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FASE 3 - Prólogo

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Prólogo da Fase 3 ou F3 - Prólogo

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Page 1: FASE 3 - Prólogo

 

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Page 2: FASE 3 - Prólogo

 

Enquanto a menina tinha uma personalidade forte, alegre, sociável, e orgulhosa – um tanto mimada também, culpa do pai – Gabriel se mostrava mais frágil – sua saúde sempre foi motivo de cuidados recorrentes -,manhoso e tímido. Não fazia amizades, tinha medo de tudo, e se mostrava muito dependente de você. Também não gostava de tomar banho, ou de se quer de se molhar. Havia também uma certa estranheza entre ele e o pai, mas o menino, curiosamente, agia por instinto, enquanto David agia por precaução.

Mas o vampiro tentava ser o mais justo possível, embora ficasse evidente sua preferencia por Júlia. A mão dele era mais leve quando se tratava da menina, e você tinha dúvidas sobre os sentimentos reais que ele pudesse ter pelo filho.

Afora esses detalhes de família, tentavam criar as crianças da melhor forma possível. Obviamente, os pequenos, agora com seis anos de idade, percebiam que você e David não eram como a ‘mamãe’ e o ‘papai’ das outras crianças. Vocês não ‘comiam’, não trabalhavam, não tinham calor corporal... No máximo, simulavam que dormiam durante a noite, caso contrário, os dois se recusavam a se deitar no horário certo. Mas assim que pegavam no sono, vocês se levantavam da cama, e se ocupavam com outras coisas. Mas vez ou outra ainda eram surpreendidos por Gabriel, chorando por causa de alguma coisa.

Como ainda eram muito novinhos, e apesar de saberem que as crianças aceitariam mais facilmente a verdade se acostumadas desde cedo, vocês, como pais, apenas explicavam que mamãe e papai ‘trabalhavam’ em casa – o que não era mentira, de certa forma, devido a quantidade de afazeres domésticos – e que a mamãe, o papai e a ‘titia’ Alice tinham pego, os três, um ‘dodói’ que os deixava resfriados e com frio, e que por isso tinham que beber uma ‘sopa especial’ – e claro, nunca na frente deles. E quando os dois escutavam a palavra ‘sopa’, faziam um ‘eeecaaa’ e uma cara de nojo e paravam de perguntar.

A parte boa dessa estória era que Júlia e Gabriel nunca andavam descalços, com medo de pegar o tal resfriado da sopa.

_Não vai ser fácil contar quando eles já puderem entender... – o vampiro sempre se preocupava.

Mas você e David sempre se sentavam à mesa e observavam os dois comerem, como forma de educá-los.

Page 3: FASE 3 - Prólogo

 

fÉuÜx ]ØÄ|tAAA

Você entrou no banheiro da suíte e encontrou Júlia, escondida atrás da porta, borrada com as suas maquiagens – aquelas caras.

De algum jeito inexplicável Júlia nunca era surpreendida enquanto fazia as suas artes. Ela sempre sabia quando você, David ou Alice estavam por perto, corria e se escondia antes de ser pega.

_O que você está fazendo, menina? – você gritou com ela.

Assustada, Júlia abriu um berreiro.

_Aaahhh!!! Não me bate!!!

Você olhava para o seu blush caro, para seu pó compacto caro, para o baton e para o estojo de sombras caríssimos e importados, todos borrados na cara dela, e até na cara das bonecas. Tudo, completamente destruído. Era a segunda vez que isso acontecia e Júlia já estava avisada. Até mesmo seu perfume francês tinham entrado na dança...

_Olha só para isso! – você gritou com ela e agarrou-a pela orelha.

_Não me bate, não me bate, mãe!!! – ela já chorava como se tivesse tomado a pior surra do mundo.

_Eu não vou te bater! Eu só vou esquentar a sua BUNDA! Eu te disse, para não mexer nas minhas coisas, NÃO DISSE?

Foram algumas poucas palmadas e ela gritou como se estivesse sendo espancada. Depois você a pôs de castigo no quarto.

_Não quero ficar de castigo!!!

_Você vai ficar de castigo até eu cansar de te ver aí! E ai de você se passar dessa porta!

Quando os punha de castigo, você deixava a porta do quarto aberta, para vigiá-los.

_NÃO QUEEEEROOOO!!!!

Page 4: FASE 3 - Prólogo

 

_Não me interessa se você QUER ou NÃO!!! – e você pegou o irmão pelo braço, tirando-o do cômodo - E vem pra cá, Gabriel!

Os dois dormiam juntos no mesmo quarto. Você tirou Gabriel de lá para deixar Júlia sozinha. O pôs na sala e ligou a televisão.

_Fica aqui vendo desenho, tá bom, meu amor?

Você o beijou, e ele ficou ali quietinho. Gabriel não dava tanto trabalho quanto Júlia. Ela era terrível...

Estava sozinha com as crianças em casa. Alice tinha ido para a ioga, e David tinha ido fazer um seguro novo para o carro. Ele voltaria logo.

