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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: o desafio para o ensino de história

Autor Silvestre Kieskoski

Escola de Atuação Colégio Estadual Guilherme de Almeida – Ensino Médio

Município da Escola Santa Izabel do Oeste

Núcleo Regional de Educação Francisco Beltrão

Orientador Luis Fernando Guimarães Zen

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE

Disciplina/Área (entrada no PDE) História

Produção Didático-pedagógica Caderno Temático

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Filosofia, Geografia, História, Matemática e Sociologia

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)

Alunos do 3º ano diurno e noturno do Ensino Médio

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Estadual Guilherme de Almeida – Ensino Médio, com sede na Rua Gabiroveira, no centro do município de Santa Izabel do Oeste. Núcleo Regional de Francisco Beltrão - Paraná.

Telefone para contato: 0XX (46) 35421579

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Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Pretendemos encontrar alternativas de trabalho para uma disciplina de perfil teórico, a história, que se desenvolve através de estudos, pesquisas e análises, as quais deixaram de ser valorizadas e estimuladas no contexto da sociedade contemporânea. A era tecnológica, por um lado, facilitou o acesso a informações e, por outro, trouxe consigo um grande déficit na capacidade e no interesse dos alunos pela leitura e pelos estudos reflexivos.

Atividades que exigem análise, síntese, argumentação, são tidas como cansativas e desinteressantes. Percebemos, nas atividades diárias, por parte dos nossos alunos, que prevalecem as preocupações com os resultados imediatos, como o vestibular, ou forma de ganhar mais financeiramente, para sustentar seus sonhos de consumo. Pretendemos dar a oportunidade de entender, através de estudos e investigações, as origens dos seus próprios problemas, seja na família, na escola e no mundo do trabalho. Assim, o propósito deste estudo é despertar, no aluno, o prazer de aprender produzindo o seu próprio conhecimento histórico.

Quando não há interesse pelo conteúdo é sinal que não haverá, naturalmente, o aprendizado e a compreensão do mesmo. É com esse objetivo, que buscamos encontrar alternativas para motivar os alunos no desenvolvimento de pesquisas históricas, com temas presentes ao seu próprio meio. Levar os alunos a se encantar pelo estudo da história, tornando-se sujeito da sua própria história.

Palavras - chave ( 3 a 5 palavras) Ensino – Bloco – História

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................02

I - DO CONTESTADO AO TERRITÓRIO DO IGUAÇÚ: A OCUPAÇÃO DO

SUDOESTE DO PARANÁ...........................................................................................04

1 – Introdução.................................................................................................................04

2 – Contestado entre Brasil e Argentina.........................................................................05

3 – Contestado entre Paraná e Santa Catariana..............................................................06

4 – Território Federal do Iguaçú.....................................................................................08

5 – O Estado do Iguaçú..................................................................................................12

Referências Bibliográficas..............................................................................................16

II - O LEVANTE DOS POSSEIROS DE 1957 E SUA RELAÇÃO COM A HISTÓRIA

DO SUDOESTE DO PARANÁ....................................................................................17

1 – Introdução................................................................................................................17

2 – A fundação da CANGO e sua influencia no povoamento do Sudoeste do

Paraná............................................................................................................................18

3 – A CITLA e seu envolvimento socioeconômico e político no Sudoeste do

Paraná............................................................................................................................20

4 – A revolta dos Posseiros do Sudoeste do Paraná em 1957.......................................22

5 – Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná (GETSOP)......................25

Referências Bibliográficas.............................................................................................28

III - OCUPAÇÃO E EVOLUÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA IZABEL DO OESTE

NO CONTEXTO REGIONAL.....................................................................................29

1 – A Importância da CANGO na Construção da História do Município de Santa Izabel

do Oeste.........................................................................................................................29

2 - Condições de Vida da População no Início da Colonização....................................31

3 – Emancipação Política do Município de Santa Izabel do Oeste...............................32

Referências Bibliográficas.............................................................................................37

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INTRODUÇÃO

Elaboração de material didático para implementação do projeto sobre produção

do conhecimento: o desafio para o ensino de história na modalidade de disciplinas em

blocos, no Ensino Médio, do Colégio Estadual Guilherme de Almeida, de Santa Izabel

do Oeste - PR. A principal justificativa para discutir essa proposta foi a possibilidade de

conter os índices de evasão e reprovação, que preocupam a comunidade escolar.

Entendida a proposta por parte da direção, a mesma convocou a comunidade escolar

para estudo e análise da proposta que, posteriormente, foi aprovada em assembleia. E,

assim, a modalidade de ensino em blocos foi implantada e, este é o terceiro ano de

funcionamento. O Ensino em blocos agrega o mesmo número de aulas que o

convencional teria no ano, em apenas seis meses, e os professores têm a mesma carga

horária, com apenas 50% dos alunos do convencional, sendo o ano dividido em dois

períodos. O Ensino em blocos concentra seis disciplinas em dois bimestres, que fecham

o período do semestre, enquanto o ensino convencional agregaria doze disciplinas,

distribuídas em quatro bimestres do ano letivo. Entendemos que o ensino em blocos

facilita o aprendizado dos alunos, que têm apenas seis disciplinas para se preocuparem

durante cada semestre. Facilita também os trabalhos dos professores que, com a mesma

carga horária, atendem 50% dos alunos em cada semestre, possibilitando maior

dedicação às particularidades dos alunos e ao preparo das aulas.

Estamos vivenciando o terceiro ano na modalidade de blocos, até o momento, a

experiência vem sendo aprovada pela maioria dos professores, alunos e comunidade

escolar. Apesar de a medida ter vindo, “de cima para baixo”, isto é, dos órgãos

governamentais para as unidades escolares, antes da efetivação houve discussão e

aprovação pela comunidade escolar. Aparentemente, as restrições, têm sido pequenas.

Como criar alternativas didáticas para o ensino de história nessa nova

modalidade de ensino em blocos? Como aproveitar as vantagens? Como organizar os

conteúdos nessa forma concentrada?

E, assim, entendemos que a escola durante a implementação deste projeto, seja

favorecida com estratégias que venham ao encontro do aluno trabalhador e filho de pais

trabalhadores, no sentido de abrir espaços para novos conhecimentos, especialmente o

científico, possibilitando um olhar crítico sobre a realidade.

A intervenção pedagógica vai acontecer com os alunos das terceiras

séries dos turnos matutino e noturno do Ensino Médio, em blocos, do Colégio Estadual

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Guilherme de Almeida, com o conteúdo de História do Paraná, iniciando pela ocupação

territorial na Região do Contestado, do Estado do Iguaçú, migrações sulinas, conflitos

entre posseiros e jagunços com destaque especial, para a história do Município de Santa

Izabel do Oeste.

O Caderno Temático a ser trabalhado, obedece A Lei n. 13.381/01, “que torna

obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, os conteúdos de

História do Paraná”. Os temas deste recorte são: I - O Contestado e o Estado do Iguaçu,

com relação à ocupação do sudoeste do Paraná; II – O Levante dos Posseiros de 1957, e

sua relação com a História do sudoeste do Paraná; III – Ocupação e evolução do

Município de Santa Izabel do Oeste, no contexto geral do momento histórico. E, com

estes recortes, faremos uma análise de documentos e interpretação da realidade

contemporânea atual, Dentro destas unidades temáticas, do Planejamento anual do

Colégio, acrescentamos, em especial, a história local.

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I - DO CONTESTADO AO TERRITÓRIO DO IGUAÇU: A OCUPAÇÃO DO

SUDOESTE DO PARANÁ

1 - Introdução

O território paranaense, bem como o Brasil, ficou marcado por conflitos de

limites ainda quando Portugal e Espanha dividiam suas colônias. Mediados pela Igreja

Católica, com o objetivo de evitar conflitos antes mesmo da chegada destes na América

do Sul. Entre os acordos podemos citar a Bula Inter-Coetera, de 04/05/1493 pelo Papa

Alexandre VI que estabeleceu a divisa das terras a serem descobertas, a partir de cem

léguas a oeste da Ilha dos Açores e das Ilhas de Cabo Verde. Posteriormente, em

07/06/1494, esses limites foram ampliados para 270 léguas ao oeste das Ilhas de Cabo

Verde, através do Tratado de Tordesilhas. O Tratado estabeleceu que as novas terras

descobertas, ao ocidente dessa linha divisória pertenceriam à Espanha e ao oriente para

Portugal.

Vejamos o mapa abaixo:

Mapa sobre o Tratado de Tordesilhas de 1493

Fonte: <http://www.google.com.br/imgres?q=tratado+de+tordesilhas&hl=pt- BR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=vbWLPxFR9K3SdM:&imgrefurl=http://blog.educa> Acesso em 01 agosto

de 2011.

Pelo referido tratado, o Brasil de hoje seria menos que a metade em sua área

territorial, enquanto que o Paraná, seria apenas uma pequena faixa litorânea. De acordo

com Lazier (2003, p. 17), “o Tratado de Madri de 1750 anulou o Tratado de Tordesilhas

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e adotou o critério do “uti-possidetis”, extraído do Direito Romano, pelo qual o direito à

posse da terra era conquistado através do tempo de ocupação efetiva e foi identificado

pela língua falada pelos habitantes, neste caso, os bandeirantes que ultrapassaram as

linhas do Tratado de Tordesilhas, com expedições de exploração em busca de metais

preciosos e caça ao índio eram portugueses e expandiram a língua, somando ponto

contra os espanhóis nesta disputa. Em 1761 o Tratado de El Prado, imposto pela

Espanha, estabeleceu a devolução por parte de Portugal do Território das Missões

Orientais para a Espanha, ignorando assim o Tratado de Madri.”

Foram muitos os acordos e tratados que marcaram a luta pela posse das terras da

América, do Brasil, do Estado do Paraná e da própria região sudoeste do Paraná.

Conforme Wachowicz (1988, p. 181), “pelo Tratado de Santo Ildefonso (1777) foram

definidas as fronteiras entre as terras portuguesas e espanholas no sul do Brasil”. Essas

divisas não tinham marcos exatos definidos entre os países ibéricos, em consequência

disso, houve conflitos entre os países quando conquistaram suas independências.

2 – Contestado entre Brasil e Argentina

Os pontos de referências que estabeleciam a divisa entre Espanha e Portugal

pelo Tratado de Santo Ildefonso de 1777, eram os rios Uruguai (antigo Goyo-Em), o rio

Paraná e um trecho do rio Iguaçu, no entanto, nunca foram definidos os marcos, para

demarcar os pontos da divisa que margeava os referidos rios.

