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Terceiro número da FDUL 2.0, dedicado a questões pedagógicas, reforma do 2.º ciclo, Plano Estratégico e avaliação externa.---A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal sobre a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem vindos todos os contributos e intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu funcionamento.
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Esta lógica de avaliação, que se acomoda à repetição e ao adiamento, tem um preço.
Conseguirá a nossa Faculdade racionalizar-se?
O fim da duplicação avaliativa?
FDUL 2.0 FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIÇÃO N.º 3| MARÇO 2013
A «FDUL 2.0» é uma newsletter informal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivo oferecer à escola um espaço de discussão e de reflexão livres. A «FDUL 2.0» está aberta, por isso, à participação de qualquer membro da escola, sendo bem-vindos todos os contributos e intervenções que, de alguma forma, contribuam para melhorar o seu funcionamento.
A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa vive
num estado de obsessão avaliativa. Os alunos inscritos
na chamada avaliação contínua faltam às aulas de
subturma com o propósito de estudarem para os testes
das… aulas de subturma. Terminadas as aulas, mesmo
com notas de avaliação contínua, os alunos preparam-se
para um exame escrito (oficialmente designado como
“frequência”, se o aluno beneficiar de nota prévia,
embora seja igual à prova a que é submetido o aluno em
avaliação final, oficialmente designada como “exame”),
que é obrigatório. E se têm nota negativa superior a seis
valores nesse exame ou pretendem subir a média,
submetem-se a um exame oral.
Continua…
Editorial
O Conselho Pedagógico iniciou, no dia 19 de
Julho de 2012, o processo de revisão do
Regulamento de Avaliação. Os problemas
relacionados com a avaliação, sentidos por
toda a Faculdade, têm sido debatidos em sede
própria e foram também objecto de Jornadas
Pedagógicas que decorreram em Dezembro.
Neste contexto, este número da «FDUL 2.0» é
essencialmente dedicado a questões
pedagógicas, acrescentando-se, contudo, três
outros assuntos que ocupam e ocuparão a
Faculdade nos próximos meses: a reforma do
2.º ciclo, o Plano Estratégico e a avaliação
externa.
2
No que de negativo nele se encontra, o enunciado da
norma é praticamente auto-explicativo: então as
normas que regulam a actividade de um órgão só
podem ser alteradas com a sua própria aceitação?
Salvaguardando as distâncias e a margem de manobra
dada pelos lugares paralelos, é como se o regime fiscal
das empresas só pudesse ser alterado se as mesmas
nisso anuíssem ou se, por lei parlamentar, a
modificação do estatuto constitucional do Governo
dependesse de parecer favorável do mesmo.
Mas o absurdo, por mais ilustrativo que seja, não faz
esquecer que a ilegalidade é uma coisa séria. Como é
sabido, uma das linhas básicas do Regime Jurídico das
Instituições de Ensino Superior (RJIES) é a de a
organização das unidades orgânicas ser feita à imagem
da engenharia orgânica da instituição mãe. Por isso,
quando na unidade orgânica há um equivalente ao
Conselho Geral, também é natural que as competências
deste naquele se repliquem. E cabe ao Conselho Geral,
naturalmente, a competência para alterar os estatutos
da universidade (artigo 82.º, n.º, 1, alínea c) do RJIES).
No caso da Universidade de Lisboa, os respectivos
Estatutos determinam que tem de existir em cada
unidade orgânica uma Assembleia de Faculdade (artigo
47.º, n.º 1), que, como órgão de natureza deliberativa (e
de imagem parlamentar) é o órgão que faz as vezes,
após os estatutos iniciais, da Assembleia Estatutária.
Isto significa, claro, que é o órgão com competência
para alterar os estatutos (tal como o determina, no caso
dos da Faculdade de Direito, a respectiva alínea h) do
artigo 34.º). Se é claro, no RJIES, que é o órgão da
unidade orgânica equivalente ao Conselho Geral da
Universidade que é competente para as alterações
estatutárias, e se é claro, nos Estatutos da Universidade
de Lisboa, que a competência para promover alterações
estatutárias é da Assembleia da Faculdade, então não
restam quaisquer dúvidas que a competência para
alterar as normas dos estatutos é do órgão parlamentar
da escola.
O actual Regulamento de Avaliação demonstrou o seu
fracasso ou incapacidade de resposta às necessidades
tanto de discentes como de docentes, sendo isso uma
evidência globalmente aceite na Faculdade de Direito
de Lisboa.
