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    A contribuio de plantas geneticamente modificadas para a agricultura sustentvel

    Apresentao

    O QUE ?

    J que a populao humana com certeza continuar a crescer no futuro, a produo de alimentosprecisa expandir-se. H quase 30 anos a produo agrcola vem aumentando com o desenvolvimentode novas variedades vegetais e com o uso intenso de insumos como fertilizantes, pesticidas, gua e(alta) tecnologia. Nem todos os efeitos se tm revelado positivos, contudo. O avano na produo dealimentos tem sido acompanhado de certos efeitos paralelos negativos, entre os quais a poluio dasuperfcie da Terra e das guas subterrneas, a perda de biodiversidade, a eroso da valiosa crostaterrestre e o declnio da fertilidade do solo. Esses efeitos colaterais levaram a uma busca por formasmais sustentveis de agricultura, caracterizadas pela conservao de recursos naturais renovveis,conjugados oferta de produtos bons, saudveis e economicamente acessveis para os consumidores, eque proporcionem uma renda decente para os agricultores.

    COMO?Existem vrios caminhos que levam agricultura mais sustentvel, bem menos dependente doemprego exagerado desses insumos. As plantas geneticamente modificadas contribuem para essamudana. Aquelas at agora desenvolvidas concorrem para reduzir o nus ambiental. Com as plantastolerantes a herbicidas, os agricultores podem substituir herbicidas poluidores por outros, menosagressivos ao meio ambiente. J as plantas tolerantes a doenas so capazes de se resguardar contra

    pragas e molstias, reduzindo assim a necessidade de aplicao de grandes quantidades de substnciasqumicas sintticas. H pesquisas em andamento em busca de outros tipos de plantas geneticamentemodificadas que tambm podero favorecer a agricultura sustentvel, como plantas capazes de resistira secas e enchentes ou que precisem de menos ou nenhum fertilizante.

    CONDIESEmbora as plantas geneticamente modificadas ofeream muitas oportunidades em termos tcnicos,persistem alguns problemas de ordem social e econmica ainda carentes de soluo. Um exemplodisso a marginalizao de pequenos agricultores de subsistncia, que deve ser evitada dando-se aeles acesso a sementes geneticamente aprimoradas. Outra questo reside na ameaa de uniformidadegentica. Se s se plantar um nmero pequeno de variedades de uma cultura agrcola importante, h o

    risco de um fator imprevisto de estresse vir a provocar efeitos devastadores.

    CONCLUSOA modificao gentica pode contribuir para uma agricultura mais sustentvel e, ao mesmo tempo,aumentar a produo de alimentos. Entretanto, a fim de conseguir realizar plenamente esse potencial,os governos e indstrias precisam encontrar maneiras de desenvolver e introduzir plantasgeneticamente modificadas de maneira social, econmica e agricolamente sustentvel.

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    Artigo

    INTRODUO

    Dependendo da fonte consultada, a expectativa de que populao do mundo atinja oito ou dezbilhes nos prximos 40 anos. Como j enfrentamos dificuldade para alimentar seis bilhes, com maisde 800 milhes de pessoas sofrendo de subnutrio crnica, as perspectivas se mostram sombrias.

    Esses dados evidenciam a necessidade de aumento na produo de alimentos e para isso existem doiscaminhos: cultivar mais terras ou aumentar a produtividade das terras j cultivadas. Cultivar mais terrasno proposta realista. A maior parte das terras agrcolas de alta qualidade j est produzindo, econverter os habitats naturais restantes em terras agrcolas acarretaria conseqncias ambientais graves.

    Aumentar o rendimento das colheitas por meio de uma produo mais intensificada parece a nica

    soluo vivel. O melhoramento vegetal tradicional e a engenharia gentica podem contribuir para asoluo desse difcil problema.

    Segundo um relatrio de 1997 publicado pelo Banco Mundial e pelo Grupo Consultivo de PesquisaAgrcola Internacional (CGIAR), a bioengenharia de plantas talvez consiga melhorar em 25% aproduo de alimentos no Terceiro Mundo.

