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http://www.portuguescomdudanogueira.com.br/ 1 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA REVISÃO FGV 2014 - Recife Material complementar - INTERPRETAÇÃO DE TEXTO e FIGURAS DE LINGUAGEM INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 1. INTRODUÇÃO A maioria dos candidatos possui dificuldade ao interpretar texto. Por quê? Simplesmente porque você não está habituado a ler. Para se criar o gosto pela leitura e eliminar a palavra medo, comece a ler revistas e jornais; assim, estará se preparando para duas matérias ao mesmo tempo: português e atualidades. Leia um texto, feche a revista e tente resumi-lo mentalmente. Analise: para que o autor escreveu? Qual o objetivo? Qual o tema (assunto) do texto? Note que o tema se repete na introdução (primeiro parágrafo) e na conclusão (último parágrafo). Para obter domínio sobre a leitura, precisamos aprofundar, ou melhor, esclarecer alguns importantes tópicos. Vamos a eles: Texto É um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretação e transmitem uma mensagem. É qualquer obra escrita em versão original e que constitui um livro ou um documento escrito. Um texto é uma unidade linguística de extensão superior à frase. Contexto É a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja emitir- lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, etc. e que permitem sua correta compreensão. Intertexto Os textos podem apresentar referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. É um texto dentro de outro texto. Interpretação de texto A primeira leitura deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Sublinhe palavras-chave e ideias importantes; encontre a ideia central de cada parágrafo. O segundo nível de leitura concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Atente-se às palavras NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, INCORRETO, SEMPRE, TODOS, NUNCA etc, pois fazem diferença na escolha adequada. Retorne ao texto sempre que necessário. Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. A banca nos oferece um texto completo e, nas questões, extrai uma parte do texto para pedir a análise. O segredo é voltar ao texto e ler as informações anteriores e posteriores à parte mencionada. Se fosse para analisar apenas o trecho, não haveria motivo para mencionar o texto completo. Aqui mora o grande segredo.

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1 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife Material complementar - INTERPRETAÇÃO DE TEXTO e FIGURAS DE LINGUAGEM

INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

1. INTRODUÇÃO

A maioria dos candidatos possui dificuldade ao interpretar texto. Por quê? Simplesmente porque você não está habituado a ler. Para se criar o gosto pela leitura e eliminar a palavra medo, comece a ler revistas e jornais; assim, estará se preparando para duas matérias ao mesmo tempo: português e atualidades. Leia um texto, feche a revista e tente resumi-lo mentalmente. Analise: para que o autor escreveu? Qual o objetivo? Qual o tema (assunto) do texto? Note que o tema se repete na introdução (primeiro parágrafo) e na conclusão (último parágrafo).

Para obter domínio sobre a leitura, precisamos aprofundar, ou melhor, esclarecer alguns importantes tópicos. Vamos a eles:

Texto

É um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretação

e transmitem uma mensagem. É qualquer obra escrita em versão original e

que constitui um livro ou um documento escrito. Um texto é uma unidade

linguística de extensão superior à frase.

Contexto

É a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto. É o

conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja

emitir- lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, etc. – e que

permitem sua correta compreensão.

Intertexto Os textos podem apresentar referências diretas ou indiretas a outros autores

através de citações. É um texto dentro de outro texto.

Interpretação de texto

A primeira leitura deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato

com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura

interpretativa. Sublinhe palavras-chave e ideias importantes; encontre a

ideia central de cada parágrafo.

O segundo nível de leitura concentra-se nas perguntas e opções de

respostas. Atente-se às palavras NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE,

INCORRETO, SEMPRE, TODOS, NUNCA etc, pois fazem diferença na escolha

adequada. Retorne ao texto sempre que necessário. Leia a frase anterior e

posterior para ter ideia do sentido global proposto pelo autor. A banca nos

oferece um texto completo e, nas questões, extrai uma parte do texto para

pedir a análise. O segredo é voltar ao texto e ler as informações anteriores e

posteriores à parte mencionada. Se fosse para analisar apenas o trecho, não

haveria motivo para mencionar o texto completo. Aqui mora o grande

segredo.

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2 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 2. TIPOLOGIA TEXTUAL

TIPOS DEFINIÇÃO EXEMPLOS

Narração

Modalidade em que se conta um fato, fictício

ou não, que ocorreu num determinado

tempo e lugar, envolvendo certos

personagens.

Refere-se a objetos do mundo real. Há uma

relação de anterioridade e posterioridade.

O tempo verbal predominante é o passado.

Conto, fábula, crônica,

romance, novela,

depoimento, piada, relato

etc.

Descrição

Um texto em que se faz um retrato por

escrito de um lugar, uma pessoa, um animal

ou um objeto. A classe de palavras mais

utilizada nessa produção é o adjetivo, pela

sua função caracterizadora.

Numa abordagem mais abstrata, pode-se até

descrever sensações ou sentimentos. Não há

relação de anterioridade e posterioridade.

Significa “criar” com palavras a imagem do

objeto descrito. É fazer uma descrição

minuciosa do objeto ou da personagem a

que o texto se Pega. É um tipo textual que se

agrega facilmente aos outros tipos em

diversos gêneros textuais.

