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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL LENO PINHEIRO PORFÍRIO LIMA FATORES RELEVANTES QUE JUSTIFICAM A IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE Juazeiro do Norte - CE 2017

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

LENO PINHEIRO PORFÍRIO LIMA

FATORES RELEVANTES QUE JUSTIFICAM A IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO

SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE

Juazeiro do Norte - CE

2017

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LENO PINHEIRO PORFÍRIO LIMA

FATORES RELEVANTES QUE JUSTIFICAM A IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO

SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE

Monografia apresentada como requisito parcial

para obtenção do grau de Especialista em

Geranciamento da Construção Civil pela

Universidade Regional do Cariri.

Orientadora: Prof.ª. Me. Janeide Ferreira

Alencar de Oliveira

Juazeiro do Norte - CE

2017

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Dedico este trabalho aos meus queridos pais,

Estilac e Sueli, essa vitória é tão minha quanto de

vocês.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pai misericordioso, por todas as providências feitas em minha vida, me

proporcionando sabedoria e iluminando sempre o meu caminho, a Ele toda honra e toda glória

das minhas vitórias.

Aos meus amados pais, Estilac e Sueli, pela minha estrutura familiar, pelos exemplos de

caráter e dignidade, de que se deve ir sempre à luta para alcançar seus objetivos. Sem o apoio

de vocês esse sonho jamais seria realizado.

Ao meu irmão, Elvis, que é essencial e indispensável em minha vida.

A minha namorada, Sofia, por todo amor, incentivo e ajuda. Sua existência em minha vida só

proporciona alegrias. És um grande exemplo de vitória quando se tem fé e perseverança.

Obrigado por transmitir isso a mim e por estar sempre ao meu lado, amo você.

A meu primo, Emerson Callou, por todo apoio e incentivo.

A minha orientadora, Janeide Ferreira Alencar de Oliveira, pelo ensinamento, atenção,

dedicação e disponibilidade em ajudar no decorrer do processo de confecção do trabalho.

Aos meus colegas de turma, por compartilharem comigo de tantas experiências ao longo do

curso.

À Neurinha, por toda ajuda disponibilizada.

A todos os facilitadores da especialização em Gerenciamento da Construção Civil, que de

alguma forma contribuíram para o meu aprendizado, cada ensinamento adquirido com vocês

fez e fará toda diferença em minha vida.

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“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde

houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver

ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver

discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida,

que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a

verdade; Onde houver desespero, que eu leve a

esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a

alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais; Consolar, que

ser consolado; compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é

perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se

vive para a vida eterna.”

São Francisco de Assis

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RESUMO

A questão do desenvolvimento acelerado da população, aliada ao elevado crescimento

econômico são favoráveis ao aumento do processo de consumo. Este, por sua vez, atrela-se ao

fato da produção crescente de resíduos sólidos advindos dos mais diversos tipos de ambientes.

A principal preocupação é com o menejo adequado desses resíduos e sua destinação final.

Objetivou-se demonstrar, dentro da produção científica na área, os fatores que justificam a

implantação de um aterro sanitário no município de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. Os

objetivos específicos foram apresentar a problemática dos resíduos sólidos e seus impactos na

qualidade de vida da população comprometendo a sustentabilidade; descrever a importância

do aterro sanitário como alternativa viável para a destinação final dos resíduos sólidos

destacando os benefícios financeiros, sociais e ambientais de sua implantação e apresentar os

fatores que justificam a implantação de um aterro sanitário no município de Juazeiro do Norte

- CE. Trata-se de um estudo qualitativo, o qual utilizou a técnica da revisão narrativa da

literatura, com abordagem crítico-reflexiva. Para a seleção dos dados foi utilizado acesso

online por meio do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos,

bem como do Google Acadêmico. Foi realizada uma leitura mais detalhada dos assuntos

selecionados, na qual, almeja-se uma análise mais crítica e reflexiva dos conteúdos já

apresentados em outras fontes de informações. Os estudos revelaram que apesar de um

crescimento no número de aterros sanitários no Brasil, estes ainda são pouco difundidos em

municípios de médio e pequeno porte. Os mesmos depositam seus resíduos sólidos em

terrenos a céu aberto, caracterizando a presença do lixão como setor da destinação final dos

resíduos. O manejo ambientalmente adequado dos residuos sólidos carrega consigo diversos

fatores positivos, dentre eles: reciclagem da maior parte dos resíduos, sendo fonte geradora de

emprego e renda; aproveitamento do lixo na geração de energia, biogás e produtos

agroindustriais. O município de Juazeiro do Norte possui um lixão localizado próximo a

distritos populacionais. Juazeiro não possui um plano municipal de gestão integrada de

resíduos sólidos, aprofundando ainda mais a problemática em questão. A proposta é a

efetivação de um aterro consorciado com dez municípios adjacentes, visando minimizar os

efeitos nocivos a população e ao ambiente. Diante desse cenário, vê-se o quão vantajoso seria

a implantação de um aterro sanitário, bem como a elaboração dos planos municipais de

resíduos sólidos, com o objetivo de orientar o município e os cidadãos quanto ao manejo

adequado dos resíduos, como também a elaboração de acordos setoriais envolvendo toda a

cadeia de geração e consumo, visando a implementação da responsabilidade compartilhada

pelo ciclo de vida do produto.

Palavras chave: Aterro Sanitário. Lixão. Resíduos Sólidos. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

The issue of accelerated population development coupled with high economic growth is

conducive to increased consumption. This, in turn, is linked to the fact of the increasing

production of solid waste coming from the most diverse types of environments. The main

concern is the proper disposal of these wastes and their final destination. The objective was to

demonstrate, within the scientific production in the area, the factors that justify the

implantation of a sanitary landfill in the city of Juazeiro do Norte, Ceará, Brazil. The specific

objectives were to present the solid waste problem and its impacts on the quality of life of the

population, compromising sustainability; To describe the importance of the landfill as a viable

alternative for the final disposal of solid waste, highlighting the financial, social and

environmental benefits of its implementation and to present the factors that justify the

implementation of a sanitary landfill in the municipality of Juazeiro do Norte - CE. It is a

qualitative study, which used the technique of narrative review of the literature, with a

critical-reflexive approach. For the selection of data, online access was used through the

National Information System on Solid Waste Management, as well as Google Scholar. A

more detailed reading of the selected subjects was carried out, in which a more critical and

reflexive analysis of the contents already presented in other sources of information is sought.

The studies revealed that despite a growth in the number of landfills in Brazil, these are still

not widespread in medium and small municipalities. They deposit their solid waste on open-

air land, characterizing the presence of the dump as the sector of the final disposal of waste.

The environmentally sound management of solid waste carries with it several positive factors,

among them: recycling of most of the waste, being a source of employment and income; Use

of waste in the generation of energy, biogas and agro-industrial products. The municipality of

Juazeiro do Norte has a dump located near population districts. Juazeiro does not have a

municipal plan for the integrated management of solid waste, further deepening the issue in

question. The proposal is the implementation of a landfill with ten adjacent municipalities,

aiming to minimize the harmful effects on the population and the environment. Given this

scenario, one can see how advantageous it would be to implement a sanitary landfill, as well

as the preparation of municipal solid waste plans, with the aim of guiding the municipality

and the citizens about the proper management of waste, as well as the elaboration Of sectoral

agreements involving the whole chain of generation and consumption, aiming the

implementation of shared responsibility for the product life cycle.

Key-words: Landfill Sanitary. Dumping ground. Solid Waste. Sustainability.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CE Ceará

CI Comissão Internacional

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental

Crajubar Crato, Juazeiro e Barbalha

ºC graus Celsius

EIA Estudo de Impacto Ambiental

et al. et alii

FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente

ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LR logística reversa

MDL Mecanismos de Desenvolvimento Limpo

MMA Ministério do Meio Ambiente

MUNIC Pesquisa de Informações Básicas Municipais

NBR Norma Brasileira

PERS Plano Estadual de Resíduos Sólidos

PGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

pH potencial hidrogeniônico

PhD Philosophiae Doctor

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

PPA Plano Plurianual

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

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RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte

RSS Resíduos Sólidos da Saúde

RSU Resíduos Sólidos de origem Urbana

SINIR Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos

TAC Termo de Ajustamento de Ocorrência

URCA Universidade Regional do Cariri

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gráfico do Percentual de municípios com Plano de Gestão integrada de Resíduos

Sólidos ...................................................................................................................................... 35

Figura 2 – Representação geográfica do município de Juazeiro do Norte .............................. 38

Figura 3 – Levantamento topográfico planialtimétrico da área do lixão de Juazeiro do Norte,

2009 .......................................................................................................................................... 40

Figura 4 – Exemplo do método da trincheira .......................................................................... 42

Figura 5 – Exemplo do método da rampa ............................................................................... 42

Figura 6 – Exemplo do método da área ................................................................................... 43

Figura 7 – Esquemática de um aterro sanitário ....................................................................... 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação dos resíduos sólidos de acordo com sua periculosidade .................. 22

Tabela 2 – Principais problemas mensionados ........................................................................ 26

Tabela 3 – Arranjo dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos ................................. 33

Tabela 4 – Principais fatores positivos mensionados .............................................................. 46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 14

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 14

1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 14

1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 14

1.3 PROBLEMA ................................................................................................................... 15

1.4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 16

1.4.1 Desenho da Pesquisa ..................................................................................................... 16

1.4.2 Etapas da Revisão Narrativa .......................................................................................... 16

1.4.2.1 Primeiro contato com a temática ............................................................................... 16

1.4.2.2 Período e Procedimento para coleta de dados .......................................................... 16

1.4.2.3 Apresentação e Análise dos dados ............................................................................. 17

1.4.3 Aspectos Éticos e Legais da Pesquisa ........................................................................... 17

2 A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ....................................................... 18

2.1 ORIGEM ......................................................................................................................... 19

2.2 TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................... 20

2.2.1 Classificação e caracterização dos resíduos sólidos ...................................................... 20

2.2.2 Destinação final: lixão, aterro controlado e aterro sanitário .......................................... 23

2.3 DESTINAÇÃO INADEQUADA DO RESÍDUO: PRINCIPAIS PROBLEMAS ..... 25

2.4 BENEFÍCIOS PROVENIENTES DO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

................................................................................................................................................ 26