Fez o café da tarde, já passavam das quatro e meia. Achocolatado e pãozinho pullmam com requeijão para aguentarem até o jantar. Levou para Gabriel na sala e o mandou comer tudo. Quietinho, ele obedeceu. Levou também para Júlia no quarto e pôs sobre a mesinha.

_Come.

_Eu não quero leite!!! Eu quero danone!!! – ela ainda chorava por causa do castigo. Estava difícil educa-la por causa dos mimos do pai.

_Você não vai comer danone. Vai tomar o seu leite e comer o pão. E daqui a pouco eu volto para ver!

Você saiu de volta para a cozinha.

_Eu vou contar tudo pro meu pai!!! – você ouviu Júlia gritar do quarto.

_Pode contar! – você respondeu e foi cuidar do jantar.

Quinze minutos e você voltou ao quarto para pegar o copo. Júlia não tinha tocado na comida.

_Você não vai comer?

_NÃO VOU, EU QUERO DANONE!

_Problema seu então, vai ficar com fome até a hora do jantar. E NÃO VAI COMER DANONE HOJE!!!

_Aahhh!!! SUA BOBA!!!

Page 5: FASE 3 - Prólogo

 

Você deixou o achocolatado e o pãozinho ali, deu as costas e saiu. Ela continuou fazendo escândalo.

Passou pela sala, Gabriel ainda mastigava o pão dele. Comia tão devagar que o leite já tinha gelado.

_Você não quer mais, filhote?

Ele apenas balançou a cabeça, confirmando um ‘não’.

_Então dá aqui pra mamãe...

Você retirou o lanche dele e voltou para a cozinha. Nesse meio tempo, Andrei chegou do serviço.

_E aí, tudo beleza?

Júlia escutou o abrir da porta e começou a gritar pelo rapaz.

_TIO ANDREI!!!!

Você só olhou para ele.

_Se você for lá... – o ameaçou.

_Ei, calma, é só uma garotinha teimosa...

_TEIMOSA E MAL EDUCADA! Culpa do senhor David isto sim! – você já estava irritada.

Andrei só foi vê-la, mas não entrou no quarto.

_Se você não parar de chorar, sua mãe não vai tirá-la do castigo! – ele disse a ela. Mas a menina berrava mais e mais. Então, ele desistiu.

_Tem café?

_Pega uma xícara e se vira...

Dez minutos depois, David chegou. Aí foi a hora do show...

_PAAAIII!!!

_O que está acontecendo por aqui? – o vampiro perguntou.

_Ela está de castigo porque aprontou e fez malcriação! – você foi seca – E NÃO quero que você a tire de lá!

Page 6: FASE 3 - Prólogo

 

_Ei, calma! Eu acabei de chegar... Só vou vê-la.

Você pôs a carne para descongelar e foi lavar os

legumes. Cinco minutos, e você e Andrei não escutavam mais o choro da menina.

_David deu um jeito nela... – o rapaz comentou.

_É... eu já tô até imaginado o jeito que ele deu!

Você saiu em direção à sala. David estava no sofá, com Júlia no colo. Gabriel estava deitado no chão sobre o tapete, em cima do almofadão. Parecia meio jururu.

_Ela está de CASTIGO, David! – você brigou com o vampiro. Júlia se agarrava nele, e olhava com medo de você.

_Nós já conversamos, ela não vai fazer de novo! – e ele acariciou a cabeça dela – Não é? Fala pra mamãe que você não vai fazer de novo...

Você olhou com raiva para David. Ele sempre livrava a menina dos castigos. Júlia falou baixinho, soluçando.

_Não vou fazer de novo...

O vampiro olhou para ela e continuou:

_Não é só isso...

Ela olhou para você, com um tanto de ódio no olhar, e terminou:

_Desculpa, mamãe...

Você só não levou a situação adiante porque se preocupou com Gabriel. Agachou-se até o garoto para sentir-lhe a temperatura, mas ele não estava com febre.

_Sai do chão, sai filho...

Você o fez se deitar no sofá.

_Você tá sentindo alguma coisa, meu amor?

_Tô cansado...

_Se sentir alguma coisa, fala pra mamãe, está bem?

Page 7: FASE 3 - Prólogo

 

Ele fez um sim com a cabeça, e você voltou para a cozinha.

_Ele aliviou o lado dela? - Andrei perguntou como se fizesse uma afirmação.

_Foi. Depois me entendo com ele! – você voltou ao jantar – David me paga!

fÉuÜx ZtuÜ|xÄAAA

Você sempre mandava os dois comerem toda a comida, principalmente os legumes. Eles faziam caretas, mas comiam por causa da sobremesa.

Mas hoje Gabriel comeu só um pouquinho.

_Eu tô cansado... – ele resmungou baixinho.

_Tá cansado até pra comer, rapaz? – Andrei brincou com ele.

David não estava na cozinha.

_Tô... – o menino respondeu. Estava mesmo jururu.

