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Depois de uma semana celebrações religiosas dedicadas a Nossa Senhora do Castelo, o fogo-de-artifício sobre o rio, no sábado, dia 14, marca simbolicamente o arranque da parte profana das festas de Coruche, onde são esperados milhares de visitantes até 18 de Agosto. Actividades taurinas para todos os gostos, o cortejo etnográfico e os espectáculos musicais são os principais motivos para uma visita à capital do Sorraia. especial textos e fotos: João Nuno Pepino e Vânia Clemente coruche Festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo

Festas Coruche 2010

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Suplemento O Ribatejo FEstas Senhora do Castelo Coruche 2010

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Depois de uma semana celebrações religiosas dedicadas a Nossa Senhora do Castelo, o fogo-de-artifício sobre o rio, no sábado, dia 14, marca simbolicamente o arranque da parte profana das festas de Coruche, onde são esperados milhares de visitantes até 18 de Agosto. Actividades taurinas para todos os gostos, o cortejo etnográfico e os espectáculos musicais são os principais motivos para uma visita à capital do Sorraia.

especial textos e fotos: João Nuno Pepino e Vânia Clementecoruche

Festas em Honra de Nossa Senhora

do Castelo

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ESPECIAL CORUCHE | FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO

UMA DAS DEZ MAIORES COMISSÕES DE FESTAS DO PAÍS

A Comissão de Fes-tas propriamente dita é composta apenas por 11 elementos, a quem se junta sempre um grupo de cerca de 30 a 40 vo-luntários e amigos, mais coisa menos coisa, que ajudam a montar toda a estrutura e colaboram durante as actividades.

“Para um volume tão grande de trabalho a que é preciso responder, até nem se pode consi-derar um grupo muito grande”, adianta Paulo Tomar, que, além de ser presidente no primeiro ano de mandato, é tam-bém o elemento mais ve-lho e membro fundador desta comissão, forma-da em 2001. “Só há uma forma de ter uma noção do trabalho que as festas envolvem: é passar por isto”, acrescenta o res-ponsável,

Tendo em conta o vo-lume financeiro que mo-vimenta, a Comissão de Festas de Coruche é uma das dez maiores do país. “Somos das maiores en-quanto entidades priva-das sem fins lucrativos que organiza festas po-pulares, uma vez que muitos festejos são ainda da responsabilidade das Câmaras ou empresas municipais”, explica Pau-lo Tomaz, acrescentando que a descoberta foi feita “por via fiscal”. “Foi uma enorme surpresa, porque não sabíamos. Em 2005, o governo legislou uma tributação fiscal para a organização de festas populares e romarias, que teve dois anos de ca-rência. Ora, em 2007, fi-cámos logo a saber quan-do fomos chamados para ser fiscalizados”, recorda Paulo Tomaz.

“Defender as tradições é o único caminho para fugir à aculturação”Comissão de festas ∑ Espectáculos taurinos de cariz popular regressam em grande força a Coruche

Uma picaria à vara lar-ga, algo que já não se realiza em Coruche há mais de 60 anos, é uma das grandes novidades da chamada vertente profana do programa das festas em honra de Nossa Senhora do Castelo. Paulo Tomaz, presidente da Comissão de Festas, encara com gran-de expectativa este even-to, que será “o reavivar de uma das manifestações mais genuínas que temos cá no concelho”. “Vai fazer lembrar tempos idos, em que os campinos levavam os toiros pelos campos até perto do rio, e onde os li-davam em espaço aberto, à vara larga”, explica o res-ponsável.

A picaria terá lugar na segunda-feira, 16 de Agos-to, na Vinha das Baleias, um espaço cedido à Co-missão de Festas pela Cai-xa de Crédito Agrícola Mú-tuo de Coruche, e que será o centro nevrálgico das ac-tividades taurinas prepara-das pela organização. “Há vários anos que precisáva-mos de um espaço assim, para desenvolver o nosso

trabalho com condições logísticas muito melhores”, afirma Paulo Tomaz, ex-plicando que também será na Vinha das Baleias que vão terminar as entradas de toiros pelas ruas da vila e que serão montados to-dos os espaços necessários para guardar o gado antes e depois das largadas, em condições de segurança.

