4
VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 1 · JANEIRO · FEVEREIRO · MARÇO DE 2012 Um jornal para a classe trabalhadora viguesa Manifestaçom na Greve Geral de 27 de janeiro de 2011 Nasce o Faro Obreiro, um jornal ao serviço das trabalhadoras e trabalhadores da comarca de Vigo, editado pola Assembleia Comarcal de NÓS-Unidade Popular Os meios de comunicaçom nom som neu- trais, nom estám por acima do bem e do mal. Os meios de comunicaçom tenhem dono, servem a uns interesses e informam segundo convém a esses interesses. Nes- te aspeto, o jornal que tés nas maos nom é nengumha exceçom. A grande diferen- ça, o que nos separa definitivamente de outros meios escritos, é que o único que defende o Faro Obreiro som às trabalha- doras e trabalhadores, às mulheres, à ju- ventude, o nosso idioma, à naçom galega e o seu direito à independência. Numha sociedade dividida em classes como a nossa, numha naçom oprimida, defender uns interesses implica irreme- diavelmente enfrentar outros. A impren- sa burguesa colabora dia após dia na opressom que padecemos: criminaliza a quem ousa rebelar-se, normaliza a explo- raçom e a violência do Estado, justifica o imperialismo e silencia qualquer opiniom contrária ao sistema. Além disto, dim ser imparciais, negam o seu caráter partidá- rio, classista. No Faro Obreiro nom temos reparo em reconhecer de que lado da barricada estamos: enfrentados/as aos patrons, a Espanha, ao machismo e ao autoritarismo. O Faro Obreiro nasce neste momento e nesta comarca por pura necessidade. Porque a crise do Capitalismo está a gol- pear-nos com tal brutalidade que já nom vemos mais saída que fazer a revoluçom, porque o Concelho de Vigo está inçado de corruptos e de patéticos títeres dos em- presários, porque está presidido por um neofascista do pior ninho. Ferve-nos o sangue quando vemos ao governo municipal esbanjar o dinheiro pú- blico e subvencionar os empresários en- quanto a vizinhança trabalhadora espera turno no INEM ou mal vive com salários miseráveis. Querem que tenhamos paci- ência, que esperemos tempos melhores, que suportemos qualquer desgraça para que podam continuar a encher as suas contas bancárias; mas para nós é hora de recuperar o que é nosso, para nós é hora de as obreiras e os obreiros tomar- mos o poder e acabar com a ditadura dos patrons. As vizinhas e vizinhos podemos governar Vigo sem intermediários. O Faro Obreiro nasce para ser o altifalan- te dos vigueses e viguesas que nom que- rem aturar mais e que estám dispostas a luitar. Nascemos para luitar, porque com Unidade Popular temos força! Entrevista a Iago Moreno Começam mobilizaçons contra a reforma laboral Voltam subir as tarifas do VITRASA 29 de março: GREVE GERAL! Conversamos com o Responsável Comarcal de NÓS-Unidade Popu- lar sobre a situaçom social e políti- ca na comarca e sobre as perspe- tivas da esquerda independentista. Sindicatos começárom já a se mo- bilizar em resposta à agressiva re- formal laboral que o governo espa- nhol acaba de aprovar seguindo as diretrizes da burguesia. Apesar da preocupante situaçom económica das trabalhadoras e trabalhadores do município, a con- cessionária do transporte público volta aumentar as tarifas. Recolhemos as reivindicaçons por um transporte público e de qualida- de que nom seja um negócio para umha empresa privada. O próximo 29 de março o povo tra- balhador vai responder à ofensiva empresarial contra os direitos labo- rais tomando as ruas. Apesar de ter começado como umha convocatória nacional lança- da pola CIG, o sindicalismo ama- relo espanhol cedeu à pressom popular e convocará a jornada de luita em todo o Estado espanhol. Paremos a reforma laboral! Página 2 Página 3 Página 3 Página 4 COM UNIDADE POPULAR TEMOS FORÇA!

