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R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 125 • Nº 2.144 • Novembro 2007 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA - PE · tência e mantêm o homem na cegueira espiritual e moral. Trabalhemos, pois, ... nossa consciência brilhe em toda a sua plenitude, clareando-nos

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R$ 5,00

ISSN 1

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 125 • Nº 2.144 • Novembro 2007D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Novembro, 2007 / N o 2.144

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

Na consciência!

Entrevista: Evandro Noleto Bezerra

Tradutor de O Livro dos Espíritos recomenda estudo

Presença de Chico Xavier

De um casarão do outro mundo – Humberto de Campos

Esflorando o Evangelho

Ensejo ao bem – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto e Espiritismo

Trova / Trobo – Isolino Leal

Seara Espírita

Renovação e evolução – Juvanir Borges de Souza

Responsabilidade mediúnica –

Manoel Philomeno de Miranda

Os três estágios – Richard Simonetti

Base nova, homem novo – Carlos Abranches

As leis da consciência (Capa) – Suely Caldas Schubert

A nossa FEB – Sebastião Lasneau

Cura d’Ars – Manifestações espirituais e participação

na Codificação – Antonio Cesar Perri de Carvalho

Em dia com o Espiritismo – Por que as pessoas

usam drogas – Marta Antunes Moura

Modos de usar – André Luiz

Literatura Espírita na XIII Bienal do Livro

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Supranaturalismo x Racionalismo –

Haroldo Dutra Dias

Nada... – Antônio Torres

Seminário sobre “O atendimento nas reuniões

mediúnicas” na FEB-Rio

José Martins Peralva Sobrinho

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

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eus, nosso Pai, criou o Universo e tudo o que nele se encontra, seja espiri-

tual ou material.

Criou os Espíritos em condição de igualdade, simples e ignorantes, atribuindo-lhes

a imortalidade e a perfectibilidade, com vistas à sua permanente evolução, intelec-

tual e moral.

Criou as Leis Naturais que permitem a atividade dinâmica do Universo, propi-

ciando habitabilidade e sustentabilidade, indispensáveis à existência e sobrevivên-

cia de todos os seres.

Dentre as Leis Naturais, encontram-se, também, as Leis Morais que norteiam o

relacionamento entre todos os seres humanos, indicando o que devem fazer ou

deixar de fazer, no seu próprio interesse e no interesse da coletividade e do ambiente

físico em que se encontram.

Para que não ficassem desconhecidas e cumprissem os seus objetivos de dar um

sentido à existência humana e de orientar o Espírito em sua caminhada ascensional

rumo à própria perfeição, Deus escreveu as suas Leis na consciência do homem.*

Assim, quando o ser humano tem interesse em saber se está no bom ou no mau

caminho, se a sua decisão é correta ou não, e se o seu gesto colabora ou não com a

harmonia do Universo, basta ouvir e sentir a sua consciência. Para tanto, é necessá-

rio que ela possa manifestar-se livremente, sem as injunções e pressões do orgulho,

do egoísmo, da vaidade ou da prepotência, que obscurecem a compreensão da exis-

tência e mantêm o homem na cegueira espiritual e moral.

Trabalhemos, pois, exercitando-nos na prática do bem, auxiliando, atendendo e

amando o nosso próximo, a fim de construirmos, gradativamente, com perseverança,

os hábitos da humildade, do altruísmo, da simplicidade e da mansuetude, para que

nossa consciência brilhe em toda a sua plenitude, clareando-nos o caminho com as

Leis de Amor, com as quais Deus, nosso Pai e Criador, estabeleceu a harmonia no

Universo.

DNa consciência!

*Allan Kardec – O Livro dos Espíritos – Questão 621.

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Doutrina Espírita, o Con-solador prometido e envia-do pelo Cristo de Deus pa-

ra permanecer sempre com os ha-bitantes deste planeta, é a soluçãonatural para problemas humanosque nenhum dos conhecimentosfilosóficos, religiosos ou científi-cos puderam resolver.

Antes da denominada TerceiraRevelação havia somente hipóte-ses formuladas pelas doutrinas re-ligiosas a respeito do homem, desua origem e do seu destino.

O materialismo, por outro la-do, acobertado com o manto daCiência, tem distorcido a realidadedos fatos, negando a existênciade Deus, o Criador do Universo, ea natureza do homem, que é, naessência, um ser espiritual e nãosomente um corpo material.

Por sua vez, as religiões cria-

ram teorias que contrariam arealidade e a verdade, tais comoo milagre, o céu, o inferno, o pur-gatório, resultantes de interpre-tações inexatas das letras das an-tigas escrituras.

Todas essas distorções necessi-tavam de correções, para que oprogresso do mundo e de seus ha-bitantes não fosse impedido oucontraditado pela ignorância deuma realidade transcendente, in-compatível com crenças irreais oudescrenças oriundas do materia-lismo inconseqüente.

O progresso é uma das leis di-vinas que incide sobre toda acriação. As próprias criaturas po-dem ser agentes do progresso eda evolução.

Na Humanidade terrena, bastacomparar duas épocas distancia-das pelos séculos e milênios para

se verificar as transformações ope-radas pelos homens em seus co-nhecimentos, em suas condiçõessociais, em sua saúde e em tudoque depende de sua atuação.

Entretanto, em um orbe atrasa-do, como a Terra, há conhecimentosde difícil alcance, que fogem à capa-cidade comum de seus habitantes.

Nesses casos, o auxílio supe-rior supre as deficiências huma-nas, no tempo certo, quando acapacidade de entendimento dapopulação, ou de parte dela, per-mite a assimilação de coisas no-vas até então desconhecidas.

É o que tem ocorrido desde tem-pos imemoriais.

O homem primitivo foi evo-luindo, impulsionado por suaspróprias experiências e por suainteligência, nas vidas sucessivasneste e em outros mundos.

Renovação e evolução

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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Mas o auxílio vindo das EsferasSuperiores nunca faltou e sempreesteve presente através de emissá-rios a serviço do Governador Es-piritual deste orbe.

A história conhecida da Huma-nidade registra a presença dessesenviados, na Antigüidade, no seiode todos os povos: na China e naÍndia milenares, no Egito, na Pér-sia e na Mesopotâmia, na Grécia ena Europa das Idades Medieval,Moderna e Contemporânea.

A denominada Primeira Reve-lação, através de Moisés, não ex-clui muitas outras ocorridas noseio dos povos antigos.

Mas a presença do Espírito“mais perfeito que Deus tem ofere-cido ao homem, para lhe servir deguia e modelo” – Jesus, o Cristo – éa comprovação mais evidente deque a Humanidade, como toda acriação, nunca estão sós. Deus, cau-sa primária de todas as coisas e oGovernador da Terra cuidam, per-manentemente, de sua evolução,através das leis divinas ou naturais.

A harmonia que existe em todoo Universo, independentemente dadiversidade dos milhões de mun-dos existentes, demonstra a per-feição dessas leis, tanto no âmbitomaterial quanto no moral.

Com a Revelação Espírita po-demos perceber alguns caracterís-ticos das leis divinas ou naturais:

a) promanam do Criador;b) são de todos os tempos;c) são invioláveis, eternas e imu-

táveis;d) são perfeitas e harmônicas;e) constituem, para o homem, o

roteiro para a busca da felicidade.

Jesus deixou em seus ensinos oconhecimento das leis morais,que Ele sintetizou no Amor, paramelhor compreensão daqueles queouviram suas lições, expressas mui-tas vezes de forma alegórica, parase projetarem no futuro.

Apesar do método utilizado sero mais apropriado a inteligênciase compreensões pouco desenvolvi-das, sabia o Mestre que sua Mensa-gem não seria compreendida inte-gralmente, no seu verdadeiro sen-tido, não só pelos que se opunhama ela, mas também por muitos dosque a aceitaram, na época de suapresença, ou no futuro distante.

Sabendo dessa realidade e pre-vendo o que aconteceria no porvir,com o desvirtuamento do sentidode vários de seus ensinos, prometeupedir ao Pai o envio, posteriormen-te, do Consolador, destinado a per-manecer com os homens, lembrar--lhes as lições esquecidas ou mal in-terpretadas, retificar os enganos doentendimento humano e ainda tra-zer o conhecimento de coisas novas.

O Consolador prometido é aDoutrina dos Espíritos, o Espiritis-mo, doutrina abrangente que mos-tra o caminho certo e a porta estrei-ta para o encontro com a felicida-de, a que todos os homens aspiram.

Sua vinda só se tornou possívelmuitos séculos após a promessade Jesus, com o advento de ummundo renovado pela evoluçãonatural em diversas áreas de atua-ção do homem, tais como o pro-gresso das ciências, a conquista dasliberdades e o controle dos pode-res absolutistas dos governantes edas direções religiosas.

A intolerância dos governantespoderosos e o fanatismo alimenta-do por determinadas correntes reli-giosas, geradoras do fundamentalis-mo, ainda subsistem nos dias atuais.Mas seu predomínio ocorreu emtoda a Idade Média e na Idade Mo-derna, até os fins do século XVIII,com o marco inconfundível da Re-volução Francesa. Embora usandoa violência, esse acontecimento his-tórico trouxe a conquista da liberda-de, com os ideais da igualdade e dafraternidade, aspirações de ideali-zadores de um mundo melhor, semas imposições descabidas do atra-so, do absolutismo e da ignorância.

Somente com a conquista da li-berdade, que se tornou a base parauma nova era na história da Hu-manidade, foi possível o envio doConsolador, que trouxe consigonovas idéias e novos princípios quecontrariam e retificam velhos con-ceitos, admitidos e assentes tantonas ciências quanto nas religiões.

Se houvesse chegado antes dosmeados do século XIX, teria sidoperseguido e dificilmente se fir-maria em uma sociedade domi-nada por interesses que se con-trapunham às verdades e às reali-dades de uma nova Revelação.

A presença do Espiritismo en-tre os homens tem uma impor-tância excepcional para uma novafase de conhecimentos e de pro-gresso moral da Humanidade.

Suas verdades fundamentais,especialmente seus esclarecimen-tos sobre a vida do Espírito nas Es-feras espirituais, após a morte do

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corpo físico, as vidas sucessivasnas reencarnações, a origem e acriação dos seres espirituais, os es-clarecimentos sobre as leis divinasou naturais, atuantes em todo oUniverso, e muitas outras questõesessenciais, formam um conjuntosobre o qual o homem tem for-mulado hipóteses que desvirtuama realidade e contrariam os fatos.

Esses novos conhecimentosconstituem a base sobre a qual seapoiará uma renovação necessáriano planeta que habitamos.

Correspondem esses esclareci-mentos à promessa de Jesus for-mulada quando de sua passagempela Terra, há dois mil anos:

“Conhecereis a verdade e ela voslibertará”. (João, 8:32.)

As verdades e conhecimentos no-vos revelados pelo Consolador sãofundamentais para que a Humani-dade, ao lado do progresso naturalproduzido pelos avanços científicose tecnológicos, possa se beneficiar

também da percepção correta doque é o homem, essência espiritualimortal ligada a um corpo materialperecível, de onde ele vem e paraonde vai, em sucessivas vidas físicas.

O conhecimento de si mesmo,recomendado pelo sábio grego daAntigüidade, antes da vinda doCristo, continua válido na atuali-dade e no futuro.

A própria renovação social, as-piração generalizada por toda par-te, necessita embasar-se em co-nhecimentos sólidos e verdadeiros,geradores da solidariedade, emseu sentido moral, capaz de vin-cular as individualidades huma-nas a todos os seus semelhantes.

As injustiças sociais, oriundasdos privilégios de classes e das leishumanas injustas, assentam-se noegoísmo, no orgulho e na igno-rância dos homens. Só terão fimcom a renovação individual, peloconhecimento e aceitação das ver-dades eternas, geratrizes dos sen-

timentos elevados nas populações,tornando possível a solidariedade,a justiça e a compreensão no seiodas sociedades humanas.

Por desconhecimento dessasverdades, fracassaram as tentativasde resolver os grandes problemasda organização social com basena luta de classes, como se a so-lução de um problema tão com-plexo estivesse simplesmente nasubstituição de uma classe do-minante por outra mais nume-rosa, qual a dos operários e tra-balhadores em geral.

Essa teoria, de fundamentopuramente materialista, baseadano Manifesto Comunista de KarlMarx, de 1848, projetou-se portodo o século XX e foi mais umaexperiência fracassada na buscade melhores condições para umasociedade mais justa, por partir depressupostos falsos e enganosos.

A civilização atual notabilizou--se pela influência dos conheci-mentos científicos e pela aplica-ção da Tecnologia em muitas ati-vidades humanas.

Entretanto, o progresso autên-tico não pode ser medido pelo de-senvolvimento somente no cam-po dos conhecimentos, sem a con-jugação com o cultivo dos senti-mentos sintetizados no amor.

No aperfeiçoamento do ser hu-mano não basta o cultivo da inteli-gência e dos interesses materiais davida. Torna-se imprescindível o de-senvolvimento, também, dos sen-timentos da humildade, da fé, dapaciência, da compreensão, da so-lidariedade, que são desdobramen-tos e manifestações do amor.

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Quadro A Liberdade guiando o Povo, inspirado na Revolução Francesa,pintado por Eugène Delacroix

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ma reunião mediúnica sé-ria, à luz do Espiritismo, éconstituída por um con-

junto operacional de alta qualida-de, em face dos objetivos superio-res que se deseja alcançar.

Tratando-se de um empreendi-mento que se desenvolve no cam-po da energia, requisitos gravessão exigidos, de forma que sejamconseguidas as realizações, passoa passo, até a etapa final.

Não se trata de uma atividadecom características meramentetranscendentais, mas de um laborque se fundamenta na ação da ca-ridade, tendo-se em vista os Espí-ritos aos quais é direcionado.

Formada por um grupamentode pessoas responsáveis e conscien-tes do que deverão realizar, recebe-ram preparação anterior, de modoa corresponderem aos misteres aque todos são convocados paraexercer, no santificado lugar emque se programa a sua execução.

Deve compor-se de conhecedo-res da Doutrina Espírita e queexerçam a prática da caridade sobqualquer aspecto possível, de ma-neira a conduzirem créditos mo-rais perante os Soberanos Códi-gos da Vida, assim atraindo as En-tidades respeitáveis e preocupadascom o bem da Humanidade.

Resultado de dois aglomeradosde servidores lúcidos – desencar-nados e reencarnados – que têmcomo responsabilidade primor-dial manter a harmonia de propó-sitos e de princípios, a fim de queos labores que programam sejamexecutados em perfeito equilíbrio.

Para ser alcançada essa sin-cronia, ambos os segmentos com-prometem-se a atender os compro-missos específicos que devem serexecutados.

