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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO Título: O ensino da História e Cultura Afro-Brasileira a partir da utilização de lendas africanas. Autor: Debora Cristina Moreira Disciplina/Área: Geografia Escola de Implementação do Projeto e sua localização: Colégio Estadual Padre José Orestes Preima Município da escola: Prudentópolis Núcleo Regional de Educação: Irati Professor Orientador: Nair Fernanda Mochiutti Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO Visando a valorização da cultura africana no ambiente escolar o Estado alterou a Lei nº 9394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) pela Lei nº 10.639/2003, a qual passou a incluir o estudo da “História e Cultura Afro-Brasileira” nos currículos das escolas estaduais e particulares do Brasil. Dentro deste contexto, o projeto em questão tem como um dos seus objetivos principais proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer mais profundamente alguns dos aspectos que caracterizam a cultura africana. Para tanto será feito o uso de algumas lendas africanas de países que falam a língua portuguesa. Estas lendas serão trabalhadas de diferentes formas (leitura, teatro, ilustração) com alunos do 8° ano do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima. Desta forma espera-se encontrar ferramentas eficientes de tornar o que está disposto na lei uma realidade na escola e também contribuir no processo de valorização e respeito das diversidades. Palavras-chave: Cultura; África; lendas. Formato do Material Didático: Caderno Temático Público: 8°ano do Ensino Fundamental

FICHA DE IDENTIFICAÇÃO Autor: Debora Cristina Moreira · apresentando algumas características físicas e sociais do continente, o ... no globo terrestre, em especial o ... mais

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

Título: O ensino da História e Cultura Afro-Brasileira a partir da utilização de

lendas africanas.

Autor: Debora Cristina Moreira

Disciplina/Área: Geografia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Padre José Orestes Preima

Município da escola: Prudentópolis

Núcleo Regional de Educação: Irati

Professor Orientador: Nair Fernanda Mochiutti

Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO

Visando a valorização da cultura africana no ambiente escolar o Estado alterou a Lei nº 9394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) pela Lei nº 10.639/2003, a qual passou a incluir o estudo da “História e Cultura Afro-Brasileira” nos currículos das escolas estaduais e particulares do Brasil. Dentro deste contexto, o projeto em questão tem como um dos seus objetivos principais proporcionar aos alunos a oportunidade de conhecer mais profundamente alguns dos aspectos que caracterizam a cultura africana. Para tanto será feito o uso de algumas lendas africanas de países que falam a língua portuguesa. Estas lendas serão trabalhadas de diferentes formas (leitura, teatro, ilustração) com alunos do 8° ano do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima. Desta forma espera-se encontrar ferramentas eficientes de tornar o que está disposto na lei uma realidade na escola e também contribuir no processo de valorização e respeito das diversidades.

Palavras-chave: Cultura; África; lendas.

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Público: 8°ano do Ensino Fundamental

2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO OESTE

DEBORA CRISTINA MOREIRA

O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DA

UTILIZAÇÃO DE LENDAS AFRICANAS

IRATI

2014

3

DEBORA CRISTINA MOREIRA

O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA A PARTIR DA

UTILIZAÇÃO DE LENDAS AFRICANAS

Caderno Temático apresentado ao

Programa de Desenvolvimento da

Educação – PDE – vinculado à

Universidade Estadual do Centro

Oeste – UNICENTRO.

Orientação: Prof.ª Nair Fernanda

Mochiutti

IRATI

2014

4

Sumário

Apresentação ................................................................................................ 6

OFICINA 1 – Localização geográfica e características do continente

africano ..........................................................................................................

8

Fundamentação teórica .................................................................................. 9

Metodologia ..................................................................................................... 11

Material didático 1 – Texto Localização geográfica, aspectos físicos e

sociais da África ..............................................................................................

12

Atividade 1 ...................................................................................................... 14

Material didático 2 – Planisfério Político do Mundo ........................................ 15

Atividade 2 ...................................................................................................... 15

Material didático 3 – Música, letra e vídeo da canção “África” ........................ 16

Atividade 3 ...................................................................................................... 17

OFICINA 2 – O que você entende por cultura? .......................................... 18

Fundamentação teórica .................................................................................. 19

Metodologia ..................................................................................................... 21

Material didático 1 – Texto Descobrindo o que é cultura ................................ 22

Atividade 1 ...................................................................................................... 23

Material didático 2 – Seleção de imagens ...................................................... 24

Atividade 2 ...................................................................................................... 27

OFICINA 3 – Conhecendo e aprendendo a Lei n° 10.639/2003 ................. 28

Fundamentação teórica .................................................................................. 29

Metodologia ..................................................................................................... 31

Material didático 1 - Lei nº 10.639/2003 e os artigos 26-A e 79-B .................. 32

Atividade 1 ...................................................................................................... 33

OFICINA 4 – Conhecendo a cultura africana por meio de lendas ............ 34

Fundamentação teórica .................................................................................. 35

Mini oficina 1 – Países da PALOP e suas lendas ....................................... 37

Metodologia ..................................................................................................... 38

Material didático 1 – Texto Países que formam a PALOP .............................. 39

Atividade 1 ...................................................................................................... 41

Material didático 2 – Mapa Político da África .................................................. 42

5

Atividade 2 ...................................................................................................... 43

Material didático 3 – Lendas africanas ............................................................ 44

Atividade 3 ...................................................................................................... 52

Mini oficina 2 – Representação das lendas africanas estudadas –

caderno ilustrativo ........................................................................................

53

Metodologia ..................................................................................................... 54

Material didático 1 – Lendas estudadas ......................................................... 55

Atividade 1 ...................................................................................................... 55

Mini oficina 3 – Representação das lendas africanas estudadas –

teatro ..............................................................................................................

56

Metodologia ..................................................................................................... 57

Atividade 1 ...................................................................................................... 58

Atividade 2 ...................................................................................................... 58

Atividade 3 ...................................................................................................... 58

Referências .................................................................................................... 59

6

Apresentação

O presente Caderno Temático constitui uma atividade exigida no âmbito do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o qual será apresentado à

Secretaria de Estado de Educação (SEED) e disponibilizado junto à comunidade de

professores da rede, para que possam usufruir do conteúdo e propostas de

atividades aqui elaboradas em suas escolas.

A proposta aqui construída será desenvolvida com os alunos do 8º ano do

Ensino Fundamental do Colégio Estadual Padre José Orestes Preima, localizado no

município de Prudentópolis - Paraná. Através desta produção levaremos os alunos a

conhecer mais sobre a Lei nº 10.639/2003 que inclui nos currículos escolares a

obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e também

conhecimentos sobre a cultura africana, que serão trabalhados principalmente por

meio de lendas.

Através da implantação da Lei nº 10.639/2003 aos poucos as escolas estão

se adaptando à inclusão da História e Cultura Africana nos seus currículos. Neste

contexto, a implantação deste Caderno Temático pretende colaborar neste

processo, com sugestões de materiais e atividades. Será desenvolvido em forma de

oficinas, sendo quatro no total, as quais estão divididas por temáticas, apresentando

um conjunto de materiais e atividades correspondentes às mesmas.

Na primeira oficina será trabalhada a localização do continente africano

apresentando algumas características físicas e sociais do continente, o trabalho será

desenvolvido de modo individual e em grupos, em alguns momentos. Na segunda

oficina será trabalhado o termo cultura e o trabalho também será realizado de forma

individual. Na terceira oficina todas as atividades serão desenvolvidas em grupo, e

neste momento será trabalhada a Lei nº 10.639/2003 e sua implantação nos

currículos escolares. A quarta e última oficina será dividida em mini oficinas, todas

desenvolvidas em grupos. A primeira mini oficina será direcionada à cultura

africana, momento em que serão apresentadas as lendas selecionadas para o

trabalho, explicando o critério da escolha das mesmas, e estas serão trabalhadas

através de leitura e interpretação. Na segunda mini oficina será desenvolvido a

confecção de cadernos ilustrativos relacionados às lendas analisadas e na última

7

mini oficina serão elaborados teatros representando as lendas trabalhadas em cada

grupo. Posteriormente, os teatros serão apresentados a toda classe.