Júlia comeu feito uma draga. Empurrou todos os legumes para dentro, e os engoliu sem mastigar. Depois que terminou, mostrou o prato limpo:

_Olha, mãe, eu comi tudo! – ela deu um sorriso interesseiro.

Você tirou o prato dela, e o de Gabriel também. Abriu a geladeira e pegou a sobremesa. Pôs um danone para Gabriel, e uma banana para Júlia.

_Eu não quero BANANAAA!!! – ela começou a chorar – Eu quero DANONEEE!!!

_Você está de castigo, NÃO vai comer danone hoje!

_PAAAIIII!!!!

_Melhor eu vazar AGORA! – Andrei pegou uma maçã, e caiu fora - Boa briga! – e saiu rindo.

Page 8: FASE 3 - Prólogo

 

Não demorou e David apareceu para ver a confusão.

_O que está acontecendo aqui?

_Eu não quero bananaaaa... – Júlia choramingava.

David olhou para Gabriel se deliciando com o danone.

_Os dois para o quarto, JÁ!!!

As crianças obedeceram. Gabriel foi tomando o doce da

discórdia.

_Por que está fazendo isto? – o vampiro cobrou de você.

_Porque Júlia está de castigo e porque você TIROU a minha autoridade sobre ela hoje de tarde!

_Você exagera! – ele jogou os braços para o alto – Vai judiar da menina por causa de meia dúzia de pinturas?

_A questão não é essa! A questão é a falta de obediência dela! E isso graças a você!

_Então que desse BANANA para os dois!

_É Júlia que precisa do castigo, não Gabriel!

_Quer saber? NÃO vou ficar aqui discutindo com você, isso nunca resolve nada!

E David saiu da cozinha. Logo em seguida, Alice chegou da rua.

_Olá! – ela olhou para seu nervosismo – Algum problema?

_Pode fazer um favor pra mim, Alice? Pode dar banho nas crianças pra mim?

Os dois já tomavam banho sozinhos, mas alguém precisava ficar vigiando, e depois dar uma ‘geral’ e acabar o serviço.

_Claro!

E ela foi ver os pequenos.

Você foi atrás do vampiro. Ele estava no quarto.

Page 9: FASE 3 - Prólogo

 

_Sabe qual é o problema? – você disse a ele – Júlia

sempre sabe que você vai amenizar a situação! E eu estou cansada disso, CANSADA, David!

_Você exagera! Ela é só uma criança!

_E eu estou tentando EDUCÁ-LA! Se não vai me ajudar, então, não ATRABALHE!

_Eu vou ATRAPALHAR todas as vezes que você for excessivamente dura com ela! Não vou permitir que você a MALTRATE!

_Agora quem está EXAGERANDO é você! Não estou maltratando a minha filha!

_Então esta conversa se encerra aqui!

Depois de tudo que passaram em Paraty, você e o vampiro nunca mais brigaram por questões como ciúmes, insegurança ou rancor. Já tinham acertado as coisas, e se davam muito bem. O único ponto de discórdia entre os dois era a educação das crianças. David não se importava muito com o modo que você criava Gabriel, no máximo, ajudava com seus pedidos. Mas quando se travava de repreender Júlia, ele virava o bicho, e com você. O vampiro tinha um instinto de proteção muito grande com a filha.

_David foi muito maltratado pela mãe... Acho que quando ele vê você brigando com a Júlia, isso o perturba! – Alice teorizava.

Você até admitia que brigava mais com Júlia do que com Gabriel. Mas ela era mais arteira, e esse era o real motivo.

_Está bem, David! - você achou melhor encerrar a conversa. Deu as costas e foi saindo do quarto – Mas não reclame amanhã quando ela cuspir na sua cara!

Fora do quarto, viu Alice saindo com Júlia do banheiro.

_Gabriel não quis tomar banho... – a vampira disse – Ele me parece meio doentinho!

Você foi vê-lo. Estava deitado na caminha dele. Continuava sem febre...

_Vamos tomar banho, meu amor?

Page 10: FASE 3 - Prólogo

 

Você o pegou no colo. Ele já estava muito pesado para

isso, mas o jeito sonolento dele a incentivou a mimá-lo um pouquinho. Júlia já tinha mimos o tempo todo mesmo...

_Não quero tomar banho...

_Mamãe vai preparar um banho gostoso pra você...

Encheu a banheira e colocou bastante espuma para incentivá-lo a entrar. Tirou a roupa dele, mas Gabriel começou a se agarrar a você, choramingando. Não queria entrar. Toda vez era um drama para dar banho no garoto...

_O que foi?

_Eu não quero... – ele esfregou os olhinhos azuis com a mão. Estava pálido.

Você tentou coloca-lo na banheira, mas ele gritou de medo. Então, tentou coloca-lo debaixo do chuveiro, e ele continuou chorando.

_O que você tem, meu bem?

_Eu não quero... – chorava.

_Não tem do que ter medo... - você foi lavando-o – Por que você está tão cansado?

O corpinho dele estava molenga, e Gabriel fechava os olhinhos e abria a boca, sonolento.

_Não sei...

