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Filha de Louis-Prosper Claudel, hipotecário, e
Louise-Athanaïse Claudel, Camille Claudel nasceu em Aisne, em 8 de dezembro de 1864. Primeira filha do casal, quatro anos mais velha
que Paul Claudel, célebre poeta, ela impõe a este e à sua irmã mais nova, Louise, sua forte
personalidade. Segundo Paul, após
declarar seu desejo de ser escultora, Camille
previu também que ele se tornaria escritor e
Louise, musicista.
Seu pai, maravilhado com o estupendo e precoce talento
de Camille que, ainda criança, produzia esculturas de ossos e
esqueletos, com impressionante
verossimilhança, oferece-lhe todos os meios para
desenvolver seu potencial. Sua mãe, por outro lado, não
vê isso com bons olhos, reagindo às vezes
violentamente no sentido de reprovar a filha, pelos
incômodos e custos excessivos para a manutenção de seu
“capricho”.
Em 1881, com apenas 17 anos, parte para Paris e ingressa na Academia de Belas-Artes, onde vem a
estudar com Auguste Rodin. Este,
impressionado por seu trabalho, admite-a como aprendiz em seu ateliê particular em 1885. Nesta fase
ela colabora na execução de duas de suas grandes obras:
O monumento “Os Burgueses de Calais”
...e “Portas do Inferno”.
Tendo deixado sua família pelo amor de Rodin, paixão
que viria a consumir seu
universo emocional, ela trabalha vários
anos a serviço de seu mestre,
mantendo-se à custa de sua
própria criação.
Pousou ainda como modelo para a
célebre obra de Rodin “La Danaide”, e para o busto em
gesso em que Rodin a representou com o
barrete frígio, símbolo da liberdade
para a Revolução Francesa.
Ela, por outro lado, executou, de memória, um busto de
Rodin, que muito o impressionou. Por vezes, a
obra de um e de outro são tão próximas que não se sabe qual
a obra do mestre ou a da aluna, ou se um inspirou ou copiou o outro. Mas, Camille enfrenta duas dificuldades,
extremamente dolorosas: de um lado, Rodin não consegue
decidir-se em deixar Rose Beuret, sua companheira
devotada desde os primeiros anos difíceis. A par disso,
alguns afirmam que suas obras seriam executadas por seu
próprio mestre.
Insatisfeita na arte, e profundamente infeliz
no amor, Camille tentará se distanciar do mestre e amante.
Percebe-se muito claramente essa
tentativa de autonomia em algumas
de suas principais obras, tanto na
escolha dos temas como no tratamento:
“A Valsa”
... “ A Pequena Castelã”.
Esse distanciamento segue até o
rompimento definitivo em 1898. A ruptura é
representada pela famosa obra de título
significativo:
“A Idade Madura”.
Ferida e desorientada, Camille Claudel nutre
então por Rodin um amor-ódio que a levará à
paranóia. Instala-se no número 19 do quai
Bourbon e continua sua busca artística em grande solidão apesar do apoio de
críticos renomados, que chegam a organizar duas
grandes exposições, esperando o
reconhecimento e benefício emocional e
financeiro para Camille Claudel. Suas exposições
têm grande êxito de crítica, mas seus nervos já
estão doentes demais para que ela se reconforte
com um sucesso tardio.
Depois de 1905, os períodos paranóicos de
Camille multiplicam-se e acentuam-se. Ela crê em seus delírios que Rodin está se apoderando de
suas obras para moldá-las e expô-las como suas, que
também o inspetor do Ministério das Belas-Artes
está em conluio com Rodin, e que
desconhecidos querem entrar em sua casa para lhe furtar as obras. Ela
vive então em um grande abatimento físico e psicológico, não se alimentando mais e
desconfiando de todos.
Seu pai, sua âncora e porto-seguro, morre em 3 de março de 1913. Uma
semana depois, com apenas 48 anos, ela é
internada no manicômio de Ville-Evrard. A eclosão
da Primeira Guerra Mundial levou-a a ser
transferida para Villeneuve-lès-Avignon, onde morre, após trinta anos de internação, em 19 de outubro de 1943,
aos 79 anos.
A força e a grandiosidade de seu talento estavam na verdade em um lugar muito incômodo: entre a figura legendária de
Rodin e a de seu irmão que se tornou um dos maiores expoentes da literatura de sua geração. E não é difícil
perceber que as questões do gênero permeiam esse lugar menor dedicado a Camille.
Seu gênio sufocado por dois gigantes, sua vida sufocada
por um abandono, suas forças e sua lucidez
esgotadas por uma relação simbiótica com seu mestre e amante: uma relação da qual não conseguiu desvencilhar-
se, consumindo sua vitalidade na vã tentativa de
desembaraçar-se desse destino perverso.
Camille Claudel, sua forte personalidade, sua
intransigência, seu gênio criativo ultrapassou a
compreensão de sua época, e permanecerá ainda e sempre
um grande mistério.
FORMATAÇÃO: CLAUDIA MADEIRACLAUDIA’SLIDES: http://corepoesia.com
TEXTO E IMAGENS: INTERNETSOM: “BEETHOVEN” – SINF. N° 9, 3° MOV.