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Esta lógica de avaliação, que se acomoda à repetição e ao adiamento, tem um preço. Conseguirá a nossa Faculdade racionalizar-se? O fim da duplicação avaliativa? FDUL 2.0 FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIÇÃO N.º 3| MARÇO 2013 A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem-vindos todos os contributos e intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu funcionamento. A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa vive num estado de obsessão avaliativa. Os alunos inscritos na chamada avaliação contínua faltam às aulas de subturma com o propósito de estudarem para os testes das… aulas de subturma. Terminadas as aulas, mesmo com notas de avaliação contínua, os alunos preparam-se para um exame escrito (oficialmente designado como “frequência”, se o aluno beneficiar de nota prévia, embora seja igual à prova a que é submetido o aluno em avaliação final, oficialmente designada como “exame”), que é obrigatório. E se têm nota negativa superior a seis valores nesse exame ou pretendem subir a média, submetem-se a um exame oral. Continua… Editorial O Conselho Pedagógico iniciou, no dia 19 de Julho de 2012, o processo de revisão do Regulamento de Avaliação. Os problemas relacionados com a avaliação, sentidos por toda a Faculdade, têm sido debatidos em sede própria e foram também objecto de Jornadas Pedagógicas que decorreram em Dezembro. Neste contexto, este número da «FDUL 2.0» é essencialmente dedicado a questões pedagógicas, acrescentando-se, contudo, três outros assuntos que ocupam e ocuparão a Faculdade nos próximos meses: a reforma do 2.º ciclo, o Plano Estratégico e a avaliação externa.

FDUL 2.0 n.º 3

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Terceiro número da FDUL 2.0, dedicado a questões pedagógicas, reforma do 2.º ciclo, Plano Estratégico e avaliação externa.---A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal sobre a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem vindos todos os contributos e intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu funcionamento.

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Page 1: FDUL 2.0 n.º 3

Esta lógica de avaliação, que se acomoda à repetição e ao adiamento, tem um preço.

Conseguirá a nossa Faculdade racionalizar-se?

O fim da duplicação avaliativa?

FDUL 2.0 FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIÇÃO N.º 3| MARÇO 2013

A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem-vindos todos os contributos e intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu funcionamento.

A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa vive

num estado de obsessão avaliativa. Os alunos inscritos

na chamada avaliação contínua faltam às aulas de

subturma com o propósito de estudarem para os testes

das… aulas de subturma. Terminadas as aulas, mesmo

com notas de avaliação contínua, os alunos preparam-se

para um exame escrito (oficialmente designado como

“frequência”, se o aluno beneficiar de nota prévia,

embora seja igual à prova a que é submetido o aluno em

avaliação final, oficialmente designada como “exame”),

que é obrigatório. E se têm nota negativa superior a seis

valores nesse exame ou pretendem subir a média,

submetem-se a um exame oral.

Continua…

Editorial

O Conselho Pedagógico iniciou, no dia 19 de

Julho de 2012, o processo de revisão do

Regulamento de Avaliação. Os problemas

relacionados com a avaliação, sentidos por

toda a Faculdade, têm sido debatidos em sede

própria e foram também objecto de Jornadas

Pedagógicas que decorreram em Dezembro.

Neste contexto, este número da «FDUL 2.0» é

essencialmente dedicado a questões

pedagógicas, acrescentando-se, contudo, três

outros assuntos que ocupam e ocuparão a

Faculdade nos próximos meses: a reforma do

2.º ciclo, o Plano Estratégico e a avaliação

externa.

Page 2: FDUL 2.0 n.º 3

2

No que de negativo nele se encontra, o enunciado da

norma é praticamente auto-explicativo: então as

normas que regulam a actividade de um órgão só

podem ser alteradas com a sua própria aceitação?

Salvaguardando as distâncias e a margem de manobra

dada pelos lugares paralelos, é como se o regime fiscal

das empresas só pudesse ser alterado se as mesmas

nisso anuíssem ou se, por lei parlamentar, a

modificação do estatuto constitucional do Governo

dependesse de parecer favorável do mesmo.

Mas o absurdo, por mais ilustrativo que seja, não faz

esquecer que a ilegalidade é uma coisa séria. Como é

sabido, uma das linhas básicas do Regime Jurídico das

Instituições de Ensino Superior (RJIES) é a de a

organização das unidades orgânicas ser feita à imagem

da engenharia orgânica da instituição mãe. Por isso,

quando na unidade orgânica há um equivalente ao

Conselho Geral, também é natural que as competências

deste naquele se repliquem. E cabe ao Conselho Geral,

naturalmente, a competência para alterar os estatutos

da universidade (artigo 82.º, n.º, 1, alínea c) do RJIES).

