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FERNANDO SLEDER Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de Tambaqui (Colossoma macropomum) Cuiabá MT 2015

FERNANDO SLEDER - ri.ufmt.brri.ufmt.br/bitstream/1/227/1/DISS_2015_Fernando Sleder.pdf · Produtos processados possuem atributos sensoriais diferenciados além de facilidade no preparo

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FERNANDO SLEDER

Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de Tambaqui

(Colossoma macropomum)

Cuiabá – MT

2015

1

FERNANDO SLEDER

Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de Tambaqui

(Colossoma macropomum).

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal da

Universidade Federal de Mato Grosso para

a obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal.

Área de Concentração: Tecnologia de

Produtos de Origem Animal

Orientador: Prof. Dr. Edivaldo Sampaio de

Almeida Filho.

Coorientadora: Profa. Dra. Janessa

Sampaio de Abreu Ribeiro.

Cuiabá – MT

2015

2

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo (a) autor (a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

S632d Sleder, Fernando. Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de

Tambaqui (Colossoma macropomum) / Fernando Sleder. -- 2015

70 f.: il.; 30 cm.

Orientador: Edivaldo Sampaio de Almeida Filho. Co-orientadora: Janessa Sampaio de Abreu

Ribeiro. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Cuiabá, 2015.

Inclui bibliografia.

1. pescado. 2. linguiça. 3. vida de prateleira. 4.

sensorial.

3

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

4

FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno: FERNANDO SLEDER

Título: Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de Tambaqui

(Colossoma macropomum).

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciência Animal da

Universidade Federal de Mato Grosso para

a obtenção do título de Mestre em Ciência

Animal.

Aprovado em: ____________________________

Banca Examinadora:

________________________________________

Prof. Dr. Edivaldo Sampaio de Almeida Filho.

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso

_________________________________________ Profa. Dra. Janessa Sampaio de Abreu Ribeiro.

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso.

_________________________________________

Profa. Dra. Cleise de Oliveira Sigarini.

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso.

__________________________________________ Profa. Dra. Daniella Moreira Pinto.

Instituição: Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG

5

Dedico esta conquista a minha amada esposa Lóidi e agradeço a ela pelo apoio

incondicional em todos os momentos desta minha caminhada. E aos meus pais que

me ofereceram educação e estudos, os quais constituíram as bases para a pessoa

que me tornei.

6

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela força, fé e esperança nos momentos mais difíceis.

A minha esposa Lóidi pela alegria, amor e companheirismo.

Aos meus pais Nelvir Sleder e Nelcy Wilma Sleder pelo amor e apoio.

A minha querida família base de tudo na vida.

Aos meus amigos do Büder Bier pelos momentos de alegria e descontração.

Ao meu orientador professor Dr. Edivaldo Almeida, pela orientação, amizade e

paciência.

A minha coorientadora professora Dra. Janessa Sampaio de Abreu Ribeiro, pelo

ensinamento, aprendizado e paciência em corrigir meus artigos e trabalhos.

A professora Msc. Luciana Kimie Savay-da Silva, pela paciência e ajuda nas

correções dos meus artigos e projetos.

A minha colega Daiane pelo apoio e ajuda em todos os momentos.

7

RESUMO

SLEDER, F. Desenvolvimento e caracterização de linguiça frescal de tambaqui

(Colossoma macropomum). 2015 69f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal),

Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal de

Mato Grosso, Cuiabá, 2015.

Geralmente a comercialização do pescado ainda é feita com o peixe inteiro resfriado

ou congelado, sem que haja nenhum processamento para agregar valor e

conveniência. Produtos processados possuem atributos sensoriais diferenciados além

de facilidade no preparo. O objetivo deste trabalho foi elaborar e caracterizar, através

de análises físicas e químicas, microbiológicas e sensoriais, um embutido a base de

tambaqui (Colossoma macropomum). Foram desenvolvidas três formulações, que

distinguiam entre si com relação ao percentual de gordura: 0%, 4,5% e 9%. Para

determinação da vida de prateleira, amostras dos produtos foram armazenadas sob

refrigeração 4°C por 12 dias e realizaram-se análises microbiológicas nos dias 0, 3, 7

e 12. Foram realizadas análises de composição centesimal, força de cisalhamento,

perda de peso por cocção e capacidade de retenção de água. O prazo de validade

dos embutidos foi estimado em 7 dias de estocagem refrigerada a 4°C. Os tratamentos

apresentaram altos índices de aceitação, acima de 80%, porém, o tratamento com 9%

de gordura apresentou as maiores médias nos atributos avaliados. A composição

centesimal dos tratamentos apresentou as seguintes variações em g/100g: umidade

72,73 a 68,82; proteína 18,85 a 18,90; lipídeos 2,90 a 8,33 e cinza 3,86 a 4,20. A força

de cisalhamento oscilou de 5,92 a 8,14 N; a capacidade de retenção de água variou

de 71,83 a 74,71% e a perda de peso por cocção de 24,21 a 26,59%.

Palavras-chave: pescado, linguiça, vida de prateleira, sensorial.

8

ABSTRACT

Development and characterization of a tambaqui (Colossoma macropomum)

sausage

In general, fish is still sold in its entirety (whole body) cooled or frozen, with no previous

processes included to add value and convenience. Processed products have different

sensory attributes, in addition to ease of preparation. The objective of this study was

to develop and characterize, through physicochemical, microbiological and sensory

traits, a sausage based on tambaqui fish (Colossoma macropomum). Three

formulations, different as to the percentage of fat — 0, 4.5, and 9% — were developed.

To determine shelf life, samples of the products were stored refrigerated at 4 ºC for 12

days and microbiological analyses were performed on days 0, 3, 7, and 12. Analyses

of centesimal composition, shear force, cooking weight loss and water-holding capacity

were carried out. The expiration date of the sausages was estimated as seven days of

storage. The treatments showed high acceptance rates, above 70%; however, the

treatment with 9% fat showed the highest mean values in the evaluated attributes. The

centesimal composition of the treatments showed the following variations in g/100 g:

moisture, 72.73 to 68.82; protein, 18.85 to 18.90; lipids, 2.90 to 8.33; and ash, 3.86 to

4.20. Shear force varied from 5.92 to 8.14 N; water-holding capacity varied from 71.83

to 74.71%; and cooking weight loss, from 24.21 to 26.59%.

Index terms: fish, sausage, shelf life, sensory

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção pesqueira Mundial 1996-2012 .................................................. 15

Figura 2 - Produção pesqueira Nacional 2007-2011 ................................................ 17

Figura 3 - Tambaqui (Colossoma macropomum) ..................................................... 21

Figura 4 - Modelo de regressão de coliformes totais em função dos dias de estocagem

................................................................................................................................. 59

Figura 5 - Modelo de regressão de coliformes termotolerantes em função dos dias de

estocagem ............................................................................................................... 60

Figura 6 - Modelo de regressão de bactérias psicrotróficas em função dos dias de

estocagem. .............................................................................................................. 60

Figura 7 - Modelo de regressão de bactérias mesófilas em função dos dias de

estocagem. .............................................................................................................. 61

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Produção em toneladas, da pesca extrativa continental de Tambaqui e

demais espécies ...................................................................................................... 19

Tabela 2 - Produção em toneladas, da aquicultura continental de Tambaqui e demais

espécies ................................................................................................................... 20

Tabela 3 - Características físico-químicas dos diferentes tipos de linguiças ............ 35

Tabela 4 - Composição centesimal das diferentes formulações de linguiça ............. 57

Tabela 5 - Análises físicas das diferentes formulações de linguiça .......................... 59

Tabela 6 - Analises microbiológicas das diferentes formulações de linguiça ............ 62

Tabela 7 - Índices de aceitabilidade dos atributos sensoriais das diferentes

formulações. ............................................................................................................ 63

Tabela 8 - Teste de comparação de médias para os atributos das diferentes

formulações. ............................................................................................................ 63

11

SUMÁRIO

Capitulo 1 – Considerações Iniciais ............................................................. 13

1 Introdução ................................................................................................. 13

2 Revisão Bibliografica ................................................................................. 16

2.1 Produção Mundial de Pescado ............................................................ 15

2.2 Produção Nacional do Pescado .......................................................... 18

2.2.1 Pesca em Mato Grosso .............................................................. 20

2.2.2 O Tambaqui ................................................................................ 21

2.3 Importância do Pescado como Alimento ............................................. 24

2.4 Consumo de Alimentos mais Saudáveis ............................................. 27

2.5 Produtos à Base de Pescado .............................................................. 29

2.6 Embutidos ........................................................................................... 33

2.7 Contaminantes Microbiológicos do Pescado e Derivados ................... 35

2.7.1 Coliformes .................................................................................. 37

2.7.2 Escherichia coli ........................................................................... 37

2.7.3 Staphylococcus ........................................................................... 38

2.7.4 Salmonella .................................................................................. 39

3 Referências Bibliográficas ......................................................................... 41

Capitulo 2 – Desenvolvimento e caracterização de embutido de tambaqui

(Colossoma macropomum)............................................................................ 51

1 Introdução ................................................................................................. 52

2 Material e Métodos .................................................................................... 53

2.1 Elaboração do embutido ..................................................................... 54

2.2 Análises físicas e químicas ................................................................. 54

2.3 Análises microbiológicas ..................................................................... 55

2.5 Análise sensorial ................................................................................. 55

2.6 Análise estatística ............................................................................... 55

3 Resultados e Discussão ............................................................................ 56

3.1 Avaliação da qualidade da matéria-prima.. .......................................... 56

3.2 Análises físico-químicas do embutido ................................................. 57

3.3 Análises microbiológicas do embutido ................................................. 59

3.4 Análises sensorial do embutido. .......................................................... 62

12

4 Conclusão ................................................................................................. 64

5 Referências Bibliográficas ......................................................................... 64

13

Capitulo 1 – Considerações Iniciais

1 Introdução

Produtos considerados saudáveis estão recebendo cada vez mais atenção do

mercado consumidor e a indústria tem se antecipado aos desejos desses

consumidores lançando produtos com baixo teor calórico (TEIXEIRA, 2000). O

consumidor está cada vez mais exigente e consciente, além de procurar por produtos

que tenham qualidade e conveniência, quer alimentos que sejam seguros do ponto de

vista microbiológico e sanitário (SAVAY DA SILVA, 2009).

Os produtos cárneos processados possuem aproximadamente 20 a 30% de

gordura. Pelo fato da gordura ser apontada como uma das causas de problemas de

saúde, como arteriosclerose, câncer de cólon e obesidade, o consumidor consciente

tem dado preferência a produtos cárneos “low fat” ou “reduced fat”. Por este motivo, a

indústria alimentícia tem focado no desenvolvimento de novas tecnologias para

processamento de alimentos com pouca gordura ou com gordura reduzida usando

substitutos da gordura que fornecem ao produto características sensoriais bem

próximas ao tradicional (CANDOGAN e KOLSARICI, 2003).

O pescado e seus derivados vem ganhando destaque na preferência do

consumidor que encontra nos mesmos, valores nutricionais superiores quando

comparado com outros tipos de carne (GONÇALVES, 2011).

Nos últimos anos o interesse pelo consumo de pescado tem aumentado e este

aumento se deve em grande parte às informações sobre o mesmo quanto ao seu valor

nutricional e sua associação com a melhoria na saúde, destaque observado nas

populações que possuem o pescado como base de sua alimentação. Estre os

benefícios encontrados pelo consumo de pescado foi identificada a redução dos níveis

de colesterol, da incidência de acidente vascular cerebral, doença cardíaca, e

Alzheimer, aumento da função cognitiva em adultos e impedir o nascimento de

crianças com baixo peso e prematuras. (BURGER, 2008).

Ogawa e Maia (1999) salientam que os lipídios do pescado, além de fonte

energética, são ricos em ácidos graxos poliinsaturados ω-3, especialmente ácido

eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosaexaenoico (DHA), que apresentam efeitos

redutores sobre os triglicerídeos e colesterol sanguíneo, diminuindo

consequentemente os riscos de incidência de doenças cardiovasculares como

arteriosclerose, enfarto do miocárdio e trombose cerebral. O pescado pode ser

14

também uma excelente fonte de minerais com importância fisiológica, tais como

magnésio, manganês, zinco, cobre, entre outros, com quantidades relativamente

elevadas, sendo também rico em vitaminas do complexo B, destacando-se as

vitaminas lipossolúveis A e D.

Segundo Neiva et al. (2011) para que ocorra um aumento no consumo do

pescado, são necessárias estratégias para superar ou contornar certas limitações de

comercialização apresentados pelo peixe como a forma de apresentação do produto

e a aceitabilidade frente ao consumidor. Um elemento-chave para aumentar o

consumo é fornecer produtos à base de peixe preservando o alto valor nutricional, às

expectativas dos clientes e também os atributos sensoriais. No entanto, Maciel et al.

(2013) relata que os consumidores estão mais exigentes quanto as suas escolhas, e

questões relacionadas com a qualidade dos alimentos estão na vanguarda em relação

a preocupações dos consumidores, estratégias da indústria e, em alguns casos, as

políticas governamentais.

