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Aluna Ellen Lopes Fic ham ent

Fichamento: A ilusão de segurança jurídica. Autora Vera Regina de Andrade

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A ilusão de segurança jurídica: do controle da violência à violência do controle penal / Vera Regina de Andrade. 2. Ed. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2003. 336p. 16x23 cm.

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Aluna Ellen Lopes

Professor Marlon

Fichamento de

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A554i Andrade, Vera Regina Pereira de

A ilusão de segurança jurídica: do controle da violência à violência do controle penal / Vera Regina de Andrade. 2. Ed. – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2003.

336p. 16x23 cm.

ISBN 85-7348-283-41. Direito Penal . 2. Dogmática Penal. 3. Sistema Penal. 4.Criminologia. 5. Dogmática

jurídica. I. Título.CDU 343.2

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O trabalho foi organizado da seguinte maneira: conceitos por ela explicados (quando preciso) e tópico geral do subtítulo. As citações serão feitas ao longo do trabalho, auxiliando na explicação dos conceitos ou do tópico geral.

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Capítulo 1, Subtítulo 1: O moderno Saber Penal, pp 39 – 45.

Tópico principal: A autora Vera Regina visa, por meio do capítulo, explicar a relação entre a consolidação do paradigma dogmático na ciência penal e o surgimento e consolidação do paradigma Etiológico em Criminologia na Alemanha e na Itália.

Subtítulo 2: A escola Clássica.

Conceitos: surgimento da escola clássica – época de transições.Tópico principal: A autora explica a escola clássica em sua origem (marcada por um saber filosófico, herança Iluminista), em seu desenvolvimento e culminação (onde há a produção do saber jurídico) para que, desse modo, a transição se mostre a favor da defesa do indivíduo, conceituado nos delitos, responsabilidades penais e penas.

Tópico 2.1: A unidade ideológica da Escola Clássica.Tópico principal: Nesse subtítulo a autora explica a ideologia da escola clássica, a qual pode ser chamada de garantismo, para que haja uma maior racionalização do poder punitivo visando uma garantia ao indivíduo de uma segurança contra a intervenção arbitraria estatal.

Tópico 2.2: A unidade metodológica da Escola Clássica. Conceitos: concepção racionalista de ciência, método, direito em Beccaria e em Carrara.Tópico principal: A autora expõe a escola clássica, que defende que o próprio direito penal deve legitimar-se pela razão, contra a ideia historicista rompendo assim, com o antigo direito penal.

Tópico 2.3: O movimento reformista e a obra de Beccaria.Tópico principal: Nesse subtítulo a autora explica a importância da obra “Dos delitos e das Penas” de Beccaria, que rompe com a antiga justiça penal e projeta a justiça penal liberal (essa, por sua vez, humanitária, utilitária e contratual). Ela também explica que o contrato social de Beccaria muda todos os fundamentos e legitimidade para as penas e direito de punir, dando uma promessa de segurança jurídica para sociedade.

Tópico 2.4: O Jusracionalismo e as bases jusfilosóficas do Direito Penal liberalTópico principal: A autora, por fim, mostra a reorganização da escola clássica (que antes visava romper com o antigo direito penal e agora visa a construção do novo direito penal, do crime, da responsabilidade penal e das penas). Essa então é denominada fase jusracionalista ou jusfilosófica.

Subtópico 2.4.1: Postulados fundamentais 2.4.1.1: CrimeTópico principal: A autora expõe a fórmula sacramental criada por Carrara, de onde partia o emprego do método dedutivo, explica que o delito é um ente jurídico pois consiste na violação de um direito (dado por Deus), para enfim definir crime como violação a uma lei promulgada (lei jurídico-moral, acima de todo o direito) que serve para proteger os cidadãos. O crime passa a ser resultado do livre-arbítrio de cada cidadão. Época: Estado Liberal.

2.4.2: Responsabilidade Penal (fundada na responsabilidade moral derivada do livre-arbítrio). Conceitos: ImputabilidadeTópico principal: A autora expõe o crime como sendo consciente e voluntário e gerando, como resultado, a responsabilidade penal. Para que o crime seja de fato culpável, o criminoso deve dotar de livre-arbítrio.

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2.4.1.3: Pena (retribuição e tutela jurídica)Tópico principal: Vera Regina explica que a pena, para o classicismo possuía cunho retributivo, para reparar um mal feito à sociedade e reestabelecer o equilíbrio jurídico rompido. Carrara diz que essa teoria da pena é necessária e deve ser vista como “ministro necessário de tutela jurídica na Terra” (pp. 58).

Tópico 2.5: O fato-crime no centro do Classicismo Conceitos: Direito do fato, resultado de três quartos de século de doutrina.Tópico principal: A autora explica que, por resultado de todos os postulados anteriores, o classicismo defendia que o criminoso é um indivíduo normal da sociedade e que o direito penal era voltado ao fato, não ao criminoso.

Subtítulo 3: A escola Positiva

Tópico Principal: A autora Vera Regina expõe a dicotomia crítica do positivismo ao classicismo, que é o individual x social e a razão x realidade. Ela diz que a Escola Positivista surge para resgatar o social e os direitos da sociedade e mudar o foco do direito do fato (razão) para o direito realista (resgate ao delinquente).

Tópico 3.1: Postulados fundamentaisSubtópico 3.1.1: O Método (experimental)Tópico principal: A autora explica que o método utilizado era o método empírico-indutivo (medição, objetividade e causalidade), onde o criminoso substitui o fato e se torna mais ou menos perigoso de acordo com o crime praticado.

Subtópico 3.1.2: Crime (fato natural e social)Tópico principal: Vera Regina mostra que o crime visto pela Escola positivista era um fato natural e causalmente determinado, onde a vontade nada mais é do que resultado. Lombroso apresenta o determinismo orgânico (o criminoso já nasce assim) e Ferri apresenta várias causas que ocorrem juntas (individuais, físicas e sociais) para determinar o criminoso.

Subtópico 3.1.3: CriminosoTópico Principal: Ferri defende que “o crime deve ser visto no criminoso” e ele é “sintoma revelador da personalidade perigosa de seu autor” (pp. 67). A autora Vera Regina diz que aqui há a separação entre a sociedade e o criminoso.