No caso da Universidade de Lisboa, os respectivos

Estatutos determinam que tem de existir em cada

unidade orgânica uma Assembleia de Faculdade (artigo

47.º, n.º 1), que, como órgão de natureza deliberativa (e

de imagem parlamentar) é o órgão que faz as vezes,

após os estatutos iniciais, da Assembleia Estatutária.

Isto significa, claro, que é o órgão com competência

para alterar os estatutos (tal como o determina, no caso

dos da Faculdade de Direito, a respectiva alínea h) do

artigo 34.º). Se é claro, no RJIES, que é o órgão da

unidade orgânica equivalente ao Conselho Geral da

Universidade que é competente para as alterações

estatutárias, e se é claro, nos Estatutos da Universidade

de Lisboa, que a competência para promover alterações

estatutárias é da Assembleia da Faculdade, então não

restam quaisquer dúvidas que a competência para

alterar as normas dos estatutos é do órgão parlamentar

da escola.

O actual Regulamento de Avaliação demonstrou o seu

fracasso ou incapacidade de resposta às necessidades

tanto de discentes como de docentes, sendo isso uma

evidência globalmente aceite na Faculdade de Direito

de Lisboa.

Primeiramente, o fosso exacerbado existente entre

métodos de avaliação é, no mínimo, desvantajoso para o

aluno, sendo que nenhum dos métodos funciona

devidamente.

O Método A, ou o método de 1ª, criou uma realidade de

avaliação contínua que, a meu ver, não é compatível

com o nível de exigência e qualidade reconhecido na

nossa Faculdade.

A repetição de avaliações (testes de avaliação contínua;

exame escrito e em princípio exame oral) demonstra a

falta de confiança por parte do corpo docente nos

alunos e no próprio corpo docente aquando do

lançamento das notas.

Os conhecimentos demonstrados ao longo de um

semestre objecto de avaliação apresentam-se muito

mais consistentes, por comparação à nota de um exame

escrito isolado, questionando por isso a necessidade de

confirmação de notas de avaliação contínua em exames

escritos.

A classificação do trabalho desenvolvido em aulas de

subturma é tida como provisória, por ser susceptível de

extinção ou modificação por uma prova subsequente de

frequência/exame. Por conseguinte, um docente de

subturma pode ser simpático, dando 10 ou 11 a quem

não merece, e não será muito antipático se deixar de

dar notas elevadas aos alunos que, pela sua actividade,

afinal bem as mereciam.

Esta lógica de avaliação, que se acomoda à repetição e

ao adiamento, talvez seja tradicional, talvez seja formal

ou nominalmente rigorosa, mas tem um preço que

nesta época competitiva é arriscado continuar a pagar:

as classificações do trabalho em subturma sofrem

distorções; o tempo de ensino efectivo é mais curto; a

motivação para uma aprendizagem que não seja

imediatamente recompensada com um elemento

quantitativo é menor; e a certa altura os exames não

passam de momentos de improdutividade e desgaste

tanto para discentes como para docentes.

Conseguirá a nossa Faculdade racionalizar-se?

Jorge Duarte Pinheiro

Nota informativa

Na reunião de 19 de Julho de 2012 o Conselho

Pedagógico deliberou iniciar o processo de revisão

do Regulamento de Avaliação. Na reunião de 11 de

Outubro foi constituída a Comissão de Revisão do

Regulamento de Avaliação para elaboração de

propostas de alteração ao Regulamento, a serem

apresentadas para discussão no plenário.

Composição:

Professora Doutora Maria João Estorninho

Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro

Professor Doutor Pedro L. Pais de Vasconcelos

Dr.ª Cátia Muchacho

João Tilly

Regulamento de Avaliação –

paradigma actual

Os conhecimentos demonstrados ao longo de um semestre objecto de avaliação apresentam-se muito mais consistentes, por comparação à nota de um exame escrito isolado, questionando por isso a necessidade de confirmação de notas de avaliação contínua em exames escritos.

Continua…

Page 3: FDUL 2.0 n.º 3

3

Outro vício do método A, que se transformou num

certo laxismo, é a preponderância dos testes de

avaliação, face a elementos avaliativos orais, sendo

que muitos dos juristas que saem da nossa faculdade

não foram avaliados oralmente e, como tal, mal

avaliados.

É premente, por isso, a meu ver, a atribuição de um

peso real considerável aos elementos avaliativos orais

durante a avaliação contínua, que só é exequível

através da consequente diminuição do número de

testes por disciplina.

O Método B, ou o método de 2ª, que é reconhecido e

encarado como o método marginal de avaliação, deve

de imediato mudar de paradigma, no sentido, em que

deve ser visto como um método alternativo e não

subsidiário ao Método A.