Ao longo dos últimos

anos, as tradições taurinas têm ganho um relevo cada vez maior e são hoje, sem dúvida, uma das matrizes centrais das festas e um dos elementos mais for-tes da sua programação, a par do fogo-de-artifício, da procissão ou do cortejo et-nográfico e do trabalho. A festa brava sempre fez par-te dos usos e costumes an-cestrais dos coruchenses e

o reavivar destas tradições deve-se ao trabalho que a Comissão de Festas tem desenvolvido desde que foi criada, em 2001. “Nos dias de hoje, com o fenómeno da globalização, a única hipótese que temos para não nos deixarmos acul-turar é defender as nossas tradições”, defende Paulo Tomaz, para quem “num espaço tão pequeno como

é o mundo de hoje, se não vincarmos as nossas ori-gens, passamos a ser iguais a todos os outros”. “Espec-táculos com artistas, ilu-minação nas ruas e fogo-de-artifício encontram-se desde Faro a Vila Real. Se há algo que nos faz genuí-nos, é esta vertente taurina popular”, concluiu, rejei-tando a ideia de “haver toi-ros a mais nas festas”.

Apesar da contenção orçamental, “o programa deste ano é digno de umas festas como as de Coruche, dada a sua importância, di-mensão e peso histórico, e estamos certos que vão honrar a vila e a sua popula-ção”, garante Paulo Tomaz. O orçamento da edição de

2010 anda entre os 190 e os 200 mil euros, em que 90 mil euros são um apoio di-recto por parte da Câmara Municipal e o restante é re-colhido pela Comissão de Festas junto de patrocina-dores, empresas, particula-res e aluguer de espaço no recinto dos festejos.

No entanto, o apoio anu-al da autarquia foi reduzido em 10 mil euros (passou dos habituais 100 mil para 90 mil euros), tal como consta do plano de contenção fi-nanceira definido pelo mu-nicípio. “Só lamentamos o timing em que essa redução nos foi transmitida, apesar

de compreendermos per-feitamente a necessidade de apertar o cinto”, afirma o presidente, explicando que o corte “obrigou a comissão a ser mais rigorosa e a defi-nir bem onde gastar o di-nheiro, que é pouco”. Paulo Tomaz destaca que o cartaz de espectáculos musicais

é “forte”, com Rui Veloso, Boss AC e Orquestrada, o número de actividades li-gadas à festa brava, e o fogo-de-artifício, que este ano é inteiramente assumido pela Comissão de Festas, e que será “um grande espectá-culo visual de luz e cor nos céus de Coruche”.

Contenção orçamental não vai ensombrar a festa

A Do programa deste ano, Paulo Tomaz destaca a realização de uma picaria à vara larga

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FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO | ESPECIAL CORUCHE

DUAS GRANDIOSAS CORRIDAS DE TOIROS

A edição 2010 das Fes-tas em honra da Nossa Senhora do Castelo volta a receber duas grandio-sas corridas de toiros. A primeira dia 14 de Agos-to, às 18h00, com os ca-valeiros António Ribeiro Telles, João Salgueiro e António Ferreira e ainda os forcados de Coruche e Alcochete. Dia 17, será dia de grande toirada de toiros à portuguesa, com os cavaleiros Rui Fernandes, João Ribeiro Telles Júnior e Isabel Ra-mos, com a presença dos forcados amadores de Coruche e seis grandes toiros, das ganadarias Pissanha e Inácio Ramos.

Rui Veloso é o cabeça de cartazAnimação ∑ Mariza Duvall, Oquestrada, Rui Veloso e Boss AC prometem festa rija

Coruche recebe até dia 18 de Agosto as Festas em honra de Nossa se-nhora do Castelo. Dia 13 de Agosto é o dia oficial da inauguração das festas, às 18h00, no Parque do Sor-raia e às 22h00, a banda da Sociedade de Instru-ção Coruchense anima-rá a esplanada do Caste-lo, seguida do desfile de fanfarras dos bombei-ros e ainda o espectácu-lo da banda FS, no palco das tasquinhas. Dia 14, é dia de última novena das festas religiosas, para dar então começo às festas profanas. Durante a tarde realiza-se a primeira gran-diosa corrida de toiros e às 00h00 dá-se o tradicional fogo de artificio, junto ao rio Sorraia. Às 01h30 co-meça o espectáculo com o Grupo Dois em Linha,