Aos Espíritos orientadores com-pete a organização do programa,desenhando as responsabilidadespara os cooperadores reencarna-

dos, ao tempo em que se encar-regam de produzir a defesa dorecinto, a seleção daqueles que sedeverão comunicar, providen-ciando mecanismos de socorropara antes e depois dos atendi-mentos.

Confiando na equipe humanaque assumiu a responsabilidadepela participação no trabalho degraves conseqüências, movimen-tam-se, desde às vésperas, estabe-lecendo os primeiros contatos psí-quicos daqueles que se comunica-rão com os médiuns que lhes ser-virão de instrumento, desenvol-vendo afinidades vibratórias com-patíveis com o grau de necessidadede que se encontram possuídos.

Encarregam-se de orientaraqueles que se comunicarão, auxi-liando-os no entendimento do

Responsabilidade

Umediúnica

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Componentes da reunião*

*N. da R.: As fotos que ilustram este arti-go são do livro Desobsessão, do EspíritoAndré Luiz, psicografias de Francisco C.Xavier e Waldo Vieira, Ed. FEB de 2007,p. 19, 35 e 57.

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mecanismo mediúnico, para evi-tar choques e danos à aparelhagemdelicada da mediunidade, tantono que diz respeito às comunica-ções psicofônicas atormentadasquanto às psicográficas de confor-to moral e de orientação.

Cuidam de vigiar os comuni-cantes, poupando os componen-tes da reunião de agressões e dedistúrbios defluentes da agitaçãodos enfermos mentais e morais,bem como das distonias emocio-nais dos perversos que tambémsão conduzidos ao atendimento.

Encarregam-se de orientar o cri-tério das comunicações, estabele-cendo de maneira prudente a suaordem, para evitar tumulto duran-te o ministério de atendimento, as-sim como impedindo que o temposeja malbaratado por inconseqüên-cia do padecente desencarnado.

Nunca improvisam, porquantotodos os detalhes do labor são de-vidamente examinados antes, equando algo ocorre que não esta-va previsto, existem alternativasprovidenciais que impedem osdesequilíbrios no grupo.

Equipamentos especializadossão distribuídos no recinto parautilização oportuna, enquantopreservam o pensamento eleva-do ao Altíssimo...

Concomitantemente, cabem aosmembros reencarnados as res-ponsabilidades e ações bem defi-nidas, para que o conjunto se mo-vimente em harmonia e as comu-nicações fluam com facilidade eequilíbrio.

Todo o conjunto é resultado deinterdependência, de um como

do outro segmento, formando umtodo harmônico.

Aos médiuns é imprescindívela serenidade interior, a fim depoderem captar os conteúdos dascomunicações e as emoções dosconvidados espirituais ao trata-mento de que necessitam.

A mente equilibrada, as emo-ções sob controle, o silêncio ínti-mo, facultam o perfeito registro dasmensagens de que são portadores,contribuindo eficazmente para acatarse das aflições dos seus agentes.

O médium sabe que a faculdadeé orgânica, mantendo-se em climade paz sempre que possível, nãoapenas nos dias e nas horas reserva-das para as tarefas especiais de na-tureza socorrista, porquanto Espí-ritos ociosos, vingadores, insensa-tos que envolvem o planeta encon-tram-se de plantão para gerar di-ficuldades e estabelecer conflitosentre as criaturas invigilantes.

Por outro lado, o exercício dacaridade no comportamento nor-mal, o estudo contínuoda Doutrina e aserenidade moral,são-lhe de grandevalia, porque atraem

os Espíritos nobres que anelampor criar uma nova mentalidadeentre as criaturas terrestres, supe-rando as perturbações ora vigentesno planeta.

Não é, porém, responsável so-mente o medianeiro, embora gran-de parte dos resultados dependamda sua atuação dignificadora, o quelhe constituirá sempre motivo debem-estar e de felicidade, por des-cobrir-se como instrumento doamor a serviço de Jesus entre osseus irmãos.

Aos psicoterapeutas dos desen-carnados é impositivo fundamen-tal o equilíbrio pessoal, a fim deque as suas palavras não sejam vãs,e estejam cimentadas pelo exemplo

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de retidão e de trabalho a que seafervoram.

O seu verbo será mantido emclima coloquial e sereno, dialogan-do com ternura e compaixão, semo verbalismo inútil ou a presunçãosalvacionista, como se fosse porta-dor de uma elevação irretocável.

Os sentimentos de amor e de mi-sericórdia igualmente devem seracompanhados pelos compromissosde disciplina, evitando diálogos de-morados e insensatos feitos de deba-tes inconseqüentes, tendo em vistaque a oportunidade é de socorro enão de exibicionismo intelectual.

O objetivo da psicoterapia pelapalavra e pelas emanações men-tais e emocionais de bondade nãoé o de convencer o comunicante,mas o de despertá-lo para o esta-do em que se encontra, predis-pondo-o à renovação e ao equilí-brio, nele se iniciando o desperta-mento para a vida espiritual.

Conduzir-se com disciplina mo-ral, no dia-a-dia da existência, éum item exigível a todos os mem-bros da grei, a fim de que a amiza-

de, o respeito e o apoio dos Ben-feitores auxiliem-nos na conquis-ta de si mesmos.

Numa reunião mediúnica sé-ria, não há lugar para dissimula-ções, ressentimentos, antipatias,censuras, porque todos os elemen-tos que a constituem têm carátervibratório, dando lugar a sintoniascompatíveis com a carga emocio-nal de cada onda mental emitida.

Desse modo, não há porque al-guém preocupar-se em enganar ooutro, porquanto, se o fizer, a pro-blemática somente a ele próprioperturbará.

À equipe de apoio se reservam asresponsabilidades da concentração,da oração, da simpatia aos comu-nicantes, acompanhando os diá-logos com interesse e vibrando emfavor do enfermo espiritual, a fimde que possa assimilar os conteúdossaudáveis que lhe são oferecidos.

Nunca permitir-se adormecerdurante a reunião, sob qualquerjustificativa em que o fenômenose lhe apresente, porque esse com-portamento gera dificuldades pa-

ra o conjunto, sendo lamentávelessa autopermissão...

Aos médiuns passistas cabemos cuidados para se manteremreceptivos às energias saudáveisque provêm do Mundo Maior,canalizando-as para os transeun-tes de ambos os planos no mo-mento adequado.

Todo o movimento entre as duasesferas de ação deve acontecer suave-mente, como num centro cirúrgico,que o é,de modo a refletir-se na segu-rança do atendimento que se opera.

Os círculos mediúnicos sérios,que atraem os Espíritos nobrese que encaminham para os seusserviços aqueles desencarnadosque lhes são confiados, não podemser resultado de improvisações,mas de superior programação.

Os membros que os consti-tuem estarão sempre atentos aoscompromissos assumidos, de for-ma que possam cooperar com osMentores em qualquer momentoque se faça necessário, mesmo fo-ra do dia e horário estabelecidos.

Pontualidade de todos na fre-qüência, cometimento de condutano ambiente, unção durante ostrabalhos e alegria por encontrar--se a serviço de Jesus, são requisi-tos indispensáveis para os resulta-dos felizes de uma reunião me-diúnica séria à luz do Espiritismo.

Manoel Philomeno de Miranda

(Página psicografada pelo médium Dival-

do Pereira Franco, na reunião mediúnica

da noite de 28 de agosto de 2007, no

Centro Espírita Caminho da Redenção, em

Salvador, Bahia.)

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Reformador: Qual a sua motivaçãopara a tradução das obras deKardec?Evandro: Há cerca de cinco anos,em conversa com o presidenteNestor João Masotti, discorríamossobre as dificuldades encontradaspor muitos leitores que compul-sam as obras básicas da Codifica-ção Espírita editadas pela FEB,tendo em vista a linguagem erudi-ta, recheada de expressões comple-xas e vocábulos peculiares à épocaem que foram escritas, hoje emdesuso ou pouco empregados, ten-do em vista o próprio dinamismoda língua portuguesa. Além disso,a própria estrutura das frases,com inversões e interposiçõesfreqüentes, tornava a leituraum tanto cansativa, exi-gindo do leitor maior do-se de atenção para a exa-ta compreensão e assi-milação dos ensina-mentos ali contidos.Com isso, não pre-tendemos, de ma-

neira alguma, desmerecer o traba-lho grandioso, heróico mesmo, le-vado a cabo pelo Dr. Guillon Ri-beiro, tendo em vista a sua cultu-ra e capacidade inquestionáveisno trato das línguas portuguesa efrancesa, bem assim o seu com-pleto domínio nas questões relati-vas ao Espiritismo. Ele agiu como

deveria ter agido, servindo-se dalinguagem da sua época, aquelaque estava em voga na década devinte do século passado, e o fezmuito bem, atento ao público aquem se dirigia, a maior partecomposta de pessoas de nível in-telectual diferenciado, consideran-do-se, então, as dificuldades ma-teriais que impediam o povo de teracesso aos livros. Nossa motivaçãopara traduzir as obras de AllanKardec, portanto, tivera e tem emvista facilitar aos leitores despro-vidos de maiores recursos intelec-tuais a correta compreensão da-quilo que estão lendo, por meiode uma linguagem leve, mais sol-

ta, recheada de termos e ex-pressões mais próxi-

mos da sua realida-de cotidiana, semprejuízo da corre-ção da língua ecom escrupulosaobservância da fi-delidade ao texto

original, o que

Tradutor de

O Livro dos Espíritosrecomenda estudo

Evandro Noleto Bezerra tem traduzido obras de Kardec, recém-publicadas pela FEB.

Para o entrevistado não se pode conhecer a Doutrina Espírita sem fazer um estudo

aprofundado das obras do Codificador

EVA N D RO NO L E TO BE Z E R R AEntrevista

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não significa, de modo algum,que tenhamos traduzido ao pé daletra, obrigados que fomos, algu-mas vezes, a nos servir de paráfra-ses e a substituir palavras e expres-sões sem correspondência com anossa língua. Além disso, traduziras obras de Allan Kardec repre-sentava uma oportunidade ines-quecível de estudarmos a fundo aCodificação Espírita e, de certaforma, mergulharmos na psicos-fera abençoada do Codificadordo Espiritismo.

Reformador: Qual o diferencial danova tradução de O Livro dosEspíritos?Evandro: Embora a 2a impressãoda 2a edição de O Livro dos Espíri-tos seja considerada a edição defi-nitiva da obra, servindo de basepara as traduções nas diversas lín-guas, o primeiro livro da Codifi-cação Espírita sofreu pequenas al-terações, acréscimos e supressõesao longo das edições que se foramsucedendo, até a 12a, de 1864, oque nos leva a afirmar que esta é,de fato, a edição definitiva de OLivro dos Espíritos. Nossa tradu-ção destacou cada uma dessas al-terações, a fim de que ficassemdevidamente consignados os re-gistros históricos relacionadoscom as publicações originais dolivro, facultando aos estudiososda Doutrina Espírita que não dis-põem dos originais franceses oacesso fácil e rápido a informa-ções valiosas não contempladasnas demais traduções disponíveisem nosso país. Eis alguns exem-plos. Logo no início do livro há

um “Aviso”, espécie de prefácio, pormeio do qual Allan Kardec fazuma apreciação da obra e destacaas diferenças entre a 1a e a 2a edi-ção do livro, sobretudo o aumen-to considerável de perguntas de501 para 1019,“Aviso” esse que nãotem sido incluído em edições bra-sileiras e francesas, apesar de tersido mantido em todas as ediçõespublicadas por Kardec enquantoencarnado. Muito importante,também, é a “Nota” que se segueaos “Prolegômenos”, por meio daqual Allan Kardec informa que olivro só foi publicado depois deter sido cuidadosamente revisto ecorrigido pelos próprios Espíritos,inclusive as observações e comen-tários que ele aditou ao texto. Em-bora excluída mais tarde (10a edi-ção – 1863), a nova edição da FEBcontempla a sua tradução inte-gral. Finalmente, para ficarmosapenas com estes três exemplos,pois que há outros, as últimas pá-ginas do livro estampam uma“Errata”, que, embora não tendosido incorporada ao texto do li-vro, complementa algumas obser-vações de Kardec disseminadas aolongo da obra. Isto do ponto devista dos registros históricos. Emnossa opinião, porém, o maior di-ferencial da nova tradução está nasimplicidade, na clareza, na levezado estilo e na atualização de algu-mas palavras e expressões poucousadas atualmente e que podemimpedir ou dificultar a compre-ensão dos leitores.

Reformador: Quais os principaisregistros que teria sobre o trabalho

de tradução da coleção da RevistaEspírita (1858-1869)?Evandro: A Revista Espírita foi onosso primeiro trabalho de tradu-ção, iniciado em setembro de 2001e concluído em fevereiro de 2005.Com mais de seis mil páginas,divididas em doze alentados volu-mes, serviu a Allan Kardec de la-boratório experimental para queele pudesse expor as idéias dos ho-mens e dos Espíritos acerca dosprincípios do Espiritismo que, en-tão, dava seus primeiros passos,antes de validá-los e incorporá-losnas obras básicas que viria a publi-car, atento ao critério da concor-dância e da universalidade do en-sino dos Espíritos. Foi uma espé-cie de tribuna livre, permitindo aAllan Kardec um contato mais di-reto com os leitores e simpatizan-tes da Doutrina Espírita. Ali o Co-dificador se expõe todo inteiro, re-vela particularidades da sua vidaíntima, as lutas e os desafios queteve de vencer para materializar naTerra o Consolador prometidopor Jesus Cristo. Embora sendouma obra subsidiária, comple-mentar da Doutrina Espírita, me-receu de Allan Kardec o mesmocuidado e o mesmo carinho comque ele se houve na publicação dasobras básicas. Durante o processode tradução dos volumes queconstituem a Revista Espíritaocorreu-nos um fato inusitado emuito gratificante: à medida queíamos traduzindo, sentíamo-noscomo que transportado para oslocais e eventos citados por AllanKardec, neles tomando parte comose de fato estivéssemos presente,

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circunstância que também se re-novou quando traduzimos as suasviagens espíritas pelo interior daFrança. Em resumo, consideramosa Revista Espírita como uma dasmaiores contribuições de AllanKardec à vulgarização do Espiri-tismo, uma verdadeira autobio-grafia do Codificador, um patri-mônio inestimável de informaçõese de emoções sempre renovadas,mas a que nem todos os espíritasdispensam a devida atenção.