Deve ser possível ao aluno escolher qual o método de

avaliação para realizar as disciplinas, de acordo com

os seus motivos pessoais, sem por isso ser alvo de

tratamento diferenciado.

Como forma de convergência de métodos, deve ser

possível a dispensa do exame escrito com nota de

avaliação contínua de 12 valores (no método A), assim

como, a dispensa de exame oral com 12 valores no

exame escrito (no método B).

Através destas medidas, a longo prazo, creio que o

nível de qualidade desta Faculdade será reposto, que

se traduzirá na natural diminuição do número de

exames e “desentupimento” das épocas de exames

normais e de recurso e, correlativamente, haverá mais

tempo para um estudo efectivo das disciplinas.

A Faculdade de Direito de Lisboa deve dar o exemplo

às demais Universidades, rejeitando a imagem de

“robotização” e “massificação” que nos traduz no

mercado de trabalho, devendo para tal encetar todos

os esforços na reforma do Regulamento de Avaliação,

adequado às mutações da nossa Academia,

permitindo uma correcta implementação do Processo

de Bolonha.

Cátia Muchacho

Regulamento de Avaliação:

velha questão, novas perspectivas

Há que salientar aquele que parece ser o seu defeito estrutural: a sobrevalorização dos momentos de pura avaliação. Mas não menos importante é a previsão e estruturação séria das épocas, normais ou especiais de exames. Quedam ainda situações como, por exemplo, a dos estudantes em Erasmus na nossa faculdade, que muitas vezes não têm um programa e avaliação adaptado às suas especificidades.

Continua…

O problema do Regulamento de Avaliação da

licenciatura, ou melhor, da sua suficiência, é um que

assombra a nossa casa de alguns anos a esta parte.

Mas perante uma afirmação destas impõe-se desde

logo interrogar: será efectivamente um problema? E

se assim é, como resolver? A resposta à primeira

pergunta adivinha-se desde logo positiva por várias

ordens de razões. Há contudo que salientar, sem

prejuízo de outros óbices importantes, aquele que

parece ser o seu defeito estrutural: a sobrevalorização

dos momentos de pura avaliação.

Colocando a questão noutros termos, o actual

regulamento e a respectiva aplicação atribuem muito

mais importância às épocas de avaliação do que aos

tempos de aulas e de preparação dos alunos.

Page 4: FDUL 2.0 n.º 3

4

À primeira vista tal constatação faria sentido – no

fundo estamos perante um conjunto de regras cujo

objectivo é regular os procedimentos avaliativos. Mas

ela deve ser entendida no contexto específico da

Faculdade – em concreto considerando o método de

avaliação contínua que, a par com os exames orais, é o

elemento diferenciador na oferta formativa da nossa

faculdade relativamente às restantes faculdades de

Direito do país. Assim, não é difícil concluir que a

insistência na realização indiferenciada de momentos

específicos de avaliação final, como os exames escritos,

a alunos que corresponderam aos objectivos da

avaliação contínua é, no mínimo, questionável. Se o

aluno está enquadrado num sistema formativo-

avaliativo, que lhe exige uma preparação contínua para

as aulas de orientação, e no qual obteve um

aproveitamento considerável, então qual será o sentido

de o submeter posteriormente a outro(s) elemento(s)?

O actual regulamento tem como consequência a

desvalorização de uma das grandes mais-valias, se não

mesmo a maior, do ensino do Direito na nossa casa. E

essa opção tem consequências bastante nocivas: o

tempo reduzido de leccionação comparativamente à

duração das épocas de exames, que resulta muitas

vezes em “encurtamentos” dos conteúdos

programáticos das disciplinas ou na apreensão

deficitária dos mesmos pelos alunos, bem como a

impossibilidade por parte dos docentes de recurso a

métodos alternativos nas aulas, pois no pouco tempo

de que dispõem há que preparar os alunos para os

testes… No fundo este método A, que tantas

potencialidades apresenta como incentivo à

aprendizagem e investigação por conta própria, no que

é o verdadeiro sentido de “ensino universitário”, acaba

na sua concretização por ser completamente

funcionalizado à realização dos momentos “estáticos”

de avaliação que são os testes e exames escritos.

Só que a inadequação deste regulamento não acaba

aqui.

O método B ou de avaliação final, por contraposição,

assume um carácter totalmente residual, sendo quase

que um estigma para os alunos, perdendo-se com ele

uma grande oportunidade de fornecer um modo de

aprendizagem e avaliação alternativo ao método A, que

se adequaria à realidade de muitos dos estudantes que

pelos mais variados motivos não têm disponibilidade

para assistir às aulas. Alia-se a isto a falta de previsão

expressa de muitas épocas especiais de exame e o

recorrente problema da época de recurso e dos

parâmetros pelos quais ela se deve realizar. Problemas

não faltam a este regulamento.