2.4.1 Financeiro ...................................................................................................................... 26

2.4.2 Social ............................................................................................................................. 27

2.4.3 Ambiental ...................................................................................................................... 28

2.5 SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA .................................................. 29

3 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 31

3.1 PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 31

3.1.1 Nacional ......................................................................................................................... 31

3.1.2 Estaduais ........................................................................................................................ 32

3.1.3 Microrregionais/Metropolitanos/Aglomerados Urbanos ............................................... 33

3.1.4 Intermunicipais .............................................................................................................. 33

3.1.5 Municipais ..................................................................................................................... 34

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4 FATORES QUE JUSTIFICAM A IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO

................................................................................................................................................ 37

4.1 CONTEXTO GEOGRÁFICO DE JUAZEIRO DO NORTE .................................... 37

4.1.1 A questão do lixo no município ..................................................................................... 38

4.2 ATERRO SANITÁRIO ................................................................................................. 41

4.2.1 Conceito ......................................................................................................................... 41

4.2.2 Características ................................................................................................................ 43

4.2.3 Detalhes construtivos ..................................................................................................... 44

4.3 FATORES POSITIVOS COM A IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO . 45

4.4 VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO EM

JUAZEIRO DO NORTE ..................................................................................................... 46

5 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 49

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 51

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento proporcionado pela acensão da revolução industrial, iniciada no

século XVII, progrediu o processo de êxodo rural, ou seja, a migração do homem do campo

para as cidades, o que intensificou o aumento da população urbana. Este crescimento

populacional favoreceu significativamente na geração de resíduos, sem o mínimo interesse

preocupativo com a necessidade de alocação específica para tais insumos. Dessa forma, os

resíduos passaram a ser dispostos de maneira inadequada, em locais afastados dos núcleos

populacionais, causando problemas ambientais, por meio da contaminação dos solos, do ar e

das águas, e colocando em risco a saúde humana (CATAPRETA, 2008).

Atrelado a esse rápido crescimento da urbanização, tem-se os modos como as

sociedades vivem sendo caracterizadores do manejo e produção desses resíduos.

Os diversos tipos de resíduos gerados diariamente pelas populações exigem uma

sistemática de gerenciamento que congregue desde a redução de sua geração até seu manejo

adequado em locais de disposição final, que devem ser executados e operados dentro de

padrões ambientais e critérios técnicos visando minimizar os impactos ao ambiente e os

efeitos à saúde (CATAPRETA, 2008).

No Brasil, como em grande maioria dos países, a forma de disposição mais difundida e

que se preserva até os dias de hoje é sobre o solo, em lixões, aterros controlados e aterros

sanitários. Este último representa a solução técnica e economicamente mais viável para a

disposição de resíduos sólidos urbanos e, atualmente, o local mais adequado a sua destinação

final, pois se destina a preservar o solo, com o controle do resíduo com o seu devido

acondicionamento, evitando que fique a céu aberto, colocando uma cobertura posterior de

terra para evitar danos ambientais e sociais (CATAPRETA, 2008; BARBOSA; DE-

CAMPOS, 2015).

Aterros sanitários têm sido implantados em diversas cidades brasileiras, como

alternativa tecnológica e sanitária para diminuir os impactos sócio-ambientais decorrentes da

disposição de resíduos sólidos urbanos, demonstrando tamanha importância e segurança que

as boas obras devem manisfestar na infraestrutura desses locais (BARBOSA; DE-CAMPOS,

2015).

Assim, abordar temas relacionados a questão do manejo adequado dos resíduos

sólidos, buscando soluções benéficas que diminuam os problemas aflorados pela inadequação

das medidas envolvidas com essa temática, proporciona maior conhecimento e

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conscientização dos possíveis danos gerados pelos mesmos, favorecendo a tomada de decisão

correta quanto seu fracionamento, tratamento e destinação final.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Demonstrar, dentro da produção científica na área, os fatores que justificam a

implantação de um aterro sanitário ao município de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil.

1.1.2 Objetivos Específicos

Apresentar a problemática dos resíduos sólidos e seus impactos na qualidade de vida

da população comprometendo a sustentabilidade;

Descrever a importância do aterro sanitário como alternativa viável para a destinação

final dos resíduos sólidos destacando os benefícios financeiros, sociais e ambientais de

sua implantação;

Apresentar os fatores que justificam a implantação de um aterro sanitário no

município de Juazeiro do Norte - CE.

1.2 JUSTIFICATIVA

A adoção de um sistema de gerenciamento integrado de resíduos torna-se uma

ferramenta indispensável, já que este abrange um conjunto de ações normativas, operacionais,

financeiras e de planejamento que devem se processar, segundo a visão de que todas as ações

e operações envolvidas encontram-se interligadas e comprometidas entre si (CATAPRETA,

2008).

A afinidade com a temática retoma-se a graduação em Tecnologia da Construção Civil

- Topografia e Estradas identificada durante as atividades da disciplina de Saneamento Básico

no sétimo semestre. Nesta disciplina ocorreram discussões sobre o manejo do lixo e suas

consequências, instigando a necessidade de aprofundamento nos estudos, com a possibilidade

de o fazer durante o curso de Especialização em Gerenciamento da Construção Civil.

No cunho social, parte-se da necessidade de maior sensibilização dos gestores, da

população e, em suma, de todas as pessoas que estão relacionadas com a produção e

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15

adequação do lixo em um município, ressaltando a importância que o manejo adequado da

produção desses resíduos em lugares legalmente adequados e, especificamente neste estudo,

em aterros sanitários fomenta a vida em sociedade.

O fato de o aterro sanitário possuir maior aparato tecnológico consegue minimizar

possíveis impactos ao ambiente onde é instalado, sendo então a forma mais adequada de

acomodar os resíduos, apesar de seu custo ser muito elevado na sua implantação, o meio

ambiente e a sociedade como um todo, sairá ganhando, destinando adequadamente o resíduo

sólido (BARBOSA; DE-CAMPOS, 2015).

Por fim, no cunho científico, o conhecimento obtido com a produção desse material de

pesquisa contribuirá para o trabalho de gestores interessados com a temática, o aumento dos

saberes de uma população parcial ou totalemente leiga quanto as questões do majeno dos

resíduos sólidos, bem como para fomentar novas discussões acadêmicas.

1.3 PROBLEMA

Esse estudo partiu-se do pressuposto de que a destinação inadequada dos resídos

sólidos ocasiona diversos problemas financeiros, sociais e ambientais a um município, sendo

necessário que haja uma adequação aos padrões mínimos exigidos pelas normas legais

existentes no país.

Um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o

equacionamento da geração excessiva e da disposição final ambientalmente segura dos

resíduos sólidos. A preocupação mundial em relação aos resíduos sólidos, em especial os

domiciliares, tem aumentado ante o crescimento da produção, do gerenciamento inadequado e

da falta de áreas de disposição final (JACOBI; BESEN, 2011).

Dessa forma, questiona-se, ao destacar a importância da destinação adequada dos

resíduos sólidos e tendo em vista o aumento populacional desordenado e o crescente aumento

da área urbana do município de Juazeiro do Norte e suas regiões circunvizinhas nas últimas

décadas e consequentemente aumento de resíduos sólidos urbanos produzidos: quais os

fatores que justificam a implantação de um aterro sanitário neste município? Quais os

benefícios financeiros, sociais e ambientais que essa implantação proporcionará?

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1.4 METODOLOGIA

1.4.1 Desenho da Pesquisa

Trata-se de um estudo qualitativo, o qual utilizou a técnica de revisão narrativa da

literatura com abordagem crítico-reflexiva.

Os estudos qualitativos consideram que há uma relação dinâmica entre o mundo real e

o sujeito, onde a interpretação dos acontecimentos e a determinação de significados são

básicas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o

instrumento-chave (PRODANOV; FREITAS, 2013).

A “revisão narrativa” não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para a busca e

análise crítica da literatura. A busca pelos estudos não precisa esgotar as fontes de

informações. Não aplica estratégias de busca sofisticadas e exaustivas. A seleção dos estudos

e a interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade dos autores. É

adequada para a fundamentação teórica de artigos, dissertações, teses, trabalhos de conclusão

de cursos (MATTOS, 2015).

1.4.2 Etapas da Revisão Narrativa

1.4.2.1 Primeiro contato com a temática

O insight pela temática surgiu durante o mês de setembro de 2015, na disciplina

regular de metodologia do trabalho científico no curso de especialização em Gerenciamento

da Construção Civil, onde fora proposta a construção de um projeto.

1.4.2.2 Período e Procedimento para coleta de dados

O período de realização da pesquisa está compreendido entre setembro de 2015 a

janeiro de 2017.

Para a seleção dos dados foi utilizado acesso online por meio do Sistema Nacional de

Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), bem como do Google Acadêmico.

O levantamento dos estudos utilizados para compor esta pesquisa se deu através da

associação das seguintes palavras-chave: construção civil, resíduos sólidos, sustentabilidade,

em língua portuguesa.

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17

Os crítérios de inclusão estabelecidos na presente revisão foram: documentos

relevantes sobre a temática; disponíveis completos eletronicamente; em língua portuguesa.

1.4.2.3 Apresentação e Análise dos dados

Nesta etapa, foi realizada uma leitura mais detalhada dos assuntos selecionados, na

qual, almeja-se uma análise mais crítica e reflexiva dos conteúdos já apresentados em outras

fontes de informações, conforme indicado por Mendes; Silveira; Galvão (2008). Depois de

uma análise mais aprofundada das características gerais das fontes, pretendeu-se sintetizar as

informações, baseando-se nas questões norteadoras, com a finalidade de apresentar os

resultados agrupados em categorias, seguido de uma apresentação sistêmica dos principais

pontos com referenciação destacada às respostas dos objetivos propostos.

1.4.3 Aspectos Éticos e Legais da Pesquisa

Por se tratar de uma pesquisa com materiais disponibilizados em base de dados

virtuais, não foi necessária a obtenção de anuência do Comitê de Ética em Pesquisa ou dos

autores dos estudos.