Subtópico 3.1.4: Responsabilidade penal (baseada na responsabilidade social, derivada do determinismo e temibilidade do delinquente). Tópico principal: A autora demonstra que os positivistas afastaram a visão de responsabilidade moral, pois ela é falha e poderia inocentar criminosos em potencial. Para isso, os positivistas designaram a responsabilidade social como princípio básico para a Justiça Penal (direito de punir), onde todos, por viverem em sociedade, devem ser submetidos aos mesmos direitos e restrições.

Subtópico 3.1.5: PenaConceitos: Substitutivos penais são melhores para a sociedadeTópico principal: A autora expõe o pensamento positivista sobre a pena, onde a pena preventiva é mais eficaz que a pena repressiva. Embora Ferri defenda isso, ele também defende que não deve existir um só tipo de pena, mas ambos, complementando-se. A Vera Regina também expõe o pensamento positivista de que a pena deve ser única para cada indivíduo, onde ela perde o sentido retributivo e ganha o sentido preventivo.

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Tópico 3.2: O autor criminoso no centro do positivismoTópico principal: A autora explica que baseado no determinismo e na responsabilidade social, o autor do delito passa a ser o objeto principal do positivismo, porém essa individualização da pena aumenta os poderes discricionários do judiciário, e isso é criticado pois “fere” os direitos individuais.

Subtítulo 4: Implicações Legislativas das escolas

Tópico Principal: A autora explica que o classicismo foi uma reforma penal e que isso não é diferente na passagem do classicismo para o positivismo. Ambas foram resultado da mudança do Estado (Estado de Direito Liberal -> Estado de Direito Social ou intervencionista) e pensamento da época, possuindo características próprias do momento histórico. Ela também aborda que o Classicismo foi necessário para existência do Positivismo.

Subtítulo 5: Implicações Teóricas das escolas

Tópico Principal: Nesse tópico a autora expõe a firmação da criminologia, que, por possui possuir método experimental e de estatísticas, é a única atividade jurídica reconhecida como ciência (o direito penal é extinto ou submetido à ela, como uma ferramenta). Isso gerou uma interdisciplinaridade e fez com que os juristas penais clássicos perdessem um pouco sua hegemonia.

Tópico 5.1.1: O modelo de Sociologia Criminal de E. Ferri e a imersão sociológica da Ciência Penal.Conceitos: A bipartição da Sociologia Criminal de Ferri.Tópico Principal: Vera Regina explica que o modelo de sociologia criminal de Ferri deveria abranger todos os ramos criminológicos com a utilização do método de observação positivista. A autora explica que desse modo a Sociologia Criminal passa a possuir papel central no estudo do crime, visando uma reforma do Direito Penal.

Tópico 5.2: Matrizes fundacionais do paradigma dogmático de Ciência PenalTópico Principal: A autora Vera Regina explica que contemporaneamente à Sociologia Criminal há a afirmação do juspositivismo, no qual os tradicionalistas visavam a reafirmação da Ciência Penal com seu caráter jurídico, afastando todas os outros fatores que na Sociologia, influenciavam o direito.

Subtópico 5.2.1: A escola Técnico-JurídicaTópico Principal: A autora introduz o próximo tópico, dizendo que na escola Tecnicista há uma sistematização maior do Direito Penal.

Subtópico 5.2.2: A crise da Ciência PenalTópico Principal: Rocco explica o que ocasionou a crise na ciência penal: na escola classicista erraram por pensar que o direito penal era absoluto, na escola positivista, erraram quando o tornou apêndice da sociologia criminológica, mesclaram diversas outras áreas no direito e não dividiram com o direito penal o objeto da sociologia criminológica, tornando-a única.- Assim, a autora visa explicar “a reação tecnicista que [...] se dirige, simultaneamente, contra a herança jusracionalista da Escola Clássica e contra a herança criminológica da Escola Positiva.” (pp. 82). Buscando, ainda, mostrar como se deu a discussão da cientificidade da Ciência Penal.

Subtópico 5.2.3: Objeto e tarefa metódica da Ciência Penal

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Tópico Principal: A autora demonstra que o objeto da Ciência Penal deve ser o direito positivo e que a orientação técnico-jurídica deve ser o estudo geral e especial do delito e da sanção. Então, para firmar-se como ciência, o Direito Penal deveria seguir o mesmo caminho que os outros direitos (administrativo, civil etc.) para se firmar como ciência autônoma.

Subtópico 5.2.4: As etapas do método técnico jurídicoConceitos: Exege, dogmática e crítica.Tópico Principal: a autora explica as ordens de investigação: investigação exegética, investigação dogmática e sistemática e investigação crítica do direito.

Subtópico 5.2.5: A função prática da Ciência PenalTópico Principal: A autora Vera Regina mostra que a ciência penal, além de função no campo jurídico, possui função também no campo privado, das relações individuais, na aplicação do próprio direito.

Subtópico 5.2.6: A autonomia e as fontes da Ciência PenalTópico Principal: Para realizar a autonomização da Ciência Penal, Rocco defende que deve-se delimitar o objeto de estudo das disciplinas que existiam junto ao direito penal, esse último recorrendo a elas apenas com caráter subsidiário ou complementar. Assim, a Dogmática Penal se mostraria hegemônica e a criminologia teria um caráter auxiliar a ela.

Tópico 5.3: Matrizes do Tecnicismo JurídicoTópico Principal: A autora Vera Regina traça a diferença entre a legitimação do direito positivo na Itália (escola clássica e escola positiva) e na Alemanha (positivismo jurídico), e mostra que foi no direito alemão que a escola Tecnicista se inspira e onde a dogmática penal nasce.

Subtópico 5.3.1: O modelo de Ciência Penal de K. BindingTópico Principal: Binding é apresentado pela autora como representante inicial do positivismo jurídico. Binding, por sua vez, combate a herança jusnaturalista presente na tradição alemã. É esse pensamento de Binding que baseia o atual pensamento dogmático penal.

Subtópico 5.3.2: A Escola Sociológica alemã e o modelo de Ciência integral (global, universal, total, ou conjunta) do direito penal de V. Liszt.Conceito: Etapas da construção do sistema conceitual de Liszt, papel da política criminal e da dogmática penal.Tópico Principal: A autora mostra a teoria conciliadora de Liszt que dizia que apenas a junção de todas as ciências geraria um entendimento pleno sobre o crime, mas onde, ainda sim, a Dogmática Penal ocuparia lugar de destaque, com a criminologia e a política criminal sendo ciências auxiliares.

