FDUL 2.0 n.º 4

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    FDUL 2.0FDUL UPGRADE: RENOVAR A TRADIO N. 4 | JUNHO 2013

    A FDUL 2.0 umanewsletter informal sobre a Faculdade deDireito da Universidade de Lisboa, que tem como objectivooferecer escola um espao de discusso e de reflexo livres. AFDUL 2.0 est aberta, por isso, participao de qualquermembro da escola, sendo bem-vindos todos os contributos eintervenes que, de alguma forma, contribuam para melhoraro seu funcionamento.

    Uma Faculdade em processo de mudana:o papel do Conselho Acadmico

    objectivo deste textofocaralguns dospontos maisimportantes da actividade do ConselhoAcadmico:

    Reestruturao administrativa;

    Instalaes;

    Gesto.

    Enquanto rgo de governo da Faculdade, oConselho Acadmico, ao ter representao dos

    vrios corpos da Faculdade e das vriassensibilidades dentro destes, garante um frumrico onde possvel concatenar diferentesperspectivas e objectivos e introduzir processosde mudana na Faculdade que pretendem

    prepar-la mais convenientemente para osdesafios com que se confronta.

    Fruto das ltimas eleies, a lista B elegeu paraeste rgo dois representantes dos docentes que,no mbito deste rgo colegial, que presididopelo Director, tm participado e colaboradocom vista melhor gesto da Faculdade.

    objectivo deste texto focar alguns dos pontosmais importantes da actividade do Conselho:

    Reestruturao AdministrativaNa sequncia da aprovao dos Estatutos daFaculdade foi realizada uma reorganizaocompleta dos servios. Pese embora este tipo de

    matrias ter pouca visibilidade para o exterior e,por vezes, parecer menor, a verdade que oseixos desta reestruturao foram na direconecessria para a Faculdade.

    So de destacar: a fuso dos servios acadmicosda licenciatura com os relacionados commestrados, doutoramentos e ps-doutoramentos, incluindo a existncia de umaaplicao informtica comum, como forma delidar com o crescente foco da Faculdade na

    formao avanada e de maior valoracrescentado; a valorizao da Biblioteca atravsda sua promoo a diviso administrativa,embora no plano concreto ainda falte aprovar orespectivo regulamento.

    InstalaesO Conselho Acadmico constituiu umaComisso especializada para acompanhar estamatria.

    Continua

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    Lanando as bases para uma nova forma deensinar e para os objectivos deinternacionalizao e progressivo aumento daimportncia de afirmar a FDL como um plo deformao avanada de referncia, foramadoptadas duas linhas de prioridade: manter e

    adaptar as actuais instalaes; lanar um novociclo de expanso da Faculdade.

    Na primeira frente, foi j possvel fazer aadaptao de dois anfiteatros grandes criandoquatro salas mais pequenas, de elevadaqualidade, adaptadas a aulas menos massificadase potenciadoras de um ensino de proximidade,na linha do exigido pelo Processo de Bolonha.Foram ainda recuperadas duas salas no 2. pisodo edifcio original, que estavam subutilizadas e

    eram desadequadas ao moderno ensino doDireito. Esto j em curso de adjudicao, pararealizao este Vero, vrias pequenasintervenes de pintura e impermeabilizao dasinstalaes existentes, que nos ltimos 10 anos setm vindo a degradar. Est ainda projectado olanamento em breve da relocalizao dosservios da Faculdade que permitir construir,numa primeira fase, mais duas salas, uma deaulas, e outra com utilizao polivalente para

    conferncias/workshops/ seminrios, a que seseguiro no futuro mais duas salas de aulas.Foram ainda libertados espaos para mais umasala de aulas e uma sala para tutorias/orientaode trabalho acadmicos. Refora-se assim oessencial, que so instalaes adequadas e dequalidade para o ensino do Direito.