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18

2 A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Nos últimos cinquenta anos, o Brasil se transformou de um país agrário em um país

urbano, concentrando, em 2010, cerca de 85% de sua população em áreas urbanas. O

crescimento das cidades brasileiras não foi acompanhado pela provisão de infraestrutura e de

serviços urbanos, entre eles os serviços públicos de saneamento básico, que incluem o

abastecimento de água potável; a coleta e tratamento de esgoto sanitário; a estrutura para a

drenagem urbana e o sistema de gestão e manejo dos resíduos sólidos (BRASIL, 2012).

Uma das atividades do saneamento ambiental municipal é aquela que contempla a

gestão e o gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, tendo por objetivo principal

propiciar a melhoria ou a manutenção da saúde, isto é, o bem-estar físico, social e mental da

comunidade (ZANTA; FERREIRA, 2003).

O gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve ser integrado, ou seja, deve

englobar etapas articuladas entre si, desde a mínima geração até a disposição final, com

atividades compatíveis com as dos demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial

a participação ativa e cooperativa do primeiro, segundo e terceiro setor, respectivamente,

governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada (ZANTA; FERREIRA, 2003).

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a população brasileira é de

aproximadamente 170 milhões de habitantes, produzindo diariamente cerca de 126 mil

toneladas de resíduos sólidos (IBGE, 2002).

O lixão que é o descarte de resíduos sólidos sobre o solo sem qualquer tratamento,

ainda é predominante na maioria dos municípios (ARAÚJO, 2015).

Quanto à destinação final, os dados relativos às formas de disposição final de resíduos

sólidos distribuídos de acordo com a população dos municípios, obtidos com a PNSB indicam

que 63,6% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos sólidos em “lixões”, somente

13,8% informam que utilizam aterros sanitários e 18,4% dispõem seus resíduos em aterros

controlados, totalizando 32,2 %. Os 5% dos entrevistados restantes não declaram o destino de

seus resíduos (IBGE, 2002).

Verifica-se também que a destinação mais utilizada ainda é o depósito de resíduos

sólidos a céu aberto na maioria dos municípios com população inferior a 10.000 habitantes,

considerados de pequeno porte, correspondendo a cerca de 48% dos municípios brasileiros.

Nesses municípios, 63,6% dos resíduos sólidos coletados são depositados em lixões, enquanto

16,3% são encaminhados para aterros controlados (IBGE, 2002).

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No lixão não se tem um controle do acondicionamento no solo e nem a cobertura para

evitar vetores, mostrando ser uma prática inadequada, essa prática afeta tanto o meio

ambiente, como a saúde publica (ARAÚJO, 2015).

A problemática que envolve a geração dos resíduos sólidos perpassa as questões da

destinação e reporta-se a prática das pessoas na produção de seu próprio lixo. A educação

ecológica é um tabu para a maioria da população, sendo esta de classe média baixa e com

deficiência escolar. Portanto, olhares voltados para a base da cadeia de produção de resíduos

podem iniciar o processo de redução na sua geração e, consequentemente, melhor garantia de

um manejo ambientalmente adequado.

2.1ORIGEM

Um maior contingente populacional e a concentração em áreas urbanas resultam em

ampliação na utilização dos serviços ecossistêmicos, cuja depleção ocorre tanto pela

utilização para a produção e consumo, como pelos danos decorrentes do retorno dos resíduos

à natureza, após sua utilização pelo homem (GODECKE; NAIME; FIGUEIREDO, 2012).

O alarmante aumento na quantidade de resíduos sólidos que são gerados está mais

atrelado, entre outras causas, ao crescimento do consumo. Com o acesso de mais pessoas aos

bens de consumo, somado ao desejo e caráter simbólico desses bens, há uma pressão cada vez

maior sobre o planeta, para sustentar esse modo de agir. Neste caso, esse aumento passa a ser

um atributo da sociedade, que já rompe com as amarras da modernidade, e traz consigo uma

série de riscos, que permeiam a vida social (MILANI, 2015).

O consumo é inerente ao ser humano, e o acompanha desde o princípio da sociedade,

já que desde suas origens mais remotas, o consumo esteve associado à satisfação de

necessidades humanas. Em uma sociedade consumista, o sistema produtivo segue a mesma

linha, para atender aos desejos consumeristas, que, para alimentar a produção, utiliza-se da

extração desenfreada de recursos ambientais. Logo, estes recursos ambientais, após

transformados em bens de consumo, passam a poluir o meio ambiente na forma de resíduos

sólidos, gerando uma sobrecarga no ambiente sem precedentes na história da humanidade

(MILANI, 2015).

A quantidade de resíduos sólidos produzidos pelas populações guarda relação não só

com o nível de riqueza, refletido na capacidade econômica para consumir, mas também com

os valores e hábitos de vida, determinantes do grau de disposição para a realização do

consumo. No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, outros malefícios somam-

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se à questão ambiental, ocasionados por deficiências na gestão dos resíduos sólidos urbanos,

como as doenças decorrentes da proliferação de vetores causadores de doenças e a emissão

desnecessária de gases de efeito estufa, agravadores do aquecimento global (GODECKE;

NAIME; FIGUEIREDO, 2012).

Os resíduos sólidos de origem urbana (RSU) compreendem aqueles produzidos pelas

inúmeras atividades desenvolvidas em áreas com aglomerações humanas do município,

abrangendo resíduos de várias origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de

saúde, industriais, da limpeza pública, da construção civil e, finalmente, os agrícolas

(ZANTA; FERREIRA, 2003).

2.2 TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A cultura dos povos ou comunidades determina a forma de uso e consumo dos

produtos, implicando ou não na produção exacerbada de resíduos e a forma como são tratados

e dispostos no ambiente e quando não tratado adequadamente, pode ser responsável por

impactos ambientais graves dentre outros problemas (MUCELIN; BELLINI, 2008).

A garantia de que os resíduos sólidos produzidos pelo ser humano em seus diversos

processos vitais serão bem acondicionados ou terão sua destinação final ambientalmente

adequada, se dá pelo conhecimento de suas classificação e caracterização. Portanto, conhecer

as propriedades do lixo gerado são de suma importância ao seu manejo correto.

2.2.1 Classificação e Caracterização dos resíduos sólidos

A classificação dos resíduos sólidos está disposta na Lei nº 12.305, de 02 de agosto de

2010, que aborda a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Para os efeitos desta Lei,

os resíduos sólidos têm a seguinte classificação:

I - quanto à ORIGEM:

a) RESÍDUOS DOMICILIARES: os originários de atividades domésticas em

residências urbanas;

b) RESÍDUOS DE LIMPEZA URBANA: os originários da varrição, limpeza de

logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: os englobados nas alíneas "a" e "b";

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d) RESÍDUOS DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E PRESTADORES DE

SERVIÇOS: os gerados nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas "b", "e", "g",

"h" e "j";

e) RESÍDUOS DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO: os

gerados nessas atividades, excetuados os referidos na alínea "c";

f) RESÍDUOS INDUSTRIAIS: os gerados nos processos produtivos e instalações

industriais;

g) RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE: os gerados nos serviços de saúde,

conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do

SNVS;

h) RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: os gerados nas construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e

escavação de terrenos para obras civis;

i) RESÍDUOS AGROSSILVOPASTORIS: os gerados nas atividades agropecuárias e

silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE TRANSPORTES: os originários de portos,

aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;

k) RESÍDUOS DE MINERAÇÃO: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou

beneficiamento de minérios;

II - quanto à PERICULOSIDADE:

a) RESÍDUOS PERIGOSOS: aqueles que, em razão de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,

teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à

qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;

b) RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS: aqueles não enquadrados na alínea "a".

Há vários tipos de classificação dos resíduos sólidos que se baseiam em determinadas

características ou propriedades identificadas. A classificação é relevante para a escolha da

estratégia de gerenciamento mais viável (ZANTA; FERREIRA, 2003).

A norma brasileira NBR 10004, de 2004 – Resíduos sólidos – classificação, traz que

resíduos sólidos são:

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[...] aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da

comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de

sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de

controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem

inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam

para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia

disponível (NBR 10004, p.1, 2004).

A norma NBR 10004 trata da classificação de resíduos sólidos quanto a sua

periculosidade, ou seja, característica apresentada pelo resíduo em função de suas

propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, que podem representar potencial de

risco à saúde pública e ao meio ambiente. A tabela 1 aponta a classificação dos resíduos

sólidos de acordo com sua periculosidade, em I Perigosos e II Não Perigosos, este último

dividido em II A Não-inertes e II B Inertes.

Tabela 1 – Classificação dos resíduos sólidos de acordo com sua periculosidade

Classe Definição

I

Perigosos

São aqueles que apresentam periculosidade, conforme definido anteriormente,

ou uma das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade ou patogenicidade.

II A

Não-inertes

São aqueles que não se enquadram na classe I ou II B. Os resíduos classe II A

podem ter as seguintes propriedades: biodegradabilidade, combustibilidade ou

solubilidade em água.

II B

Inertes

São aqueles que, por suas características intrínsecas, não oferecem riscos à

saúde e ao meio ambiente. Além disso, quando amostrados de forma

representativa, segundo a norma NBR 10007, e submetidos a um contato

dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,

conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes

solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Fonte: NBR 10004, 2004.

As características quali-quantitativas dos resíduos sólidos podem variar em função de

vários aspectos, como os sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os

mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si (ZANTA; FERREIRA,

2003).

Em relação aos aspectos biológicos, os resíduos orgânicos podem ser metabolizados

por vários microrganismos decompositores, como fungos e bactérias, aeróbios e/ou

anaeróbios, cujo desenvolvimento dependerá das condições ambientais existentes. Além

desses microrganismos, os resíduos sólidos contaminados com dejetos humanos e de animais

domésticos, os resíduos de serviços de saúde e os lodos de estação de tratamento de esgoto

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podem ser fontes de microrganismos patogênicos. No entanto, ainda são escassos os estudos

que avaliam a ocorrência desses microrganismos (ZANTA; FERREIRA, 2003).

O conhecimento das características químicas possibilita a seleção de processos de

tratamento e técnicas de disposição final. Algumas das características básicas de interesse são:

poder calorífico, pH, composição química (nitrogênio, fósforo, potássio, enxofre e carbono) e

relação teor de carbono/nitrogênio, sólidos totais fixos, sólidos voláteis e teor de umidade

(ZANTA; FERREIRA, 2003).

