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1 FBTS EM REVISTA Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

FBTS_01_2010

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1 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

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2 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

FBTSGarantindo qualidade

aos técnicos e aos produtosda construção soldada

Anuncie na FBTS em RevistaO ponto de solda que faltava ao mercado

Contato: (21) 2215-2245 / 2262-9401E-mail: [email protected] / [email protected] Rocha

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3 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Sumário FBTS em ReviSTa Ano 2, Número 4 - maio de 2010

Expediente

FBTSRua Primeiro de Março,23 – 6o, 7º e 17º Andar – Centro Rio de Janeiro – RJCep 20010-000 Telefone: 2505-5353

CONSELHO DIRETOR Diretor PresidenteSolon Guimarães Filho

Diretor Vice-PresidenteLaerte Santos Galhardo

CONSELHO CONSULTIVOCarlos Maurício Lima de Paula Barros - Abemi \ José Luiz Fernandes - Cefet/Rj \ Glauco Colepícolo Legatti - Petro-bras \ José Fantine \ Raymundo de Oliveira.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOValdir Lima Carreiro - Abemi \ Solon Guimarães Filho - Abendi \ Sérgio Damasceno Soares - Abendi \ José Luiz do Lago - Cirj \ Laerte Santos Galhardo - Petrobras \ José Luiz Rodrigues Cunha - Petrobras \ Maria Lúcia Telles - Senai/Rj \ Cesar Moreira - Simme/Rj \ Douglas Robinson Martins - Simme/Rj \ Carlos Henrique Moreira Gomes - Sinaval \ Antonio Mauro Miranda Saramago - Sinaval.

CONSELHO FISCALPaulo da Cunha Pedrosa, Irajá Galeano Andrade, Marcelo José Barbosa Teixeira, Fernanda Ribas Andrade Borges, Sérgio Magalhães Gonçalves.

CONSELHEIROS BENEMÉRITOSMaurício Medeiros de Alvarenga, Maria Aparecida Stallivieri Neves, José Paulo Silveira, Orfila Lima Dos Santos, Ubirajara Quaranta Cabral.

SUPERINTENDENTES EXECUTIVOS

Departamento de Certificação da QualidadeJosé Alfredo Bello Barbosa, Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de CursosMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de Gestão TecnológicaMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento Administrativo e FinanceiroMaristela Medeiros da CunhaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de Desenvolvimento TecnológicoJosé Alfredo B. BarbosaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

REDAÇÃO, PRODUÇÃO E COMERCIALIzAÇÃOPlaneja e Informa Comunicação e MarketingRua Santa Luzia no 799, Grupo 1004, Centro -Rio de Janeiro/RJ - CEP.: 20.030-041

Contatos:E-mail: [email protected]@fbts.org.br(21) 2215-2245 / 2262-9401

Jornalista Responsável:Carlos Emmiliano Eleutério MTB-RJ 12.524

Projeto gráfico e direção de arte:João Paulo Sampaio ([email protected])

Fotografia:Alexandre Loureiro / Joberto Andrade / Agência BR / Agência Petrobrás / Agência O Globo

Departamento comercial:Vera Rocha - (21) 2262-9401

Entrevista

ParceriaTecnológicaTWi

Isabella Motta

Editorial ......................04

Ponto a ponto .............. 05

Empresa modelo .......... 16

Artigo técnico .............. 24

Opinião ....................... 34

Atuando como elos com a Academia, novos conselheiros da FBTS reforçam o projeto de desenvolvimento da Fundação

Mais antiga funcionária da FBTS, Zenilda Passos Lima Vieira integra equipe que garante qualidade na certificação

Página

38

Capacitação profissional

De olho no FoRTalecimenTo DaS RelaçõeS inTeRnacionaiS, FBTS BuSca maioR apRoximação com o TWi

novoS cuRSoS ampliam a FoRmação em Tecno-logia Da SolDagem

Janaina Carvalho

Novos conselheiros da FBTS

Juliana Gumarães

Página

20

Página

21Página

46CAPARepleTa De DeSaFioS, oBRa Do gaSoDuTouRucu-coaRi-manauS RepReSenTa maiS ummaRco De SupeRação Da empReSa

Página

06

Realizada dentro de uma floresta considerada um san-tuário da humanidade, a obra do gasoduto atravessou a Amazônia respeitando o meio ambiente, atendendo a todas as exigências previstas nas licenças concedidas

Nossa genteZenilDa paSSoS

JoSé FanTine e RaymunDo De oliveiRa

E mAiSJuliana Guimarães

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4 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Editorial Solon guimaRãeS Filho Presidente da FBTS

dos, todos eles priorizando ganhos em produtividade, inovação, redução de cus-tos e competitividade, estão sendo disponibilizados ao exame de possíveis parceiros e instituições de fomento ao desenvolvimento tecnológi-co, para serem viabilizados técnica e financeiramente e implementados, em princípio, na modalidade participativa como multiclientes.

Trata-se de trabalho inédi-to no país e no setor, nascido de toda uma comunidade madura e de elevada com-petência, exaustivamente demonstrada pelos empre-endimentos já realizados.

A FBTS muito se orgulha em ter liderado a sua realização.

Faz-se oportuno salientar também o início das obras de adaptação do prédio re-cém adquirido para abrigar as instalações laboratoriais e de treinamento da FBTS.

Esta é a contribuição que esperamos tornar efetiva no ano em curso e que repre-senta um importante passo no desenvolvimento tecno-lógico do setor.

”““Produtividade,

inovação, redução de custos e

competitividade estão no foco da FBTS para 2010”

oncluiu-se no final do ano de 2009 o trabalho de formulação de uma carteira de projetos es-

tratégicos para a FBTS.Iniciado em maio/2009, sob a coordenação de consulto-ria externa contratada, obje-tivava, na sua fase conclusi-va, a formulação de projetos fundamentais ao desenvolvi-mento tecnológico do setor de soldagem no Brasil.

Para tanto, através de uma metodologia já consa-grada e adotada com êxito em vários países, foi envol-vida toda a rede de valor da soldagem brasileira.

Participaram do trabalho reconhecidos representantes do meio acadêmico, indústria de bens de capital, empresas de construção e montagem

InovaçãoProjetos estratégicos

Um passo à frente rumo a

Cindustrial, produtoras de equi-pamentos e consumíveis de soldagem, centros de pes-quisa, empresas contratantes dos serviços de construção, estaleiros, consultores etc.

Foram eleitos e formatados ao final do processo, 11 proje-tos estratégicos que represen-tam, hoje, inequivocamente, o roteiro para o desenvolvimento tecnológico que buscávamos para tão importante setor.

A construção soldada, em termos de custo e partici-pação efetiva em qualquer empreendimento indus-trial, terrestre ou marítimo, principalmente na área de petróleo e gás, para o qual estão projetados grandes e continuados investimentos, é altamente representativa.

Os 11 projetos seleciona-

Foto Agência Petrobras Steferson Faria

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5 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Ponto a Ponto

ESPAÇO DO LEITOR

Prezados senhores, gostaria de parabenizar a revista pelas muitas informações essenciais. Sou aluno (inspetor de equipamentos) no Rio. Trabalho como supervisor de equipamento no estaleiro Maúa. Tenho certeza que trará grandes conhecimentos para minha profissão.SaudaçõesJosé Clovis de Carvalho

Estou finalizando o curso Técnico em Soldagem (Metalurgia) e também me preparando para fazer as qualificações de IP, ILP, IPM e ID. Estou ansioso para entrar no mercado de trabalho. Assim, gostaria de pedir a vocês a assinatura da Revista, pois verifiquei que ela é bastante rica em informações.Agradeço antecipadamenteWhisloney SouzaAracaju / Sergipe

REDE COLABORATIVA EM TECNOLOgIA DA SOLDAgEM

A FBTS lançou, em dezembro último, uma Rede Colaborativa em Tecnologia da Soldagem – RCTS. A idéia de criar a Rede surgiu em meados do ano passado, durante encontros entre a Fundação e

n Acesse o Site da FBTSem www.fbts.org.br e conhe-ça a programação para 2010.

Novos telefones do Departa-mento de Cursos:(21) 2505-5323 / (21) 2505-5332,

alguns de seus clientes e parceiros com o objetivo de promover e coordenar um esforço de pesquisa, desenvolvimento e inovação.O objetivo é acelerar a inovação tecnológica no ramo da união de materiais, por meio de um ambiente colaborativo via web que possibilite o compartilhamento de informações qualificadas e de idéias, a criação interativa de textos e a formação de parcerias. A RCTS, por ser uma comunidade privada, pode garantir a validade dos textos colaborativos. O conteúdo é construído, revisado e avaliado por profissionais capacitados. Para ser um membro é preciso ter afinidades de interesses com a FBTS e estar disposto a compartilhar o conhecimento e firmar parcerias tecnológicas em busca da inovação. Quem tiver este perfil, pode enviar seu currículo para o endereço de e-mail – [email protected] dizendo como deseja contribuir com a FBTS na inovação tecnológica.O compromisso da FBTS é fomentar o desenvolvimento tecnológico, disseminar conhecimentos e contribuir para a capacitação tecnológica.Quem já é membro pode adicionar o site RCTS a seus favoritos:www.comunidadefbts.com.br

FBTS em ReviSTa Cartas, e-mails, notas e agenda

8o Encontro Regional de END

A Associação Brasileira de Ensaios Não D estru t i vo s e Inspeção - ABENDI - orga-niza em Natal/

RN, no dia 29 de julho, o 8º Encontro Regional de END e Inspeção, que será sediado no CTGAS - Centro de Tec-nologia do Gás, apoiador do evento. Nesta edição, o encontro será no Rio Grande do Norte, devido a sua prin-cipal atividade econômica, a extração e o processamento de petróleo, que torna o estado potiguar um dos maio-res produtores em terra do Brasil e abastecedores de gás do Nordeste. Durante a ocasião serão apresentados trabalhos técnicos, pesquisas, fotos e informações sobre aplicação dos END, desenvolvimento de novos ensaios, novas técnicas não convencionais de inspeção, uso da informática em END e no gerenciamento da inspeção, sis-temas especializados para END e para a garantia da qualidade, formação, treinamento e qualificação, além de outros assuntos relacionados à área.

11º Encontro Regional deTecnologia da Soldagem

De 22/09/2010 à 24/09/2010A Escola SENAI “Nadir Dias de Figuei-redo” e a ABS “Associação Brasileira de Soldagem” promovem o 11º Encontro Regional de Tecnologia da Soldagem com a premiação do Soldador Padrão 2010 do Estado de São Paulo. Oportunidade para atua-lizar conhecimentos técnicos, trocar experiências e prestigiar os melhores soldadores da indústria.Local: Escola SENAI “Nadir Dias de Figueiredo - SP

Cartas

FBTS Programação / cursos

Eventos

(21) 2505-5339 / (21) 2505-5340.

Departamento deCertificação da Qualidade >Novos telefones:(21) 2505-5329, (21) 2505-5330 e (21) 2505-5320

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AmazôniaEspecial

final, a construção dos 801 quilômetros do ga-soduto — 661 na linha tronco e 140 em seus

sete ramais — ocorreu, em sua grande maioria, em ple-na selva amazônica.

Realizada dentro de uma floresta considerada um

santuário da humanidade, a obra do gasoduto atravessou a Amazônia respeitando o meio ambiente, atendendo a todas as exigências previs-tas nas licenças concedidas pelos órgãos ambientais em solos instáveis, alagados, lagoas, rios e igarapés. Um

A

empreendimento no qual é praticamente impossível se ter um projeto executivo prévio, requerendo soluções próprias e inovadoras a cada momento, dentro de uma região sujeita a um regime climático adverso, com chu-vas intensas, cheias e ventos característicos da maior flo-resta do planeta.

Os obstáculos não foram poucos. Não bastassem as grandes áreas de mata fe-chada, o relevo difícil e as condições de solo pouco propícias para o transporte de máquinas e acesso de trabalhadores aos cantei-ros de obras, a empreitada esbarrou, sobretudo, nos

Quando, em novembro do ano passado, o presidente da República inaugurou a primeira estação reguladora de pressão de gás (ERP) do gasoduto Urucu-Coari-Manaus estava não apenas dando o pontapé inicial para uma pequena revolução na matriz energética da região Norte. A cerimônia, realizada na Refinaria Isaac Sabbá, coroava também uma vitória marcante da engenharia nacional diante de um obstáculo de proporções colossais: a natureza complexa e irascível da maior floresta tropical do mundo.