Todas as oficinas serão desenvolvidas com as atividades previamente

elaboradas em folhas, as quais serão recolhidas ao término de cada aula. Ao final

das atividades, será elaborada uma apostila com os trabalhos produzidos pelos

grupos de alunos, nesta apostila serão anexados também os cadernos ilustrativos

das lendas, material elaborado na última oficina.

8

Localização geográfica e características do

continente africano

OFICINA 1

Conteúdo: Localização do continente africano e as principais características físicas e

sociais da África.

Objetivos: Localizar com os alunos os continentes no globo terrestre, em especial o

continente africano, e conhecer mais sobre aspectos gerais da África.

Material: Folhas de atividades, lápis preto, texto impresso, giz, quadro-negro, planisfério

político e físico, atlas geográfico, planisfério político impresso, globo terrestre, música

“África” com letra impressa, dicionário, rádio, pendrive e TV pendrive.

Duração: 5 aulas.

9

Conforme Souza (2008), uma das mais importantes características da

sociedade brasileira é a mistura dos povos e das culturas. Somos um povo oriundo

de uma miscigenação de povos e culturas.

A predominância de descendentes africanos no Brasil é superior a presença

de outros povos, pois no passado essas pessoas foram por três séculos a principal

força de trabalho do país. E quando falamos dessa mistura do povo brasileiro

falamos de uma cultura baseada numa formação resultante de africanos, europeus e

indígenas.

A cultura brasileira foi fortemente influenciada pela cultura africana devido ao

período escravocrata. Segundo produção do IBGE, o processo de escravidão no

Brasil ocorrido entre os séculos XVI e XIX foi o que mais recrutou escravos entre os

países americanos, com um número de aproximadamente 4 milhões de indivíduos

entre homens, mulheres e crianças (IBGE, 2007).

Segundo Souza (2008), os portugueses foram os primeiros a contornar a

costa africana e a manter o contato com os povos da África Ocidental. Entre 1520 e

1870, a África foi fornecedora de escravos que saíram de várias regiões desse

continente e esse regime de escravidão serviu de base para a construção da maior

parte do continente americano.

O Brasil recebeu escravos oriundos de diversas regiões da África, os quais

contribuíram na formação de um povoamento diversificado em nosso país. Durante

esse período de escravidão no Brasil, os escravos não eram artigos de luxo apenas

da aristocracia, eles pertenciam a proprietários de várias classes sociais, tanto no

campo quanto na cidade, o que contribuiu para a presença dos escravos em cada

segmento da sociedade (REIS, 2007).

A ocupação dos escravos, num primeiro momento, foi na indústria açucareira

e, posteriormente, foram sendo atribuídas a eles outras atividades, como agricultura

para abastecimento interno, criação de gados e charqueadas, pequenas

manufaturas, setor mecânico entre outras ocupações domésticas.

Conforme Souza (2008), a população na África na época do período

escravagista era formada na sua maior parte por grupos e tribos. Um dos momentos

10

mais difíceis que fizeram parte do processo da escravidão era o modo como as

pessoas que vinham na condição de escravos eram tratados, sendo tiradas de suas

tribos e famílias. Traziam consigo tudo o que foi construído durante sua vida até o

momento da ruptura, como seus costumes, normas, valores, tradições, as quais

eram compartilhadas já durante a viagem ao Brasil.

As relações estabelecidas entre escravos oriundos de diversos grupos se

iniciava dentro do próprio navio, pois se encontravam muitas vezes sós e

necessitavam desse contato. A aproximação entre esses escravos, a troca de

experiências, de conhecimentos, da língua, dos ritos e lendas possibilitou a

formação de uma cultura africana mista no Brasil, diferente daquela existente na

África. Ao chegarem ao país se depararam com uma cultura ainda mais

diversificada, onde havia índios, brancos, mestiços, e os próprios africanos recém-

chegados.

O tráfico de escravos se encerrou em 1850, e naquele momento ocorreu certo

rompimento no elo entre o Brasil e a África, mas as ideias, conhecimentos, valores e

tradições permaneceram vivos naqueles remanescentes africanos e seus

descendentes que no Brasil permaneceram.

No momento em que o africano se integrou à sociedade brasileira ele tornou-

se um afro-brasileiro e principalmente um brasileiro.

A África é o terceiro continente em extensão territorial (30.198.835 km²) do

mundo (FILHO e ROCHA, 2011), e enviou ao Brasil durante 300 anos pessoas, que

mesmo na condição de escravos, junto aos colonizadores e aos indígenas que aqui

viviam, deram origem a sociedade brasileira, a qual fazemos parte. Daí a

importância em conhecer um pouco mais sobre esse continente.

11

► Iniciar a aula com uma indagação aos alunos sobre o continente africano,

buscando saber qual o pensamento que eles têm sobre a África.

► Ler o texto contendo a localização geográfica do continente africano e suas

principais características físicas e sociais e discutir com os alunos.

► Fazer as atividades de interpretação do texto.

► Distribuir aos alunos o Planisfério Político impresso para que eles localizem o

continente africano, posteriormente será colado na folha de atividade.

► Trabalhar com o planisfério político e o globo terrestre de modo que se possa ter

uma melhor visão dos continentes, com atenção especial para a África.

► Trabalhar com o atlas geográfico o mapa físico do continente africano.

► Trabalhar a música “África” do grupo musical Palavra Cantada, primeiramente

ouvindo a canção e depois acompanhando com a letra impressa.

► Selecionar no texto da música as palavras desconhecidas e procurar o significado

dessas palavras no dicionário com o auxílio da professora.

► Fazer a interpretação da letra expondo oralmente para a turma as considerações,

com intervenções da professora.

► Assistir o vídeo clip da música e debater.

► Solicitar aos alunos (na última aula da oficina 1) que tragam fotos de autoria

própria de elementos culturais presentes em suas comunidades. As mesmas serão

utilizadas na segunda aula da oficina 2).

11

12

Texto: Localização geográfica, aspectos físicos e sociais da África

Conforme Filho e Rocha (2011), a África é o terceiro continente em extensão

territorial (30.198.835 km²) do mundo, ficando atrás da Ásia e América, e é o

segundo mais populoso (a Ásia é o continente mais populoso).

A África limita-se geograficamente ao norte, pelo Mar Mediterrâneo, ao sul,

pelo encontro das águas dos Oceanos Atlântico e Índico, a leste, pelo Oceano Índico

e o Mar Vermelho, e a oeste, pelo Oceano Atlântico (FILHO e ROCHA, 2011, p. 22).

A maior parte de seu território (75%) localiza-se na zona tropical, suas

extremidades (África do Norte e parte da África do Sul) estão em regiões

temperadas e de clima temperado.

No relevo há o predomínio de planaltos marcados por uma hidrografia de rios

pouco navegáveis, também estão presentes no continente algumas cadeias

montanhosas como a cadeia do Cabo, com destaque para o Monte Quilimanjaro, o

ponto mais alto da África.

Segundo Decicino (2006), as planícies ocupam menor área em relação aos

planaltos e podemos citar as planícies costeiras que se situam ao longo do litoral e

as planícies dos rios Congo e Níger, os quais apresentam grande importância para a

África, concentrando parcela importante da população em suas proximidades.