Faro Obreiro nº1

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Vozeiro Comarcal de NÓS-UP em Vigo nº 1

Citation preview

Page 1: Faro Obreiro nº1

VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 1 · JANEIRO · FEVEREIRO · MARÇO DE 2012

Um jornal para a classe trabalhadora viguesa

Manifestaçom na Greve Geral de 27 de janeiro de 2011

Nasce o Faro Obreiro, um jornal ao serviço das trabalhadoras e trabalhadores da comarca de Vigo, editado pola Assembleia Comarcal de NÓS-Unidade PopularOs meios de comunicaçom nom som neu-trais, nom estám por acima do bem e do mal. Os meios de comunicaçom tenhem dono, servem a uns interesses e informam segundo convém a esses interesses. Nes-te aspeto, o jornal que tés nas maos nom é nengumha exceçom. A grande diferen-ça, o que nos separa definitivamente de outros meios escritos, é que o único que defende o Faro Obreiro som às trabalha-doras e trabalhadores, às mulheres, à ju-ventude, o nosso idioma, à naçom galega e o seu direito à independência.

Numha sociedade dividida em classes como a nossa, numha naçom oprimida, defender uns interesses implica irreme-diavelmente enfrentar outros. A impren-sa burguesa colabora dia após dia na opressom que padecemos: criminaliza a quem ousa rebelar-se, normaliza a explo-raçom e a violência do Estado, justifica o

imperialismo e silencia qualquer opiniom contrária ao sistema. Além disto, dim ser imparciais, negam o seu caráter partidá-rio, classista. No Faro Obreiro nom temos reparo em reconhecer de que lado da barricada estamos: enfrentados/as aos patrons, a Espanha, ao machismo e ao autoritarismo.

O Faro Obreiro nasce neste momento e nesta comarca por pura necessidade. Porque a crise do Capitalismo está a gol-pear-nos com tal brutalidade que já nom vemos mais saída que fazer a revoluçom, porque o Concelho de Vigo está inçado de corruptos e de patéticos títeres dos em-presários, porque está presidido por um neofascista do pior ninho.

Ferve-nos o sangue quando vemos ao governo municipal esbanjar o dinheiro pú-blico e subvencionar os empresários en-

quanto a vizinhança trabalhadora espera turno no INEM ou mal vive com salários miseráveis. Querem que tenhamos paci-ência, que esperemos tempos melhores, que suportemos qualquer desgraça para que podam continuar a encher as suas contas bancárias; mas para nós é hora de recuperar o que é nosso, para nós é hora de as obreiras e os obreiros tomar-mos o poder e acabar com a ditadura dos patrons. As vizinhas e vizinhos podemos governar Vigo sem intermediários.

O Faro Obreiro nasce para ser o altifalan-te dos vigueses e viguesas que nom que-rem aturar mais e que estám dispostas a luitar. Nascemos para luitar, porque com Unidade Popular temos força!

Entrevista aIago Moreno

Começam mobilizaçons contra a reforma laboral

Voltam subir as tarifas do VITRASA

29 de março:GREVE GERAL!

Conversamos com o Responsável Comarcal de NÓS-Unidade Popu-lar sobre a situaçom social e políti-ca na comarca e sobre as perspe-tivas da esquerda independentista.

Sindicatos começárom já a se mo-bilizar em resposta à agressiva re-formal laboral que o governo espa-nhol acaba de aprovar seguindo as diretrizes da burguesia.

Apesar da preocupante situaçom económica das trabalhadoras e trabalhadores do município, a con-cessionária do transporte público volta aumentar as tarifas.

Recolhemos as reivindicaçons por um transporte público e de qualida-de que nom seja um negócio para umha empresa privada.

O próximo 29 de março o povo tra-balhador vai responder à ofensiva empresarial contra os direitos labo-rais tomando as ruas.

Apesar de ter começado como umha convocatória nacional lança-da pola CIG, o sindicalismo ama-relo espanhol cedeu à pressom popular e convocará a jornada de luita em todo o Estado espanhol.

Paremos a reforma laboral!

Página 2

Página 3

Página 3

Página 4

COM UNIDADE POPULAR TEMOS FORÇA!

