiro que não corresponde ao valor que recebem, quanto na contradição entre

os membros do casal. Isso ocorre porque estão ambivalentes com relação às finanças, crenças

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e valores. A contradição significa que não dialogam sobre planos para o presente ou futuro.

“M2: Ah, eu acho que a gente ia dividir né?”, “H2: Acho que não”.

Conforme Féres-Carneiro (1997), a comunicação é considerada incongruente quando

um contraria o outro ou quando um comunicante emite diversas mensagens contraditórias

sobre o mesmo tema. A forma como as pessoas se comunicam determina a saúde emocional

dos grupos em que elas estão inseridas, sendo que uma comunicação incongruente é

indicativa de disfuncionalidade. A incongruência também aparece nos namorados C1 e C2

quando um membro realiza uma advertência sobre gastos impulsivos, mas essa advertência

não é respeitada pelo companheiro e o gasto é realizado da mesma forma.

Segundo Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), em uma comunicação se transmitem

informações e se impõe um comportamento. A informação transmitida denomina-se relato,

enquanto o comportamento é reconhecido como ordem e refere-se a como a mensagem deve

ser interpretada. As frases podem ser interpretadas de formas ambíguas. Quando o receptor

interpreta a mensagem de uma forma diferente da intenção do comunicador, significa que os

níveis de relato e ordem não estão se reforçando mutuamente (Mello & Burd, 2007).

Portanto, pode-se afirmar que nos casais de namorados C1 e C2 os níveis de relato e ordem

não se reforçam mutuamente uma vez que chamam a atenção um do outro, mas o

companheiro continua realizando gastos, não interpretando como a informação foi dita (como

advertência). O conteúdo da comunicação é “não gaste”, mas a mensagem relacional

transmitida é “tudo bem se você gastar”.

Outro item avaliado diz respeito à sequência de eventos que, segundo Watzlawick,

Beavin e Jackson (1967), representa a série de trocas entre os sujeitos, sendo possível

observar quem tem a iniciativa, o domínio e a dependência. Os conflitos surgem quando os

indivíduos discordam na pontuação da sequência, iniciando uma relação de disputa.

Observou-se que nos casais de namorados C1 e C2 a sequência de eventos é rígida, pois a

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interação é iniciada predominantemente pelas namoradas, ao passo que nos casais C3, C4 e

C5 a sequência é flexível, sendo permitido que os dois membros iniciem a interação

alternadamente. Nenhum dos casais de namorados participantes apresentou discordância na

pontuação da sequência de eventos.

Evidenciou-se, ainda, que o diálogo é claro nos namorados C1, C3, C4 e C5, sendo

possível compreender as mensagens por eles transmitidas. Apenas os namorados C2 possuem

uma comunicação confusa, pois utilizam de muitas frases incompletas, dificultando o

entendimento das verbalizações: “H2: Porque se não... É que eu... Que daí eu controlo,

porque se não, se eu falo que eu não tenho, eu também não...”.

Para Féres-Carneiro (1997), uma comunicação confusa ocorre quando os

interlocutores fazem uso de frases incompletas, mudanças bruscas de assunto e linguagem

pouco explícita, dificultando a compreensão. Tais comportamentos podem indicar tanto uma

dificuldade de se comunicar, quanto o desejo de não se comunicar, pois, conforme

Watzlawick, Beavin e Jackson (1967), quando uma pessoa deseja evitar o diálogo, uma das

alternativas que ela possui é desqualificar a comunicação, estabelecendo uma forma de se

comunicar que invalide a sua própria comunicação ou a do outro. Um dos exemplos de

desqualificação é o uso de frases incompletas.

Constatou-se também que os namorados C1, C2 e C4 possuem uma interação

complementar. No casal C1 a namorada assume uma posição de porta-voz e o namorado de

introvertido. No casal C2 a namorada assume uma posição de submissão, enquanto H2

assume o papel de provedor. No casal C4 a namorada assume uma posição de miserabilidade

econômica e o namorado de detentor de poder aquisitivo. Dessa forma, o comportamento de

um reforça o do outro, mantendo-os nesse modo de funcionamento. Os casais C3 e C5

interagem ora complementando-se, ora de forma simétrica. A flutuação entre interação

simétrica e complementar é atributo de uma comunicação adequada.

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Na interação complementar o comportamento de um complementa o do outro. Já no

modo de interação simétrica, os dois membros têm o mesmo comportamento, estabelecendo

uma relação competitiva (Watzlawick, Beavin & Jackson, 1967). Conforme (Mello & Burd,

2007) a patologia comunicacional se dá quando os casais ficam estagnados em uma das duas

formas de interação, fazendo surgir a escalada simétrica ou a rigidez complementar. Portanto,

pode-se aferir que os casais C1, C2 e C4 mantém uma forma de interação disfuncional.

Silva e Vandenberghe (2009) destacam que durante o diálogo conjugal os parceiros

interrompem mais um ao outro, ferem mais e são mais rudes. As disfuncionalidades da

comunicação conjugal incluem desviar de um assunto para outro nas discussões, tentar

adivinhar a intenção do parceiro por acreditar que o conhece bem e repetir a mesma briga,

pelos mesmos temas, sem realizar progressos ou solucionar os conflitos. Logo, a dificuldade

não reside no fato de ter conflitos, mas na incapacidade de se comunicar funcionalmente para

resolvê-los.

Considerações Finais

Os resultados encontrados giram em torno da divisão dos rendimentos e manejo

separado do dinheiro pelos casais de namorados. Tal forma de gerenciamento é adequada

para o período do namoro, mas impossibilita a comunicação e a realização de combinações

sobre como desejam manejar o dinheiro no presente e no futuro.

Também se pôde aferir que a maioria dos casais não possui um planejamento

financeiro e não demonstram o desejo de realizá-lo, postergando a sistematização para após o

casamento. Entretanto, esse comportamento pode conduzir a situações de dívida e conflitos,

tendo em vista que evita o diálogo sobre expectativas, definição de prioridades, objetivos

comuns e individuais. Portanto, os casais de namorados manejam o dinheiro de uma forma

que evita o diálogo e favorece o conflito, sendo essa atitude inconsciente, pois não percebem

o padrão de funcionamento que estão mantendo.

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Quando conversam sobre dinheiro, o diálogo é ineficaz, implícito e incongruente.

Ocorrem ambiguidades de interpretação e contradições que dificultam estabelecer uma

comunicação funcional. Assim, os casais de namorados não conseguem se preparar para a

conjugalidade.

A cerca das limitações do estudo, pode-se destacar a dificuldade em encontrar casais

de namorados dispostos a dialogar sobre dinheiro em conjunto. Acredita-se que se a

entrevista fosse realizada separadamente, surgiriam mais conteúdos acerca de conflitos

envolvendo dinheiro, pois se teve a impressão de que os casais tentavam mascarar

desentendimentos. Em vista disso, tem-se como sugestão para estudos futuros entrevistar os

membros do casal separadamente. Também se sugere realizar uma pesquisa com casais

homossexuais a fim de verificar se existe alguma diferença na forma como se comunicam

sobre dinheiro.

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Apêndices

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Anexos

Parecer consubstanciado de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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