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FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: “Educação do Campo: uma proposta pedagógica para o povo do campo”

Autor Fátima Aparecida de Souza

Escola de Atuação Colégio Estadual “Nossa Senhora da Candelária”

Município da escola Bandeirantes - Paraná

Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio

Orientador Silvia Alves dos Santos

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Cornélio Procópio

Disciplina/Área (entrada no PDE) Pedagogia

Produção Didático-pedagógica Caderno Temático

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Professores, Equipe, Direção e Comunidade Escolar

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Nossa Senhora da Candelária – Ensino Fundamental e Médio. Rua Padre Bento, s/n. Distrito Nossa Senhora da Candelária – Bandeirantes-PR

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Neste Caderno Temático propomos um estudo sobre a importância da participação da comunidade escolar na construção de um Projeto Político-Pedagógico para uma escola do campo, visto ser um trabalho que exige o comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo. Partindo do princípio que é preciso educar o sujeito do campo garantindo-lhe o direito ao conhecimento, à ciência e à tecnologia, sem deixar

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de lado seus valores, cultura e identidade, e diante da insatisfação de professores, equipe e direção, vimos a necessidade de entrar nesse processo de reflexão e análise sobre práticas pedagógicas relacionadas à Educação do Campo, visto que nossa prática ainda sustenta um currículo urbanizado.Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores vinculados a educação do campo formação continuada no ambiente de trabalho, por meio de estudos, pesquisas e debates; e Contribuir para a ampliação do entendimento sobre educação do campo no município de Bandeirantes.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Educação do Campo; Escola; Identidade; PPP

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CADERNO TEMÁTICO

“Educação do Campo:

uma proposta

pedagógica para o

povo do campo”

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"Se as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se queimarem os campos e conser-varem as cidades, estas não so-breviverão.”

Benjamin Franklin

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus por nunca ter desistido de mim e estar sempre me fortalecendo e me impulsionando.

Aos meus filhos, por serem a prova real do amor em minha vida, apesar de estarem tão longe, ... de formas diferentes.

À minha família, presença física de amor e compreensão......

Aos meus amigos do Colégio Candelária, pelo apoio e incentivo, tornando possível meu trabalho de pesquisa e implementação.

Com total carinho e admiração, à Professora Silvia, pela generosidade em dividir seus conhecimentos, sua sabedoria, .....enfim todo seu ser.

Sou grata a todos vocês.

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SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE ESTADUAL NORTE DO PARANÁ

CAMPUS CORNÉLIO PROCÓPIO-PARANÁPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL-PDE

PROFESSORA PDE: FATIMA APARECIDA DE SOUZAPROFESSORA ORIENTADORA: SILVIA ALVES DOS SANTOS

MATERIAL DIDÁTICO: CADERNO TEMÁTICO

“EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O POVO DO CAMPO”

CORNÉLIIO PROCÓPIO – PARANÁ

2011

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FATIMA APARECIDA DE SOUZA

“EDUCAÇÃO DO CAMPO:

UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O POVO DO CAMPO”

Material Didático ( Caderno Temático)

apresentado à Secretaria de Estado da

Educação do Estado do Paraná – SEED,

como requisito de participação no

Programa de Desenvolvimento Educacional

– PDE, sob a orientação da Professora

Silvia Alves dos Santos – Universidade

Estadual do Norte Pioneiro – UENP –

Campus Cornélio Procópio - Paraná

CORNÉLIO PROCÓPIO – PARANÁ

2011

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SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO.....................................................................................................................7

EDUCAÇÃO DO CAMPO: É UM DESAFIO PARA TODOS.................................................9

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO...................................................10

UM POUQUINHO DA NOSSA HISTÓRIA...................................................................14

“HÁ A ILUSÃO DE QUE AS LUZES DA CIDADE BRILHAM MAIS QUE AS DO SERTÃO”.................................................................................................................................16

CONSTRUINDO UM PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA UMA ESCOLA DO CAMPO....................................................................................................................................22

Apresentação................................................................................................................22

Que Homem Queremos Formar?.................................................................................23

Queremos uma Educação que seja No e Do Campo..................................................26

Características da Educação do Campo que se Pretende Construir...........................27

Como assegurar uma Educação de Qualidade à nossa Comunidade Escolar............29

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EXISTENTES E EXPERIÊNCIAS POSSÍVEIS...................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................39

REFERÊNCIAS........................................................................................................................41

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APRESENTAÇÃO Neste Caderno Temático propomos um estudo sobre a importância da

participação da comunidade escolar na construção de um Projeto Político-

Pedagógico para uma escola do campo, visto ser um trabalho que exige o

comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo.

Partindo do princípio que é preciso educar o sujeito do campo garantindo-

lhe o direito ao conhecimento, à ciência e à tecnologia, sem deixar de lado seus

valores, cultura e identidade, e diante da insatisfação de professores, equipe e

direção, vimos a necessidade de entrar nesse processo de reflexão e análise sobre

práticas pedagógicas relacionadas à Educação do Campo, visto que os alunos do

Colégio em que atuamos como pedagoga são oriundos da Zona Rural, residentes no

próprio Distrito e/ou nos Bairros, Sítios ou Fazendas da região de

Bandeirantes/Paraná, porém o trabalho desenvolvido nas escolas, sustenta um

currículo essencialmente urbanizado, quase sempre deslocado das necessidades e

da realidade do campo.

Sabe-se que a nível de Brasil e mesmo de Paraná, onde há muitos avanços,

a cultura, os conhecimentos, a dinâmica do cotidiano dos povos do campo

raramente são tomados como referência para o trabalho pedagógico, bem como

para organizar o sistema de ensino, a formação de professores e a produção de

materiais didáticos. A ideia posta até os dias atuais pelas políticas de educação é

que o espaço urbano serve de modelo ideal para o desenvolvimento humano. Isso

contribui para descaracterizar a identidade dos povos do campo, no sentido de se

distanciarem do seu universo cultural.

Enquanto muitas escolas foram retiradas das comunidades, em

Bandeirantes as de 1ª/5ª séries, o Colégio Estadual Nossa Senhora da Candelária

está inserido no campo, porém, é preciso privilegiar a cultura, valorizar a identidade,

identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais suas expectativas

em relação à escola, sem, no entanto, reduzir o processo pedagógico às discussões

da realidade camponesa, desconsiderando a interdependência campo-cidade.

A Educação do Campo tem o papel de fomentar reflexões sobre um novo

projeto de desenvolvimento e fortalecer a identidade e autonomia dos povos do

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campo, ajudando na compreensão de que a cidade não vive sem o campo que não

vive sem a cidade.

As Diretrizes Operacionais para as Escolas do Campo/2002 do CNE e as

Diretrizes Estaduais do Estado do Paraná – em processo de estudo, discussão e

aplicação, não vão fazer diferença se não tiverem os sujeitos lutando para que essas

mudanças ocorram na realidade do campo; se não tiverem gestores a nível nacional,

estadual e municipal que busquem mudanças substanciais na realidade educacional

do campo. Para que isso ocorra é preciso proporcionar aos professores uma

formação continuada no ambiente de trabalho, por meio de estudos, pesquisas e

debates. Dessa forma, ainda que limitada pelo espaço-tempo, estaremos

contribuindo para a ampliação do entendimento sobre Educação do Campo no

município de Bandeirantes.

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EDUCAÇÃO DO CAMPO:

É UM DESAFIO PARA TODOS

Um desafio está posto à educação do campo: considerar a cultura dos povos do campo em sua dimensão empírica e fortalecer a educação escolar como processo de apropriação e elaboração de novos conhecimentos. (PARANÁ/SEED,LIMA,2006).