Tópico 5.4: Da luta escolar à disputa científica criminodogmáticaTópico Principal: A Vera Regina conclui então que as contradições e discrepâncias entre os modelos estavam na delimitação das funções e sua abrangência em cada disciplina. Logo o modelo de Liszt era o melhor para expressar a mudança do Estado liberal ao social e o que definia a relação entre a Dogmática Penal e a Criminologia.

Subtítulo 6: Consolidação do paradigma dogmático de ciência penal e sua relação com o paradigma etiológico de criminologia

Conceitos: Surgimento da Ciência Jurídica, relação entre dogmática e criminologia

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Tópico Principal: A autora faz o apanhado histórico da relação entre dogmática e criminologia para apresentar a ideia de Pablo Molina, de que “a criminologia, a política criminal e o Direito penal são os três pilares do sistema das ‘Ciências Criminais’, reciprocamente independentes” (pp.99), possuindo objeto e métodos diferentes e com o Direito Penal como peça central e a criminologia e a política criminal como ciências auxiliares.

Subtítulo 7: Do Saber Filosófico e Totalizador à especialização e neutralidade das Ciências Penais

Tópico Principal: A autora sintetiza todo conhecimento já apresentado, das Escolas e da legitimação da Ciência Jurídica e afirma que toda essa mudança esteve pautada na promessa de uma segurança jurídica reiterada, legitimada pela ideia de punir pela legalidade. E então ela apresenta a finalidade do próximo capítulo: entender como essa promessa se materializa e analisar a identidade que a Ciência penal assume.

Capítulo 2, Subtítulo 1: Específica identidade da dogmática jurídico-penal

Tópico Principal: A autora explica a quadripartição feita para justificar a especificidade da Dogmática Penal (fundamentação epistemológica neokantiana, inspiração ideológica liberal, específica projeção do método e ideologia especificadamente penal), visando a reconstrução de sua identidade situando sua crítica interna e externa.

Subtítulo 2: A recepção do Neokantismo de Baden pela dogmática penal

Tópico Principal: A autora explica que o Neokantismo acresceu uma característica subjetiva-valorativa ao positivismo jurídico, mas não modificou sua essência, sua dogmática jurídica. Isso não resolveu o problema em sua identidade epistemológica e sua cientificidade: a estagnação no normativismo-jurídico.

Subtítulo 3: A Auto-Imagem da Dogmática Jurídico-Penal

Tópico Principal: A autora expõe que os penalistas continuam a ter a visão tecnicista de dogmática jurídica, inclusive os penalistas brasileiros, porém atualmente foi acrescida a influência neokantiana.

Subtítulo 4: A Auto-Imagem Funcional

Tópico Principal: A autora conclui então que a função da dogmática penal foi afirmada desde o modelo liszteano como ciência sistemática a serviço da administração da justiça, da penalidade justa. Uma dogmática, de acordo com Ordeig, com “aplicação segura e calculável do direito penal “ subtraindo a “irracionalidade”, “arbitrariedade” e “improvisação”(p. 120), garantindo assim a segurança jurídica.

Subtítulo 5: Dogmática Penal e Estado de Direito

Tópico Principal: A autora Vera Regina explica que o discurso garantidor de direitos surgiu como reação contrária à arbitrariedade da antiga justiça penal. Melossi (p. 124), diz que a dicotomia indivíduo-Estado é “a matéria-prima das posições garantidoras”, e o papel da

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Dogmática penal, de acordo com a Vera Regina, é buscar harmonização e equilíbrio entre o poder de punir e a liberdade individual (dicotomia indivíduo-Estado).

Subtítulo 6: A Promessa de Segurança Jurídica na trilha do Direito Penal de Fato

Tópico Principal: A autora Vera Regina expõe que a ideia de segurança jurídica é resultado da sistematização do direito penal, porém definir o delito foi um ato imprescindível, pois sem ele não haveria parâmetro para aplicação das penas. Concluindo, a autora dá outra perspectiva de Dogmática Penal, que é a “tentativa de conferir a promessa Iluminista de segurança jurídica uma formulação científica” (p. 128).

Tópico 6.1: Processo formativo do sistema dogmático do crimeTópico Principal: A autora define crime como sendo “uma conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável” (p. 129) e traça a história da formação desse conceito, que na idade média o era apenas o ato e a culpabilidade, com a pena de sentido expiatório. Jhering, em 1867, conceituou diferentes momentos do delito, a antijuricidade e a culpabilidade, daí Liszt inicia a moderna construção do crime, trazendo esses conceitos para o âmbito penal e universalizando-os. Beling otimizou essa definição acrescendo a ideia que não pode haver crime sem tipo, dando um caráter mais normativo à definição de crime.

Tópico 6.2: Sistema do crime e princípio da legalidadeTópico Principal: A autora explica como o princípio da legalidade foi mesclado ao conceito de crime. A legalidade pode ser interpretada como norma, enunciado doutrinária e enunciado metajurídico. A doutrina tirou princípios dessas interpretações, que são: delimitação de princípios a ser usada, a proibição da retroatividade da lei, proibição de recorrer a costumes e analogia em relação a normas incriminadoras, normas claras e diretas e a ausência de crime se não houver lei anterior. Isso serviria como anteparo da liberdade individual em face ao Estado.

Subtítulo 7: Da Hermenêutico-Analítica à Propedêutica

Tópico Principal: A autora explica que o Direito Penal abrange mais que o discurso do crime, integrando todo estudo histórico, discurso de bens jurídicos e da pena, teorias juspositivistas e a interpretação da legalidade.

Subtítulo 8: Da Ideologia Liberal à Ideologia da defesa social

Conceitos: Princípios decorrentes do crime: bem e mal (a sociedade é o bem, o criminoso o mal), culpabilidade (o fato é punível pela sociedade), legitimidade (do Estado de aplicar sanção), igualdade (o direito penal é igual para todos, a criminalidade é comportamento de uma minoria desviada), interesse social e do delito natural (o delito vai contra a interesses comuns da sociedade) e por fim o da prevenção (a função da pena é prevenir o delito).Tópico Principal: A autora expõe a visão de barata sobre pena e crime, ela também explica que na visão dele, a ideologia de defesa social se resume no Estado possuindo legitimidade para controlar a criminalidade e sendo igualitário com toda sociedade.

Subtítulo 9: Segurança Jurídica para quem?