Uma parcela consideravel da população brasileira, principalmente de baixa

renda, sofre de deficiência nutricional devido a uma alimentação desbalanceada, de

baixa qualidade e com baixos níveis de proteína. Os resíduos obtidos na aquicultura,

pesca e na elaboração de produtos a base de pescado podem chegar até a 70% do

peso inicial da matéria prima. Uma parte desse resíduos tem sido destinados quase

que totalmente para a fabricação de farinha de pescado que erá destinada ao preparo

de rações, ou é descartada na natureza, aumentanto o problema da contaminação

ambiental. Uma solução para esse problema seria a utilização dessas matérias

primas, com alto conteúdo protéico, para a fabricação de novos produtos (produtos

formatados, reestruturados e embutidos) como é o caso da carne mecanicamente

separada (CMS) de pescado provenientes de resíduos da filetagem, de peixes

eviscerados e descabeçados ou de peixes de menos valor comercial, a chamada

fauna acompanhante (GONÇALVES, 2011).

O desenvolvimento de novos produtos é fator essencial para a sobrevivência

das empresas. Para as empresas do ramo alimentício isso é particularmente válido,

pois necessitam estar sempre lançando novos produtos para se manterem a frente da

concorrência e ativas no mercado. Para que um novo produto chegue até o

consumidor é necessário percorrer um longo caminho, passando pela identificação

dos desejos ou necessidades do consumidor, desenvolvimento do conceito do

produto, adequação dos conceitos à estratégia da empresa, desenvolvimento do

15

produto, teste de mercado e finalmente lançamento e acompanhamento do produto.

Essas atividades demandam administração de recursos humanos, tempo e recursos

financeiros (WILLE, 2004).

A linguiça é um produto embutido elaborado com carnes ou outros tecidos

animais comestíveis. Esses produtos podem ser classificados, segundo o seu

processo de fabricação: em frescos, cozidos, defumados ou secos, e de acordo com

a sua composição: em simples ou mistos. E conforme suas características

tecnológicas, possuem diferentes denominações (BRASIL, 2000).

Considerando esses aspectos, o presente estudo teve como objetivo

desenvolver e caracterizar um embutido a base de tambaqui (Colossoma

macropomum) com diferentes teores de gordura adicionada através de análises

físicas, químicas e bacteriológicas, verificar o índice de aceitação através de análise

sensorial e acompanhar o crescimento bacteriano durante 12 dias a 4°C.

16

2 Revisão Bibliográfica

2.1 Produção Mundial de Pescado.

De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO, 2012) a pesca de

captura e a aquicultura forneceram ao mundo cerca de 148 milhões toneladas de

pescado em 2010 gerando um valor total de 217,5 bilhões de dólares. Destes,

aproximadamente 128 milhões de toneladas foram destinados ao consumo humano.

No ano de 2011 a produção aumentou para 155 milhões de toneladas (Figura

1), cerca de 4 por cento, das quais 131 milhões de toneladas foram destinadas para

o consumo humano. Em 2012 a produção mundial de pescado saltou para 158

milhões de toneladas sendo que desse montante 136 milhões de toneladas foram

destinadas ao consumo humano (FAO, 2014). Com o crescimento contínuo da

produção de pescado e com a melhora das redes de distribuição, o abastecimento

global dos produtos oriundos da pesca tem aumentado consideravelmente nas últimas

cinco décadas, com uma taxa média de crescimento de 3,2 por cento ao ano no

período de 1961 a 2009 (Figura 1), superando a taxa de crescimento da população

mundial que foi de 1,7 por cento ao ano (FAO, 2012).

Figura 1. Produção pesqueira mundial 1996-2012. Fonte: Fao, 2014.

De acordo com a FAO (2012), o pescado e seus derivados representam uma

fonte muito valiosa de nutrientes e proteínas essenciais para se ter uma nutrição

equilibrada e desfrutar de boa saúde. Segundo dados da instituição a oferta global de

pescado per capita praticamente dobrou em 5 décadas, aumentando em média de 9,9

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Anos

Produção Pesqueira Mundial

17

kg em 1960 para 18,6 kg em 2010. Em 2009, o pescado representou 16,6% do

consumo de proteína animal da população mundial e de 6,5% de toda proteína

consumida. Mundialmente, o pescado fornece a cerca de 3 bilhões de pessoas em

torno de 20% do seu consumo de proteínas animais e a 4,3 bilhões de pessoas cerca

de 15% destas proteínas. Há claras diferenças entre países desenvolvidos e países

em desenvolvimento no que diz respeito à contribuição do pescado na ingestão de

proteína animal. Apesar dos níveis relativamente baixos de consumo de pescado nos

países em desenvolvimento, este representa uma proporção significativa do consumo

de proteínas animais de cerca de 19,2% e no caso dos países de baixa renda com

déficit de alimentos, 24%. No entanto, em ambos os países desenvolvidos e em

desenvolvimento, essa proporção diminuiu ligeiramente nos últimos anos por conta

de um crescimento mais rápido do consumo de outras proteínas animais.

Em 2010 a produção mundial de pescado, tanto a pesca extrativa quanto a

aquicultura, registraram um aumento de 3% em relação a 2009 atingindo

aproximadamente 168 milhões de toneladas. Os maiores produtores mundiais dessas

modalidades foram a China: com 63,5 milhões de toneladas; a Indonésia: com 11,7

milhões de toneladas; a Índia: com 9,3 milhões de toneladas e o Japão: com de 5,2

milhões de toneladas. O Brasil aparece neste cenário ocupando a 19° posição, com

apenas 1,3 milhões toneladas cerca de 0,75% da produção mundial de pescado,

caindo uma posição em relação ao ano de 2009 (FAO, 2012).

Com relação aos países da América do Sul, considerando os que realizam as

suas atividades de pesca no oceano Pacífico, fica evidenciado que a sua produção é

bem superior à produção brasileira. Em primeiro lugar está o Peru que registrou uma

produção em torno de 4,4 milhões de toneladas; em segundo lugar vem Chile com

cerca de 3,8 milhões de toneladas e em terceiro lugar o Brasil com 1.3 milhões de

toneladas. Em quarto lugar se encontra a Argentina com uma produção de

aproximadamente 814 mil toneladas de pescado (FAO, 2012).

A produção de pescado proveniente da pesca extrativa, marinha e continental,

no ano 2010, tem a China como a maior produtora mundial, com aproximadamente

15,7 milhões de toneladas, logo após vem a Indonésia com 5,4 milhões de toneladas,

Índia com 4,7 milhões de toneladas e os Estados Unidos com 4,4 milhões de

toneladas. Brasil ocupa nesta modalidade a 25° posição, caindo duas posições em

relação a 2009, com uma produção de 785.366 toneladas no ano de 2010 (FAO,

2012).

18

A produção aquícola mundial em 2010 teve a China como o maior produtor com

cerca de 47,8 milhões de toneladas, seguidas de Indonésia e Índia na segunda e

terceira posições, com 6,3 milhões e 4,6 milhões de toneladas, respectivamente. O

Brasil se encontra na 17° posição mundial, com 479.399 toneladas em 2010,

mantendo a mesma posição em relação a 2009. Na América do Sul o Chile foi o maior

produtor (713.241 toneladas), enquanto o Brasil registrou uma produção de 479.399

toneladas. Na terceira posição se encontra o Equador, com 271.919 toneladas em

2010 (FAO, 2012).

2.2 Produção Nacional do Pescado

Seguindo a tendência mundial, a produção de pescado no Brasil tem

aumentado continuamente ao longo dos anos. De acordo com os dados estatísticos

fornecidos pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), (Brasil 2007a, 2008-2009,

2010 e 2011), no ano de 2007 a produção nacional de pescado foi de 1,07 milhões de

toneladas; 1,15 milhões de toneladas em 2008; 1,24 milhões de toneladas em 2009,

registrando um incremento de aproximadamente 13,2% em relação a 2010 (1,26

milhões de toneladas) e para o ano de 2011 foi de 1,43 milhões de toneladas (Figura

2).

Figura 2. Produção pesqueira Nacional 2007-2011 Fonte: Brasil, 2011.

Considerando a produção nacional de pescado por Unidade da Federação para

o ano de 2011, o Estado de Santa Catarina se manteve como o maior produtor de

pescado do Brasil, com 194 mil toneladas (13,6%), seguido pelos estados do Pará

com 153 mil toneladas (10,7%) e Maranhão com 102 mil toneladas (7,2). O estado de

Mato Grosso apresentou uma produção de 41 mil toneladas em 2010 e aumentou

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Anos

Produção Pesqueira Nacional

19

para 55 mil toneladas (24%) no ano de 2011 ocupando o 18° lugar o que corresponde

a aproximadamente 4% da produção nacional de pescado (BRASIL, 2011).

Em 2011, a produção total da pesca extrativa no Brasil foi de 803,2 mil

toneladas, caracterizando um acréscimo de aproximadamente 2,3% na produção em

relação a 2010 que foi de 785,3 mil toneladas (BRASIL 2011).

A pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de

pescado nacional, sendo responsável por 553 mil toneladas (38,7% do total de

pescado produzido), seguida pela aquicultura continental, 544 mil toneladas (38,0%).

A pesca extrativa continental registrou 249,6 mil toneladas (17,4%). Em 2011, a região

Nordeste continuou registrando a maior produção de pescado do país, com 454 mil

toneladas, respondendo por 31,7% da produção nacional. A região Sul registrou 336

mil toneladas (23,5%); a região Norte 326 mil toneladas (22,8%); a região Sudeste

226 mil toneladas (15,8%) e a região Centro-Oeste 88 mil toneladas (6,2%) (BRASIL

2011).

A pesca extrativa continental em 2011 registrou uma produção de

aproximadamente 250 mil toneladas. A maior produtora desta modalidade, sendo

responsável por 55% da captura total, foi a região Norte, com cerca de 137 mil

toneladas. O Nordeste foi a segunda maior região com produção pesqueira continental

registrada de 68,7 mil toneladas. Em terceiro, quarto e quinto lugar estão as regiões

Sudeste, Centro-Oeste e Sul que apresentaram produções pouco expressivas em

comparação com as regiões Norte e Nordeste, sendo responsáveis por 24 mil

toneladas, 13 mil toneladas e 5 mil toneladas, respectivamente (BRASIL, 2011).

A aquicultura marinha apresentou em 2011 uma produção de 84,2 mil

toneladas. Em relação a 2010, houve uma pequena redução de 1,2% sendo que neste

período a produção foi de 85,1 mil toneladas. A produção aquícola marinha por região

teve o Nordeste como o maior produtor com 77,4% em 2011. As regiões Sul, Norte e

Sudeste vem logo em seguida, com uma produção total de 22,6% (BRASIL, 2011).

Do ano de 2010 para 2011, a aquicultura continental aumentou de forma

significativa demonstrando um crescimento consistente desse setor com um aumento

de aproximadamente 38,1%. Este crescimento vem ocorrendo deste o ano de 2009

onde a produção era de 337,4 mil toneladas, sendo que no ano de 2010 a produção

foi de 394,3 mil toneladas (um aumento de 14,5%), e em 2011 a produção saltou para

544,5 mil toneladas. De acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) este

aumento na produção pode ser explicado ao desenvolvimento do setor que se ocorreu

20

devido a ampliação de políticas públicas que facilitaram o acesso ao produtor aos

programas de fomento oferecidos pelo governo, tais como o Plano Mais Pesca e

Aquicultura desenvolvido pelo MPA (BRASIL, 2011).

A produção nacional da aquicultura continental em 2011 assinalou a Região

Sul com a maior produção de pescado, registrando 28,2% da produção, com cerca de

153,6 mil toneladas. Em segundo lugar se encontra a região Nordeste com uma

produção de 24,7% do total nesta modalidade, com 134,3 mil toneladas. As demais

regiões, Norte, Sudeste e Centro-Oeste vem logo em seguida ocupando a terceira,

quarta e quinta posição respectivamente na participação da produção total nacional

com 17,4%: 94,5 mil toneladas, 15,9%: 86,8 mil toneladas e 13,8%: 75,1 mil toneladas.

Considerando a produção nacional de pescado da aquicultura continental por Unidade

da Federação no ano de 2011, o Estado do Paraná se encontra como o maior produtor

do Brasil com 73,8 mil toneladas, seguido por, de Santa Catarina com 53.6 mil

toneladas, e Mato Grosso com 48,7 mil toneladas (BRASIL, 2011).

As duas espécies mais cultivadas em 2011 foram a tilápia e o tambaqui que

juntas representaram 67% da produção nacional (365 mil toneladas de pescado

enquanto aquicultura continental). Também merece atenção a produção de tambacu,

carpa e pacu, que somando as suas produções representaram 20,1% da produção

(109,5 mil toneladas) (BRASIL, 2011).

O Tambaqui vem apresentando um crescimento acentuado nos últimos anos.

De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (BRASIL

2011), foram capturadas mais de 16 mil toneladas de Tambaqui entre os anos 2008 e

2011 pela pesca extrativa continental (Tabela 1).

Tabela 1. Produção em toneladas, da pesca extrativa continental de Tambaqui

e demais espécies.