...........portanto os aspectos da

realidade têm que ser tomados como

ponto de partida do processo

pedagógico e compete ao professor

definir os conhecimentos locais e

aqueles historicamente acumulados

que devem ser trabalhados.

Na escola escolhida como campo de pesquisa, durante o turno da manhã

atendemos os alunos do Ensino Fundamental, com uma faixa etária de 10 a 14

anos, sendo que a maioria não trabalha; os que trabalham são apenas ajudantes

dos próprios pais nas lavouras; dessa forma têm mais tempo disponível para a

realização das tarefas de casa e dos trabalhos extra-classe.

No período noturno, ofertamos o Ensino Médio, que possui um alunado

adolescente, jovens e alguns adultos, que em sua maioria são trabalhadores que

quando chegam ao Colégio já estão cansados devido ao trabalho exercido durante o

dia, exigindo dos professores mais dinamismo durante as aulas, procurando

desenvolver todas as tarefas e trabalhos em sala, uma vez que os mesmos, não têm

tempo disponível para realizarem atividades extra-classe. Os alunos do Ensino

Médio têm outros objetivos, não restringindo-se apenas a continuação nos estudos

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ESCOLA.....Local que

possibilita a ampliação dos

conhecimentos......................

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frequentando um Curso Superior, muitos deixarão os estudos e o próprio Distrito

para tentarem uma melhora nas condições de vida através do trabalho em cidades

maiores, pois alegam que no Distrito não há trabalho para eles, obrigando-os a

migrarem.

relatora das Diretrizes Operacionais

Segundo Soares (2001), para

a Educação Básica nas Escolas do

Campo, somente nas primeiras

décadas do século XX é que iniciou-se

o debate a respeito da importância da

educação rural para conter o

movimento migratório e elevar a

produtividade no campo, surgindo em

1923 os Patronatos com perspectiva

salvacionista, diante da quebra da

harmonia e da ordem nas cidades e

baixa produtividade do campo).

Na Constituição de 1934, Art. 156, Parágrafo Único: A União reservará 20%

das cotas destinadas à educação, para o ensino nas zonas rurais. O que teve de

novo na Constituição de 1967 foi a obrigatoriedade das empresas convencionais

agrícolas oferecerem ensino primário gratuito aos empregados e filhos.

Como descrito pela relatora, somente na Constituição de 1988: que

proclamou a educação como direito de todos e dever do Estado, estabeleceu no Art.

62 a criação do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, reabrindo assim

a discussão sobre Educação do Campo.

Quanto às Leis de Diretrizes e Bases anteriores, a relatora afirma que a

4024/61- não traduziu grandes preocupações com a diversidade. O foco foi dado

quanto à Integração ao meio, orientando as instituições a trabalharem para adaptar

o homem ao meio e estimular vocações e atividades profissionais; e a LDB 5692/71-

propôs o ajustamento às diferenças culturais; previa a adequação do período de

férias à época de plantio e colheita.

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BREVE

HISTÓRICO DA

EDUCAÇÃO

DO CAMPO

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Constata a relatora que a LDB 9394/96- estabelece que os sistemas de

ensino promovam as adaptações necessárias às peculiaridades da vida rural,

quanto aos conteúdos e metodologias apropriados às necessidades e interesses dos

alunos da zona rural; adequação do calendário, entre outros.

E a Resolução 1/2002,CNE/CEB, institui as Diretrizes Operacionais para a

Educação Básica nas Escolas do Campo. Nos seus Art. 5º/6º/7º diz que:

respeitadas as diferenças e o direito à

igualdade, contemplarão a diversidade

do campo em todos os seus aspectos:

sociais, culturais, políticos,

econômicos, de gênero, geração e

etnia. Cabendo aos Estados garantir

as condições necessárias para o

acesso ao Ensino Médio e à Educação

Profissional de Nível Técnico;

As atividades das propostas pedagógicas poderão ser organizadas e desenvolvidas

em diferentes espaços pedagógicos; No Art 8º, II - direcionamento das atividades

curriculares e pedagógicas para um projeto de desenvolvimento sustentável; IV –

Controle social da qualidade da educação escolar, mediante a efetiva participação

da comunidade do campo; Art 13, II – propostas pedagógicas que valorizem a

diversidade cultural e os processos de interação e transformação do campo, a

gestão democrática, o acesso ao avanço científico e tecnológico e respectivas

contribuições para a melhoria das condições de vida e a fidelidade aos princípios

éticos que norteiam a convivência solidária. (BRASIL/CNE/CEB, SOARES,2001).

As Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo,

tem como ponto básico, o reconhecimento de que as pessoas que vivem no campo

tem direito a uma educação diferenciada daquela oferecida a quem vive nas

cidades. Esse reconhecimento compreende as necessidades culturais, os direitos

sociais e a formação integral desses indivíduos (BRASIL/CNE/CEB, EDLA

SOARES,2001).

Para atender a essas especificidades e oferecer uma educação de

qualidade, adequada ao modo de viver, pensar e produzir das populações

identificadas com o campo, vem sendo concebida a Educação do Campo. Os dados

Propostas pedagógicas das escolas do campo ..........

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oficiais disponibilizados pelas instituições federais de pesquisa – IBGE, INEP e

IPEA, entre outras – demonstram uma diferença acentuada entre os indicadores

educacionais relativos às populações que vivem no campo e as que vivem nas

cidades, com clara desvantagem para as primeiras. Isto indica que, no decorrer da

história, as políticas públicas para essas populações não foram suficientes para

garantir uma equidade educacional entre campo e cidade.

No Paraná foram instituídas as Diretrizes Curriculares da Educação do

Campo - SEED/PR/2006, que foi construída pelo governo e sociedade civil

organizada, com o intuito de auxiliar o professor a reorganizar a sua prática

educativa, tornando-a cada vez mais próxima da realidade dos sujeitos do campo.

O Governo do Estado do Paraná está trabalhando, através de uma política

de Estado permanente, aumentando os recursos, e formação continuada para

professores e funcionários. Pois, é necessário construir uma escola de qualidade e

inclusiva, que não chame o aluno apenas para ser matriculado, porém capaz de

fazer esse aluno aprender, tornar-se um cidadão crítico, consciente de seu papel na

sociedade. O grande desafio da escola pública é acolher às crianças de baixa renda

e fazê-las aprender, acolher os que ainda continuam excluídos. A escola é o lugar

de receber a infância, ajudá-la a crescer e tornar-se adulta, suscitando o

desenvolvimento do sujeito capaz de um pensamento autônomo e criativo.

As mudanças ocorridas no mercado de trabalho brasileiro exigem cada vez

mais trabalhadores flexíveis e polivalentes, empreendedores, seres pensantes,

capazes de tomar decisões e que sejam criativos, portanto, necessitamos de uma

educação voltada para a realidade.

O Paraná tem como atividades econômicas predominantes, a agricultura, a

pecuária e alguns polos industriais, tais condições apresentam aspectos positivos e

aspectos negativos, e como consequência surgem o subemprego ou desemprego.

As correntes migratórias dentro do próprio estado de municípios do interior para

grandes centros urbanos em busca de condições melhores de trabalho, também são

outra realidade que deixam a organização espaço-temporal em permanente

movimento.