Um giganteno coração da

Repleta de desafios, obra do gasoduto Urucu-Coari-Manaus representa um marco de superação

DeSaFio Da SolDagem em plena FloReSTa TRopical

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7 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

AmazôniaPor JuliAnA GuimArãeS Gasoduto Urucu-Coari-manaus

Mapa do gasoduto de Urucu a Manaus com posicionamento no Estado do Amazonas

Foto Agência Petrobras - Bruno Veiga

Estrada de acesso ao terminal de Urucu, no meio da Floresta Amazônica

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“percalços promovidos por um elemento onipresente: a água. Além do intenso regime de chuvas do Norte, grandes trechos alagados sitiavam a trajetória dos dutos. Este foi de fato o grande calcanhar de Aquiles da equipe de técnicos da Petrobras que comandou a missão, dividida em consór-cios de diferentes construto-ras. Como consolidar trechos tão longos de dutos em sítios constantemente alagadiços, entrecruzados pelos rios da intrincadíssima malha fluvial da Amazônia?

A resposta, fruto do es-forço de uma comissão for-

mada por alguns dos mais experientes profissionais do país, comporta cenas dignas de uma produção hollywoo-diana. Parte dos tubos teve de ser içada até os locais de instalação por helicópteros adaptados; balsas de grandes

proporções fizeram as vezes de canteiro para a montagem dos dutos; colunas de tubos com mais de 500 metros fo-ram soldadas em clareiras no meio da mata.

“O grande desafio dessa obra foram as condições de logística exigidas pela região. Aqui [na Amazônia, de onde conversou por telefone com a reportagem da Revista da FBTS] não há um dia depois do outro”, resume o Gerente de Implementação do em-preendimento, engenheiro Mauro Loureiro, referindo-se às imprevisibilidades climá-ticas. “Há muita variação no nível dos rios, no volume das

”O grande desafio dessa obra em plena floresta foram as condições de logística exigidas pela região amazônica

Polo Industrial de Urucu

Especial DeSaFio Da SolDagem em plena FloReSTa TRopical

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9 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

energia no sistema isolado da Amazônia. Isso porque o novo sistema permite a substituição do óleo diesel e do óleo combustível pelo gás natural para geração de ener-gia elétrica, principalmente. As usinas envolvidas no pro-cesso são as de Tambaqui (60 MW), Manauara (60 MW), Jaraqui (60 MW), Aparecida (152 MW), Mauá (268 MW), Cristiano Rocha (65 MW) e Ponta Negra (60 MW). Res-ponsáveis pelo abastecimen-to da capital amazonense, elas têm, juntas, 725 MW de capacidade instalada.

O gasoduto começou sua operação com capacidade para transportar 4,1 milhões

de m³/dia. Mas a instalação de duas estações de com-pressão intermediárias entre Urucu e Coari alcançará 5,5 milhões de m³/dia, a capa-cidade total contratada, em setembro de 2010.

A obra, que contou com investimentos de R$ 4,5 bi-lhões oriundos do governo federal, começou em meados de 2006. Além da Petrobras, empreendedora da obra, estiveram envolvidas no em-preendimento, em diferentes trechos e etapas, empresas como OAS, Andrade Gutier-rez, Etesco, Camargo Corrêa, Carioca, Consag e Skanska, distribuídas por meio de con-sórcios. Tão logo começaram

chuvas. Isso tornou a execu-ção do Urucu-Coari-Manaus uma obra de dutos diferen-ciada de qualquer outra já feita no Brasil”.

O esforço épico das equi-pes de engenharia conseguiu tirar do papel um dos maiores empreendimentos do país em prol da renovação ener-gética. Quando o gasoduto estiver operando com sua capacidade total, a estima-tiva da Petrobras é de que a geração de energia elétrica local evite a emissão de cer-ca 1,2 milhão de toneladas de gás carbônico por ano. Outro cálculo indica que ele deve reduzir em 90% o uso do diesel para a geração de

Operários caminham na estrada de acesso ao Polo Arara no Polo industrial de Urucu

Fotos Agência Petrobrás - Bruno Veiga

Gasoduto Urucu-Coari-manaus

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as primeiras atividades, po-rém, as equipes de engenha-ria se surpreenderam com a imensidão de seu desafio. O cronograma fora montado tendo em vista que os trechos mais difíceis seriam executa-dos no período da seca. Só que, in loco, os obstáculos se apresentaram mais perversos do que o previsto, e logo foi concluído que a instalação dos dutos não poderia ser feita apenas na estação seca, sem que isso gerasse grandes atrasos nos prazos estipu-lados. A extensão de dutos a serem instalados sob o regime das águas tornou-se,

subitamente, muito maior do que se esperava.

“Tivemos, logo de início, uma série de desafios e limitações que foram sen-do vencidos um a um com criatividade e esforço. Às vezes errando, às vezes acer-tando”, conta Loureiro, do alto de sua experiência em enfrentar grandes obstácu-los. Há 25 anos na Petrobras, o engenheiro já esteve à frente de empreendimentos gigantes como a montagem do gasoduto Bolívia-Brasil. Também atuou em outras obras difíceis, como o polidu-to Recôncavo Sul, na Bahia.

Na hora de eleger o ápice de seus desafios, porém, não titubeia: o campeão é mes-mo o gasoduto de Coari, até então a tarefa mais difícil de sua carreira, garante.

Para encarar os primeiros imprevistos, foi montado um grupo de trabalho, responsá-vel por esquematizar as so-luções técnicas e inovadoras que garantiriam a execução da obra. Foi assim que sur-giu a ideia de inspirar-se em mecanismos do ambiente off shore, saída que resolveu boa parte dos problemas iniciais. Pela primeira vez, uma obra de gasodutos

Sonda-terra na Amazonia

Especial DeSaFio Da SolDagem em plena FloReSTa TRopical

”“

Pela primeira vez na história,

uma obra de gasoduto terrestre da Petrobras foi

executada em parte sob rios

Foto Agência Petrobrás - Stéferson Faria

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Manômetros de controle de plata-forma móvel de perfuração para

prospecção de poços de gás natural

terrestres foi executada em parte sob rios, utilizan-do metodologia similar à adotada para lançamento dos dutos submarinos. Na malha fluvial, balsas foram transformadas em canteiros de obra flutuantes, onde os dutos eram soldados. As colunas, algumas com mais de 1 mil metros, eram pre-sas por bóias e tambores — foram usados cerca de 6 mil deles — e transportadas por rebocadores até outras balsas. Lá, outras colunas de dutos as aguardavam, já posicionadas, para se-rem acopladas entre si. Em seguida, as amarras eram desfeitas, uma a uma, para o rebaixamento dos dutos nas faixas abertas em áre-as alagadas. Escavadeiras com braços estendidos garantiram a escavação em trechos com profundidades maiores de água.

Diante da imensidão do Rio Solimões, a solução foi enterrar o duto abaixo do leito do rio. O prodígio só foi possível com o uso de furos direcionais, e o resultado é espantoso: 1.841,72 metros do Urucu-Coari-Manaus ja-zem hoje sob 102 metros de profundidade. Neste caso, a inspiração na indústria do petróleo é marcante: é dela o método de perfuração e a montagem horizontal empre-endida abaixo do leito do rio.

Nas áreas de mais difícil acesso, foram montados acam-

”“

Na malha fluvial, balsas foram

transformadas em canteiros de obra flutuantes, onde os dutos eram

soldados

Fotos Agência Petrobrás - Bruno Veiga Gasoduto Urucu-Coari-manaus

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pamentos, para evitar o difícil deslocamento do pessoal pela selva. Existiram, ao todo, 22 deles, com capacidade para abrigar 160 pessoas cada um, e seguindo os moldes daqueles adotados pelo Exército para a sobrevivência na selva. Pilotos de lancha da própria região ajudavam a equipe de técnicos a dar conta do transporte em tão complexa geografia. E no trecho mais problemático — o de 196 km de extensão entre as cidades de Coari e Anamã, um percurso repleto de áreas alagáveis — o transporte dos tubos foi feito por helicópteros, com o auxílio de cabos de aço de até 80 metros.

Tudo isso teve uma justi-ficativa extra, além das difi-culdades logísticas da região: as restrições determinadas já no licenciamento ambiental da obra, de 2004. Na ocasião, foram determinadas algumas normas fundamentais, como a necessidade de evitar a erosão e o assoreamento de igarapés, a recuperação das áreas degra-dadas e a proibição de se cons-truir estradas perenes que per-mitissem a invasão de terras e o desmatamento. Também foi estabelecido que se priorizasse a contratação de mão-de-obra local. Por isso, 72% dos tra-balhadores empregados no gasoduto eram moradores do próprio estado do Amazonas. Para a sua contratação foram cruciais alguns programas de treinamento, como o criado pelo Governo do Estado. No

momento de pico, a obra con-tou com nove mil pessoas em seus quadros; além disso, 26,7 mil empregos indiretos foram gerados com a construção.

Apesar de tantos desa-fios, a área escolhida para a instalação do gasoduto fora cuidadosamente estudada. Para fazer dispor ao mercado

o gás natural extraído em seu subsolo, o duto gigante foi concebido sob os auspícios do Rio Solimões e sua bacia. Trata-se da segunda maior re-serva de gás do país, estima-da em 52,8 bilhões de metros cúbicos, atrás apenas do Rio de Janeiro (144,8 bilhões de m³). Até então, a produção era reinjetada por falta de infraestrutura de transporte.

Agora, a responsabilidade operacional do Urucu-Coari-Manaus está nas mãos da Transpetro, que faz a operação do gasoduto de forma remota e automatizada. Assim como acontece com os outros ga-sodutos sob a sua égide, os comandos partem do Centro Nacional de Controle Opera-

A execução do projeto respeitou todas as exigências dos orgãos ambientais

Especial DeSaFio Da SolDagem em plena FloReSTa TRopical

”“

Cerca de 70% dos trabalhadores

empregados no gasoduto eram moradores do

próprio estado do Amazonas

Fotos Agência Petrobrás - Bruno Veiga

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cional (CNCO), com sede no Rio de Janeiro, e são operados por uma equipe de técnicos que foi treinada durante dois anos para assumir a função.

Enquanto algumas equipes ainda fazem os últimos ajus-tes para que o gasoduto fique 100% pronto nos próximos me-ses, os reflexos da empreitada surgem em outras áreas. Os desafios logísticos foram tan-tos que a obra do Urucu-Coari-Manaus acabou servindo, por exemplo, como uma das bases impulsionadoras para a criação de um novo setor dentro da Pe-trobras: o de Desenvolvimento Tecnológico na implantação de

dutos, principalmente na selva. O departamento foi inaugura-do há cerca de dois anos, com o objetivo de estudar soluções tecnológicas para empreendi-mentos tão desafiadores quan-to os de Coari-Manaus.

Pesquisa e desenvolvimentoÀ frente do jovem setor, o en-

genheiro Paulo Montes explica como a sua equipe, formada por cerca de 20 técnicos, pes-quisa as inovações tecnológicas do mundo todo e as adapta para os desafios encontrados nos empreendimentos da em-presa. São elementos que vão desde o uso de aviões com

câmeras para fiscalizar obras de dutos até o estudo de novos detonadores de rocha — o uso da água é uma das possibilida-des avistadas — passando pelo desenvolvimento de novos revestimentos para dutos e por análises de risco no setor de transportes. O departamento conta com o apoio do Cenpes (Centro de Pesquisas e Desen-volvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello) e já tem articulado ações em parceria com a própria FBTS, como a rea-lização de workshops e painéis.

“Nosso objetivo é melhorar a produtividade de nossos métodos e baixar custos”, es-

Pólo Industrial Arara dentro do polo Urucu

Foto Agência Petrobras Geraldo Falcão

Gasoduto Urucu-Coari-manaus

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14 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Especial DeSaFio Da SolDagem em plena FloReSTa TRopical

pecifica Montes. Ele acrescen-ta que sua equipe está de olho nas técnicas mais modernas empregadas no exterior. Um bom exemplo são as soldas a fricção e a laser, já usadas em outros países, para viabi-lizar o seu emprego no Brasil.

Já realidade, porém, é o sistema que o departamento de Montes desenvolveu com a Google, inspirado no Google Earth, o popular programa da gigante da web que permite visualizar de forma tridimen-sional praticamente todos os recantos do planeta — e até parte do universo —, por meio da montagem de imagens cap-tadas por inúmeros satélites. Uma espécie de versão do programa foi adaptada para a Petrobras, que, assim, con-segue manter um sistema de informações geográficas pre-cisas. A ideia é usar essa ferra-menta em plataformas e obras de refinaria, por exemplo.

