Fichamento Memória Social

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  • 7/24/2019 Fichamento Memria Social

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    FENTRESS, James & WICKHAM, Chris. Memria Social: novas perspectivassobre o passado. Lisboa: Editoria Teorema, !""#.

    Prefcio

    (...), quem efetivamente recorda so os indivduos: o que h de social nisso? Aresposta est essencialmente no facto de rande parte da mem!ria estar liada " inclusoem rupos sociais de diversos tipos. #om efeito, $aurice %al&'achs, o primeiro te!ricodo que chamamos mem!ria coletiva, afirmou que toda mem!ria se estrutura emidentidades de rupo: .

    %al&'achs pertenceu " escola de *mile +urheim e, como muitos discpulos de

    +urheim, concedeu um destaque talve- ecessivo " nature-a coletiva da consci/nciasocial e um relativo despre-o " questo do relacionamento entre a consci/nciaindividual e a das colectividades que esses indivduos efectivamente constituram. .

    (...), um importante pro&lema que se depara a quem quer que pretenda seuir%al&'achs neste campo 0 o de ela&orar uma concep1o de mem!ria que, sem deiar de

    prestar 2usti1a ao lado colectivo da vida consciente de cada um, no fa1a do indivduouma esp0cie de aut3mato, passivamente o&ediente " vontade colectiva interiori-ada. 4

    por esta ra-o (...) que vamos usar normalmente a epresso 5mem!ria social6 em ve- de

    5mem!ria coletiva6, a despeito de a seunda epresso ser mais fcil de reconhecer. 78.As recorda19es que partilhamos com outros so aquelas que so relevantes para eles,no conteto de um rupo social de determinado tipo, quer se2a estruturado e duradouro(...) ou informal e possivelmente temporrio (...). %al&'achs tinha por certo ra-o aoafirmar que os rupos sociais constroem as suas pr!prias imaens do mundoesta&elecendo uma verso acordada do passado e ao su&linha que estas vers9es seesta&elecem ra1as " comunica1o, no por via das recorda19es pessoais. a verdade,as nossas recorda19es pessoais e at0 o processo conitivo de recordar cont/m na oriemmuito de social (...). 8.

    A mem!ria 0 um processo compleo, no um simples ato mental: at0 as palavras queusamos para a descrever ( reconhecer, recordar, evocar, registrar, comemorar, etc.)mostram que 5mem!ria6 pode incluir tudo, desde uma sensa1o mental altamente

    privada e espont;nea, possivelmente muda, at0 uma cerimonia p

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    um livro so&re a mem!ria, por0m, a questo de sa&er se determinada mem!ria 0verdadeira ou no s! interessa na medida em que servir para elucidar o funcionamentoda pr!pria mem!ria. $amos %er omo ' ()e se *aa +o) *ao) do -assado e o se)si/i*iado -ara ()em *aa +o) *ao) /o -assado dee . > sinificado social damem!ria tal como a sua estrutura interna e o seu modo de transmisso, 0 pouco afetado

    pela sua verdade o que interessa 0 que se acredite, pelo menos at0 certo ponto (...). @.

    A mem!ria social 0 de facto muitas ve-es seletiva, distorcida e pouco riorosa. oo&stante, 0 importante reconhecer que no o 0 necessariamente: pode ser etremamenteeacta, se as pessoas, desde ento at0 aora, sempre acharam socialmente relevanterecordar e narrar um acontecimento da maneira como oriinalmente foi sentido. 0debate ()a/to a ser i/tri/seame/te riorosa o) /1o ' -orta/to est'ri: e assim-erma/eer2 e/()a/to a mem3ria *or tratada omo )ma 4*a)dade me/ta5 )6os-rod)tos se -odem desre%er se-aradame/te do o/te7to soia. 4 por esta ra-o

    que no escrevemos so&re o rior da mem!ria social simplesmente para lhe salvar doscrticos a reputa1o8 -re*erimos a*irmar ()e a -ossibiidade desse rior demo/stra()e a()io ()e distore a mem3ria /1o ' )m de*eito i/ere/te ao -roesso dereistro me/ta, mas sim )ma s'rie de imita9es e7ter/as, habime/te im-ostas-ea soiedade7 as limita19es 0 que importam aqui, no o rior. Pensar ideoloia B?@.

