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Fichamento: “De quem é o desejo? A reconstrução do desejo na anoréxica” – Marília Regina de Batista Colucci. In.: Revista Brasileira de Psicanálise, vol 38 (2): 285-307, 2004. Francisco Matheus Machado de Barros – 2011046607 A autora trabalha a relação analítica em um caso de anorexia, em que a paciente não desejava e vivia em função do desejo dos pais e o desejo da analista. Diante disso, a paciente apresentava uma aparente passividade diante dos pais e a analista (vista como representante dos pais), mas ao mesmo tempo controlava e direcionava agressividade ao setting analítico, bem como a si própria. Colucci entende a dificuldade de desejar da paciente por sua entrada na pré adolescência, fase essa que é caracterizada por uma estrutura mental precária por não ter condições de suportar o conflito entre as pressões internar e externas. O fato de a paciente anular o seu desejo foi entendida como o investimento da paciente em responder o desejo de cura dos pais. Renata (a paciente) estava entrando na pré adolescência, que é caracterizada por uma irrupção pulsional que ameaça romper o equilíbrio que até então pautava o funcionamento psíquico desse sujeito. Caso essa irrupção pulsional seja contida tem como conseqüência um estado de desvitalização. Havia também em Renata uma aderência masoquista à pulsão de morte. Dessa forma, a impossibilidade de viver esse momento de vida diante da

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Fichamento: De quem o desejo? A reconstruo do desejo na anorxica Marlia Regina de Batista Colucci. In.: Revista Brasileira de Psicanlise, vol 38 (2): 285-307, 2004.Francisco Matheus Machado de Barros 2011046607

A autora trabalha a relao analtica em um caso de anorexia, em que a paciente no desejava e vivia em funo do desejo dos pais e o desejo da analista. Diante disso, a paciente apresentava uma aparente passividade diante dos pais e a analista (vista como representante dos pais), mas ao mesmo tempo controlava e direcionava agressividade ao setting analtico, bem como a si prpria. Colucci entende a dificuldade de desejar da paciente por sua entrada na pr adolescncia, fase essa que caracterizada por uma estrutura mental precria por no ter condies de suportar o conflito entre as presses internar e externas.O fato de a paciente anular o seu desejo foi entendida como o investimento da paciente em responder o desejo de cura dos pais. Renata (a paciente) estava entrando na pr adolescncia, que caracterizada por uma irrupo pulsional que ameaa romper o equilbrio que at ento pautava o funcionamento psquico desse sujeito. Caso essa irrupo pulsional seja contida tem como conseqncia um estado de desvitalizao. Havia tambm em Renata uma aderncia masoquista pulso de morte. Dessa forma, a impossibilidade de viver esse momento de vida diante da ameaa de morte presente fazia trasbordar por seu corpo as suas dificuldades emocionais.Neyla Frana (2001) postula que as anorxicas porvem de famlias com dificuldades de resolver seu conflitos e mes com problemtica de separao-individualizao e que o evento desencadeante a erupo de um acontecimento que rompe o equilbrio familiar, e que representa uma ameaa perda de controle e auto-estima. Como dito anteriormente, percebe-se na relao de familiar da paciente em questo.Renata chega para atendimento por uma demanda de seus pais, j a que menina corria risco de vida por suas condies fsicas fruto de sua anorexia e depresso. A famlia da paciente composta por pai, me e um irmo mais velho. A paciente tem uma postura de atendimento automtico do desejo de seus pais, mesmo que para isso tenha que abrir mo de seus prprios desejos. Peculiarmente, Renata no apresentava o sintoma da vaidade de estar magra ou a adio de exerccios fsicos, como comum nos casos de anorexia. Pelo contrrio, a paciente apresentava uma aparncia desleixada e assexuada. A enfermidade teve incio quando a paciente colocou aparelho ortodntico para correo da arcada dentria, o que provocou muita dor e dificuldade para ela se alimentar. Sendo a sua arcada proeminente resultado de um uso prolongado da chupeta, bem como um alongamento da infncia e uma adiamento da entrada para a puberdade. A paciente, em seu ensaio para as sada do mundo infantil, encontra as suas prprias pulses, para as quais no encontra continente, o que a obriga a confin-las. Recorre restrio alimentar que lhe retarda o crescimento.Desde o incio do tratamento a paciente se apresentava muito calada (se comunicando por monosslabos), sempre olhando par ao relgio para conferir se estava prximo do trmino da sesso e no se interessava pelas coisas que a analista a apresentava. Em uma sesso, de forma inesperada ela traz um quadro que ela havia pintado na escola. Aps um perodo de anlise Renata passou a no querer mais entrar no consultrio, dizendo que odiava a analista, apresentando um negativismo intenso. Aps um perodo de tratamento a paciente consegue abandonar o desejo da analista e passa a assumir um desejo mais pessoal.Durante o tratamento houve uma melhora no quadro de anorexia: aumento do peso e da altura bem como a paciente passou a ter uma postura menos desleixada e mais feminina. Essa melhora do seu quadro se deu pelo fato de a paciente assumir uma postura menos passiva e passar a no agir de forma automtica diante do desejo de seus pais e da analista. A partir do momento em que foi possvel construir algo que concerne o seu prprio desejo deu a ela ferramentas para que pudesse lidar com esse conflito pulsional que at ento ela fazia se resolver no corpo.