“Estamos desenvolvendo novas ferramentas que ajudem principalmente na gestão de obras, que ampliem as possi-bilidades de apoio logístico”, ressalta o engenheiro. Na área de solda, o novo setor da Petro-bras pode ajudar no desenvol-vimento nacional dos processos de soldagem automatizados ou semi-automáticos, em substi-tuição aos métodos ainda uti-lizados na grande maioria dos empreendimentos nacionais.

“Os processos de soldagem usados no Brasil, hoje, ainda contemplam em sua maioria os tradicionais eletrodos revestidos

e TIG”, conta José Alfredo Bello Barbosa, Superintendente dos Departamentos de Desenvol-vimento Tecnológico e de Cer-tificação da Qualidade da FBTS

. “O grande problema no país em relação a dutos é que eles ainda representam obras caras”, acrescenta. “Isso acontece, em geral, devido ao próprio relevo, que dificulta a execução de trechos retos. Motivo pelo qual é tão difícil atender os cronograma nos prazos estipulados”.

Por isso, o esforço da FBTS em estimular o uso de pro-cessos mais sofisticados, que tem se intensificado por meio de parcerias com centros de pesquisa, gran-des empresas e consultorias (como mostramos no artigo das páginas 26 a 33), se dá,

sobretudo, em prol da maior produtividade e da diminui-ção dos custos nos métodos usados atualmente.

Polo industrial de Urucu à beira do Rio Solimões Sonda-terra no Amazonas com início da exploração em 2005

“ ”Os processos de soldagem no Brasil estão evoluindo dos tradicionais eletrodos

revestidos e TIG para novas tecnologiasJoSé alFReDo Bello BaRBoSa

Sup. dos Departamentos de Desenvolvimento Tecnológico e de Certificação da Qualidade da FBTS

Foto

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Fotos Agência Petrobrás - Bruno Veiga

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15 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Sonda-terra no Amazonas com início da exploração em 2005

Gasoduto Urucu-Coari-manaus

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Empresa destaque

“”A EBSE deu um

salto de qualidade depois de sua

transferência, em 2000, para o Grupo

MPE

Vista superior do galpão da fábrica da EBSE

eBSe - empReSa BRaSileiRa De SolDaS eléTRicaSFotos Divulgação eBSe

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17 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

dquirida pelo Grupo MPE (Montagens de Projetos Especiais) – originado do antigo

Departamento de Servi-ços Industriais da General Electric do Brasil S/A, a EBSE chegou a represen-tar um dos símbolos da industrialização brasileira durante o período Vargas, e hoje deu um salto de qualidade que vem situan-do a empresa no mercado como uma das principais empresas na área de solda-gem em atuação no Brasil.

Atualmente instalada

num terreno de 100 mil m² no bairro de Santíssimo, Zona Oeste do Rio de Ja-neiro, a empresa tem como principal foco de atuação o mercado de óleo e gás.

Entre os principais produ-tos comercializados estão tubos, caldeiras e outros equipamentos mais elabo-rados, além de estruturas metálicas destinadas à cons-trução civil de grande porte (edifícios, pontes etc). “Com o boom do mercado de óleo e gás, acreditamos que a empresa esteja bem estru-turada para atender seus clientes. Somos tradicionais fornecedores da Petrobras, 70% da nossa produção são

O “boom” do mercado de óleo e gás ocorrido recentemente e agora dinamizado ainda mais com a descoberta pela Petrobras das reservas do pré-sal” serviu como uma injeção nas atividades de algumas empresas que atuam nessa cadeia. Este foi o caso da Empresa Brasileira de Soldas Elétricas (EBSE), fundada em 1913, e que hoje destina 70% de toda a sua produção para a Petrobras.

A

EBSE

Um saltode qualidadeInvestimento constante em capacitação de mãode obra e tolerância zero para atrasos na entrega

Por iSABellA mottA

Usinagem de dutos e outros materiais soldados

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18 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

destinados a projetos deles, sejam onshore ou offshore”, explica Marcelo Bonilha, diretor-superintendente da EBSE.

Entre os principais negó-cios da EBSE com a Petro-bras está a comercialização de tubos, equipamentos e spools/skids (tipos diferen-tes de tubulação). Para se ter uma dimensão da quan-tidade de negócios entre as duas empresas, atualmente a produção mensal na fábri-ca de Santíssimo contabiliza três mil toneladas de tubos, 300 toneladas de equipa-mentos e 200 toneladas de spools. “Por se tratar de uma commodity, o tubo acaba sendo o produto mais produzido, pois tem maior demanda e preparo mais rápido e simples. Já a produ-

ção de equipamentos leva em conta o projeto a que se destina, a engenharia e a função”, esclarece Bonilha.

Além das formas já tra-dicionais de operação, nos últimos anos a EBSE tem investido em novas tecno-logias, como a produção de spools de superduplex, recomendados para utili-zação, principalmente, em plataformas marítimas de petróleo, caso da P-55, da Petrobras, um dos atuais projetos para onde a EBSE vem fornecendo material. A EBSE entregou recentemen-te a unidade de Tri-Etileno Glicol (TEG), equipamento que será responsável pela integração da plataforma, tendo a função de retirar a umidade do gás produzido. Para desenvolver a tecno-

logia, a EBSE trabalhou em parceria com a empresa holandesa Frames Process Systems. A empresa brasi-leira ficou responsável pela fabricação e montagem do equipamento, cabendo aos holandeses a elaboração do projeto do sistema e o fornecimento internos.

Investimentos em formação são um diferencial

Para o superintendente, a longevidade da empresa e o sucesso nos negócios estão ligados aos valores pregados aos funcionários, dentre eles, tolerância zero para atraso nas entregas.

Outro diferencial com relação a outras empresas de mesma atividade é o investimento constante em formação, treinamento e capacitação de mão de obra. “Em 2004 fechamos uma parceria com o Sesi e o SENAI para que nossos soldadores recebessem au-las do ensino fundamental, pois muitos funcionários sequer tinham o primeiro grau. No segundo ano da parceria, eles fizeram o segundo grau. Também promovemos treinamentos internos para formação de soldador, encanador e caldeireiro e investimos em cursos de MBA para os cargos de chefia”, enumera Bonilha.

Ele aproveita para ressal-tar a qualidade dos profis-

Spool Fabricado pela EBSE

Empresa destaque eBSe - empReSa BRaSileiRa De SolDaS eléTRicaS

Fotos Divulgação eBSe

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19 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

sionais brasileiros: “sempre que fazemos alguma par-ceria com outras empresas nossos funcionários são elo-giados. De um modo geral, os profissionais brasileiros são bem formados. Eles possuem habilidade, são competentes”.

Seguindo as exigências in-ternacionais, a EBSE possui os selos qualidade ISO 9001, de gestão de qualidade, API, para a fabricação de tubos e ASME U, U2 e S, referentes a equipamentos (esse último selo dá reconhecimento internacional como fabri-cante de vasos de pressão e caldeiras). Além deles, está em andamento o processo para obtenção do selo OH-SAS 18001, de segurança e saúde no trabalho.

Operário faz acabamento em peça de ferro em equipamento na fábrica da EBSEFoto Agência Petrobrás - Stéferson Faria

“ ”Por se tratar de uma

commodity, o tubo acaba sendo o produto mais

produzidomaRcelo Bonilha

Marcelo Bonilha, diretor-superintendente da Empresa Brasileira de Soldas Elétricas (EBSE)

EBSEPor iSABellA mottA

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Empresa destaque eBSe - empReSa BRaSileiRa De SolDaS eléTRicaS

Projetos futurosincluem abertura defábrica em Recife

Sempre muito importan-tes, independente do ramo de atividade, os investi-mentos em formação serão ainda mais necessários num dos próximos projetos da EBSE: a abertura de uma nova fábrica em Recife. O escritório já está em fun-cionamento e a fábrica tem previsão de abertura para junho, com cerca de 200 funcionários – a do Rio de Janeiro emprega 500 profis-sionais. A empresa já teve uma fábrica em Jacareí, interior de São Paulo, mas foi fechada.

A nova instalação não fabricará tubos, apenas spools e outros tipos de equipamentos. “Escolhe-mos Recife por se tratar de uma cidade em que o mercado está em expansão. A capital pernambucana vai receber projetos de petro-química, além do Comple-xo Industrial Portuário de Suape, cuja previsão para o início das atividades é este ano”, explica o diretor superintendente da EBSE, Marcelo Bonilha.

A abertura da nova fá-brica reflete a estratégia da empresa de investir no mercado interno, que vive um bom momento. “O câm-

Caldeiras, cascos, dutos, materiais de precisão e alta pressão são produzidos na fábrica da EBSE

bio está muito desfavorável para tentarmos exportar qualquer um dos nossos produtos”, afirma Bonilha. Ele lembra que o setor está bastante movimentado e que é hora de começar a estudar as novas tecno-logias e novos materiais que surgirão com o Pré-Sal. “Ainda não sabemos o que virá, pois está tudo no iní-cio, mas como trataremos de equipamentos que serão submetidos a profundida-des maiores, certamente eles terão que ser feitos com outros materiais para ter maior resistência. A grande preocupação é com o carbo-nato do óleo”, prevê.

Foto reprodução 3D

Fotos Divulgação eBSe

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Suporte técnico

Zenilda Passos Lima Vieira

mercado de trabalho também não foi fácil, pois na década de 80 o setor de engenharia esta-va passando por uma grande crise. Mesmo assim, Zenilda conseguiu estágio na Petro-bras, na área de metalurgia. Já no final do estágio, soube da oportunidade na FBTS e re-solveu investir. “Como faltava

pouco tempo para me formar e a FBTS estava crescendo, eu poderia ter maiores chances de ser contratada”.

A aposta deu certo e a con-tratação aconteceu poucos meses depois, época em que a fundação criou o Departamen-to de Qualificação, que teve como primeira meta estrutu-rar um sistema nacional para qualificar os inspetores de soldagem. “Ver a coisa surgir, dar certo e ter feito parte disso foi maravilhoso”, lembra a en-genheira que fez parte da fase embrionária do processo e ajudou a criar procedimentos que são adotados hoje. Nessa mesma época, a engenheira ganhou uma bolsa de estudos e foi para Portugal ver como

ormada em engenharia mecânica pela Universi-dade Santa Úrsula, Ze-nilda diz que em alguns

momentos chegou a ter dú-vida e pensou em desistir da profissão, mas a insistência da família foi fundamental para ir adiante. “Na metade da faculdade quis trocar de curso. Minha mãe interferiu e disse que se eu quisesse outra facul-dade, poderia fazer depois que terminasse meu atual curso. Engenharia é muito ‘puxado’ e, principalmente na época, uma profissão muito masculina. Cheguei a pedir transferência para administração, mas resol-vi ouvir o conselho de minha mãe”, lembra a engenheira.

A primeira experiência no

Pratada Casa

JAnAinA CArVAlho

Esbanjando simpatia e um largo sorriso no rosto, a analista de qua-lidade Zenilda Passos Lima Vieira se orgulha em ter acompanhado e participado da história da Fundação Brasileira de Tecnologia da Solda-gem (FBTS). Funcionária mais antiga da empresa, a engenheira lembra que na época da sua contratação a FBTS estava dando os primeiros passos no mercado e tinha apenas seis funcionários. “Conhecia todo mundo. Éramos um grupo pequeno. Hoje, às vezes passo nos corre-dores e não sei o nome de muita gente”, confessa.

F

Nossa Gente eQuipe capaciTaDa gaRanTe QualiDaDe na ceRTiFicação

ZenilDa paSSoS lima vieiRa | analiSTa De QualiDaDe

“”

Ver a Fundação surgir, dar certo e crescer foi muito gratificante. E ter feito parte disso foi ainda mais maravilhoso

Foto Alexandre loureiro

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funcionava o processo de normatização fora do Brasil. Ao voltar, trouxe na bagagem uma grande experiência que acrescentou muito à criação do sistema de normatização.

Em 1992, a FBTS foi reco-nhecida pelo Inmetro para atuar na área de qualificação e certificação e, mais uma vez, a engenheira estava presente. “Essa foi uma grande vitória, pois nos empenhamos e ela-boramos todos os documentos necessários para obter o reco-nhecimento. Fomos a primeira instituição reconhecida no país para certificar inspetores de soldagem. Ser pioneiro tem muitos méritos, mas é bem mais difícil”, destaca.