    #aptulo @ C Decordar

    > que eralmente falta 0 a no1o da particular nature-a da mem!ria como fonte. > quedefine a hist!ria oral, e a coloca " parte dos outras ramos da hist!ria 0, afinal, o facto deassentar na mem!ria e no em tetos. #ontudo, os seus historiadores parecem sentirrelut;ncia em destac7lo, preferindo, aparentemente, tratar a mem!ria como umcon2unto de documentos que acontece estarem dentro da ca&e1a das pessoas e no noArquivo P que emere da articula1o que pode permitir a utili-a1o da mem!ria como teto, notem nada a ver com sua estrutura o&2etiva, antes trata7se de seu aspecto social. @=.

    Afirmamos que tam&0m a mem!ria 0 um facto social. Admite7se que se trata de umtipo especial de facto social, pois a mem!ria s! em parte 0 social. Alumas das nossas

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    recorda19es parecem ser mais privadas e pessoais do que outras. o entanto, estadistin1o entre mem!ria pessoal e mem!ria social 0, na melhor das hip!teses, relativa.

    ormalmente, as nossas recorda19es esto misturadas e t/m ao mesmo tempo umaspecto social e outro pessoal. $as esta parece ser uma ra-o escassa para supor que amem!ria se divida em dois compartimentos C (...). * 0 ainda mais escassa para suporque uma parte das nossas recorda19es 0 o&2etiva, ao passo que a outra 0 su&2etiva. H.

    (...), a mem!ria 0 estruturada pela linuaem, pelo ensino e o&serva1o, pelas ideiascoletivamente assumidas e por eperi/ncias partilhadas com os outros. Iam&0m istoconstr!i uma mem!ria social. Jualquer tentativa de usar a mem!ria, de uma maneirasaa-, como fonte hist!rica, tem que se confrontar " partida com o carcter su&2ectivo,em&ora social da mem!ria. (...). >s historiadores sempre consideraram os livros demem!ria, relatos em primeira mo e testemunhos oculares ecelentes fontes hist!ricas,o que 0 inteiramente adequado para no di-er inevitvel. Mas h2 o)tra -ossibiidade,

    )ma -ossibiidade mais era, mais si/to/i;ada om o ar2ter es-eia damem3ria e, ta%e;, de -arti)ar i/teresse -ara os historiadores. que est implcito no fracasso do esfor1o empirista para desco&rir um mecanismoarante da verdade dentro do esprito 0 o facto de o modelo de 5c!pia e arma-enamento6no corresponder realmente " nossa eperi/ncia da mem!ria. K=.

    A maior parte dessa confian1a Lque temos na mem!riaM deriva do fato deeperimentarmos o presente em rela1o com o passado. A nossa eperi/ncia do presentefica portanto inscrita na eperi/ncia passada. A mem!ria representa o passado e o

    presente liados entre si e coerentes, neste sentido, um com o outro. Iemos confian1aneste tipo de mem!ria porque 0 continuamente testada na vida cotidiana. K=.

    #laro que esta inser1o da mem!ria na eperi/ncia presente pode tam&0m ser a rai- dasua de&ilidade como fonte de conhecimento do passado. A mem!ria 0 mais forte nocontinuumpresente, onde 0 constantemente eercitada e testada pode ser anacr3nicaquanto a acontecimentos eteriores ao continuum, por0m, o m0todo de valida1o

    permanente da mem!ria atrav0s da eperi/ncia presente funciona ha&itualmente&astante &em. K=7E.