Devido à presença de extensos desertos nas regiões norte e sul, a África

possui poucos rios, alguns são extensos e volumosos por se localizarem em regiões

tropicais e equatoriais, o rio Nilo é o que mais se destaca entre os rios africanos. A

África possui outros rios menos extensos e igualmente importantes, como o

Zambeze, Senegal, Orange, Limpopo e Zaire.

Quanto aos lagos, a África possui alguns dos mais extensos e profundos,

como o lago Vitória, terceiro maior do mundo, o Rodolfo, o Chade, o Niassa e o

Tanganica.

A vegetação no continente apresenta florestas densas, como a floresta

equatorial, e as savanas, com predomínio desta última (equivalente ao cerrado

brasileiro). Estão presentes também no continente as estepes, as vegetações

desérticas e a vegetação mediterrânea.

12

13

O clima da África é diversificado, apresentando os climas tropical, equatorial,

desértico e mediterrâneo.

Segundo Filho e Rocha (2011), a África possui alguns dos mais extensos e

famosos desertos do mundo, entre eles o deserto do Kalahari e o deserto do Saara,

que é o maior do mundo em extensão.

De acordo com o processo de ocupação do continente, se classifica a África

em duas regiões: África do Norte ou África “branca”, com uma cultura árabe, e África

Subsaariana ou África “negra”, com culturas locais, muitos estudiosos acreditam que

a cor da pele também serviu de base para a classificação, para além dos aspectos

culturais.

O histórico da África é marcado pelos conflitos que permanecem até os dias

atuais e que acentuam os problemas sociais como a fome e a AIDS, que assolam o

continente. A fome é um sério problema social que leva ao agravamento das

doenças e conflitos. A AIDS também é outro grave problema social fruto das

péssimas condições de saúde pelas quais passa mais da metade da população,

resultado também das políticas ineficazes da prevenção de doenças e que deixa a

África com o maior número de infectados pelo vírus no mundo. A doença afeta

também a estrutura produtiva, pois os maiores infectados são da idade adulta.

Pesquisas constataram que cerca de 11,5 milhões de pessoas nessa faixa etária

teriam morrido por conta da doença.

13

14

Com base no texto “Localização geográfica, aspectos físicos e sociais da

África”, responda as seguintes questões:

1 – Qual é a extensão territorial do continente africano?

2 – Quais são os limites geográficos da África?

3 – Sobre os aspectos físicos descreva:

a) relevo

b) hidrografia

c) clima

d) vegetação

4 – Qual o ponto mais elevado da África?

5 – Na África se localiza o maior deserto do mundo, qual é esse deserto?

6 – Como se divide a África de acordo com o processo de colonização?

7 – Quais os principais problemas pelos quais passa o continente africano?

8 – Você identificou no texto algum aspecto que remete ao preconceito? Qual?

9 – Escreva alguma informação sobre a África que você tenha conhecimento e que

não foi informada no texto, para compartilhar com os colegas.

INDIVIDUAL

14

15

Planisfério Político do mundo - Vamos localizar a África?!

Figura 1- Planisfério Político do mundo. Fonte: http://profdanielgeo.blogspot.com.br/p/mapas-base.html

Observe a figura do planisfério e localize no mapa os

continentes, identificando-os da seguinte forma: Pintar os

continentes, escrever os seus respectivos nomes e

destacar o continente Africano dentre os demais.

INDIVIDUAL

15

16

Música, letra e vídeo da canção “África” – Grupo musical Palavra Cantada

África

“Quem não sabe onde é o Sudão

saberá

A Nigéria o Gabão Ruanda

Quem não sabe onde fica o Senegal,

A Tanzânia e a Namíbia,

Guiné Bissau?

Todo o povo do Japão Saberá...”

Fonte da letra e áudio: http://www.vagalume.com.br/palavra-cantada/africa.html#ixzz38VDdrUcY.

Fonte do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=kKjsfsuxhsk.

16

17

1 – Após ter escutado a música “África” do grupo musical Palavra Cantada, faça a

leitura da letra impressa.

2 – Após a leitura da letra da música, cole o texto em sua folha de atividade, grife as

palavras desconhecidas e em seguida copie-as no caderno.

3 – Com ajuda do dicionário e da professora procure o significado dessas palavras e

anote no caderno.

4 – Façam a interpretação da letra da música escrita e escolham um aluno do grupo

para expor as ideias aos demais colegas.

5 – Após assistir o vídeo da mesma música, discuta com o grupo e sintetize no

caderno os elementos que foram utilizados para ilustrar a canção.

INDIVIDUAL

GRUPO

17

18

O que você entende por cultura?

Conteúdo: O conceito de cultura.

Objetivos: Possibilitar aos alunos a compreensão da palavra cultura e dos elementos que

ela abarca.

Material: folhas de atividades, lápis preto, texto impresso, giz, quadro-negro, pendrive e TV

pendrive.

Duração: 4 aulas

OFICINA 2

19

Segundo Gomes (2003), em seu artigo “Cultura Negra e educação”, no Brasil,

assim como em outros países, muito está se discutindo sobre cultura, aqui

especialmente no campo educacional, e que mais que um momento isolado esta é a

oportunidade de compreendê-la e dar a devida atenção, pois se for direcionada de

modo que evidencie apenas as diferenças e como parte integrante do currículo,

pode ficar comprometido o seu real significado.

A cultura vai além das entrelinhas do ensino.

Ela diz respeito às vivências concretas dos sujeitos, à variabilidade de formas de conceber o mundo, às particularidades e semelhanças construídas pelos seres humanos ao longo do processo histórico e social (GOMES, 2003, p. 75).

Todas as relações e convivências entre os indivíduos ocorrem através da

cultura: regras, valores, comunicação, que permitem a sua adaptação ao meio,

sendo que as suas ações possibilitam a transformação desse meio.

Segundo Freitas (2011), assim como a cultura apresenta regras aos

indivíduos pertencentes a certo grupo social, vai havendo uma transformação e se

criam regras e normas e isso torna a sociedade dinâmica. Muitas vezes nos

deparamos com certas afirmações como o fato de que algumas espécies são mais

desenvolvidas que outras, sendo então superiores a estas. Essa ideia vem a explicar

de certa forma a ideia de superioridade de um grupo sobre outro, fato comum na

história mundial representado pelas guerras, conflitos e extermínios, onde muitas

sociedades desapareceram e com elas sua cultura, muitas vezes milenar. Se

entendermos a cultura como forma de ver a vida, o mundo e os seres humanos,

estamos diante da diversidade cultural a qual somos chamados a conhecer e

respeitar.

Nascer, crescer e morrer faz parte do ciclo vital de qualquer grupo humano,

mas o significado que se atribui a esses processos é constitutivo de cultura

e somente os humanos se ocupam dos rituais que marcam esses

significados (FREITAS, 2011 p. 31).

20

Gomes (2003) chama a atenção para as semelhanças e diferenças entre

negros e brancos, se estes são geneticamente semelhantes, é a cultura que irá dar

a esses dois grupos suas particularidades e diferenças. As relações estabelecidas

hoje entre negros e brancos estão ligadas à forma comportamental de ambos no

decorrer da história, o branco em situação de domínio e o negro de dominado, que

foram assim construídas e consequentemente assimiladas.

No que diz respeito ao sistema educacional, a escola, lugar de acesso ao

conhecimento é também de socialização, é o ambiente perfeito para encontrarmos

inúmeras diferenças e onde muitas das atribuições negativas ao negro acontecem, é

também o local onde essas situações devem ser revistas.

Para Gomes (2003), aos professores é dada a missão de analisar a jornada

dos povos no decorrer da história, os momentos de supremacia de alguns povos

sobre outros e como esses acontecimentos construíram situações de racismo

provocando danos na auto-estima dos marginalizados. Devem também apresentar

as contribuições positivas desenvolvidas por comunidades e movimentos negros, o

que pode dar suporte para reverter esse quadro. Um caminho interessante é ver o

modo como a cultura negra no contato com outros grupos culturais estão presente

na maneira de viver do povo brasileiro.