Mesmo com uma rotina intensa na fundação, Zenilda nunca deixou o trabalho in-terferir em sua vida pessoal e vice-versa. “Sou casada há 20 anos e tenho 18 de FBTS. São praticamente dois casamentos e acho que dá certo porque não costumo levar trabalho para casa, nem problemas pessoais para o trabalho. Acho que as duas coisas dão certo se você se dedicar a ambas”, explica a engenheira que tem uma filha de 14 anos.

Profissional bem sucedida, pós graduada em engenha-ria, mãe, esposa e dona de casa, Zenilda só lamenta não ter conseguido concluir o mestrado, pois o curso exige dedicação quase integral. “A exigência nesse tipo de curso é enorme e não tinha como conciliar”. Mesmo sem o tão

sonhado mestrado, em 2002 a engenheira teve um dos maiores reconhecimentos do mercado profissional ao conquistar o prêmio da Asso-ciação Brasileira de Soldagem (ABS). Em parceria com outro engenheiro, Zenilda elaborou um projeto que estabeleceu o custo que uma empresa teria para elaborar e qualificar um procedimento seguindo uma determinada norma. “Na épo-ca, o outro engenheiro foi para a Alemanha desenvolver um novo projeto e eu apresentei o trabalho no congresso da Associação Brasileira de Sol-dagem (ABS). Naquele ano ganhamos o prêmio AGA revelação, pois o nosso traba-

lho foi pioneiro na área”, diz Zenilda ao confessar que foi gratificante ver seu trabalho reconhecido no mercado.

Uma das grandes dificul-dades na área de qualificação e certificação é ter que lidar constantemente com o públi-co. Por ser um processo caro, muitos candidatos não se conformam diante de uma re-provação. “Muita gente vende carro ou faz empréstimo para obter a certificação. Entendo o desespero de muitos, mas não posso interferir. Ali está sendo avaliado o conhecimen-to do candidato. Só quem está capacitado consegue passar. A única coisa que faço é ter cuidado na hora de falar”,

Inspeção de solda (sequi Petrobrás)Foto Arquivo FBtS

Nossa Gente eQuipe capaciTaDa gaRanTe QualiDaDe na ceRTiFicação

ZenilDa paSSoS lima vieiRa | 46 anoS | analiSTa De QualiDaDe

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23 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

explica Zenilda, que sempre é designada pelos colegas de departamento para atender os que criam confusão após uma reprovação.

Nessas horas, percebemos o quanto a coisa era séria. Se-gundo a engenheira, contornar esse tipo de situação e saber lidar com pessoas que ficam transtornadas com a reprova-ção também faz parte do seu trabalho. “Tento acalmá-los, por que ficar reprovado é muito complicado. Alguns se conformam e voltam para o processo normal, mas outros ficam desesperados, pois a cer-tificação é o seu ganha pão”.

Por ser uma área de ex-trema responsabilidade, o processo de certificação é bem rigoroso e chega a atin-gir um índice de reprovação de 70%. O candidato, que é submetido a sete provas, antes precisa atender aos requisitos da norma NBR 14842 quanto à documentação, nível de escolaridade e experiência profissional. E a certificação não é permanente. Trinta me-ses depois o candidato precisa comprovar que atuou pelo menos 15 meses na função para depois ser submetido a mais três provas. “Há candi-datos que estão na 15ª tenta-tiva e não conseguem passar. Mas o maior problema é para aqueles que ficam reprovados no processo de recertificação. Essas pessoas precisam voltar para o início, passar por todas as etapas novamente fazendo, inclusive, as sete provas”, expli-

ca Zenilda, ressaltando que o candidato gasta em média R$ 3,5 mil na fase da certificação, isso se obtiver aprovação na primeira tentativa.

No entanto, como profissio-nal da área, Zenilda afirma que

soldagem é a profissão da vez, está na moda, mas é preciso ter consciência que além da qualificação, o profissional precisa ter aptidão e estar pre-parado para atuar no ramo. Ele tem que estar disposto a ser chamado para um gasoduto lá em Manaus, por exemplo. Na maioria das vezes o profissio-nal fica muito tempo fora da civilização e longe da família, mas os salários compensam”. No caso de inspetor de solda-gem iniciante a média salarial é de R$ 5 mil, valor que dobra assim que o profissional atinge o nível 2. Segundo Zenilda, obter a qualificação no caso de um inspetor de soldagem é tão importante quanto a carteira de habilitação para motorista.

E a certificação não é res-ponsabilidade só do profissio-nal, mas dos empregadores também. No site da FBTS existe uma relação onde as empresas podem verificar quais profis-sionais estão capacitados e a validade de sua certificação. “É uma consulta bem simples de ser feita e o empregador fica mais tranquilo ao saber que está contratando alguém que passou por um processo de avaliação e está capacita-do para exercer determinada atividade”.

Ao completar 18 anos na fundação, Zenilda dá a dica de como fazer dar certo ao se intitular uma eterna aprendiz. “Estamos sempre aprendendo. Para mim, ninguém tem o co-nhecimento completo. Estou sempre disposta a aprender”.

“”

Por ser de extrema responsabilidade,

o processo de certificação exige boa preparação e bom nível de

conhecimento do candidato

é fundamental o profissional estar qualificado e revela o motivo de tanto rigor na hora das provas. “Se o profissional executar uma inspeção er-rada como liberar uma junta mal feita, isso vai acarretar problema no equipamento em serviço. Existem registros de grandes acidentes em ole-odutos e gasodutos. Isso se dá porque a inspeção não foi realizada corretamente, o ins-petor liberou uma junta que não deveria ter liberado, que deveria ter sido submetida a reparo e nova solda”.

Por ser um mercado em franca expansão e pelo rigor na formação de mão de obra qua-lificada, a remuneração inicial de um inspetor de soldagem tem atraído muita gente que está ingressando no mercado de trabalho. “Inspeção de

Suporte técnico

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m setembro do ano passa-do, o superintendente do Departamento de Cursos da FBTS, Marcelo Maciel,

esteve na sede do instituto, em Cambridge (Inglaterra), para um primeiro encontro com o Global Training & Exa-minations Services Manager do TWI, Chris Peters. “Ainda não há nada definido, mas nosso objetivo é fazer uma parceria para a formação de engenheiros de soldagem bra-sileiros”, explica Maciel.

Com escritórios espalha-dos pelos cinco continentes o TWI é mundialmente re-conhecido por desenvolver

e introduzir novos produtos e processos; otimização de novas técnicas de produção e estratégias de proteção, além da área de treinamento de profissionais. Atualmente, são mais de 2 mil membros

E

em aproximadamente 60 países. A adesão pode ser feita no site do TWI (www.twi.co.uk). Sendo membro, é possível ter acesso a inú-meras pesquisas e teses pu-blicadas pelo instituto. Entre as empresas que já possuem parceria com o TWI estão cerca de 20 brasileiras, sendo uma delas a Petrobras.

No que diz respeito à for-mação, o TWI realiza con-gressos voltados para o aper-feiçoamento de profissionais por todo o mundo. Além disso, oferece cursos nas áreas de NDT, soldagem, inspeção de soldagem e mais uma gama de tecnologias associadas – de acordo com o calendário disponível na página do instituto. “Entre os muitos interesses que a FBTS tem nessa parceria, o primeiro a ser discutido foi a participação da instituição na formação de engenheiros aqui no Brasil e a possibili-dade de podermos mandar profissionais para aperfei-

Parceria tec nológicaAproximação da FBTS com o TWI pode render intercâmbio importante ao setor Promover uma rede de estímulos e desenvolvimento econômico e de qualidade de vida através de novas tecnologias na área de soldagem. Este é um dos principais objetivos do The Welding Institute - TWI, instituto multinacional que realiza pesquisas tec-nológicas de forma independente em todos os setores da indústria de soldagem. Buscando promover um intercâmbio profissional, a Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS) está iniciando uma parceria com o instituto inglês.

intercâmbio FoRTalecimenTo DaS RelaçõeS inTeRnacionaiS

”“

A aproximação com o TWI faz

parte da estratégia de fortalecimento

da FBTS com o mercado

internacional

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25 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Parceria tec nológica

çoamento na Inglaterra”, esclarece Maciel.

A aproximação com o TWI faz parte de uma estratégia que a FBTS vem adotando nos últimos anos de for-talecimento das relações institucionais com empre-sas respeitadas no cenário internacional na área da soldagem. “A identificação de instituições e empresas no exterior de renome e competência reconhecida é de vital importância para que possamos identificar poten-ciais parceiros para atender a algumas demandas nacio-nais focadas em inovação”, adianta Maciel.

Marcelo Maciel e Chris Peters: parceria em nome da excelência

Soldadores em treinamento nas unidades da Petrobras

Desenvolvimento tecnológicoPor iSABellA mottA

Foto Divulgação Agência Petrobrás

Foto Arquivo FBtS

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ntre essas soluções, exis-te a técnica de distribui-ção de tubos através de helicópteros de carga. A

necessidade do uso dessa téc-nica, inovadora no Brasil, vem da falta e / ou insuficiência de acesso à terra a partir do rio Solimões à principal rota do gasoduto, e às grandes quan-tidades de áreas alagadas e / ou de várzea, e também o tipo do solo, que, juntamente com o alto índice de chuvas na região, o torna totalmente inadequado para o tráfego de equipamentos pesados.

Devido às dificuldades im-postas pela logística da região amazônica para a constru-

Operaçãona selva

ção e montagem de dutos, helicópteros de carga foram utilizados, pela primeira vez no país, para a distribuição de tubos através da rota principal do gasoduto Urucu - Coari - Manaus, basicamente no trecho localizado entre as

cidades de Coari e Anamã, no Estado do Amazonas.

O S64E Sikorsky e Kamov 32A vieram ao país espe-cialmente para transportar os tubos do gasoduto Coari-Manaus, projeto que levará gás natural a partir da Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, em Urucu, cidade de Coari, até a cidade de Ma-naus, beneficiando também as cidades de Coari, Codajás, Anamã, Anori, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba. Qua-lificados para operar com cabos longos (“long-line”) de 60 a 80 metros, as aeronaves começaram a ser utilizadas para superar os desafios natu-rais que a região impõe a este tipo de operação.

As obras para a construção e montagem do gasodu-to começaram em julho de 2006 e foram concluídas em maio de 2009 para entrar em funcionamento a partir de setembro de 2009.

Distribuição de tubos porhelicóptero na floresta amazônica Os inúmeros problemas logísticos encontrados durante a execução do gasoduto Urucu - Coari - Manaus, localizado na floresta amazônica, conectando a Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, em Urucu, com a refinaria Isaac Sabbá - Reman, na cidade de Manaus, contribuiu consideravelmente para que a PETROBRAS buscasse soluções não convencionais na construção e montagem de dutos no nosso país.

Artigo técnico logíSTica Do gaSoDuTo uRucu-coaRi-manauS

gilBeRTo R. BaRBoSa | oTTo l. m. machaDo | anTonio e. gomeS

E

”“

A construção e montagem do

gasoduto Urucu - Coari - Manaus

começou em 2006 e foi concluída em

maio de 2009

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27 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Operação na selvaFoto Divulgação Prefeitura de Campos

Plataforma apoio aos helicópteros utilizados no transporte de tubos

Mapa da área de atuação dos he-licópteros sobre o rio Negro nos pontos de traves-sia do gasoduto, desde o campo de perfuração de Olaria, até a Refinaria Isaac Sabbá (Reman)

Foto Agência Petrobrás - Bruno Veiga

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O trecho onde os helicópte-ros estavam operando foi consi-derado um dos mais difíceis de todo o projeto, devido à grande extensão de áreas alagadas, além dos obstáculos naturais da floresta, como a falta de acessos terrestres, o calor e a umidade extrema, dificuldades de drenagem e o índice pluvio-métrico elevado. Juntamente com essas dificuldades, tam-bém houve problemas com o tipo de solo, completamente cheio de substâncias orgânicas, tendo, assim, baixa resistência ao tráfego de equipamento pesado, tornando-se inviável o uso de equipamentos con-vencionais, tais como carretas transportadoras de tubulação e o caminhão Dolly.

AeronavesO helicóptero Sikorky 64E

pertence à empresa de Heli-cópteros Evergreen, que está localizada na cidade Macmin-

Artigo técnico

ville, Oregon, Estados Unidos, e a aeronave Kamov pertence à empresa VIH Vancouver Is-land Helicopter, localizada na Columbia Britânica, Canadá.