Conceitos: Direitos delimitando direitos, ou seja, “maximização das garantias do imputado e minimização do arbítrio punitivo” (Vera Regina, p. 140). Tópico Principal: A autora Vera Regina mostra que a segurança jurídica possui sua parte objetiva, sua segurança penal, e uma parte subjetiva, que é o sentimento se segurança jurídica, a qual ela explica como defendendo tanto a sociedade quanto tutelando o delinquente.

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Subtítulo 10: Da Racionalidade do Legislador à Racionalidade do juiz mediadas pela racionalidade do sistema Dogmático

Tópico Principal: A autora mostra a importância de ter além de uma norma jurídica, construída por um legislador racional, também é preciso um juiz racional, para que deste modo se preserve a segurança jurídica. Baratta ainda evidencia que além disso, é preciso que o Estado moderno possua legitimidade no poder punitivo. Isso tudo em busca da Neutralidade Jurídica.

Subtítulo 11: Problematização da Dogmática Penal no passado e no presente

Conceitos: Críticas à Dogmática jurídica: “falta de cientificidade”, “ruptura ou divórcio com a realidade social” e “instrumentalização política legitimadora do status quo”. (Vera Regina, p. 142).Tópico Principal: A autora Vera explica que essas críticas externas acentuam a “debilidade epistemológica”, “o formalismo metodológico” e o “conservadorismo político” (pp. 142 – 143) da Dogmática Penal.

Tópico 11.1: A crítica interna à Dogmática Penal e a reafirmação das promessasConceitos: “Três são as grandes matrizes do sistema do crime: 1) o positivismo naturalista [..] 2) o neokantismo valorativo[...], 3) o finalismo (Teoria finalista).” (Vera Regina, p. 143).Tópico Principal: A autora expõe que internamente à teoria do crime, existe uma fundamentação positiva-naturalista, neokantiana valorativa, uma fundamentação ontologicista até chegar às fundamentações contemporâneas.

Subtópico 11.1.1: O Positivismo naturalista (causalismo naturalista)Tópico principal: A autora sintetiza o modelo Liszt-Beling e o liga à teoria do crime, explicando que crime nada mais é do que um “ato culpável, contrário ao Direito e sancionado com uma pena” (p. 144). Então, nesse sistema, a tarefa técnico-jurídica e a função garantidora é exatamente o que era designado à ciência do Direito Penal.

Subtópico 11.1.2: O neokantismo Valorativo (causalismo neokantiano)Tópico Principal: A Vera Regina explica que a primeira grande revisão do modelo de Liszt-Beling foi originada no neokantismo valorativo. Ela explica que o neokantismo foi utilizado para dar fundamentação epistemológica ao paradigma dogmático penal, incidindo em sua fundamentação e metodologia, inserindo modelos subjetivos e valorativos aos fatos positivista, não modificando-o, mas complementando-o.

Subtópico 11.1.3: O finalismo (teoria finalista da ação)Tópico Principal: A autora explica que após essa revisão causalista-valorativa, houve a revisão finalista, que propunha a criação de verdades eternas e estruturas lógico-objetivas, pois caso contrário correria o risco de “legislar um direito ineficaz, falso, contraditório e não objetivo ou deixar a aplicação do Direito Penal abandonada ao arbítrio, no caso da Ciência Penal.” (p.148). Nessa nova teoria, o objeto passa a determinar o método, a ação possuindo caráter de finalidade. O finalismo rompeu com a concepção unitária de crime.

Subtópico 11.1.4: A reafirmação das promessas na peregrinação intra-sistêmica.Tópico Principal: A autora cita a ideia de Roxin, “se pode descrever a teoria do delito dos últimos decênios como uma peregrinação dos elementos do delito pelos diferentes estágios do sistema.” (p. 151), porém “a dogmática penal não perde sua identidade estrutural (objeto, tarefa metódica e funções declaradas)” (p. 152), ela apenas muda o modo como se chega ao

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resultado, continuando com todas sendo sistemáticas, todas procurando resolver problemas anteriores e a segurança jurídica.

Subtópico 11.1.5: Requisitos objetivos e subjetivos da imputação de responsabilidade penal na construção sistemática do crime para a maximização da segurança jurídica.Tópico Principal: A autora explica além de levar em consideração a tipicidade e a ilicitude da conduta do delinquente, deverá haver a verificação da culpabilidade do autor em relação ao fato-crime, ou seja, deverá haver uma valoração jurídico-penal dos fatos e a individualização e quantificação da pena.

Tópico 11.2 A crítica externa da Dogmática PenalSubtópico 11.2.1: a crítica política: a ambiguidade funcional do paradigmaTópico principal: A autora demonstra a crítica política marxista à Dogmática Penal, que diz que ela legitima a dominação capitalista.

Subtópico 11.2.2: A crítica metodológica: a ambiguidade metodológica do paradigmaTópico principal: Vera Regina diz que para a Ciência Penal, a maior crítica é sua dogmática estar tão longe da realidade social, da ciência penal se perder no “dever ser”. Por ser puramente instrumental, a dogmática penal acaba por se submeter a isso, porém ela é somente a dogmática do delito, ela produz conhecimento acerca o direito penal e esse conhecimento é ligado a realidade, caso contrário ela não perduraria tanto tempo na sociedade.

Subtítulo 12: Tendências contemporâneas no sistema do delito

Tópico Principal: A autora conclui que essa crítica à Dogmática penal que envolve sua separação da realidade gera várias correntes: uma que apoia a substituição do finalismo por uma concepção mais teleológica que atenda às consequências dos delitos do que a sua análise e outra que visa a reconstrução do sistema de delitos e suas categorias centrais – tipicidade, ilicitude, causas de justificação, culpa, culpabilidade etc. procurando identificar limites em seu conteúdo, outra que procura reestabelecer a confiança e reparar e prevenir efeitos negativos da violação da norma (Jakobs), enfim, seja como for, a busca pela segurança jurídica persiste como promessa da Dogmática Penal, que ao menos atualmente, continua com a dogmática sistemática, com sua abertura funcional para a realidade social que a legitima e a manteve até hoje.

Capítulo 3, Subtítulo 1: O impulso desestruturador do moderno sistema penal e a mudança de paradigma em Criminologia

Tópico Principal: A autora explica que fará uma elaboração genealógica para desvendar a lógica de funcionamento do moderno sistema penal, mostrando suas estrutura organizacional e estratégias de legitimação.

Subtítulo 2: Caracterização do Moderno Sistema Penal

Tópico Principal: A autora apresenta duas tabelas de Cohen para, uma apresentando as transformações fundamentais no controle do desvio e outra com o que causou esse desvio.