no palco das Tasquinhas e às 02h00, a animação para os mais novos com um Dj no espaço da Tertúlia. No dia da Padroeira (dia 15), a alvorada dá-se às 06h00, com a concentração dos

pescadores e a saídas para os pesqueiros, seguido do início de um concurso de pesca no rio Sorraia. Ao cair da tarde dá-se um dos momentos altos das fes-tas religiosas com a tradi-

cional procissão em hon-ra da Nossa Senhora do Castelo, que percorrerá as principais ruas da vila. A noite é dedicada ao fol-clore e às 00h00 começa o espectáculo com a artis-

ta Mariza Duvall. Dia 16, é dia do aficionado, com os cabrestos a entrarem nas ruas da vila às 10h00, às 17h00, começa a pica-ria à vara larga. Quanto à música, o grupo Oquestra-da promete animar a noi-te, às 22h00. Dia 17, é dia do cortejo etnográfico e do trabalho, às 11h00, este ano com o tema das Casas agrícolas. Às 22h00, Rui Veloso mostra-nos todo o seu lado lunar, no pal-co principal e Beatriz Fe-lizardo, artista da região canta o fado, na Tasca do fado, às 00h00. Para ter-minar o certame, o último dia das festas é dedicado à juventude, com Boss AC, a mostrar todo o seu rap, no palco principal, seguido de um espectáculo piro-técnico e o grupo Contra-banda a animar o baile.

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ESPECIAL CORUCHE | FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO20 O Ribatejo13 | Agosto | 2010

Que explicação lhe foi dada para este atraso na abertura do serviço de urgência bási-co (SUB) de Coruche?Segundo informações

que nos transmitiram, a Administração Regional de Saúde (ARS) está com dificuldades na contrata-ção do pessoal para asse-gurar o funcionamento do SUB. É um facto que a ARS se comprometeu a abrir o serviço até 31 de Julho e que o equipamento, que se si-tua no centro de saúde, está praticamente concluído, mas de facto a promessa fi-cou por cumprir.

Sabemos também que, neste momento, o Minis-tério da Saúde está a tentar estabelecer um protocolo com a Santa Casa da Mise-ricórdia de Coruche para agilizar a contratação de médicos, enfermeiros e o restante pessoal técnico es-pecificamente para o SUB. Através do Serviço Nacio-nal de Saúde, há uma maior dificuldade em contratar médicos para formar estas equipas.

Então, a quebra da promes-

sa é da exclusiva responsa-bilidade da ARS? Sim, completamente.

A nível de equipamentos, penso que está tudo entre-gue, o problema é mesmo só ao nível dos recursos humanos. Segundo nos foi transmitido, o problema nem sequer está relacio-nado com verbas, é mes-mo só cingido à questão da contratação.

A Câmara de Coruche come-ça a ficar impaciente com este atraso?Evidentemente que es-

tamos, sobretudo porque o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) deixou de ter instalações condig-nas com a construção do SUB. O SAP funcionava como aquilo a que chama-mos vulgarmente de ur-gência, mas, uma vez que o SUB foi feito aproveitando parte das suas instalações, o SAP passou a funcionar de improviso em duas pe-quenas salas numa zona do centro de saúde onde está tudo apertado. Ou seja, saiu do espaço onde estava bem instalado para que fosse fei-

to o SUB, e agora não fun-ciona nem um nem outro.

Com os transtornos óbvios que isso causa…Neste momento, não en-

tra sequer uma maca dos bombeiros no SAP. Se che-gar uma ambulância numa urgência com um doente acamado, não pode en-trar porque não cabe, com a agravante do médico se recusar a realizar o acto na maca da ambulância. A ambulância acaba por parar no SAP apenas para pedir uma guia ao médi-co para fazer o transpor-te para o Hospital de San-tarém, enquanto o doen-te fica ali deitado à espera. Isto não faz sentido ne-nhum nem pode continu-ar, de forma alguma.

Houve algum investimento no SUB por parte da Câmara de Coruche? Não, nem isso nos foi so-

licitado. Até as obras de adaptação do espaço fica-ram por conta do Ministé-rio da Saúde. E recorde-se que foram os próprios diri-gentes da ARS que assumi-

ram a data de 30 de Julho, durante o lançamento da monografia sobre o Cen-tro de Saúde de Coruche, que realizámos no museu municipal, em Junho.