    Na segunda frente, relativa a um novo ciclo deexpanso, a aposta claramente, como tem deser, na investigao. Assim, est pronta a ser

    lanada a empreitada para ampliao daBiblioteca, que actualmente est a atingir o seulimite de expanso, o que implica ainda arequalificao de toda a envolvente da Faculdadee est tambm em processo de concurso deideias a construo de um novo edifcio paraalbergar os Centros de Investigao que aFaculdade est a apoiar e que sero instrumentaisna afirmao futura da nossa capacidade deliderar o desenvolvimento da cincia jurdica deforma sustentada e continuada.

    Neste ltimo edifcio, pretende igualmentelocalizar-se um julgado de paz e um centro dearbitragem, assim aproximando o ensino doDireito da sua aplicao prtica eproporcionando condies para a Faculdadeangariar receitas.

    Fruto de uma rigorosa gesto administrativa,financeira e de pessoal, a Faculdade temdotao oramental para avanar com estesprojectos, estando apenas a aguardar-se aautorizao ministerial para despender as verbasem causa.

    Gesto AcadmicaPara alm dos aspectos salientados e da gesto

    corrente do funcionamento da Faculdade oConselho Acadmico tem dado prioridade: i) aoapoio ao Conselho Pedaggico no processo dereviso do regulamento de avaliao; ii) ao apoio Assembleia de Faculdade no processo deavaliao da Faculdade; iii) dinamizao doarranque de funcionamento do ConselhoConsultivo, que ser instrumental na ligao sociedade civil em vrios aspectos, incluindo areviso do plano de curso.

    Tem ainda sido feito um trabalho muito intensocom o Conselho Cientfico para melhorar oprocesso de preparao dos anos lectivos,incluindo a distribuio de servio docente e apublicitao por razes de transparncia doservio efetivamente prestado por cada docenteda Faculdade, e a contratao de assistentesconvidados sempre que necessrio, que se temtraduzido j na capacidade de iniciar o anolectivo com menores perturbaes do que nopassado.Foi ainda possvel lanar as bases do Gabinetede Sadas Profissionais, cada vez maisimprescindvel, e que j est a dar frutos, aquiem articulao muito prxima com a AAFDL,reestruturar e profissionalizar a gesto dosistema de tutorias, criar condies para o iniciode funcionamento das clnicas legais, que daroaos estudantes acesso ao contacto com a prticajurdica, melhorar o site da Faculdade, com asua traduo para Ingls, entre outros. sua

    Continua

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    Os exemplos sero, naturalmente muitos mais (v.g. a preocupao com a renovao, requalificao evalorizao do pessoal no docente, ou a aposta permanente no apoio institucional s iniciativas dosmuitos plos de dinamizao da Faculdade), mas importa, a final, salientar o seguinte: com todas asnormais condicionantes e dificuldades, a Faculdade est a preparar-se cada vez mais para se manter nolugar que naturalmente o seu, no ensino do Direito, mas que no podemos nunca dar por adquirido.

    DesafiosNo futuro imediato o Conselho tem o desafio de se adaptar ao novo papel definido para a Direco daEscola pelos Estatutos da nova Universidade de Lisboa e pela reviso estatutria interna que aconcretizar, sendo um desafio manter o modelo de governao colegial existente.

    Ser ainda decisivo que se consigam criar condies para continuar a modernizar e expandir asinstalaes, o que depende de decises de um poder poltico nem sempre capaz de entender asespecificidades e necessidades de cada instituio em concreto.

    Por fim, necessrio contribuir para que a modernizao se estenda para l das instalaes e dos serviosda Faculdade e atinja o plano de curso, o posicionamento da Faculdade em termos deinternacionalizao, em que importar ir para alm do j existente, e procurar parcerias na Europa e nos

    Estados Unidos, em que a Faculdade ter um papel necessariamente diferente mas no menosimportante.Joo Miranda