21

► Iniciar a aula com a seguinte pergunta: O que você entende por cultura?

► Debater com os alunos as diferentes formas de expressão cultural.

► Distribuir aos alunos um texto sobre cultura.

► Descrever o parecer dos grupos sobre questões culturais.

► Exibir imagens que retratam algumas manifestações culturais do Brasil e do

mundo.

► Exibir imagens que retratam as comunidades as quais os alunos são

provenientes.

21

22

Texto: Descobrindo o que é cultura

A palavra cultura é comumente utilizada em nosso dia a dia, na mídia, por

exemplo, e em especial na escola, onde ela acaba tomando significado.

Percebemos que muitas vezes nos deparamos com entendimentos equivocados a

seu respeito, é tão comum ouvirmos a seguinte frase: “fulano não tem cultura” ou

“ciclano é uma pessoa culta”, essas frases, ditas por todo tipo de pessoas, mostra a

ideia errada de que cultura está relacionada ao nível de escolaridade de uma pessoa

ou mesmo a aspetos de educação e civilidade. Mas por que isso acontece? Será

que desconhecemos o real significado da palavra cultura?

O significado de cultura popular segundo o Almanaque Abril (2014, p. 240) é:

A cultura popular é o conjunto de tradições de um povo, tais como danças,

folguedos, cantorias, artesanato, comidas, contos, lendas, crenças e festas.

No Brasil, ela se constitui de contribuições das culturas indígena, africana e

europeia.

A citação acima descreve cultura como o conjunto de tradições e costumes de

um povo e isso envolve todos os elementos presentes na história desse povo, tudo

que está presente no dia a dia da sociedade esteja ela onde estiver, a cultura é algo

inerente ao ser humano que faz parte desta ou daquela sociedade.

Aos olhos da Sociologia, cultura é tudo aquilo que resulta da criação humana. São ideias, artefatos, costumes, leis, crenças morais, conhecimento, adquirido a partir do convívio social. Só o homem possui cultura. Seja a sociedade simples ou complexa, todas possuem sua forma de expressar, pensar, agir e sentir, portanto, todas têm sua própria cultura, o seu modo de vida. Não existe cultura superior ou inferior, melhor ou pior, mas sim culturas diferentes (CAMARGO, SEM ANO).

Para Libanio (2013):

A cultura se alimenta de arte, de literatura, de cinema, de linguagem, de construções, de artesanato, de música, de dança, de culinária, de gestualidade, de programas televisivos e radiofônicos, e de tantos infinitos sinais humanos a revelarem a alma do povo. Sem zelar pela tradição e pelo patrimônio espiritual que um povo constrói, a cultura se perde. Na sociedade globalizada cresce o risco de as culturas de países dependentes sofrerem danos irreversíveis pelo impacto das culturas dominantes.

22

23

Os diferentes povos têm sim que lutar para preservar seus aspectos culturais,

pois se não o fizerem correm o risco de perder sua identidade cultural, isso é

perceptível em sociedades dominadas, onde muitas vezes se anula uma cultura em

benefício de outra.

A cultura deve ser preservada e valorizada, seja a nossa própria cultura, seja

a do outro, e para que isso ocorra primeiramente temos que conhecê-la, para assim

aprendermos a respeitá-la.

1 - Escreva o que você entende por cultura?

2 - De que modo podemos nos expressar culturalmente?

3 - Após a leitura do texto “Descobrindo o que é cultura”, faça um

comparativo com o que foi escrito nas questões acima e corrija ou

complemente se necessário.

INDIVIDUAL

23

24

Seleção de imagens que serão apresentadas nessa oficina

Figura 2 - Representa o chimarrão, bebida típica do Rio Grande do Sul feita com água quente e erva mate.

Necessita também da cuia e da bomba para ser consumida. Fonte: http://designechimarrao.com.br/design-chimarrao-estreia/

Rio Grande do Sul

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE

ALGUMAS REGIÕES DO BRASIL

24

25

Figura 3 - Carnaval no Rio de Janeiro. Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/aspectos-culturais-regiao-

sudeste.htm

Figura 4 - Festa do Boi Bumbá - Festival de Parintins. Fonte: http://www.brasilescola.com/brasil/aspectos-

culturais-regiao-norte.htm

Rio de Janeiro

Amazonas

25

26

Figura 5 – Ritos Africanos. Fonte: http://www.brasilescola.com/cultura/cultura-africana.htm

Figura 6 – Festival de São Firmino – Pamplona – Espanha. Fonte: http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-

fotos/festival-de-sao-firmino-2014

África

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE

ALGUMAS REGIÕES DO MUNDO

Europa

26

27

Figura 6 – Aborígenes – Austrália. Fonte:

http://www.alunosonline.com.br/geografia/osaborigenesaustralianos.html

1 - Observe as imagens projetadas e descreva na folha de atividades os

elementos culturais presentes nelas e a que etnia/povo você acha que

elas estão associadas.

Oceania

INDIVIDUAL

27

28

Conhecendo e aprendendo a Lei n° 10.639/2003

Conteúdo: Lei nº 10.639/2003

Objetivos: Apresentar aos alunos a Lei nº 10.639/2003 e estimular a sua compreensão e

debate.

Material: Lei n° 9394/1996, Lei nº 10.639/2003 (artigos 26-A e 79-B impressos), folhas de

atividades, pendrive, TV pendrive, cartolina, lápis preto, borracha, canetinhas e lápis de

cor, fita adesiva.

Duração: 4 aulas

OFICINA 3

29

O preconceito e a discriminação racial ainda estão muito presentes na

sociedade brasileira e, consequentemente, nas escolas, fruto de um período

escravocrata vivido pelo Brasil entre os séculos XVI e XIX.

Neste contexto, visando à valorização da cultura africana e sua importância

na formação da sociedade brasileira, o Estado substituiu a Lei n° 9.394/1996 (Lei de

Diretrizes e Bases da Educação – LDB) pela Lei n° 10.639/2003, incluindo nos

currículos das escolas públicas e privadas a temática História e Cultura Afro-

Brasileira e a obrigatoriedade do seu ensino. A Lei n° 10.639/2003 foi, por sua vez,

alterada em março de 2008 pela Lei n° 11.645/2008, passando a incluir também nos

currículos a temática da História e Cultura Indígena. Tais leis:

(...) asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros (BRASIL, 2005, p.9).

No âmbito educacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB) entrou em vigor no dia 20 de dezembro de 1996, promulgada pelo então

Presidente da República do Brasil Fernando Henrique Cardoso. Tal Lei sofreu

alterações em 09 de janeiro de 2003 com a implantação da Lei nº 10.639/2003,

quando foi instituída no artigo 26A1 da LDB a obrigatoriedade do ensino da História e

Cultura Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino público e privado.

Foi instituído também nesse momento o dia 20 de novembro como “Dia da

Consciência Negra”2, Lei esta assinada pelo então Presidente da República, Luiz

Inácio Lula da Silva.

Em 10 de março de 2008 a Lei nº 10.639/2003 foi alterada pela Lei nº

11.645/2008, a qual acrescenta ao artigo 26A3 da LDB a obrigatoriedade também do

ensino da História e Cultura Indígena nos estabelecimentos de ensino público e

privado. 1 Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o

ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira (BRASIL, 2003). 2 Art. 79-B: O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência

Negra (BRASIL, 2003). 3 Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se

obrigatório o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (BRASIL, 2008).