Reformador: Como sentiu os rela-tos de Kardec em Viagem Espíritaem 1862?Evandro: Realizada nos meses desetembro e outubro de 1862, foiessa a principal viagem de AllanKardec pelo interior da França, aserviço do Movimento e da Dou-trina Espírita. Eram tempos herói-cos, difíceis, com meios de locomo-ção precários e sem conforto, masque não intimidaram o Codifica-dor em seu esforço de orientar oscentros espíritas que então se disse-minavam naquele país. O que ca-racteriza tais relatos é a surpreen-dente atualidade e oportunidadedos conceitos e conselhos expen-didos por Allan Kardec nas diversascidades por onde passou naqueletempo, bem como a sua preocupa-ção com a unidade doutrinária e aunião dos espíritas em torno dospostulados de que era o mais lídi-mo representante. O mesmo suce-deu com outras viagens que elerealizou posteriormente, na Françae na Bélgica, sempre a serviço doEspiritismo, viagens que ele cobriacom recursos do próprio bolso,

não obstante as alusões caluniosasde que vivia à custa da DoutrinaEspírita. Além disso, essas viagenspermitiram a Allan Kardec estabe-lecer um contato mais direto comos dirigentes espíritas, auscultarsuas dificuldades e necessidades,ouvir suas opiniões e dirimir suasdúvidas, sem imposições nem aco-modações de quaisquer espécies.

Reformador: Há projetos paraoutras traduções?Evandro: Sim. É nossa intençãotraduzir as demais obras de AllanKardec. Além da Edição Come-morativa de O Livro dos Espíritos, játraduzimos O Evangelho segundo oEspiritismo e O Livro dos Médiuns,a serem publicados no 1o semestredo próximo ano. Atualmente, esta-mos ocupados com a tradução deO Céu e o Inferno, restando por tra-duzir A Gênese, Obras Póstumas eO que é o Espiritismo. Nosso obje-tivo continua sendo o mesmo já re-velado no tópico inicial desta en-trevista: atualizar a linguagem doslivros e facilitar o entendimento ea compreensão dos leitores. Pelomenos envidamos esforços paraque assim suceda, estando sempreaberto a críticas e sugestões quepossam contribuir para aperfeiçoaro nosso modesto trabalho, críticase sugestões que não nos têm falta-do e que nos estimulam a perseve-rar no ideal que abraçamos comtanto carinho e dedicação.

Reformador: Com base na expe-riência de leitura detalhada e pen-sada das obras do Codificador, teriaalguma recomendação aos leitores?

Evandro: As bases fundamentaisdo Espiritismo estão contidas in-tegralmente nas obras de AllanKardec, de modo que não se podeconhecer a Doutrina Espírita semfazer um estudo aprofundado detais obras. O Livro dos Espíritos re-sume de forma admirável os con-ceitos que o espírita conscienciosodeve esforçar-se por compreendere pôr em prática, visto que contém“os princípios da Doutrina Espíritasobre a imortalidade da alma, a na-tureza dos Espíritos e suas relaçõescom os homens, as Leis Morais, avida presente, a vida futura e o por-vir da Humanidade”. Como estu-dar as obras complementares, so-bretudo as de cunho científico, semconhecer as bases da obra funda-mental? Como separar o joio dotrigo, principalmente agora, quan-do tantas obras de procedência du-vidosa e até mesmo antidoutriná-rias são lançadas sem qualquer cri-tério no mercado livreiro, cada vezmais florescente? Segue-se a leiturade O Livro dos Médiuns, que con-tém a parte experimental do Espi-ritismo, O Céu e o Inferno e A Gê-nese, nada impedindo que O Evan-gelho segundo o Espiritismo seja lidoantes ou depois dessas obras, dadoo seu caráter eminentemente con-solador. Finalmente, o leitor nãodeve esquecer de Obras Póstumase da Revista Espírita, os grandesdesconhecidos da literatura kar-dequiana, a despeito da riqueza deensinamentos que irradia de suaspáginas verdadeiramente ilumina-das. Só então teremos autoridadee segurança “para ler tudo e retero que for bom”.

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Presença de Chico Xavier

uitas vezes pensei que outras fossem as

surpresas que aguardassem um morto, de-

pois de entregar à terra os seus despojos.

Como um menino que vai pela primeira vez a uma

feira de amostras, imaginava o conhecido chaveiro dos

grandes palácios celestiais. Via S. Pedro de mãos encla-

vinhadas debaixo do queixo, óculos de tartaruga, como

os de Nilo Peçanha, assestados no nariz, percorrendo

com as suas vistas sonolentas e cansadas os estudos téc-

nicos, os relatórios, os mapas e livros imensos, enuncia-

dores do movimento das almas que regressavam da

Terra, como destacado amanuense de secretaria. Pre-

sumia-o um velhote bem conservado, igual aos senado-

res do tempo da monarquia no Brasil, cofiando os lon-

gos bigodes e os fios grisalhos da barba respeitável.

Talvez que o bom do apóstolo, desentulhando o baú de

suas memórias, me contasse algo de novo: algumas

anedotas a respeito de sua vida, segundo a versão popu-

lar; fatos do seu tempo de pescarias, certamente cheios

das estroinices de rapazola. As jovens de Séforis e de

Cafarnaum, na Galiléia, eram criaturas tentadoras com

os seus lábios de romã amadurecida. S. Pedro por certo

diria algo de suas aventuras, ocorridas, está claro, antes

da sua conversão à doutrina do Nazareno.

Não encontrei, porém, o chaveiro do Céu. Nessa de-

cepção, cheguei a supor que a região dos bem-aventura-

dos deveria ficar encravada em alguma cordilheira de

nuvens inacessíveis. Tratava-se, certamente, de um re-

canto de maravilhas, onde todos os lugares tomariam

denominações religiosas, na sua mais alta expressão sim-

bólica: Praça das Almas Benditas, Avenida das Potências

Angélicas. No coração da cidade prodigiosa, em paços

resplandecentes, Santa Cecília deveria tanger a sua harpa

acompanhando o coro das onze mil virgens, cantando

ao som de harmonias deliciosas para acalentar o sono

das filhas de Aqueronte e da Noite, a fim de que não vies-

sem, com as suas achas incandescentes e víboras maldi-

tas, perturbar a paz dos que ali esqueciam os sofrimen-

tos, em repouso beatífico. De vez em quando se organi-

zariam, nessa região maravilhosa, solenidades e festas

comemorativas dos mais importantes acontecimentos

da Igreja. Os papas desencarnados seriam os oficiantes

das missas e Te-Déuns de grande gala, a que comparece-

riam todos os santos do calendário; S. Francisco Xavier,

com o mesmo hábito esfarrapado com que andou pre-

gando nas Índias; S. José, na sua indumentária de car-

pinteiro; S. Sebastião, na sua armadura de soldado roma-

no; Santa Clara, com o seu perfil lindo e severo de mado-

na, sustentada pelas mãos minúsculas e inquietas dos

arcanjos, como rosas de carne loura. As almas bem con-

ceituadas representariam, nas galerias deslumbrantes, os

santos que a Igreja inventou para o seu hagiológio.

Mas... não me foi possível encontrar o Céu.

Julguei, então, que os espíritas estavam mais acerta-

dos em seus pareceres. Deveria reencontrar os que

haviam abandonado as suas carcaças na Terra, conti-

nuando a mesma vida. Busquei relacionar-me com as

falanges de brasileiros emigrados do outro mundo.

Idealizei a sociedade antiga, os patrícios ilustres aí refu-

giados, imaginando encontrá-los em uma residência

principesca como a do Marquês de Abrantes, instalada

na antiga chácara de Dona Carlota, em Botafogo, onde

recebiam a mais fina flor da sociedade carioca das últi-

mas décadas do segundo reinado, cujas reuniões, com-

postas de fidalgos escravocratas da época, ofuscavam a

simplicidade monacal dos Paços de S. Cristóvão.

E pensei de mim para comigo: Os rabinos do Siné-

drio, que exararam a sentença condenatória de Jesus

De um casarãodo outro mundo

M

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Cristo, quererão saber as novidades de Hitler, na sua

fúria contra os judeus. Os remanescentes do príncipe

de Bismarck, que perderam a última guerra, desejariam

saber qual a situação dos negócios franco-alemães.

Contaria aos israelitas a história da esterilização, e aos

seguidores do ilustre filho de Schönhausen as questões

do plebiscito do Sarre. Cada bem-aventurado me viria

fazer uma solicitação, às quais eu atenderia com as

habilidades de um porta-novas acostumado aos praze-

res maliciosos do boato.

Enganara-me, todavia. Ninguém se preocupava com

a Terra, ou com as coisas da sua gente.

Tranqüilizem-se, contudo, os que ficaram, porque,

se não encontrei o Padre Eterno com as suas longas

barbas de neve, como se fossem feitas de paina alva e

macia, segundo as gravuras católicas, não vi também o

Diabo.

Logo que tomei conta de mim, conduziram-me a

um solar confortável, como a Casa dos Bernardelli, na

praia de Copacabana. Semelhante a uma abadia de fra-

des na Estíria, espanta-me o seu aspecto imponente e

grandioso. Procurei saber nos anais desse casarão do

outro mundo as notícias relativas ao planeta terreno.

Examinei os seus in-fólios. Nenhum relato havia a res-

peito dos santos da corte celestial, como eu os imagina-

va, nem alusões a Mefistófeles e ao Amaldiçoado. Igno-

rava-se a história do fruto proibido, a condenação dos

anjos rebelados, o decreto do dilúvio, as espantosas vi-

sões do evangelista no Apocalipse. As religiões estão na

Terra muito prejudicadas pelo abuso dos símbolos.

Poucos fatos relacionados com elas estavam naqueles

documentos.

O nosso mundo é insignificante demais, pelo que

pude observar na outra vida. Conforta-me, porém,

haver descoberto alguns amigos velhos, entre muitas

caras novas.

Encontrei o Emílio radicalmente transformado.

Contudo, às vezes, faz questão de aparecer-me de ven-

tre rotundo e rosto bonacheirão, como recebia os ami-

gos na Pascoal, para falar da vida alheia.

– “Ah! filho – exclama sempre –, há momentos nos

quais eu desejaria descer ao Rio, como o homem invi-

sível de Wells, e dar muita paulada nos bandidos de

nossa terra.”

E, na graça de quem, esvaziando copos, andou en-

chendo o tonel das Danaides, desfolha o caderno de

suas anedotas mais recentes.

A vida, entretanto, não é mais idêntica à da Terra.

Novos hábitos. Novas preocupações e panoramas no-

vos. A minha situação é a de um enfermo pobre que se

visse de uma hora para outra em luxuosa estação de

águas, com as despesas custeadas pelos amigos. Resta-

belecendo a saúde, estudo e medito. E meu coração, ao

descerrar as folhas diferentes dos compêndios do infi-

nito, pulsa como o do estudante novo.

Sinto-me novamente na infância. Calço os meus ta-

manquinhos, visto as minhas calças curtas, arranjo-me

à pressa, com a má vontade dos garotos incorrigíveis, e

vejo-me outra vez diante da Mestra Sinhá, que me olha

com indulgência, através da sua tristeza de virgem

desamada, e repito, apontando as letras na cartilha: –

A B C... A B C D E...

Ah! meu Deus, estou aprendendo agora os lumino-

sos alfabetos que os teus dedos imensos escreveram

com giz de ouro resplandecente nos livros da Natureza.

Faze-me novamente menino para compreender a lição

que me ensinas! Sei hoje, relendo os capítulos da tua

glória, por que vicejam na Terra os cardos e os jasmi-

neiros, os cedros e as ervas, por que vivem os bons e os

maus, recebendo, numa atividade promíscua, os bene-

fícios da tua casa.

Não trago do mundo, Senhor, nenhuma oferenda

para a tua grandeza! Não possuo senão o coração,

exausto de sentir e bater, como um vaso de iniqüidades.

Mas, no dia em que te lembrares do mísero pecador

que te contempla no teu doce mistério como lâmpada

de luz eterna, em torno da qual bailam os sóis como pi-

rilampos acesos dentro da noite, fecha os teus olhos

misericordiosos para as minhas fraquezas e deixa cair

nesse vaso imundo uma raiz de açucenas. Então, Se-

nhor, como já puseste lume nos meus olhos, que ainda

choram, plantarás o lírio da paz no meu coração que

ainda sofre e ainda ama.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Crônicas de além-túmulo. 15. ed. Riode Janeiro: FEB, 2007. p. 15-20. Mensagem recebida em 27 demarço de 1935.

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Pelo Espírito Humberto de Campos

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esde Freud, as doutrinaspsicológicas aprofundam aidéia de que é preciso cui-

dar da mente, pôr ordem na casamental para que sejamos felizes.

De fato, pensamento ajustadoé o caminho para que vivamos empaz, ainda que convivendo comproblemas e dificuldades, dores edissabores.

O Espiritismo nos ajuda nes-se particular, oferecendo-nos ex-plicações claras e objetivas so-bre os porquês da vida, envol-

vendo família, profissão, socie-dade, saúde...

Tudo tem sua razão de ser.Familiares difíceis são testes

de paciência.Doenças e limitações físicas são

válvulas de escoamento de impu-rezas espirituais.

Dificuldades profissionais sãodesafios.

Tudo obedece a mecanismosde causa e efeito, em que colhe-mos hoje o que semeamos ontem.Se não identificamos nesta exis-tência nada que justifique nossasdificuldades, certamente haveráem vidas anteriores.

Delas não nos recordamospara evitar uma superposi-

ção de experiências pas-sível de nos confundir

e perturbar.

Em O Evangelho segundo o Es-piritismo, capítulo VIII, item 7,Kardec comenta os três estágiosem que podemos nos situar, deacordo com o que pensamos.

Há aquele que sequer concebea idéia do mal.

Não julga, não critica, não co-biça, não inveja, não se exalta, nãose mortifica…

É alguém sintonizado com os rit-mos do Universo, Espírito superior,capaz de só pensar o Bem, em plenasintonia com as fontes da vida.

Quando um Espírito assim re-encarna, nunca passa despercebi-do, embora sem nenhuma inten-ção de aparecer, porquanto a vir-tude é uma luz impossível de nãoser observada.

Dizia Mahatma Gandhi, quejamais perdoou seus adversários,porque, segundo ele, nada tinha aperdoar, nunca se sentira ofendido:

A nossa natureza está enclausu-rada a ver só o mal no adversário, aatribuir-lhe sempre o mal, e mesmoo mal que não existe.

Os trêsestágios

DRI C H A R D SI M O N E T T I

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O mal que vemos nele dependequase sempre do nosso modo apres-sado e mesquinho de ver o homem.

Madre Teresa de Calcutá, a ex-traordinária missionária do Cris-to, cuja vida foi um hino à bon-dade, ao empenho de servir, dizia:

Se você julga as pessoas, nãotem tempo para amá-las.

Em oração, pedia:

Deus adorado, faça-me darvalor à dignidade de minhamais alta vocação de servire às suas responsabilida-des. Jamais permita queeu a desgrace doandofrieza, indelicadeza ouimpaciência.

Vemos no próxi-mo o que há emnós.

Espíritos bons de-têm-se no Bem.