Cardápio, folheto turístico,

anúncio classificado etc.

Dissertação

Dissertar é o mesmo que desenvolver ou

explicar um assunto, discorrer sobre ele.

Dependendo do objetivo do autor, pode ter

caráter expositivo ou argumentativo.

Dissertação-Exposição: Apresenta um saber

já construído e legitimado, ou um saber

teórico. Apresenta informações sobre

assuntos, expõe, reflete, explica e avalia

ideias de modo objetivo. O texto expositivo

apenas expõe ideias sobre um determinado

assunto. A intenção é informar, esclarecer.

Aula, resumo, textos

científicos, enciclopédia,

textos expositivos de revistas

e jornais, etc.

Dissertação-Argumentação: Um texto

dissertativo-argumentativo faz a defesa de

ideias ou um ponto de vista do autor. O

texto, além de explicar, também persuade o

Sermão, ensaio, monografia,

dissertação, tese, ensaio,

manifesto, crítica, editorial

de jornais e revistas.

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3 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife

interlocutor, objetivando convencê-lo de

algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de

ideias. Geralmente utiliza linguagem

denotativa.

Outros Tipos Textuais

Dialogal / Conversacional Entrevista, conversa

telefônica, chat etc.

Injunção/Instrucional

Ordens; pedidos; súplica;

desejo; manuais e instruções

para montagem ou uso de

aparelhos e instrumentos;

textos com regras de

comportamento; textos de

orientação; receitas, cartões

com votos e desejos.

Predição

Previsões astrológicas,

previsões meteorológicas,

previsões

escatológicas/apocalípticas.

3. GÊNEROS TEXTUAIS

Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam orais ou escritos. Essas estruturas são muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas. São variadas formas de linguagem que circulam na sociedade, formais ou informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo ser identificado e diferenciado dos demais através de suas características.

Notícia

Possui características narrativas: o fato ocorrido que se deu em um

determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo

determinadas personagens. Características do lugar, bem como dos

personagens envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos.

Reportagem

Gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A reportagem

tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara,

com linguagem direta.

Carta ao leitor Gênero dissertativo-argumentativo e possui linguagem pessoal e leve.

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4 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife

Propaganda

Gênero textual dissertativo-expositivo. Há o intuito de propagar

informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor

apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as

emoções e a sensibilidade do mesmo.

Bula de remédio

Gênero textual descritivo, dissertativo-expositivo e injuntivo. Fornece as

informações necessárias para o correto uso do medicamento.

Receita

Gênero textual descritivo e injuntivo. Objetivo: informar a fórmula para

preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, com

verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga

corretamente as instruções.

Editorial

Gênero textual dissertativo-argumentativo. Expressa o posicionamento da

empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da

objetividade.

Tutorial Gênero injuntivo. É um guia que tem por finalidade explicar ao leitor, passo

a passo e de maneira simplificada, como fazer algo.

Entrevista

Gênero textual dialogal e dissertativo-expositivo. Representado pela

conversação de duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s)

entrevistado(s), para obter informações sobre ou do entrevistado ou de

algum outro assunto.

História em quadrinhos

Gênero narrativo. Consiste em enredos contados em pequenos quadros

através de diálogos diretos entre seus personagens, gerando uma espécie

de conversação.

Charge

Gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica,

através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou

comentário sobre algum acontecimento atual, em sua grande maioria.

3.1 Gêneros literários

Gênero Narrativo

Na Antiguidade Clássica: épico, lírico e dramático.

Épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário

narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características

diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula. Todas as obras

narrativas possuem elementos estruturais e estilísticos em comum e devem

responder a questionamentos, como: quem? o que? quando? onde? por quê?

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5 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife

Épico (ou Epopeia)

Textos épicos são longos e narram histórias de um povo ou de

uma nação, envolvem aventuras, guerras, viagens, gestos

heroicos, etc. Apresentam um tom de exaltação, valorização de

seus heróis e seus feitos.

Romance

mu Étexto completo, com tempo, espaço e personagens bem

definidos e de caráter mais verossímil. Conta as façanhas de um

herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e

uma mulher, muitas vezes, “proibida” para ele. Apesar dos

obstáculos que o separam, o casal vive sua paixão proibida, física,

adúltera, pecaminosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o

tipo de narrativa mais comum na Idade Média.

Novela

Texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do

romance e a brevidade do conto. O Alienista, de Machado de

Assis, e A Metamorfose, de Kafka.solpmexe oãs

Conto

Texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que

conta situações rotineiras, anedotas e até folclores (conto

popular). Caracteriza-se por personagens previamente retratados.

Fábula

Texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As

personagens principais são não humanos e a finalidade é

transmitir alguma lição de moral.

Crônica

Narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem

coloquial. Pode ter um tom humorístico ou um toque de crítica

indireta.

Crônica narrativo-descritiva

Há alternância entre os momentos narrativos e manifestos

descritivos.

Ensaio

Texto literário breve, situado entre o poético e o didático,

expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito

de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Há

defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema

sem que se paute em formalidades.