Mais tarde, por volta de 1857, “o governo imperial brasileiro, aproveitando uma

guerra civil na Argentina”, iniciou articulações a respeito das divisas entre Brasil e

Argentina. As conversações aconteceram com o governo “separatista sediado na cidade

de Paraná, na Província de Entre Rios. Iniciava-se a chamada “Questão de Palmas”

(WACHOWICZ, 1988, p. 181). Esta questão envolvia uma disputa do atual território do

Sudoeste do Paraná e Oeste catarinense, entre Brasil e Argentina. O conflito foi

sufocado durante a Guerra do Paraguai (1864-1869), pois a Argentina foi aliada do

Brasil e Uruguai na Guerra contra o Paraguai. Terminada a Guerra, a “Questão de

Palmas” voltou a preocupar as duas nações. Enquanto o Brasil voltava suas atenções

para ligar o interior ao oceano Atlântico, os argentinos iniciaram um processo de

penetração pelo rio Uruguai, a fim de explorar a erva-mate, rica e abundante num

território de população escassa e carente de autoridades. Nesse território, além dos

caboclos brasileiros já existentes, começou a receber criminosos argentinos e brasileiros

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que se refugiavam na região, bem como escravos fugidos do Rio Grande do Sul e do

Paraná.

Os conflitos continuaram no período republicano, no que diz respeito à “Questão

de Palmas” até que, os dois países, em comum acordo, decidiram escolher o presidente

norte-americano Grover S. Cleveland como árbitro, sendo os argumentos de defesa do

Brasil elaborados pelo Barão do Rio Branco.

O argumento principal apresentado pelo Brasil foi o “Censo de 1890, o qual

apontava que, dos 5.793 habitantes da região contestada, 5.763 eram brasileiros e 30

estrangeiros. Entre estes, não era registrado nenhum cidadão argentino”. Frente aos

argumentos apresentados por ambos os países, o Presidente Cleveland, apresentou a

sentença do seu arbitramento, no dia 6 de fevereiro de 1895, sendo favorável ao Brasil

(WACHOWICZ, 1988, p.184).

3 – Contestado entre Paraná e Santa Catarina

Até 1853, o Paraná atual era a Quinta Comarca da Província de São Paulo, suas

fronteiras se estendiam até o rio Uruguai, na divisa com o Rio Grande do Sul. Neste

caso, o Oeste catarinense, atual, fazia parte do Paraná. De acordo com Wachowicz,

“porém não existia ainda um acordo de fronteiras entre o Paraná e Santa Catarina” (p.

189).

Mapa sobre a “Questão do Contestado” entre Paraná e Santa Catarina

Fonte: Wachowicz. 1988, p. 191.

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Como acontecia na região de Canudos e outras regiões do Nordeste, também

eram comuns com os habitantes da região do contestado, uma vida miserável, em meio

ao latifúndio. Essa região foi disputada pelos Estados de Santa Catarina e do Paraná.

Durante o período de 1912 a 1916, os sertanejos, que estavam sendo explorados pelos

fazendeiros da região e por “duas empresas norte americanas que ali atuavam”,

decidiram se organizar e reagir contra os inimigos. Os sertanejos eram liderados por um

“monge” de nome João Maria. Com a morte de João Maria, outro monge apareceu

identificado como José Maria, e de acordo com Cotrim, “seu nome verdadeiro era

Miguel Lucena Boaventura” (2002 p. 381). José Maria seguiu alguns traços

característicos do Beato João Maria, como estratégia para conquistar a confiança dos

sertanejos e, assim, conseguiu reunir mais de 20 mil homens, fundando alguns

povoados. Tais povoados tinham características próprias e não obedeciam às ordens do

governo republicano. Por essa razão, os sertanejos foram perseguidos violentamente por

coronéis locais e pelos donos das empresas estrangeiras, os quais podiam contar com o

apoio das forças governamentais. O povo não tinha mais em quem se apegar, apelavam

a Deus nos momentos comandados por beatos, que lideravam movimentos messiânicos

de centenas e até milhares de pessoas. A situação se agravou ainda mais quando a

Estrada de Ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul passou pelo meio das

terras dos caboclos e posseiros. Além da estrada, a empresa construtora Brazil Railway

Company, tinha o direito de explorar 8 km de cada lado da ferrovia (acerto feito pelo

governo brasileiro e a empresa norte americana). Os habitantes que viviam nesta região,

posseiros desde a época imperial se revoltaram contra a República, por entender que no

período imperial, viviam normalmente, e se o poder político não os ajudava, também

não atrapalhava. Durante o período de 1912 a 1916, houve um enfrentamento desses

posseiros ditos “sem-terra”, por não possuírem documentos comprobatórios da posse da

terra, contra coronéis locais e autoridades militares que defendiam os latifundiários.

Após a morte de José Maria, foram combatidos e destruídos em seus redutos pelo

Exército Brasileiro. “Os últimos núcleos foram arrasados por tropas de 7 mil homens

armados de canhões, metralhadoras e até uso de aviões (COTRIM,2002, p. 381)” . Esse

conflito envolveu o governo catarinense, paranaense e, por fim os rebeldes que reagiram

às forças governamentais foram dizimados e lembrados até hoje como: rebeldes,

desordeiros, heróis, fanáticos, ignorantes e muitos outros apelidos. Vejamos o que eles

falavam: “Nóis não tem direito de terras, tudo daqui é para as gentes da Oropa”.

(SILVA, 1992, p. 218).

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Na disputa pelo território, Santa Catarina, por influências políticas junto ao

governo federal, ganhou a causa sobre a região do Contestado, mas o povo que ali

morava, preferia lutar por um Estado independente, do que depender do governo de

Florianópolis. Esta idéia vingou e foi escolhido o nome de Missões para essa futura

unidade federativa, estabelecendo-se um governo provisório, sediado em União da

Vitória, sendo, inclusive, criada uma bandeira própria para o novo Estado.

O Paraná se posicionou no compromisso de fazer o possível para recuperar o

contestado, mas, caso contrário, seria favorável e daria apoio à criação dessa nova

unidade federativa. Estava, assim, armado um novo conflito na região. O presidente da

República no período, Wenceslau Braz, interveio para tentar evitar desgaste maior e

definiu, em 1916, a divisa, conforme os limites atualmente respeitados. A linha de

fronteira “foi chamada de linha Wenceslau Braz”. (WACHOWICZ, 1988, p. 192).

Enquanto a Europa passava por um processo final de construção da Primeira

Guerra Mundial de 1914 a 1918, onde a disputa era pelo domínio do mundo, os

camponeses da região do contestado disputavam a terra pela sobrevivência. Contra eles

estavam os interesses dos coronéis da região de curitibanos e as empresas “Brazil

Railway e Southern Brazil Lumber & Colonisation” que receberam grandes concessões

de terras em troca da abertura de ferrovias para expandir as exportações, principalmente

do café durante a Velha República (SILVA, 1992, p. 218).

4 – Território Federal do Iguaçu

Outra vez o Sudoeste do Paraná foi envolvido em conflitos de divisas, isso

aconteceu após a chamada “Revolução de 1930”, sob o comando do Presidente Vargas.

No período, o Brasil mesmo continuando como produtor de matérias-prima para atender

ao mercado externo, houve uma significativa mudança, com prioridades para os setores

industriais urbanos e a busca pela autonomia para a indústria pesada, com altos

investimentos nas usinas siderúrgicas.

O Governo de Getúlio Vargas se pautou em três ações básicas para desenvolver

seu projeto para o Brasil: adotou medidas para apaziguar as massas populares com

direitos trabalhistas e outros; garantiu benefícios aos empresários nacionais, para

produzir no setor industrial; buscou recursos para suas metas com capital estrangeiro,

fazendo o jogo de cintura, preservando certa autonomia ao Brasil.

De acordo com Lopes, foi a partir do Estado Novo (1937-1945), que Vargas pôs

em prática seus planos pautados em 1930. Suas características centralizadoras,

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nacionalistas e intervencionistas, trouxeram novas forças sociais. “inicialmente com o

apoio político e militar dos tenentes para implementar esse redesenho institucional”

(2002, p. 39). E havia, desde o início do governo Vargas, uma preocupação com os

espaços desabitados e, principalmente, quando se tratava de região de fronteira. Assim,

podemos compreender a chamada “marcha para oeste”. A ocupação dos espaços vazios

e regiões fronteiriças serviram para a divulgação do seu projeto nacionalista.

Entendemos, também, que o território do Iguaçu tinha preferência na ocupação, por

imigrantes sulistas, principalmente, do Rio Grande do Sul, para expandir a população

daquela região e, ao mesmo tempo, povoar, como forma de garantia, a fronteira oeste do

país. Assim, até hoje, percebemos os traços característicos da maioria que aqui vive, nas

condições de gaúchos e filhos ou netos de gaúchos, mas, que ainda preservam, em

partes, a Tradição.

Vargas utilizou-se de imagens pensadas e criadas especialmente para esse fim,

conforme indica Lopes, no seu estudo sobre o território do Iguaçu:

Imagens ricamente elaboradas e pensadas como operadores simbólicos constituíram um dos recursos largamente utilizados pelos intelectuais do Estado Novo. Esse recurso atendia a uma finalidade imediata; por meio de imagens veiculava-se com rapidez e precisão o recado que se visava transmitir (2002, p. 41).

Dentro do contexto da “marcha para oeste”, Vargas criou pelo Decreto-Lei nº

5.812, de 13 de setembro de 1943, os Territórios Federais do Amapá, do Rio Branco, do

Guaporé, de Ponta Porã e do Iguaçu. Este último, é o que mais nos interessa, por se

tratar da região que engloba o Sudoeste do Paraná. O referido decreto determinou, no

seu parágrafo 5º, os limites do Território do Iguaçu.

Ao Norte, Noroeste, Leste e Sueste, o rio Ivaí desde a sua foz no Paraná até a confluência do rio Tapiracuí, subindo por este até à foz do arroio Saltinho e por este até às suas cabeceiras, daí numa linha reta e seca até às nascentes de rio D'Areia descendo por este até sua foz no rio Pequiri, subirdo por este até à foz do rio Cascudo e subindo por este até às suas nascentes e daí, por uma linha reta e sêca até às cabeceiras do rio Guaraní, descende por este até a sua confluência no rio Iguaçú, sobe por este até à foz do rio Butiá, sobe pelo rio Butiá até à suas nascentes, de onde segue em linha reta até as cabeceiras do lageado Rancho Grande, descendo por este até a sua foz no rio Chopim, descendo até à foz do rio das Lontras e subindo por este até às suas nascentes no morro da Balisa, no divisor de águas, entre os rios Uruguai e Iguaçú, pelo qual divisor prossegue até encontrar as nascentes do lageado Santa Rosa, descendo por este até à sua foz no Chapecó, ainda subindo por este até à foz do lageado Norte, pelo qual sobe até às suas nascentes e daí as cabeceiras do lageado Tigre e por

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este abaixo até sua foz no rio Chapecózinho, descendo por este até à foz do lageado Paulo e subindo pelo lageado Paulo às sua cabeceiras, daí em linha reta às cabeceiras do Iageado Torto, por este até à confluência no rio Ressaca, descendo por este até à foz no Iraní e descendo por este até sua foz no rio Uruguai;

- ao Sul o rio Uruguai, da foz do rio Iraní até a foz do rio Paperiguaçú, nos limites com a República Argentina;

- a Sudoeste, Oeste e Noroeste, a linha internacional com as Repúblicas da Argentina e do Paraguai;

(Fonte: <http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/126642/decreto-lei-5812-43> Acesso em 19 jun 2011).