30

Na educação, a prática pedagógica voltada para o ensino da História e da

Cultura Afro-Brasileira não deve ser vista apenas como meio de reparação de algo

que aconteceu dentro da nossa história e que deixou marcas profundas na

sociedade brasileira, mas deve estar voltada também ao ensino de uma cultura que

formou, ao lado da cultura indígena e europeia, a cultura brasileira e que é

predominante na composição atual da sociedade do nosso país. Tal fato é

comprovado pelos dados do IBGE, que mostra pelo último censo (AFROPRESS,

2013), que a população negra e parda somam juntas 50,7% da população total.

É papel do Estado proporcionar políticas de reparação que garantam aos

afrodescendentes medidas compensatórias pelos danos sofridos durante o período

de escravidão, com reflexos nos dias atuais e também ações de combate ao

racismo, preconceito e discriminação. A Lei nº 10.639/2003 vem de encontro a essa

luta da comunidade afro-brasileira, pelo seu reconhecimento, valorização e acesso

aos seus direitos. Isso significa a busca pela justiça e igualdade de direitos a todos

pertencentes aos diversos grupos étnicos que formam a população brasileira. É

preciso sim uma mudança no comportamento frente a essa situação de garantias de

direito a esse grupo.

O que foi possível observar durante este período é que ainda temos muito a

ensinar e aprender sobre a história e cultura africana, pois esta, dentre todas as

etnias, é a que está mais arraigada na miscigenação e na formação do povo e da

cultura brasileira.

Conforme SEED (2008), com a implantação da Lei nº 10.639/2003 e

posteriormente da Lei nº 11.645/2008 e da Deliberação 04/06 do Conselho Estadual

no Paraná, as práticas de ensino e história tendem a grandes mudanças, mas

sempre tendo o cuidado em não direcionar essas questões históricas de modo que

leve a discriminação, ao preconceito e ao racismo na sociedade.

Diante das alterações no currículo escolar, incluindo a temática da História e

Cultura Afro-Brasileira e Indígena e a obrigatoriedade do seu ensino, levanta-se a

questão de como a história e, principalmente, a cultura africana vêm sendo

trabalhadas nas escolas. É importante que seja apresentada uma proposta de

trabalho contínua, sendo a cultura algo formidável, um tema abrangente com o qual

se pode trabalhar inúmeros aspectos, tais como música, dança, culinária, vestuário

entre outros.

31

► Iniciar essa oficina com a apresentação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(Lei n° 9394/1996) com ênfase na inclusão dos artigos 26-A e 79-B a partir da Lei nº

10.639/2003.

► Questionar os alunos sobre o conhecimento da existência da Lei nº 10.639/2003

e o que ela representa.

► Distribuir aos alunos os artigos impressos da Lei nº 10.639/2003 para serem lidos

e discutidos em grupo. Um aluno por grupo irá repassar os apontamentos feitos por

ele e seus colegas para a turma.

► Elaborar cartazes com trabalho livre sobre os artigos contidos na Lei.

► Apresentar aos demais grupos seu trabalho e fixar os cartazes elaborados no

mural da escola.

31

32

Lei nº 10.639/2003 e os artigos 26-A e 79-B

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei no 9.394, de 20 de dezembro de

1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes artigos: 26-A e 79-B.

Art. 2° - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182° da Independência e 115° da República.

LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

“Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,

que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de

Ensino a obrigatoriedade da Temática “História e

Cultura Afro-Brasileira” e dá outras providências”.

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.”

"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."

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33

1 – Algum integrante do grupo já conhecia algo sobre a Lei nº 10.639/2003?

2 – Debatam em grupo e escrevam na folha o que entenderam sobre a Lei e a

importância de sua aplicação nas escolas.

3 – Escolham um aluno do grupo para relatar para os demais colegas suas

conclusões sobre a Lei.

3- Representem de modo livre os artigos contidos na Lei nº 10.639/2003 em forma

de cartazes.

4 – Escolham um aluno do grupo para apresentar o trabalho dos cartazes aos

demais colegas.

5 – Encerradas as apresentações, fixar os cartazes no mural da escola.

GRUPO

33

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Conhecendo a cultura africana por meio de lendas

OFICINA 4

35

Um interessante ponto de partida para trabalhar a cultura africana seriam as

lendas. Neste contexto, podem ser apresentadas as diferenças e as semelhanças

entre as crenças e costumes dos povos. Dentro do universo de possibilidades de

ferramentas a serem adotadas no processo ensino-aprendizagem sobre a cultura

afro-brasileira, as lendas se mostram um instrumento válido para mexer com a

imaginação dos alunos, despertando neles ainda mais o interesse, a curiosidade e

também o seu aprendizado.

O significado de cultura popular segundo o Almanaque Abril (2014, p. 240) é:

A cultura popular é o conjunto de tradições de um povo, tais como danças,

folguedos, cantorias, artesanato, comidas, contos, lendas, crenças e festas.

No Brasil, ela se constitui de contribuições das culturas indígena, africana e

europeia.

Dentro do contexto de cultura popular, a palavra lenda tem origem no latim e

significa “o que deve ser lido”. Segundo Bayard apud Gomes e Silva (2011), no

passado tal significado estava mais ligado ao religioso e aos poucos foi tendo

características mais populares. Hoje as lendas estão ligadas a um produto

inconsciente da imaginação popular.

Conforme Cascudo (1984, p. 434), lenda é:

Episódio heroico ou sentimental com o elemento maravilhoso ou sobre-humano, transmitido e conservado na tradição oral popular, localizável no espaço e no tempo. De origem letrada, lenda, legenda, “legere”, possui características de fixação geográfica e pequena deformação. Liga-se a um local, como processo etiológico de informação, ou a vida de um herói, sendo parte e não todo biográfico ou temático.

Segundo Gomes e Silva (2011), a lenda está ligada à imaginação popular e

enquanto linguagem trabalha o pensamento, apresenta experiências e constrói a

história se utilizando da memória.

A lenda permite a conservação da tradição, ela narra uma história de

existência não apenas imaginária, pois o imaginário se manifesta através da cultura

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utilizando imagens e símbolos, colocando o homem em sintonia consigo, com o

outro e com o mundo.

As lendas estão presentes no meio simbólico da linguagem por nos aproximar

da dimensão transcendental de determinada cultura, pois o símbolo representa o

lado oculto das coisas, do mundo e do ser humano. A lenda representa a

imaginação popular, é uma narrativa que faz ligações com a realidade. “Portanto, a

lenda concerne essencialmente a um fato acrescido da imaginação popular, ou seja,

é uma narrativa imaginária que possui raízes na realidade objetiva” (GOMES e

SILVA, 2011).

Cecato e Camargo (2013) desenvolveram na Universidade Federal do Pampa

(Bagé, RS), um trabalho sobre lendas ligado à disciplina de Espanhol. Segundo

Cecato e Camargo (2013), a lenda é uma ferramenta que possibilitou desenvolver

um projeto de ensino de língua com base em estudos culturais e também projetos

interdisciplinares. O trabalho desenvolveu nos alunos certos estímulos para

dramatizações, leituras, discussões sobre fatos sobrenaturais e o estímulo à

pesquisa, possibilitando ainda a identificação e reconhecimento de traços da própria

cultura. O objetivo do trabalho estava na transformação do aluno em pesquisadores

da sua história e através dela estabelecer relações entre sua cultura e costumes

próprios. O contato com outra cultura possibilita a reflexão sobre as diversidades

culturais para então valorizá-las e respeitá-las.

Assim, a utilização das lendas em sala de aula pode possibilitar um

enriquecimento cultural e paralelamente o respeito à diversidade muito presente no

cotidiano escolar.

A escolha das lendas a serem utilizadas nesta oficina foi feita com base no

critério de lendas pertencentes a países que falam a língua portuguesa. O continente

africano foi colonizado por diversos países europeus, dentre eles Portugal, que

colonizou Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe.