O S64E e o Kamov vieram para o Brasil em maio de 2008. O S64E chegou a bordo de um avião de transporte de car-gas, Russian Antonov AN-124, enquanto que o Kamov voou do Canadá, aterrissando em território brasileiro na cidade de Boa Vista, capital do estado de Roraima, e depois voou para a cidade de Manaus. Ambas

as aeronaves permaneceram em Manaus para o desembaraço aduaneiro e outras medidas legais e, assim, iniciar seus serviços no gasoduto, utilizando como base operacional a estrutura do ae-roporto da cidade de Anori, que está apto para suportar operações de pouso e decolagem. As duas aeronaves juntas carregaram um número de tubos capazes de se-rem aplicados em uma extensão de cerca de 49.000 metros.

O S64E tem capacidade para transportar até nove toneladas e era utilizado no transporte de tubos com 12 metros de compri-mento, revestidos de concreto, bem como no transporte de cestas metálicas com materiais de suprimento para a empresa e equipamentos. A extensão li-near dos tubos de concreto que foram levados pelo helicóptero S-64E foi de 11.951 metros de comprimento, o que equivale, aproximadamente, a 1.000 tubos carregados ou 4.600 toneladas.

É importante esclarecer que a capacidade de carga dessa aeronave não permitia o trans-porte de mais de um tubo de concreto por vez.

O Kamov tem capacidade de transportar até 4,5 toneladas e era utilizado no transporte de tubos sem cobertura de concreto, bem como de cestas de mate-riais e equipamentos, de acordo com suas limitações técnicas de capacidade de transporte. Esta aeronave carregou sozinha uma extensão de 36.578 metros de comprimento, equivalente, aproximadamente, a 3.050 tubos sem revestimento de concreto ou ”

“O trecho onde os helicópteros

estavam operando foi considerado

um dos mais difíceis, devido aos obstáculos naturais

Veículo Dolly não pode ser utilizado no transporte de tubos em alguns trechos

logíSTica Do gaSoDuTo uRucu-coaRi-manauSFo

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lgaç

ão

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29 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Operação na selva

Foto divulgação Kamov

4.600 toneladas. Esta aeronave foi amplamente utilizada, com grande eficiência, no transpor-te de “doublejoint”, que tinha aproximadamente 24 (vinte e quatro) metros de extensão e pesava em torno de 3 (três) toneladas, respectivamente. O transporte e a forma de carregamento dos tubos foi planejado com o objetivo de segurança e de não de-formar as dimensões prin-cipais, como circunferência e linearidade do tubo. Este trabalho foi bem sucedido.

Abastecimento dasaeronaves KAMOV e S-64

Durante essas ativida-des, os helicópteros foram mantidos no aeroporto da cidade de Anori, no estado do Amazonas. O fornecimen-to de combustível para as aeronaves demandou uma operação logística muito complexa. Essa operação aconteceu, em terra, através de dois caminhões de com-bustível, com capacidade para armazenar até 35,000 litros cada um. Estes cami-nhões também foram man-tidos no aeroporto de Ano-ri. O abastecimento fluvial aconteceu através de dois equipamentos formados por três balsas (balsa APODO - área de pouso e decolagem ocasional, uma balsa com um tanque QAV1 de arma-zenamento de combustível e uma balsa para decantação de combustível), localizadas no lago Miuá, entre as cla-

reiras da floresta CL -21 e CL-22, com capacidade para armazenar até 1.050.000 litros e no lago Anamã (no período de inundação) entre as clareiras da floresta CL-23 e CL-24, com capacidade para armazenar até 450.000 litros. No período de vazan-te, a balsa do Lago Miuá foi transportada para o Rio Paraná Badajós e a balsa do Lago Anamã foi transportada para o Rio Solimões.

Apesar da operação logís-tica bem elaborada para o abastecimento de combus-tível, foi necessário investir na implementação de novos procedimentos, a fim de obter a otimização de uso das aero-

naves, considerando a redução do tempo de abastecimento.

Dessa forma, o processo de reabastecimento dos he-licópteros sem desligar os motores se tornou possível, e foi batizada de “Hot Refueling” (Reabastecimento “quente”). Até aquele momento, esse procedimento nunca tinha sido realizado no Brasil e tam-bém precisava ser certificado por agências governamentais. Após uma série de reuniões com especialistas, o procedi-mento foi aprovado.

Com a implantação deste processo houve um ganho con-siderável de produtividade de 17% para o helicóptero Kamov e 22% para o helicóptero S-64E.

Helicóptero Kamov – em repouso sobre balsa plataforma de apoio em Anori

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Artigo técnico

Tubulação do gasoduto transportada na operação logística

Transporte dos TubosO transporte dos tubos

na floresta envolveu uma operação precisa, que foi planejada nos mínimos deta-lhes. Mestres de Carga foram treinados pela PETROBRAS e atuaram, inicialmente, sob a supervisão dos competentes pilotos dos helicópteros.

Dois tipos de tubos foram utilizados na construção do gasoduto: um era revestido de concreto, para impe-dir a flutuação dos dutos usados nas áreas alagadas, pesando 4,6 toneladas e um outro sem revestimento de concreto, que é usado em regiões de terra firme, pesando aproximadamente 1,5 toneladas. Os tubos têm, aproximadamente, 12 (doze) metros de comprimento e 20 (vinte) centímetros de

diâmetro e tiveram que ser carregados com cabos lon-gos de 60 (sessenta) e 80 (oitenta) metros, que exigiu tripulação especializada e equipamentos.

No Brasil, a prática mais comum consiste no uso de alças curtas com menos de 30 (trinta) metros, no trans-porte de carga externa.

Esta operação foi muito complexa, porque além das condições adversas que o pi-

loto enfrentou como o vento, obstáculos naturais e, muitas vezes, temperaturas superio-res a 40ºC, também requer muita habilidade para contro-lar a carga e a sua oscilação. A diferença entre operar com cabo curto e longo é que o vôo com o cabo curto é sempre na horizontal, enquanto que para cabo longo há mudanças do perfil e características do vôo, desde que a sua referência passa a ser vertical.

O uso de grandes helicópte-ros de carga na construção dos dutos e no processo de monta-gem no Brasil tornou possível a conclusão do empreendimen-to no tempo previsto, elimi-nando o atraso provocado pela lentidão na liberação dessas aeronaves, seus equipamentos e acessórios, no Serviço Adua-neiro em Manaus. “

”Os dois tipos de tubos utilizados

na construção do gasoduto pesavam de 1,5t para terra firme e 4,6t para áreas alagadas

Fotos Agência PetrobráslogíSTica Do gaSoDuTo uRucu-coaRi-manauS

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31 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Helicóptero Kamov aterrisa em balsa de reabastecimento no Rio Badajós

“”

A operação foi muito complexa devido aos fortes

ventos, obstáculos naturais e

temperaturas superiores a 40ºC

Operação na selva

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32 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

adoção de novos méto-dos construtivos, tendo como resultado positivo a redução do tráfego de

equipamentos pesados na via principal, evitando assim a degradação do solo e a cons-trução excessiva de pontes.

Tratamento e gestão de abastecimento de combus-tível para os helicópteros, que estavam localizados em áreas específicas, evitando, desta forma, o transporte de produtos ao longo das frentes de trabalho; ausência de acidentes nas atividades de transporte de tubos por helicópteros, mostrando que apesar da atividade envolver riscos, foi possível trabalhar em condições adversas, res-peitando e cuidando do meio ambiente, da seguinte forma:

a) Divulgando o proce-dimento de transporte dos tubos por helicópteros para todos os trabalhadores;

b) Treinando inspetores na elaboração e divulga-ção da análise preliminar de riscos - APR, incluindo também o transporte de trabalhadores e materiais;

c) simulação de vazamento de QAV-1 no lago Anamã;

d) Treinamento dos tra-balhadores em técnicas de

Metodologia da operaçãoPontos fortes das experiências adquiridas

primeiros socorros e com-bate a incêndio nas ativi-dades de transporte dos helicópteros e de abaste-cimento das aeronaves;

e) Melhoria no desempe-nho na distribuição após a implementação da metodolo-gia de reabastecimento com

Ade carga começarem seu tra-balho, visto que o transporte de tubos por pesados equi-pamentos convencionais das clareiras da floresta (onde os tubos foram armazena-dos) até a rota principal do gasoduto duraria cerca de uma hora e, usando heli-cópteros, duraria apenas 9 minutos. Usar esta metodo-logia de transporte de tubos por helicópteros no BRASIL abriu um novo mercado para a classe empresarial nacional, estimulando-os a procurar o desenvolvimen-to de novas tecnologias na construção de transportes aéreos, considerando prin-cipalmente a capacidade de carga destas aeronaves.

Sugestões de melhoriasa) Antecipar as ações de-

vido a mudanças climáticas;b) Utilização dos recursos de

uma melhor maneira durante os períodos de cheia e vazan-te do rio, se antecipando, as-sim, às dificuldades de acesso a rota principal do gasoduto;

c) realizar estudos mais detalhados sobre as condi-ções do solo antes de enviar os equipamentos que serão utilizados nas atividades;

d) Maior mobilidade / agi-lidade durante as atividades, para melhorar o sistema

”“

O uso da metodologia de transporte de tubos por

helicópteros abriu um novo mercado

no Brasil

o motor em funcionamento, chamada “HOT REFUELLING”, considerada inovadora e que ainda não tinha sido realiza-da neste tipo de atividade;

Vale destacar o trabalho da equipe de segurança em parceria com a equipe de comunicação social, na dis-seminação de informações sobre o tipo de helicópteros de trabalho para as comuni-dades locais e indígenas situ-adas em torno do gasoduto;

Redução do tempo das atividades de distribuição obtido após os helicópteros

Artigo técnico logíSTica Do gaSoDuTo uRucu-coaRi-manauS

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33 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

”“

O custo de mobilização dos equipamentos, inicialmente,

é maior, mas o custo / benefício é

favorável

de transportes (logística);e) Em situações climáticas

adversas, o que impediria o resgate da equipe respon-sável pelo ar, é importante ter um “mateiro” (nativo que conhece a região muito bem) e acessórios mínimos para sobreviver na floresta;

f) Durante o transpor-te dos tubos é necessário, para melhorar a estabilida-de, o uso de um balancim;

g) Para cada ambiente onde for descarregar o tubo na rota principal, é impor-tante ter um conhecimento prévio do local, principal-mente de espécies florestais que estejam propensas a cair, e que podem colocar os helicópteros, equipamentos e pessoas envolvidas na ati-vidade em situações de risco;

h) Em futuros projetos, é necessária a aquisição de rádios anti-explosão a serem

utilizados nas balsas de abas-tecimento de combustível QAV que estiverem em uso;

i) Melhorar a comunicação com outros helicópteros pri-vados que não estão envol-vidos na atividade, durante o transporte aéreo de tubos.

Conclusão Vale a pena enfatizar nova-

mente a inovação e o grande sucesso desta operação, que trouxe um novo horizonte para a construção e monta-

gem de dutos no nosso país, principalmente nas áreas mais remotas e de difícil acesso.

É importante ressaltar que helicóptero S-64E transportou 11,951 metros de tubos reves-tidos com concreto, enquanto que o Kamov transportou 36,578 metros de tubos sem revestimento de concreto.

Embora o custo de mobili-zação destes equipamentos, inicialmente, seja maior que o custo do equipamento convencional, a relação cus-to / benefício é favorável ao uso de helicópteros de carga em áreas remotas, levando-se em conta o au-mento da produtividade.

Podemos destacar ainda como um reflexo da apro-vação do presente proces-so, o componente ambien-tal, que foi extremamente favorável (menor impac-to causado ao ambiente).

Operação na selva

Polo industrial de Urucu e trilha do gasoduto acima do sítio

* Este documento técnico foi pre-parado para apresentação na Rio Pipeline Conference and Exposition 2009, realizada nos dias 22 a 24 de Setembro de 2009, no Rio de Janeiro, e foi selecionado para apresentação pelo Comitê Técnico do evento de acordo com as informações contidas no resumo apresentado pelos auto-res - Gilberto R. Barbosa, Otto L. M. Machado, Antonio E. Gomes. O conteúdo, como apresentado, não foi revisado pelo IBP. Os organizado-res não deveriam traduzir ou corrigir os trabalhos apresentados. O material não necessariamente representa a opinião do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis, bem como de seus membros e repre-sentantes. Os autores autorizam a publicação deste material técnico no manual de normas e procedimentos da Conferência Rio Pipeline.