Mapa do Território Federal do Iguaçu

Citado por: Lopes, 2002, p. 116.

Para expressar segurança nacional adotou-se, também, a proteção das fronteiras

de real valor estratégico e rica por natureza. É nesse sentido que, João Ribeiro (1930), se

refere à criação de novos territórios: “grande parte do atual Território do Iguaçu,

compreendida entre os rios Uruguai e Iguaçu, numa extensão de 30.500 quilômetros

quadrados, foi causa de litígio entre o Brasil e a República da Argentina.

Conforme afirma Ribeiro (1930, p.41) a respeito desses territórios:

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São Territórios, de real valor estratégico. Regiões ricas e imensas, mas distantes e quase abandonadas, a sua importância econômica se faz sentir pelo melhor aproveitamento de imensos potenciais da natureza brasileira. Se forem bem administrados os Territórios, se não faltarem os recursos necessários da higiene e da educação, terão seus habitantes melhores condições de existência, facilitando, assim, o incremento da população hoje irrisória. Só assim veremos o desenvolvimento de uma nova civilização no Oeste brasileiro (Apud. LOPES, 2002. p. 111 e 112).

Para efetivar este projeto de expansão, o Governo Vargas precisava estabelecer e

desenvolver as condições mínimas de nacionalização, organização social e econômica,

defesa e segurança das regiões fronteiriças para integrá-las às demais regiões do país.

Pouco tempo depois, pelo Decreto Lei nº 5.839, de 21 de setembro de 1943, definiu-se

quatro municípios, com as seguintes denominações: “Foz do Iguaçu, Clevelândia,

Mangueirinha e Chapecó”, que contemplavam toda a região. Pelo Decreto Lei nº 6.550,

de 31 de maio de 1944, com base no artigo 180, da Constituição Federal, redefiniu,

novamente, os municípios da seguinte forma:

O Território do Iguaçu é dividido em cinco municípios, com as denominações de Foz do Iguaçu, Clevelândia, Iguaçu Mangueirinha e Chapecó; o primeiro compreende a área do município de igual nome, que pertencia ao Estado do Paraná, e parte do distrito de Campo Mourão, do Município de Guarapuava, do mesmo Estado; o segundo compreende a área do Município de igual nome, que pertencia ao mesmo Estado já referido; o terceiro, o distrito de Laranjeiras e parte do distrito de Catanduva, ambos no Município de Guarapuava, já mencionado; o quarto, parte do Município de Palmas, ainda no mesmo Estado; e o quinto, parte do Município de Chapecó, que pertencia ao Estado de Santa Catarina. (Brasil. Decreto Lei Nº 6.550, art. 180).

Esse mesmo decreto, de 31/05/1944, redefiniu a capital do Território do Iguaçu.

A então Vila de Laranjeiras foi elevada à categoria de cidade e capital do Território e

passou a ser chamada, a partir daquela data de Iguaçu. De acordo com Lopes, a cidade

foi escolhida pelo Major Garcez do Nascimento, nomeado interventor do Território

quando por decreto de janeiro de 1944, por Getulio Vargas. Ele decidiu por aquele

local, por entender que a BR 277, que estava em construção, certamente passaria por ali,

por isso mais acessível seria a administração. No seu entendimento, a cidade de Foz do

Iguaçu, também cogitada, para ser a capital, seria presa fácil da Argentina, devido às

proximidades da fronteira. Segundo Lopes, O Major Frederico Trota, o segundo

governador do Território do Iguaçu, foi nomeado pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra,

em 07/02/1946 e assumiu em 05/03/1946. (2002, p. 118).

Vejamos alguns dados estatísticos sobre o Território do Iguaçu:

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Município, superfície, população e densidade populacional

do Território Federal do Iguaçú em 1946.

MUNICÍPIO SUPERFÍCIE (km²) POPULAÇÃO DENSIDADE

CHAPECÓ 14.402 44.327 3,08

CLEVELÂNDIA 9.525 17.240 1,81

FOZ DO IGUAÇU 30.102 7.653 0,25

IGUAÇU 7.666 14.270 1,86

MANGUEIRINHA 4.159 13.358 3,21

68.854 96.848 1,47

Fonte: Relatório das atividades do Governo do TFI – 1946 – dados do Censo de 1940. (Apud. LOPES, 2002, p. 119)

Com a queda de Vargas, em 1945, o novo governo chamou uma nova

Assembléia Constituinte, para elaborar uma nova Constituição para a Nação. A nova

Constituição, no seu artigo 8º, dos atos das disposições transitórias extinguiu o

Território Federal do Iguaçu. Lopes, tendo como fonte o Jornal Popular, destaca “ao que

tudo indica, a extinção do Território Federal do Iguaçu não foi recebida, pelo menos em

certos círculos sociais do extremo oeste paranaense, da maneira que se esperava”, o

editorista acrescentou ainda que isso criou raízes de esperanças de autonomia e

tratamento especial do povo desta região pelos governantes constituídos na época.

(2002, p. 148).

5 - O Estado do Iguaçu

Dentro deste contexto criou-se um clima de desejo autonomista, por parte das

lideranças que habitavam essa região e, como conseqüências, alguns movimentos foram

organizados nesse sentido. Conforme escreveu Lopes (2002, p. 216 e 217), assim que

houve a extinção do Território do Iguaçu, aconteceram novas tentativas de buscar

autonomia política dessa mesma região. “O jornal Diário dos Campos, de Ponta Grossa,

em 12/10/1947, adverte o governo paranaense”, dizendo que não adiantava prender

alguns líderes do movimento separatista ou “autonomista” como eram chamados na

época, por que “pessoas grandes, comerciantes e industriais, estão à frente dessa

campanha”. Em outras palavras a advertência sugeria que, ao invés de perseguições e

repressões, o governo paranaense deveria ver em loco, a situação daquela população

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fronteiriça, atender as suas reivindicações, resolver seus problemas e afirmava que desta

forma eles não mais pensariam em desligar-se do Paraná. ”Comesse por reabrir a Escola

Normal de Iguaçu”. Alertava também em relação ao cuidado com as vias de acesso, por

exemplo: “imediato reinício dos trabalhos da estrada de Chopim”. (apud. LOPES, 2002,

p. 216-217).

Em 1951, Getulio Vargas voltou ao governo e, desta vez, através do voto direto

e secreto, conforme previa a Constituição de 1934. A partir daquele período, migrações

sulistas, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, vieram para a região Sudoeste.

Sabedores da história de autonomia política que o Território tivera, iniciaram o

movimento que culminou na luta pela criação do Estado do Iguaçu.

Em 1957, devido à forma irregular pela qual se encontravam a terras do

Sudoeste do Paraná, abandonadas pelos governos, os posseiros pressionados pelas

companhias que os exploravam e perseguiam violentamente, revoltaram-se, liderados

por alguns políticos e pelos próprios colonos. Neste momento recebem o apoio de uma

Junta Governativa Provisória de Santa Catarina, com a idéia de juntar-se ao movimento

dos posseiros, em busca da emancipação territorial. Esse trabalho partiu da Assembléia

Legislativa de Santa Catarina, com o lema: “Santa Catarina Dividir para qu?” Eles

pleiteavam reforços da União, para combater a violência dos jagunços. (LOPES, 2004,

p. 2)

A partir da década de 1960, a luta por essa autonomia territorial reapareceu com

mais clareza e objetividade, no sentido de se criar o Estado do Iguaçu.

De acordo com Edison Siliprandi, “em 1962, líderes do movimento comandados

pelo advogado Edi Siliprandi, organizaram uma frente para defender a idéia da

emancipação, convocando os simpatizantes e defensores do ideal para unirem-se na

criação de uma sociedade”. Assim nasceu a CODEI – Comissão para o

Desenvolvimento e Emancipação do Estado do Iguaçu. (apud. LOPES, 2004, p. 2)

A respeito desses movimentos, vejamos o que diz Oliveira:

A primeira manifestação pela criação do “estado do Iguaçu” ocorreu em 1962, em Pato Branco, num período em que a região esboçava uma economia, que mais tarde se integraria aos seus respectivos Estados. Diante de um grande potencial, tanto material quanto humano, a região passou a exigir dos governos estaduais a infra-estrutura básica para o seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, que um segmento da elite local, lutasse pela autonomia político-administrativa (apud. LOPES, 2004, p. 2 e 3).

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Depois da manifestação pela criação do Estado do Iguaçu, em Pato Branco, as

informações expandiram por quase toda a região e “o primeiro documento distribuído

por um órgão público” em favor do “Estado do Iguaçu”, entre tantas frentes de lutas

existentes dentro do limite do extinto Território Federal do Iguaçu, “foi o da Câmara

Municipal de Dionísio Cerqueira, em 08 de fevereiro de 1962”, justificando o

sentimento de liberdade, tanto aos cidadãos comuns, como às autoridades que deveriam

ser respeitadas e legitimadas, com poderes de influenciar e decidir sobre a criação do

novo Estado. Porém, em 1964, houve o golpe militar, instituindo um novo regime de

governo no Brasil, interrompendo o movimento pró-estado do Iguaçu. Em 1967, com a

nova Constituição, voltaram às esperanças por que havia a possibilidade de o Congresso

Nacional criar novas unidades federativas, já que a Constituição de 1946, atribuía este

poder às Assembléias Legislativas Estaduais o poder de autorizar plebiscitos

emancipatórios.

Outra vez, o Sudoeste do Paraná se organizou em abril de 1968, na cidade de

Pato Branco. Na oportunidade foi criado a SODEI - Sociedade para o Desenvolvimento

e Emancipação do Estado do Iguaçu, com o objetivo de organizar uma nova etapa de

luta pela autonomia política do novo Estado. De acordo com SILIPRANDI, a SODEI

pretendia “organizar a trajetória do movimento emancipacionista, acompanhando a sua

evolução”. No ato de sua fundação, a SODEI definiu, em seu estatuto, dentre outras

atividades e procedimentos, a criação de diversas comissões de trabalho “para buscar o

apoio do maior número de pessoas e ampliar as atividades do movimento” (apud.

LOPES, 2004, p. 3).