Page 2: Faro Obreiro nº1

ENTREVISTA

Iago Moreno: “A vizinhança deve tomar as decisons diretamente, sem intermediários”O Responsável Comarcal de NÓS-Unidade Popular fala-nos sobre a situaçom so-cial e política na comarca e sobre as perspetivas da esquerda independentista

Conversamos com o Iago Moreno, Responsável Comar-cal da Unidade Popular em Vigo, para conhecer o ponto de vista da esquerda independentista sobre a situaçom económica, social e política da nossa comarca. Além de achegar-nos ao diagnóstico da organizaçom, analisamos as perspetivas futuras para o povo trabalhador e, mui-to especialmente, para a intervençom a escala local dos movimentos populares.

Semelha que o modelo produtivo capitalista está a abalar em todo o planeta. Como está a afetar esta si-tuaçom à vizinhança viguesa?

Vigo é a grande cidade industrial do país. É por isso que sobre o povo trabalhador está a cair todo o peso da crise do sistema, da crise do capitalismo. Traduzido em dados, temos perto de 40.000 desempregados e desemprega-das, que som os níveis mais altos de desemprego da his-tória da nossa cidade. Para quem ainda tem trabalho as cousas nom semelham ir muito melhor. Temos a constan-te ameaça de ERE na CITROËN com catastróficas con-sequências para a indústria auxiliar; a situaçom desespe-rada que atravessa o naval, que está a ser destruído de forma progressiva; temos no resto de setores um proces-so de precarizaçom muito acelerado: despedimentos em POVISA, proliferaçom do trabalho-lixo no telemarketing, etc. Em definitivo, o futuro apresenta-se-nos mui difícil e sabemos que o desemprego e a pobreza vam continuar a medrar.

E entanto governa a cidade o PSOE, com Abel Cabal-lero à cabeça, graças ao apoio do BNG. Que papel está a jogar o Concelho de Vigo neste contexto?

Em Vigo o poder real está repartido entre a Cámara Mu-nicipal e um conjunto de entidades antidemocráticas: Porto, Zona Franca, Nova Galicia Banco e as grandes multinacionais industriais e comerciais. Todas se acham numha permanente luita de poder e competências. Esse conflito que vemos entre forças políticas sistémicas nom é mais do que a expressom institucional desta briga.

O maior problema é que na única dessas entidades na que teoricamente conta a opiniom popular, a Cámara Municipal, as cousas nom funcionam muito melhor. Atu-almente é um autêntico desastre. Caballero governa em minoria mas com um autoritarismo inadmissível. Para explicar qual é a sua política, aí estám os dados. No úl-timo ano gastou 15 milhons de euros em retocar as ruas da cidade e só um milhom em criar postos de trabalho. Continua a privatizar serviços públicos, incrementar ta-xas municipais, fechar museus... e pola contra, nom há nengum projeto para aliviar a grave situaçom económica e laboral que sofre o povo trabalhador em geral e a clas-se obreira em particular. Destinárom-se mais de dous mi-lhons de euros em fazer maquetas de projetos faraónicos e nem um céntimo em política social. A política municipal de Caballero é evidente: governa para os empresários.

As restantes forças políticas estám mais preocupadas das rotas desde Peinador que dos problemas da vizi-nhança. Nom tenhem alternativas. Atualmente nom exis-te nengumha força de esquerda que poda parar-lhe os pés. Mas é necessário e urgente articulá-la.

Falando de alternativas. Quais som as propostas de NÓS-Unidade Popular? Há outro caminho?

De NÓS-UP acreditamos no poder popular. Achamos que só a vizinhança tem legitimidade para tomar deci-sons e deve fazé-lo diretamente, sem intermediários. Apostamos por criar organismos democráticos dirigidos polas trabalhadoras e trabalhadores que decidam sobre as linhas mestras do governo municipal. É hora das polí-ticas sociais em benefício dos setores mais desfavoreci-

dos: jubilad@s, juventude, mulheres, desempregad@s... Nom podemos seguir deixando que empresas privadas se fagam de ouro com os serviços públicos: AQUALIA, VITRASA, FCC, CESPA e demais nom podem ter ganhos astronómicos a costa de exprimir o povo trabalhador. Nós apostamos por municipalizar todos esses serviços, pro-porcionando qualidade, eficácia, trabalho estável e afor-rando-nos os obscenos ganhos anuais dos capitalistas que agora os controlam. Vigo necessita um novo urba-nismo orientado a satisfazer as necessidades do povo e nom a enriquecer construtores e empresários: há que recuperar a ETEA, há que restaurar a Panificadora, há que deixar de construir sem limite e entregar à juventude, mulheres e famílias com rendas baixas os milhares de prédios vazios que temos.