Primeiramente, o fosso exacerbado existente entre
métodos de avaliação é, no mínimo, desvantajoso para o
aluno, sendo que nenhum dos métodos funciona
devidamente.
O Método A, ou o método de 1ª, criou uma realidade de
avaliação contínua que, a meu ver, não é compatível
com o nível de exigência e qualidade reconhecido na
nossa Faculdade.
A repetição de avaliações (testes de avaliação contínua;
exame escrito e em princípio exame oral) demonstra a
falta de confiança por parte do corpo docente nos
alunos e no próprio corpo docente aquando do
lançamento das notas.
Os conhecimentos demonstrados ao longo de um
semestre objecto de avaliação apresentam-se muito
mais consistentes, por comparação à nota de um exame
escrito isolado, questionando por isso a necessidade de
confirmação de notas de avaliação contínua em exames
escritos.
A classificação do trabalho desenvolvido em aulas de
subturma é tida como provisória, por ser susceptível de
extinção ou modificação por uma prova subsequente de
frequência/exame. Por conseguinte, um docente de
subturma pode ser simpático, dando 10 ou 11 a quem
não merece, e não será muito antipático se deixar de
dar notas elevadas aos alunos que, pela sua actividade,
afinal bem as mereciam.
Esta lógica de avaliação, que se acomoda à repetição e
ao adiamento, talvez seja tradicional, talvez seja formal
ou nominalmente rigorosa, mas tem um preço que
nesta época competitiva é arriscado continuar a pagar:
as classificações do trabalho em subturma sofrem
distorções; o tempo de ensino efectivo é mais curto; a
motivação para uma aprendizagem que não seja
imediatamente recompensada com um elemento
quantitativo é menor; e a certa altura os exames não
passam de momentos de improdutividade e desgaste
tanto para discentes como para docentes.
Conseguirá a nossa Faculdade racionalizar-se?
Jorge Duarte Pinheiro
Nota informativa
Na reunião de 19 de Julho de 2012 o Conselho
Pedagógico deliberou iniciar o processo de revisão
do Regulamento de Avaliação. Na reunião de 11 de
Outubro foi constituída a Comissão de Revisão do
Regulamento de Avaliação para elaboração de
propostas de alteração ao Regulamento, a serem
apresentadas para discussão no plenário.
Composição:
Professora Doutora Maria João Estorninho
Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro
Professor Doutor Pedro L. Pais de Vasconcelos
Dr.ª Cátia Muchacho
João Tilly
Regulamento de Avaliação –
paradigma actual
Os conhecimentos demonstrados ao longo de um semestre objecto de avaliação apresentam-se muito mais consistentes, por comparação à nota de um exame escrito isolado, questionando por isso a necessidade de confirmação de notas de avaliação contínua em exames escritos.
Continua…
3
Outro vício do método A, que se transformou num
certo laxismo, é a preponderância dos testes de
avaliação, face a elementos avaliativos orais, sendo
que muitos dos juristas que saem da nossa faculdade
não foram avaliados oralmente e, como tal, mal
avaliados.
É premente, por isso, a meu ver, a atribuição de um
peso real considerável aos elementos avaliativos orais
durante a avaliação contínua, que só é exequível
através da consequente diminuição do número de
testes por disciplina.
O Método B, ou o método de 2ª, que é reconhecido e
encarado como o método marginal de avaliação, deve
de imediato mudar de paradigma, no sentido, em que
deve ser visto como um método alternativo e não
subsidiário ao Método A.
Deve ser possível ao aluno escolher qual o método de
avaliação para realizar as disciplinas, de acordo com
os seus motivos pessoais, sem por isso ser alvo de
tratamento diferenciado.
Como forma de convergência de métodos, deve ser
possível a dispensa do exame escrito com nota de
avaliação contínua de 12 valores (no método A), assim
como, a dispensa de exame oral com 12 valores no
exame escrito (no método B).
Através destas medidas, a longo prazo, creio que o
nível de qualidade desta Faculdade será reposto, que
se traduzirá na natural diminuição do número de
exames e “desentupimento” das épocas de exames
normais e de recurso e, correlativamente, haverá mais
tempo para um estudo efectivo das disciplinas.
A Faculdade de Direito de Lisboa deve dar o exemplo
às demais Universidades, rejeitando a imagem de
“robotização” e “massificação” que nos traduz no
mercado de trabalho, devendo para tal encetar todos
os esforços na reforma do Regulamento de Avaliação,
adequado às mutações da nossa Academia,
permitindo uma correcta implementação do Processo
de Bolonha.