    Fe a mem!ria 0 validada na e atrav0s da prtica real, seue7se que, infeli-mente essamem!ria nunca 0 a&solutamente seura. > nosso conhecimento, tanto do passado,

    quanto do presente, 0 construdo so&re ideias e evoca19es na mente presente no podeser mais fiel do que as ideias e evoca19es so&re as quais se constr!i. (...). Te/hamos o)

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    /1o o/si>/ia disso, o ()e tem %aor /a mem3ria /1o ' a s)a a-aidade de-ro%ide/iar )m *)/dame/to i/aba2%e ao o/heime/to, mas, sim-esme/te as)a a-aidade de /os ma/ter ? to/a da 2)a . E.

    A incapacidade dos reistros, tanto filos!ficos quanto psicol!icos, de formarem um

    con2unto de cateorias para a descri1o da mem!ria que se2a vlido universalmenterevela a nature-a funcional de rande parte da nossa eperi/ncia de mem!ria. E.

    $as estas diferen1as funcionais so tam&0m diferen1as sociais, pois 0 o mundo em quevivemos que distri&ui as tarefas da nossa mem!ria, determina a maneira como estastarefas devem ser desempenhadas e at0 nos d as cateorias com que as pensamos. Nsto0 verdadeiro para a mem!ria individual e 0 tam&0m para as mem!rias conservadascolectivamente. E.

    Em -ri/@-io, -odemos ir oha/do a mem3ria soia omo e7-ress1o da

    e7-eri>/ia oeti%a: a mem3ria soia ide/ti*ia )m r)-o, o/*eri/do se/tido aose) -assadoe definindo as aspira19es para o futuro. Ao fa-/7lo, a mem!ria social fa-muitas ei/ncias factuais so&re acontecimentos passados. Por ve-es, podemosconfrontar estas ei/ncias factuais com fontes documentais outras, no podemos. Emambos os asos, -or'm, a ()est1o de ns o/siderarmos estas mem3riashistoriame/te %erdadeiras re%ease m)itas %e;es me/os im-orta/tes do ()e a deeleso/siderarem %erdadeiras as s)as mem3rias. E@7EH.

    BA mem3ria soia ' )ma *o/te de o/heime/to. Isso si/i*ia ()e *a; mais do ()e*or/eer )m o/6)/to de ateorias atra%'s do ()a, de )m modo i/o/sie/te, )m

    r)-o habita o se) meio8 d2 tamb'm ao r)-o mat'ria de re*e71o o/sie/te. +....de%emos sit)ar os r)-os em rea91o ?s s)as -r3-rias tradi9es, desobri/do omoi/ter-retam os se)s -r3-rios 4*a/tasmas5 e omo os )tii;am -ara *o/te deo/heime/to.EH.

    Orequentemente associados " mem!ria esto, por eemplo, o reconhecimento, aevoca1o e a articula1o. Deconhecer sinifica identificar aluma coisa ou alu0m com

    &ase num conhecimento ou eperi/ncia anteriores C ha&itualmente, 5qualquer coisa6 quetemos diante de n!s. Para evocar, no 0 necessria a presen1a este termo implica antes

    tra-er qualquer coisa de volta ao esprito. Ao contrrio do reconhecimento, queeralmente envolve percep1o, evocar 0 portanto um acto puramente interior queenvolve qualquer tipo de representa1o mental. Juando nos entreamos "reminisc/ncia, comunicando a outros o que evocamos, levamos a mem!ria at0 " faseseuinte C a articula1o. Nsso implica epresso, a qual, sendo em&ora, no eral, umaeteriori-a1o da mem!ria, pode ser tam&0m um processo puramente interior. EH.

    >&temos assim tr/s cateorias C reconhecimento, evoca1o e articula1o. Podemosperuntar se estas tr/s cateorias fa-em parte de um

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    #omo consequ/ncia da nossa estranha situa1o, os nossos relatos dos acontecimentosmentais raramente passam de descri19es anal!icas. Oa-emos o mapa do nosso esprito

    pro2ectando nele as cateorias aperce&idas do comportamento mental. $as estascateorias so na sua maior parte funcionais. +efinimos as partes do nosso esprito porrefer/ncia ao que fa-emos com essas 5partes6. +este modo, a eperi/ncia social 0redesenhada como toporafia mental. EE.