Também necessitamos um novo modelo de transporte, deixar de esbanjar milhons em linhas aéreas inúteis e comboios de alta velocidade para ricos. O que necessita-mos é conetar bairros, paróquias, centros de trabalho, de estudo e de lezer com um transporte público eficiente e a preços acesíveis e razonáveis.

Nós sabemos dos problemas que realmente afetam as viguesas e vigueses porque os padecemos diariamente. E o mais importante: temos propostas para solucioná-los.

Som objetivos ambiciosos. Está o povo de Vigo dis-posto a atender programas tam transformadores como este?

O povo trabalhador viguês carece de referentes e perdeu a confiança na política, e com razom!. Andamos na pro-cura de umha alternativa que solucione os nossos pro-blemas diários, mas com os partidos de sempre nom há nada que fazer. É o momento de que seja o povo quem recupere o poder. Isto nom é algo que tenhamos inventa-do nós. É a nossa gente quem o reclama cada vez mais alto e mais claro. É necessário participar, organizar-se e luitar. Dependerá da capacidade e nível de luita que logremos para dar-lhe a volta à adversa situaçom que atravessamos. NÓS-Unidade Popular está a crescer na nossa comarca porque cada dia mais viguesas e vigue-ses compreendem que se luitamos o futuro é nosso. E a luita já começou!

FARO OBREIRO · Número 1 · Inverno 2012

“Nós sabemos dos problemas que realmente afetam as

viguesas e vigueses porque os padecemos diariamente. E o mais importante: temos

propostas para solucioná-los”

“Há que recuperar a ETEA, há que restaurar a Panificadora,

há que deixar de construir sem limite e entregar à juventude,

mulheres e famílias com rendas baixas os milhares de

prédios vazios que temos”

Page 3: Faro Obreiro nº1

FARO OBREIRO · Número 1 · Inverno 2012

Mais umha vez o naval viguês em luita contra os patrons e a UE

Caballero amplia concessom a Aqualia: seguiremos pagando o cânon

Resposta popular ao ato de exaltaçom do fascismo organizado polo Clube Faro de Vigo

Governo municipal fecha museus porque “nom som rendíveis”

O proletariado do metal viguês volta mo-bilizar-se em defesa dos seus postos de trabalho. Nesta ocasiom o setor acha-se ameaçado pola péssima gestom empre-

sarial e os obstáculos financeiros colo-cados pola Uniom Europeia. O possível feche de Vulcano poderia ser a primeira consequência.

O passado 26 de janeiro a CIG convocou umha manifestaçom multitudinária que percorreu o centro de Vigo. Nos dias an-teriores e posteriores tivérom lugar outras iniciativas obreiras neste sentido, mas o conflito semelha estar ainda longe de se solucionar. Por este motivo esperamos novos chamados para defender este setor produtivo fundamental para e economia viguesa.

O alcaide de Vigo, Abel Caballero, am-pliou o contrato do cânon da água com a empresa Aqualia até o ano 2020, quando o atual contrato rematava em 2015. Este novo contrato (inecessário, já que ainda restavam mais de três anos para a finali-zaçom do mesmo), provocará um aumen-to das tarifas que paga o povo trabalhador viguês, convertendo Vigo na cidade com a água mais cara do país. Sem concurso público, sem oferecer cifras reais da ope-raçom, atuando de maneira extraordinária e dando as costas à situaçom económica da vizinhança. Mais umha vez, Caballero atua em benefício dos seus próprios in-teresses.

O passado 16 de janeiro o Clube Faro de Vigo organizou um ato de exaltaçom da figura de Francisco Franco através da sua pretensa “face humana”. A palestra corria a cargo de Francis Franco, neto do ditador fascista.