Cátia Muchacho
Regulamento de Avaliação:
velha questão, novas perspectivas
Há que salientar aquele que parece ser o seu defeito estrutural: a sobrevalorização dos momentos de pura avaliação. Mas não menos importante é a previsão e estruturação séria das épocas, normais ou especiais de exames. Quedam ainda situações como, por exemplo, a dos estudantes em Erasmus na nossa faculdade, que muitas vezes não têm um programa e avaliação adaptado às suas especificidades.
Continua…
O problema do Regulamento de Avaliação da
licenciatura, ou melhor, da sua suficiência, é um que
assombra a nossa casa de alguns anos a esta parte.
Mas perante uma afirmação destas impõe-se desde
logo interrogar: será efectivamente um problema? E
se assim é, como resolver? A resposta à primeira
pergunta adivinha-se desde logo positiva por várias
ordens de razões. Há contudo que salientar, sem
prejuízo de outros óbices importantes, aquele que
parece ser o seu defeito estrutural: a sobrevalorização
dos momentos de pura avaliação.
Colocando a questão noutros termos, o actual
regulamento e a respectiva aplicação atribuem muito
mais importância às épocas de avaliação do que aos
tempos de aulas e de preparação dos alunos.
4
À primeira vista tal constatação faria sentido – no
fundo estamos perante um conjunto de regras cujo
objectivo é regular os procedimentos avaliativos. Mas
ela deve ser entendida no contexto específico da
Faculdade – em concreto considerando o método de
avaliação contínua que, a par com os exames orais, é o
elemento diferenciador na oferta formativa da nossa
faculdade relativamente às restantes faculdades de
Direito do país. Assim, não é difícil concluir que a
insistência na realização indiferenciada de momentos
específicos de avaliação final, como os exames escritos,
a alunos que corresponderam aos objectivos da
avaliação contínua é, no mínimo, questionável. Se o
aluno está enquadrado num sistema formativo-
avaliativo, que lhe exige uma preparação contínua para
as aulas de orientação, e no qual obteve um
aproveitamento considerável, então qual será o sentido
de o submeter posteriormente a outro(s) elemento(s)?
O actual regulamento tem como consequência a
desvalorização de uma das grandes mais-valias, se não
mesmo a maior, do ensino do Direito na nossa casa. E
essa opção tem consequências bastante nocivas: o
tempo reduzido de leccionação comparativamente à
duração das épocas de exames, que resulta muitas
vezes em “encurtamentos” dos conteúdos
programáticos das disciplinas ou na apreensão
deficitária dos mesmos pelos alunos, bem como a
impossibilidade por parte dos docentes de recurso a
métodos alternativos nas aulas, pois no pouco tempo
de que dispõem há que preparar os alunos para os
testes… No fundo este método A, que tantas
potencialidades apresenta como incentivo à
aprendizagem e investigação por conta própria, no que
é o verdadeiro sentido de “ensino universitário”, acaba
na sua concretização por ser completamente
funcionalizado à realização dos momentos “estáticos”
de avaliação que são os testes e exames escritos.
Só que a inadequação deste regulamento não acaba
aqui.
O método B ou de avaliação final, por contraposição,
assume um carácter totalmente residual, sendo quase
que um estigma para os alunos, perdendo-se com ele
uma grande oportunidade de fornecer um modo de
aprendizagem e avaliação alternativo ao método A, que
se adequaria à realidade de muitos dos estudantes que
pelos mais variados motivos não têm disponibilidade
para assistir às aulas. Alia-se a isto a falta de previsão
expressa de muitas épocas especiais de exame e o
recorrente problema da época de recurso e dos
parâmetros pelos quais ela se deve realizar. Problemas
não faltam a este regulamento.
Assim, a revisão necessária deve passar pela criação de
dois métodos viáveis de avaliação: um método A, de
verdadeira avaliação contínua, que não seja apenas
orientado a ministrar conhecimentos aos alunos em
função de testes ou exames; um método B que se revele
capaz de dar resposta às necessidades específicas dos
estudantes que não se enquadrem na lógica da
avaliação contínua e prefiram os momentos de
avaliação final. Conceber dois modelos de avaliação
verdadeiramente alternativos implica, por sua vez,
conferir aos alunos a faculdade de optar
expressamente, no início do semestre, por um deles a
cada disciplina e dessa forma proceder a uma gestão
adequada do próprio curso. Por último, mas não menos
importante, é a previsão e estruturação séria das
épocas, normais ou especiais de exames. E mesmo uma
reforma tão estruturante não solucionaria obviamente
todos os problemas desta índole: quedam ainda
situações como, por exemplo, a dos estudantes em
Erasmus na nossa faculdade, que muitas vezes não têm
um programa e avaliação adaptado às suas
especificidades – dificuldades essas que terão
necessariamente de ser resolvidas em sede mais
adequada. Considerando as duas questões inicialmente
levantadas como respondidas, ainda que sumariamente,
acrescenta-se apenas que, se esta revisão já era precisa
em anos lectivos anteriores, adivinha-se-lhe a urgência
para o próximo.