Você lavou o rostinho dele. Com os cabelos molhados e os cílios enormes, os olhos sobressaíam ainda mais.

Ele olhava para você. Depois que o lavou, o enrolou na toalha e levou para o quarto. Trocou-o e depois se deitou um pouquinho com ele.

_O que foi, meu bem? – você acariciou os cabelos ruivos e molhados do garotinho – Fala pra mamãe!

Ele apenas se agarrou ao seu corpo, e se aninhou no seu peito. Você se lembrou do dia em que ele nasceu, e de como quase morreu. Era tão frágil... Achava que ele tinha emagrecido um pouquinho.

_Mamãe, agora nós vamos fazer amor?

Page 11: FASE 3 - Prólogo

 

Você gelou com a pergunta. Não acreditava no que seu

filho acabara de dizer. Ele era muito pequeno para usar tal jargão. Ficou apreensiva, mas tentou relaxar achando que a maldade da ideia estava na sua cabeça, e não na dele. Perguntou:

_O que você quer dizer com ‘fazer amor’, meu bem?

_Eu vou colocar o meu pipi dentro da sua xaninha, mamãe!

Você tentou permanecer natural, para não alarmá-lo, mas foi difícil se conter.

_Não. – você respondeu, tentando manter o tom natural da sua voz – Isso a mamãe só faz com o papai. Quem ensinou isso a você?

_O papai.

Seu sangue gelado ferveu. Depois que Gabriel pegou no sono, você foi tirar

satisfações. Chegou até David e o cobrou. Estava nervosa e queria toda a estória a limpo.

_Ele perguntou, e eu só tentei explicar de um jeito que ele entendesse... – o vampiro deu de ombros – Não é isso que está escrito naquele livro que você comprou sobre ‘como educar os seus filhos’? Não mentir para as crianças? – ele explicou um pouco sem graça.

_Não precisava ter sido tão detalhista!

_Ele me fez uma série de perguntas... Não sei de onde ele tirou essa curiosidade e nem de onde ele teve essa ideia! Eu acho que você os deixa assistir televisão demais! – e ele mudou o tom da voz para o de vítima – Mas como você acha que eu me meto demais na educação dos NOSSOS filhos...

Você ficou preocupada.

_Crianças são bisbilhoteiras por natureza. E se você ficar dando muita importância a isso, ele vai perceber! – Alice comentou – Não é nada mais que curiosidade infantil, relaxa...

_É que às vezes eu penso... – você até se conteve em dizer o nome - ...eu penso em ‘você sabe quem’!

Page 12: FASE 3 - Prólogo

 

_Eu até me esqueço desse assunto, não acho que é uma ameaça. Sinceramente, nem vejo mais vestígio algum, acho que está adormecido para sempre, quem sabe ele não siga daqui pra frente como uma pessoa normal? Esqueça isso...

Perto das onze horas da noite, Gabriel acordou e veio deitar-se no seu colo.

_Mamãe, eu estou me sentindo cansado...

E desmaiou.

***

Saíram correndo com ele para o hospital. O médico achou melhor interná-lo.

_Fizemos um exame rápido, vou pedir exames auxiliares, mais tudo indica que Gabriel é diabético.

_Di-diabético? – você se assustou com a notícia.

_Ele teve uma crise por causa da hiperglicemia, ou seja, excesso de açúcar no sangue. O organismo não produz a insulina que processa a absorção de glicose – ou açúcar – pelo corpo. Os rins não conseguem dar conta da intoxicação pelo açúcar, o organismo entra em colapso. A senhora notou se ele foi ao banheiro várias vezes para urinar?

_É... ele ia algumas vezes... Quer dizer, muitas vezes, mas não achei que isso pudesse... São crianças, ficam mexendo no filtro e tomando água até sem vontade, e toda hora!

_Tudo bem, amor... – David abraçou você – Não tinha como você saber!

_A diabetes é uma doença silenciosa, dificilmente é descoberta antes da primeira crise aparecer. Urinar diversas vezes e sentir muita sede são sintomas que a denunciam. A fadiga também. Nós demos insulina ao seu filho, logo ele vai melhorar. Mas vou pedir os exames...

Você e David ficaram no hospital com o pequeno.

_Diabetes? Por que TUDO acontece com o meu filho?

O vampiro preferiu não responder a sua pergunta. Ao invés disso, preferiu dizer algumas palavras inúteis de consolo:

Page 13: FASE 3 - Prólogo

 

_Ele vai ficar bem, não se preocupe!

Foram feitos diversos exames e diagnosticaram a doença: diabetes tipo 1. A pior de todas.

_Existem dois tipos de diabetes. A tipo 2 acontece por uma deficiência na absorção de insulina pelo corpo. Ela é produzida, mas as células não conseguem utilizá-la. É o caso de pessoas que têm problemas quando comem muito açúcar. A do tipo 1 é causada quando o organismo não produz a insulina, porque as células produtoras desse hormônio são atacadas e destruídas por anticorpos do próprio organismo. Trata-se de uma doença autoimune. Nesse caso, é necessária a aplicação do hormônio no corpo - o médico explicou – O Gabriel vai precisar tomar injeções diárias de insulina para o resto da vida. A diabetes, infelizmente, não tem cura. Mas o tratamento adequado pode levar a uma vida quase normal. Claro, além da medicação, muitos cuidados vão ter que ser tomados, como uma dieta bastante rigorosa...