3.2 Gêneros dramáticos

Por serem pouco exigidos em concursos, apenas citaremos os tipos: tragédia, farsa, comédia, tragicomédia e poesia de cordel.

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REVISÃO FGV 2014 - Recife 3.3 Gêneros líricos

Outro tópico pouco pedido. São eles: elegia, epitalâmia, ode, idílio, sátira, acalanto, acróstico, balada, canção, gazal, haicai, soneto, vilancete.

4. DICAS PARA INTERPRETAR

As dicas abaixo devem ser seguidas para treinar, para exercitar nas questões de concursos inseridas no tópico seguinte. Treine para que, no dia da prova, consiga não perder muito tempo.

1 Ler todo o texto: tenha uma visão geral do assunto;

2 se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura;

3 ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes;

4 inferir (concluir ou deduzir a partir de exame dos fatos e de raciocínio);

5 voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;

6 Não deixar que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;

7 fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão;

8 verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;

9 o autor defende ideias e você deve percebê-las;

Vamos treinar com prova FCC 2014 por ser muito MAIS DIFÍCIL que FGV.

Veja como deve ficar sua prova.

DICA para interpretar: leia parágrafo por parágrafo e sublinhe (ou destaque) as ideias

principais ou as palavras-chave.

Da utilidade dos prefácios

Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos

casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra

em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta características evidentes do

texto que virá, que o leitor poderia ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais

graves, o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando se trata de ficção), ou

antecipa estrofes inteiras (quando poesia), ou elenca os argumentos de base a serem

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7 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife desenvolvidos (quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o prefácio seria um

estraga-prazeres.

Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos prefácios e prefaciadores,

embora concorde que muitas vezes ela proceda - o que não justifica a generalização

devastadora. Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a melhor coisa era o

prefácio - fosse pelo estilo do prefaciador, muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela

consistência das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas no texto principal.

Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro

que o restante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o

prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta.

Mas como argumento final vou glosar uma observação de Machado de Assis: quando o

prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o segundo a vantagem de

ser bem mais curto.

Há muito tempo me deparei com o prefácio que um grande poeta, dos maiores do

Brasil, escreveu para um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa

modelo. Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília Meireles (que, aliás, além

de grande escritora era também linda). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo

era prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada talentosa poetisa. Mas ele

conseguiu inventar tantas qualidades para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo,

sozinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poético.

(Aderbal Siqueira Justo, inédito)

Segunda dica para interpretar: elimine as alternativas riscando palavras em cada alternativa.

Lembrando que você já sublinhou as ideias principais.

1. (TRT 16 - Analista Judiciário- Área Administrativa/2014) O primeiro e o segundo parágrafos

estabelecem entre si uma relação de

(A) causa e efeito, uma vez que das convicções expressas no primeiro resultam, como

consequência natural, as expostas no segundo.

(B) de complementaridade, pois o que se afirma no segundo ajuda a compreender a mesma

tese defendida e desenvolvida no primeiro.

(C) inteira independência, pois o tema do primeiro não se espelha no segundo, já que o autor

do texto quer apenas enumerar diferentes estilos.

(D) contraposição, pois a perspectiva de valor adotada no primeiro é confrontada com outra

que a relativiza e nega no segundo.

(E) similitude, pois são ligeiras as variações do argumento central que ambos sustentam em

relação à utilidade e à necessidade dos prefácios.

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8 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 1. GABARITO: D

Muito importante atentar-se que é pedida a relação entre o primeiro e o segundo parágrafos.

Voltando às ideias sublinhadas, a contraposição (sentido contrário) fica evidente. No primeiro

parágrafo, o autor menciona que os prefácios são textos inúteis; no segundo, cita que vai na

contramão dessa crítica mal-humorada, e vai além: em muitos livros que li, a melhor coisa era

o prefácio. Seria mesmo inútil o prefácio?

a) Eliminada facilmente porque para haver causa e efeito, o segundo parágrafo deveria ser a

consequência do primeiro e isso não acontece. São ideias opostas.

b) Em hipótese alguma é a mesma tese defendida e desenvolvida no primeiro.

c) O tema é o mesmo, o que muda é a opinião.

e) Não há semelhança, mas sim oposição.

Sua prova deveria ficar assim:

(A) causa e efeito, uma vez que das convicções expressas no primeiro resultam, como

consequência natural, as expostas no segundo.

(B) de complementaridade, pois o que se afirma no segundo ajuda a compreender a mesma

tese defendida e desenvolvida no primeiro.

(C) inteira independência, pois o tema do primeiro não se espelha no segundo, já que o autor

do texto quer apenas enumerar diferentes estilos.

(D) contraposição, pois a perspectiva de valor adotada no primeiro é confrontada com outra

que a relativiza e nega no segundo.

(E) similitude, pois são ligeiras as variações do argumento central que ambos sustentam em

relação à utilidade e à necessidade dos prefácios.

2. (TRT 16 - Analista Judiciário- Área Administrativa/2014) Considere as afirmações abaixo.

I. No primeiro parágrafo, a assertiva o prefácio seria um estraga-prazeres traduz o efeito

imediato da causa indicada na assertiva os prefácios são textos inúteis.