João Tilly
5
Em matérias pedagógicas, muito poderia ser dito a propósito dos problemas que há e do que está por fazer na
Faculdade. Assim, abordaria apenas três pontos que me parecem especialmente graves e que podem ser (facilmente)
resolvidos e sem necessidade de reestruturações de fundo dos cursos, o que implicaria a intervenção de outro órgão:
1. A avaliação de discentes: o regime de avaliação contínua é aceite comummente como uma das razões da qualidade
do ensino prestado e uma garantia dos conhecimentos dos nossos alunos. Daqui, logicamente, teríamos de retirar
consequências, designadamente ao nível da relevância da nota atribuída em função do trabalho desenvolvido
durante o tempo lectivo – o que se reflectiria tanto positivamente (através da dispensa da prestação de mais
provas), como negativamente (através da atribuição de consequências ao facto de o aluno já ter sido avaliado e
reprovado na cadeira) – e da obrigatoriedade de multiplicidade de elementos de avaliação.
Contudo, neste momento o que encontramos é a quase irrelevância da nota em avaliação contínua, uma vez que os
alunos são indiferentemente submetidos a mais provas (como se não fossem suficientes as provas, orais e escritas,
dadas ao longo de um semestre), e a centralização da avaliação dita contínua num exercício escrito pontual – um
trabalho ou um teste , salvo o caso dos (poucos) alunos que conseguem participar oralmente em aulas de subturmas
com largas dezenas de discentes. Estas duas dimensões do problema são indissociáveis e só podem ser resolvidas
em conjunto.
Num cenário em que não se prevê a diminuição do número de discentes nem o aumento do número de docentes,
resta uma única solução, a articular com o que já ficou dito: acabar com o estigma do método de avaliação final e
afirmá-lo realmente como uma alternativa para quem o pretenda (por vocação pessoal, por escolha pontual, por
imposição da vida) – sem que, obviamente, isso prejudique o direito a assistir a aulas práticas, por razões evidentes
de igualdade –, incentivando-o nos casos em que é esse o regime adequado.
2. A avaliação de docentes: a essencialidade da avaliação pedagógica dos docentes, promovida pelo Conselho
Pedagógico, bem como do processamento transparente das queixas pedagógicas, é tão evidente que nem tem de ser
aqui explicada. Mas devem ser explicitadas aquelas que deveriam ser as suas consequências.
Os resultados da avaliação pedagógica, além de terem de ser públicos – que é diferente de serem publicitados
espalhafatosamente –, têm de ser trabalhados pelo órgão competente, devendo ser averiguadas as causas de
avaliações negativas para que sejam resolvidas. É obrigação da Faculdade, através do Conselho Pedagógico, que tem
actualmente todos os instrumentos que precisa para cumprir a sua missão, garantir e contribuir para a qualidade
pedagógica (e não apenas científica) dos seus docentes, não devendo depender a sua actividade da existência de
queixas de alunos. E este trabalho tem de ser relevante para efeitos de avaliação do desempenho pedagógico no
âmbito de concursos na carreira docente, matéria que se tem mantido coberta por um certo obscurantismo.
3. Manual de boas práticas pedagógicas – as boas práticas pedagógicas não resultam de uma inspiração mística que se
apodera de cada docente. Além do cumprimento do Regulamento de Avaliação, os docentes têm de ser
responsabilizados pelas práticas que adoptam, até porque a maioria das queixas pedagógicas fora do período lectivo
não resulta de violações directas do Regulamento de Avaliação. Mas isso implica que, a montante, esteja definido o
que se entende por boas práticas pedagógicas, tal como está estatutariamente imposto ao Conselho Pedagógico.