Gabriel estava condenado. Não havia nada que a medicina atual pudesse fazer.

_O Gabriel vai poder comer carboidratos, claro, sem excessos. Pode comer pão e massas, mas não poderá comer carboidratos de absorção rápida, do tipo energéticos, como doces. Vai precisar fazer exercícios físicos também, para queimar a glicose e não deixá-la acumular no sangue. Sem esses cuidados, a doença aos poucos vai atacar os olhos, os rins, os nervos e o coração, podendo leva-lo até o óbito...

fÉuÜx tá vÜ|tdžtáAAA

_Doença autoimune? – você não se conformava.

_Não acho que seja coincidência. O próprio organismo

está tentando matá-lo...

_Por que você não fica com essa boca calada, David? Fala como se desejasse isso!

_Eu não desejo nada. Só estava analisando... Me desculpe, não toco mais desse assunto, está bem?

_O que vamos fazer?

_O que o médico mandou. Tratamento e dieta.

Page 14: FASE 3 - Prólogo

 

_É claro que vamos fazer isso! O que estou dizendo é

que não será fácil manter uma dieta dessas para uma criança! Vamos ter que cortar todos os doces...

_E Júlia? Não é justo com ela!

_Não disse que vou proibi-la.

O vampiro não comentou nada, apenas olhou-a de lado, lembrando sutilmente a estória do danone. O bendito danone que Júlia não tomou e que mandou Gabriel direto para o pronto-socorro. Você continuou:

_Eu só disse que vamos reduzir. É até bom, muito açúcar não faz bem pra ninguém mesmo...

_Cortar os doces vai até ser fácil. Difícil vai ser aplicar as injeções todo dia naquela bunda rosada...

David estava certo. Gabriel fazia o maior berreiro quando chegava a hora da injeção de insulina. E não adiantava explicar que ele precisava, ele chorava e esperneava mesmo. Então David o segurava forte e você aplicava. Dava pena vê-lo gritar daquele jeito, imobilizado e com medo, pedindo ‘não mamãe’.

_Que tal natação? – Alice sugeriu o esporte, como forma de mantê-lo em atividade e não deixa-lo engordar – Tem uma escolinha logo ali na Consolação...

_NÃO! – você recusou – Ele não gosta de água...

_Ah... verdade! – ela disse, entristecida.

_Então põe ele no judô! – Andrei deu a ideia.

_Hum... Acho uma boa ideia! Assim ele não faz um exercício muito pesado e aprende a ter um pouquinho de disciplina também. Se bem que quem precisa de disciplina nessa casa é a dona Júlia! Acho que vou matricular os dois, isso sim!

Matriculou e comprou um quimono para cada um. Júlia estava toda empolgada e metida a boazuda, e Gabriel, como sempre, com medo. Você precisou ficar e assistir a primeira aula, porque se não o pequeno chorava, mesmo com a irmã ali. Andrei te fez companhia no banco de espera.

_Como foi a aula de judô? Vocês gostaram? – David perguntou às crianças, quando voltaram para casa.

Page 15: FASE 3 - Prólogo

 

_Eu gostei, pai! Quero ir de novo!

_A senhora não vai mais se não parar de se comportar

mal, eu já disse! Ai, que vergonha essa menina me fez passar... – você resmungou para o vampiro.

_Você precisava ter visto, David... – Andrei voltou se mijando nas calças de rir da menina - ...essa aqui... – ele apontou para a cabecinha ruiva da garota gargalhando e tropeçando nas palavras - ...essa aqui saiu chutando a canela da turma inteira, e até a do professor! – o rapaz parou de rir um pouco para pegar fôlego e enxugar as lágrimas dos olhos – Aí... aí... – ele pôs a mão na barriga – Eu não tô aguentando... Aí a Dora precisou ir dar um puxão de orelha nela, mas a Júlia começou a correr pelo tatame, sem parar, e a Dora não conseguia pegá-la, normalmente eu falo, e a Júlia se escondeu atrás do professor. Então ela pegou a Júlia pelo braço, e ela ficou com medo e se agarrou na calça do quimono do cara, e conforme a Dora puxou-a, Júlia puxou as calças do professor para baixo e ele ficou de cueca na frente de todo mundo, e a criançada começou a gargalhar! Ah, ah, ah!

_Pelo visto não foi só a criançada que riu! – você desabafou, nervosa com o rapaz – Em vez de me ajudar ficou lá rindo feito um macaco no banco!

_Você fez isso? – David perguntou a garotinha, fingindo que estava bravo com ela, mas sem estar. No fundo, estava querendo rir também.