Estes países juntos formam a PALOP (Países Africanos de Língua Oficial

Portuguesa).

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Países da PALOP e suas lendas

MINI OFICINA 1

Conteúdo: Características dos países que formam a PALOP e suas lendas.

Objetivos: Apresentar aos alunos os países africanos que falam a língua portuguesa e

lendas a eles associadas, selecionadas para as atividades.

Material: Texto impresso, lendas impressas, Mapa Político da África impresso, folhas de

atividades, atlas geográfico, lápis preto, borracha.

Duração: 5 aulas

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► Explicar aos alunos qual foi o critério usado para escolher as lendas que serão

trabalhadas.

► Distribuir aos alunos um texto que fala sobre os países que compõem a PALOP.

► Ler e discutir o texto.

► Localizar no mapa da África os cinco países membros da PALOP.

► Distribuir aos grupos as lendas africanas referentes a cada país apresentado.

► Ler e interpretar as lendas.

► Registrar as interpretações realizadas.

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Texto: Países que formam a PALOP

Angola - segundo informações do Almanaque Abril (2014), possui uma área

de 1.246.700 km², apresenta um clima tropical na maior parte de seu território, a

população em 2013 era de 21,5 milhões de habitantes e sua independência de

Portugal ocorreu em 1975 após uma luta iniciada em 1961.

A Angola viveu um intenso período de guerra civil, aproximadamente 40

anos. A economia está baseada na exploração e exportação de diamantes e na

produção de petróleo, sendo o 2° maior da África Subsaariana, e graças à matéria-

prima sua economia está crescendo. Mas o país ainda sofre com a desnutrição e

mortalidade infantil, sendo que grande parte de sua população vive em condições de

pobreza, por conta da intensa concentração de renda (CALDEIRA, 2010). Angola é

o país que no período de escravidão vivido pelo Brasil foi o maior fornecedor de

mão-de-obra escrava.

Moçambique - conforme dados do Almanaque Abril (2014), possui uma área

de 799.380 km², apresenta um clima tropical, sua população em 2013 era de 25,8

milhões de habitantes e se tornou independente de Portugal em 1975.

Moçambique viveu um período de 20 anos de guerra civil obtendo um acordo

de paz em 1992. É o país que mais se destaca na construção do pós-guerra. Possui

um bom potencial turístico, mas o destaque na economia é o petróleo, o gás natural

e os minérios.

Caldeira (2010) diz que Moçambique é um país multirracial e a maioria da sua

população é negra. Sobre as guerras, comenta que tais tensões sociais não ocorrem

por fatores étnicos e sim entre o norte mais pobre e o sul mais rico.

Guiné-Bissau - segundo o Almanaque Abril (2014), possui uma área de

36.125 km², apresenta clima equatorial, sua população em 2013 era de 1,7 milhão

de habitantes e se tornou independente de Portugal em 1974, sendo a primeira

nação africana a se tornar independente.

A agricultura e a presença de produtos como a castanha de caju e o algodão

são importantes para o país junto com as reservas de bauxita e fosfato, mesmo

assim é um dos países mais pobres do mundo.

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Conforme Caldeira (2010), Guiné-Bissau possui um patrimônio cultural rico e

diversificado e as diferenças étnicas e lingüísticas contribuíram para expressivas

manifestações culturais que ocorrem usualmente em épocas de colheitas,

casamentos, funerais e outras cerimônias.

Cabo Verde – é um arquipélago, formado por 10 ilhas vulcânicas, e conforme

dados do Almanaque Abril (2014), possui uma área de 4.014 km² e apresenta um

clima tropical. Sua população em 2013 era de 499 mil habitantes e obteve sua

independência de Portugal em 1975.

Cabo Verde vem apresentando certo crescimento econômico nos últimos

anos e isso se deve ao turismo, mas apesar desse crescimento ainda é dependente

da ajuda externa e de dinheiro repassado por familiares que estão fora do país aos

que ali residem.

Caldeira (2010) acrescenta que a população de Cabo Verde descende de

escravos africanos com seus senhores portugueses.

São Tomé e Príncipe - segundo o Almanaque Abril (2014), possui uma área

de 1001 km², apresenta um clima equatorial chuvoso, sua população em 2013 era

de 193 mil habitantes e sua independência de Portugal ocorreu em 1975, como a

maioria dos países lusófonos na África.

São Tomé e Príncipe tem o cacau e a pesca como base de sua economia e

após a descoberta de petróleo no final da década de 1990 teve um avanço na sua

economia.

Segundo Caldeira (2010), o país é constituído por duas ilhas, Ilha de São

Tomé e Ilha do Príncipe, apresentando outras muitas ilhotas em seu território.

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1 – Discuta com os integrantes do grupo sobre o critério que levou a escolha das

lendas a serem estudadas e escrevam suas considerações.

2 - Após a leitura do texto “Países que formam a PALOP”, selecionem aspectos

comuns entre os países (além do idioma) e registrem.

GRUPO

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Mapa Político da África – Localizando os países da PALOP

Figura 8 – África Político. Fonte:http://misosoafricapt.files.wordpress.com/2012/03/mapa_africa-pt12.jpg.

Figura 7 – Mapa Político da África. Fonte: http://misosoafricapt.files.wordpress.com/2012/03/mapa_africa-

pt12.jpg

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1 – Localize no mapa Político da África os cinco países integrantes da PALOP. Em

seguida destaque-os grifando seus nomes e, utilizando o atlas geográfico,

acrescente no mapa suas respectivas capitais.

GRUPO

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LENDAS AFRICANAS

ANGOLA – A LENDA DA GALINHA DE ANGOLA

"Numa certa manhã, vinha de cabeça baixa e muito triste uma Kerere, lamentando-

se:

- Estou fraca, estou fraca, estou fraca!

Resolveu saciar a sede num riacho. Lá deparou-se com uma linda mulher que se

banhava e, coquete como só ela sabia, começou a pintar-se.

Kerere quando viu aquilo admirou-se. Era Dandalunda, aquela que dá brilho às jóias

e se banha e se pinta antes mesmo de cuidar dos filhos.

Dandalunda quando percebeu a tristeza daquela ave perguntou-lhe:

- Porque essa tristeza Kerere?

Kerere respondeu-lhe:

- Entre os meus pares eu sou a mais feia!

Naquela época Kerere era toda preta.

Dandalunda então pediu para Kerere se aproximar. Ela pegou em osum e pintou o

seu bico, depois, com osum vermelho, pintou os brincos. Depois com waji tornou as

penas azul escuro e com efum fez as pinturas brancas. E continuou a pintar Kerere.

Esta, ao ver a sua imagem no abebé de Dandalunda, saiu correndo de tanta

felicidade cantando:

- Kuéim, kuéim, kuéim.

Dandalunda que ainda não tinha terminado de pintar Kerere pediu a Kakulu,

divindade dos gêmeos, para que corresse atrás de Kerere e a trouxesse de volta

pois não tinha pintado o seu peito.

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Kerere lá voltou e pediu para que Dandalunda, ao invés de pintar o peito, lhe desse

um colar. Dandalunda fez-lhe a vontade e ofereceu-lhe um colar em forma de coroa

que Kerere carrega até hoje, e entre os seus pares é a mais linda de todas.

Tempos depois, Kerere voltou e tornou-se o primeiro ser que “tomou” obrigações por

aquela que é capaz de modificar todos com a sua doce magia encantada. Kerere foi

o primeiro ser raspado, adornado e pintado por Dandalunda e é por este motivo que

quando um Kerere é sacrificado temos que tirar este colar em forma de coroa e

coloca-lo em evidência!