    Ial como as distin19es entre 5mem!ria de palavras6 e 5mem!ria de coisas6, a distin1oentre sem;ntico e sensorial 0 enuna. Iodavia, nenhuma delas representa oposi19esnaturais simples. Fo am&as maneiras de interpretar e cateori-ar eperi/ncias que sedesenvolveram radualmente na sociedade ocidental. A nossa eperi/ncia de mem!ria,

    por0m, interfere com a maneira como usamos a mem!ria. *stas distin19es influenciamportanto o modo como usamos realmente a nossa mem!ria. EG.

    A mem!ria requer um certo rau de interpreta1o. As nossas mem!rias no arma-enammais pequenas r0plicas do mundo eterior feitas de material mental do que as traseirasdos nossos televisores. E8.

    a mem!ria, h sempre uma tend/ncia para a simplifica1o e esquemati-a1o. Aconceptuali-a1o sinifica que a mem!ria est arma-enada de uma forma 5conceptual6,

    pois os conceitos so mais fceis de recordar do que as representa19es completas. Asimplifica1o que resulta da conceptuali-a1o pode ser drstica. E=.

    artlett ficou interessado em confirmar a sua hip!tese de que a mem!ria se coadunacom a interpreta1o. Juando a mem!ria ainda est fresca, os su2eitos t/m

    frequentemente consci/ncia de que havia possveis discrep;ncias entre a hist!ria talcomo a recordavam e suas interpreta19es. $ais tarde, em&ora a mem!ria dainterpreta1o permanecesse, a das partes da hist!ria que no condi-iam com ainterpreta1o desvanecia7se. >s su2eitos podiam ainda lem&rar7se de que a hist!ria eraam&ua tinham por0m esquecido quais eram, na sua perspectiva, as passaensdiscordantes. GH.

    Ao contar com as distor19es do conte

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    mais lone e p3r em contraste a maneira eral como as culturas letradas sequenciam assuas mem!rias e a maneira como no fa-em as no letradas? GE.

    Oinalmente, tal como Iulvin, no conseuem compreender que aquilo queo&servamos no 0 necessariamente o mundo tal qual, mas os seus pr!prios conceitos

    pro2ectados. Qimos, nas eperi/ncias de artelett, que os indivduos 5corriem6 a suamem!ria sensorial para a porem em conformidade com a sua interpreta1o eral,mesmo quando esta interpreta1o est errada. Qeremos em captulos posteriores como 0que a coer/ncia e o apoio proporcionados pela mem!ria socialmente uardadas podemmuitas ve-es ser suficientemente fortes para superar e disfar1ar contradi19es ritantesentre mem!ria e realidade. GR.

    #aptulo H

    Qimos 2 que a mem!ria s! se pode eaminar depois de 5ter sado6. A rela1o entre amem!ria como representa1o interna e a mem!ria como representa1o articulada 0sempre difcil de determinar. este aspecto, por0m, a teoria de ParrS 0 etremamente

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    que concreta. Podemos esta&elecer uma rela1o entre conceitos numa &ase qualquer, pormais fortuita ou ec/ntrica que se2a, pois as rela19es entre conceitos no nosso espritono precisam de reflectir as rela19es no mundo. Assim, na medida em que a mem!ria 0conceptual, no fa- a mais pequena diferen1a que os seus conceitos se2am sequenciadosde maneira a reflectir os vnculos reais entre coisas reais ou apenas imainrias. R.

    $as esta ar&itrariedade na rela1o entre imaens na mem!ria e os sinificados a queesto liadas no 0 em si evidente. o h nada na pr!pria imaem recordada que nosinforme se ela se refere ou no a uma coisa real ou a uma coisa imainria. (...). #laroque normalmente admitimos que as nossas recorda19es so reais. Nsto 0, admitimos que,se retemos imaens de acontecimentos do passado, estas imaens se referem a umacontecimento real e at0 derivam diretamente dele. Fe temos uma recorda1o de umacontecimento, ento deve ter sucedido: 07nos difcil pensar de outro modo. R.