Assim, a revisão necessária deve passar pela criação de

dois métodos viáveis de avaliação: um método A, de

verdadeira avaliação contínua, que não seja apenas

orientado a ministrar conhecimentos aos alunos em

função de testes ou exames; um método B que se revele

capaz de dar resposta às necessidades específicas dos

estudantes que não se enquadrem na lógica da

avaliação contínua e prefiram os momentos de

avaliação final. Conceber dois modelos de avaliação

verdadeiramente alternativos implica, por sua vez,

conferir aos alunos a faculdade de optar

expressamente, no início do semestre, por um deles a

cada disciplina e dessa forma proceder a uma gestão

adequada do próprio curso. Por último, mas não menos

importante, é a previsão e estruturação séria das

épocas, normais ou especiais de exames. E mesmo uma

reforma tão estruturante não solucionaria obviamente

todos os problemas desta índole: quedam ainda

situações como, por exemplo, a dos estudantes em

Erasmus na nossa faculdade, que muitas vezes não têm

um programa e avaliação adaptado às suas

especificidades – dificuldades essas que terão

necessariamente de ser resolvidas em sede mais

adequada. Considerando as duas questões inicialmente

levantadas como respondidas, ainda que sumariamente,

acrescenta-se apenas que, se esta revisão já era precisa

em anos lectivos anteriores, adivinha-se-lhe a urgência

para o próximo.

João Tilly

Page 5: FDUL 2.0 n.º 3

5

Em matérias pedagógicas, muito poderia ser dito a propósito dos problemas que há e do que está por fazer na

Faculdade. Assim, abordaria apenas três pontos que me parecem especialmente graves e que podem ser (facilmente)

resolvidos e sem necessidade de reestruturações de fundo dos cursos, o que implicaria a intervenção de outro órgão:

1. A avaliação de discentes: o regime de avaliação contínua é aceite comummente como uma das razões da qualidade

do ensino prestado e uma garantia dos conhecimentos dos nossos alunos. Daqui, logicamente, teríamos de retirar

consequências, designadamente ao nível da relevância da nota atribuída em função do trabalho desenvolvido

durante o tempo lectivo – o que se reflectiria tanto positivamente (através da dispensa da prestação de mais

provas), como negativamente (através da atribuição de consequências ao facto de o aluno já ter sido avaliado e

reprovado na cadeira) – e da obrigatoriedade de multiplicidade de elementos de avaliação.

Contudo, neste momento o que encontramos é a quase irrelevância da nota em avaliação contínua, uma vez que os

alunos são indiferentemente submetidos a mais provas (como se não fossem suficientes as provas, orais e escritas,

dadas ao longo de um semestre), e a centralização da avaliação dita contínua num exercício escrito pontual – um

trabalho ou um teste , salvo o caso dos (poucos) alunos que conseguem participar oralmente em aulas de subturmas

com largas dezenas de discentes. Estas duas dimensões do problema são indissociáveis e só podem ser resolvidas

em conjunto.

Num cenário em que não se prevê a diminuição do número de discentes nem o aumento do número de docentes,

resta uma única solução, a articular com o que já ficou dito: acabar com o estigma do método de avaliação final e

afirmá-lo realmente como uma alternativa para quem o pretenda (por vocação pessoal, por escolha pontual, por

imposição da vida) – sem que, obviamente, isso prejudique o direito a assistir a aulas práticas, por razões evidentes

de igualdade –, incentivando-o nos casos em que é esse o regime adequado.

2. A avaliação de docentes: a essencialidade da avaliação pedagógica dos docentes, promovida pelo Conselho

Pedagógico, bem como do processamento transparente das queixas pedagógicas, é tão evidente que nem tem de ser

aqui explicada. Mas devem ser explicitadas aquelas que deveriam ser as suas consequências.

Os resultados da avaliação pedagógica, além de terem de ser públicos – que é diferente de serem publicitados

espalhafatosamente –, têm de ser trabalhados pelo órgão competente, devendo ser averiguadas as causas de

avaliações negativas para que sejam resolvidas. É obrigação da Faculdade, através do Conselho Pedagógico, que tem

actualmente todos os instrumentos que precisa para cumprir a sua missão, garantir e contribuir para a qualidade

pedagógica (e não apenas científica) dos seus docentes, não devendo depender a sua actividade da existência de

queixas de alunos. E este trabalho tem de ser relevante para efeitos de avaliação do desempenho pedagógico no

âmbito de concursos na carreira docente, matéria que se tem mantido coberta por um certo obscurantismo.