II. No segundo parágrafo, o autor afirma que vai de encontro à tese defendida no primeiro

porque pode ocorrer que um prefácio represente a parte melhor de um livro.

III. No terceiro parágrafo, o autor se vale de uma ocorrência real para demonstrar que o gênio

inventivo de escritores iniciantes propicia prefácios igualmente criativos.

Em relação ao texto, está correto o que se afirma

APENAS em

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9 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife (A) I.

(B) II.

(C) III.

(D) I e II.

(E) II e III.

2. GABARITO: B Junção de interpretação e período composto (coesão)

I. Errado. Desvendando a primeira assertiva: Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão. Por que os prefácios são textos inúteis? = consequência Porque em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão.= causa

Dica: A oração a que fazemos a pergunta por quê? é o efeito (ou consequência) da outra (causal).

Chega-se, assim, à conclusão de que os prefácios são textos inúteis seja o efeito e não a causa.

II. Certo: Se vai de encontro, significa que discorda e essa ideia já ficou muita clara no comentário da primeira questão, já que houve contraposição.

Aqui mora um dos perigos de FCC: se você errou a primeira questão, certamente errou esta também, pois de trata de uma sequência de ideia.

III. Errado: Onde foi citado o gênio inventivo de escritores iniciantes? O contrário ocorreu, releia e sinta a ironia do autor: um livrinho de poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo.

Sua prova deveria ficar assim:

I. No primeiro parágrafo, a assertiva o prefácio seria um estraga-prazeres traduz o efeito

imediato da causa indicada na assertiva os prefácios são textos inúteis.

II. No segundo parágrafo, o autor afirma que vai de encontro à tese defendida no primeiro

porque pode ocorrer que um prefácio represente a parte melhor de um livro.

III. No terceiro parágrafo, o autor se vale de uma ocorrência real para demonstrar que o gênio

inventivo de escritores iniciantes propicia prefácios igualmente criativos.

3. (TRT 16 - Analista Judiciário- Área Administrativa/2014) Ao lado de razões mais pessoais,

marcadas por alguma subjetividade, o autor indica, como prova objetiva da utilidade de certos

prefácios, o fato de que

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10 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife (A) Machado de Assis os julgava obras-primas pelo poder de alta concisão de que seriam

capazes.

(B) eles antecipam, para o leitor mais desavisado, alguns fragmentos essenciais à compreensão

do texto principal.

(C) algumas bibliografias valorizam-nos de modo especial, em detrimento do texto principal do

livro.

(D) as apresentações da poesia de Cecília Meireles faziam ver tanto a beleza dos poemas como

a da escritora.

(E) os prefaciadores são escolhidos a partir de um critério inteiramente idôneo, o que impede

favoritismos.

1. GABARITO: C

Primeiro: detrimento significa dano, prejuízo. A afirmação vai ao encontro (semelhante) do que foi mencionado nestes trechos: em muitos livros que li, a melhor coisa era o prefácio; Há casos célebres de bibliografias que indicam apenas o prefácio de uma obra; E ninguém controla a possibilidade, por exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e inteligente do que o amigo cujo texto ele apresenta.

a) Cita Machado de Assis sobre prefácio e obra ruins, não menciona obras-primas e muito

menos concisão: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro sempre terá sobre o

segundo a vantagem de ser bem mais curto.

b) Expressões que eliminam a alternativa: leitor desavisado e fragmentos essenciais à

compreensão do texto principal.

d) O poeta tratava a moça (no prefácio) como se fosse Cecília Meireles. Não cita as

apresentações de sua poesia. Foi mencionado que além de grande escritora era também linda.

e) Não impede favoritismo, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado com o

compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra em questão.

Sua prova deveria ficar assim:

(A) Machado de Assis os julgava obras-primas pelo poder de alta concisão de que seriam

capazes.

(B) eles antecipam, para o leitor mais desavisado, alguns fragmentos essenciais à compreensão

do texto principal.

(C) algumas bibliografias valorizam-nos de modo especial, em detrimento do texto principal do

livro.

(D) as apresentações da poesia de Cecília Meireles faziam ver tanto a beleza dos poemas como

a da escritora.

(E) os prefaciadores são escolhidos a partir de um critério inteiramente idôneo, o que impede

favoritismos.

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11 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife EM FGV

Texto para as questões.

Utopias e distopias

Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um

defeito que as condenava. A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito

que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas

descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua

sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do

mundo antigo. Na Utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a

diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido

por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a

tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados. Mas para que

tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre

criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria ser sempre homem e as

mulheres tinham menos direitos que os homens. Morus tirou o nome da sua sociedade

perfeita da palavra grega para “lugar nenhum”, o que de saída já significava que ela só poderia

existir mesmo na sua imaginação.

Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os

filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam

muito com o fato de viverem numa sociedade escravocrata. Em “Candide”, Voltaire colocou

sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas

“Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade

humana. Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a

emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no

totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua

utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da

violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se

matam por elas.

Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro

previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas

para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um

helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos

em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num

caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.