    De qualquer maneira, o futuro exige formas mais sustentveis de agricultura. Essa viso tem sidoexpressa em muitas ocasies, como no caso da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambientee Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. Ali se apresentou a Conveno da Diversidade

    Biolgica, cujos principais objetivos consistiam na conservao da diversidade biolgica, no usosustentvel de seus componentes e no compartilhamento justo e eqitativo dos benefcios gerados pelautilizao de recursos genticos. A Agenda 21, programa de ao para o sculo XXI, tambm definequestes de grande relevo para o desenvolvimento sustentvel e ambientalmente vivel do planeta.O captulo 14 da Agenda 21 dedicado agricultura sustentvel e ao desenvolvimento rural.

    INDUSTRIALIZAO DAAGRICULTURA E A REVOLUOVERDE

    A intensificao da agricultura em pases industrializados

    Desde a II Guerra Mundial, a produo agrcola no mundo industrializado vem-se tornando cada vezmais dependente de insumos externos. O uso de fertilizantes, de pesticidas, de irrigao e demecanizao contribuiu para a intensificao da agricultura. Todos esses fatores, em suma, levam auma industrializao que proporcione um mximo de rendimento e os menores preos possveis.

    A Revoluo Verde em pases do Terceiro Mundo

    O rendimento de certas lavouras aumentou drasticamente em muitos pases em desenvolvimento, emvirtude da chamada Revoluo Verde, iniciada nos anos 60. Chegou-se a ela pela introduo denovas variedades de plantas importantes e pela criao de timas condies para o desenvolvimentodessas plantas. Fertilizantes e pesticidas foram amplamente aplicados a plantas muito bem irrigadas.

    Tudo comeou com Norman Borlaug, Diretor do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e

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    Trigo (fundado em 1943), no Mxico. Borlaug e sua equipe se dedicavam a uma pesquisa direcionadapara o aumento da produo de trigo. Nessa poca, o Mxico importava mais de 50% do trigo queconsumia. Borlaug e seus colaboradores conseguiram resultados surpreendentes com o melhoramento

    de variedades de trigo ano de alto rendimento. Essas variedades, caracterizadas pelo porte baixo,despendem menos energia no crescimento de partes no comestveis da planta e mais energia noseu valioso gro. Os caules mais curtos apresentam menos risco de acamar. Tais variedadesgeraram nveis revolucionrios de produtividade no Mxico, que se tornou pela primeira vez, em1956, auto-suficiente na produo de trigo.

    As pessoas logo se deram conta de que essas variedades de trigo de alta produtividade tambm semostrariam teis para o resto do mundo. Visando a este objetivo, fundou-se em 1966 o CIMMYT(Centro Internacional para o Melhoramento do Milho e do Trigo), uma associao internacional depesquisa e treinamento em milho e trigo. Borlaug assumiu a funo de Diretor do Programa de

    Trigo.

    Enquanto isso, a ndia e o Paquisto se debatiam com o alastramento da fome. Em meados dadcada de 1960, Borlaug convenceu o governo desses pases a testar as variedades de trigo de altorendimento em fazendas locais. As novas sementes proporcionaram resultados impressionantes. OPaquisto tornou-se pela primeira vez, em 1968, auto-suficiente na produo de trigo; o mesmo sedeu com a ndia dois anos mais tarde. Ao se convencerem de plantar variedades de trigo de altaprodutividade, as autoridades locais salvaram da fome milhes de pessoas na ndia e no Paquisto.

    Foram tambm desenvolvidas variedades de milho e arroz de alto rendimento. De acordo com aFAO, a produo total de trigo cresceu 5,1% por ano durante os principais anos da Revoluo Verde

    (1963-1983), enquanto o aumento da produo de milho e de arroz atingiu 3,8% e 3,1%,respectivamente.