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O município de Bandeirantes, cuja principal renda é a

agricultura, especificamente a lavoura de cana-de-açúcar, e o

Colégio Estadual Nossa Senhora da Candelária estão inseridos

no contexto sócio-econômico, político e cultural brasileiro,

portanto buscam alternativas que promovam as mudanças

almejadas por todos, principalmente o de uma educação pública

de qualidade para todos, sem exceção. Pode-se observar que o marco da inserção da educação do campo na

agenda política e na política educacional pode ser indicado a partir da LDB 9394/96,

ao afirmar, em seu artigo 28, a possibilidade de adequação curricular e metodologias

apropriadas ao meio rural; flexibilizar a organização escolar, com adequação do

calendário escolar.

Como profissionais conscientes do nosso papel na construção e

desenvolvimento do cidadão, neste colégio trabalha-se em conjunto: professores,

equipe pedagógica, direção, funcionários e demais segmentos da comunidade

escolar, para que o aluno tenha uma educação de qualidade, sendo preparado para

o exercício da cidadania, sendo um cidadão crítico, que tenha conhecimento e saiba

aplicar esse conhecimento, transformando sua realidade.

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O Colégio Estadual Nossa Senhora da Candelária – Ensino Fundamental e

Médio, localiza-se no Distrito Nossa Senhora da Candelária, no município de

Bandeirantes, Estado do Paraná. Foi fundado em 1951 sob a denominação de Casa

Escolar Nossa Senhora da Candelária. Em 1978, foi autorizado seu funcionamento

sob a denominação Escola Rural Nossa Senhora da Candelária e em 1980 foi

homologado sua criação.

Em 1983, passou a denominar-se Escola Estadual Nossa Senhora da

Candelária - Ensino de 1º Grau e em 1991, com a autorização de funcionamento do

2º Grau, passa a denominar-se Colégio Estadual Nossa Senhora da Candelária –

Ensino de 1º e 2º Graus.

Com a municipalização, no ano de 1992, houve a desativação do ensino de

1ª à 4ª séries, sendo criado a Escola Municipal Felipe de Almeida Campos que

desde a sua criação compartilha do prédio estadual, do Colégio Estadual Nossa

Senhora da Candelária - Ensino Fundamental e Médio.

Atualmente está em estudo junto à

comunidade escolar a mudança de

nomenclatura de Colégio Estadual

Nossa Senhora da Candelária, para

Colégio Estadual do Campo Nossa

Senhora da Candelária. Após estudo

da Legislação indicada pela SEED e

discussão sobre o assunto, será

lavrada uma ata solicitando a mudança

de nomenclatura e será encaminhado

ao Secretário da Educação um ofício

solicitando que a escola seja

reconhecida como escola do campo,

através da mudança de sua

nomenclatura.

14Um pouquinho Da Nossa história

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Questões para debate: 1. Na sua opinião como a educação

deve considerar a cultura dos povos

do campo?

2. Como devem ser as práticas

pedagógicas das escolas do campo?

3. Há a proposta de mudança de

nomenclatura para que o Colégio seja

reconhecido como escola do campo.

Isso é suficiente para que o seja de

fato?

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“Há a ILUSÃO DE QUE AS LUZES DA CIDADE BRILHAM MAIS QUE AS DO SERTÃO”

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Os alunos atendidos no Colégio Estadual Nossa Senhora da Candelária -

são oriundos totalmente da Zona Rural, residentes no próprio distrito, nos bairros,

sítios e fazendas da região. Alguns trabalham na lavoura e auxiliam em casa nas

atividades domésticas. São distribuídos entre os turnos da manhã – Ensino

Fundamental, e da Noite – Ensino Médio, numa faixa etária que varia entre dez e

trinta e um anos.

O que predomina economicamente é a pequena produção agropecuária e o

nível de escolaridade dos pais varia, prevalecendo o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª

séries, uns poucos com Ensino Fundamental completo e uma minoria com Ensino

Médio.

Os turnos são marcados por algumas diferenciações: A maioria dos alunos

que estudam de manhã, não trabalham; os que trabalham são apenas ajudantes dos

próprios pais nas lavouras; dessa forma têm mais tempo disponível para a

realização das tarefas de casa e dos trabalhos extra -classe.

Já no período da noite, a maioria são trabalhadores que quando chegam ao

Colégio já estão cansados devido ao trabalho exercido durante o dia, exigindo dos

professores mais dinamismo durante as aulas, procurando desenvolver todas as

tarefas e trabalhos em sala, uma vez que os mesmos, não têm tempo disponível

para realizarem atividades extra - classe.

O que se observa nos alunos do Ensino Médio é que têm outros objetivos,

não restringindo-se apenas a continuação dos estudos frequentando um Curso

Superior. Muitos deixarão os estudos e o próprio Distrito para tentarem uma melhora

nas condições de vida através do trabalho em cidades maiores, pois os alunos

alegam que no Distrito não há trabalho para eles.

Um dos problemas enfrentado é o difícil acesso para alguns alunos que não

moram no Distrito onde se localiza este Estabelecimento, porque quando chove

alguns não vem para o Colégio porque as estradas estão em condições precárias

não havendo possibilidade do Transporte Escolar trazê-los. Conscientes desta

realidade os professores trabalham aproveitando ao máximo o período da estiagem,

que é maior que os dias de chuva, para trabalhar os conteúdos integrantes do

processo ensino aprendizagem, os quais são essenciais para a formação do cidadão

crítico, aproveitando a presença de todos. Evidentemente quando chove as aulas

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acontecem, mas alguns alunos não estão presentes, portanto é necessário propor

atividades diferenciadas que os auxiliem.

Quanto a alguns casos de evasão e repetência a solução buscada por nós é

o trabalho com conteúdos significativos para os alunos, de acordo com a sua

realidade, buscando a efetivação entre a teoria e a prática. Quanto maior o

significado intrínseco do ensino para o aluno, maior a probabilidade de que ele não

venha a abandonar a sua educação, e possa se tornar um indivíduo autônomo

atuando na sociedade em que vive. A solução para a repetência do País é um

sistema de educação mais criativo e inovador, oferecendo educação complementar,

atividades artísticas, esportivas e reforços.

Trata-se, portanto, da.....

busca de uma "qualidade" para a educação, voltada para

a construção do conhecimento e que reconhece a

importância deste para a emancipação dos sujeitos e do

exercício da cidadania. Operando com teorias de aprendizagem e formas

de organização do ensino que superem as práticas pedagógicas tradicionalmente

centradas na memorização e na reprodução de informações, ou no treinamento para

"saber fazer", já que a demanda, que hoje se coloca, é pela formação de cidadãos

pensantes e criativos. (VEIGA, 1996, p. 161).

Estudos de Campolin (2010) apresenta como pontos importantes para esta

pesquisa, que: Discutir a realidade da juventude rural hoje, implica um olhar mais

atento às suas lutas, sonhos e angústias. Significa pensar nos problemas e nas

perspectivas possíveis para essa parcela de jovens que se vê na fronteira entre

manter-se no campo ou migrar para os centros urbanos à procura de melhores

condições de vida. No entanto, se ficar no campo significa encarar uma dura

realidade de privações e de falta de perspectivas, migrar para as cidades traz outras

sérias consequências como enfrentar o crescente desemprego, a pobreza e a

violência. Há ainda que se levar em conta o despreparo dos jovens rurais, em

termos profissionais, para competir no restrito mercado de trabalho urbano.

Em entrevista com nossos alunos pudemos constatar essas angústias, pois

ao mesmo tempo em que querem permanecer no campo não vêem perspectivas de

melhoras. Ficar no campo é encarar a dura realidade, para muitos, de privações.