    Marco Capito Ferreira

    Aps dois anos de Assembleia de Faculdade, no resisto a partilhar - haver seguramente quem seja tocurioso como eu - parte do que tem sido a minha experincia por l e, a esse propsito algumas reflexesmais gerais. A Assembleia, por ser composta por alunos, docentes e trabalhadores no-docentes, - oupelo menos deveria e tinha condies para ser - o espelho da Faculdade, das suas vrias dimenses evises. A verdade que no foi, principalmente depois de terminado o processo de reviso estatutria.

    sabido que concorreram s eleies duas listas, com vises muito diferentes da Faculdade, e que cadaviso ultrapassa em muito as opes de fundo que tm de se tomar na elaborao de estatutos, pelo que arepresentao desse pluralismo estaria assegurada. Mas o que facto que, para minha (genuna)surpresa, uma grande parte das reunies da Assembleia contou com apenas com a presena dos alunos,

    do trabalhador no-docente, dos membros eleitos pela ento chamada "Lista B" e do seu Presidente (ummembro eleito pela "Lista A").

    Resumo de presenas em reunies na Assembleia da Faculdade (06/2011-06/2013)

    Total: 27 reuniesMembros eleitos pela Lista A: 4Membros eleitos pela Lista B: 5

    Dois anos depois, o que mudou?

    N. de membros presentes 5 4 3 2 1Nmeros de

    ReuniesLista A - 4 8 9 6Lista B 21 3 3 0 0

    Continua

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    A Faculdade um colectivo e, como qualquer colectivo civilizado, precisa de organizar, de ter umaestrutura decisria e administrativa lgica, de funcionar racionalmente considerando os seus propsitos. Es assim pode ser um colectivo. E, se no conseguirmos, estamos condenados a assistir penosadegradao da nossa Escola. Vejamos, alis, como evidente que isto que se passa neste momento.No tenho dvidas que a nossa Faculdade conta, no seu corpo docente, com a vasta maioria dosmelhores juristas do pas, e que esta Escola contribui mais para o avano da cincia jurdica a nvelnacional que qualquer outra, atravs da formao que d aos seus alunos, atravs do exerccio de

    profisses jurdicas pelos seus docentes e pela actividade puramente acadmica de investigao. Ora seassim , o que explica: que sistematicamente a Faculdade aparea mal posicionada em rankings internacionais, ou at mesmo

    totalmente ausente (como o caso de este que aqui se deixa a ttulo de exemplo), em comparaocom outras instituies nacionais (anseio pelo dia em que estarei preocupada com o posicionamentoface a universidades em geral, estrangeiras ou nacionais indiferentemente)?

    a inexistncia de um peridico (o que implica alguma periodicidade...) cientfico de referncia e comampla distribuio/divulgao da Faculdade (anseio tambm pela reabilitao da Revista daFaculdade)?

    que o Centro de Investigao da Faculdade tenha obtido da FCT a classificao de Razovel (para

    quem no saiba, o nvel seguinte Mau)?

    o amor Faculdade que me impede de continuar publicamente esta lista, que bem mais pontos poderiater, como os pormenores da atribulada reforma do 2. ciclo. E a resposta a todas as perguntas bvia edo conhecimento de todos: a Faculdade no est organizada, as estruturas no funcionam, no se decide,no se resolvem problemas. Conseguimos saber, de forma mais ou menos clara, a quem imputvel esteestado de coisas que se vem consolidando, o que me levaria de seguida defesa da rotatividade noexerccio dos cargos. Mas alm desta imputao, que deve ser feita (mas no aqui, nem por mim, mas porcada um e em momento prprio), devo confessar que no consigo deixar de achar que tudo isto se devetambm a uma atitude de parte do corpo docente que poderia ser comparada (relevem por favor a falta

    de erudio) de uma avestruz a enfiar a cabea na areia, como se no fosse nada com cada um de ns.Ora voltando Assembleia, poderamos atribuir este desinteresse ao facto de, na tradio da nossaFaculdade, a Assembleia ter um papel totalmente secundarizado pelo do Conselho Cientfico, e portantoestarem todos os esforos aqui centrados. Mas a verdade que tenho de fonte segura que, se fosse fazer omesmo exerccio para este rgo, chegaria aos mesmos nmeros e concluses.