2008 2009 2010 2011 Total

Tambaqui 4.412 4.044 4.203 4.234 16.896

Demais espécies 255.260 233.972 243.174 243.820 976.229

Fonte: Brasil, 2012.

A produção de Tambaqui, enquanto aquicultura continental apresentou um

crescimento de 16% ao ano no período de 2008 a 2011 (Tabela 2). Em 2010 foram

produzidas aproximadamente 54 mil toneladas de Tambaqui. No ano de 2011 esse

21

número praticamente dobrou (50%) passando para 111 mil toneladas, sendo a

segunda espécie mais produzida, ficando atrás apenas da Tilápia com 253 mil

toneladas. Na pesca extrativa e aquicultura, no período de 2008 a 2011, a produção

foi de 267.580,3 toneladas de Tambaqui, representando cerca de 10,5% do total de

toneladas de peixe produzidos nas mesmas modalidades de pesca acima

mencionadas (BRASIL 2011).

Tabela 2. Produção em toneladas, da aquicultura continental de Tambaqui e

demais espécies (BRASIL, 2012).

Tambaqui

Demais espécies

2008 2009 2010 2011 Total

38.833 46.454 54.313 111.084 250.684

282.008 337.353 394.340 544.490 1.558.191

Fonte: Brasil, 2012.

Somente a produção de tambaqui em cativeiro entre 2008 e 2011 foi de

250.684,3 toneladas (Tabela 2), sendo que no ano 2011 foi a segunda espécie mais

produzida em cativeiro, com um total de 111.084,1 toneladas, representando 20,4%

do total de espécies produzidas em cativeiro. Outro dado interessante com relação à

criação de Tambaqui em cativeiro no ano de 2011, é que a produção de Tambaqui foi

mais que uma vez e meia maior do que a produção de espécies como o Pacu ou o

hibrido Tambacu, ambas espécies de peixes redondos assim como o tambaqui, que

geraram cerca de 71 mil toneladas as duas espécies juntas (BRASIL, 2011).

2.2.1 Pesca em Mato Grosso

O Estado de Mato Grosso, no ano de 2011, ocupou o terceiro lugar de produção

aquícola continental nacional. Tal resultado pode estar relacionado às características

propícias que a região possui para criação, a alguns incentivos fiscais e a publicação

de leis do governo do estado de Mato Grosso que beneficiam a piscicultura dentro do

estado. Pode-se citar a Lei Estadual nº 8.464 de 04/04/2006 que define e disciplina a

piscicultura e a Lei Estadual n° 8.684 de 20/07/2007 a qual garante incentivos fiscais

que estimulam a criação, industrialização e o comércio de pescado proveniente da

aquicultura, pela isenção da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

Serviços (ICMS) (BARROS et al., 2011).

Segundo Moraes (2012) as principais espécies em desenvolvimento no Estado

de Mato Grosso estão os peixes redondos como Pacu - Piaractus mesopotamicus,

22

Tambaqui - Colossoma macropomum e Pirapitinga - Piaractus brachypomus e os

peixes lisos como “Ponto e Vírgula” – resultado do cruzamento de fêmea de

Pseudoplatystoma reticulatum e macho Pseudoplatystoma corruscans e o Pintado

Amazônico – resultado do cruzamento da fêmea de Pseudoplatystoma sp X Macho

de Leiarius marmoratus.

2.2.2 O Tambaqui

O Tambaqui se encontra amplamente distribuído na América do Sul, sendo

encontrado nas bacias hidrográficas dos rios Orinoco e Amazonas (GOULDING e

CARVALHO, 1982). Possui um corpo arredondado e geralmente a região ventral tem

uma coloração escura ou preta e a região lateral e dorsal verde escura ou cor de cobre

sendo que as barbatanas são pretas (Figura 03). Pertence a Ordem Characiformes,

Família Characidae, Subfamília Serrasalminae. O nome Colossoma significa corpo

curto e truncado e macropomum bochecha grande, referindo-se ao grande opérculo

do Tambaqui (TAPHORN, 1990).

Figura 03. Tambaqui (Colossoma macropomum). Fonte: http://igfa.org

Considerado o segundo maior peixe de escamas da Bacia Amazônica, o

Tambaqui pode atingir até um metro de comprimento e 30 kg de peso, perdendo em

porte somente para o Pirarucu (Arapaima gigas). Possui uma única combinação de

dentes molariformes adaptados para esmagar frutos, castanhas e sementes.

Destacam-se também o seu opérculo alongado que ajuda a aumentar o fluxo de água

23

através das brânquias além de numerosas guelras que são utilizadas para filtrar o

zooplâncton (GOULDING e CARVALHO, 1982).

A facilidade de produção de alevinos e o rápido crescimento fizeram do

Tambaqui um dos peixes mais populares da piscicultura brasileira. Apesar do seu

cultivo ser possível em todo o Brasil, o risco de alta mortalidade durante os meses de

inverno tem desencorajado o cultivo nos estados das regiões Sul e Sudeste,

particularmente em locais onde a água pode atingir temperaturas abaixo dos 17°C.

Desse modo, o cultivo do Tambaqui tem se concentrado nas regiões Norte, Nordeste

e Centro-Oeste do país, onde além do clima favorável, o mesmo desfruta de boa

aceitação no mercado por parte dos consumidores (KUBITZA, 2004).

Considerado onívoro com tendência a herbivoria e frugivoria, a alimentação na

fase larval se define ao zooplâncton; na fase juvenil se alimenta de invertebrados e

pequenas sementes; já na fase adulta ingere frutos, castanhas, sementes e caramujos

(LOPERA-BARRERO et al., 2011).

A área de vida do tambaqui é caracterizada por águas ricas em nutrientes, com

temperatura média entre 25 e 34°C, e abundancia de áreas alagáveis. É capaz de

resistir a baixas concentrações de oxigênio dissolvido na água (~1mg/L), que são

características do seu habitat (GOMES et al., 2010).

É um peixe muito apreciado por seu sabor, sendo considerado como importante

fonte de proteína animal, principalmente pelas comunidades tradicionais da

Amazônia, onde tem sido explorado desde o século XIX. Por esse motivo é hoje a

principal espécie de importância comercial da Amazônia. É uma das espécies mais

cultivadas em todo o Brasil, estando presente em 24 dos 27 estados Brasileiros, sendo

o Amazonas o principal produtor (LOPERA-BARRERO et al., 2011).

De importância econômica nacional e regional, o Tambaqui foi incluído no

programa brasileiro de melhoramento genético, coordenado por várias instituições de

pesquisas (oito unidades da Embrapa, dez universidades federais, três estaduais,

uma universidade norte-americana e centros de pesquisa e iniciativa privada),

juntamente com o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), o camarão branco

(Litopenaeus vannamei) e a tilápia (Oreochromis niloticus). A partir desse programa,

começarão a ser desenvolvidas, em várias regiões do país, pesquisas que irão

estudar, pela primeira vez, o melhoramento genético na aquicultura brasileira

(BRASIL, 2007b).

24

O Tambaqui atinge a maturidade sexual entre o terceiro e o quarto ano de vida.

Na época da reprodução, realiza grandes migrações (espécie reofílica) apresentando

desova total, sendo que o período de reprodução se estende de novembro a março,

época de cheias dos rios (LOPERA-BARRERO et al., 2011). Villacorta-Correa e Saint-

Paul (1999) afirmam que o período reprodutivo da espécie é de setembro até fevereiro

e a desova ocorre entre os meses de setembro/outubro e janeiro/fevereiro.

Gomes et al. (2010) relatam que a desova ocorre no início da enchente, próximo

às margens do rio, e as larvas são carreadas pela corrente para a várzea. Os adultos,

após a desova se dispersam no rio e na direção das florestas inundáveis do rio

Amazonas e seus tributários. As larvas e jovens se alimentam e crescem na planície

de inundação dos rios. Quando os juvenis atingem de 45 a 60 cm de comprimento ou

aproximadamente quatro anos de idade, eles iniciam sua maturação sexual e

recrutam aos cardumes adultos. Esses cardumes deixam a várzea e migram contra a

corrente nos rios de águas barrentas.

Segundo Vieira et al. (1999), os ovários do Tambaqui são pares, em forma de

sacos lobulados, formando principalmente o epitélio germinativo. Esse epitélio

germinativo forma numerosos oócitos, cada um coberto por um revestimento folicular.

Os ovários estão situados na cavidade abdominal, ventralmente ao rim,

ventrolateralmente à bexiga natatória e dorsalmente ao tubo digestivo. As

extremidades caudais afilam-se gradualmente formando os ovitutos, até unirem-se

formando um ducto comum, que se estende ao orifício genital único.

O Tambaqui não se reproduz espontaneamente em tanques, embora alguns

relatos sugerem que isso possa ocorrer. A reprodução dessa espécie, como a maioria

dos peixes migradores, é induzida com a utilização de hormônios. No caso do

Tambaqui, essa indução é bem dominada e é realizada rotineiramente em muitas

instituições. Hormônios sintéticos tem sido usados para estimular a ovulação do

Tambaqui com relativo sucesso, como LHRH (gonadorrelina) e HCG (gonadotropina

coriônica humana). Entretanto, os hormônios mais utilizados no Brasil são as

gonadotropinas encontradas no extrato de glândulas pituitárias de peixe. O extrato,

feito com hipófises secas ou preservadas em etanol é injetado nos peixes em solução

salina ou em glicerina. O sucesso do uso de extrato de pituitária para estimular a

ovulação é superior a 80% (GOMES et al., 2010).

25

2.3 Importância do Pescado como Alimento.

Para Burger (2008), o valor nutricional do pescado e a divulgação de estudos

que o associam com melhorias para a saúde têm causado, nos últimos anos, um

aumento de interesse por esse alimento. Em sua pesquisa realizada com o intuito de

se obter dados sobre consumo e conscientização sobre o pescado, constatou que

mais de 90% dos entrevistados tinham ouvido falar sobre os benefícios de se comer

carne de peixe.

Os peixes, e demais produtos obtidos por meio da atividade pesqueira,

destacam-se nutricionalmente de outros alimentos de origem animal pois contêm,

comparativamente, grandes quantidades de vitaminas lipossolúveis A e D, minerais

cálcio, fósforo, ferro, cobre, selênio e, iodo, no caso dos peixes de água salgada. A

composição lipídica dos peixes difere com a dos mamíferos por conter elevadas

proporções, mais de 40%, de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa com

cinco ou seis duplas ligações, o que impacta tanto na saúde, destacando-se a

atividade benéfica antitrombótica, quanto na tecnologia aplicada durante o

processamento destes alimentos, devido a rápida deterioração e rancificação por

conta dessas gorduras. As proteínas contêm todos os aminoácidos essenciais para o

ser humano e, assim como as proteínas do leite, do ovo e de carnes de mamíferos,

têm elevado valor biológico. Adicionalmente, são excelentes fontes de aminoácidos

lisina, aminoácido starter do processo digestivo, metionina e cisteína, encontrados em

baixa quantidade em dietas a base de grãos de cereais (ABABOUCH, 2005).

A indústria do pescado contribui para o fornecimento de uma grande variedade

de produtos no qual o peixe em suas várias apresentações é um dos componentes

principais de sua cadeia devido a sua importância na dieta humana (GONÇALVES et

al., 2011).

Bang et al. (1971 e 1976) publicaram na década de 1970 estudos sobre

populações de esquimós que viviam na Groenlândia e que apresentavam baixa

incidência de doenças cardiovasculares e de câncer, apesar de sua dieta rica em

gorduras provenientes de suas atividades corriqueiras de caça e pesca.

Dyerberg et al. (1978) e Dyerberg e Bang (1979) divulgaram o papel dos ácidos

graxos poliinsaturados na prevenção de ataques cardíacos, devido à ação

antitrombótica e aumento no tempo de coagulação e seus efeitos na diminuição da

concentração do colesterol sérico.

26

Simopoulos (1991) em outros estudos epidemiológicos confirmaram os efeitos

benéficos da carne de peixe: os ácidos graxos poliinsaturados diminuem a agregação

plaquetária, diminuem a viscosidade do sangue, contribuindo para a diminuição da

pressão sanguínea e do ritmo cardíaco (melhora da circulação sanguínea), diminui a

tendência para a formação de trombos, melhora a dor nas articulações em pacientes

com artrite reumatóide, tem efeito benéfico em pacientes com colite ulcerativa,

melhora as lesões da pele, diminui o número e o tamanho dos tumores, são essenciais

para o desenvolvimento normal e funcional da retina e do cérebro, particularmente em

crianças prematuras. É um dos responsáveis pela composição das membranas

celulares e é em grande parte dependente da ingestão alimentar.

Kris-Etherton et al. (2002) reuniram estudos epidemiológicos e testes clínicos e

concluíram que a suplementação de eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico

(DHA) entre 0,5 e 1,8 g por dia, tanto como gordura de peixe, quanto na forma de

suplemento alimentar, reduziram significativamente o risco de morte por doenças

cardíacas. Segundo os autores, os testes clínicos demonstraram a relação entre

ácidos graxos ômega-3 e a redução de eventos cardíacos, acidente vascular cerebral

(AVC) e infarto do miocárdio não fatais e o retardo no progresso da aterosclerose em

pacientes cardíacos.