(Veríssimo, Luiz Fernando. O Globo, 22/12/2013)

01 (FGV - 2014)

O dicionário de Antonio Houaiss define “distopia” como “qualquer representação ou

descrição de uma organização social caracterizada por condições de vida insuportáveis”.

No texto são citados cinco exemplos de utopias:

I. a utopia de Tomas Morus;

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12 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife II. a república idílica de Platão;

III. a sociedade ideal do “Candide”;

IV. a redenção da classe trabalhadora de Marx e Engels;

V. a utopia possível do automóvel.

As utopias que podem ser consideradas distopias são:

a. apenas as citadas em I e II.

b. apenas as citadas em II e III.

c. apenas as citadas em III e IV.

d. apenas as citadas em IV e V.

e. apenas as citadas em I e III.

COMENTÁRIOS

Interpretar é concluir, deduzir a partir dos dados coletados.

O tempo, na prova, é muito curto, por isso é necessário trabalhar com dicas para não

precisar reler o texto. Lembre-se de que interpretar é objetivo, ou seja, a opinião do leitor

nada importa. A resposta correta é direcionada ao que o autor escreveu e não àquilo que o

leitor achou ou acha sobre o assunto.

Questão fácil, pois bastava voltar ao texto.

GABARITO: D

I. Não é distopia, pois o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida.

II. Não pode ser considerada como distopia: os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes.

III. Não é distopia, já que havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas “Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana.

IV. A DISTOPIA é exemplificada com a morte de Lennon: Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas.

V. DISTOPIA, pois a utopia deu errado: Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.

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13 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 02 (FGV - 2014)

Segundo o texto, as utopias

a. só tinham sentido nas antigas sociedades.

b. estão fadadas ao fracasso.

c. faziam parte da mitologia e não da realidade.

d. perturbam a visão da realidade.

e. fazem os homens esquecer seus problemas.

COMENTÁRIOS

Questão fácil, pois bastava voltar ao início do texto.

GABARITO: B

– No texto: Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua

origem um defeito que as condenava.

a. Nem nas sociedades antigas tinham sentido.

c. Não faziam parte apenas da mitologia.

d. Não se pode afirmar, já que não foi citado no texto.

e. Na verdade, acarretam mais problemas.

03 (FGV - 2014)

Um texto é uma estrutura cheia de compromissos. Assim, por exemplo, ao escrever “A

primeira (utopia), que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito...”, o autor se

compromete em

a. mostrar que a primeira citada é a mais importante.

b. citar, na progressão, outras utopias.

c. indicar a razão de essa utopia ter dado nome às demais.

d. definir o que seja uma “utopia”.

e. justificar a procura de um mundo perfeito.

COMENTÁRIOS

Questão muito tranquila. Nível fácil.

GABARITO: B

– Se inicia enumerando, é óbvio que irá citar, na progressão, as outras utopias. Conferindo: A

primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito; Platão imaginou uma

república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes; em

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14 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife “Candide”, Voltaire colocou sua sociedade ideal; Marx e Engels e outros pensadores previram

um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora; o automóvel anunciou-se

uma utopia possível.

a. Nada indica de importância.

c. Não há relação com as demais utopias.

d. Não define utopia através da enumeração, apenas exemplifica, cita.

e. Não há justificativa.

04 (FGV - 2014)

“Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o fato de

viverem numa sociedade escravocrata”.

Esse segmento mostra que

a. alguns conceitos de valor mudam com o tempo.

b. os filósofos gregos eram socialmente irresponsáveis.

c. a filosofia é uma área de conhecimento imperfeita.

d. a escravidão sempre foi vista como um mal.

e. a elite grega era egoísta e defensora de seus privilégios.

COMENTÁRIOS

Questão de nível médio.

GABARITO: A

– Dica: Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época + verbo no pretérito imperfeito

(importavam).

b. Afirmação absurda.

c. Não, nunca, jamais. A filosofia é perfeita.

d. Nem ele (Platão) nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o

fato de viverem numa sociedade escravocrata. Isso não significa que a escravidão era vista

como um mal.

e. Não se pode afirmar.

05 (FGV - 2014)

“Em ‘Candide’, Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas

nenhuma prisão, em El Dorado, mas ‘Candide’ é menos uma visão de um mundo perfeito

do que uma sátira da ingenuidade humana”.

O segmento sublinhado nos informa que, segundo o autor, a obra “Candide” é

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15 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife a. acima de tudo, uma visão do mundo perfeito.

b. acima de ser uma sátira da ingenuidade humana, é a visão de um mundo ideal.

c. á igualmente uma visão de um mundo ideal e uma sátira à ingenuidade humana.

d. é mais uma sátira da ingenuidade humana e menos uma visão de um mundo ideal.

e. além de ser uma visão de um mundo utópico, o livro traz, em segundo plano, uma sátira da

ingenuidade humana.

COMENTÁRIOS

Questão de nível fácil.

GABARITO: D

– Basta inverter as informações e deduzir que se é menos uma visão de um mundo perfeito, só

pode ser mais uma sátira da ingenuidade humana.

a. Menos uma visão de um mundo perfeito.

b. A importância está na ordem inversa.

c. Não é igual.

e. A sátira está em primeiro plano.