Tópico 2.1: Modelos penais fundamentais

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Conceitos: Mudanças chaves para o moderno saber penal: controle centralizado, racionalizado e burocratizado [...], categorização e profissionalização [...], a segregação como resposta penal hegemônica [...] e a mente como objeto do poder de punir.Tópico Principal: A Vera Regina caracteriza o moderno controle de delito, que “caracteriza-se como estatalmente centralizado no sistema da justiça penal, racionalizado, burocratizado e profissionalizado, tendo a prisão como resposta penal básica e a “mente” como objeto de controle.” (Vera Regina, p. 174)

Tópico 2.2: Estrutura organizacionalTópico Principal: A autora explica o Direito Penal entendido como lei ou legislação, dizendo que ele integra a dimensão programática do sistema, enquanto a normatividade penal apenas o enuncia. “O sistema penal existe, pois, como articulação funcional sincronizada da Lei penal – Polícia – Justiça – Prisão e órgãos acessórios” (Vera Regina, p. 175).

Subtítulo 3: O discurso Oficial de Autolegitimação do Poder e do sistema Penal

Tópico Principal: A autora expõe o Estado moderno ocidental como possuindo o monopólio do poder de punir e o Direito Penal como esse poder institucionalizado, legitimados pelo enquadramento na programação normativa e pela justificação utilitarista que se conecta e define os fins perseguidos pela pena.

Tópico 3.1: A legitimação pela legalidade vinculada ao Direito Penal do fato e à segurança jurídicaTópico Principal: A autora explica que essa via legitimadora é centrada no sistema de Justiça, buscando uma individualização dos atos penais e é vinculada ao retribucionismo, recebendo assim a sua base científica.

Tópico 3.2: A legitimação pela utilidade vinculada ao Direito Penal do autor e à defesa socialTópico principal: A Vera Regina desenvolve a ideia que de além da proteção dos bens jurídicos, a pena deve possuir funções socialmente úteis, atribuindo a pena função geral e especial. Visando isso, Cirino dos Santos expõe: “O sistema penal, constituído pelos aparelhos judicial, policial e prisional, e operacionalizado nos limites das matrizes legais, aparece como sistema garantidor de uma ordem social justa, protegendo bens jurídicos gerais, e , assim, promovendo o bem comum. Essa concepção é legitimada pela teoria jurídica do crime (extraída da lei penal vigente), que funciona como metodologia garantidora de correta justiça, e pela teoria jurídica da penal, estruturada na dupla finalidade de retribuição (equivalente) e de prevenção (geral e especial) do crime” (p. 181).

Tópico 3.3: Legitimidade e (auto)legitimaçãoTópico Principal: A autora diferencia legitimidade de legitimação e explica que mesmo o sistema perdendo legitimidade, ele não perderá sua autolegitimação oficial.

Subtítulo 4: Da construção (Legitimadora) à desconstrução (Deslegitimadora)do moderno sistema penal

Tópico Principal: A autora explica que houve um “impulso desestruturador” (Cohen, p. 185), de onde a crítica que antes era feita à prisão, agora mudou de foco e foi feita a todo sistema penal, mudando os paradigmas do direito penal, da criminologia, da dogmática penal e da política criminal, forçando todos a procurar nova identidade. “[...] três marcos que

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representam, a nosso ver, os principais eixos de construção de um saber crítico do sistema penal com uma simultânea e específica contribuição para o controle funcional da Dogmática: a crítica historiográfica foucauldiana, a critica sociológica do labelling approach de base interacionista, da qual resulta, diretamente, o paradigma criminológico da reação social e a Criminologia crítica [...]” (Vera Regina, p. 187).

Subtítulo 5: Da História Oficial às Histórias Revisionistas da Gênese do moderno sistema Penal.

Tópico Principal: A autora situa a historiografia feita por Foucault.

Tópico 5.1: A história oficialTópico Principal: A autora explica que o direito penal que emerge da modernidade é um direito que vai contra a arbitrariedade, que é contra o poder e a dominação.

Tópico 5.2: As Histórias revisionistasTópico Principal: A autora explica que elas são assim chamadas por mostrarem a história oficial sob uma ótica do poder e da dominação, chegando até a negar o discurso humanista e neutro do Direito Penal.

Tópico 5.3: Indicações epistemológicas comuns das histórias revisionistas materialistasTópico Principal: A autora diferencia as histórias revisionistas de Foucault, Rusche e Kircheimer, Melossi e Pavarini entre outros. E ela diz que todos possuem um ponto em comum, que é “a emergência da pena de prisão e do moderno sistema penal somente pode ser compreendida no marco das transformações sociais, econômicas e políticas concretas. [...] pois expressa suas exigências de dominação classicista antes que a exigência de humanização da pena.” (Vera Regina, p. 191).

Subtítulo 6: O Labelling Approach e o Paradigma da reação social

Tópico 6.1: Do paradigma etiológico ao paradigma da reação socialTópico Principal: A autora explica a transformação que ocorreu com o Labelling Approach, os princípios que mudaram (bem e mal, culpabilidade, legitimidade, igualdade, fim e prevenção) e suas novas definições.

Tópico 6.2: Matrizes teóricas, pressupostos metodológicos, quadro explicativo e teses fundamentais do Labelling approachTópico principal: A autora comenta que o labelling approach foi importantíssimo no estudo do desvio e da criminalidade.

Subtópico 6.2.1: Interacionismo simbólico e construtivismo social modelando o paradigma epistemológico do labelling approach.Tópico Principal: Sinceramente não entendi o que ela disse aqui, só que a autora explica que o labelling é influenciado pelo interacionismo simbólico e seus fundamentos são “tributários de três outros campos de investigação: das aquisições da teoria jurídica, [...] das aquisições da Sociologia criminal dos últimos decênios, relativas a dois novos campos de investigação: a) criminalidade de colarinho branco; b) a cifra negra da criminalidade e a crítica das estatísticas criminais.” (Baratta, p. 205).

Subtópico 6.2.2: O crime e a criminalidade como construção social

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Tópico Principal: A autora expõe a ideia que não existe a patologia do criminoso, e sim que as agências controladoras criam e produzem etiquetas que os declaram criminosos.