3. Manual de boas práticas pedagógicas – as boas práticas pedagógicas não resultam de uma inspiração mística que se

apodera de cada docente. Além do cumprimento do Regulamento de Avaliação, os docentes têm de ser

responsabilizados pelas práticas que adoptam, até porque a maioria das queixas pedagógicas fora do período lectivo

não resulta de violações directas do Regulamento de Avaliação. Mas isso implica que, a montante, esteja definido o

que se entende por boas práticas pedagógicas, tal como está estatutariamente imposto ao Conselho Pedagógico.

Avaliação de discentes Avaliação de docentes Práticas pedagógicas

Heloísa Oliveira

Page 6: FDUL 2.0 n.º 3

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Tutoria

João Ascenso

A Tutoria é um serviço da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa iniciado em 2008, sob a coordenação

de Angelika Buch, com o intuito de minimizar as dificuldades dos alunos face ao, então, Novo Plano de Estudos e

Regulamento de Avaliação da Faculdade.

Devido a várias vicissitudes, o serviço foi suspenso e é agora retomado plenamente no segundo semestre do ano

letivo 2012/2013. Minorados que estão alguns dos principais problemas sentidos na adaptação do curso de

licenciatura ao Processo de Bolonha, o serviço de Tutoria surge hoje com um objetivo renovado e preparado para

enfrentar as novas dificuldades dos alunos.

Deste modo, pretende-se que a Tutoria seja um serviço de acompanhamento de todos os estudantes – em

avaliação contínua ou final, alunos com maiores dificuldades a uma determinada cadeira, ou que apenas se

pretendem aconselhar, debater matérias específicas ou desenvolver conhecimentos em áreas de sua predileção.

Para proporcionar esta diversidade de serviço, apostaremos num acompanhamento próximo e especificamente

direcionado às características e necessidades dos estudantes que nos procuram. Para tal, contamos, de momento,

com alguns alunos com excecionais conhecimentos de Direito que se disponibilizaram para participar neste

projeto. Contudo, pretende-se que no futuro exista uma maior participação de docentes e/ou investigadores

neste serviço. Para tal, procuraremos desenvolver uma relação próxima entre Tutores e os docentes das cadeiras

tutoradas e a efetiva colaboração de docentes, investigadores, licenciados e mestres na tutoria de disciplinas.

De facto, com os constrangimentos criados pelo Estatuto da Carreira Docente e a necessidade de atrair os alunos

mais bem preparados para renovarem o corpo docente da Faculdade, a Tutoria assume (e assumirá) um papel

fundamental no interregno formativo a que os recém licenciados se têm de submeter até estarem aptos a

lecionar, como um espaço onde poderão obter experiência pedagógica e científica através do contato direto com

alunos.

Assim consubstanciada, a Tutoria representa um serviço essencial de uma Instituição de Ensino que privilegia o

acompanhamento dos seus estudantes, ao mesmo tempo que procura garantir uma maior efetivação do sistema

de avaliação contínua.

Através da progressiva implementação, evolução e profissionalização deste serviço, preencherá uma brecha da

generalidade do sistema de Ensino Português. A efetivação deste serviço permitirá que a Faculdade de Direito da

Universidade de Lisboa garanta uma renovação sustentável do seu corpo docente e, tal como o fez aquando da

implementação da avaliação contínua, dê um passo decisivo num dos vetores essenciais que caracterizam o

ensino numa Universidade moderna.

Page 7: FDUL 2.0 n.º 3

O mestrado profissionalizante …

outra vez

Não é por acaso que muitos dos nossos alunos de

licenciatura optam por fazer o mestrado noutras

faculdades, o que só por si não seria grave (porque os

estudantes podem querer conhecer novos contextos

académicos) se a Faculdade conseguisse captar alunos

de outras faculdades prestigiadas, o que, infelizmente,

não acontece.

As causas do insucesso do mestrado profissionalizante

estão diagnosticadas e reconduzem-se, essencialmente,

a três aspetos: os programas curriculares estão

desatualizados; o conteúdo das disciplinas é, muitas

vezes, uma repetição da licenciatura; e há uma

perspetiva de abordagem demasiado escolástica, um

tanto desfasada da realidade e pouco (ou nada) prática.

Estes défices são, simultaneamente, causa e

consequência do desinteresse dos docentes e motivam

uma enorme desmotivação nos alunos.

Julgo que uma eventual solução passaria por três

vetores.

Em primeiro lugar, inovar ao nível dos programas

curriculares, com a diversificação dos mestrados e das

disciplinas oferecidas, mais especializados, sem

prejuízo de as disciplinas transversais serem comuns.