Copyright 2009, Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis - IBP

Fotos Agência Petrobrás

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34 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

feira de Essen para o segmento da solda-gem representa um dos mais importantes

eventos tecnológicos do mundo.

Isto porque, a Alemanha representa em compara-ção com as outras nações da Comunidade Européia aproximadamente 30% do mercado em termos de novos produtos e aproxi-madamente 20% em ter-mos de empregados no segmento da soldagem.

Dentre várias novidades

tecnológicas apresentadas uma das que merece des-taque são os simuladores de soldagem.

Treinamento: Simuladores de Soldagem

Estavam representados vários tipos de estações de treinamento, desde as mais simples com somente possibilidades de simulação nas posições Plana e Hori-zontal, até os que podiam ser acoplados a outras telas para que sejam acompa-nhados por um número tão

A convite da Organização Nacional da Indústria do Petróleo – ONIP, no âmbito do Programa de Internacionalização da Cadeia Óleo e Gás - Prointer o Superintendente Executivo de Gestão Tecnológi-ca e de Cursos da FBTS, Marcelo Maciel Pereira, esteve na feira internacional de soldagem que aconteceu no período de 12 a 19 de setembro de 2009, em Essen, na Alemanha.

A

Simulado resTreinamento de vanguarda com

Opinião FeiRa / eSSen / alemanhã

maRcelo maciel

Avanço na formação profissional e economia para as empresas

Figura 1

Figura 2

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35 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

Simulado res

Simuladores

Empresa Canadense123 Certification.com:Virtual CertificationVirtuelle

A simulação da solda-gem pode ser fe i ta na posição plana em vários processos, v isual izada -em uma bancada virtual quando o soldador está no simulador.

O processo permite si-mular a soldagem do alu-mínio, do aço carbono e do aço inoxidável, além da simulação dos processos de soldagem semi-auto-máticos: GMAW, MCAW, FCAW e os processos ma-nuais: GTAW e SMAW.

SIMFOR:Simulation y Formation

O Simulador da SIMFOR (RV SOLD) foi apresentado pela Associação Espanhola de Soldagem e Tecnologias de União.

É um simulador de sol-dagem para treinamento de pessoal que possui como uma das caracterís-ticas principais o armaze-namento do desempenho do profissional, segundo critérios e procedimentos predeterminados.

O simulador mostra o ângulo do eletrodo e o tamanho do cordão solda-do, que permite avaliar a distância do stick-out para que o profissional possa corrigir o posicionamento

grande quanto o número de lugares disponíveis para acomodar os espectadores e até serem enviados on-line para outros locais.

Tais equipamentos são capazes de simular uma soldagem e informar ao seu usuário o que esta sen-do feito de errado para que este corrija sua atuação na soldagem.

A utilização deste tipo de simulador traz, além da economia dos consumíveis utilizados na soldagem real, a possibilidade excepcional de ser corrigido em tempo real o que certamente en-curtará o tempo de treina-mento substancialmente.

The Lincoln Eletric Company: Virtual Weld Training

O simulador da Lincoln possui exercícios para os processos de soldagem SMAW, GMAW a FCAW, além de oferecer múltiplas posições de soldagem.

Na figura 2, observa-se a preparação para a simu-lação da soldagem, que permite ao usuário, além de estar acompanhando o processo de soldagem, visualizar a mesma imagem em um monitor, além da máscara de soldagem. Esta opção permite que toda a soldagem virtual possa ser disponibilizada para outras pessoas que poderão inclu-sive estar assistindo.

Figura 1

Simulador da Lincoln com exercícios para os processos de

soldagem SMAW, GMAW a FCAW

Visitantes de vários países visitam os estandes na Feira de Essen, Alemanha, uma das mais importantes do mundo

Figura 2

Fotos Arquivo FBtS

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36 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

do eletrodo.Como o e letrodo va i

sendo consumido durante a soldagem, assim como na soldagem real, o simu-lador exige que o solda-dor vá progressivamente aproximando o porta ele-trodo para a peça a ser soldada.

A figura 3 mostra a re-produção da solda reali-zada, indicando o tempo total de duração e o eixo referencial para que o pro-fissional possa manter a correta direção da solda.

Weld-MartAustrália

O Simulador da Weld-Mart possui uma estação de soldagem virtual, pos-s ib i l i tando o ajuste da bancada, oferecendo uma amigável interface para o treinamento.

Este simulador oferece o diagnóst ico da habi -l idade manipulativa do soldador e alguns parâ-metros da soldagem, tais como: ângulo de trabalho, velocidade do arame, cor-rente, penetração da raiz, energia da soldagem etc.

Este simulador possui também alguns efeitos interessantes, tais como: efeitos sonoros de acordo com os parâmetros da soldagem que foram de-finidos, respingos, efeito visual dos fumos e gases.

Segundo o representan-

te, permite ser utilizado em todas as posições de soldagem.

8.4- FroniusVirtual Welding

O S imulador da Fro -nius oferece a prática nos processos GMAW. Pos -sui orientações de como manipular a tocha cor-retamente sem nenhum risco para a qualidade da soldagem. Segundo o re-presentante o foco é para introduzir os soldadores iniciantes na soldagem.

observa-se na figura 4, a simulação do processo MIG e na figura 5 o posi-cionamento do aluno em uma junta em ângulo e sua representação virtual.

ISmaS – FWBIO simulador da ISmaS

a p re s e nta u m a te c n o -logia diferente dos ou-tros simuladores virtuais. Oriundo da universidade de Bremen oferece a visão do movimento da tocha (ângulo de trabalho) e a velocidade da soldagem, assim como da geometria da solda.

Através desse processo, o profissional pode visu-alizar a solda através dos óculos protegidos com um fi ltro. Dois marcadores identificam o posiciona-mento da tocha durante a soldagem virtual, per-mit indo a v i sua l i zação

Opinião FeiRa / eSSen / alemanhã

maRcelo maciel

Figura 3

Figura 4

Fronius: posicionamento do aluno em uma junta em ângulo e sua representação virtual

Modelo da Fronius: simulação do processo MIG

Simulador da SIMFOR: indica o tempo de duração e o eixo referencial para a correta direção da solda

Figura 5

Fotos Arquivo FBtS

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37 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

s simuladores de sol-dagem foram sem du-vida uma das grandes novidades. Estavam

presentes vários modelos diferentes e de vários pa-íses. Tais equipamentos são capazes de simular uma soldagem, em vários processos e posições, in-formando ao seu usuário o que está sendo feito de errado para que este possa corrigir sua atuação duran-te a soldagem.

A utilização dos simu-ladores de soldagem nos t re i n a m e n t o s o fe re c e grande economia às insti-tuições responsáveis pela

Evolução tecnológicaGrandes novidades no setor de treinamento

formação de pessoal em soldagem, já que não utili-zaria consumíveis, chapas, hora de oficina, etc. Além de propiciar uma seleção inicial dos profissionais que possuem aptidão para a soldagem, evitando a descoberta tardiamente.

Sem dúvida foi uma das

inovações apresentadas na feira que merece destaque especial.

Outra questão que merece ser destacada é que, além dos países desenvolvidos que costumeiramente estão representados na feira, esta-vam também a China, com um pavilhão inteiro, a Índia e a Ucrânia.

Uma sugestão para uma próxima feira seria a parti-cipação do Brasil com um stand específico pra divulgar suas atividades técnicas, seus produtos e serviços, com uma seleção de empresas e entidades representativas da soldagem brasileira.

da imagem virtual pelo usuário.

CS – WAVEVirtual TrainerO simulador CS – Wave

permite simulações para os processos de soldagem GMAW e SMAW, podendo ter variações de exercícios e de parâmetros. Esse mo-delo de simulador também é disponibilizado em ver-são móvel.

A vantagem deste simu-lador é que ele permite dois módulos – o do ins-trutor e o do aluno, um para preparar os exercí-

cios, com situações e o outro para executar o que o instrutor decidiu.

GSI SLV – HalleO simulador apresenta-

do pela GSI –SLV permite conciliar a aprendizagem virtual com a aprendiza-gem prática. Este simulador permite a soldagem virtual nos processos GMAW e GTAW. Sendo a qualidade da soldagem dependente diretamente da qualifica-ção do soldador a simula-ção do virtual com a prática é bem interessante.

SimuladoresPor JuliAnA Aquino

O

”“

Os simuladores de soldagem

oferecem grande economia no processo de

formação

“ ”Há uma grande defasagem

da produção intelectual em soldagem em favor dos

países desenvolvidosmaRcelo maciel peReiRa

Superintendente do Departamente de Gestão Tecnológica e de Cursos da FBTS

Foto

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38 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

JoSé FanTine e RaymunDo De oliveiRaNovos Conselheiros da FBTS

A existência de uma Po-lítica de Desenvolvimento Produtivo que inclui vários PACs em pleno andamento mostrou a importância do ordenamento nacional se-gundo um plano de desen-volvimento. Ou seja, não foi preciso inventar nada na recente crise, apenas man-ter o fluxo de investimentos e a liquidez.

Essa ordem nacional foi reconhecida interna-cionalmente e finalmente

o Brasi l vem sendo re-conhecido como nação de fato no bom caminho para ingressar no primeiro time mundial. Tudo isso seguramente se reflete nos planos da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem, levando-a a olhar o Brasil em nova dimensão. Tendo em vista essa atual realidade, os novos conselheiros da FBTS José Fantine (engenheiro químico) e Raymundo de

Oliveira (engenheiro ele-trônico) assumiram como principal objetivo viabilizar parcerias e fazer das pes-quisas e do planejamento uma das principais ferra-mentas para o progresso no setor e da FBTS.

Nestas duas entrevistas concedidas à Revista FBTS, os dois novos conselheiros da entidade analisam a con-juntura política e econômi-ca do País e falam de seus projetos na Fundação.

O papel da soldagem no contexto doEntrevista

A Atualmente o Brasil atravessa uma fase de progresso sustentável que pode ser avaliado pela forma segura como atravessou a pesada

crise econômica mundial. Os países mais desen-volvidos e a maioria dos em desenvolvimento sofreram sérios reveses no campo industrial, financeiro, de empregos e de investimentos. O que distinguiu o Brasil dos demais foi sem dúvida

sua blindagem em reservas estrangeiras constru-ídas ao longo dos últimos anos, a eliminação da dívida externa pública, bem como um amplo pro-grama público de investimentos. Também, valeram muito as ações das estatais como a Petrobras, o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica, bem como as ações no campo financeiro do Banco Central.

FBTS ganha dois novos conselheiros de peso para reforçar seu projeto de desenvolvimento

desenvolvim ento

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39 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

A SERViÇO DO DESENVOLVimENTOPor AmAnDA PierAnti

desenvolvim ento“

“”

O mundo vem mostrando que ingressa em uma fase na qual a cooperação é o

diferencial para o progresso

O Brasil hoje vive o seu melhor momento. Não me lembro de nada parecido

nas últimas décadas

JoSé FanTin

RaymunDo De oliveiRa

Diretor do Espaço Centros e Redes de Excelência COPPE/Petrobras e Conselheiro da FBTS

Presidente da FUJB, professor da Escola Politécnica da UFRJ e Conselheiro da FBTS

Foto Agência Petrobras - Stéferson Faria

Fotos Joberto Andrade

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40 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m”

JoSé FanTineConselheiro da FBTSEntrevista

FBTS em Revista - Que mu-danças importantes o senhor aponta nos últimos tempos? José Fantine - O mundo vem mostrando que ingressa em uma fase na qual a cooperação é o diferencial para o progresso. Passou a fase das brigas mortais entre países e empresas por conta do domínio de fontes de matéria primas e mercados, passou a fase das fusões e aqui-sições com eliminação de uma das marcas em disputa e entrou a fase das associações que man-têm algumas individualidades e a do Co-Branding que une en-tidades através de acordos de cooperação, quando cada uma das partes mantendo inteira sua face, mas realizando ações de interesse do conjunto ou da outra parte, em contrapartida a algo de seu interesse e operan-do naquilo que é melhor. Não que as formas antigas tenham desaparecido inteiramente, mas se esgotam gradativamen-

te, e o mundo pode assistir a sua substituição progressiva pela dominação pela vanguarda, pela oferta de bens e serviços de ponta, de gestão em busca da excelência, que inclui a sus-tentabilidade, a cooperação por acordos do tipo “ganha-ganha”. A Coréia do Sul e suas empresas não ganham o mundo com o impulso de seus exércitos ou com base em acordos que ao final se mostram de resultados unilaterais. Ganham o mundo pela competência e tecnologia, pela excelência de seus produ-

tos, única arma de que dispõem para serem atores do primeiro mundo. E para conseguir esses resultados, a Coréia do sul conta como milhares de centros de tecnologia suportando/criando seu progresso. Nada diferente do que a Alemanha e o Japão organizaram no pós 2ª Guerra, e muito parecido com o que a China vem organizando para dominar os mercados mundiais.