    Hoje, o CIMMYTfaz parte do Grupo Consultivo Internacional para Pesquisa Agrcola (CGIAR),formado em 1971, que consiste numa rede mundial de 16 centros internacionais, sem finslucrativos, de pesquisa em agricultura, silvicultura e pesca, dedicados melhoria da produo dealimentos no Terceiro Mundo.

    Em 1970, Borlaug recebeu o Prmio Nobel da Paz por sua importantssima contribuio para aRevoluo Verde, e permanece em atividade no campo. Juntamente com o ex-presidente americano

    Jimmy Carter, lidera o programa Sasakawa Global 2000, voltado para introduo de novas tecnologias

    em pequenas propriedades rurais em pases da frica subsaariana continente at agora no atingidopela Revoluo Verde.

    Efeitos colaterais negativos da Revoluo Verde

    O crescimento da populao mundial nos ltimos anos foi enorme. No entanto, a fome em massa,amplamente prevista, no ocorreu, uma vez que a produo global de alimentos expandiu-se maisrapidamente do que a populao humana. Pode-se atribuir esse fato em grande parte Revoluo

    Verde. Por um momento chegou-se a achar que muitos dos problemas relacionados produomundial de alimentos estavam resolvidos. A situao atual e as previses para o futuro, no entanto,desmente essa suposio.

    Nem todos os efeitos da Revoluo Verde e da industrializao da agricultura revelaram-se

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    positivos.Em primeiro lugar, a Revoluo Verde depende grandemente de alto consumo energtico, seja deforma direta, pela mecanizao, ou indireta, pelo uso intenso de fertilizantes.

    Em seu discurso ao ser agraciado com o Prmio Nobel, Borlaug afirmou que se as variedadesans de trigo e arroz de alta produtividade foram os catalisadores que deram incio RevoluoVerde, o fertilizante qumico foi o combustvel que a levou adiante. A frase, com toda certeza,deixa transparecer a importncia e dependncia das variedades ans e dos fertilizantes.

    A industrializao da agricultura vem provocando a poluio da superfcie da Terra e das guassubterrneas com fertilizantes e pesticidas, alm de prejudicar a fertilidade do solo. tambmresponsvel pela perda de biodiversidade decorrente do plantio de campos com variedadesgeneticamente homogneas (monoculturas), em vez de misturas de diversas variedades e plantas. Asnovas variedades de alto rendimento mostraram-se tambm mais suscetveis a certas pragas e molstiasque as espcies nativas, muitas vezes resistentes a pragas e enfermidades locais. Como conseqncia,

    deu-se um aumento no emprego de pesticidas. Alm disso, a industrializao da agricultura noconseguiu interromper o processo de eroso do solo, problema ambiental de grandes propores emdeterminadas reas.

    Infelizmente, a Revoluo Verde restringiu-se ao milho, ao arroz e ao trigo. No se desenvolveramvariedades altamente produtivas de outras culturas como a mandioca, a banana e a batata doce,importantes para o Terceiro Mundo. A Revoluo Verde gerou uma agricultura demasiadodependente de quantidades limitadas de variedades vegetais e de insumos especiais, como os pesticidase os fertilizantes. A agricultura tornou-se assim economicamente dependente.

    claro que a Revoluo Verde encerra os prs e contras de muitos avanos tecnolgicos que ocorremem nossa sociedade. Lamentavelmente, certos crticos esquecem que a Revoluo Verde salvou muitagente da fome.

    A segunda Revoluo Verde

    A enorme demanda por alimentos no presente e no futuro exige nova Revoluo Verde. A primeiraajudou a duplicar a produo de trigo, arroz e milho, mas no levou em conta seus efeitos sobre omeio ambiente. A segunda Revoluo Verde deve aumentar a produtividade das lavouras semaumentar a dependncia de insumos externos.