Também é útil conhecer a densidade aparente dos resíduos, isto é, a relação entre

massa e volume, como também sua compressividade, proporção de redução em volume dos

resíduos sólidos. A determinação da composição gravimétrica dos resíduos é outro dado

essencial (ZANTA; FERREIRA, 2003).

Além dos aspectos qualitativos é necessário determinar a quantidade de resíduos

produzidos por dia (ton/dia; m3/dia) e a produção per capita (ton/hab.dia) A quantidade exata

de resíduos gerados é de difícil determinação pelo fato de esta sofrer interferências do

armazenamento, da reutilização ou reciclagem e do descarte em locais clandestinos, que

acabam por desviar parte do fluxo de materiais antes do descarte dos resíduos por seu gerador

em local de domínio público, ou seja, aquele onde a responsabilidade pelos resíduos passa a

ser do poder público. Em razão dessas interferências, na prática, determina-se a quantidade de

resíduos sólidos coletados (ZANTA; FERREIRA, 2003).

2.2.2 Destinação final: lixão, aterro controlado e aterro sanitário

A destinação final ambientalmente correta dos resíduos sólidos está prevista na Lei

12.305/2010 e inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o

aproveitamento energético. A disposição final, também considerada uma destinação, deve ser

observada segundo normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde

pública e à segurança e a reduzir os impactos ambientais adversos.

A PNSB considerou como unidades de destinação final os aterros controlados, aterros

sanitários, unidades de compostagem, unidades de tratamento por incineração, unidades de

triagem para reciclagem, vazadouros a céu aberto, vazadouros em áreas alagáveis, locais não-

fixos e outras unidades de destinação (BRASIL, 2012).

O depósito de resíduos sólidos a céu aberto ou lixão é uma forma de deposição

desordenada sem compactação ou cobertura dos resíduos, não possuindo medidas redutoras

dos impactos, o que propicia a poluição do solo, ar e água, bem como a proliferação de

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vetores de doenças, destacando a longevidade de decomposição dos resíduos (ZANTA;

FERREIRA, 2003; SOUZA, 2016).

Os lixões são um meio mais barato e que causam maiores danos ao meio ambiente,

pois não implicam custos de tratamento com controle, não apresentando, assim, nenhuma

vantagem. Ao contrário, possuem a desvantagem de atrair animais, que carregam bactérias

para as áreas vizinhas, contaminando tudo que os rodeia, gerando odores desagradáveis,

poluição do solo, podendo causar contaminação de águas tanto subterrâneas como superficiais

na percolação do chorume, produto líquido resultante da decomposição do lixo (CAMPOS;

ASSUNÇÃO; GONÇALVES, 2016).

Por sua vez, o aterro controlado é outra forma de deposição de resíduo, tendo como

único cuidado a cobertura dos resíduos com uma camada de solo ao final da jornada diária de

trabalho com o objetivo de reduzir a proliferação de vetores de doenças (ZANTA;

FERREIRA, 2003).

Em aterros controlados, a decomposição de resíduos é praticamente a mesma forma

dos lixões, sendo que os resíduos são lançados diretamente no solo, porém, espera-se que todo

dia seja feita uma cobertura, com terra, do resíduo depositado, visando diminuir os efeitos

ambientais. O chorume que é gerado na decomposição do lixo é drenado, podendo ser tratado

ou não. Os aterros controlados possuem as mesmas desvantagens do lixão (CAMPOS;

ASSUNÇÃO; GONÇALVES, 2016).

O aterro sanitário abrange uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo sem

causar danos à saúde pública e a segurança da população, minimizando os impactos

ambientais. É um sistema de impermeabilização de base e laterais, com sistema de

recobrimento diário do lixo depositado e cobertura final da área quando estiver cheia. O lixo

enterrado entra em decomposição que gera o chorume e outros gases que são os grandes

causadores de odor no local (NBR 8419, 1992; CAMPOS; ASSUNÇÃO; GONÇALVES,

2016).

O aterro sanitário é um sistema mais viável economicamente, pois pode-se usar áreas

já degradadas. Caso não seja feito tudo corretamente com os critérios apropriados, os aterros

sanitários podem causar problemas como depósitos de ratos e insetos (CAMPOS;

ASSUNÇÃO; GONÇALVES, 2016).

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2.3 DESTINAÇÃO INADEQUADA DO RESÍDUO: PRINCIPAIS PROBLEMAS

O homem, na construção de seu processo de humanização, vem influenciando e

promovendo alterações nas condições naturais do ambiente em que está imerso, provocando

impactos negativos no solo, vegetação, água, clima. Além disso, as inovações tecnológicas

trazem uma série de novas substâncias e materiais de difícil degradação, prejudicando sua

incorporação e retorno à natureza. O não tratamento ou o tratamento inadequado dessa massa

pode contribuir significamente para a degradação da biosfera, em detrimento da qualidade de

vida em nosso planeta (FREITAS, 2016).

O destino inadequado do lixo, além dos riscos à saúde pública, tem como

consequências a poluição do solo, do subsolo, do ar (liberação de gases, principalmente o

metano que aumenta o efeito estufa e gera maus odores), proliferação de vetores de doenças

(moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.) e a contaminação das águas superficiais e subterrâneas

através do chorume, comprometendo os recursos hídricos (FREITAS, 2016).

Por diversos motivos - tais como disposição irregular, coleta informal ou insuficiência

do sistema de coleta pública - não necessariamente todo o resíduo sólido gerado é coletado. A

coleta e o transporte dos resíduos sólidos têm sido o principal foco da gestão de resíduos

sólidos, especialmente em áreas urbanas essa cobertura é distribuída de forma desigual no

território. A avaliação do desempenho da coleta seletiva no Brasil também apresenta

importantes desafios. Uma parte considerável da coleta de materiais recicláveis é feita por

catadores de maneira informal e assim não é contabilizada nas estatísticas oficiais (BRASIL,

2012).

Apesar dos resíduos sólidos domiciliares apresentarem alto percentual de resíduos

orgânicos, as experiências de compostagem da fração orgânica são ainda incipientes. O

resíduo orgânico, por não ser coletado separadamente, acaba sendo encaminhado para

disposição final juntamente com os resíduos perigosos e com aqueles que deixaram de ser

coletados seletivamente. Essa forma de destinação gera, para a maioria dos municípios,

despesas que poderiam ser evitadas caso a matéria orgânica fosse separada na fonte e

encaminhada para um tratamento específico, por exemplo, via compostagem (BRASIL,

2012).

O processo de tratamento da fração orgânica via compostagem é ainda pouco utilizado

em programas municipais de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Os motivos são a

dificuldade de se obter os resíduos orgânicos já separados na fonte geradora; a insuficiência

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de manutenção do processo; o preconceito com o produto; e a carência de investimentos e de

tecnologia adequada para a coleta deste tipo de material (BRASIL, 2012).

Tabela 2 – Principais problemas mensionados

Problemas

Deposição inadequada

Manejo inadequado de lixo orgânico

Proliferação vetores

Poluição do ar, água, solo

Aumento da incidência de doenças infecciosas

Aumento das despesas municipais

Dificuldade na separação do lixo

Carência de investimentos e de tecnologia

Deficiência na coleta e transporte

Fonte: Autor, 2016.

2.4 BENEFÍCIOS PROVENIENTES DO TRATAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

2.4.1 Financeiro

Os investimentos destinados às questões de saneamento em uma localidade referem-se

às melhorias nos quesitos saúde e qualidade de vida da população, buscando soluções viáveis

que necessitam da articulação integrada de prefeituras, órgãos estaduais e da sociedade.

Portanto, em relação aos benefícios financeiros que o investimento no tratamento dos resíduos

sólidos pode potencializar, é importante ressaltar que esses serão colhidos a longo prazo,

mediante um treinamento e conscientização dos envolvidos com a temática.

A construção de um aterro inclui um grande investimento para o município, o que as

vezes se torna inviável, portanto, alguns municípios optam pela formação de consórcios para a

destinação dos seus resíduos. O município que destina seus resíduos de maneira correta, além

de garantir a preservação do meio ambiente amplia a arrecadação através do ICMS ecológico,

sendo um imposto idealizado para estimular ações ambientais no âmbito das municipalidades,

ao mesmo tempo em que possibilita o incremento de suas receitas tributárias, com base em

critérios de preservação ambiental e de melhoria da qualidade de vida (CUNHA, [ 201- ]).

Experiências exitosas em outros estados/municípios podem ser tomadas como

exemplo, no caso do Programa Minas sem Lixões, da Fundação Estadual de Meio Ambiente

(FEAM), que tem como objetivo apoiar os municípios no atendimento às normas de gestão

adequada de resíduos sólidos urbanos definidas pelo Conselho Estadual de Política Ambiental

(COPAM). Dos 34 municípios pertencentes à Região Metropolitana de Belo Horizonte

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(RMBH), quinze dispõem seus resíduos em aterros controlados e quatro em lixões,

alternativas consideradas incorretas (CUNHA, [ 201- ]).

Outra alternativa financeira viável economicamente é a reciclagem, que proporciona a

redução do custo de gerenciamento dos resíduos, com menores investimentos em instalações

de tratamento e disposição final, e promove a criação de empregos. Os catadores coletam

recicláveis antes do caminhão da Prefeitura passar e, portanto, reduzem também o gasto com

a limpeza pública. A catação do lixo em aterros e nas ruas das cidades, embora seja uma

atividade insalubre, é um trabalho alternativo que vem sendo cada vez mais difundido no

Brasil, sendo a principal fonte de renda/trabalho para alguns catadores (CUNHA, [ 201- ]).

2.4.2 Social

A PNRS propõe melhorar a gestão do lixo a partir da divisão de responsabilidades

entre a sociedade, o poder público e a iniciativa privada (empresas). Atualmente, as empresas

vêm trabalhando na implantação da Logística Reversa (LR), um processo que pode ser

dividido em várias etapas: envolve compra e venda, devolução de mercadoria por motivo de

desistência ou de defeito e, finalmente, se preocupa com o destino de um produto ao final de

sua vida útil. A preocupação da LR é fazer com que esse material, sem condições de ser

reutilizado, retorne ao seu ciclo produtivo como insumo, evitando uma nova busca por

recursos na natureza e permitindo um descarte ambientalmente correto (CUNHA, [ 201- ]).