NÓS-Unidade Popular, entre outros co-

letivos, chamou a responder semelhante provocaçom e mostrar o rechaço do povo trabalhador viguês aos representantes do franquismo que fam apologia da barbárie e do genocídio com total impunidade.

Um grupo de ativistas de esquerda que se atopava na sala conseguiu, ao berro de

“Fascistas Fora!”, impedir a normalidade inicial do ato. Imediatamente alguns deles, entre os que se encontravam conhecidos militantes da memória histórica, ocupárom a mesa para mostrar a indignaçom e a rai-va que semelhante insulto provoca neste povo que deitou rios de sangue a maos de Franco e os seus carrascos.

Arquivo Pacheco e Museu Liste fechados, Museu do Mar, de Castrelos e o próprio MARCO em perigo, porque segundo o go-verno municipal nom som rendíveis.

Os nossos gestores, num desvergonhado alarde de ignorância, confundem a nossa cultura e o acesso ao nosso património coletivo com os seus negócios particula-res.

Voltam subir as tarifas do transporte urbano

Um euro com vinte e dous cêntimos é o novo preço do bilhete ordinário do auto-carro urbano. Num contexto de crise e cada vez maiores dificuldades económi-cas para a populaçom viguesa, o Conce-lho volta permitir umha suba do preço do transporte público para benefício exclusi-vo de VITRASA.

Nom é a única medida para entregar o dinheiro das viguesas e vigueses a esta empresa, o Concelho paga três cêntimos de euro à concessionária por cada bilhete vendido.

Após mais de 40 anos, VITRASA continu-ará a amassar umha fortuna paga direta-mente polas trabalhadoras e os trabalha-dores de Vigo.

Mas as consequências sobre o peto da vizinhança nom som as únicas. Medidas como esta, unidas à péssima qualidade do serviço, provocam que as proprietárias de carros particulares nem pensem em utilizar o autocarro.

Cada vez som mais os setores que re-clamam alternativas urgentes para que o

transporte público poda ser utilizado satis-fatoriamente pola vizinhança.

Em primeiro lugar, deixando de dilapidar o dinheiro para alimentar contas bancárias dos empresários, portanto cancelando a concessom a VITRASA e municipalizando o serviço. Tal e como manifestava NÓS--Unidade Popular num comunicado recen-te: “O transporte coletivo nom pode dar lucros a ninguém, porque tem de ser um serviço público, nom um negócio”.

Em segundo lugar, há que estender as ajudas que hoje existem para reformadas/os e estudantes; também para as desem-pregadas e desempregados devem ter preços reduzidos. Torna-se necessário um plano integral a longo prazo para fa-vorecer a circulaçom do transporte coleti-vo urbano frente ao transporte particular, para permitir um deslocamento fluído e rápido. Há que melhorar a qualidade do serviço incorporando novas linhas que conetem bairros e paróquias, nom só o centro como na atualidade, aumentando a frequência das linhas e os reforços pon-tuais.

Page 4: Faro Obreiro nº1

Apontamentos ante a Greve GeralTELMO VARELAPreso político galego recluído na prisom de Topas

// Vozeiro da Assembleia Comarcal de Vigo de NÓS-Unidade Popular // Correio eletrónico: [email protected]ório Espino 55, rés-do-chao // Telefone: 637 18 78 51 // Encerramento da ediçom: 5 de março de 2011 // Distribuiçom gratuitaFARO OBREIRO e NÓS-Unidade Popular nom partilham necessariamente a opiniom dos artigos assinados // Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos

As greves som necessárias. Umha escola onde as mas-sas tomam consciência social e política, onde se formam e iniciam no combate, pois no fragor da luita saem os líderes naturais da classe obreira.

Numha greve, a classe operária aprende mais que em dez anos de normalidade laboral e “democrática”. Aos revolucionários as greves servem-nos para olhar que mulheres e homens destacam, já que nom nos vale o pomposo sobrenome que se dam a si mesmos alguns reformistas e oportunistas, mas os julgamos polos seus atos e polo seu comportamento no transcurso da luita.