    Como diz Gordon Conway, Presidente da Fundao Rockefeller, precisamos de uma RevoluoDuplamente Verde, que enfoque ao mesmo tempo conservao do meio ambiente eprodutividade. Ele aponta para a necessidade de se encontrar um caminho liderado pelabiotecnologia e pela engenharia gentica. Alm disso, fundamental buscar alternativas nopoluentes para os fertilizantes e pesticidas inorgnicos, melhorar o tratamento do solo e da gua epromover oportunidades de ganhos para os pobres das regies rurais.

    AGRICULTURA SUSTENTVEL

    Agricultura sustentvel: uma definio

    importante definir precisamente o sentido de sustentvel e de agricultura sustentvel. So

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    possveis diferentes definies. De qualquer maneira, o conceito de sustentabilidade se baseia noprincpio de que se devem satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade deas geraes futuras satisfazerem as prprias necessidades.

    O cultivo da terra pela agricultura sustentvel implica a adoo de uma perspectiva de longoprazo em relao agricultura. Alia eficincia na produo com administrao consciente dosrecursos da terra. A FAO definiu agricultura sustentvel e desenvolvimento rural como:Administrao e conservao da base de recursos naturais e orientao das modificaestecnolgicas e institucionais de modo a garantir a consecuo e a satisfao continuada dasnecessidades humanas para as geraes presentes e futuras. Esse desenvolvimento sustentvel deveconservar os recursos genticos da terra, da gua, da flora e da fauna, no degradar o meioambiente, mostrar-se tecnologicamente apropriado, economicamente vivel e socialmenteaceitvel.

    O cultivo sustentvel da terra constitui-se, na verdade, um enfoque diferente para agricultura.Deixamos de encar-la como um processo industrial, que emprega volumes elevados de insumosexternos, e passamos a entend-la como um processo ecolgico. Vrios caminhos conduzem a umtipo de agricultura mais sustentvel; podemos classific-los como cultivo orgnico, cultivo de precisoe agricultura sustentvel de baixos insumos (externos).

    CAMINHOS POSSVEIS PARA UMA AGRICULTURA MAIS SUSTENTVEL

    Agricultura orgnica

    Com freqncia se define o cultivo orgnico da terra como aquele que no emprega pesticidassintticos nem fertilizantes inorgnicos. O tratamento da terra se faz de modo a evitar problemas defertilidade do solo e problemas relacionados a pragas.

    Essa perspectiva s surgiu nos anos 70, quando o mundo comeou a tomar conscincia dos malesque os mtodos de produo convencionais causavam ao meio ambiente.

    Existe, no entanto, uma distino entre agricultura orgnica e agricultura sustentvel.Diferentemente da primeira, na qual se evitam todas as substncias qumicas sintticas, comofertilizantes e pesticidas, a segunda no exclui o uso desses insumos, desde que empregados de

    maneira sustentvel. O cultivo orgnico pode vir a revelar-se no sustentvel, em virtude de sua baixaprodutividade por hectare (-30% comparado agricultura convencional).

    Agricultura de preciso

    A agricultura de preciso uma forma de cultivo da terra que utiliza o que de melhor se oferece emtermos de tecnologia, com o objetivo de adaptar o tratamento do solo e da cultura s condiesespecficas de um determinado campo agrcola. Aps uma anlise criteriosa do solo, da lavoura e dospossveis danos causados por pragas, ajusta-se o uso de fertilizantes e pesticidas s necessidadesespecficas do solo e da cultura a ser plantada: o insumo certo na quantidade, no lugar e no momentocertos.

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    Como reao ao uso abusivo de pesticidas, a agricultura de preciso adota uma perspectiva preventiva.As pragas e as doenas infecciosas freqentemente se manifestam numa determinada rea do campo.Ela recomenda tratar apenas aquele foco, e no pulverizar o campo inteiro por precauo.

    Agricultura sustentvel de baixos insumos (externos)

    A agricultura sustentvel de baixos insumos (externos) (LEISAou LISA), desenvolveu-se comoreao agricultura de altos insumos da Revoluo Verde. Caracteriza-se pelo aproveitamento mximodos insumos internos no cultivo, reduzindo a um mnimo o uso de insumos externos (fertilizantessintticos e pesticidas).