A LR é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um

conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos

resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos

produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (SINIR, 2016).

A LR é uma estratégia, podendo ser considerada de marketing, que permite um

aumento de participação da empresa no mercado além da conscientização e destinação

ambientalmente adequada que um produto pode trazer ao consumidor. Há inúmeras empresas

que diminuíram o tamanho das embalagens de seus produtos sem afetar seu conteúdo para

gerar menos lixo, que montam os equipamentos, que comercializam pensando na facilidade

que terão em desmontá-los para reciclá-los depois e, logicamente, que procuram utilizar

materiais reciclados, principalmente, recicláveis em sua confecção (CUNHA, [ 201- ]).

A limpeza e a paisagística urbana são outros fatores sociais de extrema importância à

sustentabilidade, empresas privadas e comunidade "adotam" jardins, praças, canteiros,

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parques, monumentos, prédios, dentre outros, ajudando na preservação e conservação destes

locais, melhorando, consequentemente, a imagem da cidade, deixando-a mais harmoniosa

(CUNHA, [ 201- ]).

Aflora-se a questão da responsabilidade compartilhada que faz dos fabricantes,

importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de

limpeza urbana, e de manejo de resíduos sólidos, responsáveis pelo ciclo de vida dos

produtos. Todos têm responsabilidades: o poder público deve apresentar planos para o manejo

correto dos materiais (com adoção de processos participativos na sua elaboração e de

tecnologias apropriadas); às empresas compete o recolhimento dos produtos após o uso e, à

sociedade cabe participar dos programas de coleta seletiva (acondicionando os resíduos

adequadamente e de forma diferenciada) e incorporar mudanças de hábitos para reduzir o

consumo e a conseqüente geração (BRASIL, 2012).

2.4.3 Ambiental

O debate sobre questões ambientais ganhou grande visibilidade após a Conferência

das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio-92, quando a discussão

sobre os impactos do desenvolvimento nos ecossistemas e na saúde da população se

popularizou. Desde então são buscados mecanismos que atenuem a pressão que o conjunto da

sociedade exerce sobre o ambiente de modo a minimizar as alterações e assim garantir a

sobrevivência da vida no planeta. Com a realização da Rio+20, mais uma vez discutem-se

estratégias para conciliar o desenvolvimento com a conservação e a proteção de nossos

ecossistemas (GOUVEIA, 2012).

O gerenciamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos gera diretamente outros

impactos importantes, tanto ambientais quanto na saúde da população. Considerandose a

tendência de crescimento do problema, os resíduos sólidos vêm ganhando destaque como um

grave problema ambiental contemporâneo, envolvendo o estabelecimento de metas com a

criação dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Nesse contexto, busca-se

contribuir para a reflexão sobre o impacto da gestão adequada dos resíduos sólidos no meio

ambiente, bem como discutir caminhos para o enfrentamento dessa questão, privilegiando ao

mesmo tempo a inclusão social. Essa proposta está em consonância com um dos temas

centrais da Rio+20, que é a busca do desenvolvimento sustentável com erradicação da

pobreza (GOUVEIA, 2012).

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A problemática ambiental gerada pelo lixo é de difícil solução e a maior parte das

cidades brasileiras apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na

fonte (MUCELIN; BELLINI, 2008), porém são questões passíveis de resolução quando se

tem a prática da consiência ecológica intrínseca as vivências cotidianas.

O atual modelo de desenvolvimento mundial está baseado na exploração dos recursos

naturais, tornando-os escassos. O conceito dos 3 "R´s": redução, reaproveitamento e

reciclagem surge como resposta imediata a essa exploração, tornado-se essencial para a o

equilíbrio entre o desenvolvimento e a manutenção dos processos ecológicos (CUNHA, [

201- ]).

Define-se "Redução" como a introdução de novas tecnologias com o objetivo de

reduzir ou se possível, eliminar desperdício dos recursos retirados do planeta. Já

"Reaproveitamento" é a reintrodução no processo produtivo, de produtos já não mais

apropriados para o consumo, visando a sua recuperação e recolocação no mercado evitando

assim, o seu encaminhamento para o lixo. O "R" denominado "Reciclagem" consiste na

reintrodução, no processo produtivo, dos resíduos quer sejam sólidos, líquidos ou gasosos,

para que possam ser reelaborados, dentro de um processo produtivo, gerando assim um novo

produto. O objetivo é, também, evitar o encaminhamento destes resíduos para o lixo

(CUNHA, [ 201- ]).

A reciclagem de materiais poupa e preserva os recursos naturais, possibilitando além

da diminuição dos resíduos, entre vários benefícios, dentre eles: redução da exploração do

consumo de energia; da poluição do solo, água e ar; prolonga a vida útil dos aterros sanitários;

melhora a produção de composto orgânico; valoriza a limpeza pública e a formação de uma

consciência ecológica (CUNHA, [ 201- ]).

2.5 SUSTENTABILIDADE E QUALIDADE DE VIDA

A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação

permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária articulação com

a produção de sentidos sobre a educação ambiental. Tomando-se como referência o fato de a

maior parte da população brasileira viver em cidades, observa-se uma crescente degradação

das condições de vida, refletindo uma crise ambiental (JACOBI, 2003).

Isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios para mudar as formas de

pensar e agir em torno da questão ambiental numa perspectiva contemporânea, considerando a

impossibilidade de resolver os crescentes e complexos problemas ambientais e reverter suas

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causas sem que ocorra uma mudança radical nos sistemas de conhecimento, dos valores e dos

comportamentos gerados pela dinâmica de racionalidade existente, fundada no aspecto

econômico do desenvolvimento (JACOBI, 2003).

A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na

reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O

quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto

dos humanos sobre o meio ambiente tem tido conseqüências cada vez mais complexas, tanto

em termos quantitativos quanto qualitativos (JACOBI, 2003).

Várias são as vertentes relacionadas ao tema em questão, entre elas, podem-se destacar

a matriz da eficiência, que pretende combater o desperdício da base material do

desenvolvimento, estendendo a racionalidade econômica ao “espaço não-mercantil

planetário”; da escala, que propugna um limite quantitativo ao crescimento econômico e à

pressão que ele exerce sobre os “recursos ambientais”; da eqüidade, que articula

analiticamente princípios de justiça e ecologia; da auto-suficiência, que prega a desvinculação

de economias nacionais e sociedades tradicionais dos fluxos do mercado mundial como

estratégia apropriada a assegurar a capacidade de auto-regulação comunitária das condições

de reprodução da base material do desenvolvimento; da ética, que inscreve a apropriação

social do mundo material em um debate sobre os valores de Bem e de Mal, evidenciando as

interações da base material do desenvolvimento com as condições de continuidade da vida no

planeta (ACSELRAD, 2011).

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3 POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS

As políticas são normatizações criadas pelo Estado visando a atuação dos governos

diante de determinados problemas. Elas, que também fundamentam planos de ação, surgem

por intermédio das necessidades da sociedade e são destinadas na busca de melhorias por

soluções viáveis.

Os planos viabilizam diretrizes, estratégias e metas que indicam quais ações serão

necessárias para a implementação dos objetivos e das prioridades que devem ser adotadas.

Podem, portanto, exercer forte papel norteador do desenvolvimento dos outros planos de

responsabilidade pública (BRASIL, 2012).

O processo de construção dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos deverá levar a

mudanças de hábitos e de comportamento da sociedade como um todo. Nesse sentido, o

diálogo terá papel estratégico, e será mais eficiente se acontecer com grupos organizados e

entidades representativas dos setores econômicos e sociais de cada comunidade ou região

(BRASIL, 2012).

A seguir estão listados os planos que tratam das questões envolvidas com os resíduos

sólidos em vários âmbitos locais.

3.1 PLANOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS

3.1.1 Nacional

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, previsto na PNRS, foi elaborado em um amplo

processo de mobilização e participação social, e aborda a problemática das variedades de

resíduos gerados, as modalidades de gestão e gerenciamento passíveis de implementação,

planos de metas, programas, projetos e ações correspondentes. O documento, organizado sob

a coordenação do Comitê Interministerial da PNRS - CI, apresentou o diagnóstico atual dos

resíduos sólidos no Brasil, o cenário ao qual devemos chegar até 2031, diretrizes, estratégias e

metas que orientam as ações para o país implantar a gestão ambientalmente adequada dos

resíduos sólidos (SINIR, 2016).

A versão preliminar do plano, divulgada em 28 de junho de 2011, foi amplamente

discutida com os setores público e privado e com a sociedade em geral, em cinco Audiências

Públicas Regionais - Curitiba, Recife, Campo Grande, São Paulo e Belém - duas Audiências

não-oficiais - Rio de Janeiro e Belo Horizonte - e a Audiência Pública Nacional, em Brasília,

sendo todas realizadas em parceria com os Estados e com ampla participação (SINIR, 2016).

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Existe um interesse particular no número atual de lixões, pois de acordo com a Lei

12.305/2010, Art. 54. “a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o

disposto no § 1º do Art. 9, deverá ser implantada em até quatro anos após a data de publicação

desta Lei”, ou seja, até 2014.

Nesse cenário, a identificação de que ainda há 2.906 lixões no Brasil, distribuídos em

2.810 municípios, devem ser erradicados, sendo o estado da Bahia, em números absolutos, o

que apresenta mais municípios com presença de lixões (360), seguido pelo Piauí (218), Minas

Gerais (217) e Maranhão (207). Outra informação relevante é de que 98% dos lixões

existentes concentram-se nos municípios de pequeno porte e 57% estão no Nordeste (SINIR,

2016).

3.1.2 Estaduais

A elaboração de um Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), nos termos previstos

do Art.16 da Lei nº 12.305/2010, desde o dia 02 de agosto de 2012, é condição para os

estados terem acesso a recursos da União destinados a empreendimentos e serviços

relacionados à gestão de resíduos sólidos, como também, para serem beneficiados por

incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade

(SINIR, 2016).