O que faz esses ácidos graxos poliinsaturados ser tão especiais reside no fato

do corpo humano poder sintetizar, a partir de outras gorduras ou matérias-primas, a

maioria dos tipos de ácidos graxos de que necessita para o seu bom

funcionamento. Isso não ocorre com o ômega-3. Estes lipídios são

considerados essenciais pois o corpo não pode fazê-los a partir do zero, mas deve

obtê-los a partir de alimentos ricos em ômega-3, como peixes de águas geladas,

principalmente atum e sardinha, óleos vegetais, nozes, sementes de linhaça, óleo de

linhaça e vegetais folhosos (HARVARD, 2012).

Os ácidos graxos poliinsaturados, destacando as séries ômega 3 e 6, são

encontrados em peixes de água fria (salmão – Salmo sala, atum – Thunnus spp.,

sardinha – Sardinella brasiliensis, bacalhau – Cod gadus morhua). Os principais

ácidos graxos da família ômega 3 são o alfa-linolênico, o eicosapentanóico-EPA e o

docasahexanóico-DHA. Os ácidos graxos da família ômega 6 mais importantes são o

linoléico e o araquidônico (PIMENTEL et al., 2005).

Dentre os possíveis benefícios da ingestão de uma ou duas porções de peixe

por semana, que contêm cerca de 2 g de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3,

27

estão a redução do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), de depressão, do Mal

de Alzheimer e de morte por doença cardíaca (Harvard, 2012). A FAO, (2000)

preconiza que comer peixe duas ou três vezes por semana pode ser incentivado como

parte de uma dieta saudável e equilibrada durante a gravidez e para toda a família.

Soccol e Oetterer (2003) relatam que os ácidos graxos omega-3 e 6

encontrados principalmente em peixes como sardinha, atum e salmão além de frutos

e óleos vegetais são indicados para a prevenção de doenças cardiovasculares, uma

vez que diminuem a quantidade de colesterol e a pressão sanguínea. Eles também

estão correlacionados com o desenvolvimento cerebral e visual. Portanto, uma dieta

equilibrada, em que o peixe é consumido pelo menos 2 ou 3 vezes por semana, supre

as necessidades diárias de ácidos graxos poliinsaturados, e mantém a integridade

das membranas celulares e tecidos nervosos, bem como, garante boa funcionalidade

do organismo como um todo.

Estudos confirmaram que a dieta tem uma grande influência sobre a

composição química dos ácidos graxos presentes na carne dos peixes. A nutrição na

aquicultura moderna, consiste principalmente na oferta aos animais de rações cuja

composição está baseada principalmente em grãos, como consequência produz-se

peixes com menores níveis de ômega-3 do que os peixes naturalmente encontrados

nos rios e lagos. (MOREIRA et al., 2001).

Melo Filho et al. (2013) avaliaram a composição total dos ácidos graxos

encontrados em filé de tambaqui em quatro localidades distintas do Estado de

Roraima, usando a técnica de cromatografia gasosa, encontrando os seguintes

resultados: ácidos graxos saturados 28.56%; ácidos graxos monoinsaturados (AGMI):

35,58%; ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) 21,23%; ácidos graxos insaturados

(AGI) 56.80%; ômega-6: 20,49% e ômega-3 2,45%; razão ômega 6/3: 8.58.

Almeida, (2004) em seu estudo determinou os teores de EPA e DHA nos

músculos dorsais do matrinxã (Brycon cephalus) e do tambaqui (Colossoma

macropomum), provenientes de cultivo semi intensivo e habitat natural, capturados na

Amazônia Central, em diferentes períodos sazonais. Para o tambaqui de cultivo, os

resultados de EPA e DHA no músculo foram de 5,03mg/g e 25,1Omg/g

respectivamente. Para os exemplares capturados no período da cheia, os teores de

EPA e DHA no músculo foram de 3,84mg/g e 14,15mg/g respectivamente. Para os

peixes capturados na época da seca, os teores de EPA e DHA no músculo foram de

9,35mg/g e 40,18mg/g. No matrinxã de cultivo, os resultados indicaram teores de EPA

28

de 4,15mg/g para o músculo enquanto para DHA os teores foram de 30,04mg/g. Para

os peixes capturados na cheia, a concentração de EPA foi de 5,25mg/g para o

músculo, enquanto que para o DHA, o teor foi de 10,26 mg/g. Para os peixes

capturados na época da seca, os teores de EPA foram de 8,14 mg/g, e para DHA, de

61,31mg/g, no músculo.

Ferreira de Castro et al. (2007) em seu estudo determinaram o perfil de ácidos

graxos da carpa comum (Cyprinus carpio), tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) e

tambacu (Colossoma macropomum) x (Piaractus mesopotamicus). Para tambacu a

distribuição percentual média foi de 34,7% de ácidos graxos saturados; 41,1% de

monoinsaturados e 22,7% de ácidos graxos poliinsaturados. Para a carpa comum foi

de 19% de ácidos graxos saturados; 57% de ácidos graxos monoinsaturados e 24%

de graxos ácidos poliinsaturados, e para tilápia a distribuição percentual foi de 43,6%

de ácidos graxos saturados; 34,2% de ácidos graxos monoinsaturados e 21% de

ácidos graxos poliinsaturados.

Visentainer et al. (2003) avaliaram a composição em ácidos graxos dos lipídios

de tilápia com o objetivo de obter informações sobre a transferência de ácidos graxos

ômega-3 da ração suplementada com óleo de linhaça. A distribuição percentual de

ácidos graxos saturados foi de: 23,85%; ácidos graxos monoinsaturados de 38,15%;

ácidos graxos poliinsaturados de 37,99%; ômega-6 de 34,65%; ômega-3 de 1,71% e

a razão ômega-6/3 foi de 20,27. Os autores concluíram que o aumento dos teores

percentuais de ácidos graxos da família ômega-3 foi estabelecido, à medida que o

tempo de alimentação com óleo de linhaça foi aumentando.

Moreira et al. (2001) encontraram nos filés de três espécies de Brycon, a saber

Brycon cephalus (matrinxã), B. microlepis (piraputanga) B. orbignyanus (piracanjuba),

os seguintes resultados para os ácidos graxos poliinsaturados, na matrinxã: ômega-6

12,03% e ômega-3 1,37%; Piraputanga: ômega-6 12,10% e ômega-3 1,93%;

Piracanjuba: ômega-6 15,46% e ômega-3 2,42%.

2.4 Consumo de Alimentos mais Saudáveis

A preocupação com a saúde está cada vez mais presente no dia a dia dos

consumidores. Essa tendência pode ser observada pela crescente oferta de alimentos

saudáveis, como os produtos com redução calórica, sem adição de açúcar, menor

teor de sódio, alimentos orgânicos, alimentos com substitutos de gordura, entre

outros. Além disso, dietas especiais resultantes de alergias e doenças crônicas criam

29

a necessidade de alimentos específicos para grupos de consumidores como os

diabéticos, celíacos, hipertensos e intolerantes à lactose. O aumento na produção e

no consumo de alimentos saudáveis representa um novo cenário para as empresas

do setor alimentício. Essa transformação é decorrente do avanço de doenças crônicas

não transmissíveis ligadas à má alimentação, que provocou uma preocupação coletiva

responsável pela crescente busca por alimentos mais saudáveis (MISSAGIA, 2012).

Oliveira et al. (2013) diz que em função do acelerado ritmo urbano, dado pela

extensa jornada de trabalho, é cada vez mais evidente a busca por alimentos

industrializados e de fácil preparo. No entanto, junto à escassez de tempo e à procura

por refeições de rápido e fácil preparo, vem a preocupação da população com os

problemas de saúde que estes alimentos podem ocasionar. Essa demanda tem

motivado as comunidades industrial e científica a unirem esforços no sentido de

ofertar alimentos industrializados que, além de nutrir, promovam o bem-estar e atuem

como redutores dos riscos de doenças crônicas. A variedade de produtos cárneos que

não demandam muito tempo para o preparo, disponibilizada nas gôndolas de

supermercados, tornou-se um atrativo para os consumidores, contribuindo para que

salsicha, salame, mortadela, linguiça, empanado, almôndegas e hambúrguer sejam

opção crescente para o lanche de muitas famílias.

A consciência dos efeitos adversos do excesso de ingestão de gordura na dieta

é praticamente universal. Indivíduos que tomam conhecimento das consequências

estão modificando seus hábitos alimentares e comendo cada vez menos alimentos

ricos em gordura em sua dieta (MILLER e GROZIAK, 1996).

A partir dos anos oitenta, a população vem modificando seus hábitos

alimentares visando principalmente a redução da ingestão de açúcar e de gordura. O

desenvolvimento de produtos com baixo teor de gordura, baixas calorias e baixo

colesterol são algumas tendências na indústria de alimentos (MONTEIRO et al.,

2006).

Os relatórios de saúde pública têm indicado que a gordura na dieta é uma das

principais causas de doenças crônicas. Cada vez mais as pessoas têm buscado ajuda

profissional para reduzir a concentração energética das dietas e orientação de como

obter uma dieta com baixa concentração lipídica. No entanto, alimentos com alto teor

de gordura são um componente importante da dieta, principalmente em países da

América do Norte, e as pessoas são notavelmente resistente à mudança de seus

hábitos alimentares (DREWNOWSKI, 1990).

30

Dietas de baixa gordura evitam o ganho de peso em indivíduos de peso normal

e também podem levar a uma perda de peso em pessoas com excesso de peso.

Considerando que a magnitude da redução do peso corporal pode ser modesta em

indivíduos obesos, na ordem de 4-5 kg, o maior benefício de uma dieta de baixa

gordura pode estar na prevenção do ganho de peso (ASTRUP et al., 2000).

Os produtos que contenham em sua formulação, redução do teor de gordura

ou algum nível de substituição de gordura, notadamente os substitutos de gordura,

oferecem uma nova estratégia para reduzir o consumo de gordura na dieta.

(DREWNOWSKI, 1990).

Em resposta à crescente demanda dos consumidores por alimentos com teor

de gordura reduzido, a indústria alimentícia tem desenvolvido uma infinidade de

produtos, com pouca gordura. Para alcançar esse objetivo os fabricantes

frequentemente empregam substitutos de gordura nas formulações, para que os

produtos tenham as características organolépticas parecidas com as da versão do

produto original (MILLER e GROZIAK, 1996).

2.5 Produtos à Base de Pescado

O consumo de pescado, e produtos à base de pescado, tem aumentado de

forma consistente nos últimos anos, pois cada vez mais estão sendo reconhecidos

como importantes fontes de nutrientes para a saúde humana. Alguns fatores

importantes como a qualidade, segurança e novas tecnologias tem contribuído para

este aumento do consumo. O pescado, matéria prima ou produto, luta por seu espaço

entre o consumidor que deseja satisfazer suas necessidades. Indústria e o

consumidor têm definições completamente diferentes do produto apresentado para

venda. A indústria define um produto base onde possa acrescentar uma embalagem,

sua marca, preço e publicidade gerando assim um produto com a cara da empresa

que o desenvolveu. O consumidor por outro lado descreve-o como um pacote de

benefícios referentes ao atributos tangíveis e intangíveis ás suas necessidades

(GONÇALVES, 2011).

Desde o início de anos 80, governo, instituições de pesquisa e indústria têm

geralmente enfatizado seu envolvimento no desenvolvimento de novos produtos. O

processo de desenvolvimento de um novo produto consistia em fabricar itens com

novas matérias-primas ou matérias-primas subutilizadas, então os atributos sensoriais

eram refinados e a aceitabilidade avaliada através de testes de mercado. Muitas vezes

31

esses esforços não tiveram sucesso devido a uma falha em identificar com precisão

os anseios do cliente ou em coordenar plenamente os projetos de desenvolvimento

entre os parceiros diretamente envolvidos no processo como por exemplo canais de

produção, distribuição, comercialização e a indústria (RIPPEN, 1991).

Nos últimos anos a atividade comercial do pescado tem sofrido muitas

mudanças. As especificações do comprador, preferências dos consumidores, a

disponibilidade de matéria-prima, a concorrência com produtos vindos do mercado

internacional e a intervenção reguladora através das legislações nacional e

internacional exigindo das empresas segurança alimentar e gestão de resíduos, são

questões preocupantes sobre os processadores de pescado. O número de empresas

está cada vez menor, porém em tamanhos maiores e mais sofisticadas em sua

atuação no mercado. (GONÇALVES, 2011).

Lara et al. (2007) relatam que a comercialização do pescado ainda é feita com

a peça inteira resfriada ou congelada, sem que haja nenhum processamento para

agregar mais valor ao produto. Além do emprego do frio, existem formas de

processamento da carne que podem ser usadas para aumentar a vida de prateleira

do pescado. Os produtos processados possuem atributos sensoriais diferenciados,

como sabor, textura, facilidade de preparo e vida de prateleira longa, desde que as

condições de armazenamento sejam adequadas.