Em segundo lugar, a diversificação do corpo decente,

podendo convidar-se pessoas que não sejam docentes

universitários, mas cujo mérito nas matérias a lecionar

seja reconhecido pela comunidade jurídica, quer para

reger disciplinas, quer para dar aulas em regime de

seminário.

Decidi voltar ao tema do segundo ciclo de estudos da

Faculdade porque, estando a lecionar uma disciplina

obrigatória no mestrado profissionalizante, fui

confrontada com a consequência do profundo

desinvestimento que a Faculdade tem feito a este nível:

enquanto no ano passado, na mesma disciplina e no

mesmo mestrado, tinha trinta e sete alunos, este ano

são apenas dezoito.

Esta redução drástica do número de inscritos no

mestrado profissionalizante, apesar de não ser motivo

de espanto, deve preocupar-nos a todos.

Efetivamente, o segundo ciclo de estudos e, sobretudo,

o mestrado profissionalizante, não cumpre,

atualmente, os critérios de qualidade pelos quais a

Faculdade se deve pautar e que, de um modo geral,

apresenta no curso de licenciatura. Continua…

Fui confrontada com a consequência do profundo desinvestimento que a Faculdade tem feito a este nível: enquanto no ano passado, na mesma disciplina e no mesmo mestrado, tinha trinta e sete alunos, este ano são apenas dezoito.

As causas do insucesso do mestrado profissionalizante estão diagnosticadas e reconduzem-se, essencialmente, a três aspetos: os programas curriculares estão desatualizados; o conteúdo das disciplinas é, muitas vezes, uma repetição da licenciatura; e há uma perspetiva de abordagem demasiado escolástica, um tanto desfasada da realidade e pouco (ou nada) prática.

Julgo que uma eventual solução passaria por três vetores: inovar ao nível dos programas curriculares, a diversificação do corpo decente e adotar uma abordagem de ensino e de avaliação que privilegiasse uma maior interação com os alunos.

Page 8: FDUL 2.0 n.º 3

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Em terceiro lugar, e sem prejuízo da liberdade de cada

docente, adotar uma abordagem de ensino e de

avaliação que privilegiasse uma maior interação com

os alunos, designadamente, com a apresentação de

temas, discussão de matérias, comentário de acórdãos

e de “casos de estudo” sugeridos quer pelo regente,

quer pelos próprios alunos.

Claro que este método exige maior disponibilidade por

parte dos alunos, que não podem limitar-se a ser meros

“espetadores” passivos de uma aula meramente

expositiva, mas também os prepara melhor para a

elaboração da tese de mestrado no fim da parte letiva.

Como escrevi há uns tempos atrás, na primeira

“newsletter”, a delegação ou a celebração de protocolos

entre a Faculdade e os institutos – hoje expressamente

prevista no artigo 82.º, n.º 2, dos novos Estatutos –

permitiria facilitar a contratação de docentes

exteriores à Faculdade e promover a realização de

seminários e de conferências que poderiam ser

incluídos no plano curricular dos mestrados, sem

prejuízo, naturalmente, de o grau de mestre ser sempre

atribuído pela Faculdade.

O futuro da Faculdade depende da nossa capacidade

para modernizar e diversificar a oferta letiva e o

modelo de funcionamento dos três ciclos de estudos.

Este processo de renovação é urgente ao nível do

mestrado profissionalizante, que tem sido votado à

categoria de “parente pobre” perante o olhar resignado

de toda a comunidade docente e discente.

A inação nesta matéria é um erro que se vai pagar caro

no futuro próximo, visto que, no modelo universitário

pós-Bolonha, é o mestrado (dito erradamente)

profissionalizante que determinará o sucesso ou

insucesso da Faculdade num contexto globalizado e

dinâmico, em que a interação com o mercado de

trabalho e a preparação para o mesmo é um elemento

essencial na avaliação e no prestígio das instituições de

ensino superior.

Alexandra Leitão

Nota informativa

Foram designados pelo Conselho Científico para integrar o Gabinete de Estudos

Pós-Graduados:

Professor Doutor Luís Lima Pinheiro Professora Doutora Elsa Dias Oliveira

Professor Doutor Miguel Assis Raimundo Professor Doutor Pedro Caridade de Freitas

Professora Doutora Rute Saraiva

Na reunião de 30 de Novembro de 2011, o Conselho Pedagógico criou uma Comissão de

reflexão sobre a reforma do 2.º ciclo.