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Acham que ir para a cidade é a solução. Alguns até disseram que é lá que está o

dinheiro, isso porque desconhecem a dura realidade de desemprego, pobreza e

violência, sem contar com o despreparo para competir no mercado de trabalho, visto

que suas especializações é lidar com a lavoura.

Enquanto escola, precisamos resgatar aquilo que nossos jovens tem

enraizado na tradição familiar, de forma que a atividade agrícola seja um suporte

que fundamente e se transforme em saber científico. Isso se dará através de

estratégias bem diversificadas, valorizando o conhecimento que receberam dos pais

relativos à natureza e ao trabalho na terra e os conhecimentos formais passados

pelos professores.

Temos que levar em conta que dentre os conhecimentos que detêm, há os

relacionados à Geografia – clima, ventos, entre outros; físicos – topografia, solo,

água e outros; aspectos referentes à vegetação; fungos; mercado; políticas agrícolas

e muitos outros. Conhecimentos estes que vão sendo ampliados e direcionados para

uma visão mais ampla de mundo.

Nosso trabalho deve permitir que nosso aluno desenvolva um conhecimento

próprio, fruto de suas experiências de vida e trabalho, mesclado com a educação

que receberam na escola. Ampliando sua visão de realidade e perspectivas através

do conhecimento teórico vinculado à sua prática rural. Que desenvolva sua

capacidade de avaliar questões relativas ao mercado dos produtos agrícolas e

técnicas de cultivo. Que reconheçam a importância do conhecimento científico no

seu dia a dia, ficando evidente que seu conhecimento prático busca fundamento nas

pesquisas.

Para que a escola cumpra seu papel, tendo em vista a preparação para o

prosseguimento dos estudos, para o mundo do trabalho, para a família e para as

demais exigências da vida social, faz-se necessário uma Gestão Democrática, com

enfrentamento das questões de exclusão e reprovação e da não-permanência do

aluno na sala de aula. Visando romper com a separação entre concepção e

execução, entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática, é o repensar da

estrutura de poder da escola, incluindo a ampla participação dos representantes do

Conselho Escolar e da APMF nas decisões e ações administrativo-pedagógicas

desenvolvidas.

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Nery (2002) ao fazer a apresentação do quarto caderno: Por uma Educação

do Campo, diz: ”a Educação do Campo que se espera é

aquela que : “vá além do Ensino Médio e também

dos limites da Escola”. “Queremos um povo que se

beneficie de uma identidade educacional própria do

mundo em que vivem e no qual constroem suas vidas

e seus sonhos” .

Caldart (2002, p.33), enfatiza que enquanto professores, precisamos

combinar práticas pedagógicas de modo a fazer uma educação que forme e cultive identidades, auto-estima,valores, memória, conhecimentos; que enraize sem necessariamente fixar as pessoas em sua cultura, seu lugar, seu modo de pensar, de agir, de produzir; uma Educação que projete movimento, relações, transformações.

Na visão de Caldart (2005, p.30), “a Escola tem que ser um lugar, onde

nosso aluno sinta orgulho de sua origem e de seu destino. Que seja preparado para

enfrentar coletivamente, os problemas que existem no campo”. E que, mesmo indo

para a cidade, possibilite levar o orgulho do trabalho no campo, sua formação

humana, seus valores, cultura, ética, memória.

Levar o aluno a refletir sobre: a vantagem de permanecer no lugar de

origem, continuar a história de vida familiar, transmissão da vida e produção de

alimentos versus mudanças para os grandes centros, objetivando melhores

condições de estudo, trabalho e praticidade no dia-a-dia.

Entrevistar pessoas que moravam no campo e agora vivem na cidade,

questionando sobre os tipos de trabalho que realizavam no Campo; as formas de

lazer no Campo; motivos que o levaram à cidade; principais diferenças entre a vida

que levavam no campo e a vida que levam agora; como vivem na cidade e em que

trabalham.

Valorizar o campo e seus sujeitos, enumerando uma série de vantagens:

melhor qualidade de vida, ar puro, pouca violência, respeito entre as pessoas, menor

custo de vida, alimentos naturais e mais saudáveis, maior valorização da família,

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vivência religiosa mais intensa, convivência harmoniosa entre vizinhos (ajuda mútua

em tempo difícil), entre outros.

Na busca de soluções, vamos procurar parcerias a fim de reforçar o

entendimento de que a teoria e a prática, a educação e o trabalho são fundamentais

na busca de alternativas para a melhoria das condições de vida do sujeito do campo.

Diante dos determinantes estruturais e conjunturais da sociedade brasileira,

não será a educação que permitirá aos povos do campo continuarem no campo,

mas é um direito humano fundamental para que tenham dignidade e meios de lutar

pelas condições básicas de vida, no lugar em que vivem.

Em tempo: O Distrito onde o Colégio está inserido, é conhecido por toda

população como

”Sertãozinho” ou “Sertão”.

Questões para debate:1. Primeiramente vamos refletir sobre o tema: “Há a ilusão de que as luzes da cidade brilham mais que as do sertão”. Citem exemplos de pessoas que foram para a cidade.

2. Como vivem essas pessoas hoje? Continuam vivendo na cidade? Encontraram o que foram buscar?

3. Vocês acreditam que com nosso trabalho e com as parcerias que pretendemos buscar, podemos mudar, pelo menos em parte, esse desejo que nossos jovens têm de ir embora do sertão?

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Page 25: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

CONSTRUINDO UM PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA UMA

ESCOLA DO CAMPO

APRESENTAÇÃO

Sendo o Projeto Político-Pedagógico o fruto da interação entre os objetivos e

prioridades estabelecidos pela coletividade, que define através de estudos e

reflexões, as ações necessárias à construção de uma nova realidade, é antes de

tudo, um trabalho que exige comprometimento de todos os envolvidos no processo

educativo: direção, equipe pedagógica, professores, alunos, pais e a comunidade

como um todo.

Na organização do trabalho é o Projeto Político-Pedagógico que aponta a

direção a ser tomada. Sua efetivação vai depender dos nossos estudos, pesquisas,

debates, replanejamentos, reflexão e problematização da nossa prática pedagógica,

enquanto escola no e do campo. Pois segundo Amaral e Digiovanni (2009, p. 07) :

“Construir uma escola do campo, pública, democrática e de qualidade significa

buscar a coerência político-pedagógica entre o que se ensina e o que se aprende,

com a realidade, as expectativas e necessidades dos diferentes sujeitos que lá se

encontram”.

A educação é um processo contínuo, por isso o Projeto Político-Pedagógico

está sempre em construção e sempre sendo avaliado para seu aprimoramento.

A comunidade escolar está trabalhando no sentido de

conscientizar a população local que somente através da

educação e da valorização da sua cultura poderá haver uma

transformação da sua realidade, do meio onde vive e de suas

futuras gerações.

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Page 26: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

No seio da escola busca-se

uma sociedade democrática, justa e

igualitária que apresente como ator

principal o cidadão crítico,

participativo, responsável e criativo;

uma sociedade que valorize o homem

enquanto ser capaz de comprometer-

se e atuar em sua própria realidade,

sendo um ser íntegro que apresente

valores humanitários e sociais, que

respeite o outro acima de todos os

preconceitos.

A formação deste homem depende da definição do que é educação. Assim

Saviani, a define:

“ A Educação é um processo que se caracteriza por

uma atividade mediadora no seio da prática social

global.” (ARANHA, p. 150, 1996)

Considerando essa definição o Colégio parte da perspectiva de que a

educação não é neutra, mas comprometida com a economia e a política, e enquanto

processo supõe o desenvolvimento integral do homem em suas capacidades: física,

mental, intelectual, moral e estética, segundo o contexto histórico e social em que

estão inseridos.