E já lhe foi transmitida algu-ma nova data? Não, nada nos foi dito

até ao momento sobre essa questão. Sabemos só que ainda duram as conversa-ções entre a ARS e a Mise-ricórdia de Coruche, e que agora será preciso resolver as burocracias do costume, inerentes aos acertos do protocolo e à contratação do pessoal, mas só pode-

mos esperar que tudo esteja resolvido o mais rápido pos-sível. Da parte da Câmara, solicitámos uma reunião com carácter de urgência à ministra da Saúde, porque esta situação é insustentá-vel e queremos uma respos-ta concreta no mais curto espaço de tempo possível.

A entrada em funcionamento do Ser-viço de Urgência Básica (SUB) do centro de saúde de Coruche esteve inicialmen-te prevista para Outubro de 2009, mas a data não foi cumprida devido à burocra-cia inerente ao processo de contratação de recursos humanos e dos concursos para fornecimento de equipamentos. Se abrisse no final de Julho de 2010, a segunda data anunciada pelos respon-sáveis da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), o atraso já rondava os nove meses.

O SUB de Coruche é um serviço de-senhado para servir os concelhos mais a sul da lezíria ribatejana, onde há graves carências a nível da prestação de cui-

dados primários de saúde, e este novo atraso só prejudicar ainda mais as po-pulações destes concelhos. O centro de saúde de Coruche já deiva ter a funcio-nar um atendimento de urgência duran-te 24 horas por dia, com dois médicos das 8 às 20 horas e um profissional no período da noite. Em termos materiais, o serviço está equipado com equipa-mento de R-X, electrocardiógrafo com capacidade para telemedicina, exames clínicos, equipamento para pequenas cirurgias e um monitor – desfribilhador com capacidade de ligação directa ao Centro de Orientação de Doentes Ur-gentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

O funcionamento do Serviço de Urgência Básico de Coruche foi adiado pela segunda vez em nove meses, alegadamente por dificuldades na contratação do corpo clínico. A Câmara Municipal de Coruche já pediu uma reunião à ministra da Saúde e exige respostas concretas.

Um serviço sem urgência nenhuma para arrancar

A Dionísio Mendes começa a ficar impaciente com os sucessivos atrasos da Administração Regional de Saúde

Coruche desespera por serviço de urgência que sirva o sul do distrito

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Espectáculos taurinos “têm trazido mais gente às festas de Coruche”Dionísio Mendes ∑ Presidente da Câmara refuta a ideia de que há “toiros a mais” no programa das Festas do Castelo

Para o presidente da Câmara de Coruche, o modelo organizativo das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo, com a Irmandade a cargo da par-te religiosa e a Comissão de Festas a assumir a chama-da parte profana, tem sido o mais adequado e tem-se traduzido num cresci-mento qualitativo dos gran-des festejos do concelho. Assim como a aposta em dar maior destaque às tra-dições taurinas no progra-ma oficial tem dado “bons resultados”, na opinião de Dionísio Mendes.

Ao autarca, não restam dúvidas que os toiros “têm trazido cada vez mais gen-te a Coruche, sobretudo os toiros nas ruas”. “É muito positivo ter novamente os toiros nas ruas como se faz na Moita, em Azambuja ou em Vila Franca, e como se

fazia em Coruche até ao 25 de Abril”, assinala Dionísio Mendes, destacando ainda a realização de uma picaria à vara larga e de duas cor-ridas de toiros, na Praça de Coruche, durante as festas de 2010. “Uma delas será

mista”, sublinha.“Os «encierros», ou en-

tradas na vila, com cabres-tos e campinos, tem dado outro dinamismo e trazi-do muita gente que gosta de brincar com os toiros e sente essa paixão pelas

festa brava”, diz Dionísio Mendes. Não há qualquer “excesso de toiros”, na opi-nião do presidente, “porque são espectáculos verdadei-ramente populares e aos quais as pessoas aderem e gostam imenso”, dando

como exemplo as toiradas à corda, uma tradição dos Açores com grande suces-so por terras do Sorraia.