    Acresce que, ao longo destes ltimos 24 meses, foram feitas 27 reunies da Assembleia (os trabalhos dareviso estatutria ocuparam 13 dessas reunies), nas quais, alm de tudo o que implica uma reviso deestatutos, foram abordados e deliberou-se acerca de temas to variados como contratao de pessoaldocente, avaliao externa da Faculdade (foi constituda a Comisso de avaliao, que tem trabalhado

    neste assunto, ainda pendente), reviso dos planos de curso (foi constituda uma Comisso de reviso dosplanos de cursos, que apresentar os seus resultados Faculdade em breve), em especial a reforma doestudos ps-graduados, a fuso da Universidade de Lisboa com a Universidade Tcnica de Lisboa,incluindo com a presena dos Reitores e de membros da Assembleia Estatutria da Universidade, ou acontratao de pessoal docente.

    A Assembleia tem competncia para se pronunciar sobre todas as matrias relevantes para ofuncionamento da Faculdade e para apreciar os actos do Director e do Conselho Acadmico. Mas,previsivelmente, sofre dos males e frustraes de no ter poderes decisrios para a maior parte dasmatrias que urgente tratar.

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    Nessa medida, resultou desta experincia a seguinte concluso: lanadas as bases de um projecto alargadode reforma com os novos estatutos, preciso passar do papel, e isso s pode ser feito, consoante asmatrias, pelo Director e/ou pelo Conselho Cientfico. Refiro-me, por exemplo, reforma da licenciaturae do mestrado, avaliao de docentes, criao de incentivos investigao, internacionalizao,implementao do Centro de Arbitragem e de Resoluo de Litgios e do Gabinete de Consultoria

    Jurdica ou profissionalizao e racionalizao da gesto. Muitos so os assuntos, e cada um delespoder ser desdobrado em muitos mais.

    Tudo visto e baralhado, difcil encontrar uma resposta para o porqu. Mas h algo que bvio: apesarde haver um amplo consenso quanto aos problemas a resolver, os rgos que o poderiam fazer no tmconseguido tomar decises nem boas, nem ms. Nesse sentido, concordo absolutamente com oProfessor Doutor Paulo Otero quando, em declaraes recentemente divulgadas por um jornal de umgrupo de alunos, referiu que a diferena entre a Faculdade e o pas era de que a Faculdade no tinha umrumo, e o pas tinha (embora no se soubesse se certo ou errado). Para mim, a excepo ser,porventura, o Conselho Pedaggico, cuja actividade, em dezenas de reunies, Jornadas, e uma concretaproposta de reforma com amplo consenso no rgo, tantas reaces adversas tem suscitado, pelas maisdiversas razes, umas mais obscuras que outras.

    Por ser membro da Assembleia, tenho ainda de deixar uma palavra especificamente acerca da direcoda escola. Tambm se tornou evidente que s possvel gerir uma Faculdade desta dimenso com umaequipa profissionalizada de apoio a um Director, com um Programa, que no se dedique exclusivamente gesto corrente e a questes relativamente incuas. , alis, essa a viso dos actuais Estatutos. O actualDirector no apresentou Assembleia um programa para a direco, uma orientao na gesto oupropostas que permitissem resolver os problemas que foram identificados neste texto. E, nesse sentido,tudo se tem mantido e, consequentemente, piorado.

    Termino com uma nota positiva: no que se conseguiu fazer, encontrei sempre nos alunos interlocutoresao melhor nvel, com um domnio das matrias e dos problemas quase sempre superior ao dos docentes,e, ainda que muitas vezes defendendo solues com as quais no concordo, todas eram devidamente

    fundamentadas, no apenas no interesse mais ou menos imediato dos estudantes, mas tambm nointeresse da Faculdade e com uma viso de mdio prazo, e disponibilizando meios para queefectivamente fossem concretizadas. Nesse sentido, no tenho dvidas ao afirmar que o estado da Escolaseria incomparavelmente mais pobre se os seus rgos estivessem entregues exclusivamente a docentes.