    Deu-se o nome de LISA(agricultura sustentvel de baixos insumos [externos]) ao programacriado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Houve, porm, quemfizesse objeo ao termo baixos insumos. O programa custeado pelo rgo foi ento rebatizado

    como Programa de Pesquisa e Educao em Agricultura Sustentvel (SARE).

    Sistemas integrados de cultivo

    Podemos entender os sistemas integrados de cultivo como uma tentativa de conjugar os bons aspectosda agricultura orgnica, da LISAe da agricultura de baixos insumos (externos).

    Entre eles incluem-se o emprego de variedades locais, de mtodos criativos de adubao (fixao donitrognio pelas leguminosas) e de mtodos de controle de pragas, como o Tratamento Integrado dePragas (IPM). A modificao gentica poderia, provavelmente, desempenhar papel importante no

    favorecimento de sistemas integrados de cultivo, desenvolvendo, por exemplo, variedades de culturasagrcolas que promovessem a reduo da utilizao de insumos externos. Os princpios necessriospara a realizao de uma segunda (e dupla) Revoluo Verde, apresentados acima, implementam amodificao gentica como ferramenta para fomentar a agricultura sustentvel.

    CONTRIBUIO DE CURTO PRAZO DA MODIFICAO GENTICA PARA A AGRICULTURASUSTENTVEL

    A dvida quanto capacidade das culturas geneticamente modificadas de contribuir para a agriculturasustentvel e para alimentar a populao mundial constitui-se tema de grande debate. Os partidrios da

    modificao gentica esto convencidos de sua contribuio. Os adversrios, por sua vez, noacreditam que essa contribuio v ocorrer na prtica.

    A maioria das culturas geneticamente modificadas hoje so tolerantes a um certo herbicida ou soprotegidas contra determinadas pragas de insetos.

    Tolerncia a herbicidas

    Algumas plantas, entre as quais a da soja e a do milho, adquiriram tolerncia a um certo herbicida pormeio da modificao gentica. Mediante a introduo de genes especficos, a planta fica protegida decertas doses de um herbicida que, anteriormente, a matariam.

    O glifosato e o glufosinato de amnio so dois herbicidas no seletivos, conhecidos de longa data eadotados pela eficcia, pela capacidade de degradao e pela baixa toxicidade. Por no serem

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    seletivos, matam tanto as lavouras quanto as plantas daninhas. Pela modificao gentica, pode-setornar a lavoura tolerante a um desses herbicidas no seletivos, e assim aplic-los sem receio plantao. Como conseqncia, evita-se o uso de herbicidas seletivos, em geral mais txicos para a

    fauna e para o meio ambiente. E tambm se reduz a poluio das guas subterrneas, devido altacapacidade de degradao dos herbicidas no seletivos. Tudo, enfim, contribui para uma agriculturamais amigvel para o meio ambiente.

    O controle mecnico das pragas (arao e gradagem) representa uma das principais causas deeroso em muitas reas. As plantas tolerantes a herbicidas proporcionam aos agricultores aoportunidade de diminuir o controle mecnico das plantas daninhas, uma vez que permite a aplicaode um herbicida especfico antes e depois do plantio. A menor necessidade de controle mecnicodas plantas daninhas acaba ajudando a aplacar a eroso do solo e, assim, promove asustentabilidade.

    Por outro lado, o uso de plantas geneticamente modificadas tolerantes a certos herbicidas , quase pordefinio, temporrio. Um dia, determinadas plantas daninhas viro a desenvolver-se,independentemente da presena do herbicida. Se um determinado herbicida for utilizado em grandeescala ano aps ano, haver uma grande chance de ocorrer resistncia a ele por presso de seleo.Este problema pode ser evitado pelo emprego alternado de diversos herbicidas.