O PERS deverá abranger todo o território do estado, para um horizonte de vinte anos

com revisões a cada quatro anos, observando o conteúdo mínimo definido pelo Art. 17 da

referida Lei. Além disso, deve estar em consonância, principalmente, com os objetivos e as

diretrizes dos planos plurianuais (PPA) e de saneamento básico, e com a legislação ambiental,

de saúde e de educação ambiental, dentre outras. Também serão priorizados no acesso aos

recursos da União os estados que instituírem microrregiões, para integrar a organização, o

planejamento e a execução das ações a cargo de municípios limítrofes na gestão de resíduos

sólidos (SINIR, 2016).

Dessa forma, o PERS deve ser compatível e integrado às demais políticas, planos e

disciplinamentos do Estado relacionados à gestão do território. Ele deverá apontar caminhos e

orientar investimentos, além de subsidiar e definir diretrizes para os planos das regiões

metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregionais, bem como para os planos

municipais de gestão integrada e para os planos de gerenciamento dos grandes geradores de

resíduos (SINIR, 2016).

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3.1.3 Microrregionais/ Metropolitanos/ Aglomerados Urbanos

É válido ressaltar a importância de enfatizar o planejamento em todos os níveis, do

nacional ao local (TABELA 2), assim como ao planejamento do gerenciamento de

determinados resíduos. Essa exigência não é somente para a formulação do PNRS, mas

também dos Planos Estaduais, dos Municipais e dos Planos de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos de alguns geradores específicos (SINIR, 2016).

Nos territórios em que serão estabelecidos consórcios, bem como nas regiões

metropolitanas e aglomerados urbanos, os estados poderão elaborar Planos Microrregionais de

Gestão, obrigatoriamente com a participação dos municípios envolvidos na elaboração e

implementação (SINIR, 2016).

Tabela 3 - Arranjo dos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PLANOS ESTADUAIS

PLANOS

INTERMUNICIPAIS,

MICRORREGIONAIS, E DE

REGIÕES

METROPOLITANAS

PLANOS MUNICIPAIS PLANOS

INTERMUNICIPAIS

PLANOS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS

Fonte: SINIR, 2016.

As particularidades de cada localidade deverão definir o formato do plano regional ou

municipal, tendo como referência o conteúdo mínimo estipulado, as vocações econômicas, o

perfil socioambiental do município e da região, ajudando a compreender os tipos de resíduos

sólidos gerados, como serão tratados e a maneira de dar destino adequado a eles (SINIR,

2016).

A Lei 12.305/2010 estabelece que serão priorizados no acesso aos recursos da União

os estados que instituírem microrregiões, para integrar a organização, o planejamento e a

execução das ações a cargo de municípios limítrofes na gestão de resíduos sólidos.

3.1.4 Intermunicipais

As dificuldades financeiras e a fragilidade da gestão de grande parte dos municípios

brasileiros para a solução dos problemas relacionados aos resíduos sólidos abrem espaço para

que as cidades se organizem coletivamente visando a construção de planos intermunicipais de

gestão integrada de resíduos sólidos, com forte incentivo da PNRS na formação de

associações intermunicipais que possibilitem o compartilhamento das tarefas de

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planejamento, regulação, fiscalização e prestação de serviços de acordo com tecnologias

adequadas à realidade regional (SINIR, 2016).

O Governo Federal tem priorizado a aplicação de recursos na área de resíduos sólidos

por meio de consórcios públicos, constituídos com base na Lei nº 11.107/2005, visando

fortalecer a gestão de resíduos sólidos nos municípios.

A gestão associada permite a redução dos custos, se comparada ao modelo atual, no

qual os municípios manejam seus resíduos sólidos isoladamente, perfazendo um ganho de

escala no manejo dos resíduos, conjugado à implantação da cobrança pela prestação dos

serviços, garantindo a sustentabilidade econômica dos consórcios e a manutenção de pessoal

especializado na gestão de resíduos sólidos (SINIR, 2016).

3.1.5 Municipais

O Art. 19 da Lei 12.305/2010 prevê a elaboração do Plano Municipal de Gestão

Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS), este sendo condição necessária para o Distrito

Federal e os municípios terem acesso aos recursos da União, destinados à limpeza urbana e ao

manejo de resíduos sólidos.

As peculiaridades de cada localidade deverão definir o formato do plano regional ou

municipal, tendo como referência o conteúdo mínimo estipulado. As vocações econômicas, o

perfil socioambiental do município e da região, ajudam a compreender os tipos de resíduos

sólidos gerados, como são tratados e a maneira de dar destino adequado a eles (BRASIL,

2012).

O PGIRS pode estar inserido no PNSB, integrando-se com os planos de água, esgoto,

drenagem urbana e resíduos sólidos, previstos na Lei nº 11.445/2007, respeitano-se o

conteúdo mínimo definido em ambos os documentos legais.

A divulgação do resultado da Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC

(2013), pelo IBGE, realizada nas prefeituras dos 5.569 municípios existentes mais o Distrito

Federal, apresentou dados referentes ao percentual de municípios com PGIRS (FIGURA 1).

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Figura 1 – Gráfico do Percentual de municípios com Plano de Gestão integrada de Resíduos Sólidos,

segundo as Grandes Regiões e as classes de tamanho da população dos municípios.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de

Informações Básicas Municipais 2013.

O gráfico aponta uma reduzida porcentagem de municípios nordestinos que possuem o

plano, retificando os motivos de tamanhas dificuldades encontradas nessa região quanto ao

manejo ambientalmente adequado dos resíduos sólidos gerados.

Em agosto de 2015, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) encaminhou Ofício

Circular para todas as Unidades da Federação solicitando informações sobre os seus

municípios a respeito da existência ou não de PGIRS nos moldes da Lei nº 12.305/10. Apesar

da obtenção de uma grande adesão, alguns municípios não disponibilizaram a informação. O

MMA consolidou tais declarações e o resultado foi que, dos 5.569 municípios existentes mais

o Distrito Federal, 2.325 já elaboraram seus respectivos PGIRS, correspondendo a 52,4% da

população total estimada pelo IBGE para o ano de 2015 (SINIR, 2016).

O PGIRS deve definir, no âmbito local ou regional, o órgão público que será a

referência para entrega do Plano de Gerenciamento, de forma a garantir a sistemática anual de

atualização, visando o controle e a fiscalização, o qual deverá orientar quanto a estes

procedimentos, quanto às penalidades aplicáveis pelo seu não cumprimento, assim como pela

identificação dos responsáveis (SINIR, 2016).

A Lei 12.305/2010, no Art. 21 § 2º, propõe que a inexistência do PGIRS não obstem a

elaboração, implementação e operacionalização do Plano de Gerenciamento de Resíduos

Sólidos. O Decreto 7.404/2010, que a regulamenta, no Art. 56, afirma que os responsáveis

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pelo Plano de Gerenciamento deverão disponibilizar ao órgão municipal competente e às

demais autoridades competentes, com periodicidade anual, informações completas e

atualizadas sobre a implementação e a operacionalização do plano.

Os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos

resíduos sólidos estarão dispensados da elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada

de Resíduos Sólidos. Neste caso, o plano intermunicipal deve observar o conteúdo mínimo

previsto no Art. 19 da Lei nº 12.305 (BRASIL, 2012).

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4 FATORES QUE JUSTIFICAM A IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO

4.1 CONTEXTO GEOGRÁFICO DE JUAZEIRO DO NORTE

A Região Metropolitana do Cariri localiza-se no sul do estado do Ceará, compreendida

pelos três municípios polos do Crajubar (Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha) e mais seis

municípios limítrofes dessa aglomeração urbana: Caririaçu, Farias Brito, Jardim, Missão

Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri. Possui um território de 5.460 km de extensão e

engloba uma população de 590.209 mil habitantes, segundo censo 2014 do IBGE.

Considerada um ascendente polo econõmico, a região constitui-se de formação geológica

especial, é destaque como ilha natural e de prosperidade em meio ao sertão árido do Nordeste

(QUEIROZ, 2014).

A área de estudo, localizada no município de Juazeiro do Norte (FIGURA 2) é

reconhecida como “Cidade da Fé”. Trata-se também da mais desenvolvida do interior do sul

do Estado, contando com 249.939 mil habitantes (IBGE, 2010).

Está situada ao sul do Ceará, entre os paralelos 7°12”43’ de latitude e os meridianos

39°18”55’ de longitude, possuindo uma extensão territorial de 248,558km2. Limita-se ao

norte com o município de Caririaçu, ao sul, com a cidade de Barbalha, e ao leste a cidade de

Missão Velha e ao oeste, o município do Crato. A altitude da Sede é de 377,33 em relação ao

nível do mar. Juazeiro do Norte está a uma distância rodoviária da capital, Fortaleza, de

528km. O principal recurso hídrico do município é o rio Salgado, com volume total de

10.820.000m3 pertencente 100% à bacia do Rio Jaguaribe. O clima é definido como semi-

árido quente e as temperaturas são 18,3°C, mínimas, e 33°C, máximas. A precipitação

pluviométrica registra 943,0mm/ano; maior que a média do Estado que é de 775mm. Os solos

são decorrentes do período cretáceo, de formação sedimentar, com elementos argilosos e

rochas ígneas eruptivas do embasamento cristalino (PEREIRA, 2005).

A cidade de Juazeiro do Norte é um celeiro da cultura regional, com muita força nas

mais diversas manifestações, com destque para o artesanato, possui sede com área estimada

de 141km², correspondendo a 60% da área total e taxa de urbanização de 95,3 (JUAZEIRO

DO NORTE, 2016).

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Figura 2 - Representação geográfica do município de Juazeiro do Norte

Fonte: PEREIRA, 2005.

Juazeiro é uma cidade de romarias e, em virtude do fluxo de visitantes, os problemas

ambientais ganham dimensões específicas, pois as mesmas são responsáveis por um

acréscimo considerável na população, sendo estimado que a cidade recebe em média até 500

mil visitantes nas festas religiosas e, diante disto, ressalta-se o pensar em como organizar as

estruturas básicas de saneamento, sabendo-se que os resíduos sólidos, nesse contexto, passam

a ser o maior desafio das gestões municipais (PEREIRA, 2005).