A educação almejada é aquela que ultrapassa a transmissão de

conhecimentos para se tornar um instrumento de reflexão critica dos valores que

estão sendo propostos bem como da própria cultura que muitas vezes é repassada

como verdade universal.

Segundo Saviani: A educação por si só não transforma a

sociedade, mas contribui para o processo de democratização . Então,

compreende-se que a educação nessa perspectiva histórico-social, tem como ponto

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QUE

HOMEM

QUEREMOS

FORMAR?

Page 27: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

de partida a prática social inicial e de chegada é a prática social transformada, a

qual visa a formação cidadã.

O artigo 205 da Constituição Brasileira afirma:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando o pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.”

Um ponto de partida para que exista o respeito à

diversidade na Escola é aceitar que os agentes que

interagem na escola têm interesses, visões de mundo e

culturas diferentes e nenhum de nós temos o monopólio da

verdade, da inteligência e da beleza. Daí a necessidade de

negociações permanentes para que todos façam concessões, e

todos tenham ao menos parte dos seus interesses e valores

contemplados no espaço público da escola.

Isso porque o ensino e a aprendizagem não são processos individuais. Ao

contrário, eles acontecem em meio a muitas relações culturais, que envolvem a

valorização do que já se sabe, do que se pretende saber, dos objetivos para o

estudo e dos projetos para o futuro e da inter-relação entre alunos, entre alunos e

professores, entre alunos e equipe escolar, entre outras possibilidades de interação.

Assim, se forem assumidos os pressupostos de que os novos aprendizados se

fazem na relação com os já consolidados e de que os aprendizados fazem sentido

na medida em que permitem ao aluno participar dos mundos sociais que os

requisitam, torna-se necessário para a atividade didática conhecer e valorizar o

universo cultural do outro.

Considerando a tendência Histórico-Crítica, pretende-se trabalhar a valorização da escola, do professor e dos conteúdos; a criatividade, a atividade, a liberdade do professor e do aluno; os meios e os materiais pedagógicos, onde

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Page 28: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

aproveitando a prática vivida pelo aluno e contrapondo-a com a experiência acumulada resultará um novo conhecimento. Porém tudo isso depende de uma postura crítica e comprometida do professor cujo papel é insubstituível no processo, pois é o emissor principal e responsável pela transmissão do conteúdo, que deve direcionar e conduzir o ensino e toda atividade escolar, pois é autoridade competente com papel definido.

Citando as Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação do Campo (2006)

entender o campo como um modo de vida social contribui para auto-afirmar a

identidade dos povos que ali vivem, para valorizar o seu trabalho, a sua história, o

seu jeito de ser, os seus conhecimentos, a sua relação com a natureza e como ser

da natureza. O campo retrata uma diversidade sociocultural, que se dá a partir dos

povos que nele habitam. No caso do local estudado: assalariados rurais temporários,

meeiros, arrendatários, e outros mais. Entre estes, há os que estão vinculados a

associações, outros não. São diferentes gerações, etnias, crenças e diferentes

modos de trabalhar, de viver, de se organizar, de resolver os problemas, de lutar, de

ver o mundo e de resistir no campo.

Tal diversidade encontrada nas populações do campo bandeirantense

sinaliza um fato que não pode ser deixado de lado: as escolas do campo terão

presente no seu interior essa conflituosa, portanto rica, diversidade sociocultural e

política. A educação do campo tem sido historicamente marginalizada na construção

de políticas públicas, visto que é trabalhada a partir de um currículo essencialmente

urbano e, quase sempre, deslocado das necessidades e da realidade do campo. A

cultura, os saberes da experiência, a dinâmica do cotidiano dos povos do campo

raramente são tomados como referência para o trabalho pedagógico, bem como

para organizar o sistema de ensino, a formação de professores e a produção de

materiais didáticos. Essa visão, que tem permeado as políticas educacionais, parte

do princípio que o espaço urbano serve de modelo ideal para o desenvolvimento

humano. Esta perspectiva contribui para descaracterizar a identidade dos povos do

campo, no sentido de se distanciarem do seu universo cultural.

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Page 29: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

Como é o povo do campo: Quem vive no campo tem sua

própria cultura, seu jeito de trabalhar e de viver que é diferente do urbano, tanto na

maneira de ver e de se relacionar com o meio ambiente, com o tempo e com o

espaço. No modo de organizar sua família, sua comunidade e a educação, que

precisa ser de qualidade e voltada aos seus interesses.

“Queremos uma Educação que

seja no e do campo”Segundo Caldart (2002, p. 26), uma educação que seja no e do Campo:

política e pedagogicamente vinculada à sua história, cultura e sua causas sociais e

humanas. O No e o Do Campo: “No: o povo tem direito a ser educado no lugar onde

vive; Do: o povo tem direito a uma educação pensada desde o seu lugar e com a

sua participação, vinculada à sua cultura e às suas necessidades humanas e

sociais.” Uma escola do campo é a que defende os interesses, a política, a cultura e a economia da agricultura camponesa, que construa conhecimentos e tecnologias na direção do desenvolvimento social e econômico dessa população ( ARRUDA; BRITO, 2009 apud ARROYO;FERNANDES,1999).

Cita as Diretrizes (2006), que nos estudos feitos para sua construção,

constatou-se que para que se efetive a valorização da cultura dos povos do campo

na escola, é necessário repensar a organização dos saberes escolares; isto é, os

conteúdos específicos a serem trabalhados. As experiências apresentadas pelos

professores nos Encontros Descentralizados sinalizam que esta reorganização pode

se dar de duas formas: A primeira forma ocorre no interior das diferentes disciplinas

da Base Nacional Comum (Língua Portuguesa, Artes, Educação Física, Matemática,

Ciências, História, Geografia, Ensino Religioso, Língua Estrangeira Moderna,

Biologia, Física, Química, Sociologia e Filosofia), articulando os conteúdos

sistematizados com a realidade do campo. A segunda forma ocorre pela criação de

disciplinas para compor a parte diversificada da matriz curricular .

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Page 30: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

É preciso pensar em formas alternativas de como encaminhar as práticas

pedagógicas já existentes nas escolas do campo, tais como os projetos. Porém,

muitos deles são desenvolvidos de forma isolada e desarticulada e ficam muito

ligados à figura de um professor. Esses projetos são importantes, todavia precisam

inserir-se no contexto maior da escola e assumidos pela comunidade escolar.

A pesquisa é elemento essencial para que o professor aprofunde os seus

conhecimentos, ou para que entre em contato com os aspectos da realidade vivida

pelos povos do campo. Ao descobrir os saberes de sua vida cotidiana, terá mais

elementos para construir planejamentos de ensino, selecionar textos para estudo,

organizar a aula, o processo pedagógico.