Leek et al. (2000), em sua pesquisa no Reino Unido, relata que apesar do

pescado apresentar propriedades nutritivas adequadas e o seu consumo estar

associado com uma vida saudável é um produto que tem apresentado diminuição no

consumo. Em sua análise, revela que os motivos para a queda no consumo de

pescado estão elencadas em um dos cinco componentes como versatilidade,

relevância situacional, propriedades negativas (como espinhas e odor), fatores

econômicos e conveniência. Os autores sugerem que ações de marketing e mais

pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos são necessárias.

Os produtos alimentícios que poupem tempo e que sejam práticos no preparo,

fazem-se presentes nos supermercados e consequentemente nos lares, em função

do estilo de vida contemporâneo. As pessoas necessitam de produtos de preparo fácil

e rápido e as vezes em menores porções (BRUNNER et al., 2010). Scholderer e

Trondsen (2008) relatam que o pescado na forma fresca, recém capturado, resfriado

ou congelado inteiro é citado por diversos autores como um alimento inconveniente.

Entretanto, produtos desenvolvidos à base de pescado não são assim considerados,

32

por apresentar praticidade e conveniência no preparo. Os mesmos autores indicaram

que há uma relação inversa entre o consumo de produtos de pescado e o consumo

de pescado fresco. Essas avaliações negativas propiciam a substituição da forma

como o pescado tradicional é oferecido ao consumidor por produtos processados e

de conveniência.

Nota-se uma maior busca por produtos de conveniência, de fácil preparo

motivada pelo novo estilo de vida e ainda, a invasão das prateleiras de supermercados

por produtos importados de alta qualidade e diversificação. Assim, o consumidor

passa a se utilizar cada vez mais dos produtos que preenchem características de

conveniência ou fácil preparo, higienicamente corretos e ainda de alto valor nutricional

(OETTERER, 2002).

Uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(FIESP) em conjunto com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) teve como

objetivo principal o de fazer um estudo de segmentação atitudinal do consumidor

brasileiro, a fim de validar a aderência do Brasil às tendências globais sobre o

consumo de alimentos. Das quatro tendências encontradas no Brasil, três delas são

similares às globais: Conveniência e Praticidade, Confiabilidade e Qualidade,

Sensorialidade e Prazer. A 4ª tendência identificada representa a fusão entre duas

observadas nos estudos internacionais: Saudabilidade e Bem-estar e

Sustentabilidade e Ética. A tendência Conveniência e Praticidade é proporcionalmente

o maior segmento atitudinal encontrado, com 34% dos consumidores brasileiros de

alimentos. Esse grupo divide-se igualmente entre as classes sociais A, B e C. Para

esse segmento, a conveniência e a praticidade são, acima de tudo, as principais

prioridades, pois são consumidores que levam uma vida corrida, trabalham em tempo

integral e dispõem de pouco tempo para cuidar da casa, filhos e da alimentação da

família. Os alimentos industrializados, principalmente os congelados e os semi prontos

são fortes aliados desses consumidores, uma vez que representam mais praticidade

no preparo das refeições. As outras três tendências encontradas possuem as

seguintes distribuições atitudinais: confiabilidade e qualidade: 23%; sensorialidade e

prazer: 23%; saudabilidade e bem-estar e sustentabilidade e ética: 21%. Esta

pesquisa mostra que hoje o Brasil tem uma forte aderência às tendências de consumo

de alimentos encontradas em outros países (FIESP e ITAL, 2010)

Segundo Gonçalves (2011) há uma necessidade constante da criação e

lançamento de novos produtos, processos produtivos e ingredientes que preencham

33

as necessidades e expectativas do mercado consumidor. Alimentos de conveniência,

produtos de valor agregado e refeições prontas partir de pescado têm experimentado

um crescimento nos últimos anos. Esta evolução tecnológica deve ser traduzida em

produtos atraentes e orientados para a tecnologia de desenvolvimento que as vezes

pode não ser adequada ao mercado. Assim as demandas de diferentes segmentos

de consumidores devem ser levadas em conta, juntamente com os novos

desenvolvimentos tecnológicos.

Borges et al. (2011) desenvolveu em seu trabalho produtos saudáveis à base

de pescado e avaliaram a sua qualidade nutricional assim como a aceitabilidade junto

a alunos em idade escolar de seis a 11 anos na baixada Santista. Os índices de

aceitabilidade dos nugget’s e almôndegas de Betara (Menticirrhus americanus) foram

de 92,4% e 89,4% respectivamente, demonstrando que os dois produtos foram muito

bem aceitos pelos alunos e, portanto, poderiam ser facilmente introduzidos na

alimentação escolar. A aceitabilidade dos produtos de pescado foi igual ou superior

aos reportados em estudos que testaram a aceitabilidade de preparações com carne

bovina (95% a 67%). Os autores concluíram que devido às excelentes características

nutricionais e sensoriais dos produtos de pescado desenvolvidos no presente estudo,

recomenda-se a sua introdução na alimentação escolar como estratégia para a

incorporação do pescado como hábito alimentar do brasileiro.

Veit et al. (2012) desenvolveram bolos doces acrescidos de filé de tilápia do

Nilo (O. niloticus), oferecendo produtos mais saudáveis e aceitáveis para crianças em

idade escolar. Com relação ao índice de aceitabilidade, obteve aceitação de 88,58%

para o bolo de chocolate com filé de tilápia e de 89,99% para o bolo de cenoura com

filé de tilápia, o que demonstra que é possível incluir o peixe em preparações doces,

como bolos, cookies, pães, entre outras. Os autores concluem que tendo em vista que

o pescado é um alimento nobre e saudável, sua inclusão na alimentação escolar se

torna uma alternativa bastante promissora, principalmente se incluído em preparações

que os alunos apreciam.

Neiva et al. (2011) desenvolveram dois tipos de biscoitos à base de pescado

que pudesse ser estocado por 180 dias em temperatura ambiente. A matéria-prima

utilizada para produzir os produtos foi CMS de peixes de baixo valor comercial. Um

biscoito foi expandido por fritura em óleo, e o outro com baixo teor de lipídios,

expandido em micro-ondas. O conteúdo de proteínas para ambos foi alto para este

tipo de produto; 10,86 e 14,70%, respectivamente. Os biscoitos apresentaram teores

34

de aminoácidos essenciais, como lisina, acima do recomendado pela FAO

apresentando alto valor nutricional. A análise sensorial realizada por provadores

adultos mostrou alto nível de aceitação: 90% para o biscoito expandido em micro-

ondas e 97% para biscoito expandido por fritura em óleo. A estocagem em embalagem

a vácuo permitiu que o produto mantivesse a qualidade microbiológica e físico-

químicas por 180 dias em temperatura ambiente. Os autores concluem que este

produto pode ser uma estratégia para aumentar o consumo de peixe e, ao mesmo

tempo, uma estratégia para melhorar a qualidade da dieta de crianças e adolescentes

contribuindo com uma dieta com baixos teores de gordura e produtos de baixa caloria.

Minozzo et al. (2008) desenvolveram em seu trabalho dois tipos de patê,

cremoso e pastoso, com o objetivo de utilizar a CMS de tilápia (O. niloticus),

investigando suas características físico-químicas, microbiológicas e sensoriais. O patê

cremoso apresentou melhor índice de aceitabilidade com média de 7,40 do que o patê

pastoso com média 6,50. Os autores ressaltam que viável a utilização CMS de tilápia

para a produção de patês, pelo aproveitamento dos resíduos limpos da

industrialização da tilápia agregando valor ao pescado e levando-o à mesa do

consumidor. Sendo assim, o produto elaborado tende a aumentar o consumo de peixe

desde crianças até idosos.

2.6 Embutidos

O pescado constitui uma parte muito importante da dieta em muitas partes do

mundo e, com o aumento da população mundial, encontrar uma forma eficaz de utiliza-

lo é de grande importância, sendo considerado como umas das commodities de

alimentos mais perecíveis e que geralmente estragam mais rapidamente que outros

produtos cárneos. Assim, na sua forma in natura, requer manuseio e cuidados

especiais no processamento, estocagem e comercialização, o que contribui

negativamente para a maior penetração, principalmente em mercados consumidores

distantes das fontes de produção ou desembarque. Desde muito cedo, provavelmente

na transição da fase nômade para a sedentária, o homem sentiu a necessidade de

conservar os alimentos para o consumo posterior em momentos de escassez. A

secagem, ao sol e pela defumação, são os métodos mais antigos e a salga teria

surgido na idade do Bronze (4.500 a. C.). Devido a essa característica, a conservação

do pescado tem sido uma preocupação constante da humanidade, existindo registros

de tentativas de desenvolvimento de técnicas de preservação, como a salga,

35

secagem, cocção, defumação e marinação, ou ainda a combinação entre elas

(GONÇALVES, 2011).

Para vias de definição, o termo “embutido” abrange, segundo o artigo 412 do

Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal

(RIISPOA), por meio do Decreto nº 30.691, de 1952: todo produto elaborado com

carne ou órgãos comestíveis curado ou não, condimentado, cozido ou não, defumado

e dessecado ou não, tendo como envoltório tripa, bexiga ou outra membrana animal,

sendo também permitido o emprego de películas artificiais, como envoltório, no

preparo de embutidos (BRASIL, 1952).

Segundo o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Linguiça

instaurado pela Instrução Normativa nº 4, de 31 de Março de 2000, do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entende-se por linguiça o produto cárneo

obtido de carnes de diferentes espécies animais, submetida aos mais diversos e

adequados processos tecnológicos, adicionado ou não de tecidos adiposos,

ingredientes e embutidos em envoltórios naturais ou artificiais. Estas são classificadas

de acordo com a tecnologia de fabricação em produto: fresco, seco curado e/ou

maturado, produto cozido e outros (BRASIL, 2000).

As linguiças frescais são ofertadas ao consumidor na mesma forma em que

são produzidas, cruas, na forma refrigerada ou congelada com os gomos

acondicionados em embalagens plásticas. Não passam por processo de desidratação,

maturação ou cozimento, ao contrário das linguiças desidratadas, curadas e/ou

maturadas e cozidas, que passam por tais processo com o objetivo de alterar suas

características organolépticas e aumentar a vida de prateleira do produto. São

considerados ingredientes obrigatórios na produção das linguiças as carnes das

diferentes espécies de animais de açougue e sal. São considerados ingredientes

opcionais gordura, água, proteína vegetal e/ou animal, açúcares, plasma, aditivos

intencionais, aromas, especiarias e condimentos (BRASIL, 2000).

É proibido a utilização de CMS em linguiças frescais. Nas linguiças que são

submetidas ao processo de cozimento, será permitido a utilização de até 20% de

CMS, desde que seja declarado no rótulo de forma clara ao consumidor a expressão

"carne mecanicamente separada de … (espécie animal)", além da obrigatoriedade de

constar na relação de ingredientes a expressão "contém..." ou "com CMS de ...

(espécie animal)". A CMS utilizada poderá ser substituída pôr carne de diferentes

espécies de animais de açougue, até o limite máximo de 20% (BRASIL, 2000).

36

Com relação à denominação de venda, o produto é designado de linguiça,

seguido da denominação ou expressão que o caracterize, de acordo com sua

apresentação ao consumidor, como por exemplo, linguiça de Carne Bovina, linguiça

de Carne Suína, linguiça Mista, linguiça Tipo Calabresa, entre outras. Com relação a

rotulagem será designado de Linguiça, seguida da expressão que lhe for atribuída, de

acordo com a matéria-prima utilizada, processo tecnológico ou região de origem

(BRASIL, 2000).

As características sensoriais são definidas de acordo com o processo de

obtenção do produto, sendo a cor, o sabor, a textura e o odor, característicos da

matéria-prima e dos demais ingredientes utilizados, bem como dos processos

tecnológicos empregados em sua fabricação. (BRASIL, 2000). As características e/ou

padrões físico-químicos diferem de acordo com a classificação entre os produtos, mas

devem respeitar os requisitos da composição de cada um, de acordo com a Tabela 3

(BRASIL, 2000).

Tabela 3. Características físico-químicos dos diferentes tipos de linguiças.

Frescais Cozidas Dessecadas

Umidade (máximo) 70% 60% 55%

Gordura (máximo) 30% 35% 30%

Proteína (mínimo) 12% 14% 15%

Cálcio (base seca) (máximo) 0,1% 0,3% 0,1%

Fonte: Brasil, 2000.

2.7 Contaminantes Microbiológicos do Pecado e seus Derivados

De acordo com Gonsalves (2011), o pescado é um dos alimentos mais

susceptíveis ao crescimento microbiano, devido à sua atividade de água elevada, a

sua excelente composição nutricional, sua composição química, ao teor de gorduras

insaturadas facilmente oxidáveis e, principalmente, ao pH próximo da neutralidade, o

que favorece o desenvolvimento microbiano, tornando-o um excelente substrato para

o crescimento bacteriano.

Um dos métodos mais utilizados como indicador geral de populações

bacterianas em alimentos é a contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos e

psicrotróficos. No grupo dos mesófilos estão as bactérias que crescem em

temperatura ambiente, em torno dos 35°C. Os psicrotróficos são microrganismos que

crescem em alimentos sob refrigeração, de 0 a 7°C. São definidos como

37

microrganismos capazes de produzir crescimento visível em temperaturas de

refrigeração no prazo de 7 a 10 dias. Este método de contagem não diferencia os tipos

de bactérias, sendo utilizado para se ter uma informação geral sobre a qualidade dos

produtos, práticas de fabricação, matérias primas utilizadas, condições de

processamento, manipulação e vida de prateleira. Esta contagem pode ser útil na

avaliação da qualidade onde populações altas de bactérias podem indicar deficiências

na sanitização, uma falha no controle do processo de produção ou dos ingredientes.