Avaliação de discentes Avaliação de docentes Práticas pedagógicas
Heloísa Oliveira
6
Tutoria
João Ascenso
A Tutoria é um serviço da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa iniciado em 2008, sob a coordenação
de Angelika Buch, com o intuito de minimizar as dificuldades dos alunos face ao, então, Novo Plano de Estudos e
Regulamento de Avaliação da Faculdade.
Devido a várias vicissitudes, o serviço foi suspenso e é agora retomado plenamente no segundo semestre do ano
letivo 2012/2013. Minorados que estão alguns dos principais problemas sentidos na adaptação do curso de
licenciatura ao Processo de Bolonha, o serviço de Tutoria surge hoje com um objetivo renovado e preparado para
enfrentar as novas dificuldades dos alunos.
Deste modo, pretende-se que a Tutoria seja um serviço de acompanhamento de todos os estudantes – em
avaliação contínua ou final, alunos com maiores dificuldades a uma determinada cadeira, ou que apenas se
pretendem aconselhar, debater matérias específicas ou desenvolver conhecimentos em áreas de sua predileção.
Para proporcionar esta diversidade de serviço, apostaremos num acompanhamento próximo e especificamente
direcionado às características e necessidades dos estudantes que nos procuram. Para tal, contamos, de momento,
com alguns alunos com excecionais conhecimentos de Direito que se disponibilizaram para participar neste
projeto. Contudo, pretende-se que no futuro exista uma maior participação de docentes e/ou investigadores
neste serviço. Para tal, procuraremos desenvolver uma relação próxima entre Tutores e os docentes das cadeiras
tutoradas e a efetiva colaboração de docentes, investigadores, licenciados e mestres na tutoria de disciplinas.
De facto, com os constrangimentos criados pelo Estatuto da Carreira Docente e a necessidade de atrair os alunos
mais bem preparados para renovarem o corpo docente da Faculdade, a Tutoria assume (e assumirá) um papel
fundamental no interregno formativo a que os recém licenciados se têm de submeter até estarem aptos a
lecionar, como um espaço onde poderão obter experiência pedagógica e científica através do contato direto com
alunos.
Assim consubstanciada, a Tutoria representa um serviço essencial de uma Instituição de Ensino que privilegia o
acompanhamento dos seus estudantes, ao mesmo tempo que procura garantir uma maior efetivação do sistema
de avaliação contínua.
Através da progressiva implementação, evolução e profissionalização deste serviço, preencherá uma brecha da
generalidade do sistema de Ensino Português. A efetivação deste serviço permitirá que a Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa garanta uma renovação sustentável do seu corpo docente e, tal como o fez aquando da
implementação da avaliação contínua, dê um passo decisivo num dos vetores essenciais que caracterizam o
ensino numa Universidade moderna.
O mestrado profissionalizante …
outra vez
Não é por acaso que muitos dos nossos alunos de
licenciatura optam por fazer o mestrado noutras
faculdades, o que só por si não seria grave (porque os
estudantes podem querer conhecer novos contextos
académicos) se a Faculdade conseguisse captar alunos
de outras faculdades prestigiadas, o que, infelizmente,
não acontece.
As causas do insucesso do mestrado profissionalizante
estão diagnosticadas e reconduzem-se, essencialmente,
a três aspetos: os programas curriculares estão
desatualizados; o conteúdo das disciplinas é, muitas
vezes, uma repetição da licenciatura; e há uma
perspetiva de abordagem demasiado escolástica, um
tanto desfasada da realidade e pouco (ou nada) prática.
Estes défices são, simultaneamente, causa e
consequência do desinteresse dos docentes e motivam
uma enorme desmotivação nos alunos.
Julgo que uma eventual solução passaria por três
vetores.
Em primeiro lugar, inovar ao nível dos programas
curriculares, com a diversificação dos mestrados e das
disciplinas oferecidas, mais especializados, sem
prejuízo de as disciplinas transversais serem comuns.
Em segundo lugar, a diversificação do corpo decente,
podendo convidar-se pessoas que não sejam docentes
universitários, mas cujo mérito nas matérias a lecionar
seja reconhecido pela comunidade jurídica, quer para
reger disciplinas, quer para dar aulas em regime de
seminário.
Decidi voltar ao tema do segundo ciclo de estudos da
Faculdade porque, estando a lecionar uma disciplina
obrigatória no mestrado profissionalizante, fui
confrontada com a consequência do profundo
desinvestimento que a Faculdade tem feito a este nível:
enquanto no ano passado, na mesma disciplina e no
mesmo mestrado, tinha trinta e sete alunos, este ano
são apenas dezoito.