    Qeremos que as imaens da mem!ria social so relativamente 5desinteradas6. Fomuitas ve-es descontetuali-adas e, num sentido radical, podemos no terverdadeiramente meios de sa&er se se referem a uma coisa real ou uma coisa imainria.#laro que continuaremos a tirar a concluso normal: os mem&ros de qualquer ruposocial ho de imainar que, se a sua tradi1o preserva a mem!ria de determinadoacontecimento, ento este acontecimento deve ter tido luar. $as o rupo limita7se aconcluir que as suas tradi19es devem referir7se a alo real no tem maneira de sa&er seassim 0. R8.

    A rela1o entre uma imaem recordada e o sinificado ou acontecimento a que a

    imaem supostamente se refere 0 inerentemente ar&itrria no entanto, nada na nature-adas pr!prias imaens recordadas afasta esta hip!tese. R8.

    este sentido, uma hist!ria 0 uma esp0cie de contentor natural de mem!ria, umamaneira de sequenciar um con2unto de imaens, atrav0s de cone9es l!icas esem;nticas, numa forma de si fcil de reter na mem!ria. Tma hist!ria 0 portanto umaide-mmoireem lara escala. #laro que no 0 assim que aprendemos hist!rias. arealidade, raramente 5aprendemos6 hist!rias conscientemente limitamo7nos a ouvi7lasou a l/7las. Iam&0m inventamos hist!rias so&re n!s pr!prios ou so&re outros. estesentido, as hist!rias surem7nos simplesmente como uma maneira natural de pensar nas

    coisas, uma maneira de ordenar o nosso conhecimento (...) e de o representar no nossoesprito. R=7.

    Fe uma sociedade no disp9em de meios para fiar a mem!ria do passado, a tend/ncianatural da mem!ria social 0 suprimir o que no 0 sinificativo ou intuitivamentesatisfat!rio nas mem!rias coletivas do passado e interpolar ou introdu-ir o que parecemais apropriado ou em conformidade com determinada concep1o de mundo. 8.

    > processo de conceptuali-a1o, que tantas ve-es nea a mem!ria social como fonteemprica, 0 tam&0m um processo que asseura a esta&ilidade de um con2unto de ideias

    colectivamente uardadas e ha&ilita essas ideias a serem difundidas e transmitidas. A

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    mem!ria social no 0 instvel como informa1o mas 07o ao nvel dos sinificadospartilhados e das imaens recordadas. =.

    A intui1o de um enredo como uma cadeia de temas consequencialmente relacionadose a fia1o desse enredo na mem!ria implica conceptuali-a1o, aqui, vai7se

    transformando em memori-a1o quanto mais riorosa a conceptuali-a1o, mais fcilmemori-ar. =E.

    A o/e-t)ai;a91o re()er sim-i*ia91o e ada-ta91o dos -orme/ores de ma/eiraa aberem /o o/6)/to da hist3ria. +.... H2 ()e /)/a es()eer ()e a mem3ria ')ma b)sa ati%a de si/i*iado. Dor %e;es, a mem3ria soia /1o 4-erde5i/*orma91o es-e@*ia, i/oraa i/te/io/ame/te. =E

    Juando se est em posi1o de seuir o desenvolvimento da mem!ria " medida que elase preserva, transformando7se ao deslocar7se de um /nero para outro, tem7se

    oportunidade de estudar este processo de transforma1o social na eperi/nciacontempor;nea. 4 este um dos sentidos em que a mem!ria social 0 verdadeiramentetestemunha do passado e fonte hist!rica. @.

    #aptulo K

    Qimos que h mem!ria social porque h sinificado para o rupo que recorda. $as a

    maneira como esse sinificado se articula no 0 simples. @@H.