Subtópico 6.2.3: O quadro e os níveis explicativos do labelling approachTópico Principal: A autora mostra a mudança de perspectiva da criminologia, que agora preocupa-se com o impacto da atribuição de status de criminoso ao indivíduo, como é atribuído esse status criminal, e a investigação do processo de definição da conduta desviada.

Subtópico 6.2.4: O sistema penal (processo de criminalização) numa perspectiva dinâmica e no continuum do controle socialTópico Principal: A autora demonstra que o sistema penal assume uma característica de controle social, a partir da introdução do labelling approach.

Subtópico 6.2.5: Mudança de paradigmaTópico Principal: A autora demonstra que com isso, há uma passagem do paradigma do conhecimento criminológico, que antes preocupava-se em investigar as causas da criminalidades e agora visa a investigação das condições de criminalização.

Subtítulo 7: De um modelo pluralista a um modelo conflitivo

Tópico Principal: A autora expõe o desenvolvimento do político no paradigma da reação social, onde conflitos de interesses e a hegemonia estão presentes, expondo a questão criminal como uma questão política.

Subtítulo 8: Do Labelling Approach à criminologia crítica

Tópico Principal: A autora explica que por influência do Labelling Approach, há a passagem da criminologia liberal à criminologia crítica.

Tópico 8.1: Marco teórico-metodológico, quadro explicativo e teses fundamentais da Criminologia críticaSubtópico 8.1.1: Recepção crítica do paradigma da reação socialTópico Principal: A autora expõe a mudança do objeto de conflito da criminologia, que passa a ser “a relação política de domínio de alguns indivíduos sobre outros.” (Pavarini, p. 216).

Subtópico 8.1.2: Da descrição da fenomenologia da desigualdade (seletividade) à sua interpretação estruturalTópico principal: “ a realidade social ‘está constituída pelas relações de produção, de propriedade e poder e pela moral dominante”. E legitimá-la significa reproduzir ideologicamente estas relações e a moral dominante.” (Baratta, p. 219).

Subtítulo 9: O controle epistemológico do paradigma etiológico

Tópico principal: A autora explica que mesmo com todas essas mudanças, a criminologia continua sendo submissa ao direito penal, pois seu objeto de estudo é o que o direito penal define como sendo o criminoso, nada além disso, além da criminologia só poder estuda-lo em instituições penais, como prisões, manicômios, etc.

Subtítulo 10: O controle funcional do Paradigma etiológico

Tópico Principal: A autora explica que a criminologia serve então como um instrumento legitimador do direito penal. A autora explica que a criminologia também é chamada de

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“Criminologia administrativa e legal” pois ela condicionou o contrato social ao ordenamento jurídico e ao destino dos delinquentes.

Subtítulo 11: Do controle epistemológico e funcional do paradigma etiológico de criminologia ao controle funcional do paradigma dogmático de ciência penal.

Tópico Principal: A autora expõe duas implicações dessa mudança paradigmática da criminologia, a primeira é a relação ciência-objeto entre a Criminologia e o Direito penal e a segunda é a nova relação entre a Criminologia e a dogmática penal.

Tópico 11.1: Uma nova relação entre criminologia e Direito Penal como uma relação Ciência-objetoTópico Principal: O assunto abordado nesse tópico pode ser resumido na afirmação da autora que “Na mesma medida em que a explicação da criminalidade passa a ser referenciada e explicada a partir da reação social, vista como constitutiva da sua “construção seletiva”, o Direito Penal também passa a ser explicado como instrumento do controle Sociopenal” (Vera Regina, p. 225).

Tópico 11.2: Uma nova relação (secundária) entre Criminologia e Dogmática PenalTópico Principal: A autora explica que a criminologia resgatou sua autonomia e que isso faz com que sejam levantadas velhas questões, dentre as quais a relação entre criminologia e dogmática penal. Antigamente uma ia de “encontro frontal” com a outra, porém atualmente existem penalistas críticos e criminólogos críticos, que abordam ambas as áreas, encontrando uma complementariedade em ambas vertentes do Direito, buscando resgatar assim, sua vertente garantidora.

Subtítulo 12: Marco Teórico e Bases do Controle Dogmático

Tópico Principal: A autora retrata a Dogmática penal como “[...] uma ciência de controle penal, com um duplo código: tecnológico e legitimador.” (p.231), possuindo um funcionamento real mesclado ao funcionamento do sistema penal, inserindo-a como poder concreto no sistema penal. Ela também salienta o discurso legitimador da dogmática, que ao mesmo tempo em que cria uma imagem mística sobre seu funcionamento, oculta sua real funcionalidade, conflitiva e violenta que expressa contradições da sociedade e do Estado.

Capítulo 4: Subtítulo 1: Configuração, operacionalidade e funções do moderno sistema penal

Tópico Principal: A autora explica o que ela pretende abordar no capítulo, analisando a relação entre criminologia e a dogmática penal no interior do sistema penal, que resultou na construção do moderno sistema penal.

Subtítulo 2: Configuração do moderno sistema penal e seu campo correlato de saber no marco do sistema social capitalista

Tópico Principal: A autora explica que utilizará as ideias de Foucault para mostrar toda a ressignificação da história da constituição do moderno saber penal.

Tópico 2.1: Ressignificando a reforma e o saber penal iluminista

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Tópico Principal: A autora aponta Foucault e a sua ideia de ressignificação do Iluminismo no conhecimento penal, onde há a transformação da criminalidade (antes crime contra pessoas, agora crime contra patrimônio), o que fez com que houvesse uma necessidade de segurança jurídica, e isso acarretou em uma nova política em relação às ilegalidades, remanejando o poder de punir, punindo melhor (utilizando o contrato social como instrumento).

Tópico 2.2: Ressignificando a linha de objetivação do crime (Direito Penal do fato) da Escola Clássica à Dogmática PenalTópico Principal: A autora expõe que com essa nova política em relação às ilegalidades, fez-se necessário uma delimitação das penas, uma classificação da ilegalidade para assim melhor exercer o poder de punir o indivíduo que o faz por vontade própria. Aqui surge a regra da “certeza perfeita”, que Foucault define como sendo regras claras, para que todos tomem conhecimento e as entendam. A dogmática Penal possui papel de sentenciar os contornos legais definidos pelo saber clássico.