    Helosa Oliveira

    Queremos um LL.M. na Clssica!J muito se discutiu nesta Newsletter e noutros fruns a reforma que precisa (quase) todosconcordam de ser feita ao 2 ciclo de estudos da nossa Faculdade. Em traos gerais, mais ou menosconsensual que o Mestrado Profissionalizante se encontra internamente desprestigiado. Externamentegoza da boa fama que a Faculdade ainda lhe vai emprestando, mas comea a sentir-se desde logo nonmero de inscritos que esta se esgota nas outras possibilidades curriculares oferecidas.

    Esta situao deve-se sobretudo existncia paralela de um Mestrado Cientfico, tratado por muitosProfessores como o de primeira. Da tem seguido que muitos dos consagrados se escusem a leccionarno mestrado de segunda, originando uma clara clivagem entre os dois modelos, com a consequentedepreciao do ltimo.

    Continua

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    Os que no querem fazer um mestrado viradopara a investigao, mas para o mercado detrabalho (hint: a maioria dos estudantes deDireito), vem-se assim perante duas hipteses:inscreverem-se num mestrado negligenciado poruma parte importante do corpo docente, ouescolherem um Mestrado noutra Faculdade.

    por isso sem surpresa que nos ltimos anostenho assistido a uma migrao para Mestrados deoutras Faculdades, especialmente para os daUniversidade Catlica, cuidadosamentepreparados, em termos de imagem e deinformao. So digo-o sem hesitaes e comalguma mgoa incrivelmente mais apelativos queos nossos.

    Bolonha veio alterar o modo como osempregadores olham para os recm-licenciados.

    Muitos escritrios de advogados exigem hoje aosseus estagirios que tenham, pelo menos, a partecurricular do Mestrado concluda.

    Tirar o Mestrado , para muitos de ns, umaobrigao decorrente do mercado. Como tal,queremos um instrumento que, por um lado,aprofunde cientificamente a rea que escolhemospara nos especializar e, por outro, nos dferramentas de trabalho que a licenciatura no d.Que nos oferea algo diferente e no se baste em

    ser um 5 ano.Era importante que os Mestrados da Faculdadetrouxessem perspectivas de fora. Que tivessemcadeiras dadas por excelentes advogados,excelentes juzes, excelentes membros do corpodiplomtico. Porque que isto acontece naCatlica e na Nova e no acontece aqui? Sercapcioso sugerir algum desconforto de certosdocentes em verem membros externos aleccionar?

    E docentes estrangeiros, que so recorrentesnoutros Mestrados e trazem outras perspectivas,outro Direito, outra experincia, nonecessariamente melhor, mas diferente? Nohaver um incremento de atractividade se forproporcionado o contacto com outras culturasjurdicas?

    E porque no pensar num LL.M, virado paracarreiras internacionais, com uma forte equipa dedocentes nacionais e estrangeiros, bem como deprofissionais reconhecidos na rea.

    um tipo de oferta com um forte reconhecimentointernacional, que acentuaria o prestgio da nossaFaculdade e lhe daria mais um motivo de orgulho.A nica oferta a este nvel em Portugal , salvoerro, a da Catlica, a preos proibitivos e semapoios sociais que permitam aos que, cumprindoos requisitos, no tm capacidade econmica para

    os frequentarem. Faz falta uma oferta deste nvelna escola pblica, na melhor Faculdade de Direitodo Pas.

    Distinguir-nos-ia onde hoje somos menos fortes,menos reconhecidos, no mundo europeu eamericano do Direito.

    Acrescentaria ainda com uma ousadiatremenda que esse LL.M s faria sentidoministrado claro est em ingls. Parecemoshoje to longe desta realidade quando, na verdade,

    estamos apenas a um grande passo de coragem dealterar este paradigma estagnador que domina hojeo nosso plano curricular.

    Sinto que os nossos Mestrados esto por reformarpor haver muitas capelinhas a preservar. Se cadaDoutor precisar de conservar o seu espao,continuaremos a ter este panorama, que no serve.