Esta redução drástica do número de inscritos no
mestrado profissionalizante, apesar de não ser motivo
de espanto, deve preocupar-nos a todos.
Efetivamente, o segundo ciclo de estudos e, sobretudo,
o mestrado profissionalizante, não cumpre,
atualmente, os critérios de qualidade pelos quais a
Faculdade se deve pautar e que, de um modo geral,
apresenta no curso de licenciatura. Continua…
Fui confrontada com a consequência do profundo desinvestimento que a Faculdade tem feito a este nível: enquanto no ano passado, na mesma disciplina e no mesmo mestrado, tinha trinta e sete alunos, este ano são apenas dezoito.
As causas do insucesso do mestrado profissionalizante estão diagnosticadas e reconduzem-se, essencialmente, a três aspetos: os programas curriculares estão desatualizados; o conteúdo das disciplinas é, muitas vezes, uma repetição da licenciatura; e há uma perspetiva de abordagem demasiado escolástica, um tanto desfasada da realidade e pouco (ou nada) prática.
Julgo que uma eventual solução passaria por três vetores: inovar ao nível dos programas curriculares, a diversificação do corpo decente e adotar uma abordagem de ensino e de avaliação que privilegiasse uma maior interação com os alunos.
8
Em terceiro lugar, e sem prejuízo da liberdade de cada
docente, adotar uma abordagem de ensino e de
avaliação que privilegiasse uma maior interação com
os alunos, designadamente, com a apresentação de
temas, discussão de matérias, comentário de acórdãos
e de “casos de estudo” sugeridos quer pelo regente,
quer pelos próprios alunos.
Claro que este método exige maior disponibilidade por
parte dos alunos, que não podem limitar-se a ser meros
“espetadores” passivos de uma aula meramente
expositiva, mas também os prepara melhor para a
elaboração da tese de mestrado no fim da parte letiva.
Como escrevi há uns tempos atrás, na primeira
“newsletter”, a delegação ou a celebração de protocolos
entre a Faculdade e os institutos – hoje expressamente
prevista no artigo 82.º, n.º 2, dos novos Estatutos –
permitiria facilitar a contratação de docentes
exteriores à Faculdade e promover a realização de
seminários e de conferências que poderiam ser
incluídos no plano curricular dos mestrados, sem
prejuízo, naturalmente, de o grau de mestre ser sempre
atribuído pela Faculdade.
O futuro da Faculdade depende da nossa capacidade
para modernizar e diversificar a oferta letiva e o
modelo de funcionamento dos três ciclos de estudos.
Este processo de renovação é urgente ao nível do
mestrado profissionalizante, que tem sido votado à
categoria de “parente pobre” perante o olhar resignado
de toda a comunidade docente e discente.
A inação nesta matéria é um erro que se vai pagar caro
no futuro próximo, visto que, no modelo universitário
pós-Bolonha, é o mestrado (dito erradamente)
profissionalizante que determinará o sucesso ou
insucesso da Faculdade num contexto globalizado e
dinâmico, em que a interação com o mercado de
trabalho e a preparação para o mesmo é um elemento
essencial na avaliação e no prestígio das instituições de
ensino superior.
Alexandra Leitão
Nota informativa
Foram designados pelo Conselho Científico para integrar o Gabinete de Estudos
Pós-Graduados:
Professor Doutor Luís Lima Pinheiro Professora Doutora Elsa Dias Oliveira
Professor Doutor Miguel Assis Raimundo Professor Doutor Pedro Caridade de Freitas
Professora Doutora Rute Saraiva
Na reunião de 30 de Novembro de 2011, o Conselho Pedagógico criou uma Comissão de
reflexão sobre a reforma do 2.º ciclo.