FBTS - O senhor pode dar um exemplo de impacto mundial e de mudança?Fantine - A organização da União Européia que une co-operativamente e progressi-vamente os países da Europa em busca da riqueza e cria um bloco que se protege em todos os campos da influência e invasão norteamericana, japonesa, chinesa e agora sulcoreana é um deles. Outros exemplos nas pesquisas e no campo empresarial estão “

O Brasil necessita evoluir na

organização de centros

vanguardistas para promover o

progresso

CooperaçãoPalavra de ordem para o desenvolvimento

E ngenheiro e ex-diretor da Petrobras, José Fantine é responsável pela concepção e implantação de Centros de Excelência voltados para pesquisas

na área de petróleo. Na Coppe, ele dirige o Espaço Centros e Redes de Excelência COPPE / Petrobras, que conta com o apoio da Gerência de Desenvol-vimento de Sistemas de Práticas de Gestão da

Petrobras. Na visão de Fantine, em cada avanço deve ser sempre considerado que a cada degrau vencido outro horizonte mais amplo se descortina, exigindo que Ações e Projetos Estruturantes mais complexos e desafiadores sejam definidos. E foi sobre desafios que o engenheiro José Fantine conversou com a nossa reportagem.

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41 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

A SERViÇO DO DESEN

nas plataformas espaciais, no desenvolvimento da fusão atômica, no mapeamento genético, nas lutas contra as doenças globais...

FBTS - Qual é a importância desses fatos para a FBTS e para o Centro de Excelência em Tec-nologia da Soldagem?Fantine - Em todo o mundo, após a década de 90 flores-ceram milhares de Centros de Excelência que resolvem a mesma questão em campos menos amplos com a associa-ção de entidades e empresas com universidades e órgãos de governo para acelerar ou des-lanchar o aperfeiçoamento e a busca da vanguarda em temas de suporte ao progresso das partes ou do País. Nessa ótica, nasceu o Centro de Excelência em Tecnologia de Soldagem propondo-se desempenhar

um papel de vanguarda no seu campo no País. O Brasil neces-sita, no curto prazo, de evoluir muito bem na organização de centros vanguardistas em to-dos os temas que sejam essen-ciais para promover/suportar o seu progresso, sejam sociais, tecnológicos, de marketing, esportivos, da saúde etc. Vem fazendo muito nesse sentido, mas muito de forma pulveri-zada e ainda sem conectar as várias ações em curso.

FBTS - Como exatamente de-vem ser esses centros?Fantine - Esses centros devem ter em mente a otimização do uso de recursos existentes através de Co-Branding, a bus-ca continuada da vanguarda (quem estaciona em conhe-cimento e tecnologia logo é superado por outro entrante que se mira nos feitos dos

demais na praça), a oferta de bens e serviços de ponta, o crescimento e ramificação contínuas até o limite de seu campo e razão de ser (quem permanece estacionado é alvo fácil de concorrentes no mesmo tema), a exploração de oportunidades de participação em planos federais, acadêmi-cos e empresariais, acertando suas linhas de oferta aos planos em curso. E para isso o Centro de Excelência em Tecnologia de Soldagem está preparado.

FBTS - Como o senhor vê a contribuição da FBTS e de seu Centro de Excelência em Tecnologia da Soldagem para o progresso do País?Fantine - O Brasil entra na era do pré-sal, e a Petrobras deve dobrar de tamanho nos próximos dez anos. Para isso, aplicará entre manutenção do que existe e em novos investi-mentos bem mais de US$ 50 bilhões a cada ano, em bens e serviços. Contando outras entidades e outros segmentos vê-se que um novo Brasil sur-girá a cada ano demandando apoios de toda ordem. Esse progresso somente será pos-sível de forma sustentada se todos se unirem para cuidar de partes essenciais do processo. Não há obras sem soldas, e elas devem ser de padrão mundial e bem feitas para não gerar retrabalho (custos) e para não ocasionarem acidentes no futuro, como também para durarem muito mais. Para o

É preciso formar milhares de soldadores, técnicos e inspetores super capacitados

Fotos Divulgação Prefeitura de macaé

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42 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Especial indústriaEntrevista

volume de obras previstos em todos os campos é preciso formar dezenas de milhares de soldadores, de técnicos no assunto, de inspetores super capacitados. Somente para atender aos planos da Petro-bras já se faz necessária intensa mobilização de todos. Esse é um primeiro e imediato papel para a FBTS e seu Centro de Ex-celência. Um outro papel é no desenvolvimento tecnológico, elemento chave de qualquer plano nacional que queira ser sustentável.

FBTS - Hoje o Brasil ainda fica devendo muito às técnicas de soldagem internacionais? Ou caminha bem?Fantine - A questão da quali-dade e da tecnologia para um país em desenvolvimento, em qualquer campo, deve ser pos-ta em uma ótica de futuro. Ou seja, precisamos nos perguntar se estamos preparados ou nos preparando para dominar as tecnologias que serão determi-nantes nas décadas seguintes. Há sempre uma corrida tecno-lógica e jamais um país pode ficar parado e satisfeito com o que já fez, pois se não avançar será novamente ultrapassado. Para isso são necessárias pes-quisas tanto em organizações especializadas, como a FBTS, como em universidades e ou-tras entidades do ramo. É pre-ciso que se forme e se levem ao mestrado e doutorado mais e mais engenheiros no campo da solda, bem como se institua

programas nacionais de disse-minação de conhecimentos e de apoios em tempo e qua-lidade. Estamos, pelas obras que fazemos, no grupo dos países mais avançados, mas tudo evolui e novas exigências, materiais, equipamentos e processos surgem ou precisam surgir para fazer frente a novas exigências e novos materiais em lançamento e a serem lan-çados. Evoluímos muito, mas precisamos evoluir mais para atender uma demanda muito maior, de maior exigência e complexidade.

FBTS - Como será possível chegar à vanguarda mundial no setor de soldagem?Fantine - A Petrobras orienta à luz do pré-sal, como se noticia, um excelente trabalho com

vistas a avançar na qualifica-ção da cadeia de suprimento de bens e serviços. Almeja que o País possa garantir os meios para o progresso desejado em tempo, quantidade e qualida-de, produzindo localmente e competitivamente a maioria dos bens necessários e con-tando preferencialmente com suas empresas e entidades prestadoras de serviços. É uma tarefa árdua para todos e, parte dessa caminhada, cabe à FBTS e ao Centro de Excelência em Tecnologia da Soldagem apoiar tudo que se queira fazer para o país crescer mais de 5% ao ano, a Petrobras e o setor petróleo e gás se desenvolverem a contento e a nossa tecno-logia de soldagem chegar à vanguarda mundial.

Construção do Gasoduto Brasil-Bolívia

JoSé FanTineConselheiro da FBTS

Fotos Agência Petrobrás

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43 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 4 - Maio de 2010

A SERViÇO DO DESENVOLVimENTORaymunDo De oliveiRaConselheiro da FBTSEntrevista

FBTS - Raymundo, como começou sua história na engenharia?Raymundo - Em 1960, aos 19 anos, fui fazer engenha-ria eletrônica no ITA, em São José dos Campos. Em 1964, quando estava no quinto ano, aconteceu o golpe militar e eu fui preso e expulso do ITA. Acabei me formando, em 1965, pela Escola Fluminense de Enge-nharia. Quando estava para me formar, comecei a dar aula na UFRJ como monitor. No início de 66, já formado, me tornei professor da uni-versidade, onde dou aula até hoje. Nesse mesmo ano

fiz concurso público para a Petrobras, passei, e tempos depois me tornei um dos criadores do Pesop (Pesqui-sa Operacional), que deu origem aos modelos que a Petrobras usa até hoje.

FBTS - Como conseguiu con-ciliar a vida acadêmica, pro-fissional e política?Raymundo - No fim de 1966, quando ia completar um ano na Petrobras, fui afas-tado da empresa por ordens do governo da época. Re-solvi fazer outro concurso e passei para a IBM como analista de sistemas. Traba-lhei como suporte de pro-

gramação científica da IBM na área Latino-Americana. Em 1974, fui trabalhar no Serpro a convite de amigos. Um ano depois, em 1975, tive de deixar o Serpro, tam-bém por razões políticas, fui demitido novamente. De lá, fui para a Promon Engenharia, onde trabalhei como gerente dos computa-dores do Rio e participei de grandes projetos na área de informática como Angra 2.

FBTS - Quando surgiu o inte-resse pela política?Raymundo - Sempre existiu, mas em 1978 me candidatei a deputado estadual pelo

Um projeto para o BrasilExperiência e visão política na luta por

S empre engajado nas questões políticas e sociais do país, o engenheiro Raymundo de Oliveira percorreu uma longa e bem-

sucedida trajetória nos últimos 50 anos. Mestre e doutor pela UFRJ, onde leciona desde os 24 anos, quando se formou, há cerca de 50 anos, apesar das dificuldades do momento político do país, Raymundo atuou em cargos de chefia em empresas como a Petrobras, IBM e Proderj. Mais recentemente, esteve à frente de gran-des empresas como a Cedae, foi o deputado estadual de esquerda mais bem votado ainda durante o governo militar e hoje é professor

da Escola Politécnica da UFRJ e presidente da Fundação José Bonifácio (FUJB), também da UFRJ. Desde o início, seus grandes desafios foram: abrir caminhos em áreas que estavam em desenvolvimento e apostar em mudanças. Toda essa experiência de vida na política e na engenharia, Raymundo de Oliveira quer levar para a FBTS, onde pretende atuar como um elo entre a Fundação e a Academia, dentro de sua proposta de contribuir com projetos para impul-sionar o desenvolvimento no setor da tecnologia de soldagem - uma de suas metas na FBTS como ele mesmo coloca nesta entrevista.

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44 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

RaymunDo De oliveiRaConselheiro da FBTSEntrevista

Com o pré-sal, a geração de emprego qualificado vai crescer muito, prevê Raymundo

antigo MDB e fui eleito. Aliás, eu fui o deputado de esquerda mais votado para a Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). Logo depois veio a anistia e, em 1979, acaba-ram com os dois partidos – MDB e Arena – da época. Eu fui para o PMDB e, como o povo do Rio não simpatizava com alguns nomes do parti-do, perdi muitos votos e não fui reeleito em 1982. Depois da anistia voltei para a Petro-bras e me tornei chefe de ga-binete do então presidente da empresa. Trabalhei três anos com Carlos Santana, dois quando ele era diretor comercial e um como presi-dente da empresa. Aprendi muito nessa época.

FBTS - O senhor participou do resgate de engenheiros brasileiros sequestrados por guerrilheiros na Co-lômbia. Como foi essa ex-periência? Raymundo - Na véspera da escolha do Carlos Santana para presidente da Petro-bras, em 1989, guerrilheiros da ELN (Exército da Liber-tação Nacional) tinham se-questrado três engenheiros da empresa. Alguém da equi-pe precisava ir à Colômbia negociar a libertação. Fui com o pessoal da CUT, do gabinete do presidente e al-guns sindicalistas. Chegamos lá e esperamos que os guer-rilheiros nos procurassem. Nesse tipo de situação não se procura a guerrilha, você

espera que eles te achem. Na época fizeram várias reportagens sobre o caso exibindo imagens de quando os engenheiros foram liber-tados, e eu os recebi. Para nossa sorte, deu tudo certo. Felizmente foi tudo na paz, base da negociação.

FBTS - Até quando o senhor ficou na Petrobras?Raymundo - Quando o pre-sidente Fernando Collor as-sumiu, um novo presidente foi indicado para a Petrobras, e eu fui aposentado como anistiado. Em 1991, quan-do Leonel Brizola ganhou a eleição para governador do

Rio, fui chamado para ser presidente do Proderj (Pro-cessamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro). Em 1993 me tornei presidente da Cedae, cargo que ocupei por dois anos. No final de 94 fui eleito presidente do Clube de Engenharia, onde fiquei até 1997 e depois fui subsecre-tário de saneamento. Entre 2003 e 2006, fui novamente eleito presidente do Clube de Engenharia.