    As recorda19es t/m a sua ramtica especfica e podem (devem) ser analisadas comonarrativas mas t/m tam&0m fun19es e podem (devem) ser analisadas de uma maneirafuncionalista, como indicadores concordantes ou contradit!rias, da identidade social,(...). >s dois processos no so apenas distintos como cada um deles tem que seranalisado nos seus pr!prios termos antes de serem eaminados, (...). @@H.

    #laro que as recorda19es do passado tam&0m podem mudar com o tempo mas, mesmoquando no mudam, certamente sero seleccionadas, a partir de um con2unto

    potencialmente infinito de mem!rias possveis, pela sua relev;ncia para os indivduosque recordam, pelo seu contri&uto para a constru1o da identidade e das rela19es

    pessoais. @@H.

    > que h a fa-er, por0m, 0 utili-ar as mem!rias para as quais temos documenta1ocapa- de dar eemplos concretos da forma como realmente se edificaram as identidadessociais mediante esta ou aquela verso do passado e essa 0 uma tarefa muito maisrdua. @@K.

    Por essas ra-9es, as culturas operrias so muitas ve-es mais permeveis a influ/ncias

    eternas do que as sociedades rurais. Na reaidade, s1o om *re()>/ia terre/o deo/*ito e/tre a )t)ra radia dos mo%ime/tos o-er2rios e as ideooias

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    domi/a/tes dos r)-os ()e o/troam, -or e7em-o, os 6or/ais e a tee%is1o. 0am-o da mem3ria soia o)-a )m )ar e/tra /este o/*ito8 /as soiedadesi/d)striais, mem3rias de di*ere/tes ao/teime/tos +o) mem3rias di*ere/tes dosmesmos ao/teime/tos t>m o/ota9es -o@tias 3b%ias e e7-@itas, a somar aos-a-'is -oitiame/te mais im-@itos de omemora91o o/stit)ti%a de ide/tidade dor)-o, (...). *ste aspecto poltico da mem!ria 0 uma parte inalienvel desta anlise(...). @EK.

    >s maristas costumavam falar de 5falsa consci/ncia6, o que sinificavaessencialmente a dificuldade de a classe operria compreender que era eplorada pelocapitalismo. A epresso no foi feli-, pois depreendia uma consci/ncia correta, atri&utoespecial de certo tipo de activista. $as, pelo menos, servia de indicador de um conflitoverdadeiramente real, o conflito entre um identidade social com &ase na realidade daeperi/ncia da classe operria e uma outra, imposta de cima, mais ou menos

    deli&eradamente, pelas classes dirientes, que sempre tiveram vers9es pr!prias daverdade, como em qualquer altura podemos ver nos meios de comunica1o nacionais.@GE.

    o o&stante, h um ponto que emere com clare-a: que a *orma omo s1o eradas eom-ree/didas /o seio de )m dado r)-o soia as mem3rias do -assado ' )m )iadireto -ara sabermos ()a a om-ree/s1o ()e o r)-o tem da s)a -osi91o do-rese/te8 ()e, om e*eito, -odemos ()ase /1o se-arar a mem3ria soia de )maa/2ise do soia e ()e, i/%ersame/te, )ma a/2ise da ide/tidade soia e dao/si>/ia -odem tor/arse, se o i/%estiador assim o ()iser, /)ma a/2ise das

    -ere-9es do -assado. @GR.

    Memrias nacionais no perodo Moderno

    Ial como os rupos mais menores, as /a9es /1o reordam es-o/t/ea eoeti%ame/te. No esse/ia, os -ortadores da mem3ria /aio/a a -artir daheada do a-itaismo a ada -a@s s1o as asses m'dias atas e a i/teie/tsia,()e reeberam a a-a das aristoraias, dos eistas e do ero de '-oasa/teriores. A este /@%e, a mem3ria -ode ser es-o/t/ea o) ma/i-)ada8 -odee/%o%er dis)rsos ret3rios diriidos a o-ositores i/ter/os o) e7ter/os8 -ode estar