Muitos outros movimentos aconteceram na região delimitada e pretendida como

Estado do Iguaçu, até que, no final de 1968, o Ato Institucional nº 5 (AI – 5) e seus

componentes atrapalharam, mais uma vez, a construção do referido Estado. Essa luta

voltou a ter expressão no período de redemocratização do país, de 1983 a 1986, com

muitos encontros e seminários a esse respeito. Vários segmentos da sociedade civil se

manifestam, no sentido de organizar um Projeto de plebiscito, no Congresso Nacional,

especialmente para a Assembléia Constituinte, que estava sendo construída naquele

período. Um estudo efetuado por uma equipe de Professores da Universidade Federal de

Santa Maria-RS, se posicionou nestes termos:

O presente estudo contém informações com o objetivo de fundamentar as possibilidades de criação do Estado do Iguaçu, pelo desmembramento de parte do território dos Estados do Paraná e Santa

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Catarina. [...] É um estudo preliminar com dados que em principio justificam a idéia da criação do Estado do Iguaçu, permite formar um juízo com bases científicas a respeito da pretensão e que lança uma discussão mais ampla quanto a necessidade da definição de uma política de redivisão territorial do Brasil. (1986, apud. LOPES, 2004, p. 4)

Essa tentativa foi derrotada na Assembleia Nacional Constituinte, pela Comissão

de Organização do Estado. E, diante desses entraves, muitos movimentos regionais

continuaram insistindo com uma proposta de Emenda Popular, apoiados pela OAB –

Sub-Secção de Cascavel e da Associação Comercial e Industrial de Cascavel – ACIC,

além da própria SODEI. O movimento conseguiu reunir em torno de 50 mil assinaturas

que foram, novamente, levadas à Assembleia Nacional Constituinte. De acordo com

Oliveira, “reunidas assinaturas, o Deputado Nilso Romeu Sguarezzi assinou a emenda e

comprometeu-se a apresentá-la em plenário. Com 343 assinaturas dos constituintes, a

emenda conseguiu preferência para a votação; mas, na hora de colocá-la em discussão,

o Deputado Sguarezzi retirou-a, sem consultar o movimento” (apud. LOPES, 2004, p.

4).

Novamente a luta pela emancipação do Estado do Iguaçu, reapareceu em 1990,

ocasião em que se realizava o processo eleitoral, o candidato Edi Siliprandi, elegeu-se

deputado federal com essa bandeira de luta, e montou uma comissão centralizadora e

várias comissões provisórias, para mobilizar a população. Diversos discursos por ele

foram proferidos na tribuna da Câmara, em defesa do Estado do Iguaçu. O Deputado

Siliprandi apresentou um projeto de Decreto Legislativo, o qual recebeu o Nº 141/91, e

foi apresentado em 28 de novembro de 1991, baseado no estudo da UFSM, de 1986. No

mesmo período que tramitava o referido projeto, os mais variados meios de articulações

eram feitos, tanto na região de abrangência do território como na Câmara Federal.

Em Brasília, o relator do projeto, Deputado Vital do Rego deu parecer favorável

em 19 de maio de 1992, conforme consta do Projeto 141/91, no entanto, o mesmo foi

votado e rejeitado pelo plenário da Câmara em 31 de março de 1993, sendo 90 votos a

favor, 177 contra e 13 abstenções. Esse resultado foi o suficiente para efetivar a derrota

dos sonhos de autonomia administrativa para as regiões do Oeste catarinense, Oeste e

Sudoeste do Paraná, que pretendiam unir-se num único estado denominado Estado do

Iguaçu. Permanecem as lembranças e as ameaças às autoridades governamentais, nos

momentos em que as reivindicações da região não são atendidas a contento da

população conhecedora da história de lutas da região.

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REFERÊNCIAS:

COTRIM, Gilberto. História para ensino médio – Brasil e geral – volume único. São

Paulo, SP:Saraiva, 2002.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO – Seção 1 de 05 de maio de 1944, Página 10041.

Art.180 da Constituição Federal.

<http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/126642/decreto-lei-5812-43>

LAZIER, Hermógenes. Paraná: Terra de todas as gentes e de muita história. Francisco

Beltrão, PR: GRAFIT, 2003.

LOPES, Sérgio. “Estado do Iguaçu”: A Trajetória de um Movimento. Cidade,

ESTADO: 2004. Disponível em:

<http://www.unioeste.br/cursos/Toledo/revistaeconomia>. Acesso em 02 jun. 2011.

LOPES, Sérgio. O Território do Iguaçú no contexto da “Marcha para Oeste”.

Cascavel, PR: Edunioeste, 2002.

SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia, Império, República. São

Paulo, SP: Moderna, 1992.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 6. ed. Curitiba, PR: Vicentina

Ltda., 1988.

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II – O LEVANTE DOS POSSEIROS DE 1957 E SUA RELAÇÃO COM A

HISTÓRIA DO SUDOESTE DO PARANÁ

1 - Introdução

Quando o território que hoje, é determinado como Sudoeste do Paraná, ainda

fazia parte da Província de São Paulo, até 1853, ano em que foi desmembrado e

definido como Província do Paraná, Palmas já era povoada por criadores de gado.

Conforme Wachowicz, “uma das primeiras providências tomadas, ainda quando

pertencia à capitania de São Paulo, foi a abertura do caminho em direção ao Rio Grande

do Sul”, para vender o gado e comprar os gêneros necessários. Esse caminho criado

pelos fazendeiros da região de Palmas rumo ao Rio Grande do Sul, despertou o interesse

dos tropeiros que praticavam o comércio de gado bovino e muar, da região missioneira

“à feira paulista de Sorocaba, via Guarapuava”. O problema para o povoado de Palmas

foi que esses novos tropeiros vindos do Rio Grande do Sul com destino a São Paulo,

para encurtar caminho, desviaram em torno de 37 quilômetros “em direção ao poente”

(1985, p. 53). Dessa forma Palmas ficou fora da rota dos tropeiros do Sul a São Paulo.

A pedido dos tropeiros veio a “lei provincial nº 22, de 28 de fevereiro de 1855, pela

qual determinava a transferência da sede da povoação de Palmas para local mais

apropriado”, próximo da Estrada das Missões e, como essa lei demorou muito para ser

cumprida “a partir de 1857, a população começou a abandonar Palmas”que, aos

poucos, foi se despovoando, ficando reduzida quase que só aos estancieiros. Parte dos

moradores do antigo povoado de Palmas, cansados de esperar pela execução da lei nº

22, compraram parte dos campos próximo da Estrada das Missões “no lugar

denominado Boa Vista” e, ali, foram autorizados a fundar a nova sede em 1870, pela

Câmara Municipal de Guarapuava, à qual pertenciam na época. Além do tropeirísmo,

afirma Wachowicz, que esta Vila recebeu impulsos significativos, como o de que

durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), para esta localidade foi enviada uma

“Força da Guarda Nacional” para vigiar a fronteira (1985, p. 57). Os alojamentos

provisórios, dos oficiais, foram se transformando em moradias permanentes, devido ao

espaço prolongado em que durou a Guerra; outra versão é de que um antigo entre os

sete moradores que já habitavam a região entre 1844 e 1856, de nome Frederico de

Mascarenhas Camello, para conseguir ser subdelegado na localidade, atraiu um grande

número de pessoas, por ocasião da declaração de Guerra entre Brasil e Paraguai, dentre

estes estavam “fugitivos do serviço militar, intensificado, na época, desertores já

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recrutados e criminosos fugidos da polícia”. Camello informou ao governo da época um

número bem maior do que o real a fim de convencer a autoridade a dar-lhe o cargo de

subdelegado (1985, p. 57 e 58). Por esses motivos, a Vila foi crescendo a ponto de ser

transformada em freguesia em 1884. Muitos foram os nomes atribuídos a este povoado,

a maioria deles, relacionados à cidade irmã e vizinha, Palmas. Podemos destacar alguns:

Bela Vista de Palmas, Palmas do Sul, Palmas de Cima e, pela população, geralmente

conhecida como Bela Vista. Mais tarde foi denominado Clevelândia, nome este, dado

em homenagem ao Presidente Grover S. Cleveland, dos Estados Unidos, Juiz que deu

parecer favorável ao Brasil, contra a Argentina, na disputa por este território.

Finalmente, foi julgada e dado como ganho de causa que, a parte do território das

Missões, situado na faixa da atual fronteira entre Brasil e Argentina e, entre os Rios

Iguaçu e Uruguai, entendidos, atualmente, como Oeste Catarinense e Sudoeste do

Paraná, passou a pertencer, efetivamente, ao Brasil, conhecida até hoje como questão

das Missões ou de Palmas.

Encerrada a questão entre Brasil e Argentina, recomeçou a disputa entre Paraná

e Santa Catarina, que havia desde o Brasil Império, quando foi criada a Província do

Paraná em 1853. Tanto Paraná como Santa Catarina desejavam a posse dessa rica região

fronteiriça, que se estendia desde o rio Uruguai até o rio Iguaçu.

Segundo Lazier, “na fase final da luta jurídica, Rui Barbosa foi advogado do

Paraná e Epitácio Pessoa defendeu Santa Catarina”. Um acordo foi assinado entre as

partes e confirmado pelo Presidente Wenceslau Braz, em 20 de outubro de 1916. A

partir desta data a região do Sudoeste do Paraná, passou a pertencer definitivamente ao

Estado do Paraná. Ainda de acordo com Lazier, “o processo de ocupação da Região

Sudoeste do Paraná teve três momentos significativos: - A criação da CANGO, em

1943 e sua atuação; a ação da CITLA que, agindo como grileira entre 1950 e 1957,

tumultuou a região; “a criação do GETSOP que entre 1962 e 1973 transformou mais de

50.000 posseiros em proprietários” (2003, p. 148).

2 - A fundação da CANGO e sua influência no povoamento do Sudoeste do Paraná

Logo após a chamada “Revolução de 1930”, sob o comando do governo

provisório de Vargas, em 1931, o interventor no Paraná, Mario Tourinho assinou um

decreto determinando que a gleba Missões (território do atual Sudoeste do Paraná),

voltaria ao domínio do Estado do Paraná. (WACHOWICZ, 1988, p. 213). Segundo

Lazier, o governo do Paraná, entre 1913 e 1920 havia titulado as terras à Companhia de

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Estradas de Ferro São Paulo – Rio Grande, em troca de construções de estradas de ferro

(2003, p. 148). Conforme Wachowicz, “em 1940, o governo federal incorporou ao

patrimônio da União todos os bens da São Paulo-Rio Grande”, inclusive a gleba

missões. A Empresa pleiteava o direito de posse na justiça, com base nos contratos e

titulações feitas pelos governos anteriores. Diante do impasse coube a justiça decidir se

a região ficaria sob o comando da União, do Estado do Paraná ou daria ganho de causa à

Companhia São Paulo-Rio Grande. Antes de sair a decisão judicial sobre o território,

em litígio, Getúlio Vargas, por decreto ditatorial “criou dentro da gleba Missões”, a

CANGO- Colônia Agrícola Nacional General Osório (1988, p. 213).

Segundo Lazier, “atendendo solicitação de moradores da região, no dia 12 de

maio de 1943, o Presidente Getúlio Vargas baixou o Decreto nº 12.417, nos seguintes

termos”:

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 74, letra, A, da Constituição e na conformidade do disposto do Decreto Lei nº 3.059, de 14 de fevereiro de 1941, artigo 109, fica criada a Colônia Agrícola General Osório, no Paraná, na faixa de 60 km da fronteira na região Barracão – Santo Antonio em terras a serem demarcadas pela divisão de Terras e Colonização do Departamento Nacional de Produção Vegetal do Ministério da Agricultura. Parágrafo único: a área a ser demarcada não será inferior a 300 mil hectares (2003, p. 148 e 149).