FBTS - Qual seu objeti-vo como conselheiro da FBTS?Raymundo - Vou trabalhar visando o futuro, ou seja,

Foto Agência Petrobrás

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planejando. Tudo que o engenheiro faz, ele antes faz no papel. A consultoria de projetos é fundamental, pois é a inteligência da en-genharia. Precisamos dar rumo às coisas antes de executá-las, precisamos ter projetos para depois traba-lharmos na sua execução. E para que esses projetos saiam do papel, farei uma ponte entre a universidade e o poder político. A Petro-bras não vai conseguir tec-nologia para o pré-sal com-prando fora. Teremos que produzir isso aqui, e esse é o lado bom da história. A geração de emprego quali-ficado vai crescer muito e vamos sair na frente.

FBTS - Como o senhor vê a área da soldagem atual-mente?Raymundo - As oportunida-des que o Brasil vive hoje, em especial com a questão do pré-sal, abrem um campo enorme para a área de solda-gem. A engenharia liga peças,

junta, constrói, e a solda está presente em tudo isso. Nunca a natureza nos dá algo completo, precisamos unir materiais. E hoje, com os novos materiais, cria-se uma dificuldade tecnológica enorme. Além disso, a Petrobras está trabalhando com pressões elevadíssimas. Hoje, para o Brasil poder levar a cabo os desafios tecnológicos que vem pela fren-te, terá que crescer muito no campo da especialização e da for-mação profissional. Seguramente estamos com falta de soldador, soldadores tecnologicamente atualizados e experientes, e ins-petores de soldagem. Tem muita coisa a ser feita em termos de inovação, mecanização, robótica etc. com vistas a um grande salto na conquista da competitividade internacional. É um desafio tec-nológico de ponta.

FBTS - Como o senhor analisa a atual fase do Brasil?Raymundo - O Brasil hoje vive o seu melhor momento. Não me lembro de nada parecido nas últimas décadas. Hoje falta engenheiro para aten-der a demanda do mercado de trabalho. O país voltou a crescer, a gerar emprego e é respeitado no mundo todo. Recentemente, quando estive na China e dizia que era brasi-leiro, ninguém falava de fute-bol ou de carnaval. Eles dizem que admiram muito o Brasil. Quando já tínhamos ouvido isso. Anteriormente, mesmo num quadro onde ainda há muita dificuldade, eu tenho razões para ser otimista.

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Hoje falta engenheiro

para atender a demanda. O país voltou a crescer

e é respeitado no mundo todo

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A SERViÇO DO DESENVOLVimENTO

Os desafios tecnológicos exigem avanços rápidos no campo da soldagem

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O crescimento da indústria naval vai demandar muita mão de obra qualificada no setor de soldagem

de custos na fabricação e na construção soldada, bem como no setor de petróleo. Eis que uma das principais conclusões deste empenho coletivo representa uma faceta para o qual muitos

especialistas da área já vi-nham chamando a atenção: faltam, no Brasil, profissio-nais de nível superior que conheçam profundamente os processos de soldagem, em todos os seus aspectos, etapas e possibilidades.

“A escassez é de profis-sionais que tenham como principal característica a capacidade de solução de problemas técnicos. Ou seja, que entendam a soldagem como um processo produ-tivo mais amplo”, define o

ambém organizou semi-nários e painéis temáti-cos, reunindo esforços para a elaboração de

uma estratégia tecnológica que promova o aumento da produtividade e a redução

soldagemNovos cursos ampliam a formação em tecnologia da

Com o objetivo de conhecer melhor as expectativas e as necessi-dades da indústria nacional, a FBTS empreendeu recentemente um intenso processo de investigação. Durante cerca de seis meses, ouviu a comunidade empresarial e acadêmica, com o auxílio de uma consultoria, perscrutando quais os principais desafios rumo ao aumento da competitividade da indústria nacional.

Capacitação em SolDagem

Fotos Duvulgação ASCom Abendi

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Foto Agência Petrobrás

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Prof. Dr. Jorge Luis Risco Becerra da USP; Dr. Marcelo Maciel Pereira da FBTS; Dr. Solon Guimarães da FBTS; Prof. Dr. José Roberto Cardoso da USP;

Prof. Dr. Sérgio Duarte Brandi da USP; Prof. Dr. Freddy Poetscher - e Prof. Dr. José Pinto Ramalho, ambos colaboradores da coordenação do curso.

engenheiro Marcelo Maciel, responsável pelos departa-mentos de Cursos e Gestão Tecnológica da FBTS. Esta demanda por mão-de-obra especializada, qualificada e com certificação em solda-gem acentuou-se com os investimentos previstos no país para o setor de óleo e gás, intensificados com as obras do pré-sal. Mas tam-bém é preponderante em segmentos como o automo-tivo, o naval e o nuclear.

Uma ótima notícia, que indica o esforço para suprir

tais lacunas, é a estreia de dois cursos voltados exatamente para o aprimo-ramento de profissionais na área de soldagem, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Ambos são resultados de parcerias da FBTS com algumas das ins-tituições mais prestigiadas do país. Na Universidade de São Paulo (USP), já está em andamento a primeira turma do curso de Especia-lização em Engenharia de Soldagem, pelo Programa de Educação Continuada

em Engenharia da Escola Politécnica (Pece). E com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) que apresenta seu curso de Engenharia de Juntas Soldadas, vinculado ao Departamento de Enge-nharia Mecânica.

No caso da USP, trata-se de uma pós-graduação “lato sen-su” com dois anos de duração, oferecida a profissionais de ní-vel superior com formação em áreas correlatas ou que com-provem, através de análise de curriculos e entrevista técnica,

Formação de mão de obraJuliAnA GumArãeS

Foto arquivo FBtS

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Muitos procedimentos precisam ser

repensados, para reduzir os custos

e aumentar a produtividade

conhecimentos e experiência que comprovem o potencial de aprendizado para as disciplinas oferecidas. As aulas, ministra-das às sextas-feiras à noite e aos sábados pela manhã, estão enquadradas num modelo chamado Engenharia e Negó-cios, cujo objetivo é dar uma formação completa ao aluno, abordando aspectos técnicos, gerenciais e de mercado.

Em outras palavras, o cur-so em Engenharia de Solda-gem do Pece tem dupla abor-dagem. Busca ampliar não só o conhecimento tecnológico necessário aos processos de soldagem, mas também esti-mula nos alunos a capacida-de de gestão administrativa e econômica de projetos de equipamentos e instalação de plantas. Assim, apresen-

com que muitos procedi-mentos tradicionais preci-sem ser repensados, com o objetivo de reduzir os custos e aumentar a produtividade. Segundo ele, vivemos uma mudança de paradigmas. “A Engenharia da Soldagem é um ramo estratégico para o país”, afirma. “Seu foco deve ser multidisciplinar, envol-vendo diversos campos do saber. Relaciona, por exem-plo, as engenharias elétrica, mecânica, metalúrgica, de materiais e de produção. Mas também abrange o cálculo estrutural, a física e a quími-ca. Além disso, exige noções dos impactos no meio am-biente que este processo de fabricação pode causar”.

Para tanto, é importan-te conhecer um pouco de todas as áreas envolvidas nos processos de solda. “Atualmente, com o avanço da ciência, é possível uma abordagem mais científica em diferentes campos da soldagem, possibilitando a criação de modelos, com o objetivo de auxiliar em eta-pas no projeto ou mesmo na fabricação do compo-nente soldado”.

As aulas resultantes da parceria entre a FBTS e a PUC-Rio, por sua vez, re-presentam um curso de extensão, embora possuam todos os requisitos técnicos, de qualidade e de carga horária que uma pós-gradu-ação exige. Desta forma, o

Soldagem executada em tubula-ção de gás da Petrobras

Capacitação em SolDagem

Foto Banco de imagens -Agência Petrobrás

ta o conhecimento teórico necessário ao entendimento pleno da soldagem e de sua gestão em ambientes indus-triais, enquanto aprofunda a análise de processos de sistemas de manufatura re-lacionados à soldagem.

Sérgio Duarte Brandi, co-ordenador do curso, explica que o recrudescimento da competição no mercado faz

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Formação de mão de obraprofissional atuante em sol-dagem que tenha interesse em participar e não possui o nível superior poderá fazê-lo. Também com aulas às sextas e aos sábados, o curso tem duração de um ano e está estruturado em dez disciplinas.

Estas matérias foram se-lecionadas de forma a am-pliar as possibilidades de trabalho dos participantes. Durante as aulas, os profis-sionais conhecerão melhor os conceitos e metodologias de dimensionamento, cálcu-lo e avaliação mecânica de estruturas soldadas, bem como os diferentes tipos e causas de deformações e tensões na soldagem. Vão projetar juntas soldadas sob carregamentos estáticos e cíclicos, e vão estudar a fundo diferentes técnicas de avaliação de integrida-de, bem como os aspectos técnicos e gerenciais da avaliação de equipamentos e tubulações.

“A soldagem deve ser vis-ta como parte do processo produtivo. Ou seja, os ga-nhos de produtividade e a redução de custos deve ser uma preocupação constante em todas as suas fases, des-de o corte da chapa, a pre-paração da superfície, dos chanfros, a escolha do pro-cesso de corte, do processo de soldagem, o controle de qualidade etc”, justifica Ma-ciel, um dos coordenadores

do curso, salientando suas preocupações básicas.

O engenheiro José Luiz de França Freire, professor do Departamento de Enge-nharia Mecânica da PUC-Rio e também coordenador do curso, ressalta que os alunos

estarão aptos a atuar desde o projeto da junta soldada até a administração de se-tores específicos dentro de suas empresas. “A solda-gem não tem a ver apenas com observar a solda e a sua integridade. Também é preciso entender como ad-ministrar um departamento que faz as soldas para de-terminada empresa”, ex-plica. “Isso inclui desde a estocagem dos eletrodos e demais materiais, passa pelo gerenciamento deste estoque de consumíveis e envolve até as questões de certificação. Quantos pro-fissionais certificados, e de

Alunos do curso de soldagem formados pelo Sequi / Petrobras

Foto Divulgação ASCom Abendi

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Atualmente, com o avanço da

ciência, é possível uma abordagem

mais científica em diferentes campos

da soldagem

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Capacitação em SolDagem

Alunos em treinamento em curso do SEQUI /PETROBRAS

quais níveis, você precisa para montar um departa-mento de soldagem na sua empresa? Os especialistas precisam saber”.

Por isso o curso de exten-são envolve não só profes-sores da PUC-Rio e da FBTS, mas também profissionais atuantes no mercado, de empresas como a Petrobras, por exemplo. “O que ele traz de novidade é uma visão mais profunda da atividade”, prossegue Freire. “Este curso dá a oportunidade de uma re-flexão maior sobre os conhe-cimentos que os técnicos já têm sobre o assunto. Porque trataremos não só do projeto da solda em si, mas também do porquê de selecionar determinado processo de soldagem ou uma determi-nada composição do metal de adição. O aluno também deverá ter noção de como aquela junta vai se comportar com relação à sua integrida-de, seja sob o ponto de vista de carregamentos aplicados, seja sob a influência ou ata-que do ambiente”.

Enquanto isso, a FBTS prossegue engajada no tra-balho que começou com a investigação dos gargalos do setor, há alguns meses. Um dos objetivos para 2010 é a estruturação de um projeto para formar pro-fissionais em engenharia de soldagem que estejam de acordo com os padrões internacionais de qualidade

e conteúdo. “Deveremos realizar um benchmarking nacional e internacional, ou seja, um levantamento das necessidades dos principais clientes”, esclarece Maciel. “Será um processo longo, alinhavado por muitas dis-cussões. Porém, responde

a uma demanda forte do mercado, e não podemos deixar de atendê-lo”.

O curso de Especial i-zação em Engenharia de Soldagem da USP, que tem coordenação do professor doutor Sérgio Duarte Bran-di, começou suas aulas na primeira semana de março, mas há a possibilidade de abrir uma nova turma já no segundo semestre de 2010. Há mais informações no site <www.pecepoli.com.br>. Já os interessados no curso de Engenharia de Juntas Soldadas da PUC-Rio devem se inscrever pelo telefone 0800 970 9556 ou na página <www.cce.puc-rio.br>.

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Devemos formar profissionais em engenharia de soldagem que

estejam de acordo com os padrões internacionais

Foto Divulgação ASCom Abendi

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