    i/ter/ame/te di%idida e ser ombatida. A s)a arti)a91o, -or'm, -erte/eesse/iame/te ?s eites -o@tias e ' reati%ame/te raro ser o/testada -or o)trosr)-os soiais, ai/da mais rarame/te om >7ito. a este /@%e ()e ' maisim-orta/te o -a-e do e/si/o e dos media. *, na verdade, tam&0m o 0 dos

    profissionais da hist!ria cu2a fun1o, consciente ou inconscientemente 0, muito mais doque pensam, no tanto a analisar o 5passadismo6 do passado como a de conferir umaverdade o&2ectiva "s preocupa19es e leitima19es pr!prias dos &urueses nacionais.(...): tratase sem-re /1o a-e/as de ra/des o/str)9es de ide/tidade /aio/aomo tamb'm de ob6etos de -erma/e/te a/2ise e rea/2ise -ara oshistoriadores. @GR7@G.

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    linear do tempo, teleol!ica at0: muito eplicitamente, todas elas condu-em e leitimama situa1o viente. @RE7@RG.

    Fo portanto heem3nicas e totali-antes: as mem!rias alternativas so consideradasirrelevantes, inverdicas e at0 iletimas, em&ora o vior dessa perda de leitimidade

    varie consoante a intoler;ncia da cultura nacional e o rau em que, numa qualquerocasio, foi desafiada. @RG.

    #aptulo E

    Fe nosso dese2o for compreender o enquadramento social da mem!ria, as fontesescritas no so em princpio, diferentes das faladas. Iodavia, a questo 0 mais

    complea se forem escritas por historiadores Lou por aqueles que se colocam como talM.>s historiadores t/m uma interpreta1o do passado sua, mais ou menos conscientementeformulada, que utili-am para estruturar o seu material: enquanto reela&oradores do

    passado esto 2, por assim di-er, em competi1o conosco, loo ao compilar e analisar oseu material (tanto oral como escrito) para eprimirem determinado ponto de vista.@.

    Fosse ()a *osse o modo de tratar o -assado, esre%iam /)m m)/do = e -ara )mm)/do = ()e ti/ha ideias -r3-rias ()a/to ? /at)re;a do -assado Gti, o -assado

    /orma, *)/io/ame/te ree%a/te, e o -assado reordado oeti%ame/te, omo()a()er dos i/*orma/tes do s')o +.... Mas a ()est1o ha%e ' ta%e; a desaber ()ais os as-etos do -assado a ()e os historiadores aharam /eess2rio dar)m tratame/to de aordo om os se)s ob6eti%os: e, -osta deste modo, %emos omoesta ()est1o abara as omemora9es orais e esritas, assim omo abara os-assados 4*asos5 e 4%erdadeiros5. 0 -assado Gti assim des%e/dado ser2 a-e/as odos historiadores e se)s eitores(...) @=.

    Delativo a uma cita1o da pina @8H, ao contrrio, UuracS $aalhes parece dotado deuma profunda consci/ncia hist!rica, de seu papel desempenhado no desenrolar desta

    hist!ria e procura acentuar as transforma19es e inventar um passado para marcar suaatua1o neste.

    A lenda de #arlos $ano aponta para uma s0rie de diferentes temas, para n!srelevante. Tm deles 0 que, " medida que a sociedade e a poltica iam mudando, amem!ria social de #arlos $ano mudava em conformidade: o carrasco dos Fa9estransforma7se no seu salvador: o rei franco transforma7se em senhor franc/s de todo omundo cristo, tanto distinto da fraque-a dos reis franceses como envolvido por ela.#arlos $ano era um sm&olo enerali-ado de leitimidade com o qual quem quer quefosse podia reivindicar uma lia1o e que &eneficiava todo aquele que conseuisse

    torn7la aceitvel (...) @=.