A menina só abaixou a cabeça e fez um ‘não’ bem mentiroso e medroso. Ela já sabia que ia ficar de castigo.

_Mas isso... mas isso não foi o pior! – Andrei continuou a estória rindo feito uma hiena – O pior foi quando a Dora segurou a menina, e ela sem graça pediu desculpas ao professor... e essa aqui...ai ...essa aqui apontou para o professor e gritou ‘A cueca dele tá furada! Ah, há, ah!’... e começou a rir, e todo mundo riu mais ainda! E a Dora puxando ela, e pra acabar a Júlia ainda falou ‘Igual...’ ai... – e Andrei colocou a mão sobre o diafragma, quase sem fôlego mais uma vez – “...igual a do meu PAI!” Há, há, há! A Dora ficou doida de raiva!!!

_JÚLIA! – David se irritou com ela – Vai pro seu quarto, está de castigo até aprender a se comportar e a parar de MENTIR! E chega de judô pra você, não vai mais! Pro quarto, AGORA!

Page 16: FASE 3 - Prólogo

 

A menina baixou a cabeça e começou a chorar baixinho. Foi tropeçando para o quarto e se jogou no chão. Abriu o berreiro.

_Por que você não ri mais um pouquinho, meu bem, e vai socorrê-la? – você o quis provocar. No fundo estava querendo aliviar a sua raiva pela falta de obediência de Júlia em cima de alguém, e o vampiro era em grande parte culpado disso – Você sabe, né, a Júlia pode não ter papas na língua, mas não acuse a menina injustamente de mentirosa! – e você soltou um risinho irônico.

David só te olhou mordido de raiva. Mas achou melhor ‘engolir o sapo’ do que entrar numa discussão estúpida.

_Vamos tomar um banho, vamos querido... – você pegou Gabriel e o levou para o banheiro, dando as costas para o vampiro.

_Eu não quero mais ir lá, mãe!

_Mas o senhor vai sim... É só de terça e quinta, uma horinha e meia, tá bom? Pra matar esses bichinhos que tem aí na sua barriga...

fÉuÜx vÉÅ|wtAAA

Era sexta à noite, e Alice ficaria com as crianças.

_Estou com fome pra valer! – David disse, enquanto ajustava a peruca de cabelo castanho sobre a cabeça – Vamos variar o cardápio hoje?

‘Variar o cardápio’ era o termo que o vampiro usava para sair à procura de sangue humano, e quem sabe e com sorte, de um pouco de sexo bom também.

_Podíamos ir no Madame Satã... – ele penteou os cabelos escuros para trás. Virava outro cara quando punha aquela peruca esquisita.

_Ok. Mas dessa vez eu escolho a presa, meu bem...

Você ficara frustrado com a última escolha dele.

_Está bem, fazer o quê... – ele terminou o visual colocando óculos escuros – Te espero na sala... – ele saiu

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do quarto, guardando o isqueiro e os cigarros no bolso - ...sentado, é claro! – e riu.

‘Que se foda se não tem paciência de esperar!’ – você pensava. Não ia sair que nem uma mulamba, não para uma noite que seria bem divertida. Ao menos, elas sempre começavam assim, mesmo que não terminassem bem, e não terminavam, na maioria das vezes...

A questão não era só saciar-se, embora essa pudesse ser a motivação inicial. Depois de alguns anos vivendo nas trevas, você aprendeu que beber sangue de pombas todo dia – ou de outro animal qualquer – era como viver almoçando folhas verdes. Quebrava o galho, mas enfraquecia-os com o tempo, e, sinceramente, você não entendia como Alice conseguira manter-se ‘viva’ com essa dieta por tanto tempo.

_Às vezes é preciso sacrificar alguém... - David admitiu – Depois desses anos todos tentando evitar coisas ruins, e eu tentei de verdade, chega-se a um momento em que sua própria existência entra em risco de colapso por causa do enfraquecimento contínuo... Já fui mais forte do que isso que você vê hoje! Mas também não significa que vou sair matando a torto e a direito. Prefiro escolher bem a vítima, não quero me complicar e nem nadar em mares de remorso...

Você pôs o vestido preto, cintilante conforme a luz, o salto com solado vermelho, e caprichou na maquiagem. O lance era atrair alguém, se certificar que não era ‘zoado’ ou que não seria um desperdício matá-lo – gente vazia de sentido, má ou completamente inútil - seduzir a vítima, convencê-la a levá-los para a casa dela, ou para algum lugar reservado e de fácil fuga, transar, deixá-la relaxada, e quem sabe feliz, e então, beber até se esbaldar...

Mesmo que às vezes tivessem que pular as últimas etapas e beber logo.

Acabou de arrumar o cabelo. Não gostava de usar disfarces, e achava as perucas ridículas. David as preferia, mesmo que achasse desconfortável. Embora você fosse inegavelmente bonita e marcante, seu biotipo conseguia se misturar bem ao dos brasileiros. Já David, se tivessem problemas com a polícia, seria facilmente lembrado com tantos detalhes peculiares, a começar pelos olhos.