Partindo de que as greves som necessárias, se à frente delas nom existe umha organizaçom forte, com experiên-cia na luita política em qualquer situaçom, baseada em princípios firmes e aplicando umha tática revolucionária, a greve nunca vai acadar os objetivos marcados.

Umha greve espontânea ou umha greve convocada polos reformistas nom persegue mais que mostrar o descon-tentamento geralizado. No primeiro caso estamos ante umha demonstraçom de força, no segundo, ante umha intençom de conseguir maiores benefícios do sistema. Como os revolucionários ainda nom temos capacidade para convocar umha greve ( todo se andará), temos que aproveitar as greves dos social-oportunistas para, den-tro das nossas possibilidades, outorgar-lhe um espírito combativo e elevar o movimento espontâneo a um ní-vel superior de resistência. Para os revolucionários nom deve de consistir em seguir arrastando-nos nas últimas posiçons do movimento, a experiência tem demonstrado avondo que é inútil. O nosso labor deve estar encami-nhado a contatar com as pessoas mais destacadas para sair organicamente mais fortalecidos de cada umha das greves, com umha estratégia e umha tática acorde com a realidade.

Quanto mais medra a luita espontânea das massas, quanto mais amplo se fai o movimento, maiores som as nossas possibilidades de crescer, de organizar as mas-sas e de estender com rapidez a consciência política. Eu penso que na próxima greve a nossa tarefa fundamental deve consistir em empreender um intenso labor de edu-caçom política para a classe obreira, para desenvolver a sua consciência. Fazer-lhes compreender que a luita política é a mais eficaz para defender os seus interesses.

O objetivo deve ser criar consciência socialista na classe obreira e organizá-la arredor dum programa revolucioná-rio.

A minha experiência nas greves di-me que há que mar-car-se um objetivo claro e assumptível pola maioria. Elaborar um plano detalhado de mobilizaçons que seja aprovado nas assembleias polas trabalhadoras e traba-lhadores; criar comissons que se encarreguem da propa-ganda e agitaçom; comissons que organizem piquetes, mobilizaçons e açons para realizar; comissons para dar apoio e solidariedade e organizar caixas de resistência, etc. Só assim, numha luita independente e à margem da burguesia e das suas organizaçons satélites (CCOO, UGT… ) poderemos ter visos de êxito e avançar polo ca-minho correto.

Numha greve revolucionária, dirigida corretamente, ain-da que nom se alcancem os objetivos plantejados num princípio, as trabalhadoras e os trabalhadores saem for-talecidos moral e politicamente. Porque no transcurso da luita pudérom olhar que com decisom e um plano de mo-bilizaçons podemos pôr o Estado contra a parede, ape-sar de toda a sua maquinaria repressiva. E este facto da fôlegos, ánimos e confiança nas nossas próprias forças e na capacidade mobilizadora e de luita do nosso povo.

É um passo mui importante na consciência e na organi-zaçom dos e das trabalhadoras/es, além da experiência acumulada em cada um/ha delas/es que nos vale para vindouras greves.

De todas as greves nas que participei destacaria a do Se-tembro Vermelho do 72 e a do naval do ano 76. Setembro Vermelho foi a greve geral mais importante na história da Galiza. Vigo e a sua comarca ficou completamente paralisada durante 15 dias em solidariedade e apoio aos obreiros despedidos da Citroën. Umha luita polo convé-nio (na qual há despedimentos) numha soa empresa, converteu-se numha greve geral de 15 dias. Por primeira vez implementam-se táticas de guerrilha urbana; vários grupos, entre 50 e 60 pessoas, coordenados entre si “sal-tavam” simultaneamente em diferentes pontos da cidade, deixando em xeque à polícia e dando a sensaçom, por momentos, de que Vigo era umha cidade libertada nas maos da classe obreira. As experiências dos anos 72 e 76 estám de plena atualidade, válidas e necessárias para hoje em día, para avançarmos numha correta acumula-çom de forças revolucionárias. Temos que voltar àquelas experiências de assembleias abertas e participativas, co-missons formadas por obreiras e obreiros que organizem as mobilicaçons, os piquetes, as açons e, em definitiva, o combate.

29 de março:

GREVE GERAL!