    A oferta formativa deve ser dada de acordo com oque os estudantes procuram e no de acordo como que os docentes querem dar. As Faculdades no

    so centros de recreao individual e como taldevem ser observantes e actuantes na percepoda vontade dos destinatrios dos seus cursos.

    Este estado de coisas mantm-se porque reformarimplica sempre mexer com os interessesinstalados. Deixo o repto: se para se reformar osegundo ciclo de estudos for preciso desinstalarestes interesses e deposit-los num arquivohistrico, que tal seja feito e rpido. Os estudantesdesta casa no vo, na sua maioria, tirar omestrado noutras Faculdades por mero desejo demudar de ambiente. Fazem-no por reconheceremaos Mestrados da Faculdade este grave problemaque no se decidirem o que querem ser.

    Entre um Mestrado de Investigao e um Quintoano de Curso, no existe, na Faculdade de Direitode Lisboa, um Mestrado para quem s querespecializar-se numa rea e enfrentar o mercadode trabalho.

    Joo Marecos

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    Resoluo alternativa de litgios:o lugar da FDL

    A resoluo alternativa de litgios a expresso utilizadapara designar um conjunto de tcnicas e procedimentosdestinados a compor os mais variados litgios sem orecurso necessrio ao poder judicial. A designao,convocando a ideia de alternatividade, demonstra acentralidade que nas sociedade contemporneas ostribunais adquiriram, em relao aos quais todos osoutros meios de composio de conflitos se referem.

    Contudo, a resoluo alternativa de litgios tem razesmuito antigas e a sua redescoberta no sculo XX, com osurgimento dos mtodos contemporneos filia-se nessatradio, onde encontramos a negociao, a conciliao, amediao e a arbitragem. A mediao, em particular,ganhou em Portugal, durante a ltima dcada grandeateno, quer por parte da Administrao Pblica, querpor parte das universidades, e foi, recentemente, alvo deum tratamento legislativo completo, por influncia doDireito da Unio Europeia, com a Lei n. 29/2013 de 19de Abril.

    Sem dvida que o principal contributo da Faculdade deDireito da Universidade de Lisboa para o universo daresoluo alternativa de litgios o estudo e a melhoria dasua dogmtica e encontramos bons exemplos desseestudo na obra de vrios docentes da FDUL. Contudo,cremos que a Faculdade pode ir mais longe e, comoinstituio, utilizar no s o conjunto de contributosacadmicos j existentes, mas tambm a sua estruturafsica e administrativa para fundir as dimensesdogmticas e prticas da resoluo alternativa de litgios.

    Avancemos, pois, com algumas sugestes, que nosparecem talhadas para o perfil da FDUL. Em primeirolugar, na confluncia do poder judicial para a resoluoalternativa de litgios, devia concretizar-se a ideia deinstalar na Faculdade uma extenso do Julgado de Paz deLisboa, permitindo-se no s o aproveitamento dasinstalaes para mediaes e julgamentos, mas tambmque o corpo discente e docente pudessem estudar deperto o funcionamento deste tipo de justia de

    proximidade.

    Em segundo lugar, a Faculdade devia apostar naformao de mediadores, com isso emprestandoa sua credibilidade e excelncia a um mercadoque procura desenvolver-se e que procuramediadores - por exemplo na rea laboral -altamente capacitados e capazes deresponderem a conflitos complexos. A FDULem parceria com instituies da rea da

    mediao, com sociedades de advogados e cominstituies especficas das reas dos conflitos amediar (vg. confederaes de empresas,sindicatos, escolas, hospitais, etc) teria umcontributo decisivo a dar e, mais uma vez,permitiria aos seus estudantes e docentes umainterveno directa e enriquecedora.Finalmente, a FDUL tem todas as caractersticaspara desenvolver o seu prprio Centro deMediao e Arbitragem, podendo, alis,

    escolher como objecto dos litgios que aceitariacompor, reas com menor oferta no mercado eno sistema pblico j existente; e, ao mesmotempo, com relevncia para reas de estudo nombito da Faculdade e dos seus Centros deInvestigao. Novamente, as parcerias cominstituies j existentes e at mesmo compresena nesta rea poderia ser uma fonte deeconomias de escala e de promoo destasiniciativas.