Espíritos maus vêemo Mal. Estes estão no ou-tro extremo, no estágio opos-to, segundo Kardec.

Alguns exemplos:

• O indivíduo empolgado porfantasias eróticas, envolven-do respeitáveis mulheres.

• A esposa que cultiva forteressentimento contra o ma-rido que dela se separou.

• O subordinado que odeia

seu superior, sorrindo-lhecom os lábios, amaldiçoan-do-o com o pensamento.

• O político que cogita de ne-gociatas para pagar suas des-pesas de campanha.

• O homem comum que pen-sa em exercitar o jeitinhobrasileiro para tirar vanta-gem em alguma atividade.

Pessoas assim fixam-se tantoem seus devaneios que acabaminfluenciadas por Espíritos infe-riores que exacerbam seus senti-mentos e as levam a um compor-tamento comprometedor.

Entre esses dois extremos, naexposição de Kardec, situa-se oreligioso que leva a sério seusprincípios e que, não obstante ex-perimentar ímpetos semelhantesaos citados, sempre os combatecom veemência, travando intensaluta íntima.

Não é fácil.Não dá para afirmar:– A partir de agora, somente

bons pensamentos terão acesso àminha tela mental.

Dizem os Mentores espirituaisque contra as gotas de luz do pre-

sente há oceanos trevosos dopassado.

E o apóstolo Paulo,afirma (Epístola aos

Romanos, 7:19):

Pois não faço obem que quero, maso mal que não que-ro, esse faço.

Não há mágicacapaz de eliminar de

pronto esses aspectosnegativos de nossa per-

sonalidade.É preciso insistir nos bons

propósitos.Diz Jesus (Mateus, 24:13):

Aquele que perseverar até o fimserá salvo.

Entenda-se aqui a salvação nãono sentido escatológico, de desti-no final, porquanto, ainda que de-mande milênios sem conta, sere-mos todos Espíritos puros e per-feitos, habilitados à felicidade em

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plenitude, em plena harmoniza-ção com a vida universal.

Somos filhos de Deus, que noscriou para a perfeição, e lá chega-remos mais cedo ou mais tarde,porquanto essa é a Sua vontadesoberana, que não falha jamais.

A perseverança nos bons pro-pósitos vai nos salvar de nós mes-mos, de nossas tendências inferio-res, de nossos maus pensamentos,favorecendo um caminhar maistranqüilo e seguro, rumo à glo-riosa destinação.

As técnicas de meditação orien-tal envolvem um treino de esva-ziamento mental para assimilaçãodas energias cósmicas.

Para tanto a pessoa deve fixar--se num determinado ponto, arespiração, por exemplo, manten-do o pensamento preso nos movi-mentos de inspiração e expiração.

Os iniciantes sentem dificul-dade, porquanto, como um potrorebelde, o pensamento recusa-sea permanecer aprisionado noslimites de uma imagem.

A solução é o treinamento, ainsistência, a perseverança…

O mesmo acontece em re-lação à natureza de nossos pen-samentos.

Temos dificuldade em susten-tar apenas o Bem em nosso uni-verso íntimo.

Se perseverarmos, conseguire-mos.

Hoje, alguns minutos; amanhãum pouco mais, e sempre mais, atéchegarmos à plenitude do tempo.

A auxiliar-nos nesse propósi-to, o Evangelho.

Estudar as lições de Jesus emprofundidade, de forma a quepossamos considerar, no desdo-bramento das horas, ante os pen-samentos que surgem:

– Pensaria assim Jesus?Se a resposta for negativa, será

oportuno mudar o pensamento.Nesse propósito, dois recursos

maravilhosos:

• A oração. Buscar Jesus.Se o pensamento se transvia,

a oração o trará de volta ao bomsenso.

Em princípio haveremos dechamar por Jesus o tempo todo,exprimindo nossa incapacidadede manter o pensamento reto.

Com perseverança, o chama-remos sempre menos, na medidaem que, superando nossas maze-las mentais, estivermos cada vezmais perto dele.

• O Bem. Vivenciar Jesus.O sacrifício dos interesses pes-

soais em favor do próximo, amarca inconfundível dos discípu-los autênticos, é a tranca inviolá-vel com a qual fechamos nossaintimidade às incursões do mal.

Resumindo, leitor amigo, situe-mos a casa mental como um jar-dim que desejamos ver enfeitadode coloridas borboletas, a simbo-lizarem tranqüilidade e beleza.

O segredo, explicaMário Quintana, nãoé correr atrás delas. Écuidar do jardim pa-

ra que elas venhamaté nós.

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iante da Humanidade pro-fundamente conturbada, osespíritas vivemos momen-

tos de graves decisões.Se a modernidade presente ves-

tiu de tecnologia e precisão as mes-mas calamidades do passado, co-mo a fome e a guerra, dá mostrasde que na jornada do tempo o ho-mem se ajustou mais à periferiabelicosa do progresso, sem alterarsubstancialmente o núcleo de seupróprio sentimento.

Como personagens dessa via-gem existencial, precisamos re-pensar o passado, a fim de com-preender o presente e reajustar ospassos rumo ao futuro.

Chegará o momento em que otempo não mais será dividido emcompartimentos estanques, liga-dos apenas por vínculos de causa

e efeito, e tudo será visto com osolhos da eternidade.

Analisemos então duas basesde comportamento, duas estrutu-ras de vida, com linhas de raciocí-nio específicas e crenças consoli-dadas, sobre as quais nossos pas-sos já seguiram, para entender-mos aonde queremos chegar.

A primeira base vem do ontem.Fundamentada nas diretrizes doautoritarismo, diz que o homemcrédulo deve ser, na verdade, “te-mente a Deus”. O Pai se revela comopunitivo e magoável. Sob esse pris-ma, as emoções precisam ser ocul-tadas, reprimidas, para que a reali-dade não se macule com expressõesinferiores da condição humana.

Ataca, dentre outras coisas, a se-

xualidade inata no homem, incen-tiva a desconfiança no semelhante eoferece o inferno do sentimento deculpa como último reduto de sofri-mento aos que erram, sem grandeschances de perdão, a não ser que si-gam, como bons cordeiros, as nor-mas definidas pelos senhores queacreditam ter autoridade para le-gislar sobre a vida espiritual alheia.

A segunda é mais recente. Tem150 anos de proposta codificada eé oferecida pelo Espiritismo.

Com base na liberdade respon-sável, afirma que o homem que temfé deve descobrir a beleza de amara Deus – que é o próprio Amor efonte do perdão e da esperança.

Acrescenta que as emoções

Base nova,homem novo

DCA R LO S AB R A N C H E S

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devem ser manifestadas, a fim decontagiar a realidade com o me-lhor que trazem dentro de si. Seforem boas, beneficiarão; se fo-rem inferiores, serão descober-tas, conhecidas em profundidadee reeducadas para melhor.

Defende o direito à sexualida-de como acesso a expressões ínti-mas de elevação e entrega, equi-líbrio e amor.

Conduz o homem a confiar nosemelhante e indica a bênção dareencarnação como veículo segu-ro daquele que se sente culpado,porém disposto a trabalhar pelaprópria paz interior em novasoportunidades de serviço.

Interessante observar de queforma estamos procurando viver,diante dessas duas bases.

Inegavelmente, já entendemosa grandeza de propósitos da Ter-ceira Revelação. Nossos olhos jáadmiraram as páginas esclarece-doras da codificação kardequiana.A lógica e o bom senso de Kardecjá nos contagiaram.

Sem dúvida, estamos a par detodos os princípios doutrinários.Falamos bem, ensinamos comacerto e anunciamos em alta voztudo o que essa nova matriz deconduta oferece como resposta anossos questionamentos.

Um conflito, entretanto, per-manece. Não poucas vezes, dentrode casa, o mesmo estudioso que sedeclara liberto pela consciênciaespírita opta por utilizar recursosda base velha para viver.

Na hora de usar o diálogo a

fim de resolver fraternalmente umentrave do relacionamento, correpara o conforto das velhas ferra-mentas do autoritarismo e da ar-rogância disfarçada para silen-ciar a fala do outro e ter a prima-zia da última palavra.

No momento de exemplificaro “Deus Amor”, acaba preferindoapoiar-se no “deus temor” de an-tigas orientações, acendendo nosque o rodeiam o pavor e a sub-missão cega, substâncias emocio-nais infrutíferas para os homensnovos que pretendemos ser.

Uma pergunta a ser respondi-da: será que mergulhamos ape-nas a cabeça e o intelecto na no-va estrutura de viver, mas deixa-mos os pés e as convicções finca-dos nos velhos fundamentos?

Será que, na prática, somos li-bertadores só da inteligência pa-ra cima e aprisionados do cora-ção para baixo?

O Espírito Emmanuel sugereque “não nos detenhamos na pie-

dade teórica”. Explica ainda que“fraternidade simplesmente acon-selhada a outrem constrói facha-das brilhantes que a experiênciapode consumir num minuto”.*

É tarefa urgente, portanto, al-cançarmos a substância, a essên-cia dos pressupostos doutriná-rios. A base nova, a Doutrina dosEspíritos, pede que seus profi-tentes não sejam somente distri-buidores de benefícios, mas simirradiadores de luz própria, nas-cida no cadinho purificador daprópria transformação pessoal,autêntica e intransferível.

Chegará o dia, lá no eterno pre-sente em que haveremos de perma-necer, em que estaremos, enfim,de pés e alma mergulhados na cons-ciência libertadora do novo, cons-truindo o Reino esperado por den-tro e por fora e escolhendo a cons-ciência do dever retamente cum-prido, como morada definitiva dapaz interior.

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*XAVIER, Francisco C. Pão nosso. PeloEspírito Emmanuel. 29. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. Cap. 99, p. 213-214.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? – Então,

aproximando-se, lançaram mão de Jesus e o prenderam.”

(MATEUS, 26:50.)

Ensejo ao bem

significativo observar o otimismo do Mestre, prodigalizando oportunida-

des ao bem, até ao fim de sua gloriosa missão de verdade e amor, junto

dos homens.

Cientificara-se o Cristo, com respeito ao desvio de Judas, comentara amorosa-

mente o assunto, na derradeira reunião mais íntima com os discípulos, não guarda-

va qualquer dúvida relativamente aos suplícios que o esperavam; no entanto, em se

aproximando, o cooperador transviado beija-o na face, identificando-o perante os

verdugos, e o Mestre, com sublime serenidade, recebe-lhe a saudação carinhosa-

mente e indaga: Amigo, a que vieste?

Seu coração misericordioso proporcionava ao discípulo inquieto o ensejo ao

bem, até ao derradeiro instante.

Embora notasse Judas em companhia dos guardas que lhe efetuariam a prisão,

dá-lhe o título de amigo. Não lhe retira a confiança do minuto primeiro, não o

maldiz, não se entrega a queixas inúteis, não o recomenda à posteridade com

acusações ou conceitos menos dignos.

Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesus que é preciso

oferecer portas ao bem, até à última hora das experiências terrestres, ainda que,

ao término da derradeira oportunidade, nada mais reste além do caminho para o

martírio ou para a cruz dos supremos testemunhos.

É

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.Cap. 90, p. 195-196.

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questão 621 de O Livro dosEspíritos, desde há muito,pareceu-me como uma das

mais importantes de toda a Codi-ficação. Interessada em alcançar asua abrangência, tenho procuradoum aprofundamento maior, embo-ra minhas escassas luzes espirituais.

Neste ano de 2007, em que co-memoramos o Sesquicentenáriode lançamento da obra básica daDoutrina Espírita, nossa maior emelhor homenagem aos Espíritosintegrantes da falange do Espíritode Verdade – Allan Kardec incluí-do –, que a conceberam e concre-

tizaram, é a de mergulharmos nos-sa atenção no estudo constante dosprincípios exarados em O Livro dosEspíritos, que emanam do próprioCristo, ao tempo em que é impres-cindível, igualmente, a busca da vi-vência do que nos é dado conhecer.

Para chegarmos a um entendi-mento mais amplo acerca da ques-tão em epígrafe, que iremos analisarno transcurso deste artigo, faremosalgumas correlações com outrasquestões da mesma obra e, também,com textos de outros autores.

Kardec, sabiamente, aborda,na Terceira Parte de O Livro dosEspíritos, as leis morais, cuja apre-sentação didática é simplesmen-te espetacular. Quanto mais leio,mais admiro.

O assunto começa a ser abor-dado a partir da pergunta 614, naqual o Codificador indaga: “Quese deve entender por lei natural?”

Na resposta dos Espíritos superio-res ficamos sabendo que:

A lei natural é a lei de Deus. É a

única verdadeira para a felicida-

de do homem. Indica-lhe o que

deve fazer ou deixar de fazer e ele

só é infeliz quando dela se afasta.

Nas perguntas subseqüentes,novas informações são transmiti-das: que a lei de Deus é eterna,perfeita, que todas as leis da Na-tureza são leis divinas, que umaúnica existência é insuficiente pa-ra que o homem se aprofunde noseu conhecimento e, também, queas leis divinas são apropriadas à na-tureza de cada mundo e propor-cionais ao grau de adiantamentodos seres que os habitam.

Allan Kardec faz um comentá-rio à pergunta 617-a, explicando asduas situações nas quais as leis

As leis daconsciência

A

“Onde está escrita a lei de Deus? Na consciência.”*

SU E LY CA L DA S SC H U B E RT

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22 Reformador • Novembro 2007442288

*KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Ed.especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Ques-tão 621.

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divinas se apresentam: as leis físi-cas, pertencentes ao domínio daCiência e que regulam o movimen-to e as relações da matéria bruta; asleis morais, que abrangem o ser hu-mano em si mesmo e suas relaçõescom Deus e os seus semelhantes.Temos nestas, portanto, as regrasda vida do corpo e as da alma.

A lei natural pode ser conheci-da por todos, embora nem todos acompreendam. Todavia, os homensde bem e os que se decidem a pes-quisá-la “são os que melhor a com-preendem”, esclarece a questão 619,ressaltando que, um dia, todos acompreenderão, conforme a leido progresso.

Na questão 625, o Codificadorindaga qual o tipo mais perfeitoque Deus ofereceu à Humanida-de, para servir-lhe de guia e mo-delo, obtendo como resposta: Je-sus. Em seguida, desdobrando apalavra dos benfeitores, Kardecrealça a importância do Mestre eacrescenta que a doutrina legadapor Ele é a mais pura expressãoda lei divina, visto que sendoJesus o ser “mais puro de quantostêm aparecido na Terra, o EspíritoDivino o animava”.