4.1.1 A questão do lixo no município

A problemática do lixo em Juazeiro do Norte vem se alongando há anos e, segundo a

MUNIC (2013) o município não possui o PGIRS nos termos estabelecidos na PNRS,

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perfazendo a característica de uma coleta de lixo irregular, onde a maior parcela dos resíduos

sólidos é depositada em um lixão - terreno próprio da cidade - e em terrenos baldios, e na

realidade existem vários terrenos transformados em pontos de despejo inadequado de lixo

(PEREIRA, 2005; SINIR, 2016).

O lixão fica localizado nas proximidades do Sítio Sabiá, no distrito da Palmeirinha, à

beira da CE 060 e a precariedade nas suas condições já foi motivo de audiência junto ao

Ministério Público Estadual e até de elaboração de um Termo de Ajustamento de Ocorrência

(TAC), com a proposta de minimizar a poluição ao meio ambiente e o incômodo aos

moradores de áreas próximas, além dos riscos ocasionados ao trânsito (JORNAL DIÁRIO

DO NORDESTE, 2015).

A intenção dos gestores, que debatem sobre a temática desde 2006, é a efetivação do

projeto de aterro consorciado, após averiguação das reais condições e das problemáticas

relacionadas ao lixão, bem como a atual realidade de dezenas de catadores e a forma como

vem sendo tratado o lixo levado ao local, para minimizar os impactos ambientais. Há mais de

cinco anos o consórcio tornou-se motivo de debate pela sua implantação, pois o lixão a cada

dia tem avançado para a CE 060 e os catadores dizem estar preocupados com essa situação e

ao mesmo tempo destacam a importância do trabalho que desenvolvem no local, em prol do

meio ambiente e da redução de lixo (JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE, 2015).

A maior parte dos resíduos é depositada durante o período da noite e, atualmente, são

depositados no local cerca de 280 toneladas de lixo. Órgãos ambientais e diversas instâncias

da administração pública já estiveram reunidos para solucionar o problema. A alternativa veio

com a proposta de instalação do aterro consorciado, que envolve nove cidades da região e será

construído na cidade de Caririaçu (JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE, 2015).

O Banco Mundial propôs o financiamento de R$ 38 milhões para a implantação do

Aterro Sanitário Consorciado do Cariri, porém retraiu o dinheiro devido à demora na

entrega da proposta, que, no final, chegou ultrapassada diante da Política Nacional. O

consórcio, no entanto, ainda existe e envolve dez cidades da macrorregião, sendo elas

Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Jardim, Cariraçu, Santana do Cariri,

Farias Brito, Nova Olinda e Altaneira (CARIRI REVISTA, 2016).

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Figura 3 - Levantamento topográfico planialtimétrico da área do lixão de Juazeiro do Norte,

2009.

Fonte: Oliveira, 2009.

Em entrevista a Cariri Revista (2016), a PhD em Geografia com ênfase em Resíduos

Sólidos, Vanda Lúcia, afirmou que “aterro controlado nem existe mais em nomenclatura,

porque é um pseudo-Lixão”, explicando que a técnica apenas minimiza a proliferação de

macro e micro vetores, “mas não é sanitária nem ambientalmente correta”.

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Os órgãos públicos não conseguem dar previsão de construção do aterro controlado

ou do aterro sanitário, concordando no ponto que não é possível deixar a situação como está

e o desafio se agrava ao passo que a cidade continua a crescer e a população conquista mais

acesso ao consumo, em consequência gerando mais lixo (CARIRI REVISTA, 2016).

4.2 ATERRO SANITÁRIO

4.2.1 Conceito

O conceito de aterro sanitário compreende um sistema devidamente preparado para a

disposição dos resíduos sólidos urbanos, englobando determinados componentes e práticas

operacionais, tais como: divisão de células, compactação dos resíduos, cobertura, sistema de

impermeabilização, sistema de drenagem para líquidos e gases, tratamento de chorume,

monitoramento geotécnico e ambiental, entre outros. Portanto, o termo aterro de resíduos

refere-se à instalação completa e às atividades que nela se processam, incluindo o local, a

massa de resíduos, as estruturas pertinentes e os sistemas de implantação, operação e

monitoramento (DENARDIN, 2013).

Técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde

pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. É um método que utiliza

princípios de engenharia para confinar resíduos sólidos à menor área possível e reduzí-los ao

menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão da jornada de

trabalho ou a intervalos menores, se necessário (UNESP, 2017).

O processo de aterramento do resíduo, conforme apontado por Denardin (2013, p.16),

é executado sob uma das três formas, dispostas abaixo, tradicionalmente empregadas:

Método da trincheira ou vala: consiste na abertura de valas, onde o resíduo é disposto,

compactado e posteriormente coberto com solo. A operação em vala pode ser manual

ou permitindo a entrada de equipamentos maiores em seu interior (FIGURA 4).

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Figura 4 – Exemplo do método da trincheira.

Fonte: DENARDIN, 2013.

Método da rampa: esse método também é conhecido como da escavação progressiva e

é fundamentado na escavação da rampa, onde o resíduo é disposto e compactado pelo

trator e posteriormente coberto com solo. É executado em áreas de meia encosta, onde

o solo natural ofereça boas condições para ser escavado e, de preferência, possa ser

utilizado como material de cobertura (FIGURA 5).

Figura 5 – Exemplo do método da rampa.

Fonte: DENARDIN, 2013.

Método da área: é empregado geralmente nos locais onde a topografia é plana e o

lençol freático raso (FIGURA 6).

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Figura 6 – Exemplo do método da área.

Fonte: DENARDIN, 2013.

A escolha pela metodística correta será definida pelas características que a localidade

de implantação oferecerá, bem como pela disponibilidade financeira dos envolvidos na

implantação do aterro.

4.2.2 Características

Os aterros sanitários apresentam em geral a seguinte configuração: setor de

preparação, setor de execução e setor concluído (FIGURA 4). Na preparação da área são

realizados, basicamente, a impermeabilização e o nivelamento do terreno, as obras de

drenagem para captação do chorume (ou percolado) para conduzí-lo ao tratamento, além das

vias de circulação. As áreas limítrofes do aterro devem apresentar uma “cerca viva” para

evitar ou diminuir a proliferação de odores e a poluição visual (UNESP, 2017).

Na execução os resíduos são separados de acordo com suas características

e depositados separadamente. Antes de ser depositado todo o resíduo é pesado, com a

finalidade de acompanhamento da quantidade de suporte do aterro. Os resíduos que produzem

material percolado são geralmente revestidos por uma camada selante (UNESP, 2017).

Atingida a capacidade de disposição de resíduos em um setor do aterro, esse é

revegetado, com os resíduos sendo então depositados em outro setor. Ao longo dos trabalhos

de disposição e mesmo após a conclusão de um setor do aterro, os gases produzidos pela

decomposição do lixo devem ser queimados e os percolados devem ser captados. Em

complemento, também devem ser realizadas obras de drenagem das águas pluviais (UNESP,

2017).

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Os setores concluídos devem ser objeto de contínuo e permanente monitoramento para

avaliar as obras de captação dos percolados e as obras de drenagem das águas superficiais,

avaliar o sistema de queima dos gases e a eficiência dos trabalhos de revegetação. Nesse

sentido, as seguintes técnicas de monitoramento são geralmente utilizadas: piezometria, poços

de monitoramento, inclinômetro, marcos superficiais e controle da vazão (UNESP, 2017).

Figura 7 – Esquemática de um aterro sanitário.

Fonte: UESP, 2017.

4.2.3 Detalhes construtivos

Aterros sanitários bem construídos são impermeabilizados, com drenos de coleta de

lixiviados e operados com eficiência, devido à cobertura de solo ao final de cada período de

serviço, em localização correta onde a vulnerabilidade do aquífero subjacente não tenha

índices altos.

Eles devem possuir acompanhamento e monitoramento adequados da disposição dos

RSU, para que se configurem como unidades de tratamento de resíduos que não causem danos

ao meio ambiente, sendo necessários alguns critérios operacionais como: a) formas de

disposição; b) composição dos resíduos; c) tipo de material empregado e configuração das

camadas de cobertura intermediárias e final; d) tipo de material e configuração dos sistemas

de drenagem interna de líquidos e gases e e) configuração do sistema de drenagem superficial.

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A eficiência da disposição dos RSU contribuirá com a garantia de sua segurança, de sua

estabilidade estrutural (DENARDIN, 2013).

Aterros sanitários são obras recentes no campo de Geotecnia e apresentam uma

particularidade: a própria obra constitui o empreendimento. Enquanto nas obras de engenharia

convencionais é necessário o término da obra para o desempenho de suas funções, em aterros

sanitários o empreendimento e a obra se confundem, e o término da obra corresponde ao

término de sua função. Portanto, o conhecimento das questões relativas à caracterização,

compactação, permeabilidade, resistência ao cisalhamento e compressibilidade dos RSU é de

fundamental importância para a previsão do comportamento real dos maciços sanitários,

permitindo estimar com precisão a vida útil dos aterros e a estabilidade dos maciços sanitários

(DENARDIN, 2013).

4.3 FATORES POSITIVOS COM A IMPLANTAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO

A Constituição Federal Brasileira, em seu capítulo VI “Do Meio Ambiente”, dispõe no

Art. 225, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações

(BRASIL, 1988).

A maior parte dos resíduos sólidos produzida no Brasil pode ser reutilizada e

reciclada. A construção de aterros sanitários tem se difundido especialmente em países

emergentes por se tratar de uma estratégia relativamente simples e de baixo custo para a

problemática em questão já que o tempo de vida útil de um aterro deve ter o prazo mínimo de

dez anos. Deste modo, escolhendo uma boa área, a prefeitura estará se prevenido contra os

efeitos indesejáveis da poluição do solo e das águas subterrâneas do seu município, além de

eventuais transtornos decorrentes de oposição popular (SOUZA, 2016).

Os aterros sanitários precisam ter sistema de impermeabilização inferior/superior,

sistema de drenagem da base, sistema de cobertura dos resíduos realizado com o próprio solo

e se possível recoberto a posteriori com gramíneas; sistema de drenagem de águas pluviais,

sistema de drenagem do chorume e seu posterior tratamento, por exemplo, em lagoas de

estabilização; sistema de drenagem dos gases, produzidos com a decomposição dos resíduos;

monitoramento ao final da vida útil do aterro; controle de acesso à área;e tratamento adequado

aos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) (FREITAS, 2016).