Composição:
Professor Doutor Pedro L. Pais de Vasconcelos Dr. André Barata
Dr.ª Cátia Muchacho
(composição confirmada na reunião de 14 de Fevereiro de 2013)
Nas reuniões de 18 de Janeiro, de 13 de Fevereiro e de 25 de Fevereiro de 2013, foram criadas as
seguintes estruturas pela Assembleia de Faculdade e designados os respectivos membros:
Grupo de trabalho para diagnosticar os
problemas dos ciclos de estudos pós-graduados (no prazo de 2 meses)
Composição:
Professor Doutor Miguel Moura e Silva
Dr.ª Ana Paula Carreira (Secretária Coordenadora)
Dr. André Barata/Dr.ª Cátia Muchacho (efectivo/suplente – Mestrandos membros
discentes do Conselho Pedagógico)
Comissão de Revisão dos Planos de Estudos ( dos 3 ciclos)
Composição:
Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro
Professor Doutor David Duarte Professor Doutor Miguel Moura e Silva
Mestre Miguel Romão João Tilly
José Duarte Coimbra
9
Plano Estratégico: uma aproximação
David Carvalho Martins
A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa é um centro de criação, transmissão e difusão da cultura e da
ciência, no domínio das disciplinas jurídicas e das demais disciplinas com estas conexas (art. 1.º, n.º1, dos
Estatutos). Ao longo dos seus 100 anos de vida, a Faculdade tem dado provas inegáveis de qualidade no ensino e no
desenvolvimento das ciências jurídicas. O passado deve ser, assim, encarado como um estímulo para abrir novas
portas no futuro e confirmar a Faculdade como marca de referência no Mundo do Direito, a nível nacional e
internacional.
O Plano Estratégico deverá, em nossa opinião, refletir as respostas aos desafios que se colocam no curto e médio
prazo, nomeadamente a qualificação académica e profissional dos jovens e as suas consequências ao nível da
empregabilidade. Nesse sentido, parece-nos oportuno deixar três pistas para uma reflexão.
Por um lado, as sinergias resultantes da fusão das Universidades podiam manifestar-se, nomeadamente, através da
introdução de unidades curriculares que reflitam a multidisciplinariedade das profissões (v.g. Direito e Medicina;
Direito e Saúde Pública; Direito e Engenharia) ou da proposta de unidades curriculares de Direito adaptadas às
demais Faculdades.
Por outro lado, a Faculdade como polo de excelência no universo jurídico devia prosseguir e alargar as iniciativas
intercâmbio de docentes com outras universidades europeias (Espanha, Itália, França, Reino Unido e Alemanha).
Por fim, tendo em conta os objetivos do mestrado profissionalizante, as funções do Gabinete de Saídas Profissionais
e a revisão em curso dos regimes jurídicos das associações públicas profissionais, podiam ser estabelecidos
protocolos de cooperação com as associações públicas profissionais para a adaptação de um plano curricular para
profissões reguladas por aquelas entidades (advogados, notários, conservadores, solicitadores, agentes de
execução) – o que exigiria, por exemplo, unidades curriculares de deontologia e de práticas de cada uma dessas
profissões – mas também que permitisse cobrir as matérias necessárias para o acesso às magistraturas.
Noutros países, a formação profissional necessária para aceder às profissões reguladas impõe o conhecimento e a
experiência das profissões conexas. Talvez um dia se chegue a um tronco comum da formação prática para as
profissões jurídicas.
Ainda, neste plano, seria relevante estabelecer um mecanismo de acompanhamento dos alunos nos primeiros anos
após a conclusão dos cursos de licenciatura ou mestrado com o objetivo de aferir o seu grau de empregabilidade e
de progressão da carreira.
Um exemplo de Plano Estratégico: King’s College London Strategic Plan 2006-2016
10
FDL em método B:
passamos ou chumbamos?
Nos corredores da Faculdade de Direito de Lisboa é
comum ouvir-se, de alunos e professores, com maior ou
menor convicção, que pertencemos à melhor faculdade
de Direito do país.
É, intramuros, uma afirmação praticamente indisputada.
E lá fora granjeamos, por conta da conhecida exigência e
qualidade do ensino, de uma reputação idêntica. Isto é “o
crédito”.
No entanto, não é menos usual ouvir-se, também de
alunos e professores, mas desta vez sempre com alguma
convicção, de que existem deficiências graves – algumas
inexplicáveis – no modo como a faculdade funciona.
E os estudantes saem da melhor faculdade de Direito do
país com a sensação de que, sendo esta a melhor, não
lhes deu tudo o que devia. Isto é “o débito”.
Vêm estas considerações a propósito do processo de
avaliação que a Agência de Avaliação e Acreditação do
Ensino Superior (A3ES) vai realizar, este ano, pela
primeira vez, na nossa e nas outras Faculdades de Direito
do país.
É, já se vê, um momento inigualável de confirmação – ou
comprovação - do estatuto que invocamos.
Independentemente da profundidade ou do alcance da
avaliação, deste processo sairão resultados - públicos -
que constituirão um critério importante e objectivo –
ainda que eventualmente incompleto – de escolha da
faculdade, no caso de novos alunos, e de escolha de
licenciados, no caso do mercado de trabalho.