Logo depois, temos a pergunta626, que nos interessa nesta refle-xão, pois Kardec quer saber se asleis divinas e naturais só foram re-veladas por Jesus e se, antes dele,as pessoas apenas as conheciampor intuição. Vale a pena transcre-ver a bela resposta:

Já não dissemos que elas estão

escritas por toda parte? [...] to-

dos os que meditaram sobre a

sabedoria hão podido compre-

endê-las e ensiná-las. Pelos en-

sinos, mesmo incompletos [...]

prepararam o terreno para re-

ceber a semente. Estando as leis

divinas escritas no livro da natu-

reza, possível foi ao homem co-

nhecê-las, logo que as quis pro-

curar. Por isso é que os precei-

tos que consagram foram, desde

todos os tempos, proclamados

pelos homens de bem; e também

por isso é que elementos delas se

encontram, se bem que incom-

pletos ou adulterados pela igno-

rância, na doutrina moral de to-

dos os povos saídos da barbárie.

Pode-se dizer que este texto temcomo seqüência as palavras deLéon Denis, que, por sua vez, de-monstra com muita beleza a suainspiração superior:

Deus nos fala por todas as vozes

do Infinito. E fala, não em uma

Bíblia escrita há séculos, mas

em uma bíblia que se escreve to-

dos os dias, com esses caracterís-

ticos majestosos, que se chamam

oceanos, montanhas e astros do

céu; por todas as harmonias, do-

ces e graves, que sobem do imo

da Terra ou descem dos espaços

etéreos. Fala ainda no santuário

do ser, nas horas de silêncio e de

meditação. Quando os ruídos

discordantes da vida material

se calam, então a voz interior, a

grande voz desperta e se faz ou-

vir. Essa voz sai da profundeza da

consciência e nos fala dos deve-

res, do progresso, da ascensão da

criatura. Há em nós uma espécie

de retiro íntimo, uma fonte pro-

funda de onde podem jorrar on-

das de vida, de amor, de virtude,

de luz. Ali se manifesta esse refle-

xo, esse gérmen divino, escon-

dido em toda Alma humana. (O

Grande Enigma, cap. VI, “As leis

universais”, ed. FEB, p. 82-83.)

Observem, os atenciosos leito-res e leitoras, que estamos enca-deando a nossa linha de raciocínio,evidenciando, sobretudo, a seqüên-cia didática da obra básica do Espi-ritismo, para chegarmos ao cernedo tema que vimos enfocando.

É oportuno, agora, analisarmosa pergunta 627 e a notável respostados Espíritos superiores. Ao for-mular a indagação, que é um mo-delo de síntese, o mestre lionês nãoapenas confirma que Jesus ensinouas verdadeiras leis de Deus, comotambém quer deixar bem clara autilidade do ensino que os Espíritosestão transmitindo.A resposta está àaltura da questão proposta e trazo tom de uma revelação.Ressaltandoque os ensinamentos de Jesus foramtransmitidos de acordo com a épo-ca e lugares, acrescenta que aqueleé o momento no qual a verdadedeve se tornar compreensível paratodas as criaturas, sendo necessárioque as leis sejam explicadas e desen-volvidas, visto serem pouquíssimosaqueles que as entendem e muitomenos os que as praticam. Eles (osEspíritos da falange do Espírito deVerdade) vieram preparar o reinode Deus anunciado por Jesus etêm a missão de ensinar de formaclara e sem equívocos as leis divi-nas, a fim de que ninguém venha a

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interpretá-las ao sabor de suas pai-xões, falseando “o sentido de umalei toda de amor e caridade”.

Pode-se observar no texto a li-gação histórica do Espiritismo como Cristianismo, como também amagna importância de se conheceras leis divinas e praticá-las. Comoponto capital fica muito clara a mis-são da Doutrina Espírita como aVerdade, que gradualmente vai sen-do revelada para a Humanidade. Éa “Ciência do Infinito”a que se refe-re Kardec na “Introdução” da obra,item XIII, cujo véu que a encobre(da nossa ignorância multimile-nar) apenas começa a desvendarseus prodigiosos arcanos, a partirdo advento da Terceira Revelação.

Na parte final do capítulo I, des-sa Terceira Parte, Allan Kardec pro-põe a divisão da lei natural em dezpartes, a saber: as leis de adora-ção, trabalho, reprodução, conser-

vação, destruição, sociedade, pro-gresso, igualdade, liberdade e de jus-tiça, amor e caridade. Os benfeito-res aprovam e afirmam que a últi-ma lei é a mais importante.

Quais seriam as inferências queressaltam disso tudo apresentadoaté agora?

São duas as nossas conclusõesprincipais.

Primeiramente deduzimos, con-forme a pergunta 621, que cadaEspírito, ao ser individualizado pe-lo Criador, tem insculpida em suaconsciência a lei divina; que essa leise desdobra nas dez apresentadaspor Kardec e referendadas pelosEspíritos superiores; que a vivênciadessas leis leva o Espírito a alcançara perfeição, que é, como sabemos,relativa à nossa condição de filhosde Deus. Não é por acaso que o Co-dificador termina a Terceira Parte,referente às leis morais, com o capí-tulo XII: “Da perfeição moral”. Há,portanto, evidente ligação entretodos os capítulos que culminamcom o tema da perfeição moral, afim de deixar patenteado ser estaa escalada evolutiva do Espírito.

A segunda conclusão encontra--se na última lei, aquela que os Es-píritos declaram ser a mais im-portante: a lei de justiça, amor e

caridade. Observemos que nessetítulo estão embutidas as três

revelações de Deus à Hu-manidade, quais sejam: aJustiça, através de Moisés;o Amor, pregado e exem-

plificado por Jesus; e aCaridade – bandeirada Doutrina Espírita–, que bem resume o

propósito da Terceira Revelação: oAmor em ação.

O Codificador proclama na“Conclusão”, item VIII, que o Es-piritismo não traz moral diferen-te da de Jesus, cujo preceito capi-tal é o da caridade universal.

As leis da consciência, portanto,são as que regem nossa vida de Es-píritos imortais. Na trajetória evo-lutiva do Espírito, quando de seuspassos iniciais, essas leis jazemadormecidas, pois este age sob odomínio dos instintos; na medidaem que adquire alguma experiên-cia o livre-arbítrio desponta, tor-nando-o responsável pelas esco-lhas que faça. Lentamente a cons-ciência desperta e se faz ouvir. Abusca de algo melhor propele o serhumano a superar os desafios, aconquistar o que desconhece, sejaatravés de pesquisas e construçõespessoais, como também valendo--se das que foram promovidas poroutras criaturas. A inexorável leido progresso atua em toda parte,em nosso planeta e no Universo.

A compreensão das leis da cons-ciência e da reencarnação faz-nosentender os mecanismos da JustiçaDivina, como acentua HerculanoPires, no capítulo 19, intitulado “Asleis da consciência”, inserto no livroChico Xavier pede licença (Ed.GEEM), que nos inspirou a escre-ver sobre este tema.

Joanna de Ângelis, no livro Leismorais da vida (Ed. LEAL), disser-tando sobre a lei divina ou natu-ral, afirma que Jesus viveu com“toda pujança o estatuto das leismorais”. E acrescenta: “Leis imu-táveis, são as leis da vida. [...] Es-

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tão insculpidas na consciência dascriaturas”. O homem primitivo“sente-as em forma de impulsos oupelo luzir da sua grandeza trans-cendente nos pródromos da inte-ligência”, elucida a Mentora.

Através da psicografia de RaulTeixeira, encontramos no livroEm nome de Deus, do Espírito Jo-sé Lopes Neto (Ed. Frater), pági-nas 37 e 38, as ponderações quetranscrevemos:

As leis que Deus implantou na

tua intimidade consciencial ali

estão como guardiães da tua vi-

da, aguardando a ação da von-

tade amadurecida para identifi-

cá-las, entendê-las, admiti-las,

esforçando-se para respeitá-las

e obedecê-las. [...] Todas as leis

de Deus, que fazem pulsar a vi-

da em redor de ti, fazem tam-

bém vibrar a vida em ti. Impor-

tante será que as leis que acio-

nes em teu mundo íntimo se-

jam movidas para recompensar-

-te com alegrias, com harmonia,

com luminosidade, em função

de tua atividade positivamente

desenvolvida. [...]

Aprimora-te sempre. Ilumina-

-te sempre e trabalha para que

as divinas leis cantem bênçãos e

acendam clarões de vida no teu

âmago, uma vez que anseias

pela felicidade.

A nossa FEB

Sebastião Lasneau

No Planalto Central, luminosa e altaneira,Ergue-se a Casa-Mãe, dedicada e operosa.Sua missão desenvolve ante o Cristo, atenciosa,A Federação Espírita Brasileira.

E a mensagem dos Céus, que a Doutrina apresenta,Ela jorra em cascatas, inundando a Terra;Conforta os corações nos projetos que encerra,E o rebanho que a busca ela abraça e apascenta.

Nas terras do Cruzeiro, onde o amor fez morada,Eis a Casa do Bem, ativa e generosa,Resguardando o valor da Doutrina Formosa,Orientando-nos o passo na caminhada.

Na formação dos tempos de luz e bonança,A nossa Casa-Mãe em campanhas apelaPara o grande labor que em bênçãos se revela:Cuidar da juventude e educar a criança.

Ela atende a quem vive no mundo angustiado,E estende os seus braços para as pátrias diversas,P’ra que todas, então, sejam no amor imersas,Vivendo, com vigor, o ensino revelado.

Trabalho secular, vibra na experiênciaQue ilumina o presente embasando o porvir,Ruma a Federação Brasileira a florirNa pujança que vem lhe marcando a cadência.

Sob as mãos dedicadas do nobre Ismael,Segue o nosso Brasil-Espiritual atento,A servir a Jesus e a buscar o incrementoDo amor e da verdade, ante as Vozes do Céu.

Somos gratos a Deus por esse MonumentoQue exalta tanto o bem quanto a vida e a virtude,Nesse afã de expurgar o mal que, insano, ilude,E de implantar a paz em nosso sentimento.

Nobre é o tempo que passa entre lutas ingentes,E tudo o que nos traz grandeza à própria rota,O que nos torna bons, renunciando à má nota,Sendo espíritas veros, lúcidos, conscientes.

Saudamos de Jesus essa Obra tão feliz,Nossa Federação, que esparge o EspiritismoNo Brasil e no mundo, cheia de altruísmo,A unir-nos mais fraternos em sua diretriz.

(Mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 9/3/2005, na Sociedade Espírita Fraternidade, Niterói (RJ), por ocasião

da visita do presidente da FEB, Nestor João Masotti.)

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ean-Marie Vianney, tambémconhecido como Jean-MarieBaptiste Vianney (1786-1859)

– o cura d’Ars –, foi protagonista dealgumas manifestações espirituais,e após sua desencarnação transmi-tiu mensagem que foi inserida emO Evangelho segundo o Espiritismo.

De início, é oportuno o esclareci-mento de que a palavra cura, co-mo era adotada na França, é utili-zada para designação de sua fun-ção, ou seja, de vigário de aldeiaou povoação, não tendo nada aver com sua atuação, coincidente-mente, de intermediário de algu-mas curas. Ars, localizada a unsquarenta quilômetros ao Norte deLyon, era, àquela época, uma pe-quena aldeia.

Vianney era oriundo de famí-lia simples e afeita ao meio rural.Viveu conflitos em seu lar, poiso pai pretendia o mesmo futuroao filho. Na juventude, passoupor outro problema ao ser con-vocado para combater no exérci-to de Napoleão. Adoeceu, foi

internado duas vezes e aconselha-do a desertar e a viver numa fa-zenda onde assume o papel de umfilho primogênito. Ele se ocupa

dos menores e lhes dá lições

de leitura e de escrita. Na prima-vera e no verão, realiza a maiorparte dos trabalhos da fazenda. Éprotegido e orientado por pre-lados católicos da região deLyon, que não aceitavam o Im-perador, em virtude de sua rup-tura com o Vaticano. Encontra--se com Monsenhor Balley, quelhe diz: “Jean-Marie jamais serásoldado, mas padre”. Depois dequatorze meses, ao retornar, in-gressa em 1813 no SeminárioSaint-Irénée, em Lyon. Como oscursos eram dados em latim e elenão compreendia nada, tirounota “D”, que representa “defi-ciente no último grau”, e foi dis-pensado. Monsenhor Balley reto-ma o trabalho com seu aluno e,pacientemente, o estimula a estu-dar em francês e não mais emlatim. Foi readmitido em 1814 eordenado subdiácono.

A dificuldade idiomática se re-pete em outro episódio, pois na-quela época, em cada região ou atéem aldeias, se falavam distintos dia-letos. Em seguida à sua ordena-ção, foi designado para as funções

Cura d’ArsManifestações espirituais eparticipação na Codificação

JAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Jean-Marie BaptisteVianney, o cura d’Ars

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de cura na aldeia de Ars. Chegan-do de carroça, com poucos uten-sílios e cerca de trezentos livros,ocorreu o histórico encontro comum jovem pastor de ovelhas, An-toine Givre, com dez anos, que nãosabia o francês e falava o dialetode Ars, mas acabaram se compreen-dendo. Vianney obteve a informa-ção sobre o caminho e deu-lheresposta que é registrada no mo-numento – o cura com um jovem–, existente à entrada de Ars: “Vocême mostra o caminho de Ars, eulhe mostrarei o caminho do céu”.1

Cinco anos depois de sua che-gada em Ars, no começo de 1823,Jean-Marie Vianney funda umaescola com o nome “La Provi-dence”, que também era um orfa-nato para crianças pobres e aban-donadas por suas famílias, e parajovens em situação de miséria.Adotava a regra de que os maisvelhos ajudavam os menores.

Vianney sempre foi amparadopela família do visconde Fran-çois des Garets d’Ars e seus pri-mos, o conde e a condessa Pros-per des Garets.

O cura d’Ars também foi epi-centro de manifestações espiri-tuais de efeitos físicos. Nos últi-mos meses de 1823, por volta dasnove horas da noite, Jean-MarieVianney escuta grandes golpes naporta da paróquia. Abre a janelado andar de cima e não vê pessoaalguma. Por volta das onze horaso barulho recomeça e, à uma horada manhã, o cabo e o trinco daporta do pátio sacodem com vio-lência. Durante o tempo que durao barulho, toda a casa estremece.

Certa feita, Vianney comentoucom a condessa des Garets:

Essa noite, o “capeta”não me dei-

xou fechar o olho. [...] O demô-

nio é bem mau, mas ele é mui-

to tolo! – Ele está nervoso, é bom

sinal. – Oh! Eu me habituo. Ele

nada pode sem a permissão de

Deus. – Eu sei que é o capeta” e

isso me basta. Há tempos que

nós nos relacionamos, nós so-

mos quase camaradas. Eu era

atormentado, durante o dia pe-

los homens e durante a noite

pelo demônio, e sentia uma

grande paz. [...] O bom Deus é

melhor que o demônio mau. É

ele que me protege. O que Deus

protege é bem guardado.1

Após 1825, os fenômenos tor-

naram-se raros, mas não desapa-receram completamente.