Não é um indicador de segurança, pois não está diretamente relacionado à presença

de patógenos ou toxinas (SILVA et al., 2010).

O pescado e produtos derivados podem ainda atuar como um importante

veiculador de agentes patogênicos, responsáveis por diversas enfermidades no

homem, notadamente as toxinfecções. Podemos classificar os contaminantes

presentes no pescado, em microrganismos deteriorantes, indicadores de higiene ou

processamento, indicadores de contaminação fecal, microrganismos que podem

provocar doenças transmitidas pelo consumo de pescado e microrganismos capazes

de liberar toxinas responsáveis por causar intoxicações ao consumidor (PIMENTEL e

PANETTA, 2003).

A manipulação incorreta dos alimentos, favorece a contaminação por agentes

bacterianos deteriorantes e patogênicos que, em número elevado, podem ocasionar

problemas à saúde dos consumidores, assim sendo a higiene correta dos alimentos é

necessária para garantir a segurança e a salubridade dos mesmos em todos os

estágios de sua elaboração prevenindo que esses agentes sejam transmitidos à quem

os consome e ao alimento evitando assim as enfermidades transmitidas por alimentos

bem como a sua deterioração (ICMSF, 2000).

Os problemas do consumo de pescado, quanto ao fato deste alimento poder

ser veículo de microrganismos patogênicos para o ser humano decorre em sua grande

maioria da contaminação ambiental. Merecem destaque às bactérias do gênero

Salmonella e do grupo dos Coliformes encontrados em água poluídas por esgotos ou

que estejam contaminadas por excretas de animais. E como consequência direta da

manipulação pode ser citado o Staphylococcus aureus, de origem humana, habitantes

das mucosas e superfície de pele, e que encontram no pescado ambiente favorável

para sua multiplicação (GERMANO et al., 1998). Os manipuladores podem atuar

como portadores assintomáticos de S. aureus sendo importantes fontes de

contaminação em alimentos (FRANCO e LANDGRAF, 2008).

38

De acordo com os Dados Epidemiológicos em Doenças Transmitidas por

Alimentos (DTA) no Brasil, entre os anos de 2000 a 2013 o pescado e demais produtos

derivados foram apontados como alimentos envolvidos em cerca de 85 surtos de DTA,

o que corresponde 1,74 por cento dos alimentos envolvidos em surtos alimentares

(BRASIL, 2013).

2.7.1 Coliformes

Os coliformes totais são um subgrupo da família Enterobacteriaceae e indicam

contaminação de origem fecal recente do produto (MOTTA e BELMONT, 2000) sendo

que a detecção de um elevado número destas bactérias em um alimento, inclusive

nos processados, é interpretada como possível presença de patógenos intestinais,

visto que a população desse grupo é constituída de uma alta proporção de Escherichia

coli (PARDI et al., 1993). Os coliformes são divididos em coliformes totais e coliformes

termotolerantes. No grupo do coliformes totais estão apenas as enterobactérias

capazes de fermentara lactose com produção de gás em 24 a 48 horas a 35°. O grupo

dos coliformes termotolerantes, comumente chamados de coliformes fecais é restrito

aos membros capazes de fermentar a lactose em 24 horas a 44,5 a 45,5°C, também

com produção de gás. Essa definição objetivou selecionar apenas as enterobactérias

originárias do trato gastrintestinal, como por exemplo, E. coli, porem atualmente sabe-

se que o grupo inclui membros de origem não fecal (SILVA et al., 2010).

2.7.2 Escherichia coli

E. coli é uma bactéria gram-negativa sendo o simbionte anaeróbio facultativo

mais abundante no intestino humano. Além de habitar o trato digestivo de humanos,

essa bactéria é encontrada no intestino e fezes de vários organismos endotermos e

repteis, variando seu tamanho populacional de acordo com o hospedeiro e podendo

estar presente inclusive na água e sedimentos, favorecendo sua dispersão

(TENAILLON, 2010).

Segundo Franco e Ladgraf, (2008) E. coli é um dos principais habitantes do

trato intestinal da maioria dos animais de sangue quente, incluindo o homem e aves.

O gado bovino é o reservatório de maior impacto epidemiológico, portanto a maioria

dos surtos está associada ao consumo de produtos cárneos contaminados ou mal

cozidos. Entretanto a água, iogurtes, leite ou sucos não pasteurizados, vegetais

39

adubados com material orgânico, também podem ser fontes de infecção, ocorrendo

também transmissão direta entre as pessoas.

De acordo com os Dados Epidemiológicos em DTA (BRASIL, 2013), dos cerca

de 8.746 surtos identificados entre os anos de 2000 e 2013, E. coli foi o agente

etiológico responsável por 480 surtos correspondendo a 12,4% do valor total dos

surtos.

2.7.3 Staphylococcus

Os Staphylococcus são cocos Gram positivos, com aproximadamente 0,5 a 1,5

μm de diâmetro, imóveis, não esporulados e geralmente não encapsulados. Essa

bactéria pode apresentar-se em diversas formas, que vão desde isolados, aos pares,

em cadeias curtas, ou agrupados irregularmente, com aspecto semelhante a um

cacho de uvas, devido a sua divisão celular, que ocorre em três planos

perpendiculares (KONEMAN et al., 2001). São mesofílicos, tolerantes a

concentrações salinas que variam entre 10% a 20%, crescem na faixa de pH de 4 a

9,8 e possuem a capacidade de crescerem em valores baixos de atividade de água

de 0,83 a 0,86 (FRANCO e LANDGRAF, 2008).

Staphylococcus aureus é um importante patógeno devido a sua virulência,

resistência aos antimicrobianos e associação a várias doenças, incluindo

enfermidades sistêmicas potencialmente fatais, infecções cutâneas, infecções

oportunistas e intoxicação alimentar (LOWRY, 1998). Esta bactéria habita com

frequência a nasofaringe do ser humano, a partir da qual pode facilmente contaminar

as mãos do homem e penetrar no alimento, causando a intoxicação alimentar

estafilocócica (MURRAY et al., 2000). Em muitos países, o S. aureus é considerado o

segundo ou terceiro patógeno mais comum em causar intoxicação alimentar,

perdendo em número apenas para Salmonella sp. e competindo com o Clostridium

perfringens (BEAN et al., 1996).

Após a contaminação dos estafilococos no alimento, em temperatura

ambiente ou mais elevada, ocorrera a liberação de enterotoxinas que causam a

intoxicação (BEAN et al., 1996). Os sorotipos A e D são os mais comumente

associados com a intoxicação alimentar (DINGES et al., 2000). Estas enterotoxinas

são resistentes as enzimas proteolíticas do trato intestinal humano e são proteínas

termoestáveis, (BALABAN e RASOOLY, 2000). Uma vez incubada no alimento,

tratamentos térmicos posteriores eliminarão apenas as células do S. aureus, mas não

40

a enterotoxina formada. As medidas de controle incluem a implementação de técnicas

de lavagem das mãos, uso de sabonetes bactericidas, treinamento e conscientização

dos profissionais envolvidos (JAY, 1994).

Dos 8746 surtos identificados entre os anos de 2000 e 2013 de acordo com os

Dados Epidemiológicos em DTA (BRASIL, 2013), S. aureus esteve envolvido como

agente etiológico em 763 surtos correspondendo a 19,71% do total dos surtos sendo

o segundo microrganismo mais incriminado em surtos alimentares.

2.7.4 Salmonella

Atualmente as infecções causadas pelas bactérias do gênero Salmonella são

mundialmente consideradas como as mais importantes causas de doenças

transmitidas por alimentos (GERMANO e GERMANO, 2001). Segundo Santos et al.

(2002), a salmonelose é uma das zoonoses com maior impacto sobre a Saúde Pública

em todo o mundo, devido à elevada endemicidade, alta morbidade e, sobretudo, pela

dificuldade no controle. Além disso, esta toxinfecção ocasiona maior número de óbitos

do que aquelas causadas por outros microrganismos.

O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e são bacilos

gram-negativos, não formadores de esporos, anaeróbios facultativos, (GERMANO e

GERMANO, 2001). Segundo Campos et al. (1999), são reconhecidas duas espécies,

S. bongori e S. enterica, sendo que esta última apresenta 6 subespécies. Atualmente

são referidos aproximadamente 2.400 sorotipos de salmonelas, dentre os quais 1.367

pertencem à subespécie enterica. Dentro desta subespécie estão contidos cerca de

99,5% dos sorotipos mais comumente isolados.

Para Franco e Landgraf (2008), a salmonelose está entre uma das toxinfecções

alimentares mais importantes, sendo que esta doença é causada por bactérias do

gênero da Salmonella. O gênero Salmonella é amplamente distribuído na natureza,

sendo o trato intestinal do homem e dos animais o principal reservatório natural. Em

função da sua capacidade de disseminação no meio ambiente, essa bactéria pode ser

isolada de locais variados, e consequentemente, de diversas matérias-primas

alimentares. Pode, ainda, ser veiculada pelo próprio homem sem sintomas clínicos,

sendo neste caso caracterizada a condição de portador assintomático (JAKABI et al.,

1999).

As doenças causadas por Salmonella podem ser subdivididas em três grupos:

a febre tifóide, doença que tem como agente etiológico a Salmonella Typhi; as febres

41

entéricas que são causadas por Salmonella Paratyphi, e as enterocolites ou

salmoneloses, que são ocasionadas pelos demais sorotipos de Salmonella (FRANCO

e LANDGRAF, 2008).

Segundo Silva Jr. (2008), a temperatura para multiplicação das salmonelas

varia de 8°C a 47°C. Abaixo de 7°C, para a maioria dos sorotipos não há multiplicação,

sendo prontamente destruídas em temperaturas acima de 55°C.

Um outro fator que afeta diretamente o desenvolvimento das salmonelas é a

atividade de água, pois os microrganismos necessitam de água na forma disponível

para seu metabolismo e multiplicação. Embora o limite mínimo de atividade de água

seja de 0,94, as salmonelas podem sobreviver por até mais de um ano em alimentos

com baixa atividade de água como chocolate, pimenta do reino, manteiga de

amendoim, entre outros. O pH também é um fator determinante para o

desenvolvimento das salmonelas. O pH mínimo para a multiplicação da Salmonella

fica entre 4,5 a 5,0, sendo o pH ótimo entre 6,0 e 7,5 e o pH máximo entre 8,0 e 9,6

(GERMANO e GERMANO, 2001).

As salmonelas estão amplamente distribuídas na natureza, sendo o trato

intestinal do homem e de animais o principal reservatório natural. Entre os animais as

aves (galinhas, perus, patos e gansos) são o reservatório mais importante, mas

suínos, bovinos, equinos, outros mamíferos domésticos e silvestres, bem como

répteis, também apresentam salmonelas. O homem é o único reservatório natural de

S. typhi e S. paratyphi (FRANCO e LANDGRAF, 2008).

Salmonella é o agente etiológico com o maior número de surtos registrados

entre os anos de 2000 e 2013 de acordo com os Dados Epidemiológicos em DTA

(BRASIL, 2013) com um total de 1.525 surtos correspondendo a 39,4% dos 8746

surtos.

Para Lima e Reis (2002), o pescado desempenha papel importante na

transmissão de doenças de origem alimentar. Para o controle e prevenção destas

doenças o uso de indicadores de contaminação ambiental e fecal, através da

enumeração de coliformes e pesquisa de Salmonella spp., tem para a saúde pública

grande importância, sendo essencial sua detecção para a determinação da qualidade

do produto.

42

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52

Capitulo 2 – Elaboração e caracterização de linguiça frescal de tambaqui

(Colossoma macropomum)

Fernando Sleder, Daiane Alves Cardoso, Janessa Sampaio de Abreu, Luciana Kimie

Savay da Silva, Anderson Castro Soares de Oliveira, Edivaldo Sampaio de Almeida

Filho

Resumo

Geralmente a comercialização do pescado ainda é feita com o peixe inteiro resfriado

ou congelado, sem que haja nenhum processamento para agregar valor e

conveniência. Produtos processados possuem atributos sensoriais diferenciados além

de facilidade no preparo. O objetivo deste trabalho foi elaborar e caracterizar, através

de análises físico-químicas, microbiológicas e sensoriais, um embutido a base de

tambaqui (Colossoma macropomum). Foram desenvolvidas três formulações, que

distinguiam entre si com relação ao percentual de gordura: 0%, 4,5% e 9%. Para

determinação da vida de prateleira, amostras dos produtos foram armazenadas sob

refrigeração 4°C por 12 dias e realizaram-se análises microbiológicas nos dias 0, 3, 7

e 12. Foram realizadas análises de composição centesimal, força de cisalhamento,

perda de peso por cocção e capacidade de retenção de água. O prazo de validade

dos embutidos foi estimado em 7 dias de estocagem. Os tratamentos apresentaram

altos índices de aceitação, acima de 80%, porém, o tratamento com 9% de gordura

apresentou as maiores médias nos atributos avaliados. A composição centesimal dos

tratamentos apresentou as seguintes variações em g/100g: umidade 72,73 a 68,82;

proteína 18,85 a 18,90; lipídeos 2,90 a 8,33 e cinza 3,86 a 4,20. A força de

cisalhamento oscilou de 5,92 a 8,14 N; a capacidade de retenção de água variou de

71,83 a 74,71% e a perda de peso por cocção de 24,21 a 26,59%.