De resto, “há mais dois momentos muito fortes nas festas”, que são o fogo-de-artifício e o cortejo, além

da procissão, que faz par-te da componente religio-sa das celebrações. “Sem fogo, cortejo e toiros, não haveria certamente festa”, diz Dionísio Mendes, ape-sar de sublinhar que a ori-gem das festas é, na verda-de, religiosa. O culto ma-riano e a devoção a Nossa Senhora do Castelo é an-terior à chamada vertente profana das festas, que co-meçou sensivelmente nos anos 40 do século passado, com a introdução do corte-jo etnográfico e do trabalho e com a festa brava. Dioní-sio Mendes sublinhou ain-da que o tema deste ano do cortejo pretende assinalar as casas agrícolas do con-celho de Coruche, o que é, segundo o autarca, “um re-gresso às origens mais an-tigas e profundas do corte-jo, tal como se realizava no século passado”.

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Cortejo regressa às origensA Maria Antónia Morais e Célia Ramalho, junto a um dos carros

“A Nossa Terra” é o tema central do cortejo etnográfico deste ano, um dos momentos mais al-tos das festas em Honra de Nossa Senhora do Castelo e aquele que vinca a identi-dade e valoriza a memória de Coruche. Na terça-feira, 17 de Agosto, cerca de 500 participantes vão recriar entre 40 a 50 quadro repre-sentativos da faina agríco-la nos anos 40 nas grandes herdades latifundiárias do concelho, em quase três horas de percurso.

O primeiro cortejo em que as casas agrícolas mos-traram nas ruas da vila as suas alfaias, gado e animais de criação, os ranchos que

trabalhavam nos campos e os respectivos capatazes foi realizado em 1946, ex-plicou ao nosso jornal Ma-ria Antónia Morais, que nos últimos anos tem sido a principal responsável pela pesquisa histórica e etnográfica que tem vindo a dignificar o cortejo. Este ano, todas as freguesias vão representar uma casa agrícola, à excepção do Couço, que vai recriar as antigas praças de jorna, e da Lamarosa, por ser uma terra onde os proprietários de média dimensão predo-minam sobre o latifúndio.

A concepção e constru-ção dos carros começou há vários meses nos estaleiros

da Câmara Municipal, de-pois das primeiras reuni-ões para escolha e acerto do tema com as Juntas de Freguesia, ranchos folclóri-cos e colectividades locais. “Tentamos sempre envol-ver o maior número de as-sociações e colectividades de cada freguesia para dar uma dimensão digna ao cortejo”, referiu a verea-dora Célia Ramalho, elo-giando o envolvimento e o empenho dos coruchenses na crescente valorização desta iniciativa.

“Começa a notar-se al-guma rivalidade saudável entre as freguesias, que mostram o desejo de me-lhorar ano após ano”, cons-

tata a vereadora, explican-do que “isso também é fru-to do trabalho que temos vindo a realizar no senti-do de atingir um grau de excelência muito elevado”. Além do maior rigor histó-rico possível no “mise en scene” das representações, respeitando integralmente as vestimentas da época, “é preciso estarmos sempre atentos para que os partici-pantes não surjam com pe-ças de roupa fora de época, pulseiras e relógios moder-nos, unhas pintadas, e ou-tros pormenores”, exem-plificou a vereadora. “Não podemos descurar nada, porque no final tudo con-ta”, concluiu.

O cortejo e a procissão em honra de Nossa Senhora do Castelo vão ser filmados pela produtora de televisão que está a rodar no conce-lho a telenovela “Espírito Indomável”, actualmente em exibição na TVI. Para os responsáveis da Câmara de Coruche, esta é uma for-ma de dar maior visibilida-de mediática a um ritual et-nográfico que, no país intei-ro, só encontra paralelo no cortejo de Viana do Caste-lo. “Uma das condições que impusemos à produtora foi precisamente a incorpora-ção do cortejo em cenas da telenovela. É uma forma de dar maior visibilidade às festas e de valorizarmos o que é nosso”, disse ao nos-

so jornal o presidente da Câmara, Dionísio Mendes.

A novela “Espírito Indo-mável” gravada em terras de Coruche, entrou nas ca-sas dos portugueses, em horário nobre, no dia 31de Maio e desde aí tem sido mais um sucesso da ficção nacional. Com Vera Kolo-dzig e Diogo Amaral nos principais papéis, uma no-vela que nos conta a histó-ria de dois fazendeiros ri-vais, devido ao amor pela mesma mulher, que dispu-tam há anos e que vai trazer muitas desavenças e lágri-mas para as duas famílias.