A criação da CANGO foi parte do movimento denominado de “marcha para

oeste”, mas, o objetivo específico da nova Colônia era atrair o excedente de mão-de-

obra agrícola do Rio Grande do Sul, para o Sudoeste do Paraná. É questionável o

momento em que ela foi criada, pois as terras da região estavam sob júdice, indefinidas,

quanto aos seus legítimos donos. As consequências disso foram os conflitos inevitáveis

entre posseiros e jagunços e, assim, enquanto ninguém possuía documento legítimo de

proprietário, o jeito era resolver na base da pressão, das ameaças da força e até mesmo

nos confrontos armados entre os posseiros e jagunços. A CANGO fornecia aos

posseiros que vinham do sul do país, uma permissão, por escrito, só que durante a

viagem ou até que as habitações tivessem condições dignas de abrigo, muitos desses

documentos foram destruídos ou extraviados. Segundo Lazier, para agravar mais a

situação, a CITLA (Clevelândia Industrial Territorial Ltda.), “apareceu na região em

1950 como sendo proprietária de cerca de 500.000 hectares de terra, apresentando título

fornecido pelo governo Federal. Este título conseguido de forma ilegal”. (2003, p. 150).

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Wachowicz sustenta que para o projeto de colonização, com características de

Reforma Agrária, foram criadas as condições necessárias para fixar os migrantes à nova

terra, estabelecendo as seguintes garantias:

a – as terras seriam distribuídas gratuitamente;

b – a madeira seria dada para a construção de sua casa;

c - as ferramentas agrícolas e sementes seriam fornecidas pela colônia;

d – Os exames médicos e odontológicos seriam gratuitos na chegada;

e – a produção seria levada aos centros de comercialização por caminhões da própria colônia. (1988, p. 213-14).

As condições oferecidas pela CANGO foram muito atrativas e, por isso, “a

população subiu na região, de 467 famílias em 1947 para 2725 em 1956” (Idem, p.

214).

3 - A CITLA e seu envolvimento socioeconômico e político no sudoeste do Paraná

Segundo Oliveira, Salles e Kunhavalik, as disputas pelas terras do Sudoeste do

Paraná vinham ocorrendo por duas empresas, que paralelas a “marcha para o oeste”,

ambicionavam as ricas terras da região fronteiriça. Empresas denominadas como:

CITLA (Clevelândia Comercial Ltda.), ligadas ao mando político do PSD, e a

Companhia Pinho e Terras, que tinha vínculos com a UDN. Além disso, também a

União tinha influência por ser uma região de fronteira e colonizada oficialmente pelo

governo do Estado Novo, a partir de 1943 (2004, p. 108).

De acordo com Lazier, tudo começou através do cidadão José Rupp que,

“ganhou uma disputa jurídica com CEFSPRG” (Companhia Estrada de Ferro São

Paulo-Rio Grande). A questão durou de 1920 a 1938 para ser resolvida. Em 1945 a

referida empresa foi condenada a pagar “Cr$ 4.720.000,00” a José Rupp. Como os bens

dessa companhia já tinham sido incorporados pela União em 1940, “quem deveria

indenizar Rupp seria o Governo Federal”. Depois de 5 anos de espera pela indenização,

“em 1950, cedeu seu crédito para a CITLA”. Portanto, a partir desta data a União ficou

devendo à CITLA - Companhia Clevelândia Industrial Territorial Ltda. (2003, p. 150).

A partir desse momento a CITLA contou a seu favor, além da negociata, dos direitos de

Rupp, com as ligações políticas e partidárias com políticos representantes do Estado do

Paraná e da União. Assim, as tramitações na justiça foram facilitadas, tanto que todas as

portas se abriram e, em 17 de novembro de 1950, quando Moisés Lupion governava o

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Paraná e Eurico Gaspar Dutra, era Presidente da República, foram tituladas à CITLA, a

gleba Missões e parte da gleba Chopim, como acordo indenizatório entre a CITLA e a

Superintendência das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional. (LAZIER, 1997,

p. 48).

Com todo esse respaldo político a Companhia interferiu na região causando

muitos males aos posseiros que haviam povoado o território, mas ainda não tinham

conseguido documentos de proprietários definitivos. Lazier afirmou que o Governador

do Paraná Moisés Lupion, era um dos sócios da CITLA e o partido político que

governava o Paraná era o mesmo que governava o Brasil, o PSD. Esse escândalo foi

chamado de “A maior bandalheira da República” (2003, p.150).

Em 1950, quando Moisés Lupion, ainda era governador do Paraná, a CITLA

havia tentado legalizar a compra irregular das terras nos cartórios da região e diante das

dificuldades para o registro, a solução encontrada pelo governador foi criar, “um

cartório em Santo Antonio do Sudoeste e a mesma foi imediatamente registrada”

(WACHOEWICZ, 1988, p. 214).

Após o registro da escritura, ainda em 1950, A Companhia instalou escritórios

em Francisco Beltrão e Santo Antonio do Sudoeste.

No ano de 1950 houve eleições e os vencedores foram os candidatos da

oposição, sendo eleito para governador do Estado, Bento Munhoz da Rocha Neto. A

partir de 1951, o governo Estadual proibiu às coletorias da região o fornecimento da

SISA (imposto estadual recolhido na ocasião da escrituração de um imóvel), além disso,

criou alguns entraves para a atuação da CITLA na região, por que havia uma disputa na

justiça, pela qual a União pedia o cancelamento da escritura da CITLA. O Instituto

Nacional de Imigração e Colonização (INIC) reivindicava, na justiça, os direitos da

CANGO e, além disso, a outra concorrente da CITLA, a PINHO E TERRAS esperava

por seus direitos sobre parte da mesma gleba.

Com relação às tentativas de regulamentação da documentação das terras do

Sudoeste do Paraná, Lazier afirmou que em 14 de abril de 1951, o:

Tribunal, tendo presente o processo encaminhado pelo Ofício nº 2 de 3 de janeiro do ano em curso, da Superintendência da Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional, relativa a escritura pública de doação e pagamento celebrada em 17/11/1950 entre a superintendência citada e a Sociedade Clevelândia Industrial Territorial Ltda. (CITLA) resolveu, em 9 de janeiro do corrente ano, recusar o registro de escritura, preliminarmente, por que não houve

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prévia autorização do Senado Federal como determina o parágrafo 2, artigo 156 da Constituição Federal (1997, p. 50).

A decisão de suspender o registro pelo tribunal possibilitou à Superintendência

avaliar melhor a medida e perceber o tamanho da “besteira” que tinha feito, voltando

atrás, na decisão anteriormente tomada. Com a limitação das as ações da CITLA, por

todo o período de 1951-1955, abriram-se os caminhos para que os colonos do Rio

Grande do Sul e Santa Catarina, migrassem para o Sudoeste do Paraná,em grande

quantidade. De acordo com Wachowicz, “cada dia entravam de 10 a 20 famílias só em

Francisco Beltrão. O rápido crescimento populacional fez aumentarem os problemas

políticos já existentes.” (1988, p. 216).

Em 1955, elegeu-se Presidente da República, Juscelino Kubitschek, com o

slogan “50 anos em 5” e, junto como companheiro de partido, voltou ao governo do

Estado do Paraná Moisés Lupion, com uma esmagadora vitória, na qual conquistou

todas as Prefeituras do Sudoeste. De posse do cargo liberou as escrituras para a CITLA

e ainda, segundo Wachowicz, exigiu duas imobiliárias, formadas por elementos do

chamado “Grupo Lupion: a Companhia Comercial e Agrícola Paraná Ltda.

(COMERCIAL); a Companhia Colonizadora Apucarana Ltda. (APUCARANA)”.

Como estratégia de ação a CITLA descentralizou as equipes da seguinte forma: “À

Comercial coube a região do Verê e à Apucarana a região da fronteira com a Argentina”

(1988, p.216).

Pela pressa dessas companhias, em cobrar dos colonos, calculavam que dentro

dos três anos que restavam do segundo mandato, do governo Lupion, tudo estaria

resolvido da melhor forma possível, do ponto de vista das Companhias e do próprio

governo.

4 - A revolta dos posseiros do sudoeste do Paraná em 1957

Os trabalhos de aberturas das estradas foram iniciados pela CITLA, fazendo as

ligações entre Pato Branco, Francisco Beltrão, Barracão e, mais tarde, atingiram as

regiões do Verê, por um lado, e até Capanema, por outras vias. Os caminhos abertos

serviram, ao mesmo tempo, de acesso para a Companhia explorar as áreas e,

facilitavam, também, a entrada de migrantes sulistas. Muitas famílias novas vindas do

sul passavam, diariamente, preocupando ainda mais as Companhias que procuravam

controlar a região. As rádios de Francisco Beltrão e Pato Branco convidavam,

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diariamente, para que os colonos viessem nos escritórios das Companhias a fim de

regularizar suas terras.

No atendimento aos colonos, os funcionários das Companhias exigiam suas

assinaturas em promissórias, para regularizar suas dívidas e, muitos, desinformados

assinaram mesmo sem entender bem o que poderia acontecer. Os políticos da oposição,

na região, tentavam, de várias formas, conscientizar os colonos para que não assinassem

documento algum. Sobre isso Wachowicz afirmou:

Os colonos que se negavam a assinar os papéis passavam a ser ameaçados de morte. Tratores passavam por cima de suas casas, com a alegação de que ali passaria uma estrada. As Companhias contrataram jagunços e pistoleiros; muitos eram tirados das penitenciárias do Estado ou recrutados no Norte do Paraná. Os apelos dos colonos às autoridades estaduais e federais não encontravam acolhida. Os capangas das companhias passaram a andar ostensivamente armados. (1988, p. 217)

Em abril de 1957, teve início o processo do levante dos posseiros do Sudoeste do

Paraná. Conforme as Companhias contratavam jagunços, os colonos também

contratavam pistoleiros. Os primeiros confrontos armados entre posseiros e jagunços

aconteceram na fronteira com a Argentina. Vários colonos retornaram aos lugares de

origem no sul do país, alguns se refugiaram na Argentina e muitos deles enfrentaram a

luta até o fim.

As delegacias de polícia eram influenciadas pelos representantes das

Companhias. Os colonos, logo perceberam que os inquéritos só eram abertos quando

eram contra eles, se fossem contra as companhias eram acobertados. As estradas foram

bloqueadas, sendo permitida somente a entrada dos colonos que assinassem os papéis de

compromisso com as companhias. Revoltados, os colonos tomaram as sedes de

Capanema e Pérola do Oeste. Enquanto isso, a Companhia Apucarana, centrava suas

forças no domínio da região de Santo Antonio do Sudoeste. As duas frentes se

posicionaram num clima de guerra pela posse das terras da região. Os políticos da

oposição procuraram tirar proveito da situação, pedindo a intervenção federal, e

apoiando manifestações contra o governador do Estado Moisés Lupion.