Composição:

Professor Doutor Pedro L. Pais de Vasconcelos Dr. André Barata

Dr.ª Cátia Muchacho

(composição confirmada na reunião de 14 de Fevereiro de 2013)

Nas reuniões de 18 de Janeiro, de 13 de Fevereiro e de 25 de Fevereiro de 2013, foram criadas as

seguintes estruturas pela Assembleia de Faculdade e designados os respectivos membros:

Grupo de trabalho para diagnosticar os

problemas dos ciclos de estudos pós-graduados (no prazo de 2 meses)

Composição:

Professor Doutor Miguel Moura e Silva

Dr.ª Ana Paula Carreira (Secretária Coordenadora)

Dr. André Barata/Dr.ª Cátia Muchacho (efectivo/suplente – Mestrandos membros

discentes do Conselho Pedagógico)

Comissão de Revisão dos Planos de Estudos ( dos 3 ciclos)

Composição:

Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro

Professor Doutor David Duarte Professor Doutor Miguel Moura e Silva

Mestre Miguel Romão João Tilly

José Duarte Coimbra

Page 9: FDUL 2.0 n.º 3

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Plano Estratégico: uma aproximação

David Carvalho Martins

A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa é um centro de criação, transmissão e difusão da cultura e da

ciência, no domínio das disciplinas jurídicas e das demais disciplinas com estas conexas (art. 1.º, n.º1, dos

Estatutos). Ao longo dos seus 100 anos de vida, a Faculdade tem dado provas inegáveis de qualidade no ensino e no

desenvolvimento das ciências jurídicas. O passado deve ser, assim, encarado como um estímulo para abrir novas

portas no futuro e confirmar a Faculdade como marca de referência no Mundo do Direito, a nível nacional e

internacional.

O Plano Estratégico deverá, em nossa opinião, refletir as respostas aos desafios que se colocam no curto e médio

prazo, nomeadamente a qualificação académica e profissional dos jovens e as suas consequências ao nível da

empregabilidade. Nesse sentido, parece-nos oportuno deixar três pistas para uma reflexão.

Por um lado, as sinergias resultantes da fusão das Universidades podiam manifestar-se, nomeadamente, através da

introdução de unidades curriculares que reflitam a multidisciplinariedade das profissões (v.g. Direito e Medicina;

Direito e Saúde Pública; Direito e Engenharia) ou da proposta de unidades curriculares de Direito adaptadas às

demais Faculdades.

Por outro lado, a Faculdade como polo de excelência no universo jurídico devia prosseguir e alargar as iniciativas

intercâmbio de docentes com outras universidades europeias (Espanha, Itália, França, Reino Unido e Alemanha).

Por fim, tendo em conta os objetivos do mestrado profissionalizante, as funções do Gabinete de Saídas Profissionais

e a revisão em curso dos regimes jurídicos das associações públicas profissionais, podiam ser estabelecidos

protocolos de cooperação com as associações públicas profissionais para a adaptação de um plano curricular para

profissões reguladas por aquelas entidades (advogados, notários, conservadores, solicitadores, agentes de

execução) – o que exigiria, por exemplo, unidades curriculares de deontologia e de práticas de cada uma dessas

profissões – mas também que permitisse cobrir as matérias necessárias para o acesso às magistraturas.

Noutros países, a formação profissional necessária para aceder às profissões reguladas impõe o conhecimento e a

experiência das profissões conexas. Talvez um dia se chegue a um tronco comum da formação prática para as

profissões jurídicas.

Ainda, neste plano, seria relevante estabelecer um mecanismo de acompanhamento dos alunos nos primeiros anos

após a conclusão dos cursos de licenciatura ou mestrado com o objetivo de aferir o seu grau de empregabilidade e

de progressão da carreira.

Um exemplo de Plano Estratégico: King’s College London Strategic Plan 2006-2016

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FDL em método B:

passamos ou chumbamos?

Nos corredores da Faculdade de Direito de Lisboa é

comum ouvir-se, de alunos e professores, com maior ou

menor convicção, que pertencemos à melhor faculdade

de Direito do país.

É, intramuros, uma afirmação praticamente indisputada.

E lá fora granjeamos, por conta da conhecida exigência e

qualidade do ensino, de uma reputação idêntica. Isto é “o

crédito”.

No entanto, não é menos usual ouvir-se, também de

alunos e professores, mas desta vez sempre com alguma

convicção, de que existem deficiências graves – algumas

inexplicáveis – no modo como a faculdade funciona.

E os estudantes saem da melhor faculdade de Direito do

país com a sensação de que, sendo esta a melhor, não

lhes deu tudo o que devia. Isto é “o débito”.

Vêm estas considerações a propósito do processo de

avaliação que a Agência de Avaliação e Acreditação do

Ensino Superior (A3ES) vai realizar, este ano, pela

primeira vez, na nossa e nas outras Faculdades de Direito

do país.

É, já se vê, um momento inigualável de confirmação – ou

comprovação - do estatuto que invocamos.