Embora a biografia de Joulin1

não faça referência, no pequenomuseu montado no local em queVianney residiu, ao lado da igreja,está exposta a cama que ele utili-zava, com as marcas de fogo,como registro de uma das mani-festações de perseguição espiri-tual de que foi alvo.

Allan Kardec2 analisa as mani-festações do tipo de ruídos e pan-cadas e comenta que nem semprese limitam a isso.“[...] Degeneram,por vezes, em verdadeiro estarda-lhaço e em perturbações. [...]”, e“[...] assumem, não raro, o caráterde verdadeiras perseguições. [...]”.O Codificador cita, especifica-mente, exemplos de manifesta-ções com pessoas que são acorda-das com movimentações de obje-tos do quarto e da própria cama.Destaca, ainda: “[...] Essas pessoasignoram possuir faculdades mediú-nicas, razão por que lhes chama-mos médiuns naturais [...]”.

Em nossos dias, é muita em-pregada a palavra de origem ale-mã poltergeist para as manifesta-ções que envolvem Espírito baru-lhento, galhofeiro, desordeiro; e opesquisador Hernani GuimarãesAndrade3 considera que, entre es-tes fenômenos, “os mais temíveissão aqueles que provocam incên-dios (parapirogenia)”. Este é o ca-so do incêndio da cama em quedormia o cura d’Ars.

Embora possam existir expli-cações variadas – e sem entrar nomérito da questão, mas é fato leva-do em consideração no processo

AllanKardec

analisa asmanifestações

do tipo de

ruídos e

pancadas

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de canonização –, após a exuma-ção de seu corpo constatou-seque este estava conservado. Paraassinalar o fato e talvez até comoestímulo a peregrinações, o cor-po do sacerdote está exposto emum dos altares da igreja, sendovisível que apenas foi retocadocom uma máscara facial de cera.

Vianney viveu e trabalhou du-rante 41 anos em Ars. Pela sua de-dicação extremada conquistou apopulação e o espaço da religião,comprometida pelo período do“Terror” após a Revolução France-sa. Em função de sua dedicação àcomunidade, dos fenômenos espi-rituais e da conservação de seucorpo, estão caracterizadas algu-mas das condições que podem terlevado a Igreja Católica a canoni-zá-lo no ano de 1925. O biógrafo

Joulin1 destaca que avisita do contemporâ-neo padre Lacordaireà paróquia de Arsatesta o renome deVianney.

Joulin1 destaca queas inspirações do curad’Ars não eram jan-senistas, não falava desalvação em Deus auma pequena elite depredestinados, ondetodos os outros ho-mens estariam irre-mediavelmente con-denados ao inferno.Ele se referia sem ces-sar ao amor de Deus,do bom Deus, comodizia, e na sua boca oadjetivo “bom”não era

uma maneira de falar, mas expri-mia o essencial:

O bom Deus nos criou e nos

pôs no mundo porque nos ama;

Ele quer nos salvar porque nos

ama – o bom Deus quer a nossa

felicidade – Ó meus filhos, que

Deus bom!

A repercussão de seu trabalhona pequenina Ars estimulou a vi-sita de milhares de peregrinos en-quanto estava encarnado e apóssua desencarnação, construindo aimagem de homem extremamen-te bom, dedicado ao povo e cura-dor. Com base nessa lembrança éque seu Espírito foi evocado ehouve a manifestação inserida emO Evangelho segundo o Espiritis-mo. Na mensagem “Bem-aventu-

rados os que têm fechados osolhos”, que assina como Espírito(Vianney, cura d’Ars, Paris, 1863)no original em francês da obracitada (texto da 3a edição)4 – oque nem sempre aparece nas tra-duções –, ele emprega quatro ve-zes a sua usual expressão “bomDeus”, tal como fazia, habitual-mente, em seus escritos e prele-ções em Ars, ao se referir aoCriador. Este fato, até agora nãodestacado, é importante como umdos itens para identificação deEspíritos comunicantes, sendo,portanto, oportuno, para finalizar-mos, transcrever o seguinte tre-cho dessa obra:

Ah! Que sofrimento, bom Deus!

Ela perdeu a vista e as trevas a

envolveram. Pobre filha! Que

ore e espere; eu não sei fazer

milagres, sem a vontade do

bom Deus. Todas as curas que

tenho podido obter e que vos

foram assinaladas, não as atri-

buais senão àquele que é Pai de

todos nós.

Referências:1JOULIN, Marc. La petite vie de Jean-Ma-

rie Vianney: curé d’Ars. Paris: Desclée

de Brouwer, 2004. p. 153.2KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.

79. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte

segunda, cap. V, itens 87, 89 e 92.3ANDRADE, Hernani G. Poltergeist. Algu-

mas de suas ocorrências no Brasil. São

Paulo: Ed. Pensamento, 1988. Cap. I.4KARDEC, Allan. L’évangile selon le

spiritisme. Rio de Janeiro: FEB, 1979.

Chapitre VIII, p. 121-122.

28 Reformador • Novembro 2007 443344

Cama que Vianney utilizava,ainda com marcas de fogo

reformador novembro 2007 - b.qxp 25/1/2008 16:30 Page 28

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s motivos são vários: curio-sidade, insegurança, tédio,medo, timidez, frustrações,

insatisfações, auto-afirmação, fugade problemas, crença de que asdrogas aumentam a criatividade,pressão de grupo, etc. A lista é lon-ga. Do ponto de vista histórico, ouso de drogas era associado a as-pectos religiosos, culturais, medici-nais, místicos e até como forma debuscar a transcendência espiritual,pela alteração do estado de cons-ciência. Tratava-se, porém, de con-sumo restrito a grupos fechados,diferentemente do caráter dissemi-nador da atualidade.

A conhecida professora de far-macologia da Escola de Medicinado Alabama, Estados Unidos, dou-tora Gesina Longenecker, analisaque o indivíduo que alimenta o ví-cio dos semelhantes é outro fatorde extrema relevância no uso desubstâncias psicoativas: “o processoda descoberta e distribuição come-çou a partir de homens comunsque se especializaram no assuntodas drogas, alcançando posições depoder e influência ao usar e guar-

dar o seu conhecimento: torna-ram-se curandeiros, padres e polí-ticos. Tais poderes garantiram-lhesuma elevada posição social”.1

Segundo a Organização das Na-ções Unidas (ONU), o uso de dro-gas é fenômeno de ocorrênciamundial, um preocupante proble-ma de saúde pública, cuja gravida-de varia de região para região, masafeta praticamente todas as naçõesdo Planeta: 75% dos países enfren-tam problemas com o consumoda droga. Em termos mundiais, asprojeções estatísticas indicam quecerca de 200 milhões de pessoas –algo em torno de 5% da populaçãoentre 15 e 64 anos – usam drogasilícitas pelo menos uma vez porano; metade deles usa drogas regu-larmente uma vez por mês. Recen-te relatório da ONU, o de setembrodo corrente ano, informa que 4%da população mundial, situada nafaixa etária de 15-64 anos, usa can-nabis (maconha), enquanto 1% éusuário de estimulantes do grupodas anfetaminas, da cocaína e dosopiáceos. O uso de heroína é tam-bém grave problema mundial.2

Compreende-se que não su-cumbir às tentações, presentes nomundo atual, é tarefa de grandeenvergadura. Um desafio que afeta,em especial, os indivíduos que nãotiveram boa formação moral ou osadolescentes, que se encontramnuma fase de fácil influenciação. ADoutrina Espírita esclarece, porém,que Deus permite as tentações como objetivo de desenvolver a razão epreservar o homem dos excessos.3

Estudo realizado por docentesda Escola de Enfermagem de Ribei-rão Preto, Universidade de SãoPaulo, em 2006, em que foram en-trevistados 568 adolescentes doensino médio com a finalidade deidentificar os motivos que levamo jovem ao primeiro contato com adroga, conclui: “Verificou-se quea curiosidade foi o motivo princi-pal apontado para o uso de drogaspela primeira vez e que os respon-sáveis pelo início do consumodessas substâncias pelos adoles-centes foram os amigos”.4 Os da-dos apresentados na publicaçãooferecem importantes subsídiospara o planejamento de estratégias

O

Em dia com o Espiritismo

Por que as pessoasusam drogas

MA RTA AN T U N E S MO U R A

29Novembro 2007 • Reformador 443355

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preventivasno controle

do consumo de drogas na adoles-cência, cujas conclusões contestamas idéias de senso comum, queassociam o uso de substâncias psi-coativas à pobreza, a “lares desfei-tos” e às “más companhias”.

O controle social eficiente doproblema, segundo posição unâni-me de especialistas e estudiosos,tem como base: a) suprir a popula-ção de informações corretas sobreas drogas, seus mecanismos de ação,efeitos no organismo e formas deprevenção; b) estabelecer parceriassociais que, efetivamente, desenvol-vam trabalhos de prevenção ao ví-cio e/ou de recuperação do viciado.Nesta situação, o trabalho desen-volvido nas casas espíritas, junto àscrianças, jovens e adultos, por serde caráter orientador e humanitá-rio, ocupa posição de relevância nasociedade.

Os motivos aqui apresentados,

relativos aos “por-quês”do uso de dro-

gas estão todos subordi-nados à imperfeiçãohumana. Imperfei-

ção que prioriza umavivência hedonista, onde abusca pelo prazer é equivo-cadamente considerada obem supremo. A propósito,

avalia Joanna de Ângelis:

O […] homem moderno dei-

xou-se engolfar pela comodidade

e prazer, deparando, inesperada-

mente, o vazio interior que lhe re-

sulta amargas decepções, após as

secundárias conquistas externas.

Acostumado às sensações fortes,

passou a experimentar dificulda-

des para adaptar-se às sutilezas da

percepção psíquica, do que resul-

tariam aquisições relevantes pro-

motoras da plenitude íntima e

realização transcendente.5

Não desconhecemos, contudo, aexistência de inúmeras criaturasque renascem em ambientes vicio-sos e que não se deixam arrastarpelo vício; ou de tantas outras queexperimentam drogas e as rejei-tam. O que faz essas pessoas seremdiferentes das demais? A respostapode ser resumida nestas duas or-dens de idéias: tendências instinti-vas e educação familiar.

As tendências que marcam apersonalidade do ser humano en-contram em Allan Kardec as se-guintes explicações:

Ao nascer, traz o homem consigo

o que adquiriu, nasce qual se fez;

em cada existência, tem um novo

ponto de partida. [...] se se vê pu-

nido, é que praticou o mal. Suas

atuais tendências más indicam o

que lhe resta a corrigir em si pró-

prio e é nisso que deve concentrar-

-se toda a sua atenção, porquanto,

daquilo de que se haja corrigido

completamente, nenhum traço

mais conservará. As boas resolu-

ções que tomou são a voz da cons-

ciência, advertindo-o do que é

bem e do que é mal e dando-lhe

forças para resistir às tentações.6

A orientação familiar que valori-za a educação moral, educação“que consiste na arte de formar ca-racteres [...]”7 previne os muitosmales, criando obstáculos à curio-sidade, tão comum nos jovens, deexperimentar substâncias psicoati-vas. Da mesma forma, o adulto queedificou o caráter em bases sólidas,da moral e da ética, dificilmente fazuso de drogas, ainda que se encon-tre sob o peso das provações e dostestemunhos. Isto nos faz recordarEmmanuel, que nos exorta cora-gem perante as tentações que nosassaltam a existência:

Vigiai na luta comum.

Permanecei firmes na fé, ante a

tempestade.

Portai-vos varonilmente em to-

dos os lances difíceis.

Sede fortes na dor, para guardar-

-lhe a lição de luz.8

Referências:1LONGENECKER, Gesina. Como agem as

drogas – abuso das drogas e o corpo

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humano. Tradução de Dinah Kleve. São

Paulo: Quark Books, 1998. Cap. 1, p. 5.2Organização das Nações Unidas (ONU).

Programa de prevenção às drogas e HIV/

/AIDS. Brasília: Escritório das Nações Uni-

das contra Drogas e Crimes (UNODC). Se-

tembro de 2007.3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Questões 712 e 712-a.

4PRATTA, Elisângela Maria Machado; SAN-

TOS, Manoel Antonio. Levantamento dos

motivos e dos responsáveis pelo primeiro

contato de adolescentes do ensino médio

com substâncias psicoativas. Revista

Electrónica de Salud Mental, Alcohol y

Drogas. Universidad Autónoma del Estado

de México, año 2, n. 2, 2006.5FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade...

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:

LEAL, 1974. Cap. 8, p. 49.6KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 5,

item 11, p. 114.7______. O livro dos espíritos. Tradução de

Guillon Ribeiro. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Questão 685-a.8XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Cap. 90, p. 233.

A orientação familiar valoriza a educação moral, que previne males e vícios, criando bons hábitos

31Novembro 2007 • Reformador 443377

s doações abençoadas da Misericórdia Divinaconstituem exatos medicamentos às nossas

necessidades e pedem modo particular de uso.A inteligência exige burilamento constante no

aprendizado construtivo.A saúde, sem atividade no bem, cede lugar à

moléstia.A posse financeira não proporciona verdadeira

alegria, quando vive a distância do socorro fraterno.A autoridade humana não constrói segurança

para ninguém, quando adota o regime de intempe-rança para si própria.

O prestígio social reduz-se a simples aparência,se brilha sem base no esforço honesto.

O conhecimento elevado, sem trabalho digno, éacelerador do remorso.

O ninho familiar, sem o clima da concórdia, évia de acesso para o desequilíbrio geral.

Assim, o amparo da Espiritualidade Maior trazem si mesmo a sugestão para o necessário aproveita-mento.

Observe, pois, a disciplina requerida na admi-nistração dos medicamentos espirituais que o Céulhe envia, sabendo que os horários, doses e formasde emprego reclamam exatidão e persistência, boavontade e confiança para sanarem efetivamente osmales que nos espoliam a vida íntima, de modo aque nos renovemos para mais altos destinos.

Modos de usar

André Luiz

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. 12. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2006. p. 100.

A

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esperanto, idioma neutro destinadoa servir a indivíduos e povos nassuas relações internacionais,

foi lançado na Polônia, em 1887, pelomédico judeu-polonês Lázaro LuísZamenhof (1859-1917).

Logo suas virtudes, práticas e denatureza espiritual, tocaram as al-mas sensíveis de idealistas em dife-rentes campos da atividade humana,incluindo-se entre eles, obviamente,os espíritas que, na França, menos de20 anos após o surgimento da língua,já se mobilizavam em torno do tema,nele enxergando um poderoso veícu-lo para a disseminação de idéias emescala mundial. Estavam eles, to-davia, também conscientes deprestar grande serviço à causa daLíngua Internacional Neutra, for-talecendo-a pela adesão de umacoletividade toda voltada para apaz, a justiça e a fraternidade entreos povos, princípios comuns aos dois grandes ideais.