Tópico 2.3: Ambigüidade genética do moderno poder e saber penalTópico Principal: A autora apresenta diversos pontos de vista sobre o humanismo como constituinte da nova Justiça (Foucault, Dias e Andrade, Pavarini, Resta) e explica que assumiu “uma interpretação da fundação da moderna Justiça Penal em termos essencialmente ambíguos entre exigências de dominação(e legitimação) e exigências humanitárias que se traduzem, no marco de uma legitimação pela legalidade, na exigências de um controle penal com certeza/segurança jurídica.” (Vera Regina, p. 248).

Tópico 2.4: Ressignificando a linha de objetivação do criminoso (Direito Penal do Autor)Tópico Principal: A autora expõe a ressignificação do criminoso, que antes era julgado por sua vontade, agora é julgado pelo seu passado, modo de vida e de pensar, por sua natureza, gerando assim uma individualização que seria reflexo código bem adaptado à realidade, onde o criminoso seria um indivíduo a conhecer e modificar.

Tópico 2.5: O princípio da seleçãoTópico Principal: Foucault define o sistema penal “como um instrumento para gerir diferencialmente as ilegalidades, não para suprimi-las todas” (p. 254), e a autora explica que a prisão, mesmo fracassando ao combater a criminalidade, atinge seu objetivo ao estabelecer a ilegalidade dominada. O sistema penal, de acordo com a Vera Regina, orienta seu funcionamento com a diferenciação e a seleção das pessoas.

Subtítulo 3: O Saber oficial como saber do sistema de controle penal

Tópico Principal: A autora explica a relação entre Criminologia e Dogmática Penal, onde a criminologia auxilia a dogmática quando se propõe a defender a sociedade do indivíduo perigoso, estigmatizando indivíduos (Direito Penal do Autor).

Tópico 3.1: A convergência tecnológica e legitimadora da Dogmática Penal e da Criminologia como Ciências do controle penalTópico Principal: A autora expõe a criminologia e a dogmática penal como instâncias internas e funcionais ao sistema penal, com duplo código (tecnológico e legitimador), onde ambas, mesmo internamente incompatíveis no âmbito teórico, na realidade complementam-se para exercício e legitimação do poder punitivo.

Tópico 3.2: Ressignificando a consolidação da Dogmática Penal

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Tópico Principal: A autora explica que a dogmática penal é um saber político inscrito nas exigências de dominação, legitimação e segurança jurídica: “[...] dogmática penal somente atinge sua significação plena quando se relaciona o campo do moderno saber penal em que se projeta – da herança iluminista à juspositivista – com o campo do moderno poder penal e do sistema em que se institucionaliza.” (p. 257).

Subtítulo 4: Operacionalidade do Sistema Penal

Tópico Principal: A autora expõe a crítica de Foucault à criminologia, onde ele a define como criminologia de seleção.

Tópico 4.1: Fundamentos BásicosSubtópico 4.1.1: O papel criador do juiz e dos demais agentes do controle socialTópico Principal: A autora explica que o juiz e os intérpretes da lei, mesmo aplicando a norma, são altamente discricionários, pois são influenciados por suas próprias atitudes subjetivas.

Subtópico 4.1.2: A criminalidade de colarinho brancoTópico Principal: A autora utiliza do artigo de Sutherland para exemplificar que os crimes realizados por pessoas em altas posições sociais saíam impunes.

Subtópico 4.1.3: A cifra negra da criminalidadeTópico Principal: A autora expõe a defasagem que existe entre os crimes que ocorrem e os crimes que são computados, sendo por influencia política como por crimes não conhecidos e/ou crimes não selecionados.

Tópico 4.2: A seletividade quantitativaSubtópico 4.2.1: A redefinição do conceito corrente de criminalidade, sua distribuição (estatística) e explicação (etiológica)Tópico Principal: A autora expõe que a criminalidade existe em toda sociedade, onde os pobres não possuem maior tendência de delinquir, e sim de serem marginalizados. Isso ocorre pela seletividade do sistema penal.

Subtópico 4.2.2: A imunidade e não a criminalização é a regra no funcionamento do sistema penalTópico Principal: A autora explica a importância de pesquisas sobre a cifra negra, que demonstrou como o sistema penal deturpa princípios por ele defendidos (igualdade, segurança, justiça etc.).

Tópico 4.3: A seletividade qualitativaTópico Principal: A Vera Regina explica que além da variável quantitativa (defasagem entre recursos disponíveis e programação penal), a variável qualitativa (infração e infrator) também auxilia nessa seleção.

Subtópico 4.3.1: A criminalidade como conduta majoritária e ubícua mas desigualmente distribuídaTópico Principal: A autora expõe a seletividade realizada pelos operadores do sistema penal, onde a “clientela do sistema penal é composta regularmente em todos os lugares do mundo por pessoas pertencentes aos baixos estratos sociais [...]” (p. 267)

Subtópico 4.3.2: A seletividade como grandeza sistematicamente produzida

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Tópico Principal: A autora argumenta então que a imunidade e a criminalização são fatores atribuídos discricionariamente, dependendo da pessoa que cometeu o delito, onde os estereótipos de delinquentes são majoritariamente atribuídos a pessoas de baixo estrato social, tornando-os vulneráveis a uma criminalização maior.

Subtópico 4.3.3: Da tendência (etiológica) de delinqüir à tendência (maiores chances) de ser criminalizadoTópico principal: A autora expõe um argumento de Dias e Andrade: “ A clientela do sistema penal é constituída de pobres, não porque tenham uma maior tendência de delinquir, mas precisamente porque tem maiores chances de serem criminalizados e etiquetados como delinquentes.” (p. 2 70)

Subtópico 4.3.4: Das promessas às funções latentes e reais da Criminologia positivista como Ciência do controle penalTópico Principal: A autora explica que a criminologia confere uma imagem estereotipada e preconceituosa da criminalidade vinculada a baixos estratos sociais, o que é visto nos próprios operadores do direito.

Subtópico 4.3.5: A Seleção judicialTópico Principal: A autora expõe o quão difícil fica a criminologia atuar com sua função garantidora, porque ela possui esse caráter discricionário por parte dos operadores do direito, onde eles selecionam os criminosos (imagem estereotipada). Essa nova visão do criminoso “nasceu” junto com o Direito do Autor (Criminologia Positivista).