Amor, ódio, traição e in-trigas, aliados ao bom hu-mor e às belas paisagens de Coruche.

Telenovela vai mostrar cenas do cortejo e procissão

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FESTAS EM HONRA DE NOSSA SENHORA DO CASTELO | ESPECIAL CORUCHE

1. Qual a sua opinião das Festas de Coruche?2. O que mudaria nas Festas?

vox pop

1. Acho que as festas de Coruche são muito boas e vem sempre muita gente ver, seja para ver as religiosas, como as missas, a procissão e as novelas ou profanas com as largadas e toiradas. Quanto a mim, aqui gosto de tudo um pouco até das largadas, mas continuo a achar que o numero um das festas e o momento principal são as festas religiosas com a saída da nossa senhora do Castelo, na procis-são, só depois vem as lides tau-

romáquicas, com as largadas, apesar de nos dias de hoje se-rem elas que trazem mais gente às festas. Também acho que re-cuperam muito da tradição liga-da ao toiro bravo e ao campo.

2. Se pudesse mudar alguma coisa, talvez mudasse o local das festas para o centro históri-co, pois são muito lá para cima e aqui o centro da vila ficou es-quecido, o que também prejudi-ca e muito o comércio.

Maria Helena FerreiraComerciante

1. Gosto muito das festas, já são uma tradição na terra de Coruche. Quanto à lide dos toi-ros, não sou muito adepto des-sa arte. Não digo que sou con-tra nem que não aconteça, mas não é um espectáculo que me agrade. No entanto, há pessoas que gostam de ver e porque fa-zem parte da cultura da terra, podem continuar a acontecer, alias, são elas que trazem muita gente de fora para a terra. Mas para mim, importante mesmo é a procissão e a devoção à Nossa

Senhora do Castelo, é a ela que devemos as festas.

2. Eu mudaria a festa para o centro histórico, porque anti-gamente, com as festas cá mais para baixo, o Largo de Santo António era muito mais alegre e agora deixou de o ser, depois, os bois, passam aqui mas é du-rante muito pouco tempo, pas-sam para cima e para baixo e depois acaba. Também isso de-veria mudar.

Franquelim GonçalvesReformado

1. Venho sempre às festas de Coruche. São muito importan-tes aqui no concelho e até já a nível nacional, porque são uma das maiores e começam a ser muito conhecidas pela sua qua-lidade. São festas que trazem sempre muita gente, mas outro-ra ainda traziam mais e de ou-tro modo, as pessoas de Almei-rim, Salvaterra e até Alentejo vinham ver a procissão e che-gavam a ficar acampadas junto à zona do castelo, durante dias. Mas actualmente, acho que tanto as cerimónias religiosas

como as profanas estão em en-quadradas e uma não invalida a outra. Além disso, recuperam as raízes de Coruche, mas já não se faz um cortejo como antiga-mente, o espírito é outro.

2. Mudaria a forma como os toiros andam nas ruas, antiga-mente andavam muito mais tempo, dava para gozar a cultu-ra taurina e com esta alteração a tradição dos toiros foi mudando e aqui o centro histórico é que sofreu, porque vêm menos gen-te para as ruas.

Silvino TadeiaReformado

1. Se este ano as festas forem como as dos anos anteriores são muito boas, alias têm me-lhorado cada vez mais e são tal-vez a melhor da região. Eu pes-soalmente, gosto tanto das fes-tas religiosas como das festas profanas, mas cada uma ao seu modo. A cristã tem mais im-portância para a população de Coruche, pela figura intocável da Nossa Senhora do Caste-lo, um marco na história e na religião de Coruche. Já as tou-

radas e largadas também são importantes, pois recuperam a tradição do toiro e do campo e chamam a atenção das pes-soas de fora, para participarem nas festas.

2. Acho que as festas aqui no centro histórico estão perdidas e por não se realizarem aqui, faz com que exista pouco mo-vimento na zona. Mas sincera-mente, para mudar para pior, não mudava nada.