É sob a influência de tais movimentos na França,que Leopoldo Cirne, presidente da FEB no períodoentre 1900 e 1914, lança a semente do esperanto em

nossos círculos, fazendo publicar, emReformador de 15 de fevereiro de

1909, significativa página transcritade um periódico espírita francês,a qual se constituiria, juntamen-te com as mensagens A Missãodo Esperanto (Emmanuel, 1940)e O Esperanto como Revelação(Francisco Valdomiro Lorenz,

1959), ambas psicografadas porFrancisco Cândido Xavier, em sóli-

da coluna sustentadora das ati-vidades do Movimento Es-

pírita brasileiro em tornodo esperanto.

A partir de então, aFEB desenvolve suces-sivos programas ten-dentes à consecução

dos objetivos de divul-gar o idioma entre os es-píritas, e o Espiritismo en-tre os esperantistas. Cur-

sos gratuitos, publicação de manuais, dicionários,antologias, biografias, traduções de obras doutri-nárias, bem como manutenção de programa ra-diofônico, propaganda em Reformador, participação

Esperanto eEspiritismo

O

32 Reformador • Novembro 2007 443388

A FEB e o Esperanto

Leopoldo Cirne lançou a semente doesperanto através de Reformador

Transcrevemos abaixo, em tradução, um texto da autoria do presidente Nestor João

Masotti, publicado em esperanto na edição de 2007 do Almanako Lorenz,

um dos periódicos da Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz,

conhecida internacionalmente como a Societo Lorenz

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em eventos do Movimento Esperantista neutro –têm caracterizado a atividade permanente daCasa de Ismael em favor do esperanto e seus ele-vados ideais.

Modernamente, utilizando os inapreciáveis re-cursos da rede mundial de computadores, a FEBexibe material esperantista em seu portal eletrôni-co, em que disponibiliza aos internautas toda aobra de Kardec traduzida para a Língua Interna-cional, o livro Nosso Lar (Nia Hejmo), bem comodocumentos importantes de natureza doutrinária.

Excelentes têm sido os frutos dessa semeadura,com destaque para o surgimento, principalmente naEuropa Oriental, de versões de livros espíritas em

diferentes línguas nacionais, com base nas traduçõesem esperanto.

Presentemente, cuida o Departamento de Espe-ranto da FEB, em colaboração com o Setor de Es-peranto do Conselho Espírita Internacional, de daros primeiros passos no sentido de conscientizar osmembros dos movimentos espíritas de outras ter-ras sobre as excelências do idioma como instru-mento para as relações internacionais da grandefamília espírita mundial.

Trabalhemos todos, em inquebrantável união,nesse campo tão promissor, aguardando, em servi-ço, o grande futuro, quando colheremos os primei-ros belos frutos de nossos esforços.

33Novembro 2007 • Reformador 443399

Publicações FEB: Dicionário Completo Esperanto/Português, Novo Dicionário Português/Esperanto, e Doutor Esperanto

Encontro o amor, vida afora,

Neste quadro que apresento:

Uma alegria que mora

Na casa do sofrimento.

Pri la am’ , sur vivovojo,

Jen pensiga konsidero:

Feli/e lo1anta 1ojo

En la domo de l’ sufero.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Trovas do outro mundo. Por Diversos Espíritos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.Estrofe retirada do capítulo 11, “Idéias e rimas”.

Isolino Leal (Espírito)Trad.: Affonso Soares

Trova Trobo

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Literatura Espírita naXIII Bienal do Livro

A XIII Bienal Internacional doLivro do Rio de Janeiro recebeu omaior público da história da Fei-ra. No período de 13 a 23 de se-tembro, 645 mil pessoas visitaramo evento.

A Federação Espírita Brasileira(FEB), com mais esta participaçãoem bienais, cumpriu, novamente,o seu papel: levar por meio dasobras literárias espíritas conheci-mento e luz à comunidade.

A FEB esteve atuante nos 11dias de evento, com um estandede 230m², mais de 400 títulos, 7lançamentos e 11 relançamentos.

Dentre eles: Minha Vida em outraVida, Charles Richet – O Apóstoloda Ciência e o Espiritismo, O quedizem os Espíritos sobre o Aborto,Espiritismo passo a passo com Kar-dec, Os Caminhos do Amor, Di-mensões Espirituais do Centro Es-pírita e os infantis: Um por Todos eTodos por Um, O Segredo da Onça--Pintada, Bellinha e a Lagarta Ber-nadete, O Peixinho Azul e a Cole-ção A Vida Fala.

Os autores Adeilson Salles,Christiano Torchi, Dalva SilvaSouza, Samuel Nunes Magalhães,Eloy Facco (Tieloy) e o tradutorde O Livro dos Espíritos – EdiçãoComemorativa – Evandro NoletoBezerra estiveram presentes, con-cederam autógrafos e conversa-ram sobre suas obras, dissemi-nando o estudo e a Doutrina Es-pírita, com boa receptividade dopúblico.

Durante a Bienal, a FEB pro-porcionou aos pequenos e tam-bém aos pais a mágica do mundoteatral, um espaço lúdico comprincesas, contadores de história,pintura, fantoches e esculturas de

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balões. O objetivo foi estimular ohábito da leitura desde cedo e in-centivar a importância dos livrosna formação de valores éticos e naeducação da criança.

Para Adeilson Salles, a Bienallhe trouxe não apenas a promo-ção dos seus livros, entre os maisprocurados na FEB, mas tambéma emoção de ver dramatizadassuas obras para o público infan-til. Segundo ele, foi umasurpresa a dramati-zação de suas his-tórias e a boareceptividadedas criançasdiante dosespetáculose da onça--pintada de1,80m de al-tura que ani-mou a garotada.

As atividadesjuvenis, entre asquais esquetes tea-trais, foram reali-

zadas por grupos de adolescentesde instituições espíritas do Rio deJaneiro. Apresentaram-se o Gru-po de Teatro Espírita HumbertoCavalcante, do Centro EspíritaHumildade e Amor, trabalhandoo texto sobre a vida de Chico Xa-vier; o Grupo de Teatro EurípedesBarsanulfo, do Centro EspíritaMaria Angélica, com o texto“Brasil, Coração do Mundo, Pá-

tria do Evangelho”; e osjovens do Centro Es-

pírita Caminhe-mos com Hu-

mildade, como tema “OD i s c í p u l oAnônimo”do livroRessurreição

e Vida.Outro espa-

ço que merecedestaque é o da re-vista Reformador.Mais de 200 novasassinaturas foram

feitas e o público ainda pôde com-prar exemplares do mês e antigos.

Este ano a FEB, além de divul-gar, promoveu a venda de livros,aproximadamente 16 mil exem-plares, sendo Minha Vida em ou-tra Vida, Agenda Cristã (de bolso),O Livro dos Espíritos (de bolso) –nova tradução – e os infantis: OSegredo da Onça-Pintada, Belli-nha e a Lagarta Bernadete, Umpor Todos e Todos por Um, osmais procurados.

A FEB compreende a impor-tância da divulgação de suas obraspara atrair o público ao conheci-mento da Doutrina Espírita e deseus preceitos básicos. Com esseobjetivo, distribuiu vasto materialde promoção: cerca de 270 mil fo-lhetos, entre flyers, marcadores,primeiros capítulos, folders, adesi-vos, opúsculos da Campanha EmDefesa da Vida, mensagens, etc.

Num incentivo à leitura espí-rita, estiveram presentes, na XIIIBienal, o Conselho Espírita In-ternacional (CEI) e a Associaçãode Editoras, Distribuidoras eDivulgadores do Livro Espírita(Adeler). Juntos somaram esfor-ços em prol da literatura espíritanum espaço de 500m2.

Espaço dos estandes daFEB ao longo dos anos:

2001 (RJ) – 30m2

2003 (RJ) – 50m2

2004 (SP) – 49m2

2005 (RJ) – 110m2

2006 (SP) – 210m2

2007 (RJ) – 230m2Apresentação de uma das peçasteatrais no estande

35Novembro 2007 • Reformador 444411

Adeilson Salles: alegria de ver dramatizadassuas obras para o público infantil

reformador novembro 2007 - b.qxp 25/1/2008 16:32 Page 35

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m edições anteriores, desta-camos que a Primeira Fasedo estudo da vida de Jesus

pode muito bem ser compreendi-da como a etapa da abordagempuramente religiosa e teológica.[Ver Reformador dos meses de ju-nho/07, p. 34, e julho/07, p. 34.]

O “endeusamento” da figura doCristo estancou a busca pelas suasorigens, sua cultura, seus ensinos.Nessa época, vigorou o chamadosupranaturalismo,2 visto comocredulidade ingênua nos milagres

e nas curas de Jesus, e na unidadeda natureza divina e da naturezahumana na pessoa do Cristo(dogma da encarnação).

Na esteira do Empirismo Inglês3

(Francis Bacon, 1561-1626) e doRacionalismo Continental4 (RenéDescartes, 1596-1650) surge Ba-ruch Spinoza (1632-1677), pro-pondo a leitura e interpretação doslivros bíblicos, como todo e qual-quer escrito, à luz do Racionalismo.

A oposição à fé e à religião, he-rança do Renascimento, culmi-naria no estabelecimento do Ilu-minismo (Aufklärung). ImmanuelKant, um expoente da filosofiadesta época, definiu o Iluminis-mo como “a saída dos homens do

E

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,2007. Cap. I, item 8, p. 61.

2“O que acontece na natureza, mas nãodecorre das forças ou dos procedimentos da

natureza e não pode ser explicado combase neles. É um conceito próprio daTeologia Cristã, que atribui à fé a crençano sobrenatural, assim entendido.”ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-sofia. 5. ed. revista e ampliada. MartinsFontes. p. 1080.

3Corrente filosófica para a qual toda idéiaé proveniente de uma percepção sensorial(cinco sentidos), logo a experiência é cri-tério ou norma da verdade. Nesse sentido,toda verdade pode e deve ser posta à pro-va, e, em conseqüência, modificada, cor-rigida ou abandonada. Entre seus repre-sentantes podemos citar Francis Bacon,Hobbes, Locke, Berkeley, Hume.

4Posição filosófica dos séculos XVII eXVIII, na Europa, supostamente em opo-sição à escola que predominava nas ilhasbritânicas, o Empirismo, tendo comoexpoentes Descartes, Malebranche, Spino-za, Leibniz, Wolff.

Supranaturalismo x Racionalismo

Cristianismo Redivivo

“A Ciência e a Religião não puderam, até hoje, entender-se, porque, encarando cadauma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, reciprocamente se repeliam. Faltavacom que encher o vazio que as separava, um traço de união que as aproximasse.

Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o Universo espirituale suas relações com o mundo corpóreo, leis tão imutáveis quanto as que regem omovimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez comprovadas pela expe-

riência essas relações, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão; esta nada encontroude ilógico na fé: vencido foi o materialismo. Mas, nisso, como em tudo, há pessoas

que ficam atrás, até serem arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga,se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem [...].”1

HA RO L D O DU T R A DI A S

História da Era Apostólica

36 Reformador • Novembro 2007 444422

reformador novembro 2007 - b.qxp 25/1/2008 16:33 Page 36

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estado de menoridade (não-eman-cipação) devido a eles mesmos.Menoridade é a incapacidade deutilizar o próprio intelecto sem aorientação de outro. Essa meno-ridade será devida a eles mesmosse não for causada por deficiên-cia intelectual, mas por falta dedecisão e coragem para utilizar ointelecto como guia. Sapere au-de! Ousa saber! É o lema do ilu-minismo”.5

O século das luzes, trazendoem seu bojo o Empirismo, o Ra-cionalismo, a crítica histórica etextual, o Enciclopedismo, nãopoupou os textos bíblicos. O com-plexo desenvolvimento de concep-ções e metodologias, abrangendovárias áreas de estudo, favoreceu a

aplicação da crítica aostextos sagrados.

A leitura tradicional epiedosa dos Evangelhos,filha da credulidade in-gênua, eivada de dogma-tismo religioso milenar,sofre duro golpe. Influen-ciado pelo Iluminismo,H. S. Reimarus (1694-1768)inaugura a abordagem ri-gorosamente histórica dosquatro Evangelhos. Teminício, com a publicaçãodos seus fragmentos, a“busca do Jesus histórico”.

A Segunda Fase6 do es-tudo da vida de Jesus,iniciada por Reimarus, émarcada pelo espírito da

época – Racionalismo. Nessecontexto, há uma resistência sis-temática a todos os fatos ditosmiraculosos, descritos nas pági-nas do Novo Testamento. O nas-cimento virginal, a ressurreição,as curas e os milagres despertamo interesse de inúmeros pesqui-sadores, que buscam, cada um àsua maneira, explicações “racio-nais” para esses eventos extraor-dinários da vida do Mestre.

Assim, concomitante ao lan-

çamento dos “fragmentos dewolffenbüttel”,7 há uma profusãode publicações conhecidas como“Vidas de Jesus do Racionalismo”,caracterizadas como tentativasda Teologia alemã de explicar, domodo mais claro e racional pos-sível, o elemento supranaturaldas narrativas evangélicas.

A premissa básica desses auto-res consiste em rejeitar, por faltade embasamento histórico, todosaqueles fatos que não possam sercompreendidos com o auxílio dasleis naturais. A dimensão espiri-tual da vida é rotulada de “sobre-natural” e, conseqüentemente,desprezada. A Ciência, emboraensaiando os primeiros passos, jáse revestia da arrogância, tão du-ramente criticada na Religião.

5ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filo-sofia. 5. ed. revista e ampliada. MartinsFontes. p. 618.

6A maior parte dos estudiosos do temaprefere chamar o período inaugurado porH. S. Reimarus de Primeira Fase, já quedesconsideram toda a produção do Su-pranaturalismo. Em certo sentido, estãocorretos já que não se pode falar em“busca do Jesus histórico”, antes do traba-lho daquele autor. Todavia, como pre-tendemos traçar um esboço do estu-do da figura de Jesus, em sentidoamplo, preferimos incluir o períodoanterior ao Iluminismo.

Baruch Spinoza: leitura e interpretação doslivros bíblicos à luz do Racionalismo

ImmanuelKant

7Nome dado aos sete fragmentos escri-tos por H. S. Reimarus, publicados porGothold Ephraim Lessing, em 1778, naAlemanha.

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Na próxima edição, traçaremosum esboço das idéias principaisdos racionalistas, citando os auto-res mais representativos do perío-do. Antes, porém, cumpre avaliara atitude desses estudiosos à luzda revelação espiritual.

Abordando a questão do Ra-cionalismo, o Espírito Emmanuelfaz considerações valiosas a res-peito do assunto:

Questão 199 – Poderá a Razão

dispensar a Fé?