O governo do Estado que se encontrava numa situação complicada, optou por

uma alternativa de conciliação. Segundo Wachowicz:

Foi então enviado para a região em conflito um experimentado policial, o coronel Alcebíades Rodrigues da Costa. Este chegou a Capanema, via Foz do Iguaçu. O coronel Alcebíades encontrou na região mais de dois mil colonos com armas na mão. Para desestruturar

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os colonos, o coronel organizou uma espécie de “polícia civil”. Seus membros eram os de maior liderança e com isso foram colocados a serviço da polícia. Para Santo Antonio foi enviado o coronel José Henrique Dias, que com muita dificuldade conseguiu retirar os homens armados da companhia APUCARANA. Desta forma foi impedido o conflito direto entre as partes (1988, p. 218).

Enquanto o conflito da fronteira era incendiado e controlado, agia na região de

Francisco Beltrão, Verê, Dois Vizinhos, Jaracatiá, Costa do Iguaçu e outros, a

companhia COMERCIAL, pois o governo tinha substituído os delegados e inspetores

de quarteirão, por funcionários ‘simpáticos’ da COMERCIAL. Tudo o que acontecia era

acobertado em favor da Companhia, que controlava a entrada e saída dos colonos, na

região. A violência e crimes cometidos por parte das Companhias ficavam sem

punições. Sobre tais conflitos Wachowicz afirmou:

O acontecimento que estarreceu a região foi a chacina da família do farrapo João Saldanha, com requintes de crueldade. Os ânimos se exaltaram. O governo do Paraná tentou tirar a COMERCIAL da região, como fez com a APUCARANA na região da fronteira. Esta se negou a sair. Seus diretores alegaram que já haviam feito muito investimento e não podiam mais recuar (1988, p. 219).

Os políticos oposicionistas se articularam para planejar estratégias para resolver

o conflito, entre elas estava a possibilidade de dominar as cidades envolvidas e entregá-

las ao governo federal. Dentre os líderes que se destacaram nesse movimento podemos

citar o senador Othon Mäeder e o advogado de Pato Branco, Edu Potiguara Bublitz.

Para favorecer a organização do levante, a região foi dividida em três partes:

Pato Branco, Francisco Beltrão e Santo Antonio do Sudoeste. As emissoras de rádio

foram um dos elementos chave, que muito contribuíram para a comunicação entre os

colonos. Pato Branco e Francisco Beltrão, cidades que possuíam esses recursos, foram

escolhidas para centralizar e dirigir o movimento.

Uma junta governativa comandou o levante em Pato Branco, o Líder Walter

Pecoits e um destacamento do exército asseguraram o comando do levante, em favor

dos colonos, em Francisco Beltrão.

O “levante branco”, assim escrito por Wachowicz, iniciou no dia 9 de outubro de

1957, em Pato Branco e no dia seguinte em Francisco Beltrão e em Santo Antonio, onde

atraiu até o Cônsul brasileiro de Posadas, na Argentina, pois a fronteira estava correndo

risco de se tornar num Conflito Internacional. As repercussões do levante sensibilizaram

a esfera federal, através do Ministro da Guerra que, após ler o relatório do Cônsul,

imediatamente deu o “ultimatum” ao governador Lupion, para que retirasse as

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companhias da região, para evitar uma intervenção federal. A preocupação do governo

federal era que, em 1960, aconteceriam as eleições e esses conflitos que já tinham se

arrastado demais, poderiam prejudicar o prestígio político do governo do Paraná, que se

refletia a nível nacional, por ser do mesmo partido político do Presidente da República,

Juscelino Kubitschek. Por essa razão, o governo do Paraná, envolvido no conflito do

lado das Companhias, foi forçado a abandonar suas pretensões particulares em favor do

bem estar da política a nível federal (1988, p. 219-220).

5 – Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná (GETSOP)

Uma bandeira, pela legalização das terras dos posseiros, continuou após a

expulsão dos grileiros e jagunços. Era o sonho de cada morador da região do Sudoeste

do Paraná, na época, se transformar de posseiro a proprietário definitivo.

Após a expulsão da CITLA, em 1957, a legalização das terras era o principal

objetivo da maioria dos posseiros do Sudoeste do Paraná. O sonho de transformar as

posses em propriedades definitivas, motivou a formação de uma comissão de líderes da

região que, com essa finalidade, visitaram a capital federal para conversar com os

candidatos à Presidência da República, no pleito de 1960. O interesse da comissão era

firmar um compromisso de voto, com o candidato que assumisse a causa da

regularização das terras dos posseiros, do Sudoeste do Paraná. A primeira tentativa foi

com o candidato Teixeira Lott, que não mostrou interesse, por fim, o candidato Jânio

Quadros assumiu o compromisso que, se eleito fosse, iria solucionar o problema,

desapropriando a área e titulando em nome dos colonos. Em razão disso, a sua votação

foi muito expressiva na região. Após ter sido eleito Presidente da República, se apressou

em cumprir sua promessa, baixando o decreto nº 50.379, de 27 de março de 1961, pelo

qual as terras desapropriadas e a gleba Missões e parte da gleba Chopin foram

declaradas de utilidade pública. Sendo assinado o regime de urgência para a

desapropriação no dia 25 de abril de 1961, pelo Decreto nº 51.494.

Em 25 de agosto de 1961 aconteceu a renúncia de Jânio Quadros. O vice

presidente, na época, João Goulart, que só assumiu o cargo de presidente, depois de

vencidas as tentativas de impedimento de sua posse, por parte das oposições, que

usavam, como principal argumento, o perigo do comunismo no Brasil, já que ele se

encontrava, naquele momento, em missão na China comunista e, contra ele, “havia uma

generalizada indisposição militar”. (SILVA, 1992, p. 283)

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Diante do conflito entre os que não queriam aceitar a posse do vice João Goulart

(popular JANGO) e os seus defensores, surgiu, a partir do Rio Grande do Sul, um

movimento chamado a “Rede da Legalidade”, dirigido pelo seu cunhado Leonel

Brizola, então governador do Estado. Em Porto Alegre, posicionou-se a favor dele, o

General Machado Lopes, comandante do III Exército, defendendo, assim, o respeito à

Constituição Brasileira (Idem. p. 284).

O movimento repercutiu muito na sociedade da época e, devido a pressão da

mesma, os ministros do exército acabaram aceitando a posse, mas dentro do sistema

parlamentarista, em substituição ao sistema presidencialista, em vigor, até então. E

assim, finalmente João Goulart, assumiu em 7 de setembro de 1961. Em 19 de março de

1962, João Goulart tomou uma medida importante para os posseiros do Sudoeste do

Paraná, ao criar, pelo Decreto nº 51.431, o Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste

do Paraná - GETSOP, o qual foi responsável pela regularização e titulação das terras

sudoestinas, até sua extinção, em 1974. Segundo LAZIER, entre 1961 e 1974, o órgão

“expediu 43.383 títulos de propriedade, referente a 56.936 lotes, assim divididas:

12.413 nas áreas urbanas e 30.970 nas zonas rurais”. (2003, p 148)

Além da regularização das terras, Lazier destacou que o GETSOP, prestou

serviços com máquinas pesadas às prefeituras e cooperativas dos lavradores de

Francisco Beltrão e Pato Branco. Também atuou no setor educacional construindo 221

escolas, “sendo 51 unidades de alvenaria e 170 de madeira”. O mesmo autor salientou

que o impulso dado pelo GETSOP, no desenvolvimento e produtividade da região

repercutiu como uma “verdadeira reforma agrária no Sudoeste do Paraná”. A situação

dos migrantes que povoaram a região teria sido difícil, se durante esse período não

pudessem contar com tal contribuição. O trabalho foi realizado por um quadro efetivo

de aproximadamente 180 pessoas que, “transformou cerca de 50.000 posseiros em

proprietários”. (2003, p. 153).

Em 10 de outubro comemora-se a vitória dos posseiros que, em 1957, se

revoltaram contra as Companhias, CITLA, COMERCIAL e APUCARANA, na disputa

pelas terras do Sudoeste do Paraná. A maioria das comemorações alusivas a este

respeito exalta a participação dos homens. Onde estavam as mulheres durante o

processo de povoamento e construção da história dessa região? Quando participamos de

uma pesquisa sobre a ocupação e processo de construção da História do Município de

Santa Izabel do Oeste, entrevistamos algumas mulheres que destacaram a importância

delas, não apenas no cuidado da casa e das crianças, principalmente, a mulher

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agricultora, a tropeira, que muitas vezes empunhou armas para caçar e defender sua

família. Na ausência dos homens, que partiam para aventuras distantes, lá ficavam elas,

trabalhando duro, passando por dificuldades para sustentar as crianças e evitar a fome

na família.

As Companhias CITLA, COMERCIAL e APUCARANA, muitos problemas

trouxeram aos povoadores da região Sudoeste, sendo expulsas pelos posseiros num

processo de luta que envolveu governo estadual, federal e lideranças da região. Quando

nos reportamos às lideranças são lembrados apenas os homens. Por isso, nos

questionamos hoje, onde estavam as mulheres no momento da construção dessa

história? Para responder, em parte, esta questão, recorremos ao estudo de Gilmar

Fiorese. De acordo com Fiorese, as produções históricas realizadas até então,

privilegiavam os homens e silenciavam as mulheres, pois nada foi registrado sobre elas.

Devido “a falta de fontes escritas nos arquivos existentes” que retratam a participação

das mulheres, Fiorese substituiu-as “pelas fontes orais”, mediante a prática de

entrevistas, pois ainda existe “um número significativo de mulheres residentes na

região”, que participaram daqueles acontecimentos. Segundo Fiorese, elas foram muito

mais do que domésticas e mãe, “a mulher ocupou um espaço importante na construção

da sociedade sudoestina” (2000, p. 9).

Assim, constatamos que a história da região Sudoeste foi escrita muitas vezes, e

não aparecem registros da participação das mulheres, mesmo entendendo que os

homens, em sua maioria, não estavam sozinhos na ocupação desse território, vinham

famílias, compostas pelos casais, filhos e filhas. Como podemos explicar a ausência

delas nos registros históricos?

A ausência das mulheres nos registros de história, não é um caso exclusivo do Sudoeste do Paraná, vamos ver que para Thompson, até bem pouco tempo a história das mulheres foi ignorada pelos historiadores, em parte porque a vida delas, ligada ao lar ou ao trabalho desorganizado ou temporário, muito freqüentemente transcorreu sem ser documentado (FIORESE, 2000, p. 79).