06 (FGV - 2014)

A utopia de Marx e Engels é sobretudo pertinente aos espaços

a. filosófico e religioso

b. religioso e ético

c. ético e econômico

d. econômico e político

e. político e filosófico

COMENTÁRIOS

Exige conhecimento de mundo, cultural e isso é obrigação de todo concurseiro, não acha?

Pelo contexto, daria para chegar à resposta.

TEORIA: Interpretação (página ).

GABARITO: D

– As teorias de Marx e Engels eram em torno da sociedade, economia e política.

Marx: As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política - conhecidas

coletivamente como marxismo - afirmam que as sociedades humanas progridem através da

luta de classes: um conflito entre a classe burguesa que controla a produção e um proletariado

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16 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife que fornece a mão de obra para a produção. Ele chamou o capitalismo de "a ditadura da

burguesia", acreditando que seja executada pelas classes ricas para seu próprio benefício,

Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o capitalismo

produziria tensões internas que conduziriam à sua autodestruição e substituição por um novo

sistema: o socialismo. Ele argumentou que uma sociedade socialista seria governada pela

classe trabalhadora a qual ele chamou de "ditadura do proletariado", o "estado dos

trabalhadores" ou "democracia dos trabalhadores".Marx acreditava que o socialismo viria a

dar origem a uma apátrida, uma sociedade sem classes chamada de comunismo. Junto com a

crença na inevitabilidade do socialismo e do comunismo, Marx lutou ativamente para a

implementação do primeiro, argumentando que os teóricos sociais e pessoas economicamente

carentes devem realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e

trazer a mudança socioeconômica.

Engels: foi um teórico revolucionário alemão que junto com Karl Marx fundou o

chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi coautor de diversas obras com Marx, sendo

que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de

Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador.

a. Religioso seria piada; filosófico também não.

b. Não religioso nem sobre ética.

c. Não em relação à ética.

e. Não filosófico.

07 (FGV - 2014)

“Até John Lennon, na canção ‘Imagine’, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre

outros atrasos, violência e religião”.

Infere-se desse segmento do texto que

a. John Lennon não deveria ter escrito a canção citada.

b. a canção citada não seria, de fato, uma utopia.

c. a religião seria um atraso.

d. a violência deveria fazer parte de um mundo ideal.

e. a canção aceitaria a violência como fato normal.

COMENTÁRIOS

Nível fácil.

GABARITO: C

– A informação deixa claro que a violência e a religião são atrasos. A evidência é pela

intercalação da expressão entre outros atrasos.

a.Afirma-se que até ele propôs uma utopia, mas não que não deveria ter composto.

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17 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife b. A canção é uma utopia.

d. Pelo contrário, em um mundo ideal não pode haver violência.

e. A violência é um atraso.

08 (FGV - 2014)

“Até John Lennon, na canção ‘Imagine’, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre

outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo

todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas”.

A marca da religião destacada nesse segmento do texto é

a. a violência.

b. a coerência.

c. a universalização.

d. a contradição.

e. a devoção.

COMENTÁRIOS

Nível fácil.

GABARITO: D

– Há três dados importantes mencionados no texto: 1. Lennon propôs uma utopia: não haver

violência e religião; 2. A violência e a religião foram consideradas como atrasos; 3. Ele mesmo

foi vítima de violência e as pessoas se matavam pelas religiões. Assim, chegamos à conclusão

de que houve contradição: John Lennon pregava o fim da violência e da religião, mas foi morto

em um ato cruel de violência pelas pessoas que tinham religião e matavam por elas.

a. As pessoas que tinham religião se matavam por elas.

b. Há incoerência e não coerência. Como quem acredita em Deus e é devoto pratica

homicídio?

c. Universalização é generalizar, tornar único e não é uma marca da religião.

d. Devoção é observância de práticas religiosas; culto prestado a Deus e aos santos; dedicação

íntima; afeto; objeto de especial veneração. Essa não foi a marca deixada no texto.

Analise a charge a seguir e responda às questões.

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18 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife

09 (FGV - 2014)

Assinale a alternativa que estabelece uma relação entre a charge e o texto de Veríssimo.

a. A crítica ao atraso do país.

b. A utopia vendida pelo governo no cartaz.

c. A utopia infantil de um passeio à Disneylândia.

d. A presença da violência social no cotidiano.

e. A ausência de expectativa dos brasileiros.

COMENTÁRIOS

Nível fácil.

GABARITO: B

– Bem, o tema do texto de Veríssimo é a utopia e na charge, fica evidente que um plano sem

miséria para o Brasil é algo impossível de acontecer. Como mencionado, a questão é fácil.

a. A crítica ao atraso do país não possui relação com os dois textos.

c. Um passeio à Disneylândia não é utopia.

d. Não cita violência social na charge.

e. A ausência de expectativa dos brasileiros não foi mencionada.

10 (FGV - 2014)

Considerando-se o cartaz, é correto afirmar que a distopia está

a. na expressão “Brasil sem miséria”.

b. na hipocrisia das palavras do cartaz.

c. nas figuras miseráveis dos personagens.

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19 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife d. na propaganda excessiva do governo.

e. nas palavras do menino.

COMENTÁRIOS

Nível fácil.