Características da Educação do Campo que

se pretende construir:

- concepção de mundo: O homem do campo não é atrasado e

submisso; antes, possui um jeito de ser peculiar. Ele pode estar organizado em

movimentos sociais, em associações ou atuar de forma isolada, mas o seu vínculo

com a terra é fecundo. Ele cria alternativas de sobrevivência num mundo de

relações capitalistas;

- concepção de escola: Os povos do campo querem que a escola

seja o local que possibilite a ampliação dos conhecimentos; portanto, os aspectos da

realidade podem ser pontos de partida do processo pedagógico, mas nunca o ponto

de chegada. O desafio é lançado ao professor, a quem compete definir os

conhecimentos locais e aqueles historicamente acumulados que devem ser

trabalhados nos diferentes momentos pedagógicos;

- concepção de conteúdos e metodologias de ensino:

os conteúdos devem ser selecionados a partir do significado que têm para a

comunidade escolar. Isso requer do professor, investigação, para que possa

determinar quais conteúdos contribuem para a ampliação dos conhecimentos dos

educandos. Estratégias metodológicas dialógicas, que exigem do professor muito

estudo para o preparo das aulas que possibilitem relacionar os conteúdos científicos

aos do mundo da vida dos educandos;

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- concepção de avaliação: processo contínuo e realizado em

função dos objetivos propostos para cada momento pedagógico, e pode ser feita de

diversas maneiras: trabalhos individuais, atividades em grupos, trabalhos de campo,

elaboração de textos, pesquisas, entre outros, sendo um diagnóstico do processo

pedagógico, que faz emergir os aspectos que precisam ser modificados na prática

pedagógica.

Souza (2008) enfatiza que a educação do campo tem conquistado lugar na

agenda política nas instâncias municipal, estadual e federal nos últimos anos, fruto

das demandas dos movimentos e organizações sociais dos trabalhadores rurais. A

educação do campo expressa uma nova concepção quanto ao campo, o camponês

ou o trabalhador rural, fortalecendo o caráter de classe nas lutas em torno da

educação. Em contraponto à visão de camponês e de rural como sinônimo de

arcaico e atrasado, a concepção de educação do campo valoriza os conhecimentos

da prática social dos camponeses e enfatiza o campo como lugar de trabalho,

moradia, lazer, sociabilidade, identidade, enfim, como lugar da construção de novas

possibilidades de reprodução social e de desenvolvimento sustentável.

Para que a Educação do Campo realmente se efetive é preciso que se

pratique uma gestão democrática, baseada na atuação de todos, não só direção,

equipe pedagógica, professores e funcionários, mas também alunos, pais, órgãos

Colegiados e segmentos sociais que entendem a real função da escola na

sociedade.

Cumpre enfim, enfatizar que do ponto de vista político a escola compromete-

se a formar cidadãos que interfiram conscientemente na sociedade em que estão

inseridos, conforme foi ressaltado várias vezes nas concepções apresentadas,

enquanto que do ponto de vista pedagógico todas as ações e atividades escolares

são pensadas e organizadas possibilitando a efetivação do compromisso político

assumido.

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Como assegurar uma educação de

qualidade à nossa comunidade escolar?

Temos que assumir um compromisso com a sociedade local, através de um

processo de diálogo e de conscientização dos alunos e de suas famílias sobre as

próprias expectativas e sua possível realização, levando em conta sua própria

vivência e necessidades.

Assim, faz-se necessário redimensionar a organização do trabalho

pedagógico, criando ações que visem estabelecer a ponte entre a realidade e a

utopia. Existe então um caminho para ser percorrido na direção esperada, onde

cada membro escolar tem um papel específico que contribuirá para a melhoria de

nossa realidade.

O Caderno Temático 2 da Educação do Campo (2009), vem ao encontro das

nossas necessidades trazendo três perspectivas: é referência para nossa prática,

apresenta metodologias que possibilitam articular as práticas pedagógicas

específicas aos conteúdos científicos relacionados ao campo e busca estabelecer

relações com as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação do Estado do

Paraná – Educação do Campo (DCEs), ou seja, concretizá-las, torná-las ação.

Tem também o objetivo, através das experiências apresentadas, de ser

subsídio para novas práticas pedagógicas, provocando professores, equipes

pedagógicas, direções e comunidade a repensar o modelo de escola que temos no

campo, rumo à escola que queremos, partindo e dando significado aos conteúdos

das disciplinas desde a realidade onde se insere a escola e vivem os sujeitos do

processo educativo, considerando que possuem uma história de vida, de cultura, de

relação social e de interação com a natureza . E esses sujeitos precisam ser

preparados para participar da transformação da realidade onde vivem.

Houve a preocupação de todos os envolvidos com a Educação do Campo

em dar significado aos conteúdos do campo a partir de sua materialidade como a

terra, o solo, o trabalho, a renda, os insumos , as diversas culturas, o lixo e os

resíduos, a saúde das pessoas, as expressões culturais, entre outros, articulando

várias disciplinas, promovendo momentos em que as famílias e entidades vão à

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escola, trazendo assim a possibilidade de tematizar o campo ausente dos currículos

até então.

O campo sendo conteúdo, dá significado para o estudo e permite que se

estabeleça relações, debates, aprofundamentos com o conhecimento científico que

deverá ser socializado com profundidade para se alcançar à função social da escola,

do ensino, no contexto do campo.

Estes temas precisam ser a base do nosso trabalho pedagógico e não ficar

apenas como projeto, que se limita a alguns dias, depois é esquecido e o trabalho

continua com conteúdos desvinculados do trabalho e da vida do campo. Precisamos

ter um Projeto de Educação da Comunidade, do Distrito, fazendo com que educação

do campo seja a essência do nosso trabalho pedagógico, aproveitando as semanas

pedagógicas, os grupos de estudo, os conselhos de classe e as reuniões

pedagógicas, para tratar dos desafios que esta proposta traz.

Questões para debate:

1. Em síntese, em que consiste o Projeto Político-Pedagógico?

2. Que homem queremos formar?

3. Que tipo de educação almejamos?

4. Na tendência Histórico-Crítica, quais os pontos principais a serem

trabalhados?

5. Em linhas gerais, de que maneira a Educação do Campo tem sido

marginalizada historicamente?

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Page 34: FICHA PARA CATÁLOGO€¦ · Esse trabalho visa identificar no discurso dos sujeitos do campo (pais, alunos) quais as suas expectativas em relação à escola; Proporcionar aos professores

práticas pedagógicas existentes e experiências

possíveis

Partindo da pesquisa, que é elemento essencial para que o professor

aprofunde os seus conhecimentos, ou para que entre em contato com os aspectos

da realidade vivida pelos povos do campo, considerando que requer observação,

experimentação, reflexão, análise, sistematização e estudos para aprofundamento

teórico, vamos usar : Ir a campo no campo” como um lema para pesquisa. Levando

em conta que a escola é o lugar das relações educativas formais, porém o mundo

atual exige que na escola sejam valorizados lugares em que acontece a educação,

na sua vertente informal e não-formal. A roça, a mata, os rios , as associações

comunitárias etc. são lugares educativos que, às vezes, justamente por causa do

contato diário, passam despercebidos, esquecidos no momento da elaboração dos

planejamentos de ensino.

Busca-se uma forma alternativa de como encaminhar as práticas

pedagógicas já existentes ,pois o que existe hoje no Colégio são alguns projetos

voltados para a Educação do Campo, focando o meio ambiente, impactos

ambientais, práticas de compostagem e de preservação, mas que precisam inserir-

se no contexto maior da escola e ser assumidos pela comunidade escolar:

- Horta: Projeto “Nossa Horta”:

Professores, alunos e funcionários

construíram uma horta e uma

sementeira, com o intuito de produzir

verduras e legumes para

complementar o programa da merenda

escolar. Busca-se com isso

proporcionar aos alunos experiências práticas ecológicas para a produção

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de alimentos; melhorar a nutrição de

todos os envolvidos na comunidade

escolar; levar os alunos a observar o

ciclo de crescimento das plantas;

entender sobre vitaminas que os

alimentos contém; promover estudos,

pesquisas, debates e atividades sobre

questões: ambiental, alimentar e

nutricional. Cada disciplina contribuiu

para a construção da horta e para a

construção do conhecimento.