Mesmo enfrentando inúmeras barreiras e preconceitos, herdados dos povoadores

europeus, ao longo da história, a mulher brasileira vem conquistando o seu espaço. E as

mulheres do Sudoeste, que resistiram as dificuldades e viveram até o início da segunda

década do século XXI, puderam presenciar a Primeira visita da Presidenta do Brasil,

Dilma Roussef, no dia 12 de julho de 2011, na cidade de Francisco Beltrão.

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REFERÊNCIAS:

LAZIER, Hermógenes. Análise Histórica da Posse de Terra no Sudoeste

Paranaense. 2. ed. Francisco Beltrão-PR: GRAFIT, 1997.

LAZIER, Hermógenes. Paraná: Terra de todas as gentes e de muita história. Francisco

Beltrão-PR: GRAFIT, 2003.

OLIVEIRA, R. C.; (org.) SALLES, J. de O. ; KUNHAVALIK, J. P. (org.). A

construção do Paraná Moderno: políticos e política no Governo do Paraná de 1930 a

1980. Curitiba-PR: SETI, 2004.

SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia, Império, República. São

Paulo: Moderna, 1992.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 6. ed. Curitiba, PR: Vicentina

Ltda., 1988.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. Paraná Sudoeste: ocupação e colonização. Curitiba,

PR: Lítero-Técnica, 1985.

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III – OCUPAÇÃO E EVOLUÇÂO DO MUNICÍPIO DE SANTA IZABEL DO

OESTE NO CONTEXTO HISTÓRICO REGIONAL

1 - A Importância da CANGO na Construção da História do Município de Santa

Izabel do Oeste

A CANGO (Colônia Agrícola Nacional General Osório), criada no período do

Estado Novo, instalou-se com uma sede administrativa em Francisco Beltrão, em 1943.

Seu trabalho foi dificultado pela CITLA (Clevelândia Industrial Territorial Ltda.) até

1957, quando os posseiros, que disputavam com ela, o território da região se revoltaram

e expulsaram essa companhia que atuava como grileira de terra.

Depois de 1950, quando Getúlio Vargas volta, em seu último mandato, como

Presidente da República, com ele veio um novo incentivo para a ocupação da fronteira,

por migrantes sulistas. Na mesma época, Bento Munhoz da Rocha Neto, governava o

Paraná, e desestabilizou o poder da CITLA comandante dessas terras e, ao mesmo

tempo, favoreceu a vinda de imigrantes sulistas, para a região. Santa Izabel do Oeste

não recebeu grande contingente, nesse primeiro momento migratório, pois a CANGO

não havia viabilizado as condições mínimas de infraestrutura, como estradas pontes e

outros.

É comum ouvir de novos moradores um questionamento: porque algumas

comunidades do município são denominadas por um número de km, como por exemplo:

Km 45 e Km 47? A resposta a tal questionamento está associada à abertura da estrada

principal, ligando Francisco Beltrão à Capanema. A CANGO, a serviço do Governo

Federal, era responsável para garantir o apoio necessário aos colonos, que se

deslocavam do Sul do país para povoar o Sudoeste do Paraná. Os quilômetros eram

contados a partir da sede da CANGO, de Francisco Beltrão, considerado o Km zero, em

direção ao interior da região. Por esse motivo, temos atualmente as denominações Km

10, Km 20, ambos no caminho da antiga estrada que, basicamente, ainda mantém o

trajeto entre Francisco Beltrão e Capanema.

Ao atingir o Km 45, na ponte do rio Cotegipe, a estrada entra na área do atual

município de Santa Izabel, servindo de limite com o município de Ampére. A estrada

passava pelo Km 45, 47, 50, 55 e seguia para Ampére. Na época que essas comunidades

receberam esses nomes pertenciam à Capanema. Segundo informações dos familiares

do Guarda da CANGO, Elizino Tolomeotti, responsável, na época, pelo povoado da

atual sede do município de Santa Izabel do Oeste, na altura do Km 47, havia uma

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encruzilhada à direita, tomando outro caminho, passando pelo Rio da Prata, Sarandi,

vila de Santa Izabel, rumo a Marmelândia, hoje pertencente ao município de Realeza.

Na época, Marmelândia, por estar às margens do Rio Iguaçu, era um povoado bem

desenvolvido, com porto, hotel e comércio, servindo de ligação entre o Sudoeste e o

Oeste do Paraná. Por decisão dos moradores que fixaram residência, foram escolhidas

outras denominações para as comunidades, deixando de lado a regra dos quilômetros.

O Km 45 foi o início do Município de Santa Izabel do Oeste, do ponto de vista

da entrada da Colonizadora CANGO, que para abrir estradas, contava com a ajuda dos

próprios colonos, que estavam chegando nessa região. O administrador da CANGO

nomeava guardas, de sua confiança, a cada espaço de aproximadamente 10 km. Os

guardas tinham o poder de doar as terras e utilizar as madeiras necessárias para as

construções de utilidade pública como pontes, escolas e outros. Em 1958, a CANGO

encontrou no pequeno povoado, hoje sede do município, um dos mais antigos posseiros

dessa região, o senhor João Ribeiro Cordeiro, o qual já tinha escolhido o nome de Vila

Izabel, em homenagem ao nome de sua mãe. O senhor João Ribeiro Cordeiro ofereceu

uma área, de aproximadamente 10 alqueires, de suas extensas posses para loteamento.

Elizino Tolomeotti, que residia na comunidade do Km 26, foi nomeado como

responsável pela CANGO na localidade para administrar a distribuição dos lotes e

executar os trabalhos da Colonizadora no povoado. No caso dos lotes urbanos de Santa

Izabel, os cidadãos de maior idade, tinham o direito de requerer um terreno junto ao

administrador local da CANGO e, podiam escolher apenas um pinheiro para construir

sua habitação, os demais ficavam à disposição da Colonizadora que utilizava em obras

públicas. Os lotes urbanos tiveram suas medidas planejadas e regulares, como

permanecem em sua maioria, atualmente. Já na zona rural, a demarcação dos lotes era

feita “a olho”, na maioria das vezes, respeitando o leito natural dos rios. De acordo com

a pesquisa feita por um grupo de Professores que está escrevendo o livro de História do

Município: “Quando essas terras foram tituladas pelo GETSOP, foram respeitadas as

demarcações, daí a irregularidade no traçado das linhas divisórias, entre as

propriedades. Em Santa Izabel do Oeste, os primeiros lotes datam de 1963” (História de

Santa Izabel, em mimeo). Segundo depoimento de um dos filhos, de Elizino, Luis

Tolomeotti, “o administrador da CANGO, de Francisco Beltrão, comemorou com eles,

no acampamento das máquinas que estavam abrindo as ruas do loteamento da sede, a

conquista do primeiro Título Mundial da Seleção Brasileira de futebol, em 1958”

(depoimento gravado em 2006).

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2 – Condições de Vida da População no Início da Colonização

Região de terra fértil, boas águas e abundante floresta, principalmente o pinheiro

Araucária Angustifólia. A região já tinha sido habitada, segundo informações dos

moradores mais antigos. Eles afirmam que, a região onde está localizado o município de

Santa Izabel do Oeste, teria sido habitada desde a década de 1940, por aventureiros

vindos de outros Estados e até de outras regiões do Paraná, conhecidos como “safristas”

de porcos. Conforme afirmou Wachowicz, os sertanistas tinham o hábito de criar os

animais soltos na mata e, por isso, a região pouco povoada era propicia para essa

prática. Nesse caso, a roça de milho era especialmente plantada para engordar os suínos

para comercializá-los. Quando o animal estava pronto para o abate, era tropeado até o

comércio mais próximo, “normalmente em Francisco Beltrão”. (1988, p.175).

Um dos primeiros a fixar moradia no local onde é a sede do atual município de

Santa Izabel do Oeste foi o senhor João Ribeiro Cordeiro em 1948, procedente de

Campos Novos, Santa Catarina. As pessoas mais antigas da sede são unânimes em

afirmar que, quando aqui chegaram João Ribeiro Cordeiro, vulgo “Jango Mateus”, já

estava morando aqui.

Durante o processo de ocupação e povoamento da vila, que hoje é a sede do

município, a sobrevivência econômica dos primeiros habitantes que se tem registro

eram a caça, pesca, mandioca e o milho como produtos de subsistência, do qual

extraiam seus derivados como: charque, canjica, pamonha, farinha e outros, muitas

vezes eram comercializados ou trocados por outros produtos. Os porcos, criados soltos

e a erva-mate extraída da selva, de forma artesanal, foram os principais produtos

vendidos ou trocados nos armazéns mais próximos, da região, por fumo, munições,

querosene ou produtos alimentícios como, açúcar, farinha, banha e outros que

garantiram a sobrevivência dos colonos, no início da ocupação de Santa Izabel.

Os colonizadores vindos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a partir do final

da década de l950, trouxeram novas técnicas de preparar o terreno para o plantio com o

uso do arado e do trator, por exemplo, iniciaram a mecanização da agricultura. (História

do Município em mímeo). Houve divergências significativas, nos hábitos culturais,

entre a maioria dos moradores que adentraram esta região antes da CANGO e do fim da

Revolta dos posseiros de 1957, em relação aos que vieram depois. Os primeiros vieram

à procura de um lugar sossegado, tanto que os que partiram das regiões já povoadas de

Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até mesmo de outras regiões do Paraná, buscavam

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se livrar do aperto entre as pequenas propriedades, já que a sua cultura precisava de

espaço, para caçar, pescar e criar os animais soltos, na roça. Assim que se intensificou a

migração sulista, a prática foi outra, pois a cultura seguiu os moldes europeus no

preparo da terra, plantio e colheita.

Alguns posseiros aproveitaram a abundância da mata nativa, de boa qualidade e

instalaram serrarias. Além das madeiras existentes em suas posses, passaram a comprar,

por valores baixíssimos, as madeiras dos posseiros que pretendiam desmatar, o quanto

antes, para plantar gêneros alimentícios, com a intenção de comercializar o excedente,

bem como criar animais com os mesmos objetivos. Assim, a indústria e o comércio da

madeira passaram a ser um dos mais lucrativos negócios da região.

Os madeireiros, do final da década de 1950 em diante, fizeram história

explorando o comércio da madeira serrada e exportada, por conta de suas próprias

empresas. A atividade madeireira ajudou a aumentar a população da época, através de

seus empregados, disponibilizou a quantidade de madeiras serradas para a construção de

casas. Durante a década de 1960, a madeira abundante e a qualidade da araucária,

atraíram muitas serrarias e, com elas, um grande número de pequenos proprietários ou

posseiros, posteriormente regularizados pelo GETSOP, elevaram a população para mais

de 10.000 habitantes, nos primeiros 10 anos.