GABARITO: C

– Se distopia é qualquer representação ou descrição de uma organização social caracterizada

por condições de vida insuportáveis, óbvio que um exemplo é a figura das personagens.

a. “Brasil sem miséria” é uma utopia.

b. Não é distopia a hipocrisia do cartaz.

d. De onde tiraram a palavra ‘excessiva’?

e. As palavras do menino indicam utopia.

7. FIGURAS DE LINGUAGEM

Importante: antes de ler, confira em seu edital se este tópico será exigido.

São recursos que tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se

em figuras de som, figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras de construção.

Classificação das Figuras de Linguagem

1) Fernanda acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia.

2) "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela."

3) Seus olhos eram luzes brilhantes.

Nos exemplos acima, temos três tipos distintos de figuras de linguagem:

Exemplo 1: há o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na

terceira frase, um termo citado anteriormente - o verbo acordar. Repare que a segunda e a

última frase do primeiro exemplo devem ser entendidas da seguinte forma:

"Renata acordou às nove horas, Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma figura

de construção ou de sintaxe.

Exemplo 2: a ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as

palavras fecha e abre, que possuem significados opostos. Temos, assim, uma figura de

pensamento.

Exemplo 3: a força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes

brilhantes. Essa associação nos permite uma transferência de significados a ponto de

usarmos "olhos" por "luzes brilhantes". Temos, então, uma figura de palavra.

1 Figura de Palavra

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20 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no

emprego figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por

uma associação, uma comparação, uma similaridade. Esses dois conceitos básicos -

contiguidade e similaridade - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras:

a metáfora e a metonímia.

1.1 Metáfora

A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que

haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e

depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a metáfora tem um

caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e

passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da mesa",

"braço da cadeira").

Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo

não aparece.

Observe a gradação no processo metafórico abaixo:

Seus olhos são como luzes brilhantes.

O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como.

Observe agora:

Seus olhos são luzes brilhantes.

Nesse exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e

sim um símile, ou seja, qualidade do que é semelhante.

As luzes brilhantes olhavam-me.

Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Essa é a verdadeira metáfora.

1.2 Metonímia

A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos

estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de

Machado de Assis.)

2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)

3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)

4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)

5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.)

6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como

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21 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife o alimento que produzo.)

7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no

cálice.)

8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (=

Os repórteres foram atrás dos jogadores.)

9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam

apressadamente.)

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e

sofrem nesse mundo.)

11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (=

As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)

12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da

marca danone.)

13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)

14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu

lado.)

1.3 Catacrese

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma

ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro

"emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

Asa da xícara, batata da perna, maçã do rosto, pé da mesa, braço da cadeira, coroa do

abacaxi.

1.4 Perífrase

Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou

atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o exemplo:

A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.

Exemplos:

O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem.

O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem.

O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.

1.5 Sinestesia

Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos

do sentido.

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22 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil)

No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro =

visual)

2 Figuras de Pensamento

2.1 Antítese

Consiste na utilização de dois termos que contrastam entre si. Ocorre quando há uma

aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece

serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria

com a exposição isolada dos mesmos.

"O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa)

O corpo é grande e a alma é pequena.

"Quando um muro separa, uma ponte une."

2.2 Paradoxo

Consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias

contraditórias.

Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades

econômicas.

2.3 Eufemismo

Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para

comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante.

Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)

O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)

2.4 Ironia

Consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de

pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto passível

de crítica. A ironia deve ser muito bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal

construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor.

Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima!

Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.

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23 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife

2.5 Hipérbole

É a expressão intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia.

Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.

"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)

2.6 Prosopopeia ou Personificação

Consiste em atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou

características humanas a seres não humanos. Observe os exemplos:

As pedras andam vagarosamente.

O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.

2.7 Apóstrofe

Consiste na "invocação" de alguém ou de alguma coisa personificada, de acordo com o

objetivo do discurso que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo

chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe

interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a que se dirige

e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do

vocativo.

Moça, que fazes aí parada?

"Pai Nosso, que estais no céu..."

"Liberdade, Liberdade,

2.8 Gradação

Consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente

ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax; quando é descendente,

o anticlímax.

Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões...

O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos olhos de Joana. Para chegar a esse

detalhe, ele se refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. Nota-se

que o pensamento foi expresso em ordem decrescente de intensidade.

"Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)

"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)

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24 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 3 Figuras de Construção ou Sintáticas

As figuras de construção ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao

significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao

sentido.

3.1 Elipse

Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente

identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo

contexto.

1) A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.)

2)Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira.

Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho e amo permitem-nos a identificação do sujeito

em elipse "eu".

3)Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para

o trabalho, pois estava atrasada.)

4) As rosas florescem em maio, as margaridas em agosto. (As margaridas florescem em

agosto.)

3.2 Zeugma

Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado

anteriormente.

Ele gosta de geografia; eu, de português.

Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.

3.3 Silepse

A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim

com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente,

porque se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse:

de gênero, número e pessoa.

3.3.1 Silepse de Gênero

Os gêneros são masculino e feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se

faz com a ideia que o termo comporta.

1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.

Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que

gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo

(a cidade de Porto Velho).