    Esta possibilidade est, alis, hoje prevista no artigo73. dos Estatutos da Faculdade de Direito daUniversidade de Lisboa, que dipe: O Centro deArbitragem e de Resoluo de Litgios organiza egere os meios de resoluo de litgios, como centrosde arbitragem, julgados de paz ou similares, que aFaculdade de Direito compreenda. Como se podefacilmente compreender, o entendimento que veio aprevalecer nos Estatutos da FDUL foi o de que aFaculdade dever contar com um Centro deResoluo Alternativa de Litgios, em sentido amplo,

    incluindo at, como referimos acimaautonomamente, uma eventual extenso do Julgadode Paz de Lisboa. Importa agora executar estanorma estatutria.O que parece certo, no universo da resoluoalternativa de litgios e da relao que a FDUL podecom ele estabelecer que ainda nos falta a ocuparum lugar importante, quer pelos contributosdogmticos que a Faculdade tem oferecido a estarea, quer pelo potencial institucional e aplicado quedetm e que procurmos demonstrar acima com

    algumas propostas exemplares.Domingos Farinho

    Cremos que a Faculdade pode ir mais longe e, comoinstituio, utilizar no s o conjunto de contributosacadmicos j existentes, mas tambm a suaestrutura fsica e administrativa para fundir asdimenses dogmticas e prticas da resoluo

    alternativa de litgios.

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    Aproveitando a proposta de novo regulamentode avaliao pelo Conselho Pedaggico pensoque til apresentar escola quais so oselementos que considero basilares para uma

    reforma do sistema de avaliao. Escusadoser dizer que estas balizas estratgicasrefletem uma posio pessoal e nocorrespondem a uma tomada de posio peloConselho Pedaggico, do qual fao parte.

    (1) Mais avaliao contnua A experinciade Bolonha na diviso do horrio semanalno modelo 2 aulas tericas/2 aulas prticastem revelado muitas deficincias. Para

    alm da duplicao de lecionao dematrias prprias da multiplicao deaulas, o nmero de tempos letivos tem-serevelado manifestamente insuficiente. Ora,esta insuficincia tem suscitado anecessidade de marcao de mltiplasaulas extra, que para alm de no serpedaggico, tem prejudicado algumascadeiras em benefcio de outras. Se fordado mais espao avaliao contnua

    com o envolvimento racional dos temposletivos e da equipa docente, todos tm aganhar em eficincia de tempo eracionalidade na gesto das aulas.

    (2) Maior flexibilidade dada ao docente naescolha do mtodo de avaliao sabido que a lecionao na FDL geraespecificidades e alguma sensibilidade nasopes tomadas. Mas isso no querer

    dizer que haja total liberdade da escolha.A liberdade de escolha deve balizar-se emelementos, mtodos de fcil apreenso ecompreenso.

    (3) Maior controlo Os mtodos deavaliao pressupem um envolvimentomais ativo dos rgos da FDL, com baseem criao de um ambiente slido e

    estvel para o corpo docente e osestudantes. A avaliao um ato livre, amaneira de a dar deve ser objeto demonitorizao, de forma a elevar asvantagens e a debelar as inconsistncias.

    (4) Maior nota de dispensa de exame final Os dez valores no devem ser osmnimos olmpicos de passagem, porduas razes: criam uma iluso de

    cumprimento dos objetivos do lado dosalunos e no evidencia qualidade naobteno dos resultados.

    (5) Menos pocas de exames No possvel criar um ambiente de justia e deequilbrio entre as aulas e os examesquando, em mdia, o corpo docente temde acorrer a vrias pocas de examesdurante o ano. Sabia que entre junho edezembro temos at cinco pocas deexames para todos os gostos e feitios?Para alm de excessivo garantismo,parece-me totalmente desajustado comuma preparao para uma vidaprofissional onde os prazos somaioritariamente perentrios.