_Hummm...! – o vampiro voltou à porta do quarto, e ‘babou’ o olhar em cima do seu corpo – Você sempre capricha

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mais quando saímos para jantar... Tô começando a ficar com ciúmes, meu bem! – ele brincou – Vamos, então?

Entraram no Fiat Coupé, David no volante, e saíram do prédio.

Pararam no farol. O vampiro escorregou a mão pela sua perna esquerda, direto para o meio das coxas...

_Está com fome também? – ele falou sedutoramente, com um tom sacana na voz – Eu estou. Mas tô com mais vontade de dar uma paradinha ali do outro lado da rua com você no carro, AGORA...

_Bem que eu gostaria, mas os vidros não têm insulfilme, querido... Guarde esse tesão para daqui a pouco!

O farol abriu, e vocês seguiram.

O clube estava cheio. David sempre pagava a entrada sem consumação. O importante era estarem dentro da casa noturna.

O Madame Satã, agora chamado Morcegóvia - sabe-se lá deus quem pôs esse nome horrível – era uma balada cult da cidade, muito famosa nos anos oitenta. Fora frequentada por intelectuais e artistas. Bandas como Ira!, Capital Inicial, Legião Urbana deram o ar de sua graça por lá no início de suas carreiras. Agora estava abarrotada de um monte de new góticos ou coisa assim... Logo que entraram, a voz de Peter Murphy, vocalista do Bauhaus, cantou: “Branco em mantos negros de branco translúcido

De volta ao passado

Bela Lugosi está morto

Os morcegos deixaram a torre do sino

As vítimas foram sangradas

com linhas de veludo vermelhas na caixa preta

Bela Lugosi está morto

Bela Lugosi está morto

Morto-vivo morto-vivo morto-vivo...”

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_Ah!‘Bela Lugosi is dead’, nada mais apropriado e irônico... – David debochou. “A fila de noivas virgens

passou por sua tumba

Coberta de flores mortas pelo tempo

desolado no desabrochar mortal

Sozinho numa sala escura, o conde

Bela Lugosi está morto...”

_Sempre tive vontade de comprar essa espelúnca! – o vampiro brincou, e puxou-a pela mão – Vamos até a pista de dança, aqui no bar só tem cachaceiro!

Desceram por uma escada até a pista, que ficava no porão. Um lugar caustrofóbico de certa forma, mas quente. Por toda parte, gente vestida em roupas escuras, fingindo ser vampiros. Os góticos sonhavam com esse estilo de vida. O bom disso era que vocês faziam sucesso fácil por ali. Eram vampiros que fingiam ser góticos...

Se encostaram num canto de parede, e David abraçou a sua cintura. Ficaram observando.

Um casal dançava sensualmente no meio da multidão. Pareciam descolados, e eram bonitos, ele mais que ela. Os dois também prestavam atenção em vocês.

_Gosta? – você perguntou ao vampiro.

Ele olhou para a menina, não fazia muito o tipo dele, mas David deu de ombros:

_Quer ir dar uma olhada? Antes de deixarem Paraty para trás, você e o vampiro tiveram uma conversa muito séria. Naquele dia, ele disse: ‘Já chega de segredos. Você me acusa de esconder o jogo, mas quem escondeu o jogo foi você! Não confia em mim o suficiente para me contar o que sente? Eu te amo e é claro que eu sinto ciúmes! Mas o que me machuca é não saber seus sentimentos por mim! Não saber se você gosta ou detesta... Não precisamos brigar. Eu não a dividiria com ninguém se pudesse, mas também não sou estúpido de trancafiá-la numa gaiola, como você estava achando que eu faria. E porque eu

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gosto de você faço qualquer sacrifício! Não quero que sinta medo de ser minha cúmplice. Temos que estar um do lado do outro, para tudo! Nada vai mudar o que eu sinto por você. Promete que não vai mais repetir essas coisas? Que vai me contar tudo, absolutamente TUDO? Que não faremos nada sem o outro saber antes? Está bem assim, meu amor? Está? No dia que você aprender a me confideciar os seus pensamentos, eu vou confidenciar todos os meus a você...’ _Vai lá, vai, meu bem, e traga o casal para um drinque!

David saiu. Agarrou uma das suas nádegas e deu-lhe um tapinha no traseiro antes de ir.

_Eu espero lá em cima, no bar... – disse e desapareceu.

Você se aproximou. Ficou dançando ao redor do casal, eles olhando para você. Estavam no ‘papo’. Depois de alguns minutos, você subiu para o bar, e sentou-se ao lado do vampiro. Não demorou até o casal aparecer e puxar conversa. Luciano e Samanta. Ficaram papeando por uma hora. Estavam seduzidos, a arapuca estava armada...

Quando o casal se distanciou um pouco, provavelmente para conversarem sobre vocês, David disse:

_Acho que são limpos!

Era incível como o vampiro conseguia distinguir cheiros tão sutis no suar das pessoas. Seis anos, e você ainda não tinha aprendido a fazer isso.