– A razão humana é ainda

muito frágil e não poderá dis-

pensar a cooperação da fé que

a ilumina, para a solução dos

grandes e sagrados problemas

da vida.

Em virtude da separação de

ambas, nas estradas da vida, é

que observamos o homem ter-

restre no desfiladeiro terrível da

miséria e da destruição. [...]

....................................................

Questão 202 – No problema da

investigação, há limites para

aplicação dos métodos raciona-

listas?

– Esses limites existem, não só

para a aplicação, como tam-

bém para a observação; limites

esses que são condicionados

pelas forças espirituais que

presidem à evolução planetá-

ria, atendendo à conveniência

e ao estado de progresso moral

das criaturas.

É por esse motivo que os limi-

tes das aplicações e das análi-

ses chamadas positivas sempre

acompanham e seguirão sem-

pre o curso da evolução espiri-

tual das entidades encarnadas

na Terra.8

Vê-se que a proposta da Espiri-tualidade superior reside na con-jugação da Razão e da Fé, não so-mente nos assuntos relacionados aoconhecimento, mas, sobretudo, naconstrução de uma sociedade pacífi-ca, justa e fraterna. Na feliz expressãodo Codificador,9 é preciso encher o

vazio que separa Religião e Ciênciacom o conhecimento das leis queregem o Universo espiritual e suasrelações com o mundo corpóreo.

Uma vez compreendidas essasrelações, os milagres, as curas, eoutros fenômenos eminentementeespirituais, descritos nos Evan-gelhos, serão vistos como decor-rentes de leis imutáveis. Vencidaessa resistência tola, imposta pelaciência materialista pós-iluminis-ta, o aprendiz do Mestre estará emcondições de extrair o espírito daletra, recolhendo as lições imorre-douras que fluem dos fatos ex-traordinários da Vida de Jesus.

8XAVIER, Francisco Cândido. O consola-dor. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Riode Janeiro: FEB, 2003.

9Texto utilizado como epígrafe deste arti-go (Referência 1).

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Nada!... Filosofia rude e amara,Na qual acreditei, com pena emboraDe abandonar a Crença que esposara,– A minha aspiração de cada hora.

Crença é o perfume dalma que se enfloraCom a luz divina, resplendente e rara Da Fé, única Luz da única Aurora,Que as trevas mais compactas aclara.

Revendo os dias tristes do Passado,Vi que troquei a Fé pela Ironia,Nos desvios e excessos da Razão;

Antes, porém, não fosse tão ousado,Pois nem sempre a Razão profunda e friaAlivia ou consola o Coração.

Antônio Torres

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janei-ro: FEB, 2006. p. 106. Edição Comemorativa – 70 anos.

Nada...

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No dia 1o de setembro, maisuma vez os espíritas fluminensesmarcaram sua presença na SedeSeccional da FEB, no Rio de Janei-ro, para participar do Seminário“O atendimento nas reuniões me-diúnicas”, desenvolvido por MartaAntunes de Oliveira Moura, dire-tora da FEB na Área Doutrinária ecoordenadora da Área da Ativida-de Mediúnica.

Como vem sendo realizadomensalmente, esse evento fezparte da comemoração dos 150anos da edição de O Livro dos Es-píritos, dando seqüência à eficien-te parceria da Federação EspíritaBrasileira (FEB) com o ConselhoEspírita do Estado do Rio deJaneiro (CEERJ), e teve a coorde-nação geral de Amauri Alves daSilva, diretor da FEB, acompa-nhado de Aloísio Ghiggino, dire-tor de Unificação do CEERJ.

Marta, após a introdução, di-recionou todos os participantesa pensarem sobre a responsabili-dade da tarefa mediúnica, discor-reu a respeito dos aspectos teóri-

cos e práticos da mediunidade,tudo isso em linguagem clara eobjetiva, abrangendo, com sim-plicidade, as dificuldades do mé-dium e os meios de obter a boarealização do trabalho, ao qual sepropõe.

Participou também o confradeHenrique Fernandes, espírita daBaixada Fluminense e atuante noMovimento Espírita estadual.

Após intervalo para o almo-ço, em face do manifesto interes-se dos assistentes por tema de

tão grande importância, nume-rosas perguntas foram direcio-nadas a Marta e a Henrique, oque ensejou maiores elucidaçõessobre o assunto. Aproveitandoas respostas a essas muitas inda-gações, foi realizado o estudode casos sobre os diversos graus decomplexidade no atendimentomediúnico.

Foi um dia proveitoso para oMovimento Espírita, quando maisuma vez se consolidou essa auspi-ciosa parceria FEB-CEERJ.

Seminário sobre“O atendimento nas reuniões

Marta Antunes de Oliveira Moura expõe seu tema

mediúnicas” na FEB-Rio

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mbora se alinhe entre as fi-guras mais destacadas doMovimento Espírita de Mi-

nas Gerais, o nosso biografadonão é mineiro. Nasceu em Bu-quim, cidade do Sul de Sergipe,em 1o de abril de 1918, estando,portanto, com 88 anos.

Martins Peralva iniciou-se noEspiritismo sob assistência eorientação diretas de seu pai,excelente médium cura-dor, vigoroso polemista einspirado doutrinador.Acompanhando, desdeos 6 anos, os trabalhosdesenvolvidos com ex-traordinária seguran-ça, presenciou em suaprópria casa notáveiscuras realizadas por in-termédio de seu genitor.

Teve a infância e a adoles-cência enriquecidas por fatosextraordinários e pelo contato coma Doutrina, o que lhe proporcio-nou formação espírita essencial-mente baseada em Allan Kardec.

Do ponto de vista material, suaadolescência foi extremamentedifícil, pois o pai desencarnouquando ele tinha apenas 13 anos,ficando a viúva Etelvina e seus fi-lhos Edison, Eurídice e José emsituação de pobreza.

Apesar de ser o mais novo dosfilhos, nosso biografado assumiuo comando da casa e procuroulogo trabalhar, para obter o pãode cada dia.

Teve vários empregos, no co-mércio e como apontador na

construção civil, até fazer con-curso público para o cargo deescriturário da Prefeitura Muni-cipal de Aracaju, tendo sido apro-vado e nomeado. Depois, pormerecimento, ocupou os cargosde oficial administrativo e assis-

tente da Procuradoria da Fazen-da Municipal.

Em 4 de fevereiro de 1938,com 20 anos, verificou-se o fale-cimento de sua mãe, sobrevindonovas dificuldades. Os irmãosdispersaram-se e Martins Peral-va, já com emprego certo na Pre-feitura, permaneceu em Aracaju.

Em agosto de 1942, casou--se com Jupira Silveira – a

devotada esposa que de-sencarnaria em 15 de ju-

lho de 2003 –, comquem teve três filhos:Ieda, nascida em Ara-caju; Basílio e Alcio-ne, nascidos em BeloHorizonte, os quais lhe

deram 5 netos. Basílio,atualmente, é membro

do Conselho de Admi-nistração da União Espí-

rita Mineira.Em 1949, indo ao Rio de Ja-

neiro representar Sergipe na Fes-ta Nacional do Livro Espírita,promovida por valorosos com-panheiros, entre os quais Leo-poldo Machado, Arthur Lins deVasconcelos Lopes e Carlos Im-bassahy, estendeu sua viagem, apóso encontro, a Minas Gerais, obje-tivando conhecer e abraçar Chi-co Xavier, rever Virgílio Pedro de

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José Martins Peralva Sobrinho

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Peralva SobrinhoJosé Martins

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Almeida, discípulo de seu pai naárea espírita, e visitar um irmãode seu pai, residente em Belo Ho-rizonte: José Martins Peralva.

Seu primeiro contato comChico Xavier ocorreu na noite de13 de maio de 1949, em reuniãodo Centro Espírita Luiz Gonza-ga, de Pedro Leopoldo, sob gran-de emoção espiritual.

Desse encontro com Chico Xa-vier nasceu-lhe o desejo de trans-ferir residência para Belo Hori-zonte. Voltando a Aracaju, trocouidéias com seu médico, Dr. Lou-rival Bonfim, que o consideravacomo filho, sendo orientado amudar-se para a capital mineira,tida na época como cidade declima ideal para a cura de pro-blemas pulmonares, o que ocor-reu em 4 de setembro de 1949.

Quando chegou a Belo Hori-zonte, a Mocidade Espírita “OPrecursor” contava apenas 6 me-ses de existência. Integrando-seao movimento moço, foi um dosmentores da Mocidade, funçãoque corresponde hoje à de coor-denador.

Em 1964, depois de participardo Centro Espírita Célia Xa-vier durante 15 anos ininter-ruptos, fixou-se na União Es-pírita Mineira (UEM), exercen-do os cargos de 1o secretário eposteriormente os de vice-presi-dente, secretário de O Espírita Mi-neiro, diretor do Departamentode Doutrina e Divulgação e dire-tor-executivo do Conselho Fede-rativo Espírita de Minas Gerais.

Ingressou na carreira bancáriaem 1o de abril de 1950, aposen-

tando-se em 1985, após 35 anosde trabalho.

Martins Peralva foi membrodo Conselho Geral e secretário doAbrigo Jesus, sócio efetivo do Hos-pital Espírita André Luiz e 2o se-cretário do Centro Espírita Luz,Amor e Caridade.

Em Minas Gerais escreveu cin-co obras evangélico-doutrináriasde reconhecido valor: Estudandoa Mediunidade (26 edições), Estu-dando o Evangelho (9 edições), OPensamento de Emmanuel (8 edi-ções), Mediunidade e Evolução (9edições), todas editadas pela FEB,e Mensageiros do Bem, com tira-gem de dez mil exemplares, edita-da pela União Espírita Mineira.

Em 1963, apresentou na XVIConcentração de Mocidades Es-píritas do Brasil Central e Estadode São Paulo o trabalho intitulado“O Comportamento do Jovem emface do Problema Sexual”, que te-

ve grande repercussão na época,quando o tema era ainda um tabuno meio espírita.

Como escritor e jornalista de ra-ra competência, pertenceu à Asso-ciação Sergipana de Imprensa, in-tegrando ainda o corpo associativodo Sindicato dos Jornalistas Profis-sionais de Minas Gerais e da As-sociação Brasileira de Jornalistas eEscritores Espíritas. Sempre cola-borou em jornais e periódicos espí-ritas, escrevendo durante muitosanos artigos sobre Doutrina Espí-rita no principal jornal dos minei-ros – o matutino O Estado de Minas.

Após grave enfermidade, Mar-tins Peralva desencarnou em 3 desetembro deste ano, conformeregistro em Reformador de outu-bro, p. 25(391).

Fonte: Jornal O Espírita Mineiro – combase em dados fornecidos por BasílioSilveira Peralva – de setembro/outubrode 2006. (Transcrição parcial.)

Capa dos livros escritos porMartins Peralva e editados pela FEB

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Minas Gerais: Feira do Livro EspíritaA União Espírita Mineira realizou, entre os dias 1o e7 de outubro, em Belo Horizonte, a 25a Feira do Li-vro Espírita, nas dependências da livraria da sua se-de. Ocorreram palestras proferidas por Walterson daSilva Lage, Magda Luzimar de Abreu, Francisco deAssis Faria e Afonso Chagas Corrêa.

Pará: Homenagem a KardecA União Espírita Paraense promoveu palestras, emBelém, em comemoração à data natalícia do Codifi-cador, tendo como convidado Antonio Cesar Perri deCarvalho, diretor da FEB. As palestras foram realiza-das dia 3 de outubro, no Centro Espírita Benedita Fer-nandes e, dia 4, na sede da União Espírita Paraense.

Colômbia: Seminário Em Defesa da VidaA Associação Espírita Terceira Revelação, de Bogotá,promoveu, nos dias 8 e 9 de setembro, o XVIII Se-minário de Difusão e Educação Espírita, dedicado àCampanha Em Defesa da Vida. Foram abordados ostemas: “Não à Eutanásia”, “Não à Violência”, “Não aoAborto” e “Não ao Suicídio”.

Salvador (BA): Congresso da ABRAMEA Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas(Abrame) realizou de 10 a 13 de outubro, em Sal-vador (BA) o IV Congresso Brasileiro dos Magistra-dos Espíritas. O objetivo do evento foi discutir temascomo: “A espiritualização do Direito e a humaniza-ção da Justiça”, “A tarefa de julgar e os desafios dia-a--dia da vida profissional”, “Bioética e Direito”, “Hu-manização do sistema penitenciário”, “Aborto” e“Questões outras que dizem com a missão e respon-sabilidade do juiz espírita”.

Casas Espíritas CentenáriasAntiga FEERJ: Em 30 de junho de 1907 era fundadaa Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro,que durante um século foi o órgão de unificaçãodo Movimento Espírita fluminense. Com a criação

do Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ), a FEERJ transformou-se no Instituto Espí-rita Bezerra de Menezes (IEBM). As comemoraçõestiveram início em janeiro, na Sessão Solene de queparticipou o presidente da FEB, Nestor João Masotti,prosseguindo, no dia 30 de junho, com palestra deSandra Borba Pereira, presidente da Federação Espí-rita do Rio Grande do Norte.Centro Espírita Fé e Caridade: Esta tradicional insti-tuição, da cidade de Rio Claro (SP), completou 100anos de existência em 5 de agosto de 2007. A institui-ção realizou uma reunião comemorativa no dia 4,com palestra do escritor espírita Richard Simonetti.

João Pessoa (PB): Congresso da ABRADEA Associação Brasileira de Divulgadores do Espiri-tismo (Abrade) promoveu no período de 11 a 14 deoutubro, em João Pessoa, o II Congresso Brasileirode Divulgadores do Espiritismo (CONBRADE), comtemas como: “Da Torre de Babel às torres de TV”, “Aética na Comunicação Social Espírita”, “ComunicaçãoSocial Espírita – Sempre com Kardec”, “Espiritismo eIntegração Humana: conteúdo e metodologias”, “Espi-ritismo e Ecologia” e “De Kardec ao III Milênio”.

São Paulo: Encontro de Delegados de Polícia Espíritas

A União dos Delegados de Polícia Espíritas do Es-tado de São Paulo realizou, no dia 25 de outubro, o10o Encontro de Delegados de Polícia Espíritas, nasede da Associação dos Delegados de Polícia do Es-tado de São Paulo. Foram convidados profissionaisda Justiça, familiares e amigos, espíritas e simpati-zantes do Espiritismo, para tratar dos temas “O poli-cial espírita”, por Roosevelt de Souza Bormann, quefalou sobre como o policial espírita deve se compor-tar no desempenho da sua função de servidor públi-co e “Filosofia penal do futuro”, por José Leal, comabordagem sobre a filosofia espírita a respeito dosconceitos de crime, criminologia, castigo e direitopenal.

Seara Espírita

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