António José BaptistaReformado

1. Costumo vir trabalhar para as festas principalmente, mas venho sempre também a lazer, para ver a procissão e o cortejo que tão bem representa a nossa cultura e as gentes do campo. Quanto à tauromaquia, não gos-to, tenho medo dos toiros e por isso nunca venho ver. Para mim, toiro só no prato, aí sim gosto de dar de caras com ele. Para mim,

o importante mesmo é a devo-ção à nossa padroeira, com a pro-cissão, a ela devemos as festas.

2. As festas estão muito centradas lá para o centro da cidade e daí esta zona históri-ca estar um pouco esquecida, mas não é isso que diminui o número de pessoas nas festas de Coruche.

Clotilde JacintoCantoneira

1. Venho sempre passear e trabalhar nas nossas festas de Coruche. Gosto de tudo aqui, desde as festas religiosas seja a procissão ou o cortejo e até os touros que são uma atrac-ção para toda a população, pelo que as lides taurinas re-presentam na nossa terra tão ligada ao trabalho no campo, trabalho que antigamente era todo feito com bois.

Mas para mim, o mais im-portante mesmo são as festas religiosas, com as novenas e o culto à Nossa Senhora, mas as largadas e touradas também têm a sua importância e tra-zem muito divertimento ape-sar do perigo.

2. Não mudava nada, acho que as festas assim estão mui-to bem.

Leonor FradeCantoneira

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FEIRA DO BARATO E DAS OPORTUNIDADES AJUDA COMÉRCIO

De 3 a 5 de Setem-bro, Coruche realiza a habitual “Feira do Ba-rato e das Oportunida-des”, este ano com um novo formato. A orga-nização pretende envol-ver os comerciantes lo-cais, para que durante um fim-de-semana es-tes permaneçam com as suas portas abertas até às 22h00 da noite, envol-vendo do mesmo modo a população e incenti-vando-a a realizar as suas compras, com sal-dos atractivos e a baixo custo. Também a ani-mação pelas ruas será uma novidade, uma me-dida que dará vida e cor ao centro histórico de Coruche.

Mais uma iniciativa que pretende envolver a população local e os comerciantes, levando o nome de Coruche mais além e trazendo às suas terras novas caras para encher as ruas da vila.

Coruche inaugura Núcleo TauromáquicoArte ∑ novo núcleo do museu ganha vida no antigo edifício dos CTT

A Núcleo Tauromáquico será inaugurado dia 14

Coruche inaugura dia 14 de Agosto, às 11h00, o Núcleo Tauromáquico de Coruche do Museu Muni-cipal de Coruche.

Um núcleo, com sede no antigo edifício dos CTT, que remonta aos anos de 1944, e que depois de comprado, recuperado e adaptado pretende preser-var a memória taurina de Coruche, numa verdadeira aproximação entre toiro, forcado, cavaleiro e ban-darilheiro. Este núcleo terá ainda patente a evolução da praça de toiros desde a sua origem, em tempos re-motos até aos dias de hoje, com a actual praça de toi-ros, já remodelada.

Terá também patente ao público a exposição Tauro-maquia de Coruche. Histó-

ria, Arte, Tradição a qual se apresenta como um es-boço da história tauromá-quica coruchense e que só foi possível de realizar de-vido a estudos documen-tais e a histórias de vida contadas, em alguns casos na primeira pessoa. Esta exposição é o mote para um projecto que a autar-quia, em conjunto com a comunidade, quer cons-truir: o conhecimento e fruição da temática, relem-brando tempos de outrora traduzidos em experiên-cias de vida.

Um núcleo que permi-tirá mostrar à população traços das lides taurinas, aproximando a comuni-dade a esta cultura, assim como preservar a memó-ria taurina de Coruche.

CORUCHE RECEBE CAMPEONATO EUROPEU DE PESCA DESPORTIVA

Dias 4 e 5 de Setembro, Coruche acolhe mais uma iniciativa a título internacional, o Campe-onato Europeu de Pes-ca Desportiva, de água doce. Presentes nesta iniciativa europeia, vão estar vinte e seis selec-ções nas margens do rio Sorraia, que para além de ser uma das imagens de marca de Coruche, é con-siderado pelos amantes da modalidade, uma das melhores pistas de pes-ca do planeta. Em 2009, realizou-se no Sorraia o Campeonato do Mun-do nas categorias de ju-venis, cadetes e juniores, este ano decide-se em Coruche o campeão eu-ropeu em seniores

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