3 – Emancipação Política do Município de Santa Izabel do Oeste

A partir do final da década de 50, o povoado começou a receber migrantes, em

sua maioria, do Rio Grande do Sul, que passava, na época, por uma fase de excesso de

mão-de-obra. Famílias de origem européia, como: poloneses, italianos e alemães,

normalmente, com muitos filhos e, que naquele momento precisavam aumentar a posse

de terras, para dar continuidade e sustentabilidade ao desenvolvimento familiar, se

instalaram no território que, posteriormente se constituiu no município de Santa Izabel

do Oeste. A propaganda das terras do Sudoeste do Paraná, entre elas a de Santa Izabel

chegava aos sulistas, através das pessoas que já tinham vindo conhecer a região e

gostavam do que encontravam. Ao decidirem vir para cá, voltavam para buscar a

família e seus pertences e, no caminho, elogiavam as terras da região. A população

aumentou rapidamente, viabilizada pelo loteamento e doação dos mesmos aos novos

moradores, pelo guarda da CANGO, Elizino Tolomeotti, que controlava esse serviço.

Jânio Quadros, último Presidente eleito antes do golpe militar, cumpriu sua

promessa de campanha nas eleições de 1960, ao baixar o decreto nº 50.379, de 27 de

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março de 1961, declarando a gleba Missões (da qual Santa Izabel do Oeste fazia parte),

de utilidade pública. Logo depois, deu continuidade ao processo, assinando o regime de

urgência para a desapropriação, no dia 25 de abril de 1961, pelo Decreto n° 51.494. Para

o governo do Estado do Paraná, nas mesmas eleições, foi eleito Ney Amintas de barros

Braga.

A partir da posse do Governo de Jânio Quadros, em 1961, o Brasil passou a

despertar a desconfiança do bloco capitalista, devido ao montante da dívida externa,

deixada pelo governo Juscelino Kubitscheck, pela pequena base política de Jânio

Quadros e pelas suas idéias autonomistas. Logo nos primeiros meses de mandato, Jânio

quadros, “através de seu ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos” reatou

“relações diplomáticas com os países socialistas”. (SILVA, 1992, p. 283). A

aproximação com a União Soviética e outros países socialistas criou um clima de

tensões, provocando uma forte campanha civil militar contra ele. Alegando pressão de

“forças terríveis”, apresentou sua renúncia, no dia 24 de agosto de 1961, à Câmara dos

Deputados. A renúncia de Jânio gerou um novo problema, pois o seu vice, João Goulart,

encontrava-se em missão diplomática, na China Comunista e, contra ele estavam os

ministros militares que tentaram impedir a sua posse. A favor dele, um forte movimento

político e popular se levantou, tendo como um dos principais líderes, o gaúcho Leonel

Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. Pressionados, os militares e a elite

aceitaram a posse, condicionando a aprovação de uma Emenda Constitucional, que

estabeleceu o Parlamentarismo, como regime de governo, limitando o poder do

presidente.

João Goulart assumiu a Presidência, no dia 07 de setembro de 1961 e, com o

apoio do Congresso e da classe operária, conseguiu a aprovação de um plebiscito sobre

o regime de governo: presidencialismo ou parlamentarismo. O plebiscito foi realizado

no dia 06 de janeiro de 1963, o povo votou pelo presidencialismo. Com isso, João

Goulart ganhou mais poder para executar seu plano de governo. Os principais objetivos

do governo Goulart eram: “melhor distribuição das riquezas...; encampar as refinarias

particulares...; reduzir a dívida externa brasileira; diminuir a inflação e manter o

crescimento econômico sem sacrificar os trabalhadores”. (COTRIM, 2002, p. 432).

Em relação à região Sudoeste do Paraná, o presidente João Goulart deu

continuidade ao processo de legalização das terras, ao assinar, em 19 de março de 1962,

o decreto nº 51.431, criando o GETSOP (Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste

do Paraná), o qual iniciou a regularização das terras, concedendo títulos de posse

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definitiva da terra aos então posseiros. O GETSOP foi extinto em 1974, depois de ter

cumprido sua função.

Mediante as propostas das reformas de base que agradavam ao povo, o

presidente João Goulart foi pressionado pelas classes dominantes, sendo acusado de

comunista. As forças conservadoras organizaram manifestações anticomunistas com o

slogan “Família com Deus pela Liberdade”. Aquele foi um momento em que a classe

trabalhadora disputou o poder político, contra os exploradores, mas no dia 31 de março

de 1964, explodiu a rebelião das Forças Armadas, aliadas à classe dominante, contra o

governo de João Goulart. O presidente Goulart deixou o país rumo ao exílio no Uruguai

e, assim, teve início a ditadura militar no Brasil.

Foi nesse contexto, que o movimento pela emancipação do município de Santa

Izabel do Oeste se articulou. O território, compreendido como município de Santa

Izabel do Oeste atual, pertenceu a Clevelândia até 1951, de 1951 a 1961 à Capanema e

de 1961 até 1963 à Ampére. A comunidade de Sarandi, que pertence ao município de

Santa Izabel do Oeste, foi um dos primeiros povoados da região. Contava com hotel,

casa de comércio além de quadras e ruas organizadas, para uma cidade da época. Passou

a distrito de Ampére pela Lei número 17/62. Logo em seguida, O então Prefeito de

Ampére, Augustinho Gnoato, sancionou a Lei número 19 de 1962, do dia 07 de março,

que criou o distrito de Santa Izabel do Oeste. (Cf. História de Santa Izabel do Oeste em

mímeo).

Com o rápido crescimento da população, surgiu a necessidade de emancipação

político-administrativa e, para esse fim, foi criada uma comissão encarregada de

conduzir o referido processo. A mesma foi composta por: Presidente Valdir Ribas,

Vice-Presidente Antonio Spiller, Segundo Vice-Presidente Alderino Domingos

Sponchiado, Lino Rockembach, Angélico Penso, Alves Fioreli, Nestor Bocchi e João

Ribeiro Cordeiro.

Os membros da comissão foram à Capital do Estado, em busca da emancipação

e, em 29 de novembro de 1963, o governador do Estado do Paraná, Ney Braga, assinou

a Lei nº 4788, que criou o município de Santa Izabel do Oeste.

Para o primeiro mandato, as lideranças optaram por uma a candidatura única,

para prefeito, escolhendo o senhor Lino Rockembach pela UDN (União Democrática

Nacional). Na época, os eleitores votavam separadamente para presidente e vice,

governador e vice e prefeito e vice. Diante disso, concorreram para a vaga de vice-

prefeito Alderino Domingos Sponchiado, pela UDN e José de Oliveira pelo PTB

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(Parido Trabalhista Brasileiro). As eleições ocorreram em 06 de dezembro de 1964, pela

qual foram eleitos Lino Rockembach para prefeito e Alderino Domingos Sponchiado

para Vice. Compuseram a Câmara Municipal: Ari Bier, Osmário Ribas, Adurino

Matciulevicz, Mário Blot, João Ribeiro Cordeiro, Ataídes Mendes de Almeida, Abraão

Molinetti, Alter Onorato Ragadali e Sérgio Antônio Maroni. E, como suplentes, de

vereadores José Soranso e Ari Ferreira Belo.

Na segunda reunião, da câmara, e primeira em Santa Izabel do Oeste, uma vez

que a anterior fora realizada em Santo Antonio do Sudoeste, em 24 de dezembro de

1964. Houve a renúncia dos vereadores: Ari Bier e Ataídes Mendes de Oliveira,

assumindo os suplentes: José Soranso e Ari Ferreira Belo. (Cf. História de Santa Izabel

em mimeo).

A instalação oficial do município de Santa Izabel do Oeste se deu em 14 de

dezembro de 1964. Para facilitar a administração, foram criados cinco distritos

administrativos, pelos seguintes motivos: estradas ainda em construções, dificuldades

com meios de transportes e a distância entre as comunidades e a sede do município. Os

locais escolhidos foram: Jacutinga, Sarandi, Anunciação e União do Oeste e Rio da

Prata, sendo este último, Distrito Judiciário, contando com cartório de registro.

Quanto à organização da estrutura da cidade, o INIC (Instituto Nacional de

Imigração e Colonização) fez, em 1958, o 1º loteamento no perímetro urbano,

coordenado pelo engenheiro Dr. Ciro, administrador da CANGO, naquele período na

região, foi quem projetou o traçado das avenidas, ruas e praças, com nomes de árvores

características da região. Em agosto de 1964, o GETSOP fez a demarcação dos lotes

urbanos que, posteriormente, foram legalizados, pela Lei municipal nº 42, de 25 de

novembro de 1968. (Cf. História de Santa Izabel em mímeo).

O estudo sobre a história do município de Santa Izabel do Oeste se concentrou

no período da colonização e emancipação. Tenho ciência, de que após a emancipação, o

município passou por várias transformações nas suas estruturas, econômica, social e

cultural. Todavia, a compreensão dessa história demanda muita pesquisa, a qual não foi

possível de se realizar para esta fase do desenvolvimento do estudo. Para facilitar o

desenvolvimento da proposta de intervenção pedagógica, junto aos alunos, e estimular o

debate e reflexões sobre as últimas décadas da história do município, organizamos a

tabela abaixo, com base nos dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística). A partir dela, pretendemos discutir com os alunos alguns

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aspectos que interferiram no desenvolvimento do município, provocando uma

considerável mobilidade na população, a partir de sua emancipação.

Vejamos os dados da tabela abaixo:

População rural e urbana do município de Santa Izabel do Oeste entre 1967-2010.

ANO URBANA RURAL TOTAL * 1967 * * 11.328 1970 3.816 11.087 14.903 1980 5.617 10.369 15.986 1991 5.446 7.064 12.510 2000 5.695 6.016 11.711 2010 7.427 5.707 13.134

Fonte IBGE: anuário estatístico de 1968, censo de 1970, 1980, 1990, 2000 e 2010.

Os dados de 1967 foram extraídos do anuário estatístico de 1968, onde consta

somente o número total de habitantes. São os primeiros números que temos

conhecimento da população do Município, pois o censo anterior, foi o de 1960,

referente ao município de Capanema.

Pretendemos investigar, com os alunos, durante a implementação do Projeto

Pedagógico, as causas e o porquê das mudanças do número da população, bem como a

inversão com o aumento da população urbana em relação à diminuição da população

rural. Vamos enfatizar a seguinte problematização:

- oscilação entre a população urbana e rural; mecanização do campo; êxodo rural com

destino a outras cidades e estados de MT, RO, PA; crise na agricultura; crise

econômica; diminuição das famílias; globalização; necessidades de instruções; fim das

comunidades rurais; fechamento de escolas rurais; agricultura familiar; políticas

agrícolas; políticas de geração de emprego e renda;

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REFERÊNCIAS:

COTRIM, Gilberto. História para ensino médio – Brasil e geral – volume único. São

Paulo: Saraiva, 2002.

LAZIER, Hermógenes. Análise Histórica da Posse de Terra no Sudoeste

Paranaense. 2. ed. Francisco Beltrão, PR: GRAFIT.

SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia, Império, República. São

Paulo: Moderna, 1992.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 6. ed. Curitiba, PR: Vicentina

Ltda., 1988.

WACHOWICZ, Ruy Christovam. Paraná Sudoeste: ocupação e colonização. Curitiba,

PR: Lítero-Técnica, 1985.