Kerere é também conhecida por Konquem, “Tô” fraco, E tu ou Galinha de Angola.

Fonte: http://contosencantar.blogspot.com.br/2009/03/lenda-da-galinha-dangola.html

Acesso em: 04 de novembro de 2014.

GLOSSÁRIO

Abebé Paramento do candomblé com um espelho no centro

Coquete Que procura despertar a atenção, vaidoso (a)

Efum Tipo de pó de cor branca utilizados em rituais afro-brasileiros

Osum (Osún) Espécie de um pó vegetal de cor vermelha

Waji Espécie de pó mineral de cor azul

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MOÇAMBIQUE – A LENDA DA GAZELA E DO CARACOL

Uma gazela encontrou um caracol e disse-lhe:

- Tu, caracol, és incapaz de correr, só te arrastas pelo chão.

O caracol respondeu:

- Vem cá no Domingo e verás!

O caracol arranjou cem papéis e em cada folha escreveu: "Quando vier a gazela e

disser "caracol", tu respondes com estas palavras: "Eu sou o caracol"". Dividiu os

papéis pelos seus amigos caracóis dizendo-lhes:

- Leiam estes papéis para que saibam o que fazer quando a gazela vier.

No Domingo a gazela chegou à povoação e encontrou o caracol. Entretanto, este

pedira aos seus amigos que se escondessem em todos os caminhos por onde ela

passasse, e eles assim fizeram. Quando a gazela chegou, disse:

- Vamos correr, tu e eu, e tu vais ficar para trás!

O caracol meteu-se num arbusto, deixando a gazela correr.

Enquanto esta corria ia chamando:

- Caracol!

E havia sempre um caracol que respondia:

- Eu sou o caracol. Mas nunca era o mesmo por causa das folhas de papel que

foram distribuídas.

A gazela, por fim, acabou por se deitar, esgotada, morrendo com falta de ar. O

caracol venceu, devido à esperteza de ter escrito cem papéis.

Comentário do narrador: "Como tu sabes escrever e nós não,

nós cansamo-nos, mas tu não. Nós nada sabemos!".

Fonte: http://www.ponto.altervista.org/Lugares/Lendas/gazz.html5. Acesso em: 04 de

novembro de 2014.

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GUINÉ-BISSAU – A LENDA DO TAMBOR AFRICANO

Corre entre os Bijagós, da Guiné, a lenda de que foi o macaquinho de nariz branco

quem fez a primeira viagem à Lua. A história começou assim:

Nas proximidades de uma aldeia, os macaquinhos de narizes brancos, certo dia, de

que se haviam de lembrar? De fazer uma viagem à Lua e trazê-la para baixo, para a

Terra.

Ora, numa bela manhã, depois de terem em vão tentado encontrar um caminho por

onde subir, um deles, por sinal o mais pequeno, teve uma ideia: encavalitarem-se

uns nos outros. Um agora, outro depois, a fila foi-se erguendo ao céu e um deles

acabou por tocar na Lua.

Embaixo, porém, os macacos começaram a cansar-se e a ficar impacientes. O

companheiro que tocou na Lua nunca mais conseguia entrar. As forças faltaram-

lhes, ouviu-se um grito, e a coluna desmoronou-se.

Um a um, todos foram arrastados na queda e caíram no chão. Apenas um só, só um

macaquito, por sinal o mais pequeno, ficou agarrado à Lua, que o segurou pela mão

e o ajudou a subir.

A Lua olhou-o com espanto e tão engraçadinho o achou que lhe deu de presente um

tamborinho. O Macaquinho começou a aprender a tocar no seu tamborinho e por

longos dias deixou-se ficar por ali. Mas tanto andou, tanto passeou, tanto no

tamborinho tocou, que os dias se passaram uns atrás dos outros e o macaquinho de

nariz branco começou a sentir profundas saudades da Terra e das

suas gentes. Então, foi pedir à Lua que o deixasse voltar.

— Para que queres voltar?

— Tenho saudades da minha terra, das palmeiras, das mangueiras, das acácias,

dos coqueiros, das bananeiras.

A Lua mandou-o sentar no tamborinho, amarrou-o com uma corda e disse-lhe:

— Macaquinho de nariz branco, vou-te fazer descer, mas toma tento no que te digo.

Não toques o tamborinho antes de chegares lá abaixo. E quando puseres os pés na

Terra, tocarás então com força para eu ouvir e cortar a corda. E assim ficarás liberto.

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O Macaquinho, muito feliz da vida, foi descendo sentado no tambor. Mas a meio da

viagem, oh, não resistiu à tentação. E de leve, levezinho, de modo que a Lua não

pudesse ouvir, pôs-se a tocar o tambor tamborinho. Porém, o vento soltando

brandos rumores fazia estremecer levemente a corda. Ouviu a Lua os sons

compassados do tantã e pensou: “O Macaquinho chegou à Terra”. E logo mandou

cortar a corda. E eis o Macaquinho atirado ao espaço, caindo desamparado na ilha

natal.

Ia pelo caminho diante uma rapariga, cantando e meneando-se ao ritmo de uma

canção. De repente viu, com espanto, o infeliz estendido no chão. Mas tinha os

olhos muito abertos, despertos, duas brasas produzindo luz.

O tamborinho estava junto dele. E ainda pôde dizer à rapariga que aquilo era um

tambor e o entregava aos homens do seu país.

A moça, ainda não refeita da surpresa, correu o mais velozmente que pôde a contar

aos homens da sua raça o que acabava de acontecer.

Veio gente e mais gente. Espalhavam-se archotes. Ouviam-se canções. E naquele

recanto da terra africana fazia-se o primeiro batuque ao som do maravilhoso tambor.

Então os homens construíram muitos tambores e, dentro em pouco, não havia terra

africana onde não houvesse esse querido instrumento.

Com ele transmitiam notícias a longas distâncias e com ele festejavam os grandes

dias da sua vida e a sua raça.

O tambor tamborinho ficou tão querido e tão estremecido do povo africano que, em

dias de tristeza ou em dias de alegria, é ele quem melhor exprime a grandeza da

sua alma.

Fonte:

http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/obino/cruzadas1/africanidades_atividades/gali

nha_angola.html. Acesso em: 04 de novembro de 2014.

GLOSSÁRIO

Acácias Árvore que possui cerca de 500 variedades distintas.

Archotes Uma espécie de tocha

Bijagós Arquipélago situado no Oceano Atlântico, ao largo da costa da Guiné Bissau.

Encavalitar Colocar-se um sobre outro

Menear Mover de um lado para outro

Rapariga Moça, mulher nova

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CABO VERDE – LENDA DE UNINE

Era uma vez uma mãe que teve uma filha muito, muito bonita. Tão bonita que o sol,

mal um dia a viu, logo se perdeu de paixão por ela.

Ciumento, não deu mais luz nesse dia para que outros não a vissem e também não

se apaixonassem pela linda menina. Fez-se um eclipse.

A mãe, com medo de ficar sem a única filha que tinha, a única companheira que

Deus lhe dera, resolveu escondê-la dos olhos do mundo.

A menina se chamava Unine e pela mãe foi levada e escondida numa gruta, o que

dificilmente lhe seria perdoado por muitos sete anos e sete dias de vida que lhe

fosse dado viver.

Uma noite escura ela levou Unine para a gruta que se situava numa montanha

afastada da povoação. Disse-lhe:

- Minha filha, tu ficas aqui para o teu bem. A porta da gruta não se abrirá por nada

deste mundo, a não ser quando for ouvida a voz da tua mãe.

E cantou uma canção para ela. Era a senha que faria com que a porta, uma enorme

pedra que tapava a entrada da gruta, magicamente se abrisse. E assim Unine

receberia comida e água que a mãe lhe levaria duas vezes ao dia.