Subtítulo 5: Da descrição da fenomenologia da seletividade à sua interpretação estrutural

Tópico principal: A autora explica que o etiquetamento criminal não depende da conduta, e sim do status social do indivíduo, e que esse etiquetamento é como um “bem negativo” que a sociedade dá ao indivíduo. Logo em seguida ela cita Baratta: “[...] a criminalidade se revela como um status atribuído a determinados indivíduos mediante uma dupla seleção: em primeiro lugar, pela seleção dos bens jurídicos penalmente protegidos e dos comportamentos ofensivos a estes bens, descritos nos tipos penais; em segundo lugar, pela seleção dos indivíduos estigmatizados entre todos aqueles que praticam tais comportamentos.” (p. 278).

Tópico 5.1: Da negação da ideologia da defesa social à desconstrução do mito do Direito Penal igualitário.Tópico Principal: A autora explica que a lei penal não é igualitária, não defende todos e somente todos bens essenciais e quando castiga, castiga desigualmente e por fim que o status de criminoso não depende da ação, e sim do status social do próprio criminoso.

Tópico 5.2: Função real do sistema penal na reprodução material e ideológica da desigualdade social.Tópico Principal: A autora afirma que o direito e o sistema penal garantem as relações sociais de desigualdade, servindo a poucos em detrimento de muitos.

Subtítulo 6: Operacionalidade do Sistema Penal na América Latina

Tópico Principal: A autora apresenta a conclusão de Zaffaroni sobre o sistema penal na América Latina, que “é resultante da evidência dos próprios fatos e que a “ética

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deslegitimante” é, num plano mais profundo, a própria morte humana[...]” (Vera Regina, p. 287)

Subtítulo 7: Contrastação entre operacionalidade e programação (normativa e teleológica) do sistema penal

Tópico Principal: A autora explica que a programação normativa se baseia numa realidade que não existe e que essa programação atua de forma distinta da ideia originária.

Tópico 7.1: Violação da Programação NormativaTópico Principal: A autora explica então que a função garantidora do direito penal e todos seus princípios não passam de ilusão, pois a operacionalidade está preparada pra violar todos eles.

Tópico 7.2: Descumprimento da programação teleológicaTópico Principal: A autora expõe a prisão, que teoricamente deveria possuir um caráter preventivo da criminalidade, possui outra função: “ “fabricar” a criminalidade e condicionar a reincidência.” (Vera Regina, p. 291).

Tópico 7.3: A violência institucional como expressão e reprodução da violência estruturalTópico Principal: A autora expõe que a visão do direito penal como um direito “solucionador de conflitos” é errada, pois ao invés de solucioná-los, gera mais problemas e conflitos.

Subtítulo 8: Das funções instrumentais às funções simbólicas do Direito Penal

Tópico Principal: A autora afirma que as funções declaradas do direito penal são simbólicas e legitimadoras, mas que sua função real é diferente da que ele a princípio afirmou defender.

Subtítulo 9: Crise de legitimidade, Autolegitimação e demanda relegitimadora

Tópico Principal: A autora apresenta críticas e pontos sobre a crise enfrentada pelo direito penal: diferença entre programação normativa e aplicação e o desenvolvimento contraditório do sistema penal, além das exigências que surgiram (movimento lei e ordem), uma demanda pela intervenção do Direito Penal contra os crimes de colarinho branco e a demanda dos movimentos sociais para que o direito penal intervenha em interesses não protegidos. O resultado disso tudo é a legitimação do direito penal, apesar do seu fracasso.

Subtítulo 10: Contrastação entre operacionalidade e metaprogramação dogmática do sistema penal

Tópico Principal: A autora expõe os problemas do direito penal (seletividade, arbitrariedade, subprodução dos direitos humanos e sobreprodução de seletividade/arbítrio e legitimação). Ela os define como “realização invertida” (p. 298)

Tópico 10.1: A relação funcional entre Dogmática Penal e realidade socialSubtópico 10.1.1: Déficit ou subprodução de garantismo e limites estruturais na racionalização da violência punitiva e garantia dos Direitos HumanosTópico Principal: A autora explica o porquê da dogmática penal não conseguir garantir o que se propôs, que é sua inserção no direito Penal, por consequência, necessidade e interação com ele, e por seu código não conseguir afastar o caráter discricionário de quem o aplica.

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Subtópico 10.1.2: Excesso ou sobreposição de seletividade e legitimação Tópico Principal: A autora desenvolve o argumento da inserção da Dogmática ao direito penal, e explica que sua função dentro do direito é legitimadora de todo os seus atos, a dogmática que dá a base científica ao Direito Penal, e por conta dela, o Direito Penal perdurou por todo esse tempo.

Subtópico 10.1.4: Da convergência funcional declarada à convergência funcional latente e real da Dogmática Penal e da Criminologia no marco do modelo integrado de Ciência Penal e sua crise de legitimidadeTópico Principal: A autora expõe que a dogmática penal e a criminologia “no lugar de uma “luta” racional, cientificamente respaldada contra a criminalidade, reaparece uma convergência tecnológica na criminalização seletiva ou no controle diferencial da criminalidade e na sua legitimação.” (p. 305)

Tópico 10.2: Da relação funcional à separação cognoscitiva entre Dogmática Penal e realidade socialSubtópico 10.2.1: Recondução do déficit funcional de garantismo ao déficit cognoscitivo que condiciona os limites racionalizadores da Dogmática PenalTópico Principal: A autora explica que o Direito Penal perdura nas sociedades por sua abstração normativa e descontextualização, onde ela sobrepõe o “sistema penal como é sobre o Direito Penal como deveria ser.” (Vera Regina, p. 306), e que o problema se encontra não nesse aspecto, mas nos pressupostos idealizados que ela se apoia.

Subtópico 10.2.2: A funcionalidade do déficit cognoscitivoTópico Principal: A autora afirma que mesmo a segurança sendo uma ilusão, o Direito Penal cumpre uma função legitimadora e suas funções declaradas possuem eficácia simbólica graças a sobreposição do sistema penal como é sobre o Direito Penal como deveria ser.

Resumo do Livro

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A autora Vera Regina vai desconstruindo toda a ideia de Direito Penal construída durante o livro, explicando e exemplificando que não há modo para que realmente se garanta a segurança jurídica. O Direito Penal é falho, assim como a criminologia, a política criminal e todos os outros. O que há é a junção de todas elas (muitíssimo atual) para que assim a segurança seja buscada. Eles encontram legitimidade e perduram até hoje por realizarem de fato um pouco de segurança, mesmo essa segurança sendo falha e conceituando apenas algumas classes sociais como “possíveis criminosos”. A Vera faz toda essa reconstrução histórica para provar que não é um déficit atual, mas que perdura por toda a história da dogmática penal.