    Proteo contra insetos

    Culturas agrcolas importantes, como o milho, o algodo e a batata, sofreram modificao genticapara adquirir proteo contra certas pragas de insetos. A Bacillus thuringiensis (Bt) uma bactria que

    ocorre naturalmente no solo. Genes especficos dessa bactria codificam protenas que matamdeterminadas pragas de inseto por interferirem em seu trato digestivo. J h muito tempo, osagricultores orgnicos vm usando essa bactria como inseticida natural, dadas suas propriedadesde no agredir o meio ambiente.

    importante determinar se essas lavouras Bt podem ser consideradas sustentveis. Os inseticidas Btso altamente especficos, lesivos apenas aos insetos que se deseja atingir. Alm disso, decompem-secom grande facilidade aps a exposio a luz ultravioleta.

    Por outro lado, os insetos visados podem desenvolver resistncia a essas protenas. At pouco tempo,a resistncia a protenas Bt no causava preocupao, j que s se empregavam tais inseticidas em

    pequena escala. Com a disseminao do uso comercial de lavouras Bt, porm, aumentou o risco deos insetos desenvolverem resistncia. Elaboraram-se diversas estratgias para retardar odesenvolvimento desses insetos resistentes, como a criao de refgios (reas nas quais se cultivamapenas variedades no Bt) e a acumulao de gene (pela qual se introduzem diversos genes naplanta). Tambm se identificaram outros genes com propriedades inseticidas que poderiam ser usadosno futuro para desenvolver novos tipos de plantas protegidas contra inseto e, assim, ampliar oespectro das plantas protegidas contra insetos por modificao gentica. Informaes adicionais sobreessas questes encontram-se disponveis no documento FBCI de nmero 2 (Tecnologia dos genes:uma arma no combate aos insetos).

    CONTRIBUIO DE LONGO PRAZO DA MODIFICAO GENTICA AGRICULTURA SUSTENTVEL

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    Existem em andamento, em diversos campos, pesquisas quanto ao potencial das plantasgeneticamente modificadas. Esta seo aborda algumas delas e discute sua possvel contribuio para aagricultura sustentvel a longo prazo.

    Resistncia a secas e enchentes

    Em muitas partes do mundo, as chuvas se mostram ora abundantes demais, ora escassas demais para aagricultura. O Oriente Mdio, por exemplo, castigado pela seca na estao de crescimento dalavoura, ao passo que as enchentes do inverno e da primavera carregam consigo as mudinhas emformao. A irrigao na estao da seca uma sada possvel, mas de ao limitada, por causa daausncia de gua suficiente ou da drenagem insatisfatria (que provocam inundao do solo esalinidade).

    Certas plantas silvestres ou cultivadas so capazes de sobreviver aos perodos de seca. Pode-se

    estimular essa propriedade em variedades altamente produtivas. O crossbreeding, ou melhoramento dasespcies pelo cruzamento com variedades no aparentadas, revela-se uma soluo vivel, mas muitodemorada. Por esse motivo, esto em desenvolvimento pesquisas visando criao de variedadesresistentes a seca por meio da engenharia gentica.

    Outro atributo que pode ser interessante a resistncia a inundaes. H plantas, como o arroz, quedesenvolveram mecanismos de sobreviver a longos perodos de submerso. As plantas poderiam, pormodificao gentica, adquirir resistncia a inundaes. Isso permitiria aos agricultores cultivarplantas em regies atualmente imprprias para elas.

    Fixao do nitrognio e fertilizantes

    O nitrognio um elemento de extrema importncia para as plantas e um dos principaisnutrientes limitantes do crescimento da lavoura. Em relao atmosfera, o solo se mostra pobrenesse elemento. Por conseguinte, o nitrognio um dos principais fertilizantes comumenteadicionados ao solo. Empregam-se tanto fertilizantes orgnicos quanto inorgnicos. Os orgnicosderivam de fonte vegetal e animal. Como a maior parte das plantas absorve apenas formasinorgnicas de nutrientes vegetais, os nutrientes orgnicos precisam ser convertidos em formasinorgnicas (processo de mineralizao) para que a planta em crescimento tenha condies deaproveit-los. Alm disso, o uso exagerado de nitrognio como fertilizante tem contribudo paraaumentar a poluio da gua e do ar.