Independentemente da profundidade ou do alcance da

avaliação, deste processo sairão resultados - públicos -

que constituirão um critério importante e objectivo –

ainda que eventualmente incompleto – de escolha da

faculdade, no caso de novos alunos, e de escolha de

licenciados, no caso do mercado de trabalho.

Exige-se por isso, de todos nós, uma especial motivação

para dar da Faculdade a melhor imagem possível. Não é

concebível que um membro da nossa comunidade

académica olhe com sobranceria para um processo que

terá

terá consequências graves se for descurado. A avaliação

será feita por membros estrangeiros que não serão

sensíveis nem a preconceitos nem ao “crédito”. E é este

“crédito” que está aqui em causa – verdadeiramente em

causa. Desbaratá-lo por arrogância é um desrespeito

indesculpável.

A esta dimensão – a do “crédito” – contrapõe-se a do

“débito”: a nossa faculdade deve, porque pode, fazer

mais e melhor.

Olhemos para dois dos pontos que serão objecto de

avaliação (v. art 4º, Lei 38/2007):

1. A internacionalização: a cooperação internacional,

positiva entre países da CPLP, é claramente

insuficiente quanto aos restantes países,

especialmente europeus; a realização de ciclos de

estudos em conjunto com outras instituições,

nacionais ou internacionais, é inexistente; o contacto

com docentes estrangeiros é esporádico; não existe

nenhuma disciplina leccionada em inglês, que

permita atrair estudantes estrangeiros.

Não poderia a Faculdade de Direito de Lisboa

oferecer no 2º ciclo de estudos o melhor LLM. do

país?

2. A relação com o mercado de trabalho, onde vivemos

até este ano, descaradamente, por conta do “crédito”.

Hoje faz-se já uma tímida tentativa de “qualquer

coisa”, que de tão insuficiente para uma faculdade

deste gabarito e deste tamanho, mereceria ser

absolutamente desconsiderada para efeitos de

avaliação. Não se promove a faculdade, não se

promovem os cursos de mestrado, não se promovem

os licenciados, não se promove o contacto com

empregadores, descuram-se as “soft skills” – essas

“modernices”, que não farão a diferença na formação

jurídica mas são parte integrante das competências

de um profissional de excelência –, enfim, tudo aquilo

que extravasa a estrita formação científica é

descurado.

Continua…

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que extravasa a estrita formação científica é

descurado.

E neste monolitismo caduco, são os estudantes que

perdem. Esta é uma missão que não exige mais do

que uma mudança de mentalidade. Já temos a

formação científica de excelência, que há uns anos

bastava, mas falta agora complementá-la. Não se

trata de fazer diferente, mas de fazer melhor. Ou

somos “demasiado bons” para isso?

Muitos outros parâmetros estarão sob análise: a

colaboração interdisciplinar e interdepartamental, a

eficiência de organização e gestão, os mecanismos de

acção social, a prestação de serviços à comunidade. Em

todos eles poderíamos fazer melhor.

Por isso este momento de avaliação, de suma

importância, exige de todos a maior disponibilidade.

Finalmente, após décadas de “crédito”, está na hora de o

justificar. Espero que o consigamos, pois não haveria

nada mais penoso que ver a melhor faculdade de Direito

do país terminar esta avaliação com 10 de oral, 10 final.

João Marecos

Nota informativa

Na reunião de 18 de Janeiro de 2013, a Assembleia de Faculdade criou a Comissão de

Avaliação Interna. A sua composição ficou definida a 13 de Fevereiro:

Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa Professor Doutor Januário da Costa Gomes

Professora Doutora Ana Perestrelo de Oliveira* Professor Doutor Pedro Caridade de Freitas*

Mestre João Pateira Ferreira Mestre Miguel Martins** Ana Carolina dos Santos

João Galhofo Luís Frias

*designados pelo Conselho Científico

**Chefe da Divisão Académica incluído na reunião de 25 de Fevereiro de 2013

Na reunião de 18 de Janeiro de 2013, a

Assembleia de Faculdade criou a Comissão de Delineação do Plano Estratégico. A sua

composição ficou definida nas reuniões de 13 de Fevereiro e 25 de Fevereiro:

Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro

Professora Doutora Alexandra Leitão Professor Doutor Guilherme d’Oliveira Martins

Filipa Homem João Marecos

Textos de: Alexandra Leitão ([email protected])

Cátia Muchacho ([email protected])

David Carvalho Martins ([email protected])

Heloísa Oliveira ([email protected])

João Ascenso ([email protected])

João Marecos ([email protected])

João Tilly ([email protected])

Jorge Duarte Pinheiro ([email protected])

Comissão Editorial ([email protected]):

Domingos Farinho ([email protected])

Heloísa Oliveira ([email protected])

Fotografias de:

Carla Amado Gomes ([email protected])