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No entanto, estes resíduos, se adequadamente gerenciados, podem ser aproveitados

para a geração de energia. O aproveitamento de resíduos sólidos na geração de energia, entre

outros fins, já é realidade em vários países da Europa e da América do Norte utilizam, como

aquecimento, geração de energia elétrica e combustível veicular é a incineração com

aproveitamento energético. Muitas administrações municipais tem se utilizado de usinas de

incineração com geração de energia como uma solução para os problemas de tratamento e de

destinação final dos resíduos sólidos urbanos. O biogás, por exemplo, produzido a partir de

resíduos agropecuários, pode proporcionar a autonomia energética de produtores rurais, além

de agregar valor a produtos agroindustriais que serve como suprimento autônomo de

combustível para muitas utilidades, como para alimentação de sistemas de bombeamento para

irrigação, podendo viabilizar tais empreendimentos os seguintes benefícios relacionados à

recuperação de energia dos resíduos: (1) benefícios estratégicos, como já discutido

anteriormente sobre a utilização de resíduos sólidos como matéria prima na geração de

energia (2) benefícios ambientais, pois contribui para a mitigação de lançamento de gases de

efeito estufa – o metano é um dos principais gases responsável pelo efeito estufa (3)

benefícios socioeconômicos, devido ao incentivo de desenvolvimento de tecnologia nacional;

e, (4) “emprego de mão de obra qualificada e não qualificada nas várias etapas do processo de

recuperação de energia a partir dos resíduos” (AUGUSTO, et al, 2016).

Tabela 4 – Principais fatores positivos mensionados

Fatores positivos

Maior parte dos resíduos pode ser reciclada

Aumento no número de aterros sanitários

Aproveitamento do lixo na geração de energia

Geração de produtos agroindustriais

Geração de mão de obra qualificada ou não

Fonte: Autor, 2016.

4.4 VIABILIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE UM ATERRO SANITÁRIO EM

JUAZEIRO DO NORTE

A destinação final é uma questão que adquire maior importância, levando em

consideração que há carência de recursos técnicos, financeiros e humanos sendo uma

realidade no país e os problemas de ordem técnica e operacional decorrentes dificultam a

implantação de sistemas de gerenciamento integrado de RSU por parte dos minicípios. A

questão foi praticamente ignorada pelas administrações municipais durante anos

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(DENARDIN, 2013), aportando relevantes considerações na atualidade tendo em vista a

disseminação mundial da preocupação com a temática da preservação ambiental.

Atualmente há maior planejamento dos aterros de resíduos, em razão do contínuo

desenvolvimento tecnológico e da crescente preocupação dos cidadãos com o meio ambiente.

Os impactos ambientais dos aterros sanitários são reduzidos pela escolha do local, seu projeto

global, os componentes do sistema, os materiais empregados, a operação, o monitoramento e

o planejamento para o fechamento e pós-fechamento (DENARDIN, 2013).

As características territoriais do município de Juazeiro do Norte possuem uma

amplitude de grande porte, permitindo, por meio dos gestores, a escolha correta por um

terreno específico com metragens compatíveis que suportem a construção de um aterro

sanitário. Porém, dentro da conjuntura político-financeira atual do país, com limites

orçamentários em todas as iniciativas, seria inviável, falando economicamente, um município

arcar sozinho com a implantação de um aterro sanitário.

As dificuldades financeiras e a fragilidade da gestão de grande parte dos municípios

brasileiros para a solução dos problemas relacionados aos resíduos sólidos abrem espaço para

que as cidades se organizem coletivamente visando a construção de planos intermunicipais de

gestão integrada de resíduos sólidos (BRASIL, 2012).

Desta forma, o empreendimento através da iniciativa da Secretaria das Cidades do

Governo do Estado do Ceará protagozina o Consórcio Municipal para Aterros de Resíduos

Sólidos, formado pelos municípios Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Altaneira, Caririaçu,

Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri – Aterro Sanitário

Regional do Cariri – com o objetivo de oferecer uma solução ambientalmente viável e

juridicamente legal para os moradores da região (SEMACE, 2012).

As instalações seriam um aterro sanitário, um centro de triagem de materiais

recicláveis, ambos deveriam ser construídos em Caririaçu, e cinco estações de transferência

de resíduos sólidos, que deveriam ser implantadas nos municípios de Nova Olinda, Farias

Brito, Crato, Barbalha e Jardim. Estas instalações seriam construídas por meio de consórcio, a

fim de minimizar os custos decorrentes do tratamento dos resíduos sólidos gerados por esses

municípios além garantir a efetiva aplicação desse sistema (SEMACE, 2012).

No centro de triagem de materiais recicláveis será realizada a triagem primária, a

prensagem e estocagem dos resíduos sólidos passíveis de reciclagem. Essa atividade terá

como benefícios a geração de emprego e renda para os trabalhadores envolvidos nesse

processo, bem como prolongará a vida útil do aterro. As estações de transferência de resíduos

sólidos caracterizam-se como locais para o acondicionamento temporário de resíduos, para

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que estes possam ser armazenados e transportados posteriormente para a área do aterro. São

projetadas tendo em vista a grande distância entre os centros geradores de resíduos e o aterro

sanitário (SEMACE, 2012).

A Lei nº 11.107/2005 regulamenta o Art. 241 da Constituição Federal e estabelece as

normas gerais de contratação de consórcios públicos. Os consórcios públicos possibilitam a

prestação regionalizada dos serviços públicos instituídos pela Lei Federal de Saneamento

Básico, e é incentivada e priorizada pela PNRS. Os municípios pequenos, quando associados,

de preferência com os de maior porte, podem superar as fragilidades da gestão, racionalizar e

ampliar a escala no tratamento dos resíduos sólidos, e ter um órgão preparado para

administrar os serviços planejados. Assim, consórcios que integrem diversos municípios, com

equipes técnicas capacitadas e permanentes serão os gestores de um conjunto de instalações

tais como: pontos de entrega de resíduos; instalações de triagem; aterros; instalações para

processamento e outras (BRASIL, 2012).

O Contrato de Consórcio, que nasce como um Protocolo de Intenções entre entes

federados, autoriza a gestão associada de serviços públicos, explicitando as competências cujo

exercício será transferido ao consórcio público. Explicita também quais serão os serviços

públicos objetos da gestão associada, e o território em que serão prestados. Cede, ao mesmo

tempo, autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autorização da prestação

dos serviços. Define as condições para o Contrato de Programa, e delimita os critérios

técnicos para cálculo do valor das taxas, tarifas e de outros preços públicos, bem como para

seu reajuste ou revisão (BRASIL, 2012).

O documento intitulado ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA/

RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA PARA IMPLANTAÇÃO DO

ATERRO SANITÁRIO REGIONAL DO CARIRI - CARIRIAÇU-CE, através do contrato Nº

006/2009, traz explicações detalhadas sobre o processo de viabilidade da implantação desse

aterro consorciado entre os municípios envolvidos.

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5 CONCLUSÃO

O crescimento na produção de resíduos sólidos é um fator já observado em Juazeiro do

Norte, tendo em vista seu acelerado desenvolvimento urbano. Estes resíduos, quando não

destinados de forma adequada, são alocados em espaços a céu aberto, sendo isto de fácil

visualização em uma breve volta pelas ruas do município, fato que contribui à manifestação

de impactos ambientais e prejudiciais a natureza e a saúde pública da vida em sociedade.

A gestão de resíduos sólidos é um fator de suma importância para o meio ambiente e

para a saúde pública, sendo evidenciado que o aterro sanitário atende de forma sustentável aos

padrões de destinação adequada, por reduzir os mesmos com a reciclagem, a reutilização e a

compostagem. O aterro sanitário é uma alternativa necessária para evitar a contamição da

água, a proliferação de vetores nocivos à saúde e danos ambientais. Dessa maneira, é o local

mais adequado para a destinação ambientalmente correta e mais indicado atualmente pelas

pesquisas realizadas.

Os gestores de Juazeiro do Norte precisam estar cientes de todos os benefícios que a

implantação de um aterro sanitário poderá fomentar a curto, médio e longo prazos. Diante

desse cenário, vê-se o quão vantajoso seria a implantação do mesmo, bem como a elaboração

dos planos municipais de resíduos sólidos, com o objetivo de orientar o município e os

cidadãos quanto ao manejo adequado dos resíduos, como também a elaboração de acordos

setoriais envolvendo toda a cadeia de geração e consumo, visando a implementação da

responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Como fora observado, a solução encontrada pelo município foi a pactuação com

outros municípios circunvizinhos na implantação de um aterro consorciado, pois, diante da

situação econômica atual, arcar sozinho com as despesas da implantação de uma obra desse

porte seria inviável às contas públicas locais.

A implantação de um aterro sanitário fomenta diversos benefícios, os quais já foram

listados no decorrer do texto, contanto que se tenha um controle de gestão desses locais, com

a finalidade de garantir que seus papéis sejam de fato concretizados, desenvolvendo

discussões que impliquem a uma abordagem intersetorial de conhecimento quando se trata da

temática dos resíduos sólidos, cabendo as diversas áreas como ambientais, sociais,

econômicas e educação a utilização de recursos favoráveis ao manejo dos mesmos.

Vale ressaltar a importância maior nos espaços educativos, em meios de divulgação de

massa, nas reuniões dos conselhos, frente a integração da urbanização e do meio ambiente

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para mostrar a pertinência da gestão dos resíduos sólidos dentro da questão de

sustentabilidade, visando a sensibilização da consciência ecológica.

Como se trata de uma revisão de literatura as limitações do estudo estão dentro das

próprias fontes pesquisadas.

Por fim, a gestão adequada dos resíduos é de suma importância, dado o crescimento

populacional do município, o aumento dos níveis produtivos e do poder aquisitivo das

pessoas. É necessário também aumentar a pressão sobre os gestores para melhorar a eficácia

da implementação das políticas e regulamentos, que em si parecem ser apropriadas e

adequadas. Os resíduos precisam ser amplamente reconhecidos como um recurso, sendo,

portanto, necessários maiores esforços para elevar os níveis de reutilização, reciclagem e

recuperação.

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