-Meio Ambiente - “SOS Mata

Ciliar”: Os alunos, após estudos de

textos sobre meio ambiente, realizam

paródias, teatros, poesias, redações,

visitas e replantam as nascentes do

Rio que circunda o Distrito,

incorporando assim os princípios de

preservação ambiental, e restauração

da Mata Ciliar.

- Minhocário: Usando caixa

construída com tijolos, realiza-se um

sistema doméstico de compostagem,

onde é feito o aproveitamento dos

resíduos orgânicos que se

transformam em fertilizante para ser

utilizado na horta do Colégio. O

sistema consiste em colocar na caixa:

terra, minhoca, lixo úmido, folhas

secas e papel. Os alunos são os

responsáveis de manter o material

necessário para a compostagem e

depois colocar os fertilizantes nas

plantas, sob a orientação do professor.

Essa experiência possibilita a

sensibilização dos educandos para as

práticas de conservação e utilização

do solo.

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- O fato de estar ocorrendo

altos índices de casos de dengue,

motivou Direção, Equipe Pedagógica,

Professores e Alunos em parceria

com os Agentes de Saúde do Distrito,

a desenvolverem um trabalho para

compreender a relação do lixo com a

proliferação dessa doença e foi feito

um mutirão para coleta de todo o lixo

acumulado.

EXPERIÊNCIAS QUE PODERÃO GERAR NOVAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

A educação deve comprometer- se com as necessidades essenciais do

indivíduo e sua relação com a natureza, valorizando sua qualidade da vida, a

qualidade do meio ambiente, focando que se pode aumentar a produção, mas com

técnicas não poluidoras.

Essa comunidade escolar é formada por pequenos produtores responsáveis

pela produção de alimentos, então um dos aspectos importantes para ser trabalhado

é a agrobiodiversidade. Para que isso aconteça precisamos interagir com

agricultores familiares, que sabem lidar com a produção de alimentos, formas de

cultivo e criação mais adaptadas às condições ecológicas, e que não utilizam

adubação Química ou agrotóxicos.

No campo científico, a agroecologia apresenta-se como uma oposição ao

agronegócio, priorizando um constante diálogo entre o Saber Científico e o Saber

Popular. E nessa construção de conhecimentos , a participação da comunidade é

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essencial, sendo os agricultores atores na construção de seus próprios processos de

desenvolvimento.

A prática agroecológica é um modelo produtivo alternativo, sustentável e

com menor dependência de insumos agrícolas e agrotóxicos, pois se utiliza de

recursos naturais, porém sem que se esgotem. Tem maiores condições de se

desenvolver nas pequenas propriedades, pois as famílias podem se utilizar de mão-

de-obra própria.

Segundo Brizola (2010), o objetivo da agroecologia é trabalhar “agricultura e

alimentação mais saudável, com proteção ao meio ambiente e responsabilidade

social”. Ela integra vários conhecimentos: ambientais, culturais, agrícolas e técnicos.

Podendo o agricultor desenvolver a olericultura orgânica, plantas medicinais,

fruticultura orgânica, entre outros, tendo a consciência de que o uso de agrotóxicos

retira vitaminas e minerais dos alimentos.

Buscando permear a utilização de práticas pedagógicas coerentes com as

Diretrizes Nacionais e Estaduais da Educação do Campo e com a construção da

consciência e atitude ecológica da população do campo, práticas inclusivas e

eficientes na construção de um modelo humano e sustentável de convivência do

homem com o ambiente, poderão ser abordados temas como a destinação do lixo, o

manejo e a produção de alimentos, a introdução e aperfeiçoamento de

procedimentos de saúde preventiva, o estudo e aprimoramento da criação de

animais e utilização de seus subprodutos, e os cuidados com a água, nascentes,

fontes, afluentes, riachos, rios, etc. Compreendendo que uma grande parte da

educação e da formação de hábitos ocorre a partir de procedimentos adotados na

escola e das ações das pessoas com quem se convive.

Ampliando as práticas pedagógicas já existentes, podemos trabalhar outros

temas com o objetivo de resgatar a cultura e a identidade dos povos e comunidades

do campo, tais como:

1. “Diversidade na alimentação”, buscando uma boa

alimentação, incluindo em nossas refeições frutas, legumes, carnes, entre outros.

Entretanto, para que isso aconteça é preciso que estes alimentos sejam semeados,

plantados e cultivados de preferência pelas famílias que trabalham a terra.

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2. “Plantas Medicinais e Alternativas de Saúde - Saúde

preventiva”, que recupera um conhecimento historicamente acumulado de que

as plantas medicinais possuem certas características capazes de auxiliar no

tratamento de algumas doenças, mas que segundo médicos e especialistas devem

ser utilizadas com cautela. No entanto estas plantas já começam a ser manipuladas

em laboratórios comprovando que o conhecimento popular deve ser considerado.

Trabalho interdisciplinar envolvendo várias disciplinas: momentos de leitura e de

pesquisas de campo, discussões a respeito das variedades de ervas, da seleção e

da escolha das plantas, sistemas de medidas, formas geométricas, tipos de solo,

características climáticas entre outras.

3. “Água e preservação”: observação local dos rios próximos ao

colégio; mata ciliar; produção de mudas de plantas nativas para revitalização das

matas; construção de uma proteção para fonte de água; valorização e preservação

ambiental; falta d’água; água e biodiversidade; impactos ambientais causados por

práticas agrícolas equivocadas; abastecimento de água; rede de esgoto; a falta de

água decorrente do desmatamento da mata ciliar; as diversas formas de poluição e

contaminação da água. Estas experiências devem ser acompanhadas por diferentes

atividades que possibilitam aos educandos uma visão mais crítica e a mudança de

hábitos.

4. “Festas”: entre histórias, crenças e tradições populares: Na Educação

do e no Campo, compreende-se que é necessário reconhecer e valorizar as diversas

práticas e experiências culturais da comunidade, transformando-as sempre que

possível em referenciais, em pontos de partida para a abordagem dos conteúdos

escolares, articulando desta forma, a escola à realidade. Compreendidas como os

modos de vida, que são os costumes, as relações de trabalho, familiares, religiosas,

de diversões, festas, e etc.”

5. “O conhecimento na memória e no cotidiano da

comunidade”: resgatar práticas, valores, crenças, Histórias, causos, lendas,

entre outras características do passado, que deixaram de existir e que estão

guardados na memória dos moradores mais antigos da comunidade, ou que

resistem na atualidade como atividade costumeira e identitária. Realizar

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experiências pedagógicas que instigam os educandos a buscarem nos avós, nos

vizinhos, ou seja, na História de vida da comunidade, seu cotidiano, informações

sobre o passado, promovendo boas discussões sobre os costumes e tradições

presentes na memória e as que fazem parte da realidade na atualidade.

Realizar uma roda de conversa com os avós, buscando interagir com o

tempo passado, objetivando entender como era a alimentação, a moradia, o

vestuário, os modos e costumes, a organização das famílias, a chegada até o lugar

onde habitam, o uso do solo, dos rios, os espaços de lazer,

Trabalhar textos históricos selecionados para discutir-se a questão do

preconceito na sociedade sobre o modo de vida dos sujeitos do campo.