Exige-se por isso, de todos nós, uma especial motivação
para dar da Faculdade a melhor imagem possível. Não é
concebível que um membro da nossa comunidade
académica olhe com sobranceria para um processo que
terá
terá consequências graves se for descurado. A avaliação
será feita por membros estrangeiros que não serão
sensíveis nem a preconceitos nem ao “crédito”. E é este
“crédito” que está aqui em causa – verdadeiramente em
causa. Desbaratá-lo por arrogância é um desrespeito
indesculpável.
A esta dimensão – a do “crédito” – contrapõe-se a do
“débito”: a nossa faculdade deve, porque pode, fazer
mais e melhor.
Olhemos para dois dos pontos que serão objecto de
avaliação (v. art 4º, Lei 38/2007):
1. A internacionalização: a cooperação internacional,
positiva entre países da CPLP, é claramente
insuficiente quanto aos restantes países,
especialmente europeus; a realização de ciclos de
estudos em conjunto com outras instituições,
nacionais ou internacionais, é inexistente; o contacto
com docentes estrangeiros é esporádico; não existe
nenhuma disciplina leccionada em inglês, que
permita atrair estudantes estrangeiros.
Não poderia a Faculdade de Direito de Lisboa
oferecer no 2º ciclo de estudos o melhor LLM. do
país?
2. A relação com o mercado de trabalho, onde vivemos
até este ano, descaradamente, por conta do “crédito”.
Hoje faz-se já uma tímida tentativa de “qualquer
coisa”, que de tão insuficiente para uma faculdade
deste gabarito e deste tamanho, mereceria ser
absolutamente desconsiderada para efeitos de
avaliação. Não se promove a faculdade, não se
promovem os cursos de mestrado, não se promovem
os licenciados, não se promove o contacto com
empregadores, descuram-se as “soft skills” – essas
“modernices”, que não farão a diferença na formação
jurídica mas são parte integrante das competências
de um profissional de excelência –, enfim, tudo aquilo
que extravasa a estrita formação científica é
descurado.
Continua…
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que extravasa a estrita formação científica é
descurado.
E neste monolitismo caduco, são os estudantes que
perdem. Esta é uma missão que não exige mais do
que uma mudança de mentalidade. Já temos a
formação científica de excelência, que há uns anos
bastava, mas falta agora complementá-la. Não se
trata de fazer diferente, mas de fazer melhor. Ou
somos “demasiado bons” para isso?
Muitos outros parâmetros estarão sob análise: a
colaboração interdisciplinar e interdepartamental, a
eficiência de organização e gestão, os mecanismos de
acção social, a prestação de serviços à comunidade. Em
todos eles poderíamos fazer melhor.
Por isso este momento de avaliação, de suma
importância, exige de todos a maior disponibilidade.
Finalmente, após décadas de “crédito”, está na hora de o
justificar. Espero que o consigamos, pois não haveria
nada mais penoso que ver a melhor faculdade de Direito
do país terminar esta avaliação com 10 de oral, 10 final.
João Marecos
Nota informativa
Na reunião de 18 de Janeiro de 2013, a Assembleia de Faculdade criou a Comissão de
Avaliação Interna. A sua composição ficou definida a 13 de Fevereiro:
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa Professor Doutor Januário da Costa Gomes
Professora Doutora Ana Perestrelo de Oliveira* Professor Doutor Pedro Caridade de Freitas*
Mestre João Pateira Ferreira Mestre Miguel Martins** Ana Carolina dos Santos
João Galhofo Luís Frias
*designados pelo Conselho Científico
**Chefe da Divisão Académica incluído na reunião de 25 de Fevereiro de 2013
Na reunião de 18 de Janeiro de 2013, a
Assembleia de Faculdade criou a Comissão de Delineação do Plano Estratégico. A sua
composição ficou definida nas reuniões de 13 de Fevereiro e 25 de Fevereiro:
Professor Doutor Jorge Duarte Pinheiro
Professora Doutora Alexandra Leitão Professor Doutor Guilherme d’Oliveira Martins
Filipa Homem João Marecos
Textos de: Alexandra Leitão ([email protected])
Cátia Muchacho ([email protected])
David Carvalho Martins ([email protected])
Heloísa Oliveira ([email protected])
João Ascenso ([email protected])
João Marecos ([email protected])
João Tilly ([email protected])
Jorge Duarte Pinheiro ([email protected])
Comissão Editorial ([email protected]):
Domingos Farinho ([email protected])
Heloísa Oliveira ([email protected])
Fotografias de:
Carla Amado Gomes ([email protected])