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25 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 2) Vossa excelência está preocupado.

Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é

masculino, e não com o termo Vossa excelência.

3.3.2 Silepse de Número

Os números são singular e plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não

concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está

contida. Exemplos:

A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade de Salvador.

Como vai a turma? Estão bem?

O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.

Note que nos exemplos acima, os verbos andaram, estão e gritavam não concordam

gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no

singular, procissão, turma e povo, respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles

está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita gente, por isso que os verbos estão

no plural.

3.3.3 Silepse de Pessoa

Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre

quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da

oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito.

O que não compreendo é como os brasileiros persistamos em aceitar essa situação.

Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.

"Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)

Observe que os verbos persistamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os

seus sujeitos (brasileiros, agricultores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a

ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas).

3.4 Polissíndeto / Assíndeto

Para estudarmos essas duas figuras de construção, é necessário recordar um conceito

estudado em sintaxe sobre período composto. No período composto por coordenação,

podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A oração coordenada ligada por uma

conjunção (conectivo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética.

Recordado esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção:

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26 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife 1) Polissíndeto

É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos.

"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se

espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da

natureza.

2) Assíndeto

É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas,

resultando no uso de orações coordenadas assindéticas.

Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.

"Vim, vi, venci." (Júlio César)

3.5 Pleonasmo

Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do

pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:

O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.

Nesta oração, os termos "o problema da violência" e "lo" exercem a mesma função sintática:

objeto direto. Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o

pronome "lo" classificado como objeto direto pleonástico.

Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.

Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome "lhes" exerce a função de

objeto indireto pleonástico.

"Vi, claramente visto, o lumo vivo." (Luís de Camões)

"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)

"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)

3.6 Anáfora

É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de

reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta em destaque,

permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual. Os termos anafóricos podem

muitas vezes ser substituídos por pronomes relativos. Encontrei um amigo ontem. Ele disse-

me que te conhecia. O termo ele é um termo anafórico, já que se refere a um

amigo anteriormente referido.

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27 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife "Se você gritasse

Se você gemesse,

Se você tocasse

a valsa vienense

Se você dormisse,

Se você cansasse,

Se você morresse...

Mas você não morre,

Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade)

3.7 Anacoluto

Consiste na mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos

desligados do resto do período.

Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.

A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma

interrupção da frase e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O

anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois corresponde a uma interrupção na

sequência lógica do pensamento.

O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.

A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco)

Obs.: o anacoluto deve ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em

geral, deve-se evitá-lo.

3.8 Hipérbato / Inversão

É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração.

Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio.)

Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas.)

4 Figuras de Som

18.4.1 Aliteração

Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como

efeito sonoro significativo.

Três pratos de trigo para três tigres tristes.

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28 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife O rato roeu a roupa do rei de Roma.

"Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."

Cruz e Souza (Aliteração em "v")

4.2 Assonância

Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.

"Sou um mulato nato no sentido lato

mulato democrático do litoral."

4.3 Onomatopeia

Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade.

Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Miau, miau. (Som emitido pelo gato)

Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.

Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.

5 Vícios de Linguagem Ao contrário das figuras de linguagem, que representam realce e beleza às mensagens emitidas, os vícios de linguagem são palavras ou construções que vão de encontro às normas gramaticais. Os vícios de linguagem costumam ocorrer por descuido, ou ainda por desconhecimento das regras por parte do emissor. 5.1 Pleonasmo Vicioso ou Redundância Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma informação na frase. Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer. Hoje fizeram-me uma surpresa inesperada. Encontraremos outra alternativa para esse problema. Observação: o pleonasmo é considerado vício de linguagem quando usado desnecessariamente, no entanto, quando usado para reforçar a mensagem, constitui uma figura de linguagem. 5.1 Barbarismo É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis: 1) Pronúncia a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico. Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica) b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.

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29 PORTUGUÊS com DUDA NOGUEIRA

REVISÃO FGV 2014 - Recife Estou com poblemas a resolver. (problemas) c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra. Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei) O segurança deteu aquele homem. (deteve) 2) Morfologia Se eu ir aí, vou me atrasar. (for) Sou a aluna mais maior da turma. (maior) 3) Semântica José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou) 4) Estrangeirismos Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua. O show é hoje! (espetáculo) Vamos tomar um drink? (drinque) 5.2 Solecismo É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis: 1) Concordância Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia) 2) Regência Eu assisti o filme em casa. (ao) 3) Colocação Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé) 5.3 Ambiguidade ou Anfibologia Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase. Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Ana ou da amiga?) O pai falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?) 5.4 Cacofonia Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente. Uma mão lava outra. (mamão) Vi ela na esquina. (viela) Dei um beijo na boca dela. (cadela) 5.5 Eco Ocorre quando há palavras na frase com terminações iguais ou semelhantes, provocando dissonância. A divulgação da promoção não causou comoção na população. 5.6 Hiato Ocorre quando há uma sequência de vogais, provocando dissonância. Eu a amo. Ou eu ou a outra ganhará o concurso. 5.7 Colisão Ocorre quando há repetição de consoantes iguais ou semelhantes, provocando dissonância. Sua saia sujou.