Palavras-chave: pescado, linguiça, vida de prateleira, sensorial.

53

Abstract

In general, fish is still sold in its entirety (whole body) cooled or frozen, with no previous

processes included to add value and convenience. Processed products have different

sensory attributes, in addition to ease of preparation. The objective of this study was

to develop and characterize, through physicochemical, microbiological and sensory

traits, a sausage based on tambaqui fish (Colossoma macropomum). Three

formulations, different as to the percentage of fat — 0, 4.5, and 9% — were developed.

To determine shelf life, samples of the products were stored refrigerated at 4 ºC for 12

days and microbiological analyses were performed on days 0, 3, 7, and 12. Analyses

of centesimal composition, shear force, cooking weight loss and water-holding capacity

were carried out. The expiration date of the sausages was estimated as seven days of

storage. The treatments showed high acceptance rates, above 80%; however, the

treatment with 9% fat showed the highest mean values in the evaluated attributes. The

centesimal composition of the treatments showed the following variations in g/100 g:

moisture, 72.73 to 68.82; protein, 18.85 to 18.90; lipids, 2.90 to 8.33; and ash, 3.86 to

4.20. Shear force varied from 5.92 to 8.14 N; water-holding capacity varied from 71.83

to 74.71%; and cooking weight loss, from 24.21 to 26.59%.

Index terms: fish, sausage, shelf life, sensory

1 Introdução

O consumo de pescado e produtos derivados tem aumentado de forma

consistente nos últimos anos, pois cada vez mais estão sendo reconhecidos como

importantes fontes de nutrientes para a saúde humana. (GONÇALVES, 2011). Para

Burger (2008) o valor nutricional do pescado e a divulgação de estudos que o

associam com melhorias para a saúde têm causado um aumento do interesse por

esse alimento. Em sua pesquisa realizada com o intuito de obter dados sobre

consumo e conscientização sobre o pescado, constatou que mais de 90% dos

entrevistados tinham ouvido falar sobre os benefícios do pescado.

A comercialização do pescado ainda é feita com a peça inteira resfriada ou

congelada, sem que haja nenhum processamento para agregar valor ao produto. Além

do emprego do frio, existem outras formas de processamento que podem ser usadas

no pescado. Produtos processados possuem atributos sensoriais diferenciados, como

sabor, textura e facilidade de preparo (LARA et al., 2007).

54

Apesar do pescado apresentar propriedades nutritivas adequadas e o seu

consumo estar associado com uma vida saudável, é um produto que tem apresentado

restrições no consumo e os motivos para tal fato são: versatilidade, relevância

situacional, propriedades negativas (espinhas e odor), fatores econômicos e

conveniência (LEEK et al., 2000). Os autores sugerem que ações de marketing e mais

pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos são necessárias.

Os produtos alimentícios que poupem tempo e que sejam práticos no preparo,

fazem-se presentes nos supermercados e nos lares, em função do estilo de vida

contemporâneo. As pessoas necessitam de produtos de preparo fácil e rápido e as

vezes em menores porções (BRUNNER et al., 2010). Scholderer & Trondsen (2008)

relatam que o pescado na forma fresca, recém capturado, resfriado ou congelado

inteiro é citado como um alimento inconveniente. Entretanto, produtos desenvolvidos

à base de pescado não são assim considerados, por apresentar praticidade e

conveniência. Os autores indicaram que há uma relação inversa entre o consumo de

produtos de pescado e o consumo de pescado fresco. Essas avaliações negativas

propiciam a substituição da forma como o pescado tradicional é oferecido ao

consumidor por produtos processados.

Diante do exposto e considerando a necessidade do desenvolvimento de novos

produtos derivados de pescado o objetivo deste trabalho foi elaborar e caracterizar

um embutido a base de tambaqui (Colossoma macropomum) com diferentes teores

de gordura através de análises físico-químicas, microbiológicas e sensoriais.

2 Material e Métodos

A matéria-prima utilizada para este estudo foram 64 peixes da espécie

tambaqui (Colossoma macropomum), proveniente do setor de piscicultura da Fazenda

Experimental (15°51'06.0"S; 56°04'13.9"W) da Universidade Federal de Mato Grosso

situada no município de Santo Antônio do Leverger, no Estado de Mato Grosso, Brasil.

Após o procedimento de despesca os peixes foram insensibilizados e abatidos por

termonarcose, lavados com água clorada (5ppm), e transportados em caixas

isotérmicas com gelo para o laboratório de higiene e tecnologia do pescado da UFMT,

onde foram eviscerados e foi retirada a porção cárnea dos mesmos.

Com objetivo de aferir o grau de frescor da matéria prima foram realizadas

análises de Potencial Hidrogeniônico (pH) (Pregnolatto & Pregnolatto, 1985) e Bases

Nitrogenadas Voláteis Totais (BNVT) (Brasil, 1981).

55

2.1 Elaboração da linguiça

Para a elaboração do embutido a porção cárnea foi moída em moedor com

diâmetro de 8 mm, obtendo-se uma massa homogênea. Após a moagem foi feita a

mistura dos demais ingredientes à massa e posteriormente homogeneização até a

completa incorporação dos mesmos. Foram desenvolvidas três formulações de

linguiça, variando apenas a concentração de gordura das mesmas. Na formulação

controle (C) não houve adição da gordura (toucinho suíno). Nas demais formulações

foi feita a adição de gordura nas seguintes concentrações 4,5% (F1), 9% (F2). Os

ingredientes utilizados foram: sal de cozinha, cebola, alho, salsa, manjericão, pimenta

do reino, orégano, glutamato monossódico, ácido cítrico, sais de cura emulsificante e

estabilizante.

Para o embutimento foi utilizada tripa natural suína com calibre de 36 mm. O

embutido foi acondicionado em caixas plásticas identificadas de acordo com cada

tratamento e armazenadas em temperatura de refrigeração (4°C ± 0,5ºC) até o

momento das análises físico-químicas, microbiológicas e sensorial.

2.2 Análises Físico-químicas

A determinação da composição centesimal foi realizada em amostras da porção

cárnea do tambaqui e nos embutidos elaborados, a saber: umidade, proteína bruta,

cinza e lipídeos totais, de acordo com Brasil (2011). O teor de carboidratos foi obtido

por cálculo de diferença e o valor calórico foi determinado multiplicando-se o teor de

lipídeos por 9 e o teor de proteínas e carboidratos por 4 (Brasil, 2003).

Para a avaliação instrumental da textura utilizou-se o texturômetro Stable Micro

System, modelo TA.XT/Plus. As linguiças foram assadas à temperatura de 170°C, até

que a temperatura interna atingisse 70°C, após foram resfriadas em temperatura

ambiente e cortadas em cilindros de 20 mm de comprimento e submetidas à

determinação da Força de Cisalhamento (FC) pela utilização do probe Warner-

Bratzler, movendo-se a uma velocidade de pré-teste de 1,0 mm/s; velocidade de teste

de 2,0 mm/s; velocidade de pós-teste de 10,0 mm/s; distância da amostra de 65 mm.

Foram realizadas 5 medições para cada tratamento. Os resultados foram expressos

em Newton (N) para a força máxima necessária para o corte das amostras.

56

A mensuração da Capacidade de Retenção de Água (CRA) foi realizada

empregando-se a metodologia descrita por Ramos & Gomide (2009). Para o cálculo

da Perda de Peso por Cocção (PPC), foi utilizada a metodologia descrita por

Koohmaraie et al. (1998).

2.3 Análises microbiológicas

As análises microbiológicas foram realizadas na porção cárnea, para

determinar a condição higiênico-sanitária da matéria prima e em amostras das três

formulações de embutido nos dias 0, 3, 7 e 12 de armazenamento refrigerado a 4°C,

a fim de acompanhar o crescimento microbiológico. As análises compreenderam a

contagem de coliformes totais e contagem de coliformes termotolerantes, pesquisa de

Salmonella spp., contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas, e

contagem de bactérias heterotróficas aeróbias psicrotróficas e pesquisa e

identificação de Staphylococcus coagulase positiva. Foram adotadas as metodologias

da American Public Health Association descritas na 3ª Edição do Compendium of

Methods for the Microbiological Examination of Foods (Downes & Ito, 1992).

2.4 Análise sensorial

A avaliação sensorial das amostras de linguiça foi realizada através de um teste

afetivo de aceitação utilizando uma escala hedônica estruturada de cinco pontos,

variando de “gostei muito” (nota 5) à “desgostei muito” (nota 1). Os atributos avaliados

foram: aroma, cor, sabor, suculência, textura e aparência global (Faria & Yotsuyanagi,

2008).

As amostras foram previamente assadas em forno a gás, mantidas aquecidas

até o momento da análise sensorial e apresentadas ao avaliador em copos plásticos

descartáveis identificados com algarismos de três dígitos aleatórios. Foi avaliada

também a intenção de compra dos provadores, buscando averiguar se esses

comprariam os produtos. Os participantes foram constituídos de 84 provadores não

treinados, de ambos os sexos entre alunos, professores e servidores da UFMT. Este

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, da UFMT

(protocolo CAAE 36002614.0.0000.5541).

2.5 Análise Estatística

57

Para as análises físico-químicas, o experimento foi instalado segundo um

Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC), em que os tratamentos foram

constituídos de 3 níveis de gordura com 6 repetições, totalizando 18 observações. Foi

realizada Análise de variância (ANOVA) e comparação de médias através do teste de

Scott-Knott.

Para as análises microbiológicas, foi utilizado um DIC, em esquema fatorial, em

que os fatores foram constituídos de 4 tempos de vida de prateleira e 3 níveis de

concentrações de gordura. Foi calculada a ANOVA e o teste de comparação de

médias. Para verificar a pressuposições da ANOVA foram realizados o teste de

Shapiro-Wilk para normalidade dos erros, e o teste de Barllet para homogeneidade de

variância. Detectada a diferença entre os tempos foi utilizada análise de regressão.

Na análise sensorial foi instalado um delineamento em blocos casualizados em

que os tratamentos foram constituídos dos 3 níveis de gordura. Para cada tratamento

foram utilizados 84 blocos (provadores não treinados), totalizando assim 252

observações. As variáveis medidas foram: cor, sabor, suculência, textura, aroma e

aparência global. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA não paramétrica

por meio do teste de Friedman.

3 Resultados e Discussão

3.1 Avaliação da qualidade da matéria prima

Os resultados das análises microbiológicas realizadas na porção cárnea

utilizada no preparo dos embutidos mostraram a boa qualidade higiênico sanitária da

mesma. Observou-se para contagem de coliformes totais, termotolerantes,

Staphylococcus coagulase positiva, valores < 1 log UFC/g e ausência em 25 g para

pesquisa de Salmonella sp., estando estes valores de acordo com os limites tolerados

pela legislação (BRASIL, 2001). Já as bactérias heterotróficas aeróbicas mesófilas e

psicrotróficas encontraram-se em valores médios entre 3,3 e 1,5 log UFC/g,

respectivamente. No Brasil não existe padrão para contagem de bactérias mesófilas

e psicrotróficas em peixes, no entanto a Comissão Internacional de Especificações

Microbiológicas para Alimentos (ICMSF, 1986) recomenda que a população destas

bactérias em alimentos destinados ao consumo humano não ultrapasse 7,0 log

UFC/g.

58

O resultado médio obtido para BNVT para as amostras avaliadas da porção

cárnea foi de 13,02mg de N/100g. A quantificação das BNVT é preconizada nos

procedimentos de fiscalização de qualidade do pescado por diversos órgãos oficiais,

como o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal, RIISPOA, (Brasil, 1952) e Association of Official Analytical Chemists (AOAC,

2012). Pela legislação brasileira o limite máximo tolerado para o pescado ser

comercializado é de 30mg de N/100g (Brasil, 1997).

Com relação ao pH a matéria prima estava em conformidade com previsto no

RIISPOA (Brasil, 1952), onde o pescado é considerado fresco quando o pH varia de

6,8 a 6,5. O valor médio de pH da porção cárnea foi de 6,6, atestando a qualidade dos

mesmos.

No que se refere à composição centesimal da porção cárnea de tambaqui os

resultados médios obtidos foram de 77,65g/100g para a umidade; 18,81g/100g para

a proteína; 2,16g/100g de gordura e 1,25g/100g de cinza; perfazendo um valor

calórico de 95,2 Kcal/100g. Os resultados obtidos estão de acordo com os

encontrados por Cartonilho & Jesus (2011) que estudaram a composição proximal de

cortes congelados de tambaqui cultivado.