    Sabe-se h muito tempo que certas bactrias so capazes de fixar o nitrognio da atmosfera. A bactriaRhizobiumvive em simbiose com plantas leguminosas, como a alfafa, o trevo, as ervilhas e a soja. Aplanta abriga e nutre a bactria, enquanto a bactria a prov de diversos compostos nitrogenados. Esseprocesso ocorre em pequenas estruturas encontradas nas razes, denominadas ndulos. Quandocultivadas em alternncia com outras culturas como a do milho e do trigo, essas plantas leguminosascostumam reduzir a necessidade de fertilizantes industriais de nitrognio. Nesse sentido, contribuempara diminuir a poluio do ar e da gua e para aumentar a sade do solo.

    Muitos anos atrs, os pesquisadores perceberam a grande utilidade de se transferir a capacidade defixao de nitrognio para plantas no leguminosas, como o trigo e o arroz, por meio da engenhariagentica. Infelizmente, o processo no se revelou to fcil quanto parecia a princpio. Descobriu-serecentemente que vrias outras plantas agrcolas possuem genes fixadores de nitrognio passveis de

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    ser acionados por certas molculas. V-se com otimismo a perspectiva de esses resultados conduziremao desenvolvimento de plantas no leguminosas capazes de fixar o prprio nitrognio, o que reduziriaa necessidade de fertilizantes e, decerto, contribuiria para um tipo mais sustentvel de agricultura no

    futuro.

    MODIFICAO GENTICA NOS PASES DO TERCEIRO MUNDO

    Para que realmente contribuam para uma agricultura mais sustentvel nos pases do Terceiro Mundo,as plantas geneticamente modificadas precisam observar determinados preceitos. Um fator relevante a adaptao s condies e necessidades locais. Isso implica a incorporao de novos genes a

    variedades locais. No mundo inteiro vm-se realizando pesquisas com o intuito de desenvolvervariedades vegetais ajustadas s necessidades locais. Evita-se, dessa forma, o emprego por parte dosagricultores de variedades-padro, que levam a uma maior uniformidade gentica, a qual, por sua

    vez, promove a perda de biodiversidade.

    O principal problema reside na falta de recursos dos agricultores do Terceiro Mundo para investir nasnovas variedades. As empresas produtoras, que oferecem sementes melhoradas, esperam que osagricultores renovem seus estoques de sementes a cada ano. Em sua maioria, porm, os agricultoresdos pases em desenvolvimento seguem a tradio de guardar sementes para aproveit-las na estaoseguinte. Eles no tm disponibilidade financeira para arcar com a compra de novas sementes todos osanos.

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    Perguntas e respostas

    1. Agricultura sustentvel o mesmo que agricultura orgnica?

    Agricultura sustentvel e agricultura orgnica so duas coisas distintas. A agricultura orgnica consisteno cultivo agrcola sem uso de substncias qumicas sintticas, sejam elas pesticidas ou fertilizantes. Jna agricultura sustentvel, o uso de substncias qumicas sintticas no proibido, desde que obedea acertos princpios agrcolas e ecolgicos e no prejudique a qualidade do meio ambiente nem abiodiversidade. De modo geral, elas devem ser empregadas com prudncia. Outros indicadores dasustentabilidade so a conservao de recursos naturais renovveis, o uso responsvel dos recursosfinitos, um ambiente de trabalho aprazvel, uma renda competitiva para o agricultor e a oferta deprodutos bons, saudveis e economicamente acessveis para os consumidores.