    A experincia de Bolonha vivida na FDL estconsolidada, com todos os seus defeitos evirtudes. tempo de fazer uma reforma do

    regulamento de avaliao, envolvendo o maiornmero de entidades neste processo!

    Guilherme Waldemar dOliveira Martins

    Para efeitos de audio pblica, a decorrer at 20 de Junho, estopublicados no site da Faculdade o Projecto de Regulamento deAvaliao e um documento (FAQ) explicativo do mesmo.

    Exame pessoal de uma reforma do regulamento de avaliao

    http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=nqyGFWH-PII=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=nqyGFWH-PII=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511http://www.fd.ul.pt/LinkClick.aspx?fileticket=YaFHjlXvIvA=&tabid=511
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    O novo regulamento de avaliao apresentacomo orientao o reforo da avaliaocontnua e esse um propsito que merece aminha concordncia integral. A avaliaocontnua a diferena positiva que distingue anossa Faculdade. Ela resulta, em geral, numaaprendizagem mais slida e consistente,confere uma maior preparao dos estudantespara a vida profissional e constitui um mtodomais justo, porque de resultados menos

    aleatrios, quando comparado com osmtodos tradicionais.Por outro lado, ao longo dos anos a avaliaocontnua tem melhorado substancialmente emtermos da qualificao dos docentes que aconduzem e, a prazo, essa tendncia vaireforar-se com a generalizao da docncia acargo de doutorados. Esse facto tem permitidocompensar, em alguma medida, o retrocessolamentvel que a avaliao contnua sofreu

    com a passagem das trs para as duas horassemanais.Portanto, todas as alteraes que o novoregulamento introduz no sentido do reforoda componente de avaliao contnua so desaudar. Porm, h no novo regulamentoalteraes que reputo de negativas, por seremcontraditrias com o objectivo assinalado.Saliento duas.

    Primeiro, considero negativa a "criao" demais uma poca de exames, que o queresulta inevitavelmente, em termos objectivos,da realizao de uma prova de avaliaoobrigatria nos ltimos quinze dias de cadasemestre, com noventa minutos de durao ecom todas as formalidades prprias de umaprova de exame. A Faculdade j tem provas deexame a mais. Assim, aquilo que era umobjectivo positivo acabar com a

    "obrigatoriedade" de dois testes gerais deavaliao contnua por semestre tem umacontrapartida eventualmente pior (tanto emtermos de reduo do tempo lectivo, como dedesnaturao do carcter contnuo daavaliao), qual seja a referida criao de umanova poca de exames a somar s j existentes.Em segundo lugar, a inexistncia de uma"clusula de salvaguarda" que obrigue a nota deavaliao contnua superior a catorze e que

    passa a ser, em princpio, a nota final do alunona disciplina a ter de ser defendida em provaoral, ter como consequncia provvel aorientao dos regentes para uma contenona atribuio desse tipo de notas (quinze,dezasseis) em avaliao contnua, com o efeitoconsequencial, em cadeia, de uma baixageneralizada das notas nessa sede.

    Jorge Reis Novais

    Textos de:Domingos Farinho ([email protected])Guilherme Waldemar dOliveira Martins ([email protected])Helosa Oliveira ([email protected])Joo Marecos ([email protected])Joo Miranda ([email protected])

    Jorge Reis Novais ([email protected])Marco Capito Ferreira ([email protected])

    Pros e cons do novo regulamento de avaliaoO novo regulamento de avaliao apresenta como orientao o reforo da avaliao contnua e esse um

    propsito que merece a minha concordncia integral. Porm, h no novo regulamento alteraes que reputo denegativas, por serem contraditrias com o objectivo assinalado. Saliento duas.

    Comisso Editorial ([email protected]):David Duarte ([email protected])Helosa Oliveira ([email protected])