Todas as madrugadas, antes que o Sol despontasse, e todas as noitinhas, logo que

o sol se punha, lá estava a mãe com a merenda e com a cantiga.

Era assim:

"Unine, Unine, unine,

Cosi, cosi

Cosi, cosa

Qui vem di dia

Qui vem di noite

Unine, Unine!"

O Sol inquietava-se. Nunca mais pôde ver a sua menina. Todos os dias ele se

levantava e percorria o povoado, a ilha toda, todos os continentes, todos os cantos

do mundo, perguntando peça menina mais bela que jamais tivessem visto.

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Perguntava ao mar:

- Mar, não viste a criatura mais bela?

O mar respondia:

- Se mais bela que as minhas ondas, pergunta então à nuvem.

E o Sol, virando-se para a branca nuvem, perguntava:

- Não viste, querida nuvem, a criatura mais bela?

E a nuvem, empalidecida, sempre se julgara a mais bela, respondia:

- Não, Senhor Sol, se não é a mim que procurais.

Era assim todos os dias. E no final de cada dia, o Sol, exausto, caía de sono na sua

imensa cama no fundo do mar, para na manhã seguinte despertar muito cedo e

repetir o mesmo ciclo.

Fonte: http://verbumimagus.blogspot.com.br/2005/04/unine.html. Acesso em: 04 de

novembro de 2014.

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SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - A LENDA DO CANTA-GALO

Conta a lenda que há tempos São Tomé era o refúgio de todos os galos do mundo.

O "cocorococó" na ilha era imenso e ensurdecedor, porque os galos esqueciam-se

que não eram os únicos a viver na ilha.

Com o passar do tempo, as outras criaturas começaram a incomodar-se com o

modo barulhento das aves.

Um dia, resolveram dar-lhes um ultimato: "Para evitar uma guerra, todos os galos

deveriam mudar-se para um local afastado em 24 horas. Somente o vencedor

poderia ficar no local".

Os galos, seres pacíficos, cantadores e alegres, optaram pela paz e por mudarem-

se todos para outro local onde pudessem cantar à vontade.

Escolheram então um guia, o galo maior, mais preto e mais visível dentre eles.

Partiram todos e depois de muito procurarem encontraram um lugar ideal. Desde

então, nunca mais se ouviu os galos cantarem desordenadamente, mas sempre em

local e hora determinados.

Os habitantes da ilha designaram esse lugar de Canta Galo. Esse local existe ainda

hoje e é um distrito na ilha de São Tomé com o mesmo nome.

Fonte: http://eportuguese.blogspot.com.br/2011/07/lenda-do-canta-galo-sao-tome-e-

principe.html. Acesso em: 04 de novembro de 2014.

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52

1 – Leiam juntos a lenda entregue ao seu grupo.

2 - Interpretem a lenda buscando enfatizar o papel dos personagens, as relações

com a cultura e/ou geografia do país relacionado e os diferentes significados deste

relato. Façam o registro das considerações na folha de atividades.

GRUPO

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Representação das lendas africanas estudadas –

caderno ilustrativo

Conteúdo: Representação das lendas africanas estudadas.

Objetivos: Despertar nos alunos a imaginação e estimular a representação das lendas

em forma de desenho.

Material: Lendas impressas, folhas de atividades, lápis preto, lápis de cor, borracha.

Duração: 4 aulas.

MINI OFICINA 2

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► Reler as lendas em grupo.

► Representar as lendas através de desenhos.

► Elaborar um caderno ilustrativo para as lendas.

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L E N D A S

1 – Após reler a lenda, elaborem desenhos que a retratem e montem um

caderno ilustrativo para a mesma. Uma dica é fazer os desenhos

obedecendo a sequência do relato, uma espécie de “quadrinhos”. Podem

explorar o uso de caixas de diálogo para as conversas entre os

personagens!

Angola: A lenda da galinha de Angola

Moçambique: A lenda da gazela e o caracol

Guiné-Bissau: A lenda do tambor africano

Cabo Verde: A lenda de Unine

São Tomé e Príncipe: A lenda do Canta- Galo

GRUPO

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Representação das lendas africanas estudadas -

teatro

Conteúdo: Elaboração de teatro sobre as lendas africanas.

Objetivos: Despertar nos alunos a imaginação e incentivar a representação das lendas

através de teatro.

Material: Lendas impressas, caderno ilustrativo (confeccionado pelos grupos), folhas de

atividades, lápis preto, borracha, roupas e objetos criados pelos alunos.

Duração: 10 aulas

MINI OFICINA 3

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► Redigir na folha de atividade a lenda em forma de teatro, distribuindo os

personagens e as falas para cada integrante do grupo.

► Preparar a encenação do teatro relativo a sua lenda, com cenário, roupas e

objetos.

► Ensaiar a peça teatral.

► Apresentar o teatro aos colegas de classe.

Observação: Nesta mini oficina não há material didático associado, pois é o

momento em que os alunos irão elaborar seu teatro com base na lenda pertencente

ao seu grupo. Os grupos vão elaborar e ensaiar suas peças e, posteriormente,

encerrando a oficina, farão a apresentação para toda a classe. Todas as atividades

neste momento serão realizadas em grupo.

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1 – Escrevam na folha de atividade o teatro que será apresentado pelo grupo.

Pensem no cenário, nas roupas e nos objetos que precisarão reunir e confeccionar e

providenciem tudo isso junto à escola, à professora e em suas casas.

2 – Distribuam entre os componentes do seu grupo o personagem/função que cada

um deve incorporar e os textos que devem ser estudados e decorados.

3 – Escolher um integrante do grupo para que assuma a posição de diretor da peça,

organizando o ensaio e a apresentação.

1 – Após realizar a atividade 1, iniciem os ensaios do teatro.

1 – Finalizados os ensaios, apresentem aos colegas da classe a sua peça teatral,

representando a lenda do seu grupo. Lembrando que essa peça teatral representará

a avaliação final de nossas atividades.

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Referências

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Disponível em: <http://www.afropress.com/post.asp?id=15404>. Acesso em: 04 de

maio de 2014.

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FILHO, Sidney Cardoso Santos; ROCHA, André Santos da. África, as várias. 2011.

Disponível em: <http://arquivos.castelobranco.br/data/publico/instrucionais/geografia/geografia_regional_do_mundo_III.pdf#page=22>. Acesso em: 23 de julho de 2014. FREITAS, Fátima e Silva de. A diversidade cultural como prática na educação. Curitiba: ibepex, 2011. 133 p. GOMES, Eunice Simões Lins; SILVA, Leyla Thays Brito da. Uma análise mítica sobre as lendas nos livros didáticos. Projeto de Apoio à formação do professor de ensino religioso – Prolicen, 2011. Disponível em: <http://gepai.yolasite.com/resources/PROLICEN_2011_-_EUNICE-DCR.pdf>. Acesso em: 16 de março de 2014. GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação, nº 23, p. 75-85, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a05.pdf>. Acesso em: 13 de março de 2014. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil: 500 anos – território brasileiro e povoamento, 2007. Disponível em: <http://brasil500anos.ibge.gov.br/en/territorio-brasileiro-e-povoamento/negros/o-trabalho-dos-negros-africanos>. Acesso em: 31 de março de 2014. LIBÂNIO, João Batista. Manifestações culturais brasileiras. 2013. Disponível em: <http://domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=3755>. Acesso em: 12 de outubro de 2014. REIS, João José. Presença Negra: conflitos e encontros. In: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil: 500 anos de povoamento. 2 ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. p. 79-99. SEED - Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Educando para as relações étnicas II. Curitiba: SEED, 2008. 208 p. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/tematico_raciais.pdf>. Acesso em: 26 de março de 2014. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2008. 176 p.