_Essa garota me parece mau caráter, você prestou atenção na conversa dela? Propina... O cara é calado, mas deve ser da mesma estirpe! – ele passou o dedo na sua bocheca, fazendo um carinho - Quer ir com eles, meu bem?

Já passavam das duas da madrugada. O casal voltou.

_Querem ir para o meu apartamento? – Samanta convidou, sem rodeios – Tenho vodga e alguns discos...

Você e David se olharam. Era a caçada mais fácil do ano.

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_Claro! Adoramos vodga! – o vampiro concordou.

Samanta morava longe. Eles foram no Fiat com vocês.

O apartamento era pequeno. A garota não ligou as luzes quando entraram, apenas os abajures. Dava um clima...

_Coloca um som aí pra gente, Lú! – ela disse ao namorado – Vou buscar bebida e gelo... – e foi em direção à cozinha minúscula.

_Eu ajudo você! – David, ligeiramente, seguiu a menina. Ele piscou para você ao sair da sala.

Você ficou ao lado da estante, olhando para os discos. Luciano se aproximou. Era alto, moreno, gostoso...

_Escolhe um disco. – ele falou – Vou confiar no seu bom gosto.

Não eram discos. Eram cds, uma novidade. Você pegou o primeiro sobre a pilha. Duran Duran, importado do Reino Unido. Colocou-o no aparelho de som, e escolheu uma faixa qualquer. Luciano se aproximou mais, passou o braço pela sua cintura. A música tocou: “Eu te perseguirei Eu vou esperar por você Você sabe, não tem como fugir de mim Você é mais que uma foto Na parede do meu quarto Eu te escrevi cartas E te trouxe presentes Vou revirar o seu lixo Eu te amo tanto Eu guardo suas bitucas de cigarro Agora é hora de sair Sair das sombras Não precisa se assustar Você vai ficar tão feliz Eu te construí um santuário Agora você pode ser meu ídolo...”

_‘Be my icon’? – Luciano puxou-a e beijou sua boca, devagar – Garota, você tá gelada, hein? Vem cá que eu te esquento...

Ele envolveu o seu corpo. Vocês se jogaram no sofá da sala. Samanta e David não voltaram. De repente, você

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começou a ouvir a garota gemer da cozinha. Até que ela foi se calando, aos poucos, e depois, de uma vez para sempre...

Luciano acariciava o seu corpo, tirando a sua roupa. Você se posicionou por cima dele. Por cima era mais fácil de atacar. Você passava as mãos sobre aquele peitoral forte e quente. As veias pulsavam sob a pele, o cheiro de homem, era uma perdição...

Em pouco tempo aquela beleza toda estaria fria e inerte no sofá. Ia dar prazer a ele, ao menos. Claro, não sem retribuição.

Você acabou de arrancar o vestido. Ele agarrou os seus seios e a possuiu. Foi muito bom...

David voltou da cozinha, com o zíper da calça e a camisa abertas. Debruçou-se sobre o seu corpo, e segurou o seu traseiro. Viera acabar de se satisfazer, e quem sabe, traçar alguma sobra. Você ficou presa no meio dos dois.

_Está pronta? – ele cochichou no pé do seu ouvido.

Luciano já tinha tido prazer o suficiente. Você mordeu a jugular, enquanto David o imobilizou. O sangue jorrou para dentro da sua garganta.

Luciano tentava se debater em vão. Quando perdeu as

forças, David ainda sugou um pouco do pulso dele. Em pouco tempo, ele estava morto, e a sua fome, saciada.

Você e o vampiro ainda ficaram um tempo no escuro da sala, pelados e sentados no tapete. Tempo o suficiente para David fumar um cigarro. O horror do lugar começava a te perturbar. Aqueles corpos... Queria ir embora dali.

David abraçou-a e acariciou os seus cabelos.

_Vamos embora, hum?

Trocaram-se e se lavaram. Colocaram os corpos sobre a cama, e os cobriram com um lençol. Saíram devagar e trancaram o apartamento. David jogou a chave pelo vão da porta. Desceram pelas escadas, e voltaram para casa.

Eram quatro e meia quando chegaram. As crianças dormiam como anjos. Alice ficara lendo no quarto.

Tomaram uma chuveirada juntos.

_O que foi, meu amor?

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O vampiro abraçou e beijou você, comovido com seu

incômodo.

_Se quiser, não fazemos mais esse tipo de programa...

_Não é nada. – você respondeu.

Mas não era algo fácil de se lidar. Não mesmo...

Depois do banho, os dois puseram os pijamas, e se deitaram debaixo do cobertor elétrico, apesar do verão. Estava confortável e quentinho ali. E estavam bem longe do que tinha acontecido. David abraçou você. O sono viria logo. Ele sempre vinha quando o estômago estava cheio.

Você ainda ligou a televisão num canal de filmes velhos e ficou esperando o sono agarrá-la de vez. Mas logo desligou. Não aguentou ficar assistindo Bela Lugosi, na sua vestimenta clássica de Drácula, atacando e tomando o sangue de suas vítimas em preto e branco...