    2. O uso de variedades vegetais tolerantes a herbicidas conduz a uma agricultura maissustentvel?

    As lavouras tolerantes a herbicidas proporcionam ao agricultor a oportunidade de usar herbicidasmenos poluidores, alm de restringir a quantidade de herbicida de modo geral. Se a conservao ou astcnicas de plantio direto acompanharem o plantio dessas plantas tolerantes a herbicidas, se reduzir anecessidade de controle mecnico das plantas daninhas, evitando-se assim a eroso do solo. A menorexigncia de herbicidas e a diminuio do risco de eroso constituem-se indcios inequvocos dopotencial das plantas tolerantes a herbicidas para a agricultura sustentvel.

    3. O uso de variedades vegetais resistentes a insetos leva a uma agricultura mais sustentvel?

    As plantas protegidas contra insetos j disponveis contm um gene retirado de uma bactria do solochamada Bacillus thuringiensis (Bt). As protenas codificadas por ele so altamente especficas e nomatam inseto nem animal algum diferente dos pretendidos. Alm disso, decompem-se com grandefacilidade no meio ambiente e no poluem as guas superficiais nem as subterrneas. Os agricultoresadeptos do cultivo orgnico j vm utilizando a bactria Bt como inseticida seguro para o meioambiente h muitos anos. Entretanto, assim como as plantas daninhas podem tornar-se resistentes aherbicidas, os insetos tambm podem tornar-se resistentes a essas protenas inseticidas. H que se

    evitar isto para garantir o uso prolongado de plantas Bt geneticamente modificadas e de protenas Btem geral.

    4. Quais os efeitos da tolerncia a herbicidas e da resistncia a insetos na biodiversidade?

    Um dos critrios para a sustentabilidade a conservao da biodiversidade. Muito se discute a respeitodos possveis efeitos das lavouras geneticamente modificadas sobre a biodiversidade. Certos crticosreceiam que as plantas geneticamente modificadas acabem por dominar a natureza, em virtude de suas

    vantagens competitivas. Outra perspectiva temida a transferncia de genes para parentes silvestres. Orisco da disseminao de genes constitui-se importante fator nas avaliaes de segurana das plantasgeneticamente modificadas e meticulosamente avaliado. Algumas pessoas acreditam que amodificao gentica levar ao uso exagerado de uma quantidade limitada de variedades, reduzindo

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    assim a biodiversidade. Essa questo exige acompanhamento rigoroso.

    5. Pode-se evitar a eroso pelo emprego de lavouras transgnicas?

    A eroso pode muito bem ser o maior problema ambiental do mundo. A cada ano o equivalente acerca de um centmetro de crosta de solo perdido, ou levado pelas enchentes ou pelo vento. Aslavouras tolerantes a herbicidas podem contribuir para a agricultura de plantio direto. Esses sistemasde cultivo mnimo adquirem especial importncia em reas e/ou estaes relativamente secas. A longoprazo, a modificao gentica oferece a possibilidade de se criarem culturas perenes, que impedem queo solo seja levado pelas guas ou pelo vento o que reduziria a perda de crosta terrestre.

    6. A demanda de gua pode diminuir com o uso de lavouras transgnicas?

    Certas variedades (silvestres) de plantas cultivadas (domesticadas) conseguem sobreviver a longosperodos de seca. Esse atributo provavelmente conferido por genes mltiplos pode ser estimuladoem variedades altamente produtivas. Esto sendo empreendidas muitas pesquisas que buscam criar,pela engenharia gentica, plantas agrcolas resistentes a seca.

    7. Os pequenos agricultores iro usufruir da biotecnologia?

    Com toda certeza os agricultores do Terceiro Mundo podero beneficiar-se com as plantas

    geneticamente modificadas. A principal condio que os genes sejam incorporados s variedadeslocais cultivadas no momento. Elas adaptam-se melhor s necessidades e circunstncias locais. Por issodiversos pases vm-se dedicando a pesquisas com a finalidade de modificar geneticamente variedadeslocais.

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    Sites de referncia

    A REVOLUO VERDE

    O que a Revoluo Verde?

    http://www.orst.edu/instruction/bi301/grrevhis.htmhttp://www.fftc.agnet.org/sust.html

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  • 7/25/2019 fbci11port

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