3.2 Análises físico-químicas da linguiça

Conforme os resultados apresentados na Tabela 4 os valores encontrados nas

três formulações de linguiça, para carboidratos, proteínas e cinza pouco variaram

entre si e não houve diferença estatística significativa (p>0,05) entre as médias dos

mesmos para os diferentes tratamentos. Entretanto observou-se aumento significativo

(p<0,05) nos valores médios de lipídios e valor calórico a medida que se aumentou o

teor de gordura adicionada. O tratamento F2 apresentou o maior teor de lipídeos e

consequentemente o maior valor calórico.

Tabela 4. Composição centesimal das diferentes formulações de linguiça.

Formulações Umidade* Proteínas* Lipídeos* Cinza* Carboidratos* Valor

Calórico**

C 72,73a 18,88a 2,90a 4,20a 1,277a 106,697a

F1 71,05b 18,90a 5,45b 4,04a 1,300a 130,492b

F2 68,82c 18,85a 8,33c 3,86a 1,277a 155,475c

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de significância. C= 0% de adição de gordura; F1=4,5% de adição de gordura; F2=9% de adição de gordura; * g/100g; ** K/cal.

59

Os valores de umidade apresentaram-se inversamente proporcional ao teor de

gordura. Com o aumento da concentração de gordura adicionada às formulações,

diminuiu-se a quantidade de carne, o que possivelmente explicaria a redução do teor

de umidade, pois o resultado médio da umidade da porção cárnea usada nas

formulações foi de 77,65g/100g.

Não há legislação específica para a embutidos de pescado no Brasil, porém a

legislação para linguiças frescais solicita uma quantidade máxima de 70% de umidade

e 30% de gordura; e o mínimo de 12% de proteína (Brasil, 2000). Os resultados

encontrados neste estudo mostram que os tratamentos C e F1 apresentaram um teor

de umidade acima do limite estabelecido pela legislação e o tratamento F2 atendeu

ao preconizado pela legislação.

Os valores para composição centesimal encontrados neste trabalho são

similares ao verificado em outras pesquisas com embutido a base de peixe; porém,

Chuapoehuk et al. (2001) encontrou uma variação para proteínas de 13,67 a 13,91

g/100g; e Bispo et al. (2004): 16,54 g/100g para lipídios.

Estudos demonstram que a textura está relacionada com a composição

centesimal dos produtos cárneos, variando com o seu teor de água (COFRADES et

al., 2000); proteína e gordura (CENGIZ & GOKOGLU, 2007). Segundo Colmenero et

al. (1995) e Lee et al. (1997) maiores teores de gordura implicam na diminuição dos

atributos de textura, fato que ocorre principalmente quando o aumento da gordura é

acompanhado pela diminuição no teor de proteínas e de água das formulações. No

presente trabalho a FC foi significativamente menor (p<0,05) no tratamento F2 (Tabela

5) comprovando-se que quanto maior o teor de gordura dos tratamentos menor

textura. Huda et al. (2012) em sua pesquisa comparou cinco amostras comerciais de

embutido de peixe e encontrou valores para FC indo de 5,29 a 10,98 N.

A PPC, assim como a CRA, não diferiram estatisticamente entre os tratamentos

(p>0,05) (Tabela 5). A CRA é definida como a capacidade da carne em reter a água,

mesmo quando aplicado pressões externas a ela, como corte, aquecimento, trituração

e prensagem. Excesso de perda resulta em prejuízos econômicos de várias maneiras,

tanto para os consumidores como para a indústria. Além da água, proteínas e

vitaminas são compostos carreados com perda da umidade, podendo influenciar

características de processamento. A CRA da carne está relacionada inversamente

com a PPC (Huff-Lonergan & Lonergan, 2005), quanto maior a CRA menor a PPC,

conforme demostrado no presente estudo.

60

Tabela 5. Análises físicas das diferentes formulações de linguiça.

Médias

Formulações FC (N) CRA (%) PPC (%)

C 8,14 a 74,61 a 24,21 a

F1 7,67 a 71,83 a 26,59 a

F2 5,92 b 74,71 a 25,57 a

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de significância. N= Newton, C= 0% de adição de gordura, F1=4,5% de adição de gordura, F2=9% de adição de gordura, FC= força de cisalhamento, CRA= capacidade de retenção de agua, PPC= perda de peso por cocção.

3.3 Análises microbiológicas da linguiça

Os resultados das análises microbiológicas estão apresentados na Tabela 6.

Microrganismos patogênicos (S. aureus coagulase positiva e Salmonella sp.) não

foram detectados nos tratamentos durante os 12 dias de armazenamento a 4°C.

Para coliformes totais e termotolerantes verifica-se que não houve diferença

estatística (p> 0,05) entre os diferentes tratamentos (Tabela 6). Nas figuras 4 e 5 estão

representados o modelo de regressão para ambos, respectivamente.

A contagem de bactérias psicrotróficas presentes nas linguiças mostraram uma

multiplicação crescente do dia zero até o décimo segundo dia de estocagem

refrigerada sem diferença significativa entre os tratamentos (p>0,05) (Tabela 6). Em

embutido elaborado com Nemipterus japonicus (RAJU et al., 2003), aumento na

contagem bacteriana psicrotrófica somente foi observada a partir de 30 dias de

armazenamento a 6°C. Na figura 6 está representado o modelo de regressão para

bactérias psicrotróficas.

Figura 4. Modelo de regressão de coliformes totais em função dos dias estocagem.

61

Figura 5. Modelo de regressão de coliformes termotolerantes em função dos dias

estocagem.

Figura 6. Modelo de regressão de bactérias psicrotróficas em função dos dias de

estocagem.

As bactérias mesófilas apresentaram uma contagem maior que as bactérias

psicrotróficas nos três tratamentos no dia zero, no entanto quando o embutido foi

submetido a refrigeração essa contagem diminuiu por conta da ação da temperatura

sobre essa classe bacteriana, que notadamente cresce em temperatura ambiente

(Tabela 3). Na figura 7 está representado o modelo de regressão para bactérias

mesófilas. De acordo com os resultados apresentados somente no dia 3 verificou-se

que os embutidos com gordura (F1 e F2) apresentaram significativamente maiores

contagens de bactérias mesófilas que o embutido sem gordura (C) (p<0,05), sem

diferença significativa nos demais tempos (p>0,05).

62

Na legislação brasileira (Brasil, 2001), não há normas específicas estabelecidas

para embutidos de pescado, porém, para produtos à base de pescado refrigerados ou

congelados os limites para a contaminação bacteriana são: coliformes

termotolerantes, no máximo de 103 UFC/g; Staphylococcus coagulase positiva,

máximo de 103 UFC/g e Salmonella, ausência em 25g de amostra. Não há limites

para contagem de coliformes totais e bactérias aeróbias mesófilas e psicrotróficas.

Figura 7. Modelo de regressão de bactérias mesófilas em função dos dias de

estocagem.

No entanto, a ICMSF (1986) recomenda que a população destas bactérias em

alimentos destinados ao consumo humano não ultrapasse 7,0 Log UFC/g. Stannard

(1997) estabelece um limite mínimo e máximo para contagem de bactérias mesófilas

e psicrotróficas de 5 a 7 Log UFG/g respectivamente sendo que resultados acima do

valor mínimo indicam a deterioração e não aceitação dos produtos cárneos. Portanto,

todos os tratamentos permaneceram dentro dos limites estabelecidos pela literatura

até o sétimo dia de armazenamento refrigerado, estando aptos ao consumo até esse

período.

Oliveira Filho et al. (2010) não detectaram microrganismos patogênicos

(Staphylococcus aureus e Salmonella sp.) em embutido a base de minced fish de

tilápia do Nilo (O. niloticus) e a população de coliformes totais no embutido avaliado

pela Método de Número mais Provável (NMP) foi de <3 NMP g-1. Além disso, segundo

estes autores, a população de bactérias psicrotróficas presentes mostraram uma

multiplicação bastante pronunciada após 40 dias de armazenamento a 0°C.

63

Tabela 6. Análises microbiológicas das diferentes formulações de linguiça.

Coliformes totais*

Formulações Dia 0 Dia 3 Dia 7 Dia 12

C 2,32 a 2,28 a 2,93 a 3,5 a

F1 3,35 a 2,37 a 2,94 a 4,39 a

F2 2,5 a 2,2 a 3,69 a 4,1 a

Coliformes termotolerantes*

Formulações Dia 0 Dia 3 Dia 7 Dia 12

C 1,3 a 1,4 a 1,6 a 1,8 a

F1 1,4 a 1,26 a 1,36 a 2,26 a

F2 1,2 a 1,3 a 1,5 a 2,2 a

Mesófilos*

Formulações Dia 0 Dia 3 Dia 7 Dia 12

C 4,51 a 2,77 a 4,38 a 5,58 a

F1 3,27 a 3,74 b 5,00 a 6,61 a

F2 3,34 a 4,31 b 5,07 a 6,81 a

Psicrotróficos*

Formulações Dia 0 Dia 3 Dia 7 Dia 12

C 2,33 a 3,76 a 4,2 a 6,1 a

F1 1,35 a 3,65 a 5,3 a 7,3 a

F2 1,82 a 7,7 a 5,66 a 7,3 a

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de significância. C= 0% de adição de gordura, F1=4,5% de adição de gordura, F2=9% de adição de gordura. * log de UFC/g.

3.4 Análise sensorial da linguiça

A análise sensorial demonstrou que os tratamentos tiveram uma boa aceitação

pelos provadores. Considerando o índice de aceitabilidade médio dos atributos para

cada tratamento (Tabela 7) percebe-se que todos apresentaram índices de

aceitabilidade superiores a 80%. De acordo com Dutcosky (2011), o índice de

aceitabilidade de 70% é a porcentagem mínima para que um produto seja considerado

aceito, em termos de características sensoriais. Contudo, ressalta-se que as maiores

médias de aceitabilidade foram evidenciadas no tratamento F2, elaborado com a

maior concentração de gordura, seguido pelo F1, com nível intermediário de gordura

e por último o tratamento C, com nenhuma adição de gordura, sugerindo maior

preferência, por parte dos julgadores pelo embutido com maiores teores de gordura.

Segundo Juárez et al. (2012), a gordura tem um papel importante na aceitabilidade da

carne, além de ser associada com sabor, maciez e suculência, a gordura fornece a

lubrificação entre as fibras musculares aumentando a percepção de maciez e

64

suculência da carne. Neiva et al. (2011) e Veit et al. (2012) também encontraram altos

índices de aceitação em produtos desenvolvidos a base de pescado.

A intenção de compra dos participantes com também foi questionada na análise

sensorial. Com relação ao tratamento C, 34,5% disseram que decididamente

comprariam. Para o tratamento F1 a intenção de decididamente comprar foi de 37%.

Já o tratamento F2 obteve a maior porcentagem de provadores decididos a adquirir,

acumulando 61% das intenções de compra. Neste aspecto foi verificada uma

crescente intenção de compra à medida em que se aumentou a concentração de

gordura nos tratamentos.

Tabela 7. Índices de aceitabilidade dos atributos sensoriais das diferentes formulações.

Índice de Aceitabilidade (%)

Formulações Aroma Cor Sabor Suculência Textura Aparência Global

C 82,8 80,2 85,4 83,2 82,6 83,2

F1 85,6 81 86,6 87 85,2 82,2

F2 86,6 83,4 92 88,2 87,2 85,8

C= 0% de adição de gordura, F1=4,5% de adição de gordura, F2=9% de adição de gordura.

Conforme a Tabela 8, as médias das notas dadas pelos provadores para os

atributos aroma, cor e aparência global não apresentaram diferença estatística

significativa ao nível de significância de p=0,08112; p=0,6712 e p=0,1712

respectivamente. Para o atributo sabor, o tratamento com maior adição de gordura

(T2) apresentou nota média significativamente maior (p =0,01009) que os demais.

Embutidos com gordura (F1 e F2) apresentaram nota média para o atributo suculência

significativamente maior (p =0,01469) que o grupo controle, sem adição de gordura.

Tabela 8. Teste de comparação de médias para os atributos das diferentes formulações.

Atributos

Formulações Aroma Cor Sabor Suculência Textura Aparência

Global

C 4,143 a 4,012 a 4,274 a 4,167 a 4,131 a 4,167 a

F1 4,286 a 4,059 a 4,333 a 4,357 b 4,262 a 4,119 a

F2 4,333 a 4,178 a 4,607 b 4,417 b 4,369 a 4,298 a

Médias seguidas de letras iguais, na mesma coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de significância. C= 0% de adição de gordura, F1=4,5% de adição de gordura, F2=9% de adição de gordura.

65

4 Conclusão

Todos os tratamentos avaliados apresentaram elevado valor nutricional, com

importante destaque para os teores de proteína. Além disso, apresentaram condições

microbiológicas satisfatórias até o sétimo dia de armazenamento refrigerado. Houve

também, alta aceitabilidade sensorial para todos os tratamentos, em relação aos

atributos avaliados, havendo maior preferência pelo tratamento com maior quantidade

de gordura. As intenções de compra superiores a 60%, para este tratamento, reforçam

o potencial mercadológico deste embutido, com perspectiva de inserção de um novo

produto no mercado.

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