6. “Valorizando a Cultura e a Identidade dos Sujeitos

do Campo”: utilizando-se de diversos materiais, debater as manifestações

culturais dos sujeitos do campo, buscando sempre valorizá-las na abordagem e no

fortalecimento dos conteúdos.

Analisando criticamente textos e músicas, produzir poesias e paródias

destacando-se principalmente a alusão ao meio ambiente, a natureza, e

incentivando, a permanência no campo e seu desenvolvimento integral, enfatizando

a educação ambiental.

Refletir sobre a necessidade de permanecer no lugar de origem, continuar a

história de vida familiar, transmissão da vida e produção de alimentos versus

mudanças para os grandes centros, objetivando melhores condições de estudo,

trabalho e praticidade no dia-a-dia.

Com base nas análises feitas, e formação cultural da comunidade, realizar

pesquisa sobre costumes, festas, religiosidade, culinária, música, artesanato, e

outros temas característicos da comunidade e suas origens, a fim de perceberem a

sua riqueza cultural.

Entrevistar pessoas que moravam no campo e agora vivem na cidade,

questionando sobre os tipos de trabalho que realizavam no Campo; as formas de

lazer no Campo; motivos que o levaram à cidade; principais diferenças entre a vida

que levavam no campo e a vida que levam agora; como vivem na cidade e em que

trabalham.

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Valorizar o campo e seus sujeitos, enumerando uma série de vantagens:

melhor qualidade de vida, ar puro, pouca violência, respeito entre as pessoas, menor

custo de vida, alimentos naturais e mais saudáveis, maior valorização da família,

vivência religiosa mais intensa, convivência harmoniosa entre vizinhos (ajuda mútua

em tempo difícil).

Sob a orientação dos professores, pesquisar fazendo um resgate sobre

lendas, contos e dizeres populares, parlendas, adivinhas, cantigas de roda, danças,

jogos folclóricos, entre outros costumes populares. E também sobre reformas e

ações governamentais que melhoraram as condições de vida do homem do campo e

quais medidas podem ser adotadas para que haja condições de desenvolvimento.

Lembrando que tratar da memória e cotidiano da comunidade, pouco

adianta se os resultados da pesquisa não forem problematizados, analisados

profundamente e articulados aos conteúdos escolares. Trata-se de partir de um

cotidiano concreto, reconhecendo a comunidade enquanto sujeitos do processo

educativo, valorizando seus saberes, e destes, ampliar e fortalecer com outros

conhecimentos historicamente construídos pela humanidade, possibilitando desta

forma, que a escola seja um espaço de diálogo e de produção de novos

conhecimentos.

Questões para debate:

1. Vamos ouvir e analisar esta música...........

Esse é o interior

Quando amanhece a esperança se renovaVejo o sol brilhando lindo na montanhaA passarada canta alegre lá na mataE no quintal a bicharada se assanha.

Esse é o interior lugar de luta de esperança e muito amor.

Chegou a hora de afiar a minha enxadaIr lá pra roça cultivar a plantação

Com alegria eu trabalho com a famíliaNo dia a dia partilhando o mesmo pão.

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Esse é o interior lugar de luta de esperança e muito amor.

De vez em quando a chuva cai tão cristalinaMolhando a relva e apagando o poeirãoBrota a esperança, a certeza, a alegria

A chuva veio renovar a plantação.

Esse é o interior lugar de luta de esperança e muito amor.

Somos da roça, somos gente organizadaNos ajudamos trabalhando em mutirão

Esta é a agricultura familiarSemente viva que alimenta

Essa Nação.

Esse é o interior lugar de luta de esperança e muito amor.

2. Por que precisamos pensar em formas alternativas de encaminhar

nossas práticas pedagógicas?

3. Diante das experiências já realizadas, como é feita a aproximação

entre os conteúdos curriculares e a realidade do campo?

4. Como o trabalho com os temas propostos poderia resgatar a cultura

e a identidade dos povos do campo?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo da concepção de que a Escola é a instituição que tem o papel de

possibilitar o acesso do homem ao mundo do conhecimento sistematizado,

científico, metódico produzido e acumulado historicamente, o encaminhamento do

processo ensino-aprendizagem deve possibilitar aos alunos a compreensão das

formas de produção que o homem desenvolveu. E ainda, propiciar a construção de

conhecimentos que possibilitem o entendimento das teias de relações econômicas,

sociais e culturais que definem sua própria vida, enquanto sujeito e autor do

momento histórico-social em que está inserido.

Nesse contexto, apropriar-se desse conhecimento constitui a condição mais

importante para a compreensão da realidade e, consequentemente, para a formação

e o exercício consciente da cidadania.

Saviani afirma: “A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos que

possibilitam o acesso ao saber elaborado (Ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. As atividades da escola básica devem se organizar a partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo, poderemos então afirmar que é a partir do saber sistematizado, a cultura erudita, é uma cultura letrada. Daí que a primeira exigência para o acesso a esse tipo de saber é aprender a ler e escrever. Além disso, é preciso também aprender a linguagem dos números, a linguagem da natureza e a linguagem da sociedade. Esta aí o conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais (história e geografia humanas).” (1994, p. 19-20)

Assim, na medida em que se estabelece como ponto de partida – uma

desigualdade real e de chegada – uma igualdade possível, toda nossa prática

pedagógica, nossos objetivos, nossos métodos e avaliações devem ser repensados.

A Educação do Campo que pretendemos deve estar inserida no meio

agrícola, partindo de onde a educação acontece fomentada pelas práticas de seus

integrantes, pautada em seus interesses e que venham favorecer seus ideais. Uma

educação que tenha relação com o saber e a cultura que emanam do campo, para

que o aluno identifique na educação ofertada, sua identidade e realidade.

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Uma educação que rompa com a tradição de dominação, pois adota como

referência as experiências vividas pelos sujeitos do campo, cuja concepção

educativa busca a politização desse sujeito.

Queremos uma Educação do Campo que represente a oportunidade de

compreensão da realidade e busca por uma melhor qualidade de vida, sem que o

homem do campo tenha que, necessariamente abandonar o meio rural em busca de

melhores oportunidades.

A escola que queremos construir deve identificar os saberes que vem do

campo e organizar o conhecimento universal a ser apresentado ao aluno. Uma

escola que deve produzir um conhecimento que não menospreze seus saberes e

nem deixe estanque suas possibilidades de expansão. Assim o povo do campo terá

fortalecido sua autonomia cultural e sua identidade através de práticas educativas

que os leve a vivenciar sua cultura reestruturada através da incorporação de novos

valores e conhecimentos.

Por isso, o Projeto Político-Pedagógico da Escola tem sua estrutura,

conteúdo, filosofia, enfim seu todo, avaliado a cada momento, onde suas propostas

são levadas à prova com o intuito de tornarem-se reais.

Só a avaliação do desenvolvimento das ações é capaz de mostrar os

acertos que devem continuar e os erros que necessitam de transformação, num

processo continuo de ação-reflexão-ação, que se desenvolverá dialeticamente.

Assim, o cotidiano de uma escola será fruto da aplicação do Projeto Político-

Pedagógico transformador da realidade, na busca do cidadão crítico e participativo

da sociedade na qual está inserido, quando puder através da avaliação de seus

membros e componentes, possibilitar um redimensionamento dos objetivos, das

metas e das ações desenvolvidas.

O Projeto Político-Pedagógico carrega em seu íntimo o caráter da

inconclusão, pois sempre acalentará as utopias daqueles que aqui trabalham, bem

como será colocado em prática testado, avaliado e reelaborado dialeticamente no

processo histórico de construção deste Colégio.

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