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    Juando as pessoas dese2am recordar socialmente o passado atrav0s da comunica1over&al ou escrita, fa-em7no mediante conven19es narrativas notavelmente estveis noseio de cada cultura, facto, portanto, implicitamente reconhecido por todos. @==.

    re3rio de To)rs e os historiadores ()e esre%eram em Latim sobre Caros

    Ma/o /os s')os I a II *i;eram/o -or ra;es es-ei*iame/te ideo3ias,omo ' ost)me /os historiadores, )sa/do, -ara o se) materia -adres ()e heo/*erissem se/tido e o -)sessem a ser%i9o do se) ob6eti%o. Com e*eito, a mem3riade Caros Ma/o *oi om toda e%id>/ia )tii;ada -ara i/terar as 6)sti*ia9es-o@tias de toda a sorte de -essoas /as *ieiras dirie/tes da soiedade o/ti/e/tae)ro-eia.H.

    o caso da lenda de #arlos $ano, percorremos mais fontes, usando o conte

  • 7/24/2019 Fichamento Memria Social

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    ()a/do i/serta em o/te7to, -ois ' a@ ()e ome9a a s)a hist3ria. A G/ia es-'ie deest)do te3rio s)se-t@t%e de )tiidade -ara os historiadores ' -orta/to a()ee ()edesre%e o ()e ao/tee ()a/do a mem3ria %em ? s)-er*@ie e o ()e ao/tee()a/do -e/samos, arti)amos e tra/smitimos /ossa mem3ria. A mem3riadesem-e/ha )m ime/so -a-e soia. i;/os ()em somos, i/tera/do o /osso-rese/te /o /osso -assado e dando assim fundamento a todos os aspectos daquilo aque os historiadores ho2e chamam as mentalits. +...: i/%e/tar )m -assado ade()adoao -rese/te o), do mesmo modo, )m -rese/te ade()ado ao -assado. Dreser%amos o-assado ? )sta de o deso/te7t)ai;ar e de, em -arte o esborratar. HEH.

    > ne!cio, na realidade, mais no 0 do que a troca de ideias. $as, por mais que essasideias se2am intanveis, a sua transmisso e difuso continua a ser um processo real . Amem3ria soia -aree estar e*eti%ame/te s)6eita ? ei da o*erta e da -ro)ra: h2()e *or/eer mem3rias8 as mem3rias de%em s)rir em -o/tos es-e@*ios. Mas

    -ara sobre%i%erem -ara a'm do -rese/te imediato e, es-ei*iame/te, -arasobre%i%erem /a tra/smiss1o e /a troa, t>m ()e orres-o/der a )ma -ro)ra.ma tradi91o sobre%i%e /)ma %ers1o eot@-ia -or()e, -ara o r)-o ()e areorda, a-e/as esta %ers1o -aree ade()ada. Dor tr2s deste se/tido de4ade()a91o5 -ode ha%er *atores soio3ios, )t)rais, ideo3ios o) hist3rios.Tma tarefa de que os especialistas da hist!ria oral poderiam encarrear7se seria a deeplicar como e porqu/ certas tradi19es servem para as mem!rias de certos rupos.HEK.

    As mem3rias morrem, mas s3 -ara serem s)bstit)@das -or /o%as mem3rias. Ao

    tentarmos eplicar qual o verdadeiro sinificado das imaens e hist!rias da mem!riasocial, o&servmos uma tend/ncia para desli-ar de um t!pico para outro ou apenas pararacionali-ar as imaens e hist!rias recontetuali-ando7as so& outras formas. Daree()e, -or %e;es, -odemos estar a-e/as a riar i)ses ()a/to ? te/tati%a de4dese/terrar5 a mem3ria soia se-ara/do o mito do *ato: -ode ao/teer ()e /1oobte/hamos se/1o mais )ma e/da. Isto /1o si/i*ia -or'm ()e te/hamos ()eaeitar -assi%a e aritiame/te a mem3ria soia. Dodemos diaoar om ea,e7ami/arhe os ar)me/tos e -Ur ? -ro%a as s)as bases *at)ais. $as esseinterroat!rio no pode revelar toda a verdade. 4 um erro pensar que depois de lhe

    termos espremido os factos, eaminado os arumentos e reconstrudo as eperi/ncias Cisto 0, depois de a termos transformado em 5hist!ria6 C arrummos com a mem!ria. HEE.